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FISIOTERAPIA

REUMATOLÓGICA
E ONCOLÓGICA
Fisioterapia aplicada
à onco-hematologia
Lucimara Ferreira Magalhães

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Descrever o câncer hematológico.


>> Reconhecer o papel da assistência fisioterapêutica ao paciente com câncer
hematológico no âmbito hospitalar.
>> Explicar a atuação do fisioterapeuta em pacientes com câncer hematológico
em tratamento ambulatorial.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre os tipos, as etiologias,
as ocorrências, os fatores de risco e o tratamento dos cânceres hematológicos.
De uma forma breve, serão abordados aspectos relacionados a sintomatologia,
recidiva e ocorrência do câncer no organismo humano. Para isso, serão especi-
ficados os tipos de cânceres entre mieloides e linfoides, que caracterizam um
pouco melhor essa divisão.
Além disso, serão observadas a atuação fisioterapêutica e sua importância
nos contextos hospitalar e ambulatorial, visto que as ações podem abarcar todas
as condições necessitadas aos pacientes com câncer hematológico.
As condutas e técnicas fisioterapêuticas não serão responsáveis por curar
os quadros clínicos dos pacientes, mas serão de extrema importância tanto nas
ações relacionadas ao sistema respiratório, quanto nas do sistema motor. Além
disso, outras terapias desenvolvidas por fisioterapeutas poderão somar ao tra-
tamento do paciente hematológico, visando aos cuidados paliativos ou à melhora
da qualidade de vida no geral.
2 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia

Câncer hematológico
O câncer hematológico consiste na alteração, reprodução ou transformação
das células normais em células malignas, que podem afetar todos os sistemas
do corpo, visto que o sistema sanguíneo é responsável por manter o aporte
de nutrientes de todo o sistema. Sendo assim, esse é um tipo de câncer que
pode ser letal e afetar de forma significativa a qualidade de vida de seu
portador. De acordo com o Registro de Câncer e Sistema de Informações
sobre Mortalidade, no ano de 2020 a incidência de casos de leucemias foi de
5.920 (2,6%) em homens e 5.450 (2,4%) em mulheres (INCA, 2020a). Já a taxa
de mortalidade foi de 4.014 (3,3%) em homens e 3.356 (3%) em mulheres no
ano de 2019 (INCA, 2020b).
O câncer hematológico acontece em grande parte da população, o que
indica a necessidade de os profissionais fisioterapeutas adentrarem nos
assuntos relacionados à doença, de forma a compreender melhor o estado
de saúde-doença do indivíduo, assim como visualizar quais serão as condutas
mais adequadas dentro da fisioterapia para proporcionar uma melhora da
qualidade de vida e da função, quando possível. É importante ressaltar que
as condutas não resultarão diretamente na resolução da condição clínica do
paciente, no entanto, o conjunto de condutas adotado pelo fisioterapeuta
pode auxiliar na melhora das condições físicas e mentais dos pacientes que
sofrem com a doença.

Neoplasias mieloides
A leucemia mieloide aguda (LMA) é considerada maligna e afeta comumente
a população acima de 60 anos de idade. Ela é comum de ser diagnosticada
em pessoas que já passaram por outros cânceres e que foram expostos aos
tratamentos de quimioterapia e radioterapia. De acordo com a literatura,
os agentes alquilantes podem levar ao seu desenvolvimento, que leva em
torno de 5 a 10 anos. Os casos de síndrome mielodisplásica e os distúrbios
mieloproliferativos podem evoluir para quadros de LMA. Além disso, as leu-
cemias secundárias (causadas pelo tratamento prévio de outras doenças
mieloides) podem desencadear novos casos de LMA. A literatura também
aponta que portadores da síndrome de Down possuem maior probabilidade
de desenvolver LMA (CHABNER; LONGO, 2015).
A leucemia aguda acontece devido ao clone de células-tronco leucêmicas,
o que faz com que aconteçam mutações do DNA das células mieloides e a
proliferação descontrolada. Seu diagnóstico pode ser dado a partir de sin-
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tomas inespecíficos (fadiga, dispneia e sangramento) somados a alterações


no hemograma e na biópsia da medula óssea (CHABNER; LONGO, 2015).
De acordo com Vardiman et al. (2009), a Organização Mundial de Saúde
(OMS) aponta que o diagnóstico de LMA é dado quando o paciente apresenta
na anamnese e exame clínico a fadiga, dispneia, palidez, petéquias, febre,
sudorese noturna e esplenomegalia. Esses pacientes podem ter as taxas de
leucócitos aumentadas, normais ou reduzidas, sendo comum a anemia e a
trombocitopenia. No exame de esfregaço de sangue periférico, aparecem
mieloblastos e outras células progenitoras imaturas, apontando para a do-
ença mielocística. Além disso, a partir da biópsia da medula óssea pode-se
classificar a leucemia mieloide em:

„„ aguda com anormalidades genéticas recorrentes;


„„ aguda com alterações relacionadas à mielodisplasia;
„„ neoplasias mieloides relacionadas a tratamento;
„„ aguda sem outra especificação (quando não há diferenciação, sem ou
com maturação, leucemia mielomonocítica aguda, monoblástica ou
monocítica aguda, eritroide aguda, megacarioblástica aguda, basofílica
aguda ou pan-mielose aguda com mielofribrose);
„„ sarcoma mieloide;
„„ proliferações mieloides relacionadas com a síndrome de Down;
„„ neoplasia de células dendríticas plasmocitoides blásticas.

O tratamento da LMA acontece por meio de quimioterapia, para a redução


e remissão do processo, sendo que o esquema “7 +3” é o mais utilizado, que
indica 3 dias administrando uma antraciclina e 7 dias com citarabina por
infusão (FARAG et al., 2005). O transplante de células-tronco alogênico, isto é,
com células-tronco do próprio corpo, pode ser considerado para o tratamento
desses pacientes, quando na primeira remissão para aqueles com alto risco
de recidiva ou aqueles que possuem anormalidades citogenéticas complexas
ou LMA secundária (CHABNER; LONGO, 2015).
Os pacientes idosos e que possuem maiores comorbidades podem ser
mais sensíveis e não tolerar o tratamento da quimioterapia, sendo necessário
outro método de intervenção menos nocivo. Assim, eles são tratados com
inibidores de DNA metiltransferase (DMTI), tratamento que pode ser reali-
zado ambulatorialmente e não é tão intenso quanto a quimioterapia. Esses
pacientes também podem ser abordados com cuidados paliativos, de forma
a reduzir as concentrações dos agentes da quimioterapia, sendo que esse
benefício ainda não é definido na literatura (ESTEY, 2000).
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Os pacientes portadores de LMA estão sujeitos a recidivas, mesmo após


