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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA – UNINTA

DISCIPLINA: PATOLOGIA CLÍNICA


VETERINÁRIA

AV A L I A Ç Ã O
L A B O R AT O R I A L D E
MEDULA ÓSSEA

PROFª: MSC. ARÍCIA DÉBORA


VA S C O N C E LO S F O N S Ê C A
INTRODUÇÃO

• Anormalidades hematológicas inexplicáveis → não é possível definir o diagnóstico com


base nos resultados dos exames de sangue;

• Anemia não regenerativa, neutropenia, trombocitopenia e suspeita de doença medular


neoplásica (p. ex., linfoma).

• Exame citológico por biopsia aspirativa;


TÉCNICA

• Locais comumente utilizados:


- Extremidade proximal do fêmur
- Crista ilíaca
- Na fossa trocantérica
- Parte proximal do úmero

Imagem A. Exemplos de agulhas com estilete para biopsia de


medula óssea, disponíveis no mercado.
B. Introdução correta da agulha na fossa trocantérica.
TÉCNICA

• Ideal: anestesia geral ou animal sedado; mas pode ser feita com anestesia local;

• Agulhas: (calibres de 16 a 22 G) → agulhas hipodérmicas convencionais, sem estilete, tendem


a ser obstruídas por fragmento de osso e não são apropriadas;

• Após a preparação cirúrgica da pele, introduz-se a agulha. Em animais com pele muito
espessa pode-se fazer uma incisão cutânea para facilitar a introdução da agulha. Uma vez
direcionada à cortical óssea, a agulha deve ser girada, avançando, até penetrar firmemente
no osso.
TÉCNICA

• Após isso, realiza-se o aspiração, por meio de uma seringa;


• Não utilizar amostras coaguladas
• Realizar esfregaço com uma gota da amostra
• As lâminas são secas ao ar livre e coradas com corante tipo
Romanowsky (ou seja, corante de Wright).
• Como em geral as preparações apresentam alta
celularidade, o tempo de coloração deve ser maior do que
aquele empregado para esfregaços sanguíneos.
INTRODUÇÃO

Em equinos, os São poucas as


aspirados de medula contraindicações para a Em animais com
óssea são úteis para aspiração de medula trombocitopenia, em
definir se a anemia é óssea; contudo, a biopsia geral, pode-se
regenerativa, uma vez aspirativa da medula prevenir a hemorragia
que os animais dessa óssea de costela ou do mediante a aplicação
espécie não liberam esterno de equinos com de pressão no local da
eritrócitos imaturos no anormalidades de aspiração durante
sangue periférico. coagulação tem resultado vários minutos.
em morte do paciente
secundária a hemotórax
ou ao tamponamento
cardíaco.
C É L U L A S E N C O N T R A DA S E M
ESFREGAÇO

Medula óssea Sangue


CÉLULAS
E N C O N T R A DA S E M
ESFREGAÇO

• Série eritroide
1. rubriblasto; 2. prorrubrícito; 3. rubrícitos; 4. metarrubrícitos;
5. reticulócito; 6. hemácia madura.
CÉLULAS
E N C O N T R A DA S E M
ESFREGAÇO

• Série granulocítica | Mieloide


1, mieloblasto; 2, promielócito; 3, mielócito; 4, metamielócito;
5, neutrófilo bastonete; 6, neutrófilo segmentado
CÉLULAS
E N C O N T R A DA S E M
ESFREGAÇO

• Série megacariocítica É difícil distinguir os precursores de monócitos (setas) dos


precursores de granulócitos (pontas de seta). A cromatina é
mais grosseira em precursores granulocíticos. P, progranulócito.
AVA L I A Ç Ã O E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E
ESFREGAÇOS DE MEDULA ÓSSEA

Os achados em esfregaços de medula óssea


devem ser examinados e interpretados juntamente
com os resultados do hemograma completo.
Por exemplo, se o animal tiver menor quantidade
de plaquetas (trombocitopenia), a avaliação da
população de megacariócitos tornar-se-á
particularmente importante.
AVA L I A Ç Ã O E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E
ESFREGAÇOS DE MEDULA ÓSSEA

Celularidade

• Verificar o grau de celularidade e


a quantidade de gordura
presente

• Celularidade normal da medula é


variável; contudo, normalmente
cerca de 50% do tecido medular
consiste em gordura e 50% em
células.
AVA L I A Ç Ã O E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E
ESFREGAÇOS DE MEDULA ÓSSEA

Celularidade

• Observa-se aumento da celularidade quando:

- Há maior produção de linhagens celulares mieloides ou eritroides em resposta à


perda, à destruição ou ao consumo de células.

