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Bactérias responsáveis pelas

infeções urinárias
Relatório nº4
Microbiologia e Sociedade
Turma: MIC A 1ºAno
2021/2022

Realizado por:

Maria Oliveira Costa

Carolina Pereira Farley

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O QUE É A INFEÇÃO URINÁRIA?
A infeção do trato urinário (ITU) é uma das infeções bacterianas mais frequentes na sociedade.

Trata-se de uma infeção que ocorre no trato urinário, podendo afetar diferentes órgãos que o
compõem: bexiga, uretra ou rim.

A infeção urinária ocorre quando os tecidos destes órgãos são afetados por bactérias ou a
outros agentes. Contudo, é no trato urinário inferior (bexiga e uretra) onde ocorrem a maioria
destas infeções.

Trato Urinário
Antes de falar das infeções do trato urinário, é necessário explicar em que consiste. A
maioria das infeções do trato urinário responde a tratamento simples com antibióticos,
hidratação e analgésicos/anti-inflamatórios e podem ser tratadas em casa. Nalguns casos
graves, por exemplo, quando a infeção já está disseminada, é necessário o internamento
hospitalar (e eventualmente intervenção cirúrgica) para tratamento e vigilância. Veja mais
informação em tratamento das infeções urinárias.

Algumas doenças do trato urinário podem ser semelhantes a infeções urinárias por originarem
queixas parecidas, no entanto, nesses casos, geralmente não se encontra nenhum
microrganismo responsável.

É constituído por dois rins (direito e esquerdo), pelos ureteres, uretra e bexiga. Existe uma
diferença anatómica da uretra entre o sexo feminino e masculino.

Fig.1: Trato urinário masculino e feminino


(respetivamente)

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Sintomas e sinais associados
 Dor ou sensação de ardor ao urinar 
 Desejo frequente de urinar e micção frequente 
 Expulsão de pouca quantidade de urina de cada vez 
 Vestígios de sangue na urina 
 Urina que se apresenta escura, turva ou com odor forte 
 Sensação de frio, mas nem sempre associada a febre 
 Incontinência urinária súbita 

Dependendo do órgão em que ocorre, a infeção urinária pode apresentar distintos sintomas:

– Nos rins (pielonefrite): dor nas costas e nos flancos, febre alta, tremores e arrepios,
náuseas e vómitos.
– Na bexiga (cistite): pressão pélvica, desconforto no abdómen inferior, micção
frequente e dolorosa, sangue na urina.
– Na uretra (uretrite): ardor ao urinar e corrimento (escorrência) esbranquiçado,
amarelado ou transparente.

Bactérias associadas
A maioria das infeções urinárias é provocada por bactérias. Em alguns casos, podemos
encontrar também infeções por fungos, geralmente em doentes diabéticos ou quando o
sistema imunológico (sistema de defesa) está deficitário. As infeções do trato urinário por vírus
ou parazitas são raras.

Entre 70 a 80% das infeções urinárias são provocadas por Escherichia coli. Outras bactérias
comuns são o Enterococcus, o Proteus e a Klebsiella. Em 10 a 15% dos doentes com sintomas
não conseguimos identificar o agente envolvido.

Escherichia coli
• Bactéria Gram negativa em forma de bacilo, com fimbrias adesivas.

Fig.2: Bactéria Escherichia coli

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Localização das Infeções
Dependendo da localização da infeção, é atribuído um nome diferente.
Cistite:
• Infeção da bexiga, comum em mulheres
e, geralmente, procedida de relação
sexual;
• Nos homens, infeção bacteriana resulta Cistite
de infeção ascendente da uretra ou
próstata ou é secundária ao sistema
urinário;
• Causa mais comum de cistite reincidente
nos homens é prostatite bacteriana
crónica;

Pielonefrite:

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• Infeção bacteriana do parênquima renal;
• Em 95% dos casos de pielonefrite, a causa é
ascensão das bactérias pelo trato urinário;
• Apesar da obstrução (cálculos, tumores, …)
predispor à pielonefrite, a maioria das mulheres
Pielonefrite
com a condição não apresenta defeitos anatómicos
ou funcionais. Em homens, a pielonefrite recorre
sempre devido a algum defeito funcional ou
anatómico;
• Pielonefrite não é provocada por ascensão
bacteriana, é provocada por propagação
hematogénica – característica particular de
organismos virulentos como Staphylococcus
aureus, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella e
espécies de Candida;
• O rim afetado é, normalmente maior, devido a
polimorfonucleares inflamatórios e edema.

