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LEUCEMIA

INTRODUÇÃO

A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem


desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula
óssea, que substituem as células sanguíneas normais. A medula óssea é a responsável pela
produção das células que dão origem aos glóbulos brancos (leucócitos), aos glóbulos
vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas. Na leucemia, uma célula sanguínea que
ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula
cancerosa. Essa célula anormal não funciona de forma adequada, multiplica-se mais rápido e
morre menos do que as células normais. Dessa forma, as células sanguíneas saudáveis da
medula óssea vão sendo substituídas por células anormais cancerosas. As leucemias são
consideradas diferentes dos demais tipos de câncer, devido seu desenvolvimento, já que para
sua disseminação, não são necessários mecanismos de angiogênese, ruptura estrutural, e de
produção de metástase, que são frequentes nos demais. São divididas em grupos entre
agudas e crônicas, normalmente a classificação da leucemia dar-se em função da duração da
evolução, e também por sua linhagem, mielóide ou linfoide.
LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA (LMA)
 O QUE É? é uma neoplasia clonal, heterogênia e progressiva, causada pela alteração
da célula-tronco hematopoiética, que caracteriza–se pelo crescimento descontrolado e
exagerado das células ndiferenciadas, chamadas mieloblastos. Como consequência, há
predomínio dessas células imaturas na medula óssea, podendo ou não envolver a circulação
periféfica. É uma doença predominante em adultos, atingindo o pico em idosos (acima de 60
anos de idade), com mais de 50% dos casos, mais comum no sexo masculino do que no
feminino, representa cerca de 15% a 20% das leucemias agudas da infância e 80% dos casos
em adultos. A causa é desconhecida na maioria dos casos, mas em alguns pacientes, a LMA
está relacionada com exposição a benzeno, a irradiações ionizantes, exposição à quimioterapia
e doenças genéticas como, anemia de Fanconi, síndrome de Down e a síndrome de Bloom.

 SINTOMAS: Quando a medula está cheia de células doentes, o corpo dá sinais de que
algo não vai bem, devido à baixa produção de células sanguíneas saudáveis (hemácias,
plaquetas e leucócitos). O paciente apresenta anemia, infecções e sangramentos. Eles podem
incluir: febre inexplicável, sensação de fraqueza e fadiga persistente, perda de apetite, perda
de peso inexplicável, sangramentos e hematomas que aparecem com facilidade e
sangramentos nasais, dificuldade para respirar, petéquias, pequenos pontos vermelhos que
aparecem na pele por causa de sangramentos e anemia.

 DIAGNOSTICO: Um hemograma com níveis baixos de hemoglobina (<12g/dl), baixa


contagem de plaquetas (< 100.000/uL) e presença de blastos é sugestivo de leucemia aguda. O
diagnóstico de LMA é determinado pela presença de pelo menos 20% de células doentes e
imaturas (blastos mieloides) na medula óssea ou no sangue periférico

 TRATAMENTO: O tratamento é feito com quimioterapia de indução para obter


remissão e quimioterapia pós-remissão (com ou sem transplante de células-tronco) para evitar
recidiva.

LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA (LMC)


 O QUE É?: É uma neoplasia maligna caracterizada por leucocitose devido a proliferação
de granulócitos em todos os estágios de
maturação. Em aproximadamente 90% a 95% dos casos, há expressão do
cromossomo Philadelphia (Ph), produto de uma translocação recíproca dos braços longos dos
cromossomos 9 e 22, dando origem ao gene quimérico BCR-ABL. A hiperatividade da
p210BCR-ABL é responsável pela oncogênese inicial da LMC, favorecendo a liberação de
efetores de proliferação celular e inibidores de apoptose da célula progenitora
hematopoiética.
A LMC corresponde a aproximadamente 15% a 20% de todas as leucemias, com
incidência de um a dois casos em cada 100 mil indivíduos. Apresenta maior frequência em
adultos, com faixa etária entre 40 e 60 anos, principalmente do sexo masculino. Entretanto,
pode acometer indivíduos de todas as faixas etárias, com menos de 10% dos casos de
pacientes com até 20 anos.
A maior parte dos pacientes já apresenta sintomas ao diagnóstico, com a doença já
estabelecida, mas um número crescente de pacientes está sendo diagnosticados em exames
periódicos através do hemograma, estando ainda assintomáticos. Desse modo, o hemograma
apresenta-se como uma ferramenta importante para a identificação da LMC, e sua correta
interpretação torna-se essencial para o direcionamento do diagnóstico. Em estágios iniciais da
doença, os primeiros aspectos observados no sangue periférico são o aumento de basófilos e
trombocitose.
 SINTOMAS: Na fase de crise blástica incluem palidez, aumento da hepatoesplenomegalia,
equimoses fáceis e refratariedade ao tratamento, até então eficaz na fase crônica. Pode-se
citar ainda a ocorrência de sangramentos, falência de múltiplos órgão e infecções, com
sobrevida de três a seis meses para pacientes sem tratamento. Os sintomas mais comuns são:
sensação de cansaço, fadiga, sudorese noturna, perda de peso, febre, dores ósseas, aumento
do baço, sensação de saciedade após uma pequena refeição.

