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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES


CURSO DE FILOSOFIA

O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

Alexandre Schimel
Irlim Corrêa Lima Junior
Mariana Braga
Neurivan Barros

Petrópolis
2011
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES
CURSO DE FILOSOFIA

O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

Trabalho de avaliação parcial de curso


apresentado à Faculdade de Filosofia da UCP
como requisito para a conclusão do curso de
POLÍTICAS EDUCACIONAIS.

Alexandre Schimel
Irlim Corrêa Lima Junior
Mariana Braga
Neurivan Barros

Professor Orientador
PROF. MS. RIVO GIANINI DE ARAÚJO

Petrópolis
2011
Sumário

Introdução...................................................................................................................................4
1. O Programa Universidade para Todos – PROUNI..............................................................4
1.1. O Programa...........................................................................................................4
1.2. A Bolsa Permanência............................................................................................5
1.3. Bolsas Oferecidas e Alunos Concluintes............................................................5
1.4. As vagas para licenciaturas..................................................................................6
1.5. Conclusão..............................................................................................................6
2. CNPq......................................................................................................................................6
2.1. A Criação e a História..........................................................................................6
2.2. Anos 90.................................................................................................................7
2.3. Institutos Incorporados.........................................................................................8
2.4. Conclusão..............................................................................................................9
3. Programa De Apoio A Planos De Reestruturação E Expansão Das Universidades
Federais....................................................................................................................................10
3.1. O REUNI............................................................................................................10
3.2. Investimentos e Metas........................................................................................10
3.3. Críticas e Controvérsias.....................................................................................11
3.4. Conclusão............................................................................................................11
4. A Igreja e as Universidades.................................................................................................12
5. Considerações Finais...........................................................................................................14
6. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................15
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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar de forma sucinta o cenários de políticas


públicas que se apresenta relativamente ao ensino superior no Brasil no momento.
Teve-se o cuidado de separar o que consiste de políticas de estado das políticas de
governo. Quatro eixos principais foram escolhidos e se apresentam aqui desenvolvidos. Se
entende que todos os temas têm relevância capital no que concerne a explicar a qualidade
e a quantidade de cursos superiores em nosso pais.

1. PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS – PROUNI

1.1. O PROGRAMA

Criado em 2004 e institucionalizado em 13 de janeiro de 2005 pela Lei nº 11.096


o PROUNI – Programa Universidade para Todos tem como objetivo e finalidade a
concessão de bolsas de estudos integrais e parciais em cursos de graduação sequenciais e
de formação específica em instituições privadas de ensino superior, o que equivale a dizer
que o PROUNI se destina à criação de oportunidades para mais brasileiros ingressarem no
ensino superior.
Como contrapartida o programa oferece isenção de alguns tributos às instituições
participantes do programa.
O programa se destina a alunos egressos do ensino médio tanto da rede pública
quanto particular atendidas algumas exigências, sendo a principal delas a renda per-capta
familiar não superior a três salários mínimos.
O sistema de seleção é preconizado como informatizado e impessoal, e o processo
é dependente das notas obtidas pelo candidato no ENEM – Exame Nacional do Ensino
Médio. Neste aspecto, o sistema apresenta transparência e segurança. Porém, a seleção
final fica à cargo da instituição que oferece a bolsa; e neste momento, o programa vem
sendo atacado ferozmente pela oposição divido às distorções que têm sido observadas em
todo o território nacional.
No que concerne à seleção pelo ENEM, temos que de fato o programa parece
cumprir suas metas de oferecer as vagas aos candidatos com maior mérito de qualidade e
desempenho acadêmicos.
O programa também possui sistemas de ação conjunta que funcionam entre o
MEC e a Caixa Econômica Federal e o MEC e a FEBRABAN. Tais sistemas aliados ao
FIES – Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior pretendem oferecer o
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que é chamado de Bolsa Permanência 1 ao estudante. Através destes programas o bolsista


