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“Monografia apresentada à
Academia Fluminense de
Medicina para admissão
como Membro Titular”
Niterói, RJ
Abril de 2003
2
Sumário
Abstract 5
Resumo 7
Glossário 9
Introdução 11
Introdução 12
Objetivos 12
Justificativa 13
Circulação extra-corpórea 15
Circulação extra-corpórea - Revisão da literatura 16
Circulação extra-corpórea no Brasil 22
Oxigenadores de membrana 24
Oxigenadores de membrana capilar oca 25
Oxigenadores de membrana capilar oca com fluxo intra-luminal de sangue 27
Oxigenadores de membrana capilar oca com fluxo extra-luminal de sangue 28
Oxigenadores de membrana capilar oca com fluxo extra-luminal
de sangue e drenagem gravitacional 29
Material e métodos 32
Animais 33
Monitorização 33
Anestesia 34
Material permanente e de consumo 35
Preparo para a CEC 36
Montagem do sistema de circulação extra-corpórea 37
Solução de preenchimento do sistema 38
Anti-coagulação 39
Canulação arterial 39
Canulação venosa 39
Início da CEC 39
Cardioplegia 39
Controle da CEC 40
Término da CEC 40
4
Aferição de medidas 41
Resultados experimentais 42
Casuística 53
Resultados clínicos 59
Discussão 67
Conclusões 78
Referências bibliográficas 80
Apêndice 100
Fichas de perfusão 101
Relação dos pacientes operados 112
5
Abstract
in this small series considered the hematocrit before and after the extracorporeal
circulation, demonstrating the easiness of control of the hemodilution with this model.
We conclude that the assembly of the oxygenator with gravitational drainage
following the proposed modification permits significantly reduction of the volumes of
priming the system, without impairment of the conduction of the extracorporeal
ciculation.
7
Resumo
Glossário
s - desvio padrão
SaO2 - saturação de oxigênio no sangue arterial – em % (American Physiological
Society)
SC - superfície corporal (em m2)
S4OMg++ - sulfato de magnésio
SRD – sem raça definida
TCO2 - total de dióxido de carbono
T Esof – temperatura esofageana (em ° C)
TNF- – “-tumor necrosing factor” – fator de necrose tumoral
VD – ventrículo direito
VE – ventrículo esquerdo
Vol sang – volume sanguíneo (em mililitros)
11
Introdução
12
Introdução
Objetivos
Este estudo propõe a modificação na montagem do sistema de circulação extra-
corpórea adotando um novo desenho dos oxigenadores de membrana capilar onde,
13
mantido o fluxo extra-luminal, é possível o retorno por drenagem gravitacional tal como
no oxigenador de bolhas, com rolete de impulsão montado após o oxigenador.
A experimentação deste dispositivo visou responder às seguintes questões 137:
- Se a modificação proposta permite a redução do volume de “prime” utilizado.
- Se a modificação proposta permite drenagem venosa adequada.
- Se o sistema modificado possibilita fluxo arterial adequado.
Em resumo, se a inversão do circuito no sistema convencional dos oxigenadores
de membrana capilar com fluxo extra-luminal e drenagem gravitacional é segura para a
instituição de uma circulação extra-corpórea (CEC) convencional.
Uma vez que a experimentação em animais apresentou resultados satisfatórios,
demos início ao uso clínico desta modificação, cuja casuística e resultados também
apresentamos.
Justificativa
Os frabricantes de oxigenadores apresentam três versões para cada modelo:
“infantil”, “pediátrico” e “adultos”. A versão “infantil”, cujo nome decorre da má
tradução da palavra inglesa “infant” (lactente, até um ano de idade), serve em geral a
crianças até um máximo de 10 kg de peso. A versão “pediátrica” serve a crianças entre
10 e 20 kg de peso corporal. A versão “adulto” serve aos adultos acima de 50 kg de
peso. Em geral, o “prime” mínimo destes aparelhos na versão “adulto” se estabelece em
torno de 1500 ml de solução eletrolítica. Os pacientes entre 20 e 50 kg de peso devem
ser operados com uma ou outra versão (pediátrica ou adulto) sem uma correspondência
apropriada. Para muitos pacientes cardiopatas que se apresentam com insuficiência
2
cardíaca grave, a hemodiluição já ocorre naturalmente . Apresentam-se, ainda,
desnutridos, com baixo peso corporal e, freqüentemente, com anemia. A anemia nos
pacientes com insuficiência cardíaca congestiva (ICC) está associada a um prognóstico
ruim. Um hematócrito baixo resulta de aumento do volume plasmático (hemodiluição)
ou de redução do volume de hemácias (anemia verdadeira). Em estudo clínico,
ANDRONE e cols. 2 observaram sobrevida reduzida dos pacientes com ICC e anemia,
quando comparada com a dos pacientes com hematócrito normal. Observaram também
que os pacientes com hemodiluição tendem a uma pior evolução do que os pacientes
com anemia verdadeira, o que sugere que a sobrecarga de volume pode ser um
mecanismo importante a contribuir para a evolução desfavorável nos pacientes com
ICC. Este fato é acentuado nos cardiopatas com ICC, seja por doença valvar ou
14
Circulação Extra-Corpórea
16
25
tanto na montagem quanto no manuseio. COOLEY conta a história de sua primeira
visita a Minneapolis para ver a utilização da circulação cruzada por LILLEHEI onde viu
também o uso do oxigenador desenvolvido por De WALL. A operação, realizada por
LILLEHEI auxiliado pelos cirurgiões do hospital, transcorreu de modo simples.
Aproveitou também a viagem para visitar o serviço da Clínica Mayo em Rochester,
chefiado por KIRKLIN. O contraste foi marcante, pois KIRKLIN se fazia acompanhar
por fisiologistas, bioquímicos, cardiologistas e técnicos para operar o mundo de
máquinas e o aparelho MAYO-GIBBON, uma modificação do modelo original de
GIBBON. Sentiu-se desencorajado, pois tudo aquilo estava além de sua capacidade
financeira e de organização. Voltou para Houston decidido a por em prática o que
depois viria a ser o seu lema: “simplifique, modifique, aplique”.
Na mesma época, outros pesquisadores desenvolviam seus próprios aparelhos.
8, 9, 10
BJÖRK , na Suécia, em 1948 publicou um trabalho de perfusão cerebral em cães,
apresentando um modelo de oxigenador de discos rotatórios, depois desenvolvido por
83, 84, 85 108
KAY e CROSS e que se tornou muito utilizado. MELROSE e AIRD , na
32, 33 78,
Inglaterra, DENNIS e cols. , nos Estados Unidos da América, e JONGBLOED
79
, na Holanda, desenvolveram aparelhos baseados no mesmo princípio. DENNIS e
29
cols. chegaram inclusive a operar duas pacientes em 1951: uma de seis anos com
diagnóstico de síndrome de Lutembacher feito por cateterismo cardíaco e outra com
diagnóstico de CIA. Na primeira cirurgia, o desempenho de seu aparelho transcorreu
relativamente bem não fosse pela morte da paciente na mesa de operações. Quando
abriram o átrio direito se depararam com um enorme defeito do septo atrial que não
pôde ser corrigido apropriadamente. Na segunda, ocorreu falha humana com entrada de
ar no circuito e embolização maciça, levando também ao óbito. No entanto,
demonstraram bom conhecimento do equipamento utilizado e da fisiologia envolvida. A
primeira paciente foi mantida em normotermia com pressão arterial estável por todo o
tempo, sem desenvolver acidose, usando um oxigenador com 11 discos rotatórios e
bomba de Dale-Schuster do tipo pulsátil.
