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 Intensidade – são mais intensas no fundo

Módulo 3- Caso 4 uterino (dominância fúndica);  


 Duração – são mais duradouras no fundo; 
Objetivos de Aprendizagem:  Propagação – propagam-se de cima para
 Explicar sobre o mecanismo de contração baixo (propagação descendente). 
uterina;  
 Compreender os métodos farmacológicos e Conceitos presentes nas contrações
não farmacológicos utilizados no estímulo e  Tono ou tônus: é a pressão mais baixa
inibição da contração; exercida pelo útero entre as contrações.
 Implementar a assistência de enfermagem na Pressão miometrial em repouso. (valores
contração uterina normais: 8 e 12 mmHg)
TERMO DESCONHECIDO: - Anel de Bandel, - Distocia -  Intensidade: Pressão máxima uterina durante
Discinesia uterina contração, acima do tônus uterino. É a
diferença (em mmHg) entre o ápice da curva e
Anel de Bandel: Anel muscular formado no limite a base. Na gravidez: pequenas contrações ou
superior do canal cervical do útero que limita a porção localizadas: 2-4 mmHg.  Contrações de
contráctil uterina e que pode ser causa de dificuldade BRAXTON HICKS: 10-20 mmHg. No parto: > 25
do parto, caso entre em espasmo. mmHg, dependendo do período do parto até
50 mmHg.
Distocia fetal é a ocorrência de anormalidades de  frequência: Número de contrações em 10
tamanho ou posição fetal, resultando em dificuldades min. Na gravidez: pequenas contrações de até
no parto. 30 seg. 10 contrações/hora BRAXTON-HICKS :
1/ hora. No final da gravidez: as pequenas
Discinesias uterinas: A contratilidade uterina é o contrações diminuem de frequência e
fenômeno mais importante do trabalho de parto, aumenta de intensidade e as de BRAXTON-
indispensável para fazer dilatar o colo e expulsar o HICKS, aumentam de freqüência. No parto:
feto.  dinâmica uterina = é o número de contrações
em 10 minutos.
Contratilidade Uterina  Atividade uterina: Produto da frequência pela
intensidade. No início da gravidez é muito
A contratilidade uterina é o fenômeno mais
pequena, os registros evidenciam contrações
importante do trabalho de parto, indispensável para
reduzidas, frequentes, cerca de uma por
fazer dilatar, ter o apagamento o colo e expulsar o
minuto, que permanecem restritas á algumas
concepto. 
áreas do útero. Surgem as contrações de
Braxton Hicks, tem frequência muito baixa,
Têm como características o fato de serem:  
em torno de 28-32 semanas, até 2
 involuntárias;  
contrações/horas.
 coordenadas;   
 Trabalho uterino: soma das intensidades,
 progressivamente mais intensas e
dilatação do colo.
frequentes. 
 Tríplice gradiente descendente: Contrações
começam e são mais intensas no fundo
O estudo da contratilidade uterina tem sua maior
uterino (parte superior) e se propagam do
importância em três situações: 
fundo para o colo uterino. Movimento circular
 Para a inibição de contrações nos casos de
do estímulo para a contração liberada pelos
trabalho de parto prematuro; 
marcapassos que vao de forma descendentes
 Para a indução do trabalho de parto em casos
 Contrações de Braxton Hicks: ocorrem
em que seja necessária a resolução do parto;  
durante a gravidez. São incoordenadas, focais,
 E finalmente, no período pós·parto para o
de baixa intensidade e sem o tríplice
miotamponamento e a para a regressão do
gradiente descendente, não indicam o
útero no dias seguintes ao nascimento, razão
trabalho de parto, contribuem para a
pela qual a contratilidade uterina no
manutenção da gravidez
puerpério.
 Duração: Tempo em segundos
A onda contrátil apresenta um triplo gradiente
As contrações inicia-se junto aos cornos uterinos
descendente: 
(esquerdo ou direito), difundindo-se com uma
velocidade de 2cm/s e atinge todo o útero ao fim de
15s. A atividade das diferentes porções do útero é tão
bem coordenada que o máximo da contração é, Os dois primeiros formam um complexo que ativa a
praticamente, simultâneo em todos os locais. Quanto cínase da cadeia leve de miosina, enquanto o AMP
mais a onda se afasta do corno uterino, mais curta é a cíclico inibe a sua atividade enzimática. Quando ativa
duração da fase de contração. A intensidade também a cadeia leve de miosina, modula a fosforilação da
diminui de cima para baixo, devido à redução da miosina, permitindo dessa forma uma interação das
espessura do miométrio e da concentração de actino- duas proteínas do complexo e possibilitando a
miosina.  contração local. 