parcial pode financiar até 100% das mensalidades de seus estudos.
Segundo o site do programa o mesmo já atendeu, até o segundo semestre de 2011,
a quase um milhão de estudantes, sendo que destas bolsas, 67% se apresentam como da
modalidade integral.
O PROUNI se apresenta, juntamente com o FIES, como uma das ações
integrantes do PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação brasileiro.
Assim, o Programa Universidade para Todos, somado ao Programa de Apoio a
Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a
Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a expansão da rede federal de educação
profissional e tecnológica ampliam significativamente o número de vagas na educação
superior, contribuindo para um maior acesso dos jovens à educação superior.

1.2. A BOLSA PERMANÊNCIA

A Bolsa Permanência é um benefício com o valor máximo equivalente ao praticado


na política federal de bolsas de iniciação científica, tal bolsa em dezembro de 2011 tem o
valor de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais) e é destinada exclusivamente ao custeio das
despesas educacionais de beneficiário de bolsa integral do Programa Universidade para Todos
– Prouni.
A Bolsa Permanência destina-se a estudantes com bolsa integral em utilização do
Prouni, matriculados em cursos presenciais com no mínimo 6 (seis) semestres de duração e
cuja carga horária média seja igual ou superior a 6 (seis) horas diárias de aula, de acordo com
os dados cadastrados pelas instituições de ensino junto ao MEC.
A referida carga horária média é calculada pela divisão entre a carga horária mínima
total do curso, em horas, e o resultado da multiplicação do respectivo prazo mínimo em anos
para integralização do curso e o número de dias do ano letivo, sendo este fixado pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, em 200 dias letivos. O cálculo da carga
horária média é efetuado com base nos dados constantes no Cadastro e-MEC de Instituições e
Cursos Superiores do Ministério da Educação.

1.3. BOLSAS OFERICIDAS E ALUNOS CONCLUINTES

Uma informação que se apresenta como preponderante para a avaliação dos


resultados do programa é a taxa de alunos concluintes dos cursos relativamente aos

1 Cf. item 2.1. deste texto.


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percentuais de alunos ingressantes. Tal informação vem sendo esquecida, e não aparece
divulgada em nenhum site do governo que insiste em apresentar a quantidade de bolsas
ofertadas e não a quantidade de concluintes.

1.4. AS VAGAS PARA LICENCIATURAS

Outro dado relevante é o fato de termos dentro do PDE a premissa de formar o


maior número possível de professores para atuar em todo o território nacional. Porém, não
se percebe um crescimento maior no oferecimento de vagas para licenciatura promovidas
pelo programa. Tal dado parece uma incongruência interna da política em questão.

1.5. CONCLUSÃO

Como foi apresentado, é impossível aferir a eficácia do PROUNI no que tange a


resultados práticos, ou seja, quantidade de alunos concluintes. Apresentar as vagas
oferecidas ano a ano é um dado de grande relevância, mas tem importância menor quando
se leva em consideração que o dado mais importante é justamente a taxa de concluintes.
De outra forma não se pode aferir se todo o capital investido está, de fato, oferecendo
resultados práticos na formação e capacitação de brasileiros que de outra forma não teriam
acesso aos estudos superiores.

2. CNPq

2.1. A CRIAÇÃO E A HISTÓRIA.

A idéia de criar uma entidade governamental específica para fomentar o


desenvolvimento científico no país surgiu bem antes da criação do CNPq. Desde os anos
20, integrantes da Academia Brasileira de Ciências (ABC) falavam no assunto ainda como
conseqüência dos anos que sucederam a Primeira Guerra Mundial. Em 1931, a ABC
sugeriu formalmente ao governo a criação de um Conselho de Pesquisas. Em maio de
1936, o então Presidente Getúlio Vargas enviou a mensagem ao Congresso Nacional sobre
a "criação de um conselho de pesquisas experimentais". Nesta proposta tinha-se por
objetivo a concepção de um sistema de pesquisas que viesse a modernizar e a aumentar a
produção do setor agrícola especificamente. Entretanto a idéia não foi bem recebida pelos
parlamentares.
A partir da Segunda Guerra Mundial, os avanços da tecnologia bélica: aérea,
farmacêutica e principalmente a energia nuclear, despertaram os países para a importância
da pesquisa científica. A bomba atômica era a prova real e assustadora do poder que a
ciência poderia atribuir ao homem. Com isso, diversos países começaram a acelerar suas
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pesquisas ou mesmo a montar estruturas de fomento à pesquisa, como no caso do Brasil.