o tratamento com quimioterapia convencional. Essa recidiva pode acontecer
cerca de 1 ano após o tratamento, e os pacientes serão tratados com novas
combinações de fármacos, como mitoxantrona e etoposídeo. Esses pacientes
ainda podem desenvolver complicações devido ao tratamento, como leu-
costase (taxa de blastos > 100.000/microL), que podem estar caracterizadas
por infiltrados pulmonares, alterações da visão ou sangramento do sistema
nervoso central. Entre outras complicações, a infecção pode ser uma causa
de morte desses pacientes, visto que eles se apresentam neutropênicos e
mais suscetíveis a infecções por bactérias gram-negativas, que levam ao
maior risco de vida de forma precoce (CHABNER; LONGO, 2015).
A destruição das células tumorais de forma rápida pode acontecer e evoluir
para desequilíbrio eletrolítico importante, ocasionando insuficiência renal
aguda ou arritmias cardíacas que podem ser fatais. O sangramento é expli-
cado pela trombocitopenia, em que os pacientes devem receber transfusão
sanguínea para manter a contagem plaquetária mais próxima do normal.
A coagulação intravascular disseminada é comum na leucemia promielocítica
aguda, mas pode acontecer nos portadores de LMA, principalmente nos
portadores com variantes monocíticas. A meningite leucêmica atinge pouco
os pacientes com LMA e deve ser tratada com terapia intratecal por meio da
punção lombar até a resolução do distúrbio (CHABNER; LONGO, 2015).
A leucemia promielocítica aguda (LPMA) é responsável por 10 a 155 das
LMAs e ocorre na quebra dos cromossomos 15 e 17. O diagnóstico dessa doença
acontece por meio das observações de promielócitos com grânulos azurófilos
intensos, sendo que, nesse caso, o tratamento será diferente dos outros tipos
de LMA. Para esses pacientes, a taxa de leucócitos costuma ser mais baixa e,
quando a taxa tende a ser maior, o prognóstico tende a ser desfavorável ao
caso clínico. Esses pacientes podem apresentar sangramento e trombose.
Além disso, devem-se observar os exames de hemograma, painel bioquímico,
níveis de ácido úrico, LDH, tempo de protrombina, tempo de tromboplastina
parcial e rastreamento para coagulação intravascular disseminada (CIVD)
(CHABNER; LONGO, 2015).
As síndromes mielodisplásicas (SMDs) são consideradas pré-malignas e
são bem próximas às células da LMA. Esses distúrbios acontecem em células-
-tronco hematopoiéticas clonais e comprometem a hematopoiese normal.
Assim, clinicamente, os pacientes apresentam citopenias, e uma parte dos
pacientes desenvolve LMA. O tratamento considerado curativo para esses
distúrbios é o transplante de células-tronco hematopoiéticas. Entre as ca-
racterísticas principais relacionadas aos quadros clínicos de SMDs, pode-se
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citar: uma ou mais citopenias; displasia hematopoiética; hipercelularidade da


medula óssea; menos de 20% de mieloblastos da medula óssea; citogenética
anormal em boa parte dos pacientes; relação com quimioterapia ou radio-
terapia prévia; desenvolvimento de LMA por cerca de 30% desses pacientes
(CHABNER; LONGO, 2015).
As causas da SMD podem ser desconhecidas, mas sabe-se que defeitos
intrínsecos das células hematopoiéticas e defeitos extrínsecos do microam-
biente da medula óssea podem estar relacionados com o seu surgimento.
É comum que esses pacientes tenham realizado tratamento com quimioterapia
e radioterapia anteriormente, sendo que no período de 3 a 10 anos os pacientes
podem desenvolver anormalidades cromossômicas complexas, gerando a
doença. É comum que a doença afete a população por volta dos 70 anos de
idade, sobretudo homens, e pode estar associada à exposição à quimioterapia
ou radioterapia, além de agentes genotóxicos (CHABNER; LONGO, 2015).
O diagnóstico dessa doença acontece pela avaliação das citopenias, sendo
que uso de medicamentos antibióticos e agentes quimioterápicos são causas
comuns. As infecções por vírus (como vírus da hepatite B e C, citomegalovírus,
parvovírus, vírus da imunodeficiência humana, entre outros) também podem
constituir causa da doença. Nos hemogramas constam as citopenias eviden-
ciadas em caso da doença, além disso, observam-se os níveis de ferro, para
verificar a necessidade de suplementar a alimentação para o aumento da
hematopoiese ou verificar seu excesso e sobrecarga no sistema. A vitamina B12
também é outro fator que deve ser monitorado, visto sua participação na
hematopoiese (CHABNER; LONGO, 2015).
No exame de biópsia de medula óssea, se avaliam a celularidade e a por-
centagem de mieloblastos. Nos exames da medula podem-se observar outras
neoplasias, como LMA e linfomas não Hodgkin, além da anemia aplásica. Sendo
assim, os exames laboratoriais serão base para a avaliação e alterações pos-
síveis no caso da SMD. O tratamento para essa síndrome consiste na melhora
dos déficits hematológicos, assim como na restauração da hematopoiese
normal, reduzindo, assim, o risco de clone maligno (CHABNER; LONGO, 2015).
Neoplasias mieoloproliferativas podem ser divididas em policitemia vera
e mielofibrose primária, trombocitose essencial. A policitemia vera (PV) con-
siste em distúrbio de clone da célula-tronco hematopoiética multipotente,
em que há o excesso de produção de eritrócitos, leucócitos e plaquetas.
Ela é o distúrbio mais comum dentre os mieloproliferativos e atinge 2/100.000
pessoas. É mais comum que ela atinja mulheres por volta dos 40 anos de idade.
Sua etiologia ainda não é conhecida, sendo conhecidas apenas as alterações
nos cromossomos 1, 8, 9, 13 e 20 (CHABNER; LONGO, 2015).
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Clinicamente a PV pode se manifestar por contagem alterada nos exames


hematológicos, sendo que são mais comuns os aumentos nas contagens
de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. É comum também a hematopoiese
extramedular, apresentada como esplenomegalia palpável, e raramente a
mielofibrose acontece como manifestação inicial da PV. Ela manifesta aumento
da coagulação, assim a trombose arterial ou venosa podem ser manifestações
da doença (CHABNER; LONGO, 2015).
Nos exames laboratoriais, são comuns as alterações na contagem de eritró-
citos, granulócitos e plaquetas, sendo também reduzido o volume corpuscular
médio quando há depleção das reservas de ferro. Outros fatores, como o
nível elevado de fosfatase alcalina leucocitária, vitamina B12, podem estar
associados ao aumento da liberação de transcobalamina III nos granulócitos
(CHABNER; LONGO, 2015).
Para o diagnóstico, o aumento da massa eritrocitária deve ser levado
em conta, visto que essa é uma única característica que diferencia a PV
de outros distúrbios. As complicações relacionadas à PV são dispostas no
Quadro 1, a seguir.

