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O PROGRAMA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS SOCIAIS conta com a


coordenação técnica da Gerência de Avaliação de Projetos do Itaú Unibanco.

Equipe responsável pela avaliação:

Itaú Unibanco:
Lígia Vasconcellos
Fernanda Costa Lima
Julia Guerra Fernandes (Auxiliar de pesquisa)

Consultor externo:
Naercio Menezes-Filho (Insper e USP)

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Apresentação

Criado em 2004, o Programa Avaliação Econômica de Projetos Sociais ocorre em parceria


entre a Fundação Itaú Social e Itaú Unibanco. Desta forma, o Itaú Unibanco leva suas competências
na área econômica para o campo social.

O Programa possui duas vertentes principais de atuação, a realização de avaliações de


projetos e a disseminação da cultura de avaliação para gestores de projetos sociais e de políticas
públicas. No campo da avaliação, tem-se por premissa sua realização para todos os programas
próprios. A disseminação da cultura de avaliação é feita tanto através da avaliação de projetos de
terceiros, como também de ações de disseminação de conhecimento, por meio de cursos, seminários
e informações disponibilizadas na página eletrônica da Fundação Itaú Social.

A avaliação econômica engloba a avaliação de impacto, que verifica se os impactos


esperados foram alcançados, e se foram efetivamente causados pelo programa; e o cálculo do
retorno econômico, que é fruto de uma análise de custo-benefício do programa.

Acreditando que a participação de todos os interessados na avaliação é o melhor meio de


validar e perpetuar a cultura de avaliação, o Programa procura incluir os gestores do projeto a ser
avaliado nas discussões sobre o desenho da avaliação. Este trabalho conjunto possibilita, de um
lado, um maior conhecimento do programa em questão, importante para um bom desenho de
avaliação, e, por outro, leva à apropriação pelos gestores da cultura de avaliação.

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Avaliação Econômica do Ensino Médio Profissional

Sumário Executivo

O objetivo deste relatório é apresentar uma avaliação econômica que consiste em avaliar o
impacto de se cursar ensino médio profissional no salário recebido pelos egressos do ensino médio
profissional, além de fazer uma estimativa do retorno econômico do projeto, comparando seus
custos e seus benefícios aos participantes ao longo do tempo. Para isso, analisamos os dados da
edição de 2007 da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (“PNAD 2007”), realizada pelo
IBGE, que, além dos dados convencionais (escolaridade e informações sobre renda e trabalho)
possui uma seção específica que nos permite identificar aqueles que cursaram ensino médio
profissional.

Na literatura acadêmica, com dados brasileiros e internacionais, uma evidência


recorrentemente encontrada é a existência de retornos crescentes do salário em relação à
escolaridade. Essa relação implica que, para investigarmos o efeito do ensino profissional sobre o
salário, devemos comparar o salário recebido por aqueles que concluíram o ensino profissional de
nível médio com indivíduos com a mesma quantidade de anos de estudo. Neste trabalho, portanto,
analisamos somente os indivíduos com, no mínimo, ensino médio regular completo. Dentro deste
universo, os concluintes de ensino médio profissional serão comparados aos concluintes do ensino
médio comum.

A partir dos dados da PNAD 2007, obtemos uma amostra de 43.626 indivíduos, sendo que
36.273 deles possuem ensino médio comum e 7.353 possuem ensino médio profissional.
Analisando o salário recebido por cada grupo, os indivíduos que possuem ensino médio profissional
recebem em média R$ 1.507,43 por mês, enquanto indivíduos com ensino médio comum recebem
em média R$ 1.504,55. Essa diferença, além de estatisticamente não significante, não é
economicamente relevante. Porém, os dois grupos podem ter características distintas que estejam
escondendo a real contribuição do ensino médio profissional. Para isolar o efeito do ensino
profissional sobre o salário, recorremos a diferentes metodologias econométricas.

Primeiramente, utilizamos métodos que isolam o efeito de características observáveis dos


indivíduos sobre o salário. O efeito encontrado, nas diferentes metodologias utilizadas, é que ter
concluído ensino profissional em vez de ensino médio comum aumenta o salário recebido pelos
concluintes em cerca de 12%, e que este efeito é estatisticamente significante ao nível de 1%.

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É possível, porém, que existam características não observáveis que influenciem tanto o
salário recebido quanto a escolha de se cursar ensino médio comum ou profissional. Para controlar
esses efeitos, utilizamos o método de variáveis instrumentais, onde uma variável que indica se
algum dos pais do indivíduo concluiu ensino médio profissional ou não é utilizada como
instrumento. Como esta informação não é disponível para toda a amostra, a análise é restrita a uma
subamostra que se identifica como “filho” na família. Nesta subamostra, quando a influência de
características não-observáveis não é controlada, o resultado encontrado é similar ao resultado
encontrado para toda a amostra. Na estimativa por variável instrumental, concluir ensino médio
profissional leva a um aumento de 37,5% no salário recebido.

Exploramos também alguns possíveis efeitos heterogêneos do ensino profissional. Ele


parece ser mais relevante para cursos técnicos e indivíduos que não continuaram o estudo após a
conclusão do ensino médio. Uma regressão quantílica, porém, indica que o efeito do ensino
profissional é relativamente constante ao longo dos decis de salário.

Para o cálculo de retorno econômico, consideramos o resultado médio de que concluir


ensino profissional médio leva a um aumento de 12% sobre o salário dos concluintes que trabalham.
Exploramos várias fontes de informação de custos. Considerando a informação de investimento do
Inep, temos uma diferença de custo anual de R$ 2.886,50 entre um aluno de ensino médio
profissional e um aluno de ensino médio comum, que resulta em um valor presente líquido de R$
24.459,40 por aluno, e uma taxa interna de retorno do programa positiva de 14,16% ao ano. Para
que o retorno do ensino profissional deixasse de valer a pena, a diferença de custos entre o ensino
médio profissional e o comum deveria ser de pelo menos R$ 11.500,00 por aluno ao ano.

Portanto, o ensino médio profissional se mostra eficaz em elevar o salário dos concluintes ao
longo da vida. Além disso, nosso cenário para o cálculo do retorno econômico do programa indica
um benefício importante para a sociedade como um todo, já que os ganhos salariais médios ao
longo da vida dos egressos superam os custos deste tipo de ensino médio.

6
Introdução

O objetivo deste relatório é apresentar uma avaliação econômica que consiste em avaliar o
impacto de se cursar ensino médio profissional no salário recebido pelos egressos do ensino médio
profissional, além de fazer uma estimativa do retorno econômico do projeto, comparando seus
custos e seus benefícios aos participantes ao longo do tempo. Para isso, analisamos os dados da
edição de 2007 da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (“PNAD 2007”), realizada pelo
IBGE, que, além dos dados convencionais (escolaridade e informações sobre renda e trabalho),
possui uma seção específica que nos permite identificar aqueles que cursaram ensino médio
profissional.

Na literatura acadêmica, com dados brasileiros e internacionais, uma evidência


recorrentemente encontrada é a existência de retornos crescentes do salário em relação à
escolaridade. Esta relação implica que para investigarmos o efeito do ensino profissional sobre o
salário devemos comparar o salário recebido por aqueles que concluíram o ensino profissional de
nível médio, com indivíduos com a mesma quantidade de anos de estudo.

Neste trabalho, analisamos somente os indivíduos com, no mínimo, ensino médio regular
completo. 1 Dentro deste universo, os concluintes do ensino técnico de nível médio serão
comparados com os concluintes do ensino médio comum. O ensino médio técnico tem sido
apresentado como uma opção de formação profissional que permite aos jovens entrarem no
mercado de trabalho com uma profissão sem ter que arcar com o tempo e o investimento de um
curso superior. São cursos em geral mais caros que o ensino médio regular, mas exigem menos
investimento que um curso superior.

Na literatura nacional há alguns estudos que também analisam o ensino profissional, como
Severini e Orellano (2010) e Neri (2010). Os autores analisam o efeito de ter cursado diferentes
modalidades de Ensino profissional sobre a renda esperada. O estudo de Severini e Orellano (2010)
utiliza como base os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (1996), que abrange apenas as
regiões Nordeste e Sudeste. Entre os egressos de cursos técnicos oferecidos dentro de empresas, o
estudo estimou um impacto positivo sobre a renda esperada e redução da probabilidade de
desemprego. Ao considerarmos os egressos da modalidade de ensino profissional analisada neste
estudo, ensino médio técnico, os autores encontram um impacto não estatisticamente significativo.

1
Ensino médio regular abrange o ensino médio comum e o ensino médio profissional, e não inclui educação de jovens e
adultos (“EJA”) de nível médio.
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Dentre as possíveis explicações para esta diferença entre os resultados, estão a defasagem temporal
e a diferente abrangência geográfica.

Neri (2010), com a mesma base utilizada em nosso estudo, estimou entre os que
frequentaram ensino médio técnico um prêmio salarial de 15,1%. E, ao analisar as três modalidades
de ensino técnico, os salários esperados são 12,94% maiores para aqueles com educação
profissional. Além da discussão do retorno de salário, o autor estima os impactos da educação
profissional, sobre a probabilidade de inserção no mercado de trabalho e a taxa de ocupação dos
concluintes, encontrando efeito positivo entre estes indicadores.

Este estudo utiliza a PNAD 2007, que traz suplemento específico sobre ensino profissional.
A partir destes dados, obtemos uma amostra de 43.626 indivíduos, sendo que 36.273 deles possuem
ensino médio comum e 7.353 possuem ensino médio profissional. Analisando o salário recebido em
cada grupo, os indivíduos que possuem ensino médio profissional recebem em média R$ 1.507,43
por mês, enquanto indivíduos com ensino médio comum recebem em média R$ 1.504,55. Essa
diferença, além de estatisticamente não significante, não é economicamente relevante. Porém, os
dois grupos podem ter características distintas que estejam escondendo a real contribuição do
ensino médio profissional. Para isolar o efeito do ensino profissional sobre o salário, recorremos a
diferentes metodologias econométricas.

