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PROSTATITE 

podem ser causadas por bactérias sequestradas


que os antibióticos não erradicaram.
Prostatite não bacteriana :pode ser inflamatória
Próstata: É o órgão do aparelho reprodutor ou não inflamatória. O mecanismo é desconhecido,
masculino responsável, principalmente, por mas pode envolver relaxamento incompleto do
produzir o líquido ejaculatório. Ela tem o tamanho esfíncter urinário e micção. A pressão urinária
e o formato de uma noz e fica embaixo da bexiga elevada resultante pode causar refluxo de urina
e atrás do reto, envolvendo uma porção da para o interior da próstata ou aumento da atividade
uretra, a estrutura que leva a urina da bexiga autonômica pélvica provocando dor crônica,sem
através do pênis. inflamação.

É uma inflamação da próstata, que TIPOS


frequentemente está associada a sintomas do
trato urinário inferior e a sintomas de desconforto  Prostatite bacteriana aguda (tipo I);
e disfunção sexuais.  Prostatite bacteriana crônica (tipo
II);
 Prostatite crônica/síndrome de dor
pélvica crônica (PC/ SDPC; tipo III,
o tipo mais comum);
 Prostatite inflamatória
assintomática (tipo IV).

Tipos de Prostatite menos frequente:

 Prostatite Gonocócica – A incidência de


doenças sexualmente transmissíveis
causadas pela Neisseria gonorrhoeae
(causador da gonorréia) ainda é alta ao
redor do mundo. Acredita-se que a
FISIOPATOLOGIA bactéria invade a próstata durante a
infecção uretral (gonorréia).
- Os microrganismos colonizam o trato urinário e  Prostatite Tuberculosa – A prostatite
ascendem até a próstata, causando, finalmente, causada pela bactéria da tuberculose
infecção; o patógeno etiológico é o mesmo nas (Mycobacterium tuberculosis) pode
infecções recorrente; aparecer como uma sequela rara da
tuberculose; o diagnóstico é feito quando
- Escherichia coli é o microrganismo mais esta bactéria é encontrada no líquido
comumente isolado. prostático.
 Prostatite Micótica – Ocasionalmente,
EPIDEMIOLOGIA pode ocorrer a prostatite causada por
fungos causadores de micoses sistêmicas
Ocorre raramente em jovens, com mais (que atingem todo o organismo).
frequência em homens adultos, aumentando a  Prostatite Granulomatosa Não
incidência com a idade. É responsável por cerca Específica – Esta prostatite ocorre em
de 25% das consultas anuais dos homens.  duas formas diferentes: variedade
Estima-se que 35% a 50% dos homens eosinofílica e variedade não eosinofílica.
apresentarão esses sintomas em algum  Variedade Não Eosinofílica:
momento de sua vida. aparentemente, é uma reação do
organismo contra algum líquido prostático
ETIOLOGIA extravasado.
 Variedade Eosinofílica: ocorre quase
- Pode ser causada por agentes infecciosos exclusivamente em pacientes com
(bactérias, fungos, Mycoplasma) ou outras alergias, especialmente nos asmáticos.
condições (p. ex., estenose uretral, hiperplasia Geralmente, os pacientes afetados
prostática benigna). apresentam febre alta; como a próstata
fica aumentada e endurecida, ocorre,
Prostatite bacteriana :pode ser aguda ou crônica e freqüentemente, obstrução total da urina.
geralmente é causada por patógenos urinários
típicos (p. ex., Klebsiella, Proteus, Escherichia coli).
O mecanismo de como entram e infectam a
próstata é desconhecido. As infecções crônicas SINAIS E SINTOMAS
No geral: Prostatite inflamatória assintomática não causa
sintomas, sendo descoberta de modo incidental
O principal sintoma é caracterizado por dor durante avaliação para outras doenças prostáticas
localizada no períneo, abdome inferior, testículos, quando há presença de leucócitos na urina.
pênis e/ou durante ou após a ejaculação.
Associada a dor, o paciente pode apresentar
alterações miccionais (sintomas obstrutivos e/ou FATORES DE RISCO
irritativos), disfunção sexual ou, mais raramente,
hematospermia. Os sintomas apresentam um   Doenças do sistema nervoso
padrão de recidivas e remissão em que a  Lesão na zona da próstata
severidade e frequência das crises variam ao  Ser jovem ou adulto de meia-idade
longo do tempo.  Ter uma infecção na bexiga ou na uretra
 Ter um trauma pélvico
Costuma apresentar consequências negativas do  Beber pouca água (desidratação)
ponto de vista cognitivo, comportamental, sexual  Ter relações sexuais desprotegidas
e emocional, acarretando dificuldades para  Estar sob estresse
realização das atividades diárias. Depressão,  Fator genético
ansiedade, medo da dor e de suas causas  Orquite (inflamação do testículo)
(catastrofização), desentendimentos do casal e
 
