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Itaú Unibanco:
Lígia Vasconcellos
Fernanda Costa Lima
Julia Guerra Fernandes (Auxiliar de pesquisa)
Consultor externo:
Naercio Menezes-Filho (Insper e USP)
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Apresentação
4
Avaliação Econômica do Ensino Médio Profissional
Sumário Executivo
O objetivo deste relatório é apresentar uma avaliação econômica que consiste em avaliar o
impacto de se cursar ensino médio profissional no salário recebido pelos egressos do ensino médio
profissional, além de fazer uma estimativa do retorno econômico do projeto, comparando seus
custos e seus benefícios aos participantes ao longo do tempo. Para isso, analisamos os dados da
edição de 2007 da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (“PNAD 2007”), realizada pelo
IBGE, que, além dos dados convencionais (escolaridade e informações sobre renda e trabalho)
possui uma seção específica que nos permite identificar aqueles que cursaram ensino médio
profissional.
A partir dos dados da PNAD 2007, obtemos uma amostra de 43.626 indivíduos, sendo que
36.273 deles possuem ensino médio comum e 7.353 possuem ensino médio profissional.
Analisando o salário recebido por cada grupo, os indivíduos que possuem ensino médio profissional
recebem em média R$ 1.507,43 por mês, enquanto indivíduos com ensino médio comum recebem
em média R$ 1.504,55. Essa diferença, além de estatisticamente não significante, não é
economicamente relevante. Porém, os dois grupos podem ter características distintas que estejam
escondendo a real contribuição do ensino médio profissional. Para isolar o efeito do ensino
profissional sobre o salário, recorremos a diferentes metodologias econométricas.
5
É possível, porém, que existam características não observáveis que influenciem tanto o
salário recebido quanto a escolha de se cursar ensino médio comum ou profissional. Para controlar
esses efeitos, utilizamos o método de variáveis instrumentais, onde uma variável que indica se
algum dos pais do indivíduo concluiu ensino médio profissional ou não é utilizada como
instrumento. Como esta informação não é disponível para toda a amostra, a análise é restrita a uma
subamostra que se identifica como “filho” na família. Nesta subamostra, quando a influência de
características não-observáveis não é controlada, o resultado encontrado é similar ao resultado
encontrado para toda a amostra. Na estimativa por variável instrumental, concluir ensino médio
profissional leva a um aumento de 37,5% no salário recebido.
Portanto, o ensino médio profissional se mostra eficaz em elevar o salário dos concluintes ao
longo da vida. Além disso, nosso cenário para o cálculo do retorno econômico do programa indica
um benefício importante para a sociedade como um todo, já que os ganhos salariais médios ao
longo da vida dos egressos superam os custos deste tipo de ensino médio.
6
Introdução
O objetivo deste relatório é apresentar uma avaliação econômica que consiste em avaliar o
impacto de se cursar ensino médio profissional no salário recebido pelos egressos do ensino médio
profissional, além de fazer uma estimativa do retorno econômico do projeto, comparando seus
custos e seus benefícios aos participantes ao longo do tempo. Para isso, analisamos os dados da
edição de 2007 da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (“PNAD 2007”), realizada pelo
IBGE, que, além dos dados convencionais (escolaridade e informações sobre renda e trabalho),
possui uma seção específica que nos permite identificar aqueles que cursaram ensino médio
profissional.
Neste trabalho, analisamos somente os indivíduos com, no mínimo, ensino médio regular
completo. 1 Dentro deste universo, os concluintes do ensino técnico de nível médio serão
comparados com os concluintes do ensino médio comum. O ensino médio técnico tem sido
apresentado como uma opção de formação profissional que permite aos jovens entrarem no
mercado de trabalho com uma profissão sem ter que arcar com o tempo e o investimento de um
curso superior. São cursos em geral mais caros que o ensino médio regular, mas exigem menos
investimento que um curso superior.
Na literatura nacional há alguns estudos que também analisam o ensino profissional, como
Severini e Orellano (2010) e Neri (2010). Os autores analisam o efeito de ter cursado diferentes
modalidades de Ensino profissional sobre a renda esperada. O estudo de Severini e Orellano (2010)
utiliza como base os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (1996), que abrange apenas as
regiões Nordeste e Sudeste. Entre os egressos de cursos técnicos oferecidos dentro de empresas, o
estudo estimou um impacto positivo sobre a renda esperada e redução da probabilidade de
desemprego. Ao considerarmos os egressos da modalidade de ensino profissional analisada neste
estudo, ensino médio técnico, os autores encontram um impacto não estatisticamente significativo.
1
Ensino médio regular abrange o ensino médio comum e o ensino médio profissional, e não inclui educação de jovens e
adultos (“EJA”) de nível médio.
7
Dentre as possíveis explicações para esta diferença entre os resultados, estão a defasagem temporal
e a diferente abrangência geográfica.
Neri (2010), com a mesma base utilizada em nosso estudo, estimou entre os que
frequentaram ensino médio técnico um prêmio salarial de 15,1%. E, ao analisar as três modalidades
de ensino técnico, os salários esperados são 12,94% maiores para aqueles com educação
profissional. Além da discussão do retorno de salário, o autor estima os impactos da educação
profissional, sobre a probabilidade de inserção no mercado de trabalho e a taxa de ocupação dos
concluintes, encontrando efeito positivo entre estes indicadores.
