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TRABALHO DE PARTO

The Surreal Universe


of Heidi Taillefer

Mecanismos de parto

Prof.ª D.ra Sandra Luzinete Felix de Freitas


Enfª Me Caroliny Oviedo Fernandes
OBJETIVOS
Que ao término da conferência os alunos sejam capazes de:

 Conceituar: parto, mecanismo de parto, sinclitismo,


assinclitismo, esvaecimento, objeto, trajeto, estática fetal,
situação, posição e apresentação fetal;
 Citar os Períodos Clínicos do Parto;
 Listar os fatores que podem influenciar o trabalho de parto;
 Compreender dois dos fatores que podem influenciar o trabalho
de parto: objeto (ou passageiros), e trajeto;
 Descrever os tempos do Mecanismo de parto;
 Listar os pontos de referência maternos e fetais;
 Listar as possíveis variedade de posição numa apresentação
cefálica fletida.
Motivo desta conferência

LEI 7.498 / 1986 – LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM

Cabe ao ENFERMEIRO, como integrante da equipe de saúde:


• Assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e
puérpera
• Acompanhamento da evolução do trabalho de parto
• Execução do parto sem distócia

ENFERMEIROS OBSTETRAS:
• assistência à parturiente e ao parto normal;
• identificação de distócias obstétricas e tomada de
providências até a chegada do médico;
• realização de episiotomia e episiorrafia e
• aplicação de anestesia local, quando necessário
I. TRABALHO DE PARTO/PARTO (síntese)

Parto - conjunto de fenômenos fisiológicos e mecânicos

através dos
quais ocorre

expulsão fetal expulsão dos anexos

caracterizado pelas contrações das fibras miometriais, que tem as


funções de dilatar o colo uterino e expulsar o feto e anexos pelo
canal de parto.

Zugaib, 2016; Leifer, 2013


O parto começa no início das contrações uterinas regulares e
termina com a expulsão da placenta.

ocorre normalmente por um


processo chamado

processos
TRABALHO DE pelos quais o
PARTO feto é expelido
do útero

4 estágios:

1º estágio: Dilatação (latente, ativa e de


transição)
2º estágio: Período expulsivo
3º estágio: Dequitação
4º estágio: Período de Greenberg
PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO E PARTO

Esvaecimento

1º Dilatação
Dilatação

2º Expulsão
Descolamento

3º Dequitação ou Descida
Secundamento

Expulsão

Para alguns autores a 1ª hora pós


Martins-Costa, S.H. et al., 2011 parto é considerada como o quarto
período clínico - Greemberg

6
1) Dilatação

2)Expulsão 3) Dequitação ou Secundamento


Durante o trabalho de parto

Ocorre uma interação de quatro variáveis importantes, conhecidas


como os “quatro Ps:

P1 - via de Passagem - trajeto ou pelve (seu diâmetro e forma)

P2 – Passageiro - tamanho e posição do objeto (o feto)

P3 – Potência - motor (a eficácia das contrações)

P4 – Psique - preparação e experiência prévia)

Leifer, 2013
FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O TRABALHO DE PARTO

Objeto

Preparo da Trajeto
gestante

Parceiros Motor)

Paciência Posição
materna

Resposta
Filosofia
psicológica
Outros fatores podem influenciar o processo do
trabalho de parto

(Vande Vusse, 1999 apud Leifer, 2013):

P Preparação: orientação no pré-natal reduz medo do desconhecido;


P Posição: preferências maternas por posições horizontal (litotomia,
deitada de lado) ou vertical (em pé, sentada, agachada) podem
influenciar o progresso do TP;
P Ajuda profissional: enfermeiro solícito, ou uma doula (pessoa
treinada em trabalho de parto), pode treinar a mulher ao longo do
processo do trabalho de parto;
P Procedimentos: O número de exames vaginais e de outros
procedimentos invasivos pode interromper a concentração e a
cumplicidade durante o processo de trabalho de parto;
P Pessoas: A presença de parceiros ou membros da família solícitos
pode favorecer o progresso harmonioso do trabalho de parto.
II. MECANISMO DE PARTO

ou Movimentos cardinais do trabalho de parto

Conjunto de fenômenos passivos que o feto sofre no decurso


de sua passagem pelo canal de parto (BRIQUET; GUARIENTO,
2011).