Primeiramente, utilizamos métodos que isolam o efeito de características observáveis dos


indivíduos sobre o salário. O efeito encontrado, nas diferentes metodologias utilizadas, é que ter
concluído ensino profissional em vez de ensino médio comum aumenta o salário recebido pelos
concluintes em cerca de 12%, e que este efeito é estatisticamente significante ao nível de 1%.

É possível, porém, que existam características não observáveis que influenciem tanto o
salário recebido quanto a escolha de se cursar ensino médio comum ou profissional. Para controlar
esses efeitos, utilizamos o método de variáveis instrumentais, onde uma variável que indica se
algum dos pais do indivíduo concluiu ensino médio profissional ou não é utilizada como
instrumento. Como esta informação não é disponível para toda a amostra, a análise é restrita a uma
subamostra que se identifica como “filho” na família. Nesta subamostra, quando a influência de
características não-observáveis não é controlada, o resultado encontrado é similar ao resultado
encontrado para toda a amostra. Na estimativa por variável instrumental, concluir ensino médio
profissional leva a um aumento de 37,5% no salário recebido.

Exploramos também alguns possíveis efeitos heterogêneos do ensino profissional. Ele


parece ser mais relevante para cursos técnicos e indivíduos que não continuaram o estudo após a
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conclusão do ensino médio. Uma regressão quantílica, porém, indica que o efeito do ensino
profissional é relativamente constante ao longo dos decis de salário.

Para o cálculo de retorno econômico, consideramos o resultado médio de que concluir


ensino profissional médio leva a um aumento de 12% sobre o salário dos concluintes que trabalham.
Exploramos várias fontes de informação de custos. Considerando a informação de investimento do
Inep temos uma diferença de custo anual de R$ 2.886,50 entre um aluno de ensino médio
profissional e um aluno de ensino médio comum, que resulta em um valor presente líquido de R$
24.459,40 por aluno, e uma taxa interna de retorno do programa positiva de 14,16% ao ano. Para
que o retorno do ensino profissional deixasse de valer a pena, a diferença de custos entre o ensino
médio profissional e o comum deveria ser de pelo menos R$ 11.500,00 por aluno por ano.

Portanto, o ensino médio profissional se mostra eficaz em elevar o salário dos concluintes ao
longo da vida. Além disso, nosso cenário para o cálculo do retorno econômico do programa indica
um benefício importante para a sociedade como um todo, já que os ganhos salariais médios ao
longo da vida dos egressos superam os custos deste tipo de ensino médio.

Perfil do Ensino Médio Profissional

A seguir é apresentado um perfil do ensino médio profissional 2 atual, com base nos dados do
Censo Escolar 2007 (Inep/MEC). Para isso, serão apresentadas características de escolas que
oferecem apenas o ensino médio comum e de escolas que oferecem ensino profissional de nível
médio 3 (Tabela 1).

De 25.815 escolas que oferecem ensino médio regular, aproximadamente 13,3% oferecem
ensino médio profissional. E ao considerarmos os 8.861.096 alunos em ensino médio regular,
apenas 8,8% deles estão cursando o ensino médio profissional. Os dados revelam também que a
oferta de escolas de ensino médio no Brasil é concentrada em regiões urbanas, onde se localizam
cerca de 93% do total de escolas.

Os dois grupos de escolas são muito diferentes em relação à dependência administrativa.


Enquanto a maioria das escolas que oferece ensino médio profissional é privada (64,2%), a maioria

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Curso técnico de nível médio é um curso de educação profissional realizado ao mesmo tempo ou após a conclusão do
ensino médio, e seus concluintes recebem o diploma de técnicos. Possui legislação própria e diretriz curricular
específica, e só pode ser ministrado por escolas devidamente credenciadas pelo poder público.
3
Escolas que oferecem ambas as formas de ensino, tanto EM comum quanto EM profissional, foram incluídas no
grupo que oferece ensino profissional.
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das escolas de ensino médio comum é estadual (70,7%). A presença de escolas federais está
concentrada no ensino médio profissional.

A Tabela 1 também apresenta indicadores relativos às escolas do ensino médio. As escolas


que oferecem ensino médio comum possuem em média turmas maiores e oferecem menos horas de
aulas diárias, sendo a diferença entre os grupos nos dois indicadores estatisticamente significante a
um nível de 1%. Ao considerarmos dados de rendimento escolar, podemos verificar que escolas que
oferecem ensino médio profissional apresentam melhores indicadores. Para essas escolas, a taxa
média de abandono é menor e a taxa de aprovação é mais elevada. Em especial, a taxa de abandono
média é 1,82 vezes maior em escolas que oferecem apenas ensino médio comum do que a média
entre escolas que oferecem ensino médio profissional. Além disso, a média de alunos que estão em
séries incompatíveis com sua idade é de 37,3% entre alunos do ensino comum e de 24,7% em
escolas com ensino profissional.

Por fim, a Tabela 1 mostra que as escolas de ensino profissional possuem uma infraestrutura
de informática mais completa, pois têm em média um número maior de computadores e maior
acesso à internet. O percentual de laboratórios de informática também é maior, mas a diferença
entre os grupos não é estatisticamente significante. Por outro lado, escolas que oferecem ensino
médio comum possuem um percentual maior de laboratórios de ciências e biblioteca disponíveis
para os alunos.

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TABELA 1. Características das escolas

Teste de diferença de média


Ensino Médio Ensino Médio
Estatística t Significância
comum profissional
Número de escolas 22.373 3.442

Número de alunos no EM regular


(comum+profissional) 8.081.136 779.960

Localização
% de escolas na região urbana 92,96 94,39 -3,09 ***

Dependência administrativa
% de escolas privadas 26,44 64,18 -46,18 ***
% de escolas municipais 2,74 4,07 -4,29 ***
% de escolas estaduais 70,67 26,67 52,98 ***
% de escolas federais 0,15 5,08 -30,70 ***

Indicadores relativos ao EM da escola


Média de alunos por turma 31,24 28,90 8,64 ***
Média de horas de aula diárias 4,50 4,93 -22,57 ***
Taxa média de distorção idade-série (%) 37,28 24,71 19,17 ***
Taxa média de aprovação (%) 79,32 84,46 -13,98 ***
Taxa média de reprovação (%) 10,16 9,76 1,72 ***
Taxa média de abandono (%) 10,52 5,78 17,15 ***

Infra- estrutura
Média de computadores por escola 18,05 46,81 -25,64 ***
% de escolas com lab. de informática 70,96 71,21 -0,30
% de escolas com acesso à Internet 79,65 92,20 -17,40 ***
% de escolas com lab. de ciências 41,37 39,57 2,00 **
% de escolas com biblioteca 83,32 81,81 2,20 **

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%

Descrição da amostra

Fonte de dados

A fonte de dados utilizada para as estimativas que seguem é a edição de 2007 da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios 2007 (“PNAD 2007”). Nesta edição, além do questionário
padrão, foram feitas perguntas sobre a educação profissional dos indivíduos e sobre o ensino de
jovens e adultos. No caso da educação profissional, a pesquisa abrange três tipos de curso:
qualificação profissional, técnico de nível médio e graduação tecnológica 4.

4
Na estrutura da PNAD não é possível saber se cada indivíduo cursou qualificação profissional ou graduação
tecnológica.
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Curso de qualificação profissional é definido como qualquer curso de formação para o
exercício de alguma atividade profissional, e é conhecido também como curso de formação inicial
ou curso de formação continuada. Esse tipo de curso tem duração variável, confere certificado de
participação, pode ser realizado sem exigência de escolarização e é oferecido por escolas ou outros
tipos de instituição, como ONGs, igrejas, sindicatos e associações. A proposta é qualificar o
profissional para o trabalho sem o aumento de seu nível de escolaridade.

O curso de graduação tecnológica é um curso superior de nível universitário, que tem como
pré-requisito a conclusão do ensino médio. Confere diploma de ensino tecnólogo e, como os cursos
técnicos de nível médio, possui legislação própria e diretriz curricular específica, podendo apenas
ser ministrado por escolas devidamente credenciadas pelo poder público.

Já o curso técnico de nível médio é um curso de educação profissional realizado ao mesmo


tempo ou após a conclusão do ensino médio, e seus concluintes recebem o diploma de técnicos.
Possui legislação própria e diretriz curricular específica, e só pode ser ministrado por escolas
devidamente credenciadas pelo poder público. Este é o foco deste estudo. Assim, este estudo analisa
o desempenho no mercado de trabalho dos egressos de cursos de ensino médio profissional (ou
técnico) frente ao desempenho dos egressos do ensino médio comum.

Para criarmos a variável de interesse, emprofi, uma variável binária que indica se o indivíduo
cursou ensino médio profissional ou ensino médio comum, é adotado o seguinte procedimento,
também descrito na Figura 1:

1 – Excluem-se da amostra indivíduos sem ensino médio completo.


2 - Excluem-se da amostra indivíduos com ensino médio completo na modalidade Educação de
Jovens e Adultos.
3 – Para quem responde que frequenta algum tipo de educação profissional:
3.1 – Caso frequente ensino médio profissional: como ainda não terminou o curso, é
excluído da amostra.
3.2 – Caso frequente qualificação profissional, não é possível saber se concluiu
anteriormente ensino médio profissional, portanto, é excluído da amostra.
3.3 – Caso frequente graduação tecnológica, é possível saber se frequentou anteriormente
algum outro curso de educação profissional.
3.3.1 - Caso não tenha frequentado algum outro curso de educação profissional, a
variável que indica se fez ensino médio profissional assume valor igual a zero.

