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P R O F. S E R G I O B E D U S C H I F I L H O
FEVEREIRO/2022
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
APRESENTAÇÃO:
PROF. SERGIO
BEDUSCHI FILHO
Revalidando(a), este é um livro que você deve
ler com muito carinho para sua preparação, pois o tema
“arboviroses” é frequente em provas de Revalidação. Serão
abordadas aqui as três principais arboviroses: dengue,
chikungunya e zika. Juntas, essas doenças correspondem
a cerca de 6% das questões de infectologia em provas do
Revalida. Quando analisamos por instituição, notamos que
8% das questões de infectologia do INEP e 3% daquelas da
UFMT são sobre arboviroses.
A tabela 1 demonstra a frequência de questões
sobre cada arbovirose. Já a tabela 2 mostra em detalhes
cada tópico cobrado.
@profsergioinfecto
t.me/estrategiamed /estrategiamed
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
Tópico Frequência
Dengue 73%
Zika 18%
Chikungunya 9%
Tabela 1 - Distribuição das arboviroses em provas de Revalidação (UFMT e INEP).
Tópico Frequência
Dengue – Manifestações clínicas 54%
Dengue – Tratamento 54%
Dengue – Prevenção 9%
Zika – Avaliação de gestantes 18%
Chikungunya – Manifestações clínicas 9%
Chikungunya – Tratamento 9%
Tabela 2 – Engenharia reversa detalhada sobre arboviroses em provas do Revalida (INEP e UFMT). Perceba que a soma é superior a 100%, pois
uma questão pode incluir mais de um tópico.
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
Em sua preparação para o Revalida, você deve ser cobrados, é importante que você saiba fazer o diagnóstico
capaz de reconhecer o quadro clínico de dengue, classificar diferencial entre essas duas arboviroses e dengue, além de
a doença de acordo com o grupo de risco e indicar o recomendar o tratamento adequado.
tratamento correto. Em posse desse conhecimento, você A avaliação de gestantes com suspeita de zika
será capaz de resolver mais da metade das questões sobre também deve fazer parte do seu arsenal de conhecimento,
arboviroses! pois já apareceu algumas vezes em provas de Revalidação.
Embora zika e chikungunya sejam temas menos
Até hoje, a prova da UFMT só cobrou questões sobre dengue. A prova do INEP é mais abrangente, incluindo
questões sobre zika e chikungunya.
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
SUMÁRIO
4.0 ZIKA 27
4.1 ZIKA – TRANSMISSÃO 27
5.0 CHIKUNGUNYA 34
5.1 CHIKUNGUNYA - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 34
CAPÍTULO
CAPÍTULO
Zika pode ser transmitida também por via sexual ou vertical (da mãe para o feto).
A importância disso será discutida mais adiante neste livro.
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CAPÍTULO
3.0 DENGUE
Revalidando(a): muita atenção a este capítulo! Cerca de metade das questões de provas
de Revalidação é sobre dengue!
É a arbovirose com maior prevalência no Brasil são descritos em todo o território brasileiro, mas
e nas Américas. concentram-se principalmente nas regiões Sudeste e
Há cinco sorotipos de dengue (DENV-1, DENV-2, Centro-Oeste. A menor incidência ocorre na região Sul.
DENV-3, DENV-4 e DENV-5). O DENV-5 é o único que
ainda não foi detectado no Brasil. Casos de dengue
Cerca de 75% dos casos de dengue são assintomáticos. Os pacientes que desenvolvem sintomas podem
apresentar desde quadros leves até casos graves. Podemos dividir a doença em três fases: febril, crítica e de recuperação.
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Figura 2 – Sintomas da fase febril da dengue.
Plasma
Albumina
- Hemoconcentração
- Redução da albumina sérica
- Derrames cavitários
Figura 6 – Derrames cavitários comuns na dengue: ascite (à esquerda), derrame pericárdico (ao centro) e derrame pleural (à direita).
Febre Elevação do
hematócrito
Derrames
Cefaleia Resposta cavitários
Sintomas inflamatória à Disfunção Extravasamento
clássicos ação do vírus endotelial plasmático
Redução da
Mialgia da dengue
albumina sérica
Artralgia Hipotensão
Choque da dengue
Principal causa de
Este capítulo não estaria completo se não óbito na dengue
abordasse os detalhes do choque da dengue. Choque
é a principal causa de óbito por dengue. Resulta Ocorre após a
diretamente do extravasamento plasmático. É mais redução da febre
comum entre o quarto e o quinto dias após o início
da doença, logo após a redução da febre. Tem como
Rápida evoluação
característica a rápida evolução, podendo levar ao óbito
em poucas horas, ou ser controlado rapidamente, caso
a terapia adequada seja instituída.
Risco elevado de
óbito
Recuperação em
48 a 72h
Prof. Sergio Beduschi Filho | Infectologia | Fevereiro 2022 11
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
O principal mecanismo do choque na dengue não é hemorrágico, mas sim hipovolêmico (devido ao
extravasamento plasmático).
1. Indivíduo que resida ou tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde há casos de dengue e que
apresenta febre (com duração usual entre 2 e 7 dias) e mais duas das seguintes manifestações:
• náusea/vômitos;
• exantema;
• mialgia/artralgia;
• cefaleia/dor retro-orbital;
• petéquias/prova do laço positiva;
• leucopenia.
