que os antibióticos não erradicaram. Prostatite não bacteriana :pode ser inflamatória Próstata: É o órgão do aparelho reprodutor ou não inflamatória. O mecanismo é desconhecido, masculino responsável, principalmente, por mas pode envolver relaxamento incompleto do produzir o líquido ejaculatório. Ela tem o tamanho esfíncter urinário e micção. A pressão urinária e o formato de uma noz e fica embaixo da bexiga elevada resultante pode causar refluxo de urina e atrás do reto, envolvendo uma porção da para o interior da próstata ou aumento da atividade uretra, a estrutura que leva a urina da bexiga autonômica pélvica provocando dor crônica,sem através do pênis. inflamação.
É uma inflamação da próstata, que TIPOS
frequentemente está associada a sintomas do trato urinário inferior e a sintomas de desconforto Prostatite bacteriana aguda (tipo I); e disfunção sexuais. Prostatite bacteriana crônica (tipo II); Prostatite crônica/síndrome de dor pélvica crônica (PC/ SDPC; tipo III, o tipo mais comum); Prostatite inflamatória assintomática (tipo IV).
Tipos de Prostatite menos frequente:
Prostatite Gonocócica – A incidência de
doenças sexualmente transmissíveis causadas pela Neisseria gonorrhoeae (causador da gonorréia) ainda é alta ao redor do mundo. Acredita-se que a FISIOPATOLOGIA bactéria invade a próstata durante a infecção uretral (gonorréia). - Os microrganismos colonizam o trato urinário e Prostatite Tuberculosa – A prostatite ascendem até a próstata, causando, finalmente, causada pela bactéria da tuberculose infecção; o patógeno etiológico é o mesmo nas (Mycobacterium tuberculosis) pode infecções recorrente; aparecer como uma sequela rara da tuberculose; o diagnóstico é feito quando - Escherichia coli é o microrganismo mais esta bactéria é encontrada no líquido comumente isolado. prostático. Prostatite Micótica – Ocasionalmente, EPIDEMIOLOGIA pode ocorrer a prostatite causada por fungos causadores de micoses sistêmicas Ocorre raramente em jovens, com mais (que atingem todo o organismo). frequência em homens adultos, aumentando a Prostatite Granulomatosa Não incidência com a idade. É responsável por cerca Específica – Esta prostatite ocorre em de 25% das consultas anuais dos homens. duas formas diferentes: variedade Estima-se que 35% a 50% dos homens eosinofílica e variedade não eosinofílica. apresentarão esses sintomas em algum Variedade Não Eosinofílica: momento de sua vida. aparentemente, é uma reação do organismo contra algum líquido prostático ETIOLOGIA extravasado. Variedade Eosinofílica: ocorre quase - Pode ser causada por agentes infecciosos exclusivamente em pacientes com (bactérias, fungos, Mycoplasma) ou outras alergias, especialmente nos asmáticos. condições (p. ex., estenose uretral, hiperplasia Geralmente, os pacientes afetados prostática benigna). apresentam febre alta; como a próstata fica aumentada e endurecida, ocorre, Prostatite bacteriana :pode ser aguda ou crônica e freqüentemente, obstrução total da urina. geralmente é causada por patógenos urinários típicos (p. ex., Klebsiella, Proteus, Escherichia coli). O mecanismo de como entram e infectam a próstata é desconhecido. As infecções crônicas SINAIS E SINTOMAS No geral: Prostatite inflamatória assintomática não causa sintomas, sendo descoberta de modo incidental O principal sintoma é caracterizado por dor durante avaliação para outras doenças prostáticas localizada no períneo, abdome inferior, testículos, quando há presença de leucócitos na urina. pênis e/ou durante ou após a ejaculação. Associada a dor, o paciente pode apresentar alterações miccionais (sintomas obstrutivos e/ou FATORES DE RISCO irritativos), disfunção sexual ou, mais raramente, hematospermia. Os sintomas apresentam um Doenças do sistema nervoso padrão de recidivas e remissão em que a Lesão na zona da próstata severidade e frequência das crises variam ao Ser jovem ou adulto de meia-idade longo do tempo. Ter uma infecção na bexiga ou na uretra Ter um trauma pélvico Costuma apresentar consequências negativas do Beber pouca água (desidratação) ponto de vista cognitivo, comportamental, sexual Ter relações sexuais desprotegidas e emocional, acarretando dificuldades para Estar sob estresse realização das atividades diárias. Depressão, Fator genético ansiedade, medo da dor e de suas causas Orquite (inflamação do testículo) (catastrofização), desentendimentos do casal e
estratégias infrutíferas de manejo da dor colaboram negativamente para o quadro. PREVENÇÃO Dieta saudável Uma das características mais salientes desses Prática regular de exercícios pacientes é a interpretação catastrofizante da dor Bons hábitos de higiene (medo de que seja câncer ou outra doença Uso de preservativo grave). Pacientes com maior tendência à Exames de rotina catastrofização costumam ter dor mais grave e Ingerir bastante água maior comprometimento da qualidade de vida. Incluir zinco na alimentação Alguns pacientes referem uma sensação de Evitar bebidas alcoólicas desesperança, agravada pela incapacidade dos Evitar comidas picantes médicos em fornecer um diagnóstico e tratamento adequado para sua condição. DIAGNÓSTICO Prostatite bacteriana aguda geralmente causa • Anamnese: É importante avaliar sintomas sintomas sistêmicos como febre, calafrios, mal- uretrais como disúria, secreção uretral e dor estar e mialgias. A próstata é muito dolorosa e focal peniana. ou difusamente edemaciada, abaulada e/ou endurecida. Pode ocorrer sepse generalizada com • Exame físico (incluindo toque retal): Deve taquicardia, taquipneia e, algumas vezes, avaliar as áreas de dor referida, procurar pontos- hipotensão. gatilho de dor, procurar massas suspeitas de neoplasias e avaliar a possibilidade de Prostatite bacteriana crônica apresenta-se como anormalidades do trato urinário (como retenção episódios reincidentes de infecção com ou sem urinária). Portanto, deve-se examinar abdome, resolução completa entre as crises. Os sinais e regiões inguinais, cordão espermático, epidídimo, sintomas tendem a ser mais leves que na prostatite testículos, períneo e próstata. Ao toque retal, a aguda. próstata usualmente é indolor, mas pode estar levemente dolorida em alguns casos. Dor grave é mais sugestiva de prostatite aguda. É importante Prostatite crônica/síndrome de dor pélvica diferenciar dor à palpação da próstata da dor à crônica tipicamente apresenta dor como o sintoma palpação dos músculos do assoalho pélvico: dor predominante, geralmente incluindo dor na à palpação das paredes do reto nas porções ejaculação. O