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Hemorroidas são veias dilatadas e inflamadas no ânus e reto, que podem causar dor,

coceira e sangramento anal. A hemorroida pode ser interna, quando ela fica escondida
dentro do reto, ou externa, quando ela é facilmente identificada ao redor do ânus. A
passagem das fezes por essas veias dilatadas pode causar ferimentos, que se manifestam
com sintomas como dor para evacuar, coceira anal e sangramento nas fezes.
Apesar de amplamente utilizado, na verdade, o termo mais correto não é hemorroida,
mas sim doença hemorroidária. Hemorroidas é o nome que damos ao conjunto de veias
e artérias que se localizam no canal anal. Todos temos veias hemorroidárias e artérias
hemorroidárias. Portanto, tecnicamente, todos nós temos hemorroidas. Porém, mesmo
os médicos não costumam fazer esse tipo de distinção e acabam tratando os termos
doença hemorroidária e hemorroidas como sinônimos.
COMO SURGEM
A maioria das nossas veias contém válvulas que ajudam o sangue a seguir sempre em
uma mesma direção, impedindo seu retorno, mesmo quando contra a gravidade. Por
exemplo, o sangue nas veias da perna corre sempre contra a gravidade. Graças às
válvulas, ele consegue subir sem ficar represado nas pernas. Quando as veias ficam
doentes e as suas válvulas param de funcionar, surgem as varizes, que são veias
tortuosas nas quais o sangue fica congestionado (leia: Varizes: causas e tratamento).
Ao contrário das veias do resto do corpo, as veias hemorroidárias não possuem
válvulas para impedir o represamento de sangue. Portanto, qualquer aumento da
pressão nessas veias propicia o seu ingurgitamento. As hemorroidas são como
varizes das veias hemorroidárias. Assim como em qualquer variz, o sangue
represado aumenta o risco de trombose e inflamações das veias.
Portanto, hemorroidas são dilatações das veias do reto e ânus, que podem vir
acompanhadas de inflamação, trombose ou sangramento.
Aproximadamente 5% da população sofre com esse problema. No Brasil,
estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas tenham hemorroidas. A doença é
mais comum nos adultos entre 40 e 60 anos. Nas mulheres, ela costuma surgir
mais cedo, principalmente durante a gravidez (30 a 40% das grávidas sofrem de
hemorroidas).
CLASSIFICAÇÃO
A doença hemorroidária pode ser divida em:
Hemorroidas internas: quando ocorrem no reto.
Hemorroidas externas: quando ocorrem no ânus ou no final do canal anal.
Hemorroida externa e hemorroida interna
As hemorroidas internas são ainda classificadas em quatro graus:
Hemorroidas grau I: não prolapsam através do ânus.
Hemorroidas grau II: prolapsam através do ânus durante a evacuação ou durante
esforço, mas o retornam à posição original espontaneamente.
Hemorroidas grau III: prolapsam através do ânus e só retornam para dentro com
ajuda manual.
Hemorroidas grau IV: estão prolapsadas através do ânus e o retorno não é
possível nem com ajuda manual.
As hemorroidas internas grau I não são visíveis e as grau II passam normalmente
despercebidas pelos pacientes, já que ninguém fica olhando para o ânus
enquanto defeca. Como o reto e o canal anal possuem pouca inervação, este tipo
de doença hemorroidária não costuma causar dor.
As hemorroidas externas, assim como as internas grau III e IV, são facilmente
identificadas e costumam inflamar, causando dor e/ou prurido (comichão).
Cerca de 73% dos casos de doença hemorroidária são de grau I, 19% de grau
II, 8% de grau III e menos de 1% dos pacientes apresentam hemorroidas grau
IV.
Graus da doença hemorroidária

