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LEUCEMIAS

• Tumor com origem na medula óssea, provocando acúmulo de células brancas (leucócitos). Sempre se origina
dentro da medula óssea, podendo sair;

HEMATOPOIESE MEDULAR

• Todas as células hematológicas derivam de um progenitor comum, que é a célula tronco;


• A diferenciação da célula tronco em linhagem linfoide, permite a diferenciação em linfócitos – células brancas
(linfócito T e B); existem também linfócitos da linhagem mieloide: os granulócitos (neutrófilo, basófilo e
eosinófilo) e os monócitos;
• Quando os monócitos (ainda na corrente sanguínea) vão para tecidos passam a se chamar macrófagos;

TIPOS DE LEUCEMIAS

• Leucemia mieloide aguda à mais frequente em adultos;


• Leucemia linfocítica aguda à mais frequente em crianças – tipo de câncer mais comum na infância;
• Leucemia mieloide crônica;
• Leucemia linfocítica crônica à mais comuns em idosos;

FISIOPATOLOGIA DAS LEUCEMIAS

• Mutação genética dentro da medula


óssea à deleção, translocação,
ganho cromossomial,
• A mutação genética leva a uma
expressão de proto-oncogenes, que
provoca uma multiplicação celular
intensa, predispondo o quadro de
leucemia;
• Células jovens/progenitoras:
chamamos de blasto à leucemia
aguda é cheia de blastos;

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LEUCEMIAS AGUDAS

• Mutação com bloqueio precoce na maturação e estímulo a proliferação: BLATOS EM EXCESSO;

CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS

• Proliferação de blastos (clone leucêmico): pode criar fatores piogênicos, que elevam a temperatura corporal
à febre;
• Blastos começam a ocupar a medula: pacientes não tem mais espaço dentro da medula para fabricar hemácias,
plaquetas e leucócitos, por exemplo (ANEMIA, EQUIMOSES, HEMATOMAS, LEUCOPENIA COM INFECÇÕES
OPORTUNISTAS); paciente pode referir pancitopenias, dor óssea,
• BASTOS CAEM NA CORRENTE SANGUINEA (leucemização): leucocitose por blastos à devido a grande
quantidade de leucócitos no sangue, ele corre o risco de ficar mais grosso ocasionando risco de LEUCOSTASE
à cefaleia, dispneia;
• BLASTOS FAZEM INFILTRAÇÃO TECIDUAL à pode ocasionar hepatoesplenomegalia, pele, SNC, gengiva, órbita,
linfonodos, testículo;

AUMENTO DE BLASTO + PANCITOPENIA + INFILTRAÇÃO TECIDUAL

DIAGNÓSTICO

• Diagnostico: ³ 20% de blastos na MO;

COMO ENXERGAR A MEDULA OSSEA?

• Biopsia à verifica a celuridade (%) à quanto de cada tipo de células;


• Aspirado (mielograma) à possibilita verificar os tipos celulares (morfologia);

LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA)

• Idade: adultos;
• Clínica clássica de uma leucemia aguda:
o Astenia (anemia);
o Febre (leucopenia);
o Petéquias e equimose (plaquetopenia);
o Leucostase / infiltração – hepatoesplenomegalia, pele;
• Clínica mais especifica à depende do subtipo (depende de onde ocorre o bloqueio do estagio da maturação);
o M2 (cloroma): subtipo mais comum à blasto costuma invadir região da orbita do olho, formando a lesão
conhecida como cloroma;
o M3: leucemia pro-mielocitica aguda à nesse caso, o blasto do paciente pode virar uma substancia que
acaba consumindo fatores de coagulação à causa CIVD. O tratamento consiste em utilização de ATRA
(ácido transretinóico – ele devolve ao blasto a capacidade de findar a diferenciação);
o M4 e M5: fazem hiperplasia gengival;
o Leukemia cútis: ocorre quando o blasto invade a pele;
• Diagnostico;
o ³ 20% blastos na MO à blasto mieloide;

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BLASTO MIELOIDE
Morfologia - Presença de bastonete de Auer;

