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[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

trajeto da cabeça fetal, não sendo possível


calcular diretamente, sendo estimada pela
PARTO •
conjugata diagonal, subtraindo 1,5cm)
ESTREITO MÉDIO: plano que passa pelas
espinhas isquiáticas até a borda inferior da sínfise.
Representa o ponto de maior estreitamento do
canal de parto (diâmetro bi-isquiático - representa
O PARTO o plano zero de DeLee, assim, planos acima dele
são considerados centímetros negativos, e os
A evolução do trabalho de parto e o parto dependem da
abaixo dele, positivos).
harmonia de três componentes:
• ESTREITO INFERIOR: delimitado anteriormente
• MOTOR: associado às características das pela borda inferior do osso púbico, lateralmente
contrações uterinas (adiante abordado em pelos músculos sacrilíacos e posteriormente pelo
MECANISMOS DE PARTO E FASES CLÍNICAS DO músculo isquiococcígeo. A particularidade desse
PARTO); estreito é sua capacidade de modificar a extensão
• OBJETO: caracterizado pelo feto e descrito no de seu diâmetro anteroposterior em resposta à
estudo da estática fetal; dinâmica do parto. O diâmetro relevante aqui é a
• TRAJETO: relacionado às características da pelve conjugata exitus (representa o diâmetro ântero-
materna; posterior, medindo 9,5 cm em posição estática,
mas pode alcançar 11 cm após a retropulsão do
ESTUDO DO TRAJETO coccige).
O trajeto de parto estende-se do útero à fenda vulvar, ✪ Como cai em prova:
possuindo a forma de um J. É composto pelo trajeto mole
e pelo trajeto duro: • A conjugata diagonal é a medida utilizada para
estimativa da conjugata obstétrica na pelvimetria
• Trajeto mole: características da vulva, da vagina, clinica;
do colo e do segmento inferior do útero e • Diâmetro transverso do estreito médio ou
musculatura pélvica. São importantes, porém biespinha ciática: é o menor diâmetro da pelve e
menos relevantes no prognóstico do parto. mede 10 cm, representa o plano 0 de De Lee.
• Trajeto duro: características da bacia óssea
materna é o mais relevante para a avaliação do Tipos de bacia obstétrica
prognóstico do parto vaginal e alvo do estudo da
bacia obstétrica e pelvimetria
BACIA OBSTÉTRICA
A linha inominada estende-se do promontório à margem
superior da sínfise púbica, separando a bacia menor da
maior.
É a porção da bacia que está diretamente relacionada às
condições que o feto apresenta para passar pelo canal de
parto. Ela pode ser dividida em maior e menor pela linha
inominada.
✪ Como cai em prova: A BACIA MENOR ou escava é o
objeto do estudo obstétrico e, por isso, também pode
ser chamada de bacia obstétrica, portanto a partir de
agora focaremos nela.
Por mais que na realidade exista uma variedade ainda
Divisões da bacia obstétrica maior, são quatro os tipos fundamentais que aparecem nas
A bacia obstétrica pode ser dividida em três estreitos: provas de maneira didática:
• ESTREITO SUPERIOR: corresponde ao plano que • GINECÓIDE: que corresponde à bacia feminina
se estende do promontório sacral à borda superior mais comum. Tem estreito superior arredondado
da sínfise púbico. Possui 3 diâmetros importantes: sendo o de melhor prognóstico para o parto
conjugata anatômica (borda superior da sínfise vaginal.
púbica até o promontório, medindo em média 11 • ANDROIDE: Presente em até 20% das mulheres, é
cm), conjugata diagonalis (da borda inferior da semelhante a bacia masculina normal. Tem
sínfise púbica até o promontório, medindo em estreito superior triangular, sendo esta a pelve
média 12 cm) e conjugata obstétrica (medida que com pior prognóstico para parto vaginal.
realmente importa no parto e que representa o
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• ANTROPOIDE: semelhante a bacia encontrada • Suboccipitobregmático: é o menor dos diâmetros,


nos gorilas, têm estreito superior elíptico, com cerca de 9,5 cm, e é medido do suboccipício
alongado no sentido ântero-posterior. Se o bebê ao bregma;
insinuar, o prognóstico do parto vaginal é bom • Occipitomentoniano: é o maior dos diâmetros,
(especialmente em variedades de posição do pólo com cerca de 13 cm, e é medido da ponta do
cefálico anteroposterior); occipício ao mento.
• PLATIPELOIDE: Menos comum de todas, é
ANÁLISE DOS PARAMETROS DA ESTÁTICA FETAL
achatada com estreito superior oval, sendo os
maiores diametros os transversais. Como o maior Atitude fetal
diâmetro é transversal, as variedades de posição
Habitualmente, será de FLEXÃO GENERALIZADA.
do pólo cefálico transversas tem melhor
prognóstico nesta pelve. Atitude é a relação das partes fetais entre si. É a forma que
permite que o feto possa estar acomodado dentro do
ESTUDO DO OBJETO (ESTÁTICA FETAL) útero.
Estática fetal é o estudo das relações que o feto estabelece ☒ Cuidado: Quando o feto mantém a extensão de todos os
com o corpo materno, tanto com o útero quanto com a membros de forma contínua, a hipótese de atonia
bacia óssea. Os principais parâmetros avaliados na estática muscular relacionada a grave sofrimento fetal deve ser
fetal são: pensada
• Atitude; Situação fetal
• Situação;
• Posição;
• Apresentação;
• Variedade de posição.
CARACTERÍSTICAS ANATOMICAS BÁSICAS DO FETO