FATORES DE RISCO
A doença hemorroidária é um distúrbio muito comum. Estima-se que mais da
metade da população acima dos 50 anos sofra deste problema em graus
variáveis.
Os principais fatores de risco são:
Constipação intestinal (prisão de ventre).
Esforço para evacuar.
Obesidade.
Diarreia crônica.
Prender as fezes com frequência, evitando defecar sempre que há vontade.
Dieta pobre em fibras.
Gravidez.
Sexo anal.
História familiar de hemorroidas.
Tabagismo.
Cirrose hepática e hipertensão portal.
Ficar longos períodos sentados no vaso sanitário (há quem ache que o próprio
design dos vasos sanitários propicia o surgimento da doença hemorroidária).
O hábito de evacuar agachado, muito comum no Oriente Médio e Ásia, está
associado a uma menor incidência de hemorroidas. Por outro lado, evacuar
sentado, como a maioria de nós habitualmente faz, parece aumentar a sua
incidência.
Independente dos fatores de risco, as hemorroidas se formam quando há
aumento da pressão nas veias hemorroidárias ou fraqueza nos tecidos da parede
do ânus, responsáveis pela sustentação das mesmas.
Quais são os alimentos que provocam hemorroidas?
Ao contrário da crença popular, não existe nenhum alimento específico que
provoque hemorroidas. Também não existem evidências científicas de que
pimenta, café ou refrigerantes possam agravar um quadro já existente de doença
hemorroidária.
O que efetivamente pode fazer mal é uma dieta pobre em fibras. Mas o efeito é
indireto, pois é a constipação intestinal que surge por conta da dieta a
responsável pelo maior risco de desenvolvimento das hemorroidas.
SINTOMAS
As hemorroidas podem ser sintomáticas ou não. Como já dito anteriormente, as
hemorroidas internas tendem a ser menos sintomáticas. O único sinal indicativo
da sua existência costuma ser a presença de sangue ao redor das fezes ao
evacuar.
O sangramento da doença hemorroidária se apresenta tipicamente como uma
pequena quantidade de sangue vivo que fica ao redor das fezes. Às vezes, o
paciente pode notar pingos de sangue no vaso sanitário após o término da
evacuação. É comum também haver sangue no papel higiênico após a limpeza.
As hemorroidas internas podem causar dor se surgir uma trombose ou quando o
esforço crônico para evacuar causa o prolapso da hemorroida para fora no canal
anal. As hemorroidas internas grau III e IV podem estar associadas à
incontinência fecal e à presença de um corrimento mucoso, que provoca irritação
e comichão anal.
As hemorroidas externas são, por via de regra, sintomáticas. Estão associadas a
sangramentos e dor ao evacuar e ao sentar. Em casos de trombose, a dor pode ser
intensa. O prurido é outro sintoma comum. As hemorroidas externas são sempre
visíveis e palpáveis.
Apesar de ser uma causa comum de hemorragia anal, é importante nunca
assumir que o sangramento é devido à doença hemorroidária sem antes consultar
um médico. Várias doenças, como fissura anal, câncer do reto, doença
diverticular e infecções também podem se manifestar com sangue nas fezes.
Além disso, nada impede que o paciente tenha hemorroidas e outra doença que
também curse com sangramento anal, como um câncer, por exemplo. Portanto,
todo sangramento anal deve ser avaliado por um médico.
O sangramento das hemorroidas costuma ser de pequena quantidade, mas, ser
for frequente, pode até levar à anemia por carência de ferro. Sangramentos de
grande volumes não são comuns, mas podem ocorrer em alguns casos.
Um diagnóstico diferencial importante das hemorroidas é a fissura anal. Ambas
causam dor e sangramento, porém, o sangramento da fissura costuma ser menor
e a dor ao evacuar mais intensa.
Se você quiser ver imagens reais de hemorroidas, acesse o seguinte artigo: Fotos
de hemorroidas externas e internas.
Hemorroidas podem virar câncer?
Não, hemorroidas não viram câncer. Dito isso, é importante destacar que os
