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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

AUTORIDADES

Governador do Estado do Rio de Janeiro


Exmº Sr Cláudio Bonfim de Castro e Silva

Secretário de Estado de Polícia Militar


Exmº Sr Coronel PM Luiz Henrique Pires

Subsecretário de Estado de Polícia Militar


Ilmº Sr Coronel Carlos Eduardo Sarmento da Costa

Diretor-Geral de Ensino e Instrução


Ilmº Sr Coronel PM Ary Jorge dos Santos

Comandante do CFAP 31 de Voluntários


Ilmº Sr Coronel PM Marcelo André Teixeira da Silva

Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar


Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandre Moreira Soares

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

APRESENTAÇÃO

Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais latente
e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo, aperfeiçoar os 2º Sargentos da
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidadea
distância, disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem, por intermédio da Escola
Virtual, no Centro de Educação a Distância da Polícia Militar (CEADPM).
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá autonomia de estudos e de
horários, mas também é necessário disciplina e dedicação para o êxito dessa jornada, pois
depende do esforço coletivo e também individual para que tenhamos policiais cada vez mais
qualificados, bem treinadose aperfeiçoados para cumprirmos nossa missão, buscando cada
vez mais a excelência de nossas ações.
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação e da
tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa consciente,
respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o cumprimento de
suas funções com dignidade e excelência.
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através deste
curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus
companheiros de profissão. Que seja um momento de repensaras práticas e fortalecer seu
vínculo profissional, ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as
particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro.

Desejamos a todos bons estudos!

Ary Jorge dos Santos - Coronel PM


Diretor-Geral de Ensino e Instrução
Marcelo André Teixeira da Silva - Coronel PM
Comandante do CFAP

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Desenvolvedores
CFAP

Supervisão Geral e Coordenação Pedagógica


CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva

Equipe Técnica
CB PM Juliana Pereira de Carvalho

Conteudista
Divisão de Ensino CFAP 31 Vol

Coautor
MAJ PM Paulo Sérgio Macedo Filho

CEADPM

Supervisão Geral EAD


CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva
Equipe Técnica
SUBTEN PM Willian Jardim de Souza
2º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos
SD PM Lucas Almeida de Oliveira
SD PM Diogo Ramalho Pereira
SD PM Jorge Pereira Victorino
SD PM Daniel Moreira de Azevedo Júnior
SD PM Alexandre Mendes da Silva

Diagramação
2º SGT PM Alan dos Santos Oliveira
3º SGT PM Michele Pereira da Silva de Oliveira
Design Instrucional
3º SGT PM Michele Pereira da Silva de Oliveira
Filmagem e Edição de Vídeo
CB PM Renan Campos Barbosa
SD PM Alexandre dos Reis Bispo

Designer Gráfico / Diagramação Interativa


CB PM Leonardo da Silva Ramos

Suporte ao Aluno
1º SGT PM Anderson Inácio de Oliveira
CB PM Tainá Pereira de Pereira

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................6

CONCEITOS BÁSICOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 7

A OCORRÊNCIA ...................................................................11

EXAME DA CENA ..................................................................14

SUPORTE BÁSICO DE VIDA..................................................27

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO DEA ............................39

TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS ...............45

MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM


CRIANÇAS E LACTENTES .....................................................50

CHOQUE ..............................................................................52

HEMORRAGIA ......................................................................56

QUEIMADURAS....................................................................63

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ....................................................73

TRAUMATISMO ....................................................................78

TRAUMA TORÁCICO .............................................................86

TRAUMA ABDOMINAL ..........................................................91

TRAUMA MÚSCULO – ESQUELÉTICO ....................................96

TRANSPORTE E MANIPULAÇÃO DE VÍTIMA DE TRAUMATISMO


.........................................................................................104

CONCLUSÃO ......................................................................114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................115

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

INTRODUÇÃO

A disciplina de Atendimento Pré-hospitalar tem por objetivo


abordar situações de urgências e emergências mais comumente
encontradas pelo Agente de Segurança Pública nas ocorrências diárias,
bem como as principais condutas a serem tomadas até a chegada de
equipe especializada para atendimento e transporte do paciente ao
hospital.
Estudaremos o Suporte Básico de Vida visando o atendimento
prestado a uma vítima de mal súbito, queimaduras, traumatismo e
intoxicações visando à manutenção de seus sinais vitais e à
preservação da vida, além de evitar o agravamento das lesões
existentes, até que uma equipe especializada possa transportá-la ao
hospital e oferecer um tratamento definitivo.

Um bom aproveitamento para todos!

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

CONCEITOS BÁSICOS DE ATENDIMENTO PRÉ-


HOSPITALAR

Responsabilidades do socorrista
É da maior importância que o socorrista
conheça e saiba colocar em prática o
suporte básico de vida. Saber fazer o certo
na hora certa pode significar a diferença
entre a vida e a morte para um acidentado.
Além disso, os conhecimentos na área
podem minimizar os resultados
decorrentes de uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la
em melhores condições para receber o tratamento definitivo.

Atendimento pré-hospitalar (aph)


É o conjunto de procedimentos
técnicos realizados no local da
emergência e durante o transporte da
vítima, visando mantê-la com vida e
estável, evitando o agravamento das
lesões existentes e fornecendo um
transporte rápido e adequado até um serviço de referência.

O socorrista
É pessoa tecnicamente capacitada
e habilitada para, com segurança,
avaliar e identificar problemas que
comprometam a vida. Cabe ao
socorrista prestar o adequado
socorro pré-hospitalar e o
transporte do paciente sem
agravar as lesões já existentes.

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É uma atividade regulamentada pelo Ministério da Saúde,


segundo a portaria N° 2048, de 05 de novembro de 2002. O
socorrista possui um treinamento mais amplo e detalhado que uma
pessoa prestadora de socorro.

Atributos do socorrista
Os principais atributos inerentes à função do socorrista são:

a) Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o


atendimento necessário;

b) Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações


anormais ou exageradas daqueles que estão sob situação de
estresse;

c) Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao


paciente.

Responsabilidades do socorrista
As responsabilidades do socorrista no local da emergência
incluem o cumprimento das seguintes atividades:

 Ter conhecimento acerca da necessidade de utilização dos


equipamentos de proteção individual (EPI’s) e fazer uso dos
mesmos;

 Controlar o local do acidente, identificando e gerenciando os


riscos, de modo a proteger a si mesmo, sua equipe, o paciente e
prevenir outros acidentes;

 Colher o maior número possível de informações junto à base, tais


como tipo de acidente, nº e situação das vítimas, se já foi
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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

acionado outro órgão para o local (recursos adicionais), pontos


de referência do local da ocorrência etc...

 Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos


necessários para a situação;

 Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas


no local, através da cinemática do trauma e pela avaliação do
paciente;

 Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de


acordo com seu treinamento, não correndo riscos
desnecessários. Tentar fazer o que estiver ao seu alcance para
socorrer uma vítima, desde que a cena esteja segura para si e
sua equipe primeiramente;

 Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da


posição ou local do paciente. O procedimento deve ser realizado
com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões
adicionais;

 Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da


emergência e coordenar as atividades;

 Fornecer um atendimento humanizado ao paciente, tratando


com dignidade e respeito à vida humana.

Direitos do paciente
a) Solicitar e receber atendimento;
b) Exigir sigilo sobre suas condições;
c) Denunciar a quem não lhe prestou socorro e/ou não fez sigilo
de sua condição;

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d) Recusar o atendimento conforme o caso.

Termos usuais
Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a
uma pessoa cujo estado físico coloca em perigo a sua vida ou a
sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar
o agravamento de suas condições, até que receba assistência
médica especializada.

Urgência: Condição indica gravidade, mas geralmente não


perigosa. Estado que necessita de encaminhamento rápido ao
hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é
encontrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto
possível. Ex.: queimaduras; estado de pânico agudo; dor
abdominal grave.

Emergência: Condição potencialmente ameaçadora a vida ou à


ação normal de um órgão em estado grave, que necessita
atendimento médico imediato com a mais alta prioridade. Ex.:
parada cardíaca; choque profundo; traumatismo craniano.

Acidente: Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que


necessitam de atendimento.

Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta


pessoas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro.

Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima.

Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima.

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Suporte Básico da Vida: É uma medida de emergência que


consiste no reconhecimento e correção da falência do sistema
respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, manter a pessoa
respirando, com pulso e sem hemorragias.

Trauma: Aplicação de uma força que supera a capacidade de


resistência do corpo ou parte dele, provocando lesões de
extensão, intensidade e gravidade variáveis, que podem ser
produzidas por agentes diversos (físicos ou químicos), sendo de
forma acidental e ou intencional, agindo instantânea ou
prolongadamente, provocando perturbação somática e/ou
psíquica.

A OCORRÊNCIA

Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental,


por fenômenos naturais, ou patologias, que podem colocar em risco a
integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata de suporte
básico de vida, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ou
sobrevida aos pacientes, bem como evitar maiores danos àpropriedade
ou ao meio ambiente.

Acionamento e comunicação protocolar de emergência


Dados a solicitar ou confirmar durante o deslocamento para a
cena de emergência ou para acionamento dos serviços públicos ou
privados de socorro:
 Local do acidente (ponto de referência);
 Solicitante;
 Natureza da ocorrência;
 N.º de vítimas e idade aproximada;
 Gravidade das vítimas;
 Ações já empreendidas.

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Caso a equipe de resgate seja dotada de veículo de


transporte, deve – se ser conhecido com
antecedência à localização dos hospitais de
referência nas proximidades do local de trabalho.

Deve se conhecer os procedimentos para o


planejamento das ações conforme definido
previamente no plano de emergência da planta. Ex.:
Em alguns pontos da planta será viável a retirada do
trabalhador acidentado por plataforma e em outros
por corda, por exemplo, bem como medidas
padronizadas para riscos específicos de acordo com
cada setor ou ponto de trabalho.

Reconhecimento do local da ocorrência


Reconhecimento da situação, realizado pelo
socorrista no momento em que chega ao
local da emergência. O reconhecimento é
necessário para que o socorrista possa
avaliar a situação inicial, decidir o que fazer
e como fazer.

Avaliação do local
O socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando
principalmente os seguintes aspectos:

 A situação;
 Potencial de risco;
 As medidas a serem adotadas;
 Adoção de medidas de proteção individual (EPI).

Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos


presentes na cena e acionar o serviço de emergência.

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Gerenciamento dos riscos


Consiste na avaliação minuciosa por parte do socorrista em toda
a cena de emergência, possibilitando eliminar ou minimizar as
situações de risco existentes.

Equipamentos de proteção individual (epi)

EPI’s são equipamentos destinados à


proteção da integridade física do
socorrista durante a realização de
atividades onde possam existir riscos
potenciais a sua vida.

Avaliação geral do paciente

A avaliação é a pedra fundamental para o melhor atendimento


ao doente. A primeira meta é determinar a situação atual da vítima.
Desenvolve-se uma impressão geral, estabelecem-se valores basais
para os estados respiratórios, circulatório e neurológico. Em seguida,
são rapidamente encontradas e tratadas as condições que ameaçam a
vida. Se o tempo permitir, mais frequentemente quando o transporte
está sendo efetuado, é feita uma avaliação detalhada de lesões sem
risco de vida ou que comprometam membros.
Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com
o intuito de minimizar o tempo gasto na cena. Não se pode permitir
que doentes graves permaneçam no local do trauma para outrocuidado
que não o de estabilizá-los para transporte, a menos que estejam
presos ou existam outras complicações que impeçam o transporte
imediato.
De acordo com o PHTLS 8ª Edição, o processo de avaliação geral
do paciente divide-se em quatro fases distintas, a saber:
 Exame da cena;
 Exame primário;

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 Exame secundário;
 Monitoramento e reavaliação.

EXAME DA CENA

Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de


socorro deve garantir sua própria condição de segurança, a das vítimas
e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer membro da
equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em
vítima, o que levaria a deslocar ou dividir recursos de salvamento
disponíveis para aquela ocorrência.

Exame primário

Podemos conceituá-lo como sendo um processo ordenado para


identificar e corrigir, de imediato, problemas que ameacem a vida em
curto prazo.
No doente traumatizado multissistêmico grave, a prioridade
máxima é a identificação e o atendimento rápido de condições que
ameacem a vida. Mais de 90% dos doentes traumatizados possuem
ferimentos que envolvem apenas um sistema. Para esses, há tempo
para fazer tanto o exame primário quanto o secundário completo.

O paciente multissistêmico possui lesões que afetam mais


de um sistema do corpo, incluindo os sistemas pulmonar,
circulatório, neurológico, gastrointestinal,
musculoesquelético e tegumentar.

Para doentes traumatizados graves, o socorrista não pode fazer mais


do que o exame primário. A ênfase é na avaliação rápida, utilizando
cinco etapas (ABCDE do trauma).

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A - (Airway) permeabilidade das vias aéreas e controle da coluna


cervical.
B- (Breathing) ventilação. Se a vítima respira e como se processa essa
respiração.
C- (Circulation) verificar pulso, hemorragia e risco de estado de
choque.
D- (Disability) incapacidade neurológica.
E- (Exposure) exposição de ferimentos.

Como Realizar o Exame primário

1. Observe visualmente a cena (cinemática do trauma) e forme uma


impressão geral do paciente;
2. Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. “Eu sou
o... (nome Agente), Policial Militar, e estou aqui para te ajudar. O que
aconteceu contigo? ’’. Uma resposta adequada permite esclarecer que
a vítima está consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que
respira;
3. Vias aéreas (A): Avalie a sua permeabilidade e estabilize
manualmente a coluna cervical, utilizando a manobra do empurre
mandibular (em caso de trauma). Para casos clínicos, será necessária
somente a abertura de VA’s, utilizando a manobra de elevação do
queixo;
4. Avalie a respiração (B) do paciente (usar a técnica do ver, ouvir e
sentir – VOS). Observe sinais de respiração difícil (rápida, profunda,
ruidosa). Caso o paciente não respire, faça a abertura de sua cavidade
oral e visualize a presença de algum corpo estranho ou excesso de
secreção na cavidade. Caso exista, faça uma varredura digital ou uma
aspiração. Posteriormente, deverão ser efetuadas duas ventilações de
resgate e observar se houve passagem do ar (elevação do tórax e/ou
abdome).

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Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias


aéreas (OVACE). Em caso positivo, checar pulso carotídeo: paciente
com pulso iniciar reanimação pulmonar (esses procedimentos serão
descritos logo adiante);
Quando a vítima se encontra inconsciente, o tônus muscular é
insuficiente, posto que a língua e a epiglote pode obstruir a chegada
de ar até os pulmões. A fim de permitir a respiração ou o acesso fácil
para aspiração bilateral, é introduzida uma cânula orofaríngea nesses
pacientes. Caso tenham reflexos de vômito, não deverá ser colocada;

FIGURA 1 – AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS.


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

FIGURA 2 – AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO.