É a relação entre os maiores eixos do feto e do útero entre


si. As variações possíveis são:
• Longitudinal: quando o maior eixo fetal coincide
Conhecer algumas características da anatomia do crânio com o maior eixo uterino. Ocorre em 99% das
fetal é essencial para compreender os parâmetros gestações de termo;
utilizados para avaliação da estática fetal. • Obliqua: quando o maior eixo fetal está oblíquo
Fontanela posterior ou Lambdoide em relação ao maior eixo uterino. É uma situação
de transição entre o feto estabelecer-se
É a fontanela de referência da apresentação fetal mais longitudinal ou transversalmente
frequente, a cefálica fletida. • Transversal: quando o maior eixo fetal está
Tem formato triangular e é o ponto de encontro entre os perpendicular ao maior eixo uterino. Não ocorre
ossos parietais e o occipital. Classicamente, é representada comumente e está relacionada a alguns fatores
por um Y, que é usado para documentar a variedade de como: placenta de inserção anômala, gestação
posição das apresentações cefálicas fletidas múltipla, presença de miomas uterinos ou outras
alterações do útero.
Fontanela anterior ou bregmática
Posição fetal
Registra a variedade de posição das apresentações
cefálicas defletidas de primeiro grau. A posição mais frequente é a esquerda

Tem formato de losango e é o ponto de encontro entre os É a relação do dorso fetal com o corpo materno. As
dois ossos frontais e os dois ossos parietais. variações possíveis da posição fetal são:

Principais diâmetros do crânio fetal • Se longitudinal: DIREITO (dorso fetal está voltado
para o lado direito do abdome materno) ou
Os principais diâmetros do polo cefálico fetal são: ESQUERDO (dorso fetal está voltado para o lado
esquerdo do abdome materno);
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• Se transversal: ANTERIOR (dorso fetal está voltado Variedade de posição


anteriormente em relação à coluna vertebral
materna) ou POSTERIOR (dorso fetal está voltado
posteriormente em relação à coluna vertebral
materna);
Apresentação fetal

Sempre consideraremos o corpo materno em posição


ginecológica como referência para determinar direita (D),
esquerda (E), posterior (P) e anterior (A). Os pontos
próximos ao sacro são os posteriores e os próximos à pube
são os anteriores.
Refere-se à porção fetal que se relaciona com o estreito
superior da bacia materna e que nele vai insinuar (se É a relação entre o ponto de referência da apresentação
relaciona à porção fetal que se APRESENTA à bacia): fetal e o ponto de referência da bacia óssea materna.

• Cefálica (mais comum); ✱ DICA: Seu ponto de referência é o lambda e a letra que o
• Pélvica; simboliza é a “O” e, portanto, em todas as variedades de
• Córmica; posição da apresentação cefálica fletida, a primeira letra
da nomenclatura será a letra O.
✪ Como cai em prova? A apresentação cefálica apresenta
quatro diferentes variedades de acordo com o grau de ✪ Como cai em prova? Qual variedade de posição tem
deflexão da cabeça fetal: melhor prognóstico? SEMPRE a apresentação cefálica
fletida na variedade de posição occipitopúbica (OP) é a que
• Cefálica fletida ou de vértice: caracteriza-se pela tem melhor prognóstico fetal.
flexão generalizada do feto em que o mento se
aproxima do esterno. Ocorre em cerca de 95% das ✪ Como cai em prova? São comuns questões que avaliam
gestações a termo e representa o melhor se você sabe quantos graus o feto deve rotacionar para
prognóstico para o parto vaginal; estar em OP. Para atingi-la, ele deve realizar a menor
• Cefálica defletida de 1º grau ou bregmática: rotação possível (essa ideia será detalhada em
ocorre quando a cabeça fetal está apenas MECANISMO DE PARTO)
parcialmente fletida, permitindo que a fontanela
anterior ou bregma seja palpável; MECANISMO DE PARTO
• Cefálica defletida de 2º grau ou de fronte: o
mento está ainda mais afastado do esterno e é Mecanismos de parto são movimentos passivos que as
possível palpar a glabela ou raiz do nariz. É a contrações uterinas provocam no feto quando o
variedade de apresentação fetal que apresenta o impulsionam contra os pontos de resistência da pelve
maior diâmetro fetal para o canal de parto e, materna. Tradicionalmente o mecanismo de parto é
portanto, de pior prognóstico para o parto dividida em seis tempos:
vaginal;
1. Insinuação;
• Cefálica defletida de 3º grau ou de face: ocorre
2. Descida;
quando o occipício se aproxima do dorso devido à
3. Rotação interna;
extensão do pescoço fetal. Nesse caso, é possível
4. Desprendimento cefálico;
palpar o mento do feto.
5. Rotação externa;
☑ Saiba mais: A apresentação pélvica pode ser classificada 6. Desprendimento das espáduas;
em duas diferentes variedades de acordo com a posição
das pernas do feto: INSINUAÇÃO
• Completa: coxas fletidas sobre o abdome e Passagem do diâmetro biparietal (cabeça do feto) pelo
pernas fletidas sobre as coxas; estreito superior, quando se “encaixa”. O ápice da cabeça
• Incompleta: coxas fletidas sobre o abdome e fetal se encontra em nível das espinhas isquiáticas (plano
pernas estendidas. 0 de De Lee). Geralmente, ocorre uma variedade de
posição transversa (occipital voltada para o ilíaco direito
ou esquerdo).
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DESCIDA diâmetro anteroposterior da bacia (sempre no sentido da


menor circunferência a percorrer).
Caracteriza-se pela progressão do feto pelo canal de parto,
passando do estreito superior ao estreito inferior da bacia DESPRENDIMENTO DA CABEÇA FETAL
obstétrica, até sua completa expulsão. Está relacionada ao
Quando a cabeça fetal chega a nível do períneo, ela
impulso que as contrações uterinas geram sobre o feto,
desprende com auxílio da retropulsão o cóccix, o
impelindo-o a passar do estreito superior em direção ao
movimento é por deflexão. É mais rápido na occípito
estreito inferior da bacia obstétrica.
pública.
ASSINCLITISMO
ROTAÇÃO EXTERNA
Esse é o período que não requer intervenção do obstetra. É
a volta do occipício à orientação observada antes da
rotação interna. Geralmente, o ombro anterior fica voltado
para o pube.