sintomas de um tumor intestinal, do reto ou do ânus podem ser confundidos com
os da hemorroida, principalmente o sangramento ao evacuar. Por isso, em todo
paciente com sangramento anal, especialmente naqueles com mais de 50 anos, é
preciso ter certeza de que a causa é mesmo uma hemorroida sangrante e não é
um tumor.
DIAGNÓSTICO
Nas hemorroidas externas, o exame físico é suficiente para o diagnóstico. Nas
internas é preciso realizar o toque retal e, caso ainda haja dúvida, a anuscopia
(uma mini endoscopia onde se visualiza o reto por vídeo).
Em doentes idosos com sangramento pelo reto, mesmo que se identifique doença
hemorroidária, é conveniente realizar a colonoscopia para se descartar outras
causas. Como as hemorroidas são muito comuns nesta faixa etária, nada impede
que o paciente tenha uma segunda causa para o sangramento, como um câncer
do intestino ou um divertículo.
Qual é o médico especialista que devo procurar?
O médico especializado em diagnosticar e tratar a hemorroida é o proctologista,
atualmente chamado de coloproctologista.
A coloproctologia é uma especialidade médica e cirúrgica, responsável pelas
doenças do intestino grosso, intestino delgado, reto e ânus.
Além das hemorroidas, o coloproctologista também costuma tratar: fissuras
anais, abcessos perianais, fístulas perianais, cisto pilonidal, prolapso
retal, plicoma anal, constipação, incontinência fecal, tumores benignos e
malignos do cólon, intestino delgado ou reto, doença diverticular do
intestino e doenças inflamatórias intestinais.
HEMORROIDAS TÊM CURA?
Sim, existem várias opções terapêuticas que podem curar definitivamente as
hemorroidas. Procedimentos como a ligadura elástica, escleroterapia, coagulação
infravermelha, hemorroidectomia e THD costumam ser eficazes no tratamento
da doença hemorroidária.
TRATAMENTO DAS HEMORROIDAS
O tratamento da doença hemorroidária pode ser dividido entre tratamento
conservador, que é feito à base de pomadas, remédios, dieta e banhos de assento,
ou tratamento cirúrgico, que pode ser feito no próprio consultório ou em centro
cirúrgico apropriado.
Na maioria dos casos de hemorroidas externas e de hemorroidas internas grau 1
ou 2, o tratamento é feito inicialmente de forma conservadora, sem a
necessidade de cirurgia.
Vamos revisar a seguir as principais opções de tratamento para hemorroidas.
Tratamento conservador – Remédios, pomadas e dieta
O tratamento conservador das hemorroidas pode ser dividido em 3 modalidades:
remédios (comprimidos ou pomadas), medidas gerais e dieta. Falaremos
resumidamente sobre cada uma delas.
Medidas gerais e tratamento caseiro
Durante as crises, os banhos de assento com água morna, duas a três vezes por
dia, podem trazer alívio para os sintomas agudos. Nas grávidas sugerimos
compressas úmidas mornas.
Em caso de dor, compressas geladas também podem oferecer alivio. Tenha
cuidado para não provocar queimaduras por frio na região do ânus.
Deve-se também evitar limpar o ânus com papel higiênico, dando preferência ao
bidê ou a jatos de aguá morna. Não esfregar o ânus na hora da higiene é parte
importante do tratamento.
Evite ficar muito tempo sentado no vaso sanitário. Também é importante não
segurar a fezes quando a vontade de evacuar surge.
O paciente deve tentar a todo custo não coçar o ânus, pois a fricção pode causar
mais lesões.
Roupas largas e à base de algodão são as preferidas, pois são frescas e diminuem
a umidade local.
Dieta para quem tem hemorroidas
Beber bastante água é importante, por ajudar a umedecer as fezes, diminuindo a
constipação e o atrito que a passagem das fezes provoca no reto e ânus.
O aumento do consumo de fibras comprovadamente melhora os sintomas. Os
resultados podem ser notados com apenas 15 dias de mudança da dieta. O uso de