A fase de contração é mais rápida, sendo a fase de Esses três sistemas reguladores da cínase da cadeia
relaxamento mais demorada. Quando a contração leve de miosina estão inter-relacionados e respondem
atinge uma certa intensidade, torna-se perceptível à a ações hormonais e a agentes farmacológicos. 
palpação abdominal e provoca dor, a qual é sentida A progesterona, principal hormônio da gravidez,
de diferentes formas de mulher para mulher. O consolida as ligações do cálcio no retículo
mecanismo da dor não está plenamente esclarecido, sarcoplasmático, reduzindo assim a fração livre
tendo sido colocadas várias hipóteses:   disponível de cálcio intracelular e, consequentemente,
 Hipóxia miometrial provocada pela elevando o limiar de excitabilidade da fibra
compressão dos vasos que o irrigam, tal como miometrial. Esse fato torna o útero quiescente e foi
sucede no angor;   descrito como bloqueio progestogênico.
 Compressão das terminações nervosas do De forma inversa, as prostaglandinas também
colo e segmento inferior pela contracção dos modulam o fluxo de cálcio por meio de alterações na
feixes musculares, apoiada pelo fato de a dor permeabilidade da membrana celular, o que leva ao
poder ser aliviada pela injecção de um aumento dos níveis intracelulares de cálcio e favorece
anestésico local na região paracervical;  a contração das fibras.
 Estiramento do colo durante a dilatação;   Somado a isso, as células musculares comunicam-se
 Estiramento do peritoneu adjacente. umas com as outras via conexões protéicas
denominadas gap junctions (conexinas). Essas
O evento de contratilidade uterina com ritmo só é conexões facilitam a sincronização e a transmissão
possível por ser precedido por notáveis modificações dos estímulos eletrofisiológicos, aumentam em
na estrutura miometrial, as quais determinam número com a progressão da gestação e estão sob a
hipertrofia e hiperplasia das células. O miométrio é, influência dos esteróides placentários, sendo o
de fato, composto por células musculares lisas que estrógeno o principal responsável pelo aumento da
apresentam grau máximo de diferenciação no sistema concentração dessas proteínas de conexão.
muscular. Essas fibras musculares estão dispersas Entre as principais características das células
dentro da matriz extracelular formada principalmente musculares miometriais, podem ser citadas a sua
por fibras colágenas.  baixa sensibilidade a estímulos dolorosos, a
A unidade geradora de contração uterina é formada excitabilidade, a capacidade elástica, a tonicidade e a
por um complexo proteico (actina-miosina) disposto capacidade contrátil .
em fuso dentro do citoplasma. Assim, essas fibras • Sensibilidade dolorosa: é discreta no colo e no
estão dispostas em feixes e envoltas por uma matriz corpo uterino. A queixa dolorosa relatada pelas
de tecido conjuntivo composta por colágeno, cuja pacientes relaciona-se, na cesárea, ao manuseio do
principal função é facilitar a transmissão das forças peritônio. Durante o parto por via vaginal, ela coincide
contráteis geradas pelos feixes musculares.  com a contração e resulta da projeção da
apresentação fetal contra o segmento inferior e da
compressão dos órgãos vizinhos. Contrações com
Fisiologia das contrações uterinas intensidade de 40 a 50 mmHg não são identificadas
pelas gestantes.
 UNIDADE CONTRÁTIL MIOMETRIAL • Excitabilidade: as fibras miometriais podem ser
excitadas. A resposta uterina a eventos estressantes
A contração uterina depende da interação dos está relacionada à produção de catecolaminas
componentes do complexo protéico entre si, que é (adrenalina e noradrenalina) e é seguida por
modulada pela ação da enzima cínase da cadeia leve alterações da contratilidade, por vezes associadas ao
de miosina. Essa enzima é influenciada por três trabalho de parto prematuro.
sistemas reguladores:  • Elasticidade: a capacidade elástica do miométrio é
 cálcio,  representada pelas características de extensibilidade
 calmodulina e  e retratibilidade.
 monofosfato de adenosina cíclico (AMP • Extensibilidade: diz respeito à capacidade de
cíclico).  adaptação da parede miometrial às alterações do
conteúdo uterino ao longo da gestação e, Durante a gestação, o miométrio apresenta
principalmente, no trabalho de parto.  crescimento constante e, em virtude do bloqueio
• Retratilidade: por outro lado, a redução abrupta do progestogênico, há baixa frequência de contrações.
volume de líquido amniótico (rotura das membranas Até por volta de 28 semanas de gestação, as
ovulares) é seguida pelo encurtamento das fibras contrações predominantes são as do tipo A, quando
contráteis miometriais (com aumento de sua então as do tipo B tomam-se mais frequentes,
espessura), mantendo-se praticamente inalterado o atingindo incremento máximo quatro semanas antes
tônus uterino . Na expulsão fetal: a parede uterina do início do trabalho de parto. Ambos os tipos de
mantém-se adaptada sobre o corpo fetal. Após a contrações estão sujeitos ao bloqueio progestagênico
expulsão do feto, a parede adapta-se sobre a e essas contrações não são dolorosas, sendo admitido
placenta. Depois da dequitação, ainda em razão da por alguns autores que sua principal função é
retratibilidade. as fibras miometriais comprimem os estimular a circulação fetal.  Um fator interessante é
vasos que as atravessam, garantindo a hemostasia que o maior incremento do peso fetal se dá a partir de
local (o que caracteriza clinicamente o chamado 28 semanas de gestação, o que coincide com a maior
"globo vivo de Pinard"} frequência das contrações de Braxton Hicks (tipo B).  
• Tonicidade: é representada pela pressão
intrauterina no intervalo de duas contrações. Pode Nas últimas semanas de gravidez, as contrações de
estar alterada para mais (hipertonia) ou para menos Braxton Hicks apresentam frequência maior e, em
(hipotonia). Apesar do aumento ou da redução consequência disso, ocorre distensão do segmento
moderada do conteúdo uterino, normalmente seus inferior do útero e pequeno grau de encurtamento
valores pouco se alteram. cervical. O que justifica a percepção de diminuição do
volume do abdome nessa fase (queda do ventre).
• Contratilidade: o útero apresenta atividade contrátil Constituem motivo frequente de queixas por parte
durante toda a gestação. Essas contrações são de dois das gestantes, e a conduta frente à queixas de
tipos: de alta frequência e baixa amplitude (tipo A), incômodo por causa dessas contrações é
geralmente localizadas, com frequência de 1 simplesmente a administração de antiespasmódicos
contração/ min e intensidade de 2 a 4 mmHg; e de (escopolamina, por exemplo) e o repouso relativo.
alta amplitude (contrações de Braxton Hicks ou tipo Assim, essas contrações absolutamente fisiológicas
B), cuja intensidade é de 10 a 20 mmHg e se difundem devem ser bem distinguidas das contrações dolorosas
de forma parcial ou total pelo útero. Sua frequência que de fato modificam o colo, constituindo trabalho
aumenta progressivamente com a evolução da de parto. A principal distinção, além da sensação
gestação, tendo acréscimo máximo nas quatro dolorosa, é a ausência de ritmo nas contrações de
semanas que antecedem o parto. Antes de 28 Braxton Hick e a sua cessação com a tomada de
semanas de gestação, elas são quiescentes e, a partir uterolítico ou com o repouso.
de então, há aumento gradual e coordenado na
frequência e na intensidade. O início do trabalho de
parto é marcado pela ocorrência de duas contrações a CONTRAÇÕES UTERINAS DURANTE O PARTO
cada 10 minutos, com intensidade de 20 a 40 mmHg. O diagnóstico de trabalho de parto se firma diante de
contrações uterinas regulares e da modificação
cervical progressiva. O início desse trabalho é
considerado quando a dilatação atinge 2 cm, estando
a atividade uterina compreendida entre 80 e 120
Unidades Montevidéu.

As contrações uterinas se iniciam na parte superior do


útero, local em que são mais intensas, e se propagam
com intensidade decrescente pelo corpo do útero até
atingir o segmento inferior. A essas três características
das contrações uterinas intraparto Alvarez e Caldeyro-
Barcia deram o nome de tríplice gradiente
descendente. 
A manutenção desse tríplice gradiente descendente é
fundamental para o adequado desenrolar do trabalho
CONTRAÇÕES NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL   de parto.
CONTRAÇÕES UTERINAS DURANTE A GESTAÇÃO  
Durante a fase de dilatação, a frequência das quando surgem contrações de Braxton-Hicks. Têm
contrações uterinas é de duas a três em 10 minutos, frequência muito baixa, em torno de 28 a 32 semanas,
com intensidade de aproximadamente 30 mmHg; até 2 contrações/h. O tônus uterino permanece entre
já no período expulsivo, pode chegar a cinco 3 e 8 mmHg. 
contrações em 10 minutos, com intensidade de 50 As contrações de Braxton-Hicks resultam mais da
mmHg. Nessa fase, soma-se às contrações uterinas a soma de metrossístoles assincrônicas, parcialmente
contração voluntária da musculatura abdominal, propagadas, do que de atividade bem coordenada. 
denominada puxo, cuja função é aumentar a pressão
abdominal e facilitar a expulsão do feto. Pré-parto
A cada contração uterina, durante o trabalho de  Após 30 semanas, a atividade uterina aumenta
parto, admite-se que sejam impulsionados do vagarosa e progressivamente. Nas últimas 4 semanas
território placentário cerca de 300 mL de sangue, (pré-parto) a atividade é acentuada, observando-se,
determinando aumento do retorno venoso ao coração em geral, contrações de Braxton-Hicks mais intensas e
e consequente incremento do volume ejetado na frequentes, que melhoram a sua coordenação e se
sístole cardíaca. Soma-se a esse incremento, após a difundem a áreas cada vez maiores da matriz (até 3
expulsão do feto, a diminuição da pressão exercida contrações/h). As pequenas contrações, embora
pelo útero gravídico sobre a veia cava inferior. Esses diminuídas em número, permanecem nos traçados
fenômenos devem ser observados de forma obtidos nessa época. O tônus se aproxima de 8
cuidadosa, sobretudo em pacientes cardiopatas ou mmHg. Em menor quantidade de casos, a
com síndromes hipertensivas graves, pois o aumento transformação da atividade uterina no pré-parto se
súbito do retorno venoso pode predispor a quadro de faz pelo aumento progressivo da intensidade das
edema pulmonar agudo. pequenas contrações, que se tornam mais expansivas,
enquanto sua frequência diminui gradativamente. 
CONTRAÇÕES UTERINAS NO PUERPÉRIO
Após a expulsão fetal, o útero continua a apresentar
contrações rítmicas cuja função é propiciar a Parto: Está associado ao desenvolvimento de
dequitação fisiológica. Todavia, essas contrações são contrações dolorosas e rítmicas, que condicionam
indolores e, após duas ou três contrações, a placenta dilatação do colo uterino.
é impelida para o canal de parto.
Esse primeiro momento do secundamento constitui o - Considera-se seu início quando a dilatação cervical
chamado tempo corpóreo e dura entre 6 e 10 chega a 2 cm, estando a atividade uterina
minutos. As contrações que ocorrem no puerpério compreendida entre 80 e 120 UM (em média 100
imediato têm como principal função auxiliar a UM).
dequitação e a hemostasia.
Esse fenômeno de miotamponamento determina a - Não há demarcação nítida entre o pré-parto e o
“laqueadura viva” dos vasos uterinos e faz com que o parto, mas, sim, transição gradual, insensível, o que
útero fique devidamente contraído, o que foi torna difícil caracterizar a atividade do começo da
denominado globo de segurança por Pinard. dilatação. As pequenas contrações localizadas tendem
Decorridas as primeiras 12 horas após o parto, a desaparecer, estando ausentes nos partos normais,
registra-se uma contração em 10 minutos, e nos dias em que os registros exibem apenas metrossístoles
subsequentes sua intensidade e sua frequência fortes e regulares.
reduzem-se. Vale salientar que, durante as mamadas,
- Na dilatação, as contrações têm intensidade de 30
a sucção do leite determina a liberação de ocitocina, o
mmHg e frequência de 2 a 3/10 min, para alcançar, no
que causa aumento na frequência das contrações e
final desse período, valores respectivos de 40 mmHg e
ocasionalmente pode provocar desconforto na
4/10 min.
puérpera (dor de tortos).
- A postura assumida pela paciente tem importância
Evolução da contratilidade uterina no expressiva na contratilidade uterina. O decúbito
ciclo gestatório lateral, em 90% dos casos, aumenta a intensidade e
diminui a frequência. A atividade contrátil exibida na
Gravidez  posição lateral sugere sua maior eficiência para a
Até 30 semanas de gestação, a atividade uterina é progressão do parto, embora não haja provas
muito pequena, inferior a 20 UM. Os registros de concretas nesse sentido.
pressão amniótica evidenciam contrações reduzidas,
frequentes, cerca de 1 por minuto, que permanecem - No período expulsivo, a frequência atinge 5
restritas a diminutas áreas do útero. De vez em contrações em 10 min e a intensidade, 50 mmHg. São
próprias dessa fase as contrações da musculatura Ocasionalmente, contrações de Braxton-Hicks mais
abdominal com a glote fechada, esforços respiratórios intensas e menos frequentes se espalham para áreas
verdadeiros, chamados puxos. Eles causam maiores do órgão.
acréscimos súbitos e de curta duração da pressão
abdominal, que se sobrepõem às elevações No parto normal, a onda contrátil tem sua origem em
determinadas pelas metrossístoles (tipo de dois marca-passos, direito e esquerdo, situados perto
contração). Os puxos têm intensidade média de 50 das implantações das tubas.
mmHg, de tal modo que, somados à pressão
intrauterina, neste caso também de 50 mmHg, O marca-passo direito seria predominante; em
condicionam pressão amniótica de 100 mmHg. algumas mulheres, o esquerdo, o principal. Ainda se
admite o funcionamento alternado: certas ondas
- Em partos normais a atividade uterina varia de 100 a nascem do direito e outras, do esquerdo, sem que
250 UM. haja, todavia, interferência entre eles.

