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REUMATOLÓGICA
E ONCOLÓGICA
Fisioterapia aplicada
à onco-hematologia
Lucimara Ferreira Magalhães
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre os tipos, as etiologias,
as ocorrências, os fatores de risco e o tratamento dos cânceres hematológicos.
De uma forma breve, serão abordados aspectos relacionados a sintomatologia,
recidiva e ocorrência do câncer no organismo humano. Para isso, serão especi-
ficados os tipos de cânceres entre mieloides e linfoides, que caracterizam um
pouco melhor essa divisão.
Além disso, serão observadas a atuação fisioterapêutica e sua importância
nos contextos hospitalar e ambulatorial, visto que as ações podem abarcar todas
as condições necessitadas aos pacientes com câncer hematológico.
As condutas e técnicas fisioterapêuticas não serão responsáveis por curar
os quadros clínicos dos pacientes, mas serão de extrema importância tanto nas
ações relacionadas ao sistema respiratório, quanto nas do sistema motor. Além
disso, outras terapias desenvolvidas por fisioterapeutas poderão somar ao tra-
tamento do paciente hematológico, visando aos cuidados paliativos ou à melhora
da qualidade de vida no geral.
2 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia
Câncer hematológico
O câncer hematológico consiste na alteração, reprodução ou transformação
das células normais em células malignas, que podem afetar todos os sistemas
do corpo, visto que o sistema sanguíneo é responsável por manter o aporte
de nutrientes de todo o sistema. Sendo assim, esse é um tipo de câncer que
pode ser letal e afetar de forma significativa a qualidade de vida de seu
portador. De acordo com o Registro de Câncer e Sistema de Informações
sobre Mortalidade, no ano de 2020 a incidência de casos de leucemias foi de
5.920 (2,6%) em homens e 5.450 (2,4%) em mulheres (INCA, 2020a). Já a taxa
de mortalidade foi de 4.014 (3,3%) em homens e 3.356 (3%) em mulheres no
ano de 2019 (INCA, 2020b).
O câncer hematológico acontece em grande parte da população, o que
indica a necessidade de os profissionais fisioterapeutas adentrarem nos
assuntos relacionados à doença, de forma a compreender melhor o estado
de saúde-doença do indivíduo, assim como visualizar quais serão as condutas
mais adequadas dentro da fisioterapia para proporcionar uma melhora da
qualidade de vida e da função, quando possível. É importante ressaltar que
as condutas não resultarão diretamente na resolução da condição clínica do
paciente, no entanto, o conjunto de condutas adotado pelo fisioterapeuta
pode auxiliar na melhora das condições físicas e mentais dos pacientes que
sofrem com a doença.
Neoplasias mieloides
A leucemia mieloide aguda (LMA) é considerada maligna e afeta comumente
a população acima de 60 anos de idade. Ela é comum de ser diagnosticada
em pessoas que já passaram por outros cânceres e que foram expostos aos
tratamentos de quimioterapia e radioterapia. De acordo com a literatura,
os agentes alquilantes podem levar ao seu desenvolvimento, que leva em
torno de 5 a 10 anos. Os casos de síndrome mielodisplásica e os distúrbios
mieloproliferativos podem evoluir para quadros de LMA. Além disso, as leu-
cemias secundárias (causadas pelo tratamento prévio de outras doenças
mieloides) podem desencadear novos casos de LMA. A literatura também
aponta que portadores da síndrome de Down possuem maior probabilidade
de desenvolver LMA (CHABNER; LONGO, 2015).
A leucemia aguda acontece devido ao clone de células-tronco leucêmicas,
o que faz com que aconteçam mutações do DNA das células mieloides e a
proliferação descontrolada. Seu diagnóstico pode ser dado a partir de sin-
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Complicação Causa
Eritromegalia Trombocitose
Neoplasias linfoides
A leucemia linfoblástica aguda (LLA) é altamente agressiva e ataca as células
hematopoiéticas linfoides. Nela acontece o acúmulo de linfoblastos T ou B
anormais na medula, no sangue e em outros locais extramedulares. Ela é
mais comum em crianças e era fatal até a década de 1960. Evidências apon-
tam que alguns fatores podem expor as crianças ao risco de desenvolver a
LLA, como tabagismo parental, infecção, dieta, campos eletromagnéticos,
hidrocarbonetos e radiação causada por exames complementares. Outros
fatores de risco para a doença são: sexo masculino, idade entre 2 e 5 anos,
raça branca, melhor nível socioeconômico, fatores hereditários, exposição a
radiação e substâncias químicas (CHABNER; LONGO, 2015).
O diagnóstico é feito de acordo com a evolução dos sintomas de forma
inconclusiva com outras doenças. É comum que apareçam os sintomas físi-
cos resultantes da insuficiência da medula, devido à proliferação de células
leucêmicas. O tratamento consiste na quimioterapia, sendo que 98% dos
casos apresentam remissão com sobrevida de pelo menos 5 anos (CHABNER;
LONGO, 2015).
Na leucemia linfocítica crônica (LLC), acontece o acúmulo de linfócitos
monoclonais no sangue, na medula e nos tecidos linfoides. Ela atinge em
maior parte os adultos e ocidentais, correspondendo a 30% das leucemias.
A causa da doença ainda é desconhecida, mas desconfia-se que os fatores
ambientais, como exposição à luz solar, irradiação, toxinas químicas ou vírus,
possam estar relacionados com seu aparecimento. As células da LLC consistem
em receptor de células B defeituoso, o que ocasiona o acúmulo de células da
LLC na fase inicial (CHABNER; LONGO, 2015).
Os sintomas apresentados pelos pacientes são leves, como fadiga e mal-
-estar, sendo que boa parte pode permanecer assintomático e cerca de 80%
possui linfadenopatia indolor. Eles podem apresentar anemia ou trombo-
citopenia, sendo necessário verificar se há a infiltração da medula óssea
ou destruição dos anticorpos durante a progressão da doença. O diagnós-
tico pode evidenciar linfocitose benigna ou outras leucemias de células B.
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Leitura recomendada
CRUZ, T. C. et al. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com leucemia e lin-
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