Quadro 1. Complicações da policitemia vera

Complicação Causa

Trombose, hemorragia, hipertensão Elevação da massa eritrocitária,


diminuição dos multímeros

Organomegalia Hematopoiese extramedular ou


elevação da massa eritrocitária

Prurido, doença ácido-péptica Mediadores da inflamação

Eritromegalia Trombocitose

Hiperuricemia, gota, cálculos renais Aumento da renovação celular

Mielofibrose Reação ao clone neoplásico

Leucemia aguda Evolução induzida por tratamento


clonal

Fonte: Chabner e Longo (2015, p. 347).


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A mielofibrose primária é a menos comum dentre essas doenças e atinge


pessoas com média de 60 anos de idade. Sua incidência é de aproximadamente
1/100.000 pessoas, sendo mais comum em homens. Dentre os distúrbios que
podem causar a mielofibrose estão os seguintes (CHABNER; LONGO, 2015).

„„ Distúrbios malignos: leucemia aguda, mieloide crônica, de células


pilosas, doença de Hodgkin, mielofibrose idiopática, linfoma, mieloma
múltiplo, mielodisplasia, carcinoma metastático, policitemia vera e
mastocitose sistêmica.
„„ Distúrbios não malignos: HIV, hiperparatireoidismo, osteodistrofia
renal; lúpus eritematoso sistêmico, tuberculose, deficiência de vitamina
D, exposição ao dióxido de tório e síndrome das plaquetas cinzentas.

Clinicamente, o paciente pode apresentar anormalidades no hemograma


e baço palpável, o que difere dos outros distúrbios mieloproliferativos crô-
nicos. Os sintomas iniciais podem ser febre, sudorese noturna, anorexia,
prurido, fraqueza, fadiga e perda de peso. Em homens, a trombocitose pode
ser a primeira manifestação mais comum, em vista da leucocitose isolada.
A esplenomegalia palpável é um achado clínico comum e a hepatomegalia é
poucas vezes observada (CHABNER; LONGO, 2015).
A trombocitose essencial é clinicamente indefinida entre os distúrbios
mieloproliferativos, sendo que não há um marcador específico para essa
doença. Sua etiologia não é conhecida, sendo que as manifestações clínicas
são trombose e hemorragia. Podem acontecer também as síndromes oclusivas
microvasculares (enxaqueca, ataques isquêmicos transitórios, distúrbios visu-
ais, tonturas), mas que não são específicas da doença (CHABNER; LONGO, 2015).
Os achados laboratoriais podem apontar para contagem de plaquetas
por volta de 1.000.000/μL, sendo incomum a anemia nesses quadros. Anor-
malidades na coagulação também podem estar presentes e representar
consequências intrínsecas das plaquetas. O diagnóstico da doença é de
difícil acesso, visto que pode se confundir com PV ou MFP. O tratamento
da trombocitose essencial deve considerar a acurácia do diagnóstico e não
causar danos ao paciente, visto que ela não reduz o tempo de vida. Ela pode
ser tratada com fármacos para a redução de risco de trombose, assim como
a contagem e o controle da quantidade de plaquetas no sangue (CHABNER;
LONGO, 2015).
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A leucemia mieloide crônica (LMC) ocasiona o clone das células-tronco


hematopoiéticas, afetando todos os tipos de células, exceto os linfócitos T.
O diagnóstico é dado na contagem elevada de leucócitos, sendo que inicial-
mente os pacientes são assintomáticos. Na fase acelerada, podem ser relata-
das sudorese noturna, adenopatia e esplenomegalia (CHABNER; LONGO, 2015).

Neoplasias linfoides
A leucemia linfoblástica aguda (LLA) é altamente agressiva e ataca as células
hematopoiéticas linfoides. Nela acontece o acúmulo de linfoblastos T ou B
anormais na medula, no sangue e em outros locais extramedulares. Ela é
mais comum em crianças e era fatal até a década de 1960. Evidências apon-
tam que alguns fatores podem expor as crianças ao risco de desenvolver a
LLA, como tabagismo parental, infecção, dieta, campos eletromagnéticos,
hidrocarbonetos e radiação causada por exames complementares. Outros
fatores de risco para a doença são: sexo masculino, idade entre 2 e 5 anos,
raça branca, melhor nível socioeconômico, fatores hereditários, exposição a
radiação e substâncias químicas (CHABNER; LONGO, 2015).
O diagnóstico é feito de acordo com a evolução dos sintomas de forma
inconclusiva com outras doenças. É comum que apareçam os sintomas físi-
cos resultantes da insuficiência da medula, devido à proliferação de células
leucêmicas. O tratamento consiste na quimioterapia, sendo que 98% dos
casos apresentam remissão com sobrevida de pelo menos 5 anos (CHABNER;
LONGO, 2015).
Na leucemia linfocítica crônica (LLC), acontece o acúmulo de linfócitos
monoclonais no sangue, na medula e nos tecidos linfoides. Ela atinge em
maior parte os adultos e ocidentais, correspondendo a 30% das leucemias.
A causa da doença ainda é desconhecida, mas desconfia-se que os fatores
ambientais, como exposição à luz solar, irradiação, toxinas químicas ou vírus,
possam estar relacionados com seu aparecimento. As células da LLC consistem
em receptor de células B defeituoso, o que ocasiona o acúmulo de células da
LLC na fase inicial (CHABNER; LONGO, 2015).
Os sintomas apresentados pelos pacientes são leves, como fadiga e mal-
-estar, sendo que boa parte pode permanecer assintomático e cerca de 80%
possui linfadenopatia indolor. Eles podem apresentar anemia ou trombo-
citopenia, sendo necessário verificar se há a infiltração da medula óssea
ou destruição dos anticorpos durante a progressão da doença. O diagnós-
tico pode evidenciar linfocitose benigna ou outras leucemias de células B.
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O tratamento da LLC consiste em terapia imunossupressora e, em alguns