2. Criança proveniente de área onde há casos de dengue que apresente quadro febril agudo (com duração
usual entre 2 e 7 dias), sem sinais de outra doença.
Agora eu quero que você faça uma pausa, respire fundo e se concentre. É
fundamental que você saiba de cor os sinais de alarme da dengue. Para facilitar sua
vida, decore o mnemônico SILVA 3H. Veja a seguir:
S Sangramento de mucosa
I Irritabilidade ou letargia
L Líquido acumulado (ascite, derrame pleural ou derrame pericárdico)
V Vômitos persistentes
A Abdome doloroso (dor contínua)
H Hipotensão postural ou lipotimia
H Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal
H Hematócrito elevado (hemoconcentração)
Prof. Sergio Beduschi Filho | Infectologia | Fevereiro 2022 13
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
Conhecer os sinais de alarme é essencial para acertar boa parte das questões sobre dengue!
Este é o momento perfeito para praticar com uma questão sobre sinais de alarme!
CAI NA PROVA
(Revalida – UFMT – 2013) Assinale o conjunto de achados considerados sinais de alarme na evolução da forma grave
da dengue.
COMENTÁRIO:
Atenção: essa questão é de 2013, portanto utiliza os critérios antigos para sinais de alarme da dengue. Mesmo
assim, é uma questão útil por representar a forma com que os sinais de alarme podem ser cobrados em provas.
Vamos relembrar quais são os sinais de alarme da dengue?
• Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua;
• Vômitos persistentes;
• Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
• Hipotensão postural e/ou lipotimia;
• Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal;
• Sangramento de mucosa;
• Letargia e/ou irritabilidade;
• Aumento progressivo do hematócrito.
Incorreta a alternativa A, pois febre, anemia e trombocitopenia não são sinais de alarme da dengue.
Correta a alternativa B. Esta alternativa possui algumas inconsistências com a classificação atual dos sinais de
alarme. Todas as situações apresentadas eram consideradas sinais de alarme no manual sobre dengue do Ministério
da Saúde de 2013, mas a atualização de 2015 modificou os critérios. De qualquer forma, vamos aproveitar para
comentar a seguir essa alternativa de acordo com os critérios atuais.
Sangramentos espontâneos ou provocados só são sinais de alarme quando envolvem mucosa (lembre-se de que
prova do laço positiva não é sinal de alarme). Além disso, o desconforto respiratório não é propriamente um sinal
de alarme, mas sim um sinal de dengue grave.
Incorreta a alternativa C. Prova do laço positiva, anemia, poliúria e dor retro-ocular não são sinais de alarme da
dengue.
Incorreta a alternativa D. Mialgias e artralgias intensas, prova do laço positiva e leucocitose acima de 15.000 não
são sinais de alarme ou de gravidade dessa doença.
Gabarito: Alternativa B.
A dengue grave é caracterizada por choque ou grave de órgãos, como hepatite grave (AST ou ALT
desconforto respiratório devido ao extravasamento >1000), miocardite, encefalite (evento pouco comum
plasmático, sangramento grave e/ou volumoso em dengue), entre outros. Você verá no item 4.5.1 que
(hematêmese, melena, metrorragia ou sangramento os pacientes com dengue grave fazem parte do grupo D
em sistema nervoso central) ou comprometimento da classificação de risco da dengue.
Choque
Desconforto
respiratório
Dengue grave
Sangramento Hepatite (AST ou
grave ALT>1000)
Comprometimento Miocardite
grave de orgãos
Encefalite
Os sinais de choque da dengue são de suma importância para definir a conduta médica a ser tomada.
• Taquicardia.
• Extremidades distais frias.
• Pulso fraco e filiforme.
• Enchimento capilar lento (>2 segundos).
• Pressão arterial convergente (<20 mmHg).
• Oligúria (< 1,5 ml/kg/h).
• Hipotensão arterial.
• Cianose.
Há duas maneiras de identificar laboratorialmente a infecção por dengue: por meio da detecção do vírus ou de
anticorpos. A viremia dura até o quinto dia de sintomas e os anticorpos tornam-se detectáveis a partir do sexto dia de
doença. Com base nessas informações, fica fácil entender o momento ideal para coleta de cada exame.
Figura 7 – Preste atenção nas curvas “Virologia” e “Infecção primária” para entender a relação temporal da viremia da dengue e a produção de
anticorpos contra o vírus. Fonte: adaptado de Ministério da Saúde (2019).
DIAGNÓSTICO DE DENGUE
RT-PCR (SANGUE)
Detecção
de vírus
ANTÍGENO (SANGUE)
Detecção de
SOROLOGIA (IGM E IGG)
anticorpos
A dengue cursa com alterações laboratoriais sugestivas, que auxiliam na suspeita diagnóstica. Em casos clínicos,
fique atento(a) aos exames fornecidos no enunciado da questão.
Hemograma Plaquetopenia
Elevação do Hemoconcentração
hematócrito
Até 5x LSN*
Aminotransferases
(AST/ALT)
Casos graves:
>1000
Acometimento
hepático
Elevada em casos
Bilirrubina graves (hepatite/
falência hepática)
*LSN: limite superior da normalidade.
