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CURITIBA
2020
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FACULDADE EVANGÉLICA MACKENZIE DO PARANÁ
CURITIBA
2020
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SUMÁRIO
1. RESUMO 4
ABSTRACT 4
2. INTRODUÇÃO 4
3. REVISÃO ANATÔMICA E HISTOLÓGICA 4
3.1 Constituição anatômica: Estrutura da parede arterial 4
3.2 Anatomia das Artérias Carótidas 6
4. REVISÃO DA LITERATURA 14
4.1 Obesidade e aterosclerose 14
4.2 EcoColor Doppler e Avaliação da Espessura Médio-intimal 15
5. RESUMO DO ARTIGO BASE 17
5.1 Introdução 17
5.2 Materiais e Métodos 18
5.3 Resultados 19
5.4 Discussão 21
5. COMPARAÇÃO COM OUTROS ESTUDOS 22
5.1 Estudos sobre complexo médio-intimal 22
5.2 Estudos de Obesidade em crianças 24
6. CONCLUSÃO 25
7. REFERÊNCIAS 25
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1. RESUMO
ABSTRACT
2. INTRODUÇÃO
Artérias são vasos sanguíneos formados por três camadas ou túnicas: interna (1),
média (2) e externa (3); separando cada uma delas, há duas membranas limitantes,
interna e externa, respectivamente. A túnica interna, também chamada de íntima, é
formada principalmente por células endoteliais (endotélio), pavimentosas, que se dispõem
em camada única e uniforme para separar a corrente sanguínea dos demais tecidos.
Essas células possuem microestrutura complexa, envolvida em uma série de fatores
fisiológicos como permeabilidade de barreira, coagulação, tônus muscular e inflamação. O
endotélio repousa sobre uma membrana basal e um tecido conjuntivo de células
musculares lisas, fibras elásticas e micromoléculas como colágeno, que se apresentam
em graus variáveis (STANDRING et al, 2008).
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Separando as túnicas entre si, há duas estruturas intermediárias chamadas de
membranas limitantes ou lâminas limitantes elásticas. Enquanto a membrana limitante
externa separa a túnica externa da média, a membrana limitante interna separa a média
da íntima. São formadas por fibras elásticas organizadas como uma malha tubular densa,
percorrendo toda a extensão da artéria. Ademais, é importante citar que nem todas as
artérias apresentam membrana limitante externa bem constituída e, por vezes, pode estar
ausente, como no caso das artérias cerebrais (MAFFEI et al, 2016).
Artérias Elásticas
Artérias Mistas
Como o sistema arterial é contínuo, a transição entre artérias elásticas e lisas não
ocorre de forma abrupta, mas sim progressiva. Dessa forma, existem as artérias mistas,
com quantidade proporcional de fibras elásticas e musculares lisas. Exemplos de artérias
mistas são os ramos principais das artérias carótidas e ilíacas (MAFFEI et al, 2016).
Artérias Musculares
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As artérias musculares apresentam em sua túnica média a predominância de fibras
musculares lisas. Assim, a função desses vasos é regular o fluxo sanguíneo a fim de o
tornar compatível com variações de função do território a ser suprido (MAFFEI et al,
2016).
Arteríolas
São os menores vasos arteriais, com calibre menor que 100 mm. A íntima é fina,
sendo constituída apenas por endotélio e membrana basal. A túnica média é formada por
uma ou poucas camadas de fibras musculares lisas, enquanto a adventícia apresenta
também constituição menos espessa (MAFFEI et al, 2016).
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extensão, as carótidas guardam íntima relação anatômica com a veia jugular interna,
lateralmente, e nervo vago, posteriormente; essa tríade é envolta por uma bainha vascular
(bainha carotídea), formada por prolongamentos das fáscias cervicais (TESTUT e
LATARJET, 1984).
O ponto mais distal da artéria carótida comum é sua bifurcação que, ao contrário
da maioria das artérias que se dividem formando ângulo agudo, possui um alongamento
bulbar, formando o chamado bulbo ou seio carotídeo. A bifurcação carotídea ocorre ao
nível do bordo superior da cartilagem tireoide, correspondente ao espaço entre a terceira
e quarta vértebras cervicais (TESTUT e LATARJET, 1984; MAFFEI et al, 2016).
O bulbo carotídeo possui conformação variável, mas na maioria das vezes envolve
a base da carótida interna. Possui as paredes mais finas, com menor quantidade de fibras
elásticas, sendo mais sensível a variações de pressão – que são detectadas por
terminações nervosas do tipo barorreceptor (MAFFEI et al, 2016; HALL e GUYTON,
2016).
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No extremo superior da bifurcação se evidencia uma pequena estrutura de
coloração avermelhada, o corpo carotídeo (MAFFEI et al, 2016). É formado por
quimiorreceptores, células do sistema paraganglionar, que atuam no controle autonômico
da pressão arterial. São sensíveis à hipóxia, hipercapnia e acidose. (HALL e GUYTON,
2016).