casos, no transplante de medula óssea (CHABNER; LONGO, 2015).
A doença de Hodgkin consiste em doença clonal, em que a reprodução
linfoide é maligna, e é comum como o mieloma múltiplo, atingindo 11% dos
casos de linfomas. As manifestações clínicas clássicas são adenopatia indolor
no pescoço, febre intermitente, prurido, dor induzida por álcool, dor óssea,
derrame ou tamponamento pericárdico e derrame pleural. Nos exames labo-
ratoriais podem ser encontradas granulocitose, trombocitose, eosinofilia e
aumento da fosfatase alcalina. O diagnóstico é feito por biópsia e a maioria dos
pacientes é submetida ao tratamento quimioterápico (CHABNER; LONGO, 2015).
O linfoma folicular representa cerca de 20 a 30% dos linfomas não Hodgkin,
mais comum na região ocidental. Nele há a tendência neoplásica de formar
nódulos microscópicos, sendo que a origem é na célula B. Ele é mais comum
em indivíduos de pele branca, meia-idade ou idosos; quando em crianças,
se manifesta localizado, o que torna mais fácil sua erradicação, durante
o tratamento inicial. Seu diagnóstico é realizado por meio do linfonodo,
na biópsia. O tratamento deve ser precoce, para garantir a chance de sobrevida,
e realizado por meio da quimioterapia ou imunoterapia. O transplante de
células-tronco é controverso, visto que não aumenta a sobrevida do paciente
(CHABNER; LONGO, 2015).
Os tratamentos dos pacientes podem ser dados a partir do ambiente
hospitalar ou no ambulatório, dependendo de suas condições clínicas no
momento. A fisioterapia atuará no tratamento de forma indireta, oferecendo
seus cuidados para os sintomas e as alterações relacionadas aos aparelhos
cardiorrespiratório, neurológico e motor. Logo, a fisioterapia deve estar pre-
sente tanto no âmbito hospitalar, no acompanhamento do paciente, como no
âmbito ambulatorial, em que muitas vezes se busca a melhora das funções
físicas, cognitivas, neurais, entre outras (INCA, 2019).

Assistência fisioterapêutica ao paciente


com câncer hematológico no âmbito
hospitalar
O fisioterapeuta é o profissional que atua nas funções dos diversos siste-
mas corporais do paciente. Considerando o ambiente hospitalar e o quadro
agudo ou crônico que pode envolver o paciente com câncer hematológico,
o profissional deve conhecer bem quais são os sintomas físicos e mentais
que esses pacientes irão apresentar no decorrer da doença e no período de
hospitalização.
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Vários fatores podem levar o paciente à hospitalização, entre eles a gra-


vidade do quadro clínico e a necessidade de controle médico intensivo ou
semi-intensivo, para a manutenção de sua saúde e vitalidade. Nesse sentido,
a equipe multiprofissional atua e oferta seus cuidados a serviço da melhora
clínica geral do paciente, assim como da melhora específica dentro de suas
funções individuais. Sendo assim, nesta seção serão descritos os cuidados
relacionados à fisioterapia para esses pacientes, assim como a avaliação e
a prescrição de exercícios no âmbito hospitalar.

Cuidados da fisioterapia no tratamento do câncer


hematológico no âmbito hospitalar
O fisioterapeuta é o profissional que atua sobre as funções motoras, car-
diorrespiratórias e neurológicas do paciente dentro do ambiente hospitalar.
Assim, o paciente que se encontra nesse ambiente tende a ter suas funções
reduzidas, assim como sofrer sequelas relacionadas ao período de hospi-
talização ou mesmo devido ao tratamento farmacológico, radiológico e/ou
quimioterápico. Nesse sentido, esse profissional deverá acompanhar todo
o período de internação, assim como avaliar e propor medidas adequadas
para cada caso de paciente, indicando suas necessidades momentâneas
e seguindo um fluxo de tratamento durante todo o período de internação.
Há poucas condições em que a fisioterapia será contraindicada, sendo uma
delas o desequilíbrio constante das funções cardiorrespiratórias, principal-
mente aquelas relacionadas com o sistema vascular, pois qualquer movimento,
mesmo que de forma passiva, possa influenciar negativamente no quadro
clínico do paciente.
Esses pacientes poderão apresentar diversos sinais e sintomas, como os
descritos na seção anterior, sendo que a função do fisioterapeuta também
consiste na orientação sobre posicionamentos e incentivos para a independên-
cia do paciente no âmbito de seu leito. Essas atividades, mesmo que poucas,
tornam o paciente mais ativo e promovem a redução da perda muscular e a
redução da mobilidade geral devido à posição acamada do paciente. É im-
portante ressaltar que, em diversas condições, esse paciente será impedido
de se movimentar, devido a condições sedativas, por exemplo, ou ao longo
período de hospitalização ou cronicidade da doença, não permitindo sua
independência ou movimentação voluntária, mesmo que mínima.
Os sintomas mais comuns entre os pacientes onco-hematológicos são fa-
diga, mucosite, infecções respiratórias e microatelectasias, náuseas e vômitos,
doença do enxerto versus o hospedeiro (DEVH). Para cada uma dessas con-
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dições, a fisioterapia pode desempenhar suas condutas, de forma a oferecer


benefícios para os pacientes, assim como evitar condutas que favoreçam o
desconforto, principalmente na fase inicial ou mais aguda desses sintomas.
Dessa forma, o fisioterapeuta poderá desempenhar condutas cinesio-
terápicas a fim de promover a mobilização do paciente, de forma passiva,
ativo-assistida ou ativa, mantendo-o ativo em suas estruturas físicas.
Essas condutas são importantes para a manutenção da mobilidade corporal,
assim como das amplitudes de movimento, do feedback neuromuscular e
das estruturas que envolvem o sistema. Essas condutas devem ser sempre
preconizadas, a partir da adesão do paciente, assim como a indicação devido
a seu caso clínico, sendo que poucas vezes o paciente deverá ser deixado
imóvel para a manutenção de suas funções fisiológicas, a fim de evitar de-
sequilíbrio metabólico ou vascular agudo.
A fadiga poderá afetar o paciente para os movimentos mais simples,
como pegar um copo ou alimentar-se, o que gera uma condição totalmente
dependente do acompanhante. Essa condição também afeta a dimensão
psicológica do paciente, causando-lhe sensação de extrema incapacidade,
reduzindo sua qualidade de vida e sua satisfação com a vida frente ao en-
frentamento da doença. Isso pode ser também um fator de desistência do
enfrentamento, assim como reduzir a perspectiva do paciente com relação
à cura ou à melhora de seus sintomas físicos.
Nesse sentido, o profissional da fisioterapia poderá desempenhar algumas
condutas dentro de seu campo profissional, por exemplo, as terapias manuais
(massagens), a fim de reduzir os sintomas, a tensão muscular e a ansiedade,
melhorar a circulação corporal e sua perspectiva frente aos sintomas e ao
enfrentamento da doença. No âmbito do ambiente hospitalar, deve-se con-
siderar que o paciente poderá estar em condições bastante agudas, o que
resultará em poucas técnicas possíveis e na passividade do paciente frente
aos estímulos da fisioterapia. Já nos momentos em que o paciente se mostrar
mais ativo e responsivo, o fisioterapeuta poderá utilizar da cinesioterapia
para promover o movimento e estimular as funções físicas.
Com relação à mucosite, o fisioterapeuta poderá intervir a partir de orien-
tações, assim como aplicação de laserterapia, como forma de estímulo à
remissão dos sintomas e cicatrização das lesões. É importante lembrar que
nos casos em que as mucosites forem à cavidade oral, deve-se ter os cuidados
com a biossegurança, tanto para a proteção do profissional, como uso de
máscaras e demais equipamentos de proteção, assim como a esterilização do
aparelho para evitar o contato direto com as superfícies mucosas do paciente.
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As infecções respiratórias e microatelectasias são complicações comuns


