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09/11/2021 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

o  circunferência torácica (6cm)


Modificações Fisiológicas • Diafragma: elevação em 4cm, mas com  am-
plitude de movimento
da Gestação Causam expiração prolongada e  volume cor-
PROF. MÁRCIO FRAGOSO rente, mas sem alterar FR e CV. Contudo, as alte-
rações não compensam 100% o volume perdido.

INTRODUÇÃO
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS
Há 3 mecanismos possíveis: hormonais, mecâni-
cos ou da reação ao aloenxerto, com finalidade de • FR inalterada
proporcionar desenvolvimento fetal em equilíbrio •  amplitude de expansão diafragmática
com o organismo materno e preparar para o parto. •  capacidade pulmonar residual
•  espaço morto
Importante: diferenciar normal ≠ patológico! Con-
•  volume corrente e volume minuto
tudo, mesmo fisiológico, pode haver incômodo.
• Dificuldade de intubação (ângulo + edema)
Pode ocorrer dispneia fisiológica (congestão na-
MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS sal1 + mudança no padrão respiratório2 + efeito da
progesterona sobre o centro respiratório).
POSTURA E DEAMBULAÇÃO
Mudança no centro de gravidade para frente
(crescimento de mamas e abdome), com necessi- ALTERAÇÕES GASOMÉTRICAS
dade de compensação: •  PO2
• Lordose lombar •  PCO2 (facilita o transporte placentário de
o Espasmos e  espaços intervertebrais: CO2 feto → mãe)
▪ Compressões radiculares • Alcalose respiratória compensada ( ventila-
▪ Lombalgia ção minuto mas  excreção de bicarbonato)
• Ampliação da base de sustentação
o Andar oscilante → marcha anserina (3º tri)
EQUILÍBRIO ÁCIDO -BASE
• Afastamento e abertura dos pés (passos curtos
e lentos) O aumento do pH também causa desvio na curva
de dissociação de Hb, gerando  afinidade ma-
terna pelo O2. Ou seja, se por um lado esse meca-
ALTERAÇÕES OSTEOARTICULARES nismo facilita a excreção de bicarbonato do bebê,
Ocorrem por ação hormonal (progesterona e ela- dificulta o fornecimento de O2 para ele.
xina), que também causam dor: Aumento da
Redução da
Hiperventilação Aumento do pH excreção do
• Relaxamento ou frouxidão ligamentar (estro- pCO2
HCO3-
gênio:  vascularização e hidratação do TC)
o Especialmente articulações sacroilíaca, Para compensar, o aumento do pH também causa
sacrococcígea e pube (para o parto) efeito Bohr:  2,3 DPG (se liga à Hb e impede liga-
o Retorna ao normal 5-6 meses pós-parto ção do O2) →  afinidade da hemácia materna
pelo O2, facilitando seu fornecimento para o bebê.
Tratamento: analgésicos + fisioterapia.
OBS.: Dor na região inguinal esquerda → disten-
são dos ligamentos redondos, especialmente à es- SISTEMA CARDIOVASCULAR
querda (útero dextrovertido).
CORAÇÃO
Definido pela síndrome hipercinética, iniciada
SISTEMA RESPIRATÓRIO ainda no 1º trimestre:

ALTERAÇÕES ANATÔMICAS •  DC (início no 3º trimestre, mantendo-se cons-


tante); no final, o débito é maior em:
Retornam ao normal após o parto.
o Decúbito lateral (compressão da VCI)
• Vias aéreas superiores o Trabalho de parto3 e puerpério4
o Vasodilatação → edema de mucosa
o Congestão e epistaxe 1
Já que as mucosas na gestação tendem a ser mais
• Parede torácica
congestas.
o  ângulo subcostal 2
 consumo de O2 +  CRF.
o  diâmetros AP e transverso (2cm)
• Redistribuição de fluxos regionais •  viscosidade (hemodiluição)
•  FC em 10-15bpm (sem ultrapassar 100bpm) o  Hb e Ht apesar do  nº de hemácias
•  PA (com reticulocitose leve)
•  pressão venosa o Anemia fisiológica (dilucional5) → suple-
• Mudança do eixo cardíaco ( diafragma) mentação profilática de ferro6 (30-60mg),
o Coração horizontalizado: parece cardio- principalmente a partir do 2º trimestre
megalia ao RX • Leucocitose relativa (8-15.000/mm³)
o  massa ventricular esquerda o Tendência à monocitose
o  efeito inotrópico positivo o Sem formas jovens (≠ reticulocitose)
• Sopro sistólico (síndrome hipercinética +  vis- o Imunossupressão por  quimiotaxia e ade-
cosidade), extrassístoles e desdobramento de são após o 2º trimestre
B1 – sopro diastólico não é fisiológico ▪ Melhora clínica de doenças autoimunes
• “Cardiomegalia” e derrame pericárdico discreto • Plaquetopenia leve (diluição +  consumo)
O 3º trimestre, parto e pós-parto imediato são o Referência < 100.000/mm³
períodos críticos para a gestante cardiopata. • Estado de hipercoagulabilidade
Complicações de cardiopatias prévias são a princi- Essas modificações ocorrem para:
pal causa de óbito obstétrico indireto.
• Compensar a demanda uterina
OBS.: Em caso de HAS na gestação, o DC diminui
• Equilibrar a  retorno venoso
reflexamente, mas ainda é alto em relação a valo-
• Suportar as perdas sanguíneas no parto (hiper-
res pré-gravídicos.
volemia + hipercoagulabilidade7)
OBS.: Por causa dos mecanismos compensatórios,
 RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA a gestante não tem sintomas clássicos de hipovo-
Causada pela placenta, que funciona como fístula lemia → quando aparecem sinais de choque hipo-
arteriovenosa. A RVP mínima ocorre na 20ª sema- volêmico, a hipovolemia já é acentuada.
na, retornando gradualmente até o termo.
OBS.: O fluxo sanguíneo permanece igual no cére- METABOLISMO
bro, fígado e músculos, sendo aumentado em pele,
rins e útero, e diminuído nos MMII. • Acúmulo de gordura corporal (4kg) + útero,
mamas, volume sanguíneo, edema8 → ganho
ponderal total de 12,5kg
 PRESSÃO ARTERIAL •  TMB (> 400 kcal/dia ou cerca de 20%)
Mais marcante no 2º trimestre (por  RVP). • Hiperinsulinemia ( resistência à insulina)
• Anemia ferropriva
• PAS:  (3-4mmHg) ≠ PAD:  (10-15mmHg) • Hipertireoidismo subclínico
Como o útero crescido comprime as vv. pélvicas e
a VCI, dificultando o retorno venoso, há  pressão
venosa nos MMII → edema, varizes e hemorroidas. METABOLISMO GLICÍDICO
A gestação é um estado diabetogênico ( insuli-
nemia,  glicemia de jejum e  glicemia pós-
SÍNDROME DA HIPOTENSÃO SUPINA prandial). A glicose é transferida ao feto por difu-
Na posição supina (> 5 minutos), há  DC por com- são facilitada (parasitismo verdadeiro). Apesar de
pressão da VCI. tudo, a maioria permanece euglicêmica.
Essa compressão desencadeia o reflexo vasova-
gal, com bradicardia, hipotensão e lipotimia, e é
1ª metade da gravidez
rapidamente corrigido pelo decúbito lateral, pre-
ferencialmente esquerdo. • Estrogênio e progesterona:  secreção de in-
sulina e  uso periférico de glicose

SISTEMA SANGUÍNEO
5
 nº de hemácias mas  volume plasmático.
Alteração mais básica e importante:  volemia 6
 demanda de ferro (principalmente no 2º tri-
(contribui para o  DC), a partir da 6ª semana, com
mestre) para  produção de eritrócitos e passar
pico entre 30 e 34 semanas.
ferro para feto.
•  volume plasmático 7
Após o parto, há 2 mecanismos de hemostasia:
miotamponagem (contração uterina, contraindo os
3
Devido a dor, catecolaminas (ansiedade) e contra- vasos) e trombotamponagem (coagulação).
ções, além de auto-hemotransfusão.
4
Após 8 semanas, retorna aos valores normais. 8
 pressão venosa +  pressão coloidosmótica.
Como o feto não tem tanta necessidade metabóli- A homeostase é controlada pela progesterona e o
ca, é a fase de armazenamento materno, controla- peptídeo atrial natriurético.
do pelo estrogênio. OBS.: Ca e Mg  na gravidez (causam contrações).

2ª metade da gravidez Necessidade de ferro


• Hormônios contrainsulínicos:  resistência à in- Recomendação: 30-60mg/dia de sulfato ferroso
sulina +  lipólise =  AGL (mobilização do te- no 2º e 3º trimestre (produção de eritrócitos).
cido adiposo)
o Lactogênio placentário
o Cortisol Necessidade de iodo
Esses hormônios poupam glicose da mãe (usam A gestante deve receber suplementação para ga-
AGL) para sustentar o aporte de glicose ao feto. rantir funcionamento da tireoide (depura 2x o vo-
Caso a gestante não consiga responder com hi- lume habitual para manter o iodo na gravidez).
perinsulinemia compensatória, haverá diabetes
gestacional (20ª semana).
SISTEMA URINÁRIO
Os rins sofrem hipertrofia e aumento do fluxo
METABOLISMO LIPÍDICO sanguíneo, causando  TFG após a 6ª semana. Isso
Modificações para conservar glicose para o feto, causa perda de nutrientes e  ureia e creatinina.
preparando-se para momentos de escassez. Isso Pelo  filtração e  reabsorção, ocorre glicosúria.
ocorre por meio de:
A partir do 2º trimestre, há dilatação do sistema
•  hormônios lipolíticos (progesterona) coletor9 (uterer e pelve renal) e estase urinária,
o Adrenalina, GH, glucagon, hPL causada por:
o Mobilização dos depósitos de gordura
• Compressão do plexo venoso ovariano
o  ácidos graxos no plasma
•  tônus do m. liso (progesterona)
•  colesterol e triglicerídeos
•  lipoproteínas e lipídios totais Apesar do  TFG, há  reabsorção (mudanças na
homeostase hidroeletrolítica), sem  volume uriná-
Devido à gliconeogênese, há  tendência a cetose,
rio diário (polaciúria, não poliúria).
principalmente após longos períodos de jejum.
OBS.: ESTASE + GLICOSÚRIA = ITU.
No pós-parto: lipidemia diminui devido à lactação.
OBS.: Na 1ª metade, há  ácidos graxos devido ao
acúmulo de gordura; esses lipídios ficam disponí- SISTEMA DIGESTÓRIO
veis no 3º trimestre – assim como no metabolismo É o sistema com mais queixas. Decorrem de:
glicídico, há uma fase de armazenamento e outra
de mobilização. • Progesterona → relaxamento de m. liso → 
peristaltismo
• Compressão do TGI
METABOLISMO PROTEICO Essas alterações ocasionam:
Apesar da maior síntese proteica, sua concentra- • Gengivites e sangramento gengival
ção diminui devido a: • Náuseas e vômitos (estrogênio e β-HCG) até
•  albumina mas  volume plasmático 14 semanas
o  relação albumina/globulina • Esvaziamento gástrico retardado (“empacha-
mento” e saciedade)
•  consumo de aminoácidos pelo feto
• Relaxamento do EEI
•  secreção de suco gástrico (1º e 2º trimestre)
HOMEOSTASE HIDROELETROLÍTICA •  trânsito intestinal → constipação10
Há acréscimo da quantidade total de água, atin- OBS.: O esvaziamento retardado associado ao re-
gindo até 7,5L, sendo 1,7L nos tecidos (edema). laxamento do EEI, deslocamento do estômago e
Ocorre por alguns mecanismos: aumento da pressão abdominal, favorece a ocor-
rência de RGE.
• Retenção hídrica
o  osmolaridade plasmática → sede
o Alteração no centro da sede
o Alteração na secreção de ADH 9
Pode haver hidronefrose leve, que pode persistir
• Retenção de sódio até 4 meses pós-parto.
o Ativação do SRAA 10
Favorece o aparecimento das hemorroidas, so-
o Hiperaldosteronismo secundário mada à predisposição pela estase venosa.
o  TFG mas  reabsorção do Na+
FÍGADO • Espessamento da mucosa vaginal (hipertrofia
do m. liso), com frouxidão do TC
•  fosfatase alcalina (produção placentária)
•  comprimento e largura
•  albumina
•  vascularização
•  globulina
•  pH (3,5-4,5) – lactobacilos + glicogênio acu-
•  relação albumina/globulina, simulando he-
mulado
patopatia
• Secreção mais abundante e leitosa
O aumento da FA simula doença, mas gama-GT,
TGO e TGP não se alteram.
ÚTERO

VIAS BILIARES Órgão predominantemente muscular cujo m. liso e


tecido de sustentação sofre hipertrofia e hiper-
O comprometimento da contração da vesícula (por plasia na gravidez.
inibição do m. liso) causa:
• Não gestante → 70g, cavidade com 10mL
• Trânsito lento
• Gestante (ao final) → 1,1kg, cavidade com 5L13
• Cálculos biliares de colesterol
• Colestase intra-hepática OBS.: No início da gestação, a parede uterina é
espessada, afinando-se progressivamente.
O fundo do útero é palpável:
PELE
• < 12 semanas: órgão pélvico, não palpável
• Estrias gravídicas ou víbices (estiramento das • 12ª semana: acima da sínfise púbica
fibras colágenas e  hidratação da pele). Inici- • 16ª semana: ponto médio entre sínfise púbica e
am avermelhadas mas clareiam após o parto cicatriz umbilical
Podem ser minimizadas (mas não evitadas) • 20ª semana: cicatriz umbilical
por hidratação e  ganho de peso. o Até a 30ª semana → cresce 1cm/semana
• 40ª semana: apêndice xifoide
•  pigmentação da pele (ativação dos melanó-
citos por estrogênio, progesterona e α-MSH11) Ocorrem ainda:
o Hiperpigmentação da linha média (linha • Cilindrificação ( globoso e  comprido)
alba se torna linha nigra) • Formação do segmento inferior (afinamento
o Cloasma gravídico ou melasma12 (face) do istmo)
o Agravado por luz solar
o Regride, exceto na face, onde pode ser
melhorado por tratamentos estéticos co- COLO UTERINO
mo peeling • Amolecimento e arroxeamento
• Alterações vasculares cutâneas ( estrogênio; • Hiperplasia e hipertrofia das glândulas cervicais
normalmente desaparecem após a gravidez) (alterações colposcópicas normais → ectopia e
o Telangiectasias ectocérvice mais friável)
o Eritema palmar • Muco cervical viscoso, espesso e não cristali-
• Hipersecreção sebácea (progesterona) za quando desidratado (progesterona reduz o
Na+ da secreção)
• Formação do tampão mucoso
MODIFICAÇÕES DO SISTEMA GENITAL
No TP, o colo muda de posição até chegar ao
VULVA mesmo eixo da vagina.
• Tumefação e coloração arroxeada → sinal de
Jacquemier ou Chadwick
TUBAS UTERINAS
• Consistência amolecida
Assim como o útero, há  vascularização e hipertro-
fia do m. liso, além de crescimento em direção à
VAGINA cavidade abdominal. A progesterona reduz a moti-
lidade tubária.
• Arroxeamento (embebição gravídica)

OVÁRIOS
11
 estrogênio e progesterona = hipertrofia do lo- Cessa a maturação folicular, e o hCG estimula o
bo intermediário da hipófise, que metaboliza α- corpo lúteo restante da ovulação produz a proges-
melanotropina. A hipertrofia desse lobo aumenta a
liberação de α-MSH, que estimula melanócitos. 13
O crescimento não é simétrico, mas predomina
12
Alteração típica, mas não exclusiva da gestação. no fundo.
terona até a 8ª semana, até o funcionamento pla-
centário.

MAMAS
Só atingem o desenvolvimento final durante a lac-
tação. Na gestação, ocorrem:
• Mastalgia
• Congestão
•  volume: hiperplasia glandular com prolife-
ração dos canais e ramificação dos ductos
• Estrias
• Nodularidade
• Colostro (após a 16ª semana)
• Rede de Haller: área de escurecimento além
dos limites da aréola, sem limite nítido ( vascu-
larização venosa)
• Tubérculos de Montgomery: hipertrofia de
glândulas sebáceas + glândulas mamárias
acessórias
• Sinal de Hunter:  pigmentação, tornando os
limites imprecisos, formando aréola secundária
Após a gestação, boa parte do tecido mamário é
lipossubstituído.
OBS.: Durante a gestação não há lactação porque
a progesterona  ligação da prolactina com seus
receptores.
16/11/2021 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

• Eletroforese de Hb (afroamericanas3a; mediter-


Orientações em Pré- râneas ou asiáticas3b)

Concepção
FATORES DE RISCO PARA ANOMALIAS FETAIS
PROF. CARLOS ARCANJO
• Idade materna > 35 anos
o Risco de trissomias: proporcional à idade
INTRODUÇÃO materna, inversamente proporcional à IG
50% das gestações não são planejadas: com 1-2 o Risco de sd. de Turner e triploidia: cons-
semanas, quando a mulher começa a desconfiar tante com a idade materna
da gestação, o tubo neural já fechou, então não • Consanguinidade
há mais necessidade do ácido fólico. • Histórico familiar de doença hereditária
Na mulher em idade fértil, sempre antes de ad- • Etnia
ministrar medicação, perguntar: “quando foi sua • Doença materna
última menstruação?” • Uso de medicamentos
• Histórico obstétrico pregresso desfavorável
O risco de anomalias aumenta com a idade ges-
ACONSELHAMENTO tacional, pois, no início, é comum que ocorra abor-
São importantes, antes da concepção: tamento.

