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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FLUMINENSE – CAMPUS CABO FRIO


COORDENAÇÃO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
LICENCIATURA EM QUÍMICA

JENIFFER ALICE REIS COUTTO

INOVAÇÃO PEDAGÓGICA E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO:


ESTRATÉGIAS EFICIENTES

CABO FRIO, RJ
2023
JENIFFER ALICE REIS COUTTO

INOVAÇÃO PEDAGÓGICA E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO:


ESTRATÉGIAS EFICIENTES

Relatório final de estágio apresentado ao Instituto


Federal Fluminense Campus Cabo Frio como
atividade avaliativa da componente curricular
Estágio Curricular Supervisionado II referente ao
6° período do curso de Licenciatura em Química.

Orientador(a): Profa. Ma. Cátia Ramos

CABO FRIO, RJ
2023
“A vida é uma grande universidade, mas pouco ensina a quem não
sabe ser um aluno..."

(CURY, 2021)
APRESENTAÇÃO

O presente relatório é resultado dos trabalhos realizados na disciplina de Estágio


Curricular Supervisionado II, do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal
Fluminense – Campus Cabo Frio. A experiência do estágio foi desenvolvida no segundo
semestre de 2023, nas instalações do IFF – Campus Cabo Frio, ao qual agregou o
acompanhamento dos Cursos Técnicos em Química e Hospedagem Integrados ao Ensino
Médio, no decorrer do 5° Período. O objetivo deste relatório consiste em apresentar as
vivências do estágio, destacando as diferentes estratégias pedagógicas utilizadas pelos
professores, e almejando atingir o estimulo ao desenvolvimento cognitivo dos alunos bem
como a construção sistemática da aprendizagem contínua.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 1 - Sala de Aula 8


Fotografia 2 - Biblioteca 9
Fotografia 3 - Quadra Poliesportiva 10
Fotografia 4 - Laboratório 10
Fotografia 5 - Sala de Computação 11
Fotografia 6 - Refeitório 12
Fotografia 7 - Espaço Externo 12
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................7
2 UM OLHAR SOBRE A ESCOLA CAMPO.................................................................8
2.1 Histórico do Campus..........................................................................................................
2.2 Observações da Estrutura Física e Cultural...................................................................
2.3 Relação com Pais e a Comunidade.................................................................................14
2.4 Perfil das Turmas.............................................................................................................15
2.5 Planejamento dos Professores.........................................................................................16
2.6 Descrição do Planejamento e Aplicação da aula...........................................................24
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................26
REFERÊNCIAS......................................................................................................................29
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1 INTRODUÇÃO

No decorrer da formação em licenciatura, é evidente o quanto a integração com a


Psicologia se torna um contato de extrema relevância, constituindo assim um dos pilares
fundamentais da Pedagogia. Em linhas gerais, até meados dos anos 80, os programas de
estudo da pedagogia no Brasil costumavam incorporar certos escritores associados aos
campos da Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, como Skinner, Piaget e
Freud aos seus currículos (Placco, 2007). De forma, a evidenciar a importância da
construção do aprendizado, permear desde diferentes técnicas do ensino, até o
desenvolvimento cognitivo dos alunos.
O professor retém a capacidade de explorar, mediar e aguçar de diferentes sistemas e
abordagens pedagógicas junto ao aluno, a fim de desenvolverem o melhor “caminho ao
conhecimento” para ambos. Contudo, ao adentrar no âmbito do cognitivismo, o psicólogo
Ausubel (1963) complementa combinando os conceitos de Piaget e Vygotsky, ao apontar
que quando um novo conteúdo é agregado às estruturas do conhecimento do aluno,
oferecendo-lhe um significado, baseado em seu conhecimento anterior, pode-se ser capaz de
atingir uma aprendizagem mais significativa.
Portanto, é crucial que os professores observem atentamente seus alunos,
reconhecendo a riqueza do conhecimento sociocultural que cada indivíduo traz consigo. Este
conhecimento é um recurso valioso a ser explorado em sala de aula, permitindo
identificação, assimilação e transformação do conteúdo. Tal abordagem visa formar cidadãos
ativos na sociedade, capacitados para enfrentar desafios e resolver problemas reais do dia a
dia.
Desta forma, a interligação entre a Psicologia e a Pedagogia não apenas enriquece o
processo educacional, mas também reforça a responsabilidade do educador em adaptar suas
práticas às necessidades individuais dos alunos. Ao compreender e aplicar teorias
psicológicas relevantes, os professores têm o potencial de promover uma aprendizagem
significativa. Permitindo assim, que aja uma sinergia entre teoria e prática, conduzindo a
educação para uma jornada dinâmica e transformadora.
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2 UM OLHAR SOBRE A ESCOLA CAMPO

Em junho de 2007, por meio da implementação da Unidade de Ensino da Rede Federal


de Educação Tecnológica na Região das Baixadas Litorâneas, surgiu o Campus Cabo Frio
como parte do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica – FASE II. A
escolha do município se fez pela perspectiva de abrangência referencial às demais regiões das
Baixadas Litorâneas, e pelo aproveitamento do seu potencial de desenvolvimento que
circundava o município, oferecendo a proximidade aos Arranjos Produtivos Locais (APL).
Desta forma, o município de Cabo Frio foi escolhido conforme o conceito de cidade-
polo, ao qual atualmente comporta em sua área de abrangência cerce de treze municípios com
assistência para aproximadamente 801.535 habitantes, distribuídos em uma área de 5.415 Km 2
de acordo com dados do IBGE (2001).
A Instituição atualmente oferece diversas formas de ingresso para atender às
necessidades do público interessado. Uma das opções é o processo seletivo voltado para os
Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, oferecendo opções nos cursos de Técnico em
Química e Técnico em Hospedagem. Além disso, há os Cursos Técnicos Concomitantes,
destinados a alunos do Ensino Médio externos à instituição, que buscam complementar sua
formação. Esses cursos incluem opções como Técnico em Eletromecânica, Técnico em
Cozinha e Técnico em Eventos.
Outra alternativa de ingresso é o vestibular promovido pelo IFF - Campus Cabo Frio,
voltado para aqueles interessados nos cursos de graduação oferecidos pela instituição. Esses
cursos abrangem opções como o Bacharelado em Engenharia Mecânica, Licenciaturas em
Química, Física e Biologia, bem como os cursos de Tecnologia em Gastronomia e
Tecnologia em Hotelaria.
Por fim, ainda há a disponibilidade de realizar a Pós-Graduação voltada para o
Ensino de Ciências Naturais proporcionando o aprofundamento em nível teórico e
metodológico para o desempenho de suas práticas pedagógicas.