estratégias infrutíferas de manejo da dor
colaboram negativamente para o quadro.  PREVENÇÃO
 Dieta saudável
Uma das características mais salientes desses  Prática regular de exercícios
pacientes é a interpretação catastrofizante da dor  Bons hábitos de higiene
(medo de que seja câncer ou outra doença  Uso de preservativo
grave). Pacientes com maior tendência à  Exames de rotina
catastrofização costumam ter dor mais grave e  Ingerir bastante água
maior comprometimento da qualidade de vida.  Incluir zinco na alimentação
Alguns pacientes referem uma sensação de  Evitar bebidas alcoólicas
desesperança, agravada pela incapacidade dos  Evitar comidas picantes
médicos em fornecer um diagnóstico e
tratamento adequado para sua condição.  DIAGNÓSTICO
Prostatite bacteriana aguda geralmente causa • Anamnese: É importante avaliar sintomas
sintomas sistêmicos como febre, calafrios, mal- uretrais como disúria, secreção uretral e dor
estar e mialgias. A próstata é muito dolorosa e focal peniana.
ou difusamente edemaciada, abaulada e/ou
endurecida. Pode ocorrer sepse generalizada com • Exame físico (incluindo toque retal): Deve
taquicardia, taquipneia e, algumas vezes,
avaliar as áreas de dor referida, procurar pontos-
hipotensão.
gatilho de dor, procurar massas suspeitas de
neoplasias e avaliar a possibilidade de
Prostatite bacteriana crônica apresenta-se como anormalidades do trato urinário (como retenção
episódios reincidentes de infecção com ou sem urinária). Portanto, deve-se examinar abdome,
resolução completa entre as crises. Os sinais e regiões inguinais, cordão espermático, epidídimo,
sintomas tendem a ser mais leves que na prostatite testículos, períneo e próstata. Ao toque retal, a
aguda. próstata usualmente é indolor, mas pode estar
levemente dolorida em alguns casos. Dor grave é
mais sugestiva de prostatite aguda. É importante
Prostatite crônica/síndrome de dor pélvica diferenciar dor à palpação da próstata da dor à
crônica tipicamente apresenta dor como o sintoma palpação dos músculos do assoalho pélvico: dor
predominante, geralmente incluindo dor na à palpação das paredes do reto nas porções
ejaculação. O desconforto pode ser grande e onde não palpamos a próstata é relacionada aos
costuma interferir de forma significativa com a espasmos musculares ou pontos-gatilho de dor
qualidade de vida. Os sintomas de irritação urinária na musculatura do assoalho pélvico. 
ou obstrução também podem estar presentes. No
exame, a próstata pode estar dolorosa, mas • Exame de urina, incluindo exame microscópico,
geralmente não está globosa ou edemaciada. urinocultura e antibiograma
Clinicamente, os tipos inflamatórios e não
inflamatórios da prostatite crônica/síndrome de dor • Hemograma completo (se o cliente estiver
pélvica crônica são semelhantes. agudamente enfermo)
• Bioquímica sanguínea, incluindo nível Medicamentos utilizados
sanguíneo de ureia (se houver sintomas de
obstrução ou retenção urinária) Estágio inicial: pacientes com sintomas
persistentes ou recorrentes por <6 meses e que
• Outros exames de imagem (quando existir não fizeram nenhum curso de antibioticoterapia
disfunção significativa da micção). para PC/SDaPC desde o início dos sintomas.
Pacientes em estágio inicial devem ser tratados
• Os clientes com prostatite tipo IV são com antibiótico (como ciprofloxaxino 500 mg
diagnosticados de modo incidental, durante uma 2x/dia, sulfametoxazol-trimetoprima 800+160 mg
pesquisa para infertilidade, resultado elevado do 2x/dia ou doxiciciclina 100 mg 2x/dia) por 4-6
teste de antígeno prostático específico (PSA) ou semanas. Associar alfa-bloqueador (como
avaliação de outros distúrbios. O PSA não é doxazosina 2 a 8 mg) se sintomas miccionais
indicado especificamente para avaliação da obstrutivos concomitantes.
PC/SDPC, mas está indicado (após adequado
aconselhamento sobre o teste) quando houver Estágio tardio: pacientes com sintomas
suspeita de câncer de próstata (toque retal com persistentes ou recorrentes por > 6 meses e
nódulo duro ou em pacientes com sintomas refratários a tratamentos farmacológicos iniciais
sugestivos de obstrução infravesical secundária a (incluindo antibioticoterapia). Pacientes em
crescimento benigno da próstata).  estágio tardio são mais fáceis de identificar e
frequentemente são vistos pelos médicos como
Conforme outras apresentações clínicas, pacientes difíceis. 
exames adicionais podem ser necessários
para o diagnóstico, como:   - Se forem isoladas bactérias na urinocultura,
podem ser prescritos antibióticos, incluindo
 Hematúria não-glomerular (hematúria sulfametoxazol-trimetoprima (SMZ-TMP) ou uma
persistente e hemácias dismórficas fluoroquinolona (p. ex., ciprofloxacino), e pode-se
negativa): cistoscopia;  usar terapia contínua com antibióticos em baixa
 Suspeita de estenose de uretra (sintomas dose para suprimir a infecção.
obstrutivos e história prévia de uretrite
infecciosa, trauma perineal ou - Se o cliente não tiver febre e o exame de urina
instrumentação uretral): uretrocistografia for normal, podem-se administrar agentes anti-
retrógrada ou cistocopia; inflamatórios; a terapia com bloqueadores alfa-
  Suspeita de câncer de próstata: ecografia adrenérgicos (p. ex., tansulosina) pode ser
transretal de próstata com biópsia; prescrita para promover o relaxamento da bexiga
 Dor abdominal concomitante: ecografia ou e da próstata.
tomografia de abdome;  
 Dor testicular: ecografia de bolsa - Podem ser prescritas terapias não
escrotal;  farmacológicas de suporte (p. ex., biofeedback,
 Sensação de esvaziamento vesical treinamento do assoalho pélvico, fisioterapia,
incompleto: ecografia da bexiga com banhos de assento, emolientes fecais).
descrição de resíduo pós-miccional ou
cateterização pós micção voluntária para -Se houver uretrite, deve ser realizado tratamento
avaliar resíduo; sindrômico (azitromicina 1 g via oral + ceftriaxone
 Dor lombar com parestesia ou perda de 250-500 mg IM em dose única, incluindo parceria
força muscular: ressonância magnética sexual).
nuclear ou tomografia. 
Manejo da dor: nos pacientes em estágio inicial,
TRATAMENTO/MANEJO CLÍNICO pode ser oferecido uso regular de paracetamol e
cursos curtos de anti-inflamatórios não-
- Meta do tratamento consiste em erradicar os esteroidais (AINEs). Os AINEs devem ser
agentes etiológicos. suspensos se não houver redução da dor após 4-
6 semanas de uso. Opióides devem ser evitados.
- O tratamento específico baseia-se no tipo de Se a dor é de origem neuropática, o tratamento
prostatite e nos resultados de cultura e pode ser realizado com antidepressivos
antibiograma da urina. tricíclicos, gabapentinóides (como gabapentina) e
inibidor da recaptação da serotonina e
- A admissão hospitalar pode ser necessária para noradrenalina (como duloxetina). 
clientes com sinais vitais instáveis, sepse ou dor
pélvica refratária, clientes debilitados ou
imunossuprimidos, ou aqueles que apresentam
diabetes melito ou insuficiência renal. COMPLICAÇÕES
 Sepse  pessoas vivam com incontinência ao redor do
 Retenção urinária aguda  mundo e que entre 15 e 30% das pessoas acima
 Formação de abcessos prostáticos. de 60 anos que vivem em ambiente domiciliar
 Anormalidades no sêmen, levando, apresentam algum grau de incontinência. 
consequentemente, à infertilidade. A incidência de IU em mulheres em idade
reprodutiva atinge aproximadamente 30% . De
CUIDADOS DE ENFERMAGEM acordo com estudos anteriores, cerca de 13% da
população feminina é afetada por IUE, com risco
• Administrar antibióticos, conforme prescrição de 4% de necessitar tratamento cirúrgico para