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

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5. Verifique a circulação (C) do paciente (avalie o pulso carotídeo em


adultos e crianças, e braquial em lactentes): paciente sem pulso iniciar
RCP; verifique a presença de hemorragias e perfusão. A perfusão >
2s, associada a outros sinais tais como cianose, palidez, pele fria e
úmida, pode indicar um comprometimento da oxigenação dos tecidos
ou choque;
6. Verifique nível de consciência (D) (Escala de coma de Glasgow),
para a avaliação do grau de comprometimento neurológico e da
evolução do quadro. Ao verificar a resposta ocular, examine as pupilas.
Observe a sua reatividade e simetria;
7. Exposição dos ferimentos (E). Retirar vestimentas pesadas que
impeçam a correta avaliação da existência de ferimentos; expor
somente as partes lesionadas para tratamento; prevenir o choque;
preservar dentro das possibilidades, a intimidade do paciente;
8. Decida a prioridade para o transporte, através da escala CIPE;
9. Coloque colar cervical;
10. Administre oxigênio.

Escala CIPE

Ao término do exame primário, o socorrista deverá classificar o


paciente de acordo com a gravidade de suas lesões ou doença. Essa
classificação é baseada na escala CIPE.

 Crítico
 Parada respiratória ou cardiorrespiratória.

 Instável
 Paciente inconsciente (Glasgow <13), com choque
descompensado (choque com perfusão >2s), dificuldade
respiratória severa, com lesão grave de cabeça e/ou tórax.

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 Potencialmente instável

 Paciente vítima de mecanismo agressor importante, em


choque compensado (perfusão <2s), portador de lesão
isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo
circulatório ou neurológico.

 Estável

 Paciente portador de lesões menores e sinais vitais


normais. Os pacientes críticos e instáveis devem ser
tratados no máximo em 5 minutos no local da emergência e
transportados de imediato. Nesses casos, o exame
secundário deverá ser realizado durante o transporte para o
hospital, simultaneamente com as medidas de suporte básico
de vida. Já no caso dos pacientes potencialmente instáveis
e estáveis, o socorrista deverá continuar a avaliação no local
da emergência no máximo em 12 minutos e transportá-lo
após sua estabilização.

 Colar Cervical e Oxigênio

Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de


socorristas deverá realizar um rápido exame físico na região posterior,
anterior e lateral do pescoço e, em seguida, mensurar e aplicar o colar
cervical de tamanho apropriado. Depois, os socorristas deverão avaliar
a necessidade de ofertar oxigênio para o paciente. Para isto, deverão
examinar o nariz, a boca e a mandíbula e através do emprego de uma
máscara facial com reservatório de oxigênio.

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Para tratar os pacientes de emergência clínica,


os socorristas poderão utilizar os mesmos
parâmetros recomendados nos casos de
trauma, no entanto, não necessitam
imobilizar a região cervical.

Exame secundário

Você sabia que o exame secundário é


avaliação da cabeça aos pés do doente?

O socorrista deve completar o exame primário, identificar e tratar


as lesões que ameaçam a vida antes de começar o exame secundário.
Seu objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram
identificados durante o exame primário.
É dividido em três etapas, que são realizadas simultaneamente
por três socorristas.
Caso não haja essa quantidade, pode haver acúmulo de função,
sendo imprescindível sempre, um treinamento permanente da equipe
para a harmonia dos trabalhos.

Entrevista: Etapa da avaliação onde o socorrista 1 conversa com


o paciente buscando obter informações dele próprio, de familiares ou
de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade existente e
outros dados relevantes.
Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o socorrista 2 realiza a
aferição da respiração, pulso, pressão arterial e temperatura
relativa da pele do paciente.
Exame físico detalhado: Realizado pelo chefe da equipe em todo o
segmento corporal.

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 Fique atento durante todo o processo de avaliação, pois


algumas vezes a natureza da emergência pode não estar
claramente definida.

Guia Para Realizar Uma Entrevista

Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê-


lo, questione-o utilizando as seguintes perguntas (mnemônica
AMPLA):

 Alergias: principalmente a remédios.


 Medicações: drogas prescritas ou não que o paciente toma
regularmente.
 Passado médico e antecedente cirúrgico: problemas
médicos importantes para os quais o paciente recebe
tratamento. Inclui cirurgias prévias.
 Líquido e alimentos: muitos traumatizados necessitarão de
cirurgia, e alimentação recente pode aumentar o risco de vômito
e aspiração durante a indução da anestesia.
 Ambiente: Eventos que levaram ao trauma (o que aconteceu?).
 Pergunte ao paciente sobre sua queixa principal, o (s) local (s)
que doem mais.

Guia para aferir os sinais vitais

Sinal

É tudo aquilo que o socorrista pode observar ou sentir no paciente


enquanto o examina.
Exemplos: pulso, palidez, sudorese etc.

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Sintoma

É tudo aquilo que o socorrista não consegue identificar sozinho. O


paciente necessita contar sobre si mesmo.
Exemplos: dor abdominal, tontura etc.

Aferição de Sinais Vitais

 Pulso - É o reflexo do batimento cardíaco palpável nos locais


onde as artérias calibrosas
 Estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro.

Valores normais

 Adulto: 60-100 batimentos por minuto (bpm);


 Criança: 80-140 bpm;
 Lactentes: 85-190 bpm.

 Respiração
Processo fisiológico de troca de gases entre as artérias e
o alvéolo.

Valores normais

 Adulto: 12-20 ventilações por minuto (vpm);


 Criança: 20-40 vpm;
 Lactentes: 40-60 vpm.

 Temperatura
É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido
pelo corpo humano.

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Valores normais

 36,5 a 37,0 ºC – independente da faixa etária.

Temperatura Relativa da Pele

Em atendimento pré-hospitalar, o socorrista verifica a


temperatura relativa da pele colocando o dorso da sua mão sobre a
pele do paciente (na testa, no tórax ou no abdômen). O socorrista
estima a temperatura relativa da pele pelo tato.
Convém recordar que a pele é a grande responsável pela
regulação da temperatura e poderá apresentar-se normal, quente ou
fria, úmida ou seca.
Durante o monitoramento, o socorrista deverá utilizar o
termômetro clínico, para real certificação da temperatura corporal.

Com relação à coloração, a pele poderá estar?

Pálida,
Ruborizada ou
Cianótica.

Nas pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos


lábios, ao redor das fossas nasais e nas unhas.

 Pressão arterial (PA) - É definida como a pressão exercida


pelo sangue circulante contra as paredes internas das
artérias. A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a
diastólica.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita


durante a contração do coração (sístole). A diastólica é a pressão
remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica
relaxado (diástole). A pressão arterial é diretamente influenciada pela
força do batimento cardíaco, quanto mais força, mais elevada a PA e o
volume de sangue circulante.

Valores normais
Adulto:
 Sistólica - máxima 150 mmHg e mínima 100 mmHg.
 Diastólica - máxima 90 mmHg e mínima 60 mmHg.

Criança

 Dentro desses valores, consideramos a PA normal; se exceder à


máxima, denominamos alta (hipertensão) e, ao contrário, se
não atinge o nível mínimo, denominamos baixa (hipotensão).

 Em geral não se afere PA em crianças com menos de 3 anos de


idade. Nos casos de hemorragias ou choque, a PA mantém-se
constante dentro de valores normais para no final desenvolver
uma queda abrupta.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

Guia para realizar o exame físico detalhado

O exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado


pelo socorrista em cerca de 2 a 3 minutos. O exame completo não
precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado de
forma limitada em pacientes que sofreram pequenos acidentes ou que
possuem emergências médicas evidentes.

Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o


socorrista deverá:

 Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa;


 Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos, pálpebras
e os ouvidos;
 Inspecionar o ombro bilateralmente proximal / distal;
 Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax;
 Inspecionar o abdômen em quatro quadrantes
separadamente;
 Inspecionar as regiões anterior e lateral da pelve e a região
genital;
 Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez).
 Pesquisar a presença de pulso distal, a capacidade de
movimentação (motricidade), a perfusão e a sensibilidade
(PPMS);
 Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez).
Pesquisar PPMS;
 Realizar o rolamento em monobloco e
inspecionar a região dorsal.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

FIGURA 3 – EXAME FÍSICO DETALHADO.


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

Monitoramento e reavaliação

Você sabia que o monitoramento é


realizado durante o transporte do
paciente, devendo o socorrista reavaliar
constantemente os sinais vitais e o
aspecto geral do paciente?

A reavaliação deverá ser realizada conforme a escala CIPE:

 CRÍTICO e INSTÁVEL: Reavaliar a cada 5 minutos.


 POTENCIALMENTE INSTÁVEL e ESTÁVEL: Reavaliar a cada 15
minutos.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

Escala de coma de glasgow (ECG)

Fluxograma da avaliação geral do paciente

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SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Você já ouviu falar em suporte básico de vida


(SBV)? Sabe o que é? Vamos aprender?

O suporte básico de vida (SBV) é uma sequência de medidas,


aplicadas inicialmente no atendimento a vítimas em parada
cardiorrespiratória, consiste em reconhecer a PCR, solicitar ajudainiciar
suporte ventilatório e circulação mecânica.
Considerando que a fibrilação ventricular (FV) e taquicardia
ventricular (TV) sem pulso são os ritmos mais frequentemente
observados em adultos durante uma PCR, e que a desfibrilação elétrica
precoce é a única terapia eficaz na conversão desse ritmo caótico,
adicionou-se a desfibrilação à sequência da RCP.
O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral – RCRC vem
sendo inserido na prática profissional em substituição ao termo RCP -
Reanimação Cardiopulmonar.
Busca-se com essa mudança, o entendimento de que as medidas
iniciais devem objetivar não só o retorno da circulação espontânea,
mas sim a prevenção ou minimização de lesão cerebral. Entretanto,
abordaremos nessa apostila o termo RCP, para evitarmos quaisquer
dúvidas.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2023

Definições

Parada respiratória

Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou


não, ser acompanhada de parada cardíaca.

São causas de parada respiratória por ordem de incidência:

 Doenças do pulmão;
 Trauma;
 Obstrução de Vias Aéreas;
 Acidente Cardiovascular (AVC);
 Overdose por drogas;
 Afogamento;
 Inalação de fumaça;
 Epiglotite e laringite;
 Choque elétrico.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Parada cardíaca

Segundo Guimarães ET AL
(2005, p.1) parada cardíaca é “a
cessação da atividade ventricular
cardíaca e circulação sistêmica em
indivíduo com expectativa de
restauração das funções
cardiopulmonar e cerebral, não portador de moléstia crônica
intratável ou em fase terminal”.

A relação 30:2 proposta pela AHA é mundialmente aceita


visto que até o momento é a que melhor apresenta confirmações
científicas de eficácia. A antiga relação 15:2 caiu em desuso, pois exigia
que o socorrista interrompesse as compressões torácicas para realizar
ventilações desnecessárias visto que o suprimento sanguíneo que
chega ao coração está diminuído durante uma PCR, portanto não há
necessidade de grandes quantidades de oxigênio (AHA, 2010).

Outra definição

É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico


confirmado pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso
detectável e apneia (ou respirações agônicas).

Morte clínica e biológica

A reanimação cardiopulmonar
(RCP) é também uma aspiração médica,
porque a morte clínica não é seguida
instantaneamente da morte biológica. Ou
seja, no momento em que um paciente

29
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

apresenta sinais de morte clínica (inconsciência sem resposta a


qualquer estímulo e ausência de movimentos respiratórios e de
pulso), há ainda viabilidade biológica dos órgãos internos.
Dessa forma, se for possível manter a oferta de oxigênio aos
tecidos e recuperar a respiração e a circulação espontâneas, antes da
morte biológica dos tecidos, a reanimação é conseguida com sucesso.
Para alguns pacientes com parada cardiorrespiratória e com
funções neurológica e cardiorrespiratória previamente preservada, a
utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos
definitivos, pode ser salvadora.
O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte
biológica é curto e o principal determinante do sucesso da RCP.

Delineação da idade

Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima é


necessária definir tal situação:

 Adultos: vítimas que apresentem caracteres sexuais


secundários (pré-adolescentes);

 Crianças: a partir de 1 (um) ano de idade até a


presença de caracteres sexuais secundários;

 Bebês ou lactentes: até 1 (um) ano de idade;

30
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Neonatos ou recém-nascidos: das primeiras horas do


parto até 28 dias.

Diagnóstico

É essencial para um melhor prognóstico, o reconhecimento de


sinais que indiquem que o paciente está evoluindo para uma parada
cardiorrespiratória. São eles:

 Alteração da respiração (taqui ou bradipnéia);


 Alteração do nível de consciência (torpor);
 Alteração do ritmo cardíaco (taquiarritmias, bradicardia).

Na vigência da evolução desses sinais, teremos uma PCR,


diagnosticada através de: inconsciência, ausência de movimentos
respiratórios e ausência de pulso central (carotídeo e femoral). No
lactente, dá-se preferência ao pulso braquial, palpado contra o úmero
medialmente ao bíceps.
Outros sinais podem ser identificados, como a midríase e a
cianose. A dilatação pupilar (midríase) surge cerca de 45 segundos
após a PC, completando-se em menos de 3 minutos.

ABCD primário

A reanimação cardiopulmonar requer uma sequência de


procedimentos parecidos com o ABCD da avaliação inicial com a
diferença que o “D” da RCP se refere à desfibrilação:

31
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

A - Vias aéreas: manter as vias aéreas para a passagem do ar

B - Respiração: ventilar os pulmões da vítima com pressão positiva

C- Circulação: fazer compressões torácicas

D - Desfibrilação: aplicação de choque para FV/TV sem pulso

Estabelecida que a vítima apresenta os sinais característicos de


parada cardiopulmonar você deve iniciar os procedimentos de RCP.
Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em decúbito
dorsal (costas no chão).

Vias aéreas (A)

1º passo: Na ausência de suspeita de trauma (vítimas clínicas), realize


a manobra de inclinação da cabeça-elevação do queixo. Ao
suspeitar de eventos traumáticos realizarem manobra de empurre
mandibular.

FIGURA 4 – ABERTURA DAS VIAS AÉREAS.


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

32
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

2º passo: inspecione a cavidade oral e certifique-se que não há


nenhuma obstrução por prótese, vômito, sangue e outros. Retirar
conforme técnicas já descritas.

Respiração (B)

Fazer o V O S (ver, ouvir e sentir). Se não há nenhuma


movimentação do tórax e nenhum ar exalado, a vítima está em apneia.
O ideal é que essa avaliação dure de 3 a 5 segundos. Se constatar que
não há respiração, a respiração é inadequada (agônica) ou ainda, você
não tem certeza sobre a situação, inicie as ventilações artificiais.

 Realize 2 (duas) ventilações de resgate- boca-boca, boca-


máscara, boca-nariz, bolsa-válvula-máscara e observe se houve
passagem de ar. As ventilações devem ter a duração de 1
segundo e um intervalo de aprox. 4 segundos entre elas,
permitindo assim a expiração. Entretanto, o importante é
observar se o volume de cada ventilação está sendo suficiente
para produzir uma elevação torácica visível. Devem-se evitar
ventilações longas ou forçadas, pois pode exceder a pressão de
abertura do esôfago, provocando distensão gástrica,
regurgitação e aspiração. Cuidado maior quando se trata de
crianças e lactentes, onde o volume de ar insuflado deverá ser
menor. Se possível, a cânula orofaríngea deverá ser usada nesse
momento;

 Se houve passagem de ar e a vítima não respira, mas possui


pulso, realizar a reanimação pulmonar, que consiste em ciclos
de 10 a 12 ventilações por minuto para um adulto (1 ventilação
a cada 5 segundos) e 12 a 20 ventilações por minuto para
lactentes ou crianças (aprox. 1 ventilação a cada 3 segundos).
Após cada ciclo, observar se a vítima ainda apresenta pulso

33
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

central. Continuar com as ventilações até que a vítima


restabeleça a respiração ou entre em parada cardiorrespiratória.

