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07/05/2023, 18:44 Leucemia mieloide crônica (LMC) - Hematologia e oncologia - Manuais MSD edição para profissionais
A leucemia mieloide crônica (LMC) ocorre quando a célula-tronco pluripotente sofre transformação
maligna e mieloproliferação clonal, causando superprodução de granulócitos maduros e imaturos.
Inicialmente assintomática, a progressão da leucemia mieloide crónica é insidiosa, com estádio
“benigno” não específico (fraqueza, anorexia, perda ponderal), eventualmente abrindo caminho para
uma fase acelerada ou blástica com sinais mais perigosos, como esplenomegalia, palidez, hematomas
fáceis e sangramento, febre, linfadenopatia e alterações cutâneas. Esfregaço de sangue periférico,
punção de medula óssea e demonstração de cromossomo Filadélfia são diagnósticos. O tratamento é
com inibidores da tirosina quinase (TKI) como imatinibe, nilotinibe, bosutinibe e ponatinibe que
melhoram de modo significativo a resposta e prolongam a sobrevida. Fármacos mielossupressores (p.
ex., hidroxiureia), transplante de células-tronco e interferona-alfa também são às vezes utilizados.
A American Cancer Society estima que nos Estados Unidos em 2022 houve cerca de 8.800 novos casos
de LMC e cerca de 1.220 mortes. A idade média de um paciente com Leucemia mieloide crônica (LMC)
é 64 anos. O risco médio ao longo da vida de desenvolver Leucemia mieloide crônica (LMC) nos
Estados Unidos entre ambos os sexos é cerca de 0,19% (1 em 526 americanos).
A oncoproteína bcr-abl apresenta atividade não controlada da tirosina quinase, que desregula a
proliferação celular, diminui a adesão das células leucêmicas ao estroma da medula óssea e protege
as células leucêmicas da morte celular programada (apoptose) normal.
A leucemia mieloide crônica (LMC) ocorre quando uma célula progenitora hematopoiética
pluripotente anormal inicia a produção excessiva de células de linhagem mieloide, primariamente na
medula óssea, mas também em locais extramedulares (p. ex., baço, fígado). Embora a produção de
granulócitos predomine, o clone neoplásico inclue eritrócitos, megacariócitos, monócitos e mesmo
algumas células B e T. As células-tronco normais são retidas e podem emergir após a supressão por
fármaco do clone da Leucemia mieloide crônica (LMC).
Fase crônica: uma fase inicial indolente que pode durar 5 a 6 anos
Fase blástica: acúmulo de blastos fora da medula (p. ex., ossos, sistema nervoso central,
linfonodos e pele), aumento do número de blastos no sangue ou na medula para ≥ 20%
A fase blástica causa complicações fulminantes, lembrando aquelas da leucemia aguda, incluindo
sepse e sangramento. Alguns pacientes progridem diretamente da fase crônica para a fase blástica.
No início, palidez, sangramento, hematoma fácil e linfadenopatia são incomuns, mas esplenomegalia
moderada ou ocasionalmente extrema é usual (60 a 70% dos casos). Com a progressão da doença, a
esplenomegalia pode aumentar e ocorrem palidez e sangramento. Febre, linfadenopatia acentuada e
envolvimento da pele maculopapular são desenvolvimentos preocupantes.
Suspeita-se mais frequentemente de leucemia mieloide crônica com base em hemograma completo
anormal obtido de modo incidental ou durante a avaliação de esplenomegalia. A contagem de
granulócitos é elevada, geralmente < 50.000/mcL (≤ 50 × 109/L) nos pacientes assintomáticos e
200.000/mcL (200 × 109/L) a 1.000.000/mcL (1.000 × 109/L) nos pacientes sintomáticos. Neutrofilia (um
diferencial de leucócitos com desvio para a esquerda), basofilia e eosinofilia são comuns. A contagem
de plaquetas é normal ou moderadamente elevada e, em alguns pacientes, a trombocitose é a
primeira manifestação. O nível de hemoglobina costuma ser > 10 g/dL (> 100 g/L).
