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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa intitulado pelo tema “Cuidados de Enfermagem prestados


em pacientes com Gonorréia atendidos nas Consultas externas do hospital municipal de
Negage No Iº Trimestre de 2024”
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível que está entre os problemas de saúde
pública mais comum em todo o mundo. Essa doença tem como agente etiológico a bactéria
gram-negativa Neisseria gonorrhoeae, um microrganismo restrito aos seres humanos. Por
se apresentar como uma infecção frequente, a N. gonorrhoeae evidencia uma extraordinária
capacidade de desenvolver resistência a múltiplas classes de antibióticos, tornando-se um
agente patológico de extrema importância e preocupação da saúde pública (ARAUJO,
2021).
A transmissão acontece por meio de relação sexual desprotegida, em quaisquer das formas
com penetração. Assim como de forma vertical, da mãe para o bebê, durante o parto. Os
homens geralmente apresentam sintomas do trato urinário inferior atribuído à uretrite,
epididimite, prostatite, com secreção uretral mucopurulenta associada. Muitas mulheres
são assintomáticas. Mas, ocasionalmente, elas têm sintomas de desconforto vaginal e
pélvico de disúria, e essas infecções podem levar à doença inflamatória pélvica. Trata-se de
uma IST muito conhecida e controlada ao longo do tempo com a administração do
antimicrobiano específico. No entanto, recentemente, a alta prevalência de isolados de
Neisseria gonorrhoeae resistentes a agentes antimicrobianos é um problema sério no
tratamento (TANAKA, 2009).
Segundo Bleich (2012), a infecção pela N. gonorrhoeae não tratada correctamente e os
casos assintomáticos podem ocasionar uma doença gonocócica disseminada com diferentes
reações clínicas como poliartrite, mialgia, artralgia, septicemia, endocardite e meningite,
que podem levar a afecções por gonococos com alta resistência aos tratamentos.
De acordo com Rodrigues (2017), a mulher possui naturalmente um trato genital com
maior predisposição a infecções, como a gonocócica. Enquanto o comportamento sexual
dos homens permaneceu intacto, no das mulheres houve um aumento das suas liberdades e
actividades sexuais com o decorrer do tempo, principalmente nos países desenvolvidos. O
epitélio colunar presente no colo uterino das mulheres, que possui a capacidade de
defender o organismo através destas células, na puberdade, pode ser o fator responsável
pelos crescentes casos de infecções entre as adolescentes por gonorreia e outras doenças
sexuais, pois o epitélio fica mais aparente no ambiente vaginal. (NICHOLAS, 2012).
BREVES CONSIDERAÇÕES
A gonorreia é uma infecção (IST) provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada dia, cerca de um milhão de
pessoas, em todo o mundo, adquirem uma IST.
Ainda de acordo com a OMS, “estima-se que a nível global surjam, anualmente, 357
milhões de novos casos das quatro principais IST curáveis no grupo etário dos 15 aos 49
anos de idade, ou seja: infecções por clamídia (131 milhões), gonorreia (78
milhões), sífilis (6 milhões) e tricomoníase (142 milhões)”. Apesar de a gonorreia ser uma
doença tratável, especialistas em todo mundo têm alertado para o surgimento de linhagens
resistentes ao tratamento hoje disponível, o que tem feito dela um grave problema de saúde
pública.
TIPO DE PESQUISA E DELIMITAÇÃO DO TEMA
A pesquisa é definida como um processo de investigação meticuloso e sistemático
projetado para explorar e desvendar assuntos ou questões específicas com precisão
(DARWEN, 2022).
Na minha pesquisa, basei-me no tipo de estudo descritivo proletivo, com base no
conhecimento dos “Cuidados de Enfermagem prestados em pacientes com Gonorréia
atendidos nas Consultas externas do hospital municipal de Negage No Iº Trimestre de
2024”
Esta unidade hospitalar esta localizada no município sede de Negage propriamente no
Bairro Lunguila fazendo fronteiro:
 A Norte com o Bairro Tinguita;
 A Sul com Bairro Kapopa:
 A Este com Bairro Kabala;
 A Oeste com Bairro Kacongolo respectivamente
PROBLEMA DE PESQUISA
A gonorreia é uma doença infecciosa bacteriana que afecta o trato urogenital em que é
transmitida por contacto sexual ou vertical, ou seja, de mãe para filho e ainda essa infecção
natural por Neisseria gonorrhoeae é restrita a humanos. Para que a adesão a tais células
seja realizada com sucesso, o microrganismo deve resistir à remoção mecânica pelo fluxo
urinário e pela secreção cervical. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde
(OMS), a cada ano, estima-se que 500 milhões de pessoas adquirem gonorreia.
 Quais são os factores que influenciam no surgimento de Gonorréia em
pacientes atendidos nas consultas externas do Hospital Municipal de
Negage?

JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA


A opção pelo tema surgiu no âmbito da minha realização do estágio curricular em que tive
a opurtunidade de acompanhar vários cuidados prestados a pacientes com gonorreía nas
consultas externas. Apesar da gonorreía possuir uma distribuição mundial, ela constitui um
grave problema de saúde pública, com difícil controlo. Esta infecção apresenta-se como
causa de mortalidade e morbilidade significativa e propicia a transmissão do HIV. E é uma
das causas de infertilidade masculina, e nas mulheres a infecção pode não ser aparente.
OBJCTIVOS DO TRABALHO
Geral:
 Avaliar os cuidados de enfermagem prestados a pacientes com gonorréia atendidos
no Hospital Municipal de Negage, durante o I° Trimestre de 2024.
Específicos:
 Conhecer o nome e a faixa etária do paciente;
 Caracterizar o gênero;
 Conhecer a proveniência;
 Descrever o conceito de gonorréia;
 Conhecer a etiologia da gonorréia;
 Descrever as queixas principais e os sinais e sintomas;
 Conhecer o tratamento;
 Identificar as complicações;
 Avaliar as intervenções de enfermagem específicas;
 Conhecer a evolução clínica.

HIPÓTESES
A hipótese é uma afirmação que antecede uma questão de pesquisa e propõe um resultado
esperado.
Hipótese 1: É provável que o não uso do preservativo durante o acto sexual seja um dos
causas ou factor que influência no surgimento de gonorréia em pacientes atendidos nas
consultas externas do H.M.N;
Hipótese 2: Talvez que, o não conhecimento sobre a doença e as medidas de prevenção da
mesma seja uma dos factores que influência no surgimento de gonorréia em pacientes
atendidos no H.M.N.
CAPÍTULO I-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Definições de termos e Conceitos

Gonorréia: è uma infecção bacteriana frequente, causada pela Neisseria gonorrhoae, um


