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25/09/2021 23:12 Amiloidose - Distúrbios endócrinos e metabólicos - Manuais MSD edição para profissionais

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Amiloidose
Por John L. Berk
, MD, Amyloidosis Center, Boston University Medical Center;

Vaishali Sanchorawala
, MD, Boston University School of Medicine and Boston Medical Center
Última modificação do conteúdo abr 2020

Amiloidose é qualquer de um grupo de condições distintas caracterizadas por deposição


extracelular de fibrilas insolúveis compostas de proteínas mal agregadas. Essas proteínas
podem se acumular localmente, causando relativamente poucos sintomas, ou se disseminar,
envolvendo múltiplos órgãos e provocando graves insuficiências. A amiloidose pode ocorrer
de novo ou ser secundária a várias doenças infecciosas, inflamatórias ou malignas. O
diagnóstico é feito por biópsia do tecido afetado; a proteína amiloidogênica é tipificada
utilizando uma variedade de técnicas imuno-histológicas e bioquímicas. O tratamento varia
de acordo com o tipo de amiloidose.

Depósitos amiloides são compostos por


Pequenas fibrilas insolúveis (cerca de 10 nm de diâmetro) que formam uma camada beta-
entrelaçada que pode ser identificada por difração de radiografias.
Além da proteína fibrilar amiloide, os depósitos também contêm componente P de amiloide sérico e
glicosaminoglicanos.
Fibrilas amiloides são compostas por proteínas mal formadas que se agregam a oligômeros e, então, a
fibrilas insolúveis. Algumas proteínas normais (tipo selvagem) e mutantes são susceptíveis a esse
entrelaçamento e agregação incorreto (proteínas amiloidogênicas), sendo assim responsáveis por uma
grande variedade de causas e tipos de amiloidose.
Para que a amiloidose se desenvolva, além da produção de proteínas amiloidogênicas, há também uma
falha dos mecanismos normais de depuração para essas proteínas mal entrelaçadas. Os próprios
depósitos amiloides são metabolicamente inertes, mas interferem fisicamente na estrutura e função dos
órgãos. Mas alguns oligômeros pré-fibrilares das proteínas amiloidogênicas têm toxicidade celular direta,
um componente importante da patogênese da doença.
Depósitos amiloides têm coloração rosa com hematoxilina e eosina, contêm componentes de
carboidratos que provocam coloração com corante periódico de ácido de Schiff ou azul de Alcian, mas a
maioria tem caracteristicamente birrefringência verde-maçã sob microscopia de luz polarizada após
coloração com vermelho Congo. Na inspeção da autópsia, os órgãos afetados podem ter aspecto seroso.

Etiologia
Naamiloidose sistêmica, proteínas amiloidogênicas na circulação formam depósitos em uma variedade
de órgãos. Os principais tipos sistêmicos incluem
AL (amiloidose primária): causada por superexpressão adquirida de cadeias leves de
imunoglobulina clonal

AF (amiloidose familiar): causada por hereditariedade de um gene mutante que codifica uma
proteína propensa a enovelamento incorreto, mais comumente transtirretina (TTR)
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p p p

ATTRts (ATTR do tipo selvagem; anteriormente denominada amiloidose sistêmica senil ou ASS):
causada por dobramento incorreto de proteínas com acúmulo de TTR do tipo selvavem (ATTR tipo
selvagem)

AA (amiloidose secundária): causada pela agregação de um reagente de fase aguda, amiloide A


sérico
A amiloidose causada pela agregação da beta-2-microglobulina pode ocorrer em pacientes em
hemodiálise há muito tempo, mas sua incidência diminuiu com a utilização das modernas membranas de
diálise de alto fluxo. Há uma forma hereditária rara da amiloidose beta-2-microglobulina decorrente de
uma mutação no gene relevante.
As formas localizadas da amiloidose parecem ser causadas pela produção local e depósito de uma
proteína amiloidogênica (mais frequentemente imunoglobulinas de cadeias leves) no interior do órgão
comprometido, em vez de por deposição de proteínas circulantes. Os locais que costumam ser atingidos
são sistema nervoso central (p. ex., na doença de Alzheimer ), pele, vias respiratórias superiores ou
inferiores, parênquima pulmonar, bexiga, olhos e mamas.