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3.3.2 - Caso tenha frequentado algum outro curso de formação profissional, o
questionário pede apenas para o respondente indicar qual o curso de educação
profissional mais importante que ele frequentou. Neste caso, como não podemos ter
certeza se o indivíduo frequentou ou não curso de ensino médio profissional, o
indivíduo é excluído da amostra.
4 - Para quem responde que não frequenta algum tipo de educação profissional:
4.1 – Caso não tenha frequentado anteriormente cursos de educação profissional, a variável
de interesse assume valor igual a zero.
4.2 – Caso tenha frequentado anteriormente cursos de educação profissional:
4.2.1 – Se frequentou ensino médio profissional e concluiu, a variável assume valor
igual a 1.
4.2.2 – Se frequentou ensino médio profissional e não concluiu, a variável assume
valor igual a 0.
4.2.3 – Se frequentou qualificação profissional ou graduação tecnológica, não é
possível saber se também frequentou ensino médio profissional, e, portanto, o
indivíduo é excluído da amostra.

Restringimos a análise aos indivíduos respondentes da PNAD 2007 que são maiores de 14
anos, que trabalham e têm renda mensal maior ou igual a zero no trabalho principal (variável V4718
na PNAD2007). Outra restrição importante é que consideramos apenas as pessoas que apresentam
informação para raça, idade, idade com que começou a trabalhar, escolaridade, há quantos anos está
no mesmo trabalho principal (da semana de referência), se o trabalho é agrícola e local de
residência (região urbana e região metropolitana). A amostra final é composta por 43.626
observações, sendo que 36.273 indivíduos concluíram ensino médio comum e 7.353 concluíram
ensino médio profissional.

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Figura 1. Procedimento de criação da variável binária emprof

Estatísticas descritivas

Nesta seção analisamos as estatísticas descritivas de nossa amostra, comparando


características dos indivíduos que concluíram o ensino médio profissional com características dos
indivíduos com ensino médio comum.

A Tabela 2 exibe, em primeiro lugar, características do trabalho principal. Os dados


apresentam o salário mensal no trabalho principal da população, padronizado e independentemente
do número de horas trabalhadas, que considera que todos os indivíduos têm uma carga horária de
trabalho de 40 horas semanais. Podemos notar que, nas duas formas apresentadas, os salários
médios da parcela da população que fez ensino médio profissional e daquela que fez ensino médio
comum não apresentam diferenças estatisticamente significativas. A média do salário padronizado,
por exemplo, é de aproximadamente R$ 1.680,00 ao mês, para toda a amostra. Os grupos são
parecidos também ao considerarmos a média de horas trabalhadas, ambas em torno de 40 horas por
semana.

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O indicador de experiência no mercado de trabalho apresentado na tabela é dado em anos e
foi obtido a partir da diferença entre a idade no momento da pesquisa e a idade com que a pessoa
começou a trabalhar. Os dados mostram que as pessoas que fizeram ensino médio profissional
começaram a trabalhar mais cedo, e, dado que têm idade semelhante às que concluíram ensino
médio comum, possuem mais experiência de trabalho. Em relação ao trabalho agrícola, notamos
que o percentual de trabalhadores agrícolas é estatisticamente maior entre pessoas que fizeram
ensino médio comum, a um nível de aproximadamente 5% de significância.

Em seguida, a tabela apresenta características pessoais da população de interesse. Ao


considerarmos um nível de significância de 10%, podemos notar que os grupos são diferentes nos
indicadores de sexo, raça e idade. Notamos, por exemplo, um percentual menor de homens e um
percentual maior de pessoas que se declaram brancas entre aqueles que concluíram ensino médio
comum. A média de idade em ambos os grupos é de aproximadamente 35 anos, e a diferença entre
os grupos é pouco significativa economicamente.

Em relação à localização, os dados revelam uma concentração da população analisada na


região urbana, que reúne mais de 95% da população analisada. Entre os concluintes do ensino
médio profissional, 37,5% deles moram em regiões metropolitanas, o que acontece com 41,9% dos
egressos do ensino médio comum.

Por fim, a Tabela 2 apresenta indicadores relativos ao nível de educação da população


analisada. Os indivíduos que concluíram ensino médio comum apresentam em média maior
escolaridade, com percentuais maiores de conclusão de graduação e pós-graduação.

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TABELA 2. Características da população que concluiu o Ensino Médio

Teste de diferença de média


Ensino Médio Ensino Médio
Estatística t Significância
comum técnico
Características do trabalho principal
Média do salário mensal 1.504,55 1.507,43 0,100
Média do salário trabalho mensal (semana de 40h) 1.678,02 1.697,22 0,270
Média de horas trabalhadas na semana 40,49 40,68 1,110
Média do número de anos no emprego atual 6,98 7,16 1,610 *
Média da idade de entrada no mercado de trabalho
(anos) 16,50 16,08 -7,410 ***
Média da experiência de trabalho (anos) 18,73 19,83 6,500 ***
% Cujo trabalho principal é agrícola 2,15 1,69 -2,460 **

Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 50,49 52,19 2,380 **
Média da idade (anos) 35,23 35,92 4,410 ***
% de indivíduos brancos 64,36 63,21 -1,710

Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 95,48 96,36 3,200 ***
% de indivíduos em regiões metropolitanas 41,92 37,52 -6,420 ***

Educação
Média dos anos de educação (anos) 12,54 12,25 -11,240 ***
% de indivíduos que cursam graduação 11,51 13,92 4,910 ***
% de indivíduos que concluíram graduação 27,90 21,13 -11,330 ***
% de indivíduos que concluíram pós-graduação 1,78 1,34 -2,670 ***
% de indivíduos que frequentam escola 12,79 15,18 4,690 ***

nº de observações 36.273 7.353

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%

Nas tabelas a seguir também apresentamos uma comparação entre pessoas que concluíram
ensino médio comum e aquelas que cursaram ensino médio profissional. Porém, na Tabela 3,
consideramos apenas características da população que parou de estudar no ensino médio (“EM”), e
na Tabela 4 restringimos nossa análise ao grupo de pessoas que concluiu graduação ou pós-
graduação.

Na Tabela 3 podemos observar as características do trabalho principal exercido por aqueles


que concluíram o ensino médio e não prosseguiram para outros níveis de ensino. Os dois grupos
apresentam diferenças estatisticamente significantes em todos os indicadores. Aqueles que cursaram
ensino médio profissional recebem em média 312 reais a mais por mês, e trabalham menos horas
por semana. Eles também estão há mais tempo no emprego atual e entram no mercado de trabalho
em média mais velhos do que integrantes do outro grupo. Observamos também que a média da
população cujo trabalho é agrícola é cerca de 1% maior entre a população que fez ensino médio
comum. E é maior a proporção de egressos do ensino técnico que não continuam estudando.
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Os dados apresentados mostram que os dois grupos também são diferentes ao considerarmos
características pessoais. O percentual de homens e brancos é maior no grupo que fez ensino médio
profissional. Este grupo apresenta também uma média de idade mais elevada, em torno de 35 anos.
Em relação ao local de moradia, 40% das pessoas que fizeram ensino médio comum vivem em
regiões metropolitanas, contra 35,23% entre pessoas que fizeram ensino técnico.

TABELA 3. Características da população que parou após concluir o EM

Teste de diferença de média


Ensino Médio Ensino Médio
Estatística t Significância
comum técnico
Características do trabalho principal
Média do salário mensal 973,68 1191,66 10,03 ***
Média do salário trabalho mensal (semana de 40h) 1053,19 1365,12 3,09 ***
Média de horas trabalhadas na semana 42,23 41,82 -1,92 *
Média do número de anos no emprego atual 6,24 6,80 4,06 ***
Média da idade de entrada no mercado de trabalho
**
(anos) 15,74 15,91 2,43
Média da experiência de trabalho (anos) 18,67 19,84 5,61 ***
% Cujo trabalho principal é agrícola 3,14 2,14 -3,75 ***

Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 55,10 53,28 -2,04 **
Média da idade (anos) 34,40 35,74 7,01 ***
% de indivíduos brancos 56,81 59,64 3,25 ***

Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 94,24 96,04 4,92 ***
% de indivíduos em regiões metropolitanas 40,40 35,23 -6,09 ***

Educação
Média dos anos de educação (anos) 11,15 11,18 2,75 ***

nº de observações 21.442 4.677

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%

Em seguida, na Tabela 4, analisamos apenas o grupo de pessoas que, após o término do


ensino médio, concluiram cursos de graduação ou de pós-graduação. Os dados sobre características
do trabalho principal mostram poucas diferenças significativas entre salários nos dois grupos.
Porém, ao contrário do que observamos na Tabela 3, a média de salários é maior entre pessoas que
concluíram ensino médio comum, recebem em média 210 reais a mais ao mês do que o outro grupo,
diferença que só é significativa a 10%. Além disso, mesmo ganhando salários mais elevados, as
pessoas que concluíram ensino médio comum têm menos experiência no mercado de trabalho. Ao

17
considerarmos a proporção dos que trabalham na agricultura, os dados mostram que os grupos são
parecidos.

Quanto às características pessoais dos indivíduos que concluíram ou graduação ou pós-


graduação, os dados indicam que 43,9% daqueles que fizeram ensino médio comum são homens.
No grupo de pessoas que fizeram ensino médio profissional, a proporção de homens e mulheres é
mais equilibrada, sendo o grupo composto por quase 50% de cada gênero.

TABELA 4. Características da população com pelo menos graduação

Teste de diferença de média


Ensino Médio Ensino Médio
Estatística t Significância
comum técnico
Características do trabalho principal
Média do salário mensal 2.745,06 2.603,79 -1,530 -
Média do salário trabalho mensal (semana de 40h) 3.091,42 2.880,91 -1,700 *
Média de horas trabalhadas na semana 38,50 38,94 1,170 -
Média do número de anos no emprego atual 9,67 9,86 0,730 -
Média da idade de entrada no mercado de trabalho
(anos) 17,86 16,26 -13,010 ***
Média da experiência de trabalho (anos) 22,05 24,22 6,280 ***
% Cujo trabalho principal é agrícola 0,85 0,85 0,320 -

Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 43,90 50,08 4,170 ***
Média da idade (anos) 39,91 40,48 1,830 *
% de indivíduos brancos 77,96 72,97 -3,980 ***

Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 97,83 97,53 -0,640 -
% de indivíduos em regiões metropolitanas 45,34 41,69 -2,510 **

Educação
Média dos anos de educação (anos) 15,27 15,17 -5,380 ***
% de indivíduos que concluíram graduação 94,00 94,02 0,030 -
% de indivíduos que concluíram pós-graduação 6,00 5,98 -0,030 -

nº de observações 10.544 1.655

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%

A Tabela 5, por sua vez, compara as características dos indivíduos com ensino regular, com
os indivíduos com técnico, aberto em três áreas de ensino: indústria, serviços e agropecuária.
Originalmente a PNAD 2007 classifica a área do curso profissionalizante em seis categorias; em
nosso estudo agrupamos no setor indústria, tanto o setor indústria como informática, e o setor

18
serviços representa o agregado das áreas gestão e saúde. E agropecuária representa a variável
original.