Extravasamento
Hipoalbuminemia
plásmatico
Casos graves
Distúrbios de Coagulopatia de
coagulação consumo
O tratamento é baseado em hidratação, prescrição de paracetamol ou dipirona para alívio dos sintomas e
repouso. Você precisa conhecer a classificação de risco da doença, pois a conduta é definida de acordo com o grupo
(A, B, C ou D).
PROVA DO LAÇO
A prova do laço deve ser realizada em todo paciente com suspeita de dengue e que não apresente sangramento
espontâneo. Sua função é detectar a presença de fragilidade capilar e auxiliar na classificação de risco. Atenção:
a prova do laço não é um teste diagnóstico para dengue, mas sim uma ferramenta para identificar pacientes com
maior risco de evoluir para dengue com sinais de alarme ou gravidade.
Para realizar a prova do laço, siga os passos abaixo:
1) Verificar a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e calcular o valor médio pela fórmula: (PAS +
PAD)/2.
Atenção: note que aqui não é empregada a fórmula da pressão arterial média (PAM). A fórmula da PAM (muito
utilizada em terapia intensiva) é diferente: [PAS + (PADx2)]/3.
2) Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado na face anterior do antebraço em que será realizado o teste.
3) Insuflar o manguito até o valor médio (encontrado no passo número 1) e manter durante cinco minutos em
adultos ou três minutos em crianças.
3) Contar o número de petéquias formadas no interior do quadrado desenhado no passo número 2.
A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças. Quando positiva, o
paciente passa a ser do grupo B da dengue.
Acompanhamento
ambulatorial.
Medicamentos
Sem sinais de alarme,
sintomáticos e
comorbidades, grupo
hidratação oral.
de risco ou condições
Reavaliação médica
clínicas especiais.
quando a febre
melhorar (ou no 5º dia,
se ainda estiver febril).
GRUPO B (VERDE)
GRUPO C (AMARELO)
Internação hospitalar e
hidratação intravenosa.
Com sinal de alarme
E Hemograma, albumina,
Sem sinais de choque, AST/ALT. Radiografia de
sangramento grave ou toráx e ultrassonografia
disfunção grave de de abdome.
orgãos.
Exame diagnóstico:
sorologia ou RT - PCR/NS1.
GRUPO D (VERMELHO)
Internação em terapia
intensiva e hidratação
Dengue grave: intravenosa.
Exame diagnóstico:
sorologia ou RT-PCR/NS1.
A tabela abaixo resume as principais características dos grupos de risco da dengue.
Grupo A
60mL/Kg/dia
Via oral
(1/3 salina + 2/3
outros líquidos)
Grupo B
Prof. Sergio Beduschi Filho | Infectologia | Fevereiro 2022 23
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
Grupo C 10 mL/Kg IV em 1h
Via parental
Grupo D 20 mL/Kg IV em
20 min
Quer uma dica para não se esquecer da dose para hidratação oral em adultos dos grupos A e B? Preste atenção
na dica a seguir!
Os pacientes dos grupos A ou B devem ser tratados em casa com hidratação oral. Ao chegar em
casa, devem permanecer em repouso. Portanto, o paciente vai até o sofá e “se senta”! Assim fica
fácil, não? A dose para hidratação oral é sessenta mililitros por quilo de peso ao dia.
Para crianças (idade inferior a 13 anos) dos grupos A e B, é orientada a reposição com 1/3 do volume com soro
de reidratação oral e 2/3 com outros líquidos, da seguinte maneira:
• Até 10 kg: 130 mL/kg/dia;
• 10 a 20 kg: 100 mL/kg/dia;
• Acima de 20 kg: 80 mL/kg/dia.
Tratamentos
contraindicados na
dengue
Anti-inflamatório não
esteroidais (incluindo AAS)
Homeopatia
CAI NA PROVA
(Revalida – INEP – 2021) Um escolar de 7 anos de idade, de sexo masculino, é admitido no pronto atendimento com
queixa de febre há 5 dias, acompanhada de cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, prostração e anorexia. Hoje, houve
aparecimento de exantema maculopapular pruriginoso por todo corpo. Foi realizada Prova do Laço com presença de 15
petéquias no local examinado. Pesquisa do antígeno NS1 com resultado reagente. Com base no quadro apresentado,
esse paciente apresenta dengue com qual classificação?
COMENTÁRIO:
A criança apresenta quadro agudo de febre, acompanhada de cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, prostração,
anorexia e exantema maculopapular pruriginoso. São manifestações que levam à suspeita de dengue. Pesquisa de
antígeno NS1 confirma o diagnóstico.
Prof. Sergio Beduschi Filho | Infectologia | Fevereiro 2022 25
Arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya
Para indicar corretamente a conduta a ser tomada, é necessário classificar o paciente quanto ao grupo de risco. Por
apresentar prova do laço positiva, podemos excluir o paciente do grupo A (prova do laço positiva é uma característica
do grupo B). Também percebemos que a criança não é do grupo C (não possui sinais de alarme), nem do grupo
D (não há sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos). Com base nessas informações,
concluímos que o menino pertence ao grupo B de risco da dengue.
Incorretas as alternativas A e B, pois o paciente pertence ao grupo B de risco.
Correta a alternativa C. A criança deve permanecer em acompanhamento e observação até o resultado do
hemograma (para avaliar hematócrito), recebendo hidratação oral e sintomáticos. Na ausência de sinais de alarme
e hemoconcentração (verificada no hemograma), o paciente poderá ser liberado com hidratação por via oral em
domicílio.
