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P R O F. H U G O B R I S O L L A
ONCO-HEMATOLOGIA
JANEIRO/2022
Onco-hematologia
APRESENTAÇÃO:
PROF. HUGO
BRISOLLA
Olá, Estrategista, bem-vindo(a) a mais um livro de
nosso curso Revalida Exclusive! Eu sou o professor Hugo
Brisolla e, por meio de muito estudo das provas anteriores,
vim aqui trazer as informações mais importantes para
ajudar você no sonho da revalidação médica!
Já conhecemos os temas mais recorrentes nas
provas de Revalidação em nossos volumes anteriores: o
livro de Anemias microcíticas, normocíticas e macrocíticas
trouxe as informações mais importantes sobre a anemia
ferropriva e a anemia megaloblástica, enquanto volume
de Anemias hemolíticas tratou do tópico historicamente
mais cobrado no Revalida, a anemia falciforme.
@profhugobrisolla
t.me/estrategiamed /estrategiamed
Onco-hematologia
Apesar de já termos explorado os temas mais comuns nas provas, a Hematologia é uma área muito extensa e outros
assuntos são eventualmente cobrados. No presente livro, vamos estudar aqueles referentes às doenças onco-hematológicas,
isto é, às neoplasias que acometem as células hematológicas e seus precursores. Mas, antes disso, vamos relembrar
rapidamente como é a produção normal dessas células?
Onco-hematologia
SUMÁRIO
6.0 LINFOMAS 27
6 .1 LINFOMA DE HODGKIN 28
CAPÍTULO
Figura 1: Hematopoiese normal: as células hematológicas são geradas na medula óssea por meio da divisão e diferenciação de células-tronco
hematopoiéticas. Existem duas grandes linhagens hematológicas: a mieloide, que dará origem a hemácias, neutrófilos e plaquetas; e a linfoide,
que formará os linfócitos B e T. Esses últimos precisam ganhar os tecidos linfoides periféricos (baço, linfonodos) para serem expostos a antígenos
e, assim, completar sua maturação.
CAPÍTULO
A imagem abaixo recapitula a diferença entre leucemias agudas e crônicas, veja com atenção:
Figura 2: Leucemias agudas e leucemias crônicas: normalmente, as células-tronco hematopoiéticas passam por processos de divisão
e diferenciação celular, gerando todas as células maduras que compõem o sangue periférico. Nas leucemias crônicas, essa maturação está
mantida, mas com proliferação aumentada de um clone neoplásico, gerando aumento de células maduras anômalas. Já nas leucemias agudas, há
um bloqueio de maturação, fazendo com que as células neoplásicas permaneçam sob a forma de blastos, que se proliferam desordenadamente.
(REVALIDA INEP – 2016) Uma mulher com 34 anos de idade comparece ao ambulatório
de Clínica Médica de atenção terciária, com vistas a esclarecer quadro caracterizado
por hepatoesplenomegalia, linfadenopatia e alterações persistentes no hemograma.
De acordo com a Ficha de Referência, o quadro teve início há 2 meses com mal-estar,
dor de garganta e febre baixa; o exame físico evidenciou linfadenomegalia cervical e
hepatoesplenomegalia; o hemograma realizado na ocasião revelou linfocitose, além da
anemia leve e trombocitopenia; a hipótese diagnóstica foi de mononucleose infecciosa;
as pesquisas de anticorpos heterófilos contra o vírus Epstein-Barr (EBV) e de anticorpos
anticapsídeo viral de EBV foram negativas na ocasião do primeiro atendimento e 2 semanas depois. Ao exame físico,
a paciente apresenta-se levemente hipocorada, com discretas equimoses nos membros inferiores e superiores com
linfonodos palpáveis em todas as cadeias cervicais, baço palpável a cerca de 4 cm do rebordo costal esquerdo e fígado
palpável a 2 cm do rebordo costal direito, na linha hemiclavicular. Os linfonodos cervicais são pequenos, com cerca
de 1 cm de diâmetro, indolores e móveis. Novo hemograma mantém o padrão do resultado do exame anteriormente
descrito. Nesse caso, a hipótese diagnóstica e a conduta para a investigação diagnóstica são:
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa A.
