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Afecções Cirúrgicas do  O risco é maior em pacientes com

Baço talassemia e doença falciforme. A IAPE é


causada por organismos encapsulados de
polissacarídeos, como Streptococcus
 Órgão linfopoético (30% da massa linfóide pneumoniae, Neisseria meningitidis e
corporal) Haemophilus influenzae. Estes e outros
organismos são identificados e acoplados
 Durante o desenvolvimento fetal, o baço por anticorpos e componentes do
tem importante função hematopoiética, complemento em preparação para a
que inclui a produção de glóbulos fagocitose por macrófagos no baço. Após
vermelhos e brancos. Esta produção é a esplenectomia, os anticorpos continuam
assumida pela medula óssea durante o a acoplar, mas a digestão pelos
quinto mês de gestação e, sob condições macrófagos esplênicos já não é possível.
normais, o baço não tem uma função
hematopoiética significativa além deste  Principal manifestação é a
ponto. Em certas situações patológicas, esplenomegalia e raramente ocorre por
como mielodisplasia, o baço pode doença primária
readquirir esta função. Além da
hematopoiese, a vasculatura  Anatomia:
especializada do baço está diretamente
relacionada com as suas funções
remanescentes, ou seja, purificação e
defesa. É provável que a filtração
mecânica do baço contribua para o
controle da infecção removendo
patógenos de dentro das células (p. ex.,
malária) ou circulante no plasma. Essa
filtração pode ser particularmente
importante para a depuração de
microrganismos para os quais o
hospedeiro não tem um anticorpo
específico.

 Participa do sistema de defesa do corpo,


sendo um local no qual há a proliferação
de linfócitos e também onde ocorre a
vigilância e resposta imune. Atua
basicamente na identificação, na remoção
e na destruição de hemácias senescentes
e de plaquetas fragmentadas, bem como
na reciclagem de ferro e globina. Apesar
dessas funções, ele não é caracterizado
como um órgão vital.