IUE durante a vida. 
• Recomendar medidas de conforto: agentes Fatores como o sexo e a idade influenciam na
analgésicos, banhos de assento durante 10 a 20 prevalência da IU. 
min, várias vezes ao dia De acordo com estudo epidemiológico, 4 a 10%
das mulheres com idades entre 20 e 30 anos
• Incentivar o consumo de líquidos para satisfazer apresentam incontinência. Este percentual se
a sede, mas não “forçá-los”, visto que é preciso eleva com a idade, 60% para mulheres com 60
manter níveis efetivos dos medicamentos na anos e até 80% para aquelas com mais de 65
urina anos. Estudo brasileiro conduzido em população
idosa relatou uma prevalência de IU de 11,8%
• Orientar o cliente a evitar alimentos e bebidas entre os homens e de 26,2% entre as mulheres.
com ação diurética ou que aumentam as As mulheres têm maior predisposição de
secreções prostáticas, incluindo bebidas apresentar essa condição. As mulheres
alcoólicas, café, chá, chocolate, refrigerantes à apresentam uma menor capacidade de oclusão
base de cola e condimentos uretral, isso se deve ao fato da uretra funcional
feminina ser mais curta e a continência depender
• Aconselhar o cliente a evitar permanecer não somente do funcionamento esfincteriano
sentado por longos períodos de tempo, a fim de adequado, mas também de elementos de
minimizar o desconforto. sustentação uretral (músculos e ligamentos) e
transmissão da pressão abdominal para o colo
vesical.
Tipos
Incontinência Urinária Incontinência de urgência
 É a perda não controlada de urina (de volume
Definição moderado a grande), que ocorre imediatamente
após uma necessidade urgente e incontrolável de
A incontinência urinária é caracterizada por
urinar.
qualquer perda involuntária de urina, e pode ser
 A incontinência de urgência é o tipo de
classificada em diferentes tipos, conforme a incontinência mais comum em idosos, mas pode
Sociedade Internacional de Continência. É um afetar indivíduos mais jovens.
problema que atinge um percentual alto da  Em geral, é precipitada pela utilização de diuréticos
população, tanto entre homens quanto mulheres, e exacerbada pela incapacidade de chegar
de idades distintas. rapidamente a um banheiro.
Etiologia Incontinência de esforço
A presença de IU pode ser dividida de acordo É a perda de urina decorrente de aumentos
com a etiologia: abruptos da pressão intra-abdominal (p. ex:tosse,
espirros, risadas, curvar o corpo, ou erguer pesos). 
O volume perdido é habitualmente pequeno a
 Neurogênica (ex. lesão medular moderado. 
traumática, esclerose múltipla, acidente É o 2º tipo mais comum de incontinência em
vascular cerebral); mulheres, principalmente em decorrência de
complicações de partos e de desenvolvimento de
uretrites atróficas
 Homens podem desenvolver incontinência urinária
 Não neurogênica (ex. hiperatividade por estresse após procedimentos como a
detrusora, insuficiência intrínseca do prostatectomia radical.
esfíncter uretral, cirurgias da próstata)   A incontinência de estresse é tipicamente mais
grave em indivíduos obesos em razão da pressão
Epidemiologia do conteúdo abdominal sobre a bexiga.
Um estudo na população Norte Americana Incontinência por transbordamento
estimou que 12 milhões de pessoas sofrem de IU  É o gotejamento de urina de uma bexiga cheia
naquele país. Estima-se que 200 milhões de demais.
 O volume habitualmente é pequeno, mas as diuréticos ou problemas de
perdas podem ser constantes, resultando em locomoção em idosos.
perdas totais grandes. 
A incontinência por transbordamento é o 2º tipo
mais comum de incontinência em homens.
Incontinência funcional  DIAGNÓSTICO
É  a perda de urina decorrente de alterações Uma vez reconhecida a incontinência, é necessário
cognitivas e físicas (p. ex., demência ou acidente obter uma história completa, que inclui uma
vascular encefálico) ou de barreiras ambientais que descrição detalhada do problema e uma história do
interfiram com o controle da micção. uso de medicamentos. A história miccional do
 Por exemplo, o paciente pode não reconhecer a cliente, um diário do equilíbrio hídrico e exames
necessidade de urinar, pode não saber onde está o realizados à cabeceira do leito (p. ex., urina
banheiro, ou não ser capaz de caminhar até um residual, manobras de estresse) podem ser
banheiro localizado mais longe.  utilizados para ajudar a definir o tipo de
Os mecanismos neurais e do trato urinário que incontinência urinária envolvida. Podem ser
mantêm a continência podem ser normais. realizados exames urodinâmicos extensos. São
Incontinência Mista efetuados exames de urina e cultura de urina para
É qualquer das combinações dos tipos citados identificar a infecção.
anteriormente. As associações mais comuns são de A incontinência urinária pode ser transitória ou
incontinências de urgência e esforço e reversível se a causa subjacente for tratada com
incontinências de urgência ou esforço e funcional. sucesso e se houver normalização do padrão de
FATORES DE RISCO micção. 
- Gravizez - parto vaginal, episiotomia; Exame Físico
- Menopausa; O exame físico nas mulheres deve ser direcionado
- Cirurgia geniturinária; para os sistemas que poderiam estar relacionados
- Fraqueza da musculatura pélvica; com a IU, incluindo; exame geral para mobilidade,
- Uretra incontinente, devido a traumatismo ou estado cognitivo, edema periférico, exame
relaxamento do esfíncter; abdominal para massas pélvicas e avaliação
- Imobilidade; neurológica para patologias como esclerose
- Exercício de alto impacto; múltipla, Parkinson, compressão de raiz nervosa
- Diabetes melito:O DM mal controlado e diabetes (hérnia de disco), parestesias e distrofismo
insipidus podem levar a um aumento do débito muscular.
urinário, superando os mecanismos normais de Deve-se determinar o índice de massa corporal
continência (IMC) da paciente. Atenção deve ser dada para a
- Acidente vascular encefálico; presença de prolapso de órgãos pélvicos e atrofia
- Alterações do sistema urinário relacionadas com a vaginal. A força e tônus da musculatura pélvica
idade; (elevador dos anus) e a sensibilidade perineal
- Obesidade mórbida; também devem ser avaliados. A paciente deve ser
- Transtornos cognitivos - demência, doença de instruída a realizar manobras de esforço em
Parkinson; posição supina e ortostática para observação da
- Medicamentos - diuréticos, sedativos, hipnóticos e perda e sua intensidade. 
opioides;
- Cuidador familiar ou vaso sanitário não disponível Nos homens o exame físico, pode-se descobrir a
presença de distensão vesical, que está associada
à incontinência por transbordamento. Deve-se
Prevenção verificar o tônus do esfíncter anal, assim como o
 Controle a ingestão de líquidos à reflexo bulbocavernoso, com a finalidade de se
noite; diagnosticar uma provável causa neurológica para a
 Evite bebidas alcoólicas e com incontinência. 
cafeína;
 Controle o diabetes e o peso Como teste diagnóstico simples, pede-se para que
corporal; o paciente fique na posição ereta e com a bexiga
 Abandone o tabagismo; cheia, se observada perda urinária, a maior
 Regule os intervalos entre as probabilidade é que o paciente apresente
micções. Não espere apenas a incompetência esfincteriana. Caso ocorra perda
vontade de urinar para ir ao banheiro; aparente, o paciente é solicitado a tossir, e se a
 Mantenha uma alimentação perda urinária ocorrer somente durante o período
saudável, com bastante fibras; de aumento na pressão intra-abdominal,
 Realize atividades físicas incompetência esfincteriana é bastante provável. 
regularmente; Diário miccional 
