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Ou seja, em uma pessoa com 75kg, ela teria 3L de volume plasmático circulante (4% de 75kg)
● Jejum: O ideal é o paciente tomar água até 2hrs antes da cirurgia para evitar este fator
● Transpiração
● Respiração: A respiração libera água em seu processo fisiológico, além do gás seco do ventilador mecânico
contribuir ainda mais
● Diurese
● Trauma cirúrgico: Quanto maior o trauma, seja cirúrgico ou pré-hospitalar, maiores as perdas volêmicas
● Sequestro volêmico: Como na sepse, que um aumento na permeabilidade capilar nos vasos gera perda de
volume para o 3º espaço
CLASSIFICAÇÃO DA PERDA VOLÊMICA POR HEMORRAGIA
O ATLS divide a perda volêmica por hemorragia em I a IV com base na estimativa da % de perda volêmica, no qual:
HEMORRAGIA GRAVE
Hemorragia grave é um conceito no qual houve uma perda volêmica muito grande por uma hemorragia
significativa, sendo definida como uma das situações abaixo:
FISIOPATOLOGIA DA HIPOVOLEMIA
A hipovolemia gera diversas reações em nosso organismo para tentar suprir a perda de volume, pois a perda de
volume provoca uma queda no retorno venoso ao coração, gerando uma queda da pré-carga cardíaca pela menor
pressão de enchimento cardíaco, com isso, existe um menor débito cardíaco provocada pela queda na pré-carga.
A queda do DC por sua vez diminui o fluxo sanguíneo a diversas estruturas do corpo, levando a uma
vasoconstricção periférica de estruturas como a pele, músculos, intestinos e tecidos lesados, para que assim
garanta um fluxo adequado aos órgãos nobres, sendo eles o coração e o cérebro.
Com isso, o corpo desencadeia uma resposta fisiológica para se contrapor a hipovolemia, sendo esta resposta uma
descarga simpática central, que promove um aumento da FC e consequentemente do DC para tentar manter o
fluxo estável, mas esta resposta pode se esgotar caso a hipovolemia seja intensa, ou levar a danos caso o estado de
hipovolemia se mantenha por um período prolongado.
HIPOVOLEMIA PERSISTENTE
A hipovolemia persistente é chamada de estado de hipofluxo ou hipoperfusão, a qual leva a diversas consequências
patológicas como:
Portanto, a volemia deve ser rapidamente estabelecida a fim de se evitar a cascata de eventos acima
Supondo uma pessoa com Hb de 15, SaO2 de 98% e PaO2 de 100mmHg, o valor da CaO2 seria de 200ml/L
Em condições normais a taxa de extração de O2 de uma pessoa é em torno de 25%, supondo uma PvO2 de 40mmHg
e uma SvO2 de 73%, chegaríamos a um valor médio de 150ml/L de concentração de O2 no sangue venoso da
pessoa
Ou seja, em situações fisiológicas as pessoas possuem uma grande sobra de O2, sendo que a extração pode
aumentar em processos patológicos, como na hipovolemia, sendo que isso será visto mais a frente
OFERTA DE O2 E CONSUMO DE O2
A oferta de O2(DO2) é calculada da seguintes forma, supondo um DC médio de 1000ml/min:
● Eixo Horizontal(DO2): O DO2 é a variável no eixo horizontal, no qual o consumo de O2(VO2) fica estável
mesmo com a queda da DO2 até certo ponto, visto que a ExtO2 (Curva preta) está aumentando, entretanto,
chega um momento na qual a ExtO2 não consegue se elevar mais, que é um valor em torno de 50%.
● Curva Verde(ExtO2): ExtO2 é a taxa de extração de O2, ou seja, o quanto o organismo tira o O2. Conforme
existe uma diminuição da oferta, nota-se que a curva preta da ExtO2 aumenta, para garantir a retirada da
quantidade de O2 demandada pelos tecidos.
● DO2 crítico: É o ponto em que a oferta se tornou tão baixa que o consumo de O2 pelo corpo começa a cair,
pois a extração chegou num limite, ou seja, neste ponto começa o estado de hipoperfusão tecidual.