Incorreta a alternativa D. Apenas os pacientes classificados como grupo C devem permanecer em acompanhamento
em leito de internação com hidratação intravenosa até estabilização, por um período mínimo de 48 horas.
Gabarito: Alternativa C.
(Revalida – INEP – 2015) Em uma Unidade de Saúde da Família, um adolescente de 16 anos de idade procura
atendimento. Ele conta que há 3 dias está com febre de 37,9 °C e dores no corpo, especialmente na região abdominal.
Hoje ficou assustado, pois teve importante sangramento gengival. O exame físico no momento está normal. O teste do
laço é negativo. Qual deveria ser a conduta adotada em relação a esse paciente?
A) Orientar repouso domiciliar e hidratação oral, pois ainda não existe sinal de alarme.
B) Solicitar hemograma, pois o quadro de leucocitose indicará a gravidade da doença na fase aguda.
C) Solicitar internação hospitalar, pois a fragilidade capilar associada à dor abdominal indica gravidade da doença.
D) Solicitar sorologia para dengue e aguardar o resultado para instituir o tratamento, orientando o repouso e
hidratação oral em casa.
COMENTÁRIO:
Estamos diante de um paciente com quadro compatível com dengue. Para indicar a conduta adequada, precisamos
classificar o paciente de acordo com o grupo de risco.
Não podemos categorizar o paciente como grupo B, pois não faz parte de grupo de risco e a prova do laço é negativa.
No entanto o enunciado demonstra que há dois sinais de alarme: sangramento gengival e dor abdominal (lembre-
se sempre do SILVA 3H). Como não há sinais de gravidade para classificá-lo como grupo D, é possível afirmar que o
jovem faz parte do grupo C.
Incorreta a alternativa A, pois hidratação oral em domicílio é a recomendação para pacientes do grupo A e B.
Incorreta a alternativa B, pois a alteração típica da dengue é a leucopenia e o valor dos leucócitos não é útil para
definir gravidade.
Correta a alternativa C. Esse paciente pertence ao grupo C de risco da dengue e deve ser tratado com hidratação
intravenosa em ambiente hospitalar.
Incorreta a alternativa D, pois o paciente deve ser tratado em internação hospitalar com hidratação parenteral.
Ademais, o exame indicado para o momento atual da doença (terceiro dia) seria a pesquisa de antígeno NS1 (ou
RT-PCR).
Gabarito: Alternativa C.
CAPÍTULO
4.0 ZIKA
Zika é uma infecção que chegou ao Brasil brandas do que as das outras arboviroses. No entanto
mais recentemente do que as outras arboviroses: foi há uma característica muito marcante dessa doença: o
detectada transmissão autóctone pela primeira vez em risco de malformação fetal. É justamente esse aspecto
2015. Suas manifestações clínicas costumam ser mais que é explorado por questões de provas de Revalidação.
Além do contágio pela picada de mosquito do gênero Aedes, há outras formas relevantes de transmissão de
zika: vertical (intrauterina) e sexual.
Risco prolongado
Sexual (meses após a
infecção)
Diferentemente das outras arboviroses, a febre não é um sintoma tão significativo em casos de zika. Nessa
doença, a febre pode ser de baixa intensidade ou mesmo ausente. O principal sintoma de zika é o exantema, que
geralmente surge logo no início do quadro.
O acometimento cutâneo é tão importante nessa doença que o Ministério da Saúde define caso
suspeito de zika da seguinte forma:
Paciente com exantema maculopapular pruriginoso que apresenta ao menos um dos sinais e sintomas
a seguir:
• Febre;
• Hiperemia conjuntival ou conjuntivite (não purulenta);
• Artralgia;
• Edema periarticular.
O quadro clínico usualmente é menos intenso Mialgia e artralgia (leve a moderada) podem fazer parte
e limitante quando comparado aos de dengue e de do quadro. Discreto edema periarticular é frequente. O
chikungunya. A febre de zika é geralmente baixa acometimento conjuntival não purulento ocorre em
0123424344ÿ06784
(inferior a 38,5 °C) e com duração entre 2 e 7 dias.
9 98111088 01234243cerca
44ÿ06789 de 50 a 90% dos casos. 903360
Figura 11 – Exantema maculopapular (comum em casos de zika). Figura 12 – Conjuntivite não purulenta. Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
Como o quadro clínico de zika é apresentado em questões de provas? Tenha em mente que as
bancas precisam focar nos sinais e sintomas que realmente são capazes de diferenciar zika de
outras arboviroses. Habitualmente, o quadro clínico de pacientes com zika em questões inclui as
seguintes pistas:
O diagnóstico de infecção por zika não foge à período em que o RT-PCR é capaz de identificar o vírus
regra das outras arboviroses: são utilizados métodos de em sangue. Contudo há um detalhe a ser destacado: o
detecção do vírus ou de anticorpos. material genético do vírus também pode ser detectado
A viremia de zika dura em torno de 5 dias, em urina até o 15º dia de sintomas.
O período para detecção dos anticorpos IgM é o mesmo para dengue, chikungunya e
zika: sempre a partir do 6º dia de sintomas.