diplococo Gran-negativo de transmissão quase que exclusivo através de contacto sexual ou
perinatal, (OMS, 2023).
Infecções sexualmente transmissíveis: infecção transmitida entre pessoas, durante as
relações sexuais, a partir do contacto com a pele, mucosas (vaginal, oral, anal ou uretral) e
fluidos corporais (secreções uretrais, vaginais, esperma ou sangue do indivíduo infectado)
(Ministério da Saúde, 2020).
Enfermagem: é a ciência cuja objectivo é a implantação do tratamento de doenças e
cuidados ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral
holístico https://conceito,enfermage.
Gonorréia é uma doença infecciosa bacteriana transmitida, princialmente, por via sexual,
sendo considerada, portanto, uma IST (infecção sexualmente transmissível). Ela é
considerada a segunda IST bacteriana mais prevante em todo o planeta. (UNICEF, 2015).
1.2. Epidemiologia
De acordo a Organização Mundial da Saúde a epidemiologia da gonorreia possui
apresentação estatística semelhante à de outras infecções sexualmente transmissíveis, como
a sífilis. A gonorreia é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes no
mundo e os dados mostram que há quase 200 milhões de casos novos todos os anos.
A prevalência da gonorreia é mais comum na população sexualmente ativa, especialmente
entre 15 a 24 anos, mas pode se apresentar em qualquer faixa etária, com grande destaque
para indivíduos com relações sexuais desprotegidas com parceiros diversos. Importante
mencionar que casos da infecção em crianças podem ser um sinal de abuso sexual que deve
ser investigado. Por outro lado, recém-nascidos podem se contaminar na passagem pelo
canal vaginal, nessa situação o principal sintoma é a conjuntivite.
A possibilidade de transmissão da infecção, de mulheres para homens, após um sexo
vaginal é de 20% e a taxa de transmissão de homens para mulheres pode ser mais alta. A
taxa de coinfecção com clamídia, cujo agente causador é Chlamydia trachomatis, é de até
25% em homens heterossexuais e de até 50% nas mulheres, sendo um importante
diagnóstico diferencial. A prevalência estimada da gonorreia é de 0,8% da população
mundial e esse número, no Brasil, pode chegar a 1,4% entre a população de 15 a 49 anos,
com quase 500 mil casos novos todos os anos.
1.3. Sinais e sintomas
Geralmente, a gonorreia causa sintomas apenas nos locais de infecção inicial, mais
comumente no colo do útero, pênis, uretra ou garganta. Em poucas pessoas, a infecção
também pode espalhar-se pela corrente sanguínea a outras partes do corpo, especialmente
para a pele, articulações ou ambas.
Alguns homens (cerca de 25%) manifestam muito poucos sintomas. Os sintomas começam
dois a catorze dias após a infecção. Homens sentem um leve desconforto na uretra (o tubo
que leva a urina da bexiga para fora do corpo). Esse desconforto é seguido, poucas horas
depois, de dor leve a intensa ao urinar, uma secreção amarelo-esverdeado de pus
proveniente do pênis e uma frequente urgência em urinar. O orifício na ponta do pênis
pode ficar vermelho e inchar. As bactérias, por vezes, se espalham para o epidídimo (o
tubo enrolado no alto de cada testículo), fazendo com que o escroto inche e fique sensível
ao toque.
Algumas mulheres (cerca de 10% a 20%) manifestam muito poucos ou nenhum sintoma.
Assim, a gonorreia pode ser detectada somente durante os exames de rotina ou após o
diagnóstico da infecção no parceiro. Tipicamente, os sintomas não começam até pelo
menos 10 dias após a infecção. Algumas mulheres apresentam somente um leve
desconforto na área genital e uma secreção vaginal amarela ou esverdeada. No entanto,
outras mulheres têm sintomas mais graves, como uma necessidade frequente de urinar ou
dor ao urinar. Esses sintomas se desenvolvem quando a uretra também estiver infectada.
A infecção pode subir pelo trato reprodutivo e infectar o útero, os tubos que conectam os
ovários ao útero (trompas de Falópio) e, às vezes, áreas ao redor dos ovários. Em algumas
mulheres, a infecção se dissemina para o revestimento da pelve e da cavidade abdominal
(peritônio) causando peritonite. Essas infecções são chamadas de doença inflamatória
pélvica (DIP) e causam dor abdominal inferior intensa e, às vezes, febre. Às vezes, a
infecção se concentra na área ao redor do fígado, na parte superior direita do abdômen,
causando dor, febre e vômito, chamado a síndrome de Fitz-Hugh-Curtis.
O sexo anal com uma pessoa infectada pode resultar em gonorreia retal (proctite
gonocócica). Em geral, esta infecção não causa sintomas, mas pode tornar a evacuação
dolorosa. Outros sintomas incluem constipação, coceira, sangramento e uma secreção
saindo do reto. A área que rodeia o ânus fica vermelha e em carne viva, enquanto as fezes
se cobrem de muco e pus. Quando o médico examina o reto com uma sonda (anuscópio), é
possível distinguir muco e pus na parede do reto.
O sexo oral com uma pessoa infectada pode resultar em gonorreia na garganta (faringite
gonocócica). Em geral, essas infecções não causam sintomas, mas a garganta pode doer.
Se os fluidos infectados entrarem em contato com os olhos, pode ocorrer uma conjuntivite
gonocócica, que causa inchaço das pálpebras e uma secreção de pus dos olhos. Nos
adultos, muitas vezes afeta um só olho. Os recém-nascidos podem ter a infecção nos dois
olhos. Se a infecção não receber tratamento pode causar cegueira.
Raramente, ocorre o desenvolvimento de infecção gonocócica disseminada (síndrome
artrite-dermatite). Ela ocorre quando a infecção se espalha pela corrente sanguínea para
outras partes do corpo, especialmente para a pele e as articulações; em raros casos, a
infecção se espalha para o coração. As articulações ficham inchadas, com sensibilidade ao
toque e extremamente dolorosas e apresentam uma limitação na mobilidade. A pele por
cima das articulações infectadas pode ficar vermelha e quente. As pessoas normalmente
têm febre, sentem-se doentes de forma geral e desenvolvem dor articular (causada pela
artrite) em uma ou mais articulações. Podem surgir manchas pequenas e vermelhas na pele,
geralmente nos braços e nas pernas. As manchas são ligeiramente dolorosas e podem estar
preenchidas com pus. As infecções das articulações, corrente sanguínea e do coração
podem ser tratadas, mas a recuperação da artrite pode ser lenta.
Artrite séptica gonocócica é uma forma de infecção gonocócica disseminada que causa
artrite dolorosa. Em geral, ela afeta uma ou duas articulações grandes, como os joelhos,
tornozelos, pulsos ou cotovelos. Os sintomas costumam começar subitamente. Em geral, as
pessoas têm febre. Articulações infectadas ficam dolorosas e inchadas e o movimento é
limitado. A pele por cima das articulações infectadas pode ficar vermelha e quente.
Em crianças, a gonorreia é geralmente um sinal de abuso sexual. Nas meninas, a área
genital (vulva) pode ficar irritada, vermelha e inchada e elas podem apresentar secreção
pela vagina. Se a uretra estiver infectada, as crianças, principalmente os meninos, podem
ter dor ao urinar.
Entre os sintomas acima citados destacam-se também:
 Sintomas da gonorreia masculina
No pênis, entre os sintomas da gonorreia masculina, estão:
 Dor e ardência ao urinar
 Secreção abundante de pus pela uretra
 Dor ou inchaço em um dos testículos