Além destes setores, os entrevistados podiam indicar também a categoria Outros, mas como
nesta opção são incluídas diversas categorias de ensino profissional, uma estimativa para este grupo
seria de difícil interpretação.

Tabela 5. Características da população que conclui Ensino Médio regular e profissional, por área dos curso

Ensino Médio
regular Ensino Médio profissional

Serviços Indústria Agropecuária


Características do trabalho principal
Média do salário mensal 1.504,55 1.263,01 1.751,21 1.424,57
Média do salario trabalho mensal (semana de 40h) 1.678,02 1.421,03 1.769,03 1.381,26
Média de horas trabalhadas na semana 40,49 40,45 42,37 43,82
Média do número de anos no emprego atual 6,98 7,20 6,41 7,47
Média da idade de entrada no mercado de trabalho (anos) 16,50 16,02 15,93 15,23
Média da experiência de trabalho (anos) 18,73 20,78 18,06 21,71
% Cujo trabalho principal é agrícola 2,15 1,01 0,70 19,65
Características pessoais
% de indivíduos do sexo masculino 50,49 33,82 81,52 89,44
Média da idade (anos) 35,23 36,80 34,00 36,94
% de indivíduos brancos 64,36 60,64 65,52 70,93
Localização
% de indivíduos em áreas urbanas 95,48 96,60 97,51 85,22
% de indivíduos em regiões metropolitanas 41,92 38,76 40,41 15,39
Educação
Média dos anos de educação (anos) 12,54 11,87 12,11 12,03
% de indivíduos que cursam graduação 11,51 11,70 15,16 8,93
% de indivíduos que concluíram graduação 27,90 14,36 18,20 20,21
% de indivíduos que concluíram pós-graduação 1,78 1,23 1,11 0,00
% de indivíduos que frequentam escola 12,79 12,96 18,38 10,05

Na Tabela 6 mostramos algumas características por decil de renda. A tabela exibe as


estatísticas descritivas da população analisada no primeiro, no quinto e no nono decil de renda.
Observamos que, como esperado, o percentual de pessoas que concluíram graduação e pós-
graduação aumenta nos maiores decis de renda.

19
Tabela 6. Características da população por decil de renda

0,1 0,5 0,9

Características média média média


Concluiu EM tecnico 0,066 0,165 0,171
horas trabalhadas na semana 42,117 41,910 36,276
homem 0,563 0,578 0,640
branco 0,308 0,508 0,738
experiência no trabalho 8,270 5,810 11,553
experiência (anos) 23,512 21,284 26,259
quadrado da experiência 854,74 650,91 857,48
metropolitano 0,153 0,336 0,458
urbano 0,666 0,891 0,959
trabalho principal é agricola 0,337 0,077 0,046
cursa graduação 0,004 0,051 0,060
graduação 0,002 0,022 0,443
pós graduação 0,000 0,001 0,042

Metodologia

A pergunta que se deseja responder é qual o efeito de concluir ensino médio profissional, em
relação ao ensino médio comum, sobre o salário dos indivíduos com ensino médio profissional que
trabalham (grupo de tratamento). Idealmente, gostaríamos de observar o salário de cada indivíduo
que cursou ensino profissional nas duas situações: tendo feito ensino médio profissional ou tendo
feito ensino médio comum. Como isso não é possível, elegemos um grupo de indivíduos que não
tenham cursado ensino médio profissional como um grupo de comparação (grupo de controle),
contra o qual vamos comparar o salário recebido por aqueles que concluíram o ensino profissional.
Para que essa comparação produza uma estimativa que reflita somente o efeito da conclusão do
ensino médio técnico, e não o efeito de outras características que distinguem os dois grupos e que
afetam o salário recebido, são utilizadas as metodologias econométricas descritas abaixo 5. No
restante do texto, a variável de interesse é emprofi, que indica se um indivíduo concluiu ensino
médio profissional (emprof i = 1) ou ensino médio comum (emprof i = 0) , e a variável dependente é
o logaritmo do salário anual no trabalho principal, padronizado para uma semana de 40 horas de
trabalho log(sal _ anuali ) 6.

5
Ainda assim, quanto mais semelhante o grupo de comparação for antes do uso de técnicas econométricas, mais
confiável o resultado encontrado.
6
O salário anual é obtido através da multiplicação do salário mensal por 12.
20
Separamos as metodologias utilizadas em dois grupos: as que produzem estimativas robustas
a diferenças observáveis entre os grupos de tratamento e controle (“seleção em observáveis”) e as
que produzem estimativas robustas a diferenças não-observáveis entre os grupos de tratamento e
controle (“seleção em não-observáveis”). Para que os métodos baseados em seleção em observáveis
produzam estimativas não viesadas, é necessário que a seguinte condição de independência
condicional seja satisfeita:

log(sal _ anuali (emprof i = 1)), log(sal _ anuali (emprof i = 0)) ⊥ emprof i | X (1)

Ou seja, dadas as variáveis observáveis X, o salário potencial por se ter concluído ensino médio
comum sal _ anual (emprof i = 0) e o salário potencial por se ter concluído ensino médio

profissional sal _ anual (emprof i = 1) são independentes do tipo de ensino médio que se concluiu.
Caso se acredite que a condição de independência condicional não é satisfeita, deve-se utilizar
métodos robustos à seleção em não-observáveis.

Outra hipótese importante para identificar o efeito do ensino profissional sobre o


salário é conhecida como hipótese de suporte comum – não há valor que as variáveis explicativas X
possam assumir para o qual se possa dizer com certeza a que grupo (controle ou tratamento) o
indivíduo pertence. Definindo , conhecido como
propensity score (“p-score”), essa condição pode ser escrita da seguinte forma:

0 < p ( x) < 1 ∀x (2)

A combinação das condições (1) e (2) é conhecida como ignorabilidade forte.

i) Seleção em observáveis

Foram utilizadas três metodologias para estimar o efeito médio de se concluir ensino médio
profissional em relação a concluir o ensino médio comum sobre a renda dos indivíduos que
trabalham e que concluíram ensino médio regular.

Como caso base, é utilizado o método dos mínimos quadrados ordinários. O efeito do tipo
de ensino médio sobre o salário foi controlado pela escolaridade, experiência no mercado de
trabalho, sexo, cor, experiência no mesmo trabalho, se o trabalho é agrícola ou não agrícola, e
variáveis indicadoras de moradia em área urbana, de moradia em região metropolitana e de estado,
de acordo com o seguinte modelo:

Modelo (1)
21
log(sal _ anuali ) = α + β1emprof i + β 2 horas i + β 3 cursa _ grad i + β 4 grad i + β 5 posgrad i +
+ β 6 masci + β 7 brancoi + β 8 tenurei + β 9 exp erienciai + β10 exp erienciai + β11urbanai +
2
(3)
+ β12 metropoli + β13 agricolai + β14 NE i + β15 COi + β16 SEi + β17 S i + ui

Na equação acima, horasi representa o número de horas trabalhadas no trabalho principal,


cursa_gradi, gradi e posgradi são variáveis indicadoras que indicam, respectivamente, se o
indivíduo cursa graduação, concluiu graduação ou concluiu pós-graduação e masci indica se o
indivíduo é do sexo masculino. Brancoi indica se o indivíduo se declara como branco, tenurei mede
o número de anos que o indivíduo está no mesmo trabalho, experiênciai mede, em anos, a potencial
experiência do indivíduo no mercado de trabalho (calculada como a diferença entre idade no
momento da entrevista e a idade com que começou a trabalhar) e urbanai e agrícolai indicam se o
indivíduo mora em área urbana e possui trabalho agrícola, respectivamente.

Essa primeira metodologia, porém, não é robusta a diferenças em características observáveis


entre o grupo de tratamento e de controle. Para que o efeito estimado não seja influenciado por
essas diferenças, passamos para a segunda metodologia, onde se estima a seguinte regressão de
log(sal_anual) em X:
Modelo (2)

log(sal _ anual i ) = αX i + βemprof i + λ ( X i − X 1 )emprof i + vi (4)

Onde:  1 
 horas i 
 
1 N1  cursa _ grad i 
X1 = ∑ X i | emprof i = 1 e 
grad i

N 1 i =1  
 posgrad i 
 
 masci 
 branco 
 i

 tenurei 
X i =  exp eriencia 
2
i

 exp eriencia i 
 urbanai 
 metropol 
 i

 agricolai 
 NE i 
 
 COi 
 SE i 
 
 Si 

22
Sendo N1 o número de indivíduos que concluíram ensino médio profissional, ou seja, o número de
observações no grupo de tratamento.
O modelo (2) ainda é um modelo de regressão, e requer que as expectativas condicionais
E[log(sal _ anuali )] | X , emprof i = 1] e E[log(sal _ anuali )] | X , emprof i = 0] estejam bem
especificadas. Outra limitação é que, caso as médias das variáveis explicativas utilizadas sejam
muito distintas entre os grupos de tratamento e controle, os resultados podem ser muito sensíveis a
pequenas mudanças na especificação da regressão estimada (Imbens e Wooldridge, 2008).