Movimentos que o feto tem que fazer para


passar pela pelve, que tem uma curvatura que
parece um J, com superfície interna toda
irregular  por isso o feto ter que se contorcer
todo para passar

uma combinação de eventos que, embora


contínuos e simultâneos, serão descritos
separadamente por motivos didáticos (GALÃO;
SALAZAR; FREITAS, 2011)
TEMPOS DO MECANISMO DE PARTO EM UMA
APRESENTAÇÃO CEFÁLICA FLETIDA:

1º tempo - Insinuação ou encaixamento


2º tempo - Descida ou progressão
3º tempo - Rotação interna
6 4º tempo - Desprendimento cefálico
tempos! 5º tempo - Rotação externa
6º tempo - Desprendimento do ovóide córmico
• Desprendimento das espáduas
• Desprendimento do polo pélvico
1) Insinuação

é a passagem do maior diâmetro


da cabeça- biparietal (9,5 cm)
pelo estreito superior da pelve
(ou bacia)
Insinuação representa a “queda
do ventre”.

Geralmente a cabeça entra na pelve com a sutura


sagital do diâmetro transverso médio
Durante a insinuação, nas posições
transversas,

se a sutura sagital

penetrar no estreito superior da


bacia de maneira equidistante

do púbis e do promontório sacral

configura-se o SINCLITISMO.

(GALÃO; SALAZAR; FREITAS, 2011)


Assinclitismo - quando há movimento de inclinação lateral da
apresentação. Pode ser:

anterior

Quando a sutura sagital está


mais próxima do promontório
com exposição maior do
parietal anterior ao exame
digital.
posterior

Quando a sutura sagital está


mais próxima da sínfise
púbica com exposição maior
do parietal posterior ao
exame digital);

Quando a sutura sagital está


mais próxima da sínfise
púbica com exposição maior
do parietal posterior ao
exame digital);
Ausência de insinuação em nulíparas

requer exame cuidadoso no sentido de descartar

desproporção cefalopélvica, apresentação anômala ou algo que possa


estar bloqueando o canal de parto (tumores, placenta etc.).

desproporção
cefalopélvica
2) DESCIDA OU PROGRESSÃO

Forças provocadoras da descida:


• Pressão do líquido amniótico,
• Pressão do fundo uterino sobre as
nádegas do feto,
• Contração da musculatura
abdominal,
• Extensão e retificação do corpo
fetal

A força de pressão da descida faz com


que o feto, ao encontrar resistência da
cérvice sofra a flexão da cabeça.
DESCIDA

Descida do polo cefálico do

Estreito Superior

para o

Estreito Inferior

Espinha isquiática
Métodos de Hodge e de DeLee para
avaliar a descida fetal
20
Método Farabeuf de
avaliação da descida
Fetal
21
3) ROTAÇÃO INTERNA

É o movimento que acomoda o polo cefálico durante a insinuação com o


intuito de rodar o occipício em relação ao pube (OP) para o ato expulsivo.
Fonte: Neme, Obstetrícia
Básica, 1994

Rotação interna nas occípito-anteriores fletidas (esquerda e direita)

Apresentações occípitos anteriores (fletidas) sempre precisarão rodar


45°, seja para Esquerda ou para a Direita.
Rotação interna em apresentação cefálica fletida

Da variedade de posição: occipto esquerda anterior - OEA (A) para a


variedade de posição occiptopúbica - OP (B)
Figura adaptada de Briquet (Guariento, 2011)
Rotação interna das variedades de posição

ODP (A) - 45º  OT (B) - 45º  ODA (C) - 45º  OP (D)

Total a rodar: 135º


4) Desprendimento do polo cefálico

Após a rotação interna o


hipomóclio polo cefálico fortemente
fletido alcança a vulva...

Ocorre a extensão da cabeça

* Bregma;
* Fronte;
* Nariz;
26
* Mento
Coroamento

Desprendimento cefálico
5) Rotação externa

A cabeça sofre uma nova e ligeira flexão,


pelo próprio peso do corpo, e executa
uma rotação, voltando o occipto para o
lado onde se encontrava na bacia.