Paralelamente, outros oxigenadores foram desenvolvidos. Os de dispersão de
bolhas gasosas se mostraram de fabricação e uso mais fácil, tornando-se os mais
utilizados por longo período. Vários pesquisadores lançaram seus modelos, entre eles
18
17 70 21 60
CLARK e cols. , HELMSWORTH e cols. , CLOWES e cols. , GOLLAN e cols.
35, 36, 37, 38
e De WALL e cols. .
Nesta época, mesmo com aparelhos rústicos, foi possível avançar devido à
1
publicação de ANDREASEN e WATSON sobre fluxo mínimo, chamado fator ázigos.
Estes autores mantiveram animais vivos após a oclusão das veias cavas por até 40
minutos desde que a veia ázigos se mantivesse aberta. O retorno venoso pela veia ázigos
é suficiente para manter débito cardíaco adequado por um período curto.
24, 97, 98, 99, 158
LILLEHEI e cols. , utilizando um sistema de circulação cruzada,
operaram uma série de pacientes com defeitos do septo ventricular e tetralogia de Fallot
com mortalidade aceitável para a época (Figura 1). Aplicaram a idéia de fluxo mínimo
1
de ANDREASEN e WATSON uma vez que não era admissível colocar em risco o
doador de sangue, em geral o pai da criança. Neste sistema de circulação cruzada,
comunicava os sistemas arterial e venoso do doador e do paciente. O doador enviava ao
paciente a ser operado entre 10% e 20% do seu próprio débito cardíaco, mantendo o
paciente pelo tempo de exclusão cárdio-pulmonar.
40, 87
Usando o oxigenador de Gibbon em 1956, KIRKLIN e cols. já
demonstravam um avanço considerável no controle da circulação extra-corpórea.
Recomendavam fluxo de bomba que se aproximasse do débito cardíaco normal,
variando de 80 ml/kg de peso corporal/min para pacientes com menos de 10 kg de peso
até 50 ml/kg de peso/min para pacientes com 50 kg de peso corporal. O controle do
paciente durante a circulação extra-corpórea era feito por observação contínua de:
a. pressão venosa central,
b. saturação de oxigênio no sangue venoso misto,
c. fluxo sanguíneo e
d. pH do sangue oxigenado de retorno para o paciente.
Com este fluxo preconizado, o pH se mantinha em torno de 7,31, a saturação de
oxigênio no sangue venoso misto em torno de 67% e a saturação de oxigênio no sangue
arterial em torno de 100%. Deve-se lembrar que a perfusão era conduzida em
normotermia, sem a tendência a alcalose própria da hipotermia.
43, 77, 87
A mortalidade desta série de 40 pacientes foi de 40% (16 mortes),
aceitável em vista de não haver outra modalidade proposta de tratamento cirúrgico ou
clínico e pela alta mortalidade com a evolução natural da doença.
Paralelamente ao lançamento da circulação extra-corpórea e ao acúmulo de
experiência, iniciou-se o refinamento das técnicas de controle da perfusão corporal total.
17
CLARK e cols. , utilizando oxigenadores de dispersão gasosa, se dedicaram não
PaO2, pressão arterial e temperatura. As perfusões realizadas por seu grupo nos 32
pacientes iniciais foram todas conduzidas em normotermia com pressão arterial
sistêmica média de 80 mm Hg. Em nenhuma delas o pH caiu abaixo de 7,35, o que
mostrava fluxos sanguíneos adequados. Em relação à dispersão gasosa demonstrou
claramente que os responsáveis pelo transporte de CO2 e O2, respectivamente, são as
bolhas de grandes e pequenas dimensões. Utilizou dispersores separados de bolhas
grandes e pequenas e observou que, pinçando o dispersor de bolhas grandes caía o pH, o
que denotava uma reduzida capacidade de eliminação de CO2. Pinçando, por outro lado,
34
Em 1962 De WALL e cols. publicaram estudo clínico em que utilizaram a
hemodiluição com solução glicosada a 5% com resultados bastante satisfatórios e
promissores. Evidenciaram que a hemodiluição produzia queda da viscosidade
sanguínea o que acarretava uma melhor perfusão do leito capilar, mantendo inclusive
104
uma boa função renal . A diluição baseava-se na reposição das perdas insensíveis de
água no período pré-operatório. Recomendavam 2 ml/kg de peso corporal/hora de jejum
pré-operatório. Como o jejum preconizado em geral é de oito a doze horas, a
hemodiluição era feita (em um paciente de 60 Kg de peso) com 960 a 1.440 ml de
solução glicosada a 5%, muitas vezes insuficiente para o preenchimento de todo o
sistema de CEC. Nestes casos, adicionava-se uma pequena quantidade de sangue
64, 71
estocado em citrato . A experiência com a hemodiluição se acumulava e as
29, 101, 154
complicações pulmonares se reduziam. A síndrome pulmonar pós-perfusão ,
57
demonstrada como decorrência de agregação de hemácias , desnaturação de proteínas
93 152
plasmáticas e perda da substância surfactante após a circulação extra-corpórea,
71
diminuiu de modo expressivo após o início da hemodiluição .
Nesta época estavam calalogadas 1.668 cirurgias realizadas em todo o Brasil assim
153
distribuídas : ZERBINI (São Paulo), 1.000 casos, FELIPOZZI (São Paulo), 337
casos, MORAES (Rio de Janeiro), 147 casos, NOGUEIRA (Porto Alegre), 63 casos,
SILVA (Recife), 47 casos, TEIXEIRA (Rio de Janeiro), 18 casos, ANDRADE (Rio de
157
Janeiro), 16 casos. ZERBINI , representando a USP e o Instituto de Cardiologia do
Estado de São Paulo, apresentou sua série de operações realizadas entre agosto de 1958
e abril de 1963 com circulação extra-corpórea com o oxigenador de discos do tipo Kay-
115
Cross. Neste simpósio, MORAES , que muito embora tenha sido o idealizador da
116
hemodiluição , já preconizava uma redução do volume de líquido para o
preenchimento do sistema bomba-oxigenador, fixando-se num volume entre 1.000 e
1.200 ml. Seu trabalho experimental inicial foi feito com plasma colhido em sistema de
116
“pool”, tendo chegado a níveis de hemoglobina de 4% com bons resultados .