Uretrite:
• Infeção da uretra ocorre quando os
microrganismos conseguem ter
acesso à mesma e colonizam as Uretrite
diversas glândulas periuretrais nas
porções bulbar e pendular da uretra
masculina e na uretra feminina
inteira;

Infecção urinária na mulher

As mulheres apresentam um maior risco de desenvolverem infeções urinárias pelo facto de


possuírem uma uretra mais curta e próxima da vagina e do ânus. Geralmente, a infecção
urinária feminina ocorre por contaminação de microrganismos da região vaginal ou peri-anal e
associa-se com frequência a condições que alterem o pH da vagina como, por exemplo, a
menstruação, utilização de produtos de limpeza vaginais, infeções fúngicas vaginais
(candidíase) ou mesmo o envelhecimento (diminui a eficácia dos mecanismos protetores
contra as infeções urinárias).

A atividade sexual também constitui um mecanismo frequente para o desenvolvimento de


infeções urinárias de repetição: a relação sexual potencia a introdução de bactérias para o
interior da vagina (introito vaginal) e a subida destas bactérias pela uretra até a bexiga.

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Algumas infeções urinarias, quando não tratadas devidamente, podem transmitir-se aos
órgãos ginecológicos (útero, tubas uterinas e ovários) e dificultar posteriormente a capacidade
de engravidar.

A infecção urinária na gravidez é relativamente comum e deve ser objeto de tratamento,


mesmo que as mulheres não tenham sintomas (denominadas bacteriúrias assintomáticas). As
infeções urinárias constituem riscos consideráveis para a saúde da gestante (mãe) e do feto,
como tal devem ser avaliadas cuidadosamente.

Infecção urinária no homem


A infecção urinária masculina é mais rara e surge, normalmente, quando este não consegue
esvaziar totalmente a bexiga (resíduo pós-miccinonal). Esta situação pode acontecer em
condições como o aumento benigno da próstata ou em estenoses (apertos) da uretra.

A infecção urinária nos homens pode transmitir-se à próstata (prostatite), epidídimo


(epididimite) e testículo (orquite/orquiepididimite), sendo que, nestes casos, o tratamento é
mais prolongado que aquele preconizado para as infeções simples da bexiga (cistite).

Dado o maior comprimento da uretra, o homem pode também desenvolver infeções


localizadas apenas à uretra (uretrites).

Fatores de virulência:
 Adesinas (Fatores de colonização que incluem pili e fímbrias tipo 1 e P);

 Antigénios capsulares ácido-polissacarídeos (K);

 Hemolisina.

Riscos:
 Interrupção do tratamento pode conduzir a choque séptico e até mesmo a morte.

Prevalência:
 Entre 10%-25% das mulheres possuem ITU (há uma grande proximidade vagina/ânus);

 Elevadas taxas durante a gravidez;

 As ITU são muito pouco frequentes nos Homens (Fluído prostático- antibacteriano).

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Meios de transmissão:
 Por contacto com alimentos contaminados;

 Por contacto com águas contaminadas;

 Por contacto de pessoa para pessoa (falta de higienização).

Fig.3: Algumas causas das infeções urinárias

Staphylococcus saprophyticus

• Bactéria Gram negativa em forma de coco, coagulase negativa, não-hemolítica.

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Fig.4: Bactéria Staphylococcus saprophyticus
Fatores de virulência:
 Aderência às células uroteliais mediada por proteínas de superfície;

 Ácido lipoteicóico;

 Hemaglutinina que se liga à fibronectina;

 Hemolisina;

 Produção de biofilmes.

Meios de transmissão:
 Por contacto com alimentos contaminados;

 Faz parte da flora normal.

