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INTERPRETAÇÃO DO LEUCOGRAMA

Hemograma
O hemograma é composto por três determinações básicas que incluem as avaliações
dos eritrócitos (eritrograma ou série vermelha), dos leucócitos (leucograma ou série
branca) e das plaquetas (plaquetograma ou série plaquetária).

Leucograma ou Análise da série branca


Essa análise avalia as contagens total e diferencial (valores relativo e absoluto) dos
leucócitos, bem como a morfologia dos neutrófilos, linfócitos e monócitos,
principalmente.

1. Contagem total de leucócitos


O valor normal para maiores de 14 anos é de 4.000 a 11.000 por milímetro cúbico de
sangue. Quando os leucócitos estão acima do valor padrão para a idade denomina-se
por leucocitose, e quando abaixo por leucopenia.

Leucocitose – aumento do número de leucócitos


- leucocitose fisiológica – geralmente de grau leve é comum em gestantes, RN,
lactantes, após exercícios físicos e em pessoas com febre;
- leucocitose reativa – estão notadamente relacionadas com o aumento de
neutrófilos e se devem às infecções bacterianas, inflamações, necrose tecidual e
doenças metabólicas;
- leucocitose patológica – estão relacionadas a doenças mieloproliferativas
(leucemias mielóides, policitemia vera, mieloesclerose) e linfoproliferativas
(leucemias linfóides e alguns linfomas).

Leucopenia – diminuição do número de leucócitos


A leucopenia muitas vezes se deve à diminuição dos neutrófilos e pode ser de causas
fisiológica ou induzida por drogas e poluentes, reativa e processos imunológicos.

2. Contagem diferencial de leucócitos


A análise do esfregaço
O esfregaço sanguíneo bem feito é composto por três partes: espessa, medial e fina.
A coloração é efetuada com corantes que tem em sua composição o azul de
metileno, a eosina e o metanol. Há vários tipos de métodos: Leishman, Giemsa, May-
Grunwald, Wright, panótico, etc. Alguns desses métodos necessitam de tampão com
pH 7.0 e de baixa molaridade (água tamponada).
VALORES NORMAIS ADULTOS
Valor normal
LEUCÓCITOS 3.100 A 11.000/mm3
Valor normal absoluto Valor normal relativo (%)
BASTONETE 36 a 550/mm3 1 a 5%
SEGMENTADO 1.440 a 7.150/mm3 40 a 65%
LINFÓCITO 720 a 5.55/mm3 20 a 50%
MONÓCITO 72 a 1.100/mm3 1 a 10 %
EOSINÓFILO 36 a 770/mm³ 1 a 7%
BASÓFILO 0 a 330/mm³  0 a3%

Neutrofilia – aumento da contagem de neutrófilos


Pode ocorrer por diversos motivos, sobretudo associado a qualquer tipo de infecção,
especialmente à infecção causada por agentes bacterianos ou fúngicos, e a uma
variedade de neoplasias malignas, principalmente se metastáticas, além das
leucemias agudas e da leucemia mieloide crônica.
Certos fármacos, tais como glicocorticoides ou fatores de crescimento
hematopoiéticos e a minociclina, podem induzir a neutrofilia, que também pode ser
causada pela intoxicação por etilenoglicol. A hemólise aguda ou a hemorragia aguda
podem também resultar em neutrofilia com neutrófilos imaturos na circulação.
Outras causas significativas de neutrofilia são as neoplasias produtoras de fator
estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF). Numerosas neoplasias estão
associadas com a neutrofilia e, em muitos casos, foram constatadas concentrações
bastante elevadas de G-CSF.

Neutropenia – diminuição da contagem de neutrófilos


A neutropenia tem muitas causas, mas elas se enquadram em duas categorias:
- Esgotamento de neutrófilos ou destruição mais rápida do que produção pela a
medula óssea. Vários distúrbios podem causar, inclusive certas infecções
bacterianas, alguns distúrbios alérgicos e alguns tratamentos com medicamentos
(como medicamentos usados para tratar o hipertiroidismo). Pessoas com doenças
autoimunes podem produzir anticorpos que destroem neutrófilos e o resultado é
neutropenia. Pessoas com esplenomegalia podem ter uma baixa contagem de
neutrófilos porque o baço aumentado captura e destrói neutrófilos.
Redução da produção de neutrófilos na medula óssea. Pode ocorrer por câncer,
infecções virais, como a gripe, infecções bacterianas, como a tuberculose,
mielofibrose ou deficiência de vitamina B12 ou de folato (ácido fólico).
Pessoas que receberam radioterapia envolvendo a medula óssea também podem
desenvolver neutropenia.
Muitos medicamentos, incluindo (entre outros) fenotiazina, medicamentos
contendo sulfa e muitos medicamentos usados no tratamento do câncer
(quimioterapia), assim como certas toxinas (benzeno e inseticidas) também podem
prejudicar a capacidade da medula óssea de produzir neutrófilos.
A produção de neutrófilos na medula óssea também é afetada por um distúrbio
denominado anemia aplástica (na qual a medula óssea pode parar completamente
a produção de todas as células sanguíneas).