115
MORAES e cols. , entre 1971 e 1973, construíram os primeiros oxigenadores
descartáveis no Brasil, comercializados em 1974 pela empresa DMG (Figura... –
oxigenador DMG). Em 1979, a empresa Macchi, na época também nacional, lançou
seu oxigenador de bolhas descartável. Posteriormente outras empresas nacionais foram
formadas para a produção e comercialização de oxigenadores: Flumen, Tecnocor,
Braile Biomédica, Tecnobio e Physics. Em 1986, JATENE deu início à produção
do primeiro oxigenador de membrana capilar com fluxo extra-luminal de sangue através
116
da empresa Macchi .
Até o presente, por mais desenvolvido que seja o material utilizado ou o desenho
do oxigenador, ainda ocorrem efeitos indesejáveis como, por exemplo, a destruição de
elementos figurados do sangue e de fatores da coagulação com consequente discrasia
129, 130 117
sanguínea no pós-operatório . Em diversas ocasiões MORAES observou erro
na montagem dos sistemas de CEC e, consequentemente, oxigenação inadequada do
sangue. Não ocorreram, no entanto, malefícios ao paciente operado. Com estes dados,
119
MORAES idealizou um sistema com desvio de uma parcela de sangue do paciente
fora do oxigenador, evitando os efeitos deletérios da oxigenação. Utilizou o sistema nos
119
oxigenadores de bolhas e posteriormente introduziu o mesmo sistema nos
118
oxigenadores de membrana capilar . Atualmente, estudo clínico de BULUCTU e
cols. 16 demonstrou o efeito deletério da hiperóxia durante a CEC.
24
Oxigenadores de membrana
No período compreendido entre 1955 e 1965 procurou-se o desenvolvimento de
um oxigenador que imitasse a membrana alvéolo-capilar, de baixo custo e que pudesse
substituir os de bolhas e os de discos então em uso e que provocavam trauma sanguíneo
93, 141, 163
considerável . Estas pesquisas pioneiras assentaram-se principalmente nas
20 89 138, 139
mãos de CLOWES e cols. , KOLFF e cols. , PEIRCE e GALLETTI e cols.
55
. Desde então os seguintes objetivos foram traçados para o oxigenador de membranas
13
:
- ter capacidade de captação de oxigênio (entre 150 e 250 ml/min) e de eliminação
de dióxido de carbono, condizentes com metabolismo.
- causar lesão sanguínea mínima.
- apresentar resistência hemodinâmica pequena.
- permitir variações de fluxo e pressão com alterações desprezíveis no volume
sanguíneo.
- ter toda a superfície disponível para contato com o sangue.
- conter um mecanismo de controle adequado de temperatura.
13
Embora soubessem o que procurar num oxigenador, BRAMSON e cols.
idealizaram um aparelho que, apesar de eficaz, era muito complexo na construção e
41, 89
montagem. Outros autores construíram, na mesma época ou subsequentemente,
oxigenadores de membrana ainda bastante complexos e dispendiosos para uso clínico
diário.
25
área necessária para a perfusão de um adulto, no entanto, ainda era muito grande (da
2 7, 29, 46, 150
ordem de 4 m ) e a eliminação do CO2 ainda permanecia um problema .
A introdução dos oxigenadores de fibra capilar oca trouxe para a prática clínica a
montagem do circuito em sistema fechado. De fato, neste sistema, o paciente permanece
muito mais estável, sem alterações importantes da pressão de perfusão. Traz consigo, no
entanto, um problema importante. Se o sangue é esfriado em hiperóxia, o seu
reaquecimento promove a formação de bolhas (por diminuição da solubilidade do
oxigênio no sangue) difíceis de serem retiradas do sistema. O autor, em estudos
preliminares, observou a formação maciça de bolhas, impossibilitando a CEC em
decorrência de embolização gasosa. Contudo, o sistema fechado tem sido utilizado com
o paciente em normotermia. Um sistema de filtro de ar está em desenvolvimento,
interposto na linha de drenagem 112.
Figura 3 – fibras capilares ocas – passagem de sangue pelo interior ou exterior da fibra –
diagrama modificado de Galletti PM, Mora CT. Cardiopulmonary bypass: the historical
foundation, the future promise. In: Mora CT. Cardiopulmonary bypass. Principles 114 and
techniques of extracorporeal circulation. Springer-Verlag, New York, p. 13, 1995 .
28
trombose, mais raramente. Esta complicação pode ser minimizada pelo uso de circuitos
recobertos de heparina 161.
Figura 5 – montagem dos oxigenadores de membrana capilar oca com fluxo de sangue extra-
luminal e drenagem gravitacional. O sangue venoso drena por gravidade direto do átrio direito
para a câmara de membrana capilar e permutador de calor onde sofre as trocas gasosas (a). Da
câmara de membrana, também por gravidade, drena para o reservatório onde se deposita já
oxigenado (b). Do reservatório de depósito é aspirado e ejetado de novo ao paciente (c) –
diagrama modificado de Davis RB, Kauffman JN, Cobbs TL, Mick SL. Assembling and
monitoring the extracorporeal circuit. In: Mora CT. Cardiopulmonary bypass. Principles
114
and
techniques of extracorporeal circulation. Springer-Verlag, New York, p. 239, 1995 .
32
Material e Métodos
33
Material e métodos
Animais
O animal escolhido para a realização dos experimentos foi o cão. Apresenta pouca
reação transfusional uma vez que 90% dos animais de sem raça definida (SRD)
67
pertencem a um dos dois grandes grupos sanguíneos .
Os procedimentos e rotinas cirúrgicas foram desenvolvidos nas dependências da
Disciplina de Técnica Cirúrgica e Anestesiologia, do Departamento de Patologia Clínica
da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense em convênio com a
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O estudo foi desenvolvido num grupo de dez cães mantidos em circulação extra-
corpórea por período mínimo de 90 minutos. Os animais foram fornecidos pela
Secretaria Municipal de Niterói, em convênio com a Universidade, já devidamente
vacinados e mantidos em quarentena. Levados à Disciplina de Técnica Cirúrgica, foram
examinados pela equipe tanto clínica quanto laboratorialmente.
O exame laboratorial constituíu-se de hemograma, coagulograma, dosagem de
glicose, uréia, creatinina, sódio e potássio.
Monitorização
Para monitorização dos animais utilizamos os seguintes aparelhos:
1. oxímetro de pulso Ohmeda modelo 3800
2. monitor multiparamétrico Datex modelo Cardiocap CH2S, contando com 1
canal de eletrocardiograma (ECG) em três derivações e frequência respiratória, 1
canal de oximetria de pulso e pletismografia, 2 canais de pressão invasiva, 1 canal
de temperatura esofágica ou de linha venosa quando em circulação extra-corpórea
e 1 canal de pressão arterial não invasiva.
3. monitor multiparamétrico Ivy Biomedical Systems modelo 404 Patient
Monitor, contando com 1 canal de eletrocardiograma em três derivações, um canal
de pressão invasiva, 1 canal de temperatura esofágica e 1 canal de pressão não
invasiva.
34
AaDO2 e Aa.
Anestesia
A anestesia foi realizada com base em protocolo definido pela equipe de
anestesiologia da Disciplina de Anestesiologia e Técnica Cirúrgica da Faculdade de
Veterinária da Universidade Federal Fluminense.
