Você está na página 1de 8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa intitulado pelo tema “Cuidados de Enfermagem prestados


em pacientes com Gonorréia atendidos nas Consultas externas do hospital municipal de
Negage No Iº Trimestre de 2024”

A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível que está entre os problemas de saúde
pública mais comum em todo o mundo. Essa doença tem como agente etiológico a bactéria
gram-negativa Neisseria gonorrhoeae, um microrganismo restrito aos seres humanos. Por
se apresentar como uma infecção frequente, a N. gonorrhoeae evidencia uma extraordinária
capacidade de desenvolver resistência a múltiplas classes de antibióticos, tornando-se um
agente patológico de extrema importância e preocupação da saúde pública (ARAUJO,
2021).

A transmissão acontece por meio de relação sexual desprotegida, em quaisquer das formas
com penetração. Assim como de forma vertical, da mãe para o bebê, durante o parto. Os
homens geralmente apresentam sintomas do trato urinário inferior atribuído à uretrite,
epididimite, prostatite, com secreção uretral mucopurulenta associada. Muitas mulheres
são assintomáticas. Mas, ocasionalmente, elas têm sintomas de desconforto vaginal e
pélvico de disúria, e essas infecções podem levar à doença inflamatória pélvica. Trata-se de
uma IST muito conhecida e controlada ao longo do tempo com a administração do
antimicrobiano específico. No entanto, recentemente, a alta prevalência de isolados de
Neisseria gonorrhoeae resistentes a agentes antimicrobianos é um problema sério no
tratamento (TANAKA, 2009).

Segundo Bleich (2012), a infecção pela N. gonorrhoeae não tratada correctamente e os


casos assintomáticos podem ocasionar uma doença gonocócica disseminada com diferentes
reações clínicas como poliartrite, mialgia, artralgia, septicemia, endocardite e meningite,
que podem levar a afecções por gonococos com alta resistência aos tratamentos.

De acordo com Rodrigues (2017)., a mulher possui naturalmente um trato genital com
maior predisposição a infecções, como a gonocócica. Enquanto o comportamento sexual
dos homens permaneceu intacto, no das mulheres houve um aumento das suas liberdades e
actividades sexuais com o decorrer do tempo, principalmente nos países desenvolvidos. O
epitélio colunar presente no colo uterino das mulheres, que possui a capacidade de
defender o organismo através destas células, na puberdade, pode ser o fator responsável
pelos crescentes casos de infecções entre as adolescentes por gonorreia e outras doenças
sexuais, pois o epitélio fica mais aparente no ambiente vaginal.

Nenhuma vacina está disponível e, consequentemente, a prevenção apropriada, o


diagnóstico e o tratamento antimicrobiano eficaz são os pilares para o controle da
gonorreia. A Neisseria gonorrhoeae desenvolveu resistência a todos os antimicrobianos
recomendados anteriormente para a monoterapia empírica de primeira linha, como
penicilinas, tetraciclinas, macrolídeos e fluoroquinolonas (NICHOLAS, 2012).
PROBLEMA DE PESQUISA
A gonorreia é uma doença infecciosa bacteriana que afceta o trato urogenital em que é
transmitida por contacto sexual ou vertical, ou seja, de mãe para filho e ainda essa infecção
natural por Neisseria gonorrhoeae é restrita a humanos. Para que a adesão a tais células
seja realizada com sucesso, o microrganismo deve resistir à remoção mecânica pelo fluxo
urinário e pela secreção cervical. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde
(OMS), a cada ano, estima-se que 500 milhões de pessoas adquirem gonorreia.

 Quais são os factores que influenciam no surgimento de Gonorréia em


pacientes atendidos nas consultas externas do Hospital Municipal de
Negage?

JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA


A opção pelo tema surgiu no âmbito da minha realização do estágio curricular em que tive
a opurtunidade de acompanhar vários cuidados prestados a pacientes com gonorreía nas
consultas externas. Apesar da gonorreía possuir uma distribuição mundial são um grave
problema de saúde pública, com difícil controlo. Esta infecção apresenta-se como causa de
mortalidade e morbilidade significativa e propicia a transmissão do HIV. E é uma das
causas de infertilidade masculina, e nas mulheres a infecção pode não ser aparente.
OBJCTIVOS DO TRABALHO
Geral: Avaliar os cuidados de enfermagem prestados a pacientes com gonorréia atendidos
no Hospital Municipal de Negage, durante o I° Trimestre de 2024.

Específicos:

 Conhecer o nome e a faixa etária do paciente;


 Caracterizar o gênero;
 Conhecer a proveniência;
 Descrever o conceito de gonorréia;
 Conhecer a etiologia da gonorréia;
 Descrever as queixas principais e os sinais e sintomas;
 Conhecer o tratamento;
 Identificar as complicações;
 Avaliar as intervenções de enfermagem específicas;
 Conhecer a evolução clínica.

HIPÓTESES
A hipótese é uma afirmação que antecede uma questão de pesquisa e propõe um resultado
esperado.

Hipótese 1: É provável que o não uso do preservativo durante o acto sexual seja um dos
causas ou factor que influência no surgimento de gonorréia em pacientes atendidos nas
consultas externas do H.M.N;

Hipótese 2: Talvez que, o não conhecimento sobre a doença e as medidas de prevenção da


mesma seja uma dos factores que influência no surgimento de gonorréia em pacientes
atendidos no H.M.N.
CAPÍTULO I-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Definições de termos e Conceitos

Gonorréia: è uma infecção bacteriana frequente, causada pela Neisseria gonorrhoae, um


diplococo Gran-negativo de transmissão quase que exclusivo através de contacto sexual ou
perinatal, (OMS, 2023).

Infecções sexualmente transmissíveis: infecção transmitida entre pessoas, durante as


relações sexuais, a partir do contacto com a pele, mucosas (vaginal, oral, anal ou uretral) e
fluidos corporais (secreções uretrais, vaginais, esperma ou sangue do indivíduo infectado)
(Ministério da Saúde, 2020).

Enfermagem: é a ciência cuja objectivo é a implantação do tratamento de doenças e


cuidados ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral
holístico https://conceito,enfermage.

Gonorréia é uma doença infecciosa bacteriana transmitida, princialmente, por via sexual,
sendo considerada, portanto, uma IST (infecção sexualmente transmissível). Ela é
considerada a segunda IST bacteriana mais prevante em todo o planeta. (UNICEF, 2015).

EPIDEMIOLOGIA
De acordo a Organização Mundial da Saúde a epidemiologia da gonorreia possui
apresentação estatística semelhante à de outras infecções sexualmente transmissíveis, como
a sífilis. A gonorreia é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes no
mundo e os dados mostram que há quase 200 milhões de casos novos todos os anos.

A prevalência da gonorreia é mais comum na população sexualmente ativa, especialmente


entre 15 a 24 anos, mas pode se apresentar em qualquer faixa etária, com grande destaque
para indivíduos com relações sexuais desprotegidas com parceiros diversos. Importante
mencionar que casos da infecção em crianças podem ser um sinal de abuso sexual que deve
ser investigado. Por outro lado, recém-nascidos podem se contaminar na passagem pelo
canal vaginal, nessa situação o principal sintoma é a conjuntivite.

A possibilidade de transmissão da infecção, de mulheres para homens, após um sexo


vaginal é de 20% e a taxa de transmissão de homens para mulheres pode ser mais alta. A
taxa de coinfecção com clamídia, cujo agente causador é Chlamydia trachomatis, é de até
25% em homens heterossexuais e de até 50% nas mulheres, sendo um importante
diagnóstico diferencial. A prevalência estimada da gonorreia é de 0,8% da população
mundial e esse número, no Brasil, pode chegar a 1,4% entre a população de 15 a 49 anos,
com quase 500 mil casos novos todos os anos.
FISIOPATOLOGIA
A bactéria tem a capacidade de infectar o epitélio colunar ou de transição (uretra, recto,
endocérvice, faringe, conjuntiva), podendo se propagar pela via hematogênica, por
contiguidade ou carregada pelo espermatozoide.