dos pacientes com câncer. Nesse sentido, a atuação do fisioterapeuta deverá
ser abordar as condições pneumológicas do paciente, por meio de técnicas
manuais, como reexpansão pulmonar, mobilização de secreções, exercícios
inspiratórios e expiratórios, a fim de melhorar as capacidades pulmonares e
a funcionalidade do sistema como um todo.
A fisioterapia também é responsável pelo aporte de oxigênio quando os
quadros infecciosos são mais graves. O profissional deverá realizar a avaliação
de acordo com as condições do paciente e adotar as condutas que melhor
condizerem com a situação clínica-funcional do paciente naquele momento.
Podem ser ofertados três meios de aportes de oxigênio: a ventilação mecânica,
a não invasiva e a oxigenoterapia.
Nos casos de náuseas e vômitos, o fisioterapeuta pode atuar com tera-
pias complementares, como é o caso da acupuntura e da acupressão, que
consistem em técnicas de formação para profissionais da saúde que buscam
o agulhamento ou pressão de pontos estratégicos para a redução ou alívio
dos sintomas físicos e psicológicos do paciente com câncer.
A DEVH é uma das possíveis complicações relacionada com o transplante
de medula óssea (TMO), quando o corpo rejeita, após algum tempo, as células
transplantadas. É valido reforçar que o tipo de transplante que mais oca-
siona essa doença é o alogênico, mostrando a alta capacidade do organismo
em rejeitar corpos considerados estranhos, mesmo quando estes não são.
O transplante alogênico é aquele cujas células-tronco hematopoiéticas são
coletadas antes do início do tratamento com a radioterapia ou quimioterapia
e são infundidas no paciente após o início do tratamento. Essa infusão incen-
tiva o corpo a reagir de forma positiva após o tratamento, frente a produzir
resposta importante e resolutiva para as possíveis deficiências que o sistema
possa encontrar na recuperação.
O pós-cirúrgico é marcado pelo processo de recuperação e monitoramento
do paciente no ambiente ainda hospitalar. A partir desse monitoramento,
a fisioterapia pode oferecer a prática de suas técnicas a fim de proporcionar
o alívio das dores, a redução do imobilismo (quando possível), as orientações
quanto ao posicionamento, a vigilância e ações voltadas para o sistema res-
piratório e o aparelho cardiovascular, entre outros. Assim, o fisioterapeuta
estará acima das funções corporais que lhe dizem respeito.
Por outras vezes, a recidiva ou o surgimento de complicações após o TMO
pode ocasionar maiores desconfortos e sintomas, que podem ser relacionados
ao aparelho respiratório, ao musculoesquelético ou ao sistema nervoso —
Fisioterapia aplicada à onco-hematologia 13

neste caso, podendo estar associados à dimensão psicológica, causando


ainda mais sofrimento desses pacientes.
Neste contexto, os fisioterapeutas deverão estabelecer avaliações minu-
ciosas e assertivas para identificar cada uma das situações, sempre visando a
oferecer o atendimento humanizado e integral a esses pacientes. A prescrição
de exercícios deverá ser observada de acordo com as condições clínicas gerais
e específicas de cada paciente, o que poderá oscilar durante o período de
internação devido à melhora em proximidade da alta ou da remissão ou piora,
devido ao insucesso do tratamento geral.

Avaliação da fisioterapia no tratamento do câncer


hematológico no âmbito hospitalar
A avaliação fisioterapêutica no paciente portador de câncer hematológico
deve ser pautada nos sinais e sintomas que este venha a apresentar, assim
como nos relatos e objetivos do paciente frente à busca do cuidado profissio-
nal. Dessa forma, a fisioterapia deverá consistir em condutas desde as mais
básicas até as mais complexas, sempre visando à melhora da qualidade de
vida e das condições clínicas relacionadas à doença. Dentre as dimensões
que deverão ser avaliadas pela fisioterapia, podemos citar: responsividade
do paciente; aspecto da pele e extremidades; presença de edema e sinais
inflamatórios locais; independência funcional; funções respiratórias; funções
motoras; funções neurológicas; dor e desconforto.
Vistas algumas das dimensões que deverão ser avaliadas na anamnese
fisioterapêutica, é importante frisar que os objetivos deverão ser sempre no
sentido de amenizar os sintomas e fornecer melhoras para o quadro clínico e a
sintomatologia do paciente. Essas condutas poderão atuar sobre a analgesia,
melhora da amplitude de movimento, relaxamento neuromuscular, tratamento
de feridas, fortalecimento e estímulo sensório-motor para a manutenção do
feedback neuromuscular, etc.
Os tratamentos da fisioterapia deverão perdurar durante todo o tempo
de internação, respeitando os momentos em que o paciente apresentar
contraindicações para determinados tipos de terapias, como a aplicação de
calor ou frio, a prescrição de exercícios, dentre outras condutas passíveis
da profissão. É importante que o profissional possua o devido feeling para
perceber as necessidades do paciente, mesmo quando este se encontra não
responsivo, casos em que o bom relacionamento com os acompanhantes po-
derá favorecer na adoção das condutas mais adequadas para aquele momento.
14 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia

Considerando o ambiente hospitalar e a tendência à imobilização, o pa-


ciente poderá apresentar déficits importantes no sistema respiratório e motor,
e o profissional da fisioterapia deverá estar acompanhando de perto essas
alterações, a fim de dar a devida atenção a essas condições, para preveni-
-las ou revertê-las. A fisioterapia pode contar com exercícios respiratórios,
assim como os meios de aporte de oxigênio para reestabelecer e estimular
as funções normais do sistema respiratório.
Paralelamente, a fisioterapia conta com recursos e técnicas que podem ser
aplicadas a fim de estimular as funções motoras, para a melhora/manutenção
das capacidades físicas mínimas durante o período de internação. Em alguns
casos, o paciente poderá se deslocar do leito, indicando que a função do
fisioterapeuta deve estar pautada na manutenção do ortostatismo à beira do
leito, e, quando possível, realizar caminhadas dentro do ambiente hospitalar.