Citoquímica - Mieloperoxidase (corante que colore o blasto da origem


mieloide);
Imunofenotipagem - CD34, CD33, CD14, CD13;
Citogenética (FISH ou - t (8,21) à M2 ; t(15,17) à M3; inv (16) à M4;
cariótipo) Translocação de cromossomos e inversão de cromossomo;

TRATAMENTO

Tratamento específico

• Quimioterapia;
• Para M3 = acido transretinoico (ATRA);

Tratamento de suporte (pancitopenia)

• Anemia: manter Hb ³ 6-7 (³ 8-9 no cardiopata); não usamos esses valores para pacientes com anemias
hemolíticas crônicas;
o 1 concentrado de hemácia normalmente aumenta a hemoglobina em 1 ponto;
• Plaquetopenia: avaliar transfusão (1U de plaquetas para cada 10kg);
o < 10.000/mm3: sempre transfundir;
o < 20.000/mm3: se febre ou infecção;
o < 50.000/mm3: se sangramento ativo;
• Leucopenia à risco de neutropenia febril: deixa o paciente predisposto a infecções oportunistas;
o Paciente está infectado e temos dificuldade em localizar o processo infeccioso;
o Definição: neutrófilos < 500/mm3 (segmentado e bastao) + 1 pico ³ 38,3ºC ou ³ 38ºC por mais de 1 hora;

Conduta na neutropenia febril

1. Culturas (dos sítios corporais – sangue, urina, secreção respiratória) + ATB (anti-pseudomonas): Cefepime à
cobre bem gram negativos, mas não gram positivos;
2. Se possibilidade de gram positivo: pele, cateter, pulmão, queda de PA à + Vancomicina;
3. Sem melhora em 4-7 dias: antifúngico;
4. Alguns novos estudos falam na possibilidade de tratar pacientes com neutropenia febril de risco baixo em nível
ambulatorial;
o Ciprofloxacina + amoxicilina/clavulanato à indicado para pacientes com expectativa de neutropenia < 7
dias; sem disfunção orgânica; sem manifestação GI;

Síndrome de lise tumoral

• Células mortas podem liberar uma serie de substâncias para o organismo;


• O principal eletrólito do nosso ambiente intracelular é o potássio; quando destruímos as células
ocorre liberação de K+;

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o Hipercalemia – alteração mais grave;
• Liberação de fosfato;
o Hipofosfatemia; Hipocalcemia; risco de nefropatia (deposito de fosfato e cálcio no rim);
o Prevenção: hidratação;
• Liberação de acido nucleico;
o Hiperuricemia; risco de nefropatia;
o Prevenção: alopurinol (para evitar o excesso de acido úrico), rasburicase, hidratação;

LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA (LMA)

• É o tipo de câncer mais comum na infância;

SUBTITPOS DE LLA

• As leucemias linfociticas geralmente são mais comuns da linhagem de linfócitos B;


• Linhagem B ou pré-B (L): L1 (variante infantil); L2 (adulto); L3 (burkitt-like); o subtipo L1 tem elevado chance de
cura (> 90%);
• Linhagem T (T);
• Clínica clássica de uma leucemia aguda:
o Astenia (anemia);
o Febre (leucopenia);
o Petéquias e equimose (plaquetopenia);
o Leucostase / infiltração – hepatoesplenomegalia, pele;
• Clínica mais específica;
o Dor óssea;
o Linfonodomegalia / infiltração de SNC e testículo;

DIAGNÓSTICO

• ³ 20% de blastos na MO;


o Presença de blasto linfoide;

BLASTO LINFOIDE
Morfologia - Não tem característica morfológica marcante;
Citoquímica - PAS (acido periódico de Schiff) – se cora bem com esse acido;
Imunofenotipagem - CD10, CD19, CD20 (linhagem B);
- CD3, CD7 (linhagem T);
Citogenética (FISH ou - t (12,21) / hiperploidia (Bons prognósticos – responde bem ao
cariótipo) tto);
- t (9,22) – Cr. Philadelfia (Ruim prognost ico) à essa
translocação pode ocorrer na LLA, mas é regra em LMC;