Amiloidose AL (amiloidose primária)


AL é causada por superprodução de uma cadeia leve de imunoglobulina amiloidogênica em pacientes com
células plasmáticas monoclonais ou outra doença linfoproliferativa de células B. As cadeias leves também
podem formar depósitos de tecido não fibrilar (doença de deposição de cadeia leve). Raramente, as
imunoglobulinas de cadeias pesadas de formam fibrilas amiloides (chamada amiloidose AH).
Os locais comuns de deposição amiloide são pele, nervos, coração, trato gastrintestinal (inclusive a língua),
rim, fígado, baço e vasos sanguíneos. Normalmente, plasmocitose leve está presente na medula óssea,
que é semelhante a mieloma múltiplo, embora a maioria dos pacientes não tenha mieloma múltiplo
verdadeiro (com lesões ósseas líticas, hipercalcemia, cilindros tubulares renais e anemia). Entretanto,
cerca de 10 a 20% dos pacientes com mieloma múltiplo desenvolvem amiloidose AL.

Amiloidose AF (amiloidose familiar)


AF é causada por herança de um gene que codifica uma proteína sérica mutada propensa à agregação,
geralmente uma proteína abundantemente produzida pelo fígado.
As proteínas séricas que causam AF são transtirretina (TTR) apolipoproteína A-I e apolipoproteína A-II,
lisozima, fibrinogênio, gelsolina e cistatina C. Uma forma recentemente identificada em que especulas-se
que pode ser familiar é causada pelo fator quimiotático 2 de leucócitos na proteína sérica (LECT2);
entretanto, uma mutação genética herdada específica para esse último tipo não foi claramente
demonstrada.
Amiloidose causada por TTR (ATTR) é o tipo mais comum da AF. Mais de 130 mutações do gene TTR foram
associadas à amiloidose. A mutação mais prevalente, V30M, é comum em Portugal, Suécia, Brasil e Japão, e
a mutação V122I está presente em cerca de 4% dos negros norte-americanos e caribenhos. A penetrância
e idade no início da doença são altamente variáveis, mas são consistentes com famílias e grupos étnicos. A
ATTR causa neuropatia periférica sensorial e neuropatia autonômica , doença renal crônica e
miocardiopatia . A síndrome do túnel do carpo geralmente precede outras manifestações de doença
neurológica. Os depósitos vítreos ocorrer pela produção de TTR mutante no epitélio retiniano, ou pode
haver depósitos leptomeníngeos se o plexo coroide produzir TTR mutante.

Amiloidose ATTRts (amiloidose sistêmica senil)


ATTRts é causada por agregação e depósito de TTR do tipo selvagem cujo alvo clínico é o coração.
ATTRts é cada vez mais reconhecida como causa de miocardiopatia infiltrativa em homens idosos. Todos
os 16% dos pacientes com estenose aórtica submetidos à substituição da valva aórtica transcateter e 13%
daqueles hospitalizados por insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) têm
miocardiopatia amiloide ATTRwt. Os fatores genéticos e epigenéticos que levam à ATTRts são
desconhecidos. Como a amiloidose ATTRts e AL podem causar miocardiopatia, e como gamopatias
monoclonais amiloidogênicas podem se identificadas em pacientes nessa faixa etária, é essencial fazer a
tipagem exata da amiloide para que os pacientes com ATTRts não sejam tradados inadequadamente com
quimioterapia (indicada para a AL).