Por fim, tanto bulbo carotídeo quanto corpo carotídeo são inervados por
ramificações do nervo glossofaríngeo: nervo do seio carotídeo, nervo de Hering ou nervo
intercarotídeo de De Castro. Do IX par craniano, os estímulos partem para uma série de
formações do tronco encefálico, a fim da devida regulação da pressão arterial (PARRY,
2020).
A artéria carótida externa emite ramos que vascularizam face e região cervical.
Estende-se desde a bifurcação da carótida comum até o nível do colo do côndilo da
mandíbula, dividindo-se em artérias temporal superficial e maxilar (TESTUT e LATARJET,
1984).
Como circulação colateral, emite seis ramos: tireóidea superior, lingual, facial,
faríngea ascendente ou inferior (faringomeníngea de Theile), occiptal e auricular posterior.
As três primeiras têm trajeto medial e anterior, enquanto a faríngea ascendente possui
origem lateral e os vasos subsequentes se originam da face posterior da artéria (TESTUT
e LATARJET, 1984; MAFFEI et al, 2016).
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Surgindo da bifurcação carotídea, a artéria carótida interna se dirige cranialmente
até penetrar a fossa média do crânio pelo canal ou forame carotídeo. Ao contrário da
carótida externa, não emite ramos na região cervical. De acordo com o trajeto da artéria
carótida interna, pode-se a dividir em quatro segmentos: cervical (1), petroso (2),
cavernoso (3) e cerebral (4) . O primeiro segmento guarda relação importante com a
cadeia simpática cervical e gânglio cervical superior, que se situam na face posterolateral
do vaso. Após leve inflexão medial e posterior, logo na porção proximal, o segmento
cervical da artéria carótida interna ascende verticalmente até a base do crânio –
acompanhada do nervo vago e veia jugular interna, também na bainha carotídea (TES-
TUT e LATARJET, 1984; MAFFEI et al, 2016).
Uma vez que penetra o forame carotídeo, inicia-se o segmento petroso, que forma
uma convexidade anterior transitando ao nível do forame lacerado. Em seguida, penetra
no seio cavernoso (segmento cavernoso) em que forma o chamado sifão carotídeo. Por
fim, perfura a dura-máter e transita lateralmente a sela turca formando o segmento
cerebral, que se termina em quatro artérias: cerebral anterior, cerebral média,
comunicante posterior e coróidea anterior (TESTUT e LATARJET, 1984).
Imagens
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4. REVISÃO DA LITERATURA
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interferem na aterogênese, nas crianças obesas, o efeito de baixos níveis de adiponectina
está associado com o início do processo aterosclerótico, já que provoca produção de
moléculas de adesão endotelial, proliferação de células de musculatura lisa e formação de
placa. O aumento de moléculas de adesão endotelial como selectina E (E-selectin),
molécula de adesão intercelular – 1 (ICAM-1) e proteína de adesão vascular – 1 (VCAM-
1) fazem a mediação do recrutamento de monócitos para a camada íntima da artéria.
Outro mecanismo de grande importância é a inflamação sistêmica de baixo grau, onde a
concentração de proteína-C reativa e moléculas de adesão foram entradas mais altas em
obesos do que em crianças magras, sendo um marcador da aceleração da progressão da
aterosclerose.
Vale ressaltar que o EMI não é exclusivo na doença arteriosclerótica, podendo ocorrer na
hiperplasia intimal e hipertrofia fibrocelular, sendo necessário corroboração clínica através dos
fatores de risco; idade, sexo, DM, hipercolesterolemia, HAS, tabagismo (COELHO, 2019).
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A V Diretriz Brasileira de Dislipidemia (2013) considerava o espessamento médio-intimal,
superior a 1 mm, um fator agravante de reclassificação de risco. Ao passo que um paciente de
risco intermediário pelo Escore de Framingham eram reclassificados como alto risco, na presença
de EMI > 1mm. Em uma atualização publicada em 2017 a nova diretriz propõem que o EMI isolado
não era suficiente para reclassificação de risco, sendo necessário a presença de placa
aterosclerótica. Passando a convergir com a Diretriz Americana.
Técnica
Na USV é possível identificar duas linhas paralelas na parede arterial, sendo que a mais
superficial (ecogênica) representa a interfase lúmen-íntima e mais profunda (hipoecoica) as
camadas média-adventícia.
1. Posição: O paciente dever estar em decúbito dorsal com leve rotação contralateral
do pescoço
2. Local: O estudo é feito no segmento distal da carótida comum. Isto é, 1cm abaixo
da bifurcação carotídea. Sendo a imagem analisada no eixo longitudinal.
a. Esse é o local de escolha devido a maior facilidade por se tratar de um trajeto
menos tortuoso da carótida comum.
