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Instituto Federal de Brasília

Campus Brasília
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública

APLICAÇÃO DO MODELO LÓGICO DE AVALIAÇÃO AO PROGRAMA


BOMBEIRO MIRIM DO PARANOÁ - DF

RICARDO MAGALHÃES CARNEIRO

BRASÍLIA – DF
2017
Instituto Federal de Brasília
Campus Brasília
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública

APLICAÇÃO DO MODELO LÓGICO DE AVALIAÇÃO AO PROGRAMA


BOMBEIRO MIRIM DO PARANOÁ - DF

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília
(IFB) como requisito final para obtenção do
grau de Tecnólogo em Gestão Pública do
Curso Superior de Tecnologia em Gestão
Pública.

Aprovado em 12 de dezembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________
Katia Guimarães Sousa Palomo

_______________________________________________
Jaqueline Thomazine Brocchi

_______________________________________________
Luciano Pereira da Silva

Brasília – DF
2017
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade de viver e estudar, pela saúde, pelo conhecimento,


pela paciência, pela persistência. Rei eterno e autor de toda a glória, Obrigado, Meu
Deus.
Ao meu pai (in memoriam), suas palavras são ecos que sempre repercutem
trazendo sabedoria e harmonia interior. Os seus ensinamentos e dizeres são
heranças que carregarei para sempre e procurarei transmiti-los à minha prole.
Aos meus filhos Luís Felipe e Ana Luísa, presentes concedidos por Deus.
Mesmo afastado pelo labor do estudo, sempre os carrego nos meus pensamentos. É
ao lado deles que encontro força para recarregar as baterias e enfrentar as
dificuldades.
À minha esposa Raquel, cujo primeiro olhar me conquistou e se tornou fonte
de inspiração e apoio para o presente trabalho. Às vezes, quando as pálpebras não
resistem ao sono, é ela, a fiel companheira, que sempre tem palavras doces para
me confortar.
À minha Mãe, pelo carinho, amor, conselhos e a prosa rotineira da vida.
Mulher guerreira e batalhadora que, muitas vezes, abriu mão da sua vontade para
saciar a dos filhos.
À professora Jaqueline, cujo exemplo e sabedoria me inspiraram e
conduziram-me na realização do referido trabalho. Professora dedicada que busca o
verdadeiro compromisso do ser professor.
À professora Katia, pelo acolhimento, presteza, correções, paciência e
suporte emocional na recepção desta pesquisa. Seu apoio foi primordial para a
melhoria e conclusão deste estudo.
Enfim, a todos os familiares que de uma forma ou de outra contribuíram para
a realização desse trabalho, obrigado pela compreensão.
Desculpem-me pelos momentos de ausência e pela correria do dia-a-dia.
Foram momentos tristes, mas necessários para a concretização deste sonho. Enfim,
o esforço e o sacrifício valem a pena quando deixamos derramar gotas de suor.
Obrigado, a todos!
“Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você
jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa
reserva de sabedoria, de experiência e de competência.”

(Henry Ford)
RESUMO

A presente pesquisa buscou aplicar o modelo lógico de avaliação a um Programa


Social do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Para tanto, apresentou-se
o Programa e sua realidade, identificando situação-problema, objetivos e
características. Após isto, foi aplicado o Modelo Lógico de Avaliação aos dados do
programa. Esse recurso metodológico serve como base e apoio para uma gestão
com foco na avaliação e monitoramento de Programas Sociais. A construção do
modelo lógico para o referido Programa contribuiu para o fornecimento de
informações a uma análise mais completa sobre o desempenho e potencialidades
do programa.

Palavras-chave: Modelo Lógico; Programa social; Bombeiro mirim; Vulnerabilidade


social.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

1. O PROGRAMA BOMBEIRO MIRIM ................................................................. 8

1.1 Objetivos do Programa Bombeiro Mirim ......................................................... 9

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................... 9

1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................. 10

1.1.3 Região administrativa do Paranoá ................................................................ 10

1.2 Caracterização do Problema ............................................................................ 10

1.3 Objetivos .......................................................................................................... 19

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 19

1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................. 19

1.4 Justificativa ...................................................................................................... 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 22

2.1 Políticas públicas ............................................................................................. 22

2.1.1 O problema da vulnerabilidade social ........................................................ 24

2.2 Avaliação ......................................................................................................... 25

2.2.1 Modelo lógico ............................................................................................. 27

2.2.1.1 Aplicações do modelo lógico .................................................................. 28

2.2.1.2 A proposta do modelo lógico .................................................................. 28

3. METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 30

3.1 Abordagem de pesquisa .................................................................................. 30

3.2 Universo ........................................................................................................... 31

3.3 Instrumento e levantamento de dados ............................................................. 31

3.4 Coleta de dados ............................................................................................... 33

3.5 Tratamento, análise e interpretação dos dados ............................................... 34

4. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 36


4.1.1 Desafios do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá .................................. 37

4.2 Levantamento dos normativos legais ............................................................... 37

4.3 Levantamento de fatores e elementos para a construção do modelo lógico ... 37

4.3.1 Explicitação do problema e referências básicas do Programa .................. 38

4.3.2 Estruturação do Programa para o alcance dos resultados ........................ 41

4.3.2.1 Situação problema foco do Programa Bombeiro Mirim ........................... 44

4.3.3 Identificação de fatores relevantes do contexto ......................................... 46

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50
6

INTRODUÇÃO

Atualmente, muito se tem falado em segurança pública no Brasil. A sensação


de insegurança e medo têm preocupado cada vez mais as pessoas, as autoridades,
enfim, a sociedade. Cerqueira et al. (2016) entendem que a violência no Brasil deve
ser um tema prioritário para as políticas públicas. Para esses pesquisadores, esse
problema deve envolver não só as autoridades, mas toda a sociedade civil. Outros
aspectos importantes que devem ser tarefas contínuas para a análise do problema
são: a compreensão do fenômeno e de suas causas, o acompanhamento e a
mobilização.
Segundo a Codeplan (2012), o aumento da situação de vulnerabilidade social1
contribui para o aumento da marginalidade infanto-juvenil que, consequentemente,
provoca aumento da sensação de violência e insegurança da coletividade. Esse
problema adquire status de questão social e, dessa maneira, pleiteia, legitimamente,
a inclusão do tema no rol das políticas e programas contemplados pela ação estatal.
Os dados e informações, que serão abordados nesta pesquisa, reforçam a
necessidade de priorização da agenda do governo brasileiro para o tema segurança
pública. Mas não basta apenas a priorização, é necessária, também, a utilização de
meios e técnicas para avaliar as ações estatais relacionadas aos programas
preventivos.
Assim, os problemas relacionados à segurança pública devem ser
combatidos com políticas públicas direcionadas para as causas do problema. Essas
políticas devem priorizar tanto o envolvimento e a participação dos atores sociais
quanto às ações de políticas públicas voltadas para o acompanhamento,
monitoramento e continuidade.
De acordo com Secchi (2010), a política pública deve ser entendida como
uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público. Sendo assim, um
problema só se torna público quando os atores políticos intersubjetivamente o
consideram como um problema (situação inadequada) e como público (relevante
para a coletividade).

1
Neste trabalho, o termo vulnerabilidade social será utilizado numa dimensão sociológica do capital
humano, segundo Atlas da Vulnerabilidade Social (IPEA, 2015).
7

O Programa Social Bombeiro Mirim é um programa preventivo 2 do Distrito


Federal que atende crianças e adolescentes e faz parte dos Programas Sociais do
Corpo de Bombeiros Militar do DF. O principal objetivo deste projeto é contribuir para
a minimização dos efeitos da situação de vulnerabilidade social em que se
encontram crianças e adolescentes do DF.
Castro et al (2002) afirmam que os procedimentos de avaliação são de
grande importância para os programas sociais dos governos, pois são peças cruciais
para o êxito no alcance de seus objetivos. Assim, a aplicação desta ferramenta ao
Programa citado é uma forma de visualizar o desempenho dessa política pública,
atentando-se para o seu direcionamento e os seus impactos na realidade. Isso
corrobora com as ideias defendidas por Osborne e Gaebler (1994, p. 159) em “se os
resultados não forem avaliados, não há como distinguir sucesso de insucesso”.
Wu et al. (2014) alertam que apesar de ser importante, a avaliação de
políticas públicas é pouco utilizada para a maioria das decisões e quando feita, é
motivada por exigências processuais de considerações políticas estreitas. Ramos
(2009) também fala sobre as dificuldades para uma avaliação rigorosa do impacto
de programas e políticas sociais. Sendo assim, é possível identificar dois problemas
principais na área de avaliação de políticas públicas: a burocracia governamental e a
suposta complexidade para uma avaliação rigorosa mais detalhada. Observa-se
assim que uma ferramenta que possibilite a simplificação do processo avaliativo
seria de fundamental importância para o efeito positivo da ação estatal.
Outro aspecto importante deste estudo é a possibilidade de contribuir para a
organização da avaliação de programas sociais. Assim, buscar maneiras mais
lógicas e racionais para se avaliar as ações e políticas públicas torna-se uma
necessidade diante da complexidade dos problemas públicos, da resistência
organizacional e burocracia governamental. Nesse contexto, a ferramenta lógica
consiste num recurso metodológico que permite organizar as ações públicas de
forma articulada com os resultados, possibilitando assim a otimização e o
aperfeiçoamento dessas ações.

2
Preventivo: porque atua na prevenção da criminalidade e marginalidade de crianças e adolescentes
do DF, conforme decreto 21.104/2000, incisos III e IV.
8

Esse estudo consiste numa pesquisa avaliativa e documental. Essa buscou


investigar o arcabouço jurídico que sustenta o Programa; aquela possibilitou a
atribuição de valores para inferências acerca do desempenho do Programa. A
entrevista e a observação foram realizadas no segundo semestre de 2017 e
contribuíram para identificar tanto a realidade quanto o contexto em que esse projeto
se insere. Por fim, com a realização da pesquisa qualitativa percebeu-se que a
aplicação desse recurso é primordial para sistematização dos dados e informações
do Programa, além de contribuir para o direcionamento e tomada de decisões.

1. O PROGRAMA BOMBEIRO MIRIM

O Programa Bombeiro Mirim é um programa social a nível distrital que foi


criado pela Lei 2.449/1999 e regulamentado pelo Decreto Lei 21.104/2001. Essa lei
estabelece que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) seja o
responsável para executar o Programa e, além disso, autoriza a celebração de
convênios com ONGs e instituições governamentais da União e do DF para cessão
de recursos humanos, fornecimento de alimentos, móveis, uniformes, aquisição de
veículos, intercâmbios culturais e outros.
Atualmente, o Programa funciona em 12 regiões administrativas do Distrito
Federal e atende crianças e adolescentes entre 07 e 14 anos, em um Grupamento
de Bombeiro Militar, exceto a Brigada Mirim do Recanto das Emas, que funciona na
Administração Regional da cidade. A corporação tem por base a responsabilidade
social apoiada em 04 pilares: educação, proteção, vidas e cidadania.
De acordo com o portfólio da Seção de Planejamento, Desenvolvimento e
Pesquisa da Assessoria de Programas Sociais (SEPLA): a missão dos Programas
Sociais do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal é: “promover para a comunidade
serviços socioeducativos de qualidade e excelência que contribuiriam para o
desenvolvimento físico, psicológico e social da criança e do adolescente, além de
promover a inclusão social.” SEPLA (2015, p. 8). A visão é: “estar entre os principais
programas sociais do DF, por meio do constante aperfeiçoamento na busca de
novos desafios, utilização das melhores práticas e novas abordagens nas
atividades-fins”. SEPLA (2015, p. 8).
9

Segundo essa Seção de Planejamento, em 2015, esse programa atendeu a


1464 crianças e adolescentes. A matriz curricular desse programa contempla 04
eixos temáticos: valores de bombeiro, formação militar, ética/cidadania e prática
esportiva.
Os valores de bombeiro estão relacionados com as atividades da profissão
bombeiro como: primeiros socorros, salvamento, prevenção de acidentes
domésticos, combate e prevenção de incêndios.
A formação militar inclui a instrução militar, ordem unida, momento cívico,
hinos e canções militares.
A ética e cidadania compreendem temas ligados à segurança pública como:
educação para o trânsito, prevenção à violência e uso de drogas, educação
ambiental, educação para cidadania. A prática esportiva contempla aulas práticas de
futebol, futsal, voleibol, basquete, karatê, natação e atletismo. Além disso, há
também as atividades culturais e recreativas que correspondem a visitas, passeios,
brincadeiras e comemorações. Alguns registros fotográficos do Programa Bombeiro
Mirim podem ser observados no Anexo I. As fotografias desse anexo ilustram as
formaturas de incorporação e os desfiles cívicos.