RT-PCR
- Sangue (até o 5º dia)
- Urina (até o 15ºdia)
Negativo Positivo
Positivo Negativo
DIAGNÓSTICO DE ZIKA
RT-PCR (SANGUE)
Detecção
de vírus
RT-PCR (URINA)
Detecção de
SOROLOGIA (IGM E IGG)
anticorpos
Figura 13 – Métodos diagnósticos para zika indicados de acordo com o tempo de sintomas.
Professor: Sergio Beduschi Filho Ilustrador: Rafael Gomes Versão: #01
Nome do card: Diagnóstico de febre amarela
4.4 ZIKA – COMPLICAÇÕES Link do card: https://trello.com/c/zmV82CxS
O vírus zika é neurotrópico. Por isso, a maioria das complicações de zika envolve o acometimento de células
neuronais.
A infecção intrauterina pode causar uma série de malformações, sendo microcefalia a mais
significativa. Quando a infecção ocorre em adultos, a complicação mais importante é a síndrome de
Guillain-Barré.
Outras complicações neurológicas também já foram descritas em pacientes com zika, como: meningoencefalite,
mielite e paralisia facial. Também já foi descrito acometimento ocular que vai além da conjuntivite, como iridociclite e
coriorretinite.
A ultrassonografia obstétrica não deve ser realizada para rastreio de casos suspeitos
de zika em gestantes. O diagnóstico deve ser realizado por meio de testes laboratoriais. A
ultrassonografia obstétrica para investigação de malformação fetal só deve ser indicada
após o diagnóstico da infecção materna.
O tratamento de infecção pelo vírus zika é pautado no uso de medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação.
Assim como na dengue e na fase aguda de chikungunya, não se recomenda o uso de anti-inflamatórios não
esteroidais ou de ácido acetilsalicílico (AAS).
Tratamento de zika
Manifestações
Controle de Controle de Medidas gerais Contraindicações
neurológicas ou
dor e febre purido
visuais
Avaliação por
Repouso e neurologista ou Anti-inflamatórios
Paracetamol/ oftalmologista- não esteroidais
Anti-histamínico estimulo à
Dipirona tratamento de e ácido
ingestão hídrica
acordo com a acestilsalicílico
complicação
A avaliação de gestantes com suspeita de infecção por zika é um dos temas que podem cair
em sua prova de Revalidação.
CAI NA PROVA
(Revalida – INEP – 2016) Em um município, foram registradas epidemias de dengue em 2004, 2010 e 2014, associadas
à introdução do vírus dengue (DEN-V) dos tipos 3, 2 e 4, respectivamente. Em 2016, há notificação de casos de zika
e chikungunya. Na unidade básica de saúde desse município, foi atendida uma mulher com 23 anos de idade e 16
semanas de gestação relatando febre não medida, cefaleia e mialgia de início abrupto e com piora progressiva de
intensidade até a manhã do dia do atendimento, quando acordou melhor e notou a pele avermelhada; o quadro teve
início há 4 dias. Não apresenta queixa de artralgia, sangramentos ou qualquer outro sinal de alarme. Relata ter tido
dengue clássica há 4 anos. Nega comorbidades e uso recente de medicamentos. O cartão vacinal da paciente encontra-
se em dia. Ao exame físico, apresenta-se afebril e com discretos exantemas maculopapulares por todo o corpo, sem
outras alterações; a prova do laço teve resultado negativo. O resultado dos exames revela: hematócrito = 41% (valor
de referência: 33,0 a 47,8%); hemoglobina = 13,1 g/dl (valor de referência: 12,0 a 15,8 g/dl); plaquetas = 108.000/mm³
(valor de referência: 130.000 a 450.000/mm³); leucócitos = 4.800/mm³ (valor de referência: 3.600 a 11.000/mm³);
eosinófilos = 3% (valor de referência: 0 a 7%); segmentados = 53% (valor de referência: 40 a 70%), linfócitos = 35%
(valor de referência: 20 a 50%), monócitos = 9% (valores de referência: 3 a 14%); AST = 43 U/L (valor de referência:
inferior a 34 U/L); ALT = 38 U/L (valor de referência: 10 a 49 U/L); ureia = 43 mg/dl (valor de referência: 19 a 49 mg/dl);
creatinina = 1,1 mg/dl (valor de referência: 0,53 a 1,00 mg/dl). No exame de ultrassonografia, observa-se que o feto
está ativo e normal. Esse caso deve ser notificado à Vigilância Epidemiológica e a mãe deve ser tranquilizada com a
informação de que está tudo bem com ela e com o feto, que apenas uma minoria dos recém-nascidos é afetada nesses
casos e que a equipe de saúde da família irá acompanhá-la durante toda a gestação. Que outras condutas devem ser
adotadas pelo médico?
A) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika e dengue, além de internar a paciente para observação
e orientar hidratação endovenosa até a normalização das plaquetas.
B) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika e chikungunya, além de orientar hidratação oral,
repouso relativo, acompanhamento laboratorial e retorno em caso de piora dos sintomas.
C) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika, dengue e chikungunya, além de internar a paciente
para observação, prescrever medicamentos sintomáticos e orientar hidratação endovenosa até a realização de
novos exames, em 12 horas.
D) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika, dengue e chikungunya, além de orientar hidratação
oral, prescrever medicamentos sintomáticos e agendar retorno da paciente em até 48 horas para realização de
novos exames, ou no caso de surgimento de sinais de alarme para dengue.