Secundamento Do marca-passo a onda se propaga ao resto do útero


na velocidade de 2 cm/s, percorrendo todo o órgão
Após o nascimento do concepto, o útero continua a em 15 s. O sentido de propagação da onda é
produzir contrações rítmicas. As 2 ou 3 primeiras em predominantemente descendente; apenas em um
geral descolam a placenta de sua inserção uterina e a pequeno trajeto, que se dirige ao fundo, é
impelem para o canal do parto. ascendente.

- As contrações, agora indolores, proporcionam alívio intensidade das contrações diminui das partes altas
imediato às pacientes, por isso foram responsáveis do útero para as baixas. No colo, somente a zona
pelo chamado período de repouso fisiológico, que próxima ao orifício interno tem tecido muscular liso e
hoje se sabe não existir, em termos de dinâmica pode se contrair, não obstante com força menor que a
uterina. do segmento e muito inferior à do corpo; o tecido que
circunda o orifício externo é desprovido de músculo,
A atividade uterina aumenta progressivamente após sendo, portanto, incontrátil.
30 semanas, durante o parto, o acréscimo é acelerado
e atinge o máximo no período expulsivo. No Diz-se, então, que a onda de contração do parto
secundamento e no puerpério, são expressivas as normal tem triplo gradiente descendente: as
quedas da atividade uterina. metrossístoles começam primeiro, são mais intensas e
têm maior duração nas partes altas da matriz do que
nas baixas.

Essa coordenação do útero parturiente normal


determina a soma de efeitos, com elevação regular,
de pico único, intensa, da pressão amniótica. Como
todas as regiões do órgão se relaxam ao mesmo
tempo, a pressão amniótica pode descer ao tônus
normal entre as contrações.

No útero puerperal, a velocidade de propagação


diminui muito (0,2 a 0,5 cm/s), gastando a onda
contrátil 1 min para percorrer o trajeto que vai do
marca-passo até o segmento inferior. Como
consequência, as diferentes partes do útero alcançam
de modo sucessivo, e não simultaneamente, como no
parto, o máximo de contração, dando características
peristálticas às metrossístoles aqui encontradas.
Propagação da onda contrátil no útero gravídico
Funções das Contrações:
Na gravidez, a quase totalidade das metrossístoles
permanece circunscrita a pequenas áreas do útero,
Manutenção da gravidez: Durante a gestação, o útero
causando elevação de pouca ampliação na pressão não está inativo, mas sua atividade é bastante
amniótica.
reduzida, irregular, localizada e sem significado
funcional expulsivo.
- A gravidez provavelmente se mantém pelo chamado - Embora a parte mais importante se desenvolva no
bloqueio miometrial progesterônico. período expulsivo, são as contrações do pré-parto que
começam a adaptar e a insinuar a apresentação fetal
- A progesterona tem a propriedade de diminuir a na bacia.
sensibilidade da célula miometrial ao estímulo
contrátil, por hiperpolarização da membrana, - As contrações dos ligamentos redondos, sincrônicas
bloqueando a condução da atividade elétrica de uma com as do útero, tracionam o fundo para a frente,
célula muscular a outra. Grande parte da colocando o eixo longitudinal da matriz na direção do
progesterona placentária alcança o miométrio antes eixo da escavação pélvica, facilitando a progressão do
de ser carreada pela circulação sistêmica. Esse feto. Os ligamentos redondos, ao se encurtarem nas
componente local determina o gradiente de contrações, tendem a aproximar o fundo uterino da
concentração progesterônica no útero, função da pelve, somando-se à força que no mesmo sentido
distância à placenta. exercem as contrações do corpo.

- O bloqueio progesterônico efetivo impede o Mecanismo pelo qual as contrações uterinas


