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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE FISIOTERAPIA
DISCIPLINA DE NEUROFUNCIONAL I

MAPA DO SABER

Krissia Botton Costa


1. DESENVOLVIMENTO NEUROPSÍCOMOTOR TÍPICO
Processo, que através de estímulos, a criança adquire habilidades de acordo com a idade;
Tem caráter progressivo;
Inclui aquisição de habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e psicossocial;
Desenvolve uma maneira de pensar e de responder ao ambiente;
Amadurecimento e a mielinização do SN;
Avaliação neurológica: não testar reflexos, observa-los
e suas reações;

Reflexos arcaicos;
Simetria de flexão dos MMII e MMSS;
Dedos fechados;
Coluna em extensão;
Reflexo olhos de boneca japonesa no 1º mês;
Primeiro Trimestre: Não possui controle da cabeça;
Assimetria da cabeça;
RTCA
Reflexo de preensão palmar e plantar;
Reflexo de Moro;
Reação cervical de retificação;
Sem reações de equilíbrio;
Reação de Galant;
Reação de fuga-asfixia;
Marcha reflexa.

Rola em bloco;
Diminui flexão dos MMII e MMSS;
Desaparecimento dos reflexos arcaicos;
Reação corporal de retificação no 5º mês;
Segundo Trimestre: Balconeio;
Cabeça na linha média;
Utiliza as mãos para alcançar objetos;
Controle cefálico
Acompanha objetos com os olhos;
Vocalizações;
Senta com apoio das mãos;
Postura simétrica.
1. DESENVOLVIMENTO NEUROPSÍCOMOTOR TÍPICO

Inquieto e curioso;
Terceiro Trimestre: Reconhecimento corporal e atenção para os
pés;
Reação de paraquedismo completa;
Fica em pé com apoio;
MMII estendidos;
Contribui para a manobra de sentar;
Senta sem apoio;
Interesse por objetos grandes;
Engatinha;
Transferi peso;
Pinça inferior.

Muda de decúbito com facilidade;


Quarto trimestre: Desloca-se;
Aperfeiçoamento das funções manuais, como
pinça superior;
Arrasta-se;
Controle de tronco;
Dissociação de cinturas;
Escala móveis e pessoas e levanta-se dessa
forma;
Anda com apoio e após sem.

2. PREMATURIDADE
Pré-termo/prematuro: bebê que nasce com menos de 37 semanas
de gestação (36 semanas e 6 dias);
Teste de apgar: serve para avaliar o estado de sáude geral do
recém-nascido, realizado no 1º e 5º minuto de vida, avalia freqüência
cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e
cor da pele;
Fator de risco para paralisia cerebral;
Idade corrigida: idade ajustada ao grau de prematuridade;
Necessário acompanhamento fisioterapêutico no primeiro ano de
vida ou mais do bebê prematuro;
O bebê prematuro pode apresentar atrasos no desenvolvimento
neuropsicomotor típico;
IDADE DESENVOLVIMENTO ALERTA
CORRIGIDA TÍPICO

- Reflexo tônico cervical - Pouco interesse aos estímulos


assimétrico; visuais e auditivos;
- Atitude postural em - Ausência do reflexo de fuga;
40 semanas assimetria; - Polegar incluso;
-Flexão dos MMII e MMSS, - Exagero da hipertonia flexora dos
- 3 meses
MMII e MMSS, hipotonia;
devido à hipertonia flexora
-Cotovelos dirigidos
fisiológica;
excessivamente para trás;
- Movimentos reflexos.
- Reflexos exacerbados, ausentes
ou com respostas assimétricas.

- Pouco controle da cabeça;


- Controle cefálico; - Ausência de fixação ocular;
- Simetria corporal; -Hiperextensão da cabeça e
- Tônus de tronco; tronco;
4 - 6 meses -Redução da hipertonia dos - Persistência de assimetria
membros; (RTCA);
- Início da hipotonia - Hipertonia de MMII e MMSS;
fisiológica. -Pobreza de movimentação
voluntária de um hemicorpo em
relação ao outro.