COMENTÁRIO:
Essa gestante tem um quadro clínico suspeito de arbovirose, sendo mais característico de dengue (quadro súbito
de febre, mialgia e cefaleia que melhorou após quatro dias e foi seguido por exantema). No entanto não é possível
descartar a hipótese de zika ou chikungunya. Como há risco de transmissão ao feto, toda gestante com suspeita de
infecção pelo vírus zika deve ser submetida à investigação laboratorial dessa doença (além de dengue e chikungunya).
O manejo clínico deve seguir a classificação de risco da dengue. Considerando que essa paciente pertence ao grupo
B (não possui sinais de alarme ou prova do laço positiva, mas é gestante), o manejo poderá ser ambulatorial, já que
o hemograma não demonstrou elevação do hematócrito.
Após essa análise inicial, podemos assinalar a alternativa que indica a conduta mais adequada.
Incorreta a alternativa A, pois não há indicação de internação hospitalar nem de hidratação intravenosa. A internação
seria adequada caso a paciente pertencesse aos grupos C ou D de risco da dengue.
Incorreta a alternativa B, pois é recomendada investigação não só de zika e chikungunya, mas também de dengue.
Incorreta a alternativa C. Como a paciente é do grupo B, não é indicada a internação hospitalar.
Correta a alternativa D. É recomendada a coleta de amostras para isolamento viral (já que o quadro clínico não
ultrapassou os cinco dias de sintomas). Ademais, a paciente deve ser orientada a receber hidratação oral em
domicílio e a retornar para reavaliação clínica e laboratorial (plano terapêutico indicado para o grupo B).
Gabarito: Alternativa D.
CAPÍTULO
5.0 CHIKUNGUNYA
Chikungunya é a arbovirose menos cobrada em provas de Revalidação, mas ainda assim é importante para seu
estudo. Você deve ser capaz de identificar as manifestações clínicas típicas, além de realizar o diagnóstico e orientar o
tratamento.
Febre chikungunya caracteriza-se por ser uma doença febril aguda que causa
poliartralgia intensa. Diferentemente de dengue e zika, é uma doença que pode causar
doença crônica.
Aguda 14 dias
O exantema acomete cerca de metade dos pacientes com chikungunya. É macular ou maculopapular e não
poupa regiões palmar e plantar. Cerca de um quarto dos pacientes com exantema apresenta prurido.
Complicações graves na fase aguda não são Também podem ser afetados os olhos (neurite
comuns, mas podem ocorrer. O acometimento do óptica, uveíte, retinite, episclerite), a pele (ulcerações,
sistema nervoso pode resultar em alterações como bolhas ou vesículas, lesão por fotossensibilidade), o
meningoencefalite, síndrome de Guillain-Barré e coração (miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca,
neuropatias. Das manifestações atípicas, essas são as arritmias) e os rins (nefrite e insuficiência renal aguda).
mais importantes.
Além das manifestações articulares, os pacientes com chikungunya na fase crônica podem desenvolver sintomas
diversos, como: fadiga, alterações neuropsiquiátricas (depressão, cefaleia, parestesias, distúrbios cerebelares,
alterações de memória) e manifestações cutâneas (exantema, alopecia, prurido, fenômeno de Raynaud).
O diagnóstico de chikungunya pode ser feito por meio de detecção de material genético por RT-PCR enquanto
dura a viremia (até o oitavo dia) ou através de método sorológico (ELISA) para detecção de anticorpos (a partir do sexto
dia).
DIAGNÓSTICO DE CHIKUNGUNYA
Detecção
RT-PCR (SANGUE)
de vírus
Detecção de
SOROLOGIA (IGM E IGG)
anticorpos
Anti-inflamatórios não esteroidais não devem ser utilizados na fase aguda devido ao risco de sangramento
e lesão renal. Ácido acetilsalicílico (AAS) também é contraindicado, assim como em casos de dengue, pelo risco de
sangramento ou síndrome de Reye. Outra classe que não deve ser empregada na fase aguda é a dos corticosteroides.
AINEs, AAS e
Contraindicados
corticosteroides
O uso de corticosteroides e anti-inflamatórios não esteroidais passa a ser indicado a partir da fase
subaguda.
Corticosteroide Hidroxicloroquina
(Prednisona até Hidroxicloroquina + Metotrexate
0,5 mg/kg) Sulfassalazina
O que você precisa saber para acertar questões sobre tratamento da fase crônica?
1. O foco do tratamento é o controle da inflamação crônica;
2. O uso de anti-inflamatórios não esteroidais e corticosteroides é permitido;
3. O tratamento deve ser feito de forma escalonada e inclui imunomoduladores como
hidroxicloroquina, sulfassalazina ou metotrexate.
O mapa mental a seguir resume as principais informações sobre febre chikungunya. Leia com
atenção!
CAI NA PROVA
(Revalida – INEP – 2017) Uma mulher com 32 anos de idade procura Unidade Básica de Saúde com queixa de dores
intensas nas articulações das mãos e dos pés associadas à rigidez matinal, com duração de cerca de 15 minutos e
prejuízo funcional. Relata que os sintomas começaram há 3 meses, quando, ao passar as férias de verão em outro
estado, apresentou quadro de febre alta, além de manchas vermelhas no rosto, nos braços e no tórax, que persistiram
por cerca de 10 dias. Informa que não procurou atendimento médico na ocasião, passando a fazer uso de dipirona para
alívio da dor, com melhora não satisfatória. O exame clínico atual da paciente evidencia edema e dor nas articulações
interfalangianas distais, bilateralmente, e em tornozelos, não sendo observados no momento, lesões de pele mucosas
ou nódulos subcutâneos. Os resultados do hemograma completo e do exame de urina de rotina revelaram-se normais.