desconforto pode ser grande e onde não palpamos a próstata é relacionada aos costuma interferir de forma significativa com a espasmos musculares ou pontos-gatilho de dor qualidade de vida. Os sintomas de irritação urinária na musculatura do assoalho pélvico. ou obstrução também podem estar presentes. No exame, a próstata pode estar dolorosa, mas • Exame de urina, incluindo exame microscópico, geralmente não está globosa ou edemaciada. urinocultura e antibiograma Clinicamente, os tipos inflamatórios e não inflamatórios da prostatite crônica/síndrome de dor • Hemograma completo (se o cliente estiver pélvica crônica são semelhantes. agudamente enfermo) • Bioquímica sanguínea, incluindo nível Medicamentos utilizados sanguíneo de ureia (se houver sintomas de obstrução ou retenção urinária) Estágio inicial: pacientes com sintomas persistentes ou recorrentes por <6 meses e que • Outros exames de imagem (quando existir não fizeram nenhum curso de antibioticoterapia disfunção significativa da micção). para PC/SDaPC desde o início dos sintomas. Pacientes em estágio inicial devem ser tratados • Os clientes com prostatite tipo IV são com antibiótico (como ciprofloxaxino 500 mg diagnosticados de modo incidental, durante uma 2x/dia, sulfametoxazol-trimetoprima 800+160 mg pesquisa para infertilidade, resultado elevado do 2x/dia ou doxiciciclina 100 mg 2x/dia) por 4-6 teste de antígeno prostático específico (PSA) ou semanas. Associar alfa-bloqueador (como avaliação de outros distúrbios. O PSA não é doxazosina 2 a 8 mg) se sintomas miccionais indicado especificamente para avaliação da obstrutivos concomitantes. PC/SDPC, mas está indicado (após adequado aconselhamento sobre o teste) quando houver Estágio tardio: pacientes com sintomas suspeita de câncer de próstata (toque retal com persistentes ou recorrentes por > 6 meses e nódulo duro ou em pacientes com sintomas refratários a tratamentos farmacológicos iniciais sugestivos de obstrução infravesical secundária a (incluindo antibioticoterapia). Pacientes em crescimento benigno da próstata). estágio tardio são mais fáceis de identificar e frequentemente são vistos pelos médicos como Conforme outras apresentações clínicas, pacientes difíceis. exames adicionais podem ser necessários para o diagnóstico, como: - Se forem isoladas bactérias na urinocultura, podem ser prescritos antibióticos, incluindo Hematúria não-glomerular (hematúria sulfametoxazol-trimetoprima (SMZ-TMP) ou uma persistente e hemácias dismórficas fluoroquinolona (p. ex., ciprofloxacino), e pode-se negativa): cistoscopia; usar terapia contínua com antibióticos em baixa Suspeita de estenose de uretra (sintomas dose para suprimir a infecção. obstrutivos e história prévia de uretrite infecciosa, trauma perineal ou - Se o cliente não tiver febre e o exame de urina instrumentação uretral): uretrocistografia for normal, podem-se administrar agentes anti- retrógrada ou cistocopia; inflamatórios; a terapia com bloqueadores alfa- Suspeita de câncer de próstata: ecografia adrenérgicos (p. ex., tansulosina) pode ser transretal de próstata com biópsia; prescrita para promover o relaxamento da bexiga Dor abdominal concomitante: ecografia ou e da próstata. tomografia de abdome; Dor testicular: ecografia de bolsa - Podem ser prescritas terapias não escrotal; farmacológicas de suporte (p. ex., biofeedback, Sensação de esvaziamento vesical treinamento do assoalho pélvico, fisioterapia, incompleto: ecografia da bexiga com banhos de assento, emolientes fecais). descrição de resíduo pós-miccional ou cateterização pós micção voluntária para -Se houver uretrite, deve ser realizado tratamento avaliar resíduo; sindrômico (azitromicina 1 g via oral + ceftriaxone Dor lombar com parestesia ou perda de 250-500 mg IM em dose única, incluindo parceria força muscular: ressonância magnética sexual). nuclear ou tomografia. Manejo da dor: nos pacientes em estágio inicial, TRATAMENTO/MANEJO CLÍNICO pode ser oferecido uso regular de paracetamol e cursos curtos de anti-inflamatórios não- - Meta do tratamento consiste em erradicar os esteroidais (AINEs). Os AINEs devem ser agentes etiológicos. suspensos se não houver redução da dor após 4- 6 semanas de uso. Opióides devem ser evitados. - O tratamento específico baseia-se no tipo de Se a dor é de origem neuropática, o tratamento prostatite e nos resultados de cultura e pode ser realizado com antidepressivos antibiograma da urina. tricíclicos, gabapentinóides (como gabapentina) e inibidor da recaptação da serotonina e - A admissão hospitalar pode ser necessária para noradrenalina (como duloxetina). clientes com sinais vitais instáveis, sepse ou dor pélvica refratária, clientes debilitados ou imunossuprimidos, ou aqueles que apresentam diabetes melito ou insuficiência renal. COMPLICAÇÕES Sepse pessoas vivam com incontinência ao redor do Retenção urinária aguda mundo e que entre 15 e 30% das pessoas acima Formação de abcessos prostáticos. de 60 anos que vivem em ambiente domiciliar Anormalidades no sêmen, levando, apresentam algum grau de incontinência. consequentemente, à infertilidade. A incidência de IU em mulheres em idade reprodutiva atinge aproximadamente 30% . De CUIDADOS DE ENFERMAGEM acordo com estudos anteriores, cerca de 13% da população feminina é afetada por IUE, com risco • Administrar antibióticos, conforme prescrição de 4% de necessitar tratamento cirúrgico para IUE durante a vida. • Recomendar medidas de conforto: agentes Fatores como o sexo e a idade influenciam na analgésicos, banhos de assento durante 10 a 20 prevalência da IU. min, várias vezes ao dia De acordo com estudo epidemiológico, 4 a 10% das mulheres com idades entre 20 e 30 anos • Incentivar o consumo de líquidos para satisfazer apresentam incontinência. Este percentual se a sede, mas não “forçá-los”, visto que é preciso eleva com a idade, 60% para mulheres com 60 manter níveis efetivos dos medicamentos na anos e até 80% para aquelas com mais de 65 urina anos. Estudo brasileiro conduzido em população idosa relatou uma prevalência de IU de 11,8% • Orientar o cliente a evitar alimentos e bebidas entre os homens e de 26,2% entre as mulheres. com ação diurética ou que aumentam as As mulheres têm maior predisposição de secreções prostáticas, incluindo bebidas apresentar essa condição. As mulheres alcoólicas, café, chá, chocolate, refrigerantes à apresentam uma menor capacidade de oclusão base de cola e condimentos uretral, isso se deve ao fato da uretra funcional feminina ser mais curta e a continência