Dentre os fatores que podem ser avaliados no âmbito hospitalar,


deve-se levar em consideração a qualidade de vida, que está re-
lacionada à satisfação do indivíduo com sua saúde, sua vida e suas condições
gerais financeiras, de relacionamento, entre outras. Faça uma busca pelo artigo
Avaliação da qualidade de vida de pacientescom leucemia e linfoma hospitali-
zados, de Cruz et al. (2018), que avaliou a qualidade de vida em pacientes com
câncer hematológico hospitalizados.

Prescrição da fisioterapia no tratamento do câncer


hematológico no âmbito hospitalar
O tratamento medicamentoso e a radioterapia podem expor o paciente a
efeitos colaterais, como fraqueza, indisposição física, sentimento de inca-
pacidade e outras condições mentais. Nesse sentido, fisioterapeuta deverá
atuar de forma a promover o movimento e o máximo de independência desse
paciente, para que ele obtenha sua recuperação integral e se mantenha
funcional (OLIVEIRA, 2015).
Diversos estudos apontam para a importância do exercício físico na vida do
paciente com câncer; independentemente de suas condições gerais clínicas, po-
dem ser prescritos diversos tipos e modalidades de exercícios. Esses exercícios
podem ir desde uma mobilização precoce, ou ativo-assistida, até o movimento
voluntário, associado à reabilitação cardiorrespiratória ou de sequelas físicas
ocasionadas pela doença ou pelo processo de tratamento (OLIVEIRA, 2015).
Fisioterapia aplicada à onco-hematologia 15

Nesse sentido, o profissional deverá estar atento às condições desse


paciente, assim como estar por dentro das alterações no quadro clínico, junto
à equipe multidisciplinar. O estudo de Oliveira (2015) mostra que mesmo com
o uso da quimioterapia, os pacientes podem se beneficiar da terapia por
exercícios. É importante levar em conta que o paciente pode apresentar os
sintomas da doença associados ao resultado da quimioterapia, que pode gerar
efeitos colaterais, como: fadiga, depressão, fraqueza muscular, entre outros.
Assim, os exercícios resistidos e os aeróbicos podem conduzir o paciente
à melhora fisiológica das funções, assim como de seu desempenho funcio-
nal e psicológico. Outra condição importante é a mudança na composição
corporal, que acontece quando aderem a programas de condicionamento via
fisioterapia no âmbito hospitalar. É importante ressaltar que a prescrição
deve ser minuciosa e diretamente relacionada com os achados clínicos na
avaliação fisioterapêutica, de forma a oferecer as melhores condutas para
cada paciente (OLIVEIRA, 2015).
O estudo de Almeida et al. (2012) aponta que o exercício físico é indicado
para a redução dos sintomas de fadiga relacionada ao câncer, mostrando
que protocolos de intervenções de seis semanas envolvendo treino de alta
intensidade podem melhorar as capacidades cardiovasculares e a consciência
corporal e reduzir a fadiga relacionada com a quimioterapia e o próprio câncer.
Com relação às concentrações citológicas nos exames sanguíneos,
o profissional deverá ter as devidas precauções quando estas atingirem um
nível mínimo, respeitando sempre o estado atual do paciente e orientando
da melhor forma possível. A redução do nível dessas células é denominada
citopenia, já citada em outros momentos, e provoca mal-estar, fadiga, fra-
queza, intolerância a exercícios e movimentos mais pesados, taquicardia,
palidez, entre outros. A redução considerável é aquela em que os níveis
chegam abaixo de:

„„ < 10 g/dL de hemoglobina;


„„ < 35% de hematócrito;
„„ < 4.000/mm3 de leucócitos;
„„ < 2.000/uL de neutrófilos;
„„ < 150.000/mm3 de plaquetas.

Embora o paciente apresente prostração e vontade de se manter no imo-


bilismo, o fisioterapeuta terá a função de quebrar esse ciclo vicioso, obe-
decendo às necessidades de baixa intensidade estabelecidas pelos exames
laboratoriais, mas mantendo as funções do paciente, promovendo também o
16 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia

bem-estar, o conforto e ao máximo a funcionalidade. Essas condutas pode-


rão melhorar a estratégia de enfrentamento da doença, tanto por parte do
paciente, quanto por parte de seus familiares (ALMEIDA et al., 2012).
Considerando as condições clínicas do paciente em ambiente hospitalar,
deve-se respeitar os níveis de citopenias encontrados em exames labora-
toriais. Assim, quando o nível de plaquetas estiver entre 20 e 30.000/mm3,
os exercícios a serem realizados deverão ser leves, sem resistência e de
preferência de forma ativa. Quando os níveis estiverem acima de 30.000, são
indicados os exercícios moderados, ainda sem resistência. Quando os níveis
estiverem acima de 50.000, poderão ser realizados os exercícios com ativos
e com resistência. É importante ressaltar que, nas manobras respiratórias
realizadas durante o período de internação, é necessário que os níveis este-
jam acima de 50.000 para as técnicas de percussão e compressão torácica,
enquanto, para a técnica de vibração isolada, os níveis deverão atingir mais
de 30.000 mm3 (ALMEIDA et al., 2012).
Quando os níveis de hemoglobina e de hematócrito atingem valores abaixo
de 8 g/dL e menos de 25%, os exercícios indicados são os passivos e as ativida-
des de vida diária. Quando atingem entre 25 e 35% e as hemoglobinas atingem
entre 8 e 10 g/ dL, os exercícios podem ser os aeróbios de baixa intensidade,
ou leves. E, quando os valores estiverem acima de 35% para hematócritos e
as hemoglobinas estiverem acima de 10g/dL, os exercícios aeróbios podem
ser aplicados de acordo com as capacidades físicas específicas do paciente.
Dessa forma, percebe-se que a indicação dos exercícios aeróbios e de re-
sistência pode acontecer desde a fase hospitalar, levando em conta o maior
acometimento de suas funções, mas já pensando nas condições futuras e no
desenvolvimento das capacidades físicas do paciente (ALMEIDA et al., 2012).
Assim, percebe-se que, no âmbito hospitalar, o paciente com câncer he-
matológico pode ter suas funções mais acometidas, devido ao maior agrava-
mento do quadro clínico, o que demanda maiores cuidados do profissional
quanto a monitoramento dos sinais vitais, mobilização precoce e prescrição
de cinesioterapia baseando-se nas concentrações citocíticas durante todo o
processo de internação. Essas ações, se realizadas de forma adequada, vão
garantir a segurança do paciente, assim como a melhora de suas funções
físicas gerais durante o período de internação.
Fisioterapia aplicada à onco-hematologia 17

Atuação fisioterapêutica no paciente


com câncer hematológico no âmbito
ambulatorial
O ambiente ambulatorial engloba aqueles pacientes que não se encontram
em fases graves da doença e que não necessitam de terapias intensivas ou
semi-intensivas. Esses pacientes devem apresentar condições clínicas mais
estáveis, de forma que podem se deslocar de forma mais fácil e até realizar
seu próprio autocuidado.
Nessa fase de tratamento, o fisioterapeuta deverá orientar o paciente
quanto à necessidade de se manter ativo e o mais independente possível, tanto
para suas atividades de autocuidado, vida diária, entre outros. Dessa forma,
mesmo com os movimentos mais leves do dia a dia, o paciente consegue se
manter ativo, o que refletirá diretamente em qualidade de vida, satisfação
com a vida, encorajamento para o enfrentamento da doença, assim como boas
perspectivas com relação à recuperação e à alta do tratamento.