1.1 Objetivos do Programa Bombeiro Mirim

1.1.1 Objetivo geral

De acordo com a Lei 2449/99, O objetivo principal do Programa é “fornecer


aos Brigadinos3 a oportunidade de completar sua educação, através do desempenho
de práticas suplementares ao processo educativo, facultando aos mesmos um
desenvolvimento psicossocial, preparando-os para o exercício pleno de Cidadania.”
Para a Seção de Planejamento, Desenvolvimento e Pesquisa – SEPLA (2015), “o
objetivo principal é oferecer para crianças e adolescentes, no Grupamento de
Bombeiro Militar, atividades educativas, culturais, preventivas, esportivas e
recreativas, assegurando-lhes oportunidades e facilidades para o seu
desenvolvimento físico, mental, moral e social.”

3
Aluno do Programa Bombeiro Mirim.
10

1.1.2 Objetivos específicos

De acordo com o Decreto Lei 21.104/00, os objetivos específicos do


Programa Bombeiro Mirim são:

 Desenvolver atividades de prevenção da violência relacionadas com a


criança/adolescente;
 Fortalecer a rede de proteção social da criança/adolescente;
 Oferecer por meio interdisciplinar serviços que favoreçam o
desenvolvimento infantil e a saúde;
 Proporcionar a integração entre Corpo de Bombeiros, escola, família e
comunidade;
 Complementar a educação formal.

1.1.3 Região administrativa4 do Paranoá

O Paranoá é uma região administrativa do Distrito Federal e segundo dados


do Anuário do Distrito Federal de 2016 possui atualmente cerca de 95 mil habitantes
numa área de 856 km². A principal atividade econômica da região é o comércio. A
parte urbana da cidade possui cerca de 32 escolas. Nesta pesquisa, foram
elencados dados sobre a situação de vulnerabilidade social de crianças e
adolescentes no Distrito Federal e na região do Paranoá.
De acordo com o Censo 2010 do IBGE, a cidade possui 16.528 crianças e
adolescentes que corresponde a 26,86% da população total.

1.2 Caracterização do Problema

De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde – OMS


(Waiselfisz, 2015, p.66), o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º lugar quanto a
homicídios entre adolescentes de 15 a 19 anos de idade (tabela 1).

4
Divisão territorial do Distrito Federal.
11

Tabela 1. Taxas de mortalidade (por 100 mil) de adolescentes de 15 a 19 anos de idade. 85


países.
PAÍS ANO TAXA POSIÇÃO
México 2012 95,6 1º
El Salvador 2012 55,8 2º
Brasil 2013 54,9 3º
Colômbia 2011 49,3 4º
Panamá 2012 39,7 5º
Alemanha 2013 0,3 64º
Japão 2013 0,2 65º
Bélgica 2012 0,2 67º
Suíça 2012 0,0 68º
Fonte: OMS, in Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). – com adaptações.

Conforme se pode observar na tabela 1, a taxa do Brasil é de 54,9 para cada


100 mil adolescentes entre 15 a 19 anos de idade. O estudo da OMS levou em conta
85 países do mundo. Na tabela, o Brasil só é superado pelo México e El Salvador.
Por outro lado, existem países, como a Suíça, que não registram nenhum homicídio
para a faixa etária citada. Em outros casos, a taxa do Brasil de 54,9 chega a ser 275
vezes maior que a do Japão ou da Bélgica, que apresentam taxas de 0,2 homicídios
por 100 mil adolescentes de 15 a 19 anos de idade.
Segundo Waiselfisz (2015), em 2013 foi registrado um total de 8.153 mortes
de adolescentes de 16 e 17 anos de idade. Sendo que 73,2% por causas externas 5
e 26,8% por causas naturais6. Entre as mortes por causas externas, apresentam
especial incidência os homicídios que ceifaram a vida de 3.749 jovens. Isso
representa 46% do total das mortes acontecidas nessa faixa, quase metade do total
de mortes. Sendo assim, o Brasil carrega uma triste marca no ano de 2013 que são
cerca de 10,3 adolescentes mortos a cada dia do referido ano.
As tabelas a seguir ilustram a evolução histórica das mortes por causas
violentas entre crianças e adolescentes, para simplificar foram considerados os
dados dos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013.

5
Causas externas: fatores independentes do organismo humano, fatores que provocam lesões ou
agravamentos à saúde, levando à morte do indivíduo. Podem ser acidentais (mortes no trânsito,
quedas fatais, etc.) ou violentas (homicídios, suicídios, etc).
6
Causas naturais: indicativas de deterioração do organismo ou da saúde devido a doenças e/ou
envelhecimento.
12

Tabela 2. Evolução dos óbitos de crianças e adolescentes (0 a 19 anos) segundo causa. Brasil.
2010/2013.

Causas Externas

Total óbitos 0
Homicídios
Transporte
Acidentes

acidentes

a 19 anos
Suicídios

externas

externas

naturais
Causas

Causas
Outros

Outras
ANO

2010 5.456 3.953 709 8.686 1.244 20.048 55.660 75.708


2011 5.520 4.178 738 8.894 1.195 20.525 55.242 75.767
2012 5.730 4.098 795 10.155 1.364 22.142 54.254 76.396
2013 5.262 4.230 788 10.520 1.241 22.041 53.852 75.893
Fonte: Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). Com adaptações.

A tabela 2 retrata a evolução dos óbitos de crianças e adolescentes de (0 a 19


anos), de acordo com as causas. Observa-se assim que o número de homicídios
passou de 8.686 em 2010 para 10.520 em 2013, ou seja, um aumento de mais de
20%.

Tabela 3. Participação (%) das causas no total de óbitos de crianças e adolescentes (0 a 19


anos). Brasil. 2010/2013.

% Causas Externas
%Total óbitos
%Homicídios
%Acidentes

0 a 19 anos
%Suicídios
Transporte

acidentes

%Causas

%Causas
%Outros

externas

externas
%Outras

naturais

ANO

2010 7,5 5,2 0,9 11,5 1,6 26,5 73,5 100,0


2011 7,3 5,5 1,0 11,7 1,6 27,1 72,9 100,0
2012 7,5 5,4 1,0 13,3 1,8 29,0 71,0 100,0
2013 6,9 5,6 1,0 13,9 1,6 29,0 71,0 100,0
Fonte: Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). Com adaptações.

A tabela 3 ilustra a participação, em porcentagem, das causas no total de


óbitos de crianças e adolescentes entre 0 a 19 anos. Mais uma vez, merece atenção
o aumento da porcentagem dos homicídios que passou de 11,5% em 2010 para
13,9 em 2013. Observa-se assim que a principal causa externa de morte é o
homicídio. Outra causa de morte, entre crianças e adolescentes, que merece
atenção é o suicídio. Pode-se destacar da tabela 2 que o número de suicídios entre
13

crianças e adolescentes passou de 709 em 2010 para 788, sendo que em 2012,
registrou-se 795 casos.
A seguir, os gráficos 1 e 2 ilustram a evolução da taxa de homicídios entre
2000 e 2013 e o crescimento da causa homicídio em comparação com as outras
causas.

Gráfico 1. Evolução das taxas de homicídio (por 100 mil) de crianças e adolescentes (0 a 19).
Brasil. 2000-2013.

Fonte: Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). Com adaptações.

Observa-se, pelo gráfico 1, que as taxas de homicídio teve um aumento entre


2000 e 2003, apresentando uma queda entre 2004 e 2007 e crescimento
progressivo entre 2008 e 2013. Sendo assim, a taxa de homicídios do Brasil passou
de 11,9 por 100 mil crianças e adolescentes em 2000 para 16,3 por 100 mil em
2013. Entre 2010 e 2013, o índice salta de 13,8 para 16,3.

Gráfico 2. Evolução das taxas de mortalidade (por 100 mil) por causas externas de crianças e
adolescentes de 0 a 19 anos. Brasil. 1980/2013.

Fonte: Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). Com adaptações.


14

O Gráfico 2 ilustra que dentre as causas externas, a taxa de homicídios tem


obtido um elevado crescimento, se comparado com outras taxas. Outro índice que
vem aumentando é a taxa de suicídios que passou de 0,8 para 1,2 em 2013.

Tabela 4. Óbitos e taxas de homicídio (por 100 mil) de adolescentes de 16 e 17 anos por UF.
Brasil. 2013.
UF Óbitos Taxa Posição quanto à taxa
Alagoas 189 147,0 1º
Espírito Santo 171 140,6 2º
Ceará 373 108,0 3º
Rio Grande do Norte 117 98,1 4º
Distrito Federal 76 83,3 5º
Goiás 183 83,1 6º
Rio de Janeiro 323 62,5 11º
Minas Gerais 359 51,2 16º
São Paulo 283 21,3 25º
Fonte: Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). Com adaptações.

O Distrito Federal ocupa a quinta posição quanto à taxa de homicídios entre


adolescentes de 16 e 17 anos, conforme tabela 4, apresentando no referido ano 76
óbitos e taxa 83,3 óbitos por 100.000 habitantes. A taxa de óbitos, por 100 mil
habitantes, do Distrito Federal é superior ao Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais e
quase quatro vezes maior que a taxa de São Paulo.

Tabela 5. Ordenamento das UFs por taxas de homicídio de crianças e adolescentes de 0 a 19


anos de idade. Brasil. 2013.
UF 2013 Δ % 2003/13
Taxa Posição
Alagoas 43,3 1º 192,6
Espírito Santo 37,3 2º 65,1
Ceará 33,7 3º 444,1
Rio Grande do Norte 27,9 4º 580,4
Roraima 27,8 5º 356,3
Distrito Federal 25,7 6º 1,6
Goiás 24,3 7º 185,9
Rio de Janeiro 18,9 12º - 26,3
Minas Gerais 14,6 18º 52,2
São Paulo 6,3 26º - 65,7
Fonte: Mapa da Violência, Waiselfisz (2015). Com adaptações.

Na Tabela 5, o Distrito Federal ocupa a sexta posição quanto a taxa de


homicídios para crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, sendo de 25,7 óbitos por
100 mil habitantes. Observa-se também uma variação de 1,6 nos últimos 10 anos.
Enquanto estados, como São Paulo (-65,7) e Rio de Janeiro (-26,3), têm conseguido
15

reduzir as taxas de homicídios entre crianças e adolescentes, O DF segue


aumentando os seus índices.
Neste sentido, os dados e informações referentes ao Distrito Federal reforçam
a situação de violência e criminalidade a que estão expostas as crianças e
adolescentes dessa Unidade Federativa. Isso corrobora a sensação de medo e
insegurança em que vivemos. O Distrito Federal carrega a vergonhosa marca de um
dos estados mais violentos quanto a mortalidade de crianças e adolescentes.
Além da mortalidade infanto-juvenil, devem-se considerar também outros atos
infracionais praticados por crianças e adolescentes. Entre eles, estão o uso e tráfico
de drogas; lesão corporal; ameaça; roubo; e, uso e porte de arma, conforme se
observa na Tabela 6.