depender • Aconselhar o cliente a evitar permanecer não somente do funcionamento esfincteriano sentado por longos períodos de tempo, a fim de adequado, mas também de elementos de minimizar o desconforto. sustentação uretral (músculos e ligamentos) e transmissão da pressão abdominal para o colo vesical. Tipos Incontinência Urinária Incontinência de urgência É a perda não controlada de urina (de volume Definição moderado a grande), que ocorre imediatamente após uma necessidade urgente e incontrolável de A incontinência urinária é caracterizada por urinar. qualquer perda involuntária de urina, e pode ser A incontinência de urgência é o tipo de classificada em diferentes tipos, conforme a incontinência mais comum em idosos, mas pode Sociedade Internacional de Continência. É um afetar indivíduos mais jovens. problema que atinge um percentual alto da Em geral, é precipitada pela utilização de diuréticos população, tanto entre homens quanto mulheres, e exacerbada pela incapacidade de chegar de idades distintas. rapidamente a um banheiro. Etiologia Incontinência de esforço A presença de IU pode ser dividida de acordo É a perda de urina decorrente de aumentos com a etiologia: abruptos da pressão intra-abdominal (p. ex:tosse, espirros, risadas, curvar o corpo, ou erguer pesos). O volume perdido é habitualmente pequeno a Neurogênica (ex. lesão medular moderado. traumática, esclerose múltipla, acidente É o 2º tipo mais comum de incontinência em vascular cerebral); mulheres, principalmente em decorrência de complicações de partos e de desenvolvimento de uretrites atróficas Homens podem desenvolver incontinência urinária Não neurogênica (ex. hiperatividade por estresse após procedimentos como a detrusora, insuficiência intrínseca do prostatectomia radical. esfíncter uretral, cirurgias da próstata) A incontinência de estresse é tipicamente mais grave em indivíduos obesos em razão da pressão Epidemiologia do conteúdo abdominal sobre a bexiga. Um estudo na população Norte Americana Incontinência por transbordamento estimou que 12 milhões de pessoas sofrem de IU É o gotejamento de urina de uma bexiga cheia naquele país. Estima-se que 200 milhões de demais. O volume habitualmente é pequeno, mas as diuréticos ou problemas de perdas podem ser constantes, resultando em locomoção em idosos. perdas totais grandes. A incontinência por transbordamento é o 2º tipo mais comum de incontinência em homens. Incontinência funcional DIAGNÓSTICO É a perda de urina decorrente de alterações Uma vez reconhecida a incontinência, é necessário cognitivas e físicas (p. ex., demência ou acidente obter uma história completa, que inclui uma vascular encefálico) ou de barreiras ambientais que descrição detalhada do problema e uma história do interfiram com o controle da micção. uso de medicamentos. A história miccional do Por exemplo, o paciente pode não reconhecer a cliente, um diário do equilíbrio hídrico e exames necessidade de urinar, pode não saber onde está o realizados à cabeceira do leito (p. ex., urina banheiro, ou não ser capaz de caminhar até um residual, manobras de estresse) podem ser banheiro localizado mais longe. utilizados para ajudar a definir o tipo de Os mecanismos neurais e do trato urinário que incontinência urinária envolvida. Podem ser mantêm a continência podem ser normais. realizados exames urodinâmicos extensos. São Incontinência Mista efetuados exames de urina e cultura de urina para É qualquer das combinações dos tipos citados identificar a infecção. anteriormente. As associações mais comuns são de A incontinência urinária pode ser transitória ou incontinências de urgência e esforço e reversível se a causa subjacente for tratada com incontinências de urgência ou esforço e funcional. sucesso e se houver normalização do padrão de FATORES DE RISCO micção. - Gravizez - parto vaginal, episiotomia; Exame Físico - Menopausa; O exame físico nas mulheres deve ser direcionado - Cirurgia geniturinária; para os sistemas que poderiam estar relacionados - Fraqueza da musculatura pélvica; com a IU, incluindo; exame geral para mobilidade, - Uretra incontinente, devido a traumatismo ou estado cognitivo, edema periférico, exame relaxamento do esfíncter; abdominal para massas pélvicas e avaliação - Imobilidade; neurológica para patologias como esclerose - Exercício de alto impacto; múltipla, Parkinson, compressão de raiz nervosa - Diabetes melito:O DM mal controlado e diabetes (hérnia de disco), parestesias e distrofismo insipidus podem levar a um aumento do débito muscular. urinário, superando os mecanismos normais de Deve-se determinar o índice de massa corporal continência (IMC) da paciente. Atenção deve ser dada para a - Acidente vascular encefálico; presença de prolapso de órgãos pélvicos e atrofia - Alterações do sistema urinário relacionadas com a vaginal. A força e tônus da musculatura pélvica idade; (elevador dos anus) e a sensibilidade perineal - Obesidade mórbida; também devem ser avaliados. A paciente deve ser - Transtornos cognitivos - demência, doença de instruída a realizar manobras de esforço em Parkinson; posição supina e ortostática para observação da - Medicamentos - diuréticos, sedativos, hipnóticos e perda e sua intensidade. opioides; - Cuidador familiar ou vaso sanitário não disponível Nos homens o exame físico, pode-se descobrir a presença de distensão vesical, que está associada à incontinência por transbordamento. Deve-se Prevenção verificar o tônus do esfíncter anal, assim como o Controle a ingestão de líquidos à reflexo bulbocavernoso, com a finalidade de se noite; diagnosticar uma provável causa neurológica para a Evite bebidas alcoólicas e com incontinência. cafeína; Controle o diabetes e o peso Como teste diagnóstico simples, pede-se para que corporal; o paciente fique na posição ereta e com a bexiga Abandone o tabagismo; cheia, se observada perda urinária, a maior Regule os intervalos entre as probabilidade é que o paciente apresente micções. Não espere apenas a incompetência esfincteriana. Caso ocorra perda vontade de urinar para ir ao banheiro; aparente, o paciente é solicitado a tossir, e se a Mantenha uma alimentação perda urinária ocorrer somente durante o período saudável, com bastante fibras; de aumento na pressão intra-abdominal, Realize atividades físicas incompetência esfincteriana é bastante provável. regularmente; Diário miccional Reconheça e evite alguns fatores que A utilização de um diário miccional, que avalia a causam a IU, como uso de remédios rotina urinária e de perdas, é