2.1 Histórico do Campus

Conforme o enfrentamento ao quadro pandêmico iniciado no primeiro semestre do ano


de 2020, disseminado pelo vírus COVID-19 (OMS, 2020) o Campus Cabo Frio, por meio da
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colaboração do conjunto da sua Gestão Acadêmica, estruturou o Projeto Pedagógico de Curso


(PPC) na concepção e motivação “ Por um Currículo Pós-Pandemia” (2021), ao qual
contempla não somente os apontamentos dos desafios educacionais enfrentados pelo contexto
de 2020, mas também, firma o comprometimento social na oferta de educação profissional
pública, gratuita e de qualidade para os jovens e trabalhadores que integram o mundo pós-
pandemia.
A instituição disponibiliza para população juvenil duas opções de Curso Técnico
Integrado ao Ensino Médio, o Curso Técnico em Química e o Técnico em Hospedagem.
Ambos foram ofertados pela ampla demanda regional, e sua franca expansão por profissionais
qualificados.
Como citado anteriormente neste trabalho, o município foi estrategicamente escolhido
como polo para a Instituição Federal Fluminense (IFF) visando suas possibilidades de
expansão e contribuição à mão de obra qualificada para a região. Desta maneira, o Campus
Cabo Frio explora para o Técnico em Química os avanços tecnológicos e os investimentos das
empresas multinacionais voltados para a exploração do Petróleo e seus derivados, assim como
o crescente desenvolvimento dos biocombustíveis e usinas salinas que fermentam o mercado
de trabalho para os profissionais com formação em química.
Bem como o Técnico em Hospedagem, aos quais as vantagens estão no mercado
turístico que caracteriza cerca da metade das arrecadações econômicas das cidades das regiões
litorâneas, e segundo dados do IBGE cerca de 3,7% do PIB nacional, cerca de 3% do total de
empregos no país estão voltados para setores turísticos (FGV,2020). Logo, a região apresenta
vasta gama de atividades hoteleiras, tornando-se referência para diversas regiões do território
nacional e internacional aos serviços ofertados.

2.2 Observações da Estrutura Física e Cultural

A instituição é composta por 11 blocos nomeados de A à J, contemplando salas de


aula, salas de apoio escolar, salas de computação, laboratórios, coordenação, auditórios,
biblioteca e refeitório, todos com ambiente climatizado, espaço amplo e uma boa iluminação
natural. No entanto, como o Campus contempla formações desde o Ensino Médio Integrado
até as Pós-Graduações, os blocos são divididos conforme sua graduação e muitas das vezes
compartilhados entre as mesmas, gerando grande fluxo de alunos de diferentes formações por
todo o instituto.
O foco para o Ensino Médio está voltado para o bloco nomeado de “Bloco J” , o
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prédio fica localizada na extremidade Leste do Campus constituído por cerca de 40 salas
divididas entre os dois andares, contemplando sala de computação, coordenação, sala dos
professores, além do auditório com capacidade para cerca de 150 pessoas localizado na
entrada do prédio. Contudo, como o plano de ensino do Ensino Médio Integrado contempla
aos jovens atividades que lhes permitam transitarem pelos espaços do campus, tais como os
laboratórios, o bloco gastronômico, entre outros de forma a fornecer diferentes perspectivas e
interdisciplinaridade em sua formação. Ocorrendo assim, as enriquecidas interações com
outros ambientes e a troca de contato com alunos de diferentes graduações.
Cada sala comporta cerca de trinta alunos, e são constituídas por Televisões,
computador auxiliar e quadros brancos amplos, de acordo com a Figura 1.

Figura 1 – Sala de Aula

Fonte: Do autor (2023)

O ambiente da biblioteca possui área ampla, com presença de uma segunda sala
interna, boas distribuições de cadeiras e organizações das obras. Os conteúdos dos livros
disponibilizados aos alunos circundam em grande parte, de temas que comportam as
necessidades dos cursos ofertados na instituição. Logo, em grande maioria, são presentes
livros didáticos ou de linguagem técnica constituindo o acervo literário do Campus. A relação
desde ambiente com os alunos é muito satisfatória, possui grandes fluxos de alunos de todas
as formações, além de ser um dos locais de maior centro de estudos dos alunos. É importante
ressaltar que, a dinâmica do silêncio, leituras e estudos devem ser respeitados e mantidos
conforme as orientações do bibliotecário presente. Por fim, todos possuem o cadastro no
sistema da biblioteca para que aja o controle de usos externos dos livros, e suas adequadas
devoluções.
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Figura 2 – Biblioteca

Fonte: Do autor (2023)

Outro amplo espaço são as áreas externas, que possibilitam as ligações entre os blocos
e compõem por exemplo áreas de jardinagem, lazer, placas solares, lago, hortas e por último,
porém o mais frequentado, a quadra poliesportiva. A quadra é coberta, possui arquibancadas,
e é cede de vários jogos, ensaios e confraternizações do Instituto. No entanto, após a
construção do auditório J, as atividades na quadra poderão centralizar um pouco mais ao
desenvolvimento de atividades físicas, mantendo melhor a premissa de sua finalidade e até
mesmo, de sua preservação.