Sintomas de gonorreia feminina


Já na vagina, os sintomas da gonorreia feminina, são:
 Aumento no corrimento vaginal, que passa a ter cor amarelada e odor desagradável
 Dor e ardência ao urinar
 Sangramento fora do período menstrual
 Dor abdominal
 Dor pélvica

1.4. Fisiopatologia
A bactéria tem a capacidade de infectar o epitélio colunar ou de transição (uretra, recto,
endocérvice, faringe, conjuntiva), podendo se propagar pela via hematogênica, por
contiguidade ou carregada pelo espermatozoide.
A N. gonorrhoeae contamina tanto mulheres quanto homens e apresenta afinidade com as
células da uretra e da endocérvix. Para que ocorra a fixação nas células da uretra, o
microrganismo tem que resistir primeiramente à remoção mecânica do fluxo urinário e da
secreção cervical. As estruturas presentes na superfície da célula bacteriana lhe oferecem
uma grande capacidade de adesão ao tecido uretral. Dentre elas se destacam as seguintes
estruturas, a pili tipo VI, as proteínas da família Opa e as porinas.
Após a etapa inicial de fixação, a bactéria inicia sua técnica de invasão tecidual pelo
método de transcitose, mediada pelas proteínas Opa. Assim a infecção que era apenas nas
células epiteliais, atinge o espaço intratecidual e nesse local será reconhecida pelas células
inflamatórias, ativando a liberação do TNF alfa. Com a liberação do TNF-alfa acontecerá o
processo de apoptose das células epiteliais ocasionando umalesão tecidual. Além do mais,
o TNF-alfa intensifica a liberação de citocinas no local, das quais se deve destacar o papel
da interleucina-8, que é responsável pela quimiotaxia neutrofílica.
1.5. Causas da Gonorreia
A gonorreia é transmitida através do contacto sexual desprotegido, seja ele vaginal, oral ou
anal, com uma pessoa infetada. Também pode ser transmitida durante o parto, se a mãe
estiver infetada, afetando os olhos do bebé. A bactéria Neisseria gonorrhoeae, causadora da
doença, prolifera nas áreas quentes e húmidas do trato reprodutivo, incluindo o colo do
útero, útero e trompas de falópio nas mulheres, e na uretra, tanto em mulheres quanto em
homens. Pode crescer também na boca, garganta, olhos e ânus.

1.6. Transmissão
Agentes causadores (patógeno e vectores): Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram
negativo.
A principal forma de transmissão da gonorreia é por meio de relação sexual com pessoa
infectada, seja essa relação oral, vaginal ou anal, sem o uso de preservativo. Mesmo sem
apresentar sintomas, as mulheres contaminadas transmitem a bactéria causadora da doença.
Pode ocorrer também, durante o parto, transmissão da mãe contaminada para o bebê. Caso
esse tipo de transmissão aconteça, corre-se o risco de o bebê ter os olhos gravemente
afetados, podendo levar à cegueira. O período de incubação geralmente ocorre entre 2 e 5
dias. O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar
de meses a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe
a transmissão.