um método bastante simples e muito útil na avaliação inicial. O diário miccional permite avaliar o número de micções, cistoscópio para liberar uma pequena quantidade número de episódios de IU e o volume de líquido colágeno na parede uretral, em locais ingerido e eliminado em 24 horas. A medida do selecionados pelo urologista. Em geral, o cliente volume urinado por micção pode ser usada para recebe alta após urinar. Não existem restrições ajudar no diagnóstico, como por exemplo bexiga após o procedimento; todavia, em certas hiperativa ou poliúria. ocasiões, pode haver necessidade de mais de uma sessão de preenchimento com colágeno TRATAMENTO quando o procedimento inicial não interrompe a O manejo depende do tipo de incontinência e incontinência de estresse. A aplicação de de suas causas. O manejo da incontinência colágeno em qualquer local do corpo é urinária pode ser comportamental, considerada semipermanente, visto que a sua farmacológico ou cirúrgico. durabilidade alcança, em média, 12 a 24 meses, Os agentes anticolinérgicos inibem a contração até que o organismo absorva o material. O da bexiga e são considerados os medicamentos preenchimento periuretral com colágeno constitui de primeira linha para a incontinência de uma alternativa para a cirurgia, como no urgência. indivíduo idoso debilitado. Ele também oferece Vários antidepressivos tricíclicos (p. ex., uma opção para indivíduos que estão procurando amitriptilina, amoxapina) também podem diminuir ajuda com incontinência de estresse, que as contrações da bexiga, além de aumentar a preferem evitar a cirurgia e que não tem acesso resistência do colo da bexiga. às terapias comportamentais. O sulfato de pseudoefedrina, que atua sobre os Pode-se utilizar um esfíncter urinário artificial receptores alfa-adrenérgicos, provocando para fechar a uretra e promover a continência. retenção urinária, pode ser utilizado para tratar a Dois tipos de esfíncteres artificiais são um incontinência de estresse; precisa ser usado com manguito periuretral e uma bomba de insuflação cautela nos homens com hiperplasia prostática e de manguito. nos clientes com hipertensão. A terapia Os homens com incontinência por hormonal (p. ex., estrogênio), administrada por transbordamento e de estresse podem se via oral, transdérmica ou por meios tópicos, era submeter a uma ressecção transuretral para antigamente o tratamento de escolha para a aliviar os sintomas da hipertrofia prostática. incontinência urinária em mulheres na pós- Pode-se utilizar um esfíncter artificial depois da menopausa, visto que ela restaura a integridade cirurgia de próstata para a incontinência do vascular, muscular e da mucosa da uretra. esfíncter Depois da cirurgia, podem ser injetados agentes de preenchimento periuretral na área Manejo cirúrgico periuretral para aumentar a compressão da A correção cirúrgica pode estar indicada para uretra. clientes que não conseguiram a continência com a terapia comportamental e farmacológica. As opções cirúrgicas variam de acordo com a anatomia subjacente e o problema fisiológico. A maioria dos procedimentos envolve elevar e estabilizar a bexiga ou a uretra para restaurar o ângulo uretrovesical normal ou alongar a uretra. As mulheres com incontinência de estresse podem se submeter a reparo vaginal anterior, suspensão retropúbica ou suspensão por agulha para reposicionar a uretra. Os procedimentos para comprimir a uretra e aumentar a resistência ao fluxo de urina incluem procedimentos de tipoia e aplicação de agentes periuretrais de Terapia comportamental preenchimento, como colágeno artificial. O preenchimento periuretral é um Cuidados de Enfermagem na Incontinência procedimento semipermanente, que consiste na Urinária colocação de pequenas quantidades de colágeno Os enfermeiros são profissionais que podem artificial nas paredes da uretra para aumentar a prestar assistência aos incontinentes, sendo pressão de fechamento da uretra. O capazes de avaliar, identificar, fornecer procedimento, cuja duração é de apenas 10 a 20 informações e estabelecer algumas min, pode ser realizado sob anestesia local ou intervenções adequadas. sedação moderada. Um cistoscópio é inserido na uretra. Um instrumento é introduzido através do A assistência de enfermagem vai além de saprophyticus, Klebsiella pneumoniae e Proteus cuidados domiciliares. Ele deve ser mirabilis. desempenhar uma assistência integral ao incontinente que irá contribuir para o controle da perda urinária e melhora na qualidade de EPIDEMIOLOGIA vida dos pacientes. Uma anamnese, um É responsável por quase 7 milhões de visitas ao exame físico completo e uma atenção consultório e 1 milhão de atendimento em serviços sistematizada bem executados pelo de emergência, resultando em 100 mil enfermeiro podem resultar na identificação da hospitalizações anualmente IU, trazendo um diagnóstico preciso e Estima-se que 50% da população feminina intervenções necessárias. apresentará pelo menos um episódio de ITU durante a vida. O enfermeiro pode atuar com o incontinente, através da educação em saúde no processo CLASSIFICAÇÃO de percepção, enfrentamento, reabilitação, adaptação e aceitação ao tratamento, ITU COMPLICADA: São fatores que categorizam buscando a orientação e o autocuidado como as ITUs como complicadas: diabetes, gravidez, a melhor opção de enfrentar a IU. O falência renal, obstrução do trato urinário, presença enfermeiro pode realizar todo esse processo de sonda vesical de demora ou nefrostomia, através da explicação do mecanismo procedimento ou instrumentação cirúrgica recente fisiopatológico e do que é ser incontinente, no trato urinário, disfunções anatômicas ou esclarecendo dúvidas e mitos. funcionais, imunossupressão, transplante renal, história de ITU na infância ITU NÃO COMPLICADA: quando ocorre em o enfermeiro pode estimular o incontinente a mulheres jovens, não grávidas e na ausência de participar de grupos de apoio que permitem a anomalias estruturais ou funcionais do trato troca de experiência. Pode também urinário. proporcionar confiança e empatia na relação de enfermeiro/paciente, incentivar ao retorno BACTENÚRIA ASSINTOMÁTICA: Define-se como das atividades diárias sem colocar limitações bacteriúria assintomática quando considerável e ampliar a compreensão do paciente a quantidade de bactérias é encontrada na urina sem respeito da patologia e suas consequências. associação com sintomas clínicos. Tradicionalmente, por coleta de jato médio, Na terapia comportamental o enfermeiro pode consideram-se 100 mil unidades formadoras de auxiliar o incontinente na mudança do estilo colônia por mL como bacteriúria significativa. de vida, nos cuidados de higiene e na INFECÇÃO RECORRENTE DE TU: Define-se prevenção de infecção; estimular a prática de como a ocorrência de dois episódios de ITU em exercício físico e a redução de peso; orientar seis meses ou três nos últimos 12 meses. Afeta quanto à ingesta hídrica e ao consumo de 25% das mulheres com história de ITU. O alimentos não constipantes e não irritantes microrganismo mais frequente nessa situação vesical; influenciar no processo de também é a E. coli. fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico com exercícios; e outros processos CISTITE: Atinge a bexiga comportamentais que promovam a melhora e URETRITE: Atinge a uretra PIELONEFRITE: Atinge os rins diminuição da perda involuntária da urina URETERITE:Atinge os ureteres