Preste bem atenção, doutor(a). Veja que temos uma paciente jovem com anemia, plaquetopenia e linfocitose,
além de hepatoesplenomegalia. É difícil pensarmos em uma mononucleose que dure 2 meses, mas nem precisamos
ter dúvida: os anticorpos contra EBV estão negativos. Linfoma também não parece ser, afinal linfomas são neoplasias
que acometem primariamente os linfonodos e nossa paciente possui linfonodos muito pequenos, pouco acometidos.
Por fim, a hepatite C costuma ser oligossintomática e não cursar com anemia. O que temos nesse caso, então?
A principal suspeita é, sem dúvida, uma leucemia aguda. A história clássica de uma leucemia aguda é justamente
um quadro de anemia, neutropenia e plaquetopenia, podendo apresentar hepatoesplenomegalia, linfadenomegalias
e dor óssea em casos de leucemia linfoblástica aguda (LLA). De fato, nossa paciente possui hepatoesplenomegalia e
linfadenomegalias, sendo a LLA nossa principal hipótese! Inclusive, é muito provável que a linfocitose descrita no caso
seja, na verdade, presença de blastos linfoides em sangue periférico, erroneamente classificados como linfócitos!
O diagnóstico poderá ser confirmado pela verificação de pelo menos 20% desses blastos na medula óssea, o
que é feito pelo aspirado de medula óssea (mielograma) ou biópsia de medula óssea. Assim, a resposta da questão
é a alternativa A!
Vamos falar um pouco mais a fundo da LLA?
A LLA é a única leucemia que já foi cobrada nas provas de revalidação anteriormente. Isso se explica pela
importância da LLA: a grande maioria dos casos ocorre em crianças, com pico de incidência entre 2 e 5 anos de idade.
Essa incidência é tão grande que a LLA não só é a leucemia mais frequente na infância como também é a neoplasia
maligna mais comum na população pediátrica, correspondendo a cerca de 30% de todos os casos de câncer em
crianças! Um segundo pico de incidência até ocorre após os 60 anos de idade, mas muito menor do que na infância.
A LLA é uma doença eminentemente pediátrica, com 75% dos casos ocorrendo em
crianças menores de 6 anos. No entanto, chama atenção que a maioria das mortes por LLA
ocorre em adultos e idosos! Essa é uma característica marcante: enquanto, em adultos, a
doença é menos comum e mais letal, em crianças, ela é extremamente frequente, mas
com prognóstico favorável na maioria dos casos, especialmente na população de 1 a 9
anos de idade.
Os blastos que deixam a medula podem também infiltrar tecidos linfoides periféricos, causando esplenomegalia
e linfadenomegalias. Outras vezes, as células doentes podem acometer o sistema nervoso central (SNC), levando à
cefaleia e a convulsões, ou outros órgãos, como os testículos, a pele e os olhos. A desidrogenase lática (DHL) costuma
estar elevada, pelo alto turnover celular.
CAI NA PROVA
(REVALIDA INEP – 2017) Uma criança do sexo masculino, com 5 anos de idade,
apresenta, há 3 semanas, astenia e febre baixa diária, redução do apetite e manchas
arroxeadas nos membros. Além disso, acorda quase todas as noites com queixa de
dores em membros inferiores. Ao exame físico, ela apresenta hepatoesplenomegalia,
equimoses em membros inferiores e poliadenomegalia. O hemograma evidencia anemia
normocítica e normocrômica, contagem de leucócitos normal (9.000 leucócitos/mm³),
com linfocitose e presença de linfócitos atípicos e plaquetopenia (80.000 plaquetas/
mm³). A dosagem de desidrogenase lática mostra-se elevada. Pesquisa de anticorpo
anticapsídeo viral de Epstein-Barr e sorologia para citomegalovírus evidenciam IgG positivo e IgM negativo. A velocidade
de hemossedimentação (VHS) está elevada e as aminotransferases estão normais. De acordo com o presente quadro
clínico-laboratorial, o diagnóstico é:
A) mielofibrose.
B) artrite idiopática juvenil.
C) mononucleose infecciosa.
D) leucemia linfoblástica aguda.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa D.