Tabela 6. Menores por prática de ato infracional por cidade- satélite (1º semestre 2012).
Região Ação, uso Lesão Ação tráfico Ameaça Roubo a Ação porte Total
administrativa e porte de corporal de drogas transeunte de arma
drogas dolosa
Brasília 124 73 78 32 34 12 353
São Sebastião 18 16 22 09 06 13 84
Paranoá 06 03 03 05 08 04 29
Itapoã 03 04 03 - 02 06 18
Varjão do Torto 07 01 - 04 01 01 14
Lago Norte 02 01 - 03 - - 06
Lago Sul 01 02 - 02 - - 05
Outras cidades do DF 425 244 190 223 210 195 1487
Total 586 344 296 278 261 231 1996

Fonte: SSPDF (2012)

Observa-se, na tabela 6, que no 1º semestre de 2012 ocorreram no Distrito


Federal 1996 atos infracionais praticados por menores.

Tabela 7. Menores autores de violência por cidade-satélite (1º semestre 2012).

Região administrativa Total


Brasília 450
São Sebastião 102
Paranoá 49
Itapoã 28
Varjão do Torto 17
Lago Norte 11
Lago Sul 09
Outras cidades do DF 1937
TOTAL NO DF 2603
Fonte: SSPDF (2012)
16

A Tabela 7 mostra que no primeiro semestre de 2012, 2603 menores


praticaram atos de violência no Distrito Federal. As Tabelas 6 e 7 ilustram a
presença da marginalidade infanto-juvenil nas cidades do Distrito Federal e foram
construídas com vistas a ilustrar a situação da cidade do Paranoá e seu entorno.
Esse destaque se deve porque a referida cidade abriga a unidade do Programa
Bombeiro Mirim, que foi o objeto deste estudo.
O Distrito Federal apresenta uma situação atípica em relação aos outros
estados. Além de uma organização político-geográfica diferente, as suas regiões
administrativas são bem próximas, apresentando assim, uma alta rotatividade de
pessoas entre suas diversas cidades. Sendo assim, a finalidade, ao abordar tais
dados, não foi o de individualizar a região destacada, mas de elencar a existência da
violência e marginalidade entre crianças e adolescentes do DF. A individualização
de uma região administrativa não terá relevância para o referido trabalho, pois o que
se pretende é ilustrar e mostrar o aumento da violência e a situação de
vulnerabilidade social entre crianças e adolescentes do Distrito Federal.

Tabela 8. Número de jovens atendidos por tipo de medida socioeducativa e faixa etária, com
7 8
médias e desvios padrões para o número de jovens sob a medida por mês .
Medidas Socioeducativas 12 a 14 anos 15 a 17 anos Total
Liberdade assistida Média por mês 72,08 1090,33 1162,41
Desvio Padrão 6,91 82,37 89,28
Semiliberdade Média por mês 2,00 54,58 56,58
Desvio Padrão 0,85 6,97 7,82
Internação provisória Média por mês 23,33 147,5 170,83
Desvio Padrão 5,05 19,04 24,09
Internação Média por mês 7,33 258,67 266,00
Desvio Padrão 3,65 30,31 33,96
Total Média por mês 104,75 1551,08 1655,83
Desvio Padrão 10,77 105,46 116,23
Fonte: Codeplan (2012)

7
O desvio padrão indica a variação do número de jovens atendidos em cada um dos 12 meses de
2011 em torno da média mensal de atendimentos.
8
Não foram obtidos dados quanto às sanções de advertência, obrigação de reparar o dano e
prestação de serviços à comunidade.
17

Para concretizar ainda mais a violência e marginalidade infanto-juvenil no DF,


é interessante observar o número de jovens atendidos por medida socioeducativa. A
Tabela 8 trata da média de atendimentos a menores infratores por faixa etária.
Quanto à violência cometida por adolescentes, os dados analisados nesta tabela
referem-se ao ano de 2011, foram fornecidos pela Subsecretaria do Sistema
Socioeducativo da Secretaria de Estado da Criança do Distrito Federal e consta no
estudo da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), “Retrato da
Infância e da Adolescência do DF9”.
Considerando os dados e informações levantados, observa-se que o elevado
crescimento da marginalidade e criminalidade infanto-juvenil se deve principalmente
à situação de vulnerabilidade social a que estão expostos as crianças e
adolescentes do DF. Para a Codeplan (2012), as principais razões para esse
problema são: desestruturação familiar, omissão do estado e falta de políticas
públicas voltadas para crianças e adolescentes. As políticas preventivas constituem
importantes ferramentas para a redução do índice de vulnerabilidade social. Ainda
de acordo com o estudo da Codeplan, as principais causas da violência entre
crianças e adolescentes estão relacionadas à cultura da violência arraigada na
sociedade brasileira, onde prevalecem as desigualdades, a discriminação, a injustiça
e a degradação de valores. Sendo assim, é preciso resgatar os valores humanos e a
dignidade das pessoas. O estudo considera que:

“A pobreza é uma das causas da desagregação familiar, da vulnerabilidade


e do risco social, especialmente para crianças e adolescentes. Somadas à
negação dos valores humanos e sociais, a renda insuficiente para o
sustento familiar e a má qualidade dos serviços públicos de educação e
saúde são causas principais da violência e do ingresso de adolescentes e
jovens no mundo do crime.” Codeplan (2012), página 10.

Segundo esse estudo, a prevenção é primordial. Para isso, é necessário


investimentos, organização e mobilização, principalmente, do sistema educacional.
As propostas da Codeplan (2012) são as seguintes: educação integral, interação da
escola com as famílias e a comunidade, aumentando o grau de consciência sobre o
desenvolvimento educacional, cultural e psicológico das crianças e dos adolescentes
e do seu direito à convivência familiar e comunitária.

9
Trabalho de reorientação do Governo do DF constitui uma nova linha da Codeplan para diagnosticar
e avaliar as políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes do DF.
18

Além disso, deve-se aperfeiçoar o serviço público de saúde e melhorar a


oferta de serviços socioassistenciais de proteção básica que possam garantir
atenção integral às famílias e crianças que necessitam de assistência no Brasil.
10
Tabela 9. Projeção número de homicídios entre adolescentes de 16 e 17 anos no Brasil.

ANO Nº HOMICÍDIOS
2015 3.816
2020 4.284
2025 4.751
2030 5.218
2035 5.686
2040 6.153
Fonte: Mapa da Violência, página 19, Waiselfisz (2015). Com adaptações.

A Tabela 9 é uma projeção realizada por Waiselfisz (2015), ao observar a


evolução da violência homicida na faixa de 16 e 17 anos. Se nada for feito, por meio
de ações concretas para a redução da vulnerabilidade social entre crianças e
adolescentes, poderemos em 2020, ostentar negativamente uma marca de 4284
homicídios na faixa dos adolescentes entre 16 e 17 anos, conforme a projeção
(Tabela 9).
No Distrito Federal, os principais programas comunitários com vistas a
redução da situação de vulnerabilidade social dos órgãos da Secretaria de
Segurança Pública são: Programa de Educação Ambiental “Lobo Guará”, PROERD
(Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), PROVID
(Programa de Prevenção Orientada à Violência Doméstica), Programa Bombeiro
Mirim, Programa Bombeiro Amigo, Projeto Cão Guia entre outros.
Esses Programas constituem trabalhos preventivos que as instituições de
Segurança Pública do DF executam com a finalidade promover a inclusão e
minimizar os impactos da vulnerabilidade social. O foco principal é atuar na redução
da criminalidade e marginalidade infanto-juvenil.

10
Previsão pelo método dos mínimos quadrados com os dados de número de homicídios da Tabela
2.4, página 18 do Mapa da Violência 2015. Adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil.
19

Na realidade da Região Administrativa do Paranoá, o Corpo de Bombeiros


Militar do Distrito Federal tem o Programa Bombeiro Mirim que funciona no 10º
Grupamento de Bombeiro Militar do Paranoá-DF, desde 1999, e atende crianças e
adolescentes, entre 07 a 14 anos, no contraturno escolar, oferecendo disciplinas
voltadas para inclusão social, prevenção, conhecimentos de bombeiro, educação
física, cidadania, instrução militar e ordem unida. No entanto, percebe-se que há
uma dificuldade para avaliar e monitorar esse Programa.
Neste contexto, o presente trabalho objetivou aplicar o Modelo Lógico de
avaliação ao Programa Bombeiro Mirim do Paranoá – DF. A pergunta que se buscou
explorar no transcorrer desta pesquisa foi: o Programa Bombeiro Mirim do Paranoá
está atuando de modo alinhado com seus objetivos?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Aplicar o Modelo Lógico de avaliação de políticas públicas ao Programa


Bombeiro Mirim do Paranoá, de forma a verificar se ele está alinhado com os
objetivos propostos na legislação e planos de ação.

1.3.2 Objetivos Específicos

i. Descrever o atual cenário do Programa Bombeiro Mirim;


ii. Levantamento de normativos legais sobre o Programa Bombeiro Mirim.
iii. Levantar de fatores/elementos para a construção de um Modelo Lógico de
avaliação para o Programa Bombeiro Mirim do Paranoá.

1.4 Justificativa

Segundo Jannuzzi (2011, p.12), “Uma das grandes dificuldades em avaliação


de Programas Sociais no Brasil é o desenvolvimento de sistemas de monitoramento
para acompanhar as ações e programas governamentais”. Sendo assim, observa-se
a necessidade de meios e ferramentas para o acompanhamento contínuo e
aprimoramento efetivo da ação governamental.
20

Sabe-se que a avaliação e o monitoramento são primordiais para mensurar a


eficiência, eficácia e efetividade do Programa, além de possibilitar a visualização de
pontos e aspectos que podem ser melhorados. Nesse sentido, essa pesquisa
pretende fazer uma análise das ações desse projeto, observando tanto o processo
dessas ações quanto elaborar meios que facilitem o planejamento e avaliação. A
proposta é a articulação dessas ações com os resultados esperados, apresentando
ideias e hipóteses que dão sentido à intervenção.
A contribuição para os gestores é, principalmente, a superação da
complexidade e resistência organizacional para se avaliar uma política pública.
Assim, essa aplicação é uma forma de simplificar a avaliação de Programas Sociais
sem perder a coerência e a totalidade da política pública. A sistematização do
modelo por meio da análise lógica oferece a vantagem prática, racional e
direcionada das ações e procedimentos dessa política pública.
Outro aspecto importante deste trabalho constitui-se em fornecer meios para
analisar o desempenho de um Programa Social de forma prática e dinâmica nas
diversas regiões administrativas do Distrito Federal. Neste sentido, tem-se a
necessidade do trabalho com dados e informações concretas, observando os
aspectos práticos sobre a minimização da situação de vulnerabilidade social de
crianças e adolescentes no DF.
O desenho e o alinhamento do Programa Bombeiro Mirim nas diversas
cidades do Distrito Federal são fundamentais não só para as informações públicas,
mas também para pensar em meios de aperfeiçoamento e melhoria dessa política
pública, principalmente quanto à eficiência, eficácia e efetividade do projeto. Esses
resultados servem de ferramentas tanto para captação de recursos quanto para a
aprovação e apoio da população, autoridades e organizações.
Conforme afirma Ramos (2009), a avaliação é útil para medir a eficácia da
gestão pública e também contribui para a busca e obtenção de ganho das ações
governamentais em termos de satisfação dos usuários, e legitimidade social e
política.
Outra contribuição para os gestores públicos seria o de fornecer auxílio no
desenvolvimento de uma cultura de avaliação de políticas públicas no Brasil, a partir
do modelo lógico.
21

Esse modelo ainda é pouco utilizado, por isso o foco desse trabalho é mostrar as
vantagens dessa ferramenta para a avaliação de políticas públicas, priorizando
principalmente a relação de causalidade entre o problema e o efeito produzido.
Por fim, como contribuição social, o modelo proposto neste estudo facilita a
possibilidade de participação cidadã ao longo do processo da política pública, pois a
visualização geral e a sistematização das ações governamentais permite identificar
falhas e vantagens ao longo do ciclo. Isso contribui para uma gestão mais
democrática, além da transparência no gasto público com o projeto.
22

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Secchi (2010) afirma que uma política pública deve ser composta por fases
sequenciais e interdependentes. Para esse autor, toda política pública deve
obedecer11 ao ciclo das políticas públicas, que são identificação do problema,
formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de decisão,
implementação, avaliação e extinção.
No processo elencado, deve-se relatar uma etapa primordial e, que é o alvo
desse trabalho, a avaliação da política pública. De acordo com Castro et al (2002), A
política pública é um processo cíclico e não linear, o que significa levar em conta os
efeitos retroalimentadores que a implementação possa ter sobre a formulação e o
desenho das políticas.