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ITU INFERIOR: Abrange uretra e bexiga
(ITU) ITU SUPERIOR: Abrange os ureteres e os rins
DEFINIÇÃO E AGENTE ETIOLÓGICO
A ITU ocorre quando a flora normal da área periuretral é substituída por bactérias uropatogênicas, que ascendem pelo trato urinário. A infecção ocorre devido a fatores ligados à virulência da bactéria e suscetibilidade do hospedeiro, que permitem melhor aderência e colonização dos microrganismos. O principal patógeno envolvido na ITU em mulheres é a E. coli, que é responsável por cerca de 80% de todos os episódios de infecção. Outros patógenos significativos incluem Staphylococcus As bactérias penetram no sistema urinário de três maneiras: por via transuretral (infecção ascendente), por meio da corrente sanguínea (disseminação hematogênica) ou por meio de uma fístula a partir do intestino (extensão direta). A via de infecção mais comum é a transuretral, em que as bactérias (frequentemente oriundas de contaminação fecal) colonizam a área periuretral e, subsequentemente, penetram na bexiga por meio da uretra. Nas mulheres, a uretra curta oferece pouca resistência ao movimento das bactérias uropatogênicas. A relação sexual força as bactérias da uretra para a bexiga. Isso contribui para a incidência aumentada de infecções urinárias nas mulheres sexualmente FATORES DE RISCO ativas. As bactérias também penetram no Incapacidade ou falha em esvaziar por sistema urinário por meio do sangue, a partir de completo a bexiga; um local de infecção distante, ou através de Obstrução do fluxo urinário causada por: extensão direta por meio de uma fístula a partir Anormalidades congênitas; Estenoses uretrais; do sistema digestório Contratura do colo da bexiga; Tumores vesicais; Cálculos nos ureteres ou nos rins; Compressão dos ureteres. Invasão bacteriana do sistema urinário Diminuição das defesas naturais do Ao aumentar a descamação lenta e normal das hospedeiro ou imunossupressão; células epiteliais da bexiga (resultado em Instrumentação do sistema urinário (p. ex., remoção das bactérias), a bexiga é capaz de cateterismo, procedimentos citoscópicos); eliminar grande número de bactérias. O Inflamação ou abrasão da mucosa uretral; glicosaminoglicano (GAG), uma proteína Condições contribuintes como: Sexo feminino, hidrofílica, exerce normalmente um efeito protetor diabetes mellitus, gravidez, distúrbios não aderente contra várias bactérias. A molécula neurológicos, menopausa, relações sexuais, da GAG atrai moléculas de água, formando uma uso de fralda, gota e estados alterados barreira hídrica, que serve como camada de causados pelo esvaziamento incompleto da defesa entre a bexiga e a urina. O GAG pode ser beziga e estase urinária. alterado por determinados agentes (ciclamato, sacarina, aspartame e metabólitos do triptofano). A flora bacteriana normal da vagina e da área FISIOPATOLOGIA uretral também interfere na aderência de Para que ocorra infecção, as bactérias precisam Eschericia coli. A imunoglobulina A (IgA) urinária ter acesso à bexiga, fixar-se ao epitélio do na uretra também pode proporcionar uma sistema urinário e colonizá-lo para evitar a sua barreira contra as bactérias eliminação com a micção, escapar dos . mecanismos de defesa do hospedeiro e iniciar a Refluxo inflamação. Muitas infecções urinárias são A obstrução ao fluxo livre de urina é conhecida causadas por microrganismos fecais que, a partir como refluxo uretrovesical, que descreve o do períneo, ascedem até a uretra e a bexiga, refluxo (fluxo retrógrado) e urina da uretra para a aderindo, em seguida, às superfícies mucosas. -> bexiga. Com a tosse, o espirro ou o esforço para É válido ressaltar que o sistema urinário é estéril. a defecação, ocorre aumento da pressão vesical, Na gestação: que pode forçar a urina da bexiga para a uretra. As alterações na anatomia, fisiologia e hormonal Quando a pressão retorna ao normal, a urina flui durante a gravidez favorecem o aumento de risco de volta para a bexiga, transportando até a para ITU. Essas mudanças estão envolvidas no bexiga as bactérias provenientes das porções tamanho dos rins, na localização da bexiga, anteriores da uretra. O refluxo uretrovesical aumento do fluxo urinário, diminuição da força da também é causado pela disfunção do colo vesical musculatura dos esfíncteres e no pH da urina, ou uretra. O ângulo uretrovesical e a pressão de que se eleva. Estes fatores contribuem para a fechamento uretral podem ser alterados com a estase urinária por dilatação fisiológica do ureter menopausa, aumentando a incidência de e da pelve e aumento da produção de bactérias infecção após a menopausa. O refluxo é mais no trato urinário, levando às infecções durante a frequentemente observado em crianças gestação pequenas, e o tratamento baseia-se na sua gravidade. Vias de infecção O refluxo ureterovesical ou vesicoureteral refere- se ao fluxo retrógrado de urina da bexiga para Nos clientes com infecções urinárias um ou para ambos os ureteres. Normalmente, a complicadas, as manifestações podem incluir junção ureterovesical impede o retorno da urina desde bacteriúria assintomática até sepse por para o ureter. Os ureteres formam um túnel na microrganismos gram-negativos com choque. parede da bexiga, de modo que a musculatura Com frequência, as infecções urinárias vesical comprime uma pequena porção do ureter complicadas são causadas por um espectro mais durante a micção normal. Quando a válvula amplo de microrganismos, apresenta uma taxa ureterovesical está comprometida por causas de resposta mais baixa ao tratamento e tendem a congênitas ou anormalidades