• Consulta pré-concepção do casal – investigar o


contexto social da criança IMUNIZAÇÕES
• Consulta odontológica
A imunização com toxoide e bactérias/vírus mor-
• Controle de enfermidades crônicas
tos não são associados a efeitos adversos fetais.
• Evitar exposição a radiação ou produtos tóxicos
• Evitar automedicação
• Imunizações INDICADAS
• Difteria, tétano e DTPA (coqueluche)
PESO MATERNO • Hepatite B e A
• Raiva
Calcular o IMC anualmente. • Influenza
• IMC ≥ 25 kg/m² → aconselhar sobre dieta (e • Meningocócica
farmacoterapia s/n), e investigar diabetes e sd. • Pneumocócica
metabólica
• IMC ≤ 18,5 kg/m² → investigar distúrbios ali-
mentares CONTRAINDICADAS
Ganho de peso esperado para cada IMC: • Rubéola
• Poliomielite
• Febre amarela
• Varicela
• Sarampo
• Parotidite

EXAMES A SOLICITAR USO DE ÁLCOOL


• Tipagem sanguínea É totalmente contrain-
• Fenilalanina1 (descedência turca/irlandesa) dicado, mesmo em pe-
• Citologia oncótica quenas quantidades, pois
• VDRL, HBsAg, anti-HIV, IgG e IgM para rubéola causa retardo mental e
e toxoplasmose síndrome alcoólica fetal
o Saber se há imunidade ou suscetibilidade, e (SAF).
se houve soroconversão durante a gestação
• Hemograma completo2

1
Não é pelo risco de o bebê herdar a doença, mas
de ser lesado pelo excesso de fenilalanina, quando 2
Normal: exclui anemias herdadas.
a doença não é controlada (dieta). 3
a) Síndrome falciforme. b) Talassemia.
TABAGISMO • Danazol
• Lítio
Causa maior morbimortalidade neonatal, associada
• Fenil-hidantoína
a hidrocefalia, microcefalia, onfalocele, gastrosqui-
se, fenda palatina e anormalidades da mão. • Ácido valproico
• Tamoxifeno
• Metotrexate
DOENÇAS MATERNAS • Tetraciclina
• Misoprostol
EPILEPSIA
Mulheres com epilepsia têm risco 2-3x maior de te-
rem filhos com anomalias estruturais em relação a ÁCIDO FÓLICO
mulheres sadias. O risco é reduzido pela suple- POSOLOGIA: 0,4mg/DIA (desde o 1º mês an-
mentação de ácido fólico (mas não eliminado). tes da concepção, até a 16ª semana)
NÃO SE FAZ TROCA DE MEDICAMENTOS NA É uma coenzima do metabolismo do aminoácido
GESTANTE, APENAS NA PRÉ-CONCEPÇÃO que atua em divisão celular, síntese proteica e sín-
Todos os anticonvulsivantes são teratogênicos, mas tese de DNA/RNA. Sua deficiência é o fator de ris-
a epilepsia também o é. O fármaco mais seguro é a co mais importante para os defeitos do tubo
lamotrigina, e o menos seguro, o ácido valproico. neural (espinha bífida e anencefalia). Outros de-
feitos possíveis são:
É adequado encaminhar ao neurologista. A medi-
cação pode ser interrompida em pacientes com: • Cardiopatias congênitas
• Anomalias do trato urinário
1. Ausência de convulsão por 2-5 anos
2. Um único tipo de convulsão • Fendas faciais
3. Exame neurológico e inteligência normais • Defeitos nos membros
4. EEG normalizado após a crise • Estenose pilórica
Mães com fatores de risco devem fazer uso da do-
se de 4mg:
DIABETES MELLITUS
• História (pessoal ou familiar) de defeito do fe-
A incidência de anomalias congênitas em fetos de chamento do tubo neural
mães diabéticas é diretamente relacionado ao • Uso de anticonvulsivantes
controle glicêmico durante concepção e orga- • DM1
nogênese. • IMC > 35
A META GLICÊMICA É HbA1c MAIS BAIXA • Síndrome de má absorção
POSSÍVEL, SEM RISCO DE HIPOGLICEMIA. • Polimorfismos da metileno-tetra-hidro-folato
1. Controle glicêmico rigoroso redutase (MTHFR)
a. Jejum: 60-105mg/dL
b. Pós-prandial: 100-140mg/dL
c. HbA1c < 6%
2. Suspender hipoglicemiantes (s/n usar insulina)
3. Ácido fólico 4mg/dia (dose 10x normal)
4. Avaliação de órgãos-alvo → pode haver pro-
gressão da doença na gestação
5. Aconselhamento genético
ENGRAVIDAR SOMENTE APÓS 3 MESES DE
CONTROLE DE DOENÇA

HIPERTENSÃO CRÔNICA
Avaliar hipetrofia ventricular, retinopatia e doença
renal. Aconselhar MEV.
EVITAR IECA E BRA. PODEM SER USADOS
METILDOPA, LABETALOL E NIFEDIPINO.

MEDICAMENTOS CONTRAINDICADOS
• Androgênios
• BRA/iECA
• Carbamazepina
• Cocaína
23/11/2021 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

Semiologia Obstétrica ANTECEDENTES

ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS
PROF. MÁRCIO FRAGOSO
História obstétrica atual
Nº de gestações, partos e abortamentos: GPA
PASSOS DA CONSULTA OBSTÉTRICA • Gesta (G) → primigesta, secundigesta, terci-
São similares às consultas de outras especialidades. gesta
1. Anamnese • Para (P) → primípara, secundípara, tercípara;
2. Exame físico (não necessariamente todos, em paucípara x multípara
todas as consultas) o Gestação gemelar = 1 parto
a. Geral • Abortos (A) → inclui espontâneos, induzidos,
b. Ginecológico doença trofoblástica, gestação molar etc.
c. Obstétrico
o Abortamento gemelar = 1 aborto
Outros dados importantes:
ANAMNESE • Data do 1º dia da última menstruação (DUM)
Identificar as pacientes de risco para desenvolver • Cálculo da data provável do parto (DPP) – atu-
desfechos desfavoráveis (estratificação de risco). almente: não se deve deixar passar 1 semana
após a DPP
o Regra de Naegele2:
IDENTIFICAÇÃO DUM – DD/MM/AA
• Conhecer a paciente pelo nome (estabelecer + 7 +9 ou
relação de confiança) + 7 -3
• Idade • Cálculo da idade gestacional (IG – via USG ou
• Etnia1 (menos importante: miscigenação) DUM) → importante determinante de conduta!
• Profissão (conhece a paciente + avalia condição o Nº de dias desde a DUM / 7
socioeconômica + avalia exposição a risco) o USG (1º trimestre ou < 20 semanas)
• Estado civil (real, não legal – avalia risco social) o Se o cálculo e a USG forem discordantes:
• Escolaridade (saber como orientar a paciente) contar pelo USG
• Procedência OBS.: Para orientar a paciente: não contar meses
de 4 semanas, mas de 4 semanas e meia.
QUEIXA PRINCIPAL E HISTÓRIA DA DOENÇA
ATUAL
História obstétrica pregressa
Motivo do encaminhamento ou queixa (a maioria
• Intercorrências em gestações anteriores
das pacientes não sabe).
• Abortamentos: se espontâneos ou induzidos,
• “por que você veio?” “consulta pré-natal” em qual IG, se foi necessário curetagem etc.
• “você tá sentindo alguma coisa?” “sim, ...” • Partos: tipo (se cesariana, por quê), em qual
Não dizer que uma queixa fisiológica é normal, IG, se houve complicações
mas que é esperada. Não há necessidade de inves- • RN: peso ao nascer, patologias
tigação aprofundada para as queixas fisiológicas! • Amamentação
Questionar sobre sinais de alerta:
• Sinais de ITU ANTECEDENTES PESSOAIS
• Corrimento – a maioria vai dizer que sim: per- • Doenças crônicas3 (HAS, DM, epilepsia, asma,
guntar se tem aspecto diferente, se é associa- doenças da tireoide, doenças reumatológicas)
do a odor, prurido e dispareunia etc. • Uso de medicamentos
• Trabalho de parto (contrações, perda de mu- • Cirurgias
co, líquido ou sangue) • Alergias
• Movimentação fetal (vitalidade) • Hábitos de vida (fumo e álcool)
• Sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia • Imunizações
(nas pacientes com pré-eclâmpsia)

2
Ex.: DUM 04/05/2021 → DPP 11/02/2022.
DUM 26/04/2021 → DPP 03/02/2022.
1
Não é importante a raça que a mulher se declara, 3
Aumentam o risco na gravidez e requerem medi-
mas aquilo que você vê. camentos de uso crônico.
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS
Dificilmente abordados no pré-natal.
• Menarca e ciclos menstruais
• Início da vida sexual
• Nº de parceiros
• ISTs

ANTECEDENTES FAMILIARES (1º GRAU) EXAME GINECOLÓGICO

• Doenças crônicas (HAS, DM, pré-eclâmpsia) Só é feito se houver queixas! Não é feito de rotina.
• Malformações • Genitália externa
• Doenças hereditárias • Exame especular (avaliar secreção, sangramen-
• Consanguinidade tos e colo uterino)
• Colpocitologia oncótica (não é obrigatório,
mas é oportuno5)
INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO • Toque vaginal
Deve ser direcionado às queixas:
• Sistema nervoso (cefaleia, parestesias)
• Sistema respiratório (epistaxe, dispneia)
• TGI (pirose, refluxo, constipação)
• TGU (corrimento, polaciúria)

EXAME FÍSICO
EXAME FÍSICO GERAL
• Antropometria (peso, altura, IMC)
• Ausculta cardiopulmonar (1ª consulta, e nas
demais apenas se houver queixas)
• Aferição da PA (todas as consultas)
• Extremidades (edema)
• Cabeça e pescoço (baseado nas queixas)
• Mamas (1ª ou 2ª consulta)
o Sinal de Hunter (aréola)
o Tubérculos de Montgomery
o Rede venosa de Haller
o Aspecto: mamilo protuso facilita amamen-
tação
o Aconselhamento da amamentação

EXAME OBSTÉTRICO
o Altura uterina (borda superior da sínfise até o
fundo uterino)
o Ausculta fetal4
▪ Normal: 120 a 160 (2º trimestre) ou 110 a
160 (3º trimestre)
o Manobras de Leopold-Zweifel (3º trimestre)
▪ 1ª – delimitação do fundo + perceber qual
polo fetal se encontra lá
▪ 2ª – situação e posição fetal (ex.: situação
longitudinal e posição esquerda)
▪ 3ª – mobilidade da apresentação
▪ 4ª – apresentação + grau de insinuação

4
Não conta como avaliação de vitalidade: só avalia 5
Rastreio de Ca de colo uterino, não de vulvovagi-
se o feto está vivo ou não. nites.
30/11/2021 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

Pré-Natal de Baixo Risco CONSULTAS DE PRÉ -NATAL


O início deve ser precoce (no máximo 1 semana
PROF. MÁRCIO FRAGOSO após diagnóstico da gravidez), e haver no mínimo
6 CONSULTAS.
O intervalo entre consultas varia conforme o risco.
INTRODUÇÃO Na gravidez de baixo risco, temos:
O pré-natal tem objetivo de  taxas de morbimor- • Mensal até 28 semanas (7 consultas)
talidade materna e perinatal. • Quinzenal até 36 semanas (4 consultas)
Com a implantação do programa de saúde da famí- • Semanal até o parto – 3º trimestre é o período
lia, a mortalidade materna reduziu pela metade, mas mais suscetível a complicações
ainda está acima do preconizado pela OMS.
As principais causas de mortalidade materna são: DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ
• Síndromes hipertensivas (1/3) → maior no BR
• Atraso > 15 dias e < 12 semanas → β-HCG
o Mortes evitáveis: relacionadas à qualidade da
assistência pré-natal o Se negativo → repetir após 15 dias
• Hemorragias puerperais → maior no mundo • Atraso  12 semanas → ausculta de BCF
o Relacionadas à assistência ao parto o Se ausente → β-HCG
• Infecções puerperais
• Abortamentos complicados 1ª CONSULTA
• Acolhimento → determina a adesão
ACONSELHAMENTO PRÉ -CONCEPCIONAL • História e exame ginecológico e obstétrico
• Antropometria, aferição da PA, ausculta cardio-
Não costuma ocorrer, pois 50% das gestações não pulmonar, ausculta de BCF (> 12 semanas)
são planejadas. Visa identificar e prever intercorrên- • Cálculo da idade gestacional
cias, e iniciar a suplementação com ácido fólico. • Verificação da situação vacinal
OBS.: Como as pacientes em idade reprodutiva são • Questionar sobre sintomas
mais jovens, é raro haver doenças crônicas. • Solicitação de exames
• Classificação do risco gestacional
• Orientações sobre alimentação e ganho de peso
10 PASSOS PARA O PRÉ -NATAL DE QUALI-
• Equipe multidisciplinar – psicólogo, dentista, nu-
DADE
tricionista etc.
1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à
Saúde até a 12ª semana de gestação;
QUEIXAS MAIS COMUNS
2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos,
materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal; • Náuseas e vômitos
3° PASSO: Solicitação, realização e avaliação em • Cólicas
termo oportuno do resultado dos exames preconi- • Cefaleia
zados no atendimento pré-natal. • Mastalgia
• Fraqueza e lipotimia ( PA)
4° PASSO: Promover a escuta ativa da nsiderando
aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais: • Pirose
"rodas de gestantes". • Constipação e hemorroidas
• Corrimento vaginal e queixas urinárias
5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da
• Dispneia
gestante para o atendimento, quando necessário.
• Lombalgia e dor pélvica
6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado an-
tes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a)
parceiro(a)". CONDUTA
7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referên- • Sintomáticos s/n
cia especializada, caso seja necessário. o Náuseas e vômitos → gengibre cápsula/piri-
8° PASSO: Estimular o parto normal, incluindo a ela- doxina; s/n usar categoria B: meclisina, meto-
boração do "Plano de Parto". clopramida, bromoprida, ondansetrona
9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e o Pirose: AlOH3 ou ranitidina
visitar previamente o serviço de saúde no qual irá o Constipação: óleo mineral (categoria C) ou
dar à luz (vinculação). supositório de glicerina
10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer o Dor abdominal: hioscina (excluir contrações)
os direitos garantidos por lei no período gravídico- o Hemorroidas: cloridrato de cinchocaína
puerperal. o Lombalgia/cefaleia: paracetamol/dipirona
• Sulfato ferroso (2º e 3º trimestres) o 8-11 (anemia leve-moderada) → pesquisa/tra-
• Ácido fólico 0,4mg/dia (1º trimestre) tamento3 de parasitoses + suplementação
• Repelentes com 120-140mg Fe
• Avaliar necessidade de AAS 100mg/dia e cálcio o < 8 (anemia importante) → referenciar para
1g/dia para prevenção de pré-eclâmpsia (12-16 alto risco4
semanas) OBS.: 1cp 200mg de sulfato ferroso = 40mg Fe.
OBS.: A paciente no 1º trimestre não tolera suple- ✓ Profilaxia: 1-2 cp
mentação de ferro (náuseas e vômitos)! Caso se di- ✓ Tratamento 4-6 cp
agnostique anemia e parasitose no 1º, espera-se o
• Glicemia de jejum
2º para tratar.
o < 92 → TOTG em 24-28 semanas
o 92-126 → DMG → AAS e Ca 12-16 semanas
EXAMES LABORATORIAIS o > 126 → DMP
• Hemograma completo • TOTG 75g5
• Glicemia de jejum (< 20 semanas)/TOTG o GJ < 92; G1h < 180; G2h < 153
• VDRL
OBS.: Diferenciar DMG e DMP não muda a conduta!
• Tipagem sanguínea e fator Rh
• Fator Rh
o Coombs indireto (nas pacientes Rh -)
o Rh + → seguimento normal
• Pesquisa de infecções
o Rh - → solicitar Coombs indireto
o Sumário de urina
▪ CI - → repetir mensal após de 20 semanas
o Urocultura com antibiograma
o Sorologias anti-HIV, HBsAg e toxoplasmose ▪ CI + → encaminhar para alto risco
IgM e IgG • Sumário de urina
• Colpocitologia oncótica1 o Normal → repetir no 2º ou 3º trimestre
• USG obstétrica2 o > 10 piócitos/campo → tratar empirica-
mente6 ou fazer urocultura
o Hematúria/proteinúria
• VDRL
o VDRL - → repetir com 28 semanas e no parto
o VDRL + → tratar e repetir mensalmente
▪ Penicilina G benzatina 2.400.000 semanal,
por 3 semanas
• Toxoplasmose
o IgM – e IgG - → orientações e repetir trimes-
tralmente
o IgM – e IgG + → infecção prévia; não repetir
o IgM + e IgG - → fase aguda; tratar com espira-
micina e repetir após 3 semanas
o IgM + e IgG + → solicitar teste de avidez7 para
IgG se IG < 16 semanas

CONSULTAS SUBSEQUENTES
• Revisão do pré-natal (caderneta da gestante)
OBS.: Eletroforese de Hb não é feita de rotina, ape-
• Anamnese dirigida
nas naquelas de maior risco para anemia falciforme.
o Novo cálculo da idade gestacional
o Queixas da paciente
Interpretação dos exames o Investigar ITU e corrimento
• Hemoglobina o Avaliar vitalidade fetal (movimentação fetal8)
o > 11 (sem anemia) → suplementação com • Exame físico direcionado
40mg Fe o Peso

1
Se o exame estiver em dia, não é necessário repetir. 4
Investigar se é ferropriva ou genética + risco do im-
2
Não  mortalidade em gestações de risco habitual, pacto hemodinâmico de possíveis sangramentos.
mas é rastreia malformações e auxilia na datação. 5
Não é mais necessário após o diagnóstico de DMG.
3
Albendazol e metronidazol podem ser usado a 6
Cefalexina, amoxicilina ou nitrofurantoína.
partir do 2º trimestre. 7
Alta avidez: infecção há mais de 4 meses.
8
Movimentação começa a ser percebida a partir
da 18ª semana!
o PA NORMAL: PA < 140/90 MMHG
o Palpação obstétrica Ainda que não atinjam o patamar de hipertensão,
o Altura uterina aumentos de 30 mmHg na PA sistólica e 15 mmHg
o BCF e movimentação fetal na PA diastólica são importantes!
o Edema
• Verificação de exames e calendário vacinal
• Orientações:
o Comparar os dados com os anteriores (ganho
de peso, aumento de PA etc.)
o Esclarecimento de dúvidas
o Prescrições – geralmente só sulfato ferroso
o Agendamento da próxima consulta

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 9
Importante para planejar o ganho ponderal no de-
correr da gestação, e promover orientações dietéti-
cas para corrigir o IMC ainda no início.
Orientar apenas reeducação alimentar, não dieta vi-
sando perda de peso (Ø déficit calórico).