RESTITUIÇÃO

OBS.: Não devemos forçar a rotação, deixar


que as coisas sigam seu curso. Evitar rodar
a cabeça em sentido contrário que ela
deveria rodar!
Rotação interna das espáduas

Consiste na rotação o eixo biacromial do feto até


atingir o sentido anteroposterior
6) DESPRENDIMENTO DO OVÓIDE CÓRMICO

Desprendimento das espáduas

Desprende-se primeiro

o ombro anterior

e depois
o ombro posterior

Tronco faz um movimento de


flexão lateral
Desprendimento pélvico

Desprendimento do
ovóide córmico
ou desprendimento total
do concepto
MECANISMO DE PARTO
III. RELAÇÕES UTEROFETAIS

Estudo do trajeto

• Trajeto duro e mole


• Estreitos da bacia

Estudo do objeto

Estática fetal:
• Atitude Polo cefálico
• Situação • Ossos do crânio
• Posição • Suturas e fontanelas
• Apresentação
Variedade de posição
Ovoide fetal • Pontos de referência maternos
• Ovoide córmico • Pontos de referência fetais
• Ovoide cefálico • Linha de orientação fetal
Estudo do Trajeto (via de passagem)

Trajeto que o feto percorre para o parto vaginal. Composto por pelve
(trajeto duro) e tecidos moles.

Bacia óssea (pelve)


materna é a mais
importante porque é
relativamente
inflexível (exceto o
cóccix).
A pelve materna é dividida em: falsa (maior) e verdadeira (menor).

Pelve maior

partes superiores e alargadas dos ossos


ilíacos e as asas da base do sacro.

Pelve menor (bacia obstétrica ou


bacia verdadeira)

separada da maior por linha imaginária


(chamada de linha terminal) traçada do
promontório sacral até o aspecto
superior da sínfise púbica na parte
anterior da pelve
Visão superior da bacia óssea
Estreitos da bacia verdadeira

• Estreito superior
• Estreito médio ou
cavidade pélvica
• Estreito inferior

Estreito inferior
ESTUDO DO OBJETO

relações do feto com a bacia e com


ESTÁTICA FETAL o útero

1) Atitude fetal
- relação das diversas partes do
feto entre si. O feto apresenta
então dois pólos: (cefálico e
pélvico) e ovóide córmico (tronco
e membros).

- é de flexão generalizada: as
coxas se fletem sobre a bacia, e
as pernas, sobre as coxas, os
membros superiores fletidos
sobre a face anterior do tórax Ricci, 2016
2) Situação

relação entre o maior eixo fetal (coluna vertebral) com o maior eixo
materno (coluna vertebral)

longitudinal transversa oblíqua


3) Posição

relação entre o dorso fetal e o


lado direito ou esquerdo da
gestante.

A posição mais comum é a esquerda.


4) Apresentação
parte do corpo fetal
que chega primeiro
à abertura superior
da pele (parte que
se apresenta)

Cefálica fletida (95,5%)

Cefálica defletida (1%) de


1º, 2º e 3º grau
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2014).

Após o diagnóstico da situação, apresentação e posição fetal, é preciso


diagnosticar a variedade de posição (relação entre os pontos de referência
maternos e fetais) (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2014).

Para o diagnóstico da de variedade de posição é preciso saber também quais


são os pontos de referência fetais:
Ovóide fetal

A - ovóide cefálico - cabeça óssea


(menos volumoso)

B - ovóide córmico - tronco e


membros (mais volumoso)
Já que 96,5% das apresentações são cefálicas e 95,5 % são
cefálicas fletidas:
Polo cefálico

Cabeça: crânio e face


parietais (2)

Ossos do crânio

2 ossos frontais,
2 parietais,
2 temporais,
1 occipital,
1 esfenóide e
1 etmóide temporais (2)
Suturas e Fontanelas

Os ossos são separados por

SUTURAS e FONTANELAS.

Sutura sagital: entre os parietais.


