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DO2 (oferta de oxigênio) < VO2 (consumo). Esse desequilíbrio leva ao choque.
FISIOPATOLOGIA
DO2 = DC x CaO2
CaO2 é o conteúdo arterial de O2 e depende da Hb e da Sat O2
DC = VS x FC
VS é o volume sistólico e FC é a frequência cardíaca.
O VS depende da pré-carga, da pós-carga e da contratilidade cardíaca.
MECANISMOS DE CHOQUE
Choque circulatório: choque hipovolêmico, choque cardiogênico, choque obstrutivo ou choque distributivo.
Choque hipovolêmico: redução da pré-carga redução do DC. Pode ser hemorrágico (trauma p. ex) ou não hemorrágico
(perdas renais de sódio e água p. ex.).
Choque cardiogênico: falência da bomba redução do DC. Pode ser por cardiomiopatias (IAM, IC dilatada exacerbada, pós-
parada por miocárdio atordoado), arritmias (TSV, TV, bradiarritmias) e mecânicas (insuficiência de valvas, dissecção aórtica).
Choque distributivo: vasodilatação periférica grave diminuição de resistência vascular periférica. Pode ser choque séptico,
neurogênico, anafilático etc.
Choque obstrutivo: diminuição da pré-carga, aumento da pós-carga. Pode ser por TEP, hipertensão pulmonar grave,
pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco.
DIAGNÓSTICO
Critérios clínicos
Hipotensão arterial: PAS < 90 ou PAM < 70. Em alguns casos, o paciente pode não ter hipotensão, mas sim hipertensão,
como por exemplo paciente com ICC.
TEC > 2 segundos
Livedo reticular: mottling score (ao redor do joelho) diretamente relacionado à mortalidade sendo um marcador
importante de hipoperfusão tecidual
Janelas de perfusão tecidual: danos que o choque causou no paciente
o Pele: fria, úmida, cianose, palidez, livedo, TEC, gradiente temperatura central-periférica > 7°C
o Rim: DU < 0,5 ml/kg/h
o SNC: estado mental alterado torpor, desorientação e confusão
Respiratório: dispneia, uso de musc. acessória, hipoxemia, PaO2/FiO2 < 400
Cardiovascular: hipotensão, taquicardia, hiperlactatemia
Hepática: icterícia, encefalopatia, aumento de bilirrubinas
Hematológica: sangramentos, petéquias, alargamento do RNI e plaquetopenia
Critérios laboratoriais
Hiperlactatemia: > 2mmol/L ou > 18 mg /dL.
Excesso de bases < -4mEq/L
USG point-of-care
Avalia derrame pericárdico, tamanho e função de ventrículos, veia cava inferior, FAST, hemotórax, pneumotórax
Esses dados demostraram claramente que os parâmetros clínicos não devem ser utilizados isoladamente como meta terapêutica
na ressuscitação de pacientes em estado de choque.
O restabelecimento da perfusão tecidual é crucial na ressuscitação hemodinâmica que pode ser dividida didaticamente entre
macro-hemodinâmica e micro-hemodinâmica.
Até que novos estudos estejam disponíveis, valores de ScvO2 entre 70% e 75% e SvO2 de 65% parecem ser metas razoáveis a
serem atingidas nas fases iniciais de ressuscitação dos estados de choque.
LACTATO ARTERIAL
O clareamento de lactato foi comparado à SvcO2 como indicador de oferta adequada de oxigênio dos tecidos durante a
ressuscitação inicial de sepse grave e choque séptico em um estudo de não inferioridade.
Nesse estudo, a ressuscitação guiada pelo clearance de lactato de pelo menos 10% teve resultados semelhantes quando
comparada ao protocolo que utilizou a ScvO2 como guia terapêutico.
Em pacientes com choque e um nível de lactato no sangue de mais de 3 mmol por litro, um estudo mostrou que uma diminuição
de pelo menos 20% no nível de lactato no sangue durante um período de 2 horas parecia estar associada com uma reduzida
mortalidade intra-hospitalar. Portanto, o clearance de lactato é uma ferramenta que pode ser somada às demais apresentadas
para avaliar a resposta do paciente ao tratamento do choque.
TRATAMENTO
Iniciar enquanto se investiga a etiologia e quando identificar deve ser corrigida rapidamente.
CAP e acesso venoso central devem ser inseridos.
Administrar drogas vasoativas mesmo que em acesso periférico.
