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óssea, também chamada de pequena pelve,

Módulo 3 - Caso 5: pequena bacia ou escavação.


No seu transcurso através do canal
Trajeto e Objeto parturitivo, impulsionado pela contratilidade
uterina e pelos músculos da parede
Objetivos de Aprendizagem: abdominal, o feto é compelido a executar
 Explicar sobre o mecanismo e períodos
certo número de movimentos, denominados
mecanismo do parto. São movimentos
do trabalho de parto e do parto;
puramente passivos, e procuram adaptar o
 Explicar os cuidados com o recém- feto às exiguidades e às diferenças de forma
nascido na sala de parto do canal. Com esses movimentos, os
 Implementar a assistência de diâmetros fetais se reduzem e se acomodam
Enfermagem no período de trabalho de aos pélvicos. 
parto e no parto; O mecanismo do parto tem características
gerais constantes, que variam em seus
Termos Desconhecidos: pormenores de acordo com o tipo de
1. GUTT : Gestação Única (uterina) Tópica a apresentação e a morfologia da pelve. Em 95
Termo a 96% dos casos, o parto processa-se com o
2. GUPT: gestação única pré-termo feto em apresentação cefálica fletida –
3. GGTT: gestação gemelar... apresentação de vértice. De todas as
4. Período de Greenberg (quarto período):
apresentações, esta é a menos sujeita a
perturbações do mecanismo. Será estudado
Que considera a primeira hora após a
aqui apenas o mecanismo do parto
saída da placenta. fisiológico: apresentação cefálica fletida em
bacia ginecoide.
Mecanismo de Parto
O estudo da mecânica do parto, na Estágios do parto (mãe):
generalidade dos casos, e em essência,
analisa os movimentos da cabeça, sob ação 1. Dilatação e apagamento
das contrações uterinas, a transitar pelo 2. Expulsivo
desfiladeiro pelvigenital. 3. Dequitação da placenta ou
Sob o ponto de vista do mecanismo do parto, secundamento
o feto é o móvel ou objeto, que percorre o 4. Período de Greenberg
trajeto (bacia), impulsionado por um motor
(contração uterina).  Mecanismos do Parto em vértice (feto):
Na sua atitude habitual de flexão da cabeça 1. Insinuação
sobre o tronco e de entrecruzamento dos 2. Descida ou progressão
membros, que também se dobram, o móvel 3. Rotação interna da cabeça
assemelha-se a um ovoide – o ovoide fetal. 4. Desprendimento do polo cefálico
5. Rotação externa da cabeça
Esse, por sua vez, é composto por dois 6. Desprendimento do ovoide córmico
segmentos semidependentes: o ovoide (ombros e tronco)
cefálico (cabeça) e o córmico (tronco e TEMPOS DE MECANISMO DO PARTO
membros). Embora o ovoide córmico seja
maior, seus diâmetros são facilmente 1. Insinuação
redutíveis, tornando o polo cefálico mais 2. descida 
importante durante a parturição.  3. desprendimento.