Este estudo utiliza a PNAD 2007, que traz suplemento específico sobre ensino profissional.
A partir destes dados, obtemos uma amostra de 43.626 indivíduos, sendo que 36.273 deles possuem
ensino médio comum e 7.353 possuem ensino médio profissional. Analisando o salário recebido em
cada grupo, os indivíduos que possuem ensino médio profissional recebem em média R$ 1.507,43
por mês, enquanto indivíduos com ensino médio comum recebem em média R$ 1.504,55. Essa
diferença, além de estatisticamente não significante, não é economicamente relevante. Porém, os
dois grupos podem ter características distintas que estejam escondendo a real contribuição do
ensino médio profissional. Para isolar o efeito do ensino profissional sobre o salário, recorremos a
diferentes metodologias econométricas.
É possível, porém, que existam características não observáveis que influenciem tanto o
salário recebido quanto a escolha de se cursar ensino médio comum ou profissional. Para controlar
esses efeitos, utilizamos o método de variáveis instrumentais, onde uma variável que indica se
algum dos pais do indivíduo concluiu ensino médio profissional ou não é utilizada como
instrumento. Como esta informação não é disponível para toda a amostra, a análise é restrita a uma
subamostra que se identifica como “filho” na família. Nesta subamostra, quando a influência de
características não-observáveis não é controlada, o resultado encontrado é similar ao resultado
encontrado para toda a amostra. Na estimativa por variável instrumental, concluir ensino médio
profissional leva a um aumento de 37,5% no salário recebido.
Portanto, o ensino médio profissional se mostra eficaz em elevar o salário dos concluintes ao
longo da vida. Além disso, nosso cenário para o cálculo do retorno econômico do programa indica
um benefício importante para a sociedade como um todo, já que os ganhos salariais médios ao
longo da vida dos egressos superam os custos deste tipo de ensino médio.
A seguir é apresentado um perfil do ensino médio profissional 2 atual, com base nos dados do
Censo Escolar 2007 (Inep/MEC). Para isso, serão apresentadas características de escolas que
oferecem apenas o ensino médio comum e de escolas que oferecem ensino profissional de nível
médio 3 (Tabela 1).
De 25.815 escolas que oferecem ensino médio regular, aproximadamente 13,3% oferecem
ensino médio profissional. E ao considerarmos os 8.861.096 alunos em ensino médio regular,
apenas 8,8% deles estão cursando o ensino médio profissional. Os dados revelam também que a
oferta de escolas de ensino médio no Brasil é concentrada em regiões urbanas, onde se localizam
cerca de 93% do total de escolas.
2
Curso técnico de nível médio é um curso de educação profissional realizado ao mesmo tempo ou após a conclusão do
ensino médio, e seus concluintes recebem o diploma de técnicos. Possui legislação própria e diretriz curricular
específica, e só pode ser ministrado por escolas devidamente credenciadas pelo poder público.
3
Escolas que oferecem ambas as formas de ensino, tanto EM comum quanto EM profissional, foram incluídas no
grupo que oferece ensino profissional.
9
das escolas de ensino médio comum é estadual (70,7%). A presença de escolas federais está
concentrada no ensino médio profissional.
Por fim, a Tabela 1 mostra que as escolas de ensino profissional possuem uma infraestrutura
de informática mais completa, pois têm em média um número maior de computadores e maior
acesso à internet. O percentual de laboratórios de informática também é maior, mas a diferença
entre os grupos não é estatisticamente significante. Por outro lado, escolas que oferecem ensino
médio comum possuem um percentual maior de laboratórios de ciências e biblioteca disponíveis
para os alunos.
10
TABELA 1. Características das escolas
Localização
% de escolas na região urbana 92,96 94,39 -3,09 ***
Dependência administrativa
% de escolas privadas 26,44 64,18 -46,18 ***
% de escolas municipais 2,74 4,07 -4,29 ***
% de escolas estaduais 70,67 26,67 52,98 ***
% de escolas federais 0,15 5,08 -30,70 ***
Infra- estrutura
Média de computadores por escola 18,05 46,81 -25,64 ***
% de escolas com lab. de informática 70,96 71,21 -0,30
% de escolas com acesso à Internet 79,65 92,20 -17,40 ***
% de escolas com lab. de ciências 41,37 39,57 2,00 **
% de escolas com biblioteca 83,32 81,81 2,20 **
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%
Descrição da amostra
Fonte de dados
A fonte de dados utilizada para as estimativas que seguem é a edição de 2007 da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios 2007 (“PNAD 2007”). Nesta edição, além do questionário
padrão, foram feitas perguntas sobre a educação profissional dos indivíduos e sobre o ensino de
jovens e adultos. No caso da educação profissional, a pesquisa abrange três tipos de curso:
qualificação profissional, técnico de nível médio e graduação tecnológica 4.
4
Na estrutura da PNAD não é possível saber se cada indivíduo cursou qualificação profissional ou graduação
tecnológica.