Figura 3 – Quadra Poliesportiva

Fonte: Do autor (2023)


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O espaço de maior interesse do discente em frequentar durante seu período de


formação no IFF Cabo Frio é sem dúvidas, os laboratórios. São quatro laboratórios de áreas
distintas, Gastronomia, Biologia, Eletromecânica e Química, todos devidamente equipados de
materiais e maquinários de ótima qualidade e com boa estruturação. Neste espaço o professor
pode realizar diferentes práticas, trabalhando o desenvolvimento da materialização ou
visualização dos seus conteúdos. Os alunos também podem entrar em contato com estudos,
experimentos e produtos mais específicos desenvolvidos pelos lecionandos do ensino
superior, que compartilham do mesmo ambiente. Pode-se dizer, que o Ensino Médio do
Instituto apresenta está como uma das maiores vantagens concebidas durante sua formação,
uma vez que, dentre outras escolas dos municípios ao redor nenhuma oferece tal oportunidade
estrutural e com trocas de experiências acadêmicas.

Figura 4 – Laboratório

Fonte: Do autor (2023)

Ademais, há salas de computação disponíveis em quase todos os blocos, e sua


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utilização em grande parte é livre acesso aos estudantes conforme suas necessidades de
navegação. Outras são restritas para a utilização junto do professor, evidenciando mais um
espaço de amplas possibilidades de estratégias pedagógicas estimulantes para as aulas.

Figura 5 – Sala de Computação

Fonte: Do autor (2023)

O refeitório é um dos maiores blocos do campus, sendo responsável por servir os


lanches dos períodos diurnos e noturnos nos intervalos das aulas. Comporta também uma
pequena cantina particular, refrigeradoras e estufas para atender as demandas de almoço,
refeição não disponibilizada pela instituição. Os lanches são elaborados pela nutricionista do
Instituto juntamente com os alunos, através de uma votação feita de períodos em períodos
para que aja um consenso entre as preferências estudantis e as necessidades nutricionais.

Figura 6 – Refeitório

Fonte: Do autor (2023)


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Importante analisar que o terreno do campus se situa entorno de uma vasta mata
atlântica, onde possui presença de muito verde e diferentes ecossistemas. Proporcionando
maior contato com a natureza e diversos benefícios para que [...] as crianças tenham contato
com diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo, sejam instigadas por
questões significativas para observá-los e explicá-los e tenham acesso a modos variados de
compreendê-los e representá-los. (BRASIL, 1998, p. 166).

Figura 7 – Espaço Externo

Fonte: Do autor (2023)

2.3 Relação com Pais e a Comunidade

Através de pesquisas conduzidas no campo, foi possível obter uma compreensão mas
aprofundada do papel da Instituição Federal em relação à comunidade em que está inserida,
assim como os responsáveis familiares de cada aluno.
O Campus comporta uma vasta gama de suportes estudantis, voltados para atender e
auxiliar os estudantes. A Instituição promove a adoção de uma política que visa desenvolver a
autonomia dos estudantes, como, por exemplo, abolir as reuniões bimestrais para entrega de
boletins, prática comum em outras instituições de ensino. Em contrapartida, os pais têm a
possibilidade de acompanhar o progresso dos filhos por meio do portal acadêmico virtual,
estabelecendo assim um canal de comunicação direto com o Campus.
Para além, o Instituto também comporta a Coordenação do Curso, a Assistência
Social, a Organização dos Assuntos Estudantis e o Núcleo de Atendimento às Pessoas com
Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE). Esses setores são responsáveis por atender
as diversas demandas existentes na comunidade escolar, desempenhando um papel crucial na
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promoção da harmonia e manutenção de relações entre os estudantes. Eles estão prontamente


disponíveis e acessíveis aos alunos e responsáveis.
A comunidade assistida pela Instituição é composta por extensões municipais da
Região dos Lagos, abrangendo em sua maioria regiões de Cabo Frio, Armação dos Búzios,
Arraial do Cabo e São Pedro. Para atender esta demanda e desenvolver iniciativas de
contribuição à sociedade, são organizados eventos que permitem o acesso às instalações do
campus. Por exemplo, durante um período específico do ano, ocorre a Semana Acadêmica,
que abre as portas para a comunidade conhecer e explorar as realizações dos alunos ao longo
de sua formação acadêmica.
Ocorre também, os projetos de Pesquisa e Extensão contemplando a oportunidade de
divulgação dos trabalhos acadêmicos e troca de conhecimento em diferentes ambientes, indo
além das paredes da sala de aula. Em exemplo, todo ano é realizado a Caravana da Ciências,
projeto esse, realizado pelos licenciandos dos cursos de Química, Física e Biologia. Este
projeto leva o ensino das ciências para o amplo encontro com a sociedade, instalando-se em
praças e locais públicos, atraindo a participação da comunidade local/regional para
contemplar e se envolver com os conhecimentos nas áreas cientificas.
Desta forma, a Instituição constrói a partir de diferentes recursos a ponte de contato
com a comunidade. Lembrando que, esses diversos eventos ocorrem durante todo o ano letivo
e, são divulgados pela plataforma digital para que sempre aja a possibilidade de participação e
maiores dúvidas.

2.4 Perfil das Turmas

As turmas contempladas neste estágio supervisionado foram as de Técnico em


Química e a Técnico em Hospedagem Integrados ao Ensino Médio, ambas cursando o 5°
Período no IFF – Campus Cabo Frio.
As observações em campo iniciaram-se no dia 31 de outubro, com o acompanhamento
da turma do Técnico em Química, realizadas as segundas-feiras a partir das 7h10 da manhã. O
quantitativo de alunos frequentadores variava entre 9 a 17 alunos por aula, tendo
particularidades de interesses entre os mesmos. Como por exemplo, possui o caso de dois
alunos que frequentam o curso especificamente para complementar sua formação em Técnico
em Química, sem integrar as grades do Ensino Médio pois já cursam o Ensino Superior em
outras instituições.
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Possivelmente com isso, contribui para compreender o nível de seriedade e a falta de


interação entre os próprios colegas. A turma tende a ser bastante silenciosa, demostrando alta
passividade e um evidente desânimo nas aulas. Tacca (2000, p. 20) alerta para um ambiente
participativo na sala de aula, caso contrário:

Um ambiente não comunicativo ou não participativo pouco estimula a


elaboração de conceitos e habilidades e pouco promove os vários aspectos
do desenvolvimento do aluno. Ao contrário pode conduzir ao conformismo,
à reprodução e à insegurança. A criação de uma atmosfera participativa
solicita a ocorrência e estimula os processos de comunicação, que têm no
diálogo sua principal expressão.