Prevalência:
 S. saprophyticus é a segunda causa mais comum de infeções urinárias adquiridas na
comunidade, depois da E.coli;

 Em mulheres de 16 a 25 anos, causa até 42% de todas as infeções. Mais de 40% de


todas as mulheres e jovens sexualmente ativas contêm S.saprophyticus como parte da
flora genital normal.

Como prevenir uma ITU?


O método de prevenção mais importante é manter a zona genital limpa, saudável e capaz de
se proteger a si própria das infeções. Finalmente, tente certificar-se de que esvazia
completamente a bexiga, já que as bactérias podem multiplicar-se na urina residual. 

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Algumas dicas para evitar as ITU:
 Uma boa higiene é a forma mais fácil de prevenir uma ITU
 Limpe-se da frente para trás, depois de uma ida à casa de banho, para evitar a
transferência de bactérias para o trato urinário 
 Não lave demasiado nem use sabões agressivos na sua sensível zona genital,
pois isso poderá causar desequilíbrios e irritações
 Seque a pele depois de trocar produtos de higiene, já que as bactérias
proliferam em áreas húmidas
 Se tiver problemas a esvaziar completamente a bexiga, certifique-se de que se
senta de forma adequada, inclinando-se para a frente com os pés apoiados no
chão ou num apoio para os pés. Também pode levantar-se e sentar-se algumas
vezes para esvaziar completamente a bexiga
 Recomenda-se, frequentemente, o tratamento vaginal com estrogénio para
evitar as ITU

Diagnóstico Laboratorial
1ºSintomatologia ao nível clínico:

• Observação de sintomas específicos da ITU (micção dolorosa, urina turva ou com


coloração anómala).

2º Colheita da amostra:

• A urina na bexiga é estéril, mas a contaminação é frequente na colheita da amostra;

A colheita deve ser feita sobre assepsia genitália e descartando o primeiro jato de urina.

3º Transporte das amostras:

• Após a colheita da urina, o material deverá ser encaminhado o mais rapidamente


possível ao laboratório;

• Manter sob uma temperatura de refrigeração de 4°C.

4º Exame:

• Direto: coloração de Gram;

• Plaqueamento da amostra:

– CLED Agar: meio não seletivo;

– MacConkey Agar: meio seletivo e diferencial;

– CPS ID2 Agar: meio cromogénico.

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• Por vezes, é realizada a centrifugação de +/- cerca de 10 mL de amostra de urina e,
posteriormente, examina-se o sedimento para, desta forma, se observar os leucócitos,
eritrócitos e células bacterianas.

 Identificação bioquímica:

• Oxidase

• Catalase

• Fermentação de glucose com produção de gás

• ONPG

• Citrato

• Indol

 Teste de suscetibilidade a antibióticos.

Fig. 5: Teste da suscetibilidade a antibióticos.

Tratamento
Indicações gerais:

• Ingestão de líquidos;

• Cuidados gerais de higiene íntima;

• Correção de eventuais alterações


anatómicas;

• Não retardar o ato de urinar.

Administração de antibióticos – fluoroquinolonas


(inibição da síntese de ácidos nucleicos).

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Existem alguns fatores inerentes das pessoas, que façam com que se
tornem mais suscetíveis a ter este tipo de infeções? (pergunta colocada à Dr.
Raquel Poças)

O que pode propiciar a infeção?


Doenças como a diabetes, as Grávidas, pacientes com
doenças renais, quando há obstrução do trato
urinário, presença de cateteres. Todos estes são
fatores de risco/ grupos de risco com maior
suscetibilidade para este tipo de infeções.

Referências
– https://www.saudebemestar.pt/pt/clinica/urologia/infeccao-urinaria/
– https://www.medis.pt/mais-medis/saude-e-medicina/infecao-urinaria-como-se-pode-
prevenir/
– https://www.tena.pt/artigos/infecao-do-trato-urinario

– Seminário da Sra. Dra. Raquel Poças no âmbito da unidade curricular


Microbiologia e Sociedade sobre Diagnóstico Laboratorial de infeções urinárias.

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