Evitou-se hidratação excessiva de modo a manter o sangue com hematócrito
próximo do normal. A hiperhidratação na indução anestésica e na condução da anestesia
antes da circulação extra-corpórea contribui para uma hemodiluição excessiva,
dificultando a manutenção da CEC.
Para a pré-medicação puncionou-se a veia cefálica em membro anterior direito.
Os animais foram submetidos a pré-oxigenação sob máscara e pré-medicados com
Fentanil na dose de 5 g/kg de peso corporal por via endovenosa. Neste momento
foram monitorizados: 1. ECG com posicionamento dos eletrodos; 2. Puncionado ramo
cranial da artéria safena em membro posterior direito para medida contínua de pressão
arterial sistêmica; 3. Puncionadas as veias jugulares internas bilateralmente, tanto para
35
medida contínua da pressão venosa central como para infusão de drogas anestésicas ou
volume hídrico. Após a devida monitorização, passou-se à indução anestésica com
propofol na dose de 3 mg/kg de peso corporal por via endovenosa. Procedeu-se à
entubação oro-traqueal e os animais foram mantidos em plano anestésico com
vaporização contínua de isoflurano na dose de 1,5 a 2 volumes %, Fentanil na dose de
5 g/kg de peso e atracúrio na dose de 0,5 mg/kg de peso, ambos por via venosa e de
acordo com a demanda.
Quaisquer eventos hipotensivos foram tratados com aminas simpaticomiméticas,
especialmente dopamina e fenilefrina, evitando a vasodilatação acentuada e a infusão
excessiva de líquidos.
Figura 6 – oxigenador Dideco usado nos experimentos em sua posição convencional acoplado
ao reservatório venoso próprio e, ao lado, usado em posição invertida.
36
Canulação arterial
Três minutos após a administração de heparina, realizou-se a canulação aórtica
com cânula de 18 Fr, através de incisão obliqua com lâmina número 15 no centro das
bolsas de canulação previamente confeccionadas. Os torniquetes foram apertados e
fixados de modo a não ocorrer extravasamento sanguíneo.
Canulação venosa
Dando prosseguimento à canulação, a auriculeta direita era pinçada lateralmente
permitindo a abertura de sua extremidade superior com orifício compatível com o
calibre da cânula a ser introduzida, feito no centro da bolsa previamente confeccionada.
A pinça era retirada e a cânula de duplo estágio introduzida e direcionada para a veia
cava posterior, apertando-se e fixando-se o torniquete da auriculeta.
Início da CEC
Iniciou-se lentamente a circulação extra-corpórea dos animais. A pressão arterial
sistêmica foi mantida entre 60 e 70 mm Hg e a pressão venosa central em 0 mm Hg. O
fluxo total de infusão do sangue arterial foi calculado com base no índice cardíaco de
2 2
2,4 l/m /min, podendo chegar a 1,8 l/m /min após atingir a hipotermia de 30° C.
Cardioplegia
A proteção miocárdica foi feita através da administração de solução mista
anterógrada oxigenada isotérmica a cada 10 minutos constituída de:
Solução glicosada 5% - 400 ml
KCl 10% - 45 ml
S4OMg++ - 5 ml
40
Controle da CEC
Procurou-se manter o débito urinário através da administração de manitol e
furosemida em dose variável, evitando-se a hemodiluição excessiva e a interrupção da
diurese.
Através de gasometrias seriadas durante a CEC acompanhou-se a PaO2 e a PaCO2
e pH. As pressões antes e depois das unidades de termo-permutação e oxigenação
permitiram o acompanhamento do gradiente através da câmara de membrana
(Fotogravura 8).
Fotogravura 8 – Sistema de CEC com oxigenador de membrana capilar oca com fluxo extra-
luminal de sangue e drenagem gravitacional. As setas apontam para as linhas para medida de
pressão no tubo venoso que drena para a unidade de termo-permutação (B) e na saída da
unidade de membrana (C). As unidades de termopermutação e de membrana permanecem
vazias, não havendo necessidade de seu preenchimento para que se mantenham em
funcionamento.
Término da CEC
Com o animal devidamente aquecido, o término da CEC também foi feito de
modo lento, procurando-se re-infundir no animal o máximo de perfusato contido no
circuito de CEC evitando-se, no entanto, a hipervolemia. A pressão arterial sistêmica foi
41
mantida entre 100 e 120 mm Hg e a pressão venosa central mantida no limite mínimo
que sustentasse uma pressão arterial adequada.
Após a interrupção da CEC, com os tubos venoso e arterial devidamente pinçados,
procedeu-se à descanulação do animal na seguinte ordem: cânula de cardioplegia, átrio
direito-veia cava posterior e aorta. Os fios foram apertados e amarrados, verificando-se
a hemostasia.
Aferição de medidas
O método consistiu:
- da constatação in vitro do menor volume de solução de preenchimento que
mantivesse nível suficiente no reservatório sanguíneo para iniciar a perfusão.
- da constatação in vitro de uma drenagem livre de “prime” através da câmara
de membrana e da manutenção de um fluxo arterial teórico adequado, com o
sistema de CEC desconectado do animal.
- da constatação in vitro do baixo gradiente de pressão transmembrana com o
rolete em funcionamento.
- da constatação in vivo do menor volume de “prime” que permitisse o início da
perfusão.
- da constatação in vivo de que a drenagem venosa pudesse manter nível
sanguíneo suficiente no oxigenador para implementar o fluxo arterial teórico
calculado e mesmo além deste.
- da constatação in vivo de que a drenagem venosa através da câmara de
membrana fosse livre, medindo-se o gradiente de pressão transmembrana.
- da constatação de que o menor volume de “prime” atestado in vitro possa
permitir o início da perfusão com hemodiluição.
42
Resultados experimentais
43
Resultados experimentais
Foram anotados para comparação os dados obtidos in vitro e in vivo, observando-
se que o volume de preenchimento na montagem convencional é maior do que o dobro
na montagem proposta, e o fluxo de ejeção é comparável nas duas montagens.
O gradiente transmembrana não é comparável. Na montagem proposta pode ser
medido com a drenagem livre de sangue através da câmara de membrana. Na montagem
convencional, sua aferição com a bomba em funcionamento não reflete o gradiente real.
Como os tubos arterial e venoso estão conectados para retirada do ar do sistema, o
gradiente medido, embora desprezível, sofre influência da força de ejeção conferida
pelo rolete arterial (Tabela I).
Experimento número 1
A ficha do primeiro experimento demonstra que foi mantida a CEC num animal
de 24 kg de peso corporal por período de 83 minutos, sendo que por 60 minutos a aorta
esteve sob pinçamento total. A pressão arterial nunca esteve abaixo de 60 mm Hg. O
hematócrito inicial de 45% caiu para 32% com a diluição do volume pela solução do
oxigenador e pela hidratação realizada durante a anestesia. O volume de preenchimento
do sistema de CEC foi de 665 ml de solução. O fluxo arterial chegou próximo do
máximo calculado (2,3 ml/min), denotando uma drenagem gravitacional sem resistência
através da câmara da membrana, o que foi corroborado pelas medições diretas antes e
depois da mesma câmara citada (-4 / -3).