 Reconheça e evite alguns fatores que A utilização de um diário miccional, que avalia a
causam a IU, como uso de remédios rotina urinária e de perdas, é um método bastante
simples e muito útil na avaliação inicial. O diário
miccional permite avaliar o número de micções, cistoscópio para liberar uma pequena quantidade
número de episódios de IU e o volume de líquido colágeno na parede uretral, em locais
ingerido e eliminado em 24 horas. A medida do selecionados pelo urologista. Em geral, o cliente
volume urinado por micção pode ser usada para recebe alta após urinar. Não existem restrições
ajudar no diagnóstico, como por exemplo bexiga após o procedimento; todavia, em certas
hiperativa ou poliúria.  ocasiões, pode haver necessidade de mais de
uma sessão de preenchimento com colágeno
TRATAMENTO quando o procedimento inicial não interrompe a
O manejo depende do tipo de incontinência e incontinência de estresse. A aplicação de
de suas causas. O manejo da incontinência colágeno em qualquer local do corpo é
urinária pode ser comportamental, considerada semipermanente, visto que a sua
farmacológico ou cirúrgico. durabilidade alcança, em média, 12 a 24 meses,
Os agentes anticolinérgicos inibem a contração até que o organismo absorva o material. O
da bexiga e são considerados os medicamentos preenchimento periuretral com colágeno constitui
de primeira linha para a incontinência de uma alternativa para a cirurgia, como no
urgência.  indivíduo idoso debilitado. Ele também oferece
Vários antidepressivos tricíclicos (p. ex., uma opção para indivíduos que estão procurando
amitriptilina, amoxapina) também podem diminuir ajuda com incontinência de estresse, que
as contrações da bexiga, além de aumentar a preferem evitar a cirurgia e que não tem acesso
resistência do colo da bexiga.  às terapias comportamentais.
O sulfato de pseudoefedrina, que atua sobre os Pode-se utilizar um esfíncter urinário artificial
receptores alfa-adrenérgicos, provocando para fechar a uretra e promover a continência.
retenção urinária, pode ser utilizado para tratar a Dois tipos de esfíncteres artificiais são um
incontinência de estresse; precisa ser usado com manguito periuretral e uma bomba de insuflação
cautela nos homens com hiperplasia prostática e de manguito.
nos clientes com hipertensão. A terapia Os homens com incontinência por
hormonal (p. ex., estrogênio), administrada por transbordamento e de estresse podem se
via oral, transdérmica ou por meios tópicos, era submeter a uma ressecção transuretral para
antigamente o tratamento de escolha para a aliviar os sintomas da hipertrofia prostática.
incontinência urinária em mulheres na pós- Pode-se utilizar um esfíncter artificial depois da
menopausa, visto que ela restaura a integridade cirurgia de próstata para a incontinência do
vascular, muscular e da mucosa da uretra.  esfíncter Depois da cirurgia, podem ser injetados
agentes de preenchimento periuretral na área
Manejo cirúrgico periuretral para aumentar a compressão da
A correção cirúrgica pode estar indicada para uretra.
clientes que não conseguiram a continência com
a terapia comportamental e farmacológica. As
opções cirúrgicas variam de acordo com a
anatomia subjacente e o problema fisiológico. A
maioria dos procedimentos envolve elevar e
estabilizar a bexiga ou a uretra para restaurar
o ângulo uretrovesical normal ou alongar a
uretra.
As mulheres com incontinência de estresse
podem se submeter a reparo vaginal anterior,
suspensão retropúbica ou suspensão por agulha
para reposicionar a uretra. Os procedimentos
para comprimir a uretra e aumentar a resistência
ao fluxo de urina incluem procedimentos de
tipoia e aplicação de agentes periuretrais de Terapia comportamental
preenchimento, como colágeno artificial.
O preenchimento periuretral é um Cuidados de Enfermagem na Incontinência
procedimento semipermanente, que consiste na
Urinária
colocação de pequenas quantidades de colágeno Os enfermeiros são profissionais que podem
artificial nas paredes da uretra para aumentar a
prestar assistência aos incontinentes, sendo
pressão de fechamento da uretra. O capazes de avaliar, identificar, fornecer
procedimento, cuja duração é de apenas 10 a 20
informações e estabelecer algumas
min, pode ser realizado sob anestesia local ou intervenções adequadas.
sedação moderada. Um cistoscópio é inserido na
uretra. Um instrumento é introduzido através do
A assistência de enfermagem vai além de saprophyticus, Klebsiella pneumoniae e Proteus
cuidados domiciliares. Ele deve ser mirabilis.
desempenhar uma assistência integral ao
incontinente que irá contribuir para o controle
da perda urinária e melhora na qualidade de EPIDEMIOLOGIA
vida dos pacientes. Uma anamnese, um É responsável por quase 7 milhões de visitas ao
exame físico completo e uma atenção consultório e 1 milhão de atendimento em serviços
sistematizada bem executados pelo de emergência, resultando em 100 mil
enfermeiro podem resultar na identificação da hospitalizações anualmente
IU, trazendo um diagnóstico preciso e Estima-se que 50% da população feminina
intervenções necessárias. apresentará pelo menos um episódio de ITU
durante a vida. 
O enfermeiro pode atuar com o incontinente,
através da educação em saúde no processo CLASSIFICAÇÃO
de percepção, enfrentamento, reabilitação,
adaptação e aceitação ao tratamento, ITU COMPLICADA: São fatores que categorizam
buscando a orientação e o autocuidado como as ITUs como complicadas: diabetes, gravidez,
a melhor opção de enfrentar a IU. O falência renal, obstrução do trato urinário, presença
enfermeiro pode realizar todo esse processo de sonda vesical de demora ou nefrostomia,
através da explicação do mecanismo procedimento ou instrumentação cirúrgica recente
fisiopatológico e do que é ser incontinente, no trato urinário, disfunções anatômicas ou
esclarecendo dúvidas e mitos.  funcionais, imunossupressão, transplante renal,
história de ITU na infância
ITU NÃO COMPLICADA: quando ocorre em
o enfermeiro pode estimular o incontinente a
mulheres jovens, não grávidas e na ausência de
participar de grupos de apoio que permitem a
anomalias estruturais ou funcionais do trato
troca de experiência. Pode também urinário. 
proporcionar confiança e empatia na relação
de enfermeiro/paciente, incentivar ao retorno
BACTENÚRIA ASSINTOMÁTICA: Define-se como
das atividades diárias sem colocar limitações bacteriúria assintomática quando considerável
e ampliar a compreensão do paciente a quantidade de bactérias é encontrada na urina sem
respeito da patologia e suas consequências.  associação com sintomas clínicos.
Tradicionalmente, por coleta de jato médio,
Na terapia comportamental o enfermeiro pode consideram-se 100 mil unidades formadoras de
auxiliar o incontinente na mudança do estilo colônia por mL como bacteriúria significativa. 
de vida, nos cuidados de higiene e na INFECÇÃO RECORRENTE DE TU: Define-se
prevenção de infecção; estimular a prática de como a ocorrência de dois episódios de ITU em
exercício físico e a redução de peso; orientar seis meses ou três nos últimos 12 meses. Afeta
quanto à ingesta hídrica e ao consumo de 25% das mulheres com história de ITU. O
alimentos não constipantes e não irritantes microrganismo mais frequente nessa situação
vesical; influenciar no processo de também é a E. coli.
fortalecimento da musculatura do assoalho
pélvico com exercícios; e outros processos CISTITE: Atinge a bexiga
comportamentais que promovam a melhora e URETRITE: Atinge a uretra
PIELONEFRITE: Atinge os rins
diminuição da perda involuntária da urina 
URETERITE:Atinge os ureteres