Diante desse quadro, qual é o diagnóstico e o tratamento adequado?
A) Osteoartrose; acetaminofeno.
B) Artrite reumatoide; metotrexato.
C) Chikungunya; hidroxicloroquina.
D) Lúpus eritematoso sistêmico; prednisolona.
COMENTÁRIO:
Nosso caso clínico envolve uma mulher na casa dos 30 anos com poliartrite crônica de mãos (interfalangianas
distais) e tornozelos com rigidez matinal de duração inferior a 30 minutos. Um dado fundamental para chegarmos
ao diagnóstico dessa paciente é o fato de os sintomas terem iniciado após um quadro agudo de febre e exantema
cutâneo em uma viagem para outro estado.
Como essa questão inclui doenças da Reumatologia em algumas alternativas, os comentários receberam a
colaboração da professora Taysa Moreira.
Incorreta a alternativa A, por algumas razões. Em primeiro lugar, temos uma paciente em faixa etária totalmente
fora do esperado para um quadro de osteoartrite (ou osteoartrose), já que essa condição em sua forma primária
está classicamente presente em pacientes a partir dos 45 a 50 anos, com aumento de prevalência acompanhando
o aumento da idade. Além disso, osteoartrite não está associada à poliartrite. Seu quadro clínico típico envolve dor
de caráter mecânico, progressiva e acompanhada por rigidez com duração inferior a 30 minutos.
Incorreta a alternativa B, e é importante que você entenda o motivo. O padrão clássico de envolvimento articular
na artrite reumatoide (AR) é de uma poliartrite crônica e simétrica de pequenas e grandes articulações. Até aí,
tudo de acordo com o apresentado no enunciado, concorda? Mas um dado deve tirar AR da sua lista de hipóteses
diagnósticas. Isso, porque a AR não acomete interfalangianas distais! Grave essa informação, porque ela é muito
explorada por bancas de todo Brasil em questões envolvendo artropatias. Além disso, na AR esperamos, em geral,
rigidez matinal com duração de 1 hora ou mais.
Correta a alternativa C, porque a infecção pelo chikungunya em sua fase aguda é caracterizada por febre de início
súbito e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de dores nas costas, exantema, cefaleia e
fadiga. Pode haver edema articular, em geral associado à tenossinovite e dor ligamentar. A fase aguda dura até o 14º
dia. Se a dor articular persistir após esse período e até 3 meses, diz-se que o paciente está na fase subaguda, na qual
pode ocorrer persistência ou agravamento do quadro articular, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor nas
regiões previamente acometidas e tenossinovite. Passados 3 meses, como é o caso da nossa paciente, pode haver
persistência do quadro articular ou recidiva em articulações acometidas na fase aguda, caracterizada por dor com
ou sem edema, limitação de movimento e, em alguns casos, deformidades.
Em paciente que mantém poliartrite na fase crônica da infecção pelo vírus chikungunya, devemos começar
a pensar em medicações com ação não apenas sintomática, como a dipirona, mas sim imunomoduladora e/ou
imunossupressora. Não há estudos comparando eficácia entre o metotrexato e a hidroxicloroquina, mas o Ministério
da Saúde (2017) sugere iniciar com o antimalárico por seus conhecidos efeitos anti-inflamatórios no controle da
artrite e da dor.
Incorreta a alternativa D, porque o padrão de envolvimento articular no lúpus eritematoso sistêmico (LES), apesar de
variável, em geral se assemelha ao encontrado na AR. Não é esperado envolvimento inflamatório de interfalangianas
distais e, em geral, encontramos rigidez mais prolongada. Além disso, a ausência de lesões cutâneas e alterações
em hemograma e urina I falam contra esse diagnóstico, já que o LES é uma doença sistêmica e, associadas às
manifestações musculoesqueléticas, encontramos outros acometimentos, como cutâneo, hematológico e renal,
dentre outros.
Gabarito: Alternativa: C.
CAPÍTULO
Não há vacina contra chikungunya ou zika, mas existe para dengue. É uma vacina quimérica que utiliza o vírus
atenuado da febre amarela modificado para produzir proteínas dos quatro vírus da dengue. Está aprovada em um
esquema de três doses para indivíduos entre 9 e 45 anos de idade que já tiveram dengue (sorologia positiva). Não
é uma vacina disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde. Por ser composta por vírus vivos, é contraindicada para
imunossuprimidos, gestantes ou nutrizes.
O vírus zika pode ser detectado no sêmen durante meses após a infecção. Homens infectados
que residem ou estiveram em área com transmissão de zika devem usar preservativos durante qualquer
relação sexual com gestante ou mulher com possibilidade de engravidar. A Organização Mundial da
Saúde recomenda a manutenção desses cuidados por três meses após infecção ou exposição de risco.
Veja na questão abaixo como o controle da dengue pode ser cobrado em sua prova de Revalidação.