DESPRENDIMENTO DE ESPÁDUAS
Desprendimento da cintura escapular e do polo pélvico. A
liberação do ombro anterior ocorre primeiro, após o
posterior e liberação do feto. Nessa fase, pode ocorrer
distocia de ombro

As contrações uterinas, ao impulsionar o feto pelo canal de


parto, também promovem movimentos de flexão lateral do
FASES CLÍNICAS DO TRABALHO DE
polo cefálico, permitindo que o feto se acomode PARTO
progressivamente ao trajeto de parto e, dessa forma, possa
progredir. Se o feto está fazendo movimentos de flexão São eles:
lateral com a cabeça, isso significa que um osso parietal se • Dilatação ou primeiro período de trabalho de
antecipa ao outro, e a este movimento chamamos de parto;
assinclitismo. • Período expulsivo ou segundo período de
Assinclitismo anterior trabalho de parto;
• Dequitação ou terceiro período de trabalho de
Quando o osso parietal anterior é o primeiro a descer.
parto;
Nesse caso, a sutura sagital fica mais próxima do sacro
• Período de Greenberg ou quarto período.
materno. O assinclitismo anterior ocorre com maior
frequência na presença de flacidez abdominal, sendo mais PRIMEIRO PERÍODO: DILATAÇÃO
comum em multíparas.
Essa fase tem início desde as modificações cervicais iniciais
Assinclitismo posterior e termina com a dilatação completa (10 cm).
Quando o osso parietal posterior é o que desce primeiro. Esse é o primeiro período do parto e corresponde ao
Nessa situação, a sutura sagital está mais próxima da período de modificação cervical. Essa etapa inclui tanto a
sínfise púbica materna. O assinclitismo posterior fase latente quanto a fase ativa do trabalho de parto
relaciona-se mais comumente a primíparas devido à
prensa abdominal tender a ser mais forte ✪ Como cai em prova? Geralmente, em nulíparas, o
esvaecimento é antes da dilatação e, em multíparas, é
Sinclitismo simultâneo
Quando os dois parietais progridem simultaneamente pelo
FASE LATENTE
canal de parto e a sutura sagital fica equidistante do sacro
e da sínfise púbica. No terceiro trimestre, o útero começa a ter aumentos de
tônus desorganizados e de duração variável, que são as
ROTAÇÃO INTERNA chamadas contrações de “Braxton Hicks”. Conforme o final
Quando polo cefálico entra em contato com o assoalho da gestação vai chegando, elas vão ficando cada vez mais
pélvico, a circunferência máxima da cabeça fetal se uniformes, regulares e efetivas. Quando essa mudança no
encontra no plano 0 de De Lee. Tem como objetivo colocar padrão das contrações ocorre, é dado o início da fase de
o maior diâmetro fetal ao maior diâmetro da bacia latência.
obstétrica. A variedade de posição direta, isto é, quando o
occipício fetal está voltado para a pube (OP) ou para o
sacro (OS) materno, é a variedade de posição mais comum,
permitindo que o feto acomode seu maior diâmetro ao
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Conduta • NÃO devem ser feitos tricotomia e enemas nas


parturientes, pois as evidências não mostraram
Estima-se como saudável uma duração máxima de 20
benefícios;
horas para nulíparas e 14 horas para multíparas.
Nesse momento, a paciente não tem indicação de ☒ Cuidado: Sobre a amniotomia: não se preconiza esse
internação na maternidade para que o processo seja procedimento de rotina em trabalhos de parto que estão
conduzido. Aqui, o papel do médico é descartar sinais de evoluindo de forma eutócica. É reservada para casos em
alerta que indicam sofrimento fetal, tais como bradicardia que o trabalho de parto não está evoluindo de maneira
fetal. Além disso, deve-se descartar patologias maternas fisiológica e suspeita-se de distócia, pois aumenta o risco
que levem a uma evolução desfavorável de prolapso de cordão e corioamnionite

FASE ATIVA PERÍODO EXPULSIVO


Considera-se FASE ATIVA do trabalho de parto quando há Esse período vai da dilatação máxima (10 cm) até a
em torno de 3 contrações em 10 minutos e 4 a 6 cm de expulsão total do concepto. É um período crítico, e todas
dilatação cervical. complicações são emergências que devem ser tratadas
rapidamente
Aqui, a paciente já está ativamente em trabalho de parto.
As contrações são intensas, duradouras e frequentes, e ✪ Como cai em prova? Em multíparas que não receberam
conseguem dilatar o colo do útero com facilidade. anestesia dura, a mediana de duração é de 12 minutos! Em
nulíparas sem anestesia, de 36 minutos. Agora, é aqui que
✪ Como cai em prova? A velocidade da fase ativa do
a anestesia tem sua maior influência. Com uso de
trabalho de parto é diferente para nulíparas e multíparas:
anestesia, a duração desse período em nulíparas aumenta
• Nulíparas: dilatação cervical em média de 1,2 para 1h e 6 minutos (mediana) e, em multíparas, para 24
cm/h. minutos.
• Multíparas: dilatação cervical em média de 1,5
☑ Saiba mais: No momento da expulsão cefálica, deve-se
cm/h.
realizar a manobra de Ritgen, uma manobra de proteção
☑ Saiba mais: a anestesia parece não influenciar na do períneo, utilizando o apoio com uma compressa no
velocidade de dilatação, de acordo com os estudos períneo e mantendo o desprendimento lento do polo
realizados até hoje. cefálico como um “freio” bem lento.
Conduta CONDUTA