11
Curso de qualificação profissional é definido como qualquer curso de formação para o
exercício de alguma atividade profissional, e é conhecido também como curso de formação inicial
ou curso de formação continuada. Esse tipo de curso tem duração variável, confere certificado de
participação, pode ser realizado sem exigência de escolarização e é oferecido por escolas ou outros
tipos de instituição, como ONGs, igrejas, sindicatos e associações. A proposta é qualificar o
profissional para o trabalho sem o aumento de seu nível de escolaridade.
O curso de graduação tecnológica é um curso superior de nível universitário, que tem como
pré-requisito a conclusão do ensino médio. Confere diploma de ensino tecnólogo e, como os cursos
técnicos de nível médio, possui legislação própria e diretriz curricular específica, podendo apenas
ser ministrado por escolas devidamente credenciadas pelo poder público.
Para criarmos a variável de interesse, emprofi, uma variável binária que indica se o indivíduo
cursou ensino médio profissional ou ensino médio comum, é adotado o seguinte procedimento,
também descrito na Figura 1:
12
3.3.2 - Caso tenha frequentado algum outro curso de formação profissional, o
questionário pede apenas para o respondente indicar qual o curso de educação
profissional mais importante que ele frequentou. Neste caso, como não podemos ter
certeza se o indivíduo frequentou ou não curso de ensino médio profissional, o
indivíduo é excluído da amostra.
4 - Para quem responde que não frequenta algum tipo de educação profissional:
4.1 – Caso não tenha frequentado anteriormente cursos de educação profissional, a variável
de interesse assume valor igual a zero.
4.2 – Caso tenha frequentado anteriormente cursos de educação profissional:
4.2.1 – Se frequentou ensino médio profissional e concluiu, a variável assume valor
igual a 1.
4.2.2 – Se frequentou ensino médio profissional e não concluiu, a variável assume
valor igual a 0.
4.2.3 – Se frequentou qualificação profissional ou graduação tecnológica, não é
possível saber se também frequentou ensino médio profissional, e, portanto, o
indivíduo é excluído da amostra.
Restringimos a análise aos indivíduos respondentes da PNAD 2007 que são maiores de 14
anos, que trabalham e têm renda mensal maior ou igual a zero no trabalho principal (variável V4718
na PNAD2007). Outra restrição importante é que consideramos apenas as pessoas que apresentam
informação para raça, idade, idade com que começou a trabalhar, escolaridade, há quantos anos está
no mesmo trabalho principal (da semana de referência), se o trabalho é agrícola e local de
residência (região urbana e região metropolitana). A amostra final é composta por 43.626
observações, sendo que 36.273 indivíduos concluíram ensino médio comum e 7.353 concluíram
ensino médio profissional.
13
Figura 1. Procedimento de criação da variável binária emprof
Estatísticas descritivas
14
O indicador de experiência no mercado de trabalho apresentado na tabela é dado em anos e
foi obtido a partir da diferença entre a idade no momento da pesquisa e a idade com que a pessoa
começou a trabalhar. Os dados mostram que as pessoas que fizeram ensino médio profissional
começaram a trabalhar mais cedo, e, dado que têm idade semelhante às que concluíram ensino
médio comum, possuem mais experiência de trabalho. Em relação ao trabalho agrícola, notamos
que o percentual de trabalhadores agrícolas é estatisticamente maior entre pessoas que fizeram
ensino médio comum, a um nível de aproximadamente 5% de significância.
15
TABELA 2. Características da população que concluiu o Ensino Médio
Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 50,49 52,19 2,380 **
Média da idade (anos) 35,23 35,92 4,410 ***
% de indivíduos brancos 64,36 63,21 -1,710
Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 95,48 96,36 3,200 ***
% de indivíduos em regiões metropolitanas 41,92 37,52 -6,420 ***
Educação
Média dos anos de educação (anos) 12,54 12,25 -11,240 ***
% de indivíduos que cursam graduação 11,51 13,92 4,910 ***
% de indivíduos que concluíram graduação 27,90 21,13 -11,330 ***
% de indivíduos que concluíram pós-graduação 1,78 1,34 -2,670 ***
% de indivíduos que frequentam escola 12,79 15,18 4,690 ***
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%
Nas tabelas a seguir também apresentamos uma comparação entre pessoas que concluíram
ensino médio comum e aquelas que cursaram ensino médio profissional. Porém, na Tabela 3,
consideramos apenas características da população que parou de estudar no ensino médio (“EM”), e
na Tabela 4 restringimos nossa análise ao grupo de pessoas que concluiu graduação ou pós-
graduação.
Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 55,10 53,28 -2,04 **
Média da idade (anos) 34,40 35,74 7,01 ***
% de indivíduos brancos 56,81 59,64 3,25 ***
Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 94,24 96,04 4,92 ***
% de indivíduos em regiões metropolitanas 40,40 35,23 -6,09 ***
Educação
Média dos anos de educação (anos) 11,15 11,18 2,75 ***
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%
17
considerarmos a proporção dos que trabalham na agricultura, os dados mostram que os grupos são
parecidos.
Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 43,90 50,08 4,170 ***
Média da idade (anos) 39,91 40,48 1,830 *
% de indivíduos brancos 77,96 72,97 -3,980 ***
Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 97,83 97,53 -0,640 -
% de indivíduos em regiões metropolitanas 45,34 41,69 -2,510 **
Educação
Média dos anos de educação (anos) 15,27 15,17 -5,380 ***
% de indivíduos que concluíram graduação 94,00 94,02 0,030 -
% de indivíduos que concluíram pós-graduação 6,00 5,98 -0,030 -
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%
A Tabela 5, por sua vez, compara as características dos indivíduos com ensino regular, com
os indivíduos com técnico, aberto em três áreas de ensino: indústria, serviços e agropecuária.