Sutura metópica:ou frontal média.
Sutura coronária: entre os frontais e
parietais.
Sutura lambdóide: entre os parietais e
occipitais.
Sutura temporal: entre os parietais e
lambdóide.
RELAÇÕES ÚTERO-FETAIS

É a relação entre os pontos de referência maternos e os pontos de


referência fetais

Pontos de referência maternos

1. pube (P)
2. eminência íleopectínea (A)
3. extremidade do diâmetro
transverso máximo (T)
4. sinustose sacro-ilíaca (P)
5. sacro (S)
Pontos de referência fetais

Depende da apresentação.
Se for:

• cefálica fletida - Lâmbda

• cefálica defletida:
• de 1º grau - Bregma
• de 2º grau - Glabela
• de 3º grau - Mento

• Pélvica - Sacro
(pode ser completa ou
incompleta)
Pontos de referência fetais

Em apresentações cefálicas

Fletida Defletidas

lambda lo G bregma 2o G (fronte): raiz do nariz 3o G (face): mento

O B N M
Em apresentações pélvicas
Em apresentações de dorso
(gradeado costal)

A
crista sacrococcigea

acrômio
LINHA DE ORIENTAÇÃO FETAL

Trata-se da linha fetal que se põe em relação com o diâmetro materno


de insinuação e possibilitar acompanhar os movimentos da
apresentação durante o trabalho de parto.

Apresentação Linha de orientação


Cefálica fletida sutura sagital
Cefálica defletida de 1o grau sutura sagital e metópica
Cefálica defletida de 2o grau sutura metópica
Cefálica defletida do 3o grau linha facial, isto é, linha mediana que a partir
da raiz do nariz atinge o mento
Pélvica sulco interglúteo,
Situações transversas não têm linha de orientação

Montenegro, Rezende Filho, 2014.


Variedade de Posição

Relação entre os pontos de referência maternos com os pontos de


referência fetais.

Nomeiam-se pelo emprego de duas ou três


letras: a primeira, indicativa da apresentação, é
símbolo da região que a caracteriza; as demais
correspondem ao ponto de referência ao nível
do estreito superior.

Exemplos: OEA (Occípto Esquerda Anterior)


Identificando as variedades de posição na apresentação cefálica fletida

Situação longitudinal

1ª letra: ponto de ref. fetal. Define a situação e a apresentação.

O B N M S

2ª letra: posição do dorso fetal. D, E


3ª letra: variedade de
posição (onde está o
ponto de referência).

A
T
P

Situação transversal:

1ª letra: ponto de referência fetal (PRF)


2ª letra: Refere-se ao ponto de referência materno - A, P ou T
3ª letra: lado materno para o qual se orienta o PRF - E, ou D
Como em 95,5% dos partos a apresentação é cefálica fletida, vamos nos
ater a ela.

Possibilidades de variedade de posição numa apresentação cefálica


fletida

Sigla Variedade de posições


OP occipitopubiana
OEA occípito-esquerda-anterior
OET occípito-esquerda-transversa
OEP occípito-esquerda-posterior
OS Occipitossacra
ODP occípito-direita-posterior
ODT occípito-direita-transversa
ODA occípito-direita-anterior

(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2014).


OS
ODP
ODT
ODA
OEA
OET
OP
Fixando:

1. Determine a situação,
apresentação, posição e
variedade de posição de
cada figura
REFERÊNCIAS

BRIQUET, R.; GUARIENTO, A (atualizador). Obstetrícia normal. Barueri, SP: Manole,


2011. Pp. 391-404.

CUNNINGHAM, G. et al. Parto. In: _______. Obstetrícia de Williams. tradução:


Adernar Valadares Fonseca ... [et al.); revisão técnica: Renato Sá, Fernanda
Campos. -23. ed. Porto Alegre : AMGH, 2012.

GALÃO, A.O.; SALAZAR, C.C.; FREITAS, F. Mecanismo do Parto. In: FREITAS, F. et al.
Rotinas em obstetrícia. Porto Alegre : Artmed, 2011. pp.301-9.

MARTINS-COSTA, S.H. et al. Assistência ao trabalho de parto. In: FREITAS, F. et al.


Rotinas em obstetrícia. Porto Alegre : Artmed, 2011. pp.310-28.

MONTENEGRO, C.A.B.; REZENDE FILHO, J. Estática fetal. In: ______. Rezende -


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. p.203-
16

ZUGAIB, M. Fases clínicas do parto. In: _______. ZUGAIB Obstetrícia. 3ª Ed, SP:
Manole. 2016, pp.325-30

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