2.1 Políticas públicas

Segundo Secchi (2010), a política pública é formada por dois elementos


principais: a intencionalidade pública e a resposta a um problema público. Nesse
sentido, ela deve ser entendida como a elaboração de uma diretriz para enfrentar
um problema público. A razão para estabelecer uma política pública é o tratamento
ou a resolução de um problema entendido como coletivamente relevante.
Wu et al (2004, p. 13) relatam que “o processo de políticas públicas consiste
numa gama de atividades muito mais abrangente do que simplesmente tomar
decisões.” Assim, ele inclui definição de agendas, desenvolvimento de alternativas, a
implementação de decisões e a avaliação de medidas públicas. Mas a definição de
políticas públicas que será utilizada neste trabalho é a de Souza (2006, p. 5 apud
Laswell): “decisões e análises sobre política pública implicam responder às
seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz”.
Para Souza (2006), apesar de a política pública ser formalmente um ramo da
ciência política, a ela não se resume, podendo ser objeto analítico de outras áreas

11
Segundo Secchi, apesar de sua utilidade heurística (atalho mental), o ciclo de políticas públicas
raramente reflete a real dinâmica da vida de uma política pública.
23

do conhecimento, inclusive da avaliação que também vem recebendo influências de


técnicas quantitativas. As políticas públicas, após desenhadas e formuladas,
desdobram-se em planos, programas, projetos, bases de dados ou sistema de
informação e pesquisas. Quando postas em ação, são implementadas, sendo
submetidas a sistemas de acompanhamento e avaliação. De acordo com Souza
(2006), uma das contribuições para a maior visibilidade das políticas públicas está
relacionada diretamente aos países em desenvolvimento e de democracia recente,
pois a maioria desses países, em especial os da América Latina, ainda não
conseguiu formar coalizões capazes de equacionar minimamente a questão de
como desenhar políticas públicas capazes de impulsionar o desenvolvimento
econômico e de promover inclusão social de grande parte de sua população.
Os programas sociais consistem numa política social de provisão de bens e
serviços, ou seja, o Estado arbitra recursos financeiros para viabilizar a prestação de
serviços assistenciais à comunidade. A política social pode ser definida do seguinte
modo:

[...] conjunto de programas e ações do Estado, em geral de forma


continuada no tempo, que tem como objetivo o atendimento das
necessidades e direitos sociais fundamentais que afetam vários dos
elementos que compõe as condições básicas de vida da população,
inclusive aquelas que dizem respeito à pobreza e à desigualdade. (Castro et
al. 2002, p. 2).

Ainda segundo esses autores:

A política social objetiva garantir segurança ao indivíduo em determinadas


situações de dependência, dentre as quais, pode-se citar: incapacidade de
ganhar a vida por conta própria devido a fatores externos, que independem
da vontade individual, posição vulnerável no ciclo vital do ser humano,
crianças e idosos, por exemplo [...]. (Castro et al. 2002, p. 3).

Nesse sentido, pode-se falar em Estado de bem-estar social que é o Estado


assistencial, ou seja, um Estado que garante padrões mínimos de educação, saúde,
habitação, renda e seguridade social aos seus cidadãos. A principal característica
desse Estado é o combate à desigualdade social por meio de políticas públicas
sociais, distribuição de renda e provisão de serviços públicos básicos.
24

Sendo assim, o Estado é o agente que promove e organiza a vida social e


econômica, proporcionando aos indivíduos bens e serviços essenciais. Segundo
Abrúcio (1997), o objetivo primordial do Estado de bem-estar-social (welfare state) é
desenvolver políticas públicas na área social (educação, habitação, saúde) para
garantir o suprimento das necessidades básicas da população. Assim, o foco
principal desse Estado é a defesa dos direitos dos cidadãos à saúde, educação,
segurança e outros.

2.1.1 O problema da vulnerabilidade social

A vulnerabilidade social é um conceito sociológico que designa os grupos


sociais marginalizados, ou seja, aqueles que estão excluídos dos benefícios e
direitos que todos deveriam ter. Apesar do viés sociológico da definição de
vulnerabilidade social, ela está interligada e interdependente ao campo das políticas
públicas.
De acordo com Gomes e Pereira (2005, p. 3) a vulnerabilidade social
corresponde à “exclusão de uma parte significativa da população do acesso à
condições mínimas de dignidade e cidadania.” Assim, é uma situação de exclusão
social (situação de pobreza) que gera um risco pessoal e social, ou seja, os grupos
vulneráveis são excluídos das políticas sociais básicas como trabalho, educação,
saúde, habitação e alimentação.
De acordo com o Atlas da Vulnerabilidade, as noções de “necessidades
básicas insatisfeitas”, “pobreza multidimensional” e “desenvolvimento humano”,
exclusão e vulnerabilidade social são noções antes de tudo políticas (ainda que nem
sempre sejam percebidas como tal), que introduzem novos recursos interpretativos
sobre os processos de desenvolvimento social, para além de sua dimensão
monetária. Neste trabalho, vulnerabilidade social deve ser entendida como
a condição dos grupos de indivíduos que estão à margem da sociedade, ou seja,
pessoas ou famílias que estão em processo de exclusão social, principalmente por
fatores socioeconômicos.

Para Silva (2011), a vulnerabilidade social gira em torno do acesso limitado,


ou até mesmo, nenhum acesso do indivíduo às políticas públicas. Nesse sentido, a
25

desigualdade social impõe ao indivíduo a situação de vulnerabilidade. Essa está


intrinsecamente ligada à questão social e para sua eliminação é necessário pensar
em políticas públicas que consolidem a inclusão social e cidadania.

Para Gomes e Pereira (2005, p. 4) apud Tenório e Zagabria (2012), “a criança


abandonada é apenas a contrapartida do adulto abandonado, da família
abandonada, da sociedade abandonada”. Kaloustian e Ferrari (1994, p. 13) apud
Tenório e Zagabria (2012, p. 144) afirmam que “por detrás da criança excluída da
escola, nas favelas, no trabalho precoce urbano e rural e em situação de risco, está
a família desassistida ou inatingida pela política pública.”
De acordo com Subirats (2010) apud Silva (2011), as principais causas para a
situação de vulnerabilidade social são:
[...] precariedade do trabalho, analfabetismo digital, incapacidade mental,
habitação precária, desestruturação familiar, proteção social insuficiente ou
antecedentes criminais. Essas fontes incidirão com mais força nos grupos
de alta vulnerabilidade estrutural: mulheres, jovens, idosos, imigrantes ou
classes de baixa renda (circunstâncias intensificadoras) (Silva 2011, p.5).

Uma das formas de combater esses problemas seria por meio de políticas
públicas preventivas que privilegiassem esse público alvo. Neste contexto, deve-se
pensar em programas sociais que contemplem crianças, adolescentes e famílias em
situação de vulnerabilidade social.

2.2 Avaliação

A avaliação corresponde a um dos estágios do ciclo das políticas públicas.


Ela integra-se a esse ciclo como uma atividade permanente que acompanha todas
as fases da política pública, desde a identificação do problema da política até a
análise das mudanças sociais advindas da intervenção pública.
De acordo com Castro (2009), a avaliação pode ser caracterizada por dois
pontos principais: Primeiro, ela funciona como um instrumento de gestão quando
visa subsidiar decisões a respeito de sua continuidade, de aperfeiçoamento
necessários, de responsabilização dos agentes. Segundo é um instrumento de
26

accountability12 quando busca informar aos usuários, beneficiários e à sociedade em


geral sobre seu desempenho e impactos.

Alguns autores da área relatam que a avaliação de políticas públicas:

Refere-se amplamente a todas as atividades realizadas por uma gama de


atores estatais e sociais com intuito de determinar como uma política
pública se saiu na prática, bem como estimar o provável desempenho dela
no futuro. (Wu et al. 2014, p. 119).

Assim, a avaliação permite oferecer uma linha crítica de defesa contra as


deficiências, pois trata-se de uma investigação sistemática da eficácia dos
procedimentos e programas. Ainda segundo esses autores, a falta de avaliação gera
grandes lacunas entre o objetivo e as ações das políticas. Desse modo, muitas
vezes, essas ações podem estar mal orientadas e concebidas, ou até contraditórias.
Além disso, a avaliação deve vislumbrar alternativas para a solução de
problemas.
A avaliação é tecnicamente desafiadora, tanto em termos de conhecimento
requerido, como também dados necessários. Como resultado, muitas
políticas ineficazes ou mesmo prejudiciais continuam a existir, apesar de
suas consequências inferiores às expectativas ou até mesmo negativas.
(Wu et al, 2014, p. 117).

Neste sentido, a avaliação deve proporcionar as seguintes contribuições:


síntese do problema e da solução proposta pelo programa, desenvolvimento de
novas informações sobre a eficácia do programa e explicação aos atores sobre as
implicações das novas informações obtidas.
Para Wu et al (2014, p. 126), “os principais desafios na avaliação de políticas
públicas é a força de trabalho altamente treinada, com a gestão orientada para o
futuro e excelente capacidade de coleta de informação e processamento de dados”.
Quanto aos problemas relativos à avaliação das políticas públicas, destacam-
se as limitações técnicas e organizacionais, assim como, as limitações políticas.
Entre as limitações técnicas e organizacionais, incluem-se: a falta de apoio

12
. Neste trabalho, refere-se à responsabilidade com ética e remete à obrigação, à transparência, de
membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras
ou a seus representados.
27

organizacional, a falta de experiência em avaliação, a falta de capacidade na coleta


de dados e a percepção estreita do escopo da avaliação. Já nas limitações políticas
estão: ambiente cobrado politicamente para avaliação; objetivos pouco claros e
subjetividade na interpretação dos resultados, além do interesse próprio dos
gestores públicos. Isso gera uma tendência à manipulação dos dados e
informações. Como afirma Wu et al (2014, p.8), isso ocasiona “dificuldades
intransponíveis no desenvolvimento de padrões de avaliação do sucesso do governo
em enfrentar alegações subjetivas e problemas socialmente construídos.”

