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Material de apoio – Aula particular: 1° dia

Antônia Victória, Évellyn Bezerra e Thiago Valente

Avaliação qualitativa da série branca


ORIGEM MIELÓIDE X LINFÓIDE

➢ GRANULÓCITOS
o NEUTRÓFILOS
São células fagocitárias que liberam citocinas para atuar em processos inflamatórios e
contra agentes invasores, sendo a primeira célula a chegar no local da inflamação, e atuam
principalmente em infecções bacterianas.
Os neutrófilos têm núcleo denso característico, com dois a cinco lobos, e citoplasma
pálido com contorno irregular, contendo muitos grânulos finos rosa-azulados. Os grânulos são
divididos em primários, que aparecem no estágio de promielócito, e secundários (específicos),
que surgem no estágio de mielócito e predominam no neutrófilo maduro. Ambos os tipos de
grânulos são de origem lisossômica.
o EOSINÓFILOS
É caracterizado por apresentar núcleo com dois lobos (raramente tem mais que três
lobos nucleares), grânulos maiores e vermelho-alaranjados que sobrepõe o núcleo, seus
grânulos são repletos de histamina. Participam de processos alérgicos e na defesa contra
parasitos.
o BASÓFILOS
São escassos no sangue periférico. O seu citoplasma possui numerosos grânulos
grosseiros e escuros que contêm heparina e histamina, encobrindo o núcleo. Nos tecidos, eles
transformam-se em mastócitos.

➢ AGRANULÓCITOS
o LINFÓCITOS
Os linfócitos são células mononucleares que atuam em processos infecciosos virais, são
a segunda linhagem de células mais abundantes no sangue. São caracterizados por apresentar
em núcleo grande, que ocupa quase todo o citoplasma da célula, com cromatina condensada e,
o seu citoplasma não possui grânulos.

o MONÓCITOS
Os monócitos são células fagocitárias de restos celulares, antígenos e, principalmente,
bactérias, e que podem ter função tecidual, e quando realizam um diapedese, são chamadas de
macrófagos. São caracterizadas por possuírem citoplasma agranular, núcleo grande, oval ou
endentado com cromatina aglomerada e, geralmente, possuem vacúolos finos.
ACHADOS QUALITATIVOS DOS LEUCÓCITOS

➢ HIPERSEGMENTAÇÃO NUCLEAR
De um modo geral, é quando os granulócitos apresentam uma segmentação acima do padrão.
Está presente, principalmente, em neutrófilos, mas pode surgir em outros granulócitos.
Segundo o Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ) —embasado em um
documento do Conselho Internacional de Padronização em Hematologia (ICSH) —, a
hipersegmentação é definida quando qualquer neutrófilo exibe mais de 6 lóbulos, ou quando
mais de 3% dos neutrófilos possuem mais de 5 lóbulos. Neutrófilos hipersegmentados ou
polilobulócitos são encontrados em diversas patologias, tais como anemia megaloblástica (com
até 8 lóbulos), deficiência de vitamina B12, anomalia de Pelger-Huet, pseudo anomalia
metastática de Pelger-Huet, mielodisplasias e leucemia mieloide aguda.

➢ ATIPIAS LINFOCITÁRIAS
Os linfócitos, quando reagem a estímulos imunológicos, como os que ocorrem em casos
de processos inflamatórios ou infecciosos (principalmente os virais), podem apresentar
diversas alterações morfológicas e também aumentar em quantidade. Existem várias
terminologias para esses linfócitos, podendo eles serem chamados de linfócitos atípicos,
reativos, monocitóides, entre outros. Eles diferem citologicamente dos normais, por uma ou
mais das seguintes alterações:
• Desproporção entre núcleo e citoplasma;
• Forma não circular do núcleo;
• Menor tamanho do núcleo;
• Alteração da cromatina nuclear;
• Excesso do basofilismo citoplasmático (a condição mais específica e característica
da ativação dos linfócitos);
• Presença de grânulos citoplasmáticos;
Em crianças, é normal até 5% (linfócitos reacionais) dessas células, mesmo na ausência
de doença.
Algumas condições nas quais os linfócitos atípicos podem ser encontrados estão abaixo:
• Mononucleose infecciosa (vírus de Epstein-Barr): é a maior causa de aparecimento
de atipias. Os linfócitos atípicos que surgem no esfregaço são célula T reagindo a
linfócitos B parasitados pelos vírus Epstein-Barr.
• Varicela ou catapora
• Hepatite viral
• Dengue
• Linfoma de Hodgkin