IMUNIZAÇÕES

ANTITETÂNICA
Em qualquer idade gestacional.
• Pacientes com esquema desconhecido: 3 doses,
sendo uma DTPA após 20 semanas
• Pacientes com esquema incompleto: completar,
sendo uma DTPA após 20 semanas
• Última dose há mais de 5 anos: reforço com
DTPA após 20 semanas
• Pacientes com esquema completo: DTPA após
20 semanas10
TODA GESTANTE RECEBE A VACINA DTPA!
Porque mesmo que esteja imune contra tétano (va-
cina adulta dupla: tétano + difteria), não está imune
contra coqueluche (DTPa ou tríplice bacteriana)

HEPATITE B
Apenas após o 1º trimestre.
• Pacientes não vacinadas: esquema 0-1-611
• Pacientes com esquema incompleto: apenas
completa (não precisa reiniciar)
• Pacientes com esquema completo: não vacina

INFLUENZA
Em qualquer idade gestacional: dose única anual
durante a campanha. PALPAÇÃO OBSTÉTRICA
MANOBRAS DE LEOPOLD
AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL As manobras de Leolpold eram muito importantes
É a única forma de detecção da pré-eclâmpsia. no planejamento do parto antes do advento da USG.
Devem ser feitas somente a partir do 3º trimestre.

9
Existe um gráfico de IMC para semana gestacional. 11
1ª dose, 2ª dose após 1 mês e 3ª dose após 6 me-
10
Mesmo sendo redundante, é importante imunizar ses da 1ª.
contra coqueluche.
ALTURA UTERINA • Doenças infecciosas
• Ginecopatias (alterações mullerianas, miomas)
Importante na avaliação do crescimento, pois mui-
tas pacientes do SUS não têm acesso a USG.
Funciona como rastreamento → em caso de altera- HISTÓRIA OBSTÉTRICA PREGRESSA
ções, encaminha-se para o USG. • Abortamento de repetição
Meta: entre percentil 10 e 90. • Parto prematuro (espontâneo, não eletivo)
Em caso de AU acima/abaixo da curva, solicitar USG • DM gestacional
e investigar: • Óbito fetal
• Acima da curva: erro da IG, polidramnia, macros- • Pré-eclâmpsia
somia, gemelaridade, mola hidatiforme
• Erro da IG, oligoidramnia, feto morto, RCIU HISTÓRIA OBSTÉTRICA ATUAL
• Idade < 15 ou > 35 anos
ORIENTAÇÕES • Distúrbios nutricionais
• Atividade física de leve impacto e atividade se- • ITU de repetição ou pielonefrite15
xual são liberadas • Sangramento (qualquer trimestre)
• SHEG ou DMG
o Contraindicações: risco de parto PT, rotura
• Ameaça de parto prematuro
prematura de membranas, sangramentos
• Isoimunização
• Preparo das mamas (casos selecionados)
• Orientações sobre amamentação e estímulo ao
parto vaginal (“rodas de gestantes”)
• Uso de filtro solar para evitar cloasma
• Cosméticos estão liberados12, exceto aqueles
com ácido salicílico, glicoico ou retinóico (cre-
mes anti-idade)
• Ensinar sinais e alerta e sinais de TP

CONSULTAS PUERPERAIS
O pré-natal termina com o parto, mas a atenção à
mulher não, visto que as afecções puerperais têm
grande impacto na morbimortalidade
• 1ª consulta → 7 a 10 dias
• 2ª consulta → 42 dias (fim do puerpério)
Analisar peso, PA, temperatura, mamas, canal de
parto e sítio cirúrgico.
Orientar planejamento familiar.

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL


Risco: situações que expõe a gestante ou o feto a
maior probabilidade de evolução desfavorável.
NA MAIORIA DAS VEZES, O DESFECHO RUIM NÃO
VAI ACONTECER!

PATOLOGIAS
• HAS e DM (mais comuns, mesmo na idade repro-
dutiva)
• Cardio13 e pneumopatias14
• Endocrinopatias (DM e tireoidopatias)
• Colagenoses (lúpus)
• Doenças neurológicas (epilepsia)

12
Inclusive tinturas de cabelo (sem amônia e sem 14
Geralmente asma (o tratamento não se altera
chumbo) após o 1º trimestre. muito na gravidez).
13
Geralmente reumáticas ou chagásica. 15
ITU simples, baixa e tratada geralmente não con-
fere risco.
07/12/2021 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

• Primo-infecção por toxoplasmose, citomegaloví-


Hemorragias do Primeiro rus, herpes e rubéola
Trimestre • Síndrome antifosfolipídeo (SAF) – trombofilia
autoimune; não relacionada a LES
PROF. GUARANY • Trombofilias hereditárias
• Tabagismo
• Cocaína, cafeína e álcool
PRINCIPAIS CAUSAS • Anormalidades uterinas4
• Abortamento o Adquiridas
• Gravidez ectópica ▪ Sinéquias5
• Doença trofoblástica gestacional ▪ Incompetência istmocervical
• Pólipos ▪ Diagnóstico: USG endovaginal com en-
• Traumas curtamento cervical ou passagem de
• Câncer de colo de útero vela Hegar de 8mm (fora da gravidez)
O exame especular exclui causas não obstétricas. ▪ Pode ser congênita (alteração do colá-
geno) ou adquirida (pós-aborto, dilata-
ção cervical, conização6)
ABORTAMENTO ▪ Causa abortamento silencioso no 2º tri-
mestre (tardio)
INTRODUÇÃO ▪ Tratamento
Definição: término da gravidez < 22 semanas, ou ▪ Fora da gravidez: cirurgia de Lash
com peso fetal < 500g. ▪ Na gravidez: cerclagem7 pela téc-
É a complicação mais frequente da gravidez, e a 4ª nica de McDonald programada
causa de mortalidade materna. para 12 a 16 semanas; pode ser de
emergência, após esse período, mas
É classificado em:
os resultados não são satisfatórios
• Precoce (< 12 semanas) ou tardio o Congênitas: malformação dos ductos de Mul-
• Espontâneo1 ou provocado ler (especialmente útero septado)
• Esporádico ou de repetição ( 3 episódios conse-
cutivos2)
• Clínico (após a falha menstrual) ou subclínico
OBS.: Abortamento é o processo, enquanto aborto
é o produto eliminado.
• Doenças endocrinológicas
o Insuficiência lútea ( progesterona)
FATORES DE RISCO o Hipo/hipertireoidismo
• Idade materna avançada o DM1 e SOP
• Abortos prévios
• Traumas ABORTAMENTOS DE REPETIÇÃO
• Medicações: misoprostol, retinoides, MTX
Diferentemente do abortamento espontâneo, no
• Fatores externos
abortamento de repetição é recomendada a investi-
o Álcool > 5 doses/dia gação genética.
o Cafeína > 3 xícaras de café/dia
• Aneuploidia → principal causa de abortamento
o Cigarro
espontâneo e de recorrente!
o IMC > 30 ou IMC < 18,5
• Aloimunização (reação ao antígeno paterno)
• Síndrome do anticorpo antifosfolipídico (SAF)
ETIOLOGIA o Avaliada pelo anticoagulante lúpico e anti-
• Anormalidades cromossômicas, principal- corpo anticardiolipina (VDRL falso positivo)
mente aneuploidias3 (50%) o Tratamento: aspirina e/ou heparina (iniciado
concomitantemente à gravidez)

1
Seu risco cai consideravelmente após identificação 5
Aderências causadas por curetagem ou TB, por
dos BCF na USG. exemplo.
2
Importância: tem etiologia distinta do esporádico. 6
Retirada de uma porção do colo para análise labo-
3
Principal causa de aborto esporádico e de aborto ratorial.
espontâneo. O 1º aborto raramente é investigado. 7
Cirurgia que “amarra” o orifício do colo. Quando o
4
Diagnóstico (pré-gestação): histeroscopia, histe- TP for oportuno, corta-se o fio.
rossalpingografia (RX das trompas, avalia formato
externo do útero), laparoscopia
Anticorpos
Trombose Infartos
Separação da • Sangramento moderado
contra os
fosfolipídeos
das arteríolas retroplacen-
placenta da
decídua (> 20
• Cólicas moderadas
placentárias tários
fetais sem. = DPP) • β-HCG negativo e útero PIG
CONDUTA: esvaziamento uterino + suporte:
• Reposição volêmica (soro Ringer Lactato)
FORMAS CLÍNICAS DO ABORTAMENTO
• Hemoconcentrado
AMEAÇA DE ABORTAMENTO OBS.: Em alguns casos, a eliminação é quase total,
Ocorre em 20% das gestações, concretizando-se sendo diagnosticado pelos restos ovulares à USG.
em 50% dessas.
• Sangramento pequeno ABORTAMENTO RETIDO
• Cólicas leves ou ausentes
• Sangramento pequeno
• Colo fechado
• Colo fechado
• BCF preservados (se o embrião for visível à USG)
• Regressão dos sintomas da gravidez
• Tamanho uterino e β-HCG8 compatível com IG
• Estabilização/involução do volume uterino (IG
IMPORTANTE: diagnóstico diferencial com gravi- estimada pela USG ≠ DUM)
dez ectópica. • USG de rotina mostrando irregularidade do saco
CONDUTA: repouso relativo (sem evidência). Só gestacional e Ø BCF (confirmado após 15 dias)
trata se a etiologia for insuficiência lútea: proges- Pode complicar com CIVD e infecção.
terona até a 12ª semana (quando a placenta passa
CONDUTA: esvaziamento uterino (a conduta expec-
a produzir a progesterona).
tante é possível, mas pode ser imprevisível).

ABORTAMENTO INEVITÁVEL
ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO)
É a progressão da ameaça de abortamento: o con-
• Febre
teúdo ainda não foi expelido, mas o abortamento
• Secreção purulenta saindo do colo
é certo de ocorrer → ovo íntero, mas inviável.
• Dor à palpação uterina com defesa abdominal
• Sangramento (pode ser intenso) • Sudorese
• Cólicas em baixo ventre e lombar
• Taquicardia
• Colo aberto (1-2 cm)
• Hipotensão
• Sinais de descolamento decidual à USG, com ou
• Cianose
sem BCF
• Choque séptico
• Tamanho uterino e β-HCG pode ser incompatí-
É complicação do abortamento incompleto ou ten-
vel com IG
tativa de abortamento. Inicia-se como endometrite,
CONDUTA: aguardar expulsão completa ou esvazi- podendo ser mais profundo (miometrite, peritonite,
amento. Nas gestantes Rh negativo não sensibiliza- choque séptico). São infecções polimicrobianas,
das, administra-se a Ig anti-Rh em todos os casos. causadas pelos germes da microbiota vaginal.
CONDUTA:
ABORTAMENTO COMPLETO • Hidratação com Ringer lactato
Já ocorreu expulsão total espontânea do feto e • ATB de amplo espectro: GENTAMICINA + CLIN-
dos anexos. DAMICINA por 7-10 dias
• Parada súbita do sangramento e das cólicas o Se não melhorar, acrescenta-se ampicilina
• Útero pequeno para a IG • Esvaziamento após ocitocina12 e ATB13
• Colo fechado9 Ampliação Laparoto-
• Espessura endometrial < 14 mm10 à USG
Trombofle- Heparina
Persiste Persiste do quadro mia e histe-
bite pélvica de alto PM
séptico rectomia
IMPORTANTE: diagnóstico diferencial com gravi-
dez ectópica.
CONDUTA: acompanhamento ambulatorial. ABORTAMENTO HABITUAL
Caracterizado por  3 episódios consecutivos.
Pode ser primário (acometeu todas as gestações) ou
ABORTAMENTO INCOMPLETO (EM CURSO)
secundário (precedido por gestações a termo).
• Material ovular ao toque
70% DAS PACIENTES TERÃO GESTAÇÃO DE
• Colo aberto11
SUCESSO SEM TRATAMENTO
• Espessura endometrial > 14 mm à USG

8
Dosagem seriada: deve dobrar a cada 48h. 12
Para enrijecer o útero, porque o útero infectado é
9
Colo abriu, eliminou tudo e fechou. friável, sendo mais suscetível à rotura (preferir cânula
10
Similar ao pós-menstruação ou uso de ACO. AMIU à cureta).
11
Abriu, mas não eliminou tudo: não fecha ainda. 13
Não há necessidade de esperar o efeito do ATB,
mas o professor disse que precisa esperar 6h.
OVO ANEMBRIONADO o Maior risco de perfuração
É considerado uma forma de abortamento retido. • MICROCESARIANA (raro, reservado para gran-
• Sangramento des hemorragias sem resolução vaginal)
• Colo fechado
• Ø embrião no saco gestacional íntegro > 6 se- MÉTODOS CLÍNICOS
manas à USG (nessa IG, deveria ser visualizado) São complemento ao tratamento cirúrgico.
o Diagnóstico diferencial: erro de data! • Ocitocina IV
• Misoprostol via vaginal – cautela em pacientes
com histerotomia (cesárea) prévia: risco de rotura

CONDUTA EXPECTANTE
Apenas com IG < 8 semanas, estabilidade hemodi-
nâmica e pouco sangramento.
É uma medida de exceção: a maioria será subme-
tida a esvaziamento no momento do diagnóstico.

GRAVIDEZ ECTÓPICA
CURSO CLÍNICO DO ABORTAMENTO INTRODUÇÃO
AMENORREIA SEGUIDA DE SANGRAMENTO É a implantação do blastocisto que ocorre fora da
• β-HCG positivo (níveis estáveis ou reduzindo) superfície endometrial uterina15, prevalente em 1%
• Dor em baixo ventre das gestações, sendo a causa mais comum de mor-
• Sangramento vaginal talidade materna no 1º trimestre. Pode ser em:
• Eliminação de restos ovulares • Tuba uterina (98%)
o Ampola (81%)
EXAME FÍSICO o Istmo – porção mais fina (12%)
• Exame abdominal o Fímbrias (5%)
o Dor localizada • Abdome (1,4%)
o Distensão abdominal • Ovário (0,15%)
• Exame especular • Colo uterino (1,9%)
o Sangramento oriundo do colo do útero OBS.: Gestação heterotópica: gravidez normal con-
o Dilatação cervical presente ou não comitante à ectópica.
• Exame bimanual
o Avaliar tamanho uterino, se há massas anexiais FATORES DE RISCO
Correspondem à lentificação/obstrução do trajeto
DIAGNÓSTICO do ovo, ou redução da sua capacidade de implanta-
QUADRO CLÍNICO + β-HCG + USG ção (7-8º dia após fecundação).
• DIP (espessamento da trompa)
• História de cirurgia tubária
MÉTODOS DE ESVAZIAMENTO UTERINO • Endometriose
IG < 12 semanas IG > 12 semanas • DIU (risco relativo)
Curetagem +/- miso- Curetagem + ocitocina • Tabagismo (metaplasia e  motilidade tubária)
prostol14 ou AMIU ou misoprostol • Reprodução assistida ( prevalência de ectopia)

MÉTODOS CIRÚRGICOS QUADRO CLÍNICO


• ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA (AMIU): • Dor abdominal
de escolha em gestações < 12 semanas, sendo • Amenorreia
menos traumática que a curetagem • Sangramento vaginal variável
• ASPIRAÇÃO A VÁCUO: AMIU a vácuo (requer di- • Massa palpável
latação  ou Ø → colo aberto não forma vácuo) • Dor escapular
• CURETAGEM UTERINA: apenas quando a AMIU REAÇÃO DE ARIAS-STELLA: modificação epitelial
não for disponível ou IG > 12 semanas (a partir secundária à hipertrofia das glândulas secretoras
dessa idade, é necessário misoprostol ou ocitó- endometriais (hormonal). Não é patognomônica.
citos antes da curetagem)

14
Dilata o colo, permitindo a passagem da cureta. 15
Inclui gestação cervical e cornual.
FORMA AGUDA (30% - ISTMO) o < 10 ng/mL: anormal: ectópica ou aborto
As manifestações mais intensas são de rotura tubá- • Culdocentese (identifica hemoperitônio)
ria. A rotura geralmente é espontânea, mas pode • Curetagem (apenas se as possibilidades forem
ser relacionada ao trauma. São característicos: gravidez ectópica e gravidez tópica não viável)
• Hemorragia intraperitoneal: grito de Douglas • Laparoscopia ou lapatoromia – em geral, reserva-
• Dor intensa na FI ou hipogástrio das para tratamento, não diagnóstico
• Choque OBS.: Um pseudossaco gestacional (reação deci-
dual com líquido) pode similar gravidez tópica.