suplementos à base de metilcelulose ou psyllium apresenta bons resultados.
Atenção, o uso de fibras não trata a doença hemorroidária, mas ajuda no controle
dos sintomas, principalmente a coceira e o sangramento.
Evitar alimentos picantes é uma dica muito famosa para quem tem hemorroidas,
todavia, como já referido, não há provas de que a pimenta ou qualquer outro
alimento picante realmente agrave os sintomas.
A resposta aos alimentos picantes parece ser muito individual. Há pacientes com
hemorroidas que comem pimenta à vontade e não sentem nenhuma piora,
enquanto outros juram que um pouquinho de pimenta é suficiente para “irritar”
suas hemorroidas. É provável que o efeito placebo tenha peso importante nessa
relação (leia: O que é o efeito placebo?).
Outra dica comum, mas que também carece de evidências científicas, é evitar o
café ou bebidas cafeinadas. Na verdade, em algumas pessoas, o café tem efeito
de acelerar o trânsito intestinal, o que pode até facilitar a evacuação.
Pomadas e remédios
Nas pessoas com constipação intestinal, laxantes então indicados para diminuir a
necessidade de fazer força ao evacuar. A passagem de fezes muito volumosas e
endurecidas pode causar lesão nas hemorroidas.
Pomadas e cremes, como o Proctyl, Proctosan ou Xyloproct, podem ser usados
temporariamente, já que servem de lubrificante para a passagem das fezes e
contêm anestésicos em sua fórmula.
Algumas pomadas, como Ultraproct, Proctfis H e Xyloproct também contêm
corticoides, o que ajuda a “secar” a hemorroida e a diminuir a inflamação. Em
geral, a aplicação 2 a 3 vezes por dia é suficiente para trazer alívio sintomático.
Contudo, pomadas que contenham corticoides não devem ser usadas por mais de
7 dias seguidos, pois eles podem causar atrofia da mucosa anal, favorecendo o
aparecimento de novas feridas.
O alívio com cremes ou pomadas é apenas temporário e não deve ser usado sem
orientação médica.
As opções mais comuns de pomadas para hemorroidas são:
Ultraproct (composição: pivalato de fluocortolona, caproato de fluocortolona,
undecilato de clemizol e cloridrato de cinchocaína).
Proctyl (composição: policresuleno e cloridrato de cinchocaína).
Hemovirtus (composição: Hamamelis virginiana L, Davilla rugosa, Atropa
belladonna L, mentol e cloridrato de lidocaína).
Proctosan ou Proctan (composição: cloridrato de lidocaína, mentol, azuleno,
castanha da Índia e Hamamelis virginiana L.).
Xyloproct (composição: lidocaína, hidrocortisona, óxido de zinco e subacetato
de alumínio).
Proctfis H (composição: acetato de hidrocortisona, lidocaína, subgalato de
bismuto e óxido de zinco).
Supositórios com corticoides (o Ultraproct também existe em forma de
supositório) são outra opção quando há muita dor ou comichão, porém, é um
tratamento que não deve ser usado por mais de uma semana devido aos seus
possíveis efeitos colaterais.
Dos remédios para hemorroidas em comprimidos, aquele que parece ter melhor
efeito é o Daflon. Ainda assim, ele apenas melhora os sintomas, não trata
definitivamente a doença. Outros remédios, como o Varicell, não apresentam
eficácia comprovada.
Em geral, os pacientes procuram muito a ajuda de pomadas, quando, na verdade,
o banho de assento e a mudança da dieta costumam ter eficácia semelhante por
um custo muito menor e com menos riscos de efeitos colaterais.
Opções de tratamento minimamente invasivo
Se o tratamento conservador não for suficiente para controlar os sintomas das
hemorroidas, tratamentos minimamente invasivos podem ser tentados. Nestes
casos, o tratamento pode ser realizado no próprio consultório do proctologista.
a. Ligadura elástica
Em casos mais graves, que não conseguem ser controlados com medidas
simples, pode ser necessária a laqueação elástica da hemorroida. Através da
anuscopia, uma borracha é introduzida na base das hemorroidas, causando