INCLUSÕES LEUCOCITÁRIAS

➢ CORPÚSCULO DE DÖHLE
São áreas, na periferia dos neutrófilos, vistas como manchas lilases nas quais houve
liquefação do retículo endoplasmático. São difíceis de serem notadas; são mais nítidas em
lâminas de sangue sem EDTA. Corpos de Döhle são vistos nos estados inflamatórios e
infecciosos, particularmente notáveis na pneumonia pneumocócica, na erisipela e após
queimaduras. Às vezes, são notados na gravidez. São numerosos no tratamento com filgrastim
e similares.

➢ ANOMALIA DE MAY-HEGGLIN
O corpúsculo de May-Hegglin é uma inclusão de coloração azulada, aderida à parede
celular dos neutrófilos. Contudo, também pode ser observada nos eosinófilos e basófilos,
entretanto, são menos identificadas nestas células devido à quantidade de grânulos. Ele está
associado à existência de macroplaquetas e plaquetas gigantes no esfregaço sanguíneo, bem
como ao surgimento de plaquetopenia. É uma condição autossômica dominante, que
corresponde ao retículo endoplasmático destruído.

➢ SÍNDROME DE CHEDIAK-HIGASHI
È um grave defeito genético recessivo, incomum. O gene variante está em 1q42-45 e
codifica uma proteína anômala. Há neutropenia e deficiência funcional dos neutrófilos,
pancitopenia progressiva, deficiência imunológica, albinismo oculocutâneo, alterações
neurológicas e morte prematura. O hemograma mostra leucócitos com granulações gigantes
coradas em roxo ou pardo-escuro, decorrentes da coalescência de lisossomos.

➢ GRANULAÇÕES TÓXICAS
Quando a granulocitopoese é continuadamente exigida, pela extensão e pela duração de
um foco inflamatório, há encurtamento do estágio intermitótico e diminuição dos prazos de
maturação das células precursoras; os neutrófilos chegam ao sangue periférico com persistência
da granulação primária, própria dos promielócitos, que deveria ter sido substituída no processo
pela granulação secundária específica. Ao contrário dos grânulos secundários, delicados,
puntiformes, de coloração lilás, os grânulos primários são grandes, ricos em enzimas e coram-
se em roxo-escuro com os corantes básicos. Quando estão presentes nos neutrófilos diz-se
haver granulações tóxicas. É verdade que exprimem duração e magnitude de um processo
inflamatório, mas exprimem igualmente o chamamento continuado à reserva granulocítica por
situações inócuas, como o tratamento com corticoides, ou mesmo fisiológicas, como a
gravidez. O tratamento com filgrastim ou similares causa a aparição de granulações tóxicas
abundantes e grosseiras.
➢ VACUOLIZAÇÃO CITOPLASMÁTICA
Vacúolos nos neutrófilos ocorrem pela exocitose de material fagocitado e do conteúdo
de conglomerados de lisossomos. São frequentes em infecções; os neutrófilos vacuolizados
podem mostrar-se degranulados.

➢ CÉLULA MOTT
Apresenta-se com inclusão globular abundante ou com vacúolos grande pela dissolução
das inclusões globulares pelo corante hematológico. A célula de Mott também é conhecida
como: célula morular, células em uva ou também célula em amora. Surgem comumente nas
hiperplasias crônicas de plasmócitos (doenças crônicas de estimulação constante: malária,
Kalazar, Tripanossomíase e tumores malignos principalmente). Os vacúolos destas células são
imunoglobulinas da classe IgM.