Insinuação ou encaixamento: É a passagem da


O trajeto, ou canal da parturição, estende-se
maior circunferência da apresentação através do
do útero à fenda vulvar. Constituído por anel do estreito superior. Nessas condições, e pelo
formações de diversas naturezas, partes geral, está o ponto mais baixo da apresentação à
moles do canal do parto (segmento inferior, altura das espinhas ciáticas (plano “0” de De Lee).
cérvice, vagina, região vulvoperineal), o
canal da parturição é sustentado por cintura Tem como tempo preliminar a redução dos
diâmetros, o que, nas apresentações cefálicas, é
conseguido pela flexão (apresentação de vértice), exercida pelo contato das bordas da pelve,
ou deflexão (apresentação de face). Na representando forças iguais nos dois extremos da
apresentação pélvica, a redução dos diâmetros é alavanca, domina o braço mais longo, que
obtida aconchegando-se os membros inferiores corresponde à face, por isso esse extremo sobe e o
sobre o tronco ou desdobrando-se os mesmos, outro desce.
para baixo ou para cima. 
Teoria de Lahs: Define que as pressões laterais
Para que se processe a insinuação, é necessário exercidas sobre a cabeça pelo canal do parto
haver redução dos diâmetros da cabeça, o que será alcançam níveis diferentes, sendo o mais baixo o
obtido pela orientação de diâmetros e por flexão. lado occipital. A ação das linhas de força em
sentido oposto resulta no abaixamento do occipital.
No início dessa fase, a cabeça fetal encontra-se
acima do estreito superior da bacia, em flexão Teoria de Sellheim: Explica que mediante uma
moderada, com a sutura sagital orientada no diferença de pressão atmosférica, quando um
sentido do diâmetro oblíquo esquerdo ou do elipsoide de rotação, colocado obliquamente ao seu
transverso e com a pequena fontanela (fontanela eixo, progride através de um tubo reto, igual ao
lambdoide) voltada para esquerda. canal do parto, o elipsoide dispõe-se de modo que
seu eixo maior coincida com o eixo do tubo.
Seguem-se, em ordem decrescente de frequência,
a occípito-direita-posterior (ODP) (32%), segunda Apenas Zweifel deixa entender que as forças
posição; a occípito-esquerda-posterior (OEP) (6%); atuantes na flexão da cabeça resultam do contato
e, bem rara, a occípito-direita-anterior (ODA) (1%).  com a reborda óssea da pelve, enquanto as outras
duas teorias sugerem pressões laterais das porções
Na realidade, o encaixamento depende, altas do canal mole (segmento inferior do útero).
essencialmente, da morfologia da pelve. Nas de Reduzindo os seus diâmetros, pelos movimentos
tipo ginecoide, ele se dá, preferencialmente, pelo apontados, a cabeça fetal transpõe o estreito
diâmetro transverso; nas androides, as posições superior da bacia. 
transversas são cerca de 3 vezes mais comuns que
as anteriores e as posteriores reunidas, sendo A insinuação ocorre por dois processos
essas últimas as de maior incidência; nas diferentes:
antropoides é menor a frequência do encaixamento
pelo diâmetro transverso; alguns autores • Insinuação estática, processada na gravidez, em
estabeleceram que esse tipo de bacia predispõe às mais de 50% das primigestas. Flexão por
posições posteriores, embora as posições diretas aconchego no segmento inferior e na descida,
também sejam comuns.  conjuntamente com o útero, por tração dos
ligamentos sustentadores do órgão e pressão das
Nas bacias platipeloides, a cabeça deve ser paredes abdominais.
encaixada quase obrigatoriamente através dos
diâmetros transversos. A insinuação estática é considerada prognóstico
favorável para o parto, desde que proporcione boa
De qualquer maneira, o aproveitamento dos proporção cefalopélvica.
diâmetros oblíquos ou transversos (os mais amplos
do estreito superior) é indispensável para a • Insinuação dinâmica, que surge no fim da
passagem do diâmetro anteropostorior, o maior da dilatação cervical ou no início do período expulsivo
circunferência de encaixamento. nas multíparas. Flexão por contato com o estreito
superior da bacia e descida à custa das contrações
A atitude de moderada flexão (atitude indiferente), expulsivas.
em que se encontra a cabeça no início do
mecanismo do parto, apresenta ao estreito superior
da bacia o diâmetro occipitofrontal, maior do que o
Descida: 
suboccipitobregmático, que mede 9,5 cm. Para
apresentar esse último diâmetro, mais favorável, a Completando a insinuação, a cabeça migra
cabeça sofre um 1 o movimento de flexão. O eixo até as proximidades do assoalho pélvico,
maior do ovoide cefálico toma a direção do eixo do onde começa o cotovelo do canal. Até aí
canal. mantém a mesma atitude e conserva o
mesmo sentido, apenas exagerando um
A flexão da cabeça pode ser explicada por três pouco a flexão.
teorias:
O ápice do ovoide cefálico atinge o assoalho
Teoria de Zweifel: A implantação da coluna
cervical na base do crânio se faz mais para o lado
pélvico, e a circunferência máxima encontra-
occipital do que da face, criando a condição de uma se na altura do estreito médio da bacia. A
alavanca de braços desiguais. A contrapressão descida, na realidade, ocorre desde o início
do trabalho de parto e só termina com a Segundo a mesma lei, a passagem das espáduas
expulsão total do feto. só se fará com movimento de rotação que oriente o
facilimum de flexão desse segmento também no
Durante esse mecanismo do parto, o rumo da curvatura do canal, o que forçará as
espáduas a se orientarem no sentido
movimento da cabeça é turbinal: à medida anteroposterior, já que o facilimum de flexão desse
que o polo cefálico roda, vai progredindo no segmento é lateral.
seu trajeto descendente, fenômeno chamado
de penetração rotativa. ▶ Insinuação das espáduas. Simultaneamente com
a rotação interna da cabeça, e com sua progressão
Ø  Rotação Interna da Cabeça: Uma vez que a no canal, verifica-se penetração das espáduas
extremidade cefálica distenda e dilate, o através do estreito superior da bacia. O diâmetro
conjunto musculo-aponeurótico que compõe o biacromial, que mede 12 cm, é incompatível com os
diafragma pélvico sofre movimento de rotação diâmetros do estreito superior, porém, no período
que levará a sutura sagital a se orientar no expulsivo, sofre redução apreciável porque os
sentido anteroposterior da saída do canal. ombros se aconchegam, forçados pela constrição
do canal, e se orienta no sentido de um dos
Algumas explicações: diâmetros oblíquos ou do transverso daquele
estreito. À medida que a cabeça progride, as
• O assoalho pélvico, principalmente depois de espáduas descem até o assoalho pélvico. 
distendido pela cabeça fetal, é côncavo para cima e
para diante, escavado em forma de goteira. Desprendimento
Apresenta planos inclinados laterais por onde o feto
desliza ao nascer. A fenda vulvar limitada, em cima, Terminado o movimento de rotação, o suboccipital
pelo arco inferior do púbis e para os lados e para
coloca-se sob a arcada púbica; a sutura sagital
baixo pelo diafragma pélvico, apresenta forma
orienta-se em sentido anteroposterior. 
ovalar, com o eixo maior no sentido anteroposterior,
quando totalmente distendida. 
Dada a curvatura inferior do canal do parto, o
Ao forçar a distensão do assoalho pélvico, a cabeça desprendimento ocorre por movimento de
fetal desliza nas paredes laterais (planos inclinados) deflexão. A nuca do feto apoia-se na arcada
e roda para acomodar seus maiores diâmetros aos púbica e a cabeça oscila em torno desse ponto,
mais amplos da fenda vulvar. em um movimento de bisagra. Com o maior
diâmetro do ovoide cefálico (occipitomentoniano)
• ■ Segundo Sellheim, sob a ação das pressões continuando orientado no sentido do eixo do
da parede uterina no período expulsivo, o feto fica canal, a passagem da cabeça através do anel
transformado em cilindro, com flexibilidade variável, vulvar deve ser feita pelos diâmetros
em seus diversos segmentos, cada um dos quais anteroposteriores, de menores dimensões
apresenta um facilimum e um dificilimum de originados do suboccipital. 
flexão. Para a cabeça, o facilimum de flexão é em
direção do dorso (occipital) e o dificilimum no Essa região acomoda-se, assim, à arcada inferior
sentido da face, porque o mento relaciona-se com o da sínfise, em redor da qual a cabeça vai
manúbrio esternal. O facilimum de flexão dos bascular para o desprendimento.
segmentos torácico e pélvico corresponde às faces
laterais do corpo. Com o movimento de deflexão, estando o
suboccipital colocado sob a arcada púbica,
Lei de Selheim: liberta-se o diâmetro suboccipitobregmático,
seguido pelo suboccipitofrontal, suboccipitonasal
Sellheim estabeleceu a seguinte lei: “Um cilindro e, assim por diante, até o completo
dotado de flexibilidade desigual e posto de modo a desprendimento.
que possa girar sobre seu eixo, ao ser submetido a
uma força que lhe determine o encurvamento,
▶ Rotação externa da cabeça: Imediatamente
realizará movimento de rotação até dispor o plano
após desvencilhar-se, livre agora no exterior, a
mais flexível na direção em que tem de se realizar
cabeça sofre novo e ligeiro movimento de flexão,
dito encurvamento.” 
pelo seu próprio peso, e executa rotação de 1/4 a
Aplicada esta lei ao trabalho de parto, verifica-se 1/8 de circunferência, voltando o occipital para o
que o cilindroide fetal, para transpor o cotovelo do lado onde se encontrava na bacia. É um
canal de parto, quer o occipital esteja orientado no movimento simultâneo à rotação interna das
sentido oblíquo ou transverso da pelve, será espáduas, por ela causado, e conhecido como
compelido a sofrer movimento de rotação, capaz de restituição (faz restituir o occipital à orientação
dirigir o seu facilimum de flexão de modo que o primitiva). 
occipital entre em contato com a sínfise pubiana.
▶ Rotação interna das espáduas. Desde sua ou um pouco acima, com o parietal anterior
passagem pelo estreito superior da bacia, as apresentado.
espáduas estão com o biacromial orientado no
sentido do oblíquo direito ou do transverso da O vértice continua a mover-se para trás, na
bacia. Ao chegarem ao assoalho pélvico, e por direção do plano sacrococcígeo. Ocorre aí a
motivos idênticos aos que causaram a rotação flexão lateral que precede a rotação interna. 
interna da cabeça, as espáduas também sofrem
movimento de rotação, até orientarem o Então, a bossa do parietal posterior choca-se
biacromial na direção anteroposterior da saída do com a espinha ciática esquerda. O occipital roda
canal. O ombro anterior coloca-se sobre a arcada para frente, ao longo da discreta curvatura do
púbica; o posterior, em relação com o assoalho ramo isquiopubiano, em ângulo de 90°. A descida
pélvico, impelindo para trás o cóccix materno.  ulterior dá-se durante a rotação, permanecendo a
cabeça fortemente fletida. Finalmente, a
▶ Desprendimento das espáduas. Nessa extensão do occipital começa debaixo das
altura, tendo o feto os braços cruzados para espinhas ciáticas e é seguida do movimento de
diante do tórax, a espádua anterior transpõe a expulsão.
arcada púbica e aparece através do orifício
vulvar, onde ainda se encontra parcialmente Se as contrações uterinas são fortes, conseguem
recoberta pelas partes moles. vencer a dificuldade, cabeça roda para frente e
tudo termina como nas oblíquas anteriores.
Para libertar o ombro posterior, e tendo de Entretanto, se a despeito de contrações
acompanhar a curvatura do canal, o tronco sofre satisfatórias não há progressão, constitui-se a
movimento de flexão lateral, pois o facilimum de distocia genuína, distocia de rotação. Quando, ao
flexão desse segmento é no sentido lateral do lado disso, também existe assinclitismo, o que
corpo. Continuando a progredir em direção à costuma acontecer nas bacias achatadas, a
saída, com o tronco fletido lateralmente, cabeça fica encravada e o parto estaciona.
desprendese a espádua posterior.
Oblíquas Posteriores 
O restante do feto não oferece resistência para o
nascimento, embora possa obedecer ao mesmo Em proporção bem menor, a cabeça pode
mecanismo dos primeiros segmentos fetais. encaixar-se nas posições posteriores, direita ou
esquerda, sendo mais rara a última. Tudo leva a
Insinuação Cefálica Pelos Diâmetros crer que a causa principal do encaixamento, em
transversos bacia  variedade de posição posterior, é a exiguidade do
sacro. As posições posteriores são mais comuns
A cabeça, antes da insinuação, é observada em nas bacias de tipo androide, onde podem ser
posição transversa, com o parietal posterior consideradas a variedade típica. 
apresentando-se sobre a região anterior da pelve
(obliquidade de Litzmann).  Quando a cabeça se insinua em posterior,
geralmente se apresenta com flexão incompleta,
A sutura sagital permanece horizontalmente o que tem sido consignado por todos os autores.
sobre a sínfise, ligeiramente por detrás dela.  O parto geralmente é mais lento, pois a rotação
cefálica ocorre em arco de círculo de 135°, em
A insinuação ocorre por mecanismo de alavanca: vez de 45° como nas anteriores, e 90°, nas
flexão lateral da cabeça para o lado oposto, transversas. 
ficando a sutura sagital no diâmetro transverso
da bacia (sinclitismo). Simultaneamente, Parto : Estudo clínico e
começa a descida, e logo a apresentação do
parietal posterior, no estreito superior, é Assistência
substituída pela apresentação do parietal
anterior, na escavação (obliquidade de Nägele).
A superfície lateral do parietal posterior fica Dilatação e Expulsão 
quase paralela à superfície anterior do sacro. 
Sobre o parto: Estudo clínico 
A descida ulterior, até o plano sacrococcígeo, o estudo do parto analisa três fases principais:
ocorre ao longo de uma linha dirigida para baixo dilatação, expulsão e secundamento, precedidas
e para trás, e mais ou menos paralela à de estágio preliminar, o período premunitório
superfície anterior do sacro. A cabeça permanece (pré-parto). 
em posição transversa até as espinhas ciáticas Há tendência a considerar um 4 o período, que
compreenderia a hora imediata à saída da
placenta; por ser uma fase de riscos inerentes, O período premunitório é caracterizado
geralmente é ignorada pelo obstetra.  principalmente pela descida do fundo
uterino. A cúpula do útero gravídico,
O conjunto desses episódios constitui os
fenômenos passivos do parto, que se localizada nas proximidades do apêndice
completam com a análise dos movimentos xifoide, baixa de 2 a 4 cm, condicionando
executados pelo feto, na sua penetração rotativa maior amplitude à ventilação pulmonar, a
pelo canal parturitivo, impulsionado pelas qual está dificultada, até esse momento,
contrações uterinas (mecanismo do parto).  pela compressão diafragmática. 
Na realidade, os fenômenos clínicos e mecânicos A adaptação do polo proximal do feto ao estreito
do parto mantêm unidade, completando-se ou superior traz consigo, no entanto, a incidência de
ocorrendo no ritmo comandado apenas pela dores lombares, o estiramento das articulações da
contratilidade uterina. cintura pélvica e distúrbios circulatórios decorrentes
Resumem-se na abertura de dois diafragmas, o dos novos contatos. Há grande quantidade de
cervicossegmentário (colo do útero) e o secreções das glândulas cervicais, com eliminação
vulvoperineal, através dos quais o feto passa. Do de muco e, eventualmente, mesclado de sangue;
ponto de vista clínico, a ampliação do diafragma encurta-se a porção vaginal do colo; inicia-se a
cervicossegmentário corresponde ao 1 o período percepção, por vezes dolorosa, das metrossístoles
do parto (fase de dilatação), e a passagem do intermitentes do útero, com espaços que passam a
feto pelo diafragma vulvoperineal corresponde ao ser frequentes e contrações que se intensificam,
2 o período (fase de expulsão).  prenunciando a deflagração do parto (dolores
Alguns autores referem:  praeparantes).
 A expulsão dos anexos fetais (placenta e
páreas), que constitui o secundamento A atividade uterina, presente desde o início da
gravidez, se mantém reduzida até 30 semanas,
(dequitadura, delivramento, ou dequitação).
ficando, sobretudo, limitada a pequenas áreas da
Outros:
matriz. Passado esse período, vai crescendo
As fases clínicas do parto, divididas em 1 o , 2 o paulatinamente, com aumento gradual,
e 3 o período. Após o secundamento (ou 3 o especialmente após 36 semanas, como
período), nomea-se 4 o período a primeira hora consequência do incremento, na intensidade e na
do pós-parto, assim individualizada. frequência das contrações de Braxton-Hicks,
apresentando melhor coordenação e envolvendo
áreas cada vez maiores.
Diagnóstico do Trabalho de Parto
No pré-parto, acentua-se o amolecimento do colo,
Clinicamente, o diagnóstico do início real do parto combinado ao apagamento, que anuncia a
nem sempre será estabelecido facilmente. É incorporação da cérvice ao segmento inferior, e
necessário considerar o trabalho parturiente como caracteriza-se a maturidade, a ser avaliada
síndrome: os elementos que a compõem não têm, clinicamente com a rotina dos exames vaginais. No
isoladamente, valor absoluto e somente o conjunto amadurecimento da cérvice, a relaxina apresenta
deles é fiador da precisão. De maneira, podem ser função relevante; trata-se de um polipeptídio
considerados: hormonal produzido pelo corpo lúteo, pela decídua
e pelo cório. Em todo o curso da gravidez, a
• Contrações dolorosas, rítmicas (no mínimo, duas relaxina também auxilia as transformações do
em 10 min), que se estendem a todo o útero e têm tecido de conexão, peculiares ao ciclo gestativo,
duração de 50 a 60 s. consignadas em muitos locais anatômicos, servindo
também de mediador da dilatação cervical e das
• Doze contrações por hora (2/10 min) é sinal alterações histológicas coincidentes com o
importante de trabalho de parto verdadeiro ou amadurecimento progressivo do colo, e que não se
iminente. distinguem das induzidas artificialmente pelas
prostaglandinas.
• A fase ativa do parto pode não ter se iniciado com
5 cm de dilatação em multíparas e até com Além disso, é importante ressaltar a orientação e o
dilatação maior em nulíparas. abaixamento do colo, posto que o parto só tem
início com essa porção da matriz posicionada no
• Formação da bolsa-das-águas. centro do eixo vaginal, após ou no momento de sua
descida em relação à fenda vulvar.
• Perda do tampão mucoso, denunciando o
apagamento do colo. O falso trabalho de parto e as contrações dolorosas
do pré-parto são quadros clínicos frequentes no
Período premunitório (pré-parto)  final da gravidez; apresentam em comum as
metrossístoles, de ritmo irregular e sem fatores convergentes (bolsa das águas e
coordenação, que, pelo fato de não produzirem apresentação).
modificações do colo, são um diferencial no
diagnóstico do verdadeiro trabalho. Assim, é difícil Às dores praeparantes (dores preparatórias) do
e, muitas vezes, até mesmo impossível determinar período premunitório sucedem-se as dolores
o exato momento do início do parto, que poderá praesagiantes (dores de presságio ou sinalização)
começar de modo gradual, quase insensível. da fase de dilatação, quando o trabalho de parto
desencadeado é visível até para aqueles sem
Há quem chame fase latente o final do pré-parto ou experiência diagnóstica.
o início do trabalho, quando as contrações uterinas,
embora rítmicas, não determinam ainda a dilatação Durante o 1º período, abre-se o diafragma
progressiva do colo. cervicossegmentário e o canal do parto se forma,
isto é, a continuidade do trajeto uterovaginal, com
Períodos do trabalho de parto: dois fenômenos a predominar: o apagamento do
colo (ou desaparecimento do espaço cervical),
incorporado à cavidade uterina, e a dilatação da
cérvice, ao fim da qual as suas bordas limitantes
ficam reduzidas a simples relevos, aplicados às
paredes vaginais. Portanto, o apagamento e a
dilatação são fenômenos distintos, que, nas
primíparas, se processam nessa ordem sucessiva.

Nas multíparas, ocorre a simultaneidade dos dois: o


colo se desmancha em sincronismo com a
dilatação. O orifício externo do colo vai se
ampliando, pouco e pouco, de modo a criar espaço
em que o líquido amniótico será coletado,
tumefazendo as membranas ovulares (âmnio e
cório), descoladas do istmo. A bolsa das águas é o
polo inferior do óvulo; a princípio, ela se insinua
pelo orifício interno do colo, cujos lábios transmitem
a onda contratural, mantém-se tensa no momento
da contração, relaxando-se nos intervalos. Ao
iniciar-se o 1º período, passa a ter contato cada vez
mais direto com a cérvice e, à semelhança de cone,
interpõe-se entre as bordas.

Em 80% dos casos, a ruptura (amniotomia), com


evasão parcial do conteúdo líquido do óvulo, ocorre
Fases na Mãe: no final da dilatação ou no início da expulsão. Com
relação à cronologia, as rupturas âmnicas são
consideradas prematuras quando não houver
trabalho de parto; precoces, no início do parto;
oportunas, quando ocorrem ao final da dilatação; e
tardias, quando sobrevêm concomitantes à
expulsão do feto, que, ao nascer envolto pelas
membranas, é chamado feto empelicado.

Ainda com relação às rupturas, é possível


classificá-las como espontâneas, quando ocorrem
sem envolvimento médico; provocadas ou artificiais,
quando decorrem da ação direta do parteiro
©       Fase de Dilatação (1º período) (utilizando dedo ou instrumentos); e intempestivas,
quando acarretam prolapsos, procidências ou
Inicia-se a fase de dilatação com as contrações escape quase total do líquido amniótico.
uterinas dolorosas (que começam a modificar
ativamente a cérvice) e termina quando a sua A ruptura das membranas que ocorre no parto pode
ampliação está completa (10 cm). Cerca de 70% ser atribuída ao enfraquecimento generalizado,
das parturientes referem dor da contração uterina atuando as contrações uterinas e o repetido
no hipogástrio, 20% na região sacra e 10% em estiramento.
ambos os lugares. O colo dilata-se graças ao efeito
de tração das fibras longitudinais do corpo, que se
encurta durante as contrações uterinas, e de outros
Aos poucos, a vulva se entreabre, dilata-se
lentamente e se deixa penetrar pela apresentação,
coifada ou não; após muito esforço, o feto se
desprende do leito materno, ao qual ficará ligado
unicamente pelo cordão umbilical. Ocorre a
eliminação do líquido amniótico remanescente na
cavidade uterina, mesclado a uma quantidade
pequena de sangue, decorrentes do parto.