FORMA SUBAGUDA (70% – AMPOLA)


Não ocorre rotura, apenas perda sanguínea para a TRATAMENTO
cavidade abdominal por separação parcial do trofo- CONDUTA EXPECTANTE
blasto e placenta. O crescimento do saco gestacio-
Menos comum. Requer preenchimento dos critérios:
nal causa distensão da trompa (dor abdominal).
Quadro clínico Seguimento Massa anexial < 3
estável rigoroso cm

EVOLUÇÃO  30% do β-HCG Ø evidência de β-HCG inicial <


em 48h rotura tubária 1000 mUI/mL
• Implantação na tuba
• Amenorreia

• β-HCG normal
• Sintomas de gravidez TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Requer os seguintes critérios (sem eles:  sucesso):
• Diminuição do suprimento sanguíneo
Gravidez
β-HCG < 5000 Sintomatologia
• Morte placentária ectópica
mUI/mL leve
• Sangramento: queda da decídua falsa (endométrio) íntegra

• Redução do β-HCG
Massa ectópica
Ø BCF Sinais estáveis
< 3,5 cm
• Erosão da tuba
• Dor
 β-HCG E  MASSA =  SUCESSO
É feito com METOTREXATO19 50mg/m² via IM,
As possíveis evoluções clínicas são: acompanhado de dosagens de β-HCG no 4º e 7º
• Abortamento tubário dia. O prognóstico é bom quando  β-HCG > 15%.
• Rotura tubária Se a queda < 15%, nova dose é aplicada no 7º dia.
• Reabsorção O índice de gestações posteriores tópicas são iguais
• Degeneração molar entre pacientes em MTX x em cirurgia conservadora.
OBS.: O MTX trata gravidez ectópica e NTG.
DIAGNÓSTICO
GRAVIDEZ ECTÓPICA DEVE SER SUSPEITADA
EM TODA PACIENTE COM DOR PÉLVICA TRATAMENTO CIRÚRGICO
AGUDA + ATRASO MENSTRUAL 16 Laparotomia
Radical
Quadros de rotura são clássicos. Já quadros subagu- (salpingectomia)
dos requerem investigação17: Laparoscopia

• USG transvaginal Cirurgia Salpingostomia


• Dosagem isolada e seriada de β-HCG laparoscópica
(padrão-ouro)
o β-HCG > 1.5000mUI/mL18 + Ø saco gestacio- Conservadora
Ressecção
(salpingostomia)
nal (deveria ser visualizável na 4ª semana) segmentar
o β-HCG que não duplica em 48h Ordenha tubária
▪ ≠  progressiva do β-HCG → abortamento
• Dopplerfluxometria ( fluxo na a. tubária)
o Diagnóstico diferencial: neovascularização Cirurgia radical (salpingectomia)
(massas ovarianas; Ø na gravidez tubária) Ocorre quando não é possível preservar a tuba. In-
• Progesterona sérica dicações da cirurgia radical (retirada da trompa):
o > 25 ng/mL: gestação normal • Ø desejo reprodutivo

16
Ausente em até 1/3 dos casos + o sangramento 18
β-HCG > 1.000 assegura gestação em 95% dos
vaginal é confundido com a menstruação. casos: se não tem saco gestacional no útero, pode
17
Diagnóstico diferencial: ameaça de abortamento, procurar, pois ele está em outro lugar.
gravidez normal, ruptura de cisto folicular, ruptura 19
Antagonista do folato: interfere no DNA e RNA.
de corpo lúteo, torção de ovário etc.
• Gravidez tubária rota • Degeneração das vilosidades coriônicas + hiper-
• Tuba contralateral sadia plasia do trofoblasto
• Recidiva na mesma tuba • Degeneração das vilosidades coriônicas por
• Lesão tubária acentuada neoplasia benigna do trofoblasto
• Massa íntegra (saco gestacional) > 5 cm Observam-se vesículas com líquido claro (hidáti-
Indicações de laparotomia20: tes), com degeneração hidrópica do estroma e dé-
• Rotura tubária ficit de vascularização (patognomônico).
• Instabilidade hemodinâmica
• Choque CLASSIFICAÇÃO
Contraindicações de laparoscopia – mas deve ser Mola completa
preferida sempre que possível:
EXPULSÃO DE VESÍCULAS + Ø FETO/ÂMNIO
• Instabilidade hemodinâmica
É mais comum e pior que a mola incompleta. De-
• Massa anexial > 5 cm
corre da degeneração hidrópica de todas as vilosi-
dades. É sempre diploide, com todos os cromosso-
Cirurgia conservadora (salpingostomia) mos de origem paterna. Pode ser:
Consiste em remover o ovo e manter a tuba aberta • Homozigótica (46XX): óvulo anucleado + esper-
para cicatrização por segunda intenção. Indicações: matozoide que duplica o genoma (mais comum)
• Tuba contralateral doente • Heterozigótica (46XY ou 46XX): óvulo + 2 esper-
• Ø rotura tubária matozoides (maior risco de tumor invasivo)
• Desejo reprodutivo presente
• Massa anexial < 5 cm Mola incompleta ou parcial
Pode haver persistência da ectopia, devendo-se Possui duas populações de vilosidades, uma nor-
acompanhar o β-HCG. mal (citotrofoblasto) e uma com degeneração hi-
drópica (hiperplasia limitada ao sinciciotrofo-
blasto): não possui aparência de cacho de uva.
DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL
Como o citotrofoblasto é intacto, o tecido fetal é
Inclui o conjunto de lesões causadas por prolifera- presente, mesmo se não visto macroscopicamente
ção anormal do trofoblasto, que é a camada ex- É mais frequentemente triploide, com 2 genomas
terna do blastocisto e, fisiologicamente, tem três ti- paternos e 1 materno. Alguns casos podem ser te-
pos celulares: citotrofoblasto (forma as vilosidades traploides. Na maioria dos casos, a gestação é invi-
primárias), sinciciotrofoblasto (produz HCG e in- ável (triploidia, malformações múltiplas e RCIU).
vade o endométrio) e trofoblasto intermediário (pro- Raramente evolui para formas invasivas, e é resol-
duz lactogênio placentário). A doença pode ser: vida como abortamento espontâneo em 99%.
• Benigna: mola hidatiforme
• Maligna (metastática ou não): neoplasia trofo-
blástica gestacional MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
OBS.: Não confundir DOENÇA e NEOPLASIA trofo- SINTOMA MAIS PREVALENTE: HIPERÊMESE
glástica gestacional → a doença inclui mola, mas a • Sangramento vaginal (início do 2º trimestre)
neoplasia não. o Intermitente, com aumento gradual
o Eliminação de vesículas (mola completa)
FATORES DE RISCO • Útero amolecido, indolor, com volume uterino
maior que o esperado para a IG
• Idade > 40 ou < 20 anos o Útero em sanfona: cresce rapidamente, eli-
• Mola hidatiforme anterior mina vesículas, e regride; ocorre novo cresci-
• Intervalo interpartal curto mento com grande acúmulo de coágulos
• SOP
• β-HCG muito maior do que o esperado
• Aborto prévio
o Náuseas e vômitos intensos
• Tabagismo
o Massa anexial palpável (cistos ovarianos te-
• Radiação ionizante
caluteínicos pela hiperestimulação do HCG)
Ter gestação anterior normal é fator de proteção.
• Sintomas de pré-eclâmpsia < 20 semanas
Complicações possíveis são:
MOLA HIDATIFORME • Hiperestímulo tireoidiano (HCG similar ao TSH)
Há duas teorias para o seu desenvolvimento: • CIVD/embolização trofoblástica
• Insuficiência pulmonar
• Evolução para mola invasora e coriocarcinoma

20
A laparoscopia demora: as indicações de laparo-
tomia são emergências!
o Semanal/quinzenal até 3 indetectáveis con-
DIAGNÓSTICO
secutivas, e então mensal até os 6 meses
CLÍNICA + USG + β-HCG o Esperado:  progressiva até negativar na 8-
A suspeita sempre deve ser confirmada pelo es- 10ª semana
tudo histopatológico do material intrauterino. • Clínica (regressão de náuseas e cistos)
• USG (monitorar involução uterina e dos cistos +
Ultrassonografia diagnóstico precoce de malignização)
Mola completa: vilos com padrão de flocos de neve, • RX de tórax após 30 dias
podendo haver cistos tecaluteínicos. • Anticoncepção22 com ACO
Mola incompleta: placenta em queijo suíço. o DIU é contraindicado enquanto  β-HCG de-
vido ao risco de perfuração uterina
• Avaliação por USG e β-HCG precocemente em
β-HCG
gestações seguintes ( risco de recorrência)
β-HCG > 200.00021 mUI/mL → mola completa.
Tratamento precoce Ø  risco de evolução a NTG.
β-HCG < 100.000 mUI/mL → mola incompleta
OBS.: Em uma gestação normal, na 10ª semana, es-
pera-se β-HCG de 100.000 mUI/mL, enquanto na NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA
mola completa, os níveis podem chegar a 400.000. GESTACIONAL
Inclui mola invasora (70%) e coriocarcinoma (30%).
CONDUTA Pensa-se em malignização quando:
Medidas gerais  β-HCG por 2 Estabilização do β- Não negativação do
semanas HCG por 3 semanas β-HCG após 6
1. Avaliar complicações (anemia, hipertireoidismo, consecutivas consecutivas meses

pré-eclâmpsia e insuficiência respiratória)


USG com imagem IP e IR de aa.
o Fundoscopia, PA, RX de tórax, HC, ureia e Surgimento de intramiometrial do uterinas < 1 e Ø
creatinina, função hepática e tireoidiana metástases tipo "olho de incisura
coruja" protodiastólica
2. Profilaxia de isoimunização Rh nas pacientes Rh-
3. Esvaziamento uterino
4. Análise histopatológica do material MOLA INVASORA (CORIOADENOMA DES-
OBS.: TC de crânio, tórax e abdome só são necessá- TRUENS)
rias se o RX de tórax for alterado, pois as metástases É sequela da mola hidatiforme. Invade miométrio e
pulmonares sempre precedem as demais. parede uterina, podendo metastatizar a distância.
Assim como a mola completa, pode se transformar
Medidas específicas: esvaziamento uterino em coriocarcinoma.
• Vacuoaspiração (escolha;  risco de perfuração) ≠ CORIOCARCINOMA, a mola invasora:
• AMIU (manual: muito demorado) • Mantém a estrutura vilositária
• Curetagem uterina • Pode sofrer regressão espontânea
• Histerotomia (mola incompleta de IG > 4 meses) • Quase sempre vem de mola hidatiforme
• Histerectomia total profilática É caracterizada por:
Se o colo estiver fechado, o esvaziamento deve ser • Metrorragias persistentes às curetagens23
precedido por misoprostol. • Subinvolução uterina e útero em sanfona
• Infecções
Indicações de HISTERECTOMIA:
DIAGNÓSTICO:
• Multíparas > 40 anos
• Suspeição
• Sepse
• Tumor uterino grande o Persistência β-HCG (seguimento pós-molar)
• Hemorragia incoercível o USG: focos hiperecogênicos no miométrio
• Confirmação: exame histopatológico
OS OVÁRIOS DEVEM SER CONSERVADOS:
OS CISTOS REGRIDEM COM  β-HCG
CORIOCARCINOMA
Tem o mesmo quadro clínico da mola invasora. É
SEGUIMENTO PÓS-MOLAR considerada a forma maligna das NTG. O tumor
• Dosagem seriada de β-HCG por pelo menos 6 preenche a cavidade uterina, invadindo vasos, cau-
meses (possibilidade de malignização) sando hemorragia e necrose (friável). Quando não
é precedido por mola hidatiforme, o diagnóstico é

21
Professor menciona β-HCG de 100.000-200.000. 23
Diagnóstico diferencial: restos ovulares.
22
Porque o  β-HCG por uma gravidez poderia en-
cobrir o diagnóstico de persistência/malignização.
difícil: a maioria tem metástase pulmonar ao diag- o Ácido folínico VO ou via IM
nóstico (principal causa de morte). o Actinomicina D
≠ MOLA INVASORA, o coriocarcinoma: se origina de • Dia 8
qualquer tecido trofoblástico – gestação normal, o Ciclofosfamida IV
mola hidatiforme ou abortamento. o Vincristina IV
São fatores de bom prognóstico:
• β-HCG < 40.000/24h Metotrexato
Estágio I, II ou III,
• Sintomas < 4 meses mas com baixo risco
• Ø metástase cerebral ou hepática (< 7)
Actinomicina D
• Ø quimioterapia prévia
Coriocarcinoma

Fase 1: procotolo
ESTADIAMENTO Estágio I, II ou III, EMA-CO
com alto risco ( 7) Fase 2:
ou estágio IV ciclofosfamida +
vincristina

TRATAMENTO
NÃO INDICA REPETIR ESVAZIAMENTO
O coriocarcinoma é muito sensível à QT, inclusive
nas metástases (radioterapia local + quimioterapia).
O esquema quimioterápico é o mesmo para corio-
carcinoma e mola invasora.
MAIORIA NÃO REQUER HISTERECTOMIA
ESTADIAMENTO TRATAMENTO
I Monoterapia MTX + AF
II – BAIXO RISCO Monoterapia MTX + AF
II – ALTO RISCO Poliquimioterapia (EMA-CO)
III Poliquimioterapia (EMA-CO)
Poliquimioterapia (EMA-CO)
IV + cirurgia (histerectomia +
ressecção linfonodal)

Monoquimioterapia
• Metotrexato 1mg/kg IM dias 1, 3, 5 e 7
• Ácido folínico 0,1mg/kg dias 2, 4, 6 e 8
Deve ser realizado semana sim, semana não, até a
negativação do β-HCG.

Poliquimioterapia
• Dia 1
o Etoposide IV
o Metotrexato IV bolus + infusão contínua
o Actinomicina D
• Dia 2
o Etoposide IV bolus
14/12/2021 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

Infecções Congênitas
PROF. CARLOS ARCANJO

HEPATITE B
Doença viral de curso que varia de assintomático a
fulminante; não há diferença na evolução da doença
da paciente gestante em relação à não gestante.
É caracterizada por icterícia que surge após desapa-
recimento da febre.