Cuidados da fisioterapia no tratamento do câncer


hematológico no âmbito ambulatorial
O paciente que se encontra no âmbito laboratorial já possui determinada
independência de tratamentos e de terapias intensivas ou semi-intensivas que
regulem ou monitorem suas atividades vitais. Nesse sentido, o fisioterapeuta
está mais preocupado em melhorar/manter as funções do paciente, de forma
a promover a qualidade de vida e a promoção de saúde desse paciente. Muitas
vezes, as sequelas ou distúrbios relacionados ao processo de tratamento,
tanto da TMO quanto da radioterapia ou da quimioterapia podem resultar
em fraqueza difusa ou outras condições importantes e incapacitantes para
os pacientes. Nesse sentido, deve-se estar atento no momento da avaliação
desse paciente, para que as condutas sejam as mais adequadas possíveis.
Mesmo após a cessação dos sintomas mais instáveis do tratamento do
câncer, que podem ser observados no ambiente hospitalar (tanto antes,
durante e após as terapias — radioterapia e quimioterapia), o paciente per-
manece com alguns distúrbios e alterações provenientes tanto da doença,
quanto do processo de hospitalização. Nesse sentido, cabe ao fisioterapeuta
avaliar e tratar as necessidades específicas e individuais desse paciente,
favorecendo a melhora de suas condições de vida e o retorno às atividades
de vida normais ou o mais normal possível.
18 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia

Dentre as alterações mais importantes está a fadiga. A fadiga pode ser


leve, moderada ou intensa, de forma que atua diretamente na disposição e
na satisfação do paciente com relação à sua condição e à qualidade de vida
relacionada à saúde. Essa é, sem dúvida, uma das sequelas mais importantes
frente à funcionalidade, pois ela pode desencadear a infuncionalidade, assim
como a presença de outros distúrbios, como hipotrofia muscular, acamamento
do paciente e redução de sua independência.

Avaliação da fisioterapia no tratamento do câncer


hematológico no âmbito ambulatorial
Na avaliação fisioterapêutica, como já dito na avaliação no âmbito hospitalar,
o fisioterapeuta deverá estar atento tanto às funções físicas, quanto às fisio-
lógicas, como a respiratória e a cardiovascular. Nesse sentido, uma avaliação
desse paciente deve consistir na aferição dos sinais vitais e na análise das
queixas do paciente, frente à doença, aos sinais e sintomas enfrentados.
Esses relatos devem ser observados minuciosamente, visto que a fisioterapia
atuará como coadjuvante no processo de tratamento ou no retorno às práticas
normais após a remissão da doença.
É importante que o profissional faça o exame musculoesquelético, com
testes de força muscular, assim como limitação de ADM devido a falhas ar-
ticulares e musculares ou mesmo por dor. A dor também é grande aliada no
processo de avaliação. Ela poderá definir as relações com a patologia, assim
como dos sintomas e alterações percebidas. Todas essas observações devem
ser levadas em conta pelo profissional no momento de traçar os objetivos e
condutas mais pertinentes para o paciente.
Durante o processo de avaliação, o profissional também deve levar em
conta as contraindicações relacionadas aos sistemas que estiverem acome-
tidos. Além disso, devem ser tomadas precauções e propostas adaptações
para os pacientes que apresentarem algumas alterações no funcionamento
dos sistemas.
Dentre as contraindicações, pode-se citar: quadros de infecções, estado
febril (< 38°C), náusea, vômito ou diarreia importante antes das 24 a 36 h;
durante o dia e após 24 h de aplicação do tratamento, antes da radioterapia;
dispneia importante, tosse, sentimento ofegante, dor na região torácica du-
rante a inspiração profunda; dor óssea, na cabeça ou pescoço relacionada ao
músculo, fadiga extrema ou baixo estado funcional; pressão arterial sistólica
acima de 145 mmHg e diastólica acima de 95 mmHg, pulso irregular ou inchaço
da região do tornozelo; plaquetas abaixo de 50.000, células brancas abaixo
Fisioterapia aplicada à onco-hematologia 19

de 3.000 e hemoglobina < 9 g/dL; redução importante do estado cognitivo,


vertigem ou desorientação (BATTAGLINI et al., 2004; MCNEELY et al., 2006).
Além disso, alguns quadros merecem precauções ou adaptações quanto à
prescrição fisioterapêutica. Essas situações devem ser observadas durante a
avaliação, para que o profissional as realize da forma mais adequada possível.
Nesse sentido, ressalta-se a importância de uma pequena avaliação todos os
dias ou semanalmente. Nesse sentido, devem ser tomadas precauções e/ou
adaptar as condutas nos seguintes casos (BATTAGLINI et al., 2004; MCNEELY
et al., 2006):

„„ quando houver tratamentos que afetem o sistema respiratório ou


cardiovascular;
„„ dispneia leve a moderada;
„„ dor, cãibra, miopatias induzidas por esteroides;
„„ paciente não assintomático por 48 horas;
„„ acompanhamento com nutricionista e distúrbios relacionados ao aporte
alimentar;
„„ risco de doenças cardiovasculares e de linfedema;
„„ risco de hemorragia e infecção por patógenos;
„„ alterações cognitivas, redução do equilíbrio, neuropatias.

Dessa forma, no âmbito ambulatorial, o paciente tende a estar com suas


funções mais estáveis, o que permite ao fisioterapeuta se aproximar cada
vez mais do paciente, no sentido de retorná-lo à vida comum. Mas é impor-
tante ressaltar que, em outros casos, o profissional poderá se deparar com
pacientes com quadros clínicos extremamente complicados ou que tenham
obtido a desospitalização precoce e estejam em internação domiciliar. Nesses
casos, deve-se considerar o nível de atividade de vida diária e adaptar todas
as condutas, de forma a oferecer o tratamento mais adequado (BATTAGLINI
et al., 2004; MCNEELY et al., 2006).