A N. gonorrhoeae contamina tanto mulheres quanto homens e apresenta afinidade com as


células da uretra e da endocérvix. Para que ocorra a fixação nas células da uretra, o
microrganismo tem que resistir primeiramente à remoção mecânica do fluxo urinário e da
secreção cervical. As estruturas presentes na superfície da célula bacteriana lhe oferecem
uma grande capacidade de adesão ao tecido uretral. Dentre elas se destacam as seguintes
estruturas, a pili tipo VI, as proteínas da família Opa e as porinas.

Após a etapa inicial de fixação, a bactéria inicia sua técnica de invasão tecidual pelo
método de transcitose, mediada pelas proteínas Opa. Assim a infecção que era apenas nas
células epiteliais, atinge o espaço intratecidual e nesse local será reconhecida pelas células
inflamatórias, ativando a liberação do TNF alfa. Com a liberação do TNF-alfa acontecerá o
processo de apoptose das células epiteliais ocasionando umalesão tecidual. Além do mais,
o TNF-alfa intensifica a liberação de citocinas no local, das quais se deve destacar o papel
da interleucina-8, que é responsável pela quimiotaxia neutrofílica.

TRANSMISSÃO

Agentes causadores (patógeno e vectores): Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram


negativo.
A principal forma de transmissão da gonorreia é por meio de relação sexual com pessoa
infectada, seja essa relação oral, vaginal ou anal, sem o uso de preservativo. Mesmo sem
apresentar sintomas, as mulheres contaminadas transmitem a bactéria causadora da doença.
Pode ocorrer também, durante o parto, transmissão da mãe contaminada para o bebê. Caso
esse tipo de transmissão aconteça, corre-se o risco de o bebê ter os olhos gravemente
afetados, podendo levar à cegueira. O período de incubação geralmente ocorre entre 2 e 5
dias. O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar
de meses a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe
a transmissão.

QUADRO CLÍNICO
O quadro clínico é predominantemente caracterizado por manifestações mucosas no local
da infecção que podem levar a complicações locais, bem como infecções ascendentes ou
infecções gonocócicas disseminadas. Além disso, ocorrem muitos casos assintomáticos
(aproximadamente 50%) (BUDER, 2019). A gonorreia é geralmente é sintomática em
homens, mais frequentemente como uretrite, com dor ou sensação de queimação ao urinar,
secreção uretral e testículos doloridos.
Em contraste, as mulheres desenvolvem cervicite gonocócica sintomática com menos
frequência, apresentando um ligeiro aumento no corrimento vaginal e sangramento vaginal
raro não relacionado a menstruações ou dor e sensação de queimação ao urinar. A ausência
de sintomas em homense mulheres pode levar a infecções prolongadas. A gonorreia
complicada pode causar infertilidade (LORENZOl, 2017).

Os epitélios urogenitais são os principais locais de infecção, mas a gonorreia também pode
infectar a conjuntiva, faringe e a mucosa retal. Além disso, quando não tratadas, as
infecções gonocócicas podem resultar em problemas de longo prazo, como uretrite
persistente, cervicite, proctite, doença inflamatória pélvica, infertilidade, aborto no
primeiro trimestre, gravidez ectópica e morte materna. Elas também aumentam o risco de
adquirir e transmitir o HIV. Nos casos de gravidez, as infecções por N. gonorrhoeae podem
causar graves danos à saúde neonatal (VIGUE, 2019).

PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Os humanos são o único reservatório natural de N. gonorrhoeae. O período de incubação é
de 1–14 dias.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar de
meses a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe a
transmissão.