ureterais, as sofrer recidiva. Muitos clientes com infecções bactérias podem alcançar os rins e, por fim, urinárias associadas ao uso de cateter são destruí-los. assintomáticos; todavia, qualquer cliente com cateter que desenvolve subitamente sinais e Bactérias uropatogênicas sintomas de choque séptico deve ser examinado Bacteriúria refere-se à existência de bactérias na para urossepse (disseminação de infecção urina. Como as amostras de urina (sobretudo nas urinária para a corrente sanguínea, resultando mulheres) são comumente contaminadas pelas em infecção sistêmica). bactérias normalmente existentes na área uretral, Fatores que contribuem para a infecção uma contagem de bactérias superior a 10 (5) urinária em indivíduos idosos colônias/ml de urina de jato médio coletada com Alta incidência de múltiplas condições técnica asséptica constitui a medida que clínicas crônicas; diferencia a bacteriúria verdadeira da Uso frequente de agentes contaminação. Nos homens, a contaminação da antimicrobianos; amostra de urina coletada ocorre com menos Presença de úlceras de pressão frequência; por conseguinte, a bacteriúria é infectadas; definida como 10(4) colônias/ml de urina. As Imunocomprometimento; infecções urinárias contraídas na comunidade Comprometimento cognitivo; estão entre as infecções bacterianas mais Imobilidade e esvaziamento incompleto da comuns em mulheres. bexiga. Os microrganismos mais frequentemente DIAGNÓSTICOS responsáveis pelas infecções urinárias são Os resultados de vários exames, como aqueles normalmente encontrados na parte contagens de colônias de bactérias, exames inferior do sistema digestório, habitualmente E. celulares e culturas de urina, ajudam a confirmar coli. Entretanto, o isolamento de E. coli está o diagnóstico de infecção urinária. Na infecção diminuindo, em comparação com as observações urinária não complicada, a cepa da bactéria anteriores, sobretudo nos homens e em clientes determina o antibiótico a ser prescrito. com cateteres urinários de demora que, em Culturas de urina contrapartida, apresentam taxas mais elevadas As culturas de urina mostram-se úteis para de microrganismos dos gêneros Pseudomonas e documentar a infecção e identificar o Enterococcus do que as mulheres e os clientes microrganismo específico, A infecção urinária é não cateterizados. diagnosticada pela identificação de bactérias na . cultura de urina. Uma contagem de colônias de Manifestações clínicas pelo menos 10 (5) unidades formadoras de Diversos sinais e sintomas estão associados às colônias por mililitro de urina de uma amostra infecções urinárias. Cerca de 50% de todos os cateterizada ou de jato médio coletada com clientes com bacteriúria não apresentam técnica asséptica constitui um critério maior para sintomas. Os sinais e sintomas de infecções das infecção. Entretanto, ocorrem infecções urinárias vias urinárias inferiores não complicadas e sepse subsequente com contagens mais baixas consistem em: de colônias de bactérias. Cerca de um terço das -Disúria, dor mulheres com sinais e sintomas de infecções -Polaciúria (micção mais frequente que a cada 3 agudas apresenta resultados negativos na cultura h), de urina do jato médio; esses casos podem -urgência urinária e incontinência, permanecer sem tratamento se for utilizado uma -nictúria (despertar à noite para urinar), contagem de 10 (5) UFC/ml cm critério para -dor suprapúbica ou pélvica, definir a existência de infecção. O achado de -Odor fétido na urina, qualquer bactéria em amostras obtidas por -Também podem ocorrer hematúria e dor aspiração da bexiga por agulha suprapúbica ou lombar. por cateterismo urinário é considerado como Nos indivíduos idosos, esses sinais e sintomas indicador de infecção. são menos comuns. Devem-se obter culturas de urina quando for -Ultrassom: útil para identificar presença de constatada bacteriúria nos seguintes grupos de cálculos que podem estar associados com os clientes: quadros agudos de ITU ou mesmo propiciálos Todos os homens (devido à possibilidade (ITU complicada), bem como a repercussão dos de anormalidades estruturais ou cálculos no trato urinário. funcionais); - Tomografia computadorizada (TC) é Todas as crianças; raramente necessária a não ser para descartar Mulheres com história de presença de abscesso perinefrético e também comprometimento da função imune ou em casos de investigação de rins policísticos que problemas renais; podem estar associados com ITU; Clientes com diabetes melito; -Cistoscopia: a cistoscopia não tem indicação na Clientes que foram submetidos a ITU não complicada e deve ser realizada instrumentação recente (incluindo somente em condições de urina estéril ou após cateterismo) do sistema urinário; profilaxia antibiótica. Em pacientes idosos e Clientes que recentemente foram transplantados renais com ITU recorrente e hospitalizados ou que vivem em hematúria, a cistoscopia está indicada para instituições de cuidados prolongados; afastar câncer de bexiga. Clientes com sintomas prolongados ou CLASSIFICAÇÃO: persistentes; As infecções urinárias são classificadas pela sua Clientes com três ou mais infecções localização: as vias urinárias inferiores (que inclui urinárias no ano anterior; a bexiga e as estruturas abaixo da bexiga) ou as Gestantes; vias urinárias superiores (que inclui os rins e os Após a menopausa; ureteres). Além disso, podem ser classificadas Mulheres sexualmente ativas; como não complicadas ou complicadas. Mulheres que têm novos parceiros Infecções das vias urinárias inferiores: Cistite, sexuais. prostatite, uretrite Exames celulares Infecções das vias urinárias superiores: Observa-se hematúria microscópica em cerca da Pielonefrite aguda, pielonefrite crônica, abscesso metade dos clientes com infecção urinária aguda. renal, nefrite intersticial, abscesso perirrenal Ocorre piúria (leucócitos na urina) em todos os clientes com infecção urinária; todavia, não é um INFECÇÕES DAS VIAS URINÁRIAS achado específico visto que também pode INFERIORES ocorrer em pessoas com cálculos renais, nefrite Diversos mecanismos mantêm a esterilidade da intersticial e tuberculose renal. bexiga: a barreira física da uretra, o fluxo da Outros exames urina, a competência da junção ureterovesical, As infecções das vias urinárias inferiores incluem várias enzimas e anticorpos antibacterianos e a cistite (inflamação da bexiga urinária) efeitos antiaderentes mediados pelas células da bacteriana, a prostatite (inflamação da próstata) mucosa da bexiga. As anormalidades ou as bacteriana e