Prescrição da fisioterapia no tratamento do câncer


hematológico no âmbito ambulatorial
Um estudo que programou exercícios físicos para pacientes com linfoma de
Hodgkin durante a quimioterapia encontrou que o programa de treinamento
físico, por meio do modelo de periodização ondulatório com controle das
cargas nas sessões, serviu como suporte para o paciente em tratamento
quimioterápico, indicando que pode servir para a melhora e a manutenção
20 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia

das capacidades físicas desses pacientes. Além disso, os autores apontam


que exercícios de força e dinâmicos voltados para o trabalho aeróbio podem
ser prescritos a essa população (NOGUEIRA; LIMA, 2016).
De acordo com Almeida et al. (2012), a prescrição de cinesioterapia para
pacientes com plaquetopenia grave, isto é, abaixo de 30.000, deve ser con-
trolada, vistas a supervisionar o paciente, de preferência em treino ergomé-
trico. Esse tipo de paciente pode apresentar a plaquetopenia decorrente da
doença ou mesmo decorrente da quimioterapia, e o tratamento é bem-visto
pela comunidade acadêmica, desde que bem controlado e monitorado pelo
profissional responsável.
A literatura aponta que a prescrição de exercícios para esses pacientes
é benéfica, visto que eles podem agir positivamente sobre a redução da fa-
diga, a qualidade de vida, o bem-estar, a imagem corporal, a funcionalidade,
biomarcadores relacionados à saúde e imunidade. Sendo assim, o exercício
quase sempre será indicado para esses pacientes, salvas as adaptações
e contraindicações já citadas (INGRAM; VISOYSKY, 2007; KNOBF; MUSANTI;
DORWARD, 2007).
Com relação à prescrição, existem alguns princípios básicos que estão
dispostos no treinamento físico e que devem ser levados em conta, são eles:
individualidade, adaptação, especificidade, reversibilidade, sobrecarga e
modificação. Para a prescrição também se considera o estágio da doença,
uso de agentes quimioterápicos e outras terapias adicionais que possam
causar alterações e distúrbios no comportamento e na fisiologia do paciente
(HOFFMAN, 2006).
Quando há a cirurgia relacionada ao sistema linfático, pode haver reti-
rada de linfonodos, o que deve ser levado em conta, dada a possibilidade
de o paciente desenvolver linfedema e infecção. Dessa forma, nesses casos,
a atividade física é indicada de maneira progressiva, com o aumento de ADM
gradual, com a facilitação da drenagem linfática e que deve ser liberada após
decisão médica. Além disso, podem ser trabalhados os exercícios relacionados
ao sistema respiratório, os exercícios passivos e isométricos de forma precoce
alguns dias após a cirurgia (HOFFMAN, 2006).
Quando a quimioterapia atingir o número de células vermelhas, pode-se
esperar que o paciente reaja com anemia e fadiga, o que poderá ocasionar
a redução da capacidade aeróbia. Nesses casos, o paciente deverá realizar
exercícios que não elevem a frequência cardíaca a mais de 40 ou 60% da
frequência cardíaca máxima. Além disso, o exercício deve ser progressivo e
gradual em seu desenvolvimento, podendo manter os padrões respiratórios
mais confortáveis para o paciente (HOFFMAN, 2006).
Fisioterapia aplicada à onco-hematologia 21

Quando há a redução das células brancas, decorrente da quimioterapia


no sistema cardiovascular, o paciente poderá reagir com maior risco de in-
fecção por patógenos. Nesses casos, o profissional deverá estar atento para
não prescrever esportes de contato, aderir e orientar a higienização correta
dos equipamentos e das mãos, assim como propor exercícios progressivos e
graduais em sua reabilitação (HOFFMAN, 2006).
Quando a contagem de plaquetas estiver baixa, o paciente sofrerá maior
risco de hemorragias ou contusão. Nesses casos, é importante que o profis-
sional evite os esportes de contato e o uso de materiais ou equipamentos
que possam trazer o risco de cortes e contusões (HOFFMAN, 2006).
O paciente de radiologia pode apresentar como efeitos colaterais a forma-
ção de linfedema, cicatriz e queimaduras na pele, o que deve ser observado
como linfedema. Para esses casos, o profissional deverá propor estratégias
que auxiliem na melhora da circulação linfática associada à respiração dia-
fragmática, ao uso de exercícios metabólicos, isométricos e que façam a ação
de bomba para o estímulo do sistema linfático. Além disso, os exercícios
para esse paciente devem utilizar pesos leves e visar ao fortalecimento de
membros superiores e tronco sempre que possível (HOFFMAN, 2006).
No caso do transplante de medula óssea, são conhecidos como efeitos
colaterais a alteração nas células brancas, vermelhas e plaquetas. Para
estes, a recomendação de atividade física é que comece somente após 3 ou
4 semanas de transplante, em exercícios com o paciente deitado, sentado
ou de pé, quando possível. É indicada a caminhada ou bicicleta ergométrica
intermitente. Outro aspecto importante é que a área da biópsia tenderá a ficar
dolorida, o que o profissional deverá tomar cuidado com os posicionamentos
ou equipamentos que façam pressão no local de desconforto (BATTAGLINI et
al., 2004; YOUNG-MCCAUGHAN; ARZOLA, 2007).
Sendo assim, com relação à prescrição geral de exercícios físicos, são
indicados os exercícios que envolvam os grandes grupos musculares, assim
como ciclismo e caminhada. Os tipos de exercícios também deverão ser
prescritos de acordo com as adaptações necessárias e os tratamentos ativos.
É indicado que o paciente realize os exercícios de 3 a 5 vezes na semana,
já os pacientes mais descondicionados devem realizá-los em pequenas doses
e diariamente. Os exercícios também devem obedecer à progressão de acordo
com o ritmo do paciente, assim como do monitoramento de suas funções
vitais e intercorrências durante o tratamento (BATTAGLINI et al., 2004; YOUNG-
-MCCAUGHAN; ARZOLA, 2007).
22 Fisioterapia aplicada à onco-hematologia

No âmbito ambulatorial, percebe-se que o paciente pode se apresentar


mais estável fisiologicamente, o que permite que o profissional atue mais
em suas funções físicas e proponha a melhora do condicionamento físico
em geral, que será um grande aliado nas condições mais debilitantes. Sendo
assim, a fisioterapia atua de forma progressiva do ambiente hospitalar para
o ambulatorial, promovendo a independência e melhor qualidade de vida do
paciente onco-hematológico.

Referências
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Leitura recomendada
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