2.2.1 Modelo lógico

De acordo com Kellogg (2004, p. 1), “o modelo lógico é uma ferramenta de


avaliação benéfica que facilita o planejamento eficaz, implementação e avaliação”.
Este modelo tem sido utilizado pelo governo federal brasileiro, através de instituições
como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e a Enap (Escola
Nacional de Administração Pública). Segundo Cassiolato e Gueresi (2010), desde
2007, o modelo lógico vem sendo utilizado no ajuste dos programas do PPA e,
principalmente no aperfeiçoamento do desenho dos programas do PPA 2008-2011.
O objetivo é melhorar o desenho do programa para o alcance dos resultados
esperados, construindo-se assim, referências para um processo de avaliação.
Nesta pesquisa, o modelo lógico deve ser entendido como uma ferramenta de
planejamento, implantação e avaliação de um programa. Neste sentido, é “um
recurso metodológico para explicitar a estrutura do Programa orientado para
resultados e foi desenvolvida por autores que se dedicam especificamente à
avaliação de Programas.” (Cassiolato e Gueresi, 2010, p. 6).
Sendo assim, essa ferramenta consiste numa maneira sistemática e visual de
apresentar e compartilhar a compreensão das relações entre os recursos
disponíveis para as ações programadas e as mudanças ou resultados que se espera
alcançar.
28

2.2.1.1 Aplicações do modelo lógico

Algumas aplicações do modelo lógico podem ser observadas no Programa de


Promoção da saúde da família do Distrito Federal, no Programa Segundo Tempo do
Ministério de Esportes e no Programa Luz para Todos.
Romeiro et al (2013) utilizaram a ferramenta de modelo lógico como
planejamento, implantação e avaliação do Programa de Promoção da Saúde na
estratégia de saúde da família do Distrito Federal. O uso desse recurso permitiu o
ajuste do planejamento, refinamento dos objetivos, acompanhamento da
implantação e identificação das ações. Neste contexto, o referido modelo contribuiu
para a delimitação das barreiras e facilitadores, adequando a proposta à realidade
encontrada. A construção do modelo lógico reforçou o papel da intersetorialidade no
desenvolvimento de programas de promoção da saúde, aperfeiçoou seu
funcionamento e facilitará sua replicação e expansão para realidades semelhantes.
Já Cassiolato e Gueresi (2010), aplicaram a proposta de modelo lógico do
Ipea ao Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte. Eles concluíram que
apesar de os impactos esperados serem muito relevantes, o que importa é deixar
explícito o compromisso dos diretores e gerentes com o alcance do resultado final.
Isso deve ser algo de fácil mensuração e aferição ao longo do tempo. Outro ponto
interessante dessa aplicação foi a elaboração de uma representação adequada dos
vínculos causais, contemplando claramente a relação entre aquilo que o programa
deve produzir e o resultado a que se propõe.
Freitas e Silveira (2015) aplicaram a ferramenta do modelo lógico ao
programa Luz para Todos. O resultado disso foi uma rica fonte de pesquisa para a
avaliação e monitoramento desse Programa. Além disso, por meio desse recurso,
eles conseguiram comprovar a consistência do programa. O modelo serviu também
de subsídio para a construção dos indicadores de desempenho.

2.2.1.2 A proposta do modelo lógico

De acordo com Cassiolato e Gueresi (2010, p. 7), “a construção de um


modelo lógico é uma proposta para organizar as ações componentes de um
programa de forma articulada aos resultados esperados”. Para essas autoras, o
29

modelo lógico seria um instrumento para explicitar a teoria do programa. Assim, a


aplicação desse modelo resulta em processo que facilita planejar e comunicar o que
se pretende com o programa e qual o funcionamento esperado. Muitas vezes a
teoria do programa não está alinhada com os objetivos propostos o que ocasiona
desordens e confusão. “Em muitos casos, a teoria não é explicitada de forma
detalhada nos documentos oficiais de intervenções governamentais, o que dificulta
uma análise adequada das propostas de programas.” (Cassiolato e Gueresi, 2010,
p.4). Neste sentido, a metodologia do modelo lógico tem por objetivo configurar um
desenho de funcionamento do programa, que seja factível em certas circunstâncias
para resolver os problemas identificados. Os elementos do modelo lógico são:
recursos, ações, produtos, resultados intermediários e finais e hipóteses. Observa-
se assim que o modelo lógico permite verificar se o programa está bem desenhado e
apresenta um plano plausível para o alcance dos resultados esperados.
O questionamento principal é “Será se o desenho do Programa contemplou a
delimitação e explicitação do problema a ser enfrentado com a intervenção e se as
ações planejadas têm como referências mudanças em causas do problema.”
(Cassiolato e Gueresi, 2010, p.4). Isso contribui para a visualização do adequado
desenho do programa e o gerenciamento por resultados.
Então, formular o modelo lógico permite, principalmente, uma definição clara
dos objetivos e resultados do programa e identificar indicadores de desempenho.
Por fim, cumpre ressaltar a importância da utilização do modelo lógico para fins de
sucesso e impessoalidade na implementação do programa.

[...] esse método define critérios de avaliação claros e permite a realização


de atividades focadas nos resultados de políticas públicas, eliminando o
excesso de tendenciosidade. Esses critérios são comumente definidos com
base nos objetivos declarados nas próprias políticas públicas. (Wu et al,
2014, pg. 129).
30

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Este capítulo trata da explicação minuciosa e detalhada dos métodos e


técnicas utilizados para a elaboração desta pesquisa. De acordo com Oliveira (1999,
p. 57), “o método é uma forma de pensar para se chegar a natureza de um
determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para aplicá-lo”. Para
Lakatos e Marconi (2010, pp. 39-40), “o método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que permitem alcançar o objetivo”. Neste sentido, a
metodologia do referido trabalho tem por base um conjunto de conhecimentos
válidos e verdadeiros que tem como proposta esclarecer um fenômeno, traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do gestor.

3.1 Abordagem de pesquisa

Segundo Fonseca (2002), a pesquisa processa-se por meio de aproximações


sucessivas da realidade, fornecendo subsídios para uma intervenção prática.
Lakatos e Marconi (2010, p. 139) definem a pesquisa como “um procedimento
formal, com um método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento
científico e se constrói um caminho para conhecer a realidade ou para descobrir
verdades parciais.” Já, Cervo e Berbian (2002, p. 50) afirma que a pesquisa é “uma
atividade voltada para a solução de problemas, através do emprego de processos
científicos.”
Neste contexto, observa-se que a pesquisa compreende tanto a cientificidade
dos atos e fatos, quanto a reflexão em torno de um problema, observando-se os
impactos na realidade e a possibilidade de intervenção científica.
Com relação ao escopo, essa pesquisa trata da aplicação do modelo lógico
ao Programa Bombeiro Mirim do Paranoá, observando o direcionamento deste
Programa para o alcance de seus resultados.
Quanto aos objetivos, a presente pesquisa é do tipo descritiva. De acordo
com Alyrio (2009, p. 58), numa “pesquisa descritiva se busca essencialmente a
enumeração e a ordenação de dados, sem o objetivo de comprovar ou refutar
hipóteses exploratórias, abrindo espaço para uma nova pesquisa explicativa,
fundamentada na experimentação.”
31

Sendo assim, o foco deste trabalho é a observação e análise das ações


desse Programa, inferindo e levantando possíveis variáveis, mas sem manipulá-las.
Pretende-se descobrir a efetividade de um fenômeno, suas características e sua
conexão e impacto na realidade. As pesquisas desta ordem permitem também uma
melhor compreensão do comportamento do fenômeno, bem como explicar as
influências e relações de causa e efeito.
Quanto à abordagem e análise das informações utilizar-se-á a abordagem
qualitativa. Nesse tipo de estudo, o pesquisador tem a liberdade para a interpretação
dos fenômenos e a atribuição de significados que são fundamentais. As principais
características deste modelo são: objetivação do fenômeno; hierarquização das
ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o
local em determinado fenômeno; [...] respeito ao caráter interativo dos objetivos
buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos;
busca de resultados os mais fidedignos possíveis; [...]. (Gerhardt e Silveira, 2009).
Neste sentido, a grande vantagem na utilização dessa abordagem é a capacidade
de reflexão em torno de um problema. Sendo assim, a realidade é verbalizada e os
dados recebem um tratamento interpretativo, possibilitando uma interferência da
subjetividade do pesquisador.

3.2 Universo

O universo desta pesquisa compreende o Programa Bombeiro Mirim do


Distrito Federal. Atualmente, esse Programa funciona em 12 (doze) regiões
administrativas e atende um público estimado de 1500 crianças e adolescentes entre
07 a 14 anos. A população de análise desta pesquisa é a Unidade de Bombeiro
Mirim do Paranoá que, atualmente, possui 250 crianças e adolescentes
matriculados, sendo 220 frequentando ativamente o Programa.

3.3 Instrumento e levantamento de dados

A concretização do método só é possível com a escolha adequada das


técnicas que constituem o conjunto das diversas etapas ou passos que devem ser
32

seguidos para a realização da pesquisa. Os procedimentos técnicos têm por objetivo


garantir a precisão e objetividade na análise do problema.
A presente pesquisa é, quanto aos procedimentos técnicos adotados,
classificada como uma pesquisa avaliativa e documental. A pesquisa documental foi
realizada no período de julho a outubro de 2017 nas seguintes legislações referentes
ao Programa Bombeiro Mirim: Lei 2.449 de 24 de setembro de 1999, Decreto 21.104
de 31 de março de 2000 e Plano Plurianual 2016-19. Além disso, foram analisados
os planos do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá. Esse modelo de pesquisa tem
por fim a análise das documentações referentes ao Programa Bombeiro Mirim como
leis, regimentos, regulamento e planos. Essa pesquisa também é considerada
avaliativa, porque envolve um julgamento em torno do alinhamento e direcionamento
para a aplicação do modelo lógico de avaliação.
É importante destacar que a literatura especializada estabelece distinções
entre a pesquisa básica e a pesquisa avaliativa. De acordo com Weiss (1998) apud
Antero (2008), a pesquisa avaliativa possui algumas peculiaridades, como: o foco no
uso de suas descobertas, ou seja, oferecer subsídios para a formulação e
implementação de políticas, programas ou projetos; preocupações ou indagações
em torno da política pública avaliada ou seus atores; apreciação de intervenções, no
que tange aos efeitos e/ou valor; análise comparativa (o que é com o que deveria
ser), buscando sempre detectar falhas e méritos nas ações com vistas a aprimorá-
las, ou seja, envolve julgamento de valor sobre as ações. Nesse sentido, depreende-
se que a pesquisa avaliativa envolve o julgamento de diversas naturezas.
Sendo assim, esse estudo utilizou-se a abordagem de avaliação orientada
pela teoria do programa. Segundo Antero (2008, p. 804) “a avaliação é uma análise
informada de uma intervenção. Compreende tanto um aspecto técnico de
procedimentos reconhecidos de coleta e análise de informação quanto atribuição de
valor e mensuração”.
Neste sentido, foi realizada uma entrevista (Apêndice) com o coordenador do
Programa Bombeiro Mirim do Paranoá, no dia 23 de outubro de 2017, bem como
observações pontuais no Programa entre agosto a outubro do mesmo ano.
Para resumir a metodologia desta pesquisa, apresenta-se a tabela 10 que
fornece uma síntese dos instrumentos utilizados.
33

Tabela 10. Tabela síntese de instrumentos


OBJETIVOS ESPECÍFICOS INSTRUMENTOS COM QUEM

Descrever o atual cenário do Programa Entrevista Coordenador do Programa


Bombeiro Mirim (Apêndice) e Bombeiro Mirim do
observação Paranoá.

Levantamento de normativos legais sobre Pesquisa Lei 2.449, Decreto 21.104,


o Programa Bombeiro Mirim documental e Espelho do PPA 2016-19
observação e Regimento Interno.

Levantar de fatores/elementos para a Entrevista Coordenador do Programa


construção de um Modelo Lógico de (Apêndice) e Bombeiro Mirim do
avaliação para o Programa Bombeiro observação Paranoá
Mirim do Paranoá.

Fonte: autor (2017)

3.4 Coleta de dados

Nessa fase da pesquisa, obtiveram-se os dados necessários para responder


o problema proposto. Para identificar o que se espera e como se espera alcançar os
resultados do Programa foi aplicado o questionário de modelo lógico proposto pelo
IPEA. Esse questionário foi preenchido de acordo com as documentações inerentes
ao Programa Bombeiro Mirim que são Lei 2449/99, Decreto 21104/00, Espelho do
Plano Plurianual 2016-19 que prevê verbas e orçamentos para o referido Programa.
Também foram analisadas as normas específicas do Programa Bombeiro Mirim do
Paranoá, como o Regimento Interno.