descolamento da placenta, não só durante a gravidez, determinam a descida e a expulsão do feto. Estando o
como também no ambiente hostil, da parturição. útero preso à pelve, principalmente pelos ligamentos
uterossacros, ao se contrair, suas paredes se
Dilatação do istmo e do colo uterino: No pré-parto, a encurtam e impulsionam o feto. As contrações dos
contração encurta o corpo uterino e exerce tração ligamentos redondos tracionam o fundo uterino para
longitudinal no segmento inferior, que se expande, e a frente, colocando o eixo longitudinal da matriz no
no colo, que progressivamente se apaga e se dilata eixo da escavação pélvica, e para baixo, aproximando
(amadurecimento). A tração pode ser transmitida com o fundo da pelve. 
eficiência ao colo porque o segmento também se
contrai, embora com força menor que o corpo. Descolamento da placenta: Com a expulsão do feto, o
corpo do útero, adaptando-se à grande redução
- Ao termo da gravidez, o orifício externo cervical volumétrica, se retrai muito.
atinge, em média, 1,8 cm nas nulíparas e 2,2 cm nas
multíparas; o colo se apaga, respectivamente, cerca - O acentuado encurtamento é responsável pela
de 70 e 60%. desinserção placentária, bastando geralmente 2 a 3
contrações para descolar a placenta do corpo para o
- No parto, essas alterações se intensificam; depois de canal do parto (segmento inferior, colo e vagina).
cada metrossístole o corpo fica mais curto e mais
espesso (braquiestase ou retração), e o colo uterino - Esses 6 a 10 primeiros minutos do pós-parto
fica mais dilatado. Apenas no período expulsivo constituem o tempo corporal, porque a placenta
produz-se certo estiramento longitudinal do permanece dentro do corpo uterino. Uma vez no
segmento. canal do parto, a pequena contratilidade exercida
pelo segmento inferior é incapaz de expulsar a
- A pressão exercida pela apresentação fetal ou pela placenta para o exterior, o que só ocorrerá após
bolsa das águas, atuando em forma de cunha, esforços expulsivos da paciente ou com a intervenção
constitui o segundo fator responsável pela dilatação do tocólogo.
das porções baixas do útero.
Hemostasia puerperal: A atividade do útero no pós-
- O progresso da dilatação cervical depende da parto é indispensável para coibir a hemorragia no sítio
contratilidade uterina propagada, coordenada e com placentário, quando a hemostasia depende
tríplice gradiente descendente, embora a resistência fundamentalmente do tônus uterino, das contrações
oposta pelo colo desempenhe papel relevante. e da retração das fibras musculares. Mais tarde, o
modo de propagação peristáltica, que caracteriza o
- A duração do parto normal é muito variável, útero puerperal, é eficaz para eliminar os coágulos e
completando-se a dilatação, nas primíparas, após 10 a os lóquios do interior da matriz.
12 h, e, nas multíparas, decorridas 6 a 8 h.
- No período expulsivo, no secundamento e no
Descida e expulsão do feto: As metrossístoles, ao puerpério, embora ocorram acentuadas e
encurtarem o corpo uterino, empurram o feto através progressivas reduções volumétricas, o miométrio tem
da pelve e o expulsam para o exterior, estando a parte grande capacidade para encurtar-se e, portanto,
inferior do útero presa à pelve, principalmente pelos adaptar-se às enormes e rápidas diminuições do
ligamentos uterossacros. conteúdo uterino, mantendo o mesmo tônus.
Correlações clínicas músculo liso não possui troponina. Além do que não
somente a molécula de miosina assume configuração
As contrações só são percebidas à palpação diferente no sentido que seu local de ligação à actina,
abdominal, depois que sua intensidade ultrapassa 10 está encoberto pela molécula da miosina. Esquema da
mmHg. Como o início e o fim da onda contrátil não concentração do músculo liso:
podem ser palpados, a duração clínica da 1. Liberação de Ca++ armazenado no retículo
metrossístole é mais curta (70 s) que a real, obtida sarcoplasmático
pelo registro da pressão amniótica (200 s). A palpação 2. Ligação do Ca++ se une à calmodulina
das contrações torna-se muito difícil quando o tônus
3. Ativação da enzima miosina
uterino está acima de 30 mmHg, e além de 40 mmHg
não mais se consegue deprimir a parede uterina. 4. Hidrólise do ATP
5. Liberação da cauda da miosina expondo o sítio
As contrações são habitualmente indolores até que actinacombinante
sua intensidade ultrapasse 15 mmHg (valor médio 6. Disposição da miosina em filamentos bipolares.
para parturientes sem analgotocia). Essa é a pressão 7. Ligação da miosina à actina.
mínima para distender o segmento inferior e o colo na 8. Deslizamento da actina sobre a miosina.
fase de dilatação; ou a vagina e o períneo, na fase
9. Encurtamento do sarcômero.
expulsiva. A duração da dor (60 s) é ligeiramente
menor que a permanência da onda contrátil, tal qual é 10. Contração.
percebida pela palpação. A metrossístole normal é Outras estruturas:
indolor quando não produz distensão do conduto  Estrutura fina do músculo liso
genital – contrações da gravidez, do secundamento e  Filamento grosso
do puerpério. Em algumas puérperas, geralmente  Filamento fino
multíparas, as contrações uterinas, principalmente na  Filamento intermediário e corpo denso 
ocasião da mamada, provocam dor (tortos) de
mecanismo desconhecido.

Estrutura da proteína contrátil Principais etapas da contração uterina.

 Músculo liso
  1.Liberação do cálcio armazenado no retículo
As células musculares lisas (miócitos) são fusiformes, sarcoplasmático
alongadas, têm apenas um núcleo e contém
citoplasma.   2.Ligação do cálcio à calmodulina (CaM) com
As células musculares se comunicam umas com as formação do complexo Ca-CaM
outras pelas conexões denominadas junções
comunicantes – contatos célula-célula que, acredita-
  3.Ativação da quinase da miosina de cadeia
se, facilitem a sincronização da função miometrial na
leve (MLCK) pelo complexo Ca-CaM
condução dos estímulos eletrofisiológicos.
Embora existam poucas junções comunicantes no
miométrio de mulheres não grávidas e em gestantes   4.A MLCK em presença do ATP fosforiliza uma
no início da gravidez, essas estruturas se tornam das miosinas de cadeia leve (MLC), que é ativada
maiores e aumentam sua quantidade com a
proximidade do termo, quando a frequência das
contrações de Braxton-Hicks cresce até culminar com   5.Liberação da cauda da miosina e mudança
o parto. O aumento dos estrogênios é a causa do conformacional da cabeça expondo o sítio
acréscimo das junções comunicantes. O processo de actina-combinante
formação das junções comunicantes é visto como
característica essencial do determinismo do parto.   6.Ligação do complexo Ca-CaM à caldesmon
A questão da atividade de marca-passo no miométrio (Cald), que movimenta a tropomiosina,
não está definida no momento presente; nenhum liberando os locais de ligação à miosina
local específico foi ainda identificado no útero
humano.   7.Ligação da cabeça globular da miosina à
Controle da Contração do Músculo Liso. actina (ponte cruzada)
Embora a regulação da contração do músculo liso
dependa do Ca++, o mecanismo de controle difere do   8.Movimento da cabeça da miosina
encontrado no músculo estriado, porque a actina do
Determinismo do parto
promovendo o deslizamento da actina sobre a
A parturição no ser humano é um evento único,
miosina (power stroke)
distinto, a dificultar ilações da investigação no modelo
animal, inclusive dos primatas mais próximos.
  9.Encurtamento do sarcômero Mecanismo do ciclo contrátil. 1, o trifosfato de
adenosina (ATP) se liga à cabeça da miosina,
promovendo a sua liberação da actina. 2, o ATP é
10.Contração hidrolisado, determinando mudança conformacional
da cabeça da miosina, que assume posição
energizada. Difosfato de adenosina (ADP) e fosfato
11.Quando cai o nível de cálcio citosólico, a MLC inorgânico (Pi) permanecem associados à cabeça da
é defosforilada pela fosfatase da miosina de miosina. 3, a cabeça da miosina se liga ao filamento
cadeia leve (MLCP) de actina (ponte cruzada) e o Pi é dissociado. 4, a
dissociação do Pi aciona o power stroke, uma
12.A MLC fica inativa e o músculo relaxa mudança conformacional na cabeça da miosina que
ocasiona o movimento do filamento de actina,
fazendo-o deslizar sobre o da miosina, encurtando a
fibra muscular e determinando a contração. O ADP é
Ciclo contrátil
liberado no processo.