CAI NA PROVA
(Revalida – INEP – 2013) O médico da Unidade de Saúde da Família (USF), em região de periferia de uma cidade de
médio porte, é convidado a participar de reunião da associação de moradores, na comunidade em que atua, para
explicar o porquê da ocorrência de tantos casos de dengue. Os dados epidemiológicos mostram que, nos últimos três
anos, não houve notificação de dengue na região de abrangência da unidade. Todavia, nos últimos meses, após longo
período de chuvas, a USF notificou cerca de 125 casos. Os moradores querem entender uma notícia no jornal local
que chamou a dengue de doença negligenciada. Sobre este tema, responda a seguinte questão, que servirá de base
para a orientação dos moradores. No caso da dengue, cite os fatores que favorecem a sua ocorrência e limitam o seu
controle.
COMENTÁRIO:
Os fatores que favorecem a ocorrência da dengue são aqueles que favorecem a multiplicação do seu vetor (Aedes
aegypti). O mosquito utiliza água parada para depositar seus ovos. Lembre-se, portanto, de que o controle vetorial é
a principal medida para prevenção de dengue. Podemos citar, assim, fatores ambientais, como períodos de chuvas,
e sociais, como a falta de saneamento básico, o crescimento urbano desordenado e a limpeza pública inadequada.
Também é um fator importante para o controle da dengue a educação da população quanto à prevenção de
formação de criadouros de mosquitos.
CAPÍTULO
A notificação deve ser feita não apenas para casos confirmados, mas também para
casos suspeitos.
Notificação imediata
Doença ou agravo Notificação semanal
(em até 24 horas)
Casos X
Dengue
Óbitos X
Casos X
Casos em áreas sem
Chikungunya X
transmissão conhecida
Óbitos X
Casos X
Zika Casos em gestantes X
Óbitos X
Tabela 4 – Orientações para notificação de dengue, chikungunya e zika.
CAPÍTULO
Para finalizar, leia a questão abaixo, com um caso clínico em que você precisa fazer o
diagnóstico diferencial e indicar o tratamento correto.
CAI NA PROVA
(Revalida – INEP – 2020) Uma pré-escolar com 4 anos de idade é atendida no pronto-socorro com história de febre
alta (40 °C) há 3 dias, indisposição e dores no corpo, vômitos e diarreia. No momento, queixa-se de dor abdominal
intensa e contínua. Em seu exame físico, os resultados foram os seguintes: FC = 120 bpm, FR = 25 irpm, temperatura
axilar = 37,5 °C, mucosas úmidas, coradas, anictéricas; ausculta cardíaca e respiratória normais, abdome levemente
distendido, doloroso difusamente à palpação, sem sinais de irritação peritoneal, fígado palpável a 3 cm do rebordo
costal direito. Há petéquias esparsas e exantema maculopapular em face, tronco, membros superiores e inferiores,
incluindo palmas das mãos. Suas extremidades estão aquecidas e bem perfundidas. Foi realizado hemograma que
apresentou os seguintes valores: Ht = 45 % (valor de referência: 37 a 40 %); Hb = 15,2 g/dL (valor de referência: 12,6 ±
1,5 g/dL), leucócitos totais = 3 500/mm³ (valor de referência: 5 000 a 12 000/mm³, bastões = 2 %, segmentados = 50
%, linfócitos = 30 %, monócitos = 10 %, eosinófilos = 8 %, plaquetas = 50 000/mm³ (valor de referência: 150 000 a 450
000/mm³). Quais são, respectivamente, o diagnóstico e a conduta médica inicial adequados?
COMENTÁRIO:
O primeiro passo para acertar essa questão é definir o diagnóstico provável. Vamos utilizar a tabela 5 para direcionar
a hipótese. Logo no início do enunciado, há a descrição de febre alta (40 oC), o que torna zika uma hipótese pouco
provável. A presença de trombocitopenia e discrasia sanguínea (petéquias) favorece a hipótese de dengue. Além
disso, não há relato de poliartralgia intensa e/ou edema articular, características esperadas em casos de chikungunya.
Com base nessas informações, podemos definir que dengue é o provável diagnóstico.
A próxima etapa é classificar a paciente de acordo com grupo de risco da dengue. Podemos defini-la como
pertencente ao grupo C, pois possui sinais de alarme: dor abdominal intensa e contínua e hemoconcentração
(hematócrito elevado).
Incorreta a alternativa A. Chikungunya não costuma cursar com plaquetopenia e petéquias. Além disso, a ausência
de poliartralgia fala contra esse diagnóstico.
Incorreta a alternativa B. A infecção por zika não costuma apresentar febre alta.
Incorreta a alternativa C. A paciente apresenta sinais de alarme da dengue, que a classificam como grupo C.
Correta a alternativa D. Por apresentar sinais de alarme, essa criança é classificada como grupo C. Deve receber
imediatamente expansão volêmica intravenosa com 10 mL/kg de solução salina isotônica e ser internada para
acompanhamento.
Gabarito: Alternativa D.
https://estr.at/5PMe
CAPÍTULO
11. LIMA-CAMARA, Tamara Nunes. Arboviroses emergentes e novos desafios para a saúde pública no Brasil. Rev. Saúde
Pública, São Paulo, v. 50, 36, 2016.
12. VIASUS, Diego et al. Chikungunya Pathogenesis: From the Clinics to the Bench. J Infect Dis. 2016 Dec 15;214(suppl
5).
CAPÍTULO