FIGURA 5 – CÂNULAS OROFARINGEAS.

Circulação (C)

Checar pulso em artérias centrais, como carótida e femoral; em


lactentes, utiliza-se a palpação da artéria braquial. Se ausente, iniciar
a compressão torácica externa na metade inferior do osso esterno.

Sequência

 ADULTO: o esterno é comprimido 4- 5 cm, utilizando-se a região


hipotenar de 2 mãos. As compressões são feitas na frequência
de 100/min, com 5 ciclos de 30:2 (compressão/ventilação) ou
aproximadamente 2 minutos.
 CRIANÇAS: utilizar a região hipotenar de 1 ou 2 mãos na
compressão esternal, aqui restrita a 2,5- 3,5 cm. A relação
compressão/ventilação será de 30:2 (5 ciclos ou 2 min.) com um
socorrista e 15:2 (10 ciclos ou 2 min.) com dois socorristas.
 LACTENTES: profundidade: 2,5-3,5 cm. Com 1 socorrista:
utilizar 2 dedos para comprimir o esterno; com 2 socorristas:
utilizar a técnica dos dois polegares, com as mãos circundando o
corpo. Da mesma forma em crianças, a frequência das
compressões em lactentes será de 100/min., guardando a
relação 30:2 (5 ciclos ou 2 min.) com um socorrista e 15:2 (10
ciclos ou 2 min.) com dois socorristas.

34
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Considerações acerca
da RCP

Em nenhuma hipótese as mãos devem ser retiradas da posição


entre as massagens. Entretanto, é importante que seja permitido
ao tórax retornar ao seu ponto de partida antes da compressão,
não devendo ser mantido sob pressão;
Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre
uma superfície rígida;
Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a
vítima; não demore mais do que 5 segundos nessa avaliação e
continue a RCP, a menos que um DEA esteja disponível;
O tempo de compressão e descompressão deve ser igual; não
permitir que o tórax retorne de forma abrupta;
A ótima compressão do esterno normalmente é identificada
quando existe a palpação de pulso carotídeo ou femoral;
Na impossibilidade da ventilação (ausência de materiais de
proteção ou traumas que possibilitem apenas a obtenção de via
aérea avançada), realizar somente as compressões cardíacas
externas.

Adultos e crianças

Ponto de referência para a compressão: centro do peito, entre os


mamilos;
Ajoelhe-se ao lado da vítima na altura dos ombros. Se possível,
posicione-se do lado direito, deixando livre o esquerdo para a
aplicação do DEA;

35
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

A cada 2 min. troque se possível, o socorrista que comprime o


tórax, para evitar a exaustão e consequente aplicação incorreta
das compressões;
Os dedos devem estar estendidos ou
entrelaçados; eles não tocam o tórax
durante as compressões. Os braços também
deverão permanecer eretos e
perpendiculares ao tórax da vitima durante
todo o tempo. Para isso, o socorrista deverá
inclinar-se.

FIGURA 6 – RESSUCITAÇÃO CARDIO PULMONAR(OBSERVE NA FIGURA ACIMA O


POSICIONAMENTO DAS MÃOS DO SOCORRISTA)FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

36
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

FIGURA 7 – AULA DE RESSUCITAÇÃO CARDIO PULMONAR MINISTRADA PELO 1º TEN


PM ENF JAMIL, EM 2019 NO 25º BPM.

Lactentes

Ponto de referência para compressão: imediatamente abaixo


da linha dos mamilos;
Em lactentes, o socorrista poderá realizar a RCP sentado com
o bebê em seu braço, apoiado em uma das pernas;

FIGURA 8 – RCP EM LACTENTES.


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

37
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Desfibrilação (D)

Se após 5 ciclos de RCP o paciente não tiver pulso e se houver


um desfibrilador disponível, deverá ser lançado mão imediatamente
para normalizar os batimentos cardíacos que entram em movimentos
descompassados como a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia
ventricular sem pulso.

Desfibrilação Externa Automática

O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada


cardíaca é o intervalo desde a perda da consciência até a desfibrilação.
A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada
cardíaca súbita pelos seguintes motivos:
O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas
testemunhadas é a Fibrilação Ventricular.
O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica.

A probabilidade de uma desfibrilação bem-sucedida diminui


rapidamente com o tempo.

A FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos.

Muitos pacientes adultos em parada por FV podem sobreviver


sem sequelas neurológicas, mesmo se a desfibrilação é realizada de 6
a 10 minutos após a parada cardíaca súbita. Quanto mais cedo à
desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem
apenas alguns minutos depois da perda da consciência para
restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP pode manter um paciente
por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um
ritmo organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP
imediata seguida de desfibrilação nos primeiros minutos da parada

38
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador externo


automático (DEA).

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO DEA

Os DEA são desfibriladores externos automáticos.


Na verdade, a palavra automática significa
semiautomático, já que a maioria dos DEA
disponíveis no mercado “avisa” ao operador que o
choque está indicado, mas não o administram sem uma ação do
socorrista (isto é, o socorrista deve pressionar o botão de CHOQUE
[SHOCK]).
O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O
aparelho está equipado com um sistema de análise do ritmo baseado
em microprocessadores.
Quando é detectada TV ou FV, o sistema “indica” um choque
por intermédio de mensagens visuais ou sonoras.

Operação Do DEA

Os DEA’s devem ser utilizados somente quando os pacientes


apresentarem os seguintes 3 sinais clínicos:

1) Ausência de resposta verbal (inconsciente);


2) Ausência de respiração efetiva depois da liberação das vias
aéreas;
3) Ausência de reposta às 2 ventilações de resgate iniciais.

Momento adequado para emprego do DEA

39
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a


utilização do DEA logo que constatar a parada cardíaca;
2) Quando a parada cardíaca NÃO FOI TESTEMUNHADA ou ocorreu
há mais de 4 minutos, execute 5 ciclos (ou 10 ciclos, se lactente
ou criança, com 2 socorristas) de RCP (2 minutos) para depois
utilizar o DEA. Nestes casos, será necessário criar condições
propícias para que o coração receba o choque em uma fibrilação
ventricular fortalecida pela RCP.

Situações especiais

Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro,


se há situações especiais que exijam outras ações antes de usar o
aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização.
As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras
ações antes de usar um DEA ou durante sua operação são as seguintes:

 A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos,


aproximadamente). Existem desfibriladores com pásapropriadas
para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005 da
American Heart Association aprova o uso do DEA
programado para vítimas, adultos e crianças, na impossibilidade
do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada
cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação
da vítima é a desfibrilação precoce (choque). Não se
recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica
em vítimas adultas devido à ineficácia do choque. Priorize
a RCP e o transporte imediato ao hospital.

A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora


de eletricidade. Um choque elétrico aplicado a uma vítima
poderia ser conduzido até o socorrista. É mais comum que a

40
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta


de passagem de energia de um eletrodo a outro interferindo na
transmissão do choque ao músculo cardíaco. A vítima deve ser
removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a
parte anterior e posterior do tórax antes da aplicação das pás
adesivas.

A vítima tem um marca-passo implantado. Esses aparelhos


podem ser identificados imediatamente porque cria uma
protuberância dura sob a pele, coberta por uma cicatriz, na parte
anterior do tórax. Quando houver coincidência de eletrodos
adesivos do DEA com o marca-passo implantado no tórax
poderão ocorrer danos ao aparelho e queimaduras nos pontos
de inserção metálica no miocárdio durante a aplicação do
choque. Nesse caso, aplique a pá autoadesiva do DEA à, no
mínimo, 2,5 cm do marca-passo cardíaco. Depois siga os passos
normais de operação de um DEA.

Há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre


a pele da vítima, onde se colocam as pás autoadesivas do DEA.

Passos universais para operar um DEA

1. LIGUE o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens


sonoras para guiá-lo em todos os passos subsequentes);
2. Abra o estojo ou a tampa do DEA;
3. Ligue o aparelho (alguns começarão a funcionar
automaticamente, quando se abre a tampa ou o estojo);
4. FIXE as pás autoadesivas no tórax da vítima. (Interrompa as
compressões torácicas imediatamente antes de fazê-lo);
5. Conecte a “caixa” do DEA com os cabos. (Em alguns modelos, os
cabos estão pré-conectados);

41
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

6. Conecte os cabos do DEA com as pás autoadesivas. (Em alguns


modelos, as pás estão pré-conectadas);
7. Retire a proteção que está detrás das pás. Interrompa a RCP;
8. Aplique as pás autoadesivas no tórax despido da vítima;
9. “Afaste-se” do paciente e ANALISE o ritmo;
10. Pressione o botão ANALISAR [ANALYZE] para iniciar a análise do
ritmo (alguns DEA não precisam desse passo);
11. “Afaste-se” sempre do paciente durante a análise. Assegure-se
de que ninguém esteja em contato com ela, nem mesmo a pessoa
encarregada da respiração de resgate;
12. “Afaste-se” do paciente e PRESSIONE o botão CHOQUE [SHOCK],
se a descarga estiver indicada;
13. Afaste-se do paciente antes de aplicar o choque; assegure-se que
ninguém esteja em contato com ela;
14. Pressione o botão CHOQUE [SHOCK] para aplicar a descarga
somente quando o DEA avisar que isto está indicado e ninguém
estiver em contato com o paciente.

Resultados e ações após a desfibrilação

Mensagem “choque indicado / choque não indicado” e ações


relacionadas:

 Se o DEA mostrar uma mensagem de “choque indicado”, afaste-


se do paciente e, depois, pressione o botão CHOQUE [SHOCK].
 Se o DEA avisa “choque não indicado”, verifique os sinais de
circulação.
 Se não há sinais de circulação, reinicie a RCP por 2 minutos,
aproximadamente. Depois, verifique novamente os sinais de
circulação.
 Se não detectar sinais de circulação, analise o ritmo do paciente
mais uma vez.

42
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Depois de 3 mensagens de “choque não indicado”, faça mais um


ciclo de RCP.
 Repita período de análise a cada 1 ou 2 minutos, enquanto
continua realizando RCP.

O DEA numa ambulância em movimento

Os DEA podem permanecer conectados enquanto o paciente é


transportado em um veículo em movimento. No entanto, nunca
pressione o botão ANALISE [ANALYZE] numa ambulância durante o
transporte; o movimento do veículo pode interferir na avaliação do
ritmo e provocar um artefato que simule uma FV. Alguns aparelhos
analisam continuamente o paciente. Se uma pessoa necessita de uma
análise do ritmo durante o transporte, e o DEA indica ao socorrista que
verifique o paciente ou recomenda um choque, pare o veículo
completamente e faça uma nova análise.

Sequência de ações com o DEA

1. Verifique a ausência de resposta (consciente / inconsciente);


2. Abra as vias aéreas (clínico / trauma);
3. Verifique se há respiração eficaz (VOS);
4. Verifique se há circulação: se não houver circulação realize
compressões torácicas e prepare-se para aplicar o DEA;
Tente a desfibrilação com o DEA.

FIGURA 9 – UTILIZAÇÃO DO DEA.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Obstrução das vias aéreas por corpo estranho–OVACE

Durante a avaliação do paciente, ao iniciar a manobra de


ventilação, o socorrista pode se deparar com uma resistência ao tentar
insuflar. Isso significa que, por qualquer problema, o ar insuflado não
está conseguindo chegar aos pulmões da vítima. Caso isso aconteça,
não adianta prosseguir na análise primária, sem antes corrigir e
eliminar a obstrução.

Causas da OVACE

Há muitos fatores que podem causar obstrução das vias aéreas,


total ou parcial. Em nível de suporte básico da vida pode-se atuar e
corrigir as mais comuns, que são:

 Obstrução causada pela língua;


 Obstrução causada por corpos estranhos.

Sinais da OVACE

O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é


indispensável para o sucesso no atendimento. O socorrista deve estar
atento, pois as obstruções de vias aéreas e consequente parada
respiratória evoluem rapidamente para parada cardiopulmonar. A
obstrução das vias aéreas pode ser parcial (leve) ou total (grave).

Uma vítima está tendo obstrução parcial das vias aéreas


quando:

 Sua respiração é muito dificultosa, com ruídos incomuns;

44
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Embora respire, a cor da pele está azulada (cianótica),


principalmente ao redor dos lábios, leito das unhas, lóbulo da
orelha e língua;
 Quando a vítima está tossindo.

Quando a vítima apresentar estes sinais, estará consciente e,


caso a troca gasosa ainda esteja satisfatória, o socorrista apenas irá
encorajá-la a tossir, aguardando que o corpo estranho seja expelido.
A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando, por
exemplo, a vítima está se alimentando ou acabou de comer e,
repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais
de asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço
respiratório exagerado. O movimento de ar pode estar ausente ou não
ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente enquanto
a vítima ainda está consciente.
Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será
utilizado e, como a obstrução de vias aéreas impede a renovação de
ar, ocorrerá à perda de consciência e rapidamente, a morte.

TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

Remoção manual

Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode


visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção digital. Somente
deve-se remover o material que cause obstrução se o mesmo for
visível.
A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima
utilizando a manobra de tração da mandíbula (em caso de trauma) ou
a de elevação do mento e introduzir o dedo indicador “em gancho”, do
canto para o centro, deslocando e retirando o corpo estranho. Estando
o corpo estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar o
45
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

dedo indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e lactente, utilizar


o dedo mínimo ou o pinçamento, em virtude das dimensões reduzidas
das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver
visível.
Caso o motivo da obstrução de uma vítima inconsciente seja a
queda da língua, a introdução a cânula orofaríngea será suficiente para
restabelecer a passagem do ar.

Aspiração

Tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros


materiais das vias aéreas. O vácuo necessário pode ser produzido com
gás comprimido (O2 ou ar), motor elétrico ou manualmente. Os
dispositivos utilizados para aplicar a sucção podem ser rígidos ou
flexíveis.

Técnica

 Se possível, o paciente deve estar monitorado com o oxímetro


de pulso;
 Pré-oxigenar com máscara e bolsa com oxigênio;
 Efetuar a limpeza manual da orofaringe;
 Introduzir o dispositivo de sucção sem aspirar;
 Aspirar na retirada, o procedimento não deve durar mais de 10
segundos;
 Retirar com movimentos rotatórios;
 Não é necessário aspirar às narinas de adultos, pois a
obstrução de vias aéreas é na boca e orofaringe;
 Antes de repetir o procedimento, o paciente deve ser
novamente oxigenado.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Complicações

A complicação mais comum é a hipoxemia pela interrupção da


ventilação, que pode causar arritmias cardíacas ou mesmo parada
cardiorrespiratória.