estrangulamento e necrose das mesmas. Depois de alguns dias, geralmente entre
dois a quatro, a hemorroida “cai”, saindo sozinha pelo ânus junto com o elástico.
É uma técnica que pode ser efetuada no próprio consultório do proctologista.
Costuma ser indolor e muitas vezes não se usa nem anestesia. A ligadura elástica
está indicada para hemorroidas de grau I e II. Eventualmente, ela pode ser usada
em algumas hemorroidas grau III. É a técnica mais usada atualmente e apresenta
uma taxa de sucesso de 80%.
A ligadura elástica não é uma opção para hemorroidas externas, pois, neste caso
especificamente, o tratamento causa intensa dor.
b. Escleroterapia
Outra opção para o tratamento das hemorroidas é a escleroterapia. Esta técnica
consiste na injeção, através de uma agulha longa, de uma solução química que
causa necrose das hemorroidas. A substância injetada causa intensa inflamação e
faz com que a hemorroida “seque” e seja absorvida.
A escleroterapia também é feita com o auxílio da anuscopia e não necessita de
anestesia, pois é indolor.
c. Coagulação infravermelha
Uma terceira opção é a coagulação por infravermelho, também chamada,
equivocadamente, de coagulação a laser. Assim como as técnicas anteriores, a
coagulação por infravermelho é realizada com o auxílio da anuscopia e consiste
na aplicação direta de ondas de infravermelho nas hemorroidas. O calor gerados
por essas ondas queimam a lesão e provocam retração das hemorroidas.
Das três técnicas citadas acima, a ligadura elástica é a que apresenta os melhores
resultados para hemorroidas internas graus I, II e III.
Tratamento cirúrgico
Caso os sintomas da doença hemorroidária persistam, apesar das medidas
conservadoras ou minimamente invasivas, a intervenção cirúrgica deve ser
indicada. Além dos casos de falha das técnicas mais simples, a cirurgia também
está indicada nos pacientes com hemorroidas grau IV ou naqueles que têm
hemorroidas internas estranguladas. A cirurgia também pode ser necessária para
as hemorroidas grau III sintomáticas ou para os pacientes que se apresentam
com hemorroidas trombosadas.
Hemorroidectomia
A cirurgia tradicional para remoção da hemorroida é chamada de
hemorroidectomia. Existem duas técnicas populares:
Milligan Morgan ou Ferguson, que é uma cirurgia feita sob anestesia peridural,
que remove todo o tecido ao redor da região com doença hemorroidária;
Técnica de Longo, que usa um dispositivo para realizar o grampeamento das
hemorroidas.
A técnica de Longo é mais moderna e costuma ser mais tolerada pelo paciente,
pois seu pós-operatório é bem menos doloroso.
THD para tratamento da doença hemorroidária
Uma nova opção de tratamento para hemorroidas é a desarterialização
hemorroidária trans anal guiada por Doppler (THD), uma técnica criada em
1995 e aperfeiçoada ao longo dos últimos anos. A técnica consiste na introdução
de um pequeno aparelho de doppler (ultrassom) no ânus para identificação das
artérias hemorroidarias; através de uma pequena agulha essas artérias são
suturadas de modo a reduzir o fluxo de sangue que chega nas regiões onde
existem as hemorroidas. Chegando menos sangue, a pressão dentro das
hemorroidas diminui, fazendo com elas “sequem”.
A técnica THD não tem cortes e o risco de sangramento é muito baixo. O pós-
operatório é menos doloroso que nas técnicas com cortes e há baixo índice de
recidivas das hemorroidas. O tempo de recuperação é mais curto e o paciente
consegue voltar às atividades normais em 48 horas. O procedimento é conduzido
com anestesia local e uma leve sedação.
O THD é uma técnica relativamente nova e ainda não há trabalhos que
comparem sua eficácia a longo prazo com as técnicas mais antigas. Porém, os
resultados são promissores e a tendência é que ele se transforme no método de
eleição para o tratamento das hemorroidas.
Hemorroida ou doença hemorroidária?