São preconizadas:
• os batimentos cardíacos fetais devem ser
avaliados a cada 5-10 minutos ou de forma
São medidas importantes: contínua.
• A posição do período expulsivo e nascimento do
• Abrir partograma; concepto deve ser de livre escolha da gestante;
• Monitorar BCF com sonar doppler a cada 15-30min • A episiotomia não deve ser feita de forma rotineira
(risco habitual) OU contínuo com cardiotocografia e liberal (quando indicada usar mediolateral)
(alto risco); • A manobra de Kristeller é proibida!
• NÃO administrar ocitocina de rotina;
• Toque vaginal deve ser feito a cada 2-4 horas; ☑ Saiba mais: Os planos seccionados durante a
• Estimular gestante a andar e adotar posições episiotomia são: pele, mucosa vaginal, aponeurose
verticais; superficial do períneo e músculos bulboesponjoso e
• Evitar jejum; transverso superficial do períneo.
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☑ Saiba mais: Com relação às lacerações perineais, elas • tecido;


podem ser classificadas em graus conforme a • trombina;
profundidade da lesão:
• Primeiro grau: lesão em pele e mucosa. COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO
• Segundo grau: lesão no músculo transverso PARTO NORMAL
superficial do períneo e bulbocavernoso.
• Terceiro grau: lesão atinge o esfíncter externo do
ANOMALIAS DE CORDÃO UMBILICAL
ânus.
• Quarto grau: lesão atinge o esfíncter interno do PROCIDENCIA DE CORDÃO
ânus e a mucosa retal.
Fala-se de procidência do cordão quando o cordão
PERÍODO DE DEQUITAÇÃO umbilical se situa, no momento do parto, junto ou por
baixo da parte mais baixa do feto. É possível distinguir
Esse período vai da expulsão do concepto até a expulsão vários graus de procidência do cordão:
da placenta. Se após o período de 30 minutos a placenta
não tiver sido parida, o obstetra pode partir para extração • PROLAPSO: se evidencia após a ruptura da bolsa
manual ou curetagem. Além disso, nessas situações, deve das águas, no qual se observa claramente que o
ser quantificado o sangramento pós-parto, pois a retenção cordão sai através do canal de parto antes do feto.
da placenta aumenta o risco de sangramento pós-parto. • PROCÚBITO: quando o cordão se situa por baixo
da apresentação fetal, mas a bolsa das águas
☑ Saiba mais: O descolamento da placenta ocorre por mantém-se intacta, sendo apenas palpável.
meio de duas formas clássicas: • LATEROINCIDENCIA: quando o cordão se situa
• Baudelocque-Schultze (BS): MAIS COMUM, com o junto à parte mais baixa do feto, mas não passa
descolamento central da placenta por meio de seu por baixo da mesma, o que faz com que não possa
descolamento pelo fundo uterino, com a ser detectado a partir do exterior.
visualização da face fetal da placenta; Fatores de risco
• Baudelocque-Duncan (BD): descolamento lateral
e periférico da placenta, com a visualização da São conhecidos:
exteriorização da placenta pela face materna e • Apresentações não cefálicas;
saída de coágulos antes da expulsão placentária • Gestações múltiplas;
CONDUTA • Prematuridade;
• Amniotomia;
São condutas pertinentes: • Aplicação de fórcipes;
• clampear o cordão umbilical após 60 segundos ou Quadro clínico
após ele parar de pulsar
• tracionar o cordão umbilical de forma gentil e A manifestação clínica mais comum é a presença de
contínua, para que a placenta seja dequitada desacelerações variáveis repetidas ou bradicardia. Ao
rapidamente. exame de toque observa-se o cordão umbilical à frente da
• aplicar pressão sobre o útero logo acima da sínfise apresentação.
púbica (para estimular contrações, diminuir o Conduta
sangramento e impedir inversão uterina);
Deve-se realizar CESÁREA DE EMERGÊNCIA, mantendo o
• administrar 10 UI de Ocitocina Intramuscular na
toque vaginal com elevação da apresentação para evitar
mãe logo após a saída do ombro anterior do bebê;
que a apresentação fetal promova a compressão do cordão
QUARTO PERÍODO DE GREENBERG umbilical. Na presença de procidência ou procúbito de
cordão umbilical, também está indicada a cesárea
Para que o sangramento uterino diminua após o
descolamento da placenta, os dois principais mecanismos CIRCULAR DE CORDÃO
que ocorrem são o miotamponamento e o Fala-se de circular do cordão quando o cordão umbilical
trombotamponamento fica, no final da gravidez, enrolado à volta de alguma parte
Esse período vai da expulsão da placenta até a primeira do feto, normalmente à volta do pescoço. A conduta varia
hora de pós-parto. Serve para lembrarmos de monitorar conforme o acometimento ou não da vitalidade fetal (não
nossa paciente e não deixar passar situações de é indicação de cesariana de emergência).
hemorragia pós-parto.
✪ Como cai em prova? As principais causas de hemorragia
pós-parto são os 4Ts
• tônus;
• trauma;
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DISTÓCIAS • Manobra de Jacquemier: Retirada do braço


posterior fetal do canal de parto
Chamamos de distocia toda evolução do trabalho de parto • Manobra II de Rubin: Empurrar o ombro anterior
que ocorre de forma diferente da esperada. Lembrando do feto em direção ao seu tórax
dos fatores preponderantes ao bom seguimento do parto • Manobra de Woods: Empurrar o ombro posterior
temos as seguintes distocias: pela frente do feto em direção à sínfise púbica
• Motor (dinâmica uterina) • Manobra de Woods reverso: Fletir o ombro
• Trajeto (características da pelve materna) posterior sobre o tórax
• Objeto (feto) • Posição de Gaskin: Mudar a posição da paciente
para quatro apoios
DISTOCIA DE TRAJETO • Manobra de Zavanelli: Reposicionamento da
Partes moles cabeça fetal na pelve, seguida de cesárea