 DIAGNOSTICO: O diagnóstico definitivo da LMC inclui estudos nas células do sangue e


da medula óssea. O hematologista e o patologista são os médicos especialistas capacitados
para identificar doenças, estudando as células do sangue e da medula óssea com um
microscópio.

 TRATAMENTO: A terapia-alvo é o principal tipo de tratamento para a leucemia


mieloide crônica. Alguns pacientes também podem realizar outros tratamentos, como terapia
com interferon, quimioterapia, radioterapia, cirurgia e transplante de células-tronco.

LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA (LLA)


 O QUE É?: A leucemia linfocítica aguda (LLA) é uma neoplasia que apresenta uma
proliferação de linfoblastos na medula óssea, que deviram de células linfóides B ou T imaturas.
Ocorre normalmente em crianças dos dois aos cinco anos de idade e corresponde a 80% das
leucemias agudas que ocorrem na infância sendo mais frequentes em meninos e em pessoas
de cor branca. Nos adultos corresponde a 20% das leucemias agudas e é geralmente mais
agressiva do que na infância. A etiologia é desconhecida, mas estudos apresentam prováveis
causas, como o efeitos de irradiação, exposição a drogas antineoplásicas, fatores genéticos
associados, imunológicos e exposição a alguns vírus.

 SINTOMAS: em casos de leucemias agudas, são anemia, infecções, palidez e


hemorragias que são causadas devido a insufiência medular, pela proliferação descontrolada
dos linfoblastos. Em casos mais graves pode apresentar aumento dos gânglios, inflamação dos
testículos, vômitos, dor de cabeça, acometimento ocular, priapismo e síndromes compressivas
medulares.

 DIAGNOSTICO: É através de Hemograma completo e esfregaço sanguíneo periférico;


Exame da medula óssea e Exames histoquímicos, citogenética e imunofenotipagem. Realiza-se
o diagnóstico de leucemia linfoblástica aguda quando os blastócitos de origem linfoide são ≥
20% das células nucleadas da medula óssea ou ≥ 20% das células não eritroides quando o
componente eritroide é > 50%. Se as amostras da medula óssea forem insuficientes ou não
estiverem disponíveis, pode-se fazer o diagnóstico pelos mesmos critérios usando uma
amostra de sangue periférico. Hemograma e esfregaço periférico são os primeiros exames
efetuados; pancitopenia e blastos periféricos sugerem leucemia aguda. Blastócitos no
esfregaço periférico podem chegar a 90% da contagem de leucócitos. A anemia aplásica, as
infecções virais, como a mononucleose infecciosa e as deficiencias de vitamina B12 e folato
devem ser consideradas no diagnóstico diferencial da pancitopenia grave. Ao contrário da
leucemia mieloide aguda, nunca há bastonetes de Auer (inclusões azofílicas lineares no
citoplasma dos blastócitos) na leucemia linfoblástica aguda. Leucemia linfoblástica aguda
semelhante a BCR-ABL se sobrepõe geneticamente à leucemia linfoblástica aguda em que há
cromossomo Filadélfia [translocação equilibrada recíproca entre os cromossomos 9 e 22, t
(9;22)] (leucemia linfoblástica aguda Ph+).