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ITU INFERIOR: Abrange uretra e bexiga


(ITU) ITU SUPERIOR: Abrange os ureteres e os rins

DEFINIÇÃO E AGENTE ETIOLÓGICO


A ITU ocorre quando a flora normal da área
periuretral é substituída por bactérias
uropatogênicas, que ascendem pelo trato urinário.
A infecção ocorre devido a fatores ligados à
virulência da bactéria e suscetibilidade do
hospedeiro, que permitem melhor aderência e
colonização dos microrganismos. O principal
patógeno envolvido na ITU em mulheres é a E. coli,
que é responsável por cerca de 80% de todos os
episódios de infecção. Outros patógenos
significativos incluem Staphylococcus
                                As bactérias penetram no sistema urinário de três
maneiras: por via transuretral (infecção
ascendente), por meio da corrente sanguínea
(disseminação hematogênica) ou por meio de
uma fístula a partir do intestino (extensão
direta).
A via de infecção mais comum é a transuretral,
em que as bactérias (frequentemente oriundas de
contaminação fecal) colonizam a área periuretral
e, subsequentemente, penetram na bexiga por
meio da uretra. Nas mulheres, a uretra curta
oferece pouca resistência ao movimento das
bactérias uropatogênicas. A relação sexual força
as bactérias da uretra para a bexiga. Isso
contribui para a incidência aumentada de
infecções urinárias nas mulheres sexualmente
FATORES DE RISCO
ativas. As bactérias também penetram no
 Incapacidade ou falha em esvaziar por
sistema urinário por meio do sangue, a partir de
completo a bexiga;
um local de infecção distante, ou através de
 Obstrução do fluxo urinário causada por:
extensão direta por meio de uma fístula a partir
Anormalidades congênitas; Estenoses uretrais;
do sistema digestório
Contratura do colo da bexiga; Tumores
vesicais; Cálculos nos ureteres ou nos rins;
Compressão dos ureteres. Invasão bacteriana do sistema urinário
 Diminuição das defesas naturais do Ao aumentar a descamação lenta e normal das
hospedeiro ou imunossupressão; células epiteliais da bexiga (resultado em
 Instrumentação do sistema urinário (p. ex., remoção das bactérias), a bexiga é capaz de
cateterismo, procedimentos citoscópicos); eliminar grande número de bactérias. O
 Inflamação ou abrasão da mucosa uretral; glicosaminoglicano (GAG), uma proteína
 Condições contribuintes como: Sexo feminino, hidrofílica, exerce normalmente um efeito protetor
diabetes mellitus, gravidez, distúrbios não aderente contra várias bactérias. A molécula
neurológicos, menopausa, relações sexuais, da GAG atrai moléculas de água, formando uma
uso de fralda, gota e estados alterados barreira hídrica, que serve como camada de
causados pelo esvaziamento incompleto da defesa entre a bexiga e a urina. O GAG pode ser
beziga e estase urinária. alterado por determinados agentes (ciclamato,
sacarina, aspartame e metabólitos do triptofano).
A flora bacteriana normal da vagina e da área
FISIOPATOLOGIA
uretral também interfere na aderência de
Para que ocorra infecção, as bactérias precisam
Eschericia coli. A imunoglobulina A (IgA) urinária
ter acesso à bexiga, fixar-se ao epitélio do
na uretra também pode proporcionar uma
sistema urinário e colonizá-lo para evitar a sua
barreira contra as bactérias
eliminação com a micção, escapar dos
.
mecanismos de defesa do hospedeiro e iniciar a
Refluxo
inflamação. Muitas infecções urinárias são
A obstrução ao fluxo livre de urina é conhecida
causadas por microrganismos fecais que, a partir
como refluxo uretrovesical, que descreve o
do períneo, ascedem até a uretra e a bexiga,
refluxo (fluxo retrógrado) e urina da uretra para a
aderindo, em seguida, às superfícies mucosas. ->
bexiga. Com a tosse, o espirro ou o esforço para
É válido ressaltar que o sistema urinário é estéril.
a defecação, ocorre aumento da pressão vesical,
Na gestação:
que pode forçar a urina da bexiga para a uretra.
As alterações na anatomia, fisiologia e hormonal
Quando a pressão retorna ao normal, a urina flui
durante a gravidez favorecem o aumento de risco
de volta para a bexiga, transportando até a
para ITU. Essas mudanças estão envolvidas no
bexiga as bactérias provenientes das porções
tamanho dos rins, na localização da bexiga,
anteriores da uretra. O refluxo uretrovesical
aumento do fluxo urinário, diminuição da força da
também é causado pela disfunção do colo vesical
musculatura dos esfíncteres e no pH da urina,
ou uretra. O ângulo uretrovesical e a pressão de
que se eleva. Estes fatores contribuem para a
fechamento uretral podem ser alterados com a
estase urinária por dilatação fisiológica do ureter
menopausa, aumentando a incidência de
e da pelve e aumento da produção de bactérias
infecção após a menopausa. O refluxo é mais
no trato urinário, levando às infecções durante a
frequentemente observado em crianças
gestação
pequenas, e o tratamento baseia-se na sua
gravidade.
Vias de infecção
O refluxo ureterovesical ou vesicoureteral refere-
se ao fluxo retrógrado de urina da bexiga para Nos clientes com infecções urinárias
um ou para ambos os ureteres. Normalmente, a complicadas, as manifestações podem incluir
junção ureterovesical impede o retorno da urina desde bacteriúria assintomática até sepse por
para o ureter. Os ureteres formam um túnel na microrganismos gram-negativos com choque.
parede da bexiga, de modo que a musculatura Com frequência, as infecções urinárias
vesical comprime uma pequena porção do ureter complicadas são causadas por um espectro mais
durante a micção normal. Quando a válvula amplo de microrganismos, apresenta uma taxa
ureterovesical está comprometida por causas de resposta mais baixa ao tratamento e tendem a
congênitas ou anormalidades ureterais, as sofrer recidiva. Muitos clientes com infecções
bactérias podem alcançar os rins e, por fim, urinárias associadas ao uso de cateter são
destruí-los. assintomáticos; todavia, qualquer cliente com
cateter que desenvolve subitamente sinais e
Bactérias uropatogênicas sintomas de choque séptico deve ser examinado
Bacteriúria refere-se à existência de bactérias na para urossepse (disseminação de infecção
urina. Como as amostras de urina (sobretudo nas urinária para a corrente sanguínea, resultando
mulheres) são comumente contaminadas pelas em infecção sistêmica).
bactérias normalmente existentes na área uretral, Fatores que contribuem para a infecção
uma contagem de bactérias superior a 10 (5) urinária em indivíduos idosos
colônias/ml de urina de jato médio coletada com  Alta incidência de múltiplas condições
técnica asséptica constitui a medida que clínicas crônicas;
diferencia a bacteriúria verdadeira da  Uso frequente de agentes
contaminação. Nos homens, a contaminação da antimicrobianos;
amostra de urina coletada ocorre com menos  Presença de úlceras de pressão
frequência; por conseguinte, a bacteriúria é infectadas;
definida como 10(4) colônias/ml de urina. As  Imunocomprometimento;
infecções urinárias contraídas na comunidade  Comprometimento cognitivo;
estão entre as infecções bacterianas mais  Imobilidade e esvaziamento incompleto da
comuns em mulheres. bexiga.
Os microrganismos mais frequentemente DIAGNÓSTICOS
responsáveis pelas infecções urinárias são Os resultados de vários exames, como
aqueles normalmente encontrados na parte contagens de colônias de bactérias, exames
inferior do sistema digestório, habitualmente E. celulares e culturas de urina, ajudam a confirmar
coli. Entretanto, o isolamento de E. coli está o diagnóstico de infecção urinária. Na infecção
diminuindo, em comparação com as observações urinária não complicada, a cepa da bactéria
anteriores, sobretudo nos homens e em clientes determina o antibiótico a ser prescrito.