Com os fluxos arteriais utilizados foi possível manter o pH dentro de limites
normais, a PaO2 acima de 100 mm Hg e a PaCO2 abaixo de 40 mm Hg. As
concentrações de bicarbonato apresentaram tendência de queda.
44
Experimento número 2
A segunda ficha mostra experimento realizado em animal de 23 kg de peso
corporal com CEC mantida por perído de 92 minutos. A aorta foi pinçada por período
de 60 minutos. A pressão arterial mínima foi de 60 mm Hg e o débito urinário foi
mantido no mínimo em 0,5 ml/kg por todo o período de CEC. O hematócrito pré-
operatório de 47% caiu para 30% antes do início da CEC apenas com a hidratação e ao
final da cirurgia se encontrava em 30%. O volume inicial de preenchimento do sistema
de CEC foi de 675 ml. O fluxo arterial chegou até próximo do máximo calculado (2,2
l/min) com drenagem gravitacional sem resistência através da câmara da membrana que
apresentou pressões pré e pós de –3 mm Hg e –6 mm Hg, respectivamente.
Observaram-se pH dentro de limites normais, PaO2 acima de 100 mm Hg e
Experimento número 3
O terceiro experimento foi conduzido em animal de 22 kg de peso corporal. A
CEC foi mantida por período de 97 minutos com pinçamento aórtico total por 65
minutos.
O volume de solução de preenchimento do sistema de CEC foi de 655 ml. O
hematócrito, que no período pré-operatório se encontrava em 37%, caiu para 30%
imediatamente antes do início da CEC e para 29% ao final desta. A pressão arterial
mínima foi de 73 mm Hg e o débito urinário foi mantido elevado durante todo o período
de circulação extra-corpórea. O fluxo arterial máximo de 2,2 l/min foi alcançado com
facilidade, com drenagem gravitacional satisfatória através da câmara de membrana
cujas medidas pré e pós foram de –4 e –4, respectivamente, demonstrando não haver,
efetivamente, gradiente de pressão transmembrana.
Apesar dos fluxos arteriais e da hipotermia serem mantidos dentro do calculado
para a área de superfície corporal, ocorreu uma tendência à acidose metabólica. O pH
mínimo foi de 7,3 e a concentração medida mais baixa de bicarbonato foi de 13,5
mEq/l.
Experimento número 4
A quarta ficha mostra experimento conduzido num animal de 27 kg de peso
corporal cuja CEC foi mantida por período de 112 minutos. Setenta minutos
corresponderam ao tempo de pinçamento total da aorta. Neste período, a pressão arterial
mínima observada foi de 65 mm Hg com tendência à hipertensão e o fluxo arterial foi
além do máximo calculado de 2,54 l/min (3,0 l/min). Os fluxos arteriais altos
permitiram manter a pressão arterial e o débito urinário em níveis satisfatórios. Não
ocorreu dificuldade para a manutenção do fluxo arterial com a drenagem gravitacional
46
Experimento número 5
O quinto experimento foi realizado em animal de 21 kg de peso corporal. A CEC
foi mantida por intervalo de tempo de 100 minutos com 60 minutos de pinçamento total
da aorta. A pressão arterial mínima observada foi de 65 mm Hg e o fluxo arterial
máximo de 2,64 l/min. O débito urinário foi mantido em níveis adequados. Não houve
dificuldade para a manutenção do fluxo arterial com a drenagem gravitacional através
da membrana capilar. As medidas de pressões pré e pós-membrana foram de –2 e –2
mm Hg, portanto, sem gradiente de pressão transmembrana. O hematócrito pré-
operatório de 35% caiu para 28% imediatamente antes do início da CEC, terminando
em 29% ao final da cirurgia. O volume de preenchimento do sistema foi de 645 ml de
solução.
O pH mínimo observado foi de 7,29; a PaO2 e a PaCO2 se mantiveram acima de
100 mm Hg e abaixo de 40 mm Hg, respectivamente, e as concentrações de bicarbonato
se apresentaram normais.
47
Experimento número 6
O sexto experimento foi realizado em animal de 38 kg de peso corporal, mantido
em CEC durante 150 minutos e com tempo de parada cardíaca de 60 minutos. Não
ocorreu dificuldade de drenagem nem gradiente de pressão transmembrana
significativo. As medidas de pressão pré e pós-membrana foram de –3 e –5 mm Hg,
respectivamente. A pressão arterial mínima observada foi de 55 mm Hg e o fluxo
máximo de 3,2 l/min. Por todo o período de CEC, a diurese se manteve em níveis
satisfatórios. O volume de solução de preenchimento do sistema inicial foi de 645 ml. O
hematócrito pré-operatório de 47% caiu para 37% imediatamente antes do início da
CEC. Ao final da cirurgia encontrava-se em 30%, tendo, porém, alcançado 20% durante
o intervalo da circulação extra-corpórea.
A medida dos gases do sangue arterial mostrou queda do pH para um valor
mínimo de 7,22 e queda concomitante das concentrações de bicarbonato plasmático. A
PaO2 esteve sempre acima de 100 mm Hg, mas a PaCO2 esteve acima de 40 mm Hg em
várias medidas mesmo com fluxos de gás adequados.
Experimento número 7
O experimento de número sete foi realizado em animal de 18 kg de peso corporal,
mantido em circulação extra-corpórea por 90 minutos e parada cardíaca de 80 minutos.
O volume de preenchimento do sistema foi de 675 ml. Não ocorreu qualquer dificuldade
de drenagem e as pressões pré e pós-membrana medidas foram de –2 e –5 mm Hg
respectivamente, sem gradiente de pressão significativo. A pressão arterial mínima
observada foi de 65 mm Hg e o fluxo arterial máximo foi de 2,25 l/min. O débito
urinário foi regular por todo o intervalo de circulação extra-corpórea e o hematócrito de
33% no pré-operatório caiu para 25% imediatamente antes do início da CEC, chegando
a 26% ao final da cirurgia.
Observou-se pH mínimo de 7,10 mesmo com hipotermia e fluxo arterial adequado
(3/4 do máximo calculado) com queda concomitante da concentração de bicarbonato,
denotando consumo de sistema tampão. A PaO2 esteve sempre acima de 100 mm Hg e a
Experimento número 8
O oitavo experimento foi conduzido em animal de 23 kg de peso corporal mantido
em circulação extra-corpórea por intervalo de tempo de 90 minutos e pinçamento
aórtico de 60 minutos. O volume total de preenchimento do sistema foi de 675 ml. As
medidas de pressão pré e pós-membrana foram de –3 e –5, respectivamente. O
hematócrito pré-operatório de 35% caiu para 25% imediatamente antes do início da
CEC, retornando a 28% ao final da cirurgia. A pressão arterial sistêmica mínima
observada foi de 68 mm Hg e o fluxo máximo de 2,66 l/min. O débito urinário, alto por
todo o intervalo de CEC, denotou perfusão renal satisfatória.