Revisão do esfregaço periférico pode ajudar a diferenciar a leucemia mieloide crônica (LMC) da
leucocitose de outra etiologia. Na leucemia mieloide crônica (LMC), o exame direto de sangue
periférico muitas vezes revela granulócitos imaturos, bem como eosinofilia e basofilia absolutas.
Entretanto, em alguns pacientes com leucometria ≤ 50.000 células/mcL (≤ 50 × 109/L) e mesmo em
alguns com contagem mais alta de leucócitos, os granulócitos imaturos podem não ser vistos.
O exame da medula óssea deve ser feito para avaliar o cariótipo, bem como a celularidade e a
extensão da mielofibrose.
Durante a fase acelerada da leucemia mieloide crônica (LMC), anemia e trombocitopenia quase
sempre se desenvolvem. Os basófilos podem aumentar e a maturação do granulócito pode ser
defeituosa. A proporção de células mieloides imaturas pode aumentar. Na medula óssea, pode
desenvolver-se mielofibrose e pode haver sideroblastos em anel, assim como aplasia eritrocitária,
que podem passar despercebidas em razão do aumento da celularidade da medula. A evolução do
clone neoplásico pode estar associada ao desenvolvimento de novos cariótipos anormais, geralmente
um cromossomo 8 extra ou isocromossomo 17q [i(17q)] ou reduplicação de bcr-abl.
A evolução posterior pode levar a uma fase blástica com mieloblastos (60% dos pacientes),
linfoblastos (30%) e megacariocitoblastos (10%) e, raramente, eritroblastos. Em 80% desses pacientes,
ocorrem anormalidades cromossômicas adicionais.
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07/05/2023, 18:44 Leucemia mieloide crônica (LMC) - Hematologia e oncologia - Manuais MSD edição para profissionais
O asciminibe (ligante da bolsa ABL) está disponível para LMC previamente tratada com dois ou mais
inibidores da tirosina quinase ou LMC em fase crônica com a mutação T315I.
Inibidores da tirosina quinase inibem o oncogene BCR-ABL, que é responsável pela indução da LMC.
Esses fármacos são extremamente eficazes para alcançar remissões clínicas e citogenéticas
completas da leucemia mieloide crônica (LMC) positiva para o cromossomo Ph e são claramente
superiores a outros regimes farmacológicos (p. ex., interferon com ou sem citarabina).
A resposta à terapia com TKI é o fator prognóstico mais importante em pacientes com leucemia
mieloide crônica (LMC). Mede-se a resposta do paciente no início do tratamento e então depois de 3
meses, 6 meses e 1 ano. Pode-se avaliar a resposta com um teste molecular (medição da proteína
BCR-ABL) ou um teste citogenético (medição das células cromossômicas Ph+), mas recomenda-se
realizar ambos sempre que possível. Define-se uma resposta molecular maior como BCR-ABL no
sangue < 1/1000 (ou menos) do valor esperado para a leucemia mieloide crônica (LMC) não tratada.
Se, após 12 meses, uma resposta molecular maior é alcançada, pode-se monitorar a resposta a cada
3 a 6 meses por reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real da proteína BCR-ABL; o
teste citogenético é necessário apenas no caso de falha ou se o teste molecular padrão não está
disponível.
Raramente, outros fármacos são usados como paliativos na leucemia mieloide crônica (LMC). Esses
fármacos incluem hidroxiureia, bussulfano e interferon recombinante ou interferon peguilado. O
principal benefício da hidroxiureia é a redução da esplenomegalia dolorosa e da adenopatia e o
controle da carga tumoral para diminuir a incidência da síndrome de lise tumoral e gota. Nenhum
desses fármacos parece prolongar a sobrevida, embora o interferon possa produzir remissão clínica
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em cerca de 19% dos pacientes.
Usa-se seletivamente transplante de células-tronco alogênico, por causa de sua toxicidade e por
causa da eficácia dos inibidores de tirosina quinase. Reserva-se o transplante a pacientes com
leucemia mieloide crônica (LMC) em fase acelerada ou blástica resistente a inibidores da BCR-ABL. O
transplante pode ser curativo.
Pontos-chave
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo
deste recurso.
Leukemia and Lymphoma Society: Resources for Healthcare Professionals: fornece informações sobre
pesquisas e ensaios clínicos e recursos para encaminhamentos para cuidados especializados
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