Em seguida, o útero se retrai, ficando o seu fundus


na cicatriz umbilical. A parturiente, exausta pelos
esforços despendidos, sente uma euforia
compensadora após o trabalho de parto, seguida de
©       Fase de Expulsão (2º período)
relaxamento geral (fase de repouso clínico), apesar
da coexistência de contrações uterinas, que
Inicia-se quando a dilatação está completa e se
persistem com a mesma intensidade e frequência,
encerra com a saída do feto. Caracteriza-se,
mas indolores.
fundamentalmente, pela associação sincrônica às
metrossístoles, da força contrátil do diafragma e da
parede abdominal, cujas formações
musculoaponeuróticas, ao se retesarem, formam
cinta muscular forte, que comprime o útero de cima
para baixo e de frente para trás.

No curso do 2º período, ocorre a sucessão das


contrações uterinas, cada vez mais intensas e
frequentes, com intervalos progressivamente
menores, até adquirirem o aspecto subintrante de
cinco contrações em cada 10 min. Por efeito das
metrossístoles, o feto é propelido através do canal
do parto, franqueia o colo dilatado e passa a
distender lenta e progressivamente a parede inferior
do diafragma vulvoperineal, depois de palmilhar a
vagina.

São movimentos de reptação, de vaivém, que a


apresentação descreve ao impulso das
metrossístoles e da musculatura do abdome. Ao
comprimir as paredes vaginais, o reto e a bexiga, o
polo inferior do feto provoca, por via reflexa, o
aparecimento das contrações voluntárias da prensa
abdominal. Assim, origina-se a “vontade de
espremer”, os puxos, movimentos enérgicos da
parede do ventre, semelhantes aos suscitados pela
evacuação ou micção penosas.

Para maior eficiência do período expulsivo, é


necessário que dois fatores estejam presentes e
somados: sístole involuntária do útero e
contração voluntária da prensa abdominal. Assistência no procedimento na posição em
vértice:
A parturiente imobiliza o tórax, firmando os braços
em pontos de apoio no leito; interrompe a  Proteger a área caso ela apresente
respiração e abaixa o diafragma como nos evacuação
movimentos expiratórios violentos, executando forte
contração da musculatura abdominal. Por efeito de Sobre a posição vertical
tal esforço, a apresentação desce pelo canal do
parto, cumprindo os tempos preliminares do A mulher permanecendo na posição vertical faz com
mecanismo de expulsão; passa a pressionar o que suas pernas funcionem como uma alavanca para
períneo, que se deixa distender, encosta-se às a pelve, o que facilita a abertura da passagem/estreito
paredes do reto, elimina o conteúdo ocasional e inferior da pelve, tornando-a uma passagem mais fácil
turgesce o ânus. Além disso, a urina flui, aos jatos, para o feto. Dessa maneira, favorece um aumento de
pelo meato. Inter faeces et urinas nascimur (o
28% no espaço interior do estreito inferior da bacia
nascimento se dá entre fezes e urina).
pélvica . Quando a parturiente está em uma posição Mais de 5 milênios decorreram até que a
vertical, ela muda a curvatura do sacro e o ângulo da Obstetrícia moderna pudesse sublimar-se
parte do feto se apresenta criando uma curvatura ao que atualmente é na mulher civilizada:
sacral em C, em vez de S (como quando se está
a proteção integral à grávida e a seu
deitada), o que facilita para o feto avançar na pelve.
Concomitantemente a isso, um outro mecanismo
concepto, em todo o ciclo gestatório e na
favorece a descida fetal. assistência ao parto. 
A duração do trabalho de parto ativo
Trata-se daquele mecanismo em que os ossos da pode variar: 
cabeça fetal são capazes de se moldarem em resposta - nas primíparas dura em média 8 horas e
a um ajuste rígido com que a apresentação se depara. é pouco provável que dure mais que 18
Estes dois mecanismos acontecem a fim de tornar o horas; 
nascimento do feto tão seguro quanto possível, e, por
- nas multíparas dura em média 5 horas e
outro lado, a preferência das mulheres por uma
postura vertical demonstra suas capacidades é pouco provável que dure mais que 12
instintivas para buscar maneiras fáceis e efetivas de horas.
dar à luz
Assistência à dilatação
Duração Normal do Trabalho de Parto Cuidados iniciais. 
Serão dispensados cuidados imediatos à
Na primíparas, a fase latente dura, em média, 20 h;
parturiente, incluindo higiene corporal e
nas multíparas, 14 h. O parto propriamente dito
fornecimento de vestuário apropriado.
(fase ativa) tem o período de dilatação completo em
torno de 12 h, nas primíparas, e de 7 h nas Anteriormente, recomendava-se a tricotomia do
multíparas; a expulsão leva, respectivamente, 50 e monte de Vênus e da genitália externa, bem
20 min. como enema intestinal. A tricotomia era ultimada,
a fim de reduzir-se a incidência de infecções na
Contudo, com a assistência ativa à parturição, a episiotomia, bem como para facilitar a episiorrafia
maioria dos partos normais ocorre dentro de 6 h. e propiciar melhor higiene no pós-parto. Por não
Em mulheres sem analgesia, por exemplo, é normal haver aumento da morbidade nas pacientes não
considerar a duração do período expulsivo de até 2 submetidas a esse procedimento, recomenda-se
h em primíparas e 1 h em multíparas. Sob que ele apenas seja realizado com a solicitação
anestesia peridural, essa duração se eleva para 3 h da parturiente. 
em primíparas e 2 h em multíparas. Da mesma maneira, o enteroclisma, que era
realizado para diminuir o risco de infecção
Assistência ao parto perineal e neonatal e exercer efeito benéfico
 A assistência ao parto em domicílio não junto às contrações uterinas e à descida do feto
é recomendável, pelo fato de ser pelo desfiladeiro pélvico, mostrou ser incapaz de
diminuir a incidência de infecções maternas ou
aleatória, cheia de riscos imanentes e fetais, além de propiciar desconforto às pacientes
incapaz de alcançar, por falta de recursos e onerar a assistência médica prestada, devendo
imediatos, (Rezende desatualizado) os ser realizado quando acertado previamente com
objetivos básicos da Obstetrícia: amparar, a paciente. 
com razoável segurança, o binômio Reconhecemos que durante o trabalho de parto,
o parto e o puerpério, em toda a estada na
materno-fetal.  maternidade, a presença de um acompanhante à
A espera resignada e fatalista do parto escolha da parturiente oferece conforto psíquico,
vaginal pôde ser modificada com o segurança e estímulo, além de ser um elemento
desenvolvimento da fisiopatologia da alentador, contribuindo na assistência ao parto. 
contração uterina, que possibilitou As maternidades devem se adequar física e
logisticamente para a recepção desse
governá-lo, encurtar-lhe as fases,
acompanhante, com a elaboração de protocolos
monitorá-lo e induzi-lo; com o que discriminem a atuação desse novo
aperfeiçoamento da anestesiologia, participante na assistência ao parto.
passou a ser indolor e, por meio dos
préstimos da operação cesariana, ▶ Toque vaginal. 
cristalizada em técnica de simplicidade Realizar em 4/4h
Trata-se do toque vaginal uni ou bidigital. Para
extrema e resultados insuperáveis.  efetuá-lo – e jamais dispensando os cuidados
prévios de antissepsia e de assepsia, da região
vulvoperineal e das mãos do parteiro, essas tem contato com o períneo, o que ocorrerá no
corretamente enluvadas – afastam-se as ninfas e período de expulsão.
introduzem-se na vagina os dedos indicador e
médio, ou apenas o primeiro, untados em Após o toque, retirados os dedos, é sempre
vaselina esterilizada ou sabão líquido.  recomendável verificar as secreções que tingem
 O exame procurará explorar sucessivamente: o a luva nas extremidades digitais, visto que,
colo (apagamento, dilatação, orientação e assim, será possível identificar líquido meconial
consistência), a bolsa das águas e a ou sangue com odor diverso, o que possibilitará o
apresentação (posição, variedade, altura e diagnóstico do sofrimento fetal, de síndromes
proporcionalidade à bacia, além de outros hemorrágicas ou de infecção. 
detalhes como a flexão e o assinclitismo).
Ao toque, as diversas partes fetais apresentam ▶ Bolsa das águas. 
caracteres específicos, o que possibilita sua Em geral, é fácil diagnosticar a ruptura das
identificação. A apresentação cefálica mostra-se membranas. A gestante nesse caso, percebe a
como corpo duro, arredondado e liso, em que se perda líquida pela vagina, acusando-a, de
percebem as suturas e fontanelas. maneira incisiva, quando surge antes do início do
No decurso do trabalho de parto, os ossos da trabalho de parto. Empurrando-se levemente a
abóbada craniana se sobrepõem, uns apresentação para cima, durante o toque, jorra o
acavalando os outros, as suturas não são líquido amniótico nas amniorrexes consumadas;
percebidas como espaço membranoso, mas se se as membranas estiverem intactas, ele se
exibem como cristas ósseas; das fontanelas, acumula entre essas e o polo fetal, ficando mais
apenas a bregmática tem essas características tensas durante as contrações uterinas.
de espaço membranoso, sentindo-se o lâmbda Por meio do tato, é possível distinguir a superfície
como superfície angular. do couro cabeludo ou as pregas genitais (na
São considerados fenômenos plásticos, apresentação pélvica), da superfície lisa das
fisiológicos, de redução de diâmetros, membranas.
favorecendo a acomodação e a migração do polo As dificuldades despontam se ela é chata,
cefálico. diretamente aplicada contra a apresentação ou
O dedo explorador percorre a área ocupada pela presente a bossa serossanguínea. O obstetra
região fetal que se apresenta até encontrar a deve certificar a integridade das páreas,
linha de orientação, que varia com o caso: sutura examinando-as durante as metrossístoles, antes
sagital, nas apresentações de cabeça fletida. Em de praticar a amniotomia, sobretudo a
seguida, procura-se reconhecer o ponto de instrumental, causadora de incidentais
referência fetal, que, nas cefálicas fletidas, é o tocotraumatismos do concepto. 
lâmbda ou pequena fontanela. Aos mais jovens
na área de Obstetrícia, serve de alento a
A ruptura das membranas deve ser realizada
sentença: os dedos, com o hábito, se alongam.
apenas quando houver alguma indicação formal
Do mesmo modo, o número de toques deve ser
como: na necessidade de finalizar o parto; nas
reduzido ao mínimo necessário, sendo difícil
distocias funcionais; ao avaliar o líquido
estabelecer regras para todos os casos. A
amniótico e a variedade de posição (quando não
evolução clínica da parturição ditará a conduta
se consegue fazê-lo estando a bolsa íntegra) ou
dos exames vaginais e os intervalos entre eles.
programando-se parto operatório (como deverá
Toques frequentes e sem apuro técnico são
ocorrer nas cardiopatas, por exemplo). De acordo
traumatizantes para os tecidos maternos,
com a evidência atual, a ruptura artificial não
provocam edema da cérvice e propiciam a
deve ser realizada de rotina, visto que a
infecção ovular e da genitália. 
amniotomia isolada não se mostrou efetiva para
acelerar o parto que progride lentamente, bem
▶ Altura da apresentação. No como aumentou a incidência de cesariana e de
acompanhamento da evolução do parto, é cardiotocografia anormal. 
importante observar, juntamente com a dilatação Indicada a amniotomia, será realizada durante a
cervical, a altura da apresentação. Nas contração uterina, quando a bolsa das águas
primíparas, ao início do trabalho, a apresentação retesar-se. Na falta do instrumento próprio
está no nível das espinhas ciáticas (nível “0”) e (amniótomo), é possível utilizar um dos ramos da
diz-se que está insinuada. Nas multíparas, a pinça de Pozzi, que se introduz cuidadosamente
insinuação ocorre somente no fim da dilatação ou protegido pelo dedo e deve romper o saco
no começo da expulsão; durante a maior parte do âmnico o mais altamente possível, principalmente
trabalho, a apresentação permanece alta; e está quando houver bolsa volumosa, muito tensa, ou a
baixa quando, após ter sofrido a rotação interna apresentação estiver móvel, acima do estreito
(sutura sagital no eixo anteroposterior da bacia), superior. Nessa oportunidade, é útil fixá-la,
pressionando o fundo do útero ou imobilizando o
polo apresentado, enquanto o dedo permanece 10%, por via venosa. Não há, contudo,
junto ao orifício da ruptura, para impedir o evidência que suporte o jejum universal nas
deflúvio precipitado do líquido amniótico, a parturientes. 
carrear, em alude, cordão ou membros do feto. O Não pode ingerir leite, porque ele é considerado
líquido amniótico que escoa deve ser sólido
convenientemente examinado. Corado por
mecônio, esverdeado, indica sofrimento do feto, ▶ Deambulação.
presente ou já ocorrido.  A parturiente poderá locomover-se durante o
período de dilatação, até a ruptura das
membranas, e desde que não esteja sob
analgotocia. Depois, será mais prudente
permanecer no leito, em decúbito lateral, para
melhoria das contrações uterinas e da
oxigenação fetal. No primeiro período de
dilatação, ausculta cardíaca fetal.