FISIOPATOLOGIA
É causada por vírus de DNA de cadeia dupla par-
cial (“partícula Dane”).
Tem transmissão percutânea, sexual e transpla-
centária e período de incubação de 60-90 dias, de-
pendendo da carga viral. HEPATITE B NA GESTAÇÃO
• Antígenos
Ocorre transmissão vertical em 10-20% das paci-
o S (superfície) → indica infecção entes com HBsAg + sem imunoprofilaxia; se houver
o C (centro) anti-HBe, a transmissão é baixa. 90% da transmissão
o E (infectante) → indica replicação ocorre no parto2, e 10% na amamentação.
• Anticorpos A hepatite viral em gestantes tem evolução be-
o S → indica imunidade (vacina ou doença1) nigna, sem necessidade de interrupção da gravidez.
o C → cobre um período de janela; geralmente
precede o anti-HBs
PREVENÇÃO
o E → indica redução/ausência de replicação
• Vacinação pré-concepcional/início da gestação
• Screening de HBsAg na 1ª consulta pré-natal
FATORES DE RISCO o HBsAg + → completar sorologia
• Usuárias de drogas IV ▪ Anti-HBe + → baixa infectividade
• Múltiplos parceiros ▪ Anti-HBe - → alta infectividade
• Pacientes institucionalizadas o HBsAg - → vacinação no pré-natal
• Histórico de tatuagens ou de transfusões (raro)
Todos os RN de mãe HBsAg + devem receber va-
OBS.: A presença da hepatite B aumenta o risco cina da HB e imunoglobulina específica para HB
para hepatite C e HIV. (0,13mL/kg IM) em até 12h após nascer (previne a
transmissão vertical em 90% dos casos).
PROGNÓSTICO
90% das pacientes resolvem a infecção → perdem MARCADORES SOROLÓGICOS
os antígenos S e E, e ficam apenas com anti-HBs. HBsAg E ANTI-HBc
5% das pacientes contraem hepatite B crônica (mai-
Testes de triagem (por ELISA, MEIA ou quimiolumi-
oria assintomática e HBV não detectável) → mantêm
niscência).
o HBsAg.
• HBsAg
NÃO FORAM IDENTIFICADOS EFEITOS DELETÉ-
o 1º a surgir (marcador de presença do vírus)
RIOS DO VÍRUS SOBRE O FETO, MAS 90% DOS NE-
ONATOS SE TORNAM CARREADORES CRÔNICOS o Presente nas fases aguda e crônica, além da
(IMUNOCOMPLACÊNCIA DO RN) vacinação
• Anti-HBc IgG
o Marcador de infecção prévia ou crônica, pois
DIAGNÓSTICO permanece por toda a vida
• Identificação de antígeno e anticorpo o Presente nas fases aguda e crônica, e na ja-
• PCR de sangue, urina, fezes, saliva e sêmen nela imunológica do HBsAg

1
Diferença: a imunidade por infecção natural tam- 2
A taxa de abortamentos é similar entre mulheres in-
bém gera anti-HBc, diferentemente da vacina. fectadas e não infectadas.
Outros marcadores QUADRO CLÍNICO
• Anti-HBc IgM A toxoplasmose na gestante é assintomática em 90%
o Diferencia infecção aguda e crônica dos casos; nos outros 10%, é caracterizada por sin-
o IgM + = infecção ≤ 6 meses tomas inespecíficos e linfadenopatia cervical e oc-
• HBeAg e anti-HBe cipital. No feto, por outro lado, pode haver:
o Acompanha a evolução TRÍADE DE SABIN (10%): HIDROCEFALIA, CALCIFI-
• Anti-HBSs CAÇÕES CEREBRAIS E CORIORRETINITE +
o Marcador de cura e resposta vacinal • Estrabismo
• Hepatoesplenomegalia
DIAGNÓSTICO FETAL • Pneumonite
• Hipotermia
Não é necessário. • Trombocitopenia
• Anemia e icterícia
PARTO E PUERPÉRIO Quando adquirida com IG < 11 semanas, o acome-
timento grave é quase certo; com IG > 20 semanas,
O parto varia com indicação obstétrica.
o quadro é mais brando.
No puerpério, a amamentação é liberada se o RN
receber vacina HB e HBIG nas primeiras 12h de A MAIORIA DOS RN SÃO ASSINTOMÁTICOS AO
vida. NASCIMENTO
Quando sintomáticos, pode haver:
TRATAMENTO • Rash cutâneo
• Linfadenopatia generalizada
A HEPATITE B É AQUELA EM QUE O TRATAMENTO • Hepatoesplenomegalia
MAIS EVITA A TRANSMISSÃO • Anemia e trombocitopenia
Lamivudina +
1º trimestre
tenofovir
Com fibrose SEQUELAS DA INFECÇÃO FETAL
avançada
3º trimestre
Lamivudina +
telbivuduna
• Lesões intracranianas (calcificações ou dilatações
Hepatite B
ventriculares)
Sem fibrose Aguardar fim • Infecção disseminada na 1ª infância
avançada da gestação
• Déficit neurológico grave
O tratamento é similar ao da paciente não grávida:
repouso relativo, dieta balanceada e medicação sin-
DIAGNÓSTICO
tomática s/n.
SOROLOGIA
TOXOPLASMOSE Anticorpos IgG
Aparecem 1-2 semanas após o início da infecção
A transmissão pode ocorrer por três vias:
(após o surgimento do IgM), com pico em 1-2 me-
• Ingesta de oocistos por contato direto/indireto ses, e persistem para sempre, em valores baixos.
com fezes de gato e alimento contaminados
• IgG - → não houve infecção
• Ingesta de cistos contidos em carne crua
• IgG - IgM + → infecção muito recente
• Transmissão vertical transplacentária
o A toxoplasmose congênita é causada por in-
fecção aguda da gestante previamente so- Anticorpos IgM
ronegativa (SOROCONVERSÃO) Surgem já na 1ª semana de infecção, e diminuem
o O risco de infecção fetal depende de: imu- mais rapidamente que o IgG (12 semanas), mas po-
nocompetência materna, carga parasitária, vi- dem permanecer detectáveis por vários anos.
rulência da cepa e IG • IgM → infecção recente, infecção crônica com
IgM persistente ou IgM falso-positivo
Toxoplas- A SIMPLES PRESENÇA DO IgM NÃO DEVE SER DI-
Rubéola Ambas
mose AGNÓSTICO DE INFECÇÃO AGUDA!
RCIU, hepatoes-
Calcificações Doença Sorologia mensal ou
plenomegalia, as- trimestral
intracranianas cardíaca IgG - IgM -
cite, anemia, hi-
difusas congênita3 (suscetível)
dropsia fetal Sorologia 2-3
semanas após o parto

3
Estenose pulmonar e alteração do ducto arterial.
Dispensa controle • Sulfadiazina 3g/dia
Imunocompetente
IgG + IgM -
sorológico • Ácido folínico 10-20mg 2-3x/semana
(imune) Os três últimos são alternados com a espiramicina a
Imunodeprimida CD4+ trimestral
cada 3 semanas, até o termo. Nos casos de PCR do
LA -, pode-se suspender os demais, e manter so-
IgM falso-
IgA -
positivo
mente a espiramicina.
Dosar IgA A sulfadiazina e a pirimetamina são antagonistas do
Infecção
IgA +
aguda
ácido fólico; o ácido folínico atua prevenindo a mi-
elotoxicidade (importante: HC a cada 2 semanas5).
IgG - IgM +
Repetir IgG + IgM +
Infecção OBS.: Não é certo que o tratamento reduza a trans-
aguda
sorologia missão, mas com certeza reduz a gravidade.
após 2
IgM falso-
semanas IgG - IgM +
positivo
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Infecção
Baixa avidez IgG
< 16 aguda Pacientes HIV + com CD4 < 100 células/mL devem
semanas IgM residual receber profilaxia com trimetoprim (160mg) e sul-
IgG + IgM + Alta avidez IgG (infecção fametoxazol (800mg) diários, assIm como as paci-
antiga)
IgG - IgM - Soroconversão: entes não gestantes.
prévios infecção aguda

IgM, IgA E  AVIDEZ IgG SÃO APENAS PREDITO- RUBÉOLA


RES DE INFECÇÃO RECENTE
É uma doença exantemática aguda causada pelo
Toda gestante com IgM + deve ser encaminhada vírus de RNA da família Togaviridae, o vírus mais te-
para pré-natal especializado. ratogênico (≠ HBV)6. É transmitida por contato com
OBS.: O teste de avidez de IgG se baseia no fenô- gotículas de secreções nasofaríngeas.
meno de maturação, e só deve ser solicitado com Causa exantema maculopapular (rash em face
IgM + → IgM - = infecção pregressa. → membros; dura 3-4 dias), acompanhado de febre,
OBS.: O uso de espiramicina pode retardar a matu- dor nas articulações e linfadenopatia occipital.
ração do IgG, falseando o teste de avidez.
EVENTOS NA GESTANTE SUSCETÍVEL
REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE
Quando a infecção ocorre, pode-se evoluir para:
Feito a partir do amniocentese, com IG > 18 sema-
• Aborto/natimorto
nas. Indicações:
• RN com síndrome da rubéola congênita (SDR)
• Sorologia materna diagnóstica/sugestiva de in-
o Defeitos ao nascimento
fecção recente
o Defeitos tardios
• USG indicando dano fetal
• Reativação de infecção • RN sadio
OBS.: Na amniocentese > 32 semanas, já se faz a te- TRÍADE CLÁSSICA: CATARATA, ANOMALIAS CAR-
rapia tríplice, pois o procedimento aumenta o risco DÍACAS E SURDEZ NEUROSSENSORIAL.
de transmissão vertical. (coração, olhos, ouvidos e cérebro)
OBS.: Pode-se pesquisar de IgM no sangue fetal.
OBS.: A determinação exata da IG ajuda a estimar o
real risco fetal, em todas as três infecções.
ACHADOS RADIOLÓGICOS • IG 11-16 semanas → maior risco de surdez
• Ventriculomegalia (hidrocefalia) • IG > 20 semanas → risco mínimo
• Calcificações hepáticas ou cerebrais  IG =  RISCO DE DEFEITOS MÚLTIPLOS
• Hepatoesplenomegalia
• Espessamento da placenta
• Ascite SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA
• Surdez neurossensorial
CONDUTA • Cardiopatias (CIV, PCA, estenose pulmonar e co-
arctação de aorta)
Drogas de 1ª linha: • Catarata
• Espiramicina 3g/dia → reduz a transmissão ver- • Alterações do SNC → microcefalia
tical, mas não reduz a gravidade do quadro fetal4
• Pirimetamina 50mg/dia

4
Pois não atravessa a barreira placentária. 6
Vacina e sorologia pré-concepcionais, pois a va-
5
Se alterado: suspender pirimetamina e sulfadiazina cina é de vírus vivo atenuado.
e manter somente espiramicina.
DIAGNÓSTICO OBS.: Toxoplasmose x rubéola:
Tríade de Sabin Tríade clássica da
INFECÇÃO MATERNA
(toxoplasmose) rubéola
Diagnóstico: presença do IgM. Problema → IgM
pode ser positivo > 1 ano, e pode ser falso-positivo. Coriorretinite Catarata
O diagnóstico também pode ser clínico7, na fase Hidrocefalia Anomalias cardíacas
exantemática:
Calcificações cerebrais Surdez neurossensorial
• Exantema
• Febre
• Artralgia
• Linfadenopatia retroauricular

INFECÇÃO FETAL
Indicações de investigação:
• Soroconversão materna < 20 semanas
• Diagnóstico materno
• Dúvida no diagnóstico materno, mas em período
de risco fetal importante
• Suspeita/confirmação de reinfecção (raro)

Propedêutica não invasiva: USG


Não é um método sensível.
• Malformações cardiovasculares
• Microcefalia
• Catarata
• RCIU simétrico
• Hepatoesplenomegalia
• Outros achados menos específicos

Propedêutica invasiva: amniocentese com PCR


É o exame de escolha, muito acurado.

CONDUTA PRÉ-NATAL
É preconizada repetição da sorologia mensal-
mente até a 20ª semana para todas as gestantes
não imunizadas.

Em caso de gestante não vacinada, a vacina deverá


ser feita no puerpério.

7
≠ HBV e toxoplasmose, em geral.
04/01/2022 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

Sífilis e HIV Diagnóstico da sífilis primária


• DEFINITIVO: pesquisa direta do espiroqueta
PROF. GUARANY • PRESUNTIVO: lesão + VDRL positivo ou > 4x no
título FTA-BS positivo

SÍFILIS
FASE SECUNDÁRIA
INTRODUÇÃO Ocorre 4-24 semanas após a fase primária (não
É uma doença de distribuição universal, cuja inci- após o contágio). Também tem resolução espontâ-
dência diminuiu após a década de 1940 (penici- nea, em 2-6 semanas.
lina), mas aumentou novamente (HIV). Nos últimos Nesse estágio, o treponema
5 anos, no Brasil, houve aumento constante no nú- invade todos os órgãos por
mero de casos de sífilis em gestantes, sífilis congê- meio de disseminação hema-
nita e adquirida. Isso se deve a: togênica, é presente em todas
• Maior cobertura de testagem (testes rápidos) as lesões e em todos os fluidos.
• Redução do uso do preservativo, devido à bana- É caracterizada por:
lização do HIV • Febre alta
• Desabastecimento mundial e resistência das UBS • Múltiplas lesões por quase todos os órgãos e a
em aplicar penicilina pele
• Roséolas plantares e palmares
• Alopecia
ETIOLOGIA
• Lesões mucosas (condiloma plano)
A MAIORIA DOS CASOS DE SÍFILIS CONGÊNITA
DECORRE DE TESTAGEM OU TRATAMENTO INA-
Diagnóstico da sífilis secundária
DEQUADOS NO PRÉ-NATAL
• DEFINITIVO: pesquisa direta do treponema
A transmissão é essencialmente sexual, com risco • PRESUNTIVO: lesão típica + VDRL > 1:8 (sem
de 40-60% (sendo maior na fase primária). A trans- história anterior) ou FTA-bs positivo
missão vertical ocorre por disseminação hemato-
gênica do Treponema pallidum e infecção via trans-
placentária em qualquer estágio da doença, mas é SÍFILIS LATENTE
mais frequente e mais grave na sífilis recente: Período entre a fase secundária e terciária, sem ma-
• Sífilis primária nifestações clínicas.
• Sífilis secundária • < 1 ano → sífilis latente recente
• Sífilis latente recente < 1 ano • > 1 ano → sífilis latente tardia
A incidência em gestantes é menor do que na popu- Quando não se sabe o período exato, notifica-se e
lação geral. se trata como sífilis latente tardia.
OBS.: A carga de treponemas até diminui, mas não
desaparece sem tratamento. FASE TERCIÁRIA
É rara, principalmente em gestantes, pois requer
APRESENTAÇÃO CLÍNICA longo tempo de evolução (mas pode ocorrer em
30% se não tratada).
FASE PRIMÁRIA
É caracterizada por:
Ocorre cerca de 2-3 semanas após a penetração do
• Gomas sifilíticas (nódu-
treponema na mucosa, sendo caracterizada por tre-
los cutâneos)
ponemia e lesão local (pápula eritematosa indolor,
• Artrite, osteocondrite:
que ulcera formando um cancro duro). A lesão se
acometimento articular
resolve espontaneamente, com ou sem trata-
• Aortite sifilítica: acome-
mento.
timento cardiovascular
LESÃO ULCERADA, BEM DELIMITADA, LISA E UNI- • Tabes dorsalis acometimento neurológico
FORME, COBERTA POR EXSUDATO, INDOLOR,
MAS MUITO CONTAGIOSA
RASTREIO E DIAGNÓSTICO
Deve ser feito:
• Na 1ª consulta pré-natal
• No 3º trimestre
• Na admissão para parto/aborto
Recomenda-se iniciar a investigação com teste rá- • Estágio da sífilis materna (mais transmissão na
pido (TT). Se positivo, trata-se, e se colhe o VDRL fase primária, secundária e latente recente)
(TNT) para monitorar a resposta ao tratamento. Há risco de transmissão direta no canal de parto se
GESTANTES COM TESTE RÁPIDO POSITIVO DE- houver lesões genitais (sífilis primária). No aleita-
VEM SER CONSIDERADAS PORTADORAS DE SÍFI- mento, só há risco de transmissão se houver lesão
LIS ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO, E DEVEM mamária por sífilis → não há transmissão da sífilis
SER TRATADA PRONTAMENTE pelo leite materno.
A GRANDE MAIORIA DOS FETOS NÃO TRATADOS
SERÃO INFECTADOS, MAS 2/3 DOS RN COM SÍFI-
TESTES NÃO TREPONÊMICOS (TNT) – VDRL
LIS CONGÊNITA SERÃO ASSINTOMÁTICOS
Reagem com anticorpos não específicos (anticar-
diolipina) contra o treponema. OBS.: A coinfecção com HIV parece aumentar a
Servem para seguimento da doença, além do diag- transmissão vertical.
nóstico. Diferentemente dos TT, os TNT são quanti-
ficáveis. REPERCUSSÕES FETAIS
Fase primária
Alta titulação São variáveis e dependem da resposta inflamató-
ou secundária
ria fetal à disseminação do treponema por quase to-
VDRL
Fase latente
dos os seus órgãos e sistemas.
Baixa titulação
ou terciária • Abortamento tardio – pois o sistema imune fetal
inicia com 16 semanas; antes disso, não há reper-
Pode ser falso positivo em doença do colágeno, tu-
cussões
berculose e outras doenças infecciosas.
• Natimorto
DEVE SER REALIZADO EM TODO RN EXPOSTO • Sífilis congênita
o Sífilis congênita precoce (antes dos 2 anos):
hepatoesplenomegalia, icterícia, anemia he-
TESTES TREPONÊMICOS (TT)
molítica, osteocondrite dolorosa, exantema
São os primeiros a se tornarem reagentes, e po- bolhoso
dem permanecer positivos mesmo após o trata- o Sífilis congênita tardia (após os 2 anos): sur-
mento – importantes apenas no diagnóstico, não na dez, periostite de osso frontal, dentes de Hut-
avaliação do tratamento. chinson – mais relacionadas à inflamação cica-
TESTES DE IgM: NÃO RECOMENDADOS NO RN tricial
OBS.: Algumas alterações podem ocorrer a des-
peito do tratamento correto.
FTA-BS e MHA-TP
Reagem com o material genético da bactéria: ser-
CONDUTA
vem para confirmação da sorologia. Pouco usados
no SUS pois demoram a fornecer o resultado. • Tratamento imediato e conforme a fase
FTA-bs positivo • Tratamento do parceiro – retirado dos critérios
Infecção muito recente
ou muito antiga para tratamento adequado
VDRL negativo
• Seguimento sorológico
Pode ser infecção recente, pois a detecção do • Pesquisa de outras ISTs
material genético ocorre primeiro que a forma- Contudo, na maioria, não se sabe em que fase a
ção do anticardiolipina (VDRL), mas também gestante está: em caso de dúvida, trata-se como
pode ser infecção muito antiga, pois o VDRL di- sífilis latente tardia.
minui (ou negativa) e o FTA-bs permanece. A PENICILINA BENZATINA É O ÚNICO FÁRMACO
QUE TRATA A GESTANTE E O FETO COM SÍFILIS,
Teste rápido POIS ATRAVESSA A BARREIRA PLACENTÁRIA

Permite a detecção dos anticorpos específicos con- O tratamento deve ser feito até pelo menos 30 dias
tra o treponema. antes do parto, e o seguimento consiste na dosa-
gem mensal de VDRL, até o 12º mês após o diag-
nóstico. Há sucesso do tratamento quando há:
VISUALIZAÇÃO DIRETA
• Redução da titulação do VDRL em 2 diluições
Consiste na pesquisa do T. pallidum na microscopia
(ex.: de 1:64 para 1:16) em até 3 meses após a
de campo escuro. É pouco utilizada.
última dose de penicilina
• Redução da titulação do VDRL em 4 diluições
TRANSMISSÃO VERTICAL (ex.: de 1:64 para 1:4) em até 6 meses após a úl-
tima dose de penicilina
Pode ocorrer em qualquer fase da gestação e da
doença. São fatores que influenciam a transmissão:
• Duração da exposição do feto à bactéria
SÍFILIS PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA OU LATENTE • Na admissão hospitalar para o TP (nesse caso,
RECENTE usa-se o teste rápido)
Penicilina benzatina 2.400.000 UI IM (dose única, • Após exposição de risco
sendo metade da dose em cada glúteo). O fluxograma ideal de diagnóstico seria:

Testagem
SÍFILIS LATENTE TARDIA OU INDETERMI-
NADA
Penicilina benzatina 2.400.000 UI IM (sendo me- 1ª consulta Trabalho de
tade da dose em cada glúteo) 1x/semana por 3 se- pré-natal e parto ou
28ª semana puerpério
manas seguidas – dose total = 7.200.000 UI.