O entendimento dos eventos moleculares que


Hormônio liberador de corticotrofina e “relógio”
levam à contração muscular está embasado no
placentário
modelo de deslizamento do filamento. Esse modelo é
A época do parto está associada ao
aplicável tanto ao músculo liso quanto ao esquelético
desenvolvimento da placenta, mais especificamente à
ou ao cardíaco.
expressão do gene que regula a produção do
Um ciclo contrátil se inicia estando a cabeça
hormônio liberador de corticotrofina (CRH), também
globular da miosina firmemente ligada ao filamento
denominado fator liberador de corticotrofina (CRF),
da actina, em configuração de rigidez (rigor). Esse
sintetizado pelo trofoblasto.
estado é rapidamente terminado quando uma
CRH na mãe
molécula de ATP se liga à cabeça da miosina .
O CRH placentário circula no plasma materno, no
O ATP causa mudança na cabeça da miosina, que
qual se eleva exponencialmente à medida que a
possibilita liberá-la da actina. Ocorre hidrólise do ATP,
gestação avança, atingindo seu máximo no momento
mas o ADP e o Pi ainda permanecem ligados. A
do parto. Em mulheres com parto pré-termo, o
energia liberada pela hidrólise do ATP é usada para
aumento exponencial é rápido, enquanto naquelas
transformar a miosina de estado de baixa energia
cuja parturição ocorre após a data estimada, a
para o de alta energia.
elevação é lenta. Esses achados corroboram a teoria
Quando o cálcio citosólico aumenta, os locais de
do “relógio” placentário.
ligação à miosina na actina tornam-se disponíveis pelo
Os corticoides aceleram a expressão do gene CRH
afastamento da tropomiosina, e a cabeça da miosina
e, consequentemente, a produção do hormônio pela
se liga a novo local no filamento de actina e libera o
placenta. Por sua vez, o CRH estimula a hipófise a
Pi.
secretar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), ou
A ligação da actina produzindo o complexo
corticotrofina, que age no córtex suprarrenal,
actomiosina (ponte cruzada), seguida da dissociação
liberando o cortisol.
do Pi, determina o power stroke. O power stroke
Os níveis elevados de CRH e de ACTH agindo nas
consiste na translocação do filamento fino pela
glândulas suprarrenais maternas promovem a
cabeça da miosina, na verdade, o deslizamento da
produção não somente de cortisol, como também de
actina sobre a miosina, o que ocasiona o
deidroepiandrosterona (DHEA), substrato para a
encurtamento do sarcômero e, consequentemente, a
síntese dos estrogênios placentários.
contração. Em seguida, o power stroke libera o ADP. A
dissociação sequencial do Pi e do ADP converte a CRH no feto
miosina em estado conformacional de baixa energia. O CRH é secretado pela placenta
A energia para a realização do power stroke foi predominantemente no sangue materno, mas alcança
derivada do ATP. O ciclo da contração está terminado também a circulação fetal. O estímulo da hipófise fetal
e a cabeça da miosina está, embora em outro local, pelo CRH eleva a produção de ACTH e,
firmemente ligada à actina em configuração de rigidez consequentemente, a síntese de cortisol pela
(rigor) suprarrenal e o amadurecimento do pulmão.
Concomitantemente, o aumento do cortisol promove [CX-43] é a mais importante), através das quais
a produção do CRH placentário, em mecanismo de atravessam íons e certos metabólitos celulares. Essas
feedback positivo. O amadurecimento do pulmão fetal junções comunicantes entre os miócitos aumentam
como resultado de elevação da concentração de em quantidade com a proximidade do parto,
cortisol está associado à produção acrescida da provavelmente por estímulo estrogênico e pelo
proteína surfactante A e de fosfolipídios, ambos estiramento uterino. Essa extrema conectividade
responsáveis por ações pró-inflamatórias que podem física e bioquímica possibilita que a despolarização
determinar a contração miometrial por meio do dos miócitos individuais atinja as células vizinhas,
aumento na elaboração de prostaglandinas (PG) pelas assim formando extensas ondas de despolarização e
membranas (âmnio) fetais (PGE2) e pelo próprio de contração, alcançando grandes áreas do útero. Isso
miométrio (PGF2α). determina elevação da pressão intrauterina,
Assim, o CRH pode estimular a esteroidogênese, progressiva dilatação do colo e expulsão do feto.
provendo o substrato (DHEA) para a produção de
estrogênios pela placenta, que favorece a formação Proteínas que promovem a contração do miocito
de junções comunicantes entre as células miometriais, A interação entre a actina e a miosina determina a
possibilitando a melhor condução elétrica e, por contração do miócito. Para que ocorra essa interação,
conseguinte, contrações uterinas regulares (ver a actina deve alterar a sua conformação original
adiante a formação das junções comunicantes). globular em fibrilar. A actina também deve ligar-se ao
Ativação do miométrio a termo citoesqueleto pelos corpos densos (actinina-α),
Proteínas que aumentam a excitabilidade do situados na membrana celular, possibilitando o
miométrio desenvolvimento da tensão durante a contração. A
Os miócitos mantêm gradiente de potencial miosina, parceira da actina, é ativada quando
eletroquímico por meio da membrana plasmática, fosforilada pela MLCK. A CaM e a elevação do cálcio
com o interior negativo em relação ao exterior, na intracelular ativam essa enzima
dependência da ação da bomba de sódio-potássio. Via da participação miometrial
Um componente desse processo é o canal de
potássio, que pode ser cálcio ou voltagem-regulado, e Participação fetal
possibilita o efluxo de potássio, consequentemente
Durante a gravidez, o crescimento do útero sob ação
aumentando a diferença de potencial através da
dos estrogênios fornece espaço para o
membrana celular, tornando-a mais refratária à
desenvolvimento do feto. Porém, no final da gestação,
despolarização. Ao tempo do parto, mudanças na
quando cessa o crescimento do útero, o aumento da
distribuição e na função desses canais reduzem a
tensão nas paredes uterinas sinaliza para o início do
intensidade do estímulo necessário para despolarizar
parto. Por essa razão, o parto se inicia antes na
os miócitos e produzir o associado influxo de cálcio
gravidez gemelar, na macrossomia fetal e no
para produzir as contrações. Receptores
polidrâmnio, conduzindo à prematuridade. Esses
simpaticomiméticos β2 que aumentam a abertura dos
eventos estão relacionados provavelmente com a
canais de potássio, reduzindo assim a excitabilidade
sobredistensão do miométrio, que ocorre na
da célula, também declinam no parto.
multiplicidade ou na macrossomia fetal, e no excesso
Proteínas que promovem a condutibilidade de líquido amniótico. Na maioria das estruturas
intercelular junções comunicantes musculares lisas, o estiramento determina a
Aspecto fundamental na atividade miometrial é o contração. À medida que o termo se aproxima, há
desenvolvimento da sincronia. A atividade sincrônica elevação da concentração do CRH placentário,
das células miometriais provoca contrações fortes, estímulo para a produção de ACTH pela hipófise fetal
necessárias para expulsar o concepto. Igualmente e de estrogênios pela suprarrenal. O DHEA elaborado
importante é o período de relaxamento que em quantidades crescentes pela zona fetal da
possibilita o fluxo de sangue ao feto, bastante suprarrenal é rapidamente metabolizado na placenta
prejudicado durante a contração. Não há no útero em estrogênios. A concentração elevada de cortisol
marca-passo clássico que regule as contrações, induz a maturação dos pulmões, elevando a produção
embora células especializadas assemelhadas tenham da proteína surfactante A e dos fosfolipídios que são
sido identificadas. De qualquer modo, à medida que a críticos para a função pulmonar. No líquido amniótico,
parturição progride, aumenta a sincronização da a proteína surfactante A pode promover a inflamação,
atividade elétrica no útero. que é observada em membranas fetais, colo e
No nível molecular, os miócitos são conectados por miométrio. Há considerável evidência de que esse
canais ou junções comunicantes (junções gap). No processo inflamatório (COX-2, interleucina [IL]-8) seja
miométrio, as junções comunicantes são formadas um dos elementos que conduzem ao início do parto.
por membros da família das conexinas (a conexina 43 Ativação da membrana (âmnio) fetal
O âmnio está em contato direto com o líquido O terceiro período enzimático na síntese das PG é
amniótico, possibilitando que os constituintes do a conversão da PGH2 em uma PG das biologicamente
líquido amniótico tenham acesso irrestrito a ele . A ativas: PGI2, PGE2, PGF2α e TxA2.
produção de proteína surfactante A, fosfolipídios e As PG produzidas nas membranas fetais interagem
citocinas inflamatórias no líquido amniótico eleva a com os receptores locais ou, por difusão, alcançam o
atividade da ciclo-oxigenase-2 (COX-2) e a produção miométrio. Nas membranas, as PG ativam e
da PGE2 no âmnio e de PGF2α no miométrio. As promovem a degeneração do colágeno, favorecendo a
prostaglandinas medeiam a liberação de sua ruptura.
metaloproteinases da matriz (MMP), que As PG atuam em receptores específicos; existe um
enfraquecem as membranas fetais, facilitando a sua para cada PGF2α (FP), I2 (IP), TxA2 (TP), e quatro para
ruptura. a PGE2 (EP1-4). De modo geral, os receptores das PG
Amadurecimento cervical podem ser divididos em dois grupos: estimulantes
O processo de amadurecimento cervical precede o (EP1, EP3, FP e TP) e relaxantes (EP2, EP4 e IP) da
início das contrações uterinas de várias semanas. Isso contração.
envolve alterações morfológicas no colo, que se A PGF2α estimula a contração uterina pela
transforma de barreira rígida, a qual isola o ambiente produção de IP3 e a conseguinte liberação de cálcio
