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Figura 1. Tipos de aneurismas. Fonte: Robbins & Cotran, Bases Patológicas das Doenças, 8ª Ed., Elsevier.
Figura 2. Classificação dos aneurismas de aorta abdominal quanto às artérias renais Fonte: Adaptado de UpToDate.
SAIBA MAIS!
Falamos que os aneurismas são definidos como um aumento maior do que 50% do diâmetro
axial máximo do vaso arterial, não é mesmo? Mas talvez você possa estar se perguntando
como é possível que se saiba que o vaso está com o seu diâmetro aumentado. Pois bem.
Existe uma tabela que traz o registro dos valores normais dos diâmetros arteriais em homens
e em mulheres. Veremos a seguir que existem diretrizes específicas para a conduta diante de
um aneurisma de aorta, nas quais existem valores de corte para que o tratamento seja norte-
ado. Porém, caso você esteja curioso, você pode conferir a tabela a seguir.
HOMENS MULHERES
DIÂMETRO PRINCIPAL EM cm DIÂMETRO PRINCIPAL EM cm
SEGMENTO AÓRTICO
(DESVIO PADRÃO) (DESVIO PADRÃO)
Ascendente 4,0 (0,4) 3,4 (0,4)
Descendente 3,2 (0,3) 2,8 (0,3)
Supra celíaco 3,0 (0,3) 2,7 (0,3)
Suprarrenal 2,8 (0,3) 2,7 (0,3)
Infrarrenal 2,4 (0,5) 2,2 (0,3)
Bifurcação 2,3 (0,3) 2,0 (0,2)
Tabela 1. Tabela diâmetros arteriais aórticos normais Fonte: Adaptado de
Rutherford’s Vascular Surgery and Endovascular Therapy, 8th Ed., Elsevier.
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Idade
Degeneração
Homens
Lesão vascular
Estresse hemodinâmico
degenerativa
História familiar
Traumática Fusiformes
Síndrome de Marfan
Suprarrenal
Pararrenal
Infecciosa Justarrenal Pseudoaneurismas
Infrarrenal
Verdadeiros
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por meio de sinais relativos à síncope. pacientes que apresentarão essa trí-
Com o hemoperitônio instalado, tam- ade, mas que a sua identificação é
bém é possível a identificação de uma clássica de uma rotura de aneurisma.
massa pulsátil, muitas vezes apenas
na inspeção do abdome do paciente, SE LIGA! Então, para garantir que ficou
que pode cursar com alterações dos claro, vamos elencar objetivamente a
pulsos em membros inferiores, dado tríade que se relaciona com a rotura de
o acometimento da rede arterial que aneurismas da aorta abdominal: Dor, hi-
irriga tais regiões. É importante res- potensão e massa abdominal pulsátil.
saltar aqui que não serão todos os
SAIBA MAIS!
Alguns fatores podem fazer com que não haja a presença da tríade de rotura aneurismática.
Um deles consiste na contenção da hemorragia maciça, dado que o coágulo que se forma
no local da rotura, aliado à hipotensão gerada pela perda de sangue, propiciam um ambiente
que trabalha por meio da vasoconstrição e pela cascata de coagulação para conter o processo
hemorrágico.
HORA DA REVISÃO!
Um dos sinais indicativos de rotura aneurismática é o sinal de Grey-Turner, que consiste
na presença de equimoses na região dorsal e de flancos, sendo indicativa de sangramen-
to retroperitoneal.
Figura 3. Fístula aortocava Fonte: Case courtesy of Dr Sajoscha Sorrentino, <a href=”https://radiopaedia.org/”>Radio-
paedia.org</a>. From the case <a href=”https://radiopaedia.org/cases/14897”>rID: 14897</a>).
Figura 5. Angiotomografia revelando aneurisma de aorta abdominal Fonte: Sabiston, Textbook of Surgery, 20th Ed., Elsevier.
Figura 7. Angiorressonância magnética revelando aneurisma de aorta abdominal Fonte: Adaptado de Sabiston, Tex-
tbook of Surgery, 20th Ed., Elsevier e Rutherford’s Vascular Surgery and Endovascular Therapy, 9th Ed., Elsevier.