a uretrite (inflamação da uretra) disfunções desses mecanismos constituem bacteriana. Podem existir causas não bacterianas fatores de risco contribuintes para as infecções agudas ou crônicas de inflamação em qualquer das vias urinárias inferiores. uma dessas áreas, que podem ser diagnosticadas incorretamente como infecções bacterianas. As inflamações das vias urinárias superiores e inferiores são ainda classificadas como não complicadas ou complicadas, Tratamento dependendo de a infecções urinárias ser recorrente e da duração da infecção. As infecções urinárias não complicadas são, em sua manejo das infecções urinárias envolve maioria, contraídas na comunidade. Em geral, as medicamentos e orientação do cliente. infecções urinárias complicadas ocorrem em A enfermeira fornece instruções ao cliente indivíduos com anormalidades urológicas ou sobre os esquemas de medicamentos cateterismo recente e, com frequência, são prescritos e as medidas de prevenção da contraídas durante a hospitalização. infecção. Terapia farmacológica aguda Exames de Imagem: O medicamento ideal para o tratamento da O diagnóstico por imagem é mais utilizado nos infecção urinária consiste em um agente casos de ITU complicada, para identificar antibacteriano capaz de erradicar as anormalidades que predisponham à ITU. bactérias do sistema urinário, com efeitos mínimos sobre as flora fecal e vaginal, reduzindo, assim, a incidência de infecções Nitrofurantoína (Macrodantina), na vaginais por leveduras. dose de 100mg 6/6hs) (A vaginite por leveduras é observada em até “Sulfonamidas: dentre as sulfonamidas, 25% das clientes tratadas com agentes quimioterápicos com ação bacteriostática, antimicrobianos que afetam a flora vaginal. destaca-se a associação Sulfametoxazol- A vaginite por leveduras pode causar mais trimetoprim (SMZ-TMP) ou Cotrimoxazol, sinais/sintomas do que a infecção urinária preferencialmente em formulações “F” de 800mg de SMZ associados a 160mg de original, e o seu tratamento pode ser mais TMP para uso de 1 cp 12/12hs, ou na difícil e mais oneroso.) Além disso, o agente posologia habitual de 2 cp 12/12hs; antibacteriano deve ser apropriado e deve ter poucos efeitos adversos e baixa resistência. Independentemente do esquema prescrito, o Como o microrganismo nas infecções cliente é instruído a tomar todas as doses urinárias iniciais e não complicadas em prescritas, mesmo quando o alívio dos mulheres tem mais tendência a ser E. coli ou sintomas ocorre de imediato. Ciclos mais outro microrganismo da flora fecal, o agente longos de medicamentos estão indicados deve ser efetivo contra esses para homens, gestantes e mulheres com microrganismos. pielonefrite e outros tipos de infecções urinárias complicadas. Em determinadas Vários esquemas de tratamento foram bem- ocasiões, a hospitalização e a administração sucedidos para tratar as infecções das vias intravenosa (IV) de antibióticos são urinárias inferiores não complicadas em necessárias. mulheres: - administração de dose única, esquemas de ciclo curto (3 a 4 dias) ou esquemas de 7 a Prevenção das infecções urinárias 10 dias. recorrentes
A tendência é prescrever um ciclo reduzido de terapia antibiótica para as infecções Higiene urinárias não complicadas, visto que esses •Tomar banho de aspersão, em lugar de banho de casos são, em sua maioria, curados depois banheira, visto que as bactérias na água do banho de 3 dias de tratamento. podem penetrar na uretra •Depois de cada defecação, limpar o períneo e o Os clientes em ambientes institucionais meato uretral da frente para trás. Isso ajuda a reduzir podem necessitar de 7 a 10 dias de as concentrações de patógenos na abertura uretral e, medicamento para que o tratamento seja nas mulheres, na vagina. efetivo. Os medicamentos comumente utilizados no Consumo de líquidos •Ingerir muito líquido diariamente para eliminar as tratamento das infecções urinárias são: bactérias Cefalosporinas: A mais utilizada de 1a •Evitar o consumo de café, chá, refrigerantes do tipo geração por via oral é a Cefalexina cola, bebidas alcoólicas e outros líquidos que são (bactericida) 250 mg 6/ 6hs, cefadroxila e irritantes para o sistema urinário. das de 2a geração, o Cefaclor 250 mg 12/ 12hs. As cefalosporinas de 2ª e 3ª Hábitos de micção geração possuem espectro maior contra •Urinar a cada 2 a 3 h durante o dia e esvaziar por bactérias gram-negativas exceto completo a bexiga. Isso impede a distensão excessiva da bexiga e o comprometimento do suprimento enterococcus e a atividade contra sanguíneo para a parede vesical. Ambos predispõem pseudomonas é variável; o cliente à infecção urinária. As precauções fluoroquinolona- ciprofloxacino, especificamente para mulheres incluem a micção ofloxacino; imediatamente depois de uma relação sexual. Quinolonas: Ácido nalidíxico, 500mg 8/ 8hs, Ácido pipemídico, 400 mg 12/12hs Intervenções •Administrar os medicamentos exatamente conforme Novas” Quinolonas: Norfloxacina 400mg prescrito. Podem ser necessários horários especiais 12/12hs, Ciprofloxacina 250 mg 12/12hs. para a sua administração Outras como a Lomefloxacina, Ofloxacina, •Quando as bactérias continuam aparecendo na urina, Pefloxacina, etc. também podem ser pode ser necessária terapia antimicrobiana a longo utilizadas; prazo para evitar a colonização da área periuretral e a recidiva da infecção •Para a infecção recorrente, considerar a acidificação Fisiopatologia da urina por meio de ácido ascórbico (vitamina C), 1.000 mg/dia, ou suco de cranberry (oxicoco) A retenção urinária pode resultar de diabetes •Quando prescrito, testar a urina a procura de melito, hipertrofia da próstata, patologia uretral bactérias, de acordo com as instruções do fabricante e (infecção, tumor, cálculo), traumatismo (lesões do médico pélvicas), gravidez ou distúrbios neurológicos (p. •Notificar o médico se ocorrer febre, ou se houver ex., acidente vascular encefálico, lesão da persistência dos sinais e sintomas medula espinal, esclerose múltipla ou doença de •Consultar regularmente o médico para acompanhamento. Parkinson). Alguns medicamentos provocam retenção urinária ao inibir a contratilidade da bexiga ou ao aumentar a resistência da saída Cuidados de Enfermagem: vesical (Karch, 2012). • Orientar o paciente a beber bastante líquido (média de 2 litros por dia), caso não haja nenhuma contraindicação; Avaliação e achados diagnósticos • Instruir o paciente a evitar reter a urina, A avaliação de um cliente para retenção urinária urinando sempre que tiver vontade; é