1.7. Quadro clínico


O quadro clínico é predominantemente caracterizado por manifestações mucosas no local
da infecção que podem levar a complicações locais, bem como infecções ascendentes ou
infecções gonocócicas disseminadas. Além disso, ocorrem muitos casos assintomáticos
(aproximadamente 50%) (BUDER, 2019). A gonorreia é geralmente é sintomática em
homens, mais frequentemente como uretrite, com dor ou sensação de queimação ao urinar,
secreção uretral e testículos doloridos.
Em contraste, as mulheres desenvolvem cervicite gonocócica sintomática com menos
frequência, apresentando um ligeiro aumento no corrimento vaginal e sangramento vaginal
raro não relacionado a menstruações ou dor e sensação de queimação ao urinar. A ausência
de sintomas em homense mulheres pode levar a infecções prolongadas. A gonorreia
complicada pode causar infertilidade (LORENZOl, 2017).
Os epitélios urogenitais são os principais locais de infecção, mas a gonorreia também pode
infectar a conjuntiva, faringe e a mucosa retal. Além disso, quando não tratadas, as
infecções gonocócicas podem resultar em problemas de longo prazo, como uretrite
persistente, cervicite, proctite, doença inflamatória pélvica, infertilidade, aborto no
primeiro trimestre, gravidez ectópica e morte materna. Elas também aumentam o risco de
adquirir e transmitir o HIV. Nos casos de gravidez, as infecções por N. gonorrhoeae podem
causar graves danos à saúde neonatal (VIGUE, 2019).

1.8. Período de incubação


Os humanos são o único reservatório natural de N. gonorrhoeae. O período de incubação é
de 1–14 dias.
1.9. Período de transmissibilidade
O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar de
meses a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe a
transmissão.
1.10. Factores de risco da gonorréia
O principal factor de risco são as relações sexuais desprotegidas (sexo vaginal, oral e anal),
independentemente da orientação sexual.
Os factores de risco incluem:
 Vários parceiros sexuais nos últimos meses,
 Parceiros com diagnóstico de gonorreia,
 Uso de drogas,
 IST prévia e homens que fazem sexo com homens.

1.11. Tipos de gonorreia


De acordo a (OMS, 2020), existem dois tipos de gonorreia: a genital e a faríngea.
Orofaringe: essa forma de gonorreia é causada, normalmente, pela prática do sexo oral, os
principais sinais são inflamação das amígdalas, eritema de faringe podendo causar
ulcerações e adenopatias cervicais. Está presente em 10 a 25% dos indivíduos
contaminados.
A genital: é a mais comum, sendo transmitida através do contato sexual desprotegido com
uma pessoa infectada. Já a gonorreia faríngea é uma infecção da garganta causada pela

mesma bactéria, transmitida através do sexo oral.


1.12. Diagnóstico
O diagnóstico deve ser feito, principalmente, por meio de exames laboratoriais, já que a
sintomatologia é pouco específica e a gonorreia apresenta importantes diagnósticos
diferenciais, como outras doenças sexualmente transmissíveis e uretrites não gonocócicas.
Existem alguns exames laboratoriais possíveis e disponíveis para o diagnóstico, os
principais são:
Exame bacteríoscópico: a presença do patógeno é pesquisada na secreção uretral colhida
por exame direto. Quando o exame é positivo para diplococos Gram-negativos
intracelulares, após coloração por método de Gram, o diagnóstico é concluído. Vale
ressaltar que se o exame for negativo para a bactéria da gonorreia, o mais indicado é que
seja iniciado tratamento para clamídia;
Cultura: com uso de meios enriquecidos e seletivos para o crescimento da N.
gonorrhoeae. Os meios mais utilizados são os de Thayer-Martin modificado, New York
City (NYC) e o meio de Martin Lewis. Caso a cultura seja positiva para a bactéria em
questão, o diagnóstico é concluído; e
Prova de degradação de carboidratos: esse exame permite visualizar a produção de
ácido formado como resultado da degradação de macromoléculas orgânicas, normalmente,
é indicado para a diferenciação do agente causador dentro do gênero Neisseria.
No caso de homens, a gonorreia pode ser diagnosticada rapidamente (em até uma hora)
examinando amostras da secreção e identificando as bactérias (gonococos), se a unidade de
saúde tiver o equipamento apropriado e pessoal treinado. Se a secreção for óbvia, os
médicos tocam com um swab ou lâmina na ponta do pênis para coletar a amostra. Se não
houver secreção óbvia, os médicos inserem um swab pequeno, de meia polegada ou mais,
na uretra para coletar a amostra. Os homens não devem urinar por pelo menos duas horas
antes da coleta da amostra.