Apesar de detentor de recursos minerais estratégicos, o país não tinha a tecnologia
necessária para seu aproveitamento. Almirante Álvaro Alberto.
Depois de debates em diversas comissões, finalmente em 15 de janeiro de 1951,
dias antes de passar a faixa presidencial a Getúlio Vargas, o Presidente Dutra sanciona a
Lei de criação do Conselho Nacional de Pesquisas como autarquia vinculada a Presidência
da República. A Lei nº 1.310 de 15 de Janeiro de 1951, que criou o CNPq, foi chamada
por Álvaro Alberto de "Lei Áurea da pesquisa no Brasil." A lei de criação do Conselho
estabelecia como suas finalidades promover e estimular o desenvolvimento da
investigação científica e tecnológica, mediante a concessão de recursos para pesquisa,
formação de pesquisadores e técnicos, cooperação com as universidades brasileiras e
intercâmbio com instituições estrangeiras. A missão do CNPq era ampla, uma espécie de
"estado-maior da ciência, da técnica e da indústria, capaz de traçar rumos seguros aos
trabalhos de pesquisas" científicas e tecnológicas do país, desenvolvendo-os e
coordenando-os de modo sistemático.
O Conselho Nacional de Pesquisas foi criado, então, para promover e estimular o
desenvolvimento da investigação científica e tecnológica em qualquer domínio do
conhecimento, mas com especial interesse no campo da física nuclear. Assim, coube ao
CNPq incentivar a pesquisa e a prospecção das reservas existentes, no Brasil, de materiais
apropriados ao aproveitamento da energia atômica.

2.2. ANOS 90

O CNPq passa por uma fase de transição com a transferência de várias das suas
funções para o MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia), o que permite intensificar os
esforços na atividade de fomento científico e tecnológico e incentivando, também, a
inovação abrindo campo para a iniciativa empresarial privada. Além disso, com a inserção
cada vez mais premente da função social na produção tecnológica e científica a missão do
CNPq foi repensada. Dessa forma, em 1995 foi instituída a nova missão do CNPq:
Nesta década, a RNP passa a oferecer o acesso comercial à internet, e forma a
espinha dorsal de comunicação de dados em todo o País. Ainda na área de informação, foi
instaurado o Programa Nacional de Software para Exportação – SOFTEX-2000 e o
Programa Temático Multiinstitucional em Ciência da Computação – PROTEM-CC. Com a
regulamentação da Lei nº 8.248/91, em abril de 1993, a Política Nacional de Informática
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(PNI) mudou de direção e deixa de basear-se na reserva de mercado para, a partir de


então, competir em um mercado aberto e na livre produção.
Nos anos 90, o CNPq cria instrumentos fundamentais para as atividades de
fomento: a Plataforma Lattes e o Diretório dos Grupos de Pesquisa. Tais instrumentos têm
papel central na avaliação, acompanhamento e direcionamento para políticas e diretrizes
de incentivo à pesquisa.A criação da Plataforma Lattes estabeleceu a adoção de um padrão
nacional de currículos e resultou na maior transparência e confiabilidade às atividades de
fomento da Agência. Dado seu grau de abrangência, as informações constantes da
Plataforma Lattes podem ser utilizadas tanto no apoio a atividades de gestão, como no
apoio à formulação de políticas para a área de ciência e tecnologia.Já o Diretório dos
Grupos de Pesquisa constitui-se em bases de dados (censitárias e correntes) que contêm
informações sobre os grupos de pesquisa em atividade no País. Tem três finalidades
principais: instrumento para o intercâmbio e a troca de informações; caráter censitário no
auxílio de planejamento estratégico ao fomento, e por fim, constituir base de dados
importante papel na preservação da memória da atividade científico-tecnológica no Brasil.