 Remoção de células senescentes e


patógenos opsonizados

 As funções imunes do baço tornam-se  Clínica: Massa em hipocôndrio esquerdo


óbvias após a esplenectomia, quando os + Dor abdominal em hipocôndrio
pacientes ficam significativamente esquerdo
sujeitos ao risco de infecções. A sequela
mais grave é a superinfecção  Patologias:
pós-esplenectomia (IAPE) com o Infecção:
bacteremia, pneumonia ou meningite.  Viral (ex: mononucleose)
 Bacteriana (ex: endocardite)  Púrpura trombocitopênica
 Parasitária (ex: Leishmaniose) idiopática:
ð Ocorre uma ação combinada do
o Neoplasia: baço (que destrói as plaquetas)
 Leucemias: A esplenectomia pode e dos anticorpos contra as
ser realizada nos casos em que o plaquetas, levando a uma
órgão se encontre muito destruição maior das plaquetas.
aumentado, pressionando os As plaquetas produzidas não
órgãos adjacentes ou para são suficientes para compensar
melhorar os sintomas provocados a destruição, causando
pela doença. A esplenectomia trombocitopenia, além da
pode também melhorar a coagulação deficiente.
contagem de células sanguíneas, ð Os sintomas comuns incluem o
diminuindo a necessidade de surgimento de hematomas,
transfusões sanguíneas. hemorragias e pequenas
 Linfoma Hodgkin: A laparotomia de manchas vermelho-púrpuras.
estadiamento (esplenectomia) ð O tratamento depende da
permanece apropriada para gravidade da trombocitopenia.
pacientes selecionados, como ð Pacientes assintomáticos com
aqueles com doença clínica em plaquetas >50.000/mm3 podem
estágios iniciais (IA ou IIA) nos ser apenas observados.
quais o estadiamento abdominal ð Pacientes com plaquetas
alterará significativamente a <50.000/mm3 e/ou
conduta terapêutica. A doença de sintomáticos, devem iniciar o
Hodgkin em estágio inicial é tratamento com
frequentemente curada apenas glicocorticoides.
com radioterapia. A laparotomia ð A internação pode ser
não está indicada a pacientes com necessária para aqueles cujas
probabilidade de recidiva, àqueles contagens de plaqueta
com evidência de envolvimento permanecem abaixo de
intra-abdominal nos exames de 20.000/mm3 com sangramento
imagem e àqueles com sintomas de mucosas significativo, sendo
B. Esses pacientes devem receber necessária também para os que
quimioterapia sistêmica. apresentam hemorragia com
 Linfomas não Hodgkin: A risco de óbito.
esplenomegalia ou ð A transfusão de plaquetas está
hiperesplenismo é uma ocorrência indicada apenas para pacientes
comum durante o curso do linfoma que sofrem de hemorragia
não Hodgkin (LNH). A grave.
esplenectomia está indicada para ð A imunoglobulina intravenosa é
pacientes LNH com importante para o tratamento de
esplenomegalia volumosa que leva sangramento agudo, gravidez
a dor abdominal, saciedade ou para pacientes que estão
precoce e sensação de plenitude. sendo preparados para uma
Ela também pode ser indicada para cirurgia, incluindo a
aqueles que desenvolvem anemia, esplenectomia.
neutropenia e trombocitopenia ð Para pacientes com
associada a hiperesplenismo. A trombocitopenia grave, com
esplenectomia pode ser contagens inferiores a
fundamental para o diagnóstico e o 10.000/mm3 por seis semanas
estadiamento dos pacientes com ou mais, aqueles com
doença esplênica isolada. A trombocitopenia refratária ao
neoplasia esplênica primária mais tratamento com glicocorticoide
comum é o LNH. e os que necessitam de doses
o Doenças autoimunes: tóxicas de esteroides para
alcançar a remissão, o  Esferocitose: anormalidade
tratamento de escolha é hereditária dos eritrócitos. Causa
proceder à esplenectomia. esplenomegalia, anemia e icterícia.
o Doenças hematológicas: O tratamento depende da
 Anemia hemolítica: gravidade da hemólise e do grau
 Anemia falciforme: pode causar de anemia, mas costuma ser de
sequestro esplênico (retenção de suporte para a maioria dos
hemácias) e subsequente pacientes. Esplenectomia é o
destruição. O sequestro causa tratamento de primeira escolha
trombocitopenia, aumento da para pacientes com esferocitose
eritopoiese e esplenomegalia. grave. Deve-se evitar sua
Esplenomegalia, hiperesplenismo e realização até pelos menos 6 anos
infarto esplênico são comuns na de idade para reduzir o risco de
doença falciforme. O sepse pós-esplenectomia.
hiperesplenismo e o sequestro o Hipertensão portal (ex:
esplênico agudo são distúrbios Esquistossomose): A esplenomegalia
ameaçadores à vida de crianças observada na esquistossomose
com anemia falciforme. Nessas mansônica deve-se tanto à presença
condições, pode haver crescimento da hipertensão portal quanto à reação
rápido do baço, que resulta em dor inflamatória desencadeada pela
intensa e pode necessitar de presença de parasitas ou seus ovos,
múltiplas transfusões de sangue. determinando congestão venosa da