Amiloidose AA (amiloidose secundária)


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Essa forma pode ocorrer em várias condições infecciosas, inflamatórias e doenças malignas e é causada
pela agregação de isoformas do reagente de fase aguda amiloide sérico A.
As infecções causadoras comuns incluem
Tuberculose

Bronquiectasia

Osteomielite

Hanseníase
As doenças inflamatórias predisponentes são
Artrite reumatoide

Artrite idiopática juvenil

Doença de Crohn

Síndromes de febre periódica herdadas, como febre familiar do mediterrâneo

Doença de Castleman
As citocinas inflamatórias (p. ex., interleucina [IL-1], tumor necrosis factor [fator de necrose tumoral, TNF]),
IL-6] que são produzidas nessas doenças ou de forma ectópica pelas células tumorais causam aumento da
síntese hepática da amiloide A no plasma (SAA).
Amiloidose AA mostra predileção pelo baço, fígado, rim, glândulas surparrenais e linfonodos. O
comprometimento do coração e dos nervos periféricos ou autonômicos ocorre tardiamente no curso da
doença.

Amiloidose localizada
A amiloidose localizada fora do cérebro é mais frequentemente causada por depósitos de imunoglobulina
clonal de cadeias leves e no interior do cérebro pelaproteína beta-amiloide.
Depósitos amiloides localizados tipicamente envolvem as vias respiratórias e tecido pulmonar, bexiga e
ureteres, pele, mamas e olhos. Raramente, outras proteínas produzidas localmente causam amiloidose,
como queratina isoforme que pode formar depósitos localmente na pele. Cadeias leves de
imunoglobulina clonal produzidas pelo tecido linfoide associado à mucosa no trato gastrintestinal, vias
respíratórias e bexiga podem resultar em AL localizada nesses órgãos.
Os depósitos de proteína beta-amiloide no cérebro contribuem para a doença de Alzheimer ou a
angiopatia amiloide cerebrovascular. Outras proteínas produzidas no sistema nervoso central pode ter
mal formação, agregação e danos nos neurônios, levando a doenças neurodegenerativas (p. ex., doença
de Parkinson , doença de Huntington ).

Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas da amiloidose sistêmica são inespecíficos, muitas vezes resultando em atrasos no
diagnóstico. Deve-se suspeitar mais fortemente de amiloidose em pacientes com um processo de doença
multissistêmica progressiva.
Depósitos amiloides renais tipicamente ocorrem na membrana glomerular levando à proteinúria, mas
em cerca de 15% dos casos, os túbulos são afetados, causando azotemia com proteinúria mínima. Esses
processos podem evoluir para síndrome nefrótica com hipoalbuminemia acentuada, edema e anasarca ou
para a fase final de doença renal.
O envolvimento hepático causa hepatomegalia indolor, que pode ser maciça. Testes hepáticos
geralmente sugerem colestase intra-hepática com elevação da fosfatase alcalina e, mais tarde, bilirrubina,
embora icterícia seja rara. Ocasionalmente, desenvolve-se hipertensão portal , resultando em varizes de
esôfago e ascite.
O envolvimento das vias respíratórias leva a dispneia, sibilância, hemoptise ou obstrução das vias
respíratórias.
Infiltração do miocárdio causa miocardiopatia restritiva , levando com o tempo à disfunção diastólica e
insuficiência cardíaca ; bloqueio cardíaco ou arritmia pode ocorrer. Hipotensão é comum.
A neuropatia periférica é uma manifestação clínica comum em todas as amiloidoses primárias (AL) e
familiares (ATTR) com parestesias nos dedos das mãos e dos pés A neuropatia autonômica pode causar
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familiares (ATTR), com parestesias nos dedos das mãos e dos pés. A neuropatia autonômica pode causar
hipotensão ortostática, disfunção erétil, anormalidades de sudorese e distúrbios de motilidade
gastrintestinal.
A angiopatia amiloide cerebrovascular mais frequentemente causa hemorragia cerebral lobar
espontânea, mas alguns pacientes têm sintomas neurológicos transitórios breves.
O amiloide gastrintestinal pode causar anormalidades de motilidade do esôfago e dos intestinos grosso
e delgado. Atonia gástrica, má absorção , sangramento ou pseudo-obstrução também podem ocorrer.
Macroglossia é comum na amiloidose AL.
Caracteristicamente, o envolvimento amiloide dos tecidos moles precede a expressão clínica da
miocardiopatia amiloide da ATTRts. Manifestações da doença amiloide das partes moles incluem síndrome
do túnel do carpo, dedo em gatilho, ruptura do tendão bicipital e estenose espinal.