2.3. INSTITUTOS INCORPORADOS

Nos primeiros anos, o CNPq buscou intensificar o intercâmbio entre os


pesquisadores e instituições do país e do exterior por meio de convênios e encontros
científicos, o que colaborou para que houvesse uma grande troca de informações e
conhecimentos.Além do financiamento direto a pesquisadores e instituições, o CNPq foi
responsável pela criação e manutenção de vários institutos de pesquisa.
Ainda na primeira década de atuação do Conselho foram criados diversos
institutos, que atualmente não estão mais sob a coordenação do CNPq, os quais eram
responsáveis pela execução do trabalho de investigação científica e tecnológica, tais
como:- Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Criado no CNPq em 1952.-
Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), que incorporou o Museu Emílio Goeldi
(MPEG). Criado no CNPq em 1952 e implementado em 1954. - Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG). Fundado em 1866, administrado pelo INPA desde 1954, constitui-se
unidade autônoma do CNPq em 1983.- Instituto de Bibliografia e Documentação (IBBD).
Criado em 1954, depois transformado em Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT) em 1976.- Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR). Criado em 1957,
posteriormente, em 1972 foi transferido para a jurisdição do Departamento Nacional de
Estradas e Rodagens (DNER), e atualmente está vinculado ao Departamento Nacional de
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Infra-Estrutura de Transportes (DNIT).- Grupo da Comissão Nacional de Atividades


Espaciais (GOCNAE). Criado em 1961, o qual foi transformado, em 1971, em Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), igualmente subordinado ao CNPq.- Centro de
Estudos em Política Científica e Tecnológica (CPCT). Criado em 1984 e extinto em 1990.
Por força do Decreto n° 3.567, de 17 de agosto de 2000, posteriormente revogado
pelo Decreto nº 4.728, de 9 de Junho de 2003, as unidades de pesquisa acima referidas
seriam transferidas do CNPq para o Ministério de Ciência e Tecnologia.

2.4. CONCLUSÃO

O CNPQ financia diversas bolsas de mestrado e doutorado de brasileiros no


exterior, o que permite qualificação de pesquisadores e portanto que tenhamos gente mais
preparada para desenvolvimento e pesquisas de novas tecnologias ou mesmo professores
melhor preparados o que permite pensar na elevação do nosso nível educacional no futuro.
Financia diversos projetos de pesquisa em diversas áreas, contribuindo para o
desenvolvimento de projetos que se encaixem nas necessidades sócio-tecnológicas do
país, dentre outras coisas. O CNPq muitas vezes poderia ter mais verba, e atuar com maior
presença em vários aspectos, mas é uma instituição que devemos apoiar e buscar fazer
com que ela possa atuar mais, rendendo benefícios ao nosso país.
Quanto à importância do Programa em levar o ex-bolsista para a pós-graduação,
alguns resultados são relevantes: a) as chances de um ex-bolsista do PIBIC ingressar no
mestrado com bolsa do CNPq ou da CAPES variam entre 23% e 34%; b) as chances de
um ex-bolsista ir para a pós-graduação, com ou sem bolsa, é de aproximadamente 60%; c)
75% dos ex-bolsistas do PIBIC que ingressam no mestrado recebem bolsa em algum
momento do curso; d) 61,1% dos bolsistas publicaram trabalhos científicos como autor ou
co-autor; e) 53,7% dos bolsistas possuem trabalhos publicados; f) metade dos ex-bolsistas
das regiões Norte e Centro-Oeste fizeram sua pós-graduação na mesma região, revelando
uma outra face do PIBIC, que é a contribuição para a desconcentração da pesquisa
brasileira, quanto aloca, proporcionalmente, um maior número de bolsas nas regiões norte,
nordeste e centro-oeste.
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3. PROGRAMA DE APOIO A PLANOS DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO


DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS

3.1. O REUNI

O governo federal adotou uma série de medidas para que se possa retomar o
crescimento do ensino superior público, criando condições para que as Universidades
federais promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica da rede federal de
educação superior. Este, pois, é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais, ou, simplesmente, Reuni.
Instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, é uma das ações que
integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), cujas ações visam o aumento
do número de vagas nos cursos de graduação, a maior oferta de cursos noturnos, o
incentivo de inovações pedagógicas, o combate à evasão do ensino superior, contribuindo
sensivelmente para diminuir as desigualdades sociais em nossa nação.
Com conclusão prevista para 2012, o próprio governo afirma que os efeitos dessa
iniciativa podem ser percebidos pelos expressivos números da expansão das universidades
federais, onde teria sido ampla e eficazmente implantado.

3.2. INVESTIMENTOS E METAS

A verba inicial ficou estipulada em R$250 milhões, pretendendo o Ministério da


Educação liberar mais de R$2 bilhões até o final do programa, em 2012.
O valor inicial de tamanho investimento visava viabilizar a devida ampliação da
estrutura física e a aquisição de equipamentos imprescindíveis para se cumprir as
posteriores metas de ampliação de vagas e de cursos nas universidades.
O principal plano, porém, é justamente o de expandir nelas o número de vagas.
Com efeito, ao final desses cinco anos, a meta é que o número de vagas disponíveis nas
universidades praticamente dobre.
Outra preocupação, ainda, é que a taxa de conclusão média de cursos de
graduação possa chegar aos 90%, diminuindo radicalmente a evasão das universidades,
que hoje beira a 60%. Um dos incentivos que ajudam nesse sentido é o aumento dos
cursos noturnos, a fim de que se democratize o acesso à universidade, facilitando,
inclusive, o ingresso de quem se encontra atualmente no mercado de trabalho, não
podendo se matricular em um curso universitário, a não ser no período da noite.
Uma outra medida, muito polêmica por sinal, é que se atinja uma proporção de 18
alunos por professor (hoje essa é de 10 por cada), a fim de que as salas de aula possam ser
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ocupadas por mais alunos, o que, porém, segundo críticos, poderia gerar problemas de
ordem pedagógica, em detrimento da qualidade do ensino.
A interiorização das universidades, com a abertura de novos campi em cidades do
interior do país, alargando a sua atuação para além das grandes regiões metropolitanas, é
também mais uma meta do REUNI, que procura levar o ensino superior a áreas até então
descobertas por este serviço público de educação.

3.3. CRÍTICAS E CONTROVÉRSIAS

Embora o REUNI se apresente com inúmeras benfeitorias em seu plano


intencional, alegam seus críticos que tal programa nasceu de forma autoritária, implantado
por um decreto do governo federal, sem que fosse suficientemente debatido com as
Universidades a serem contempladas.
Além disso, não tiveram as mesmas tempo hábil suficiente para realizar o devido
planejamento necessário para aderir ao Programa, fazendo seus projetos às pressas, a fim
de garantirem que a devida verba lhes fosse tão logo destinada.
Também critica-se frequentemente a deterioração do trabalho e do ensino
acadêmico, porquanto o REUNI, promovendo largamente a ampliação do número de vagas
e de matrículas, não incentive na mesma proporção a contratação de professores,
sobrecarregando, então, os já existentes, levando, necessariamente, a um forte prejuízo do
ensino em sala de aula, da qualidade das pesquisas acadêmicas e do número de cursos de
extensão ministrados nas Universidades, que visam o enriquecimento da formação extra-
curricular.