 TRATAMENTO: Após o diagnóstico e estadiamento da doença, o médico discutirá com


o paciente as opções de tratamento. As opções terapêuticas dependem do subtipo da
leucemia, bem como de outros fatores prognósticos, como idade e estado geral de saúde do
paciente. Os principais tipos de tratamento para a leucemia linfoide aguda são a
quimioterapia, terapia-alvo, imunoterapia, cirurgia, radioterapia e transplante de células-
tronco. O tratamento da leucemia linfoide aguda tem uma duração de cerca de dois anos. É
muitas vezes mais intenso, especialmente nos primeiros meses de tratamento, por isso, é
importante ser tratado em um centro com experiência no manejo da doença. Em função das
opções de tratamento definidas para cada paciente, a equipe médica deverá ser formada por
especialistas, como hematologista e oncologista. Mas, muitos outros poderão estar envolvidos
durante o tratamento, como enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos. É
importante que todas as opções de tratamento sejam discutidas com o médico, bem como
seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às
necessidades de cada paciente.

LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA (LLC)


 O QUE É?: A leucemia linfóide crônica (LLC) é uma doença caracterizada pela
proliferação e acúmulo de linfócitos B, inicialmente nos linfonodos e/ou medula óssea,
expandindo para o sangue periférico e demais orgãos hematopoiéticos. É uma doença de
maior prevalência no idoso, com médias de idade entre 60 e 80 anos. É a leucemia que tem
maior frequência familiar e fatores como exposição a benzeno e radiações ionizantes não
estão correlacionados com essa doença como nos outros tipos de leucemia. Cerca de 50% dos
pacientes com LLC são assintomáticos inicialmente. Os sintomas se desenvolvem de forma
insidiosa e lenta e estão presentes em aproximadamente 15% dos pacientes quando é dado o
diagnóstico, sendo suor noturno, perda de peso e fadiga mais frequentes que febre
relacionável à doença. Os achados físicos mais comuns são linfadenopatia, seguida de
esplenomegalia e hepatomegalia. O hemograma de pacientes com LLC apresenta leucocitose
variável, geralmente de 10.000 a 150. 000/mm³, com predomínio de linfócitos semelhante à
de linfócitos normais, ou seja, linfócitos pequenos com citoplasma escasso e cromatina nuclear
condensada. Porém, geralmente se encontra até 2% de proinfócitos ou blastos (células
maiores com nucléolos e citoplasma mais amplos). É comum a ocorrência de sombras
nucleares (manchas de Gumprecht). Apesar da acentuada linfocitose os linfócitos da LLC não
são funcionais em termos de resposta imune, assim os pacientes são indivíduos
imunodeprimidos.

 SINTOMAS: Nas fases iniciais da LLC, a maioria das pessoas não apresenta sintomas e a
doença é diagnosticada somente devido a uma elevada contagem de glóbulos brancos. Os
sintomas posteriores podem incluir:
 Linfonodos aumentados

 Fadiga

 Perda de apetite

 Perda de peso

 Suores noturnos

 Falta de ar durante exercícios

 Uma sensação de plenitude abdominal resultante do aumento do baço

À medida que a LLC progride, as pessoas podem apresentar palidez e facilidade para
formar hematomas. Infecções bacterianas, virais e fúngicas podem ocorrer no final da doença,
uma vez que a medula óssea produz uma quantidade menor de glóbulos brancos saudáveis
para combater infecções.

 DIAGNOSTICO: Podem ser feitos exames de sangue especializados (chamados


citometria de fluxo e imunofenotipagem) para caracterizar os linfócitos anormais nas células
do sangue. Exames de sangue também podem revelar que os números de glóbulos vermelhos,
plaquetas e anticorpos estão baixos.

 TRATAMENTO: As opções incluem anticorpos monoclonais, terapias-alvo,


quimioterapia e diferentes combinações desses medicamentos. Alguns dos medicamentos
frequentemente utilizados incluem: Ibrutinibe, isoladamente ou com rituximabe.
Acalabrutinibe, isoladamente ou com obinutuzumabe.

REFERENCIAS

ONCOLOGIA (2021) Disponivel em:


http://www.oncoguia.org.br/conteudo/tratamentos/1115/307/ acesso: 16 de out. 2023.
EICHHORST. B et al. First-line chemoimmunotherapy with bendamustine and rituximab versus
fludarabine, cyclophosphamide, and rituximab in patients with advanced chronic lymphocytic
leukaemia (CLL10): An international, open-label, randomised, phase 3, non-inferiority trial.
Lancet Oncol 17:928–942, 2016.
SHANAFELT T. D. et al. Ibrutinib-rituximab or chemoimmunotherapy for chronic lymphocytic
leukemia. N Engl J Med 381:432–443, 2019. doi: 10.1056/NEJMoa1817073

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