● Cura Branca(VO2): A curva branca mostra o consumo de O2 pelo organismo, que se mantém estável e
INDEPENDENTE da curva de DO2 até o ponto de DO2 crítico, a partir da DO2 crítica, a VO2 torna-se
DEPENDENTE da DO2.
● Curva vermelha: A curva do lactato se mantém estável até o ponto do DO2 crítico, após chegar neste ponto
o lactato começa a elevar acentuadamente, gerando acidose metabólica.
EXTRAÇÃO TECIDUAL DE O2
A partir da % de extração tecidual de O2 pode-se estimar se o indivíduo está normovolêmico, hipovolêmico ou em
choque hemorrágico, no qual:
O lactato por sua vez pode ser degradado e fornecer alta quantidade de energia(652kcal), porém apenas o coração
e cérebro são capazes de degradar o lactato e usá-lo como energia, enquanto o restante do corpo passa a sofrer
com a hipóxia
● Nível de consciência
● FC e FR: Que aumentam para garantir o DC e oferta de O2
● PA: Hipotensão é vista na hipovolemia
● Pulso periférico: Está filiforme, pois os vasos estão periféricos estão sob vasoconstricção, além da menor
quantidade de volume sanguíneo
● Aumento do TEC: Pela vasoconstricção periférica
● Diminuição da diurese: Pela diminuição do fluxo sanguíneo renal
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Quando se trata da avaliação laboratorial, existem alguns parâmetros que podem ser usados para estimar o estado
volêmico, sendo eles:
● Queda da hemoglobina
● Hematócrito: Pode dar falsa impressão de valor dentro da normalidade, visto que existe perda de líquido e
celularidade proporcionalmente na hipovolemia. Além disso, o hematócrito pode estar falsamente baixo
quando começamos a repor volemia, por hemodiluição
● Lactato: Está aumentado >2mMol/l quando a DO2 crítica foi atingida
● Gasometria: Mostrando acidose
● Coagulograma: Caso sangramento persistente, os fatores de coagulação caem e o tempo de coagulação
aumenta
● pH gástrico: Reduz
ADEQUAÇÃO DA DO2
Para a DO2 estar corretamente adequada almeja:
TIPOS DE LÍQUIDOS
Existem três tipos de líquidos utilizados na reposição volêmica, sendo eles:
● Colóides: São compostos de proteínas, logo, não atravessam o vaso e ficam todos retidos no plasma.
● Cristalóides: Possuem concentração de sódio em seu interior, logo, se distribuem pelo volume extracelular,
ou seja, interstício e plasma.
● Soro Glicosado: É composto apenas de glicose, sem sódio, se distribuindo por todos os compartimentos do
corpo, como a maioria é intracelular, a reposição com soro glicosado fica contido sobretudo no volume
intracelular, sendo uma péssima escolha para reposição volêmica e contraindicado seu uso para este fim
VOLUME PLASMÁTICO
Como dito, a ACT do organismo em uma pessoa de 75kg se distribui da seguinte forma:
Ou seja, de 1000mL, apenas 66,6mL ficariam efetivamente no plasma do paciente para a expansão volêmica
Portanto, não existe expansão volêmica com SG 5%, dada a sua grande ineficácia
EXEMPLO – COLÓIDES
Abaixo existe o exemplo de reposição volêmica com 1l de solução colóide:
SORO GLICOSADO
Como visto anteriormente, por se distribuir por toda ACT, o SG não deve ser utilizado como líquido para reposição
volêmica, apenas para situações de disglicemias como DM, hipoglicemia, pacientes com ressaca
CRISTALOIDES
Os cristalóides se chamam assim pois eles possuem Sódio (Cristal), tendo concentração de eletrólitos semelhantes
ao plasma, no qual:
Os cristaloides são os fluídos de escolha pois possuem baixo custo e fácil acesso, sendo que o de escolha é o
plasma-lyte, porém dificilmente é encontrado, sendo na maioria das vezes usado o SRL.
1 - SOLUÇÃO SALINA
A reposição com NaCl 0,9% não é indicada pois tem diversos efeitos colaterais, sendo eles:
● Hipernatremia
● Hipercloremia
● Hipertonicidade: Pois possui alta osmolaridade de Na+
● Acidose metabólica hiperclorêmica
Nos rins, a reposição salina promove os seguintes efeitos adversos:
● Vasoconstrição renal
● Redução da perfusão cortical
● Redução da TFG
● Insuficiência renal
Com isso, caso se dê muita solução salina, devido aos danos renais e acidose metabólica, existem piores desfechos
clínicos
Ou seja, a reposição com SF num 1º momento só em um cenário de guerra no qual não existem outras opções
disponíveis.