Originalmente a PNAD 2007 classifica a área do curso profissionalizante em seis categorias; em
nosso estudo agrupamos no setor indústria, tanto o setor indústria como informática, e o setor
18
serviços representa o agregado das áreas gestão e saúde. E agropecuária representa a variável
original.
Além destes setores, os entrevistados podiam indicar também a categoria Outros, mas como
nesta opção são incluídas diversas categorias de ensino profissional, uma estimativa para este grupo
seria de difícil interpretação.
Tabela 5. Características da população que conclui Ensino Médio regular e profissional, por área dos curso
Ensino Médio
regular Ensino Médio profissional
19
Tabela 6. Características da população por decil de renda
Metodologia
A pergunta que se deseja responder é qual o efeito de concluir ensino médio profissional, em
relação ao ensino médio comum, sobre o salário dos indivíduos com ensino médio profissional que
trabalham (grupo de tratamento). Idealmente, gostaríamos de observar o salário de cada indivíduo
que cursou ensino profissional nas duas situações: tendo feito ensino médio profissional ou tendo
feito ensino médio comum. Como isso não é possível, elegemos um grupo de indivíduos que não
tenham cursado ensino médio profissional como um grupo de comparação (grupo de controle),
contra o qual vamos comparar o salário recebido por aqueles que concluíram o ensino profissional.
Para que essa comparação produza uma estimativa que reflita somente o efeito da conclusão do
ensino médio técnico, e não o efeito de outras características que distinguem os dois grupos e que
afetam o salário recebido, são utilizadas as metodologias econométricas descritas abaixo 5. No
restante do texto, a variável de interesse é emprofi, que indica se um indivíduo concluiu ensino
médio profissional (emprof i = 1) ou ensino médio comum (emprof i = 0) , e a variável dependente é
o logaritmo do salário anual no trabalho principal, padronizado para uma semana de 40 horas de
trabalho log(sal _ anuali ) 6.
5
Ainda assim, quanto mais semelhante o grupo de comparação for antes do uso de técnicas econométricas, mais
confiável o resultado encontrado.
6
O salário anual é obtido através da multiplicação do salário mensal por 12.
20
Separamos as metodologias utilizadas em dois grupos: as que produzem estimativas robustas
a diferenças observáveis entre os grupos de tratamento e controle (“seleção em observáveis”) e as
que produzem estimativas robustas a diferenças não-observáveis entre os grupos de tratamento e
controle (“seleção em não-observáveis”). Para que os métodos baseados em seleção em observáveis
produzam estimativas não viesadas, é necessário que a seguinte condição de independência
condicional seja satisfeita:
log(sal _ anuali (emprof i = 1)), log(sal _ anuali (emprof i = 0)) ⊥ emprof i | X (1)
Ou seja, dadas as variáveis observáveis X, o salário potencial por se ter concluído ensino médio
comum sal _ anual (emprof i = 0) e o salário potencial por se ter concluído ensino médio
profissional sal _ anual (emprof i = 1) são independentes do tipo de ensino médio que se concluiu.
Caso se acredite que a condição de independência condicional não é satisfeita, deve-se utilizar
métodos robustos à seleção em não-observáveis.
i) Seleção em observáveis
Foram utilizadas três metodologias para estimar o efeito médio de se concluir ensino médio
profissional em relação a concluir o ensino médio comum sobre a renda dos indivíduos que
trabalham e que concluíram ensino médio regular.
Como caso base, é utilizado o método dos mínimos quadrados ordinários. O efeito do tipo
de ensino médio sobre o salário foi controlado pela escolaridade, experiência no mercado de
trabalho, sexo, cor, experiência no mesmo trabalho, se o trabalho é agrícola ou não agrícola, e
variáveis indicadoras de moradia em área urbana, de moradia em região metropolitana e de estado,
de acordo com o seguinte modelo:
Modelo (1)
21
log(sal _ anuali ) = α + β1emprof i + β 2 horas i + β 3 cursa _ grad i + β 4 grad i + β 5 posgrad i +
+ β 6 masci + β 7 brancoi + β 8 tenurei + β 9 exp erienciai + β10 exp erienciai + β11urbanai +
2
(3)
+ β12 metropoli + β13 agricolai + β14 NE i + β15 COi + β16 SEi + β17 S i + ui
Onde: 1
horas i
1 N1 cursa _ grad i
X1 = ∑ X i | emprof i = 1 e
grad i
N 1 i =1
posgrad i
masci
branco
i
tenurei
X i = exp eriencia
2
i
exp eriencia i
urbanai
metropol
i
agricolai
NE i
COi
SE i
Si
22
Sendo N1 o número de indivíduos que concluíram ensino médio profissional, ou seja, o número de
observações no grupo de tratamento.