▶ Cateterismo vesical
Impossível a micção espontânea e se houver
presunção de bexiga repleta. Não esquecer os
rigores da assepsia e da antissepsia (perigo de
infecção ascendente). A bexiga cheia, que
▶ Vitalidade do concepto.  aumenta a dor durante as contrações, ocasiona
A auscultação dos batimentos cardíacos do feto distocias e várias dificuldades durante os atos
(bcf) é um procedimento indispensável para operatórios e no decurso do parto espontâneo. 
examinar a vitabilidade durante o trabalho de
parto. Os ruídos do coração constituem a única ▶ Faixas abdominais
manifestação clínica objetiva de funcionamento  São benéficas quando é necessário corrigir
do aparelho circulatório do concepto; vigiando-os, posições uterinas anômalas; nas multíparas, em
será possível diagnosticar o sofrimento e instituir maior número, a matriz fica frequentemente
as medidas pertinentes. Em geral, para a desviada para os lados, o que provoca a falta de
percepção e a contagem das revoluções convergência entre o seu eixo longitudinal e o
cardíacas do concepto, empregava-se o canal da parturição.
estetoscópio de Pinard, atualmente em desuso,
substituído pelo sonar-Doppler, e a ausculta é ▶ Ocitocina 
feita, na fase de dilatação, 30 s após o término
Embora acelere o trabalho de parto, aumentando
da contração, a cada 30 min. Na pausa
a intensidade e a frequência das contrações
intercontrátil, o número de ruídos mantém-se, em
uterinas, seu uso deve ser limitado aos casos em
geral, entre 110 e 160 bpm, em média 140 bpm.
que está hipoativa a dinâmica da matriz;A
perfusão venosa é a única a ser utilizada. Se
▶ Alimentação diluirmos 2 U de ocitocina, ou seja, 2.000 mU em
Durante o pré-natal, a paciente deve ser 1.000 mℓ (ou 1 U em 500 mℓ) e da solução
orientada a perceber a sintomatologia clínica da administrarmos 10 gotas (1/2 mℓ) por minuto,
chegada do trabalho de parto. Em geral, as daremos 1 mU/min, isto é, 1 U de perfusão. 
dolores praeparantes deveriam sinalizar a Qualquer perfusão venosa deve ser iniciada com
proximidade do parto e a necessidade de ingerir 1 mU/min, passando-se, decorrido algum tempo,
apenas alimentos leves, devendo-se abster de e se necessário, para 2 mU/min (20 gotas), 4 (40
grandes refeições.  No momento do trabalho de gotas) e até 8 mU/min (80 gotas); doses maiores
parto, os alimentos sólidos ficam proibidos, são consideradas imprudentes. 
devidos aos riscos inerentes às anestesias em A resposta do útero à ocitocina, no período de
tais condições. Nas gestantes de baixo risco, dilatação, é quase imediata. É imoprtante a
poderá ser permitida a ingesta de pequenas observação atenta da perfusão, repetindo-se
quantidades de líquidos claros (água, sucos de periodicamente a contagem do gotejo, a variar
fruta sem polpa e chás), em comum acordo constantemente; é fundamental averiguar,
entre o obstetra e o anestesista. repetidamente, a frequência das contrações e
Contudo, nos casos com maior risco para sua duração, bem como auscultar,
cesariana (obesas, diabéticas, com via aérea cuidadosamente, os bcf. 
difícil), o jejum parece ser a melhor opção. Se
houver necessidade de hidratação (dias ▶ Meperidina
quentes, muitas horas de trabalho de parto),
A meperidina ou petidina é utilizada
são utilizadas soluções glicosadas a 5 ou
preferentemente pela via intramuscular, na dose
de 50 mg, com um intervalo de, no mínimo, 2 h. sentada, em cadeira obstétrica, ou até colocando
A  depressão do recém-nascido torna-se maior a paciente de cócoras. Nada justifica o modismo,
quando o medicamento é empregado distante do que atrapalha a assistência correta da expulsão,
nascimento. As repercussões ominosas no dificultando, ao extremo, o emprego do
recém-nascido são menores se a administração monitoramento e da episiotomia.
da meperidina for efetuada nas duas últimas Embora evidências mostrem que os partos de
horas que antecedem o final do parto. A cócoras e na água não cursem com maior índice
meperidina, que não tem qualquer ação inibidora de lacerações perineais, não os recomendamos. 
na contratilidade uterina, pode, ao contrário, Por ocasião da expulsão, a paciente deverá ser
coordená-la, pela sedação que determina. colocada na posição de dar à luz; decúbito dorsal
com flexão máxima das coxas sobre o abdome e
▶ Bloqueio combinado raquidiano-peridural abdução dos joelhos.
(BCRP).  Trata-se da postura de Laborie-Duncan, que
Consiste na injeção de opioide subaracnóideo e a objetiva ampliar o estreito inferior e,
passagem de cateter peridural no mesmo escancarando o períneo e a vulva, vai favorecer
procedimento e, de preferência, por uma única a libertação do concepto e as intervenções
punção (técnica conhecida como agulha através obstétricas vaginais. 
de agulha ou coaxial). Em geral, inicia-se com 4 a Nas bordas laterais, as mesas de parto contêm
5 cm de dilatação. O BCRP reúne o início rápido braçadeiras, para apoio das mãos, e perneiras
da raquidiana com a extensão e a duração do metálicas, providas de estribos, destinadas à
bloqueio por intermédio do cateter peridural. sustentação dos membros inferiores. 
Classificam-se como complicações do BCRP: A vitabilidade do concepto será acompanhada
vômito, prurido, hipotensão, retenção urinária e o auscultando-lhe os batimentos cardíacos a cada
período expulsivo prolongado, exigindo maior 10 min. 
emprego do fórceps.  Com a parturiente em posição, é feita a
antissepsia da região perineal (polivinil ou
similar); a seguir, colocam-se os campos
esterilizados de maneira a isolar, cobrindo-as,
todas as partes maternas, exceto a vulva. O
parteiro se prepara com gorro, máscara
(cerrando nariz e boca), avental e luvas
esterilizadas. 

Assistência à expulsão 
Ao iniciar o segundo período, a parturiente, em
geral, fica agitada e a maioria delas apresenta o ▶ Anestesia locorregional
desejo de defecar; modifica-se o caráter das Quando se pretende terminar o parto com
metrossístoles, que aumentam de frequência e bloqueio anestésico locorregional, é conveniente
de intensidade, somando-se ainda a contração empregar analgesia durante o 1 o período, para
voluntária da prensa abdominal.  elevar o limiar da dor (meperidina). Inicialmente,
Quando a mulher se esforça espontaneamente, a procede-se ao bloqueio troncular do nervo
dilatação se completa e a apresentação fica bem pudendo interno, na extremidade da espinha
penetrada na escavação. Como se originam de ciático.
músculos estriados da parede do abdome, as Em geral, o emprego de 40 a 50 mℓ de solução
contrações expulsivas estão, em parte, de lidocaína (xilocaína) a 1% ou de cloridrato de
submetidas à vontade; assim, no começo do 2 o procaína (novocaína), também a 1%, em cada
período, a parturiente é capaz de comandá-las, lado do períneo, proporciona bloqueio anestésico
intensificando ou abrandando-as. satisfatório com relaxamento do assoalho pélvico.
Se, no 1 o período, a paciente pode assumir a Salienta-se a importância de, antes de iniciar a
posição que melhor lhe convier, deambular, infiltração anestésica, proceder-se à aspiração
sentar-se ou recostar-se, isso não ocorre no 2 o prévia, a fim de evitar punção acidental de vaso.
período. Tem-se tentado reinventar anacronismo, ▶ Bloqueio combinado
usando, por ocasião da expulsão, posição
 Utilizado já no período de dilatação, serve para a
anestesia do período expulsivo. 

▶ Episiotomia (Não é mais regra geral)


Proteção ao períneo. Na proteção do períneo,
não se deve prolongar por tempo excessivo a
contrapressão sobre o polo apresentado do feto; 
A episiotomia é uma incisão cirúrgica
vulvoperineal (lateral )que tenciona impedir ou
diminuir o trauma dos tecidos do canal do parto,
favorecendo a descida e a liberação do
feto. Bloqueio em forma de leque, anestesia o
nervo pudendo. Na hora da contração corta entre
os dois dedos. Episiotomia em suas principais modalidades: mediana
(perineotomia) e mediolateral (que tem a nossa preferência).

O momento adequado para executar a


episiotomia depende de prever-se, com
segurança, o fim da expulsão; o início de sua ▶ Manobra de Kristeller (Não faz mais parte
execução ocorre antes que a apresentação do protocolo)
esteja a distender acentuadamente o períneo, Por vezes, a expressão do fundo do útero poderá
evitando não apenas a lesão da pele, mas dos ser efetuada por ajudante qualificado. Esta
planos musculoaponeuróticos comprometidos técnica é denominada manobra de Kristeller. Não
pelas soluções de continuidade efetuadas de é o procedimento inofensivo. Desarranja a
dentro para fora. contratilidade uterina, produz hipertonia,
A episiotomia, quase sempre, é indispensável repercutindo ominosamente na vitabilidade fetal;
nas primiparturientes e nas multíparas nas quais pode culminar inclusive com descolamento
tenha sido anteriormente praticada. Feita com prematuro de placenta e embolia amniótica.
tesoura ou bisturi, poderá ser mediana ▶ Fórceps de alívio (Não é procedimento de
(perineotomia) e mediolateral, sendo esta a de rotina)
nossa preferência. Havendo o menor impedimento à progressão da
Procedimento denominado manobra de Ritgen, cabeça, é aconselhável terminar o parto a
que consiste na aplicação de pressão moderada fórceps, uma intervenção profilática. Seus tipos:
ao queixo fetal (nas apresentações em OP). A fórceps de alívio, complementar ou de
episiotomia mediana eleva o risco de extensão desprendimento. Ao final da expulsão, por estar
para o reto e o comprometimento do esfíncter extremamente difundida a administração de
externo do ânus (laceração do 3 o e do 4 o grau), analgotocia que afasta ou estorva a possibilidade
e, portanto, de incontinência fecal tardia. de esforços expulsivos maternos, passou a ser
muito frequente o emprego do fórceps baixo.

▶ Assistência ao desprendimento dos ombros


Após o nascimento do polo cefálico, explora-se a
região cervical do concepto em busca de
circulares do cordão que, presentes, serão
desfeitas ou seccionadas. Finalizada a rotação
externa da cabeça, o parteiro apreende com
ambas as mãos a apresentação, traciona para
baixo – com objetivo de liberar o ombro anterior –
e depois para cima, auxiliando a saída do
posterior. Durante a expulsão do ombro anterior,
ou logo que for possível, eis o momento
adequado para a injeção IM de 10 UI de
ocitocina, com o que se consegue reduzir as
perdas sanguíneas no secundamento,
apressando a dequitação.

Episiorrafia. A. Incisão entreaberta, mostrando os diversos


planos a suturar. B. Sutura da mucosa vaginal, em pontos
separados, principiando pelo ângulo superior. C. É o tempo
seguinte à síntese muscular, não representada, e ao
fechamento do tecido subcutâneo, também em pontos
separados. D. Sutura da pele com pontos simples ou de
Donati.
▶ Revisão da vagina e do colo
Deve ser sistemática e não apenas quando o
parto for cirúrgico ou ocorrer sangramento
anormal. Em geral, a revisão é realizada quando Hipotonia X Hipertonia uterina
o secundamento é finalizado. Se não houver A hipotonia uterina (tônus inferior a 8 mmHg)
hemorragia ou ruptura de extensão considerável, ocorre muito raramente e, em geral, está
rasgaduras pequenas não requerem maiores associada à hipoatividade. Conduta: ocitocina
cuidados, visto que, em geral, ficam muito endovenosa: 2 a 8 mU/minuto
reduzidas quando são superados o edema e a A hipertonia é muito mais frequente e, de acordo
congestão das primeiras 24 h. É aconselhável, no com sua magnitude, divide-se em: fraca (12 a 20
entanto, nas de maior importância, que mesmo mmHg), média (20 a 30 mmHg) e forte (acima de
exangues, seja feita a síntese no momento da 30 mmHg). Clinicamente, é fácil distinguir “útero
revisão do colo, sendo boa prática procedida mole” (tônus normal, de 10 mmHg) e “duro”
imediatamente depois de completado o parto, (palpação no momento de uma contração de
como profilaxia de futuras lesões.  intensidade entre 30 e 40 mmHg).
Contrariamente, estando o tônus uterino acima
▶ Episiorrafia. Em geral, o reparo da episiotomia de 30 mmHg, torna-se difícil perceber as
é feito após o secundamento, evitando que os contrações (“útero muito duro”); além de 40
pontos sejam rompidos durante o parto da mmHg, não se consegue deprimir a parede
placenta, especialmente ao utilizar a extração uterina. 
manual. A sutura inicia pelo ângulo superior da Conduta: Esvaziamento da polidramnia. Decúbito
ferida, na vagina usamos pontos separados de lateral esquerdo. Oxigênio sob cateter nasal.
categute n o 2-0, cromado, na mucosa vaginal, Correção das discinesias. Analgesia peridural Em
no plano muscular e no tecido conjuntivo difuso. casos extremos, prescrever tocolíticos. Quando
A pele é aproximada por pontos simples ou de do descolamento prematuro da placenta ou do
Donati, do mesmo fio, que se soltam insucesso na correção da hipertonia com
espontaneamente em alguns dias.  repercussões na saúde fetal, indicar operação
cesariana.