São menos comuns: Distocia de rotação

• miomas cervicais; Quando a rotação interna não ocorre completamente, ou


• estenose ou edema de colo; seja, o feto não se encontra em variedade occipitopúbica
• septos vaginais; (OP) ao atingir o estreito inferior da pelve, a variedade de
• condilomas acuminados gigantes. posição fetal pode impedir que o desprendimento cefálico
aconteça. Nesses casos, se o período expulsivo estiver se
Parte óssea prolongando devido à variedade de posição fetal ser
Se o diagnóstico for de vicio pélvico deve-se indicar parto desfavorável ao desprendimento do polo cefálico,
via alta, ou seja, cesariana. devemos auxiliar a rotação, geralmente com uso de fórcipe
de rotação (único fórcipe que permite esse movimento é o
Geralmente são abordadas na sua prova relacionadas às FÓRCIPE DE KIELLAND).
características da pelvimetria ou aos tipos de bacia
obstétrica. Quando, por meio da pelvimetria a pelve é DISTOCIA DO MOTOR (FUNCIONAL)
considerada incompatível à passagem fetal, isso é A distocia de motor ou distocia funcional está relacionada
denominado de vício pélvico a alterações na contratilidade uterina, seja por excesso ou
DISTOCIA DE OBJETO por falta/incoordenação de contrações. São sem dúvidas
as mais cobradas em provas. Podem ser classificadas em:
Ocorre devido a características fetais que impedem a
progressão do feto pelo trajeto de parto ou seu • Parto taquitócito ou precipitado
desprendimento do corpo materno. Entre essas • Fase ativa prolongada
características, podemos citar: • Parada secundária da dilatação
• Parada secundária da descida
• Tamanho fetal;
• Período pélvico prolongado
• Apresentação fetal;
• Variedade de apresentação: Parto taquitócito

Distocia de ombros
Um sinal clínico importante de distócia de ombro é quando
a cabeça fetal, após o desprendimento, é puxada de volta
contra o períneo, chamado sinal da tartaruga.
Trata-se de uma emergência obstétrica grave, em que o
feto (geralmente macrossomico – maior que 4kg) não
consegue se desprender do canal de parto, pois o acrômio
está impactado na pube materna.
✪ Como cai em prova? As manobras de resolução da
distócia de ombro devem ser de conhecimento de todo
obstetra e caem com frequência nas provas (não é regra Quando você se deparar com partogramas em que a linha
mas geralmente segue-se em sequencia progressiva): de dilatação está muito verticalizada à esquerda da linha
de alerta, desconfie de que se trata de um parto
• Manobra de McRoberts: Flexão da perna da taquitócito.
mulher, o que aumenta o diâmetro de saída da
pelve. Geralmente é a PRIMEIRA MANOBRA A SER A dilatação cervical, a descida do feto pelo canal de parto e
REALIZADA. o parto ocorrem em INTERVALO MENOR DO QUE QUATRO
• Manobra I de Rubin: Pressão suprapúbica sobre o HORAS.
ombro anterior do feto
✪ Como cai em prova? É mais comum em multíparas e
está relacionado a complicações, como hipotonia uterina,
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lesão de trajeto do canal de parto e hemorragia ventricular Parada secundária de dilatação


no recém-nascido.
✪ Como cai em prova? São condutas que devem ser
tomadas:
• Evitar a realização de amniotomia;
• Realizar, se possível, analgesia de parto
precocemente, para tentar regularizar as
contrações uterinas
• Realizar revisão do canal de parto para reparar
eventuais traumas;
• Monitorar o recém-nascido, para diagnosticar e
tratar precocemente se houver lesões.
Fase ativa prolongada