O modelo (2) ainda é um modelo de regressão, e requer que as expectativas condicionais
E[log(sal _ anuali )] | X , emprof i = 1] e E[log(sal _ anuali )] | X , emprof i = 0] estejam bem
especificadas. Outra limitação é que, caso as médias das variáveis explicativas utilizadas sejam
muito distintas entre os grupos de tratamento e controle, os resultados podem ser muito sensíveis a
pequenas mudanças na especificação da regressão estimada (Imbens e Wooldridge, 2008).
Modelo (3)
log(sal _ anuali (emprof i = 1)), log(sal _ anuali (emprof i = 0)) ⊥ emprof i | p( X ) (5)
7
A partir de um conjunto de covariadas inicialmente eleitas como importantes para explicar a participação no programa,
estima-se o modelo p(X), calcula-se o (X), faz-se uma estratificação e, dentro de cada estrato, verifica-se o
balanceamento de cada componente de X entre o grupo de tratamento e controle através de um teste de diferenças de
média. Enquanto o teste, para cada variável X e em cada estrato, for significante, o modelo é alterado, através da
inserção de interações entre variáveis ou funções das variáveis inicialmente selecionadas.
23
Com o intuito de testar a heterogeneidade dos resultados encontrados, estimamos uma
regressão quantílica controlando pelas mesmas variáveis explicativas utilizadas no modelo (2). Com
este modelo pretendemos verificar se há efeito heterogêneo da distribuição de renda no impacto do
ensino profissional. Nossa expectativa é a de que, ao estimar o impacto por decil de renda, os
resultados indicariam um retorno decrescente na direção dos decis superiores de renda.
A hipótese de que todas as variáveis que influenciam a decisão de se cursar ensino médio
profissional ou comum que são relacionadas ao salário são observáveis é forte. É razoável supor que
há fatores não observáveis que influenciam tanto o rendimento recebido no mercado de trabalho
quanto à decisão de se cursar ensino médio comum ou profissional, o que implica que os
estimadores das metodologias da seção (i) são viesados.
Para obter uma estimativa não-viesada do impacto de se cursar ensino médio profissional
sobre o salário, é realizada uma estimação por variáveis instrumentais. O instrumento que propomos
para a variável pais_ensino prof é uma variável binária que indica se algum dos pais de cada
indivíduo cursou ensino profissional. A hipótese que justifica o uso desse instrumento é que,
controlando por diversos fatores, que incluem a renda de todas as fontes recebida e escolaridade dos
pais, o tipo de ensino médio que os pais cursaram não influencia o salário dos filhos, mas influencia
sua decisão de cursar o mesmo tipo de ensino médio.
24
O modelo que é estimado para a amostra de filhos é:
Modelo (4)
(6)
+ β12 metropoli + β13 agricolai + β14 escolaridade _ paisi + β15 renda _ paisi + β16 NE i +
+ β17 COi + β18 SEi + β19 S i + u i
E a variável pais_ensino_profissional, que indica se algum dos pais concluiu ensino profissional, é
utilizada como instrumento para a variável emprof.
Devido à estrutura dos dados da PNAD, é possível apenas conhecer o tipo de ensino médio
cursado pelos pais daqueles indivíduos que definem como “filho” sua condição na família. Assim, a
estimação pelo método de variáveis instrumentais será feita apenas para esta subamostra de filhos
encontrada na PNAD. O sinal da diferença entre os hiatos de rendimento estimado por MQO e o por
variáveis instrumentais para os filhos servirá como referência do viés para as outras estimativas
deste trabalho.
Em relação ao modelo (1), estimado para toda a amostra, são incluídas duas novas variáveis:
escolaridade_pais, que assume a maior escolaridade entre os pais (em anos) e renda_pais, que
assume a maior renda (mensal) de todas as fontes recebida pelos pais. Essas variáveis são
adicionadas ao modelo, já que é razoável assumir que o nível socioeconômico da família pode
influenciar a decisão do indivíduo sobre que tipo de ensino médio cursar e sobre o salário recebido
pelo indivíduo quando trabalha.
Resultados
i) Seleção em observáveis
A Tabela 7 exibe os resultados da estimação do modelo (1) pelo método dos mínimos
quadrados ordinários. O resultado encontrado é que, em relação a fazer ensino médio comum, fazer
ensino médio profissional aumenta em média o salário anual em 12,5% (estatisticamente
significante a 1%). Controlando por horas trabalhadas, estar cursando graduação traz um ganho de
cerca de 28% no salário, e concluir graduação e pós-graduação aumentam o salário em cerca de
80% e 122%, respectivamente. Como normalmente encontrado, indivíduos do sexo masculino e
brancos recebem maiores salários, assim como moradores de áreas metropolitanas e urbanas.
25
O mesmo modelo é estimado separadamente para os indivíduos que concluíram somente o
ensino médio e para indivíduos que concluíram graduação ou pós-graduação. No primeiro caso, o
efeito de ter cursado ensino profissional sobre o salário é de 19,5% em média, significante a 1%.
Por outro lado, para os indivíduos que concluíram pelo menos graduação, o impacto de se ter
cursado ensino profissional é de -6,3%, também significante a 1%.