Partograma 
Partograma é a representação gráfica do
trabalho de parto que possibilita acompanhar a
sua evolução, documentar, diagnosticar
alterações e indicar a tomada de condutas
apropriadas para a correção dos desvios,
evitando intervenções desnecessárias.
O partograma é um documento oficial que deve ser A primeira parte é a identificação da paciente. Cada
preenchido a partir do momento que a gestante entra serviço pode ter um cabeçalho especificado, mas
em trabalho de parto. Como o partograma é parte do normalmente temos o nome
prontuário, ele deve ser corretamente preenchido e completo, documento/atendimento, idade da
aberto na hora correta. gestante e idade gestacional.

Abre o partograma: Dilatação e altura do feto


OMS: 5cm
A segunda parte refere ao acompanhamento
MS: 6cm da dilatação e a altura do feto, duas informações que
devem ser anotadas a cada toque vaginal que for
Indicações: realizado. O preenchimento é feito a partir da
• Acompanhar a evolução do TP esquerda para a direita e além das outras duas
• Documentar o TP informações, é necessário anotar a hora real e/ou a
• Diagnosticar alterações no TP hora de registro.
• Indicar a tomada de condutas apropriadas
• Evitar intervenções desnecessárias

A curva de dilatação cervical se processa de


forma ascendente, com menor velocidade de
dilatação inicialmente. No final, após 4 cm de
dilatação, a velocidade aumenta
espontaneamente. 
Essa diferenciação na velocidade da
cervicodilatação caracteriza a fase latente (inicial)
 O triângulo é referente a dilatação e está
e a fase ativa (final). Na fase latente do trabalho
correlacionado com a escala à esquerda.
de parto, a conduta é expectante. Em muitas
mulheres, a duração é superior a 20 h e os
ocitócicos devem ser evitados pelo risco • Já o círculo representa a altura do feto, respeitando
aumentado de cesárea, decorrente do colo os planos de De Lee ou de Hodge.
desfavorável. 
Na forma mais comum de montagem do Temos também duas linhas: a linha de alerta e a linha
partograma, utiliza-se papel quadriculado, de ação. Elas podem estar presentes ou não no
colocando nas abscissas (eixo X) o tempo em partograma, se não estiverem será de
horas e, nas ordenadas (eixo Y), em centímetros, responsabilidade de quem abre o partograma
a dilatação cervical à esquerda e a descida da desenhá-las.
apresentação à direita. Para a descida da
apresentação, considera-se o plano zero de Ambas estão em um ângulo de 45 graus e devem
DeLee ou o correspondente plano III de Hodge – estar espaçadas em 4 quadrados. E a linha de alerta
espinhas ciáticas do estreito médio da bacia;
deve começar na segunda hora do partograma.
acima desse ponto, estão os valores negativos e,
abaixo, os positivos.
●     Linha de Alerta: o trabalho de parto deve
Na construção do partograma, existem duas acompanhar a linha, por isso, se a representação do
linhas paralelas denominadas linhas de alerta e parto ultrapassar essa linha, devemos prestar
de ação. Quando a dilatação atinge ou cruza a atenção.
linha de alerta, isso significa a necessidade de
melhor observação clínica; a intervenção médica ●     Linha de Ação: mostra a necessidade de
torna-se necessária somente quando a curva de intervenção, não necessariamente cesárea!
dilatação cervical atinge a linha de ação, o que
não significa conduta cirúrgica. Batimentos Fetais
Como preencher um partograma
A terceira parte é o registro de Batimentos Fetais e
O partograma compreende 4 partes, que devem ser deve ser marcado apenas com um ponto na
preenchidas de hora em hora, ou quando a gestante frequência que o feto apresenta no momento do
for reavaliada. exame.

Identificação da paciente
Em seguida, há o registro das contrações. Para as registra-se a dilatação cervical com um triângulo, e a
contrações efetivas, deve-se preencher todo o apresentação e a respectiva variedade de posição
são representadas por uma circunferência
quadrado. Se elas não forem efetivas, mas durarem
•O padrão das contrações uterinas e dos BCF, a
entre 20 e 39 segundos, pinta-se apenas metade do infusão de líquidos, fármacos e o uso de analgesia
quadrado, traçando uma linha na diagonal. O número devem ser devidamente registrados
de quadrados que pintar, representa a quantidade de •A dilatação cervical inicial é marcada no ponto
contrações em 10 minutos. correspondente do gráfico, traçando-se na hora
imediatamente seguinte a linha de alerta e, em
paralelo, 4 h após, sinala-se a linha de ação, desde
que a parturiente esteja na fase ativa de parto (no
mínimo, 1 cm/h de dilatação).

Uso (ou não) de ocitocina, aspecto do líquido


amniótico e aspecto da bolsa

A quarta e última parte, é onde será anotado se há ou


não uso de ocitocina, o aspecto do líquido amniótico
e o aspecto da bolsa.
Curva de Friedman de evolução do parto: dilatação/tempo.
• BOLSA: A bolsa pode estar íntegra (I) ou rota (R) Valores médios normais em primíparas.
As principais características do parto normal são:
• LÍQUIDO AMNIÓTICO (LA): o líquido pode ser claro
(LC) ou meconial (LM). Lembrando que apenas com o •Início espontâneo
rompimento da bolsa é possível avaliar o líquido
•Apresentação cefálica de vértice, única
amniótico.
•Gravidez a termo (37 a 42 semanas)
• OCITOCINA: é importante marcar a dose que está
sendo utilizada •Nenhuma intervenção artificial

•Duração < 12 h em primíparas e < 8 h em


multíparas.

Na evolução normal do trabalho de parto, a curva de


dilatação cervical se processa à esquerda da linha de
ação; quando essa curva ultrapassa a linha de ação,
Atenção! O partograma faz parte do prontuário trata-se de parto disfuncional
médico, portanto ao preencher uma coluna
(correspondente a uma hora) o examinador deve
assinar, indicando que ele realizou o exame.

Para a construção do partograma, algumas


observações são necessárias: 
 No partograma, cada divisória
corresponde a 1 h na abscissa (eixo X) e
1 cm de dilatação cervical e de descida da
apresentação na ordenada (eixo Y) 
 Inicia-se o registro gráfico quando a
parturiente estiver na fase ativa do
trabalho de parto (2 a 3 contrações
generalizadas em 10 min, dilatação
cervical mínima de 3 a 4 cm)
Os toques vaginais são realizados a cada 2 h. Em
cada toque, deve-se anotar a dilatação cervical, a
altura da apresentação, a variedade de posição e as
condições da bolsa das águas e do líquido amniótico;
quando a bolsa estiver rompida, por convenção,
permitam o monitoramento e o tratamento adequados
materno e fetal
•A admissão na sala de parto pode ser postergada
em mulheres na fase latente quando forem normais o
estado materno e o fetal
•Em contraste com o limiar de 4 cm para a dilatação
cervical, o início da fase ativa do parto para muitas
mulheres pode não ocorrer até 5 a 6 cm
•A realização dos puxos durante a contração no
período expulsivo pode ser feita com a glote aberta
ou fechada (manobra de Valsalva)
•O profissional de saúde deve estar familiarizado com
pouca intervenção em mulheres de baixo risco em
trabalho de parto espontâneo.

Secundamento (dequitação)
Secundamento, ou 3o período do parto, também
chamado decedura e delivramento, é o estágio da
parturição que se processa após o nascimento do feto e
se caracteriza por descolamento (dequitação ou
dequitadura), descida e expulsão ou desprendimento da
placenta e de seus anexos para fora das vias genitais.
Quando as três fases que o constituem se processam de
modo regular, é bem característico seu mecanismo.

Fisiologia
O secundamento consta de três tempos fundamentais, os
quais são descritos a seguir.

▶ Descolamento. Decorre, essencialmente, da retração do


músculo uterino após o parto fetal e em consequência de
suas contrações. Assim, reduz-se de maneira acentuada a
superfície interna do útero, pregueando-se a zona de
inserção da placenta, o que vai ocasionar o seu
descolamento.

A placenta se descola como se destacaria um selo colado a


uma superfície elástica, previamente distendida, quando
essa se retraísse.

A decídua não fica passiva a esses fenômenos contráteis,


mas cede e se descola ao nível da zona não resistente
(camada esponjosa). A separação da placenta nos limites da
esponjosa se explica por esse mecanismo e também pela
existência de processos degenerativos e necróticos que aí
se iniciaram nas últimas semanas da gravidez. A clivagem
tem continuidade em plena espessura da decídua parietal,
que se destaca e sai com as membranas ovulares.

No ponto em que se iniciou o descolamento, forma-se o


Pouca intervenção | Recomendações hematoma retroplacentário. Expande-se por entre as
(ACOG, 2017) paredes do útero e os cotilédones, e pode, em certas
circunstâncias, favorecer a dequitadura da placenta a cada
O uso alargado do monitoramento eletrônico contínuo onda contrátil.
da frequência cardíaca fetal não melhorou o
prognóstico em mulheres com gravidez de baixo risco
O descolamento da placenta ocorre de acordo com dois
•A ausculta intermitente com o sonar-Doppler é tipos de mecanismos: mecanismo de Baudelocque-
adequada para mulheres de baixo risco Schultze e mecanismo de Baudelocque-Duncan.
•Mulheres cujo parto está progredindo normalmente
não necessitam de infusão rotineira de líquidos O mecanismo de Baudelocque-Schultze, cuja frequência
intravenosos é de 75%, ocorre quando a placenta inserida na parte
•A hidratação oral deve ser encorajada para repor superior do útero inverte-se e se desprende pela face fetal,
líquidos e calorias em formato de guarda-chuva.
•A amniotomia de rotina não é necessária em Nesse caso, o hematoma retroplacentário inicia-se no centro
mulheres cujo parto esteja progredindo normalmente da inserção e fica prisioneiro da massa placentária, o que
explica sua saída ulterior.
•Mudanças de posição frequentes durante o parto
para realçar o conforto materno e promover a ótima
posição fetal podem ser adotadas desde que
certa quantidade de sangue, até que se obliterem pelo
mecanismo descrito por Pinard (ligaduras vivas),
subsecutivo à retração uterina.