intrauterino da infecção ascendente, em órgão do retículo sarcoplasmático. A ação da PGE2 no
amolecido, distensível, dando passagem ao feto miométrio é complexa, em virtude da existência de
durante a parturição. quatro receptores: dois estimulantes (EP1 e EP3) e
A concentração de colágeno no colo diminui dois relaxantes (EP2 e EP4). A sinalização da PGE2 por
durante o seu amadurecimento, e as EP1 e EP3 estimula a liberação de cálcio via IP3,
glicosaminoglicanas hidrofóbicas dentro do tecido enquanto EP2 e EP4 ativam a adenilatociclase (ver
conjuntivo são substituídas pelo ácido hialurônico Figuras 12.25 e 12.26). A ativação do monofosfato de
hidrófilo. A concentração total de água no colo cresce, adenosina cíclico (cAMP) pela adenilatociclase é uma
e a de colágeno diminui. das vias principais de relaxamento do músculo liso.
O amadurecimento do colo é processo inflamatório A expressão dos receptores de PG varia de acordo
conduzido por macrófagos e neutrófilos que infiltram com o estágio da gravidez, e o nível ou o tipo de
a cérvice nas proximidades do termo; o influxo de receptor dita o grau de quiescência ou de
neutrófilos é conduzido pela interleucina-8 (IL-8). contratilidade uterina.
Além de produzirem citocinas, os macrófagos e
neutrófilos elaboram metaloproteinases da matriz Retirada da progesterona
(MMP), que digerem as proteínas da matriz
extracelular, o que é necessário para o A progesterona desempenha papel fundamental
amadurecimento cervical. no desenvolvimento do endométrio por possibilitar a
Papel das prostaglandinas implantação e, posteriormente, por manter o
miométrio quiescente – bloqueio miometrial
As PG são produzidas pelo miométrio e pelas
progesterônico.
membranas fetais, especialmente o âmnio. Elas são
cadeias de ácidos graxos com 20 átomos de carbono. Em muitos mamíferos, a queda da progesterona
circulante precipita o parto. Uma característica da
A liberação do ácido araquidônico (AA) dos
gravidez humana é que o nível da progesterona
fosfolipídios constituintes de todas as membranas
circulante não cai com o início do parto. A procura do
celulares é a fase inicial na síntese das PG. Isso é
mecanismo que explicasse a retirada funcional da
assegurado pela ação direta da fosfolipase A2 (PLA2),
progesterona identificou diversos tipos de receptores
ou indireta da fosfolipase C (PLC).
da progesterona (A, B e C). O receptor B é o mais
O segundo estágio é a oxigenação e a redução do comum e medeia as ações da progesterona; os
AA pela ação da enzima ciclo-oxigenase (COX). receptores variantes A e C funcionam como
Existem dois tipos de COX: COX-1 e COX-2. A COX-1, repressores da função do receptor B da progesterona.
produzida constantemente durante toda a gravidez, é Com o início do parto, a proporção dos receptores A,
encontrada na maioria dos tecidos, por isso chamada B e C se altera de modo a constituir mecanismo de
“constitutiva”. Por outro lado, a COX-2 aumenta a sua retirada da progesterona. Outros mecanismos têm
concentração durante toda a gestação, e sido aventados para explicar a “queda local” de
principalmente com o parto, em resposta à ação de progesterona no ambiente miometrial.
citocinas e fatores do crescimento, por isso é
denominada “induzível”. A COX-2 é a responsável pela
liberação de PG das membranas fetais. Teoria ocitótica
A ocitocina é um hormônio produzido pelo
hipotálamo e armazenado na hipófise posterior.
Durante a gestação, também é produzido pela Administração da Ocitocina sintética:
decídua. Um dos principais determinantes da resposta à
indução com ocitocina é o grau de modificação da
Ao se ligar a um receptor de membrana nas células cérvice, medido por meio do escore de Bishop.
miometriais, ativa a formação do trifosfato de inositol, Quando superior a quatro, geralmente há boa
segundo mensageiro, que libera cálcio armazenado no resposta.  Usado na indução do parto no terceiro
retículo sarcoplasrnático e dessa forma deflagra trimestre.
contrações uterinas.
A ocitocina é inativada rapidamente na circulação A ocitocina, administrada por via intravenosa de
sanguínea por uma enzima denominada ocitocinase. forma contínua e em doses adequadas, é ‘capaz de
Sua concentração sérica é máxima por volta da 36ª reproduzir a contratilidade uterina do parto normal’,
semana de gestação e não declina até o parto. devendo-se empregar os preparados que contenham
Entretanto, sua eficácia maior ocorre em uma fase a ocitocina mais pura possível.
mais avançada do trabalho de parto," pois antes do Preconiza-se o uso da ocitocina sintética por via
parto é observado um acréscimo dos receptores intravenosa, preferencialmente por infusão
miometriais de ocitocina. controlada por meio de bomba. Durante a infusão
Sua participação é importante na expulsão do feto e contínua, o tempo necessário para resposta da
na dequitação. musculatura uterina é de 3 a 5 minutos." A ocitocina é
Sua eficácia maior ocorre em uma fase mais rapidamente metabolizada por várias enzimas,
avançada do trabalho de parto," pois antes do parto é incluindo peptidases nos rins e a ocitocinase
observado um acréscimo dos receptores miometriais secretada pela placenta. Após a inativaçâo, os
de ocitocina. Sua participação é importante na metabólitos são excretados no período de meia vida
expulsão do feto e na dequitação. de 20 min pela urina.
Sua ação é central no trabalho de parto, já que é
responsável pelo estímulo das contrações uterinas, e O ACOG (American College of Obstetricians
também na amamentação, pois atua no processo de and Gynecologists) orienta que a ocitocina
ejeção do leite. deve ser iniciada com a dose de 1 a 2
mU/min e gradualmente acrescentada de 1
Sua participação é importante no período
a 2 mU/min, a cada 30 minutos, até
expulsivo e no secundamento, quando o estímulo da
desencadeamento do trabalho de parto33.
dilatação cervical ocasiona a sua secreção em pulsos
Outro esquema, utilizado por alguns
pela neuro-hipófise materna.
autores, refere dose inicial de ocitocina de
Sabe-se que a concentração de ocitocina não 1 a 2 mU/min, duplicando a cada 30 ou 40
aumenta com a proximidade do parto; em vez disso, minutos, até o máximo de 16 mU/min (por
os receptores de ocitocina nas células miometriais exemplo, 1, 2, 4, 8 e 16 mU/min).
sofrem acréscimo notável no termo, o que se deve A ação da ocitocina é dependente da
muito provavelmente à ação dos estrogênios. presença de estrógenos que induzem
A ação da ocitocina no miócito é mediada pela aumento dos receptores para ocitocina no
ativação do receptor de ocitocina (OTR) proteína-G miométrio e apresentam níveis séricos
acoplado. A ligação da ocitocina ao OTR na membrana tanto mais elevados, quanto mais avançada
plasmática dissocia subunidades da proteína-G, o que a idade gestacional. Em decorrência disto,
acaba por liberar IP3. O IP3 então mobiliza o cálcio a melhor resposta à ocitocina ocorre nas
armazenado no retículo sarcoplasmático. últimas semanas de gestação.
Quando o colo uterino é imaturo, a indução
O efeito da ocitocina na contratilidade uterina decorre do parto apenas com a utilização da
da ativação de receptores da ocitocina na presença de ocitocina está associada a percentual
produção aumentada de estrógenos e elevado de partos prolongados, de doses
prostaglandinas. A atosibana é um peptídio de cadeia elevadas com o risco de intoxicação hídrica,
curta que ocupa o receptor da ocitocina, competindo de falhas e, conseqüentemente, aumento
com esta. da incidência de cesáreas1. Nesta situação,
Como resultado, ocorre diminuição da liberação de praticamente já é consenso que outros
cálcio intracelular (armazenado no retículo agentes, como o misoprostol, têm melhor
sarcoplasmático) das células miometriais com influxo efetividade36. Alguns autores chegam
reduzido de cálcio do espaço extracelular. mesmo a desaconselhar completamente o
Ainda, o acetato de atosibana suprime a liberação uso isolado da ocitocina para induzir o
mediada por ocitocina das prostaglandinas E e F da parto quando o colo encontra-se imaturo.
decídua.
Na pré-indução, ocitocina, empregada em doses indução do parto deve ficar restrito a
baixas por períodos prolongados, determina aqueles casos em que não há indicação
apagamento e amolecimento do colo e promove médica para interrupção da gravidez. Ainda
aumento do número de seus receptores no há a necessidade de ensaios clínicos bem
miométrio. Origina mínima percepção de contrações controlados para avaliar o verdadeiro papel
pela paciente, permitindo o descanso nessa fase da acupuntura na indução do parto.
inicial. Depois de 12 a 18 horas, reavaliam-se as
condições do colo. Se houve aumento no escore de
Estimulação mamária
Bishop, infunde-se ocitocina em doses
progressivamente maiores para realizar a indução.  A estimulação mamária como método para
No entanto, ocitocina não é considerada agente de indução do parto permite às gestantes um
primeira escolha dentre os agentes modificadores do controle sobre o processo de indução e
colo, porque demanda muitas horas para produzir apresenta as vantagens de ser método natural
apagamento do colo. É mais comumente usada em e barato. Um estudo observacional demonstrou
presença de ruptura de membranas, espontânea ou uma associação positiva entre a estimulação
artificial. mamária (estimulação bilateral) e contração
uterina. A estimulação mamária comparada
com a não intervenção aumentou o número
de parto dentro de 72 horas
(37,3 versus 6,4%) e diminuiu a taxa de
hemorragia pós-parto (0,7 versus 6%).
Porém, não houve diferenças entre os dois
grupos quando o colo era desfavorável.
Ainda são necessários mais estudos para
indicar a estimulação mamária como
método seguro e efetivo para indução do
parto em gestantes de alto risco.