A parada secundária da dilatação também apresentará a


linha da dilatação cervical horizontalizada, porém, para
diagnosticá-la corretamente, é importante observar o
registro da dinâmica uterina
Caracteriza-se por dilatação cervical que não evolui em,
pelo menos, dois toques vaginais consecutivos, com
intervalo de, ao menos, DUAS HORAS ENTRE ELES, com
DINÂMICA UTERINA ADEQUADA.
✪ Como cai em prova? A causa principal é a desproporção
céfalo-pélvica relativa ou absoluta.
No partograma atente-se para a horizontalização da linha
Período pélvico prolongado
de triângulos.
Caracteriza-se pela dilatação cervical ser menor do que um
centímetro por hora, geralmente associada à
hipoatividade uterina.
☒ Cuidado: a OMS não recomenda mais considerar a
velocidade de dilatação de 1cm/hora, mas recomenda que
a dilatação na fase ativa pode demorar até 10 horas nas
multíparas e 12 horas nas primíparas.
✪ Como cai em prova? A conduta diante desse
diagnóstico deve ser assumir medidas para otimizar a
contratilidade uterina:
Caracteriza-se por dilatação cervical total de dez
• Estimular deambulação; centímetros e apresentação fetal que desce pelo canal de
• Amniotomia; parto de forma mais lenta do que o esperado:
• Ocitocina
• 2h em multíparas sem analgesia e 3 h em
multíparas com analgesia;
• 3h em primíparas sem analgesia e 4h em
multíparas com analgesia
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✪ Como cai em prova? Pode estar associada a • doenças fetais que aumentam a chance de
hipoatividade uterina, fetos macrossomicos assim como, sangramento e lesão óssea;
fetos em apresentação cefálica defletida de terceiro grau. • cabeça não insinuada;
• apresentação que não a occipital;
✪ Como cai em prova? Quanto à conduta comumente, é
• suspeita de desproporção cefalopélvica.
mais indicado o uso do fórcipe, desde que haja condições.
CONDIÇÕES DE APLICABILIDADE
Parada secundária de descida
Deve-se ter OBRIGATORIAMENTE todas as condições de
aplicabilidade presentes:
• Colo completamente dilatado;
• Rotura de membranas fetais;
• Estreito médio e inferior compatíveis com cabeça
fetal;
• Concepto vivo;
• Cabeça insinuada (abaixo da linha 0 de De Lee);
• Volume cefálico normal;
• Identificação de variedade de posição;
TIPOS
Se observa a horizontalização das circunferências que
A marca de Baudelocque é o nome dado à impressão
representam a altura da apresentação fetal associada à
deixada pela pega correta do fórcipe na cabeça fetal
dilatação cervical total
Os quatro tipos de fórcipes mais utilizados na prática
Caracteriza-se pela parada da progressão da
obstétrica são:
apresentação fetal pelo canal vaginal, por MAIS DE DUAS
HORAS, quando a DILATAÇÃO CERVICAL É TOTAL, ou seja, • Simpson-Braun;
é de dez centímetros. O tratamento é sempre o parto • Kielland;
cesáreo, uma vez que se trata de uma distocia não • Luikart;
corrigível em que o feto não progride pelo canal de parto • Piper
✪ Como cai em prova? A causa mais comum desse tipo de Simpson-Braun
distocia é a desproporção cefalopélvica. A parada da
É o mais utilizado de todos os fórcipes. É usado para as
descida da apresentação fetal costuma ocorrer próxima do
variedades oblíquas e pegas diretas (OP e OS), uma vez que
plano zero de De Lee, uma vez que esse é o ponto mais
não pode ser utilizado para rotação maior do que 45 graus.
estreito da pelve materna, relacionado às espinhas
isquiáticas Kielland

PARTO VAGINAL OPERATÓRIO Apresenta colheres com curvatura pélvica menor e


articulação deslizante, permitindo a correção do
CONCEITO assinclitismo e seu uso para rotação, por isso pode ser
Refere-se ao parto em que há a necessidade do uso do utilizado em todas as variedades de posição.
fórcipe, do vácuo-extrator ou outro instrumento para Luikart
extrair o feto da vagina e diminuir a duração do segundo
período do parto (período expulsivo). Tem as mesmas características do Kielland, mas suas
colheres não são fenestradas, o que distribui melhor a
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES pressão exercida por ele no polo cefálico.
Indicações Piper
Piper = Pélvico
Apresenta curvatura cefálica e pélvica pouco pronunciada
e articulação por encaixe, sendo utilizado nas
apresentações pélvicas quando há cabeça derradeira.
VACUO-EXTRATOR
É utilizado nas mesmas indicações do fórcipe, com a
Contraindicações
vantagem de não necessitar de analgesia e causar menos
As contraindicações gerais são: lesão no assoalho pélvico. Tem uma aplicação mais fácil,
• óbito fetal; não necessita de analgesia e causa menos lesão no
assoalho pélvico. Por outro lado, o parto demora mais do
• prematuridade extrema (<34 semanas);
que com fórcipe e há maior incidência de céfalo-hematoma
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

ASSISTENCIA AO PARTO PÉLVICO INDICAÇÕES

VIAS DE PARTO As principais indicações de indução do trabalho de parto:

Cesáreo • Rotura prematura de membranas/corioamnionite


• Pós-termo (a partir de 42 semanas completas
Atualmente, a maioria dos fetos que persiste em SEMPRE)
apresentação pélvica nasce por cesárea (a decisão quanto • Hipertensão gestacional
ao tipo de parto deva se basear na experiência do médico). • Diabetes gestacional
Vaginal • Restrição de crescimento fetal
• Óbito fetal
Deve ser feita por um obstetra com experiência em
extração de fetos em apresentação pélvica e a gestante CONTRAINDICAÇÕES
precisa apresentar os critérios a seguir para diminuir os As principais contraindicações ABSOLUTAS são:
riscos de complicações:
• Placenta prévia;
• Canal de parto deve ser grande o suficiente para • Sofrimento fetal agudo;
permitir a passagem do feto; • Infecção ativa por herpes genital
• O colo deve estar completamente dilatado; • Miomectomia prévia
• A pelvimetria deve ser favorável; • Cicatriz de cesárea previa longitudinal
• O feto deve pesar entre 2500 e 3800g; • Vasa prévia
• O diâmetro biparietal deve ser menor que 90- • Prolapso de cordão umbilical
100mm;
• A apresentação pélvica deve ser completa ou de CONDIÇÕES PARA INDUÇÃO DO PARTO
nádegas.
Avaliação da maturidade de colo
☑ Saiba mais: Diante de um feto de termo em Dica: o colo bom é o AAA, Amolecido, Apagado e Anterior!
apresentação pélvica, pode-se indicar a VERSÃO CEFÁLICA
EXTERNA (VCE) na tentativa de colocar o feto em A condição do colo uterino é o principal fator preditor de
apresentação cefálica para o parto normal. Deve ser sucesso na indução do trabalho de parto. O modo de
oferecida a todas as gestantes com fetos em apresentação avaliarmos é através do ÍNDICE DE BISHOP. Esse índice
pélvica que não apresentem contraindicações ao leva em conta:
procedimento (descolamento prematuro de placenta, a • Dilatação;
rotura uterina, prolapso de cordão a hemorragia • Esvaecimento;
fetomaterna, aloimunização Rh, trabalho de parto • Consistencia;
prematuro, sofrimento fetal e morte fetal. • Posição;
MECANISMOS DE PARTO • Altura da apresentação;
A insinuação e a descida do feto ocorrem com o diâmetro Quanto maior esse índice, maior a maturação cervical,
bitrocantérico nos diâmetros maternos, sendo assim, o sendo ÍNDICE DE BISHOP > 6 JÁ É CONSIDERADO
ponto de referência é o sacro e a linha de orientação é a FAVORÁVEL para a indução do trabalho de parto.
interglútea. Condução de colo desfavorável
✪ Como cai em prova? As manobras envolvidas na Quando o índice de Bishop é menor ou igual a 6, primeiro é
assistência ao trabalho de parto vaginal pélvico são: preciso realizar a maturação cervical para depois induzir as
• manobra de Bracht; contrações. Vários métodos podem promover a maturação
• Deventer-Müller; cervical:
• Manobra de Rojas; • CATETER DE FOLEY E DESCOLAMENTO DE
• Manobra de Pajot MEMBRANAS: indicados para maturação do colo
uterino de gestantes com cicatriz de cesárea
INDUÇÃO DE PARTO NORMAL E anterior, mas podem ser usados para qualquer
causa de indução, como contraindicação na
PARTO CESÁREO
presença de rotura prematura de membranas,
infecções genitais ou sangramento vaginal.
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO • PROSTAGLANDINAS (MISOPROSTOL): no Brasil
CONCEITO essa é a medicação mais utilizada. A apresentação
pode ser oral ou vaginal, sendo a via vaginal a mais
Consiste em iniciar, de forma artificial, as contrações empregada, na dose de 25mcg a cada 6 horas. As
uterinas quando há necessidade de resolver a gestação por principais contraindicações ao uso das
alguma complicação materna ou fetal. prostaglandinas são: presença de cicatriz uterina
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