Outro meio utilizado para a coleta de dados foi a entrevista (Apêndice) com o
coordenador e a observação. Esses instrumentos foram primordiais para verificar as
vantagens e desvantagens na utilização da ferramenta lógica, bem como direcionar
e desenhar o Programa para os resultados a que se pretende alcançar.
34

3.5 Tratamento, análise e interpretação dos dados

Após a seleção dos documentos legais e orçamentários referentes ao


Programa Bombeiro Mirim, buscou-se conhecer a realidade do Programa Bombeiro
Mirim do Paranoá, observando aspectos do cotidiano, principalmente, rotina e
expediente. Depois, realizou-se entrevista com o coordenador do Programa
Bombeiro Mirim do Paranoá. E por fim, ocorreu o preenchimento do questionário
modelo lógico proposto pelo IPEA, conforme sugestão de preenchimento para
Programas já existentes. Os dados e informações foram articulados e descritos por
meio de ideias, hipóteses e expectativas que constituem a estrutura do Programa
Bombeiro Mirim do Paranoá, o seu funcionamento, o que se espera e fatores
relevantes do contexto.

3.6 Procedimentos para o modelo lógico do Programa Bombeiro Mirim do


Paranoá

Segundo Cassiolato e Gueresi (2010), o processo de construção do modelo


lógico pode estar voltado para novos programas ou programas já existentes. Esse
último é o caso do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá, um programa social que
existe desde 1999. Neste sentido, a construção do modelo lógico segue três
etapas13: coleta e análise das informações, pré-montagem do modelo lógico e
validação do modelo lógico. A etapa 1 compreende: coleta de documentação,
entrevistas com integrantes da equipe gerencial e sistematização das informações
coletadas.

Para a etapa 2, pré-montagem do modelo lógico é necessário buscar a


explicação do problema e referências básicas (objetivo, público-alvo e beneficiários).
Depois deve-se pensar numa estruturação do Programa para o alcance dos
resultados e definir fatores relevantes do contexto. Por fim, a terceira etapa envolve

13
Ver detalhes em CASSIOLATO, Marta; GUERESI, Simone. Como elaborar um modelo lógico:
roteiro para formular programas e organizar avaliação. Brasília, setembro, 2010. Páginas 22 à 25:
Procedimentos para Modelo lógico de Programas existentes.
35

a validação do modelo lógico, por meio de checagem dos seus componentes e


analise de vulnerabilidade.

Para realização da etapa 1, coleta e análise das informações, foi realizada


consulta à legislação do Programa Bombeiro Mirim (Lei 2.449, Decreto 21.104,
espelho do PPA 2016-19 e Regimento Interno do Programa Bombeiro Mirim do
Paranoá). Também foi utilizada a entrevista com o coordenador do Programa
Bombeiro Mirim do Paranoá para obter informações necessárias sobre o projeto e
sanar dúvidas e lacunas. A observação também foi importante para se ter a
percepção da realidade do Programa. Através dos instrumentos utilizados, realizou-
se a sistematização das informações coletadas, sendo possível extrair as seguintes
informações: problema que dá origem ao Programa, descritores, causas e
consequências do Problema, objetivo do Programa, público-alvo, recursos, ações,
produtos, resultados e fatores relevantes de contexto. Durante a pré-montagem foi
observada a consistência dessas informações.

Na etapa 2 foi realizada a pré-montagem do modelo lógico. Nesta fase foi


observada a consistência das informações coletadas. Assim, focou-se na explicação
do problema e referências básicas (objetivo, público-alvo e beneficiários). Neste
momento, foi necessário refletir sobre as causas do problema e explorar todas as
relações causais necessárias e suficientes para compor a explicação do problema.

A estruturação do Programa para alcance de resultados foi apresentada em


cinco colunas: recursos, ações, produtos, resultados e efeitos. A coluna recursos foi
preenchida por último e compreende tanto recursos orçamentários próprios quanto
recursos de parceiros ou de programas complementares. Para definir fatores de
contexto foram utilizadas a entrevista e a observação. Os fatores foram separados
de acordo com a sua influência positiva ou negativa sobre a possibilidade de o
Programa atingir os resultados esperados.

A última etapa “validação do modelo lógico” não foi explorada nesta pesquisa,
devido a necessidade da participação e julgamento dos integrantes da equipe
gerencial. A sugestão é que seja realizada uma oficina para a exposição dos
recursos e técnicas utilizados, visualização do modelo, registro de lacunas e
inconsistências. O objetivo principal é que se crie um clima para a participação e
36

compartilhamento de novas ideias e possíveis mudanças no modelo, por meio dos


trabalhos de grupo. Por fim, é necessário realizar a checagem dos componentes do
modelo lógico e analisar as suas vulnerabilidades.

Apesar de o trabalho ter limitação para aprofundar nesta última etapa, isso
fica como sugestão para futuras lacunas de pesquisa na área.

4. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO

Nos subtítulos a seguir, serão dadas as respostas aos objetivos específicos


propostos que são: descrição do cenário, levantamento dos normativos legais e
levantamento de elementos e fatores para a construção do modelo lógico do
Programa Bombeiro Mirim do Paranoá.

4.1 Descrição do cenário

O Programa Bombeiro Mirim do Paranoá foi fundado em 28 de novembro de


1999 e atende em média 220 crianças/adolescentes da área administrativa do
Paranoá e da região por ano. Entre os atendidos estão crianças e adolescentes
encaminhados pelos órgãos de proteção às crianças (Conselho Tutelar/CRAS). O
programa é preventivo, ou seja, não atende a menor infrator. Esse projeto é
composto por 01 Coordenador, 03 professores, 01 Voluntário e atualmente tem 250
crianças matriculadas com 220 participando ativamente do Programa. As crianças e
adolescentes participam do programa no horário oposto ao das aulas, sendo que a
condição essencial para a participação no programa é estar matriculado na rede de
ensino.
As ações do Programa são voltadas para crianças e adolescentes em
situação de vulnerabilidade social. A matriz curricular contempla educação militar,
prevenção de acidentes e incêndio, noções de primeiros socorros, nós e
amarrações, ética/cidadania, meio ambiente, prevenção à criminalidade e ao uso de
drogas, entre outras.
37

4.1.1 Desafios14 do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá

- Melhorar o desempenho e rendimento escolar dos alunos;


- Diminuir o índice de crimes praticados por crianças e adolescentes nas cidades
satélites;
- Capacitar os alunos para a prevenção, cidadania e formação militar;
- Incorporar e formar alunos com foco na prevenção, cidadania e formação militar;
- Encaminhar alunos formandos para o projeto Jovem Candango que reserva 5%
das vagas ao Programa Bombeiro Mirim.
Observa-se assim um Programa com grande potencial no impacto sobre a
situação de vulnerabilidade social de crianças e adolescente, atuando diretamente
na prevenção da criminalidade e marginalidade infantil. No Anexo III desta pesquisa,
são apresentados alguns registros fotográficos sobre a rotina da Brigada Mirim do
Paranoá.

4.2 Levantamento dos normativos legais

O levantamento de normativos legais sobre o Programa foi fundamental tanto


para explicitação do problema, quanto para as referências básicas. A pesquisa
documental teve por base os seguintes materiais: Lei 2.449 (lei de criação do
Programa Bombeiro Mirim), Decreto 21.104 (regulamentação do Programa Bombeiro
Mirim no DF), Espelho do Plano Plurianual 2016-19 e Regimento interno do
Programa Bombeiro Mirim do Paranoá, conforme observaremos durante o
levantamento de fatores para a montagem do modelo lógico.
4.3 Levantamento de fatores e elementos para a construção do modelo lógico

De acordo com Cassiolato e Gueresi (2010), o modelo lógico serve como um


organizador para desenhar a avaliação focalizando nos elementos constitutivos do
Programa e identificando o direcionamento das ações. Neste sentido, o propósito
aqui é mostrar como o Programa deve funcionar para atingir os resultados

14
Os desafios foram retirados da entrevista com o coordenador do Programa, conforme Apêndice,
item 9.
38

esperados. O presente trabalho tem por base os estudos de Cassiolato e Gueresi


(2010) em “Como elaborar modelo lógico: um roteiro para formular Programas e
organizar a avaliação”. Para a elaboração do modelo lógico do Programa Bombeiro
Mirim foram definidos três componentes: explicitação do problema e referências
básicas do Programa; estruturação do Programa e fatores relevantes do contexto.
(Ver capítulo metodologia, seção 3.6 Procedimentos para o Modelo Lógico do
Programa Bombeiro Mirim do Paranoá).

Neste sentido, tanto a descrição do cenário do Programa Bombeiro Mirim do


Paranoá quanto o levantamento dos seus normativos legais foram importantes para
se entender as referências básicas do Programa, bem como para realizar sua
estruturação, além de ser a base para se definir os fatores que influenciam na
realidade do projeto, ou seja, identificar o contexto.

O levantamento de fatores e elementos para a construção deste modelo


lógico foi adquirido por meio de entrevista com o coordenador do Programa
Bombeiro Mirim do Paranoá e observação. Esses instrumentos forneceram dados e
informações para a projeção dos resultados.

4.3.1 Explicitação do problema e referências básicas do Programa

A ideia deste tópico é mostrar os atributos que delimitam o campo de atuação


do Programa, ou seja, objetivos, público-alvo, beneficiários e, além disso, os
descritores15 do problema. Para isso, foram utilizadas a pesquisa documental, a
entrevista e a observação.
O principal problema identificado e motivo da referida criação do Programa
social Bombeiro Mirim é a situação de vulnerabilidade social em que estão inseridas
as crianças e os adolescentes do Distrito Federal. Conforme demonstrado no item
1.2 Problema (desta pesquisa), é notório o aumento da violência, criminalidade
marginalidade infanto-juvenil no DF, bem como a participação de crianças e
adolescentes no uso e envolvimento com drogas.

15
Os descritores cumprem o papel de enumerar de forma clara os fatos que mostram que o problema
existe e tornam mais preciso o enunciado do problema, para que o mesmo possa ser verificável por
meio da enumeração dos fatos que o evidenciam.(descrição do problema).
39

O Programa Bombeiro Mirim foi criado com base na Lei 2.449 de 1999. Entre
os objetivos do Programa, citado no artigo 2º dessa lei, estão:
16
I - proporcionar a integração entre a corporação , a família e a comunidade;
II - ocupar os menores com atividades cívicas, sócio-culturais, esportivas e
recreativas;
III - orientar os brigadinos sobre o exercício da cidadania;
IV - orientar os brigadinos com noções de primeiros socorros, legislação de
trânsito, prevenção de acidentes e doenças sexualmente transmissíveis,
ecologia e meio ambiente.

Esses objetivos refletem as características de um projeto social preventivo


voltado para o atendimento das crianças e dos adolescentes e a necessidade do
envolvimento social. O Decreto 21.104 de 2000 regulamenta o Programa Bombeiro
Mirim e dá o direcionamento para a execução do Programa. Os objetivos gerais,
segundo o artigo 3º desse decreto são:
I - fornecer aos Brigadinos a oportunidade de completar sua educação,
através do desempenho de práticas suplementares ao processo educativo,
facultando aos mesmos um desenvolvimento mental, moral, social e físico,
preparando-os para o exercício pleno de cidadania; e

II - mobilizar a Sociedade, em geral, as Instituições Públicas e Privadas,


Nacionais e Internacionais, através de ações, incentivos e programas
destinados a gerar soluções eficazes e canalizar recursos destinados a
apoiar o desenvolvimento de suas atividades.

O inciso II desse artigo consiste num apelo para a mobilização tanto da


sociedade quanto das autoridades, órgãos e empresas públicas ou privadas. Os
objetivos específicos estão previstos no artigo 4º deste decreto.
I - integrar a Corporação a família dos Brigadinos e a Comunidade;
II - ocupar os Brigadinos com atividades cívicas, sócio-culturais, esportivas e
recreativas;
III - orientar os Brigadinos em noções de primeiros socorros, legislação de
trânsito, prevenção de acidentes, doenças sexualmente transmissíveis,
ecologia e meio ambiente;
IV - pôr em disponibilidade dos Brigadinos opções de lazer como forma de
prevenção à criminalidade infanto-juvenil;
V - estimular a criatividade através de princípios pedagógicos do esporte e
do lazer;
VI - desenvolver palestras e campanhas sócio-educativas a nível interno e
externo;
VII - fornecer ao Brigadino complementação alimentar diária;
VIII - desenvolver, com as famílias dos Brigadinos, trabalhos de
complementação à ação educativa formal;
IX - encaminhar o Brigadino para os diversos cursos profissionalizantes, de
conformidade com as vocações despertadas, através da aplicação do plano
de ensino e instrução do Bombeiro-Mirim do Distrito Federal, conforme
prescrição do Estatuto; e

16
Refere-se ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (organização que mantém o Programa
Bombeiro Mirim).
40

X - pôr em disponibilidade do Brigadino reforço escolar e orientação à


pesquisa.