49
Experimento número 9
O experimento de número nove foi realizado em animal de 17 kg de peso corporal
mantido em circulação extra-corpórea durante 115 minutos e com pinçamento aórtico
por 80 minutos. O volume total de preenchimento do sistema foi de 675 ml. As medidas
de pressão pré e pós-membrana foram de –2 e –8, respectivamente. O hematócrito pré-
operatório de 33% caiu para 29% imediatamente antes do início da CEC e para 23% ao
final da cirurgia. A pressão arterial sistêmica mínima observada foi de 68 mm Hg e o
fluxo máximo de 2,42 l/,min. O débito urinário manteve-se alto por todo o intervalo de
CEC.
Durante a CEC o pH mínimo foi de 7,26 com concentração de bicarbonato de
13,0 mEq/l apesar de fluxo arterial adequado e hipotermia. A acidose foi corrigida com
a administração de solução de bicarbonato de sódio e o pH se normalizou a partir de
então. A CEC foi interrompida com sucesso sem a necessidade da administração de
novas doses de bicarbonato de sódio.
Experimento número 10
O décimo experimento foi conduzido em animal pesando 19 kg mantido em
circulação extra-corpórea por 100 minutos e com pinçamento aórtico por 60 minutos. O
volume total de preenchimento do sistema foi de 665 ml. As medidas de pressão pré e
pós-membrana foram de –2 e –6, respectivamente. O hematócrito pré-operatório de
35% caiu para 30% imediatamente antes do início da CEC, permanecendo em 30% ao
final da cirurgia. A menor pressão arterial sistêmica observada foi de 65 mm Hg e o
fluxo máximo de 2,3 l/min. O débito urinário se manteve alto durante o período de
CEC.
O menor pH observado durante o período de CEC foi de 7,35 e concentração mais
baixa de bicarbonato foi de 13 mEq/l, apesar de coincidir com fluxo arterial adequado
diante de hipotermia.
Avaliação de resultados
Após a interrupção da circulação extra-corpórea, as funções cárdio-respiratórias
dos animais foram observadas até a normalidade.
Embora muitos parâmetros tenham sido registrados durante a circulação extra-
corpórea, a avaliação dos resultados fundamentou-se na manutenção de nível adequado
do reservatório sanguíneo com passagem satisfatória do sangue através da câmara de
membrana apenas pela drenagem gravitacional. A avaliação destes resultados foi
fundamentada pelo fluxo real de sangue durante a CEC, pelo gradiente de pressão
51
Tabela II
Medidas de fluxo sanguíneo, gases e gradientes de pressão
Nº SC Peso FRM P PaO2 PaCO2 Fl Gás FiO2
1 1,04 24 2,30 1 305 28 2,0 0,5
2 0,95 23 2,20 3 406 30 2,0 0,5
3 0,95 22 2,20 0 306 30 2,0 0,5
4 1,06 27 3,00 2 313 34 1,5 0,5
5 0,88 21 2,64 0 291 30 1,0 0,5
6 1,40 38 3,20 2 249 42 2,0 1,0
7 0,84 18 2,25 3 188 37 1,5 1,0
8* 1,05 23 2,66 6 213 88 1,5 1,0
9 0,85 17 2,42 2 205 28 1,5 0,5
10 1,00 23 2,30 4 330 25 1,5 1,0
Tabela III
Dados para o coeficiente de correlação de Pearson (r)
fluxo sanguíneo X gradiente de pressão
Nº FRM (x) P (y) x
2
y
2
x.y
1 2,30 1 5,29 1 2,3
2 2,20 3 4,84 9 6,6
3 2,20 0 4,84 0 0,00
4 3,00 2 9,00 4 6,0
5 2,64 0 6,97 0 0,00
6 3,20 2 10,24 4 6,40
7 2,25 3 5,06 9 6,75
8 2,66 6 7,08 36 15,96
9 2,42 2 5,86 4 4,84
10 2,30 4 5,29 16 9,20
25,17 23 64,46 83 58,05
r = 0,027
Tabela IV
Dados para o coeficiente de correlação de Pearson (r)
PaO2 X fluxo de gás
2 2
Nº PaO2 (x) Fl Gás (y) x y x.y
1 305 2,0 93.025 4,00 610,0
2 406 2,0 164.836 4,00 812,0
3 306 2,0 93.636 4,00 612,0
4 313 1,5 97.969 2,25 469,5
5 291 1,0 84.681 1,00 291,0
6 249 2,0 62.001 4,00 498,0
7 188 1,5 35.344 2,25 282,0
8 213 1,5 45.369 2,25 319,5
9 205 1,5 42.025 2,25 307,5
10 330 1,5 108.900 2,25 495,0
2.806 16,5 827.786 28,25 4.696,5
r = 0,33
53
Casuística
54
Casuística
Seis pacientes foram operados sob circulação extra-corpórea com a modificação
apresentada, submetidos a cirurgias diversas (correção de CIA, comissurotomia mitral,
troca valvar mitral e revascularização miocárdica) no Serviço de Cirurgia Cardíaca do
Hospital dos Servidores do Estado, RJ. O tempo mínimo de circulação extra-corpórea
foi de 45 minutos e o máximo de 105 minutos, variando o peso corporal de 50 a 92 kg.
Os pacientes foram monitorizados por aparelho Datex AS2, observando-se os
seguintes parâmetros:
ECG com FC e análise de segmento ST.
Pressão arterial invasiva através de punção da artéria radial E.
Pressão de átrio direito através de punção de veia jugular interna D.
Pressão da artéria pulmonar e do capilar pulmonar através de cateter de Swan-
Ganz por punção de veia jugular interna E.
Temperatura corporal por transdutor posicionado em orofaringe-esôfago.
Oximetria de pulso e pletismografia por transdutor colocado em quirodáctilo.
Capnografia.
Fotogravura 12 – oxigenador Braile® montado de modo invertido. A CEC já foi iniciada. A seta
superior aponta para a câmara de membrana conectada ao tubo venoso por onde o sangue drena
por gravidade e sem resistência. A seta inferior aponta para o reservatório sanguíneo cheio,
abaixo da câmara de membrana, denotando drenagem venosa satisfatória através da câmara de
membrana.
Resultados clínicos
60
Resultados clínicos
São apresentados os dados observados em 6 pacientes operados com a montagem
modificada do sistema de CEC.
Paciente número 1
A paciente de número 1, do sexo feminino, apresentava doença valvar mitral de
natureza reumática e submeteu-se a comissurotomia mitral por visão direta. Com peso
corporal de 55 kg, volume sanguíneo calculado de 3.850 ml e hematócrito pré-
operatório de 36%, o volume de “prime” utilizado foi de 850 ml de solução. Uma vez
que durante a cirurgia foram infundidos 1.500 ml de Ringer lactato pelo anestesiologista
e a diurese foi de 1.000 ml, o hematócrito esperado pós-CEC seria de 26,6%, bastante
próximo do resultado real obtido de 25%.
Embora o sangramento pós-operatório tenha sido insignificante, 150 ml, segundo
a rotina do Serviço de Cirurgia Cardíaca do HSE, nesta paciente, foram transfundidas
duas unidades de concentrado de hemácias para correção da anemia.