O que gera grandes desafios na elaboração de estratégias pedagógicas que cativem


tais estudantes. Muito se discutiu com o professor A para compreender o perfil inerte da
turma. Havendo poucos resultados positivos na tentativa de criar atividades em grupo,
relacionamento verbal e experiências interativas.
Por outro lado, as observações na turma do Técnico em Hospedagem às sextas-feiras,
das 11h10 às 12h50, puderam evidenciar a discrepância de perfil entre as turmas. Uma vez
que, as características do Técnico em Hospedagem agregam uma boa interação, participação,
comunicação, e outros fatores que definem uma classe ativa.
O professor B, responsável pela turma, alegou considerar a turma muito “energética” e
dispersos durante as aulas. Contudo, essa mesma turma foi a que melhor concebeu as ofertas
pedagógicas trazidas pelo professor, com ótimos diálogos e participações efetivas. Mesmo em
momentos de dispersão, muitas das vezes eram “cochichos” sobre a própria matéria, embora
muitas vezes passassem despercebidos pelo professor.

2.5 Planejamento dos Professores

Durante o período de estágio, pode-se observar a dinâmica de duas turmas de cursos


distintos do 5° período, o de Técnico em Química e do Técnico de Hospedagem. Cada turma
possuía seu professor (professor A e professor B), sendo compartilhado apenas o mesmo tema
da matéria, Química Orgânica.
No entanto, mesmo havendo a distinção da química e hospedagem, os alunos ainda
partem da premissa de cumprirem a emenda do Ensino Médio. Logo, haverá o achegamento
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da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), na qual grande parte apontou
interesse na realização.
Visto isso, a análise a seguir será em prol de destacar as matrizes exigidas pelo
ENEM, e a maneira ao qual os professores a utilizaram durante as aplicações de suas aulas
atendendo ou não as necessidades de aprendizado segundo a matriz.
O primeiro tópico eram as observações sobre os Eixos Cognitivos, aspectos comuns a
todas as áreas do conhecimento. Conforme a análise dos gráficos a seguir, confere-se que
ambos se destacam ao primeiro eixo DL ( Dominar Linguagens ), ao qual caracteriza que
ambos professores dominam a norma culta da Língua Portuguesa e das linguagens científicas,
de forma que a oratória é bem articulada, com boa compreensão e com ausência de erros
graves ou grandes dificuldades.
No aspecto Compreender os Fenômenos (CF), o professor B utilizou de maior
exploração para suas aulas. Era muito comum ter a utilização de conceitos históricos, sociais,
ou de fenômenos naturais para criar ligação com sua matéria. Exemplo, já no primeiro dia de
aula o professor B apresentou um slide sobre a relação entre brócolis e radioatividade,
explorando conceitos históricos sobre a radioatividade, produções de alimentos, entre vários
outros conceitos que permearam o tema da aula. Durante tal aplicação, ricas trocas de
informações, dúvidas e curiosidades eram fermentadas entre os alunos. Gerando assim, a
comprovação de teorias como as de George Gusdorf (1967), um dos pioneiros a traçar
importância da interdisciplinaridade no âmbito educacional.

Figura 8 – Eixos Cognitivos (Professor A)


100%
90%
80%
70% Dominar linguagens (DL)
60% Compreender fenômenos (CF)
50% Enfrentar situações-problema
(SP)
40% Construir argumentação (CA)
30% Elaborar propostas (EP)
20%
10%
0%
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Figura 9 – Eixos Cognitivos (Professor B)


100%
90%
80%
70% Dominar linguagens (DL)
60% Compreender fenômenos (CF)
Enfrentar situações-problema
50% (SP)
40% Construir argumentação (CA)
30% Elaborar propostas (EP)
20%
10%
0%

Fonte: Do autor (2023)

Em continuação à análise dos Gráficos 8 e 9, é interessante notar que no tópico


seguinte o professor A toma a frente sobre os Enfrentamentos de Situações-Problema (SP).
Para mais, vale explicar a forma utilizada pelo discente para trabalhar tal aspecto cognitivo. O
material baseava-se em situações problemas lógicas e reflexivas, distintos da matéria e
lançados ao final da aula como desafio. A fuga da matéria permitia aguçar a maior
curiosidade dos estudantes, fazendo com que relaxassem mais após todo o conteúdo passado.
E o adento está ao perceberem que após várias tentativas, muitos não possuíam resolução, ou
pelo menos até aquele determinado momento, pois havia grande mobilização da turma para
desvendá-los.
O Gráfico 9 finaliza com a observação dos dois últimos temas o CA e o EP.
Novamente o professor B trabalhava melhor as questões de construções de relações e
argumentações (CA). Pois, além de explorar o trabalho com ganchos contextuais, observava-
se também a maior ocorrência de estímulos à palavra do aluno, indagando-os sobre seus
interesses, atraindo para o tema, entre outros, aos quais em sua maioria haviam retornos
positivos. Contudo, não se pode apontar que o professor A não criou tentativas de passar a
palavra aos alunos e gerar suas próprias argumentações. Pelo contrário, sua estratégia era a do
“bate-papo”, ou seja, compartilhava suas experiências conforme os temas se relacionavam
com suas vivências de forma a criar diálogos, assim como descrito por Freire (2023a, p.74),
19

[...] o diálogo é uma espécie de postura necessária, na medida em que os


seres humanos se transformam cada vez mais em seres criticamente
comunicativos. O diálogo é um momento em que os humanos se encontram
para refletir sobre a sua realidade tal como a fazem e a refazem. (FREIRE,
2003a, p.74).