Conseguiu identificar o quadro da LLA, Estrategista? Criança com anemia, plaquetopenia, linfadenomegalias,
hepatoesplenomegalia e dor óssea é altamente sugestiva da leucemia mais comum da infância, ainda mais na presença
de linfocitose. Nesse caso, é mais provável que os “linfócitos atípicos” que estão descritos, na verdade, sejam blastos
linfoides! Por isso, a resposta da questão é a alternativa D!
Diante de uma suspeita de leucemia aguda, o exame de escolha é a avaliação medular, seja por mielograma ou
biópsia de medula óssea. Para fechar o diagnóstico, é preciso o achado de pelo menos 20% de blastos entre as células
medulares. No caso da LLA, esses blastos terão características linfoides.
LLA-T
Neonatos, idosos
LLA-B
Hipodiploidia (<45 cromossomos)
Idade de 1 a 9 anos
t(9;22) – cromossomo Philadelphia
Hiperdiploidia (>50 cromossomos)
Leucometria acima de 50.000 células/mm3 ao
LLA B comum (CD10 positivo)
diagnóstico
LLA pró-B (CD10 negativo) e LLA pré-T
Sei que são vários critérios e difíceis de lembrar, Estrategista, mas, se tiver que
guardar uma única informação, lembre-se: a LLA tem melhor prognóstico na faixa
entre 1 e 9 anos de idade, evoluindo pior em menores de 1 ano e adultos/idosos.
Quer ver como isso facilita a resolução de questões?
CAI NA PROVA
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa E.
Agora, você já sabe bem identificar o quadro da LLA: uma criança com anemia, plaquetopenia e grande
leucocitose à custa de blastos. O examinador até quis disfarçar, mas a “atipia linfocitária” descrita na questão
provavelmente é a presença de blastos linfoides circulantes, não é? A hepatoesplenomegalia e as linfadenomegalias
só corroboram a hipótese de LLA!
E qual é o fator listado que está associado a bom prognóstico nessa condição? Ora, como vimos na nossa
tabela, leucometria acima de 50.000 é um fator de prognóstico adverso, enquanto plaquetometria menor de 150
mil, evolução menor de 6 meses e atipia linfocitária nem mesmo são considerados na avaliação de resposta da LLA.
Sobra-nos, então, a alternativa E, já que, sim, idade entre 1 e 9 anos está associada a bom prognóstico na LLA. Essa
é a resposta da questão!
Vamos resumir o que aprendemos de LLA?
1. Neoplasia maligna de origem linfoide, marcada por um bloqueio de maturação, que aprisiona as
células anômalas sob a forma de linfoblastos.
2. Epidemiologia: leucose mais comum da infância, com um grande pico de incidência de 2 a 5 anos
e outro bem menor após os 60 anos de idade. Evolução particularmente favorável entre 1 e 9 anos
de idade.
3. Quadro clínico-laboratorial: quadro comum das leucoses agudas com anemia, plaquetopenia,
neutropenia e contagem leucocitária variável, podendo ser baixa, normal ou, principalmente,
muito aumentada à custa de blastos. Linfadenomegalia, hepatoesplenomegalia e dor óssea são
comuns.
4. Diagnóstico: mielograma com pelo menos 20% de blastos linfoides anômalos.
5. Fatores associados a prognóstico adverso: LLA-T, idade (neonatos, idosos), hipodiploidia (<45
cromossomos), t(9;22) – cromossomo Philadelphia, leucometria acima de 50.000 células/mm3 ao
diagnóstico, LLA pró-B (CD10 negativo) e LLA pré-T.
6. Tratamento: quimioterapia intensiva, associada a TCTH alogênico em casos de risco elevado.
Ao contrário da LLA, a LMA nunca foi cobrada na aprisiona as células malignas sob a forma de blastos.
prova do Revalida. Por isso, só queria trazer algumas Como na LLA, os blastos leucêmicos dividir-
informações rápidas sobre essa condição, caso se-ão desordenadamente, dominando a medula
eventualmente venha a ser abordada. óssea e impedindo a hematopoiese normal, levando
A LMA é a leucose aguda mais comum em a todas as manifestações clínicas e laboratoriais da
adultos. Nesse caso, o clone neoplásico capaz de doença: anemia, neutropenia e trombocitopenia.
proliferar-se descontroladamente advém de uma Eventualmente, os mieloblastos anômalos podem
linhagem mieloide, também apresentando o bloqueio ganhar o sangue periférico, ocasionando grandes
de maturação que caracteriza as leucemias agudas e leucocitoses à custa de blastos.