- As causas anormais de aumento de celularidade incluem doenças linfoproliferativas e


mieloproliferativas, bem como outros tipos de neoplasia.
AVA L I A Ç Ã O E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E
ESFREGAÇOS DE MEDULA ÓSSEA

Celularidade

• Pode-se notar menor celularidade:

- Casos de doenças como mielofibrose, infecção por alguns microrganismos infecciosos


(inclusive Ehrlichia spp., em cães, vírus da leucemia felina [FeLV]), intoxicação por
medicamentos (inclusive alguns quimioterápicos comumente utilizados), substâncias
químicas tóxicas à medula, radiação e enfermidades imunomediadas, nas quais haja
destruição de células-tronco.

- A diminuição da celularidade é denominada hipoplasia; a ausência total de célula é


considerada aplasia.
AVA L I A Ç Ã O E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E
ESFREGAÇOS DE MEDULA ÓSSEA

Megacariócitos
• Valor deve ser considerado: aumentado (hiperplasia), diminuído (hipoplasia) ou
normal;

• A interpretação dessa estimativa depende da contagem de plaquetas no sangue


periférico.

• Em pacientes com aumento do consumo de plaquetas (p. ex., animais com


coagulopatia intravascular disseminada) ou com maior taxa de destruição (p. ex.,
animais com trombocitopenia imunomediada), a quantidade de megacariócitos na
medula deve estar aumentada.
AVA L I A Ç Ã O E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E
ESFREGAÇOS DE MEDULA ÓSSEA

Megacariócitos

• Em pacientes trombocitopênicos com hiperplasia megacariocítica, em geral,


verifica-se aumento do tamanho das plaquetas em razão da liberação precoce
das plaquetas → macroplaquetas; esse aumento de tamanho é semelhante
àquele de hemácias imaturas.

• No esfregaço de medula óssea de animais com trombocitopenia causada por


produção deficiente de plaquetas, há muito pouco, ou nenhum, megacariócito.
CONSIDERAÇÕES SOBRE
A N O R M A L I DA D E S
M I E L O P R O L I F E R A T I VA S E
L I N F O P R O L I F E R A T I VA S | L E U C E M I A S
DEFINIÇÃO

• LEUCEMIA
Presença de células sanguíneas neoplásicas no sangue periférico
ou na medula óssea.

Classificada como: anormalidades linfoproliferativas e


neoplasias mieloides.
Em animais domésticos, as
doenças linfoproliferativas
são mais comuns do que as
doenças
mieloproliferativas, sendo
mais comuns em gatos do
que em qualquer outra
espécie doméstica.
DEFINIÇÃO

• LEUCEMIA
• Diagnóstico dessas enfermidades é definido com base no achado de células
características no sangue ou na medula óssea, associado a anormalidades
hematológicas.

• Em alguns casos, morfologicamente, as células podem parecer tão


indiferenciadas que pode ser difícil classificar a anormalidade como sendo
mieloproliferativa ou linfoproliferativa.
DEFINIÇÃO

• LEUCEMIA

Aspirado de medula óssea de um gato. É difícil classificar as células indiferenciadas grandes (setas) com base
em sua morfologia. As células podem ser linfoblastos ou mieloblastos tipo 1. (Corante de Wright.)
DEFINIÇÃO

• LEUCEMIA
• Neoplasias mieloides incluem proliferação neoplásica de eritrócitos,
granulócitos, monócitos e megacariócitos.
• Se a célula-tronco acometida for multipotencial, várias linhagens celulares
podem exibir neoplasia; um exemplo é a leucemia mielomonocítica, na qual
tanto neutrófilos quanto monócitos apresentam transformação neoplásica.