O modelo (3) é um método baseado no p-score conhecido como “propensity score


matching”, que utiliza o resultado que, sob ignorabilidade, a independência entre os resultados
potenciais e escolha do tratamento se mantém quando condicionada apenas no propensity score
(Rosenbaum e Rubin,1983). Ou seja, em subpopulações com o mesmo valor de p(x), as variáveis
explicativas são independentes da escolha do tratamento e, portanto, não podem causar viés. No
caso deste estudo, essa condição pode ser escrita da forma abaixo:

Modelo (3)

log(sal _ anuali (emprof i = 1)), log(sal _ anuali (emprof i = 0)) ⊥ emprof i | p( X ) (5)

Na prática, porém, o verdadeiro p(X) não é conhecido, e, portanto, deve-se estimar um


modelo para ele. A função p(X) foi estimada a partir de um modelo logit, onde a variável
dependente é emprofi, e onde a definição do conjunto de variáveis explicativas X incluídas na
estimativa do logit baseou-se no procedimento sugerido por Dehejia e Wahba (1999). 7 A partir do
p-score estimado ( (X)), dividiu-se a amostra por quartis da distribuição de (X). Dentro de cada
estrato, calcula-se a diferença da variável log(sal_anuali) entre os indivíduos com e sem ensino
médio profissional. A estimativa do efeito do ensino profissional sobre os que cursaram o ensino
profissional é a média, ponderada pela porcentagem de tratados em cada estrato, das médias de cada
estrato. A intuição do método de propensity-score matching é que, como em cada estrato as
observações possuem semelhante probabilidade de ter feito ensino médio comum ou profissional, as
distribuições das variáveis explicativas em cada estrato são semelhantes entre tratamento e controle,
e, portanto, toda a diferença salarial encontrada é efeito do tipo de ensino médio cursado.

7
A partir de um conjunto de covariadas inicialmente eleitas como importantes para explicar a participação no programa,
estima-se o modelo p(X), calcula-se o (X), faz-se uma estratificação e, dentro de cada estrato, verifica-se o
balanceamento de cada componente de X entre o grupo de tratamento e controle através de um teste de diferenças de
média. Enquanto o teste, para cada variável X e em cada estrato, for significante, o modelo é alterado, através da
inserção de interações entre variáveis ou funções das variáveis inicialmente selecionadas.
23
Com o intuito de testar a heterogeneidade dos resultados encontrados, estimamos uma
regressão quantílica controlando pelas mesmas variáveis explicativas utilizadas no modelo (2). Com
este modelo pretendemos verificar se há efeito heterogêneo da distribuição de renda no impacto do
ensino profissional. Nossa expectativa é a de que, ao estimar o impacto por decil de renda, os
resultados indicariam um retorno decrescente na direção dos decis superiores de renda.

Também buscamos possíveis efeitos heterogêneos refazendo as estimativas para


subconjuntos relativos à conclusão de níveis de ensino mais elevados e para concluintes de
diferentes setores do curso técnico. Os três setores considerados foram Agropecuária, Indústria e
Serviços.

ii) Seleção em não-observáveis

A hipótese de que todas as variáveis que influenciam a decisão de se cursar ensino médio
profissional ou comum que são relacionadas ao salário são observáveis é forte. É razoável supor que
há fatores não observáveis que influenciam tanto o rendimento recebido no mercado de trabalho
quanto à decisão de se cursar ensino médio comum ou profissional, o que implica que os
estimadores das metodologias da seção (i) são viesados.

Para obter uma estimativa não-viesada do impacto de se cursar ensino médio profissional
sobre o salário, é realizada uma estimação por variáveis instrumentais. O instrumento que propomos
para a variável pais_ensino prof é uma variável binária que indica se algum dos pais de cada
indivíduo cursou ensino profissional. A hipótese que justifica o uso desse instrumento é que,
controlando por diversos fatores, que incluem a renda de todas as fontes recebida e escolaridade dos
pais, o tipo de ensino médio que os pais cursaram não influencia o salário dos filhos, mas influencia
sua decisão de cursar o mesmo tipo de ensino médio.

A variável instrumental é construída da seguinte forma: procuramos indivíduos que definam


sua condição na família como “filhos”. A partir disso, procuramos os indivíduos que se definem
como pessoa de referência ou cônjuge nesta família, e os denominamos de “pais”. Em seguida,
procuramos a escolaridade dos pais – se algum deles concluiu ensino médio profissional, a variável
instrumental pais_ensino prof assume valor igual a 1. Para qualquer outro nível de escolaridade, a
pais_ensino prof assume valor igual a 0.

24
O modelo que é estimado para a amostra de filhos é:

Modelo (4)

log( sal _ anuali ) = α + β1emprof i + β 2 horasi + β 3 cursa _ grad i + β 4 grad i + β 5 posgrad i +


+ β 6 masci + β 7 brancoi + β 8 tenurei + β 9 exp erienciai + β10 exp erienciai + β11urbanai +
2

(6)
+ β12 metropoli + β13 agricolai + β14 escolaridade _ paisi + β15 renda _ paisi + β16 NE i +
+ β17 COi + β18 SEi + β19 S i + u i

E a variável pais_ensino_profissional, que indica se algum dos pais concluiu ensino profissional, é
utilizada como instrumento para a variável emprof.

Devido à estrutura dos dados da PNAD, é possível apenas conhecer o tipo de ensino médio
cursado pelos pais daqueles indivíduos que definem como “filho” sua condição na família. Assim, a
estimação pelo método de variáveis instrumentais será feita apenas para esta subamostra de filhos
encontrada na PNAD. O sinal da diferença entre os hiatos de rendimento estimado por MQO e o por
variáveis instrumentais para os filhos servirá como referência do viés para as outras estimativas
deste trabalho.

Em relação ao modelo (1), estimado para toda a amostra, são incluídas duas novas variáveis:
escolaridade_pais, que assume a maior escolaridade entre os pais (em anos) e renda_pais, que
assume a maior renda (mensal) de todas as fontes recebida pelos pais. Essas variáveis são
adicionadas ao modelo, já que é razoável assumir que o nível socioeconômico da família pode
influenciar a decisão do indivíduo sobre que tipo de ensino médio cursar e sobre o salário recebido
pelo indivíduo quando trabalha.

Resultados

i) Seleção em observáveis

A Tabela 7 exibe os resultados da estimação do modelo (1) pelo método dos mínimos
quadrados ordinários. O resultado encontrado é que, em relação a fazer ensino médio comum, fazer
ensino médio profissional aumenta em média o salário anual em 12,5% (estatisticamente
significante a 1%). Controlando por horas trabalhadas, estar cursando graduação traz um ganho de
cerca de 28% no salário, e concluir graduação e pós-graduação aumentam o salário em cerca de
80% e 122%, respectivamente. Como normalmente encontrado, indivíduos do sexo masculino e
brancos recebem maiores salários, assim como moradores de áreas metropolitanas e urbanas.
25
O mesmo modelo é estimado separadamente para os indivíduos que concluíram somente o
ensino médio e para indivíduos que concluíram graduação ou pós-graduação. No primeiro caso, o
efeito de ter cursado ensino profissional sobre o salário é de 19,5% em média, significante a 1%.
Por outro lado, para os indivíduos que concluíram pelo menos graduação, o impacto de se ter
cursado ensino profissional é de -6,3%, também significante a 1%.

Tabela 7. Impacto do Ensino profissional para diferentes níveis de ensino


(I) (II) (III)

Apenas Ensino Médio Graduação ou pós-


Toda amostra
completo graduação completos

Variável dependente log(sal_anual) log(sal_anual) log(sal_anual)

coef. estat. t coef. estat. t coef. estat. t


em_prof 0,125 13,55 *** 0,195 17,30 *** -0,063 -3,01 ***
horas trabalhadas na semana -0,018 -43,17 *** -0,019 -34,52 *** -0,017 -22,26 ***
cursa graduação 0,281 26,47 *** - - - - - -
graduação 0,794 84,35 *** - - - - - -
pós graduação 1,227 36,41 *** - - - - - -
homem 0,371 50,35 *** 0,365 40,26 *** 0,450 28,05 ***
branco 0,191 25,11 *** 0,178 19,47 *** 0,237 13,58 ***
experiência no trabalho 0,021 33,38 *** 0,024 30,28 *** 0,016 15,04 ***
experiência 0,029 27,08 *** 0,028 21,39 *** 0,023 10,13 ***
quadrado da experiência 0,000 -16,26 *** 0,000 -12,11 *** 0,000 -6,83 ***
urbana 0,278 15,18 *** 0,259 12,02 *** 0,376 7,22 ***
metropolitana 0,198 27,28 *** 0,146 16,40 *** 0,302 20,03 ***
trabalho principal é agricola -0,164 -5,06 *** -0,211 -6,08 *** -0,011 -0,11
dummies de região inclui inclui inclui
constante 8,503 322,25 *** 8,516 258,52 *** 9,303 145,84 ***
observações 43.626 26.119 12.119
R2 0,47 0,34 0,24

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível
de 10%

Em seguida, estima-se o modelo (2). 8 Os resultados encontrados são muito semelhantes aos
encontrados pelo modelo (1), e estão apresentados na coluna III da Tabela 8. Ter concluído ensino

8
Para testar se os resultados obtidos por mínimos quadrados ordinários são sensíveis à especificação linear, é adotada
uma regra de bolso proposta por Imbens e Rubin (2007). A regra consiste em avaliar a diferença de médias normalizada
das variáveis explicativas. Caso esta diferença exceda, em módulo, um quarto, o modelo linear não é o mais
recomendado para eliminar o viés gerado pelas variáveis observadas. No Apêndice I mostramos que esta regra é
26
médio profissional em vez de ensino médio é responsável pelo salário ser 12,7% maior (estatística t
igual a 13,89) para os indivíduos com ensino médio profissional. Os efeitos sobre os indivíduos
apenas com ensino médio concluído (e que não cursam graduação) e com ensino superior ou pós-
graduação também são semelhantes aos encontrados no modelo (1), de 18,7 % (estatística t igual a
15,78) e de -6,2% (estatística t igual a -2,6), respectivamente.