Macroglossia

© SPRINGER SCIENCE+BUSINESS MEDIA

A amiloidose da glândula tireoide pode causar bócio simétrico, de consistência firme e indolor que se
assemelha ao encontrado na tireoidite de Hashimoto . Outras endocrinopatias também podem ocorrer.
O envolvimento pulmonar (sobretudo na amiloidose primária -AL-) pode ser caracterizado por nódulos
pulmonares focais, lesões traqueobrônquicas ou depósitos alveolares difusos.
Ocorre opacidades vítreas amiloides e margens pupilares entrecortada bilaterais em várias amiloidoses
hereditárias.
Outras manifestações são hematomas, como hematoma periorbital (olhos de guaxinim), causados por
depósitos de proetína amiloide nos vasos sanguíneos. Os depósitos amiloides enfraquecem os vasos
sanguíneos, que podem se romper após pequenos traumas, como espirros ou tosse.

Diagnóstico
Biópsia

Tipagem amiloide

Teste para envolvimento de órgãos

Biópsia
O diagnóstico da amiloidose é feito pela demonstração de depósitos fibrilares em um órgão envolvido. A
aspiração da gordura abdominal subcutânea é positiva em cerca de 80% dos pacientes com AL, 50% na AF,
mas menos de 25% dos pacientes com ATTRts. Se o resultado da biópsia de gordura é negativo, um órgão
clinicamente envolvido deve passar por biópsia. A sensibilidade diagnóstica das biópsias renais e
cardíacas é quase 100% quando esses órgãos estão clinicamente comprometidos. As seções teciduais são
coradas com vermelho Congo e examinadas em microscópio com luz polarizada para verificar a
birrefringência característica. Fibrilas de 10 nm sem ramificações também podem ser reconhecidas por
microscopia eletrônica em amostras de biópsia de coração ou rim.

Tipagem amiloide
Depois de a amiloidose ser confirmada por biópsia, o tipo é determinado utilizando uma variedade de
técnicas. Para alguns tipos de amiloidose, imuno-histoquímica ou imunofluorescência pode ser
diagnóstica, mas ocorrem resultados falso-positivos de tipagem. Outras técnicas úteis são o
sequenciamento de genes para AF e a identificação bioquímica por espectrometria de massa (o método
mais sensível e específico).
Se houve suspeita de AL, deve-se avaliar nos pacientes doença subjacente de células plasmáticas usando
uma medição quantitativa das cadeias leves livres de imunoglobulina no plasma, detecção qualitativa de
cadeias leves monoclonais no plasma ou na urina usando eletroforese de imunofixação (eletroforese de
proteínas séricas e eletroforese de proteínas na urina são insensíveis em pacientes com AL), e uma biópsia
da medula óssea com citometria de fluxo ou imuno-histoquímica para estabelecer a clonalidade das
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da edu a óssea co c to et a de u o ou u o stoqu ca pa a estabe ece a c o a dade das
células plasmáticas.

ANÁLISE LABORATORIAL

Serum Free Light Chains

Deve-se testar se os pacientes com > 10% de células plasmáticas clonais para ver se correspondem aos
critérios de mieloma múltiplo , com triagem de lesões ósseas líticas, anemia, insuficiência renal e
hipercalcemia.

