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Infecções Urinarias

A infecção urinária é a infecção que afecta os órgãos do trato urinário.

Pode ser dividida em infecções da uretra (uretrite), da bexiga (cistite) ou do rim (pielonefrite).
No homem podemos, ainda, englobar as infecções associadas à próstata (prostatite) ou aos
testículos (orquite e orqui-epididimite).

A maioria das infecções do trato urinário responde a tratamento simples com antibióticos,
hidratação e analgésicos/anti-inflamatórios e podem ser tratadas em casa. Nalguns casos
graves, por exemplo, quando a infecção já está disseminada, é necessário o internamento
hospitalar.

Algumas doenças do trato urinário podem ser semelhantes a infecções urinárias por
originarem queixas parecidas, no entanto, nesses casos, geralmente não se encontra nenhum
microorganismo responsável.

A infecção urinária mais comum é a infecção na bexiga (cistite), sendo também a que mais
facilmente é tratada. Normalmente o organismo infeccioso ascende do exterior pela uretra e
infecta a bexiga. Em algumas situações a infecção pode propagar-se até ao rim originando a
infecção renal (pielonefrite). A infecção localizada nos rins geralmente necessita de
tratamento mais prolongado e maior vigilância dado o seu potencial para se disseminar para o
resto do organismo (sépsis).

As infecções localizadas apenas à uretra (uretrite) são provocadas geralmente por agentes
transmitidos por via sexual e são mais típicas do sexo masculino (a mulher possui a uretra
muito curta e a infecção transmite-se directamente à bexiga). Geralmente a infecção da uretra
caracteriza-se pelo aparecimento de um corrimento (“escorrência”) uretral, límpido ou
esbranquiçado (“leitoso”) consoante o tipo de infecção.

Nalguns casos, o tratamento inicial pode não ser eficaz: o microorganismo pode ser resistente
ou o tratamento não ter a duração ideal. Nestas situações é frequente as pessoas melhorarem
inicialmente mas recidivarem em pouco tempo.
Causas de Infecção Urinaria

A maioria das infecções urinárias é provocada por bactérias. Em alguns casos, podemos
encontrar também infecções por fungos, geralmente em doentes diabéticos ou quando o
sistema imunológico (sistema de defesa) está deficitário. As infecções do trato urinário por
vírus ou parasitas são raras. Entre 70 a 80% das infecções urinárias são provocadas por
Escherichia coli. Outras bactérias comuns são o Enterococcus, o Proteus e a Klebsiella.

Infecção Urinaria na Mulher

As mulheres apresentam um maior risco de desenvolverem infecções urinárias pelo facto de


possuírem uma uretra mais curta e próxima da vagina e do ânus. Geralmente, a infecção
urinária feminina (na mulher) ocorre por contaminação de microorganismos da região vaginal
ou peri-anal e associa-se com frequência a condições que alterem o pH da vagina como, por
exemplo, a menstruação, utilização de produtos de limpeza vaginais, infecções fúngicas
vaginais (candidíase) ou mesmo o envelhecimento (diminui a eficácia dos mecanismos
protectores contra as infecções urinárias).

A actividade sexual também constitui um mecanismo frequente para o desenvolvimento de


infecções urinárias de repetição: a relação sexual potencia a introdução de bactérias para o
interior da vagina (introito vaginal) e a subida destas bactérias pela uretra até a bexiga.

Algumas infecções urinarias, quando não tratadas devidamente, podem transmitir-se aos
órgãos ginecológicos (útero, tubas uterinas e ovários) e dificultar posteriormente a capacidade
de engravidar.

A infecção urinária na gravidez é relativamente comum e deve ser objecto de tratamento,


mesmo que as mulheres não tenham sintomas (denominadas bacteriúrias assintomáticas). As
infecções urinárias constituem riscos consideráveis para a saúde da gestante (mãe) e do feto,
como tal devem ser avaliadas cuidadosamente.

Infecção Urinaria no Homem

A infecção urinária masculina (no homem) é mais rara e surge, normalmente, quando este
não consegue esvaziar totalmente a bexiga (resíduo pós-miccinonal). Esta situação pode
acontecer em condições como o aumento benigno da próstata ou em estenoses (apertos) da
uretra.
A infecção urinária nos homens pode transmitir-se à próstata (prostatite), epidídimo
(epididimite) e testículo (orquite/orquiepididimite), sendo que, nestes casos, o tratamento é
mais prolongado que aquele preconizado para as infeções simples da bexiga (cistite).

Dado o maior comprimento da uretra, o homem pode também desenvolver infecções


localizadas apenas à uretra (uretrites). A maior parte das vezes estas infecções são
sexualmente transmissíveis, provocadas por microorganismos como Neiseria gonorrhoeae ou
Clamydia trachomatis e cursam com corrimento (líquido a sair pelo pénis sem relação com
urinar), dor e comichão (prurido). Nestes casos é importante tratar o próprio e o parceiro
sexual simultaneamente (que pode até não demonstrar sintomas) e evitar as relações sexuais
desprotegidas enquanto tiver a infecção.