Linfocitose – aumento da contagem de linfócitos

-  Linfocitose reativa ou reacional, quando existe predomínio de linfócitos reativos.


Ocorre em infecções virais, dentre as quais a principal é a mononucleose infecciosa.
As infecções virais geralmente induzem a linfocitose relativa, com ou sem leucocitose
e, às vezes, até leucopenias. Nesses casos a presença de linfócitos atípicos que se
caracterizam pelas morfologias alteradas nas formas do núcleo e da célula, na
relação núcleo/citoplasmática e intensa basofilia do citoplasma, constantemente
ultrapassa a 5% dos linfócitos contados.

- Linfocitose clonal, que ocorre, em particular, em pacientes com doenças


linfoproliferativas agudas ou crônicas.

Linfocitopenia – diminuição da contagem de linfócitos


Pode ser Adquirida ou Hereditária

Linfocitopenia Adquirida
As causas mais comuns incluem desnutrição proteico-calórica, aids e algumas
outras infecções virais. A linfopenia pode ocorrer em linfomas, doenças autoimunes
como LES, artrite reumatoide ou miastenia grave e enteropatia com perda de
proteína. A linfocitopenia iatrogênica é causada por quimioterapia citotóxica,
radioterapia ou administração de globulina antilinfocítica (ou outros anticorpos
contra linfócitos), tratamento a longo prazo para psoríase, (destruição das células
T). Os glicocorticoides também podem induzir a destruição do linfócito.

Linfocitopenia hereditária
A linfopenia hereditária é mais comum em combinação de distúrbios de
imunodeficiência graves. Síndrome de Wiskott-Aldrich, deficiência de adenosina
desaminase e nucleosídio purina fosforilase, imunodeficiências hereditárias, onde
ocorre destruição acelerada de linfócitos.

Monocitose – aumento da contagem de monócitos


Várias condições e doenças que podem causar monocitose. Entre elas vários tipos de
câncer (leucemia, mielodisplasia, mieloma, doença de Hodgkin); doenças infeciosas
(tuberculose, endocardite, salmonelose; sífilis; infecções fúngicas; recuperação de
infecções agudas; varicela; malária; leishmaniose); outras causas (doenças
gastrointestinais; doença inflamatória intestinal; colite granulomatosa, cirrose
hepática; pós-esplenectomia; sarcoidose; quimioterapia; foenças do tecido
conjuntivo; gestação; depressão; uso de corticoides.

Monicitopenia – diminuição da contagem de monócitos


Não há significado clínico.
 
Eosinofilia – aumento da contagem de eosinófilos
As causas mais comuns de eosinofilia ou hipereosinofilia são: distúrbios alérgicos,
infecções por parasitas, determinados tipos de câncer .
No Brasil, as eosinofilias são causadas por infestações parasitárias (ascaris,
estrongilóides e schistosomas, principalmente). Outras causas de eosinofilias são:
alergia, câncer com metástases, doença de Hodgkin, leucemia mielóide crônica,
eczema, psoríase, pênfigo e dermatite. Há também as eosinofilias familiares
(benignas) e as síndromes hipereosinofílica – essas necessitam de cuidados médicos
adequados.

Eosinopenia – diminuição da contagem de eosinófilos


Pode ocorrer na síndrome de Cushing, em infecções da corrente sanguínea (sepse)
e no tratamento com corticosteroides. Entretanto, um número reduzido de
eosinófilos geralmente não causa problemas, pois outras partes do sistema
imunológico compensam adequadamente.
Um número reduzido de eosinófilos geralmente é detectado por acaso quando se
faz um hemograma completo por outros motivos.

Bibliografia
- INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL DO HEMOGRAMA Paulo Cesar Naoum Flávio
Augusto Naoum. Disponível em:
http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/Artigos_cientificos/
Interphemo.pdf

- Neutropenia (agranulocitose, granulcitopenia) . Mary Territo  , MD, David Geffen


School of Medicine at UCLA. Disponível em:
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-sangue/dist
%C3%BArbios-dos-gl%C3%B3bulos-brancos/neutropenia

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