3.4. CONCLUSÃO

Assunto ainda muito polêmico, o juízo que se faz a respeito do REUNI, que se
encontra às portas de sua plena implantação, diverge bastante segundo as análises dos
especialistas. Também ocorre que, por estar em andamento, os estudos em relação ao
impacto deste Programa, no presente momento, ainda são insuficientes.
Todavia, de antemão, é preciso salientar que o processo de expansão e de
reestruturação das Universidades federais é de suma importância para o ensino superior
em nosso país, procurando integrá-lo, da melhor forma possível, às nossas exigências
socioeconômicas.
Contudo, ainda que traga inúmeros benefícios em termo de expansão e de um
volumoso aumento de vagas disponíveis para a população, pode-se concluir que,
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priorizando a quantidade, o REUNI deixa de se comprometer em melhorar a qualidade,


antes, pelo contrário, tende torná-la ainda pior.
De fato, não se verificam avanços significativos na reestruturação acadêmico-
curricular. Tampouco há a preocupação em se investir mais em pesquisa, na capacitação
de professores, na formação de mão-de-obra qualificada e especializada...
Fica-nos, portanto, a impressão de que, na mesma proporção que os limites das
Universidades se alargam, suas reais capacitações se veem dissolvidas. Em outras
palavras, mesmo com prejuízo institucional e educacional, o governo federal investe
maciçamente nas Universidades como uma forma de modificar o quadro socioeconômico
da população em geral.

4. A IGREJA E AS UNIVERSIDADES

Após o Iluminismo, a Idade Média passou a ser vista e entendida sob a ótima de
ter sido um período de “trevas”. Felizmente, sabe-se hoje que tal afirmação não procede
tendo em vista os numerosíssimos progressos, nas mais diversas áreas, alcançados pela
humanidade nesse período. A visão que se tem é que na Idade Média reinava a ignorância,
a superstição e grande era a repressão intelectual. Então, hodiernamente, apesar de poucos
estudantes saberem que a origem das universidades, ela surgiu na Idade Média, no seio da
Igreja Católica.
A universidade foi algo de uma exclusividade da Europa medieval, nada antes e
tinha tido, sequer similar, na Grécia ou em Roma, em seus períodos áureos. Todos os
aspectos presentes até hoje que temos nas universidade – desde as notas, as avaliações,
vem precisamente deste seu surgimento na Europa Medieval. A Igreja desenvolveu o
sistema universitário porque era a única instituição da época que manifestava interesse
consistente pela preservação e cultivo do saber”.
Com grande precisão não podemos datar o aparecimento das universidades de
Paris, Oxford, Cambridge, porque estas todas tiveram suas origens com reuniões informais
nas escolas das catedrais. Mas, com segurança, podemos dizer que elas começaram a
ganhar forma da segunda metade do séc. XII. Os diplomas eram concedidos por comum
acordo das autoridades eclesiásticas e temporais, garantindo assim o saber verificado para
toda a cristandade. Mas, para tal existiam uma série de regras.
Não eram incomuns os conflitos entre a universidade e o povo ou o governo local.
A relação da população com os universitários era dividida, por um lado, a presença deles
vazia com que suas cidades prosperassem, mas por outro os estudantes poderiam ser
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indisciplinados e irresponsáveis. Nessa tensão existente entre estes, a Igreja lança sua
proteção sobre os universitários, concedendo-lhes o “benefício do clero”. Os clérigos
tinham um estatuto de respeito especial, maltratá-los era um crime extraordinariamente
grave, então, os estudantes, como candidatos à clérigos passaram a já se beneficiar de tais
privilégios. E assim, sob o impulso da Igreja, nutriram-se as universidades em seus tenros
anos. A universidade de Paris conseguiu sua emancipação da obediência da diocese, e
passaram a responder diretamente ao Papa somente. Tornou-se comum que as
universidades remetessem suas queixas diretamente ao Papa. E os pontífices interfeririam
diversas vezes, obrigando as autoridades universitárias a pagarem os salários dos seus
professores.
De início, era a universidade um grupo de pessoas e não um “campus”, um espaço
físico. Havia a falta grave de livros, que em geral eram alugados porque eram muito caros
e os estudantes provinham, muitas vezes, de famílias humildes, em que com a faculdade
sonhavam com uma profissão. Não é de se estranhar, portanto, que o curso mais procurado
fosse o de direito.
O que se estudava nestas faculdades eram: de início, as sete artes liberais. Daí
prosseguia-se para o Direito Civil e Canônico , Filosofia Natural, Medicina e Teologia.
Também as obras “redescobertas” do renascimento foram possíveis graças aos muitos
esforços de tradução das obras antigas nessas universidades medievais.
O artista ou graduando – quem estava estudando as artes liberais – assistia a
conferências, participava de debates assistiam a outros colegas. As preleções,
normalmente, eram sobre textos clássicos ou demais textos importantes. E junto a isso,
colocavam os professores as perguntas, as inquietações para as séries de questões que
deveriam ser resolvidas pelo recurso ao pensamento lógico. E, acabada a questão
“resolvia” o mestre aos impasses, dando a solução. Eia a formula de educação medieval, a
forma que encontramos, inclusive, estruturado também, por exemplo, o paradigma da
Summa theologiae, de Santo Tomás de Aquino. O tempo preciso da conclusão do curso,
nós não sabemos com precisão, mas conhecemos que o aluno deveria ler toda a
bibliografia recomendada antes de se formar.
Ao contrário do que normalmente se pensa, de que as pesquisas estavam
impregnadas de teologia, grande era o respeito dos estudiosos medievais pela autonomia
de tudo quando se referia à filosofia natural, ramo esse que se ocupava de estudar o
funcionamento do mundo físico e, particularmente, as mudanças e o movimento neste
mundo. O mesmo se aplicava dos teólogos em relação às ciências físicas.
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“Através dos sólidos cursos de lógica, escreve-nos Edward Grant, os estudantes