Envolvimento de órgãos
Os pacientes fazem o rastreamento de comprometimento de órgãos começando com os exames não
invasivos:
Rim: exame de urina e dosagem sérica de ureia e creatinina

Fígado: provas de função hepática

Pulmão: radiografia de tórax, TC do tórax e/ou provas de função pulmonar.

Coração: ECG e mensuração dos biomarcadores como peptídeo natriurético encefálico (PNE) (tipo B)
ou pró-PNE N-terminal (pro-PNE-NT) e troponina
O envolvimento cardíaco pode ser sugerido por baixa tensão no ECG (causada por ventrículo espessado)
e/ou arritmias. Se houver suspeita de envolvimento cardíaco por causa dos sintomas, ECG ou
biomarcadores cardíacos, faz-se ecocardiografia para medir o relaxamento diastólico e função sistólica e
para verificar hipertrofia biventricular. Em casos ambíguos, RM cardíaca pode ser realizada para detectar
realce por gadolínio subendocárdico tardio, um resultado característico. Os avanços na cintilografia
cardíaca com pirofosfato marcado com tecnécio melhoraram a detecção da amiloidose ATTR e podem
evitar a necessidade de biópsias cardíacas, desde que os exames de sangue excluam a amiloidose AL ( 1, 2
).

Referências sobre diagnóstico


1. Gillmore JD, Maurer MS, Falk RH, et al : Nonbiopsy diagnosis of cardiac transthyretin amyloidosis.
Circulation 133(24):2404–2412, 2016.

2. Maurer MS, Bokhari S, Damy T, et al : Expert consensus recommendations for the suspicion and
diagnosis of transthyretin cardiac amyloidosis. Circ Heart Fail 12(9):e006075, 2019.

Prognóstico
O prognóstico depende do tipo de amiloidose e sistema orgânico envolvido, mas com tratamento de
suporte apropriado específico para a doença, muitos pacientes têm excelente expectativa de vida.
AL complicada por miocardiopatia grave tem o prognóstico reservado, com sobrevida mediana de < 1 ano.
A amiloidose ATTR não tratada geralmente evolui para doença cardíaca ou neurológica de estágio terminal
em 5 a 15 anos. Anteriormente considerava-se que a ATTRts tinha a progressão mais lenta de todas as
amiloidoses sistêmicas comprometendo o coração; mas alguns pacientes com ATTRts evoluem para
insuficiência cardíaca sintomática e morte em uma mediana de 4 anos a partir do diagnóstico da biópsia.
O prognóstico na amiloidose AA depende em grande parte da eficácia do tratamento da doença
infecciosa, inflamatória ou maligna subjacente.

Tratamento
Cuidados de suporte

Tratamento para tipo específico


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Tratamento para tipo específico
Atualmente, existem tratamentos específicos para a maioria das formas de amiloidose, embora algumas
terapias estejam sob investigação. Para todas as formas da amiloidose sistêmica, medidas de tratamento
de suporte podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Cuidados de suporte
Medidas de tratamento de suporte são direcionadas para o sistema do órgão afetado:
Renal: pacientes com síndrome nefrótica e edema devem ser tratados com restrição de sal e
líquidos e diuréticos de alça; por causa da perda de proteínas contínua, a ingestão de proteínas não
deve ser restringida. O transplante renal é uma opção quando o processo da doença subjacente
está controlado, e pode fornecer sobrevida a longo prazo comparável àquela de outras doenças
renais.

Cardíaco: pacientes com miocardiopatia devem ser tratados com restrição de sal e líquidos e
diuréticos de alça. Outros fármacos para insuficiência cardíaca, como digoxina, inibidores da enzima
conversora da angiotensina (ECA), bloqueadores do canal de cálcio, e betabloqueadores, são mal
tolerados e contraindicados. O transplante de coração foi bem-sucedido em pacientes
cuidadosamente selecionados com amiloidose AL ou ATTR e comprometimento cardíaco grave. Para
prevenir a recorrência no coração transplantado, os pacientes com amiloidose AL devem receber
quimioterapia agressiva direcionada ao distúrbio clonal plasmocitário, e pacientes com
polineuropatia amiloidótica sintomática ATTR ou miocardiopatia devem ser considerados para fazer
tratamento anti-TTR.

