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FATORES DE RISCO
A fisiopatologia do mieloma múltiplo ainda não é completamente conhecida e,
com base em dados epidemiológicos, acredita-se que fatores genéticos, idade
avançada, imunodeficiência e exposição ambiental podem estar envolvidos na sua
patogênese. Dentre os inúmeros fatores de risco estudados, podem ser citados:
radiação;
benzeno;
inseticidas;
infecção pelo vírus HHV-8 (Human Herpes Virus 8);
fatores genéticos;
estimulação antigênica crônica (p.ex., infecção crônica, doenças inflamatórias
crônicas etc.).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Os pacientes portadores de MM podem apresentar sinais e sintomas variados
(Tabela 2) e que podem ser decorrentes de vários mecanismos fisiopatológicos:
doença óssea;
doença renal (etiologia multifatorial);
doença neurológica (etiologia multifatorial);
efeito da secreção da paraproteína;
infiltração da medula óssea;
imunossupressão;
formação de plasmacitomas.
Plasmocitoma
Formação tumoral de células plasmáticas, idêntico ao que é encontrado na
biópsia de medula óssea no MM. Pode ser solitário ou concomitante ao MM, e pode
ser medular ou extramedular. As localizações mais comuns são coluna vertebral,
costelas e esterno. Os locais extramedulares mais comuns são o trato respiratório
superior e a pleura.
Infecções Recorrentes
São uma causa importante de morbimortalidade no doente com MM. Os germes
clássicos são bactérias encapsuladas (p.ex., pneumococo), porém, recentemente tem-
se dado uma maior atenção a infecções por bactérias Gram-negativas. As infecções
virais e fúngicas são relativamente incomuns, exceto no curso de altas doses de
corticooides ou após transplante de medula óssea (TMO). Os mecanismos
responsáveis pela imunossupressão do MM dependem, além de uma diminuição da
síntese de imunoglobulinas normais, de uma diminuição da resposta imune do
hospedeiro frente a antígenos externos.
Doença Renal
Em cerca de 50% dos portadores de MM, a creatinina sérica está aumentada no
momento do diagnóstico, e em 20% dos casos é maior do que 2 mg/dL. A doença
renal no MM geralmente é multifatorial, sendo os fatores etiológicos mais comuns
descritos a seguir.
Rim do Mieloma
A excreção de cadeias leves leva ao depósito das mesmas nos túbulos renais,
lesando as células tubulares e formando grandes cilindros céreos que levam a
obstrução tubular. É a causa mais comum de doença renal no MM, e depende
primordialmente da quantidade de cadeia leve que é excretada (proteinúria de Bence
Jones). Pode ser exarcebada por outros fatores concomitantes (desidratação,
nefropatia por contraste iodado, etc.). Deve-se suspeitar de rim do mieloma em
pacientes idosos com quadro de insuficiência renal sem grandes alterações de
sedimento urinário e com proteinúria de fita negativa.
Hipercalcemia
Leva a poliúria e desidratação, com consequente insuficiência renal.
Amiloidose AL
Causa síndrome nefrótica com predomínio da excreção de albumina sobre as
cadeias leves.
Neuropatia Periférica
Apesar de infrequente, as proteínas monoclonais podem levar a um quadro de
polineuropatia sensitivomotora com predomínio distal. São mais comumente vistos em
doentes com a síndrome POEMS (MM com lesões osteoscleróticas
– Polineuropatia, Organomegalia, Endocrinopatia, M protein, Skin changes). Em geral,
a causa mais comum de neuropatia periférica nos pacientes com MM decorre do uso
de medicações neurotóxicas no tratamento, como talidomida e bortezomibe.
Compressão Medular
Ocorre por plasmocitoma ou fratura de coluna vertebral; caracteriza-se por dor
em coluna associada a sintomas neurológicos e disfunção esfinctérica. É
uma emergência médica, e o paciente deve ser encaminhado para neurocirurgia ou
radioterapia para tratamento de emergência para evitar paraplegia.
EXAMES COMPLEMENTARES
Após avaliação clínica detalhada, devem-se solicitar exames complementares
com objetivo de avaliar as funções orgânicas, possíveis complicações relacionadas à
doença e estadiamento para estabelecer o prognóstico e a necessidade de
tratamento. Os exames mais utilizados são de três grupos básicos.
Quantificação da Imunoglobulina
Importante para quantificar a cadeia monoclonal produzida e detectar diminuição
recíproca das imunoglobulinas não monoclonais, evento que ocorre em até 91% dos
doentes com MM.
DIAGNÓSTICO
Os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde para o
diagnóstico de gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI) e mieloma
múltiplo (MM) estão nas Tabelas 3 e 4 a seguir:
TRATAMENTO
O mieloma múltiplo ainda é considerado uma doença incurável. Entretanto,
enormes avanços no seu tratamento têm sido feitos nos últimos anos, com expressivo
aumento na quantidade de opções terapêuticas, propiciando aumento das taxas de
resposta, sobrevida livre de progressão e sobrevida global.
A escolha do tratamento inicial do MM baseia-se em 2 principais fatores:
estratificação de risco e elegibilidade para o transplante de células hematopoiéticas
(TCH).
Estratificação de Risco
Atualmente, é recomendada a realização de testes genéticos e moleculares para
estratificação de risco e prognóstico dos pacientes com diagnóstico de MM. Os
principais fatores de risco considerados adversos são a detecção por FISH da t(4;14),
t(14;16) e del 17p ou del 13 e hipoploidia pela citogenética convencional.
TÓPICOS IMPORTANTES
O mieloma múltiplo (MM) é uma gamopatia monoclonal caracterizada pela
presença de paraproteinemia, lesões líticas ósseas, hipercalcemia, insuficiência renal
e anemia.
Acomete sobretudo idosos e negros.
Doença de etiologia desconhecida, e ainda não se sabe muito a respeito dos
fatores de risco para o seu aparecimento.
Os principais sintomas são cansaço, dores ósseas, perda de peso e
infecções recorrentes.
O diagnóstico deve ser feito com base na demonstração de pico monoclonal
no sangue e/ou urina, plasmacitose medular e presença de lesão em órgãos-alvo
(anemia, hipercalcemia, lesões líticas, insuficiência renal). Faz-se diagnóstico
diferencial com outras neoplasias plasmocitárias, especialmente a GMSI.
O tratamento envolve o uso de esquemas quimioterápicos para reduzir a
massa tumoral, e transplante autólogo quando possível. Em alguns casos, a doença
está em um estágio inicial e pode-se optar apenas pela observação.