Capacidade de se manter - Pouco controle do tronco;


7 - 9 meses sentado sem apoio dos MMSS - Ausência das reações de
paraquedas e de Landau;
- Persistência de reflexos
primitivos

- Dificuldade para engatinhar ou se


- Capacidade da criança deslocar;
escalar móveis e pessoas; - Dificuldade na transferência de
- Postura em pé com apoio; peso em pé,
10 - 12 - Marcha lateral e - Padrão reflexo de
meses independente; marcha;
- Aperfeiçoamento do - Marcha em tesoura;
indicador e do polegar para o - Sinais de
uso da pinça superior hipertonia, distonias e alterações de
tônus.
3. PARALISIA CEREBRAL
Distúrbio não progressivo que afeta o cerébro durante seu desenvolvimento;
3 primeiros anos de vida;
Podem estar associadas a distúrbios sensoriais, cognitivos, comunicativos, perceptivos,
comportamentais e/ou desordens epiléticas;

Causas

Fatores pré-natais: Fatores perinatais:


Baixo peso ao nascer; Anoxia neonatal;
Retardo no crescimento intrauterino; Eclampsia;
Falta de oxigenação; Deslocamento prematuro da placenta;
Doença tieoidiana ou infecções virais; Prolapso do cordão umbilical.
agudas maternas durante a gestação, como:
herpes vírus, rubéola, toxocoplasmose e sífilis).

Fatores pós-natal:
Infecções (ex: meningite);
Traumas (ex: afogamento).

Tônus
O tônus varia conforme fatores como: estresse, medicamentos, temperatura, esforço,
estado da bexiga urinária, febre e infecção
Espasticidade: é o aumento do tônus causado por lesão neurológica.

Escala de Ashworth Modificada


Tratamento fisioterapêutico

Visa estimular o desenvolvimento


motor;
Evitar padrões patológicos;
Melhorar qualidade de vida;
Tornar o paciente mais funcional;
Método Bobath: facilitação, estimulação
e inibição
3.1. AVALIAÇÃO

GMFCS
É um sistema de classificação da função motora grossa com foco na mobilidade para as AVD's,
descrevendo quais as habilidades e limitações do paciente e a necessidade do uso de
dispositivos auxiliares.

Nível 1 - as crianças caminham em casa e espaços


externos, são capazes de subir escadas sem necessidade
de assistência e de uso de corrimão, conseguem correr e
saltar com velocidade, equilíbrio e coordenação limitados;

Nível 2 - Caminham na maioria dos ambientes e sobem escadas,


porém podem ter dificuldades de equilíbrio em solos irregulares e
com obstáculos. Podem precisar de assistência física em
ambientes externos, seja dispositivo manual de mobilidade ou
locomoção sobre rodas em longas distâncias. Pouca habilidade
em correr e pular;

Nível 3 - As crianças usam dispositivos manuais de


mobilidade para se deslocar na maioria dos ambientes
internos, sobem escadas segurando corrimão como
assistência. Utilizam carreira de rodas para se deslocar em
grandes distâncias e podem razer a própria propulsão da
cadeira em curtas distâncias;

Nível 4 - Utilizam dispositivos de locomoção que necessitam


de assistência física ou mobilidade motorizada.

Nível 5 - São transportadas em cadeiras de


rodas manual em todos os ambientes,
possuem limitações no controle postural e
cervical

GMFM
É um instrumento de avaliação quantitativa a função motora grossa de crianças com paralisia
cerebral;
Auxilia a definir os objetivos terapêuticos e proporcionar informações sobre os progressos
das crianças em reabilitação;
Possui 88 ou 66 itens
3.2. PARALISIA CEREBRAL ESPÁSTICA

Lesão no sistema piramidal;


É o tipo mais comum.
Sinais
Tônus elevado;
Clônus;
Sinal de Babinski;
Distúrbio na inervação recíproca;
Padrões predominantes de postura e movimento.

Distribuição anatômica
Unilateral:
Hemiplegia: Postura assimétrica,
desenvolvimento desigual dos padrões de
movimentos dos 2 lados; rola somente para o
lado afetado; não engatinha; equilíbrio
comprometido; tendência a cair para o lado
afetado; controle cervical; não abre a mão e não
chuta com a perna afetada.

Bilteral (mais comum):


Diplegia: Controle cervical; estrabismo;
anormalidade em MMII; extensão, adução e
rotação interna de MMII; dificuldade de rolar
e sentar; peso do corpo sobre o lado interno
do pé; arrasta-se no chão com MMSS
flexionados e hiperextensão de MMII;
controle do tronco comprometido.

Bilateral (mais comum)


Quadriplegia: quatro membros afetados;
distribuição assimétrica; sem controle
cefálico; fala afetada; reflexos patológicos;
dificuldade em todas as etapas do
desenvolvimento motor.
3.3. PARALISIA CEREBRAL DISCINÉTICA

Lesão nos núcleos da base e trato extrapiramidal;

Sinais
Movimentos e posturas atípicas
Tônus flutuante;
Encefalopatia.