prévia, trabalho de parto, sangramento vaginal,


asma, hepatopatias e coagulopatias; RPMO E PARTO PREMATURO
• DINOPROSTONE: prostaglandina E2 utilizada na
forma de gel ou pessário vaginal a cada 12 horas. ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS
Mesmas contraindicacoes do misoprostol;
DEFINIÇÃO
Colo favorável
Ocorrência de rotura das membranas amniótica e
Os principais riscos do uso da ocitocina são: taquissistolia, coriônica antes do início do trabalho de parto,
hiponatremia e hipotensão INDEPENDENTEMENTE da idade gestacional.
Quando o colo uterino se encontra maduro (Bishop > 6, de ☑ Saiba mais: O intervalo entre a rotura das membranas e
preferência > 9), utiliza-se a ocitocina (via endovenosa em o início do trabalho de parto é chamado de período de
bomba de infusão contínua) para induzir as contrações latência e é inversamente proporcional à idade gestacional
uterinas e, dessa forma, a gestante iniciar o trabalho de e diretamente proporcional à ocorrência de infecção, ou
parto seja, quanto menor for a idade gestacional, maior é o
período de latência e, quanto maior o período de latência,
ASSISTENCIA AO PARTO CESÁREO maior a chance de infecção.
INDICAÇÕES ETIOLOGIA
Emergencia Dentre essas etiologias, a principal causa identificável de
As principais indicações para a cesariana de emergência RPM espontânea é a infecção ascendente do trato genital.
são: Os principais relacionados à RPM são: Gardnerella
vaginalis, Neisseria gonorrhoeae, Escherichia coli,
• descolamento prematuro de placenta; Bacteroides spp, estreptococos do grupo B e enterococos.
• inserção baixa de placenta com sangramento
intenso; A etiologia da RPM pode ser dividida em espontânea ou
• iminência de rotura uterina; iatrogênica:
• sofrimento fetal agudo; • RPM iatrogênica: pode ocorrer após
• prolapso de cordão umbilical; procedimentos invasivos intrauterino, como
• morte materna com feto vivo. amniocentese, cordocentese e cirurgia fetal, além
Eletiva de cirurgias cervicais.
• RPM espontânea tem etiologia complexa e
São por: multifatorial como infecção, inflamação, estresse,
• apresentação anômala (apresentação pélvica ou sangramento, sobredistensão uterina
transversa); (polidrâmnio), fatores mecânicos (movimentação
• macrossomia fetal; fetal)...
• gestação múltipla (SE 1ª gemelar pélvico); DIAGNÓSTICO
• placenta prévia ou acretismo placentário,
• tumores prévios; Quadro clínico
• intercorrências gestacionais graves com A principal queixa da gestante com RPM é a saída de líquido
condições cervicais desfavoráveis ao parto amniótico pela vagina na ausência de contrações uterina.
vaginal;
• HIV com carga viral alta (>1000 cópias); Exame físico
• mais de DUAS cicatrizes de cesárea prévias Visualização da saída de líquido amniótico pelo orifício
• incontinência urinária e fetal corrigida. externo do colo uterino no exame especular (PADRÃO-
OURO)
✪ Como cai em prova? a cesárea eletiva pode ser feita a
pedido. Nesses casos a gestante deve ser informada de Testes laboratoriais
todos os riscos de uma cesárea desnecessária e assinar um
Quando a clínica for duvidosa, deve-se lançar mão:
termo de consentimento. A cesárea a pedido não deve ser
feita antes de 39 semanas, a fim de evitar a prematuridade • Cristalização do muco cervical: Após secar na
iatrogênica. lâmina, o líquido amniótico cristaliza-se,
apresentando aspecto arboriforme na
microscopia (folha de samambaia)
• Teste de Lanetta: Mudança de coloração (incolor
para marrom) de amostra de líquido amniótico em
lâmina aquecida por um minuto
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