Quarto período 
É também chamado de período de Greenberg, que
considera a primeira hora após a saída da placenta um
momento tão importante que lhe reserva uma das fases
do parto, pelos riscos de hemorragia e pelo descuido
quase universal daqueles que acompanham nossas
puérperas.
A seguir, estão listadas as fases típicas que
caracterizam o 4o período.
▶ Miotamponagem. Imediatamente após a expulsão da
placenta, o útero se contrai e é palpável em um ponto
intermediário entre o púbis e o umbigo. A retração inicial
determina a laqueadura viva dos vasos uterinos,
constituindo a primeira linha de defesa contra a
hemorragia.
▶ Trombotamponagem. Trata-se da formação de
trombos nos grandes vasos uteroplacentários,
No mecanismo de Baudelocque-Duncan (25% dos constituindo hematoma intrauterino que recobre, de
casos), se a placenta estiver localizada na parede modo contínuo, a ferida aberta no local placentário.
lateral do útero, a desinserção começa pela borda Esses trombos são aderentes, pois os coágulos
inferior. Aqui, o sangue se exterioriza antes da continuam com os mencionados trombos dos grandes
placenta, que, por deslizamento, se apresenta ao colo vasos sanguíneos uteroplacentários. É a segunda linha
pela borda ou pela face materna. de defesa contra a hemorragia, quando o estágio de
contração fixa do útero ainda não foi alcançado. A
contração do miométrio e a pressão do trombo
determinam o equilíbrio miotrombótico.
▶ Indiferença miouterina. O útero se torna “apático” e, do
ponto de vista dinâmico, apresenta fases de contração e
de relaxamento, com o perigo de encher-se
progressivamente de sangue. Maior a paridade ou mais
prolongados os três primeiros estágios do parto, tende a
crescer o tempo de indiferença miouterina. O mesmo
ocorreria após partos excessivamente rápidos,
polidrâmnio, gravidez múltipla e feto macrossômico,
devido à excessiva distensão do útero.
▶ Contração uterina fixa. Normalmente, após 1 h, o útero
Dessa maneira, a placenta se separa e cai no adquire maior tônus e assim se mantém.
segmento inferior, sequência que se completa com a
descida.
Globo de Segurança de Pinard
O descolamento das membranas ocorre, também, por
contrações e pregueamento do útero e, Imediatamente após o parto, o fundo do útero
subsequentemente, pela queda e descida da placenta. deve ser palpado acima da cicatriz umbilical,
▶ Descida. As contrações uterinas, que não cessam, e a sendo esperado que ele passe
possível ação da gravidade condicionam a migração da fisiologicamente a ter um bom tônus, firme,
placenta, que se cumpre de acordo com a modalidade do móvel e indolor, ao nível justo acima da
descolamento, a locação placentária e a maior ou menor
facilidade com que se desprendem as membranas. Do
cicatriz umbilical. Esse achado propedêutico
corpo uterino, a placenta passa ao segmento inferior, que pode ser descrito como Globo de Segurança
então se distende, percorre a cérvice e cai na vagina. de Pinard, Sinal de Pinard, Globo de
▶ Expulsão ou desprendimento. No canal vaginal, a Segurança ou até mesmo Ligaduras Vivas de
placenta provoca nova sensação de puxo, determinando Pinar, representado a devida contração, e,
esforços abdominais semelhantes aos do 2 o período do então, processo de involução uterina. Dessa
parto, responsáveis pela expulsão do órgão para o
exterior. maneira, a contração do órgão realiza a
Se o descolamento da placenta for fenômeno normal oclusão dos vasos sanguíneos periféricos,
e ativo, nem sempre a sua expulsão será pela vagina na obliteração e trombose dos vasos mais
mulher civilizada, que dá à luz em decúbito dorsal e sob calibrosos e intramiometriais, para evitar uma
analgotocia. Nessas condições, ela permanecerá retida,
criando dificuldades, sendo necessária, quase sempre, a
possível hemorragia.
intervenção do obstetra.
No antigo local de inserção da placenta, forma-se Palpa o útero e ele está consistente, tendo a
ferida viva, com os seus vasos abertos, dando saída a contração uterina
Assistência | Conduta ativa no materna voltada para cima, afastam-se as membranas
que podem mascarar o exame e removem-se todos os
secundamento coágulos de sua superfície.
▶ Face materna. Apresenta-se com aspecto brilhante,
Normalmente, o secundamento dura entre 5 e 10 min. corresponde à decídua compacta que saiu aderida aos
Se a duração exceder 30 min, considera-se cotilédones; as áreas sem brilho decorrem da ausência
secundamento prolongado. de decídua, que ficou no útero.
A conduta ativa no secundamento é a maneira efetiva A retenção de um ou mais cotilédones traduz-se por
de prevenir a hemorragia pós-parto. Ela propõe a falha na massa placentária, com nítida depressão.
administração de ocitocina (10 UI) IM após o
desprendimento do ombro anterior (Federação Brasileira ▶ Face fetal. É necessário verificar o ponto de inserção
das Associações de Ginecologia e Obstetrícia do cordão e a integridade do âmnio, que, quando
Alternativamente ao emprego da ocitocina IM, pode-se desprendido, deve ser reconstituído até cobrir totalmente
administrar 5 UI de ocitocina lentamente por injeção a massa placentária.
intravenosa como agente uterotônico em mulheres
submetidas à operação cesariana. Como 2 a linha, ainda
temos as seguintes opções: metilergonovina 0,2 mg IM,
em mulheres não hipertensas, ou misoprostol 400 a 800
μg oral. Em seguida, executa-se a tração controlada do Assistência ao Recém-
cordão, a extração da placenta e, finalmente, a
massagem do útero. Esse conjunto de ações reduz em
Nascido na Sala de Parto
até 2/3 a ocorrência da hemorragia pós-parto. A ligadura
precoce do cordão não mais faz parte da conduta ativa
no secundamento Passos para fazer após o nascimento do RN:
APAS (Aquecer, Posicionar, Aspirar e Secar).
A assistência imediata ao recém-nascido começa com
o desprendimento da cabeça, quando se procede à
limpeza da face.
Logo após o nascimento, a primeira atenção é tomada
quanto ao estabelecimento da respiração; o recém-
nascido normal respira e chora logo após o parto.
▶ Aspiração das mucosidades. Com gaze esterilizada,
completa-se a limpeza do rosto da criança, e, se houver
secreções, a boca e as narinas são cuidadosamente
aspiradas com sonda de borracha mole para evitar
traumatismo das mucosas. O recém-nascido será
colocado com a cabeça mais baixa que o corpo, a fim de
facilitar o escoamento das secreções.
▶ Índice de Apgar. Em 1952, Virginia Apgar, médica
anestesista norte-americana, propôs novo método de
Para a recepção da placenta, com o cuidado de não avaliação clínica do recém-nascido com 1 min de vida. O
romper as membranas, geralmente exerce-se movimento índice de Apgar comporta cinco variáveis: frequência
de torção das páreas (manobra de Jacob-Dublin). cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular,
Certifique-se de que o útero não fique amolecido após irritabilidade reflexa e cor, cada uma recebendo nota 0, 1
a massagem, e se está formado o globo de segurança de e 2. Atualmente, o índice de Apgar é computado no 1 o e
Pinard, a indicar boa retração uterina. no 5o minuto após o nascimento. O índice de Apgar de 5
Expelida a placenta, deve-se fazer a antissepsia dos min de 7 a 10 é normal; o ≤ 3 foi considerado indicador
genitais externos, inspecionando-se cuidadosamente a de asfixia intraparto. Contudo, o índice de Apgar de 5 min
vulva, a vagina e o colo, procurando-se descobrir isoladamente não é preditivo de comprometimento
rupturas ou dilacerações que devem ser imediatamente neurológico, pois sofre influência de muitos outros
suturadas, assepticamente e sob anestesia, se não o fatores, tais como imaturidade fisiológica, medicações
foram antes, apenas havido o parto fetal. maternas e existência de malformações congênitas.
Embora o índice de Apgar seja conveniente para reportar
o estado geral do recém-nascido, não se há de esperar 1
Exame da placenta e dos anexos ovulares min para o início da reanimação cardiopulmonar quando
indicada, certamente, por outros sinais 

Tabela 14.1Contagem do
índice de Apgar.

  Nota
A inspeção da placenta deve ser feita após o
secundamento, colocando-a sobre a mesa; com face
instilação de solução aquosa de iodopovidona a 2,5%
Sinal 0 1 2 no olho do recém-nascido.
▶ Identificação. A identificação será realizada na sala de
parto, quando mãe e filho ainda estiverem nela. Será
Frequênci Ausen < 100 > 100 utilizado bracelete nos punhos ou tornozelos,
a te confeccionado com material à prova de água ou de
óleos. No bracelete, será escrito, com tinta indelével, o
(bat/min) nome completo da mãe, o sexo da criança, a data e a
hora de nascimento. É aconselhável que a
maternidade, além do sistema de identificação descrito,
Respiraç Ausen Fraca, Forte, colete também as impressões plantares da criança e
ão te irregular regular digitais da mãe, na mesma papeleta do registro de parto.
(choro (choro No recém-nascido, a impressão plantar é mais fácil de
débil) vigoroso) ser coletada que a palmar. A atual legislação torna
obrigatória essa obtenção das impressões plantares do
recém-nascido.
Tônus Flacid Flexão Movimento
▶ Fenômenos plásticos no concepto. Sofre a
muscular ez pequena s ativos apresentação, com frequência, e para melhor se adaptar
das generaliza ao canal do parto, as mais variadas deformações e
extremida dos moldagens, de acordo com o tipo e as particularidades
des do polo, os contatos estabelecidos e as impulsões que
recebe.
As transformações da estrutura tegumentar surgem
Irritabilida Ausen Caretas Choro nos vários segmentos do feto: cabeça, nádegas, ombros
de te etc.
reflexa* A infiltração dos tegumentos do polo apresentado,
invadido o tecido conjuntivo difuso por serosidade e
sangue, chama-se bossa serossanguínea. A pele é rósea
Cor Azul, Corpo Corpo todo ou violácea e limitada por tecido anormal; forma-se pelas
pálido róseo, róseo diferenças de pressão ocorridas, com dificuldades
extremida opostas à circulação de retorno nos tecidos que a
des azuis compõem.
As bossas são: saliência mole, pastosa, algumas
▶ Ligadura do cordão. Faz-se o esmagamento do vezes mais consistente, quase dura; quando cefálicas,
cordão com duas pinças, em torno de 4 cm de distância seus limites não se detêm nas fontanelas ou suturas,
do abdome. Antes do pinçamento, deve-se proceder ao invadindo inteiramente a apresentação e configurando,
exame do funículo, para que se não esmague parte do pelo inusitado tamanho, outra cabeça (caput
conteúdo abdominal caso esteja ali localizada (hérnias). succedaneum), a mascarar os pontos de reparo dela,
com os inevitáveis erros de diagnóstico decorrentes
O cordão é seccionado entre as duas pinças, e a (Figura 14.21).
ligadura se faz com fio esterilizado, ou com um pequeno
anel de borracha que constringe a extremidade distal do Os infiltrados serossanguíneos, independentemente
coto umbilical. de sua localização, reabsorvem-se, em geral, 48 h após
o parto.
▶ Ligadura tardia do cordão. Em virtude dos benefícios
para a maioria dos recém-nascidos (aumento do nível de ▶ Céfalo-hematoma. Trata-se do acúmulo de sangue
hemoglobina e melhora das reservas de ferro nos entre a superfície dos ossos do crânio e o periósteo,
primeiros meses de vida) e concordante com outras causado pelas rupturas vasculares em consequência de
organizações profissionais, o ACOG (2017) agora fricções da cabeça do feto contra as proeminências da
recomenda uma demora na ligadura do cordão de no pelve materna. Geralmente solitários, às vezes múltiplos,
mínimo 30 a 60 segundos após o parto nos infantes têm consistência mole no centro, endurecida nas bordas,
vigorosos de termo e de pré-termo. Nos recém-nascidos e contornos nítidos; por não excederem os limites do
de pré-termo, os benefícios da ligadura tardia do cordão osso craniano em que se encontram, essas
são mais significativos, incluindo melhora na circulação características possibilitam diferenciá-los do caput
de transição, volume de hemácias, diminuição da succedaneum.
necessidade de transfusão sanguínea e menor incidência Assistência imediata ao recém-nascido:
de enterocolite necrosante e hemorragia intraventricular.
No infante de termo, a ligadura tardia do cordão pode Os principais objetivos da assistência imediata são:
levar a um pequeno aumento na incidência de recém- proporcionar a todos os recém-nascidos condições
nascidos que necessitam de fototerapia. Por outro lado, a ótimas que visam auxiliá-los em sua adaptação à vida
ligadura tardia do cordão não aumenta o risco de extra-uterina e estar preparado para intervir naqueles
hemorragia pós-parto. casos que apresentem condições patológicas que
coloquem em risco sua vida. Para a assistência ao
▶ Profilaxia da oftalmia gonocócica. A ophtalmia recém-nascido normal, que constitui a maioria das
neonatorum contraída durante o parto é atualmente situações, nada mais deve ser feito além de se enxugar,
ocorrência rara, graças à profilaxia sistemática com aquecer, avaliar e entregar à mãe para um contato íntimo
colírio. O método de Credè (nitrato de prata) está e precoce. Todos os procedimentos habituais como
obsoleto, pois é irritativo para a conjuntiva. A Sociedade pesar, aplicar a Vitamina K e Credê e outros, devem ser
Brasileira de Pediatria (SBP, 2013) recomenda a realizados após o contato da mãe com seu filho.
Em toda sala de parto deve estar presente pelo menos uma gota em cada olho; O tempo de administração da
um profissional capacitado a reanimar de maneira rápida profilaxia da oftalmia neonatal pode ser ampliado em até
e efetiva, mesmo quando se espera um RN saudável. A 4 horas após o nascimento. 3 Recomenda-se a utilização
reanimação do recém-nascido é um procedimento da pomada de eritromicina a 0,5% e, como alternativa,
relativamente simples, mas que requer perícia e tetraciclina a 1% para realização da profilaxia da oftalmia
treinamento, devendo ser feita apenas para situações neonatal. A utilização de nitrato de prata a 1% deve ser
onde, de fato, exista a necessidade de tais manobras, reservado apenas em caso de não se dispor de
sendo desaconselhável realizar procedimentos eritromicina ou tetraciclina.
desnecessários apenas como parte de uma rotina pré-
Teodopovidina é indicado para a oftalmia
estabelecida.
• lavar o estomago, se o líquido amniótico for meconial,
Para fornecer esta assistência, é fundamental dispor de
sanguinolento ou purulento, com água destilada ou soro
um profissional capacitado, idealmente um pediatra, além
fisiológico; 
de enfermagem treinada para atender o RN, em
quantidade e nível de capacitação dependentes do grau • colocar o RN para mamar logo que finalizar as medidas
de complexidade da instituição. de atendimento após o nascimento; 
Deverá realizar os seguintes procedimentos: • tomar peso, estatura, perímetro cefálico. 
 • preencher a ficha do RN com dados da história familiar • prescrever Vitamina K, 1 mg IM, para a profilaxia da
e materna, pregressos e atuais, e do trabalho de parto;  doença hemorrágica. A vitamina K deve ser administrada
por via intramuscular, na dose única de 1 mg, pois este
• dispor sobre a mesa de atendimento do RN o seguinte
método apresenta a melhor relação de custo-efetividade.
material: 
Se os pais recusarem a administração intramuscular,
• Uma sonda de aspiração traqueal para cada RN; Não deve ser oferecida a administração oral da vitamina K e
se recomenda a aspiração orofaringeana e nem eles devem ser advertidos que este método deve seguir
nasofaringeana sistemática do recém-nascido as recomendações do fabricante e exige múltiplas doses.
saudável A dose oral é de 2 mg ao nascimento ou logo após,
seguida por uma dose de 2 mg entre o quarto e o sétimo
• Soro fisiológico; 
dia.  8 Para recém-nascidos em aleitamento materno
• Luvas; exclusivo, em adição às recomendações para todos os
- Gaze esterilizada, anel de borracha e/ou de plástico neonatos, uma dose de 2 mg via oral deve ser
(dispositivo específico) e material para ligadura de cordão administrada após 4 a 7 semanas, por causa dos níveis
(pinças e tesoura); e  variáveis e baixos da vitamina K no leite materno e a
inadequada produção endógena
• Manter disponível, para qualquer emergência, o
material e medicação para reanimação; • registrar, na ficha do RN, sua impressão plantar e digital
do polegar direito e do polegar direito da mãe; 
• receber o RN, secá-lo e colocar em campo estéril e
aquecido sob o calor radiante;  • examinar a placenta; 