FACTORES DE RISCO DA GONORRÉIA


Os factores de risco incluem:

 Vários parceiros sexuais nos últimos meses,


 Parceiros com diagnóstico de gonorreia,
 Uso de drogas,
 IST prévia e homens que fazem sexo com homens.

COMPLICAÇÕES DA GONORRÉIA
Se a gonorreia não for tratada, a bactéria pode se espalhar pelo trato reprodutivo ou, mais
raramente, entrar na corrente sanguínea e infecta as articulações, válvulas cardíacas ou
cérebro” (GENDRON, 1972).

As principais complicações nos homens são:

Balanopostite: é uma reação inflamatória da glande por dor peniana aguda (balanite) e
prepúcio (postite). A balanite pode ocorrer isoladamente e é comum o comprometimento
simultâneo do prepúcio, já a balanopostite é caracterizada por eritema, edema, prurido,
disúria, sangramento, erosão, ulceração da glande e presença de exsudato subprepucial.
Os sintomas irritativos locais podem variar de acordo com a gravidade da infecção, e
acredita-se que essas infecções crônicas podem gerar carcinoma de células escamosas do
pênis.

Litrites: Infecção nas glândulas de Littré (glândulas acinosas que existem nas faces
laterais e superiores da uretra esponjosa). O principal sintomaé representado por
dorpeniana aguda.

Cowperites: Infecção nas glândulas de Cowper (glândulas acinosas que ficam entre a
uretra membranosa e o bolbo). O principal sintomaé representadopor dor perineal, que se
acentua na defecação ou ao simples acto de sentar.

Prostatite: é a maisfrequente das complicações da gonorreia, é composta por dor perineal,


principalmente no término da micção e durante a defecação. Está associada a dor genital,
dor ejaculatória, dor abdominal, desconforto notrato urinário inferior e disfunção erétil.

Epididimite: sua sintomatologia émalestar geral e febre. A complicação maior da


epididimite é aobstrução do canal epididimário, causando oligospermia e azospermia,
levando a esterilidade masculina.

Uretrite: é caracterizado primeiramente por um leve desconforto na uretra, seguido de


sensibilidade peniana grave, disúria, eliminação de secreção purulentaamareloesverdeadae
frequência e urgência urinária.

As principais complicações nas mulheres são:

Bartholinite: é uma inflamação na Glândula de Bartholin que geraa formação de cistos e


abscessos profundosna parede vaginal. Éo sintoma mais comum na mulher, sendo um
factor de risco na idade reprodutiva, pois pode ocasionar infertilidade.

Salpingite: também conhecida como anexite é uma inflamação pélvica das tubas uterina se
provoca endometrite, oforite, abscessos tubo-ovariano e peritonite. Acomete um milhão de
mulheres por ano nos Estados Unidos e trata-se de causa significativa de infertilidade,
gravidez ectópica e dor pélvica crônica. Pode ocasionar afamosa DIP doença inflamatória
pélvica que é observada em 90% dos casos. Os sintomas nesses casos incluem dor na
mobilidade cervical, dor uterina, corrimento vaginal secundário, endometrite e cervicite.

Faringite Gonocócica: é uma infecção na faringeque acomete entre 10% a 20% das
mulheres que tem contato sexual com homens infectados por N. Gonorrhoeaee cerca de
70% dos casos de faringite gonocócica são assintomáticos, porém se essa infecção se
tornar crônica pode causar conjutivite crônica e endocardite bacteriana.
PREVENÇÃO

 A prevenção se dá com o uso de preservativo nas relações sexuais;


 Duas gotas de nitrato de prata nos olhos do bebe, ao nascer, previnem a blenorragia
ocular nestes;
 Exames de rotina específicos devem ser feitos, principalmente pelas mulheres de
vida sexual activa e sem parceiro fixo;
 Seguir exactamente a prescrição médica.

Você também pode gostar