com cateteres urinários de demora que, em Culturas de urina
contrapartida, apresentam taxas mais elevadas As culturas de urina mostram-se úteis para
de microrganismos dos gêneros Pseudomonas e documentar a infecção e identificar o
Enterococcus do que as mulheres e os clientes microrganismo específico, A infecção urinária é
não cateterizados. diagnosticada pela identificação de bactérias na
. cultura de urina. Uma contagem de colônias de
Manifestações clínicas pelo menos 10 (5) unidades formadoras de
Diversos sinais e sintomas estão associados às colônias por mililitro de urina de uma amostra
infecções urinárias. Cerca de 50% de todos os cateterizada ou de jato médio coletada com
clientes com bacteriúria não apresentam técnica asséptica constitui um critério maior para
sintomas. Os sinais e sintomas de infecções das infecção. Entretanto, ocorrem infecções urinárias
vias urinárias inferiores não complicadas e sepse subsequente com contagens mais baixas
consistem em:  de colônias de bactérias. Cerca de um terço das
-Disúria, dor mulheres com sinais e sintomas de infecções
-Polaciúria (micção mais frequente que a cada 3 agudas apresenta resultados negativos na cultura
h),  de urina do jato médio; esses casos podem
-urgência urinária e incontinência,  permanecer sem tratamento se for utilizado uma
-nictúria (despertar à noite para urinar),  contagem de 10 (5) UFC/ml cm critério para
-dor suprapúbica ou pélvica, definir a existência de infecção. O achado de
-Odor fétido na urina, qualquer bactéria em amostras obtidas por
-Também podem ocorrer hematúria e dor aspiração da bexiga por agulha suprapúbica ou
lombar.  por cateterismo urinário é considerado como
Nos indivíduos idosos, esses sinais e sintomas indicador de infecção.
são menos comuns.
Devem-se obter culturas de urina quando for  -Ultrassom: útil para identificar presença de
constatada bacteriúria nos seguintes grupos de cálculos que podem estar associados com os
clientes: quadros agudos de ITU ou mesmo propiciálos
 Todos os homens (devido à possibilidade (ITU complicada), bem como a repercussão dos
de anormalidades estruturais ou cálculos no trato urinário.
funcionais); - Tomografia computadorizada (TC) é
 Todas as crianças; raramente necessária a não ser para descartar
 Mulheres com história de presença de abscesso perinefrético e também
comprometimento da função imune ou em casos de investigação de rins policísticos que
problemas renais; podem estar associados com ITU;
 Clientes com diabetes melito; -Cistoscopia: a cistoscopia não tem indicação na
 Clientes que foram submetidos a ITU não complicada e deve ser realizada
instrumentação recente (incluindo somente em condições de urina estéril ou após
cateterismo) do sistema urinário; profilaxia antibiótica. Em pacientes idosos e
 Clientes que recentemente foram transplantados renais com ITU recorrente e
hospitalizados ou que vivem em hematúria, a cistoscopia está indicada para
instituições de cuidados prolongados; afastar câncer de bexiga.
 Clientes com sintomas prolongados ou  CLASSIFICAÇÃO:
persistentes; As infecções urinárias são classificadas pela sua
 Clientes com três ou mais infecções localização: as vias urinárias inferiores (que inclui
urinárias no ano anterior; a bexiga e as estruturas abaixo da bexiga) ou as
 Gestantes; vias urinárias superiores (que inclui os rins e os
 Após a menopausa; ureteres). Além disso, podem ser classificadas
 Mulheres sexualmente ativas; como não complicadas ou complicadas.
 Mulheres que têm novos parceiros Infecções das vias urinárias inferiores: Cistite,
sexuais. prostatite, uretrite
Exames celulares Infecções das vias urinárias superiores:
Observa-se hematúria microscópica em cerca da Pielonefrite aguda, pielonefrite crônica, abscesso
metade dos clientes com infecção urinária aguda. renal, nefrite intersticial, abscesso perirrenal
Ocorre piúria (leucócitos na urina) em todos os
clientes com infecção urinária; todavia, não é um INFECÇÕES DAS VIAS URINÁRIAS
achado específico visto que também pode INFERIORES
ocorrer em pessoas com cálculos renais, nefrite Diversos mecanismos mantêm a esterilidade da
intersticial e tuberculose renal. bexiga: a barreira física da uretra, o fluxo da
Outros exames urina, a competência da junção ureterovesical,
As infecções das vias urinárias inferiores incluem várias enzimas e anticorpos antibacterianos e
a cistite (inflamação da bexiga urinária) efeitos antiaderentes mediados pelas células da
bacteriana, a prostatite (inflamação da próstata) mucosa da bexiga. As anormalidades ou as
bacteriana e a uretrite (inflamação da uretra) disfunções desses mecanismos constituem
bacteriana. Podem existir causas não bacterianas fatores de risco contribuintes para as infecções
agudas ou crônicas de inflamação em qualquer das vias urinárias inferiores.
uma dessas áreas, que podem ser
diagnosticadas incorretamente como infecções
bacterianas. As inflamações das vias urinárias
superiores e inferiores são ainda classificadas
como não complicadas ou complicadas, Tratamento
dependendo de a infecções urinárias ser
recorrente e da duração da infecção. As
infecções urinárias não complicadas são, em sua manejo das infecções urinárias envolve
maioria, contraídas na comunidade. Em geral, as medicamentos e orientação do cliente.
infecções urinárias complicadas ocorrem em A enfermeira fornece instruções ao cliente
indivíduos com anormalidades urológicas ou sobre os esquemas de medicamentos
cateterismo recente e, com frequência, são prescritos e as medidas de prevenção da
contraídas durante a hospitalização. infecção.
Terapia farmacológica aguda
Exames de Imagem: O medicamento ideal para o tratamento da
O diagnóstico por imagem é mais utilizado nos infecção urinária consiste em um agente
casos de ITU complicada, para identificar antibacteriano capaz de erradicar as
anormalidades que predisponham à ITU.
bactérias do sistema urinário, com efeitos
mínimos sobre as flora fecal e vaginal,
reduzindo, assim, a incidência de infecções  Nitrofurantoína (Macrodantina), na
vaginais por leveduras.  dose de 100mg 6/6hs)
(A vaginite por leveduras é observada em até  “Sulfonamidas: dentre as sulfonamidas,
25% das clientes tratadas com agentes quimioterápicos com ação bacteriostática,
antimicrobianos que afetam a flora vaginal.  destaca-se a associação Sulfametoxazol-
A vaginite por leveduras pode causar mais trimetoprim (SMZ-TMP) ou Cotrimoxazol,
sinais/sintomas do que a infecção urinária preferencialmente em formulações “F” de
800mg de SMZ associados a 160mg de
original, e o seu tratamento pode ser mais
TMP para uso de 1 cp 12/12hs, ou na
difícil e mais oneroso.) Além disso, o agente posologia habitual de 2 cp 12/12hs;
antibacteriano deve ser apropriado e deve ter  
poucos efeitos adversos e baixa resistência. Independentemente do esquema prescrito, o
Como o microrganismo nas infecções cliente é instruído a tomar todas as doses
urinárias iniciais e não complicadas em prescritas, mesmo quando o alívio dos
mulheres tem mais tendência a ser E. coli ou sintomas ocorre de imediato. Ciclos mais
outro microrganismo da flora fecal, o agente longos de medicamentos estão indicados
deve ser efetivo contra esses para homens, gestantes e mulheres com
microrganismos.  pielonefrite e outros tipos de infecções
urinárias complicadas. Em determinadas
Vários esquemas de tratamento foram bem- ocasiões, a hospitalização e a administração
sucedidos para tratar as infecções das vias intravenosa (IV) de antibióticos são
urinárias inferiores não complicadas em necessárias.
mulheres: 
- administração de dose única, esquemas de
ciclo curto (3 a 4 dias) ou esquemas de 7 a Prevenção das infecções urinárias
10 dias. recorrentes
 