Além de proporcionar um clima mais descontraído e de possibilidades de interações e


identificações entre os indivíduos. Contudo, boa parte da turma não contribuía com tal
metodologia, assumindo apenas a postura de passividade.
Por fim o EP (Elaborar Propostas) não foi contemplado por nenhum dos docentes,
talvez por manterem o foco central em concluir o conteúdo dentro do prazo, visto que
ocorreram diversas interrupções aos comprimentos do calendário de aulas.
Partindo para a Matriz de Referência de Ciências da natureza e suas Tecnologias,
outro levantamento de dados foi realizado referentes aos professores A e B. Identificando à
quais competências da área das Ciências foram contempladas em seus planejamentos aos
cursos.
Por meio da exposição do Gráfico 10, nota-se a utilização de apenas três áreas da
competência para ambos os professores, sendo elas as mesmas. Isso talvez se dê, pelo fato de
a matéria ser a mesma, porém, é certo afirmar que a cobrança e as atividades dos conteúdos
são significativamente distintas para cada turma, como notado pela diferença de habilidades
utilizadas inseridas nas mesmas competências.

Figura 10 – Matrix de Referência de Ciência da Natureza e suas Tecnologias


(Professor A)
100%
90%
80% Competência de área 1 (H1 - Competência de área 2 (H5 -
70% H4) H7)
60% Competência de área 3 (H8 - Competência de área 4 (H13 -
H12) H16)
50%
Competência de área 5 (H17 - Competência de área 6 (H20 -
40% H19) H23)
30% Competência de área 7 (H24 - Competência de área 8 (H28 -
H27) H30)
20%
10%
0%

Fonte: Do autor (2023)


20

O professor A, possuía o compromisso de passar o conteúdo Reações Químicas, dado


o fato de estar trabalhando com a turma de Técnico em Química, onde se exigia da matriz
curricular do curso o aprofundamento à matéria Química Orgânica. Logo, seus métodos
enquadravam-se majoritariamente na competência sete, mais especificamente na habilidade
24, caracterizado pela utilização de códigos e nomenclaturas relacionados as substâncias e
reações químicas presentes na matéria, descrevendo um “dicionário químico” de repetições.
Tal como Ausubel (1976), condenava e caracterizava como um processo mecânico, onde o
aluno não assimila em seu âmbito dos novos conhecimentos, apenas reproduz de atividades
momentâneas.
Pouco se explorou sobre as habilidades H2 (associação solução-problema atrelados as
necessidades sociais), H18 (relacionar propriedades químicas em sistemas, procedimentos à
finalidades), e H19 (identificar métodos, processos que possam contribuir em problemas de
ordem social). Havendo a breve presença desses tópicos durante as falas do professor em suas
conversas, mas que infelizmente passavam despercebidos aos que não se atentavam a
participar de suas tentativas de interação, em prol de copiar o conteúdo do quadro.
Em tentativa de observar melhor os anseios, aproveitamentos, e até mesmo a fala dos
alunos conforme conversados com o aluno-estagiário. O professor utilizou da aplicação de
uma atividade avaliativa de pesquisa, até então aplicada para casa a ser entregue em sala
como de costume. No entanto, foi realizado a surpresa no dia da entrega, com uma pequena
apresentação do que teriam assimilado da pesquisa. Os resultados foram significativos para
identificar os alunos participativos daqueles que omitiam a compreensão das atividades
passadas ao decorrer do conteúdo. A partir daí, o professor iniciou novas perspectivas de
abordagens como filmes para a trabalho em casa.
Divergindo ao professor A, as habilidades exploradas pelo professor B foram distintas
além de identificar uma frequência maior na adesão das habilidades em suas aulas, tal como o
modo com que foram desenvolvidas. O professor B, além de iniciar as discussões dos tópicos
pela via da oratória, aproveitava também de seus conteúdos para realizar a interligação e
visualização dos assuntos. Por exemplo, para diversos modelos estruturais da química o
docente selecionava aquelas às quais estão no cotidiano do aluno, trazendo-os para um campo
do conforto e familiaridade, complementando com curiosidades e confrontos ao senso
comum, bem como caracterizado pela habilidade 3 esboçado ao Gráfico 10.
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Figura 11 - Matrix de Referência de Ciência da Natureza e suas Tecnologias


(Professor B)

100%
90%
80% Competência de área 1 (H1 - H4) Competência de área 2 (H5 - H7)
70% Competência de área 3 (H8 - H12) Competência de área 4 (H13 -
60% H16)
Competência de área 5 (H17 - Competência de área 6 (H20 -
50% H19) H23)
40% Competência de área 7 (H24 - Competência de área 8 (H28 -
30% H27) H30)
20%
10%
0%
Fonte: Do autor (2023)

No tópico de competência de área 5 esboçado de roxo no Gráfico 11, caracteriza o


recorrente aproveitamento da H17 (utilizar de diferentes formas de linguagem na química
para relacionar informações) durante a matéria. Era de grande aproveitamento do professor B
trazer reportagens, dados esboçados quantitativamente, memes e até mesmo uso de material
tátil para apresentar e instigar o estudante ao assunto trabalhado.
A aplicação dessa prática demonstrou uma notável eficiência, revelando resultados
imediatos, como pode se observar durante o estágio. Em consonância com a afirmação de
Ferrés (1996b, p. 16), que destaca: “o movimento exerce uma enorme força de atração sobre o
olhar humano”, nesse contexto, ela proporciona ao professor a capacidade de prender a
atenção da classe e abre caminho para o desenvolvimento de vários estímulos individuais.
Observando os benefícios destes estímulos, os alunos-estagiários desenvolveram com
a autorização do professor B, a aplicação de um jogo didático criado para complementar os
conceitos abordados ao longo do conteúdo do primeiro ciclo.
A dinâmica do jogo foi possível diante das oportunidades estruturais do campus, como
22

a disponibilidade de Wi-Fi para os alunos e a televisão em sala como projetor. O jogo se