1. Neoplasia maligna de origem mieloide, marcada por um bloqueio de maturação, que aprisiona
as células anômalas sob a forma de mieloblastos.
2. Epidemiologia: leucose aguda mais comum em adultos e idosos, com idade média de 65 a 70 anos
ao diagnóstico.
3. Quadro clínico-laboratorial: quadro comum das leucoses agudas com anemia, plaquetopenia,
neutropenia e contagem leucocitária variável, podendo ser baixa, normal ou, principalmente,
muito aumentada à custa de blastos. Linfadenomegalia, hepatoesplenomegalia e dor óssea são
incomuns.
4. Subtipo M2: caracterizada por risco aumentado de cloromas ou sarcomas mieloides.
5. Subtipo M3: risco elevado de CIVD, tratamento com tretinoína (ATRA).
6. Subtipo M4/M5: caracterizada por risco aumentado de infiltração gengival.
7. Subtipo M7: muito comum em pacientes com síndrome de Down.
8. Diagnóstico: mielograma com pelo menos 20% de blastos mieloides anômalos.
9. Tratamento: quimioterapia intensiva, associada à transplante alogênico de medula óssea em casos
de risco elevado.
CAPÍTULO
CAPÍTULO
4.0 MIELOFIBROSE
Conhecemos, logo acima, as principais leucemias paciente tenha níveis elevados de hemoglobina e
agudas e crônicas, entre elas a LMC, uma doença hematócrito, enquanto, na trombocitemia essencial
marcada pela proliferação do setor mieloide da medula (TE), há elevação da contagem de plaquetas.
óssea. Essa é, de fato, a mais comum das doenças Tanto a PV quanto a TE são patologias de
mieloproliferativas crônicas, caracterizada pela comportamento relativamente benigno, causando um
expansão da série granulocítica e pela presença do aumento do risco de tromboses. Elas nunca foram
cromossomo Philadelphia [t(9;22)]. cobradas antes em provas de revalidação. Por outro
No entanto, vimos anteriormente que a linhagem lado, temos outra doença mieloproliferativa crônica,
mieloide também é composta pela série eritroide chamada de mielofibrose primária (MF), que já foi
(hemácias) e megacariocítica (plaquetas). Assim, temos abordada no passado. Nessa condição, a proliferação
outras condições em que há acometimento desses da série mieloide manifesta-se por um aumento dos
outros setores: na policitemia vera (PV), ocorre um fibroblastos e consequente fibrose da medula óssea,
grande aumento das hemácias, fazendo com que o como mostra a imagem abaixo.
Figura 5: Classificação das doenças mieloproliferativas: todas as mieloproliferações derivam da divisão desenfreada de um clone mieloide
originado de um precursor comum. Contudo, cada uma dessas doenças é marcada pelo predomínio de um componente mieloide, seja ele
granulocítico, eritroide, megacariocítico ou marcado por fibrose.
A fibrose da medula é só uma das características da mielofibrose. Clinicamente, a doença expressa-se por
anemia, plaquetopenia e leucocitose com neutrofilia, de forma muito semelhante à LMC (a diferença é que a MF não
possui cromossomo Philadelphia positivo). Mais raramente, a MF pode apresentar-se com leucopenia, constituindo
um quadro de pancitopenia. Esplenomegalia é muito comum, bem como sintomas constitucionais, como febre, perda
de peso e sudorese noturna.
Figura 6: Dacriócitos ou hemácias em lágrima: esses eritrócitos de formato anômalo (poiquilócitos) são vistos no sangue periférico de pacientes
portadores de talassemias e mielofibrose, duas situações em que há eritropoiese extramedular.
CAI NA PROVA
(REVALIDA INEP – 2017) Uma mulher com 66 anos de idade foi encaminhada ao
ambulatório de hematologia de um hospital geral para investigação diagnóstica de
pancitopenia. Em consulta, a paciente refere astenia progressiva nos últimos 3 meses
e relata também que passou a apresentar, há 2 semanas, petéquias e gengivorragia.