A tendência é prescrever um ciclo reduzido
de terapia antibiótica para as infecções Higiene
urinárias não complicadas, visto que esses •Tomar banho de aspersão, em lugar de banho de
casos são, em sua maioria, curados depois banheira, visto que as bactérias na água do banho
de 3 dias de tratamento.  podem penetrar na uretra
•Depois de cada defecação, limpar o períneo e o
Os clientes em ambientes institucionais meato uretral da frente para trás. Isso ajuda a reduzir
podem necessitar de 7 a 10 dias de as concentrações de patógenos na abertura uretral e,
medicamento para que o tratamento seja nas mulheres, na vagina.
efetivo. 
Os medicamentos comumente utilizados no Consumo de líquidos
•Ingerir muito líquido diariamente para eliminar as
tratamento das infecções urinárias são: bactérias
 Cefalosporinas: A mais utilizada de 1a •Evitar o consumo de café, chá, refrigerantes do tipo
geração por via oral é a Cefalexina cola, bebidas alcoólicas e outros líquidos que são
(bactericida) 250 mg 6/ 6hs, cefadroxila e irritantes para o sistema urinário.
das de 2a geração, o Cefaclor 250 mg 12/
12hs. As cefalosporinas de 2ª e 3ª Hábitos de micção
geração possuem espectro maior contra •Urinar a cada 2 a 3 h durante o dia e esvaziar por
bactérias gram-negativas exceto completo a bexiga. Isso impede a distensão excessiva
da bexiga e o comprometimento do suprimento
enterococcus e a atividade contra sanguíneo para a parede vesical. Ambos predispõem
pseudomonas é variável; o cliente à infecção urinária. As precauções
 fluoroquinolona- ciprofloxacino, especificamente para mulheres incluem a micção
ofloxacino; imediatamente depois de uma relação sexual.
 Quinolonas: Ácido nalidíxico, 500mg 8/
8hs, Ácido pipemídico, 400 mg 12/12hs Intervenções
•Administrar os medicamentos exatamente conforme
 Novas” Quinolonas: Norfloxacina 400mg prescrito. Podem ser necessários horários especiais
12/12hs, Ciprofloxacina 250 mg 12/12hs. para a sua administração
Outras como a Lomefloxacina, Ofloxacina, •Quando as bactérias continuam aparecendo na urina,
Pefloxacina, etc. também podem ser pode ser necessária terapia antimicrobiana a longo
utilizadas; prazo para evitar a colonização da área periuretral e a
recidiva da infecção
•Para a infecção recorrente, considerar a acidificação Fisiopatologia
da urina por meio de ácido ascórbico (vitamina C),
1.000 mg/dia, ou suco de cranberry (oxicoco) A retenção urinária pode resultar de diabetes
•Quando prescrito, testar a urina a procura de melito, hipertrofia da próstata, patologia uretral
bactérias, de acordo com as instruções do fabricante e (infecção, tumor, cálculo), traumatismo (lesões
do médico pélvicas), gravidez ou distúrbios neurológicos (p.
•Notificar o médico se ocorrer febre, ou se houver ex., acidente vascular encefálico, lesão da
persistência dos sinais e sintomas
medula espinal, esclerose múltipla ou doença de
•Consultar regularmente o médico para
acompanhamento. Parkinson). Alguns medicamentos provocam
retenção urinária ao inibir a contratilidade da
bexiga ou ao aumentar a resistência da saída
Cuidados de Enfermagem: vesical (Karch, 2012).
• Orientar o paciente a beber bastante líquido
(média de 2 litros por dia), caso não haja
nenhuma contraindicação; Avaliação e achados diagnósticos
• Instruir o paciente a evitar reter a urina, A avaliação de um cliente para retenção urinária
urinando sempre que tiver vontade; é multifacetada, visto que a detecção dos sinais e
• Procurar manter o paciente sempre com uma sintomas representa um desafio. As seguintes
higiene pessoal adequada. perguntas servem de guia no processo de
• Caso esteja fazendo uso de frauda o ideal é avaliação:
que não fique muito tempo sem realizar a troca •Qual foi a hora de sua última micção e qual foi o
da mesma. volume de urina eliminado?
• Lavar a região perianal após as evacuações, •O cliente está urinando pouco e
caso não seja possível fazer limpeza frequentemente?
adequadamente. •O cliente apresenta gotejamento de urina?
• Evitar o uso indiscriminado de antibióticos, sem •O cliente queixa-se de dor ou de desconforto na
indicação médica. parte inferior do abdome? (O desconforto pode
• Evitar o uso de absorventes internos caso as ser relativamente leve se houver distensão lenta
pacientes ainda estejam menstruando; da bexiga.)
• O banho, sempre que possível, deve ser dado •A área pélvica está arredondada e intumescida
no chuveiro. (podendo indicar retenção urinária e bexiga
• Ter cuidado com técnicas de sondagem, caso distendida)?
seja necessário sondar paciente. •A percussão da região suprapúbica provoca
• Manter controle de doenças como diabetes macicez (indicando, possivelmente, retenção de
pode ajudar no controle de ITU de repetição. urina e distensão da bexiga)?
•Existem outros indicadores de retenção urinária
presentes, como inquietação e agitação?
RETENÇÃO URINÁRIA  Os problemas decorrentes dos
•A ultrassonografia da bexiga pós-miccional
revela a presença de urina residual?
A retenção urinária refere-se à incapacidade de O cliente pode verbalizar a percepção de
esvaziar a bexiga por completo durante as plenitude vesical e a sensação de esvaziamento
tentativas de urinar. A retenção urinária crônica incompleto da bexiga. Pode apresentar sinais e
leva frequentemente à incontinência de sintomas de infecção urinária (hematúria,
transbordamento (perda involuntária de urina urgência, polaciúria e nictúria). Diversos exames
associada à hiperdistensão da bexiga). A urina urodinâmicos (descritos no Capítulo 53) podem
residual refere-se à urina que permanece na ser realizados para identificar o tipo de disfunção
bexiga depois da micção. No adulto saudável vesical e para ajudar a determinar o tratamento
com menos de 60 anos de idade, deve ocorrer apropriado. Pode-se utilizar um diário de micção
esvaziamento completo da bexiga a cada micção. para proporcionar um registro por escrito do
Nos adultos com mais de 60 anos de idade, 50 a volume de urina eliminado e da frequência de
100 mℓ de urina residual podem permanecer micção. A urina residual pós-miccional pode ser
depois de cada micção, devido à contratilidade avaliada utilizando um cateterismo direto ou uma
diminuída do músculo detrusor. ultrassonografia da bexiga, e a sua presença é
Pode ocorrer retenção urinária no período pós- considerada como diagnóstico de retenção
operatório em qualquer cliente, particularmente urinária. Normalmente, a urina residual não
se a cirurgia tiver afetado as regiões perineal ou ultrapassa 50 mℓ no adulto de meia-idade e é
anal e resultou em espasmo reflexo dos inferior a 50 a 100 mℓ no idoso (Hogan-Quigley,
esfíncteres. A anestesia geral reduz a inervação Palm, & Bickley, 2012; Weber & Kelley, 2010).
muscular vesical e suprime a necessidade de
urinar, impedindo o esvaziamento da bexiga. Complicações
A retenção de urina pode levar a infecções de uma pequena incisão abdominal). Uma vez
crônicas que, se não forem tratadas, predispõem restaurada a drenagem urinária, a reeducação da
o cliente a cálculos renais (urolitíase ou bexiga é iniciada para o cliente que não
nefrolitíase), pielonefrite, sepse ou hidronefrose. consegue urinar espontaneamente.
Além disso, o extravasamento de urina pode ,O exame de urina inclui o seguinte:
levar à solução de continuidade da pele perineal,
•Coloração da urina (Tabela 53.4)
sobretudo quando as medidas de higiene
regulares são negligenciadas. •Transparência e odor da urina
•pH e densidade específica da urina
Manejo de enfermagem
•Exames para detecção de proteína, glicose e corpos
São instituídas estratégias para evitar a distensão cetônicos na urina (proteinúria, glicosúria renal e
excessiva da bexiga e para tratar a infecção ou cetonúria, respectivamente)
corrigir a obstrução. Todavia, muitas
complicações podem ser evitadas com uma •Exame microscópico do sedimento urinário após
cuidadosa avaliação e com intervenções de centrifugação para a detecção de hemácias
enfermagem apropriadas. A enfermeira explica (hematúria), leucócitos (piúria), cilindros
ao cliente por que a micção normal não está (cilindrúria), cristais (cristalúria) e bactérias
ocorrendo e monitora rigorosamente o débito (bacteriúria) (ver Tabela 53.3).
urinário. A enfermeira também tranquiliza o
cliente quanto à natureza temporária da retenção
e disponibilidade de estratégias de manejo bem-
sucedidas.