chama Gartic-Nomenclaturas Orgânicas, uma plataforma online que possibilita a interação em
grupo e a exploração de aptidões artísticas dos alunos. A plataforma já era popular entre os
jovens, uma vez que se tornou um dos recursos de interações mais utilizados durante o
período pandêmico. Através desses pontos positivos, tornou-se favorável criar este recurso
adaptativo para aplicação em sala de aula.
Como a matéria baseava-se em desenhar e nomear cadeias químicas, foi então criada
uma sala nesta plataforma implantando nomes de diversas substâncias de acordo com
dificuldades baixas, médias e altas. Os alunos acessavam de maneira simples e rápida,
podendo personalizar seus avatares para serem identificados da forma que preferissem.
Eram desenvolvidas rodadas, as quais aleatoriamente era sorteado um aluno para
escolher de forma particular entre duas opções de nomenclatura. Após escolher, a dinâmica
era desenhar para que os colegas restantes pudessem desvendar o nome da substância sendo
desenhada na tela. Havendo atribuições de pontos a cada acerto, e uma personalização ao fim
da partida com pódios contemplando os três primeiros colocados.
Os resultados desta estratégia foram bastante satisfatórios, com participação unânime
da turma, inclusive do professor responsável. Para além da descontração e a utilização de um
dos recursos tecnológicos mais utilizados no cotidiano, o aparelho celular. A turma pôde
construir boa interação com os colegas, uma saudável relação de competitividade, e
principalmente, uma ótima conexão e aproveitamento do conteúdo.
Até o momento, as perspectivas pedagógicas analisadas já puderam evidenciar um
pouco da singularidade de cada professor. No entanto, na temática dos Objetos de
conhecimento associados às Matrizes de Referência se tornará perceptível o aproveitamento
dos objetos do Composto de Carbono e das Relações da Química com as Tecnologias, a
Sociedade e o Meio Ambiente.
Conforme mencionado anteriormente, os professores A e B lecionavam o mesmo
conteúdo dentro do campo da Química, especificamente a Química Orgânica. No entanto,
devido às diferenças nos programas das disciplinas entre os cursos de Química e
Hospedagem, esse conteúdo pode ser abordado de maneiras distintas, como fica evidenciado
nas ementas de cada curso.
Assim, o professor A será responsável por ensinar os tópicos de “Reações em Química
Orgânica” para a turma de Técnico em Química, pressupondo-se que, ao longo do curso, o
conhecimento na área de Química esteja mais avançado nesse contexto, podendo explorar de
diferentes características gerais dos compostos orgânicos, tais como estruturas, propriedades e
23

funções orgânicas.

Figura 12 – Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência na Química


(Professor A)
100%
90%
80% Transformações Químicas Representação das transformações
químicas
70%
Materiais, suas propriedades e usos Água
60% Transformações Químicas e Energia Dinâmica das Transformações
50% Químicas
Transformação Química e Equi- Compostos de Carbono
40% líbrio
30% Relações da Química com as Energias Químicas no Cotidiano
Tecnologias, a Sociedade e o
20% Meio Ambiente
10%
0%

Fonte: Do autor (2023)

A metodologia pedagógica empregava o uso de slides contendo uma variedade de


cálculos, seguindo uma sequência de explicação, exercícios e correção. Outra estratégia de
ensino desenvolvido para a turma foi não haver aplicação de provas. Sendo avaliado apenas a
resolução de listas de exercícios e estudos investigativos ofertados para casa. Entretanto, o
professor refletiu sobre a eficácia dessa estratégia em relação a essa turma.
Paralelamente, o professor B explorava de conhecimentos introdutórios com forte
conexão com a aplicação prática dos conceitos na realidade. Considerando que, a premissa do
ensino de Química no curso de Hospedagem não possui o mesmo protagonismo quanto
estabelecido no Técnico em Química.
24

Figura 13 - Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência na Química


(Professor B)

100%
90% Transformações Químicas Representação das trans-
formações químicas
80%
Materiais, suas propriedades e Água
70% usos
60% Transformações Químicas e Dinâmica das Transformações
Energia Químicas
50%
Transformação Química e Equi- Compostos de Carbono
40% líbrio
30% Relações da Química com as Energias Químicas no Cotidiano
20% Tecnologias, a Sociedade e o
Meio Ambiente
10%
0%

Fonte: Do autor (2023)

Ainda assim, a abordagem educacional do educador B contemplou de forma produtiva


o uso dos slides, com imagens sugestivas às reflexões e contextualizações que rompiam as
barreiras da Química desconectada do cotidiano e de difícil manipulação. Em concordância a
Ausubel, surge a oportunidade de “ancorar” o aprendizado do aluno de forma a estabelecer
conexões não arbitrarias e substanciais aos novos aprendizados por meio de conhecimentos
prévios, onde possam estabelecer relevância na vida do aluno, e os direcionem ao aprendizado
significativo.

2.6 Descrição do Planejamento e Aplicação da aula

Ao longo do estágio, a turma de Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio do


5° Período foi designada a participar da aula desenvolvida pelo aluno-estagiário, conforme o
auxílio e revisão de sua orientadora. A aula possuía o tema “Aminas” conforme designado
pelo professor titular da turma, em acompanhamento com sua organização semestral. O
25

planejamento da aula visava aguçar a interação, o protagonismo, e principalmente, a