Diante disso, procurou atendimento médico, quando foi realizado hemograma completo
que revelou anemia normocítica normocrômica, com baixa contagem de reticulócitos,
leucopenia com diferencial normal e plaquetopenia. Um exame hematoscópico revelou
a presença de elevada porcentagem de dacriócitos ("hemácias em lágrima"). Nessa
situação, qual é o diagnóstico mais provável da paciente e que exame complementar deve ser solicitado para sua
confirmação?
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa A.
Vamos lá, Estrategista! Temos uma paciente idosa com pancitopenia: anemia, leucopenia e plaquetopenia. Você
poderia pensar que se trata de uma LMA, como afirma a alternativa B, ou de uma anemia aplásica, como afirma a
alternativa D, afinal já vimos, em nosso curso, que essas condições podem levar a esse quadro: anemia megaloblástica,
anemia aplásica, as leucemias agudas, todas podem cursar com pancitopenia.
A dica para guiar o diagnóstico nessa questão vem pela hematoscopia: a presença de hemácias em lágrima, os
famosos dacriócitos! Vemos essa alteração sempre que há eritropoiese extramedular, como ocorre, por exemplo, nas
talassemias. Mas as talassemias, que estudamos em nosso primeiro livro, são doenças exclusivas da série eritroide,
não cursando habitualmente com leucopenia e plaquetopenia.
Assim, dacriócitos acompanhados de pancitopenia ou de leucocitose à custa de granulócitos devem fazer-
nos pensar em mielofibrose! E como confirmamos esse diagnóstico? Ora, por meio de um exame que comprove a
presença de fibrose na medula óssea, justamente a biópsia de medula! Correta a alternativa A.
CAPÍTULO
CAI NA PROVA
COMENTÁRIO:
Leia com atenção, caro(a) Revalidando(a)! Temos um paciente com todas as manifestações CRAB: anemia,
hipercalcemia, insuficiência renal e dores ósseas. Não só isso, mas repare no que o examinador chama de
proteinograma: a albumina do paciente está baixa, enquanto as globulinas estão aumentadas. O que será que isso
significa?
Veja, normalmente, a albumina é a proteína mais abundante do plasma, com quantidades menores de globulinas
circulantes. O que poderia levar a um aumento das globulinas? Certamente o mieloma múltiplo! Os plasmócitos
doentes secretam um único tipo de gamaglobulinas, causando o aumento dessas proteínas no plasma, além de levar
aos sintomas CRAB. Chamamos isso de distúrbio da distribuição das proteínas de gamopatia monoclonal. Vamos ver
as alternativas?
sintomas CRAB e proteína monoclonal têm que nos fazer pensar em mieloma
Correta a alternativa A:
múltiplo, Estrategista! Essa é nossa principal hipótese diagnóstica e a confirmação
pode ser feita com a biópsia de medula óssea, que mostrará a presença de plasmócitos clonais.
Incorreta a alternativa B: a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) é uma condição desencadeada pela gastroenterite
pela E. coli O157H7, bactéria que produz toxinas lesivas ao endotélio vascular, levando à anemia hemolítica e à
insuficiência renal. Além de ser típica de crianças, a SHU não leva a dores ósseas ou à proteína monoclonal.
Incorreta a alternativa C: temos, sim, uma inversão albumina/globulinas, já que o normal é termos mais albumina
que globulinas. No entanto, cirrose hepática não leva à hipercalcemia ou a dores ósseas.
Incorreta a alternativa D: não temos só hipoalbuminemia nesse caso, Estrategista, mas também um aumento das
globulinas. Síndrome nefrótica até poderia causar queda da albumina, mas não aumentaria os níveis de globulinas!
CAPÍTULO
6.0 LINFOMAS
Bem-vindo(a) ao nosso último tópico de estudo deste livro, Estrategista. Conheceremos, aqui, o linfoma de
Hodgkin, representante mais importante do grupo dos linfomas. Vamos relembrar rapidamente quem são essas
doenças?
CAI NA PROVA
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa B.
Quais são as características de um linfonodo que indicam possível malignidade, portanto necessidade de
investigação adicional? Ora, como vimos, devemos biopsiar linfonodos com mais de 2 semanas de evolução, maiores
do que 2-3 cm, aderidos a planos profundos, de consistência endurecida, localização supraclavicular ou epitroclear.