Os pacientes com crises agudas veia esplênica e represamento das
de sequestro esplênico linhagens eritrocítica, granulocítica e
apresentam resposta aguda da megacariocítica, com consequente
medula óssea, com eritrocitose, aumento funcional do órgão.
esplenomegalia e anemia grave, o Isquemia:
podendo haver uma redução
concomitante dos níveis de
hemoglobina, dor abdominal e
colapso circulatório. A reposição
com hidratação e transfusões de
sangue pode ser seguida por
esplenectomia nesses pacientes. O
hiperesplenismo relacionado com a
doença falciforme é caracterizado
por anemia, leucopenia e  Trauma esplênico: Muitas lesões
trombocitopenia exigindo esplênicas são autolimitadas,
transfusão, mas estas podem ser demonstrando ausência de evidência de
reduzidas pela realização da hemorragia contínua; outras necessitam
esplenectomia. A esplenomegalia de esplenectomia, o que na maior parte
volumosa sintomática que interfere dos casos é linear. A hemorragia de uma
nas atividades diárias também lesão esplênica pode ser progressiva na
pode ser melhorada pela fase da apresentação ou mais
esplenectomia. Os abscessos frequentemente terá parado, não
esplênicos também podem ser causando mais perdas de sangue. Lesões
vistos em pacientes com anemia que pararam de sangrar podem com
falciforme, os quais apresentam frequência ser tratadas sem
febre, dor abdominal, e esplenectomia, embora os pacientes
sensibilidade esplênica possam ter um reinício tardio da
aumentada. Esses pacientes hemorragia. Esta é a principal
necessitam de reanimação com preocupação com pacientes submetidos a
hidratação e transfusões e podem tratamento não cirúrgico. Pacientes
requerer uma esplenectomia de instáveis que são levados de forma
urgência após a estabilização. emergencial para o centro cirúrgico
podem ter uma lesão esplênica ð Rotura esplênica
identificada no momento da laparotomia. ð Aneurisma de artéria esplênica
Os pacientes instáveis com líquido ð Dor intratável
intra-abdominal na avaliação com FAST ð Causa indeterminada de
necessitam de exploração, sendo o baço esplenomegalia
muitas vezes o órgão intra-abdominal ð Lesão primária esplênica
sangrante. Em todos os outros pacientes,  A esplenectomia laparoscópica é,
a TC abdominal com contraste EV é o atualmente, o método de escolha
exame mais valioso para identificar e para ressecar o baço. As
caracterizar as lesões esplênicas. desvantagens da técnica
laparoscópica estão mais
relacionadas com o tempo
operatório despendido e as
dificuldades de remoção de órgãos
volumosos, contudo o tempo de
internação hospitalar reduzido e a
recuperação pós-operatória mais
rápida atenuam essas limitações.
As complicações são relacionadas
com as comorbidades dos
pacientes. Ao se decidir pelo
método laparoscópico para a
esplenectomia, certas condições
devem ser consideradas, como
indicação cirúrgica (p. ex., doença
benigna ou maligna), tamanho
A TC permite diagnosticar e classificar a esplênico e qualquer das possíveis
lesão de acordo com a American Association contraindicações à laparoscopia. O
for the Surgery of Trauma (AAST). planejamento pré-operatório deve
ser auxiliado por estudos de
 Investigação: imagens (TC), especialmente com
o Exames laboratoriais: relação à esplenomegalia. Baços
 Trombocitopenia com dimensões acima de 22 cm no
 Anemia sentido craniocaudal, ou com mais
 Granulocitopenia de 19 cm de largura e com peso
o Investigação da causa primária estimado igual ou superior a 1.600
o Exames de imagem: g necessitarão de procedimentos
 Ultrassonografia? laparoscópicos assistidos
 Tomografia? manualmente, ou, então, de uma
 Ressonância? esplenectomia convencional. Entre
o Biópsia as contraindicações está
hipertensão portal.
 Tratamento:
o Tratar a causa primária  Sempre tem que tirar o baço?
o Não. É preciso uma avaliação in loco
o Esplenectomia:
do cirurgião para avaliar a vitalidade
 Etiologias:
do órgão. Existem casos que não há
ð Púrpura trombocitopênica
necessidade de esplenectomia total.
idiopática
ð Linfoma
ð Anemia hemolítica  Pós-operatório:
ð Esferocitose o Infecção fulminante:
 Indicações:  Risco maior de 30 vezes naqueles
ð Trombocitopenia ou esplenectomizados
neutropenia ou anemia grave e
persistente
 Meningite, pneumonia ou sepse
causada por S. pneumoniae, N.
meningitidis ou H. influenzae
 Tratamento empírico com
Cefalosporina de 3º ou 4º geração
 Melhor alternativa é a prevenção
o Vacinação:
 Pneumococo
 Meningococo
 Haemophilus influenzae
 Cirurgia eletiva: vacinação pelo Afecções Cirúrgicas da
menos duas semanas antes do
procedimento Suprarrenal
 Cirurgia de emergência:
 Anatomia:
ð Pneumocócica no pós-
operatório imediato
ð H. influenzae e Meningococo
pelo menos duas semanas
após o procedimento