aproximação e identificação do aluno com o conteúdo.
A escolha da turma foi estabelecida diante das dificuldades de aplicações didáticas
efetivas, evidenciadas durante as observações do estágio. Diante do perfil já estabelecido
neste documento anteriormente, a grande falta de interesse, a difícil interação aluno/professor
e aluno/aluno caracterizavam tal turma.
O desafio adotado pelo aluno-estagiário com esta turma, possuía como objetivo
despertar a curiosidade e a participação dos estudantes como protagonistas e formadores do
conhecimento dentro e fora do conteúdo. Utilizando- se de matérias e ferramentas
metodológicas que lhes despertassem o interesse e a integração do conteúdo em suas
vivencias.
A aula foi iniciada com o desafio de pequenos enigmas esquematizados no quadro de
forma que, conforme ocorriam as resoluções, substancias químicas relacionadas com o tema
da aula (Aminas) eram evidenciadas. O desafio despertou a atenção ao quadro, trazendo
tentativas de interpretação por parte dos alunos.
Em seguida, foi sugerido uma discussão entre os alunos para detalhar as semelhanças
presentes entre as substancias descobertas. E assim, estabeleceram que se tratavam de drogas
ilícitas sob a base de formação Aminas. Logo, o aluno-estagiário aproveitou do conhecimento
formado para distribuir as folhas complementares ao conteúdo.
Tais folhas, continham a complementação de curiosidades sociais, históricas e
econômicas de cada substância. Pra assim, despertar e apresentar uma abordagem química das
drogas, rompendo com o aprisionamento das reflexões e ideias socialmente estabelecidos pela
sociedade, principalmente, em temas polêmicos como drogas.
Contudo, a solicitação de leitura e o estimulo do aluno em primeiro plano à frente as
argumentações, pouco se fizeram satisfatórias. A turma relutava em desenvolver argumentos,
ainda que houvessem diferentes perspectivas não conteudistas sobre o tema abordado em sala.
Com isso, o aluno-estagiário seguiu para a aplicação do conteúdo por meia da utilização do
quadro, abandonando o constante uso de slides, como solicitado anteriormente pelos alunos.
A organização do quadro buscou de forma sucinta e ilustrativa auxiliar os discentes ao
decorrer da aula. Como o uso de elementos figurativos, anotações descontraídas e até mesmo
a alternância de cores. Segundo Sérgio Brondani “as cores constituem estímulos psicológicos
para a sensibilidade humana, influindo no indivíduo, para gostar ou não de algo, para negar ou
afirmar, para abster-se ou agir” (2006, p.41). Desta forma, a estratégia do aluno-estagiário
baseava-se em transformar a antiga ferramenta didática (o quadro) em um recurso provedor de
26

interesses e participações.
Além do quadro, o verso da folha complementar também comportava esquematizações
utilizadas ao longo da aula explicadas ao quadro, para que houvesse o aproveitamento do
tempo nas interações construtivas do aprendizado, ao invés da cópia do quadro.
Chegando ao fim da aula, foi desfiado a resolução de dois exercícios que
contemplavam todo o conteúdo passado. Enquanto isso, era desenvolvido pequenos diálogos
descontraídos sobre a rotina na Instituição, as expectativas do fim de semestre, entre outros
assuntos que fugiam da vertente da aula. Sendo este, o momento de melhor protagonismo da
turma, uma vez que, a participação no diálogo atingia proporções conectivas entre os alunos.
No entanto, ao finalizar o conteúdo retornando à resolução dos desafios, um número
significativo de alunos recuara suas falas acreditando que não conseguiriam o desafio, ou que
até mesmo não valeria a pena tentar. Visto isso, o aluno-estagiário mudou rapidamente sua
estratégia e iniciou a resolução de forma dialógica junta a turma.
Assim, houve uma participação maior e com mais conforto por parte dos alunos, ao
qual puderam desenvolver seus questionamentos e aflições sobre o conteúdo. Havendo até
mesmo uma participação de resolução ao quadro por parte de um dos colegas da turma,
gerando grande contentamento ao aplicador da aula e motivações de argumentações à turma.
Ao final, a aula encerrou-se com agradecimentos e solicitações de contato para
possíveis auxiliamentos por parte do aluno-estagiário. Ainda assim, fez-se notória a
dificuldade em criar momentos de motivação e interações à esta turma. Soando como um
desafio enigmático, desvendar se de fato houve algum tipo de aproveitamento e
desenvolvimento cognitivo por parte dos discentes por meio desta aula.
27

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio das observações feitas durante o estágio, é evidente que o


Instituto Federal Fluminense - Campus Cabo Frio oferece uma variedade
de ambientes e ferramentas que auxiliam na criação de um ensino
integrador e cativante. No entanto, cabe ao professor a responsabilidade de
conscientizar-se e planejar cuidadosamente suas estratégias educacionais.
Essas estratégias devem estar alinhadas não apenas com os projetos
pedagógicos previstos para o curso (PPC), mas também com as
necessidades individuais de aprendizagem de cada aluno.
É importante destacar que, diante desse desafio, a efetividade na
aplicação e absorção do conhecimento ocorre quando há uma relação
apreciativa e eficaz entre o aluno e o processo de aprendizagem, mediada
pelo professor. Sendo necessário, que o aluno reflita e aprofunde seu
conhecimento conforme a compreender sua realidade, não apenas
memorizando informações.
Assim, o professor torna-se desafiado a buscar e renovar as
estratégias que estimulem, motivem e conduzam o aluno de encontro à
aprendizagem. As metodologias observadas neste estudo, evidenciaram a
discrepância presente entre as abordagens do Professor A e do Professor
B. Ainda que, o primeiro ter oferecido mais recursos e atividades
educacionais do que o segundo, não é possível afirmar se ambos
alcançaram ou não seus objetivos. Isso ocorre porque a aprendizagem se
manifesta de maneiras diversas e colaborativas entre os alunos, e não
reconhecer essas diferenças pode ser considerado uma falha.
Ou seja, ainda enfrentamos o desafio do distanciamento do ensino
tradicionalista, o qual, infelizmente, persiste em muitos contextos
educacionais. Professores que adotam esse modelo se deparam com a
difícil tarefa de conciliar seus métodos com a realidade dos alunos,
correndo o risco de não atender às premissas fundamentais do cargo e,
consequentemente, falhando em suas práticas pedagógicas.
É possível sugerir que um dos professores observados durante o
estágio se assemelhava a esse modelo. No entanto, é crucial lembrar do
perfil da turma em questão, uma vez que, de acordo com Ausubel (1963),
28