Todo mundo tem vasos sanguíneos na região do ânus que se dilatam e se retraem

durante os movimentos intestinais. Só quando elas produzem sintomas é que se fala em

doença hemorroidária.

Relacionadas

Excesso de pele no ânus confunde com hemorroida e pode causar desconforto

Tipos de hemorroida

A hemorroida pode ser classificada como interna, se estiver localizada dentro do canal

do ânus, ou externa, se estiverem para fora, na borda do ânus.


Fatores de risco

A postura ereta dos seres humanos já leva a um aumento natural da pressão sobre as

veias da região anal. Porém, algumas pessoas podem ter uma tendência genética ao

problema, agravadas por determinados fatores ambientais.

Os principais factores de risco para hemorroidas:

 Hereditariedade (a propensão genética é considerada o principal fator de risco)

 Esforço na hora de evacuar

 Constipação ou fezes ressecadas (em geral devido à hidratação insuficiente e/ou baixo

consumo de fibras)

 Diarreia

 Uso crônico de laxantes

 Obesidade

 Gravidez (com frequência no fim da gestação, quando o peso sobre as veias da região

anal é maior)

 Envelhecimento (com o passar da idade há perda de colágeno e os vasos sanguíneos

ficam mais propensos a descer)

Pimenta e condimentos causam hemorroida?

Alimentos apimentados ou condimentados podem causar irritação e desconforto para

quem está com hemorroida, mas não é possível dizer que esses itens causam o

problema.
Sexo anal pode causar hemorroida?

A prática não causa o problema, mas o sexo anal deve ser evitado enquanto a pessoa

tiver com a doença hemorroidária ou qualquer outro desconforto na região anal, a fim

de evitar dores, inflamação e machucados.

Sintomas de hemorroida

 Sangramento anal, com ou sem dor

 Presença de sangue (geralmente vermelho vivo) nas fezes ou no papel higiênico, após a

limpeza

 Coceira ou irritação no ânus

 Sensação de latejamento

 Dor contínua ou ao evacuar

 Sensação de evacuação incompleta

 Nódulo doloroso ao redor do ânus (prolapso)

Atenção: outras doenças, além da hemorroidária, podem causar sangramento anal, por

isso é importante procurar o médico sempre que isso acontecer.

Complicações

As complicações das hemorroidas mais frequentes são sangramento, dor

e trombose hemorroidária (entupimento do vaso que pode provocar dor aguda).

Hemorroida pode virar câncer?


Não, não há qualquer relação entre hemorroidas e câncer de reto. Porém, como as duas

doenças podem provocar sangramentos, é preciso procurar sempre um coloproctologista

ou cirurgião do aparelho digestivo para avaliação.

Diagnóstico de hemorroida

A doença hemorroidária pode ser diagnosticada no próprio consultório médico, com

exame físico da região anal. O profissional também pode solicitar uma anuscopia,

exame rápido e indolor em que um tubo fino é inserido no reto. Exames

complementares podem ser solicitados.

Tratamentos para hemorroida

Dependendo do grau da hemorroida, que pode variar de 1 a 4, o tratamento pode ser

muito simples, apenas com modificações comportamentais e/ou uso de pomadas. Nos

casos mais graves (estimados em menos de 5% do total), a cirurgia é indicada, mas as

técnicas avançaram bastante, facilitando a recuperação dos pacientes. Veja, a seguir,

detalhes sobre cada linha de tratamento:

 Mudanças comportamentais: Incluir mais fibras e água na dieta, para facilitar a

evacuação, reduzir o consumo de álcool, café e condimentos (para reduzir o

desconforto), trocar o papel higiênico por lenços umedecidos ou ducha higiênica e

utilizar roupa íntima que não aperte podem ser medidas sugeridas pelos médicos.

 Banhos de assento: Para hemorroidas externas, alguns minutos em água morna pode

trazer alívio aos sintomas.


 Medicamentos: Pomadas ou supositórios podem ser indicados para diminuir a

inflamação e a dor local.

 Procedimentos locais: A chamada ligadura elástica ou esclerose utiliza dispositivos

que fazem a veia dilatada encolher. Após a cicatrização, que leva alguns dias ou

semanas, o tecido é eliminado. Em geral esses procedimentos podem ser feitos no

próprio consultório, com baixo risco de complicações e dor.