Manobras de desobstrução de vias aéreas em adultos

Vítima consciente

Para constatar a obstrução o socorrista deverá perguntar a


vítima: “Você está engasgado?
”Se a vítima confirmar através de movimento afirmativo
(balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista deverá avisar-lhe
que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra de Heimlich, que
consiste:

FIGURA 10 – VÍTIMA DE OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS (OVACE).


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

a) Vítima em pé ou sentada
 Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome;

47
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

FIGURA 11 – MANOBRA DE HEIMLICH.


FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

 Colocar a raiz do polegar de uma das mãos entre a cicatriz


umbilical e o apêndice xifoide;
 Envolver a mão que se encontra sobre o abdome da vítima com
a outra mão;
 Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação,
afastando as pernas e colocando uma delas entre as pernas da
vítima;
 Pressionar o abdome da vítima puxando-o para si e para cima,
por 5 vezes, forçando a saída do corpo estranho;
 Observar se a vítima expele o corpo estranho e volta a respirar
normalmente;
 Continuar as compressões até que a vítima expila o objeto ou
perca a consciência.

Caso a compressão abdominal seja inviável, por tratar-


se de paciente obeso ou gestante, realizar as
compressões na porção média inferior do osso
esterno.

Se a vítima da obstrução for à própria pessoa e essa se


encontrar sozinha, deverá forçar a tosse de maneira
insistente, ou utilizar-se do espaldar de uma cadeira
para que seja possível comprimir o abdome.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

FIGURA 12 – UTILIZAÇÃO DO ESPALDAR DE UMA CADEIRA.

b) Vítima deitada

 Posicionar a vítima em decúbito dorsal;


 Ajoelhar-se ao lado da vítima ou a cavaleiro sobre ela no nível
de suas coxas, com seus joelhos tocando-lhe lateralmente o
corpo;
 Posicionar a palma da mão sobre o abdome da vítima, entre o
apêndice xifoide e a cicatriz umbilical, mantendo as mãos
sobrepostas;
 Aplicar cinco compressões abdominais no sentido do tórax;
 Abrir a cavidade oral e observar se o corpo estranho está visível
e removê-lo;
 Repetir o processo de compressão e observação da cavidade oral
até que o objeto seja visualizado e retirado ou até a vítima
perder a consciência.

Vítima inconsciente

Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois


as compressões torácicas forçam a expelição do corpo estranho e
mantém a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda
presente no ar dos pulmões. Vale ressaltar que durante a abertura das
vias aéreas para a aplicação das ventilações de resgate, o socorrista
deverá inspecionar a boca e remover quaisquer objetos visíveis
(Protocolo 2005 AHA).

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

FIGURA 13 – APÓS A VÍTIMA TER FICADO INCONSCIENTE DURANTE A MANOBRA DE HEIMLICH,


RAPIDAMENTE O SOCORRISTA A DEPOSITA SOBRE O SOLO PARA, CASO NÃO TENHA OCORRIDO A
DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS, DAR INÍCIO AS COMPRESSÕES TORÁCICAS.

MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM


CRIANÇAS E LACTENTES

Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich,


de forma semelhante à do adulto, levando-se em consideração a
intensidade das compressões que será menor; nos lactentes, para
realizar a manobra de desobstrução, o socorrista deverá tomar os
seguintes procedimentos, após falhar a segunda tentativa de
ventilação de resgate:

Segurar o bebê sobre um dos braços, com o pescoço entre os


dedos médio e polegar e com o dedo indicador segurar o queixo
da vítima para manter as vias aéreas abertas, deixando-o com
as costas voltadas para cima e a cabeça mais baixa que o tronco;
Dar 5 pancadas com a palma da mão entre as escápulas do bebê;
Girar o bebê de modo que ele fique de frente, ainda mantendo a
cabeça mais baixa do que o tronco, e efetuar 5 compressões
torácicas através dos dedos após a indicador e médio sobre a
linha dos mamilos (idêntica às compressões realizadas na RCP);
Colocar o bebê sobre uma superfície plana e tentar retirar o
corpo estranho;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Realizar 1 insuflação e, caso o ar não passe, reposicionar a


abertura das vias aéreas;
Abrir as vias aéreas e efetuar outra insuflação. Caso o ar não
passe, retornar para as pancadas entre as escápulas e as
compressões torácicas, e repetir os procedimentos até que o
objeto seja expelido ou a vítima fique inconsciente.
Nesse caso, proceder a manobras de RCP.

OVACE em Lactentes.

FIGURA 14: ACIMA TEMOS FORMAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM LACTENTES

51
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

CHOQUE

Definição

É o quadro clinico que resulta da incapacidade do sistema


cardiovascular de prover circulação sanguínea suficiente para os
órgãos. A chegada de sangue rico em O2 aos órgãos é denominada
perfusão.

Fisiologia

Todas as células do corpo humano necessitam de oxigênio para


produzir energia através da queima da glicose – metabolismo aeróbico.
A queima da glicose produz o gás carbônico. O O2 é extraído da
atmosfera pelos pulmões e transportado ligado aos glóbulos vermelhos
pela circulação do sangue aos tecidos onde é utilizado.
A função do sistema circulatório é transportar as hemácias para
se abastecerem de oxigênio nos pulmões e depois transportá-las aos
tecidos. Na ausência de O2 as células do corpo possuem uma fonte
alternativa de produção de energia que é o metabolismo anaeróbico,
que produz menos energia e gera o acúmulo de ácido lático. Os órgãos
mais sensíveis à deficiência de O2 são cérebro, coração e pulmões,
sobrevivendo poucos minutos em metabolismo anaeróbico. A pele e os
músculos podem sobreviver de quatro a seis horas em metabolismo
anaeróbico e os órgãos abdominais podem sobreviver de 45 a 90
minutos.
O sistema circulatório é composto pelo coração, vasossanguíneos
e pelo sangue, que é o fluido movimentado sob pressão. A pressão
necessária à movimentação do sangue é gerada pela força decontração
do coração.
A pressão arterial (PA) depende da quantidade de sangue ejetada
pelo coração e do grau de contração das artérias ou resistência

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

vascular periférica que é regulada pelo sistema nervoso. Os vasos


sanguíneos são capazes de se contrair ou se dilatar de acordo com as
necessidades do corpo. Por exemplo, no exercício físico ocorre
dilatação nos músculos utilizados e contração dos vasos do tubo
digestivo; durante a digestão ocorre o contrário.
As condições fundamentais para contração eficaz do coração são
a existência de um volume suficiente de sangue para encher os vasos
sanguíneos e a manutenção de um grau eficaz de contração dos vasos
sanguíneos.

Condições causadoras do estado de choque


 Queimaduras graves;
 Hemorragias;
 Acidentes por choque elétrico;
 Envenenamento por produtos químicos e intoxicações;
 Ataque cardíaco;
 Exposição a extremos de calor ou frio;
 Dor aguda;
 Infecção grave;
 Emoções fortes;
 Lesões graves;
 Politraumatismos.

Classificação

a) Hipovolêmico: Hemorragias internas e externas, perda de plasmas


em queimaduras graves e por desidratação intensa (exemplo: diarreia
e vômitos).
b) Cardiogênico: Causado pelo Infarto agudo do miocárdio, arritmia
cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva.
c) Séptico: Ocorre em infecções graves devido à liberação de toxinas
pelo agente causador com efeito vasodilatador.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

d) Anafilático: Resulta de reação alérgica grave, que produz


substância vasodilatadores. Ex.: venenos de insetos, medicamentos,
alimentos etc.
e) Neurogênico: Desenvolve-se quando o controle autônomo dos
vasos sanguíneos falha. Normalmente o sistema nervoso controla a
contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a pressão
arterial. O traumatismo de coluna cervical com dano para a medula
espinhal, que interrompe a comunicação entre as fibras do sistema
nervoso autônomo e o sistema circulatório. Ocorre vaso dilatação e
incapacidade de responder ao choque com taquicardia. Dores intensas
são outra causa.
f) Obstrutivo: É produzido por obstrução ao enchimento e/ou ao
bombeamento cardíaco. São causas o pneumotórax hipertensivo e
tamponamento cardíaco.

Fases do estado de choque

Na ausência de tratamento é um quadro com agravamentos


progressivos que se apresenta em duas fases:

 Choque compensado: é o primeiro estágio, o organismo


consegue se equilibrar através dos mecanismos compensatórios.
A perfusão dos órgãos é mantida e os sinais e sintomas são
mínimos. Não há dano permanente, se o tratamento reverter a
causa básica.
 Choque descompensado: nesta fase ocorre redução na
perfusão, queda na pressão arterial e alterações do estado
mental. O tratamento ainda pode ser eficaz neste estágio desde
que realizado rapidamente.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Sinais do estado de choque

 Pele fria e pegajosa;


 Suor na testa e na palma das mãos;
 Face pálida, com expressão de ansiedade e agitação;
 Frio, chegando às vezes a ter tremores;
 Náusea e vômito;
 Fraqueza;
 Respiração rápida, curta e irregular;
 Visão nublada, tontura;
 Pulso fraco e rápido;
 Sede;
 Extremidades frias;
 Queda da pressão arterial;
 Poderá está total ou parcialmente inconsciente.

Tratamento

 Posicionar a vítima em decúbito dorsal;


 Observar a vítima, pois em caso de vômito deve-se virar a
cabeça da vítima para que ela não se asfixie. Caso haja
suspeita de lesão da coluna cervical a cabeça não deve ser
virada;
 Afrouxar as roupas da vítima, para facilitar respiração e
circulação;
 Fornecer oxigênio;
 Não administrar nada via oral;
 Cobri-lo com cobertores ou sacos plásticos;
 Reavaliar frequentemente os sinais vitais.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

HEMORRAGIA
FIGURA 15 TREINAMENTO DE CURATIVO COMPRESSIVO

HEMORRAGIA

Introdução

O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e


nutrientes para as células e de gás carbônico e outros excretas para
os órgãos de eliminação, possui um componente líquido chamado
plasma que representa cerca de 55% a 60% de seu volume total,
sendo composto por água, sal e proteínas.

O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de


aproximadamente 70 ml/kg de peso corporal para adultos e 80 ml/kg
para crianças, ou seja, um indivíduo com 70 kg possui
aproximadamente 4.900 ml de sangue.

Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar


as hemorragias são:

Contração da parede dos vasos sanguíneos: Os vasos sanguíneos


que possuem camada muscular contraem sua parede,
diminuindo o tamanho da abertura por onde o sangue está
escapando.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Coagulação do sangue: Inicia-se pela aderência das plaquetas,


corpúsculos que fazem parte da porção sólida do sangue sobre a
lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de
reações químicas que formam o trombo ou coágulo, que bloqueia
o escape de sangue pelo orifício do vaso lesado.

Definições

Hemorragia

É o extravasamento de sangue provocado pelo rompimento


de um vaso sanguíneo: artéria, veia ou capilar. Dependendo da
gravidade pode provocar a morte em alguns minutos. O controle da
hemorragia é prioridade. A hemorragia deve ser tratada na análise
primária, para depois tratar as vias aéreas e a ventilação do paciente.
Nesta fase deve-se remover a roupa do paciente para examinar as
hemorragias.

Hemostasia

Significa controle de sangramento, pode ser efetuada através


dos mecanismos normais de defesa do organismo isoladamente ou em
associações com técnicas de tratamento médico-básicas e avançadas.
Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por
exemplo, os hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por
traumas banais.

Classificação das hemorragias

FIGURA 16 – HEMORRAGIAS.
FONTE: GRUPAMENTO ESPECIAL DE SALVAMENTO E
AÇÕES DE RESGATE (CORTESIA ACERVO GESAR PMERJ)

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Podem ser classificadas de acordo com:

Tipo de vaso sanguíneo

 Arterial: sangramento em jato acompanhamento a contração


cardíaca. Geralmente o sangue é de coloração vermelho-viva. É
mais grave que o sangramento venoso em vasos de mesmo
calibre, pois a pressão no sistema venoso e a velocidade da perda
sanguínea são maiores.
 Venoso: Sangramento contínuo geralmente de coloração
escura.
 Capilar: Sangramento contínuo com fluxo lento.

Localização do vaso sanguíneo

 Externa: sangramento de estruturas superficiais com


exteriorização do sangramento. Podem ser controladas utilizando
técnicas básicas de primeiros socorros.

 Interna: sangramento de estruturas profundas pode ser oculto


ou se exteriorizar. As médias básicas de socorro não funcionam.
O paciente deve ser tratado no hospital.

Primeiros socorros

Estancar imediatamente a hemorragia, fazendo no local um dos


métodos que veremos mais à frente (nos casos de hemorragia externa,
pois não existe nenhum método de estancamento para hemorragia
interna).

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Hemorragia interna

Esse tipo de hemorragia ocorre quando o sangue extravasado do


vaso sanguíneo permanece dentro do corpo da vítima. É o tipo de
hemorragia mais perigosa, pois tanto a sua identificação quanto o seu
controle são mais difíceis de serem feitos fora do ambiente hospitalar.

Sinais e Sintomas de Hemorragia Interna

 Dor local;
 Pele pálida e fria;
 Edema em expansão;
 Sangramento pelo ouvido e nariz (hemorragia cerebral);
 Sede;
 Fraqueza, tontura e desmaio;
 Membro sem pulso, muitas vezes associada à fratura.

Tratamento da Hemorragia Interna

 Mantenha as vias aéreas liberadas;


 Manter a vítima deitada e o mais imóvel possível;
 Use talas infláveis em caso de fraturas (exceto fraturas
expostas);
 Transporte na posição de prevenção ao estado de choque;
 Administre oxigênio;
 Não dê nada para a vítima beber;
 Eleve o membro, caso não haja suspeita de fratura;
 Aplicar uma bolsa de gelo sobre o provável local da
hemorragia;
 Conduzir a vítima com urgência para um pronto socorro.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Alguns Tipos De Hemorragia Interna

Muitos tipos de hemorragia interna podem se apresentar, mas


neste tópico vamos abordar aqueles que podem ser encontrados com
mais frequência.

a) Hemorragia na Cabeça (narinas)

 Mantenha a vítima sentada, com a cabeça para cima;


 Comprima a narina que sangra;
 Afrouxe-lhe a roupa em torno do pescoço;
 Se o sangramento não cessar no espaço de 05 minutos,
tampe a narina que sangra com algodão ou gaze
enchumaçada;
 Encaminhe a vítima ao pronto socorro, pois esse tipo de
hemorragia pode ser a manifestação de determinadas
doenças.

b) Tórax e Abdome
 Comprima o ferimento com um pano dobrado, amarrando-o
com atadura larga;
 Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa
que o corpo, exceto em casos de fratura de crânio.

c) Hemorragia dos Pulmões

 Manifesta-se após um acesso de tosse, e o sangue que sai pela


boca é de cor vermelho rutilante.
 Deite a vítima mantendo-a em repouso;
 Tranquilize-a e não a deixe falar;
 Procure imediato auxílio médico e remova a vítima para um
pronto socorro.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

d) Hemorragia Digestiva

 A vítima apresenta náuseas e pode vomitar sangue vivo ou


digerido, semelhante à borra de café;
 Mantenha a vítima em repouso e providencie sua remoção para
o hospital.