DC: débito cardíaco; DO2: oferta de O2; Hb:
hemoglobina; IAM: infarto agudo do miocárdio;
PAM: pressão arterial média; SatO2: saturação de
O2; TEC: tempo de enchimento capilar; USPOC:
ultrassom point-of-care; VCI: veia cava inferior;
VE: ventrículo esquerdo; VO2: consumo de O2.
OTIMIZAÇÃO DA PRÉ-CARGA
Ressuscitação volêmica: melhora o fluxo sanguíneo microvascular e aumenta o débito cardíaco.
Fluidos cristaloides: até 2L usar SF, acima de 2L dar preferência para ringer lactato/plasmalyte para reduzir a chance de
injúria renal.
Hemocomponentes (CH, CPlaq, PFC e crioprecipitado)
Choque hemorrágico: paciente perdendo sangue, portanto deve ser ressuscitado com sangue. Pode iniciar com cristaloides até o
hemocomponentes estarem disponíveis.
Choque não hemorrágico: não há perda de sangue, por isso ressuscitar com cristaloides. No choque séptico o ringer lactato se
mostrou superior. Na sepse, a meta é de 30ml/kg nas primeiras 3 horas, mas o ideal é administrar 250-500 ml e ir avaliando (PA,
TEC, diurese, ausculta pulmonar).
OTIMIZAÇÃO DA PÓS-CARGA
Hipotensão após administração de volume vasopressores. Tendência atual é iniciar drogas vasoativas mais precoce possível.
Norepinefrina: vasopressor de primeira escolha nos choques, exceto o anafilático. Aumenta PAM, com pouca alteração da FC e
do DC. A norepinefrina causa um aumento na resistência periférica devido à intensa vasoconstrição da maior parte dos leitos
vasculares, incluindo os rins (efeito α1).
Dopamina: dependendo da dose atua em diferentes receptores adrenérgicos. Quando menor que 5 mcg/kg/min, possui efeito
em receptores dopa (vasodilatador renal) ; Quando a dose está entre 5 e 10 mcg/kg/min, possui efeito beta predominante
(inotrópico e cronotrópico positivo) ; Quando maior que 10 mcg/kg/min, predomina o efeito alfa (vasoconstrição e aumento
PA).
Epinefrina: primeira escolha para anafilaxia, pois possui efeito beta adrenérgico (propriedade inotrópica) e alfa adrenérgico
(vasoconstritor).
Vasopressina: atua em receptores V1, uso como segunda droga em pacientes com choque séptico, já em uso de norepinefrina.
Outra maneira de otimizar a pós-carga é reduzi-la, levando a uma melhor função da bomba cardíaca. Mas, para utilizarmos os
vasodilatores endovenosos nesse contexto, precisamos de uma pressão arterial minimamente segura, em geral uma PAS acima
de 90 mmHg.
Nitroglicerina: (Tridil®) leva à vasodilatação mediada por GMP cíclico, sobretudo do leito venoso, mas também do leito
coronariano. Por isso, é a droga de escolha no contexto de isquemia miocárdica e na insuficiência cardíaca descompensada.
Nitroprussiato de sódio (Nipride®): nitroprussiato de sódio (Nipride®) leva à vasodilatação mediada pelo óxido nítrico, sendo
potente nos leitos arterial e venoso, porém sem causar aumento da perfusão coronariana, o que pode causar o fenômeno de
“roubo” de fluxo de coronária, não sendo a primeira escolha nos casos de isquemia miocárdica e insuficiência cardíaca
descompensada. Sendo preferido na maioria das emergências hipertensivas.
OTIMIZAÇÃO DA OXIGENAÇÃO
Iniciada precocemente. Oximetria de pulso não é confiável para avaliar a oxigenação, mas sim a gasometria arterial.
VMI: pacientes com dispneia grave, hipoxemia, acidemia grave e persistente ou com rebaixamento do nível de consciência são
elegíveis. A VMI reduz a demanda de O2 dos músculos respiratórios e diminui a pós-carga ventricular esquerda. Porém, antes de
intubar, devemos otimizar a hemodinâmica do paciente, para evitar piora da PA e perfusão periférica após a IOT.
SUPORTE TRANSFUSIONAL
De maneira geral, recomenda-se manter um alvo de hemoglobina (Hb) acima de 7 g/dL, sendo indicada transfusão de
concentrados de hemácias se estiver abaixo desse nível. Para cardiopatas o alvo passa a ser Hb acima de 8 a 8,5 g/dL.
REDUÇÃO DA VO2
Outro ponto importante é a redução do consumo periférico de oxigênio. Para isso, devemos nos atentar para alguns detalhes:
TRATAMENTO ETIOLÓGICO