O diagnóstico de gonorreia em mulheres é mais difícil do que em homens, pois identificar


bactérias em uma amostra de secreção do colo do útero é mais difícil do que de um pênis.
As bactérias em uma amostra obtida do colo do útero podem ser vistas ao microscópio em
apenas cerca de metade das mulheres infectadas.
1.13. Diagnóstico Diferencial
 Infecção por clamídia
 Ureaplasma
 Icoplasma
 Tricomoníase
 Vaginose bacteriana
 Artrite séptica bacteriana
1.14. Tratamento
Na visão de (Darwen, 2017), o tratamento é feito a base de antibióticos que agem de
maneira eficaz. É importante que o tratamento seja feito pelo casal e durante este manter
abstinência sexual. Em casos de gravidez, a mulher deve se submeter o quanto antes ao
tratamento, pois a infecção pode causar cegueira e infecção nas articulações e no sangue do
bebê. Caso não sejam tratadas, essas DST podem provocar esterilidade, atacar o sistema
nervoso (causando meningite), afectar os ossos e o coração.
Atenção: corrimentos são muito comuns em mulheres. Portanto, sua ocorrência não
significa, necessariamente, sinal de DST. O médico poderá fazer seu correto diagnóstico e
indicação de tratamento adequado.
Tratamento da gonorreia base farmacológica
 Para infecção não complicada, dose única de ceftriaxona
 Tratamento concomitante de infecção por clamídia
 Tratamento dos parceiros sexuais
 Para infecção gonocócica disseminada (IGD) com artrite, um ciclo mais longo de
antibióticos parenterais
A infecção gonocócica não complicada da uretra, colo do útero, reto e faringe é tratada
com o seguinte:
 Uma dose única de ceftriaxona, 500 mg, IM (1 g IM para pacientes com peso ≥
150 kg)

Se a ceftriaxona não estiver disponível, usar cefixima 800 mg por via oral em dose
única.

Se a infecção por clamídia não tiver sido excluída, tratar a clamídia com doxiciclina, 100
mg, por via oral, duas vezes ao dia, por 7 dias. Em pacientes com alergia à doxiciclina,
tratar a clamídia com uma dose única de 1 g de azitromicina por via oral.

Pacientes alérgicos a cefalosporina (como ceftriaxona) são tratados com


 Gentamicina 240 mg, IM, em dose única, mais azitromicina 2 g, por via oral, em
dose única.

IGD com artrite gonocócica é inicialmente tratada com antibióticos IM ou IV (p. ex.,
ceftriaxona, 1 g, IM ou IV, a cada 24 horas; ceftizoxima, 1 g, IV, a cada 8 horas;
cefotaxima, 1 g, IV, a cada 8 horas), mantidos por 24 a 48 horas assim que os sintomas
regredirem, seguidos de terapia oral guiada pelo teste de sensibilidade antimicrobiana, em
um curso de tratamento total de pelo menos 7 dias. Se a infecção por clamídia não tiver
sido excluída, adicionar doxiciclina, 100 mg, por via oral, duas vezes ao dia, por 7 dias.
1.15. Complicações da gonorréia
Se a gonorreia não for tratada, a bactéria pode se espalhar pelo trato reprodutivo ou, mais
raramente, entrar na corrente sanguínea e infecta as articulações, válvulas cardíacas ou
cérebro” (GENDRON, 2017).
As principais complicações nos homens são:
Balanopostite: é uma reação inflamatória da glande por dor peniana aguda (balanite) e
prepúcio (postite). A balanite pode ocorrer isoladamente e é comum o comprometimento
simultâneo do prepúcio, já a balanopostite é caracterizada por eritema, edema, prurido,
disúria, sangramento, erosão, ulceração da glande e presença de exsudato subprepucial.
Os sintomas irritativos locais podem variar de acordo com a gravidade da infecção, e
acredita-se que essas infecções crônicas podem gerar carcinoma de células escamosas do
pênis.
Litrites: Infecção nas glândulas de Littré (glândulas acinosas que existem nas faces
laterais e superiores da uretra esponjosa). O principal sintomaé representado por
dorpeniana aguda.
Cowperites: Infecção nas glândulas de Cowper (glândulas acinosas que ficam entre a
uretra membranosa e o bolbo). O principal sintomaé representadopor dor perineal, que se
acentua na defecação ou ao simples acto de sentar.
Prostatite: é a maisfrequente das complicações da gonorreia, é composta por dor perineal,
principalmente no término da micção e durante a defecação. Está associada a dor genital,
dor ejaculatória, dor abdominal, desconforto notrato urinário inferior e disfunção erétil.
Epididimite: sua sintomatologia émalestar geral e febre. A complicação maior da
epididimite é aobstrução do canal epididimário, causando oligospermia e azospermia,
levando a esterilidade masculina.
Uretrite: é caracterizado primeiramente por um leve desconforto na uretra, seguido de
sensibilidade peniana grave, disúria, eliminação de secreção purulentaamareloesverdeadae
frequência e urgência urinária.

