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RESUMO
O conhecimento dos gastos nos governos é de suma importância para a aplicação
de mudanças nas ações que regem as decisões sobre o correto uso dos recursos
públicos.
Este artigo apresenta análises estatísticas descritivas de gastos nas universidades
estaduais do Brasil, no ano de 2021. Os dados coletados são de 39 universidades,
de 20 estados e Distrito Federal, de todas as 5 regiões do país. Os estados do Acre,
Rondônia e Sergipe não fazem parte do estudo por não possuírem universidades
estaduais, Amazonas, Espírito Santo, e Pará não compuseram o levantamento,
tendo em vista que os dados não foram encontrados nos respectivos Portais da
Transparência. A pesquisa revela números das medidas de tendência central,
dispersão e assimetria dos valores de gastos, bem como aplicação de testes de
hipóteses por Análise de Variância - ANOVA, que constituem forma de inferência
estatística, permitindo avaliar afirmações sobre médias de valores entre diferentes
grupos.
O maior valor de gastos foi da Universidade Estadual de São Paulo (USP), no total
de R$ 891.127.185,15. O menor valor foi de R$ 1.497.741,39 da Fundação
Universidade Aberta do DF.
A maior média de gastos encontrada para o grupo de universidades por região foi de
R$ 335.808.868.05 para a região Sudeste e menor média foi de R$ 54.965.135,73
para a região Norte.
Por meio do teste de hipótese ANOVA, não foi constatada diferença estatística, ao
nível de significância de 0,05, entre as médias de gastos das universidades por
regiões.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com o que estabelece a Constituição Federal de 1988,
educação é um direito social cujos meios de acesso devem ser proporcionados pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Trata-se de direito de todos e dever
do Estado para o desenvolvimento da pessoa, preparo para o exercício da cidadania
e qualificação para o trabalho, e será ministrada com base em alguns princípios,
dentre os quais a garantia de padrão de qualidade (Constituição Federal, 1988).
As pesquisas sobre gastos na educação não são numerosas no Brasil. A
disponibilidade ainda não muita vasta de dados talvez explique, em parte, a
existência de poucos estudos do tipo. Em geral, abrangem universidades federais e
pretendem, na maioria dos casos, verificar se os gastos com educação estão
associados ao aproveitamento no processo ensino-aprendizagem, estimando
possíveis relações entre as médias de gastos e medidas que representem
resultados em avaliações, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), o desempenho médio municipal dos alunos no Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) ou o desempenho na Prova Brasil (GALVÃO, 2016, p. 34-
40).
O Manual de Contabilidade Aplicada do Setor Público (MCASP) (BRASIL,
2017) classifica o gasto público como todo dispêndio da União nas esferas
municipal, estadual e federal com materiais de consumo, contratação e pagamento
de serviços necessários para atendimento ao público ou à manutenção dos bens
públicos. O gasto público, para ser realizado de forma satisfatória, tem de seguir os
critérios da eficiência, da eficácia e da efetividade. Por isso, alguns estudos buscam
entender mais a seu respeito, bem como seus antecedentes e/ou determinantes
para verificar os fins a que se propõe (AMARAL; MENEZES-FILHO,
2008; MONTEIRO, 2015; SANTOS et al., 2021).
No Brasil, o gasto público em Educação é composto por despesas
correntes (o sistema educacional requer uso de mão de obra de professores e de
auxiliares) e despesas de capital (em geral, pode ser associada ao investimento em
infra estrutura e bens de natureza duradoura) (INEP, 2021). Vale salientar que a
despesa corrente consome uma grande parcela do investimento em Educação,
correspondente a 97%, quando analisadas às etapas do Ensino Fundamental à
Educação Superior (INEP, 2021).
Em ZOGHBI et. al (2009), os resultados mostraram que os estados com
melhor desempenho educacional não necessariamente são os mais eficientes em
termos de gastos na esfera educacional. Segundos os autores ocorrem um círculo
vicioso, em que os estados que mais precisam usar os recursos educacionais com a
finalidade de promover o seu crescimento, são os que acabam mais fazendo uso
errado dos mesmos, ficando num estagio inferior de desenvolvimento.
NASCIMENTO e VERHINE (2017), avaliam o financiamento público em
educação superior no Brasil, comparando com as médias de países-membros do
OCDE e levantando a discussão se esses gastos são suficientes para o país atingir
os desafios que enfrenta o setor.
A alocação de recursos em educação superior é tema de estudo, com
exposição sobre a teoria das finanças públicas e demais aspectos característicos da
administração pública que possibilitam conceituar o gasto público. Percorrendo-se
ainda, uma análise sobre planejamento e execução orçamentários na Universidade
de Brasília - UnB (SANTOS)
CARVALHO (2016), analisa como se dá o financiamento público na
educação superior, nos vinte e seis estados e Distrito Federal no Brasil. O artigo
mapeia se existe vinculação específica de recursos nas constituições estaduais e
como evoluíram os gastos reais relativos à manutenção e ao desenvolvimento da
educação superior estadual, no período entre 2006 a 2012.