A última estimativa realizada foi através do método de propensity score matching. O


Apêndice II exibe os resultados do modelo estimado para o propensity-score 9. O resultado
encontrado para o efeito de se cursar ensino profissional sobre o salário recebido pelos concluintes
do ensino profissional é de 12,8%, com estatística-t de 8,33, exibido na coluna IV da Tabela 8.

TABELA 8. Comparação do impacto do Ensino profissionalizante nas três metodologias


(I) (II) (III) (IV)

Modelo (3) -Propensity


Obs. Modelo (1) - MQO Modelo (2) - modelo linear
score matching

Variável dependente log(sal_anual) log(sal_anual) log(sal_anual)

coef. estat. t coef. estat. t coef. estat. t

Toda amostra 43.626 0,125 13,55 *** 0,127 13,89 *** 0,128 8,33 ***
Apenas EM concluído 26.119 0,195 17,30 *** 0,188 15,78 *** - - -
Graduação ou pós-
12.199 -0,063 -3,01 *** -0,062 -2,62 *** - - -
graduação

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao
nível de 10%

Os resultados encontrados pelas três metodologias são notavelmente semelhantes. Um


possível motivo para isso é a grande semelhança na distribuição das variáveis explicativas nos
grupos de tratamento e controle. Como não há diferença significativa entre os resultados, o
resultado obtido por MQO será o resultado de referência desta seção.

Os resultados da regressão quantílica confirmaram os obtidos anteriormente, revelando


pouca variação no coeficiente estimado de ter cursado ensino profissional entre os diferentes decis.
Como mostra a Tabela 9, o impacto estimado no último decil é bem próximo dos 12,5%
encontrados no modelo MQO. Assim, não podemos concluir que o efeito de ter concluído o ensino
profissional se altera com a variação de renda.

cumprida para todas as variáveis explicativas, mostrando que o modelo linear é adequado para estimar o efeito do
ensino profissional sobre o salário daqueles que concluíram o ensino profissional.
9
O resultado do teste de balanceamento está apresentado no Apêndice III.
27
Tabela 9. Regressão quantílica

Ensino Médio
Estatística t Significância
profissional
Decil de renda
0,1 0,146 11,850 ***
0,2 0,136 12,930 ***
0,3 0,140 15,930 ***
0,4 0,144 14,760 ***
0,5 0,157 14,990 ***
0,6 0,161 15,610 ***
0,7 0,156 16,060 ***
0,8 0,138 13,120 ***
0,9 0,122 7,450 ***

Considerando a estimativa de MQO por setor do curso, o resultado encontrado é que, em


relação a fazer ensino médio comum, fazer ensino médio profissional na área de indústria aumenta
em média o salário anual em 18,8% (estatisticamente significante a 1%). Este efeito é bem superior
aos 12,5% encontrados no modelo MQO geral, porém, como mostra a Tabela 10, ao considerarmos
outros setores esta tendência não se verifica. No setor agropecuário o impacto estimado é o mesmo
do modelo MQO geral, 12,5%, e no caso de serviços estima-se um aumento menos expressivo no
salário esperado, 9,3%.

Na PNAD 2007, além destes três setores os entrevistados podiam indicar também a
categoria Outros, mas como nesta opção são incluídas diversas categorias de ensino profissional,
uma estimativa para este grupo seria de difícil interpretação.

28
Tabela 10. Impacto do Ensino profissional por setor de curso
(I) (II) (III)
Serviços Indústria Agropecuária

Variável dependente log(salário_anual)

coef. estat. t coef. estat. t coef. estat. t

emprof 0,093 7,49 *** 0,188 12,94 *** 0,125 3,67 ***
horas trabalhadas na semana -0,019 -44,81 *** -0,019 -44,21 *** -0,019 -42,94 ***
cursa graduação 0,143 12,47 *** 0,145 12,42 *** 0,146 12,10 ***
graduação 0,522 43,60 *** 0,523 43,45 *** 0,527 42,74 ***
pós graduação 0,704 21,61 *** 0,701 21,63 *** 0,716 21,57 ***
homem 0,320 44,41 *** 0,322 43,97 *** 0,320 42,91 ***
branco 0,126 16,91 *** 0,127 16,85 *** 0,127 16,47 ***
experiência no trabalho(meses) 0,017 29,05 *** 0,017 28,88 *** 0,017 28,02 ***
experiência (anos) 0,029 27,55 *** 0,030 28,51 *** 0,029 27,19 ***
quadrado da experiência 0,000 -19,49 *** 0,000 -20,21 *** 0,000 -19,23 ***
metropolitano 0,143 20,19 *** 0,137 19,27 *** 0,139 18,92 ***
urbano 0,228 12,74 *** 0,230 12,59 *** 0,230 12,70 ***
trabalho principal é agricola -0,168 -5,35 *** -0,173 -5,51 *** -0,156 -5,15 ***
escolaridade dos pais 0,060 14,31 *** 0,060 14,28 *** 0,062 14,47 ***
renda dos pais 0,000 17,88 *** 0,000 18,13 *** 0,000 17,40 ***
nordeste 0,219 18,39 *** 0,216 17,68 *** 0,220 17,86 ***
centro Oeste 0,278 21,42 *** 0,270 20,63 *** 0,278 20,90 ***
sudeste 0,227 25,89 *** 0,227 25,54 *** 0,233 25,74 ***
sul 0,211 18,80 *** 0,209 18,41 *** 0,213 18,31 ***
constante 8,479 323,64 *** 8,463 317,94 *** 8,456 315,44 ***
Observações 39.060 38.291 36.561

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%

ii) Seleção em não-observáveis

Para a estimação por variável instrumental, utilizamos apenas a subamostra composta por
indivíduos que se denominam filhos na PNAD. Assim, a subamostra é composta por 10.804
observações, sendo que 9.280 indivíduos concluíram o ensino médio comum e 1.527 concluíram o
ensino médio profissional.

A Tabela 11 exibe as estatísticas descritivas desta subamostra, e suas diferenças com o


restante da amostra. As variáveis que não são significativamente diferentes entre os grupos são
apenas o sexo, a cor, se o indivíduo mora em região metropolitana e se trabalha em atividade

29
agrícola. Como a média das idades é muito distinta entre os dois grupos, e pode influenciar a
escolaridade e desempenho no mercado de trabalho, é feita a análise das mesmas variáveis, mas
restringindo-se ao público com idade entre 20 e 30 anos (Tabela 12).

TABELA 11.Características da sub-amostra de filhos

Teste de diferença de média


Fora da Amostra de
Estatística t Significância
Amostra filhos

Número de observações 32.411 10.804


salário mensal 1.732,97 886,00 -46,67 ***
salário mensal padronizado 1.917,74 1.027,79 -25,21 ***
salário padronizado/ano 23.012,92 12.333,47 -25,21 ***
horas trabalhadas/semana 40,77 39,94 -6,02 ***
% cursa graduação 7,70 22,74 31,59 ***
% concluiu graduação 29,30 19,57 -18,84 ***
% concluiu pos-graduação 2,13 0,54 -13,61 ***
% homem 50,69 50,92 0,38
idade 38,64 26,52 -115,79 ***
% branco 64,29 63,53 -1,31
anos no emprego atual 8,43 3,22 -73,31 ***
idade que começou a
trabalhar 16,19 17,06 19,18 ***
experiência (anos) 22,45 9,46 -116,10 ***
% frequenta escola 8,92 24,14 31,16 ***
anos de educação 12,56 12,29 -12,13 ***
% metropolitano 41,05 41,25 0,32
% urbana 95,96 94,56 -5,20 ***
% cujo trabalho principal é
agrícola 2,15 1,92 -1,34

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%

A Tabela 12 apresenta as diferenças entre os indivíduos que pertencem e não pertencem à


amostra de estimação por variável instrumental, com idade entre 20 e 30 anos (inclusive os
indivíduos com estas idades). As diferenças nas variáveis explicativas se mantêm entre a amostra de
filhos e não-filhos, mesmo com a restrição de faixa etária.

30
TABELA 12. Características da amostra de indivíduos entre 20 e 30 anos

Teste de diferença de média


Fora da Amostra de
Estatística t Significância
Amostra filhos

Número de observações 8.875 7.332


salário mensal 993,73 840,38 -8,90 ***
salário mensal padronizado 1.065,72 982,59 -2,91 ***
salário padronizado/ano 12.788,58 11.791,05 -2,91 ***
horas trabalhadas/semana 41,24 39,96 -6,65 ***
% cursa graduação 12,97 26,39 19,30 ***
% concluiu graduação 17,90 18,03 0,19
% concluiu pos-graduação 0,59 0,31 -2,46 **
% homem 47,17 52,52 6,09 ***
idade 25,98 24,17 -35,56 ***
% branco 58,24 62,81 5,42 ***
anos no emprego atual 3,02 2,35 -13,28 ***
idade que começou a
trabalhar 16,14 17,12 15,80 ***
experiência (anos) 9,84 7,06 -35,82 ***
% frequenta escola 14,46 27,83 18,75 ***
anos de educação 12,08 12,29 7,01 ***
% metropolitano 36,22 41,06 5,66 ***
% urbana 94,78 94,13 -1,62
% cujo trabalho principal é
agrícola 2,50 1,75 -3,06 ***

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%

A Tabela 13 exibe as estatísticas descritivas da amostra utilizada no modelo de variáveis


instrumentais, a amostra de filhos da Tabela 11, e as diferenças entre concluintes do ensino médio
comum e ensino médio profissional.