O tratamento cirúrgico pode ser feito pela Nos casos de aneurismas rotos, a prepa-
via cirúrgica aberta, ou por via endovas- ração da pele e a colocação dos campos
cular. Sabe-se que os índices de mortali- são realizados antes da indução anesté-
dade e morbidade precoce são menores sica, a fim de permitir a rápida exposição
no reparo endovascular. Porém, quando e controle, caso a indução gere um colap-
é feita a comparação tardia, após cerca so hemodinâmico.
de dois anos, não é observada diferença Colocam-se os campos no paciente, rea-
estatisticamente significante quanto às lizando-se a incisão mediana para a lapa-
duas abordagens. No caso da aborda- rotomia, do processo xifoide até logo aci-
gem convencional, os riscos são maiores ma do púbis (incisão xifopubiana);
quando há a necessidade de clampear a
aorta em seu segmento suprarrenal ou No caso de intervenção eletiva, com evi-
supramesentérico. denciação por meio de exame de ima-
gem, de doença ilíaca necessitando de
O reparo por cirurgia aberta do aneurisma extensão de enxerto bifurcado para ar-
de aorta abdominal pode ser realizado téria femoral de um ou dos dois lados, a
por via transperitoneal ou retroperitoneal. dissecção da artéria femoral deve ser re-
O reparo transperitoneal via laparotomia alizada antes da laparotomia.
com incisão mediana consiste na aborda- Comparado ao reparo cirúrgico aberto,
gem mais utilizada para aneurismas in- o reparo endovascular apresenta menor
frarrenais típicos, oferecendo uma expo- tempo de internação, morbidade e mor-
sição rápida, com excelente acesso para talidade em 30 dias, mas não possui im-
vasos renais e ilíacos, podendo examinar pacto positivo quanto à qualidade de vida
completamente a cavidade abdominal. após três meses e a sobrevida após dois
Para melhorar a exposição a nível das ar- anos. As vantagens da cirurgia endo-
térias renais ou acima delas, pode-se re- vascular se estendem para os casos de
correr à ligadura e secção das tributárias aneurisma roto, diante do qual está asso-
da veia renal esquerda (gonadal, lombar e ciado a menor morbidade e mortalidade
adrenal), caso a veia renal esquerda seja hospitalar.
preservada, ou a secção proximal da pró- A maioria das endopróteses disponíveis
pria veia renal esquerda. são de enxerto bifurcado modular, con-
O reparo infrarrenal transperitoneal é sistindo em um corpo aórtico principal
iniciado por meio da administração de para ser utilizado com um número varia-
antibiótico pré-operatório (geralmen- do de componentes, de extensão ilíaca e
te cefalosporina de primeira geração) e aórtica proximal. Existe uma maior taxa
meticulosa preparação da pele, desde os de reintervenção da cirurgia endovascu-
mamilos até as coxas. lar quando comparada com o tratamento
por via convencional, sendo que após 2
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Figura 9. Técnica de reparo endovascular. A; é realizada uma arteriografia inicial para traçar o perfil das artérias
renais. B; o stent é inserido por meio de um fio guia até o nível das artérias renais. C; note os marcadores radiopacos
indicando o começo da endoprótese (seta). D; a bainha da endoprótese é retirada, permitindo a abertura parcial do
enxerto proximal (seta fina). Note que o topo da endoprótese continua a restringir os fios de fixação suprarrenal (seta
espessa). E; Faz-se a canulação do óstio ilíaco (seta) contralateral. É introduzido contraste por meio de um cateter a fim
de confirmar o sucesso da canualação antes de alocar o enxerto em campo ilíaco. F-H; a angiografia de ambas as ar-
térias ilíacas com cateteres carcadores alocados permite os deslocamento dos enxertos ilíacos, com a preservação de
ambas as ilíacas internas. I-K; Balonamento moldando o enxerto proximal, sobrepondo os segmentos do corpo prin-
cipal da endoprótese e óstios ilíacos, vedando zonas distais dos óstios ilíacos a fim de facilitar a vedação dos compo-
nentes proximais. L, angiografia completa mostrando a exclusão da rede aneurismática, sem evidência de vazamentos,
que poderiam ser evidenciados por meio de um preenchimento restante do saco aneurismático por meio da injeção de
contraste. Fonte: Adaptado de Rutherford’s Vascular Surgery and Endovascular Therapy, 9th Ed., Elsevier
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Figura 10. Técnica de reparo cirúrgico e endovascular de aneurisma de aorta abdominal. Com o reparo aberto (ima-
gem A), os vasos superiores e inferiores ao aneurisma são controlados. O saco aneurismático é aberto, seguindo-se
da interposição de um enxerto que é suturado às extremidades proximal e distal da aorta não acometida. No caso do
reparo endovascular (imagem B), um stent é introduzido na luz arterial por meio de um acesso fêmoro-ilíaco. O stent
funciona como uma ponte entre os segmentos normais do vaso, passando pelo saco aneurismático e se ancorando na
aorta proximal e distal. Fonte: Adaptado de Aortic Abdominal Aneurysm, New England Journal of Medicine, 2014.