NEUROSSÍFILIS Teste ELISA Teste rápido


Penicilina cristalina 2.000.000 UI a cada 4h por 14
dias, seguida por penicilina benzatina 2.400.000
UI IM 1x/semana por 3 semanas. Realizar teste confirmatório: imunoblot,
imunofluorescência ou westen blot +
O TRATAMENTO DO FETO DEVE SER PELO MENOS colher 2ª amostra
1 MÊS ANTES DO PARTO
Idealmente, os principais usos do teste rápido são:
O seguimento não é com VDRL mensal, mas com
• Não testagem no pré-natal
exame de líquor a cada 6 meses até normalização.
• IG que não assegure recebimento do resultado
do ELISA antes do parto
CONTRATEMPOS NO TRATAMENTO • Abortamento espontâneo
Alergia à penicilina Se o teste rápido for positivo, é repetido1 por em-
presas diferentes. Se indeterminado (e para evitar
Histórico de reação à penicilina falso-positivos), solicita-se a carga viral.
PODE OCORRER FALSO-NEGATIVO NA GESTANTE
Reação grave Reação leve a moderada EM USO DE TARV
Teste Repetir Carga viral, contagem de
Teste cutâneo positivo teste linfócitos e genotipagem
Tratar com
eritromicina
NÃO HÁ NECESSIDADE DE ESPERAR A GENOTIPA-
Positivo Negativo GEM PARA INICIAR O TRATAMENTO!
Tratar RN como OBS.: No SUS, como o ELISA é pouco disponível, o
sífilis congênita
Dessensibilizar Tratar com diagnóstico é feito mais pelo teste rápido.
penicilina
OBS.: ELISA e teste rápido podem ser falso-negati-
Tratar com vos na fase aguda da doença, quando ainda não há
penicilina anticorpos.
Teste

Reação de Jarisch-Herxheimer
Reagente Não reagente
Decorre da liberação do LPS dos espiroquetas,
cerca de 1-2h após a aplicação, resolvendo-se es-
pontamentamente em 24h. Aconselhamento pós-teste Aconselhamento pós-teste

Cursa com piora das lesões cutâneas, febre, cefaleia,


Início do AZT (IV para a mãe e Encaminhar amostra para
tremores, mialgia, e até contrações uterinas – pode VO para o RN) confirmação
causar TP pré-termo em gestantes na 2ª metade.
Contraindicar amamentação e
OBS.: Não confundir com alergia! inibir a lactação

Confirmar o diagnóstico
VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA – HIV
O principal objetivo no cuidado da paciente com Notificação obrigatória (após
confirmação)
HIV é prevenir sua transmissão vertical.
Todas as gestantes devem ser testadas: A inibição da lactação é feita por meio de:
• No 1º trimestre (1ª consulta pré-natal) • Enfaixamento das mamas e compressa fria
• No início do 3º trimestre • Cabergolina 1mg dose única

1
1x caso positivo, 2x caso discordem o 1º e o 2º.
EXAMES LABORATORIAIS IMPORTANTES • Gestante assintomática
• Sem infecção oportunista
• Carga viral – importante marcador de resposta ao
• TCD4 > 350 células/m³
tratamento; deve ser solicitada:
Deve-se fazer genotipagem pré-tratamento, indi-
o Na 1ª consulta
cada para todas as gestantes infectadas, para orien-
o 2-4 semanas após início da TARV (durante o
tar o esquema. Contudo, não se deve esperar o re-
2º trimestre)
sultado para iniciar o tratamento.
o Após 34 semanas: definir via de parto
O tratamento é baseado na associação de 2 inibido-
• Contagem de linfócitos CD4+ res da transcriptase reversa análogo de nucleosí-
• Genotipagem – importante para adequar o trata- deo e 1 inibidor da integrasse:
mento em caso de falha
TENOFOVIR (TDF) + LAMIVUDINA (3TC)
o Deve ser coletada antes do início da TARV,
+ RALTEGRAVIR (RAL)
mas não se espera o resultado para iniciar
o Só é solicitada se houver CV detectável (ex.: É a associação preferencial por facilidade posoló-
diagnóstico prévio em uso de TARV) gica (dose única diária dos dois primeiros, e
• PPD – TB é a principal causa de morte no HIV 2x/dia do raltegravir) e baixa toxicidade.
o Se positivo: o esquema RIPE pode ser usado Após o parto, a gestante deve ser encaminhada para
em gestantes! o ambulatório de infectologia, e, em até 3 meses,
deve substituir o RAL por doltegravir, que não é
• Pesquisa de clamídia e gonorreia – aumentam a
utilizado na gestante.
TV e podem causar RPMO
• Perfil lipídico PARA MULHERES EM TARV PRÉVIA À GESTAÇÃO,
COM CV INDETECTÁVEL OU ABAIXO DE 50 CÓ-
PIAS/ML, RECOMENDA-SE MANTER O ESQUEMA
TRANSMISSÃO VERTICAL ARV PRÉVIO, SUBSTITUINDO-SE O DOLTEGRAVIR
O risco de transmissão é de:
• Trabalho de parto: 65% Inibidores da transcriptase reversa
• Intrauterina: 30%
1ª ESCOLHA: tenofovir (TDF) + lamivudina (3TC)
• Amamentação: 5%
SE CONTRAINDICAÇÃO AO TDF: AZT + 3TC
CARGA VIRAL < 1.000 TEM BAIXO RISCO DE TV SE CONTRAINDICAÇÃO AO AZT: abacavir (ABC)
São fatores que aumentam o risco de transmissão: OBS.: Inicialmente, pensava-se que o TDF fosse te-
• FATORES VIRAIS: carga viral, genótipo e fenótipo ratogênico, mas foi provado que não.
viral (mutações aumentam o risco de TV)
• FATORES MATERNOS: estado clínico, nutricional Inibidores da integrase
e imune, presença de ISTs (clamídia e gonorreia
1ª ESCOLHA: raltegravir (RAL)
aumentam a replicação viral) e outras infecções;
tempo de uso de antirretrovirais na gestação • É uma medicação potente em reduzir rapida-
• FATORES COMPORTAMENTAIS: uso de drogas mente a CV, tem boa barreira genética (sem re-
(inclusive tabaco), prática sexual desprotegida, sistência documentada), boa tolerância e menos
ganho de peso insuficiente – promover o ganho interações medicamentosas
de peso adequado • Pode aumentar as transaminases hepáticas: ne-
cessário monitoramento hepático
o A suplementação de vitamina A 5.000 UI/d
pode diminuir o risco de TV 2ª ESCOLHA: atazanavir/ritonavir (ATV/r)
• FATORES OBSTÉTRICOS: tempo de RPMO, via
de parto, presença de hemorragia intraparto ESQUEMA ALTERNATIVO – EFAVIRENZ
• FATORES DO RN: prematuridade e baixo peso
UTILIZADO EM CASO DE ADESÃO PROBLEMÁTICA
ao nascer; há mutações do feto que podem pro-
teger contra a TV TDF + 3TC + EFV 600MG/DIA
• FATORES DO ALEITAMENTO Esse esquema pode ser usado quando a adesão for
SEM INTERVENÇÃO, A TAXA DE TRANSMISSÃO É uma preocupação, desde que haja sensibilidade
DE 25%; COM A MONOTERAPIA (AZT), HÁ QUEDA por genotipagem.
DE 70% E, COM O ESQUEMA TRÍPLICE, 100%.
Com o protocolo 076, houve redução de 70% na EFEITOS ADVERSOS
transmissão vertical com o uso do AZT (zidovudina) • AZT – náuseas, anorexia, cefaleia, mal-estar; ane-
na gestação e no trabalho de parto. mia e neutropenia
• TDF – toxicidade renal e síndrome de Falconi
TRATAMENTO • 3TC – pancreatite, neuropatia periférica (raros)
• RAL – aumento das transaminases
Pode-se aguardar o fim do 1º trimestre para iniciar
a TARV (devido às náuseas) se:
• EFV – sintomas do SNC: tontura, sensação de • A bolsa amniótica deve ser mantida íntegra
“embriaguez”, sonolência/insônia, sonhos vívidos até o período expulsivo (parto empelicado)
• Limpeza das secreções na pele do RN
FALHA VIROLÓGICA Acaba sendo indicado quando não há tempo para
se fazer as duas doses do parto cesáreo, pois o parto
• CV detectável após 6 meses do início ou modifi-
será concluído antes disso.
cação do tratamento
• Aumento da carga viral em pacientes que já ti-
nham atingido supressão com o tratamento PARTO CESÁREO – RECOMENDAÇÕES
EM GESTANTES, NÃO É POSSÍVEL AGUARGAR 6 • AZT IV 3h antes do início da cirurgia (dose de
MESES PARA CHECAR A RESPOSTA: POR ISSO, ataque + dose de manutenção)
DOSA-SE A CV APÓS 2-4 SEMANAS DA TARV A cesárea eletiva tem benefício se CV > 1.000, mas
não tem benefício comprovado na CV < 1.000.
A saúde materna afeta a morbidade, e deve-se
INDICAÇÃO DA VIA DE PARTO equacionar risco e benefício para mãe e bebê.
Deve ser baseada na carga viral materna a partir
da 34ª semana, associada à avaliação obstétrica.
MANEJO ANTIRRETROVIRAL DA PUÉRPERA
CARGA VIRAL < 1.000 CÓPIAS/ML → PARTO CON-
FORME INDICAÇÃO OBSTÉTRICA Pacientes com CV indetectável, em TARV regular,
podem substituir RAL por dolutegravir até 90 dias
CARGA VIRAL > 1.000 CÓPIAS/ML OU DESCONHE- após o parto; antes da troca, iniciar contracepção.
CIDA → CESÁREA ELETIVA NA 38ª SEMANA
Contudo, a indicação geralmente é cesárea.

O PROBLEMA NÃO É A RMO, É O TP: A CONDUTA


NA RPMO DA PACIENTE HIV + É IDÊNTICA À HIV -

AZT no parto
CV DETECTÁVEL APÓS 34 SEMANAS → AZT IV
INTRAPARTO OBRIGATÓRIO

• 2mg/kg IV na 1ª hora
• 1mg/kg/h até o clampeamento do cordão
o Deve ser diluído em SG a 5%, e a concentra-
ção não deve exceder 4mg/mL – o frasco
contém 10mg/mL, devendo ser diluído.
Apesar da sua importância, a TARV durante a gesta-
ção tem maior impacto na prevenção da TV.
❖ Em caso de CV indetectável na 34ª semana,
mantém-se a TARV VO habitual, sem necessi-
dade de AZT IV

PARTO VAGINAL – RECOMENDAÇÕES


• AZT IV desde o início do TP até o clampeamento
do cordão umbilical (deve ser imediato)
• Episiotomia → deve ser evitada
• Procedimentos invasivos → contraindicados du-
rante gestação e TP
o Ex.: medidas invasivas de avaliação do bem-
estar fetal, fórcipe, vacuoextrator, amniocen-
tese, amniotomia etc.
11/01/2022 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

Contém menos glicose e lipídios, e mais leucóci-


Puerpério Normal e tos e anticorpos IgA em relação ao leite materno.
Patológico
AMAMENTAÇÃO
PROF. CARLOS ARCANJO
Deve-se informar sobre manejo e vantagens, desde
o pré-natal, e ajudar a iniciar o aleitamento logo ao
DEFINIÇÃO nascer.
É o período de 4 a 6 semanas pós-parto, iniciado Não oferecer outros alimentos ou bebidas, nem
com a expulsão da placenta, no qual ocorrem modi- dar bicos artificiais ou chupetas.
ficações fisiológicas e anatômicas, após o qual o
corpo da mulher retorna ao estado pré-gravídico.
CONTRAINDICAÇÕES
• TB ativa não tratada
MUDANÇAS ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS • Herpes ativo da mama
• HIV
ÚTERO
• Uso de drogas ilícitas ou álcool
• Peso: 1kg após o parto → 100g após 1 mês Hepatite B, com RN vacinado e tendo recebido Ig,
o Palpado na cicatriz umbilical após o parto pode ser amamentado, apesar de o vírus ser transmi-
o Palpado na sínfise púbica após 7-10 dias tido pelo leite materno.

COLO UTERINO INIBIÇÃO DA LACTAÇÃO


Após 1 semana, o orifício que estava dilatado atinge
• Evitar estimulação
1cm, e o orifício externo se torna transverso.
o Enfaixar as mamas – manter a atadura por 3-5
À colposcopia, há ectopia e lacerações, com com-
dias; antes disso, esvaziar bem o mamilo
pleta reepitelização após 6 a 12 semanas.
o Evitar desmame: não amamentar o bebê se-
Deve-se evitar tratar essa ectopia, pois ela tem re- quer uma vez
gressão espontânea. o Restringir a ingestão materna de líquidos
o Não permitir sucção pelo RN nem estimular
LÓQUIOS com massagem
o Não realizar expressão
Cedo no puerpério, a descamação da decídua e o
sangramento resultam em corrimento vaginal de • Inibidores da prolactina: cabergolina (2cp 0,5mg
quantidade variável, chamado de lóquio. dose única) no pós-parto imediato – problema:
preço
• LÓQUIOS RUBROS: sangue, restos teciduais e
decídua
• LÓQUIOS SEROSOS: aparecem 3-4 dias após PATOLOGIAS DA AMAMENTAÇÃO
• LÓQUIOS BRANCOS: aparecem após 10 dias; há A maioria é causada por falta de orientações à mãe.
redução da quantidade de líquido e presença de
leucócitos e restos teciduais (coloração branco-
amarelada) INGURGITAMENTO MAMÁRIO
Sua duração média é de 24 a 36 dias. CAUSAS: início tardio da amamentação, mamadas
Atentar para: cor, odor e duração. infrequentes com restrição de tempo/frequência,
uso de outros alimentos, sucção ineficaz.
Há 3 componentes básicos:
GLÂNDULAS MAMÁRIAS
• Congestão e aumento da vascularização
Sofrem hipertrofia glandular e deposição de gor- • Retenção de leite nos alvéolos
dura durante a gravidez – ao final da gestação, cada o Distensão alveolar
mama aumenta em 400g. o Compressão dos ductos
O leite humano é uma suspensão de gordura e pro- o Obstrução do fluxo do leite
teína em uma solução com carboidratos e mine- • Obstrução linfática
rais. Contém todas as vitaminas, exceto vitamina K,
Causa febre, que não persiste além de 10h.
e tem baixa concentração de ferro. A produção
pode chegar a 600mL/dia. TRATAMENTO: drenagem do leite e orientação da
pega (deveria ser feito desde o pré-natal).