31
TABELA 13. Características da amostra utilizada na estimação por variável instrumental

Teste de diferença de média

EM comum EM técnico Estatística t Significância

Número de observações 9.277 1.527


salário mensal 878,85 926,80 1,92 *
salário mensal padronizado 1.028,39 1.024,34 -0,09
salário padronizado/ano 12.340,73 12.292,11 -0,09
horas trabalhadas/semana 39,82 40,58 0,01
% cursa graduação 22,08 26,51 3,30 ***
% concluiu graduação 20,96 11,66 -9,08 ***
% concluiu pos-graduação 0,56 0,41 -0,79
% homem 50,52 53,21 1,77 *
idade 26,42 27,08 3,08 ***
% branco 63,38 64,34 0,67
anos no emprego atual 3,21 3,23 0,10
idade que começou a
trabalhar 17,08 16,94 -1,45
experiência (anos) 9,34 10,14 3,40 ***
% frequenta escola 23,50 27,79 3,14 ***
anos de educação 12,34 11,95 -8,38 ***
% metropolitano 41,89 37,61 -2,92 ***
% urbana 94,27 96,26 3,32 ***
% cujo trabalho principal é
agrícola 2,03 1,30 -2,00 **
Maior nivel educacional
entre os pais na familia 1,33 1,33 -0,11
Maior renda total entre os
pais na familia 1.729,37 1.544,10 -3,03 ***
% Nordeste 5,23 3,10 -5,63 ***
% Centro Oeste 5,50 2,49 -8,34 ***
% Sudeste 56,49 64,49 5,83 ***
% Sul 12,90 16,03 3,13 ***

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente
significante ao nível de 10%

A coluna I da Tabela 14 exibe os resultados da estimação por MQO dentro da mesma


amostra, e a coluna III exibe os resultados da estimação por variável instrumental.

32
Tabela 14. Impacto do Ensino profissionalizante controlando por efeitos não observáveis
(I) (II) (III)

OLS Variável Instrumental

1o estágio 2o estágio
Variável dependente log(salário_anual) emprof log(salário_anual)

coef. estat. t coef. estat. t coef. estat. t


concluiu Ensino profissional 0,147 8,890 *** 0,375 1,760 *
horas trabalhadas na semana -0,021 -23,840 *** 0,000 1,040 -0,021 -23,730 ***
cursa graduação 0,184 11,750 *** 0,013 1,140 0,180 11,220 ***
graduação 0,638 31,860 *** -0,084 -8,090 *** 0,658 23,650 ***
pós graduação 0,963 12,690 *** -0,066 -1,510 0,980 12,330 ***
homem 0,187 15,330 *** 0,002 0,200 * 0,186 15,120 ***
branco 0,103 8,070 *** -0,015 -1,660 ** 0,106 7,960 ***
experiência no trabalho 0,018 9,590 *** -0,001 -0,760 0,018 9,640 ***
experiência 0,033 14,610 *** 0,009 6,240 *** 0,031 10,570 ***
quadrado da experiência -0,001 -8,850 *** 0,000 -4,250 *** -0,001 -7,280 ***
urbana 0,188 6,850 *** -0,035 -4,290 *** 0,176 5,920 ***
metropolitana 0,191 15,480 *** 0,049 2,950 *** 0,199 13,710 ***
trabalho principal é agricola -0,182 -4,070 *** -0,043 -1,640 -0,172 -3,700 ***
escolaridade dos pais 0,064 10,840 *** 0,005 1,690 * 0,062 9,840 ***
renda dos pais 0,000 5,760 *** 0,000 -2,260 ** 0,000 5,920 ***
nordeste 0,213 9,320 *** -0,021 -1,760 * 0,218 9,350 ***
centro Oeste 0,257 11,270 *** -0,032 -2,920 *** 0,265 11,110 ***
sudeste 0,252 16,220 *** 0,069 7,450 *** 0,236 10,850 ***
sul 0,216 10,750 *** 0,076 6,030 *** 0,198 7,590 ***
pai fez EM profissional (VI) 0,124 6,570 ***
constante 8,646 186,060 *** 0,015 0,650 8,643 185,710 ***
Observações 10.804 10.804 10.804

*** Estatisticamente significante ao nível de 1%; ** Estatisticamente significante ao nível de 5%; * Estatisticamente significante ao nível de 10%

O efeito de se concluir ensino médio profissional sobre o salário recebido é positivo e


significante ao nível de 1% na estimativa por MQO, e é semelhante ao obtido para toda a amostra
(Tabela 7). O resultado por variável instrumental, porém, indica que concluir ensino médio
profissional leva a um aumento de 37,5% no salário recebido, que é muito superior ao resultado
encontrado por MQO. A diferença entre os coeficientes estimados indica que os fatores não-
observáveis que levam um indivíduo a optar por cursar e concluir o ensino profissional médio em
vez do ensino profissional comum têm uma relação negativa com o salário recebido quando se
trabalha.

Este resultado pode, à primeira vista, parecer contra-intuitivo, se pensarmos em cursos


técnicos públicos, em que há seleção para entrada. Esperaríamos que os melhores alunos estivessem
33
nestes cursos, e que suas habilidades anteriores ao curso atuassem de forma a aumentar o impacto
estimado com controle apenas em observáveis. Porém, como vimos na Tabela 1, 64% das
instituições que oferecem ensino profissional são privadas. Talvez a hipótese de que a qualidade dos
alunos que cursam o técnico é melhor valha apenas para as escolas públicas de excelência.

Retorno Econômico

Para o cálculo do retorno econômico de se concluir ensino profissional em relação ao ensino


médio comum, será utilizado o impacto encontrado na estimação do modelo (1), ou seja, que a
conclusão do ensino médio profissional acarreta um aumento de 12,5% no salário anual dos
egressos que trabalham. O resultado encontrado pela estimação por variável instrumental sugere
que há fatores não-observáveis que influenciam a decisão de se cursar ensino médio profissional e
que reduzem o salário recebido, o que indica que o retorno econômico encontrado nesta seção é o
limite inferior do verdadeiro retorno de se cursar ensino médio profissional.

São utilizadas as seguintes hipóteses sobre o ciclo de vida dos indivíduos. Dos 15 aos 17
anos, eles cursam o ensino médio (profissional ou comum). Somente aos 18 anos, quando concluem
o ensino médio, o impacto sobre o salário de quem trabalha pode ser observado. O impacto dura até
os 65 anos dos indivíduos, quando assumimos que eles se aposentam e se retiram do mercado de
trabalho.

Dadas as hipóteses acima, os salários observados dos indivíduos com idades entre 18 e 65
anos que concluíram ensino médio profissional incluem uma parcela referente ao ganho de se ter
cursado ensino profissional. Para encontrar a parcela referente a cada ano de trabalho, calcula-se a
média do salário recebido pelos indivíduos com ensino profissional em cada idade entre 18 e 65
anos, e então se divide esta média por 1,1256. O fluxo encontrado é o ganho, a cada ano de
trabalho, de se concluir ensino médio comum, para a população que concluiu ensino médio
profissional. A uma taxa de desconto de 5% ao ano, o valor presente de se cursar ensino
profissional em relação a cursar ensino médio comum é R$ 32.713,09.

O custo relativo de se cursar ensino médio profissional é a diferença entre o custo anual de
um aluno no ensino profissional e o custo anual de um aluno no ensino médio comum. Utilizamos
informações do Inep relativas aos gastos com ensino profissional em 2009, publicadas na revista

34
Valor Econômico 10. O custo do ensino médio regular para 2009 foi obtido a partir da base do custo
de 2008 divulgado pelo Inep e a inflação 2008/2009 calculada pelo IBGE. A partir destas
informações, consideramos um custo de R$ 5.100,00 por aluno por ano no ensino profissional e de
R$ 2.213,50 no ensino médio comum. Assim, a diferença de custos é de R$ 2.886,50 por ano. A
uma taxa de desconto de 5% ao ano, o valor presente do custo de se cursar ensino profissional em
relação a ensino médio comum é de R$ 8.253,69.

O INEP informa um custo médio por aluno nos cinco níveis de ensino, mas não há
informação oficial desagregada. Assim, estimamos o retorno econômico considerando outras fontes
de custos com o intuito de comparar os resultados com a estimativa, utilizando os dados do artigo
do Valor Econômico 11.

Utilizamos o padrão de distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e


Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O Fundeb define um padrão de gasto mínimo por
nível de ensino, atribuindo pesos para cada um. O nível de referência é a 1ª fase do ensino
fundamental, peso igual a 1, ao ensino profissional é atribuído um peso de 1,3 e ao ensino médio
regular, peso de 1,2. Utilizamos a relação de pesos entre as duas modalidades de ensino médio para
calcular o que deveria ser a diferença mínima de custos entre os tipos de ensino, seguindo esta
definição do Fundeb.

A base de dados Sistema Informacional Custo Aluno (SICA) contempla custos detalhados
das escolas estaduais de Minas Gerais. Neste caso consideramos as diferenças de custos entre os
dois tipos de ensino médio no Estado como proxy para a diferença no Brasil.

Levando em conta os benefícios econômicos e os custos baseados na matéria do Valor


Econômico, cursar ensino médio profissional possui um valor presente líquido médio por egresso de
R$ 24.459,40, e uma taxa interna de retorno de 14,16% ao ano. O retorno econômico encontrado
em todas as estimativas é positivo, mas é maior considerando-se as outras bases de custos, como
observamos na Tabela 15.

Por outro lado, o ensino profissional é menos atraente para custos a partir de R$ 13.654,00
ao ano, pois o impacto de ter cursado ensino profissional não compensa mais o diferencial de
custos.
10
Custo por aluno por ano no Ensino Médio profissional: R$ 5.100,00 (Inep, 2009), com base em matéria publicada em Valor
Econômico, “Cursos técnicos já respondem por 10% do Ensino Médio”, 2 de fevereiro de 2010.
O custo EM regular 2009 foi obtido a partir de cálculo próprio; tomamos como base o custo divulgado pelo Inep 2008 (site) e
inflação dez08/dez09 divulgada pelo IBGE (4,31%). Assim, o custo por aluno por ano no ensino médio regular: R$ 2.213,50 (2008
em R$ 2009, fonte Inep(site)).
11
A descrição detalhada das bases utilizadas esta no Apêndice IV.
35
Tabela 15. Retorno econômico

Investimento Valor
Fundeb SICA
não vale a pena Econômico

Custo Ensino Médio regular (R$) ¹ 2.213,50 2.213,50 2.213,50 2.213,50


Custo Ensino Médio profissional (R$) 13.654,00 0,00 2.397,96 2.550,47
VP do Benefício líquido 32.713,09 32.713,09 32.713,09 32.713,09

VPL (R$) 0,00 24.459,40 32.185,65 31.749,55


TIR (% a.a.) 5,00 14,16 84,62 58,66
Custos por base
Custo Ensino Médio profissional (R$) 5.100,00 2.884,94 1.670,27
Custo Ensino Médio regular (R$) 2.663,02 1.449,59
Proporção (EMprof/ EMregular) por base 1,08 1,15

¹ Trans formamos o cus to divulgado pelo INEP 2008 (s ite) de R$2.122,00 em R$2009, dada a inflação dez08/dez09 do IBGE, de 4,31 %.