Observa-se assim que a legislação do Programa Bombeiro Mirim contempla


objetivos que estão relacionados com a prevenção da marginalidade infanto-juvenil e
formas de minimizar a situação de vulnerabilidade social de crianças e adolescentes
do DF.
Figura 1: Referências Básicas17 do Programa Bombeiro Mirim
DESCRITORES PROGRAMA
DO PROBLEMA BOMBEIRO OBJETIVOS
PROBLEMA MIRIM

Aumento da GERAL
criminalidade PÚBLICO ALVO Fornecer aos Brigadinos
infanto-juvenil. a oportunidade de
Crianças e completar sua educação,
adolescentes através do desempenho
carentes de 07 a de práticas
Aumento de
Crianças e 14 anos, suplementares ao
crianças e
adolescentes expostos ao processo educativo,
adolescentes no
expostos à risco social. facultando aos mesmos
envolvimento e
situação de um desenvolvimento
uso de drogas.
vulnerabilidade mental, moral, social e
social. BENEFICIÁRIOS físico, preparando-os
para o exercício pleno
Ociosidade de Crianças e
de cidadania.
crianças e adolescentes
adolescentes no atendidos pelo
contraturno Programa ESPECÍFICOS
escolar. Bombeiro Mirim § Ocupar os Brigadinos
com atividades cívicas,
socioculturais,
esportivas e
recreativas;
§ Orientar os Brigadinos
em disciplinas
temáticas e militares;
§ Pôr em disponibilidade
dos Brigadinos opções
de lazer como forma
de prevenção à
criminalidade infanto-
juvenil;
§ Encaminhar o
Brigadino para os
diversos cursos
profissionalizantes, em
conformidade com as
vocações despertadas;
§ Contribuir com a
função do Estado, no
sentido de garantir e
exercitar os direitos e
deveres fundamentais
da criança e do
adolescente previstos
na Constituição
Federal e no Estatuto
da Criança e do
Adolescente.

Fonte: elaborada pelo autor (2017)

17
Observações.: A constatação do problema se deu por meio de pesquisa e observação. O objetivo
geral, os objetivos específicos, público-alvo, beneficiários: foram retirados da Lei 2.449 e Decreto
21.104. Os critérios de priorização foram retirados do regimento interno do Programa.
41

4.3.2 Estruturação do Programa para o alcance dos resultados

Para estruturar um Programa é necessário descrever o cenário desse


Programa, bem como sua realidade e contexto. Neste sentido, a entrevista e a
observação foram fundamentais para se entender o funcionamento do projeto. A
estruturação do Programa foi direcionada pensando no resultado final e impacto do
Programa. As ações do Programa Bombeiro Mirim devem ser orientadas para a
mudança das causas do problema, ou seja, essas ações devem gerar produtos que
são bens e serviços ofertados aos beneficiários do programa. Os resultados
intermediários vão evidenciar mudanças nas causas do problema, levando assim, ao
resultado final esperado, que está diretamente relacionado ao objetivo do Programa.
Como esse Programa ainda não possui um sistema de monitoramento e avaliação, o
que faremos aqui será uma proposta de Modelo lógico para o alcance dos
resultados.
Os recursos foram verificados por meio de entrevista, observação e consulta
ao espelho do PPA 2016-19. Verificam-se algumas falhas e carências nos recursos
que devem ser corrigidos como: falta de mão de obra (bombeiros militares), falta de
manutenção da estrutura, necessidade do direcionamento da verba e falha na
divulgação e publicidade.
As atividades compreendem ações que são realizadas tanto pela direção do
Programa (palestras, cursos, reciclagens) quanto pelo Programa (parcerias, eventos
e formaturas). As informações sobre atividades foram adquiridas por meio de
entrevista.
Os produtos correspondem à realização das atividades. Essas informações
foram obtidas por meio de entrevista e observação.
Os resultados são os valores finais dos produtos e foram obtidos por
estimativas, através da entrevista e observação.
Os impactos são os efeitos na realidade. Esses são as consequências
advindas de todo o trabalho. Os impactos foram projetados, a partir dos produtos e
com base na entrevista, observação e legislação.
Percebe-se que como há falhas na fase de recursos, há também um
problema na estruturação do Programa. Sabe-se que os recursos são a base para o
perfeito funcionamento e harmonia do Projeto.
42

Sendo assim, corre-se o risco de se desestabilizar toda a estrutura. O ideal seria


trabalhar para reparar as falhas nos recursos. Por isso, deve-se entender a Figura 3
como uma proposta de modelo lógico para o alcance dos resultados, e assim
verificar se o Programa Bombeiro Mirim do Paranoá está atuando de modo alinhado
com seus objetivos.
RECURSOS ATIVIDADES PRODUTOS RESULTADOS IMPACTOS

•Bombeiros Militares •Realizar parcerias para •Parceria realizada para •Capacitação dos
Instrutores (com capacitação dos capacitação dos bombeiros militares que
formação em educação bombeiros militares que bombeiros (UnB). atuam diretamente no •Melhoria da imagem do
física e pedagógica). atuam no Programa. Programa. Corpo de Bombeiros.
• Semana pedagógica
• Bombeiro Militares para • Realizar a semana realizada no recesso • Unidades do Programa •Melhoria no convívio, na
planejamento, pedagógica para escolar (julho). Bombeiro Mirim integração social e na
desenvolvimento e capacitação dos abastecidas com autoestima dos
•Encaminhamento de
pesquisa. Bombeiro Militares que materiais esportivos e participantes.
adolescentes para o 1º
atuam no Programa. suplementares.
•Menor aprendiz do emprego via convênio •Aumento do número de
Projeto Jovem •Receber menor aprendiz com o GDF – Programa •Unidades do Programa crianças e adolescentes
Candango. vinculado ao convênio Jovem Candango. Os Bombeiro Mirim em com consciência cidadã e
com o GDF - Projeto jovens realizam serviços funcionamento social.
•Material para lanche administrativos nas atendendo as crianças e
(leite, seus derivados e Jovem Candango.
unidades do Programa adolescentes. •Melhoria do rendimento
pão). •Receber recursos (lanche) Bombeiro Mirim. escolar dos alunos.
do convênio com o GDF. •Crianças mantidas e
•Kit Uniforme. •Receber recursos (lanche) assistidas pelo programa. •Diminuição da
•Kit Pedagógico. •Receber recursos do do convênio com o GDF. criminalidade e
Corpo de Bombeiros para •Melhoria do rendimento marginalidade infanto-
•Material para a aquisição de uniformes, •Oferta de alimentação escolar dos alunos. juvenil.
publicidade (banner, de kits pedagógicos e de (pão, leite e derivados).
•Direitos respeitados de
placas, panfletos, etc.). materiais esportivos. •Oferta de uniformes e crianças e adolescentes.
•Espaço em unidades dos •Realizar a manutenção da materiais pedagógicos.

Fonte: elaborada pelo autor (2017)


quarteis de Bombeiro estrutura física das •Oferta de materiais
Militar. Unidades do Programa esportivos.
•Verba repassada pelo Bombeiro Mirim.
•Manutenção e serviços
CBMDF . •Cumprir a matriz gerais terceirizados do
curricular do programa. quartel de bombeiro.
Figura 2. Proposta de Modelo lógico para o alcance dos resultados

•Articular com órgãos do •Eventos realizados:


governo e empresariado formatura de
local, ações com intuito incorporação, festa do dia
de prevenção à das crianças, formatura
criminalidade e de encerramento do ano
marginalidade. letivo.
43
44

4.3.2.1 Situação problema foco do Programa Bombeiro Mirim

Para maior detalhamento do modelo lógico é necessário apresentar uma


proposta de reestruturação do Programa. Essa proposta deve estar voltada para
corrigir problemas, principalmente, quanto aos recursos disponíveis.

Outro ponto é que para estruturar o programa para os resultados deve-se


combater as causas do Problema. O principal problema observado é o aumento de
crianças e adolescentes do Distrito Federal, expostos à situação de vulnerabilidade
social. Em virtude deste decorrem outros problemas secundários como o aumento
da marginalidade e criminalidade infanto-juvenil; aumento do envolvimento de
menores com o uso de drogas; violação dos direitos da criança e do adolescente,
entre outros. Nesse sentido o Programa Bombeiro Mirim deve ser direcionado para
solucionar as causas para a minimização dos efeitos da situação de vulnerabilidade
social a que estão expostos crianças e adolescentes do Distrito Federal.

Sabe-se da limitação dessa pesquisa quanto aos resultados e impactos, pois


isso exigiria, além de tempo de análise e observação, envolvimento e
acompanhamento de toda a cúpula administrativa do Programa. Por isso, as
projeções detalhadas constituem lacunas de pesquisa que exigem estudos
específicos voltados para a aplicação prática e acompanhamento do modelo lógico.

A figura a seguir é uma proposta de modelo lógico para o referido Programa.


Com base neste detalhamento das atividades e resultados torna-se imprescindível
buscar e checar possíveis impactos, além de pensar na sustentabilidade do
Programa. Para isso é necessário que a avaliação e o monitoramento do Programa
sejam prioridade, além da participação e envolvimento dos gestores, gerentes e
coordenadores.
MISSÃO: Promover para a comunidade, serviços socioeducativos de qualidade e excelência que contribuíram para o
desenvolvimento físico, psicológico e social da criança e do adolescente, além de promover a inclusão social.
OBJETIVOS OBJETIVOS
ATIVIDADES RESULTADOS IMPACTOS SUSTENTABILIDADE
GERAIS ESPECÍFICOS
Orientar os beneficiários Capacitação e Exercício da cidadania,
Possibilitar um em noções de primeiros Profissionais SOCIAL
socorros, trânsito, preven-
aperfeiçoamento dos capacitados prevenção, respeito e
desenvolvimento profissionais do solidariedade • Redução das
ção de acidentes e outros.
mental, moral, Programa desigualdades;
Estimular a criatividade Desenvolvimento físico, • Inclusão social;
social e físico aos através de princípios Diminuição de doenças • Direitos das crianças e
mental e social dos
beneficiários. pedagógicos do esporte e Prática esportiva e adolescentes
do lazer
beneficiários
entretenimento. Aumento do número de respeitados;
Fornecer ao beneficiário pessoas com • Acesso à cidadania;
complementação alimentar Melhoria da saúde consciência cidadã e • Diminuição da
Preparar para o diária. Alimentação violência;
social
exercício pleno • Respeito à diversidade.
Ocupar os menores com Desenvolvimento moral
da cidadania. atividades físicas, Cumprir a matriz
socioculturais, esportivas e
Melhoria no convívio,
curricular na integração social e AMBIENTAL
recreativas.
Respeito, obediência e autoestima dos
Por em disponibilidade dos
• Conscientização para o
disciplina participantes respeito ao meio
Mobilizar a beneficiários opções de Realizar passeios e
lazer como forma de eventos ambiente.
sociedade para Diminuição da
prevenção à criminalidade Melhoria da autoestima
ações e infanto-juvenil. via interação e criminalidade e
incentivos a fim Parcerias com empresas interesse marginalidade infanto- PROGRAMA
Encaminhar o beneficiário
para cursos e órgãos juvenil (recursos)
de gerar governamentais
profissionalizantes.
soluções e Parceria Projeto Jovem • Corpo de Bombeiros;
canalizar Orientar os beneficiários Candango (primeiro Melhoria da imagem do • Articulação com outros
sobre o exercício da Uniforme e material emprego) Corpo de Bombeiros órgãos da Secretaria de
recursos para o cidadania. didático Segurança Pública;
desenvolvimento Integrar a corporação, a • Parceria com

Fonte: elaborado pelo autor (2017)


Eventos: formaturas,
das atividades. família dos beneficiários e Realizar parcerias para Envolvimento social Fundações e
a comunidade. festas e visitas
a realização de eventos Universidades;
e apoio às atividades. • Apoio e colaboração.
Desenvolver palestras e
Fornecer aos campanhas socioeducativas Melhoria do Diminuição da evasão
a nível interno e externo. rendimento escolar dos escolar e reprovação
Qualitativas (entrevistas com pais dos alunos e ex-alunos).

beneficiários a Produção de eventos alunos


oportunidade de Desenvolver, com as que envolvam as

mão de obra, estrutura física, verba CBMDF, lanche (GDF), parcerias e colaboradores.
famílias dos beneficiários, famílias e comunidade.
completar sua trabalhos de complemen-
educação por tação à educação formal.

meio de práticas Trabalhar em parceria


Oferecer ao beneficiário o
reforço escolar e a
com as escolas da
suplementares. comunidade.
MEDIDAS: Quantitativas (pesquisa escolar, banco de informações e acompa-
nhamento pós-programa).

orientação à pesquisa.
Figura 3. Proposta de Modelo Lógico para o Programa Bombeiro Mirim do Paranoá

RECURSOS:
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
45
46

4.3.3 Identificação de fatores relevantes do contexto

Por fim, é interessante refletir sobre a realidade em que o Programa se insere.