COLOSTRO
FISSURA MAMÁRIA
Secretado imediatamente após o parto, até 5 a 14
dias, sendo substituído pelo leite materno. Causada por pega incorreta.
MASTITE • Infecção de ferida operatória
Acomete 2-3% das puérperas que amamentam. Se • Infecção de parede abdominal
não tratada adequadamente, pode evoluir para abs- INCLUI MAMAS, TRATO URINÁRIO E SISTEMA
cesso. O agente etiológico geralmente é S. aureus. RESPIRATÓRIO
ACHADOS CLÍNICOS:
• Febre FEBRE PUERPERAL
• Rubor local
Temperatura > 38ºC após as primeiras 24h do nas-
• Mal-estar e prostração cimento, durando 2 dias ou mais, nos primeiros 10
• Calafrios dias após o parto.
TRATAMENTO: massagem, ordenha, calor/frio local, A febre do leite raramente chega a 39ºC e cede
aumento da ingestão de líquidos + ATB (se não hou- em até 72h após o parto, não durando 24h.
ver melhora após 24h das medidas iniciais).
• ATB ambulatoriais
ENDOMETRITE
o Cefalexina
o Amoxicilina +/- clavulanato FATORES DE RISCO
o Clindamicina (alergia a betalactâmicos) • Cesárea → principalmente quando ocorre após
o Sulfametoxazol-trimetoprima (MRSA)
o TP de parto, mas também quando é eletiva
• ATB hospitalares • Ruptura de membranas
o Oxacilina • Trabalho de parto prolongado
o Cefazolina • Múltiplos exames de toque
o Clindamicina • Anemia
• Vaginite/cervicite
ABSCESSO MAMÁRIO • Fatores socioeconômicos
É consequência de 10% das mastites. A presença de hematomas e tecidos desvitalizados
durante o parto aumentam a gravidade da endome-
FONTE: microbiota do nariz e da boca do RN.
trite.
TRATAMENTO: oxacilina + drenagem (cirúrgica
OBS.: Um TP normal pode ter maior risco de endo-
OU punção guiada por USG) se com múltiplos abs-
metrite do que uma cesárea eletiva.
cessos).
O ideal é realizar cultura com swab do leite antes
de iniciar o tratamento EVOLUÇÃO CLÍNICA
Normalmente ocorre no 2-3º dia após o parto.
Febre precoce + hipotensão (sem sangramento
CUIDADOS DURANTE O PUERPÉRIO
que justifique a hipotensão) são patognomônicos de
• Atenção para o sangramento transvaginal ime- infecção por estreptococo beta-hemolítico (S. pyo-
diato após o parto (período de Greenberg) genes e S. agalactiae).
o Avaliar se o útero está contraído e abaixo da • Febre
cicatriz umbilical • Calafrios
o Avaliar lóquios rubros x hemorragia • Dor abdominal
o Avaliar sinais vitais • Lóquios fétidos
o Avaliar vulva (se a episiotomia causou hema- • Involução uterina comprometida – aquele útero
toma, e aplicar compressa fria) não deveria mais ser palpável
• Avaliar função vesical e intestinal A febre é associada à extensão da infecção e é o
• Estimular a deambulação precoce critério mais importante, principalmente se associ-
• Contracepção – progestágenos ou DIU de cobre ada a calafrios, descarga vaginal fétida e descon-
o Medroxiprogesterona (segurança por mais 3 forto abdominal à palpação.
meses pelo menos)
• Imunização (ótima oportunidade para fazer a va- ANTIBIOTICOPROFILAXIA
cina da rubéola)
Feita pré ou intraoperatória na cesariana (inclusive
• Visita domiciliar cesáreas eletivas), principalmente em cesáreas após
• Consulta de revisão do parto (40 dias) TP prolongado.
• Cefazolina 2g ou
INFECÇÃO PUERPERAL • Ampicilina 2g
É qualquer infecção ocorrida após o parto, não ne-
cessariamente no trato genital – pode estar associ- TRATAMENTO
ada ou não a: A taxa de cura é de 90 a 97%, sendo que há melhora
• Infecção de episiotomia em 48-72h após o início do ATB.
A paciente pode receber alta após 24h afebril, sem
necessidade de continuar o ATB em casa, apenas se
a hemocultura for positiva.
São sinais de melhora clínica:
• Melhora do quadro clínico
• 3 dias de temperatura normal

Pacientes que tiveram parto normal


• Doxacilina 12/12h VO
• Ceftriaxona IM
• Metronidazol 12/12h VO
Também pode ser feita em pacientes com febre me-
nor que 39ºC e com estabilidade hemodinâmica
(normotensa).
ATENÇÃO:
• Descartar restos placentários – se o útero está au-
mentado e o colo aberto, será que não há restos
de placenta?
o Se sim: evitar curetagem e preferir AMIU ori-
entado por USG
• Associar cobertura contra anaeróbios se persistir
a febre
• Remoção da sutura, drenagem e debridamento
• Reparo precoce de deiscência de episiotomia

Pacientes que tiveram parto cesárea


• Gentamicina ou
• Clindamicina 8/8h IV

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA FEBRE PUERPERAL PERSISTENTE


Diagnóstico Teste Tratamento
Cultura endometrial e de
Microrganismo resistente Modificar esquema
sangue
Infecção de ferida operatória Exame físico Exploração e drenagem
• Exame físico
Abscesso pélvico • USG ATB + drenagem
• TC e RM
• USG
Tromboflebite pélvica séptica ABT + enoxaparina
• TC e RM
Recrudescimento de doenças
Depende da patologia Corticoterapia
autoimunes
Reação a drogas Eosinofilia + temperatura Parar/trocar ATB
Modificar esquema para cobrir
Mastite Exame físico
estafilococos
18/01/2022 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

o Dicoriônica-diamniótica (di-di ou DCDA)


Gemelaridade ▪ A implantação placentária pode ser pró-
PROF. MÁRCIO FRAGOSO xima, dando impressão de serem a mesma
• 4º AO 8º DIA (2/3 dos casos)
o Divisão em embrioblasto (origina o feto e a
IMPORTÂNCIA CLÍNICA cavidade amniótica), com um só sinciciotrofo-
• Incidência crescente (principalmente dizigóticas) blasto (origina a placenta)
o Adiamento da gravidez → fertilização assistida o Monocoriônica-diamniótica (mono-di ou
MCDA)
• Maior risco de complicações fetais e maternas
▪ A placenta compartilhada pode ter ou não
• Repercussões psicológicas
anastomoses – o mais comum é que tenha,
• Impacto econômico
mas pequenas. Grandes anastomoses des-
compensam a circulação fetal
INCIDÊNCIA DA GEMELARIDADE • 9º AO 12º DIA (1%)
DIZIGÓTICA o Divisão na fase de disco embrionário bilami-
nar (após a implantação)
Varia conforme fatores que predispõe à liberação de
o Monocoriônica-monoamniótica (mono-
mais de um óvulo.
mono ou MCMA)
Calculada pela fórmula de Hellin: 1/80(n-1) (gesta-
• APÓS O 13º DIA (muito raro)
ções espontâneas, não por reprodução assistida).
o Gemelaridade imperfeita (gêmeos acolados)

MONOZIGÓTICA
Incidência fixa de 1/250. DIAGNÓSTICO
Na maioria das vezes, não há suspeita, porque há ou-
tras explicações mais prováveis que gemelaridade:
TIPOS DE GESTAÇÃO GEMELAR
• Hiperêmese gravídica – Dxd: gestação única
Pode se referir a: • Altura uterina maior que o esperado – Dxd: erro
• Número de fetos de data
• Zigozidade ou zigotia • Presença de 2 focos de ausculta – nunca acon-
• Número de placentas (corionicidade) tece: quando encontra um, não se procura outro
• Número de cavidades amnióticas (amnionici- O diagnóstico é firmado pela ultrassonografia.
dade) – menos importante do que a corionicidade
PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA
GESTAÇÃO DIZIGÓTICA
• Determinação da corionicidade/amnionicidade
FATORES QUE INFLUENCIAM: idade materna, his- • Medida do colo uterino – avaliação de risco de
tória familiar materna, multiparidade, raça (negra), prematuridade (baixo nível de evidência, mas é
reprodução assistida.

Avanço da gestação
feito)
Os zigotos se implantam em pontos diferentes, cada • Rastreio de aneuploidias
um com sua placenta (geralmente muito próximas). • Diagnóstico de malformações
Sempre dicoriônica-diamniótica (di-di ou DCDA). • Avaliação do crescimento
OBS.: Entre 2 placentas diferentes, não há anasto- • Diagnóstico e manejo de complicações
moses ligando os dois fetos! • Avaliação da vitalidade (PBF, mas principalmente
Doppler)
A PRINCIPAL PERGUNTA DIANTE DE UMA GRAVI-
GESTAÇÃO MONOZIGÓTICA DEZ GEMELAR É: QUAL A CORIONICIDADE?
É menos frequente (30% das gestações gemelares), Importante também porque as manobras de Leo-
e tem maior risco de complicações fetais (ex.: nutri- pold perdem muito a sensibilidade.
ção desigual entre os fetos). Não possui fatores OBS.: Diagnosticar gemelaridade é fácil, difícil é a
predisponentes, pois ocorre ao acaso. corioniciodade (e dificulta com o passar do tempo).

CLASSIFICAÇÃO DETERMINAÇÃO DA CORIONICIDADE


Depende da época de divisão do zigoto. Pode ser: Em estágios iniciais (5ª-6ª semanas), a gestação di-
• 1º AO 3º DIA (1/3 dos casos) coriônica-diamniótica é de fácil diagnóstico pela
o Divisão em zigoto ou mórula; cada blasto- presença de 2 sacos gestacionais.
cisto se implanta em um ponto (mesma carga • 1º trimestre
genética, mas placentas separadas) o Nº de sacos gestacionais - quando se perde
esse período inicial, o diagnóstico fica mais di- OBS.: A gemelaridade aumenta o risco de SHEG e
fícil com a ocupação quase completa da cavi- acretismo placentário (com 2 ou mais placentas, o
dade uterina pelos sacos gestacionais risco de inserção incorreta é maior).
• 2º trimestre
o Nº de placentas
RISCOS FETAIS
o Espessura da membrana interâmnica
▪ Di-di → mais espessa (septo composto por PREMATURIDADE
2 septos e 2 âmnios) É a principal complicação (incide em 50%) e princi-
▪ Mono-di → mais delgada (septo composto pal causa de mortalidade fetal.
por 2 âmnios, pois o cório fica externo
Pode ser espontâneo devido a sobredistensão ute-
quando há só uma placenta)
rina ou polidrâmnio, ou provocado devido a RPMO,
o Sexo fetal complicações fetais ou maternas.
▪ Sexos iguais → não ajuda
▪ Sexos diferentes → obrigatoriamente dizi-
gótica → obrigatoriamente dicoriônica
o Sinal do λ (twin peak)
▪ Protrusão da inserção do septo → gesta-
ção dicoriônica (e diamniótica)
o Sinal do T
▪ Inserção perpendicular do septo → mono-
coriônica (e diamniótica) RESTRIÇÃO SELETIVA DO CRESCIMENTO
FETAL
Sinal do λ à es- Ocorre em 16% das gestações gemelares, por vas-
querda, e sinal cularização desigual da área placentária de cada
do T à direita feto. Pode ocorrer tanto na monocoriônica quanto na
dicoriônica, mas sendo mais comum na monocoriô-
nica.
Gestação monoamniótica
A curva de crescimento é igual à gestação única até
Tem alta taxa de perda fetal, pois os fetos não são a 30-32ª semana. A partir disso, o ritmo de cresci-
separados por nenhuma membrana, com mortali- mento diminui (embora seja adequado).
dade perinatal de 25-50%. A principal causa de mor-
talidade é o entrelaçamento dos cordões (alta mo-
vimentação fetal no espaço maior; tem diagnóstico DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO
ultrassonográfico, mas é difícil). • Diferença de peso > 20% entre os fetos ou de
• CONDUTA: monitorização rigorosa da vitali- circunferência abdominal (CA) > 20mm
dade com início precoce (USG semanal após 26 o Na monocoriônica: diferença de peso > 25%
semanas) + cesárea eletiva com 34 semanas ou peso de um dos fetos < p10
▪ É apenas restrição seletiva ou é a abertura
de uma síndrome de transfusão feto-fetal?
RISCOS MATERNOS
o Na dicoriônica: não existe síndrome de trans-
Não são influenciados pelo tipo de gemelaridade, fusão, então provavelmente é insuficiência
pois derivam da gemelaridade em si placentária
• Hiperêmese gravídica (maior massa placentária
= mais HCG e estrogênio)
Classificação (nas gestações monocoriônicas)
• Infecção urinária (útero maior = maior compres-
SEGUNDO O DOPPLER DE A. UMBILICAL
são ureteral = mais estase)
• Anemia (mais demanda de ferro e ácido fólico) • ESTÁGIO I: diástole presente
• Diabetes gestacional (maior placenta = mais lac- • ESTÁGIO II: diástole zero ou reversa
togênio placentário) • ESTÁGIO III: alternância entre diás-
• Dispneia mais precoce (útero maior para a IG) tole zero e presente (no mesmo feto)
• Edema e varizes (mais estase)
• Hemorragia pós-parto (sobredistensão = con- MALFORMAÇÃO FETAL DISCORDANTE
tração inadequada pós-parto ou atonia = preju-
ízo da miotamponagem) – precocidade e severi- Alteração anatômica em apenas um dos fetos.
dade proporcionais ao nº de fetos (90% das ges- O prognóstico depende do tipo de anomalia, e o tra-
tações quadrigemelares evoluirão para SHEG se tamento pode ser conservador ou feticídio terapêu-
chegarem ao termo) tico para salvar a vida do feto normal.
o Toda gestação gemelar deve fazer a profila- • Mesmo na anencefalia de um dos fetos, o feticí-
xia com AAS a partir da 12ª semana dio terapêutico é proibido no Brasil
o Ruim, pois o feto anencéfalo traz consigo to- Resulta em restrição do crescimento e hipóxia
dos os riscos da gemelaridade, comprome- do feto doador.
tendo o prognóstico do feto sadio É de diagnóstico ultrassonográfico pela diferença
o Seria feito pela injeção de KCl, fechando a cir- de volume do líquido amniótico, com risco de
culação do cordão do feto malformado óbito de até 80% sem tratamento.
Doador Receptor
ANEUPLOIDIAS Oligo/anidrâmnio (maior Polidrâmnio (maior bol-
É feito o diagnóstico por meio da USG morfológica bolsão vertical < 2cm) são vertical > 8cm)
do 1º trimestre (11-14 semanas). Bexiga vazia Bexiga distendida
• Gestação dicoriônica → risco individualizado Restrição do crescimento Crescimento normal ou
• Gestação monocoriônica → calcular o risco pelo fetal (RCF) aumentado
feto com maior transluscência nucal (TN)
Alterações no Doppler da Alterações no Doppler do
o Grande divergência de transluscência nucal
a. umbilical (diástole ducto venoso (insuficiên-
para fetos com a mesma carga genética é for- zero/reversa) cia cardíaca congestiva)
temente indicativo de síndrome de transfusão
Hidropsia
Ocorre oligoâmnio porque, na hipóxia, há centrali-
MORTE DE UM DOS GÊMEOS zação da circulação; com a priorização de órgãos-
1º TRIMESTRE nobres, há vasoconstrição renal, reduzindo a diu-
rese e gerando menos líquido amniótico. O poli-
Ocorre absorção do feto morto, sem complicações
drâmnio, por outro lado, ocorre pela hipervolemia
para a gestação.
do feto receptor e ICC, que aumenta a diurese.
• Stuck twin: com o anidrâmnio, o cório “cola” no
2º TRIMESTRE feto e ele perde a capacidade de movimentação
Como é após a ossificação, é impossível a absorção, na cavidade (mesmo à movimentação da mãe)
formando um feto papiráceo (mumificado) – pode OBS.: Só ocorre em gestações monocoriônicas-(pois
ser encontrado só após parto, na revisão de placenta. requer anastomoses)-diamnióticas (se fosse a mesma
Não aumenta risco de infecção ou de TPP. bolsa, não haveria diferença entre os líquidos).