Relações sexuais

A relação sexual poderia teoricamente induzir o


parto por meio da estimulação física do
Ver outras drogas de inibição (nifedipina) segmento inferior uterino, ação direta das
Cytocinon: uso via hospitalar. Ver manul as gotas de prostaglandinas do sêmen e/ou liberação
ocitocina endógena de ocitocina como resultado do
orgasmo e estimulação dos mamilos. No
Misoprostol: favorece o amadurecimento do colo entanto, não há ensaios clínicos bem
controlados sobre o assunto.
Citotec: abortamento, para tratar úlcera gástrica, ação
na musculatura lisa, provoca contrações, passou a ser
proibido comercialmente, usado para favorecer para
aborto.
Medicamentos que atuam na
contratilidade uterina
Exercícios para ajudar na contração
Homeopatia
Teoria zugaib prostaglandinas
O Caulophyllum thalictroides estaria indicado
Métodos não farmacológicos que atuam para regularizar as contrações uterinas no
na contração uterina e indução do parto trabalho de parto, ou quando as contrações
uterinas são fracas e irregulares, ou ainda na
parada das contrações uterinas. Alguns
Acupuntura homeopatas sugerem o uso de comprimido
diariamente alguns dias antes da data provável
Estes estudos sugerem que a acupuntura
do parto ou quando o trabalho de parto é
para indução do parto é método seguro, iminente.  Os autores concluíram que este
praticamente sem efeitos colaterais e que remédio apresenta uma ação na prevenção
parece ser efetivo. Embora uma parcela de contrações uterinas fracas. No entanto,
importante da população prefira métodos atualmente são insuficientes as evidências
alternativos, o uso da acupuntura na
para recomendar o uso de homeopatia na amadurecimento cervical e indução do
indução do parto. parto permanece incerto.

Misoprostol

Ergometrina é usada no terceiro estádio do  é análogo de prostaglandina E1 amplamente