Classificação

1.Distonia

Tônus muscular varia bastante,


desencadeado pelo movimento;
Movimentos repetitivos de torção;
Movimentos involuntários.
3. Coreia

Movimentos rápidos, de
grande amplitude, irregulares;
2. Atetose Abrangem parte proximal dos
membros.
Movimentos lentos, suaves, contínuos
e contorcidos;
Na parte distal dos membros,

3.4. PARALISIA CEREBRAL ATÁXIA


Disfunção no cerebelo;

Sinais

Distúrbio na coordenação dos movimentos;


Dissinergia;
Marcha com aumento da base de sustentação;
Tremor intencional;
Deficiência no equilíbrio;
Dismetria.
4. MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS

Anomalia estrutural ou funcional que aparecem desde o


nascimento e que causam defeitos na constituição do órgão;
Malformações em membros ou nas vértebras;

Causas Tipos
Oculta ou fechada;
Genéticas; Aberta: protusão do tecido do canal
Influência ambiental (exposição a espinal, formando um saco:
fatores teratogênicos, como - meningocele: quando o saco não
farmácos, radiação, infecção viral contém tecido nervosos funcional
e talidomida). - mielomeningocele: quando o saco
contém tecido nervoso danificado

4.1 MIELOMENINGOCELE
Falha no fechamento do tubo neural na coluna vertebral, que ocorre no
3º a 5º semana de gestação;
O saco formado no canal espinhal contém tecido nervoso danificado, seja
medula ou raízes nervosas;
Crianças apresentam um determinado grau de paralisia conforme
localização da lesão;

Causas Problemas associados:


Exposição à agentes teratogênicos,
como álcoo, fármacos, fumo, Deformidades ortopédicas: pés caídos,
radiação, etc; contraturas em flexão do quadril, luxação
Carbamazepina e acido valproico do quadril, escoliose e cifose;
(ambos reduzem os níveis de folato) Falha no desenvolvimento muscular, força e
Deficiência nutricional - acido fólido; limitação dos movimentos;
Alergia ao látex;
Alterações do trato urinário (deficiência no
controle vesical e intestinal);
Obesidade;
Osteoporose;
Hidrocefalia.
Fisioterapia
Melhora do déficit de locomoção;
Minimizar dependência funcional;
Pré-operatória: prevenir ou diminuir contraturas em MMII realizando
mobilizações;
Pós- opetarória imediata: visam manter ADM e evitar contraturas;
Preparação física e metal para conquista da marcha;
Treino de equilíbrio de tronco;
Força de MMSS;
Estimular desenvolvimento motor adequado;

Nível da lesão
Torácica: raramente continuam deambulando ao final da
adolescência;
L1 - L2: podem continuar deambulando por pequenas
distâncias, com auxílio de órteses longas e em grandes
distâncias poderão precisar do uso de cadeira de rodas;
L3 - L4: os pacientes adultos continuarão deambulando
normalmente, em determinadas circunstâncias poderão
precisar do uso de alguma órtese;
Sacral: quando adultos deambulam independentemente e sem
axúlio.

4.2 HIDROCEFALIA
Dilatação dos ventrículos cerebrais, com aumento do líquor, que ocasiona a obstrução na
circulação do mesmo;
Presente desde o nascimento e se desenvolve na fase pós-natal;

acúmulo de líquido anormal no crânio

aumento da cabeça

Causas

Tumores;
Inflamação;
Mal formações congênitas;
Resultante em 80-90% das
crianças com espinha bífida;
Sinais clínicos
Aumento do perímetro cefálico;
Alargamento das suturas cranianas;
Fronte abaulada;
Distensão das veias do couro cabeludo;
Sinais de hipertensão intracraniana.

4.3 MICROCEFALIA
Cabeça e cérebro são pequenos de forma anormal;
Má formação cortical;
Devido ao desenvolvimento inadequado de córtex
cerebral.

Causas
Infecções fetais;
Uso excessivo de álcool durante a gestação.

Sinais clínicos

Dificuldades de aprendizado;
Déficits motores.

Tipos:
Microcefalia pós-natal genética: associada a mutações
como a Síndrome de Rett;
Microcefalia Congênita adquirida: causada por
cromossopatias;
Microcefalia Congênita Adquirida: causada por
fatores que influenciam o desenvolvimento do cerébro;
Microcefalia Pós-Natal: causada por fatores genéticos
ou adquiridos (ambientais) após o nascimento.
5. SÍNDROME DE DOWN
É caracterizada por uma alteração cromossômica;
Tem a presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior
parte das células de um indivíduo;
Tipos: Mosaico, Translocação e Trissomia simples (o mais comum).