3. METODOLOGIA
A pesquisa é de natureza descritiva, o conjunto de dados abrange valores
de gastos por universidade, obtidos nos Portais da Transparência dos respectivos
estados. O ano considerado foi 2021, tendo em vista que para o ano de 2022, os
dados ainda não estavam consolidados, nem tampouco disponibilizados.
As variáveis utilizadas na pesquisa foram:
DESCRICAO = variável que indica os nomes da universidades avaliadas
na pesquisa;
SIGLA: abreviatura dos nomes das universidades
UF: unidade da federação dentro da organização político-administrativa
do País, em que está instalada a universidade;
REGIAO: indica a região administrativa ou agrupamento das unidades da
federação,
ICG = indicador de qualidade de cursos das universidades;
GASTOS: valor de gastos realizados pelas instituições objeto do estudo.
Para melhor compressão dos dados, os mesmos são apresentados na
tabela 1.
Para o teste ANOVA, a função aov foi usada. Para o primeiro teste, a
hipótese nula, ou H0, é que (estatisticamente), a média de gastos do grupo de
universidades por regiões é igual. A hipótese alternativa, ou H1, é de que as médias
são diferentes. Para o segundo teste, a hipótese nula é de que os gastos por
universidade (variável independente) têm influência no ICG (variável dependente).
O nível de confiança usado nos testes também é de 95% com significância de 0,05,
ou seja, caso o p-valor resultante seja maior que 0,05, aceita-se a hipótese nula (H0)
e rejeita-se a hipótese alternativa(H1). Caso o p-valor seja menor que 0,05 rejeita-se
a hipótese nula e aceita-se a hipótese alternativa.
Após o teste de hipótese foi aplicado o teste post hoc (Honestly
Significant Difference), ou diferença honestamente significativa, por meio da função
TukeyHSD() do pacote stats.
Aplicamos o teste de correção de Pearson pra mensurar o quanto as
variáveis GASTOS e IGC estariam relacionadas, ou seja, se o fato de uma delas
aumentar ou diminuir faz com que a outra também aumente ou diminua.
4. RESULTADOS
Inicialmente, são mostradas as estatísticas básicas da variável GASTOS
por região:
Figura 4: Código R estatísticas básicas
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo analisou gastos nas universidades públicas estaduais do
Brasil. Para atingir o objetivo utilizou-se estatística descritiva, com o intuito de
caracterizar os dados da pesquisa. Foram também realizados testes de hipóteses,
utilizando bibliotecas da linguagem R.
A maior média de gastos encontrada para o grupo de universidades por
região foi de R$ 335.808.868.05 para a região Sudeste e menor média foi de R$
54.965.135,73 para a região Norte.
Por meio do teste de hipótese ANOVA, não foi constatada diferença
estatística, ao nível de significância de 0.05, entre as médias de gastos das
universidades por regiões, portanto a hipótese de que as médias de gastos nas
universidades por região são iguais, deve ser aceita.
Mesmo considerando que existe consenso de que a educação deva ser
financiada, principalmente pelos governos, permanece aceso um debate sobre até
onde pode e deve estender-se essa oferta pública de educação. Encontramos
defensores como Dias Sobrinho (2013) que afirma que “a educação é um bem
público, imprescindível e insubstituível”, e, sendo bem público precisa ser de
qualidade, e, para isso é necessário investir. Por outro lado, oponentes ao
oferecimento do serviço educacional público, questionam as ações governamentais
de investimento, pois para eles, o financiamento em educação, principalmente a do
ensino superior, é por demais dispendioso para a administração pública.
Contudo, cabe considerar que as justificativas levantadas de que a
educação superior é dispendiosa e de que o investimento precisa ser direcionado
para o ensino básico não se sustenta, pois, como apontado por Corbucci (2007):
“a desproporção do gasto com a educação pública, no Brasil, entre os níveis
de ensino, se explica mais pelo fato de o dispêndio com a educação básica
ser insuficiente, do que pelo gasto com a educação superior ser excessivo”.
(Corbucci, 2007, p. 23).
As estratégias de apoio para as universidades com relação aos gastos
devem ser diferenciadas, levando em conta as diferentes estruturas e perfis dos
discentes, docentes e todos os demais envolvidos, assim como orientando-se por
melhores práticas de racionalização de gastos.
As limitações deste estudo consistem na impossibilidade da
generalização dos resultados, visto que foram analisados apenas as universidades
públicas estaduais no ensino superior brasileiro. Recomenda-se que para trabalhos
futuros seja ampliada a amostra da pesquisa, assim, incluindo as universidades
federais para fins de comparabilidade dos resultados. Outra recomendação consiste
na segregação da amostra entre universidades públicas e conjunto de universidades
privadas, a fim de comparar seus gastos.
Vislumbra-se com a pesquisa, uma oportunidade para que os Estados
possam investir em conhecimento na área, capacitando os gestores públicos,
tomadores de decisão, auxiliares e assessorias, no tocante ao zelo e
responsabilidade de gastos nas universidades estaduais.
REFERÊNCIAS
LEVIN, Jack; FOX, James Alan; FORDE, David R. Estatística para Ciências
Humanas. 11. ed. São Paulo: Pearson, 2012.