Hemorragia externa

É de mais fácil identificação, pois basta visualizar o local onde


ocorre a perda de sangue. Os sinais e sintomas são praticamente os
mesmos descritos para as hemorragias externas, e os métodos de
contensão, veremos a seguir:

a) Compressão Direta
Comprimir diretamente o local de sangramento usando
compressa estéril, se possível. Nos ferimentos com objetos
penetrantes, devem-se comprimir ambos os lados do objeto. Pode-se
fazer um curativo compressivo usando compressas ou faixas elásticas,
se isso for suficiente para o estancamento da fratura, caso contrário
mantenha a compressão direta.

FIGURA 17 – COMPRESSÃO DIRETA NA LESÃO SANGRANTE(INSTRUÇÃO PARA INTEGRANTES DO GAT E


PATAMO DO 25º BPM COM O 1º TEN PM ENF JAMIL)

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

É a técnica mais adequada e mais utilizada, pois além de parar


o sangramento, não interrompe a circulação sanguínea para o
membro ferido.
Quando se localiza grande hemorragia deve-se imediatamente
realizar-se a compressão direta para posteriormente fazer o
tamponamento.

b) Elevação do Membro

A compressão direta não sendo suficiente para estancar o


sangramento, deve-se elevar o membro lesionado. Deve-se ter
cuidado ao elevar uma extremidade fraturada ou com uma luxação.

c) Pontos de Pressão

Outro método de controlar o sangramento é aplicando pressão


profunda sobre uma artéria proximal à lesão. Esta é uma tentativa de
diminuir a chegada de sangue à ferida. Os principais pontos de pressão
é a artéria braquial, a artéria axilar, a artéria poplítea, a artéria
femoral.

d) Tamponamento

Consiste em cobrir o local do sangramento com gaze ou pano


limpo e estéril, se possível, e envolvê-lo firmemente com uma atadura.
É uma técnica de estancamento adequada e mais utilizada, pois para
o sangramento e não interrompe a circulação.

e) Torniquete
Essa técnica praticamente interrompe a circulação. Só deverá
ser utilizada em duas situações, se necessário: no caso de amputação

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

de membro, quando o corte foi muito extenso e romper vasos


sanguíneos ou quando a compressão direta não estancar a hemorragia.
Essa técnica não é aconselhada por provocar o necrosamento do
órgão, ou membro e, consequentemente sua amputação. Deve-se usá-
la como último recurso.

Tratamento De Uma Hemorragia Externa

 Nunca toque na ferida;


 Não toque e nem aplique medicamento ou qualquer produto
no ferimento;
 Não tente retirar objeto empalado;
 Proteger com gazes ou pano limpo, fixando com bandagem,
sem apertar o ferimento;
 Fazer compressão local suficiente para cessar o
sangramento;
 Se o ferimento for a membros, deve-se elevar o membro
ferido, caso não haja fratura;
 Caso não haja controle do sangramento, pressione os pontos
arteriais;
 Encaminhar a vítima o mais rápido possível para um pronto
socorro.

QUEIMADURAS

Introdução

Lesão do tecido de revestimento do corpo, causada por agentes


térmicos, químicos, radioativos ou elétricos, podendo destruir total ou
parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais profundas
(músculos, tendões e ossos).

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Noções básicas

A pele é o maior órgão do corpo humano e a barreira contra


perda de água e calor pelo corpo, tendo também um papel importante
na proteção contra infecções.
Pacientes com lesões extensas de pele tendem a perder líquido
corporal e temperatura e se tornam mais propensos a infecções.

Origem das queimaduras

As queimaduras podem ter origem térmica, elétrica, químicas


ou por radiação.

a) Térmicas
Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases
e do calor de chamas.
b) Elétricas
Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa
voltagem. Na realidade o dano é ocasionado pela produção de calor
que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido. São
difíceis de avaliar e, mesmo as lesões que parecem superficiais, podem
ter danos profundos a músculos, nervos e vasos. A eletricidade,
principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e lesão do
sistema nervoso.
c) Químicas
Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas, liquidas ou
sólidas, com a pele.
d) Radiação
Resulta da exposição à luz solar, fontes nucleares ou qualquer outra
fonte de energia emitida sob forma de ondas ou partículas.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Gravidade da queimadura

FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE QUEIMADURAS.

Depende da causa, profundidade, percentual de superfície


corporal queimada, localização, associação com outras lesões,
comprometimento de vias aéreas e estado prévio da vítima.

Queimaduras de 1º GRAU

 Lesão superficial da
epiderme;
 Vermelhidão;
 Dor local suportável;
 Não há formação de
bolhas;
 Lavar o local com água
fria corrente.
FIGURA 19 – QUEIMADURA DE 1º GRAU.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Queimaduras de 2º GRAU

 Lesão da epiderme e derme;


 Formação de bolhas;
 Desprendimento de camadas da pele;
 Dor e ardência locais de intensidade variável;
 Lavar o local com água fria corrente

FIGURA 20 – QUEIMADURA DE 2º GRAU.

Queimaduras de 3º GRAU

 Lesão da epiderme, derme e tecido subcutâneo;


 Destruição dos nervos, músculos, ossos etc.;
Retirar anéis, pulseiras, tornozeleiras e congêneres, pois a
vítima provavelmente sofrerá inchaço.

FIGURA 21 – QUEIMADURA DE 3º GRAU.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Gravidade quanto à extensão

Queimaduras graves são as grandes queimaduras que atingem


mais de 13% de área corporal queimada.
O risco de vida está mais relacionado com a extensão (choque,
infecção) do que com a profundidade.

São consideradas queimaduras graves:

Em períneo;
Queimaduras do 3º Grau, elétricas, por radiação;
Com mais de 13% da área corpórea;
Com lesão das vias aéreas;
Queimaduras em pacientes idosos, infantis e pacientes com
doença pulmonar.

FIGURA 22 – REGRA DOS 9.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Primeiros Socorros

 Prevenir o Estado de Choque (cobrir o paciente);


 Evitar infecções na área queimada, protegendo-o;
 Controlar a dor;
 Umedecer o local com soro fisiológico;
 Administrar oxigênio;
 Encaminhar a vítima ao pronto socorro o mais rápido
possível.

Procedimentos

Queimaduras térmicas

 Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou


cobrindo-a com um cobertor (em direção aos pés);
 Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência
(especial atenção para VAS em queimadas de face);
 Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas
aderidas ao local, recortar em volta;
 Retirar pulseiras, anéis, relógios etc.;
 Estabelecer extensão e profundidade das áreas queimadas;
 Quando de 1º grau banhar o local com bastante água fria
ou soro fisiológico;
 Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com
infecção;
 Cobrir regiões queimadas com curativo úmido, frouxo,
estéril ou limpo, para aliviar a dor e diminuir os riscos de
contaminação;
 Transporte o paciente para um hospital, se necessário.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Queimaduras químicas

 Afaste o produto da vítima ou a vítima do produto;


 Verificar VAS, respiração, circulação e nível de consciência e
evitar choque;
 Retirar as roupas da vítima;
 Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção;
 Identificar o agente químico:
 Ácido lavar por 05 minutos;
 Álcali lavar por 10 minutos;
 Na dúvida lavar por 15 minutos;
 Se álcali seco não lavar, retirar manualmente (exemplo: soda
cáustica);
 Cubra a região com um curativo limpo e seco e previna o
choque.

Queimadura nos olhos

.
 Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com
soro fisiológico por no mínimo 15 minutos;
 Encaminhar a vítima para um pronto socorro o mais rápido
possível.

FIGURA 23 – VÍTIMA DE QUEIMADURA NOS OLHOS

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Queimaduras elétricas

FIGURA 24 – QUEIMADURA ELÉTRICA.

 Desligar a fonte ou afastar a vítima da fonte;


 Verificar sinais vitais da vítima;
 Avaliar a queimadura (ponto de entrada e de saída);
 Aplicar curativo seco;
 Prevenir o choque.

Intoxicações

As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou


introdução no organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas,
como entorpecentes, medicamentos, produtos químicos utilizados em
laboratório e limpeza, alimentos deteriorados, venenos, gases tóxicos.
As intoxicações podem ser subdivididas de acordo com o tempo
de ocorrência: aguda (até 24 horas do acidente), subagudas (os
primeiros dias após) e, seguidamente sub crônicas (até um mês) e
crônicas, exposição a determinada substância durante longo tempo,
resultando em acumulação do composto no corpo (metais, como o
chumbo, por exemplo).

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Tóxico

Tóxico ou veneno é qualquer substância que afeta a saúde ou


causa a morte por sua ação química quando interage com o
organismo. É importante informar que todo medicamento apresenta
propriedades terapêuticas. Entretanto, em doses excessivas, todos
podem tornar-se tóxicos.

Intoxicação

Emergência médica caracterizada por distúrbios no


funcionamento de órgãos ou sistemas causados pela interação com o
organismo humano de substâncias tóxicas de quaisquer naturezas.

Substâncias normalmente envolvidas


 Medicamentos: antidepressivos, estimulantes, analgésicos;
 Derivados de petróleo: gasolina, óleo diesel, graxa, naftalina;
 Cosméticos: esmalte, acetona, talcos;
 Pesticidas, raticidas, agrotóxicos;
 Plantas venenosas: comigo-ninguém-pode; trombeta;
 Outros: drogas; alimentos contaminados; limpadores
domésticos; chumbo; pomadas, cremes, contato com insetos
(taturana); picada de insetos, acidente ofídico, drogas injetáveis.

Vias de ingresso do agente nocivo


a) Ingestão: deglutição de substâncias químicas, acidental ou
intencionalmente;
b) Inalação: aerossóis, pós, fumaças, gases;
c) Absorção: através do contato direto da pele com certas
substâncias;
d) Injeção: inoculada no organismo humano através de peçonhas ou
seringas.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Sinais e/ou sintomas gerais das intoxicações

 Queimaduras ou manchas ao redor da boca;


 Formação excessiva de saliva ou espuma na boca;
 Odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes da
vítima;
 Respirações rápidas e superficiais;
 Pulso alterado na frequência e ritmo;
 Sudorese;
 Alteração do diâmetro das pupilas;
 Dor abdominal;
 Náuseas; vômitos;
 Diarreia;
 Hemorragias digestivas;
 Distúrbios visuais;
 Tosse;
 Reações na pele, que podem variar de irritação até
queimaduras químicas;
 Coceiras (pruridos) e ardência na pele;
 Aumento da temperatura da pele;
 Picadas e mordidas visíveis na pele com dor ou inflamação;
 Confusão mental, inconsciência
 Convulsões;
 Choque anafilático;
 Parada respiratória ou cardiorrespiratória.

Tratamento pré-hospitalar das intoxicações

 Garantir a segurança pessoal e da equipe de resgate - (uso


de EPI e EPR);

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Remover a vítima do local de risco, especialmente quando


exposta à atmosfera gazeada;
 Realizar a análise primaria e secundária e tratar os
problemas em ordem de prioridade;
 Remover as roupas do acidentado caso estejam
contaminadas;
 Nos casos de contato da pele da vítima com substâncias
químicas, lavar com água limpa ou soro fisiológico, a fim de
remover o máximo de substâncias possíveis;
 Mantenha a temperatura corporal da vítima estabilizada;
 Vítimas inconscientes que apresentem possibilidade de
vomitar devem ser posicionadas e transportadas na Posição
de Recuperação;
 Vítimas conscientes apresentando dificuldade respiratória
devem ser posicionadas e transportadas em decúbito
elevado (semi sentada);
 Transporte junto com a vítima: resto de substâncias,
recipientes e aplicadores de drogas ou vômito.

OBS: Tenha certeza que a vítima não possui


traumatismos, pois as drogas podem
"mascarar" a dor!

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Angina

Estreitamento da artéria do coração.

Sinais e Sintomas
 Dor (esforço ou emoção);

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Geralmente curta duração;


 Melhora o uso de vasodilatadores.

Conduta
 Manter a vítima em repouso;
 Monitorar sinais vitais;
 Transportar ao hospital com O2;
 Transportar na posição semi sentado.

Infarto Agudo do Miocárdio

Decorrente da obstrução de uma artéria do músculo cardíaco.

Sinais e Sintomas
 Dor súbita de duração prolongada na região do peito;
 Não é aliviada;
 Dor pode irradiar para áreas adjacentes do coração;
 Mal-estar (náuseas, vômitos, palidez, sudorese e choque).

Conduta
 Manter a vítima em repouso;
 Monitorar sinais vitais;
 Afrouxar as vestes;
 RCP se necessário;
 Usar O2;
 Transportar na posição semi sentado.

Desmaio

Perda curta de consciência

Sinais e Sintomas

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Perda da Consciência.

Conduta
 Afastar a vítima do local agressor;
 Monitorar os sinais vitais;
 Cabeça mais baixa do que o resto do corpo.

Diabetes

Doença de caráter hereditário, caracterizada pela deficiência de


insulina, hormônio produzido pelo pâncreas.

Sinais e Sintomas
 Poliúria (urina abundante);
 Polidipsia (sede);
 Polifagia (fome);
 Emagrecimento.

Sinais do Como Diabético


 Pele seca e mucosas ressecadas;
 Olhos encovados (ressecados);
 Náuseas e vômitos;
 Respiração rápida;
 Dores abdominais e torácicas;
 Dores musculares;
 Hipotensão e taquicardia;
 Sonolência e taquicardia;
 Hálito cetônico.

Conduta
 Colocar a vítima em repouso;
 Tentar identificar se é diabética;

75
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Procurar recurso hospitalar;


 Administrar O2.

Asma ou Bronquite

É a constrição da musculatura dos brônquios, dificultando a


passagem do ar.

Sinais e Sintomas
 Dificuldade respiratória;
 Ruídos respiratórios audíveis;
 Uso de toda musculatura do tórax;
 Ansiedade e agitação;
 Cianose dos lábios.

Conduta
 Afastar a vítima do local agressor;
 Repouso na posição sentado;
 Ministrar O2;
 Observar sinais vitais;
 Transportar para o hospital.

Edema Agudo de Pulmão


Enchimento do pulmão por líquido, devido ao mau
funcionamento do coração.

Sinais e Sintomas
 Respiração difícil;
 Secreção pulmonar abundante.

Conduta
 Repouso com tórax elevado;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Fazer garrote em 03 membros,


 Rodiziando entre eles, a cada 10 minutos. Manter sinais vitais;
 Encaminhar a recurso hospitalar.

AVC – Acidente Vascular Cerebral (Derrame)

Lesão cerebral pode ser definida por interrupção do fluxo


sanguíneo a determinada área do sistema nervoso central.

Sinais e Sintomas
 Tontura;
 Dor de cabeça;
 Hemiplegia (paralisia unilateral);
 Às vezes sangramentos.

Conduta
 Monitorar sinais vitais;
 Ministrar O2;
 Posição de coma para transporte;
 Procurar recurso médico.

Coma

Alteração do nível de consciência.

Sinais e Sintomas
 Qualquer reação que comprove mudança no nível de
consciência.

Conduta
 Monitorar sinais vitais;
 RCP se necessário;

77
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Transporte na posição de coma;


 Afrouxar as vestes;
 Histórico médico (causa do coma);
 Transporte para hospital com O2.

Convulsão

Define-se como abalos musculares de parte ou de todo o corpo,


decorrente do funcionamento anormal do sistema nervoso central.