 Cirurgia: A hemorroidectomia clássica é a retirada cirúrgica, com anestesia, dos

chamados mamilos hemorroidários. O procedimento tem baixo índice de recidiva, mas

tem um pós-operatório mais longo. Nos últimos anos surgiram algumas técnicas menos

invasivas, como o chamado grampeamento, indicado para hemorroidas internas e

prolapso, e também a desarterialização hemorroidária transanal (THD). Ambas

permitem o retorno ao trabalho após uma semana, em média.

Fitoterápicos ajudam?

Existe um produto conhecido como castanha-da-Índia, em cápsulas, que ajuda a

melhorar a circulação sanguínea e costuma ser utilizada por quem tem tendência a

hemorroidas, mas nem todos os médicos confiam na sua eficácia.

Prevenção

 Tenha uma dieta rica em fibras (a recomendação é ingerir cerca de 25 gramas ao dia),

o que pode ser conseguido com refeições ricas em vegetais, frutas e cereais integrais.

Quem sofre com prisão de ventre e tendência à hemorroida pode se beneficiar de

produtos indicados pelo médico para facilitar as evacuações.


 Tome água. A quantidade indicada varia de acordo com a idade, a alimentação e o

clima, mas consumir líquidos ao longo do dia é fundamental para que as fibras ingeridas

exerçam sua função.

 Evite o sedentarismo.

 Evite excesso de álcool, pimenta e outros condimentos, que podem irritar o trato

gastrointestinal, especialmente se você costuma ter hemorroida.

 Troque o papel por lenço umedecido. O uso exclusivo do papel higiênico pode

machucar a região por atrito e nem sempre remove adequadamente os resíduos fecais. O

ideal é fazer a higiene com água (não há necessidade de sabão) e usar o papel apenas

para secar, ou então utilizar lenço umedecido.

Fontes: Ronaldo Salles, proctologista e membro titular da Sociedade Brasileira de

Coloproctologia (SBCP); Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo e

proctologista do Hospital 9 de Julho e membro da Sociedade Brasileira do Aparelho

Digestivo (SBAD) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC); US National

Library of Medicine - NIH (National Institutes of Health); Portal Col


O que são as hemorróidas?

As hemorróidas são pequenas dilatações das veias, na parte inferior do reto e ânus.
Podem desenvolver-se dentro do ânus (hemorróidas internas) ou na pele à volta do
mesmo (hemorróidas externas), podendo coexistir as duas variedades.

Geralmente, as hemorróidas externas são facilmente tratáveis e, muitas vezes,


desaparecem com o tempo. No entanto, as hemorróidas internas são mais problemáticas
e requerem um tratamento mais rigoroso, sendo frequentemente aconselhada a sua
remoção por via cirúrgica. Veja mais informação em “tratamento das hemorróidas”.

Sinais e sintomas das hemorróidas

Os sinais e sintomas das hemorróidas variam consoante o tipo de hemorróida:

Sinais e sintomas nas hemorróidas externas

 Prurido (comichão) ou irritação à volta do ânus;


 Dor e desconforto;
 Hemorragia (sangramento).

As hemorróidas podem vir a criar coágulos de sangue, chamados de “trombos” ou


hemorróidas “trombosadas”.

Sinais e sintomas nas hemorróidas internas

 Dor e irritação durante os movimentos intestinais (quando as fezes passam no


local onde as hemorróidas se desenvolveram);
 Hemorragia.

As hemorróidas internas podem também exteriorizar-se, causando um prolapso


hemorroidário. Esta exteriorização, quando total, pode causar dores fortes.

Causas das hemorróidas

As hemorróidas podem-se desenvolver quando existe uma pressão sustentada no reto


inferior. Esta pressão acontece devido a:

 Esforço durante os movimentos intestinais, sendo a obstipação (“intestino


preso” ou “prisão de ventre”) a mais frequente;
 Passar muito tempo sentado;
 Diarreia crónica;
 Esforço físico regular, como o levantamento de grandes pesos;
 Outras causas.

Saiba, aqui, tudo sobre obstipação (intestino preso).