uma das condições essenciais para a aprendizagem significativa é que o


aluno esteja motivado e predisposto a aprender, para que se alcance a
aprendizagem significativa.
Em contra partida, o profissional que já contém a compreensão de
tais necessidades pedagógicas, de fato, inicia-se com uma vantagem em
relação aos colegas. Apresentando resultados, majoritariamente, positivos
em relação a sua aplicação e repercussão de seus ensinamentos ao
desenvolvimento cognitivo e formativo do aluno em seu compromisso
socialmente colaborativo.
Porém, o aplicador deve manter o foco em seu planejamento para
evitar desviar-se dos objetivos diante da ampla gama de recursos
disponíveis para a construção do aprendizado. Como por exemplo, pode-
se observar no estágio que ao utilizar de recursos estimuladores nas aulas,
ocorria em alguns casos de o próprio docente romper com o
desenvolvimento de trocas construtivas entre os alunos em prol de
estabelecer sua própria argumentação.
Ressaltando assim, a reflexão sobre a importância da participação integral do aluno no
processo construtivo do ensino e aprendizagem, dando-lhe assim, a oportunidade de
desenvolver seu próprio processo crítico e de colaboração por meio da cidadania. Assim,
reforça-se a importância de uma educação que não apenas transmita conhecimento, mas
também promova a interação, o diálogo e a participação ativa dos alunos, incentivando o
desenvolvimento integral e autônomo de cada indivíduo no contexto educacional.
29

REFERÊNCIAS

CASTRO, Michele G. Bredel. O processo ensino-aprendizagem na visão da perspectiva


piagetiana. Mnemosine Vol.12, nº2, p. 233-240 (2016).

COUTTO, Jeniffer A. Reis. Gartic – Nomeclaturas Orgânicas. Disponível em:


https://gartic.io/3117Ei. Acesso em: 27/11/2023.

DAVIS, Claudia et al. Abordagens vygotskiana, walloniana e piagetiana: diferentes


olhares para a sala de aula. Periódicos Eletrônicos em Psicologia, São Paulo jun. 2012.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr. Acesso em: 02/11/2023.

INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE. Projeto Pedagógico. Cabo Frio, 2021. Disponível


em: https://portal1.iff.edu.br/nossos-campi/cabo-frio/arquivo/projeto-pedagogico-22.pdf/view.
Acesso em: 04/11/2023.

LIBÂNEO, J. C. Produção de Saberes na Escola: Suspeitas e Apostas. In: Didática,


Currículo e Saberes Escolares/Vera Maria Candau (org.) – Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

MENIN, Maria S. de Stefano. Aprendizagem e desenvolvimento na teoria de Jean Piaget.


Nuances. Set/2001, Vol.7, nº 7, 97-101.

TACCA, M. C. V. R. Ensinar e Aprender: Análise de Processos de Significação na Relação


Professor X Aluno em Contextos Estruturados. Tese de Doutorado (Instituto de Psicologia) –
30

Universidade de Brasília, Brasília, 2000.

THIESEN, Juares S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no


processo ensino-aprendizagem. Scientific Electronic Library Online, 2008. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/swDcnzst9SVpJvpx6tGYmFr/?lang=pt#. Acesso em:
02/11/2023.

APÊNDICE A – Dados dos planejamentos dos professores

Figura 8 - Eixos Cognitivos (Professor A)


100%
90%
80%
70% Dominar linguagens (DL)
60% Compreender fenômenos (CF)
50% Enfrentar situações-problema
(SP)
40% Construir argumentação (CA)
30% Elaborar propostas (EP)
20%
10%
0%

Figura 9 - Eixos Cognitivos (Professor B)


100%
90%
80%
70% Dominar linguagens (DL)
60% Compreender fenômenos (CF)
Enfrentar situações-problema
50% (SP)
40% Construir argumentação (CA)
30% Elaborar propostas (EP)
20%
10%
0%

Figura 10 - Matrix de Referência de Ciência da Natureza e suas Tecnologias (Professor A)


31

100%
90%
80% Competência de área 1 (H1 - Competência de área 2 (H5 -
70% H4) H7)
60% Competência de área 3 (H8 - Competência de área 4 (H13 -
H12) H16)
50%
Competência de área 5 (H17 - Competência de área 6 (H20 -
40% H19) H23)
30% Competência de área 7 (H24 - Competência de área 8 (H28 -
H27) H30)
20%
10%
0%

Figura 11 - Matrix de Referência de Ciência da Natureza e suas Tecnologias (Professor B)

100%
90%
80% Competência de área 1 (H1 - H4) Competência de área 2 (H5 - H7)
70% Competência de área 3 (H8 - H12) Competência de área 4 (H13 -
60% H16)
Competência de área 5 (H17 - Competência de área 6 (H20 -
50% H19) H23)
40% Competência de área 7 (H24 - Competência de área 8 (H28 -
30% H27) H30)
20%
10%
0%

Figura 12 - Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência na Química (Professor A)

100%
90%
80% Transformações Químicas Representação das transformações
químicas
70%
Materiais, suas propriedades e usos Água
60% Transformações Químicas e Energia Dinâmica das Transformações
50% Químicas
Transformação Química e Equi- Compostos de Carbono
40% líbrio
30% Relações da Química com as Energias Químicas no Cotidiano
Tecnologias, a Sociedade e o
20% Meio Ambiente
10%
0%
32

Figura 13 - Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência na Química (Professor B)

100%
90% Transformações Químicas Representação das trans-
formações químicas
80%
Materiais, suas propriedades e Água
70% usos
60% Transformações Químicas e Dinâmica das Transformações
Energia Químicas
50%
Transformação Química e Equi- Compostos de Carbono
40% líbrio
30% Relações da Química com as Energias Químicas no Cotidiano
20% Tecnologias, a Sociedade e o
Meio Ambiente
10%
0%

ANEXO A- Termo de Compromisso de Estágio Supervisionado


33
34
35
36

ANEXO B – Frequência Interna


37
38
39
40
41
42
43

ANEXO C – Frequência Externa


44

ANEXO D – Plano de Aula


45
46
47

ANEXO E – Materiais Aplicados


48
49

ANEXO F – Avaliação da Aula

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