TRATAMENTO

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Tratamento específico

• Quimioterapia envolvendo profilaxia em SNC;

Tratamento de suporte

• Como visto anteriormente;

Síndrome de lise tumoral

• Como visto anteriormente;

LEUCEMIAS CRÔNICAS

• Bloqueio tardio na maturação + proliferação: formas celulares adultas em excesso;

UM ALGO A MAIS: LEUCOMETRIA DIFERENCIAL

• Exemplo à leucócitos: 6.000 (1/3/0/0/1/45/42/8);


• Neutrófilos: mielocito, metamielocito, bastãoo, segmentado;
• Desvio para a esquerda: mais neutrófilos jovens à infecção grave em seu início;
• Desvio para a direita: mais neutrófilos maduros (segmentados) à infecção em fase mais tardia;

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CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS

1. Ocorre acúmulo de células maduras;


2. Rapidamente ocorre a leucemização – células maduras caem na corrente sanguínea;
a. A leucocitose ocorre as custas de células adultas;
b. Risco de leucostase – sangue viscoso;
3. Ocorre infiltração tecidual – acomete baço, fígado e linfonodo;

LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC)

• Acúmulo de linhagem mieloide adulta;


• Causa: cromossomo Philadelfia t(9,22) – troca do braço longo dos cromossomos, fazendo gene hibrido de bcr
e abl à bcr/abl;
• A transcrição do gene hibrido forma uma proteína chamada tirosina quinase, que estimula a multiplicação da
linhagem mieloide aguda;
• Utilizamos um inibidor de tirosina-quinase para impedir que ocorra a expressão da proteína;
• A única célula de origem mieloide que acaba não tendo multiplicação é a hemácia;
• Pode ocorrer aumento de basófilos, eosinófilos neutrófilos e plaquetas;

ACHADOS

• Basofilia e eosinofilia
• Neutrofilia acentuada com desvio para a esquerda à infecção não é frequente;
• Fosfatase leucocitária BAIXA (# reação leucemoide que tem fosfatase leucocitária alta, visto que aumenta na
produção de células para a defesa);
• Síndrome de leucostase;
• Esplenomegalia de grande monta;
• Trombocitose (aumento de plaquetas);

DIAGNÓSTICO

• Podemos encontrar na medula óssea ou no sangue periférico à alteração genética;


• Gene BCR/AB;
• Cromossomo Philadelphia;

EVOLUÇÀO E TRATAMENTO

• Fase crônica;
o Grande risco é a agudização à crise blástica (leucemia aguda);
o Iniciar tirosina quinase (Imatinibe – Gleevec);
o Transplante de MO;

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LEUCEMIA LINFOCITICA CRÔNICA (LLC)

• Acúmulo de linhagem adulta – acumula linfócito B mutado à CD5;


• O linfócito B tende a evoluir e se transformar em plasmócito, que é a célula responsável por produzir
anticorpos;
• O linfócito B mutado é incapaz de se transformar em plasmócito, não produzindo anticorpos;

MANIFESTAÇÕES

• Linfocitose;
• Hipogamaglobulinemia (redução de anticorpos) à infecções frequentes;
• Linfonodomegalia;
• Casos graves: anemia e plaquetopenia;

DIAGNÓSTICO

• Pode ser feito em sangue periférico à primeira opção;


o Linfocitose (>5.000) + linfócitos B CD5 + (citometria de fluxo);

ESTADIAMENTO

RAI Característica
0 Linfocitose
I + Linfonodo
II + Hepatoesplenomegalia
III + Anemia ( Hb < 11)
IV + Plaquetopenia

BINET Característica
A Linfocitose + < 3 áreas acometidas
B Linfocitose + ³ 3 áreas acometidas
C Anemia (Hb < 10) ou plaquetopenia

TRATAMENTO

• Pesquisa de mutações, como IGHB, TP53, del(17p) para decisão terapêutica à (ibrutinibe, venetoclax,
clorambucil, fludarabina);

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