Acompanhamento
Enxerto vascular Aberta Cessar tabagismo
com ultrassom
Aneurisma > 5,5cm
Roto
Paciente sintomático Tratamento Diminuir
Cirurgia SIM NÃO
Aneurisma sacular conservador fatores de risco
Crescimento > 5mm em 6
meses ou > 1cm em 1 ano
Manejo da
Endoprótese Endovascular
hipertensão e
dislipidemia
Tratamento
Diagnóstico Jovens
Conservador
Sexo masculino
ANEURISMA
Principais
Cirúrgico Tratamento DE AORTA
fatores de risco
ABDOMINAL
Hipertensão
Endovascular
Exames
Angiorressonância
Menos utilizados Riqueza de detalhes
e angiografia
Menos detalhes
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Figura 11. Sistema de classificação de Crawford Fonte: Adaptado de Sabiston, Textbook of Surgery, 20th Ed., Elsevier.
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Fatores de risco I
II
História Clínica
ANEURISMA
DE AORTA Classificação III
TORÁCICA
Angiotomografia
IV
Tratamento V
Cirúrgico Conservador
Cirurgia endovascular
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Figura 12. Angiotomografia e angiografia demonstrando aneurisma de artéria poplítea. Fonte: Management of
Asymptomatic Popliteal Artery Aneurysm, International Journal of Angiology, 2019.
vaso aneurismático, o que não ocorre de riscos oriundos desse dano, como
no cisto. Além disso, uma ressonân- tromboses.
cia magnética em ponderação T2 re- O tratamento por via aberta é feito por
velará um hipersinal no cisto, uma vez uma incisão na fossa poplítea, sendo
que esse consiste basicamente em realizado o ligamento e ressecção do
uma bolsa cheia de líquido, o qual é aneurisma, com interposição por meio
destacado na ressonância. de autoenxerto de veia safena mag-
na, uma vez que estamos falando de
Tratamento um vaso arterial de baixo calibre, de
modo a propiciar uma maior durabi-
O reparo cirúrgico do aneurisma é in- lidade desse reparo, dado que o te-
dicado quando esse possuir diâme- cido vivo do próprio paciente sofrerá
tro maior do que 2 cm ou quando for uma endotelização mais adequada e
sintomático, de acordo com o quadro mais próxima do que seria uma pa-
que já mostramos anteriormente. rede arterial. Pode-se também utilizar
Aneurismas de artéria poplítea po- as próteses de Dacron ou de PTFE,
dem ser tratados por meio de repa- sendo a primeira a mais comumente
ro por via aberta ou endovascular, utilizada.
sendo o reparo aberto o preconiza-
do, pelas características da região SE LIGA! O reparo cirúrgico é preferen-
de articulação, uma vez que essas cial para os casos assintomáticos, quan-
regiões “de dobra” poderiam dani- do há boa condução venosa, em pacien-
tes sem comorbidades significativas.
ficar o stent, propiciando o aumento
Figura 13. Reparo cirúrgico aberto do aneurisma de artéria poplítea Fonte: Management of Asymptomatic Popliteal
Artery Aneurysm, International Journal of Angiology, 2019
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Diâmetro
> 1,2cm de diâmetro
arterial > 1,5 do normal
Hipertensão
Definição
Homens Dislipidemia
Massa pulsátil
Excluir cisto de Baker
em fossa poplítea Tratamento
Isquemia de
extremidades
Autoenxerto de veia
Cirúrgico
safena magna
Endovascular
Pacientes sem boa
condução venosa
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Pacientes de risco
Ultrassom
Cirúrgico ou
endovascular
Tratamento Aorta abdominal Exames Angiotomografia
Conservador
Ressonância magnética
Manejo dos
fatores de risco ANEURISMA
Angiografia
Isquemia em
Endovascular Tratamento Sintomas
extremidades
Endovascular
Autoenxerto
Prótese vascular
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
Sabiston textbook of surgery: the biological basis of modern surgical practic / [edited by]
Courtney M. Townsend, Jr, R. Daniel Beauchamp, B. Mark Evers, Kenneth L. Mattox. 20th
edition.
Names: Sidawy, Anton N., editor. | Perler, Bruce A., editor. Title: Rutherford’s vascular sur-
gery and endovascular therapy / [edited by] Anton N. Sidawy, Bruce A. Perler. Other titles:
Rutherford’s vascular surgery. Description: Ninth edition. Philadelphia, PA: Elsevier, 2019
Robbins e Cotran, bases patológicas das doenças / Vinay Kumar... [et al.]; [tradução de Patrí-
cia Dias Fernandes... et al.]. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Andreoli and Carpenter’s Cecil essentials of medicine / editor-in-chief, Ivor J. Benjamin, edi-
tors, Robert C. Griggs, Edward J. Wing, J. Gregory Fitz. 9th edition.
Kent KC. Clinical practice. Abdominal aortic aneurysms. N Engl J Med. 2014;371(22):2101‐2108.
doi:10.1056/NEJMcp1401430
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