Conclusão
Nossa análise mostrou que o impacto médio do ensino técnico é positivo e estatisticamente
significativo, com impacto de 12,5% sobre o salário.
Muitos questionam se o ensino técnico público não está apenas ofertando um ensino de
melhor qualidade aos melhores alunos de escolas públicas, qualidade que permitirá sua entrada no
ensino superior. Trata-se certamente de um ganho privado para estes jovens, mas não
necessariamente o melhor investimento público, pois a parte técnica do curso é potencialmente
desperdiçada. Nossa análise revelou que o percentual de jovens que param os estudos é maior entre
os indivíduos que cursaram ensino médio técnico. Além disso, a maioria das escolas técnicas é
privada.

Ao controlar por variáveis não observáveis o impacto de cursar o ensino médio profissional
aumenta, o que indicaria que os alunos menos qualificados em variáveis não observáveis optariam
por esta modalidade de ensino.
Considerando o diferencial de custos entre técnico e regular, os resultados mostram que o
retorno ao investimento é positivo, a taxa interna de retorno é de 14% ao ano e o valor presente
líquido é de R$ 24.459,40. Este investimento deixa de valer a pena quando o custo do ensino médio
técnico supera R$ 13.654,00 ao ano.

36
Referências

ROSENBAUM, P., AND D. RUBIN, (1983a), “The Central Role of Propensity Score in
Observational Studies for Causal Effects”, Biometrika,70, 41-55.
ROSENBAUM, P., AND D. RUBIN, (1983b), “Asssessing the sensitivity to an Unobserved Binary
Covariate in an Observational Study with Binary Outcome,”Journal of the Royal statistical Society,
Ser. B, 45,212-218.
DEHEJIA, R. AND S. WAHBA, (1999), “Causal Effects in Nonexperimental Studies: Reevaluating
the Evaluation of Training Programs”, Journal of the American Statistical Association, 94, 1053-
1062.
IMBENS, GUIDO M. AND J. M. WOOLDRIDGE, (2008), “Recent Developments in the
Econometrics of Program Evaluation”, NBER Working Paper, no. 14251, JEL no C01.
IMBENS AND RUBIN (2007), apud IMBENS, GUIDO M. AND J. M. WOOLDRIDGE, (2008).
SEVERINI E ORELLANO, (2010), “O Efeito do Ensino Profissionalizante sobre a Probabilidade
de Inserção no Mercado de Trabalho e sobre a Renda no Período Pré-PLANFOR”, Revista
economia, J24, J31.
INEP/MEC. Investimentos por Aluno por Nível de Ensino: Valores Reais. Disponível em:
http://www.inep.gov.br/estatisticas/gastoseducacao/despesas_publicas/P.A._paridade.htm,
16/11/2010.
NERI, MARCELO. “A Educação Profissional e Você no Mercado de Trabalho”. Rio de Janeiro:
FGV/CPS, 2010.

37
Apêndice I: Teste de diferenças das variáveis explicativas usando Imbens e Rubin (2007).

Amostra que Amostra que


Toda amostra parou de estudar concluiu a graduação
no Ensino Médio ou pós graduação

Variável: diferença normalizada da média entre o grupo de tratamento e o de controle

anos de educação -0,110 - -


cursa graduação 0,051 - -
graduação -0,112 - -
pós graduação -0,025 - -
frequenta a escola 0,049 -0,008 0,039
homem 0,024 -0,026 0,088
idade 0,043 0,086 0,037
branco -0,017 0,041 -0,082
metropolitano -0,064 -0,075 -0,052
urbano 0,031 0,059 -0,014
experiência no trabalho atual 0,016 0,052 0,015
experiência 0,065 0,070 0,128
quadrado da experiência 0,027 0,030 0,085
nordeste -0,042 -0,060 -0,012
centro -oeste -0,038 -0,032 -0,011
sudeste 0,039 0,040 0,010
sul 0,067 0,096 0,060
horas trabalhadas por semana 0,011 -0,024 0,026
trabalho principal é agrícola -0,024 -0,044 0,007

38
Apêndice II: Estimação do propensity-score

Variável dependente: em_prof

coef. estat. Z efeito marginal


horas trabalhadas na semana 0,00 -1,48 0,00
cursa graduação 0,14 1,86 0,02
graduação -0,70 -8,55 -0,09
pós graduação -0,87 -2,64 -0,09
homem 0,05 1,59 0,01
branco -0,16 -4,82 -0,02
experiência no trabalho 0,00 0,64 0,00
experiência 0,05 10,08 0,01
quadrado da experiência 0,00 -7,71 0,00
urbana 0,24 1,93 0,03
metropolitana 0,15 3,94 0,02
trabalho principal é agricola -0,26 -2,33 -0,03
nordeste 0,29 1,30 0,04
centro oeste 0,03 0,58 0,00
sudeste 0,47 2,43 0,06
sul 0,62 3,18 0,10
NE_metropolitana -0,17 -1,67 -0,02
SE_metropolitana -0,65 -11,17 -0,08
NE_urbano -0,33 -1,44 -0,04
SE_urbano 0,14 0,68 0,02
S_urbano -0,11 -0,57 -0,02
exper_tenure 0,00 -0,91 0,00
exper_cursa graduação 0,01 1,64 0,00
exper_graduação 0,01 4,17 0,00
exper_pós graduação 0,02 1,54 0,00
Constante -2.400.317,00 -17,28 -
observações 43626,00
log verossimilhança -19.491,93
Pseudo R2 0,02

39
Apêndice III: Balanceamento

(I) (II) (III) (IV)

1o. Quartil 2o. Quartil 3o. Quartil 4o. Quartil

Estatística-t

em_prof
horas 0,680 0,861 -0,140 0,727
cursa graduação -0,810 0,294 0,587 0,437
graduação -0,780 0,945 0,841 0,001
pós graduação 0,890 0,540 0,809 0,896
measculino 0,325 0,053 0,925 0,174
branco 0,779 0,245 0,682 0,824
experiência no trabalho atual 0,394 0,517 0,637 0,700
experiência no mercado de trabalho 0,019 0,647 0,707 0,783
quadrado da experiência 0,183 0,399 0,763 0,340
urbana 0,126 0,605 0,498 0,237
metropolitana 0,342 0,375 0,520 0,216
trabalho principal é agrícola 0,981 0,827 0,382 0,558
nordeste 0,841 0,711 0,942 0,475
centro-oeste 0,805 0,383 0,464 0,152
sudeste 0,635 0,961 0,392 0,320
sul 0,652 0,753 0,218 0,969
NE_metropolitana 0,956 0,641 0,902 0,520
SE_metropolitana 0,958 0,912 0,515 0,161
NE_urbano 0,930 0,769 0,808 0,935
SE_urbano 0,942 0,903 0,575 0,196
S_urbano 0,777 0,885 0,203 0,966
exper_experiencia no trabalho atual 0,492 0,222 0,620 0,694
exper_cursa graduação 0,417 0,031 0,381 0,259
exper_graduação 0,224 0,777 0,948 0,001
exper_pós graduação 0,940 0,487 0,633 0,947

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Apêndice IV: Bases de dados consideradas na estimativa de custos.

DECRIÇÃO DAS BASES

i. Valor econômico

O custo médio no ensino profissional, que considerou o gasto total com ensino profissional
estimado pelo Inep para 2010 (R$ 4,6 bi) e o número de alunos matriculados neste nível de ensino
em 2009 (861.100). Com base na taxa de inflação divulgada pelo IBGE, passamos o custo estimado
de 2010 para valores de 2009, o custo médio estimado por aluno sendo de R$ 5.100,00 (2009).
Estes dados de gastos e número de alunos foram retirados da matéria “Cursos técnicos já respondem
por 10% do Ensino Médio”, publicada na revista Valor Econômico em 2/02/2010.

ii. Pesos Fundeb e custos do Inep

Esta base possui os dados oficiais do Inep (2007) do custo médio por aluno em cinco níveis de
ensino: educação infantil, 1ª e 2ª fase do ensino fundamental, ensino médio e ensino superior.

Como no Inep não há dados desagregados para ensino médio profissional, utilizamos o padrão
de distribuição dos recursos do Fundeb, que define um gasto mínimo por nível, atribuindo pesos
diferentes para cada nível de ensino. O nível de referência é a 1ª fase do ensino fundamental
(peso=1). Assim, o cálculo dos custos em cada modalidade de ensino médio foi feito a partir do
gasto no nível de referência, R$ 2.408,00, multiplicado pelo peso do ensino médio profissional, 1,3,
e pelo peso do ensino médio regular, 1,2. O custo médio estimado do ensino profissional é de R$
3.130,40 por aluno.

iii. Base SICA (Sistema informacional custo aluno)

Esta base apresenta o custo médio por aluno e abrange apenas escolas estaduais localizadas em
Minas Gerais. Os dados contemplam custos detalhados dentro e fora da escola. São considerados
custos “dentro” gastos relacionados diretamente com as escolas, como gastos com pessoal de
magistério e convênios, enquanto custos “fora” incluem gastos com despesas gerais da unidade
central e das regionais da Secretaria da Educação, aposentadorias e pensões.

O cálculo da média do custo anual por aluno no ensino profissional foi feito a partir da soma
dos custos dentro e fora da escola em 2007. Estes dados indicam um custo médio anual nas escolas
estaduais que oferecem ensino profissional de R$ 1.670,27 por aluno.

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