Gastrintestinal: pacientes com diarreia podem se beneficiar da loperamida. Aqueles com


saciedade precoce e retenção gástrica podem se beneficiar da metoclopramida.

Sistema nervoso: nos pacientes com neuropatia periférica , a gabapentina ou a pregabalina podem
aliviar a dor.
A hipotensão ortostática frequentemente melhora com doses elevadas de midodrina; esse fármaco
pode causar retenção urinária em homens idosos, mas a complicação medicamentosa da hipertensão em
decúbito dorsal raramente é um problema nessa população. Meias de suporte também podem ajudar, e
fludrocortisona pode ser utilizada em pacientes sem edema periférico, anasarca ou insuficiência cardíaca.

Amiloidose AL
Para amiloidose AL:
Início imediato da terapia celular antiplasmática é essencial para preservar a função do órgão e
prolongar a vida.
A maioria dos fármacos utilizados para o mieloma múltiplo tem sido utilizada na amiloidose AL; a escolha
do fármaco, a dose e a posologia muitas vezes devem ser modificados quando o órgão está
funcionalmente prejudicado.
Quimioterapia com um agente de alquilação (p. ex., melfalano, ciclofosfamida) combinado com corticoides
foi o primeiro regime a mostrar algum benefício. Altas doses de melfalano venoso, combinado com
transplante autólogo de células-tronco , pode ser muito eficaz para alguns pacientes (1 ).
Inibidores de proteassoma (p. ex., bortezomibe) e imunomoduladores (p. ex., lenalidomida) também
podem ser eficazes. Regimes de combinação e sequenciais estão sendo investigados.
A AL localizada pode ser tratada com radioterapia de baixa dose com feixe externo porque as células
plasmáticas são altamente radiossensíveiss.

Amiloidose ATTR
Para amiloidose ATTR:
Transplante de fígado

Fármacos estabilizadores de tetrâmero

Fármacos de silenciamento de genes


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Transplante hepático — que substitui o local da síntese hepática da proteína mutante por um que produz
TTR normal — pode ser eficaz em certas mutações TTR se feito no início da doença (neuropatia precoce e
sem comprometimento cardíaco). Quando feito mais tarde no curso da doença, depois que ocorreu
deposição amiloide significativa no coração e nos nervos, o transplante de fígado muitas vezes resulta em
cardiomiopatia e neuropatia amiloide progressiva devido ao enovelamento incorreto e à deposição de TTR
do tipo selvagem nos depósitos amiloides preexistentes.
Vários fármacos mostraram estabilizar tetrâmeros TTR circulando no plasma, prevenindo o enovelamento
TTR incorreto e a formação de fibrilas e inibindo de modo eficaz a progressão da doença neurológica e, ao
mesmo tempo, preservando a qualidade de vida. Esses estabilizadores de TTR são o diflunisal, um anti-
inflamatório amplamente disponível e o tafamidis. (2, 3 ).
O silenciamento do gene TTR por RNA antissenso ou por interferência de RNA para bloquear a translação
do mRNA do TTR reduz de maneira eficaz os níveis séricos da TTR, melhora os resultados neurológicos em
cerca de 70% dos pacientes, e parece capaz de reparar os nervos lesados em alguns pacientes (4, 5 ). Dois
fármacos para silenciamento de genes, patisiran e inotersen, estão disponíveis.

Amiloidose ATTRts
Para amiloidose ATTRts:
Fármacos estabilizadores de tetrâmero
A estabilização da TTR usando tafamidis, em pacientes com miocardiopatia amiloide ATTR demonstrou
diminuir a mortalidade por todas as causas e as hospitalizações cardiovasculares (3 ).
Diferentemente da amiloidose ATTR hereditária, o transplante hepático não é eficaz para pacientes com
ATTRts porque a proteína amiloidogênica de tipo selvagem é uma TTR estruturalmente normal.