Conduta
 Proteger a vítima;
 Proteger a língua com um pedaço de pano;
 Cabeça colocada lateralmente;
 Se em 05 minutos não passar, transportar para o hospital.

TRAUMATISMO

Sargento, você sabia que o trauma é uma “doença” da


sociedade moderna que resulta em perdas de vidas humanas,
incapacidade física e consideráveis
problemas de ordem social e econômica e que
a palavra trauma vem do grego, trauma e
significa ferida?

Tendo como princípio que a maioria dos “acidentes” poderia ser


evitada, faz sentido a expressão “é melhor prevenir do que remediar”.
Dentro desse ponto de vista, o trauma deve ser encarado como
doença, ao invés de mero “evento acidental”.
Em 1966, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos
(National Academy of Sciences) publicou um trabalho que se tornou

78
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

referência no desenvolvimento dos sistemas modernos de atendimento


ao traumatizado, reconhecendo que “em longo prazo, a solução para o
problema do trauma é a prevenção”.
A violência interpessoal, os acidentes de trânsito, as quedas e os
acidentes de trabalho constituem as causas mais comuns de
mortalidade por causas externas (trauma) entre a ampla faixa etária
de 1 a 44 anos de idade, sendo os homens adultos jovens os mais
vulneráveis a sofrerem traumatismos, especialmente em relação às
agressões.
O trauma ocupa hoje a terceira causa geral de morte na
população brasileira, superado apenas pelas doenças cardiovasculares
e neoplasias.
Nesse módulo aprenderemos a prestar atendimento a uma vítima
de trauma, visando à manutenção de seus sinais vitais e à preservação
da vida, além de evitar o agravamento das lesões existentes, até que
uma equipe especializada possa transportá-la ao hospital e oferecer
um tratamento definitivo.
“Apesar de qualquer cidadão poder ajudar em uma situação de
emergência, é importante lembrar que isso não o torna um socorrista”
profissional. Para se profissionalizar é necessário adquirir muito mais
informações e habilidades, treinamento adequado e, inclusive, para
muitas das funções, diploma e registro profissional. Portanto, devemos
preferir, sempre que possível, o atendimento pelos socorristas, que
contam com formação qualificada e equipamentos especiais para
realizá-lo.
Nesta disciplina serão abordadas situações de urgências e
emergências mais comumente encontradas pelo profissional de saúde
no ambiente pré-hospitalar e as principais condutas a serem tomadas
até a chegada de equipe especializada para atendimento e transporte
do paciente ao hospital.

79
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Lesão Cerebral Traumática

Fraturas de crânio

As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que


receberam impacto na cabeça. A gravidade da lesão depende do dano
provocado no cérebro.
As lesões cerebrais são mais frequentes nos traumatismos sem
fratura de crânio.
As fraturas poderão ser abertas ou fechadas:

 Fraturas de crânio Abertas: São aquelas que permitem a


comunicação entre as meninges ou o cérebro e o meio exterior.
Há ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura.
 Fraturas de crânio fechadas: São as que afetam o osso sem,
entretanto, expor o conteúdo da caixa craniana, não existe
solução de continuidade da pele.

Lesões Encefálicas

Concussão: Quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na


face, pode haver uma concussão encefálica. Não existe um acordo
geral sobre a definição de concussão, exceto, que esta envolve a perda
temporária de alguma ou de toda a capacidade da função encefálica
podendo não haver lesão encefálica demonstrável.
O paciente que sofre uma concussão pode se tornar
completamente inconsciente e incapaz de respirar em curto período de
tempo ou ficar apenas confuso. Em geral o estado de concussão é
bastante curto e não deve existir quando o socorrista chegar ao local
do acidente.

80
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Se o paciente não consegue se lembrar dos eventos


ocorridos antes da lesão (amnésia), existe uma
concussão mais grave.

Contusão: O cérebro pode sofrer uma contusão quando qualquer


objeto bate com força no crânio. A contusão indica a presença de
sangramento a partir de vasos lesados.
Quando existe uma contusão cerebral, o paciente pode perder a
consciência. Outros sinais de disfunção por contusão incluem a
paralisia de um dos lados do corpo, dilatação de uma pupila e alteração
dos sinais vitais. As contusões muito graves podem produzir
inconsciência por período de tempo prolongáveis e também causar
paralisia em todos os membros. Mesmo em contusões graves, pode
haver recuperação sem necessidade de cirurgia intracraniana.
As mudanças na recuperação são diretamente proporcionais
aos cuidados dispensados ao paciente desde o inicio das lesões. Os
pacientes devem receber ventilação adequada, reanimação
cardiorrespiratória quando necessário, devendo ser transportado para
o serviço de emergência para uma avaliação e cuidados
neurocirúrgicos.

Tipos de Lesões Encefálicas

Diretas: São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio,


perfurando-o e lesando o encéfalo.
Indiretas: Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do
cérebro na calota craniana, com consequente dano celular,
hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressãodo
tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela
hemorragia e edema causa lesão nas células cerebrais.

81
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Sinais e Sintomas do Trauma Crânio-Encefálico (TCE).

 Cefaleia e/ou dor no local da lesão.


 Náuseas e vômitos.
 Alterações da visão.
 Alteração do nível de consciência podendo chegar à
inconsciência.
 Ferimento ou hematoma no couro cabeludo.
 Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento).
 Pupilas desiguais (anisocoria).
 Sangramento observado através do nariz ou ouvidos.
 Líquido claro (líquor) que flui pelos ouvidos ou nariz.
 Alteração dos sinais vitais.
 Postura de decorticação ou descerebração.

FIGURA 25: SINAIS DE TRAUMA CRÂNIO – ENCEFÁLICO.

Tratamento Pré-Hospitalar

a) Corrija os problemas que ameaçam a vida, mantendo a


permeabilidade das VA, a respiração e a circulação. Administrar
oxigênio (conforme protocolo local).

82
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

b) Suspeite de lesão cervical associada ao acidente e adote os


procedimentos apropriados.
c) Controle hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelo
ouvidos ou nariz).
d) Cubra e proteja os ferimentos abertos.
e) Mantenha a vítima em repouso.
f) Proteja a vítima levando em consideração a possibilidade de
entrar em convulsão.
g) Monitore o estado de consciência, a respiração e o pulso.
h) Trate o choque e evite a ingestão de líquidos ou alimentos.
i) Esteja preparado para o vômito.

 Nunca tentar remover objetos transfixados na cabeça.


 Não se deve conter sangramento ou impedir a saída de
líquidos pelo nariz ou ouvidos nos traumatismos crânio-
encefálicos (TCE). Poderá ocorrer aumento na pressão
intracraniana ou infecção no encéfalo.

Traumatismos de Face

O principal perigo das lesões e fraturas faciais são os fragmentos


ósseos e o sangue que poderão provocar obstruções nas vias aéreas.

Sinais e Sintomas

 Coágulos de sangue nas vias aéreas;


 Deformidade facial;
 Equimose nos olhos;
 Perda do movimento ou impotência funcional da
mandíbula;
 Dentes amolecidos ou quebrados (ou a quebra de
próteses dentárias);

83
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe


severo na face.

Tratamento Pré-Hospitalar

É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em


tecidos moles, sua atenção deve estar voltada para manutenção da
permeabilidade das vias aéreas e controle de hemorragias. Cubra com
curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja
preparado para o choque.

Traumatismo Raqui Medular (Trm)

FIGURA 26 – IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL (INSTRUÇÃO APH DO 1º TEN PM ENF JAMIL)

São aqueles onde ocorre o comprometimento da estrutura óssea


(vértebras) e medula espinhal. Os danos causados por traumas nessas
estruturas poderão ocasionar lesões permanentes, se a região atingida
for a cervical poderá comprometer a respiração, levar à paralisia ou
até mesmo a morte.

Sinais e Sintomas

 Dor regional (pescoço, dorso, região lombar);

84
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e


inferiores;
 Perda da capacidade de movimentação dos membros
(paralisia);
 Sensação de formigamento nas extremidades;
 Deformidade em topografia da coluna;
 Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápula ou região
dorsal do paciente;
 Perda do controle urinário ou fecal;
 Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento
torácico;
 Priapismo (ereção peniana contínua).

Complicações

 Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios).


 Respiração sendo feita exclusivamente pelo diafragma;
 A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos,
podendo se instalar o choque (neurogênico).

Tratamento Pré-Hospitalar

1. Corrija os problemas que ameaçam a vida mantendo a


permeabilidade das V A, a respiração e a circulação.
2. Controle o sangramento importante.
3. Administre oxigênio.
4. Evite movimentar o paciente e não deixe que ele se
movimente.
5. Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que
necessite de RCP, de controle de sangramento que ameace a
vida e/ou de remoção do local por risco iminente.

85
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

6. Imobilize a cabeça e o pescoço com emprego do colar


cervical, fixadores de cabeça e prancha rígida.
7. Monitore os sinais vitais constantemente (cuidado com o
choque e a parada respiratória).

 Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão nacoluna,


o socorrista deverá realizar todas as manobras mantendo
fixos a cabeça e o pescoço.

TRAUMA TORÁCICO

Sinais e Sintomas

Dependendo da extensão, presença de lesões associadas (fratura


de esterno, costelas e vértebras) e comprometimento pulmonar e/ou
dos grandes vasos, o paciente poderá apresentar:
 Aumento da sensibilidade ou dor no local da fratura que se
agrava com os movimentos respiratórios;
 Respiração superficial (dificuldade de respirar, apresentando
movimentos respiratórios curtos);
 Eliminação de sangue através de tosse;
 Cianose nos lábios, pontas dos dedos e unhas;
 Postura característica: o paciente fica inclinado sobre o lado da
lesão, com a mão ou o braço sobre a região lesada. Imóvel;
 Sinais de choque (pulso rápido e PA baixa).

Fratura de Costelas

As fraturas de costelas, geralmente, são causadas por


traumatismos torácicos diretos ou por compressão e estão associadas
à produção de lesões de vasos, pulmões e hemorragias, podendo
acarretar tórax instável. Fratura simples de costelas, por si só,

86
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

raramente representa risco de morte no adulto. As fraturas de costelas


inferiores podem originar lesões de baço, rins ou fígado.

Sinais e Sintomas

 Dor na região da fratura;


 Dor à respiração, movimentos respiratórios curtos;
 Crepitação.

Tratamento pré-hospitalar

a) Na fratura de uma ou duas costelas, o socorrista deverá


posicionar o braço do paciente sobre o local da lesão.
b) Usar bandagens triangulares como tipoia e outras para fixar o
braço no tórax.

 Não use esparadrapo direto sobre a pele, para imobilizar


costelas fraturadas.

Tórax instável

Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois


pontos. Provoca a respiração paradoxal. O segmento comprometido se
movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da caixa
torácica durante a inspiração e a expiração.
Enquanto o tórax se expande o segmento comprometido se
retrai e quando a caixa torácica se contrai o segmento se eleva.

Tratamento pré-hospitalar

a) Estabilize o segmento instável que se move paradoxalmente


durante as respirações;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

b) Use almofadas pequenas ou compressas dobradas presas com


fita adesiva larga;
c) O tórax não deverá ser totalmente enfaixado;
d) Transporte o paciente deitado sobre a lesão ou na posição que
mais lhe for confortável;
e) Ministre oxigênio suplementar.

Ferimentos penetrantes

São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por


objetos que não se encontram cravados, assim como lesões
provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos
acidentes de trânsito etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar
entrando e saindo pelo orifício.

Tratamento pré-hospitalar

a) Tampone o local do ferimento usando a própria mão protegida


por luvas, após a expiração;
b) Faça um curativo oclusivo com plástico ou papel aluminizado
(curativo de três pontas), no entanto deve – se tomar cuidado,
pois a oclusão completa do ferimento pode provocar um
pneumotórax hipertensivo grave;
c) Previna o estado de choque;
d) Conduza com urgência para um hospital e ministre O2.

Objetos cravados ou encravados

Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro,


facas, lascas de madeiras, ferragens etc.). As tentativas de remoção
poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos
próximos da lesão.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Tratamento pré-hospitalar

a) Controle a hemorragia por pressão direta;


b) Use curativo volumoso para estabilizar o objeto encravado,
fixando-o com fita adesiva;
c) Transporte o paciente administrando oxigênio suplementar.

Pneumotórax hipertensivo

Ocorre quando há acúmulo de ar no espaço pleural e esse ar não


sai da cavidade. À medida que o ar se acumula, a pressão intratorácica
aumenta bruscamente, comprimindo o coração e o pulmão. A
hemorragia no interior da caixa torácica, hemotórax, também provoca
compressão do pulmão, levando à insuficiência respiratória.
Sinais e sintomas

- Insuficiência respiratória.
- Pulso fraco.
- Desvio de traqueia contralateral.
- Hipotensão.
- Estase jugular.
- Cianose.
- Sinais de choque.

Tratamento pré-hospitalar

Avalie a respiração e a circulação, procedam às intervenções


necessárias.
- Ministre oxigênio suplementar.
- Monitore constantemente os sinais vitais.
-Transporte o paciente.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

AMPUTAÇÕES

São lesões geralmente relacionadas a acidentes automobilísticos


(amputações traumáticas). Seu tratamento inicial deve ser rápido, pela
gravidade da lesão e pela possibilidade de reimplante. Deve-se
controlar a hemorragia, aplicar curativo estéril e fixá-lo com bandagens
ou ataduras; guardar a parte amputada envolta em gaze estéril
umedecida com soro fisiológico, colocando dentro de um saco plástico
e este então dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de
gelo.

LESÕES DO CORAÇÃO E PULMÃO

O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax


hipertensivo que resulta em colapso pulmonar. As hemorragias no
interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do
pulmão, levando também à insuficiência respiratória. As lesões na
caixa torácica acabam provocando lesões internas nos pulmões e no
coração. O sangue envolvendo a cavidade do pericárdio pode também
resultar em uma perigosa compressão no coração.

 Todas estas lesões são emergências sérias que requerem


pronta intervenção médica.

Sinais e Sintomas (lesões do coração e pulmão)

 Desvio de traqueia;
 Estase jugular;
 Cianose;
 Sinais de choque;
 Enfisema subcutâneo etc.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Tratamento pré-hospitalar

Ministre O2 e conduza com urgência para receber tratamento


médico.

TRAUMA ABDOMINAL

Ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando 50% das


mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é explicada pelo
fato de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado na
avaliação inicial da sala de emergência.