• Doenças linfoproliferativas incluem leucemia linfoblástica aguda, leucemia


linfocítica crônica e mieloma múltiplo.
NEOPLASIAS MIELOIDES
DEFINIÇÃO
• NEOPLASIAS MIELOIDES
Síndromes mielodisplásicas:
• é manifestação variável, com algumas alterações morfológicas discretas nas
células do sangue.
• As manifestações hematológicas quase sempre envolvem alguma forma de
citopenia e podem incluir qualquer anormalidade simples ou uma combinação
de anemia não regenerativa, trombocitopenia e neutropenia.
DEFINIÇÃO
• NEOPLASIAS MIELOIDES
Síndromes mielodisplásicas:
• A celularidade da medula óssea é variável: medula pode apresentar
hipocelularidade, celularidade normal ou hipercelularidade, dificultando a
diferenciação entre essa anormalidade e uma doença mieloproliferativa.
• Alterações morfológicas:
Anormalidades morfológicas características incluem
grande precursor eritroide de tamanho muito
variável e assincronia de eventos de maturação
citoplasmática e nuclear/ macrocitose
DEFINIÇÃO
• NEOPLASIAS MIELOIDES
Leucemias mieloides agudas:
• É morfológica e biologicamente variável.• Classificadas como granulocíticas (ou seja,
A maior parte dos casos de LMA em mieloide, neutrofílica), mielomonocíticas (i.
pessoas está associada a anormalidades e., neutrófilos e monócitos), monocíticas,
genéticas que interferem na proliferação eosinofílicas, basofílicas, megacariocíticas,
e na maturação de células mieloides. mieloses eritrêmicas (ou seja, eritrócitos)
ou eritroleucemias (i. e., eritrócitos e
granulócitos).
DEFINIÇÃO
• NEOPLASIAS MIELOIDES
Neoplasia mieloproliferativa crônica:
• Diagnóstico: se baseia nas características clínicas do paciente e nos aspectos
morfológicos das células.
• Comumente, as células são relativamente normais ou discretamente displásicas.
A dificuldade em estabelecer esses diagnósticos reside em não ser fácil
distinguir essas anormalidades dos casos de hiperplasia, tornando-se, assim,
necessário excluir outras causas de aumento de leucócitos, plaquetas ou
eritrócitos.
DOENÇAS
L I N F O P R O L I F E R A T I VA S
DEFINIÇÃO
• DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS
Classificação:
- Leucemia linfoide primária
- Linfoma
- Tumor de plasmócito, inclusive mieloma múltiplo e tumor de plasmócito solitário.

Por outro lado, as leucemias podem ser classificadas em agudas ou crônicas:


- Leucemia linfoblástica aguda
- Leucemia linfocítica crônica
L E U C E M I A L I N F O B L Á S T I C A A G U DA

• Caracterizada pela presença de linfoblastos no sangue e na medula óssea;

Linfoblastos raramente são notados em aspirados


de medula óssea de animais normais

• Sinais clínicos estão relacionados com a ausência de células hematopoéticas


normais ou com a infiltração de células neoplásicas nos órgãos;
L E U C E M I A L I N F O B L Á S T I C A A G U DA

• Membranas mucosas pálidas, esplenomegalia, hepatomegalia, letargia e perda


de peso.

• Anormalidades comuns no hemograma incluem anemia, trombocitopenia,


linfocitose e presença de linfoblastos no sangue.

curso clínico da doença é rápido e progressivo e há


baixa resposta ao tratamento
L E U C E M I A L I N F O B L Á S T I C A A G U DA

• Em geral, são acometidos cães de meia-idade ou mais velhos.

• Normalmente, os gatos são mais jovens e são positivos à infecção por


FeLV.
LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA

• Linfócitos são pequenos e bem diferenciados

Esfregaço sanguíneo de um cão


com leucemia linfocítica crônica.
Observe linfócitos relativamente
pequenos de aparência normal
(setas). O diagnóstico de leucemia
foi baseado na alta contagem de
linfócitos pequenos no sangue
(40.000 células/μℓ) e nos
resultados da reação em cadeia
da polimerase.
LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA

• Linfócitos são pequenos e bem diferenciados

• Mais comum em cães do que em outros animais domésticos


LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA

• Tipo de leucemia deve ser diferenciado da linfocitose fisiológica


verificada em gatos estressados (em geral, filhotes), nos quais a
contagem absoluta de linfócitos pode alcançar o valor de 20.000
células/μℓ.

• Outro diagnóstico diferencial é linfocitose induzida por estímulo


antigênico crônico, como aquele verificado em cães com ehrlichiose
crônica.
LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA

• Sinais clínicos e as anormalidades constatadas em animais acometidos


são semelhantes aos verificados em animais com outros tipos de
leucemia:
• Letargia, anorexia, membranas mucosas pálidas, linfadenopatia,
esplenomegalia e hepatomegalia.

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