O fluxo calculado para a CEC foi de 4.312 ml/min e pôde ser alcançado
facilmente, mantendo uma PA mínima de 62 mm Hg e sem que tenha havido queda do
nível do reservatório que dificultasse a manutenção da CEC.
O tempo total de CEC foi de 45 minutos, observando-se um pH mínimo de 7,55 e
temperatura esofageana de 32o C.
Paciente número 2
O paciente de número 2, do sexo masculino, apresentava doença coronariana
aterosclerótica e foi submetido a cirurgia de revascularização miocárdica com implante
de 1 enxerto de artéria mamária e 2 enxertos de veia safena. Com peso corporal de 92
kg, volume sanguíneo calculado de 6.440 ml e hematócrito pré-operatório de 45%, o
volume de “prime” utilizado foi de 900 ml de solução. Uma vez que durante a cirurgia
foram infundidos 2.000 ml de Ringer lactato pelo anestesiologista e a diurese foi de
1.500 ml, o hematócrito esperado pós-CEC seria de 36%, próximo do resultado real
obtido de 33%.
O sangramento pós-operatório foi pouco significativo e não houve necessidade de
transfusão sanguínea, uma vez que o hematócrito permaneceu acima de 30%.
O fluxo calculado para a CEC foi de 4.920 ml/min e pôde ser alcançado
facilmente, mantendo uma PA mínima de 74 mm Hg e sem que tenha havido queda do
nível do reservatório que dificultasse a manutenção da CEC.
O tempo total de CEC foi de 105 minutos, observando-se um pH mínimo de 7,37
e temperatura esofageana de 31o C.
Paciente número 3
O paciente de número 3, do sexo masculino, apresentava insuficiência valvar
mitral por degeneração mixomatosa e foi submetido a cirurgia de implante de prótese
valvar mitral mecânica. Com peso corporal de 68 kg, volume sanguíneo calculado de
4.760 ml e hematócrito pré-operatório de 41%, o volume de “prime” utilizado foi de
850 ml de solução. Uma vez que durante a cirurgia foram infundidos 2.000 ml de
Ringer lactato pelo anestesiologista e a diurese foi de 1.700 ml, o hematócrito esperado
pós-CEC seria de 33%, próximo do resultado real obtido de 31%.
O sangramento pós-operatório foi pouco significativo e não houve necessidade de
transfusão sanguínea, uma vez que o hematócrito permaneceu acima de 30%.
O fluxo calculado para a CEC foi de 4.000 ml/min e pôde ser ultrapassado,
mantendo uma PA mínima de 64 mm Hg e sem que tenha havido queda do nível do
reservatório que dificultasse a manutenção da CEC.
O tempo total de CEC foi de 65 minutos, observando-se um pH mínimo de 7,45 e
temperatura esofageana de 32,3o C.
Paciente número 4
O paciente de número 4, do sexo masculino, apresentava doença coronariana
aterosclerótica e foi submetido a cirurgia de revascularização miocárdica com implante
de 1 enxerto de artéria mamária e 1 enxerto de veia safena. Com peso corporal de 65 kg,
volume sanguíneo calculado de 4.550 ml e hematócrito pré-operatório de 37,5%, o
volume de “prime” utilizado foi de 900 ml de solução. Uma vez que durante a cirurgia
foram infundidos 1.500 ml de Ringer lactato pelo anestesiologista e a diurese foi de
1.200 ml, o hematócrito esperado pós-CEC seria de 29,6%, próximo do resultado real
obtido de 28%.
O sangramento pós-operatório foi pouco significativo, porém o paciente recebeu
transfusão com 2 unidades de concentrado de hemácias, uma vez que o hematócrito
apresentou queda abaixo de 30%.
O fluxo calculado para a CEC foi de 4.000 ml/min, embora com o fluxo máximo
de 3.800 ml/min tenha se alcançado uma PA mínima de 56 mm Hg e sem que tenha
havido queda do nível do reservatório que dificultasse a manutenção da CEC.
O tempo total de CEC foi de 90 minutos, observando-se um pH mínimo de 7,52 e
temperatura esofageana de 31,7o C.
Paciente número 5
A paciente de número 5, do sexo feminino, apresentava comunicação inter-atrial
de natureza congênita e foi submetida a correção cirúrgica com fechamento do septo
inter-atrial com remendo de pericárdio bovino. Com peso corporal de 50 kg, volume
sanguíneo calculado de 3.500 ml e hematócrito pré-operatório de 42%, o volume de
“prime” utilizado foi de 850 ml de solução. Uma vez que durante a cirurgia foram
infundidos 1.300 ml de Ringer lactato pelo anestesiologista e a diurese foi de 900 ml, o
hematócrito esperado pós-CEC seria de 30,1%, próximo do resultado real obtido de
28%.
Embora o hematócrito final tenha ficado abaixo dos 30%, contrariando a rotina,
não foram transfundidos hemoderivados nesta paciente, pelo sangramento pós-
operatório pouco significativo e pela idade da paciente (19 anos).
O fluxo calculado para a CEC foi de 3.500 ml/min, e foi ultrapassado,
alcançando-se 3.800 ml/min com uma PA mínima de 57 mm Hg e sem que tenha havido
queda do nível do reservatório que dificultasse a manutenção da CEC.
O tempo total de CEC foi de 60 minutos, observando-se um pH mínimo de 7,55 e
temperatura esofageana de 32o C.
Paciente número 6
O paciente de número 6, do sexo masculino, apresentava doença coronariana
aterosclerótica e foi submetido a cirurgia de revascularização miocárdica com implante
de 1 enxerto de artéria mamária e 2 enxertos de veia safena. Com peso corporal de 62
kg, volume sanguíneo calculado de 4.340 ml e hematócrito pré-operatório de 42%, o
volume de “prime” utilizado foi de 900 ml de solução. Uma vez que durante a cirurgia
foram infundidos 1.500 ml de Ringer lactato pelo anestesiologista e a diurese foi de
1.300 ml, o hematócrito esperado pós-CEC seria de 33,5%, próximo do resultado real
obtido de 32%.
O sangramento pós-operatório foi pouco significativo e não houve necessidade de
transfusão sanguínea.
O fluxo calculado para a CEC foi de 4.000 ml/min, no entanto, com 3.200 ml/min
a PA mínima foi de 70 mm Hg, mantendo-se estável o nível do reservatório, sem
dificuldades para a manutenção da CEC.
O tempo total de CEC foi de 90 minutos, observando-se um pH mínimo de 7,48 e
temperatura esofageana de 30o C.