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível
de 10%
Em seguida, estima-se o modelo (2). 8 Os resultados encontrados são muito semelhantes aos
encontrados pelo modelo (1), e estão apresentados na coluna III da Tabela 8. Ter concluído ensino
8
Para testar se os resultados obtidos por mínimos quadrados ordinários são sensíveis à especificação linear, é adotada
uma regra de bolso proposta por Imbens e Rubin (2007). A regra consiste em avaliar a diferença de médias normalizada
das variáveis explicativas. Caso esta diferença exceda, em módulo, um quarto, o modelo linear não é o mais
recomendado para eliminar o viés gerado pelas variáveis observadas. No Apêndice I mostramos que esta regra é
26
médio profissional em vez de ensino médio é responsável pelo salário ser 12,7% maior (estatística t
igual a 13,89) para os indivíduos com ensino médio profissional. Os efeitos sobre os indivíduos
apenas com ensino médio concluído (e que não cursam graduação) e com ensino superior ou pós-
graduação também são semelhantes aos encontrados no modelo (1), de 18,7 % (estatística t igual a
15,78) e de -6,2% (estatística t igual a -2,6), respectivamente.
Toda amostra 43.626 0,125 13,55 *** 0,127 13,89 *** 0,128 8,33 ***
Apenas EM concluído 26.119 0,195 17,30 *** 0,188 15,78 *** - - -
Graduação ou pós-
12.199 -0,063 -3,01 *** -0,062 -2,62 *** - - -
graduação
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao
nível de 10%
cumprida para todas as variáveis explicativas, mostrando que o modelo linear é adequado para estimar o efeito do
ensino profissional sobre o salário daqueles que concluíram o ensino profissional.
9
O resultado do teste de balanceamento está apresentado no Apêndice III.
27
Tabela 9. Regressão quantílica
Ensino Médio
Estatística t Significância
profissional
Decil de renda
0,1 0,146 11,850 ***
0,2 0,136 12,930 ***
0,3 0,140 15,930 ***
0,4 0,144 14,760 ***
0,5 0,157 14,990 ***
0,6 0,161 15,610 ***
0,7 0,156 16,060 ***
0,8 0,138 13,120 ***
0,9 0,122 7,450 ***
Na PNAD 2007, além destes três setores os entrevistados podiam indicar também a
categoria Outros, mas como nesta opção são incluídas diversas categorias de ensino profissional,
uma estimativa para este grupo seria de difícil interpretação.
28
Tabela 10. Impacto do Ensino profissional por setor de curso
(I) (II) (III)
Serviços Indústria Agropecuária
emprof 0,093 7,49 *** 0,188 12,94 *** 0,125 3,67 ***
horas trabalhadas na semana -0,019 -44,81 *** -0,019 -44,21 *** -0,019 -42,94 ***
cursa graduação 0,143 12,47 *** 0,145 12,42 *** 0,146 12,10 ***
graduação 0,522 43,60 *** 0,523 43,45 *** 0,527 42,74 ***
pós graduação 0,704 21,61 *** 0,701 21,63 *** 0,716 21,57 ***
homem 0,320 44,41 *** 0,322 43,97 *** 0,320 42,91 ***
branco 0,126 16,91 *** 0,127 16,85 *** 0,127 16,47 ***
experiência no trabalho(meses) 0,017 29,05 *** 0,017 28,88 *** 0,017 28,02 ***
experiência (anos) 0,029 27,55 *** 0,030 28,51 *** 0,029 27,19 ***
quadrado da experiência 0,000 -19,49 *** 0,000 -20,21 *** 0,000 -19,23 ***
metropolitano 0,143 20,19 *** 0,137 19,27 *** 0,139 18,92 ***
urbano 0,228 12,74 *** 0,230 12,59 *** 0,230 12,70 ***
trabalho principal é agricola -0,168 -5,35 *** -0,173 -5,51 *** -0,156 -5,15 ***
escolaridade dos pais 0,060 14,31 *** 0,060 14,28 *** 0,062 14,47 ***
renda dos pais 0,000 17,88 *** 0,000 18,13 *** 0,000 17,40 ***
nordeste 0,219 18,39 *** 0,216 17,68 *** 0,220 17,86 ***
centro Oeste 0,278 21,42 *** 0,270 20,63 *** 0,278 20,90 ***
sudeste 0,227 25,89 *** 0,227 25,54 *** 0,233 25,74 ***
sul 0,211 18,80 *** 0,209 18,41 *** 0,213 18,31 ***
constante 8,479 323,64 *** 8,463 317,94 *** 8,456 315,44 ***
Observações 39.060 38.291 36.561
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%
Para a estimação por variável instrumental, utilizamos apenas a subamostra composta por
indivíduos que se denominam filhos na PNAD. Assim, a subamostra é composta por 10.804
observações, sendo que 9.280 indivíduos concluíram o ensino médio comum e 1.527 concluíram o
ensino médio profissional.
29
agrícola. Como a média das idades é muito distinta entre os dois grupos, e pode influenciar a
escolaridade e desempenho no mercado de trabalho, é feita a análise das mesmas variáveis, mas
restringindo-se ao público com idade entre 20 e 30 anos (Tabela 12).