• Determinação do pH vaginal: Na presença de • Expectante: Caso a paciente, mesmo depois de


líquido amniótico, o pH vaginal eleva-se (acima de esclarecidos todos os riscos maternos e fetais,
6,0). optar pela conduta expectante, deve utilizar
• Teste do fenol vermelho: O líquido amniótico antibiótico e assinar o termo de ciência dos riscos.
apresenta coloração rosa-choque na presença do Não está indicado corticoide, tocólise e nem
corante alaranjado fenolftaleína. sulfato de magnésio antes da viabilidade fetal.
• Amnisure: Alta sensibilidade e especificidade no Aqui a conduta expectante pode ser feita de forma
diagnóstico de RPM em qualquer idade ambulatorial;
gestacional.
TRABALHO DE PARTO PREMATURO
CONDUTA
CONCEITO
A conduta deve ser a resolução da gestação diante de:
sinais de corioamnionite, alteração da vitalidade fetal, Trabalho de parto que ocorre antes de 37 semanas
sangramento vaginal importante, óbito fetal e trabalho de completas de gestação (< 259 dias). É classificada em:
parto • Espontânea: em decorrência do trabalho de parto
RPM a termo (>37 semanas) prematuro (TPP), rotura prematura de
membranas ou insuficiência istmocervical.
Não está indicado o uso de balão cervical, pois não há • Eletiva: gestação interrompida precocemente por
evidências seguras para seu uso diante de RPM indicação médica, em decorrência de
A conduta é ativa com a resolução da gestação, por complicação materna ou fetal (a DHEG é a
indução do parto. principal indicação);

RPM pré-termo entre 34 e 37 semanas incompletas FATORES DE RISCO

A conduta mais aceita é a indução. Algumas referencias O principal fator de risco para a prematuridade é o histórico
postulam conduta expectante, com internamento par prévio de parto prematuro.
controle clínico. Se expectante utilizar corticoterapia São conhecidos:
(diminui risco de desconforto respiratório do RN).
• Rotura prematura de membranas
RPM pré-termo entre 24 e 34 semanas incompletas
• Infecção geniturinária (vaginose e cistite)
A tocólise não está indicada nos casos de rotura prematura • Gestação múltipla e polidrâmnio
pré-termo de membranas, a não ser que a gestante entre • Malformações uterinas e cirurgias do colo uterino
em trabalho de parto rapidamente e seja necessário adiar o • Tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas
parto em até 48 horas para transferência da gestante a um • Extremos de idade materna (<15 anos ou > 40
centro de referência anos)
A conduta é expectante, com indicação do internamento Predição de prematuridade
materno para adoção das condutas:
São dois principais exames:
• CORTICOTERAPIA: principal conduta, podendo
• USG TV com medição de colo uterino: principal
ser por betametasona (24h/24h, 2 doses) ou
exame para predizer a prematuridade. É
dexametasona (12/12h, 4 doses). O efeito
preconizado como conduta universal para todas
completo ocorre 24h após fim do ciclo, apesar
as gestantes entre 19 e 24s OU com 16 semanas
disto deve ser feito mesmo que não haja este
para gestantes com história pregressa de parto
tempo hábil.
prematuro. Um colo ≤ 25 mm é considerado colo
• ATB: para aumentar o período de latência e
curto, estando indicado fazer a suplementação
diminuir os riscos de corioamnionite. No Brasil a
com progesterona por via vaginal.
mais utilizadas é a azitromicina em dose única.
• Fibronectina: realizado entre 20 e 36 semanas.
• SULFATO DE MAGNÉSIO: se gestante entrar em
Possui alto valor preditivo negativo e por isso deve
trabalho de parto deve-se aplicar para
ser utilizado apenas em população de risco
neuroproteção fetal (até 32 semanas).
elevado para prematuridade (um resultado
RPM a baixo de 24 semanas negativo garante certa segurança no manejo)
Deve ser individualizada para cada paciente e para cada DIAGNÓSTICO
serviço:
O diagnóstico de trabalho de parto prematuro é, na
• Ativa: se RPMO abaixo do limite de viabilidade, a maioria das vezes, clínico:
tendência é optar pela conduta ativa com
• Contrações regulares (>2 em 10min);
resolução da gestação, em decorrência da
• Dilatação cervical >3cm
prematuridade extrema e do prognóstico fetal
reservado. ✪ Como cai em prova? Podemos dividir em:
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

• Trabalho de parto prematuro reversível:


contrações uterinas com alterações cervicais até 4
cm
• Trabalho de parto prematuro irreversível: acima
de 4 cm de dilatação
TRATAMENTO
Na prematuridade acima de 34 semanas, a
morbimortalidade perinatal é baixa, por isso a inibição do
trabalho de parto não está indicada.
Redução de risco fetal
Na presença de infecção materna, corioamnionite, diabetes
mellitus descompensada e úlcera péptica é contraindicado
o uso de corticoterapia
As principais medidas que reduzem os riscos da
prematuridade abaixo de 34 semanas são: corticoterapia
para maturação pulmonar, antibioticoprofilaxia para
estreptococo do grupo B e sulfato de magnésio para
neuroproteção fetal.
☑ Saiba mais: O ciclo de corticoide pode ser repetido se
transcorrido mais de 14 dias do ciclo anterior e menos de
34 semanas.
Tocólise
O atosiban e a nifedipina são os tocolíticos mais utilizados
na atualidade, por terem menos efeitos colaterais e serem
mais efetivos na tocólise
Geralmente retarda o parto em até 48 horas. O objetivo de
adiar o parto é ter tempo hábil para administrar corticoide
e sulfato de magnésio, por isso somente gestantes em que
os fetos se beneficiam dessas intervenções devem receber
a tocólise. Os principais tocolíticos são:
• bloqueadores do canal de cálcio (nifedipina);
• antagonista dos receptores da ocitocina
(atosiban);
• agonista dos receptores beta adrenérgicos
(terbutalina);
• inibidores da síntese de prostaglandinas
(indometacina);

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