medievais eram instruídos acerca das sutilizas da linguagem e das armadilhas e utilidade
da razão na educação universitária”.
Todo esse rigor na lógica formal, não faria sentido, se tivesse sido esse um
período aonde tudo se resolvia por mero recurso ao estudo da lógica formal. A Escolástica
estava ligada ao uso da razão como ferramenta indispensável para os estudos teológicos e
filosóficos e para a dialética.
Era comum ouvir que a Universidade de Paris era uma “nova Atenas”, e o Papa
Inocêncio IV, nos escreve: “rios de ciência cuja água fertiliza o solo da Igreja Universal.”
E o Papa Alexandre IV as chamou de “lâmpadas que iluminam a casa de DEUS.
Como conclusão, podemos observar contrário à caricatura grotesca que se tem da
Idade Média, a vida intelectual medieval prestou contribuições indispensáveis à
civilização ocidental.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode demonstrar, as políticas educacionais do atual governo em sua


maior parte não são condizentes com as ações governamentais e ministeriais que deveriam
estar coordenadas em um mesmo sentido e programa. No que tange ao ensino superior
este cenário fica ainda mais problemático. A simples desarticulação entre diferentes
órgãos relativamente às políticas neste sentido já demonstram claramente o que aqui se
intencionou apresentar. Por outro lado o papel da igreja nas universidades pode trazer
alguma luz sobre as significâncias e soluções para a questão.
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6. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. ProUni - Programa Universidade para Todos. Disponível em:


<http://prouniportal.mec.gov.br/>. Acesso em: 28 nov. 2011.

CARNEIRO, M. LDB fácil: Leitura critico-compreensiva artigo a artigo. 18. ed.


Petropolis, RJ: Vozes, 1998.

LUGÃO, Ricardo G. et al. Reforma Universitária no Brasil: Uma análise dos documentos
oficiais e da produção científica sobre o REUNI – Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Disponível em:
<http://www.inpeau.ufsc.br/wp/wp-content/BD_documentos/coloquio10/167.pdf>. Acesso
em: 30 nov. 2011.

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