3º TRIMESTRE CLASSIFICAÇÃO DE QUINTERO


• GESTAÇÃO DICORIÔNICA → não causa compli- Determina o tratamento e o risco de óbito.
cações diretas para o feto sadio, embora au-
mente risco de parto prematuro (e coagulopatia
possivelmente)
• GESTAÇÃO MONOCORIÔNICA → geralmente
há anastomoses entre as circulações na gestação
monocoriônica, e as circulações se mantêm em
equilíbrio pois têm a mesma resistência; quando
O único estágio em que pode ser considerada con-
a resistência de uma cai (morte fetal), há desvio duta expectante é o estágio I; nos demais, o risco de
da circulação para o feto morto, causando cho- óbito sem tratamento é muito alto.
que hipovolêmico do feto sadio, culminando
com lesão neurológica e óbito
o O óbito do 2º ocorre logo após o óbito do 1º TRATAMENTO
o Quando se diagnostica o óbito de um, não • Ablação endoscópica (fetoscopia) por laser
adianta antecipar o parto porque se tinha al- (padrão-ouro)
gum dano neurológico para ocorrer no 2º, já o Identifica as anastomoses no “Equador pla-
ocorreu; agora se tenta evitar os riscos da pre- centário” e as cauteriza com laser, como se
maturidade fosse transformando uma placenta em duas
(separando definitivamente as circulações)
SÍNDROME DA TRANSFUSÃO FETO -FETAL • Amniorredução seriada – esvaziar o polidrâmnio
(STFF) OU SEQUÊNCIA OLIGOÂMNIO -POLI- do feto receptor; mais útil onde a fetoscopia é in-
DRÂMNIO (TOPS) disponível (mas atualmente ela é bem disponível)
• Feticídio seletivo
Ocorre em 15-20% das gestações monocoriônicas-
diamnióticas, causada por anastomoses arteriove-
nosas profundas. SEQUÊNCIA ANEMIA-POLICITEMIA (TAPS)
O sangue oxigenado sai do feto doador, é oxige- É uma forma mais leve de STFF: não chega a trans-
nado nos vilos da placenta e, ao invés de retornar fusão, mas há algum grau de passagem de sangue.
para o mesmo feto, vai para o outro (receptor) DIAGNÓSTICO: Doppler de a. cerebral média
• Doador: VPSACM > 1,5 MoM1 (feto anêmico:
sangue fluido, atingindo maiores velocidades)
o Mesmo método da doença hemolítica perinatal
• Receptor: VPSACM < 1 MoM (feto policitêmico:
sangue viscoso, atingindo velocidade menor)
TRATAMENTO: não se faz laser, apenas TIU (cordo-
centese) ou antecipação do parto. PRÉ-NATAL DA GESTAÇÃO GEMELAR
• Encaminhar para serviço especializado (pré-na-
GÊMEO ACÁRDICO OU SEQUÊNCIA DE PERFU- tal de alto risco)
SÃO ARTERIAL REVERSA EM GÊMEOS (TRAP) • Orientar dieta mais hipercalórica (maior de-
manda)
Também ocorre em anastomoses, mas são anasto-
moses arterioarteriais (não arteriovenosas): o san- • Suplementação de ferro e ácido fólico em dose
gue não oxigenado não se oxigena, e vai direto para maior
a circulação do feto receptor (circulação reversa). • Acompanhamento ultrassonográfico – frequência
variando conforme o tipo de gemelaridade
• Doador: insuficiência cardíaca, hidropsia e óbito
• Consultas mais frequentes
o O problema é nele (já que o receptor não so- • Repouso relativo (exposição a esforços físicos
brevive de jeito nenhum), que precisa bom- menores)
bear sangue para si e para o outro
o O repouso em leito não diminui o risco de TP,
▪ Tanto que é chamado de pump twin (o co- apenas aumenta o risco de TVP
ração trabalha tanto, até esgotar)
• Cerclagem (se medida do colo < 10 mm com 22
• Receptor: coração rudimentar, malformação semanas → não é indicada de rotina)
grave (fluxo ausente para polo cefálico e MMSS) • Tocolíticos → não são indicados de rotina; ape-
nas nos quadros de TPP (igual à gestação única)
TRATAMENTO • Corticoide → não é indicado de rotina; somente
• Ablação endoscópica (fetoscopia) por laser em risco de TPP até 7 dias (tempo limite de ação)
(padrão-ouro)
• Ablação a laser do cordão umbilical (fetosco-
PARTO DA GESTAÇÃO GEMELAR
pia), causando óbito do feto malformado e evo-
lução normal do feto normal GESTAÇÃO GEMELAR É INDICAÇÃO RELATIVA DE
CESARIANA (CONTROVERSO)
São fatores determinantes da via de parto:
GEMELARIDADE IMPERFEITA (GÊMEOS
• FATORES MATERNOS:
ACOLADOS OU SIAMESES)
o Antecedentes obstétricos
O diagnóstico é ultrassonográfico (precoce).
• FATORES FETAIS (mais importantes)
Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor: pode-
se obter permissão judicial para interrupção da o APRESENTAÇÃO (principalmente do 1º feto)
gravidez. ▪ Cefálica-cefálica → permite parto vaginal
PROGNÓSTICO: avaliar se há órgãos compartilha- ▪ Cefálica + não cefálica → depende do ta-
dos e quais são. A nomenclatura varia conforme a manho do 2º feto em relação ao 1º
parte do corpo unida: ▪ 2º feto menor/igual ao 1º = parto vagi-
nal do 1º + versão externa (girar para
• Toracópagos (tórax)
apresentação cefálica) ou extração po-
• Onfalópagos (abdome)
dálica (puxar pelos pés) do 2º
• Pigópagos (pelve) ▪ 2º feto maior que o 1º = cesárea
• Craniópagos (crânio) Na prática, sempre se faz a cesariana,
50% evoluem para óbito ainda dentro do útero. pois o risco dos procedimentos é alto
▪ 1º feto não cefálica → cesárea
RESUMO DAS COMPLICAÇÕES o PESO ESTIMADO (se o 2º tiver peso muito
maior do que o 1º, indica-se cesárea)
o CORIONICIDADE (não influencia muito)
▪ Monocoriônica: resolver com 36 semanas
▪ Dicoriônica: resolver com 38 semanas
o AMNIONICIDADE (monoamniótica = cesárea)
▪ Monoamniótica: resolver com 32-34 semanas
o MALFORMAÇÕES FETAIS
o VITALIDADE FETAL

1
Múltiplo da mediana.
MANEJO DO PARTO
Deve ser feito pela equipe multidisciplinar, incluindo
2 obstetras e 2 neonatologistas.
• Avaliação por USG de apresentação e peso fetal
• Analgesia se possível
• Ocitocina (principalmente após a saída do 1º
feto, porque após a retirada do 1º feto o útero re-
laxa, e não queremos prolongar a saída do 2º)
o Reduzir o intervalo interpartal (não ultrapas-
sar 30min)
• Avaliação contínua da vitalidade
o Cardiotocografia contínua intraparto
o Avaliação de BCF a cada 5min
25/01/2022 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

o Mais acentuado do que na dengue e Chikun-


Zika Vírus gunya
o Discrasia hemorrágica não ocorre (diferente-
PROF. CARLOS ARCANJO
mente da dengue)
• Hipertrofia ganglionar
INTRODUÇÃO • Prurido
• Conjuntivite não purulenta
• Cefaleia
• Febre baixa
• Artralgia e edema articular leve a moderada
o Menor do que na dengue e Chikungunya
• Mialgia leve
Os sintomas duram cerca de 7 dias.
Após a presença dos sintomas, deve-se aguardar 8
semanas antes de engravidar.

EXAMES COMPLEMENTARES
• Hemograma – infecção viral x bacteriana
• Plaquetograma
Esse gráfico permite estimar o momento da conta- • RT-PCR (sérico e do líquido amniótico)
minação: da 3ª à 6ª semana é o período mais crítico
Devido à inespecificidade, é importante fazer o di-
para o desenvolvimento de calcificações cerebrais
agnóstico epidemiológico.
ou microcefalia (alterações disruptivas). Contudo,
o risco de comprometimento cerebral continua até
o fim da gravidez (alterações funcionais – a mieli- DIAGNÓSTICO
nização continua até depois do nascimento).
QUANTO MAIS PRECOCE A INFECÇÃO, PIOR DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O PROGNÓSTICO • 1º A 5º DIA DE SINTOMAS: detecção molecular
(RT-PCR)
ORIGEM o Até 7º dia: sangue
o Até 15º dia: urina
Foi identificado pela primeira vez no macaco Rhe-
sus, colocado na floresta Zika para monitorizar a fe- • APÓS 5º DIA DE SINTOMAS: sorologia para Zika
bre amarela. Foi introduzido no Nordeste, e sua dis- vírus (reação cruzada com dengue)
seminação é associada ao aumento dos casos de mi-
crocefalia. ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS
O vírus pertence à família Flaviviridae, que inclui
• Hidrocefalia
também febre amarela e dengue. Como os vírus
têm grande semelhança, é difícil a elaboração de o Ventriculomegalia assimétrica
testes diagnósticos, havendo muita reação cruzada. o Aumento do espaço inter-hemisférico e suba-
racnoideo
• Calcificações multifocais corticais e subcorticais
TRANSMISSÃO • Disgenesia vermis-cerebelar
• Picada do Aedes aegypti (o controle do vetor é • Agenesia/disgenesia do corpo caloso
a única forma eficaz de prevenção) • Alargamento da fossa posterior
• Vertical • Lesões oftalmológicas (mácula e perimácula, e no
• Sexual (com hematoespermia) nervo óptico)
o Homens contaminados por Zika devem usar
camisinha por 6 meses para não contaminar a DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
parceira
FEBRE + EXANTEMA
• Transfusional
• Nosocomial • Rubéola
• Toxoplasmose
• Herpes
QUADRO CLÍNICO • Citomegalovirose
A MAIORIA É ASSINTOMÁTICA • Dengue
• Chikungunya
• Exantema agudo – principal marcador (90% têm)
Também são causas de calcificações cerebrais.
o Acima de 12 anos (inclui gestantes): DEET >
10% ou icaridina
• Uso de roupas claras (o mosquito é atraído por
roupas escuras)
O vírus já foi isolado no leite materno, mas sem risco
de transmissão pelo aleitamento.

COMPLICAÇÕES

COMPLICAÇÕES MATERNAS
A maioria das pacientes com Zika não tem complica-
ções, mas a minoria sofre:
• Desidratação extrema
• Síndrome de Guillan-Barré
o Ataque do SNC pelo próprio sistema imune
(reforça o neurotropismo do vírus)
o Pode ocorrer 4 a 20 dias após o início
• Mielite aguda

COMPLICAÇÕES FETAIS
• Microencefalia (cérebro)
• Microcefalia (cabeça) – a cabeça não se desen-
volve porque o encéfalo não cresce
• Calcificações cerebrais
• Testa inclinada para trás
• Desproporção craniofacial
• Acometimento de visão e audição
• Artrogripose (enrijecimento da musculatura e das
articulações)
Se o perímetro cefálico menor que 2 desvios-pa-
drão para idade e sexo, pode ainda ser um falso-
positivo, devendo-se repetir o exame.
Após o diagnóstico de microcefalia, deve-se investi-
gar o diagnóstico diferencial da causa, e encaminhar
a gestante para o serviço de medicina fetal.

CONDUTA
Não há antiviral específico. O tratamento é:
• Repouso
• Hidratação
• Anti-histamínicos (para erupções pruriginosas)
• Antitérmicos (paracetamol)
Não é recomendado o uso de AAS e AINEs pelo
risco de síndrome hemorrágica (similar à dengue).

PREVENÇÃO
• Evitar exposição ao mosquito
• Usar repelentes
o Menores de 6 meses: sem indicação
o De 6 meses a 2 anos: IR3535
o De 2 a 12 anos: DEET 10% ou icaridina
01/01/2022 ABS 6 – Atenção Básica à Saúde da Gestante Carolina Rossi

• Lacerações cervical, vaginal ou perineal


Hemorragia Pós-Parto • Parto assistido (fórceps, extração a vácuo)
PROF. CARLOS ARCANJO • TP prolongado
• Miomectomia intraparto → contraindicada

INTRODUÇÃO
PREVENÇÃO
É a maior causa de mortalidade materna no mundo
(em maioria causada por atonia uterina), e 2ª no Bra- • Tratamento de anemia durante o pré-natal
sil (1ª: SHEG), sendo que 60% podem ser evitadas e • Evitar episiotomia de rotina
80% acontecem nas primeiras 4h. • Manobras ativas no 3º período (ocitocina IV/IM)
A incidência de HPP está aumentando, e está rela- • Novo exame após o parto (avaliação do tônus
cionada a: uterino)
• Assistência ao parto ruim
• Doses muito baixas de medicamentos e fluidos DIAGNÓSTICO E ESTIMATIVA DE PERDA
• Intervenções retardadas VOLÊMICA
QUANDO VOCÊ ACHAR QUE A MULHER ESTÁ ÍNDICE DE CHOQUE = FC/PA SISTÓLICA
SANGRANDO APÓS O PARTO, ELA ESTÁ SAN- É o marcador de instabilidade hemodinâmica mais
GRANDO E MUITO!
precoce do que os sinais vitais isolados.
Se o índice for maior ou igual a 0,9 (alta FC ou
DEFINIÇÃO baixa PAS), temos risco de transfusão maciça.
É a perda acima de 500mL em parto vaginal, ou
acima de 1.000mL em parto cesáreo, sendo a
perda de 2.000mL uma hemorragia maciça (25% da CONDUTA NO 3º PERÍODO DO PARTO
volemia da mulher). EXPECTANTE
A perda de sangue é sempre maior do que a esti-
mativa visual – nem tudo se exterioriza na hora • Aguardar separação
• Clampear o cordão tardiamente
• Esperar o delivramento espontâneo da placenta
FISIOPATOLOGIA + ocitocina após o delivramento
Durante a gestação, ocorre aumento da volemia em
45% (1.200 a 1.600mL), para proteger a mãe contra ATIVA
hemorragias, reduzir os efeitos do retorno venoso, • Ocitocina à saída do ombro anterior
atender a demanda uterina e aumentar o número de • Clampear o cordão imediatamente
eritrócitos. • Controlar a tração do cordão – manobra
Na HPP inicial, temos: de Brandt (já que a atonia uterina é res-
• Queda do volume sistólico ponsável por 80% das HPP)
• Aumento da FC
• Estabilidade da PA e do DC
• Estado geral preservado → requer perda de CAUSAS DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO (4T S )
1.500mL para alterar os sinais vitais • Tônus
• Trauma
• Tecido (resto de placenta)
FATORES DE RISCO
• Trombina
A MAIORIA NÃO POSSUI FATORES DE RISCO

TÔNUS
ANTEPARTO
• Pré-eclâmpsia
• Nuliparidade
• Gestação gemelar
• Parto anterior com hemorragia
• Parto cesáreo anterior

INTRAPARTO
• 3º período prolongado (> 30 min)
• Episiotomia
OCITOCINA
É a droga de escolha em todos os casos – não possui TECIDO
contraindicações. Seja ela ou as de 2ª linha (metiler-
gometrina ou misoprostol), deve ser associada ao
ácido tranexâmico, independente da causa.
• 10-40 UI em infusão IV
Pode causar hipotensão, quando em bolo IV, ou in-
toxicação aquosa, quando em uso prolongado.

TRAJE ANTICHOQUE
Reduz a perfusão do sítio da hemorragia e redireci-
ona o sangue para órgãos nobres. ACRETISMO PLACENTÁRIO
• Baixo custo e manejo simples • Placenta acreta (invasão da camada basal do en-
• Permite tempo extra para o tratamento definitivo dométrio – sem planos de clivagem)
(transferência para hospital ou centro cirúrgico) • Placenta increta (invasão do miométrio)
CONTRAINDICAÇÕES: fetos • Placenta percreta (invasão da serosa)
viáveis, doenças cardíacas gra- Diante do diagnóstico pré-natal de acretismo, pro-
ves, hipertensão pulmonar, grama-se a embolização da a. uterina (difícil
edema agudo de pulmão. acesso; muitas vezes opta-se pela histectomia).

COMPRESSÃO BIMANUAL DO TROMBINA


ÚTERO
As coagulopatia são raras, representando a menor
parcela dos casos de HPP.
TAMPONAMENTO
Usado em caso de falha das medidas acima.
• Compressas (pouco utilizado)
• Balão intrauterino: camisinha, sonda de Foley e
de Sengstaken-Blakemore – reduzem a necessi-
dade de cirurgia em 60%

CIRURGIA
• CH: concentrado de hemácias
• Ligadura da a. uterina • CP: concentrado de plaquetas
• Sutura de B-Lynch • PFG: plasma fresco congelado
o Compressão uterina por meio de sutura, pre- • TAN: traje antichoque
servando a fertilidade
o Contraindicação: acretismo placentário
TESTE DE WEINER
AVALIAÇÃO RÁPIDA DA COAGULAÇÃO
TRAUMA Coletam-se 10mL de sangue em tubo de ensaio e
avalia-se a formação de coágulo:
• Após 7-10 min com coágulo → fibrinogênio ade-
quado
• Não formação de coágulo → falência hemostá-
tica
É realizado no mesmo momento de coleta dos de-
mais exames (que demoram a ter resultados).

MANEJO DA
INVERSÃO UTERINA HEMORRAGIA
PÓS-PARTO
Suspeição: desproporção entre a perda sanguínea e
a intensidade do choque. Assemelha-se visualmente
a uma segunda placenta saindo.

Manobra de Taxe
Além dessas medidas, é importante:
• Manter vias aéreas livres
• Manter a paciente aquecida
• Realizar compressão uterina bimanual
• Explorar canal de parto e cavidade uterina
(permite deduzir a causa entre os 4Ts)
• Sonda vesical (meta: diurese > 30mL/h)
• Solicitar exames:
o Hemoglobina
o Plaquetas
o Coagulograma
o Fibrinogênio (teste de Weiner)
o Tipagem sanguínea

USO DE HEMOCOMPONENTES
• Concentrado de hemácias
o 1 CH aumenta Hb em 1g e Ht em 3%
• Plasma fresco congelado
o Contém todos os fatores da coagulação
o 1 PFG aumenta fibrinogênio em 400 a 900 UI
• Concentrado de plaquetas
o 1 CP aumenta plaquetas em 5.000 a 10.000
• Concentrado de fibrinogênio – contém a maior
concentração de fibrinogênio dentre todos
Geralmente, a proporção inicial é 1:1:1 (2 CH, 2 PFG
e 2 CP).

METAS TRANSFUSIONAIS

RESUMO – HORA DE OURO

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