Amiloidose AA
Para a amiloidose AA causada por febre familiar do Mediterrâneo, colchicina, 0,6 mg por via oral uma ou
duas vezes ao dia, é eficaz.
Para outros tipos de AA, o tratamento é direcionado à doença infecciosa ou inflamatória ou ao câncer
subjacente.
Pode-se usar fármacos anti-IL1, anti-IL6 e anti-FNT para interromper a sinalização de citocinas, diminuindo
o processo inflamatório que leva à produção hepática de amiloide sérico A (SAA).

Referências sobre tratamento


1. Sanchorawala V, Sun F, Quillen K, et al : Long-term outcome of patients with AL amyloidosis treated with
high-dose melphalan and stem cell transplantation: 20-year experience. Blood 126: 2345–2347, 2015. doi:
10.1182/blood-2015-08-662726. Epub 2015 Oct 6

2. Berk JL, Suhr OB, Obici L, et al : Repurposing diflunisal for familial amyloid polyneuropathy: a
randomized clinical trial. JAMA 310: 2658–2667, 2013. doi: 10.1001/jama.2013.283815

3. Maurer MS, Schwart JH, Gundapaneni B, et al : Tafamidis treatment for patients with transthyretin
amyloid cardiomyopathy. N Engl J Med 379:1007–1016, 2018.

4. Adams D, Gonzalez-Duarte A, O'Riordan WD, et al : Patisiran, an RNAi therapeutic, for hereditary


transthyretin amyloidosis. N Engl J Med 379:11–21, 2018.

5. Benson MD, Waddington-Cruz M, Berk JL, et al : Inotersen treatment for patients with transthyretin
amyloidosis. N Engl J Med 379:22–31, 2018.

Pontos-chave

A amiloidose é um grupo de doenças em que certas proteínas com mal formação se


agregam em fibrilas insolúveis que são depositadas dentro dos órgãos, causando
disfunção.

Muitas proteínas diferentes são propensas a mal formações; algumas dessas proteínas são
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Muitas proteínas diferentes são propensas a mal formações; algumas dessas proteínas são
produzidas por um defeito genético ou por certos estados de doença, enquanto outras são
cadeias leves de imunoglobulina produzidas por células monoclonais plasmáticas ou outras
doenças linfoproliferativas de células-B.

A proteína amiloidogênica determina o tipo amiloide e o curso clínico da doença, embora


as manifestações clínicas dos diferentes tipos possam se sobrepor.

Muitos órgãos podem ser afetados, mas o envolvimento cardíaco apresenta um


prognóstico particularmente ruim; miocardiopatia amiloide normalmente leva à disfunção
diastólica, insuficiência cardíaca, bloqueio cardíaco e/ou arritmia.

O diagnóstico é por biópsia; o tipo de amiloidose é determinado por uma variedade de


testes imunológicos, genéticos e bioquímicos. A espectrometria de massa é o método mais
sensível e específico para a tipagem amiloide.

Tratamento de suporte apropriado ajudará a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de


vida; transplante de órgão pode ajudar pacientes selecionados.

Tratar o processo subjacente; na amiloidose AL decorrente de células plasmáticas ou


doenças linfoproliferativas, a quimioterapia pode ser muito eficaz; na amiloidose AA
secundária, antimicrobianos e anti-inflamatórios podem ajudar.

Na amiloidose ATTR hereditária, terapias estabilizadoras com pequenas moléculas e


fármacos de silenciamento de genes inibem ou potencialmente revertem a deterioração
neurológica; para os pacientes com miocardiopatia amiloide (ATTR ou ATTRts), tafamidis
diminui a mortalidade por todas as causas e as hospitalizações cardiovasculares.

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