Promoção da eliminação da urina


As medidas de enfermagem para incentivar
padrões normais de micção incluem proporcionar
privacidade ao cliente, assegurar um ambiente e
uma posição propícios para urinar e ajudar o
cliente a usar o banheiro ou uma cadeia
higiênica, em um lugar de uma comadre, para
fornece um ambiente mais natural para a micção.
Se a condição permitir, o homem pode ficar em
pé ao lado da cama para usar o urinol; a maioria
dos homens considera essa posição mais
confortável e natural.
Outras medidas incluem aplicar calor para relaxar
os esfíncteres (i. e., banhos de assento,
compressas mornas no períneo, banhos de
chuveiro), oferecer chá quente ao cliente e
incentivá-lo e tranquilizá-lo. As técnicas de
estimulação simples, como abrir a torneira
enquanto o cliente está tentando urinar, também
podem ser utilizadas. Outros exemplos de
técnicas de estimulação consistem em
massagear o abdome ou a parte interna das
coxas, percutir acima da área púbica e mergulhar
as mãos do cliente em água quente. Depois de
uma cirurgia ou de um parto, devem-se
administrar agentes analgésicos prescritos, visto
que a dor na área perineal pode dificultar a
micção. Pode ser necessária uma combinação de
técnicas para iniciar a micção.
Quando o cliente não consegue urinar, recorre-se
ao cateterismo para evitar a distensão excessiva
da bexiga (ver discussão adiante sobre Bexiga
neurogênica e cateterismo). No caso de
obstrução da próstata, as tentativas de
cateterismo (pelo urologista) podem não ter
sucesso, exigindo a inserção de um cateter
suprapúbico (cateter inserido na bexiga através

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