As influências do contexto sobre o Programa consistem numa análise desse
ambiente, verificando tanto fatores que podem favorecer quanto fatores que podem
comprometer o desenvolvimento das ações.

Figura 4. Fatores relevantes do contexto

Fonte: elaborada pelo autor (2017)

Os fatores relevantes de contexto constituem projeções que foram


construídos a partir aspectos que podem impactar negativamente ou positivamente
para o alcance dos resultados do Programa, enfim fatores que podem influenciar o
seu desempenho. É importante perceber que atividade foi realizada por meio de
inferências do pesquisador. Isso é uma fragilidade da pesquisa, já que para a
47

montagem de um modelo lógico exige-se o esforço mental e participação de toda a


equipe gerencial.

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O modelo lógico construído para o Programa Bombeiro Mirim buscou mostrar


a pertinência das relações estabelecidas desde o problema público até as atitudes e
ações que devem ser tomadas pelos gestores do Programa. Neste contexto, essa
pesquisa priorizou o direcionamento do Programa desde os recursos até os
resultados, alertando sobre fatores positivos e negativos que podem impactar o
desempenho desse projeto. Observa-se assim que a ferramenta do modelo lógico é
um recurso metodológico para organizar a avaliação. Neste sentido, é necessário
um planejamento efetivo que priorize a avaliação e o monitoramento do Programa. O
desafio consiste em buscar dados e informações, construindo, assim um banco de
dados ao longo de uma sequência temporal que permita avaliar as ações,
priorizando a qualidade, eficiência, eficácia e a efetividade.

Na amostra analisada, para cumprir o objetivo específico “descrever o atual


cenário do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá” recorreu-se, principalmente, à
observação e à entrevista. Observa-se que, quanto ao atual cenário, o Programa
Bombeiro Mirim do Paranoá não possui uma base para a organização dos dados.
Isso seria útil para explorar as informações importantes, inspiradas numa gestão
com foco avaliativo. Assim, há a necessidade de coleta de dados e depois de um
trabalho prático com esses dados para se transformarem em ferramenta de
monitoramento e avaliação. Além disso, percebe-se uma série de problemas como:
a falta de compartilhamento e retroalimentação do sistema (não gera aprendizado
organizacional); falta de conexão clara entre os dados acompanhados e a gestão do
Programa e; os dados não são transformados em instrumentos para o
monitoramento e avaliação.

Para cumprir o objetivo específico “levantamento de normativos legais sobre o


Programa Bombeiro Mirim” foi realizada uma pesquisa documental em torno das
principais legislações que regem o Programa. Quanto ao ordenamento legal,
observou-se que os objetivos propostos nas legislações não estão alinhados com os
48

objetivos práticos do Programa. Observa-se que tanto os objetivos gerais quanto os


específicos da Lei, do Decreto e do plano apresentam peculiaridades que devem ser
analisadas e corrigidas.

Sendo assim, o desafio de construir um modelo lógico para o referido


Programa consistiu apenas em sistematizar e relacionar os meios (administrativos e
jurídicos) previamente estabelecidos com os efeitos esperados e os objetivos
previstos. A resposta para eficiência, eficácia e efetividade do Programa só pode ser
dada por meio de pesquisas avaliativas mais avançadas, entretanto percebe-se um
Programa com grande potencial para atuar diretamente nas situações de
vulnerabilidade social de crianças e adolescentes.

Para cumprir o objetivo específico “levantar fatores/elementos para a


construção de um Modelo Lógico de avaliação para o Programa Bombeiro Mirim do
Paranoá” recorreu-se à entrevista, observação, análise e interpretação das
legislações do Programa. Com esses dados e informações foram construídos: as
referências básicas do Programa (figura 1), a proposta e a estruturação de um
modelo lógico para o alcance dos resultados (figuras 2 e 3) e os fatores relevantes
de contexto (figura 4).
Os fatores e elementos levantados para a construção do modelo lógico do
Programa Bombeiro Mirim do Paranoá devem servir de complemento para as
atividades de planejamento do Programa, bem como o monitoramento e a avaliação.
Essas atividades devem ser complementares e partes de um mesmo sistema que
tem com foco a melhoria do desempenho e o alcance dos resultados esperados,
além de contribuir para a aprendizagem organizacional e facilitar a tomada de
decisões. Assim, é importante esclarecer que a construção dos critérios para a
avaliação é definida com base no modelo lógico, analisando, principalmente, os
objetivos e metas do Programa. A concepção de medidas requer uma reflexão
cuidadosa de modo a assegurar que as medidas realmente vinculem o desempenho
às metas organizacionais.
Por fim, para responder à pergunta acadêmica proposta de aplicar o Modelo
Lógico de avaliação de políticas públicas ao Programa Bombeiro Mirim do Paranoá
para verificar se ele está alinhado com os objetivos propostos na legislação e planos
de ação, observa-se que Programa Bombeiro Mirim do Paranoá não está totalmente
49

alinhado com seus objetivos, pois as suas ações, muitas vezes, não estão voltadas
para a solução das causas do problema. Outro problema é a carência de recursos e
dificuldades de parceria para um melhor direcionamento do Programa que existe na
teoria, mas não ocorre na prática.
Além disso, esse Programa não tem explorado totalmente os fatores favoráveis do
contexto e nem considerado os aspectos desfavoráveis.
Sendo assim, observa-se que a ferramenta do modelo lógico foi de extrema
importância para a sistematização, desenho e direcionamento do Programa
Bombeiro Mirim, além de detectar que ele apresenta falhas e deficiências quanto ao
desempenho e resultados esperados. Cabe também relatar que a pesquisa
apresenta limitação quanto à checagem e validação do modelo lógico, visto serem
atividades que demandam tempo e envolvimento de toda equipe gerencial. Neste
sentido, esse trabalho serve como lacuna de pesquisa para futuras investigações
avaliativas relacionadas com desempenho, sustentabilidade, aprendizagem e
responsabilidade social das organizações.
50

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Souza – Pangea Centro deTradução, Interpretação e Idiomas Ltda.
53

Anexo I: Formaturas e desfiles cívicos

Fotografia 1 - Formatura de incorporação

Fonte: CBMDF (2017)

Fotografia 2- Formatura de incorporação

Fonte: CBMDF (2017)

Fotografia 3.- Incorporação do pavilhão nacional (entrada da bandeira nacional).

Fonte: CBMDF (2015)


54

Fotografia 4 - Juramento de incorporação de novos alunos

Fonte: CBMDF (2015)

Fotografia 5 - Desfile cívico-militar

Fonte: CBMDF (2016)

Fotografia 6 - Treinamento no Grupamento de Bombeiros

Fonte: foto do autor (2016)


55

Anexo II: Rotina do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá

Fotografia 7 - Instruções no Grupamento de Bombeiros

Fonte: fotos do autor (2016)

Fotografia 8. Instrução sobre conhecimentos de bombeiro

Fonte: foto do autor (2016)

Fotografia 9. Instrução sobre conhecimentos de bombeiro

Fonte: foto do autor (2016)


56

Fotografia 10. Instrução sobre conhecimentos de bombeiro

Fonte: foto do autor (2016)

Fotografia 11. Atividade artística

Fonte: CBMDF (2015)

Fotografia 12. Instrução militar e ordem unida

Fonte: foto do autor (2016)


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Fotografia 13. Olimpíadas Bombeiro Mirim

Fonte: CBMDF (2015)

Fotografia 14. Olimpíadas Bombeiro Mirim

Fonte: CBMDF (2015)

Fotografia 15. Olimpíadas Bombeiro Mirim

Fonte: CBMDF (2015)


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APÊNDICE

ENTREVISTA COM O COORDENADOR DO PROGRAMA BOMBEIRO MIRIM


Entrevista realizada em 23/10/2017 (segunda), às 13h20.

1. Quantas crianças e adolescentes o Programa Bombeiro Mirim do Paranoá atende?


Atualmente, o programa tem 250 crianças matriculadas e 220 participando mais ativamente. A média
de atendimento por ano é de 220 alunos.
2. Quantas pessoas trabalham no Programa?
04 militares e 01 voluntário.
3. Qual o critério de seleção das crianças. Existe uma priorização?
Ter entre 07 e 14 anos e estar matriculada na rede pública de ensino. As prioridades são os casos
encaminhados pelo conselho tutelar, CRAS e vara da infância e juventude.
4. Além dos recursos do CBMDF (mão de obra, estrutura física, material esportivo) e do GDF
(lanche), há outro recurso?
Não. Inclusive até o lanche fornecido pelo GDF (pão, leite e derivados) está suspenso.
5. Quais as principais dificuldades do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá?
Dificuldade para manutenção da estrutura, falta de recursos humanos, falta de lanche, falta de
materiais de escritório. Hoje, o Programa depende das doações dos pais.
6. Há muitos casos de desistência? É possível estimar a porcentagem?
Não. Bem pouco. Em torno de 20%. Geralmente, as desistências ocorrem por mudança de endereço,
dificuldades no transporte das crianças e algumas escolas que passaram a adotar o ensino integral.
7. Há algum acompanhamento do adolescente após o Programa (Pós bombeiro mirim)?
Sim. Estamos montando um banco de dados para saber quem está trabalhando, estudando ou até
mesmo ocioso. No mês de setembro, promovemos o primeiro encontro de ex-brigadinos com a
participação de cerca de 40 ex-alunos.
8. O Programa utiliza algum sistema de monitoramento ou avaliação dos resultados?
Não. O que acontece é apenas o preenchimento trimestral de um relatório para informar quantidade
de crianças e adolescentes frequentes por sexo e atividades realizadas.
9. Quais as principais metas do Programa Bombeiro Mirim do Paranoá?
- Melhorar o desempenho e rendimento escolar dos alunos.
- Diminuir os índices de marginalidade e criminalidade infanto-juvenil no Paranoá e região.
- Formar cidadãos preventivos, educados e conscientes.
- Encaminhar os alunos formados para o primeiro emprego ou cursos profissionalizantes.
10. Você acha que o Programa Bombeiro Mirim tem contribuído para a redução da violência,
criminalidade e marginalidade das crianças e adolescentes do Paranoá e região?
Sim. Muito. A criação do banco de dados dos ex-alunos é justamente para ver esse retorno.
Formamos os alunos até os 14 anos, mas é necessária uma continuidade. Uma sugestão seria uma
parceria do Programa com órgãos do governo e empresas para a inserção destes jovens no mercado
de trabalho.

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