Assim, a única característica suspeita listada nas alternativas é a localização supraclavicular, descrita na alternativa B!
Por meio da biópsia linfonodal, firmamos o diagnóstico da maioria dos linfomas, um grupo de mais de 80
doenças diferentes. Dividimos essas condições grosseiramente entre o linfoma de Hodgkin (LH) e os linfomas não
Hodgkin (LNH).
Os LNH são tão diferentes entre si quanto são já foi cobrado nas provas de Revalidação e será a única
do LH, existindo sob diversas formas, cada uma com dessas doenças que estudaremos aqui. Isso porque esse
suas particularidades de apresentação, evolução e linfoma possui características muito marcantes.
tratamento: temos o linfoma difuso de grandes células A primeira dessas particularidades está em sua
B (mais frequente dos linfomas agressivos), o linfoma histologia: o LH é composto das marcantes células de
folicular (mais frequente dos linfomas indolentes), Reed-Sternberg, que são células grandes, de citoplasma
o linfoma de células do manto, o linfoma MALT, o basofílico e de núcleo com pelo menos 2 lobos, que lhes
linfoma anaplásico de células T, o linfoma periférico dá a marcante aparência de “olhos de coruja”, como
de células T, entre outros. vemos na imagem abaixo.
Mas não se assuste, Estrategista! Apenas o LH
Figura 10: Célula de Reed-Sternberg: células grandes, de citoplasma basofílico e núcleo bilobulados, as células de Reed-Sternberg são a grande
característica histopatológica do linfoma de Hodgkin. Veja, acima, como ela tem essa aparência de “olhos de coruja”, justamente pela presença
de dois núcleos.
CAI NA PROVA
A) linfossarcoma e radioterapia.
B) linfoma de Hodgkin e quimioterapia.
C) linfoma de Burkitt e remoção cirúrgica.
D) linfangioma e esclerose com bleomicina.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa B.
Guardou a dica, Estrategista? Sempre que a questão tratar das células de Reed-Sternberg, estaremos diante
do linfoma de Hodgkin. Você nem precisa conhecer as características clínicas das outras doenças listadas, que nunca
são cobradas nas provas: só de identificar as células de Reed-Sternberg, você já sabe que a resposta da questão é a
alternativa B!
Além da presença de células de Reed-Sternberg, Em até 30% dos casos, teremos a presença de
o LH possui outras particularidades. Sua apresentação sintomas B, como febre, emagrecimento e sudorese
clínica mais comum é o surgimento de linfadenomegalias noturna, tipicamente associados a pior prognóstico. Por
supradiafragmáticas (especialmente cervicais, fim, alguns sintomas incomuns são marcantes, como o
axilares e supraclaviculares), mais frequentemente prurido generalizado e a dor linfonodal associada ao
se disseminando por contiguidade, isto é, afetando consumo de álcool. Tudo isso está resumido na imagem
cadeias linfonodais próximas umas às outras. A presença abaixo:
de massa mediastinal também é frequente.
CAI NA PROVA
A) Radioterapia.
B) Cirurgia e radioterapia.
C) Cirurgia e quimioterapia.
D) Quimioterapia e radioterapia.
COMENTÁRIO:
Correta a alternativa D.
Estamos diante de um paciente com a história clássica do linfoma de Hodgkin, caro(a) Revalidando(a): linfonodos
acometidos por contiguidade (cadeias linfonodais próximas) em um paciente jovem, acompanhados de sintomas B.
Sabemos que, para tratar essa condição, utilizamos combinações variáveis de quimioterapia e radioterapia:
- Uma única cadeia acometida: radioterapia isolada;
- Mais de uma cadeia acometida, mas não disseminado (apenas um lado do diafragma): combinação de
quimioterapia e radioterapia;
- Doença disseminada (mais de uma cadeia, ambos os lados do diafragma): quimioterapia isolada.
Assim, como, em nosso caso, temos o acometimento exclusivo das cadeias cervical e supraclavicular, o
tratamento indicado é a combinação de quimio e radioterapia, como afirma a alternativa D. Aproveite para aprender:
habitualmente não tratamos linfomas com cirurgia!
Vamos resumir tudo que aprendemos sobre o principal linfoma cobrado nas provas?
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CAPÍTULO
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