As principais complicações nas mulheres são:


Bartholinite: é uma inflamação na Glândula de Bartholin que geraa formação de cistos e
abscessos profundosna parede vaginal. Éo sintoma mais comum na mulher, sendo um
factor de risco na idade reprodutiva, pois pode ocasionar infertilidade.
Salpingite: também conhecida como anexite é uma inflamação pélvica das tubas uterina se
provoca endometrite, oforite, abscessos tubo-ovariano e peritonite. Acomete um milhão de
mulheres por ano nos Estados Unidos e trata-se de causa significativa de infertilidade,
gravidez ectópica e dor pélvica crônica. Pode ocasionar afamosa DIP doença inflamatória
pélvica que é observada em 90% dos casos. Os sintomas nesses casos incluem dor na
mobilidade cervical, dor uterina, corrimento vaginal secundário, endometrite e cervicite.
Faringite Gonocócica: é uma infecção na faringeque acomete entre 10% a 20% das
mulheres que tem contato sexual com homens infectados por N. Gonorrhoeaee cerca de
70% dos casos de faringite gonocócica são assintomáticos, porém se essa infecção se
tornar crônica pode causar conjutivite crônica e endocardite bacteriana.

1.16. Cuidados de enfermagem


De acordo Alvez (2022), os cuidados de enfermagem ao paciente com gonorreia consistem
em:
 Concientificar a respeito da doença e seu tratamento;
 Centivar o uso de preservativo em todas as relações sexuais;
 Assistência de enfermagem é fundamental para obtenção de êxito para o
tratamento, orientando sobre a medicação prescrita, e realização dos exames
solicidados;
 No pré-natl prestar assistência a gestante com suspeita de gonorreia;
 Dar educação para saúde.

1.17. Prevenção
A principal recomendação para se prevenir dos riscos de infecção:
 Duas gotas de nitrato de prata nos olhos do bebe, ao nascer, previnem a blenorragia
ocular nestes;
 Exames de rotina específicos devem ser feitos, principalmente pelas mulheres de
vida sexual activa e sem parceiro fixo;
 Seguir exactamente a prescrição médica.
 Além da camisinha masculina ou feminina, usar lubrificantes à base de água nas
relações sexuais anais;
 É recomendado realizar sempre o autoexame, observando os próprios órgãos
genitais e vendo se a cor, aparência, cheiro e a pele estão saudáveis.

1.18. Prognóstico
Se deixada sem tratamento, a infecção pode causar cicatrizes e estreitamento da uretra (o
tubo entre a bexiga e a parte externa do corpo). A gonorreia não tratada também pode levar
à infertilidade em homens e mulheres.
As mulheres correm mais risco de complicações, tais como a formação de cicatrizes e
estreitamento das trompas de Falópio (condutos por onde os óvulos vão dos ovários para o
útero) e infecção no pélvis e baixo ventre.
CAPÍTULO II-ESTUDO DE CASO
É uma pesquisa aprofundada sobre um ou poucos objetos de investigação, de modo a
produzir conhecimento amplo e detalhado sobre o tema.

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