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%
30
TABELA 12. Características da amostra de indivíduos entre 20 e 30 anos
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%
31
TABELA 13. Características da amostra utilizada na estimação por variável instrumental
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%
32
Tabela 14. Impacto do Ensino profissionalizante controlando por efeitos não observáveis
(I) (II) (III)
1o estágio 2o estágio
Variável dependente log(salário_anual) emprof log(salário_anual)
*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%
Retorno Econômico
São utilizadas as seguintes hipóteses sobre o ciclo de vida dos indivíduos. Dos 15 aos 17
anos, eles cursam o ensino médio (profissional ou comum). Somente aos 18 anos, quando concluem
o ensino médio, o impacto sobre o salário de quem trabalha pode ser observado. O impacto dura até
os 65 anos dos indivíduos, quando assumimos que eles se aposentam e se retiram do mercado de
trabalho.
Dadas as hipóteses acima, os salários observados dos indivíduos com idades entre 18 e 65
anos que concluíram ensino médio profissional incluem uma parcela referente ao ganho de se ter
cursado ensino profissional. Para encontrar a parcela referente a cada ano de trabalho, calcula-se a
média do salário recebido pelos indivíduos com ensino profissional em cada idade entre 18 e 65
anos, e então se divide esta média por 1,1256. O fluxo encontrado é o ganho, a cada ano de
trabalho, de se concluir ensino médio comum, para a população que concluiu ensino médio
profissional. A uma taxa de desconto de 5% ao ano, o valor presente de se cursar ensino
profissional em relação a cursar ensino médio comum é R$ 32.713,09.
O custo relativo de se cursar ensino médio profissional é a diferença entre o custo anual de
um aluno no ensino profissional e o custo anual de um aluno no ensino médio comum. Utilizamos
informações do Inep relativas aos gastos com ensino profissional em 2009, publicadas na revista
34
Valor Econômico 10. O custo do ensino médio regular para 2009 foi obtido a partir da base do custo
de 2008 divulgado pelo Inep e a inflação 2008/2009 calculada pelo IBGE. A partir destas
informações, consideramos um custo de R$ 5.100,00 por aluno por ano no ensino profissional e de
R$ 2.213,50 no ensino médio comum. Assim, a diferença de custos é de R$ 2.886,50 por ano. A
uma taxa de desconto de 5% ao ano, o valor presente do custo de se cursar ensino profissional em
relação a ensino médio comum é de R$ 8.253,69.
O INEP informa um custo médio por aluno nos cinco níveis de ensino, mas não há
informação oficial desagregada. Assim, estimamos o retorno econômico considerando outras fontes
de custos com o intuito de comparar os resultados com a estimativa, utilizando os dados do artigo
do Valor Econômico 11.
A base de dados Sistema Informacional Custo Aluno (SICA) contempla custos detalhados
das escolas estaduais de Minas Gerais. Neste caso consideramos as diferenças de custos entre os
dois tipos de ensino médio no Estado como proxy para a diferença no Brasil.
Por outro lado, o ensino profissional é menos atraente para custos a partir de R$ 13.654,00
ao ano, pois o impacto de ter cursado ensino profissional não compensa mais o diferencial de
custos.
10
Custo por aluno por ano no Ensino Médio profissional: R$ 5.100,00 (Inep, 2009), com base em matéria publicada em Valor
Econômico, “Cursos técnicos já respondem por 10% do Ensino Médio”, 2 de fevereiro de 2010.
O custo EM regular 2009 foi obtido a partir de cálculo próprio; tomamos como base o custo divulgado pelo Inep 2008 (site) e
inflação dez08/dez09 divulgada pelo IBGE (4,31%). Assim, o custo por aluno por ano no ensino médio regular: R$ 2.213,50 (2008
em R$ 2009, fonte Inep(site)).
11
A descrição detalhada das bases utilizadas esta no Apêndice IV.
35
Tabela 15. Retorno econômico
Investimento Valor
Fundeb SICA
não vale a pena Econômico
¹ Trans formamos o cus to divulgado pelo INEP 2008 (s ite) de R$2.122,00 em R$2009, dada a inflação dez08/dez09 do IBGE, de 4,31 %.
Conclusão
Nossa análise mostrou que o impacto médio do ensino técnico é positivo e estatisticamente
significativo, com impacto de 12,5% sobre o salário.
Muitos questionam se o ensino técnico público não está apenas ofertando um ensino de
melhor qualidade aos melhores alunos de escolas públicas, qualidade que permitirá sua entrada no
ensino superior. Trata-se certamente de um ganho privado para estes jovens, mas não
necessariamente o melhor investimento público, pois a parte técnica do curso é potencialmente
desperdiçada. Nossa análise revelou que o percentual de jovens que param os estudos é maior entre
os indivíduos que cursaram ensino médio técnico. Além disso, a maioria das escolas técnicas é
privada.
Ao controlar por variáveis não observáveis o impacto de cursar o ensino médio profissional
aumenta, o que indicaria que os alunos menos qualificados em variáveis não observáveis optariam
por esta modalidade de ensino.
Considerando o diferencial de custos entre técnico e regular, os resultados mostram que o
retorno ao investimento é positivo, a taxa interna de retorno é de 14% ao ano e o valor presente
líquido é de R$ 24.459,40. Este investimento deixa de valer a pena quando o custo do ensino médio
técnico supera R$ 13.654,00 ao ano.
36
Referências
ROSENBAUM, P., AND D. RUBIN, (1983a), “The Central Role of Propensity Score in
Observational Studies for Causal Effects”, Biometrika,70, 41-55.