Discussão
68
Discussão
Muitos estudos tem dedicado atenção ao desenho e desempenho de novas bombas
113 109
centrífugas , rotatórias semi-pulsáteis ou ainda a trocas gasosas nos oxigenadores
124
de membrana com bombas semi-vibratórias . As alterações hemorrágicas tem sido
6, 74, 148
estudadas nos sistemas de CEC recobertos com heparina assim como o
123
extravasamento de plasma a partir dos microporos da membrana capilar ou mesmo
sobre o efeito benéfico da adição de albumina no “prime”, que recobre as superfícies
plasmáticas e retardam a adsorção de fibrinogênio ou a ativação de plaquetas e
12
conseqüente redução das alterações dos processos de coagulação . As alterações e
inovações apresentadas no desenho dos oxigenadores, atualmente, são poucas, em que
pese a vasta literatura sobre o tema. Além do lançamento dos oxigenadores com desvio
119, 120, 121
veno-arterial , encontramos como única alteração o acoplamento de câmaras
131, 132 107
de diálise e de oxigenação num único sistema de CEC . McCUSKER e cols.
desenvolvem atualmente, também com o objetivo de reduzir o volume de “prime”, um
circuito condensado de CEC.
A proposta de alteração de posição da câmara de membrana no oxigenador e do
rolete arterial visa à simplificação e possibilidade de diminuição do volume de
preenchimento do sistema de CEC. Não encontramos proposta semelhante na literatura
consultada, razão pela qual mantivemos a discussão nos aspectos relacionados ao
volume da solução de preenchimento e seus efeitos.
Ao se preencher o oxigenador e os circuitos de circulação extra-corpórea com
soluções cristalóides reduziu-se bastante a necessidade de sangue homólogo ou de seus
92, 103
componentes (concentrado de hemácias, plasma) , o que é fator positivo em todos
os pacientes, mas especialmente naqueles que professam fé religiosa contrária à
125
transfusão sanguínea . A manipulação dos equipamentos de CEC tornou-se mais fácil
e trouxe à discussão as vantagens e desvantagens que proporcionava a hemodiluição. A
adição de sangue homólogo ao perfusato pode ser mais deletéria mesmo se
considerarmos a menor destruição sanguínea causada pelo oxigenador de membranas.
Comparando os efeitos da administração de sangue homólogo que passaram por
39
oxigenadores de lâminas fixas e de membranas (de PEIRCE), DOBELL e cols.
demonstraram efeitos letais mesmo com alterações sanguíneas mínimas no que diz
respeito a hemólise, glicemia, potássio e equilíbrio ácido-base. É fato que os
69
oxigenadores de lâminas fixas foram mais deletérios, mas, ainda assim, a mortalidade
foi alta pela simples administração de sangue que passou pelo oxigenador de
membranas. Num grupo de 20 cães submetidos a um máximo de 15 minutos de CEC
parcial em oxigenador de membranas com a adição de sangue homólogo que havia
circulado por 20 horas, a mortalidade foi de 10%. A análise do sangue não mostrou altas
concentrações de hemoglobina livre no plasma, glicemia e potássio elevados ou acidose
significativa. A necrópsia não demonstrou qualquer alteração que pudesse justificar a
morte. Ficou a sugestão de que a ruptura de hemácias, leucócitos e plaquetas liberam
substâncias potentes tais como adenosina, serotonina, histamina e catecolaminas, o que
poderia interferir na sobrevida. O sangramento durante e depois de operações cardíacas,
e os efeitos da hemodiluição na CEC, comumente resulta em transfusões sanguíneas.
50
Em estudo clínico recente, ENGOREN e cols. compararam dois grupos de pacientes
submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica, que receberam e que não
receberam transfusões. A avaliação estatística pelos modelos de Cox e pela curva de
sobrevida de Kaplan-Meier demonstrou um aumento de 70% de mortalidade ao longo
prazo nos pacientes que receberam transfusões sanguíneas.
A hemodiluição começou a ser utilizada de modo discreto evoluindo até a
hemodiluição extrema. A hemodiluição extrema com hematócrito inferior a 20%
95, 102
continua usada em todo o mundo . No entanto, é associada a alto fluxo de modo a
manter a pressão arterial elevada assim como débito urinário adequado durante a CEC.
5, 14, 22, 49, 135, 141, 156
Alguns experimentos demonstram que a hemodiluição produz um
aumento no conteúdo de água intersticial e edema nos órgãos, particularmente no
4, 28,
pulmão, coração e nos órgãos gastrintestinais, o que é uma desvantagem absoluta
66, 90, 155
e decorre da diminuição do conteúdo protéico do plasma, provocando uma
queda da pressão oncótica. O extravasamento de água para o interstício, particularmente
para os pulmões, pode ser atenuado com a adição de albumina humana ao “prime”.
142
RIEGGER e cols. , em estudo clínico com crianças, obtiveram resultados
satisfatórios. Permanecem, no entanto, dois problemas: (1) Em adultos, o volume de
albumina deve ser correspondentemente maior; (2) O custo do produto encarece
sobremaneira a cirurgia.
22
COHN e cols. observaram em estudo clínico uma retenção de água e sódio
aumentada durante os dois primeiros dias de pós-operatório, que diminui até o décimo
dia, e uma perda maior de potássio nos quatro primeiros dias de pós-operatório. No que
70
remover 1,6 l de CO2 com fluxos de até 15 l/min e com uma pressão transpulmonar de 2
160
mm Hg . Com os oxigenadores utilizados (e.g. Dideco) percebemos o quão longe
estamos de alcançarmos um padrão semelhante, pois a área de troca da câmara de
2
membrana possui 2 m , acomodando um volume de 270 ml de sangue e oxigenando
satisfatoriamente um máximo de 7.500 ml de sangue/min. Além disso, quando
74
cardíacas, também o interesse no metabolismo dos radicais livres tem sido enfocado no
coração e pulmões porque são expostos a isquemia e subseqüente reperfusão. O
aumento da produção de radicais livres durante a CEC está associado a disfunção
miocárdica e pulmonar. Está bem reconhecido que toda a resposta inflamatória induzida
pela CEC é o principal responsável pelas disfunções orgânicas pós-operatórias 19. Com
o duplo objetivo de reduzir o “prime” e a reação inflamatória, a técnica da mini-CEC
53
tem sido utilizada. Em estudo clínico, FROMES e cols. observaram menor reação
inflamatória com o uso da mini-CEC. Ocorreu menor liberação de IL-6 e TNF-, menor
redução de plaquetas e, devido à menor hemodiluição, menor queda do hematócrito ao
fim da CEC. A grande dificuldade no controle deste tipo de sistema permanece a
formação e coalescência de bolhas no sangue oxigenado após o esfriamento e
reaquecimento, razão pela qual, em geral, deve ser conduzida sob normotermia.
78
Conclusões
79
Conclusões
II. A pressão transmembrana nos oxigenadores de membrana capilar oca com fluxo
extra-luminal de sangue é mínima e permite a drenagem por gravidade do sangue
venoso diretamente para a câmara de oxigenação.
Referências Bibliográficas
81
Referências Bibliográficas
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Apêndice
Fichas de Perfusão
Relação dos Pacientes Operados
101
Média 1,00 2.404 2.517 280 37,2 1,65 0,7 2,3 37,8 24,8
S 1,16 2.400 2.300 330 25 1,5 1,0 4 34 30
2
SC = superfície corporal em m
FTM = fluxo teórico máximo em l/min
TRM = fluxo real máximo em l/min
G = gradiente de pressão em mm Hg
H máx = hematócrito máximo em %
H min = hematócrito mínimo em %
s = desvio padrão