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas de infecção urinária variam consoante o órgão afectado.

Assim, nos casos mais comuns de infecções da bexiga (cistite) as queixas mais frequentes são
dor, ardor ou desconforto ao urinar, necessidade de urinar muitas vezes e geralmente em
pequenas quantidades, sensação imperiosa para urinar (urgência miccional) presença de urina
turva (piúria) e/ou com mau cheiro.

Ocasionalmente pode surgir sangue na urina, mais comum nas pessoas que fazem
medicamentos para as plaquetas ou para a coagulação do sangue.

As infecções localizadas ao rim costumam ser mais graves e necessitam de tratamento mais
prolongado. O doente com infecção do rim costuma apresentar febre, mau estar, náuseas ou
vómitos e dor lombar (“dor ao fundo das costas”) do lado do rim afectado. Podem também
estar presentes as mesmas queixas descritas para as infecções da bexiga.

As infecções da próstata são menos específicas: é comum surgirem queixas de febre, dor ou
ardor a urinar, diminuição do jacto da urina ou mesmo incapacidade para urinar, dor na
região entre o escroto e o ânus (dor perineal).

As infecções da uretra costumam causar ardor ao urinar (mais comum no início e ao final
da micção) e podem provocar corrimento (escorrência) pela uretra, esbranquiçada, amarelada
ou transparente.
A presença de mal-estar geral, dores musculares generalizadas, perda de apetite, náuseas e
vómitos pressupõem a existência de uma infecção grave, disseminada pelo corpo e
geralmente determinam a necessidade de internamento hospitalar para tratamento.

Os sintomas costumam durar 2 a 3 dias após iniciar o tratamento, sendo mais rápido para as
cistites e mais lento para as prostatites e pielonefrites. No caso de febre persistente é
necessária uma investigação mais pormenorizada, pois a terapêutica instituída poderá não
estar a ser eficaz ou ser necessário outro tipo de tratamento.

Em alguns casos podem não existir sintomas, sendo assim chamadas de infecção urinária
assintomática: estes casos são mais comuns nos doentes idosos ou em algaliados há longa
data, e na maioria dos casos não necessitam de tratamento. As grávidas são um grupo de
excepção, para o qual é recomendado tratar todas as infecções urinárias, mesmo que não
originem sintomas.

Diagnostico

A história clínica por si só tem um alto valor preditivo no diagnóstico de cistite não
complicada, em uma paciente com disúria e frequência urinária, na ausência de corrimento
vaginal, a probabilidade de ITU é de 96%. Um teste urinário com fita positivo para nitrito ou
estearase leucocitária pode confirmar o diagnóstico de cistite não complicada em pacientes
com alta probabilidade pré-teste da doença.

A detecção de bactérias em uma cultura de urina é o padrão-ouro para o diagnóstico de ITU.


Um limiar para contagem de colônias> 102 bactérias/mL é mais sensível (95%) e específico
(85%) que um limite de 10⁵/mL para o diagnóstico de cistite aguda em mulheres com
sintomas de cistite.

Tratamento

O sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) tem sido recomendado como tratamento de


primeira linha para cistite aguda, mas deve ser evitado em regiões com taxas de resistência >
20%.

A nitrofurantoína é outro agente de primeira linha com baixas taxas de resistência.


As fluoroquinolonas devem ser usadas apenas quando outros antibióticos não são adequados
em função da resistência crescente ou de seu papel no surgimento de surtos nosocomiais de
infecção por Clostrídium díficile.

Com excepção do pivmecilinam, os agentes betalactâmicos estão associados a taxas mais


baixas de erradicação do patógeno e maiores taxas de recidiva.

PielonefriteConsiderando as altas taxas de E. coli resistente a SMX-TMP, as


fluoroquinolonas (p. ex., ciprofloxacino,500 mg VO 2x/dia por 7 dias) são agentes de
primeira linha para o tratamento de pielonefrite aguda não complicada.

O SMX-TMP oral 2x/dia por 14 dias, é efectivo contra uropatógenos susceptíveis.

ITU em gestantes Nitrofurantoína,ampicilinae cefalosporinas são consideradas relativamente


seguras no início da gestação.

Em homens com ITU aparentemente não complicada, recomenda-se um curso de 7 a 14 dias


de uma fluoroquinolona ou SMX-TMP.

- Se houver suspeita de prostatite bacteriana aguda, devem ser iniciados antibióticos após a
obtenção de urina e sangue para culturas.

- A terapia pode ser ajustada conforme os resultados da cultura de urina e deve ser continuada
por 2 a 4 semanas; um curso de 4 a 6 semanas costuma ser necessário para a prostatite
bacteriana crónica.

Bacteriúria assintomática deve ser tratada apenas em gestantes, em pacientes submetidos a


cirurgia urológica e talvez em pacientes neutropénicos e receptores de transplante renal; a
escolha do antibiótico é guiada pelos resultados da cultura.

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