multifacetada, visto que a detecção dos sinais e • Procurar manter o paciente sempre com uma sintomas representa um desafio. As seguintes higiene pessoal adequada. perguntas servem de guia no processo de • Caso esteja fazendo uso de frauda o ideal é avaliação: que não fique muito tempo sem realizar a troca •Qual foi a hora de sua última micção e qual foi o da mesma. volume de urina eliminado? • Lavar a região perianal após as evacuações, •O cliente está urinando pouco e caso não seja possível fazer limpeza frequentemente? adequadamente. •O cliente apresenta gotejamento de urina? • Evitar o uso indiscriminado de antibióticos, sem •O cliente queixa-se de dor ou de desconforto na indicação médica. parte inferior do abdome? (O desconforto pode • Evitar o uso de absorventes internos caso as ser relativamente leve se houver distensão lenta pacientes ainda estejam menstruando; da bexiga.) • O banho, sempre que possível, deve ser dado •A área pélvica está arredondada e intumescida no chuveiro. (podendo indicar retenção urinária e bexiga • Ter cuidado com técnicas de sondagem, caso distendida)? seja necessário sondar paciente. •A percussão da região suprapúbica provoca • Manter controle de doenças como diabetes macicez (indicando, possivelmente, retenção de pode ajudar no controle de ITU de repetição. urina e distensão da bexiga)? •Existem outros indicadores de retenção urinária presentes, como inquietação e agitação? RETENÇÃO URINÁRIA Os problemas decorrentes dos •A ultrassonografia da bexiga pós-miccional revela a presença de urina residual? A retenção urinária refere-se à incapacidade de O cliente pode verbalizar a percepção de esvaziar a bexiga por completo durante as plenitude vesical e a sensação de esvaziamento tentativas de urinar. A retenção urinária crônica incompleto da bexiga. Pode apresentar sinais e leva frequentemente à incontinência de sintomas de infecção urinária (hematúria, transbordamento (perda involuntária de urina urgência, polaciúria e nictúria). Diversos exames associada à hiperdistensão da bexiga). A urina urodinâmicos (descritos no Capítulo 53) podem residual refere-se à urina que permanece na ser realizados para identificar o tipo de disfunção bexiga depois da micção. No adulto saudável vesical e para ajudar a determinar o tratamento com menos de 60 anos de idade, deve ocorrer apropriado. Pode-se utilizar um diário de micção esvaziamento completo da bexiga a cada micção. para proporcionar um registro por escrito do Nos adultos com mais de 60 anos de idade, 50 a volume de urina eliminado e da frequência de 100 mℓ de urina residual podem permanecer micção. A urina residual pós-miccional pode ser depois de cada micção, devido à contratilidade avaliada utilizando um cateterismo direto ou uma diminuída do músculo detrusor. ultrassonografia da bexiga, e a sua presença é Pode ocorrer retenção urinária no período pós- considerada como diagnóstico de retenção operatório em qualquer cliente, particularmente urinária. Normalmente, a urina residual não se a cirurgia tiver afetado as regiões perineal ou ultrapassa 50 mℓ no adulto de meia-idade e é anal e resultou em espasmo reflexo dos inferior a 50 a 100 mℓ no idoso (Hogan-Quigley, esfíncteres. A anestesia geral reduz a inervação Palm, & Bickley, 2012; Weber & Kelley, 2010). muscular vesical e suprime a necessidade de urinar, impedindo o esvaziamento da bexiga. Complicações A retenção de urina pode levar a infecções de uma pequena incisão abdominal). Uma vez crônicas que, se não forem tratadas, predispõem restaurada a drenagem urinária, a reeducação da o cliente a cálculos renais (urolitíase ou bexiga é iniciada para o cliente que não nefrolitíase), pielonefrite, sepse ou hidronefrose. consegue urinar espontaneamente. Além disso, o extravasamento de urina pode ,O exame de urina inclui o seguinte: levar à solução de continuidade da pele perineal, •Coloração da urina (Tabela 53.4) sobretudo quando as medidas de higiene regulares são negligenciadas. •Transparência e odor da urina •pH e densidade específica da urina Manejo de enfermagem •Exames para detecção de proteína, glicose e corpos São instituídas estratégias para evitar a distensão cetônicos na urina (proteinúria, glicosúria renal e excessiva da bexiga e para tratar a infecção ou cetonúria, respectivamente) corrigir a obstrução. Todavia, muitas complicações podem ser evitadas com uma •Exame microscópico do sedimento urinário após cuidadosa avaliação e com intervenções de centrifugação para a detecção de hemácias enfermagem apropriadas. A enfermeira explica (hematúria), leucócitos (piúria), cilindros ao cliente por que a micção normal não está (cilindrúria), cristais (cristalúria) e bactérias ocorrendo e monitora rigorosamente o débito (bacteriúria) (ver Tabela 53.3). urinário. A enfermeira também tranquiliza o cliente quanto à natureza temporária da retenção e disponibilidade de estratégias de manejo bem- sucedidas.
Promoção da eliminação da urina
As medidas de enfermagem para incentivar padrões normais de micção incluem proporcionar privacidade ao cliente, assegurar um ambiente e uma posição propícios para urinar e ajudar o cliente a usar o banheiro ou uma cadeia higiênica, em um lugar de uma comadre, para fornece um ambiente mais natural para a micção. Se a condição permitir, o homem pode ficar em pé ao lado da cama para usar o urinol; a maioria dos homens considera essa posição mais confortável e natural. Outras medidas incluem aplicar calor para relaxar os esfíncteres (i. e., banhos de assento, compressas mornas no períneo, banhos de chuveiro), oferecer chá quente ao cliente e incentivá-lo e tranquilizá-lo. As técnicas de estimulação simples, como abrir a torneira enquanto o cliente está tentando urinar, também podem ser utilizadas. Outros exemplos de técnicas de estimulação consistem em massagear o abdome ou a parte interna das coxas, percutir acima da área púbica e mergulhar as mãos do cliente em água quente. Depois de uma cirurgia ou de um parto, devem-se administrar agentes analgésicos prescritos, visto que a dor na área perineal pode dificultar a micção. Pode ser necessária uma combinação de técnicas para iniciar a micção. Quando o cliente não consegue urinar, recorre-se ao cateterismo para evitar a distensão excessiva da bexiga (ver discussão adiante sobre Bexiga neurogênica e cateterismo). No caso de obstrução da próstata, as tentativas de cateterismo (pelo urologista) podem não ter sucesso, exigindo a inserção de um cateter suprapúbico (cateter inserido na bexiga através