3. Medida: É calculado a distância entre as interfaces lúmen-íntima e média-
adventícia na parede posterior da carótida (parede mais longe da pele). Sendo que
a medida pode ser feita de forma automática pelo aparelho ou manual.
a. Na opção manual deve ser feita a medida em 5 pontos diferentes, sendo o
resultado a média dos valores.
Lembrando que a aterosclerose é uma doença sistêmica, mas não simétrica, então deve ser
feita a medidas em ambas as carótidas comuns.
Resultado
Como a medida do EMI pode variar com idade, sexo e etnia, o valor encontrado pela USV
deve ser comparado com tabelas baseadas em estudos populacionais brasileiros, sendo o estudo
ELSA-BRASIL mais utilizado. O valor é considerado significativo quando se encontra acima do
Percentil 75 nas tabelas de referência. A presença de um EMI superior a 1,5mm corresponde a
placa arteriosclerótica indicando doença cardiovascular já estabelecida.
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Indicação
5.1 INTRODUÇÃO
Os países estão vivendo uma transição epidemiológica, que tem como prevalência
doenças crônicas não transmissíveis à doenças transmissíveis somado a uma transição
nutricional, onde a obesidade supera a desnutrição. Estudos sugerem que a obesidade
está diretamente relacionada a morbimortalidade por doenças cardiovasculares.
O estudo foi composto por 59 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 7 a
10 anos. Dois grupos foram formados conforme a presença ou não de
sobrepeso/obesidade, avaliados conforme a medida do peso, estatura e IMC. Valores
entre -2 e +1 significam eutrofia, entre +1 e +2 sobrepeso e acima de +2 obesidade. Os
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grupos sobrepeso e obesidade foram considerados em conjunto. Participaram do estudo
apenas aqueles com escore z do IMC acima de -2, avaliados através do WHO
AnthroPlus.
A coleta de dados foi composta pela medida do peso e altura. Foi utilizado uma
balança eletrônica da marca Kratos-Cas para aferir o peso e um antropômetro portátil
Krato-Cas para a altura.
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5.3 RESULTADOS
Como resultado, pode-se observar uma diferença significativa entre a CMI dos
grupos estudo e controle, com valor de p < 0,01. Não foi possível constatar, entretanto,
diferença significativa entre os valores obtidos por sexo (p=0,47) e entre os lados (p=0,60
no grupo controle e p=0,94 no grupo controle). A tabela 3 elenca todos esses dados, onde
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observamos diferença significativa (onde o p < 0,01) somente quando comparando os
grupos estudo e controle.
5.4 DISCUSSÃO
O estudo tem caráter transversal, o que impede a correlação dos dados com
fatores de causa e efeito. O que permite concluir é que há uma diferença significativa
entre a CMI dos grupos estudados e que servirá de base para entender o processo de
aterosclerose em crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade.
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Em estudo de Freitas e colaboradores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (2009), foram analisadas, por ultrassom, as carótidas
comuns internas e externas de 367 indivíduos com idade média de 63 anos. Além da
obesidade, abordada no artigo base, diversos outros fatores de risco foram identificados
como contribuintes no processo de espessamento do complexo médio-intimal desses
vasos, como o idade, tabagismo, acidente vascular cerebral, coronariopatia, índice
tornozelo-braquial < 0,9 e hipertensão arterial.
O Bogalusa Heart Study, foi iniciado em 1972, na cidade de Bogalusa, Indiana, nos
Estado Unidos, e consta como o mais longo estudo em crianças birraciais, focado em
identificar precocemente doenças como coronariopatias e hipertensão e suas implicações
durante o desenvolvimento infantil. Em 1999 este estudo evidenciou a conexão entre
sobrepeso/obesidade precoce com a saúde cardiovascular, além de ser um dos primeiros
a correlacionar todos os fatores já mencionados com sexo, etnia e idade nas análises
(FREEDMAN, 1999; CHIESA, 2019).
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anormal, excesso de peso, ou obesas. Além disso, seus perfis cardiometabólicos e
espessura CMI serem comparáveis aos de crianças sem sobrepeso ou obesas
(FREEDMAN, 1999; SKILTON, 2019).
Mais recentemente, estudo indiano conduzido entre 2015 e 2017, assim como no
artigo base, observou um maior espessamento do complexo médio-intimal em crianças
com sobrepeso e obesas quando comparadas com crianças de peso normal. No entanto,
além disso, as medidas antropométricas e dados laboratoriais também foram analisadas.
Como conclusão, entre as crianças com sobrepeso e obesidade,….. (SAJJA, 2019)
(CHIESA, 2019)
6. CONCLUSÃO
24
7. REFERÊNCIAS
Toni
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