 As glândulas suprarrenais localizam-se


acima dos rins.

 Elas são pequenas, medem, em média, 3


a 5 cm e pesam 1,5 a 2,5g.

 Dois componentes:
o Córtex
o Medula  São tumores que produzem
catecolaminas, em especial
adrenalina
 90% são benignos, unilaterais e de
origem não familiar
 São tumores hipervascularizados e
de tamanhos variados
 10% são incidentalomas
 Síndrome adrenérgica:
Hipertensão arterial + sintomas
 Patologias: catecolaminérgicos (Tontura,
o Adenoma: tremor, náusea/vômito, dor torácica
 Tumores benignos. e abdominal, dispneia, massa
 Maioria incidentaloma abdominal, febre, insuficiência
 Quando funcionantes causam cardíaca e anormalidades ao ECG)
sintomas  Crises paroxísticas (sintomas que
 Adenomas não funcionantes depois melhoram) de hipertensão
 Adenomas funcionantes: arterial: cefaleia, sudorese profusa,
ð Excesso de aldosterona: palpitações, palidez e sensação de
causa hiperaldosteronismo
morte iminente
primário;
ð Excesso de cortisol:  Testes confirmatórios: Se > 3x o
causa síndrome de Cushing; VR: CONFIRMA
ð Excesso de andrógenos: 1. Dosagem de catecolaminas e
causa hiperandrogenismo. metanefrinas (metabólitos das
 Os exames de imagem (TC, RM) catecolaminas) sérico ou urinário
geralmente detectam, sendo totais: Dosagem de metanefrinas
necessário acompanhar seu (100% sensibilidade e baixa
crescimento para garantir que não especificidade 10%)
é um tumor maligno. 2. Dosagem urinária de
 Biópsia confirma o diagnóstico. metanefrinas/catecolaminas
 Testes de laboratório que avaliam fracionadas
os níveis os hormônios no sangue
3. Tomografia Computadorizada
ou na urina podem ser usados para
(TC) ou Ressonância Nuclear
determinar se o adenoma adrenal é
funcional ou não funcional Magnética: Avaliação de lesão
 A maioria dos adenomas não tumoral e localização da lesão
funcionantes não serão cirúrgicos e  Tratamento - Ressecção Tumoral
permanecerão assintomáticos ao com retirada total de todos os
longo da vida, necessitando focos de tecido tumoral
apenas de acompanhamento por  Se o feocromocitoma for unilateral,
imagem. resseca-se toda a adrenal. Se for
 Adrenalectomia deve ser bilateral ou na presença de
considerada para pacientes com mutações que aumentam muito o
adenoma ≥4cm ou com risco de surgir futuramente um
crescimento significativo; sinais de feocromocitoma na adrenal
malignidade; funcionalidade.
contralateral, considera-se retirar
ð Avaliar insuficiência adrenal
após cirurgia apenas o tumor, mantendo-se o
ð Seguimento 4-5 anos restante do córtex adrenal. Dessa
o Feocromocitoma: forma é possível reduzir a
 São tumores medulares (medula necessidade de reposição de
da adrenal) glicocorticoides posteriormente
(insuficiência adrenal), apesar de
aumentar um pouco o risco de andrógenos ou ainda por
recidiva do feocromocitoma. insuficiência de andrógenos.
 A intervenção cirúrgica é curativa  Diagnóstico é feito pelo teste do
em mais de 90% dos casos de pezinho
feocromocitoma. Embora esses  O tratamento é feito com
tumores sejam muito glicocorticoide associado, se
necessário, ao mineralocorticoide e
vascularizados e tendam a aderir
reconstrução cirúrgica para
às estruturas adjacentes (Fig.
algumas pacientes do sexo
39-19), a maioria deles pode ser feminino com genitália ambígua.
removida com sucesso usando-se
uma abordagem laparoscópica. A
ressecção por via laparoscópica é
contraindicada quando as imagens  Investigação:
pré- operatórias demonstram que o o Exames de imagem:
tumor é localmente invasivo.  Ultrassonografia
o Neuroblastoma:  Tomografia
 Neoplasia maligna  Ressonância
 Acomete principalmente as o Biópsia?
crianças menores de 10 anos, o Cirurgia:
incluindo os recém-nascidos e  ADRENALECTOMIA: Neoplasia
lactentes maligna (nódulos > 6cm); Tumores
 Etiologia desconhecida funcionantes (hiperaldosteronismo,
 Pode surgir na glândula adrenal feocromocitoma, etc.)
e/ou nas regiões cervical, torácica,  Aproximadamente 90% por via
abdominal e/ou pélvica, seguindo o laparoscópica
trajeto de toda a cadeia do sistema  A adrenalectomia aberta deve ser
nervoso simpático. realizada para tumores adrenais
 A definição do tratamento será primários, com características
baseada na classificação do suspeitas de malignidade, como
paciente em grupo de risco. Os tamanho grande (>8 cm),
pacientes identificados como grupo feminilização clínica, hipersecreção
de baixo risco serão encaminhados de múltiplos hormônios esteroidais
para tratamento local com cirurgia. ou quaisquer dos seguintes
Aqueles com grupo de risco atributos de imagem: invasão
intermediário terão indicação de local/vascular, adenopatia regional
quimioterapia sistêmica associada e metástases.
à cirurgia; e os com grupo de alto  Cuidados pré e intra-operatórios
risco receberão tratamento para os tumores funcionantes
intensivo com quimioterapia em  A violação da cápsula do tumor e o
altas doses seguido de cirurgia, extravasamento do tumor podem
transplante autólogo de medula levar à recorrência deste,
óssea, uso de ácido retinoico e especialmente no caso de
imunoterapia. feocromocitoma.
o Hiperplasia Adrenal Congênita:  Efeito sobrecarga-privação
 Distúrbio genético hormonal
 Engloba um conjunto de síndromes
transmitidas de forma autossômica
recessiva, que se caracterizam por
diferentes deficiências enzimáticas
na síntese dos esteroides adrenais.
 A apresentação clínica pode se
expressar por insuficiência
glicocorticoide, insuficiência
mineralocorticoide, excesso de

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