Tipos de lesão

Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes,


dependendo da integridade da parede abdominal. Os traumatismos
fechados podem ser por compressão dos órgãos abdominais ou por
aceleração-desaceleração, e são cinco vezes mais frequentes que os
penetrantes. Os pacientes podem não ter dor ou evidencias de trauma
ao exame.
Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma
branca ou arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil
ou da lâmina pode ser imaginada, levando o socorrista a suspeitar da
lesão de determinados órgãos. Porém, deve-se levar em conta que
lesões torácicas baixas podem atingir órgãos do abdome, pois o
diafragma se eleva até o quarto espaço intercostal durante a expiração.
A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por arma de fogo,
pois as lesões aos órgãos abdominais são bem mais frequentes.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Anatomia do abdome

O abdome contém os principais órgãos do sistema digestivo,


endócrino e urogenital e os grandes vasos do sistema circulatório. A
cavidade abdominal fica abaixo do diafragma e seus limites são: na
frente, a parede abdominal anterior; inferiormente, os ossos pélvicos;
posteriormente, a coluna vertebral e lateralmente os músculos do
abdome e flancos.
Na porção superior do abdome ficam o fígado e o baço, órgãos
estes protegidos anteriormente pela coluna vertebral. As fraturas de
costelas inferiores se associam a lesões a estes órgãos. A porção
inferior dos intestinos é protegida pela pelve e a hemorragia pela
fratura de pelve, é um problema nestes casos.
Os órgãos do abdome podem ser divididos em três grupos:
vasculares, sólidos e ocos.
 Órgãos sólidos: fígado, baço, pâncreas e rins. Estas estruturas
se caracterizam por possuir suprimento sanguíneo importante.
As lesões a estes órgãos produzem hemorragia e choque
hipovolêmico.
 Órgãos ocos: estômago, vesícula biliar, intestino delgado e
grosso. A lesão a qualquer um destes órgãos causa vazamento
de secreções para a cavidade abdominal e peritonite (inflamação
do peritônio, membrana que envolve as vísceras).
 Vasos sanguíneos: os mais importantes são a aorta e cava
inferior. A lesão destas estruturas causa hemorragia volumosa
e choque hipovolêmico.

A complicação pré-hospitalar que deve ser mais temida pelo


socorrista é a hemorragia interna, que pode causar o choque
hipovolêmico. A perfuração de vísceras ocas e perda de função dos
órgãos também são graves, podendo causar a morte, porém são
manifestações tardias e ocorrem no hospital.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Pelo que pode ser observado nos dados da tabela 1, os


traumatismos de fígado e de baço são os mais comuns. Os de fígado,
nos traumatismos penetrantes, e os de baço nos fechados.

Avaliação

Não tentar fazer diagnóstico preciso no pré-hospitalar, o tempo


é fundamental.

Mecanismo de trauma

Ferimentos penetrantes: devem ser consideradas lesões críticas


mesmo que o paciente esteja aparentemente estável, por isso deve -
se suspeitar de traumatismo abdominal significativo em todos os
pacientes com ferimentos penetrantes, especialmente os causados por
arma de fogo. Nos traumatismos fechados deve - se avaliar o estado
do painel do carro e da carroceria do veículo, correlacionando-os com
as lesões observadas no paciente.

Conhecimento

Dor abdominal: pode ser mascarada por alterações do nível de


consciência e produzida por drogas, traumatismos de cabeça ou por
lesões de medula espinhal. Alguns pacientes têm dor abdominal
produzida por fratura de arcos costais ou de pelve.

Inspeção

Expor o abdome e observar ferimentos penetrantes (entrada e


saída), evisceração, contusões, empalamento e hemorragias externas.
A distensão abdominal sugere lesão visceral.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Palpação

Deve ser feita nos quatro quadrantes, visando determinar:


sensibilidade, descompressão dolorosa e defesa. O exame detalhado
feito no ambiente hospitalar está contraindicado no atendimento
emergencial. A dor e a distensão abdominais indicam que o paciente
tem risco de choque iminente e são indicações de transporte rápido.

Técnica

 Ausculta: não é importante no ambiente pré-hospitalar, pois não


altera a conduta.

 Hipotensão arterial e taquicardia: nas vítimas de traumatismo


sem evidências de hemorragia externa, devem fazer o socorrista
suspeitar de sangramento interno.
 Por vezes estes são os únicos sinais de traumatismos de abdome.

Conduta

A prioridade é a desobstrução das vias aéreas, ventilação


pulmonar e manutenção circulatória. Manter cuidados com a coluna
cervical, se indicados. Como o tratamento das lesões abdominais é
cirúrgico, o tempo de chegada ao hospital é crucial.

 O pulso e a pressão arterial devem ser constantemente


monitorizados durante o transporte devido ao risco de
hemorragia interna que levam ao choque.
 Administrar oxigênio suplementar em alto fluxo em todos os
casos.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Obter acesso venoso e o iniciar durante o transporte a


reposição com Ringer lactato, desde que autorizado pelo
controle médico.
 O transporte rápido ao hospital é fundamental para diminuir a
mortalidade.

Ter sempre um alto índice de suspeita na presença de


mecanismo de lesão compatível.

Lesões específicas

Objeto penetrante parcialmente exteriorizado

 Não remover os objetos que penetram o abdome, pois existe


risco significativo de precipitar hemorragia.
 Expor a lesão.
 Estabilizar o objeto com curativo.
 Não tentar quebrar ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em
que isso seja essencial para o transporte.

Evisceração

 Não tentar reintroduzir no abdome os órgãos eviscerados.


 Cobrir as vísceras com compressas estéreis úmidas (solução
salina).
 Envolver o curativo com bandagem.
 Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos
fletidos (se não houver traumatismos de membros inferiores
que contraindiquem esta pos.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

TRAUMA MÚSCULO – ESQUELÉTICO

Fratura

É a ruptura total ou parcial de um osso.

Classificação das fraturas

 Fechada (simples): A pele não foi perfurada pelas


extremidades ósseas;
 Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele ou
existe uma ferida associada que se estende desde o osso
fraturado até a pele.

FIGURA 27: FRATURAS.

Sinais e sintomas da fratura

a) Deformidade: A fratura produz uma posição anormal ou


angulação, num local que não possui articulação;
b) Sensibilidade: O local da fratura está muito sensível à dor;
c) Crepitação: Quando a vítima é movimentada podemos escutar
um som áspero, produzido pelo atrito das extremidades
fraturadas. Este sinal não deve ser pesquisado intencionalmente,

96
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

porque aumenta a dor e pode provocar outras lesões nos tecidos


moles;
d) Edema e Alteração de coloração: Quase sempre a fratura é
acompanhada de certo inchaço, que é provocado pelo líquido
entre os tecidos e as hemorragias. Esta alteração pode demorar
horas para aparecer;
e) Impotência Funcional: É a perda total ou parcial dos movimentos
das extremidades. A vítima geralmente protege o local fraturado,
pois qualquer movimentação é difícil e dolorida;
f) Fragmentos expostos: Numa fratura aberta ou exposta, os
fragmentos ósseos podem se projetar através da pele ou serem
vistos no fundo do ferimento.

Luxação

É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação,


fazendo com que as superfícies articulares percam o contato entre si.

FIGURA 28: LUXAÇÃO.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Sinais e sintomas de luxação

 Deformidade mais acentuada na articulação luxada;


 Edema;
 Dor, principalmente quando a região é movimentada;
 Impotência funcional, com a perda completa ou parcial dos
movimentos.

Entorse

Sargento, você sabe o que é entorse? Vamos


aprender?

É a tração ou distensão brusca de uma articulação, além do seu


grau normal de movimentação (amplitude).

Sinais e sintomas de entorse

São similares aos das fraturas e aos da luxação. Mas nas


entorses, os ligamentos geralmente sofrem ruptura ou estiramento,
provocado por movimentação brusca.

Amputação

Lesão geralmente relacionada a acidente automobilístico


(amputação traumática). Pela gravidade da lesão, o tratamento inicial
deve ser rápido, principalmente pela possibilidade de reimplante.

Procedimento em caso de amputação

 Controlar a hemorragia;
 Aplicar curativo estéril, fixando-o com bandagem ou atadura;

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

 Guardar a parte amputada envolta em gaze ou compressa estéril


(pode ser também um pano limpo), umedecido com solução
fisiológica;
 Colocar a parte amputada, agora protegida, dentro de um saco
plástico e, em seguida, dentro de um segundo saco ou caixa de
isopor repleta de gelo;
 Transportar rapidamente ao pronto socorro.

Regras gerais de imobilização

a) Informe o que irá fazer;


b) Exponha o local, removendo ou cortando as roupas da vítima;
c) Controle hemorragias e cubra feridas. Não empurre fragmentos
ósseos para dentro do ferimento, nem tente removê-los. Use
curativos estéreis;
d) Verifique o pulso distal, a mobilidade, a sensibilidade e a
perfusão;
f) Prepare todo o material de imobilização antes de mexer no local
para imobilizá-lo;
e) Proteja as talas que estiverem em contato com o osso
fraturado;
f) A imobilização de fraturas deve impedir a movimentação de uma
articulação acima e uma abaixo do local da fratura e, no caso de
lesões em articulações, imobilize um osso acima e um abaixo da
articulação lesada. Movimentar o mínimo possível. Dependendo
da fratura, faça a imobilização na posição encontrada;
g) Refaça o exame da extremidade após imobilização; caso haja
alterações vasculares ou neurológicas, refaça a imobilização;
h) Previna o estado de choque;
i) Transporte para um pronto socorro ou aguarde uma equipe
especializada.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Materiais utilizados na imobilização


 Talas rígidas, moldáveis ou infláveis;
 Talas de tração;
 Colares cervicais;
 Colete de imobilização dorsal (KED);
 Macas rígidas;
 Bandagens triangulares ou ataduras.

Muitas vezes, é impossível saber se a vítima é mesmo portadora


de uma fratura, entorse ou luxação. A confirmação virá quando a vítima
for submetida a um exame de raio-X. No entanto, até que se faça o
exame em ambiente hospitalar, devemos tratá-la como se tivesse
sofrido uma fratura.

FIGURA 29: EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO

Triagem

Processo utilizado em situações onde o número de vítimas


ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. Utilizado

100
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

para alocar recursos e hierarquizar vítimas de acordo com um sistema


de prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte
rápido do maior número possível de vítimas.

Método start - (simple triage and rapid treatment)

Triagem Simples e Tratamento Rápido

Vantagens

 Sistema de triagem simples que permite triar uma vítima em


menos de 1 minuto;
 O método utiliza diferentes cores para determinar a prioridade
de atendimento e transporte;

Significado das cores:


Vermelha: Significa primeira prioridade. Estas vítimas estão em
estado grave e necessitam tratamento e transporte imediato.
Amarela: Significa segunda prioridade. Estas vítimas necessitam
tratamento, mas podem aguardar.
Verde: Significa terceira prioridade. Estas vítimas não requerem
atenção imediata.
Preta: Significa sem prioridade. Estas vítimas possuem lesões
obviamente mortais.

Critérios utilizados no Método START

Este método baseia-se em três diferentes critérios para


classificar as vítimas em diferentes prioridades, a saber:

101
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Respiração

NÃO – Se não respira mesmo após abrir as vias aéreas, é considerada


vítima sem prioridade (cor preta).
SIM – Se após abertura de vias aéreas voltarem a respirar é
considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Se a
respiração apresenta-se de forma espontânea e acima de 30 vpm é
também considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Até
30 vpm, avalie a perfusão.

Perfusão

A perfusão é avaliada através do enchimento capilar. Se for


superior a 2 segundos, significa uma perfusão inadequada (em caso
de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial. Um
pulso radial ausente indica uma PA sistólica abaixo de 80mmHg).
Controle hemorragias se houver e considere a vítima em primeira
prioridade (cor vermelha).
Se o enchimento capilar for de até 2 segundos, avalie o status
neurológico.

Status neurológico

Avaliar se a vítima é capaz de cumprir ordens verbais simples.

NÃO – Não cumpre ordens simples, considerar vítima de primeira


prioridade (cor vermelha).
SIM – Cumpre ordens simples, considerar como vítima de segunda
prioridade (cor amarela).

102
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Ação dos primeiros socorristas na cena com múltiplas vítimas

 Primeiro passo: Dimensionar e assumir a situação de


emergência, solicitar recurso adicional e iniciar a triagem,
método START, das vítimas. Determinar a um socorrista de sua
equipe que dirija todas as vítimas que possam caminhar para
uma área de concentração previamente delimitada (poderá ser
utilizado um megafone para isso). Estas vítimas receberão uma
identificação verde de forma individual.
 Segundo passo: Determinar para que outro socorrista de sua
equipe inicie a avaliação das vítimas que permaneceram na cena
de emergência e que não apresentam condições de caminhar.
Deverá ser avaliada a respiração. A respiração está normal,
rápida ou ausente?
- Se está ausente: abra imediatamente as VA para determinar se as
respirações iniciam espontaneamente. Se a vítima continua sem
respirar, recebe a fita de cor preta (não perca tempo tentando
reanimar a vítima). Se voltar a respirar e necessitar de ajuda para
manter as VA abertas receberá a fita de cor vermelha (nesses casos,
tente conseguir voluntários para manter abertas as VA da vítima).
- Se está presente: avalie a sua frequência respiratória, se superior
a 30 vpm, receberá uma fita de cor vermelha. Caso a respiração
esteja normal (até 30 vpm), vá ao passo seguinte.

 Terceiro passo: O socorrista deverá verificar a perfusão através


da prova do enchimento capilar ou através da palpação do pulso
radial.

- Se o enchimento capilar: for superior a 2 segundos ou se o pulso


radial está ausente, a vítima deverá receber a fita de cor vermelha.
- Se o enchimento capilar: for de até 2 segundos ou se o pulso radial
está presente, vá ao passo seguinte. Qualquer hemorragia grave que

103
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

ameace a vida deverá ser contida neste momento. Caso não haja
suspeita de traumatismo raquimedular, posicione a vítima com as
pernas elevadas para prevenir o choque (novamente tente conseguir
voluntários para fazer pressão direta sobre o local do sangramento).

 Em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o


pulso radial.

 Quarto passo: O socorrista deverá verificar o status neurológico


da vítima. Se a vítima não consegue executar ordens simples
emanadas pelo socorrista, deverá receber a fita de cor
vermelha. Se a vítima executa corretamente as ordens simples
recebidas, receberá a fita de cor amarela.

TRANSPORTE E MANIPULAÇÃO DE VÍTIMA DE


TRAUMATISMO

Sargento, você sabe como transportar uma


vítima de traumatismo? Que tal aprender?

Manipulação

Movimentação justificada de um paciente a fim de evitar mal


maior. Vítimas de eventos de trauma precisam ser transportadas com
cuidados especiais. A coluna cervical (pescoço) deve ficar imóvel
durante a abordagem e transporte. Se o socorrista não possui o
equipamento adequado (colar cervical), improvise com cobertor,
toalhas ou papelão, a imobilização do pescoço.

104
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

A vítima deve ser transportada em uma superfície plana e rígida


(prancha de madeira, maca rígida, porta, etc.) e fixada com cintos de
segurança, cordas ou panos.

Técnicas de manipulação

 Rolamento de 90º;
 Rolamento de 180º;
 Elevação a cavaleiro;
 Retirada de capacete;
 Imobilização de fraturas;
 Extricação veicular KED e manobra de Hautec.