Diagnóstico
Reconhecimento de características físicas;
Laboratorial pré-natal: análise genética denominada cariótipo;
US de translucência nucal - avalia os riscos/acúmulo de líquido na região da nucal do feto
- realizada entre a 11º e 14º semana de gestação;

Aconselhamento genético
Processo importante para instruir e auxiliar os familiares acerca do diagnóstico de alguma
desordem genética e o entendimento sobre os riscos, ocorrência e recorrências;
Sinais e sintomas
Frouxidão ligamentar
Pregas palpebrais oblíquas para cima
Face aplanada
Epicanto
Prega simiesca (prega palmar única
Base nasal plana
transversa)
Dedos curtos (braquidactilia)
Orelhas pequenas
Hipotonia (flacidez muscular)
Articulação do pescoço instável por
Pé plano
subluxação atlantoaxial.

Alterações associadas
Neurológicas
Hematológicas Cardiopatia congênitas
Ortodônticas Atrasos no desenvolvimento
Oftalmológicas Deficiência intelectual
Auditivas
Do sistema digestório
Endocrinológica
Do aparelho locomotor

Fisioterapia
O tratamento fisioterapêutico deve ser construido de
acordo com a idade e fase da vida do indivíduo;
Tem por objetivo auxiliar na aquisição de marcos
motores, psico e social, promover alinhamento postural
e equilíbrio, reduzir dor cervical e fraqueza muscular,
reduzir hipotonia muscular, profilaxia de lesão cervical;
6. DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE

Distrofias musculares de caráter genético consistem em fraquezas e atrofias musculares


progressivas, que comprometem o quadro funcional;
Caracterizadas por fraqueza muscular progressiva que leva à paralisia total.
Ocorre a deterioração, destruição e regeneração dos músculos;
As fibras musculares são gradualmente substituídas por tecido fibroso e gorduroso.

Diagnóstico Causa
Herança ligada ao cromossomo X;
Pré-natal: biópsia da vilosidade cariônica
Mutação no gene da distrofina;
(11ª e 12ª semana de gestação),
Atinge somente o sexo masculino.
amniocentese (15ª e 18ª semana de
gestação) ou biópsia do músculo fetal;

Pós-Natal: ↑ nível creatinoquinase (10 a


100 vezes acima dos níveis normais),
análise do DNA.

Sinais e sintomas
Sinal de Gowers; Fraqueza dos músculos abdominais e
Salto da criança anormal; paravertebrais;
Hipertrofia da panturrilha; Quedas frequentes;
Contraturas do tendão do calcâneo; Marcha anserina;
Postura: postura lordótica, com protrusão Fraqueza dos músculos do quadril,
do abdômen, flexão e abdução do quadril, pseudo-hipertrofia da musculatura das
flexão de joelho e flexão plantar. pernas;

Fisioterapia

Exercícios ativos;
Exercícios resistidos são contra indicados (efeito
prejudicial na membrana celular);
Alongamentos: do gastrocnêmio, flexores de quadril e
trato iliotibial
Fisioterapia respiratória
7. LESÃO DO PLEXO BRAQUIAL
Plexo braquial: composto de nervos espinhais do SN periférico;
Lesão que distende ou rompe as raízes nervosas do plexo braquial
durante o trabalho de parto causada pela extrema tração da cabeça
em relação a articulação do ombro durante o nascimento;
Causa uma lesão motora e/ou sensorial;

Diagnóstico 2 tipos de lesão causadas por:


No nascimento consegue observar o
MMSS pendido e flácido; Bebês com sobrepeso (mais de 4kg) e
com distocia (ombros ficam presos no
canal do nascimento), não traciona
raízes nervosas dos MMII;
Apresentação de nádegas, traciona
raízes nervosas dos MMII e MMSS;

Prognóstico
Classificação:
75 a 95% das crianças alcançam a
1. Erb-Duchenne: recuperação total;
Há recuperação completa ou quase
Caracterizada pela paralisia da raiz completa se forem realizadas atividades do
nervosa superior; bíceps e do deltóide no final do 1º mês e
Posicionamento: braço mantido em RI contração normal no final do 2º mês;
e pronação, cotovelo em extensão ou Indicação cirúrgica em casos que não há
ligeira flexão, flexão dedos e polegar; recuperação do bíceps até os 3 meses.
Não há mudanças vasomotoras , nem Mau prognóstico quando não há contração
perda de sensibilidade. do deltóide e bíceps por volta do 3º mês;

Fisioterapia
2. Dejerine-Klumpke Movimentos passivos: da mão, punho,
cotovelo, devem ser iniciados logo após o
Paralisia completa;
nascimento;
O braço inteiro fica flácido e mão fechada;
Movimento do ombros após 5 dias de
Problema vasomotores e sensibilidade
idade;
reduzida;
Instruir aos pais quanto aos
Sinal de Homer ( (constrição da pupila,
posicionamentos corretos, alongamento
queda da pálpebra, falta de
para prevenir contraturas e estimulação
transpiração no lado afetado da face e do
tátil.
pescoço)

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