Entretanto, existem duas situações na qual a reposição com soro fisiológico é a 1ª escolha, sendo elas:
A expansão com essa solução é realizada em pequeno volume, de 4ml/kg, visto que ele expande em 5-7x o volume
injetado, pois a solução também puxa água dos outros espaços devido a sua alta osmolaridade.
Outros possíveis efeitos benéficos são a queda da PIC em pessoas com HIC e aumento da contratilidade miocárdica
● Hipernatermia
● Hipercloremia
● Desidratação celular
● Aumento de sangramento: Não se faz o salgadão com sangramento ativo, visto que a expansão iria
aumentar o sangramento ainda mais.
● Efeito transitório
3 - CRISTALÓIDES ISOTÔNICOS
Os cristalóides balanceados são o SRL e o Plasma-Lyte, não fazendo destes o soro fisiológico, sendo os cristaloides
isotônicos os fluídos mais recomendados para ressuscitação volêmica
PLASMA-LYTE
O plasma-lyte não possui cálcio, portanto, pode ser usado em conjunto com os hemoderivados
● Ausência de lactato: Por isso, tem metabolismo pouco afetado em situações patológicas (insuf. Hepática)
● Acetato: É o tampão presente no lugar do lactato, que é uma molécula com diversas vias de degradação, não
sendo afetado em situações como a do SRL.
● Composição semelhante ao plasma: Dos três cristalóides, o plasma-lyte é o com maior semelhanças ao
plasma sanguíneo
COLÓIDES
Os colóides são moléculas com proteínas, portanto, ficam contidas no plasma, podendo ser os cristaloides
sintéticos ou naturais:
Entretanto, apesar de serem excelentes na teoria, sendo mais eficientes que cristaloides, eles reduzem a morbidade
mas não reduzem a mortalidade, portanto, os cristalóides persistem como 1ª escolha
TERAPIA TRANSFUSIONAL
A terapia transfusional possui como única razão para indicar a transfusão a seguinte ocasião:
Ou seja, a indicação de terapia transfusional deve ser feita quando a Hb estiver baixa a ponto de afetar o
transporte de O2 para os órgãos, no qual a reposição volêmica não corrigiria isso
Embora o uso de hemotransfusão possa ser vital em alguns casos, ela está associada a muitas complicações, por
isso, seu uso deve ser corretamente indicado com base no mencionado acima
Como dito anteriormente, sempre será necessária a expansão prévia com líquidos acelulares antes da
hemotransfusão
INDICAÇÕES CONFORME O NÍVEL DE HB
Com base no nível de hemoglobina, pode-se indicar a hemotransfusão, no qual:
SUBSTITUTOS SANGUÍNEOS
Existem alguns hemoderivados sintéticos, como o hemopure, porém estes foram utilizados raramente, como em
guerras, e existem poucas evidências que suportem seu uso, além de seu preço extremamente caro e rara
disponibilidade.
10 ATÉ 20KG 40ml + 2ml/kg para cada kg acima de 10, até 60ml/hr
Ou seja, sempre se soma o valor anterior a próxima faixa etária, por exemplo, alguém de 70kg teria a seguinte
conta:
Quando se trata da reposição em 12hrs, a conta seria 110x12, que daria 1320ml/12hrs de solução cristalóide
GOTAS
A cada 20 gotas existe 1ml da solução, logo, no exemplo acima que a pessoa precisa de 110ml/hr, realiza-se as
seguintes contas:
20 gotas possuem 1mL, logo, por regra de 3, ele precisaria de 36 gotas por minuto (1,83 x 20).
Ou seja, a prescrição final do paciente com 70kg seria 1320ml/12hrs com 36 gotas/min
CÁLCULO
Ou seja, para se calcular a prescrição final, deve-se seguir os seguintes passos:
3º PASSO - FAZER A REGRA DE 3 PARA ENCONTRAR AS GOTAS: Com base no valor em mL/min e considerando 20
gotas como 1mL