Secar o recém- nascido, para evitar a hipotermia • colher sangue da mãe para tipagem sangüínea e
reação sorológica para sífilis, quando indicado.
• levar o RN à mãe; 
Coletar sangue de cordão para análise de pH (tipagem
• identificar o RN com uma braçadeira, com o nome da sanguínea e sorologias) em recém-nascidos com
mãe, no antebraço e tornozelo;  alterações clínicas, tais como respiração irregular e tônus
• em partos múltiplos, a ordem de nascimento deverá ser diminuído. Não fazer a coleta de maneira rotineira e
especificada nas pulseiras através de números (1, 2, 3, 4, universal.
etc.), após o nome da mãe;  Se houver mecônio significativo e a criança estiver
• passar a sonda nasogástrica para excluir atresia de saudável, a mesma deve ser observada em uma unidade
coanas e esôfago; Não se recomenda realizar a com acesso imediato a um neonatologista. Essas
passagem sistemática de sonda nasogástrica e nem observações devem ser realizadas com 1 e 2 horas de
retal para descartar atresias no recém-nascido vida e depois de 2 em 2 horas por 12 horas. Se não
saudável. houver mecônio significativo, observar o recém-nascido
com 1 e 2 horas de vida em todos os locais de parto
• verificar a vitalidade do RN atavés do índice de Apgar
no 1 ° e 5° minutos, e, daí em diante, de 5 em 5 minutos, Contato físico, hora dourada, aleitamento materno
até que o Apgar seja maior que 7;  Exame físico: FC e FR
6 Realizar o índice de Apgar ao primeiro e quinto minutos Após a assistência imediata ao recém-nascido, quando
de vida, rotineiramente.  não foi possível antes do nascimento, deve-se realizar
• laquear o cordão a uma distância de 2cm do anel anamnese detalhada abordando a identificação, todos os
umbilical, usando álcool etílico a 70%. antecedentes familiares e maternos, da gestação, do
trabalho de parto e parto. O exame do RN deve ser
Verificar a presença de uma veia e duas artérias;  minucioso, feito em local e condições satisfatórias,
Realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 5 incluindo todos os órgãos e sistemas passíveis de serem
minutos ou de forma fisiológica quando cessar a avaliados clinicamente.
pulsação, exceto se houver alguma contra indicação em
relação ao cordão ou necessidade de reanimação
Assistência de Enfermagem:
neonatal.
• A profilaxia da oftalmia neonatal deve ser realizada de
rotina nos cuidados com o recém-nascido. Pingar nitrato
de prata a 1% (preparar diariamente em frasco escuro),
o Encorajar e aconselhar a mulher a permanecer ou
retornar para casa, levando em consideração as suas
preocupações, a distância entre a sua casa e o local do
parto e o risco deste acontecer sem assistência.

 Está em trabalho de parto estabelecido (≥ 4 cm de


dilatação cervical)

 Admitir para assistência


Cuidados de enfermagem em cada período:
Registrar as seguintes observações no primeiro
- Nas primíparas dura em média 8 horas e é pouco período do trabalho de parto:
provável que dure mais que 18 horas;
- Nas multíparas dura em média 5 horas e é pouco  Frequência das contrações uterinas de 1 em 1 hora
provável que dure mais que 12 horas.
 Pulso de 1 em 1 hora

Assistência no primeiro período de parto  Temperatura e PA de 4 em 4 horas

 Frequência da diurese
Diagnóstico do início do trabalho de parto e momento
de admissão para assistência ou início da assistência  Exame vaginal de 4 em 4 horas ou se houver alguma
no domicílio. preocupação com o progresso do parto ou em
 Incluir o seguinte quando da avaliação resposta aos desejos da mulher (após palpação
precoce ou triagem de trabalho de parto em abdominal e avaliação de perdas vaginais).
qualquer local de assistência: Um partograma com linha de ação de 4 horas deve ser
 Indagar à mulher como ela está e sobre os seus utilizado para o registro do progresso do parto,
desejos, expectativas e preocupações. modelo da OMS ou equivalente.

Transferir a mulher para uma maternidade baseada


 Indagar sobre os movimentos da criança, incluindo
em hospital ou solicitar assistência de médico
qualquer mudança nos mesmos.
obstetra, se o mesmo não for o profissional
 Oferecer informações sobre o que a mulher pode assistente, se qualquer uma das seguintes condições
esperar na fase de latência do trabalho de parto e o forem atingidas, a não ser que os riscos da
que fazer se sentir dor. transferência supere os benefícios.

 Oferecer informações sobre o que esperar quando  Observações da mulher:


procurar assistência.
Pulso >120 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de
 Estabelecer um plano de cuidados com a mulher, intervalo
incluindo orientação de quando e com quem contatar
o PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110
posteriormente.
mmHg em uma única medida
 Oferecer orientação e apoio para o(s)
o PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg
acompanhante(s) da mulher.
em 2 medidas consecutivas com 30 minutos de
 Se uma mulher busca orientação ou intervalo
assistência em uma maternidade ou unidade
o Proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida
de parto extra, peri ou intra-hospitalar:
de PA sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg
 E não está em trabalho de parto estabelecido (≤ 3
o Temperatura de 38°C ou mais em uma única medida
cm de dilatação cervical):
OU 37,5°C ou mais em 2 ocasiões consecutivas com 1
o Ter em mente que a mulher pode estar tendo hora de intervalo
contrações dolorosas, sem mudanças cervicais, e
o Qualquer sangramento vaginal, exceto eliminação
embora ainda não esteja em trabalho de parto ativo,
de tampão
ela pode sentir que está pela sua própria definição. o
Oferecer apoio individual e alívio da dor se necessário. Presença de mecônio significativo
Dor relatada pela mulher que difere da dor  a atitude da mulher, se postura mais ativa ou
normalmente associada às contrações o Progresso não;
lento confirmado do primeiro e segundo períodos do  estado emocional da mulher;
trabalho de parto  o tipo de apoio e suporte físico e emocional que
a mulher estiver recebendo;
o Solicitação da mulher de alívio da dor por analgesia
regional  paridade;
 dilatação e mudanças cervicais;
o Emergência obstétrica – incluindo hemorragia
anteparto, prolapso de cordão, convulsão ou colapso  contrações uterinas;
materno ou necessidade de ressuscitação neonatal  altura e posição da apresentação.
avançada. OBS:
Observações fetais: - Diante da suspeita de falha de progresso no primeiro
estágio do trabalho de parto, considerar a realização de
o Qualquer apresentação anômala, incluindo amniotomia se as membranas estiverem íntegras.
apresentação de cordão Explicar o procedimento e avisar que o mesmo irá
diminuir o trabalho de parto por cerca de 1 hora e pode
o Situação transversa ou oblíqua aumentar a intensidade e dor das contrações.
o Apresentação cefálica alta (-3/3 De Lee) ou móvel - Se a amniotomia for ou não realizada, realizar um
em uma nulípara exame vaginal após 2 horas e confirmar falha de
progresso se a dilatação progredir menos que 1 cm.
o Suspeita de restrição de crescimento intra-uterino Se for confirmada falha de progresso no primeiro
ou macrossomia estágio do parto:
o Suspeita de anidrâmnio ou polihidrâmnio A mulher deve ser transferida para assistência sob
responsabilidade de médico obstetra, se não estiver sob
o Frequência cardíaca fetal (FCF) < 110 ou > 160 bpm seus cuidados. O mesmo deverá realizar uma revisão e
diagnosticar a falha de progresso e decidir sobre as
o Desacelerações da FCF à ausculta intermitente opções de conduta, incluindo o uso de ocitocina.
Se mecônio significativo (verde escuro ou preto, Explicar que o uso de ocitocina após a ruptura das
grosso, tenaz, contendo grumos) estiver presente membranas irá diminuir o tempo para o parto mas não
assegurar que: influenciará no tipo de parto ou outros desfechos.
- Oferecer apoio e controle efetivo da dor a todas as
 Profissionais treinados em suporte avançado de vida mulheres com falha de progresso no primeiro estágio do
neonatal estejam presentes no momento do parto trabalho de parto.
Intervenções e medidas de rotina no primeiro - Informar às mulheres que a ocitocina irá aumentar a
período do parto frequência e intensidade das contrações e que a criança
deverá ser monitorada continuamente ou com mais
 O enema não deve ser realizado de forma frequência.
rotineira durante o trabalho de parto Oferecer analgesia peridural, se disponível, se for
 A tricotomia pubiana e perineal não deve ser indicado o uso de ocitocina.
realizada de forma rotineira durante o
Se a ocitocina for utilizada assegurar que os
trabalho de parto
incrementos na dose não sejam mais frequentes do
 A amniotomia precoce, associada ou não à
que a cada 30 minutos. Aumentar a dose de ocitocina
ocitocina, não deve ser realizada de rotina em
até haver 4-5 contrações em 10 minutos.
mulheres em trabalho de parto que estejam
progredindo bem. Realizar exame vaginal 4 horas após o início da
 As mulheres devem ser encorajadas a se ocitocina:
movimentarem e adotarem as posições que
 Se a dilatação cervical aumentou menos que 2 cm
lhes sejam mais confortáveis no trabalho de
após 4 horas, uma revisão obstétrica adicional deve
parto.
ser realizada para avaliar a necessidade de cesariana.
Se houver suspeita de falha de progresso no primeiro
estágio do trabalho de parto levar em consideração:  Se a dilatação cervical aumentou 2 cm ou mais após
4 horas, continuar observação do progresso do parto.
 o ambiente onde a mulher está sendo assistida;
Assistência no segundo período do parto - Na maioria das mulheres o parto deve ocorrer no prazo
de 3 horas após o início da fase ativa do segundo
o segundo período do parto deverá ser definido como: período;
• fase inicial ou passiva (Latente): dilatação total do colo - A confirmação de falha de progresso no segundo
sem sensação de puxo involuntário ou parturiente com período deve ser feita quando este durar mais de 2
analgesia e a cabeça do feto ainda relativamente alta na horas e a mulher deve ser encaminhada, ou assistência
pelve; adicional solicitada, a médico treinado na realização de
parto vaginal operatório, se o nascimento não for
• fase ativa: dilatação total do colo, cabeça do bebê
iminente.
visível, contrações de expulsão ou esforço materno ativo
após a confirmação da dilatação completa do colo do  Multíparas:
útero, na ausência das contrações de expulsão. - Na maioria das mulheres o parto deve ocorrer no prazo
A duração do trabalho de parto ativo pode variar de 2 horas após o início da fase ativa do segundo
período;
Deve-se desencorajar a mulher a ficar em posição
supina, decúbito dorsal horizontal, ou posição semi- - A confirmação de falha de progresso no segundo
supina no segundo período do trabalho de parto. A período deve ser feita quando este durar mais de 1 hora
e a mulher deve ser encaminhada, ou assistência
mulher deve se incentivada a adotar qualquer outra
adicional solicitada, a médico treinado na realização de
posição que ela achar mais confortável incluindo as parto vaginal operatório, se o nascimento não for
posições de cócoras, lateral ou quatro apoios. iminente.
Ambiente de assistência, posições e imersão em água Falha de progresso no segundo período do parto
 A mulher deve ser incentivada a adotar  Se houver prolongamento do segundo período
qualquer outra posição que ela achar mais do trabalho de parto, ou se a mulher estiver
confortável incluindo as posições de cócoras, excessivamente estressada, promover medidas
lateral ou quatro apoios. de apoio e encorajamento e avaliar a
necessidade de analgesia/anestesia.
 Informar às mulheres que há insuficiência de
evidências de alta qualidade, tanto para apoiar  Se as contrações forem inadequadas no início
como para desencorajar o parto na água. do segundo período, considerar o uso de
ocitocina e realização de analgesia regional.
Puxos e manobra de Kristeller
 Para as nulíparas, suspeitar de prolongamento
 Deve-se apoiar a realização de puxos
se o progresso (em termos de rotação ou
espontâneos no segundo período do trabalho de
descida da apresentação) não for adequado
parto em mulheres sem analgesia, evitando os
após 1 hora de segundo período ativo. Realizar
puxos dirigidos.
amniotomia se as membranas estiverem
 Caso o puxo espontâneo seja ineficaz ou se intactas.
solicitado pela mulher, deve-se oferecer outras
 Para as multíparas, suspeitar de prolongamento
estratégias para auxiliar o nascimento, tais
se o progresso (em termos de rotação ou
como suporte, mudança de posição,
descida da apresentação) não for adequado
esvaziamento da bexiga e encorajamento.
após 30 minutos de segundo estágio ativo.
 Em mulheres com analgesia regional, após a Realizar amniotomia se as membranas
confirmação da dilatação cervical completa, o estiverem intactas.
puxo deve ser adiado por pelo menos 1 hora ou
 Após a avaliação obstétrica inicial, manter a
mais, se a mulher o desejar, exceto se a mulher
revisão a cada 15-30 minutos.
quiser realizar o puxo ou a cabeça do bebê
estiver visível. Após 1 hora a mulher deve ser  Considerar o uso de parto instrumental (vácuo-
incentivada ativamente para realizar o puxo extrator ou fórceps) se não houver segurança
durante as contrações. quanto ao bem estar fetal ou prolongamento do
segundo período.
 A manobra de Kristeller não deve ser realizada
no segundo período do trabalho de parto.  Se a mulher recusar anestesia ou a mesma não
estiver disponível, realizar um bloqueio de
pudendo combinado com anestesia local do
Para a conduta na falha de progresso do segundo períneo durante o parto instrumental.
período deve-se considerar a paridade, da seguinte
 Orientar a mulher e realizar uma cesariana se o
maneira:
parto vaginal não for possível.
 Nulíparas:

Cuidados com o períneo


 Não se recomenda a massagem perineal A ocitocina é a medicação de primeira escolha para
durante o segundo período do parto. prevenção de hemorragia pós parto porque se mostrou
 Considerar aplicação de compressas mornas mais efetiva e com menos efeitos colaterais. Deve-se
utilizar 10U de ocitocina intramuscular após o
no períneo no segundo período do parto.
nascimento e antes do clampeamento e corte do cordão
 Não se recomenda a aplicação de spray de umbilical. A ocitocina é preferível, pois está associada
lidocaína para reduzir a dor perineal no com menos efeitos colaterais do que a ocitocina
segundo período do parto. associada à ergometrina.
 Tanto a técnica de ‘mãos sobre’ (proteger o • Após a administração de ocitocina, pinçar e seccionar o
períneo e flexionar a cabeça fetal) quanto a cordão.
técnica de ‘mãos prontas’ (com as mãos sem
• Não realizar a secção do cordão antes de 1 minuto
tocar o períneo e a cabeça fetal, mas após o nascimento, a menos que haja necessidade de
preparadas para tal) podem ser utilizadas para manobras de ressuscitação neonatal.
facilitar o parto espontâneo.
• Pinçar o cordão antes de 5 minutos após o nascimento
 Se a técnica de ‘mãos sobre’ for utilizada, para realizar a tração controlada do cordão como parte
controlar a deflexão da cabeça e orientar à da conduta ativa.
mulher para não empurrar nesse momento.
• Se uma mulher solicitar o clampeamento e secção do
 Não realizar episiotomia de rotina durante o cordão após 5 minutos, apoiá-la em sua escolha.
parto vaginal espontâneo.
 Se uma episiotomia for realizada, a sua
indicação deve ser justificada, recomendando- O manejo fisiológico do terceiro período do parto
se a médio-lateral originando na fúrcula envolve um pacote de cuidados que inclui os
vaginal e direcionada para o lado direito, com seguintes componentes:
um ângulo do eixo vertical entre 45 e 60
 sem uso rotineiro de uterotônicos
graus.
 clampemento do cordão após parar a
 Assegurar analgesia efetiva antes da
pulsação
realização de uma episiotomia.
 expulsão da placenta por esforço materno
Assistência no terceiro período do parto Considerar terceiro período prolongado após
Reconhecer que o período imediatamente após o decorridos 30 minutos.
nascimento é um período bastante sensível, quando a Manter observação rigorosa da mulher, com as
mulher e seus acompanhantes vão finalmente seguintes avaliações:
conhecer a criança. Assegurar que a assistência e
qualquer intervenção que for realizada levem em  condição física geral, através da coloração de
consideração esse momento, no sentido de minimizar pele e mucosas, respiração e sensação de
a separação entre mãe e filho. bem-estar;
 perda sanguínea
- É o momento desde o nascimento da criança até a
expulsão da placenta e membranas. Se houver hemorragia, retenção placentária, colapso
- Considerar terceiro período prolongado após materno ou qualquer outra preocupação quanto ao
decorridos 30 minutos. bem-estar da mulher:
 Solicitar assistência de médico obstetra para
assumir o caso, se este não for o profissional
O manejo ativo do terceiro período envolve um assistente no momento;
pacote de intervenções com os seguintes
 Instalar acesso venoso calibroso e informar a
componentes: puérpera sobre a situação e os procedimentos
 uso rotineiro de drogas uterotônicas previstos;
 clampeamento e secção precoce do cordão  Se o parto ocorreu em domicilio ou unidade de
umbilical parto extra ou peri-hospitalar, a puérpera deve
ser transferida imediatamente para uma
 tração controlada do cordão após sinais de
maternidade baseada em hospital.
separação placentária.
- Após a secção do cordão realizar tração controlada do
- É recomendada na assistência ao terceiro período do mesmo.
parto pois está associado com menor risco de
hemorragia e transfusão sanguínea.
- A tração controlada do cordão, como parte da conduta Após a secção do cordão realizar tração controlada do
ativa, só deve ser realizada após administração de mesmo.
ocitocina e sinais de separação da placenta.
A tração controlada do cordão, como parte do
Mudar da conduta expectante para a conduta ativa se
ocorrer: manejo ativo, só deve ser realizada após
administração de ocitocina e sinais de separação da
 Hemorragia;
placenta.
 A placenta não dequitou 1 hora após o parto.
Documentar o momento do clampeamento do cordão
- Oferecer a conduta ativa, quando a mulher prefere
encurtar o terceiro estágio do trabalho de parto. tanto no manejo ativo, quanto no manejo expectante

- Se uma mulher apresentar fatores de risco para Cuidados maternos imediatamente após o parto
hemorragia pós-parto, isso deve ser registrado no seu Observação e monitoração da mulher imediatamente
prontuário e cartão de pré-natal, para que um plano de após o parto.
assistência no terceiro período do parto seja realizado.
Retenção placentária Realizar as seguintes observações da mulher logo
após o parto:
 Providenciar um acesso venoso calibroso.
 Não usar Ocitocina IV adicional de rotina para  Temperatura, pulso e pressão arterial.
desprendimento da placenta.
 Lóquios e contrações uterinas uterinas.
 Usar Ocitocina IV adicional de rotina para
desprendimento da placenta, se houver  Examinar a placenta e membranas: avaliar suas
hemorragia. condições, estrutura, integridade e vasos umbilicais.
 Realizar exame vaginal minucioso. Oferecer
 Avaliação precoce das condições emocionais da
analgesia para este procedimento e
providenciar, se a mulher demandar. mulher em resposta ao trabalho de parto e parto.

 Providenciar transferência antes da exploração  Micção bem sucedida.


uterina, se o parto ocorreu em uma modalidade
extra-hospitalar. Não realizar remoção manual  Transferir a mulher ou solicitar assistência de
ou cirúrgica sem analgesia adequada. médico obstetra, se este não for o profissional
responsável, se qualquer das seguintes situações
forem atingidas, a não ser que os riscos da
transferência superem os benefícios:

- Pulso >120 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de


intervalo;
- PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110 mmHg
em uma única medida;
- PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg em 2
medidas consecutivas com 30 minutos de intervalo;
- Proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida de
PA sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg;
- Temperatura de 38°C ou mais em uma única medida
OU 37,5°C ou mais em 2 ocasiões consecutivas com 1
hora de intervalo;
- Bexiga palpável e ausência de micção 6 horas após o
parto;
- Emergência obstétrica – hemorragia pós-parto,
convulsão ou colapso materno;
- Placenta retida ou incompleta;
- Lacerações perineais de terceiro e quarto graus ou
outro trauma perineal complicado.
Analisar o canal vaginal se tem presença de - Documentar a avaliação sistemática e os seus
sangramento resultados.
- Tanto as enfermeiras obstétricas ou obstetrizes, como
A placenta sem que sair de forma rotatória, por causa
os médicos obstetras envolvidos na assistência ao parto
do desprendimento das membranas, para não ficar devem estar adequadamente treinados na avaliação e
nenhum resíduo e necessitar de intervenção cirúrgica reparo do trauma genital, certificando-se que essas
como a curetagem. habilidades sejam mantidas.

Cuidados com o períneo - Aconselhar a mulher que, no caso de trauma de


primeiro grau, a ferida deve ser suturada, a fim de
- O trauma perineal ou genital deve ser definido como melhorar a cicatrização, a menos que as bordas da pele
aquele provocado por episiotomia ou lacerações, da estejam bem apostas.
seguinte maneira:
- Aconselhar a mulher que, no caso de um trauma de
 Primeiro grau: lesão apenas da pele e mucosas segundo grau, o músculo deve ser suturado, a fim de
 Segundo grau: lesão dos músculos perineais melhorar a cicatrização.
(bulboesponjoso)sem atingir o esfínciter anal Durante o reparo perineal:
 Terceiro grau: lesão do períneo envolvendo o  Assegurar analgesia efetiva com a infiltração de
complexo do esfíncter anal: até 20 ml de lidocaína 1% ou equivalente ou;
- 3ª: laceração de menos de 50% da espessura do  Realizar nova dose de anestésico peridural se a
esfíncter anal mulher estiver com cateter, ou realizar uma
- 3b: laceração de mais de 50% da espessura do esfíncter anestesia espinhal.
anal - Se houver necessidade de sutura da pele, utilizar uma
- 3c: laceração do esfíncter anal interno. técnica subcutânea contínua.
 Quarto grau: lesão do períneo envolvendo o Observar os princípios básicos seguintes ao realizar
complexo do esfíncter anal (esfíncter anal reparos perineais:
interno e externo) e o epitélio anal.  Uma boa iluminação é essencial para identificar
Antes de avaliar o trauma genital: as estruturas envolvidas.
 Explicar à mulher o que será realizado e o  O trauma de difícil reparação deve ser reparado
porquê; por um médico experiente sob anestesia local
ou geral.
 Ofereça analgesia adequada;
 Inserir um cateter vesical permanente por 24
 Assegurar boa iluminação;
horas para evitar retenção urinária.
 Posicionar a mulher de maneira confortável e
 Certifique-se de que um bom alinhamento
com boa exposição das estruturas genitais.
anatômico da ferida foi alcançado e que se dê
- Se for identificado trauma perineal, uma avaliação atenção aos resultados estéticos.
sistemática do mesmo deve ser realizada.
 Realizar exame retal após a conclusão do reparo
Avaliação sistemática do trauma genital: em casos de trauma de difícil abordagem ou de
 Explicar novamente o que será realizado e 3º ou 4º graus, para garantir que o material de
porque; sutura não foi acidentalmente inserido através
da mucosa retal.
 Providenciar analgesia local ou regional efetiva;
 Após a conclusão do reparo, documentar
 Avaliar visualmente toda a extensão do trauma, detalhadamente a extensão do trauma, o
incluindo as estruturas envolvidas, o ápice da método de reparação e os materiais usados.
lesão e o sangramento;
 Dar a informação à mulher sobre a extensão do
 Na suspeita de qualquer lesão da musculatura trauma, o alívio da dor, dieta, higiene e a
perineal, realizar exame retal para verificar se importância dos exercícios do assoalho pélvico.
ocorreu algum dano ao esfíncter anal externo e
interno. - Recomenda-se oferecer supositórios retais de anti-
inflamatórios não esteroides rotineiramente após o
- Ajudar a mulher a adotar uma posição que permita reparo do trauma perineal de primeiro e de segundo
uma visualização adequada do grau do trauma e para o grau
reparo. Manter essa posição apenas pelo tempo
necessário para a avaliação sistemática e reparo do
períneo. Se não for possível uma avaliação adequada do
trauma, a mulher deverá ser assistida por médico
obstetra.

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