Rolamento de 90º

Técnica empregada para posicionar o paciente na prancha,


quando este se encontrar em decúbito dorsal.
Técnica para sua execução:

1. O auxiliar n.º 1 deverá posicionar-se atrás da cabeça do paciente,


com os joelhos apoiados no chão para melhor estabilidade,
segurando, firmemente, as laterais da cabeça do paciente,
mantendo o alinhamento da coluna vertebral.
2. O auxiliar n.º 2 deverá posicionar a prancha do lado oposto ao
rolamento, junto ao paciente, enquanto o chefe posiciona o braço
do paciente, do lado que for efetuado o rolamento, acima da
cabeça do paciente ou posicionando-o em um ângulo de 90° em
relação ao seu corpo, e o outro braço do paciente cruzado ao
tórax.
3. O chefe e o auxiliar n.º 2 posicionam-se na altura do tórax e
cintura pélvica, respectivamente, apoiando suas mãos ao longo
do corpo do paciente do lado oposto ao que estão posicionados.

105
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

O chefe coloca uma mão no ombro e a outra próxima à coxa do


paciente. O auxiliar n.º2 posiciona uma não na lateral da cintura
pélvica e a outra logo abaixo do joelho.

FIGURA 30 - ROLAMENTO DE 90º.


(INSTRUÇÃO DE PRIMEIROS SOCORROS CFO/2019 – 1º TEN PM ENF JAMIL)

4. O auxiliar n.º1 pergunta aos demais se estão prontos, após


receber o sinal de positivo (OK), efetua a contagem para
execução do rolamento devendo movimentar o paciente em
monobloco.
5. O chefe avalia a região dorsal do paciente em busca de
possíveis lesões, após a avaliação, juntamente com o auxiliar
n.º 2, posiciona a prancha o mais próximo possível do paciente.
6. O auxiliar n.º 1, após o posicionamento correto da prancha,
efetua novamente a contagem para posicionar o paciente sobre
ela, observando a necessidade de reposicionamento do
paciente.
7. O chefe e o auxiliar n.º 1 efetuam a fixação da cabeça do
paciente, a fim de evitar movimentos laterais, com o uso de
apoiadores. Após a fixação da cabeça, o paciente é fixado à
prancha com o uso de três tirantes ao longo do corpo.

Rolamento de 180º

Técnica empregada para posicionar o paciente na prancha,


quando este encontrar-se em decúbito ventral.

106
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Técnica para sua execução:

1. O auxiliar n.º 1 deverá posicionar-se atrás da cabeça do paciente,


com, pelo menos, um dos joelhos apoiados no chão no mesmo
alinhamento da coluna vertebral do paciente para melhor
estabilidade, segurando firmemente as laterais de sua cabeça,
indicando o lado apropriado para o rolamento (para onde a nuca
estiver apontando ou lado menos lesionado), mantendo o
alinhamento da coluna vertebral.
2. O auxiliar n.º 2 deverá posicionar a prancha do mesmo lado do
rolamento, próxima ao paciente, enquanto o chefe posiciona o
braço do paciente, do lado em que for efetuado o rolamento,
acima da cabeça do paciente, e o outro ao longo do corpo.
3. O chefe e o auxiliar n.º 2 posicionam-se na altura do tórax e
cintura pélvica, respectivamente, apoiando suas mãos ao longo
do corpo do paciente do lado oposto ao que estão posicionados.
O chefe posiciona uma mão no ombro e a outra próxima à coxa
do paciente. O auxiliar n.º 2 coloca uma mão na lateral da cintura
pélvica e a outra logo abaixo do joelho.

Posicionamento da equipe para rolamento de 180°:

1. O auxiliar n.º 1 pergunta aos demais se estão prontos, após


receber o sinal de positivo (OK), efetua a contagem para
execução do rolamento devendo movimentar o paciente em
monobloco (giro de 90º). Efetua novamente a contagem para a
finalização do rolamento sobre a prancha, observando a
necessidade de reposicionar o paciente.
2. O chefe efetua a colocação do colar cervical adequado, em
seguida, em conjunto com o auxiliar n° 1, efetua também a
fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos

107
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

laterais, com o uso de apoiadores, fixando-o à prancha, com o


emprego de três tirantes ao longo do corpo.

FIGURA 31 – INSTRUÇÃO DE EXTRICAÇÃO AO PACIENTE DE TRAUMA MINISTRADA PELO 1º TEN PM


JAMIL NO 7º BPM EM 2019.

Elevação a cavaleiro

Técnica empregada para posicionar o paciente sobre a prancha,


quando houver impossibilidade de executar o rolamento.
Observação: durante a sua execução, o socorrista deverá agir
cautelosamente para não produzir novas lesões ou agravar as já
existentes.

Técnica para sua execução:

1. O chefe e os auxiliares n.º 1 e 2 posicionam-se ao longo do corpo


do paciente, de forma que ele fique entre suas pernas (posição
a cavaleiro).
2. O chefe ficará na altura da cintura escapular e posicionará as
mãos de ambos os lados do ombro do paciente, mantendo os
polegares apoiados na região occipital e os demais dedos na
altura do músculo trapézio.

108
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

3. O auxiliar n.º 1 ficará na altura da cintura pélvica do paciente e


posicionará as mãos de ambos os lados segurando firmemente a
pelve do paciente.
4. O auxiliar n.º 2 ficará na altura das pernas do paciente, abaixo
dos joelhos, e posicionará as mãos nas panturrilhas, segurando
firmemente.
5. O auxiliar n.º 3 posicionará a prancha próxima ao paciente,
preferencialmente na altura da cabeça da vítima.
6. O chefe pergunta aos demais se estão prontos, após receber o
sinal de positivo (OK), efetua a contagem para execução da
elevação, devendo movimentar o paciente em monobloco.
7. O auxiliar n.º 3, uma vez elevado o paciente, deverá posicionar
adequadamente a prancha rente ao solo no sentido craniocaudal.
8. O chefe, depois de posicionar a prancha corretamente, efetuará
nova contagem para posicionar o paciente em monobloco sobre
ela.
9. O auxiliar n.º 3 irá estabilizar a cabeça do paciente, liberando o
chefe para que este, juntamente com o auxiliar n.º 1, efetuem a
fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos
laterais, com o uso de apoiadores, fixando à prancha, com o
emprego de três tirantes ao longo do corpo.

Retirada de Capacete

Técnica empregada para retirada de capacete, a fim de facilitar


a avaliação e tratamento de possíveis lesões que o paciente possa
apresentar.

Técnica para sua execução:


1. O auxiliar n.º 1 estabilizará a cabeça do paciente, apoiando,
simultaneamente, o capacete e a mandíbula, tencionando-a

109
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

levemente para posicioná-la anatomicamente.


2. O chefe irá liberar as jugulares do capacete, e, em seguida,
apoiará, com uma das mãos, a nuca do paciente, abrangendo a
maior superfície possível, atentando para o apoio do antebraço
ao solo; com a outra mão, apoiará a mandíbula do paciente, a
fim de estabilizar a coluna cervical.
3. O auxiliar n.º 1, após o sinal de OK do chefe, procederá a retirada
do capacete, liberando, primeiramente, a região occipital do
paciente, e, posteriormente, a face; após a completa retirada,
estabilizará a cabeça do paciente apoiando-a ao solo.

Técnica de instalação de colar cervical (paciente deitado)

Socorrista n.º 1 posiciona-se atrás da cabeça do paciente (com


ambos os joelhos apoiados no chão), mantendo distância de 1 palmo.
Com ambas as mãos protegida por luvas, segura lateralmente a
cabeça do paciente, imobilizando-a e mantendo-a alinhada com a
coluna.
O socorrista n° 2 posiciona-se ao lado do paciente e mensura
o tamanho adequado do colar cervical de acordo com instruções do
fabricante.
 Remova colares e brincos do paciente.
 Posicione o colar aberto por detrás da nuca, apoie à frente do
colar abaixo da mandíbula do paciente, ajuste-o firmemente sem
movimentar a cabeça e feche o velcro de fixação do colar.
 Questione ao paciente se o colar está confortável.

KED (Kendrick Extrication Device) colete de imobilização

Kendrich Extration Device (KED) é um equipamento de origem


americana, criado para extricação de vítimas de acidentes
automobilísticos e outros. É utilizado para imobilizar a coluna vertebral,

110
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

proporcionando maior estabilização, segurança e apoio durante a


manipulação de acidentados.
Pacientes potencialmente instáveis ou estáveis: opte pela técnica de
remoção com emprego do colete de imobilização dorsal (KED).
O 1º socorrista imobiliza a cabeça do paciente posicionando os
dedos médios de ambas as mãos na região do zigomático, polegares
na nuca e os dedos mínimos e anulares apoiarão a mandíbula do
paciente durante a estabilização.
O 2º socorrista avalia as regiões: posterior, lateral e anterior
do pescoço, mensura e aplica o colar cervical no paciente, após avaliar
o dorso procurando identificar hemorragias e deformidades, verifica a
necessidade de reposicionar o paciente para posicionar o KED entre o
paciente e o banco do veículo, ajusta a altura do KED pela cabeça do
paciente.
Para reposicionar o paciente, o 2º socorrista posicionado fora do
veículo, juntamente com o 3º socorrista posicionado no interior do
veículo, apoiará uma das mãos sob a articulação do joelho e a outra na
região dorsal, de forma que uma mão esteja posicionada na porção
superior e a outra na porção inferior do dorso do paciente. Após a
certificação em que estão posicionados corretamente, o 1º socorrista
efetuará uma contagem de um a três, após a contagem, o paciente
será movimentado em monobloco para frente, o suficiente para que o
KED seja instalado. Dependendo da situação, os socorristas poderão
optar por baixar o encosto do banco do paciente.
O 1º socorrista continua sustentando a cabeça do paciente,
(mas agora junto com as abas do KED em torno da cabeça do
paciente).
Os 2º e 3º socorristas iniciarão o afivelamento dos tirantes
iniciando pelo tirante central (amarelo), depois o tirante inferior
(vermelho) e, finalmente, o tirante superior (verde). Após, deverão
afivelar os dois tirantes longos passando-os de fora para dentro por
baixo dos joelhos do paciente e deslizando-os até a raiz da coxa.

111
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Observando que a perna do paciente deverá ser estabilizada durante o


deslizamento dos tirantes longos.
Após o afivelamento dos tirantes longos os socorristas devem,
obrigatoriamente, revisar e, se necessário, ajustar os tirantes
colocados sobre o tórax do paciente.
O 2º socorrista avalia o espaço existente entre a cabeça e a
parte superior do KED e preenche-o com um coxim próprio, sem forçar
a cabeça do paciente para trás.
Em seguida, posiciona as tiras de fixação da cabeça. A primeira
passando na testa do paciente (logo acima dos olhos) e a segunda
sobre o colar cervical (altura do queixo do paciente). As tiras devem
ser presas com o velcro no corpo do KED (a tira superior deve ficar
bem justa para evitar qualquer movimento e a tira inferior mais solta
para permitir a abertura da boca do paciente) conforme figura ao lado.
Nesse momento, o paciente está imobilizado (tronco, pescoço e
cabeça) e o primeiro socorrista poderá soltá-lo.
Então, com uma bandagem triangular, os socorristas, deverão
juntar os dois antebraços do paciente e prendê-los (opcional).
O paciente está pronto para ser removido, por isso, o 2º e o 3º
socorristas deverá proceder à remoção sustentando o paciente pelas
alças do KED e deslizando-o até uma prancha longa.
O 1º socorrista deverá alinhar a prancha que estará
posicionada na caixa de ar do veículo permitindo que o paciente seja
removido mantendo o corpo alinhado na horizontal.
Após posicionar o paciente sobre a prancha, os tirantes deverão
ser afrouxados para facilitar os movimentos respiratórios e a circulação
nos membros inferiores.

Observações:
O 1º socorrista deverá estar posicionado no interior do veículo
atrás do paciente ou fora do veículo próximo ao 2º socorrista.

112
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Seu posicionamento dependerá da situação.


O 3º socorrista deverá posicionar-se no interior do veículo
próximo ao paciente (sempre que a situação permitir), deverá avaliar
se os membros inferiores do paciente estão presos no veículo (pedais,
assoalho, painel, lataria, etc.) e liberá-los; manipular as extremidades
inferiores na posição fletida durante a extricação do paciente.

Pacientes críticos e instáveis: opte pelo uso da Chave de


Rauteck.

Remoção emergencial – Chave de Rauteck


Técnica empregada para remover rapidamente vítimas em
estado crítico do interior de um veículo, ou quando o local do acidente
oferece perigo imediato para a vítima, para o socorrista e outros.
A Chave de Rauteck é empregada para retirada de vítimas de
acidentes automobilísticos que se encontram em situação de risco
iminente (incêndio com risco de explosão, veículo a beira de um
penhasco, ambiente tomado por fumaça, etc.), promovendo o mínimo
de estabilização da coluna cervical.
Esta técnica é realizada por apenas um socorrista, durante sua
execução há riscos de agravar as lesões do paciente, no entanto, sua
utilização é realizada para evitar um mal maior.

Descrição da técnica

Posicione-se do lado de fora do veículo, imobilize a cabeça do


paciente posicionando os dedos médios de ambas as mãos na região
do osso zigomático, polegares na nuca e os dedos mínimos e anulares
apoiarão a mandíbula do paciente durante a estabilização;
Após a estabilização, posicione o paciente de forma que fique
ereto no acento do veículo. Posicionando sua face de encontro com a
face do paciente.

113
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

Posicione uma das mãos por baixo da axila do paciente apoiando


sua mandíbula.
Com a outra mão segure firmemente o punho do paciente
estabilizando-o de encontro ao seu corpo.
Após certificar-se que o paciente está bem seguro, o socorrista
realiza um movimento de rotação, preparando-o para remoção.
Para retirar o paciente do interior do veículo, posicione-se,
mantendo as pernas afastadas e os joelhos flexionados formando uma
base, distribuindo o peso sobre o seu tórax.
Retire o paciente e posicione-o em um local seguro, para
tratamento e transporte.

CONCLUSÃO

É importante que você policial militar tenha ao menos


conhecimentos mínimos sobre os primeiros procedimentos que devem
ser adotados no socorro, tendo sempre a consciência que você não é
bombeiro e nem médico, porém geralmente é o primeiro a chegar na
maioria das ocorrências e alguns procedimentos podem salvar a vida
da vítima que pode ser você.

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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Marcos. Fundamentos do socorro pré-hospitalar. 4ª ed. Revisada-


Editograf, 2004.

Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado/ NAEMT (National Association of


Medical Technicians). 9ª edição- EUA, Elsevier, 2018.

Manual Técnico profissional de emergência pré-hospitalar- Cap BM Ricardo R. de


Oliveira e Paulo José B. de Souza. Brasília.

Apostila do Curso de Emergência e Socorros de Urgência. Brasília, 2005.

Manual do Participante do Curso de APH de São Paulo, 2008.

Revista da Uni Rio - 2010. GERENCIAMENTO DO ENFERMEIRO NO


SETOR DE EMERGÊNCIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA –
DISPONÍVEL EM: file:///C:/Users/HOME/Downloads/612-6662-1-PB.pdf R.
pesq.: cuid. fundam. online 2010. out/dez. 2(4):1399-1409

Portaria MD nº 16 de 12 de Abril de 2018 (Aprovação das Diretrizes do Atendimento


Pré-Hospitalar Tático no Brasil.

MTB 12. Resgate e Emergências Médicas. 6ª edição- São Paulo, 2006.

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Highlights of 2015. AHA Guidelines for

Apostila do curso de reanimação cardiorrespiratória e cerebral. EAD Educação


Continuada à distância.

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