ROSENBAUM, P., AND D. RUBIN, (1983b), “Asssessing the sensitivity to an Unobserved Binary
Covariate in an Observational Study with Binary Outcome,”Journal of the Royal statistical Society,
Ser. B, 45,212-218.
DEHEJIA, R. AND S. WAHBA, (1999), “Causal Effects in Nonexperimental Studies: Reevaluating
the Evaluation of Training Programs”, Journal of the American Statistical Association, 94, 1053-
1062.
IMBENS, GUIDO M. AND J. M. WOOLDRIDGE, (2008), “Recent Developments in the
Econometrics of Program Evaluation”, NBER Working Paper, no. 14251, JEL no C01.
IMBENS AND RUBIN (2007), apud IMBENS, GUIDO M. AND J. M. WOOLDRIDGE, (2008).
SEVERINI E ORELLANO, (2010), “O Efeito do Ensino Profissionalizante sobre a Probabilidade
de Inserção no Mercado de Trabalho e sobre a Renda no Período Pré-PLANFOR”, Revista
economia, J24, J31.
INEP/MEC. Investimentos por Aluno por Nível de Ensino: Valores Reais. Disponível em:
http://www.inep.gov.br/estatisticas/gastoseducacao/despesas_publicas/P.A._paridade.htm,
16/11/2010.
NERI, MARCELO. “A Educação Profissional e Você no Mercado de Trabalho”. Rio de Janeiro:
FGV/CPS, 2010.
37
Apêndice I: Teste de diferenças das variáveis explicativas usando Imbens e Rubin (2007).
38
Apêndice II: Estimação do propensity-score
39
Apêndice III: Balanceamento
Estatística-t
em_prof
horas 0,680 0,861 -0,140 0,727
cursa graduação -0,810 0,294 0,587 0,437
graduação -0,780 0,945 0,841 0,001
pós graduação 0,890 0,540 0,809 0,896
measculino 0,325 0,053 0,925 0,174
branco 0,779 0,245 0,682 0,824
experiência no trabalho atual 0,394 0,517 0,637 0,700
experiência no mercado de trabalho 0,019 0,647 0,707 0,783
quadrado da experiência 0,183 0,399 0,763 0,340
urbana 0,126 0,605 0,498 0,237
metropolitana 0,342 0,375 0,520 0,216
trabalho principal é agrícola 0,981 0,827 0,382 0,558
nordeste 0,841 0,711 0,942 0,475
centro-oeste 0,805 0,383 0,464 0,152
sudeste 0,635 0,961 0,392 0,320
sul 0,652 0,753 0,218 0,969
NE_metropolitana 0,956 0,641 0,902 0,520
SE_metropolitana 0,958 0,912 0,515 0,161
NE_urbano 0,930 0,769 0,808 0,935
SE_urbano 0,942 0,903 0,575 0,196
S_urbano 0,777 0,885 0,203 0,966
exper_experiencia no trabalho atual 0,492 0,222 0,620 0,694
exper_cursa graduação 0,417 0,031 0,381 0,259
exper_graduação 0,224 0,777 0,948 0,001
exper_pós graduação 0,940 0,487 0,633 0,947
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Apêndice IV: Bases de dados consideradas na estimativa de custos.
i. Valor econômico
O custo médio no ensino profissional, que considerou o gasto total com ensino profissional
estimado pelo Inep para 2010 (R$ 4,6 bi) e o número de alunos matriculados neste nível de ensino
em 2009 (861.100). Com base na taxa de inflação divulgada pelo IBGE, passamos o custo estimado
de 2010 para valores de 2009, o custo médio estimado por aluno sendo de R$ 5.100,00 (2009).
Estes dados de gastos e número de alunos foram retirados da matéria “Cursos técnicos já respondem
por 10% do Ensino Médio”, publicada na revista Valor Econômico em 2/02/2010.
Esta base possui os dados oficiais do Inep (2007) do custo médio por aluno em cinco níveis de
ensino: educação infantil, 1ª e 2ª fase do ensino fundamental, ensino médio e ensino superior.
Como no Inep não há dados desagregados para ensino médio profissional, utilizamos o padrão
de distribuição dos recursos do Fundeb, que define um gasto mínimo por nível, atribuindo pesos
diferentes para cada nível de ensino. O nível de referência é a 1ª fase do ensino fundamental
(peso=1). Assim, o cálculo dos custos em cada modalidade de ensino médio foi feito a partir do
gasto no nível de referência, R$ 2.408,00, multiplicado pelo peso do ensino médio profissional, 1,3,
e pelo peso do ensino médio regular, 1,2. O custo médio estimado do ensino profissional é de R$
3.130,40 por aluno.
Esta base apresenta o custo médio por aluno e abrange apenas escolas estaduais localizadas em
Minas Gerais. Os dados contemplam custos detalhados dentro e fora da escola. São considerados
custos “dentro” gastos relacionados diretamente com as escolas, como gastos com pessoal de
magistério e convênios, enquanto custos “fora” incluem gastos com despesas gerais da unidade
central e das regionais da Secretaria da Educação, aposentadorias e pensões.
O cálculo da média do custo anual por aluno no ensino profissional foi feito a partir da soma
dos custos dentro e fora da escola em 2007. Estes dados indicam um custo médio anual nas escolas
estaduais que oferecem ensino profissional de R$ 1.670,27 por aluno.
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