Estão identificados alguns fatores de risco no desenvolvimento das hemorróidas:

 Obesidade (excesso de peso);


 Gravidez;
 Idade: à medida de a idade avança, o risco de ocorrência de hemorróidas
também aumenta;
 Hereditariedade (genética): familiares com história de desenvolvimento de
hemorróidas;
 Etc.

Complicações das hemorróidas

As complicações das hemorróidas, embora raras, incluem:

 Anemia, em caso de perda abundante de sangue;


 Infeções, se a hemorroida causar feridas externas;
 Hemorróida “trombosada”;
 Prolapso hemorroidário;
 Outros.

As hemorróidas internas podem ser classificadas em 4 graus, sendo que o grau I


corresponde à hemorroida interna sem prolapso e o grau IV corresponde à completa
exteriorização da hemorroida.

Diagnóstico das hemorróidas

Após uma avaliação dos sinais e sintomas e história clínica do doente, o médico
especialista efetua o diagnóstico durante o exame físico, através da observação e toque
retal. Em alguns casos, o médico pode recorrer a alguns exames de diagnóstico, tais
como:

 Anuscopia: inserção de um pequeno tubo com uma câmara que permite avaliar
o estado do reto na procura por hemorróidas internas;

 Sigmoidoscopia: Exame do cólon inferior através de um tubo flexível com luz e


câmara. Permite também, se assim for necessário, a extração de uma pequena
amostra de tecido retal para análise em laboratório;

 Colonoscopia: Avaliação de todo o intestino grosso, também com um tubo


longo e flexível. Permite também, se justificável, a extração de pequenas
amostras de tecido para análise.

Saiba, aqui, tudo sobre colonoscopia.


SELECIONE O SEU CONCELHO *

As hemorróidas têm cura?


Sim. As hemorróidas podem ser provocadas por diversas causas e a sua gravidade
depende de pessoa para pessoa, no entanto, possuem um prognóstico bastante favorável,
pois existem várias opções terapêuticas capazes de tratar e eliminar eficazmente as
hemorróidas.

Tratamento das hemorróidas

O tratamento das hemorróidas vai depender da gravidade dos sintomas e do tipo de


hemorróida existente. As seguintes opções terapêuticas podem ser realizadas
isoladamente ou em combinação:

Tratamento domiciliário ou “caseiro”

Na presença de hemorróidas, existem alguns comportamentos a adotar na vida


quotidiana, de modo a tratar e até mesmo prevenir estas afeções:

 Evitar a obstipação, através de uma dieta equilibrada. Na alimentação, fazer uma


dieta rica em fibra. Ingerir muitos líquidos (água, chá, sumos naturais, etc.).
Privilegiar alimentos como frutas e vegetais. Saiba, aqui, tudo sobre prevenção
da obstipação.
 Utilizar almofadas quando prevê ficar sentado(a) durante muito tempo;
 Lavar frequentemente (idealmente duas a três vezes por dia) a área anal com
água morna (banho de “assento”);

Tratamento farmacológico

Em casos de dor e desconforto constante, o seu médico pode optar por prescrever
alguma medicação de modo a controlar a evolução e melhorar o desconforto causado
pelas hemorróidas:

 Medicamentos (remédios) orais (comprimidos) ou creme (pomadas) com


hidrocortisona;
 Laxantes, em caso de obstipação;
 Pomadas ou supositórios com corticoides: ajudam a cicatrizar e diminuir a
inflamação causada pela hemorróida;
 Outros.

O doente nunca deve tomar qualquer medicamento por sua iniciativa, devendo cumprir
o plano terapêutico estipulado pelo médico durante o tempo estipulado, não
interrompendo a terapêutica sem que exista indicação médica.

Cirurgia das hemorróidas

Se a combinação dos tratamentos anteriormente referidos não conseguir resolver o


problema, o médico pode optar por remover as hemorróidas por via cirúrgica.

Existem várias opções disponíveis de remoção de hemorróidas:

 Hemorroidectomia (mais frequente);


 Técnica do THD;
 Técnica do PPH ou hemorroidopexia;
 Laqueação com elásticos;
 Escleroterapia;
 Etc.

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