➢ PLASMÓCITO "FLAMEJANTE"
Apresentam-se com o citoplasma corado em vermelho e reflete acúmulo de
imunoglobulinas não secretadas no citoplasma.
Gamopatias Monoclonais (GM)
➢ O QUE SÃO AS GM?

➢ QUADRO CLÍNICO DO MIELOMA MÚLTIPLO (MM)


➢ ANÁLISE DO SP (DISTENSÃO SANGUÍNEA)

➢ ELETROFORESE DE PROTEÍNAS SÉRICAS E URINÁRIAS COM


IMUNOFIXAÇÃO
➢ MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTROM (MW)
➢ MM x MW: Como diferenciá-los?
Leucemias
Acúmulo de leucócitos malignos na medula óssea e no sangue.
Agudas x crônicas.
A leucemia aguda é mais agressiva, definida pela presença de >20% de blastos na medula
óssea.
Blastos – células grandes, possuem cromatina menos condensada e citoplasma mais claro.

A leucemia crônica tem progressão mais lenta, cursa com leucocitose às custas de células
maduras.
Mielóide x linfóide

LMA
Forma mais comum de leucemia aguda em adultos.
Quadro clínico – o aspecto clínico dominante é a insuficiência da medula óssea (podendo cursar
com anemia, infecções, sangramentos)
Ao hemograma – anemia normocítica e normocrômica, plaquetopenia e leucocitose. A medula
óssea é hipercelular por infiltração de blastos leucêmicos (>20%)
Citogenética – t(8;21) | t(15;17).
Imunofenotipagem – CD13+, CD33+, CD117+
BASTÕES DE AUER – inclusões cristalinas: grânulos
azurofílicos em forma de agulha. Associado a leucemia promielocítica (variante da LMA), com
citogenética: t(15;17)
LMC
15% das leucemias, pode ocorrer em qualquer idade.
Ao hemograma – anemia normocítica e normocrômica, leucocitose às custas de neutrofilia.
Basofilia. Mais comum plaquetose (porém pode estar normal ou diminuída). Medula óssea
hipercelular com predominância granulocitopoética.
Citogenética – t(9;22) Cromossomo Filadélfia. Fusão gênica BCR-ABL1 = P210
Imunofenotipagem – CD13+, CD33+

LLA
Doença maligna mais comum na infância. Acúmulo de linfoblastos >20% na medula óssea.
Predominam os casos de linhagem de células B (LLA-B). O diagnóstico é feito por hemograma
e exame da medula óssea, considerando aspectos morfológicos à microscopia das células,
imunofenotipagem e análise genética.
Ao hemograma – anemia normocítica e normocrômica, plaquetopenia. A contagem de
leucócitos pode estar diminuída, normal ou aumentada, devido ao número de blastos. MO
hipercelular
Quadro clínico – sintomatologia decorrente de insuficiência da medula óssea: anemia (palidez,
letargia e dispneia), infecções, equimoses espontâneas, púrpura, sangramento gengival. Há
infiltração de órgãos (causa dor óssea, linfonodopatia, esplenomegalia moderada,
hepatomegalia)
Citogenética – t(12;21) | t(9;22) cromossomo filadélfia. Fusão gênica BCR-ABL1 = P190
(A frequência da translocação (9;22) aumenta com a idade e leva consigo pior prognóstico)
Imunofenotipagem – LLA-B: CD19+ CD22+ | LLA-T: CD3+ CD7+

LLC
Acúmulo de linfócitos maduros no sangue, caracterizada por linfocitose crônica persistente.
Predominam os casos de linhagem de células B.
Ao hemograma – anemia normocítica e normocrômica, plaquetopenia e leucocitose às custas
de linfócitos maduros.
Quadro clínico – aumento simétrico de linfonodos cervicais, axilares ou inguinais é o sinal
clínico mais frequente. Podem estar presentes sinais e sintomas de anemia e de plaquetopenia
(manifestações purpúricas). Esplenomegalia e hepatomegalia.
Citogenética – deleção 13q14 | trissomia 12.
Imunofenotipagem – célula B: CD5+, CD19+
Imunofenotipagem por Citometria de fluxo:

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