parto para reduzir o risco de hemorragia pós- usado para indução de aborto ou do trabalho de
parto. Para perdas sanguíneas de menos de 500 parto, o que em vários países corresponde a
mL, parecer ser superior a ocitocina, não indicações não autorizadas. 
havendo diferenças significantes quando as
perdas são de 1000 mL ou mais. Ergometrina Embora não previsto inicialmente como parte
induz mais efeitos adversos maternos do que de suas indicações, o misoprostol (composto
ocitocina. É preciso avaliar a relação entre risco e sintético análogo da prostaglandina E1) ganhou
benefício ao prescrever esse fármaco. Apesar popularidade em obstetrícia, descrevendo-se
inicialmente o uso para interrupção das
dos efeitos adversos, a comparação entre uso de
gestações de primeiro trimestre, já em 1986, e,
ergometrina e conduta expectante privilegia a logo em seguida, para interrupção da gravidez
primeira, reduzindo perda sanguínea materna, com feto morto.
hemorragia pós-parto de mais de 500 mL e
terceiro estádio prolongado.  O misoprostol atua sobre a matriz
O uso profilático de ergometrina no terceiro extracelular, com dissolução das fibras
estádio do parto foi motivo de revisão Cochrane colágenas, aumento do ácido hialurônico e
para determinar eficácia e segurança em aumento do conteúdo de água da cérvice.
Além disso, relaxa o músculo liso da
comparação ao não uso de agentes de contração
cérvice e facilita a dilatação, ao mesmo
uterinos. Derivados do Ergot de centeio
tempo em que permite o acréscimo do
administrados por via intramuscular ou
cálcio intracelular, promovendo contração
intravenosa diminuíram a perda média de sangue
uterina. Todos estes mecanismos permitem
e a hemorragia pós-parto. O risco de retenção da
o progressivo esvaecimento e dilatação
placenta ou necessidade de remoção manual foi
cervical, concomitante ao aumento da
inconsistente; houve aumento de vômito, pressão
atividade uterina, o que garante na maior
arterial e dor no período pós-parto que requereu
parte dos casos uma indução bem sucedida
analgesia, especialmente com uso de via do trabalho de parto.
intravenosa.
Tanto a FEBRASGO (Federação Brasileira
Mifepristona das Sociedades de Ginecologia e
Obstetrícia), como o próprio Ministério da
Nova classe de agentes farmacológicos tem sido
Saúde, vêm estimulando o uso do
desenvolvida para antagonizar a progesterona.
O mais conhecido desses agentes é
misoprostol nos centros obstétricos de
mifepristona, também chamado de RU486, que referência, na dose de 25 µg de seis em
foi desenvolvido inicialmente para facilitar as seis horas, em gestações a termo com feto
técnicas utilizadas para realização do aborto. vivo, para indução do trabalho de parto,
Alguns estudos mostram que a mifepristona com objetivo também de diminuir o
pode induzir o parto ou amadurecer o colo número de cesáreas.
uterino em gestações a termo.
O misoprostol apresenta importantes
Hialuronidase vantagens para o uso na clínica obstétrica.
Seu custo é inferior ao de que qualquer
O mecanismo de ação da hialuronidase outra prostaglandina; tem tempo de meia-
consiste, basicamente, em despolimerizar os vida alargado; é de fácil administração e
componentes conjuntivos do colo uterino
não requer refrigeração para sua
(colágeno, ácido hialurônico e condroitina),
diminuindo a adesão celular do colágeno do estocagem.
colo uterino, proporcionando assim seu
amolecimento e esvaecimento. A Estudos comparativos mostraram que o
hialuronidase é considerada um método misoprostol é tão eficiente ou mais que as
apenas para o preparo de colo, pois não outras prostaglandinas e mais eficaz que a
promove o trabalho de parto. Desta forma, ocitocina na indução do parto com colo
o papel da hialuronidase como método de imaturo.
Comparativamente à ocitocina, o Por último, outra via possível de uso é a
misoprostol por via vaginal está associado retal. O estudo da farmacocinética do
a um maior sucesso da indução do trabalho misoprostol por via retal mostra um
de parto, embora também a um aumento comportamento dos níveis séricos muito
da hipercontratilidade uterina, mas sem parecido com o que ocorre na via vaginal55.
repercussões sobre a freqüência cardíaca Recentemente um estudo nacional usou o
fetal. misoprostol retal para indução do parto nos
casos de ruptura prematura das
 Quando se utiliza a dose recomendada de membranas na dose de 50 mg a cada 4
25 µg de 6 em 6 horas, a possibilidade de horas, com resultado de 72% de partos
alterações da contratilidade uterina e de vaginais56. As biodisponibilidades do
síndrome da hiperestimulação é baixa, misoprostol por via retal e vaginal são
ficando em torno dos 7% e 3%, maiores que por via oral, provavelmente
respectivamente. pelo mesmo motivo, que é de evitar a
primeira passagem hepática
O risco de eliminação de mecônio
intraparto parece aumentado quando o Nifedipino
misoprostol é utilizado, em comparação
é bloqueador dos canais de cálcio com uso
com outros métodos, porém os desfechos
contemporâneo restrito como tocolítico em
neonatais não são afetados. A possibilidade
mulheres em parto prematuro. Nifedipino é
de mecônio aumenta de acordo com o
atualmente tocolítico de primeira escolha, mas
aumento da dose utilizada. Na dose de 50
µg de quatro em quatro horas, a incidência são necessárias pesquisas adicionais para
de mecônio é de 21,5%. melhor estabelecer os efeitos das diferentes
formulações e esquemas terapêuticos nos
 Administração vaginal de 25 microgramas de desfechos relacionados tanto a parturiente como
misoprostol a cada 4 h foi superior a outros ao neonato. Revisão recente sugere iniciar
métodos tradicionais de indução de parto, mas protocolo tocolítico com a menor dose de
causou maior hiperestimulação uterina; nifedipino de liberação rápida, tentando não
misoprostol em doses inferiores teve resultado exceder a dose diária de 60 mg nas 48 h
semelhante a outros métodos, quanto a subsequentes.
efetividade e risco. Revisão sistemática
comparando misoprostol oral e vaginal não Demonstrou que bloqueadores dos canais de
encontrou diferença na efetividade em 24 h, mas cálcio são superiores a qualquer outro tocolítico
o uso oral produziu mais efeitos adversos. R (agonistas beta-adrenérgicos principalmente) em
deter o trabalho de parto por 7 dias e em reduzir
Em relação à via oral, embora não haja o número de nascimentos antes de 34 semanas
diferença em relação a efeitos adversos, a de gravidez. Também houve menor suspensão
dose necessária para induzir um parto é de tratamento por reações adversas graves.
três a quatro vezes maior do que a dose
utilizada por via vaginal. Este resultado já TEORIA DA GANGORRA
era esperado, pelo motivo da A teoria da gangorra foi proposta por Csapo e afirma
biodisponibilidade do misoprostol, por via que o pano ocorre em virtude do estiramento
vaginal, ser três vezes maior que por via miometrial crescente determinado pelo crescimento
oral. A via oral para uso de misoprostol é do concepto. Esse estímulo contínuo que
via efetiva para indução do parto no desencadearia o mecanismo regulador básico da
terceiro trimestre. Porém, faltam dados distensão/contração miometrial na gestação, dado
para afirmar qual é o esquema posológico pela clássica lei de Frank-Starling, em que a distensão
mais efetivo e seguro. excessiva da fibra muscular leva a sua contração
reflexa, é inibido pela alta concentração de
Outra via que mais recentemente começou progesterona que mantém o útero refratário às
a ser avaliada em estudos é a via contrações. A teoria da gangorra prevê que tanto o
sublingual. Além de apresentar boa volume uterino excessivo como a deficiência de
aceitabilidade, esta via apresenta progesterona predispõem à deflagração do parto
resultados semelhantes à via vaginal em prematuro. Urna vez que não há queda de
relação à efetividade, quando comparada progesterona antes do trabalho de parto nos seres
com a mesma dose. humanos, essa teoria não apresenta suporte científico
na literatura moderna.
Inicia um equilíbrio da prostaglandina contrações em 10 min. Conceitua, ainda, a atividade
uterina como o produto da intensidade das
Amniotomia: É a ruptura proposital e artificial contrações pela sua frequência, expressando o
da bolsa amniótica. Esse procedimento foi rotina resultado em mmHg/10 min ou Unidades Montevidéu
no passado e tinha por objetivo acelerar o (UM); e o trabalho uterino para realizar certa função,
trabalho de parto. Deixou de ser praticado como, por exemplo, dilatar o colo de 2 para 10 cm,
rotineiramente porque em alguns casos aumenta corresponde à soma das intensidades de todas as
a frequência cardíaca fetal e os índices de contrações responsáveis por essa tarefa (mmHg). 
cesariana.
Cuidados de Enfermagem:
Modo de registros: Não precisa Cuidados gerais:
O seu registro em gráfico (tocometria) serve ao
diagnóstico e ao tratamento dos desvios dinâmicos da
matriz, assim como à interpretação dos padrões de  Intervenções de enfermagem específicas
frequência cardíaca fetal no parto. relacionadas a esta fase do parto:  
 Estabelecer uma relação com a parturiente e
Principais procedimentos tocométricos: seus familiares.  
 Os procedimentos mais precisos para avaliar a  Informar a parturiente e seus familiares a
atividade do útero gravídico humano são os que progressão do trabalho
registram as pressões intrauterinas: amniótica,   de parto.  
intramiometrial, placentária e puerperal.   Exame vaginal: a cada 2 horas
 Fornecer líquidos leves conforme prescrição
Registro da pressão amniótica: médica.  
A pressão amniótica informa sobre a contratilidade do  Monitorar os sinais vitais maternos: o
útero como um todo, sem fornecer dados específicos Temperatura, pulso, respiração, Pressão
de cada segmento funcional da matriz.  Arterial a cada 6 horas.
 Monitorar os batimentos cardiofetais.
Registro da pressão intramiometrial:  Oferecer os métodos não farmacológicos de
A pressão intramiometrial é obtida pelo uso de alívio da dor de acordo com a aceitação da
microbalões (0,02 mℓ) inseridos na espessura da parturiente: deambulação, massagens,
parede uterina, em três ou quatro regiões movimentos facilitadores do trabalho de
funcionalmente distintas.  parto, banho de aspersão, bola suíça,
respiração consciente, aromaterapia, escalda
Registro da pressão placentária: pés, , acupuntura/acupressão, estimulação
 A dinâmica do útero no secundamento é conhecida elétrica transcutânea(não é recomendada
pela aferição da pressão sanguínea na veia umbilical, como rotina) e hipnoterapia.
chamada pressão placentária. A técnica serve,  Estimular a parturiente a uma atitude ativa
igualmente, para registrar a pressão intrauterina logo com movimentação e exercícios livres durante
após o parto do primeiro concepto de gravidez o trabalho de parto, parto e nascimento,
múltipla. favorecendo as posições verticais e uso de
métodos não invasivos para alívio da dor.  
Registro da pressão intrauterina puerperal   Estimular as técnicas de conforto.  
 Ajudar a parturiente a mudar de posição.  
Os traçados de pressão intrauterina no pós-parto são  Orientar a paciente a caminhar, agachar, ficar
obtidos introduzindo-se, pela vagina, dentro do útero, semi-sentada, manter-se em decúbito lateral,
balão com 100 mℓ de água conectado a manômetro auxiliar no banho de aspersão,  
registrador.  Rever e ensinar técnicas de respiração
adequadas.  
Análise da pressão intrauterina  Administrar medicações prescritas, caso
necessário.  
Medem a pressão amniótica a partir do nível da  Observar sinais e sintomas após a
pressão intra-abdominal, considerada o “zero” na administração das medicações.  
escala de pressões. O tônus uterino representa o  Auxiliar na analgesia, quando indicado.  
menor valor registrado entre duas contrações. A  Incentivar o esvaziamento da bexiga.
intensidade de cada contração é dada pela elevação  Registrar os BCF
que ela determina na pressão amniótica, acima do
tônus; a frequência compreende o número de
Cuidados para realizar a exame:
Preparo para o Exame: 
- Decúbito dorsal. 
- Ventre descoberto.
- Bexiga vazia. 
- Ambiente tranquilo. 

Técnica para o Exame: 

- Explicar o procedimento à cliente. 


- Realizar a palpação obstétrica e identificar o fundo
uterino. 
- Colocar a palma da mão dominante no fundo uterino
da gestante/parturiente. 
- Solicitar para a cliente avisar quando iniciar as
contrações/dor e também ao término das mesmas. 
- Ao início das contrações o examinador, sentirá
primeiro no fundo do útero, depois por todo abdome
o tônus muscular bem rígido, nesta fase contar por
quantos segundos este abdome ficou rígido. 
- Ao término das contrações o abdome começa a ficar
mais flácido. 
- Anotar quantidade e intensidades das contrações em
um período de 10 minutos.

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