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Doenças exantemáticas

Prezado aluno,

Desenvolvemos uma apostila interativa para


oferecer um material inovador e, ainda melhor,
focado na metodologia Aristo.

Para uma experiência completa, sugerimos


que realize os seus estudos pelo computador,
possibilitando abrir os comentários das
questões, respondê-las de forma interativa
e até mesmo pular o conteúdo da questão
respondida, em caso de acerto, para o tópico
seguinte, de forma opcional.

A interatividade traz novas possibilidades, mas


você continua podendo abrir os seus materiais
em tablets e celulares, além de poder imprimi-lo
para usar em seus estudos e revisões.
Doenças exantemáticas

1. Sarampo 6

Questão 01 6

1.1. Quadro clínico ⚠ 7

1.1.1. Fase prodrômica 7

1.1.2. Fase exantemática 7

1.1.3. Fase de convalescença 8

1.2. Diagnóstico laboratorial 8

1.3. Tratamento 10

1.4. Complicações  10

1.5. Profilaxia ⚠ 10

2. Doença de Kawasaki ⚠ 11

2.1. Quadro clínico 12

Questão 02 12

2.2. Complicações 14

2.3. Tratamento 15

3. MIS-C ou SIM-P 15

4. Varicela 16

Questão 03 17

4.1. Quadro clínico ⚠ 17

4.1.1. Fase prodrômica 17

4.1.2. Fase exantemática 17

4.2. Tratamento  18

4.3. Complicações  18

4.4. Profilaxia 19

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Doenças exantemáticas

5. Eritema infeccioso 20

Questão 04 20

5.1. Quadro clínico 20

5.1.1. Primeira fase 21

5.1.2. Segunda fase 21

5.1.3. Terceira fase 21

5.2. Complicações 21

5.3. Tratamento  21

6. Síndrome mão-pé-boca 21

6.1. Quadro clínico 22

6.2. Tratamento 22

6.3. Complicações 22

7. Exantema súbito (ou roséola infantil) 23

7.1. Quadro clínico ⚠ 23

Questão 05 23

7.1.1. Fase prodrômica ou febril 23

7.1.2. Fase exantemática 24

7.2. Complicações 24

7.3. Tratamento 24

8. Escarlatina 24

8.1. Quadro clínico 25

8.1.1. Fase prodrômica 25

8.1.2. Fase exantemática 25

8.2. Complicações 26

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Doenças exantemáticas

8.3. Diagnóstico 26

8.4. Tratamento 26

9. Rubéola 27

9.1. Quadro clínico 27

9.1.1. Fase prodrômica 27

9.1.2. Fase exantemática 27

9.2. Diagnóstico 28

9.3. Tratamento 28

9.4. Profilaxia 28

9.5. Complicações 28

10. Herpangina 28

TOP FIVE 30

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Doenças exantemáticas

Tema com presença constante nas provas de Pediatria. Portanto, estude com calma, está
tudo organizado para tornar sua vida muito mais fácil nesse emaranhado de doenças!
Não se esqueça de complementar o conhecimento com os flashcards e com as questões.
Vamos nessa?

Doenças exantemáticas na Pediatria


As provas costumam cobrar as particularidades de cada uma das doenças presentes
nesta categoria, especialmente o diagnóstico diferencial entre elas.

1. Sarampo
O sarampo é causado por um vírus de RNA do gênero Morbillivirus e da família Paramyxoviridae.
Sua transmissão ocorre por meio do contato com secreções nasofaríngeas ou aerossol,
e pode ocorrer sem o contato direto com o doente, daí a elevada contagiosidade da doença.
É transmissível desde quatro a seis dias antes até quatro a seis dias após o exantema surgir,
sendo que o período de maior transmissibilidade ocorre desde 48 horas antes até 48 horas
depois do início do exantema. Vamos agora à nossa primeira questão:

Questão 01
(FMJ - SP - 2022) Criança de 8 meses, nascida de parto normal, a termo, com peso
ao nascimento de 2980 g, é trazida para atendimento de emergência, pois apresenta
febre elevada (40,5 °C) há 3 dias, acompanhada de tosse, coriza e conjuntivite. A mãe
refere que a febre, no início, não era tão elevada, mas que aumentou muito nos últimos
dias. A carteira vacinal está incompleta e não fez a vacina do sexto mês de vida.
No exame físico, apresenta-se em BEG, reativa, choraminga muito. Ao exame físico,
nota-se um discreto exantema que se iniciou atrás da orelha. Na orofaringe, nota-se
uma mucosa hiperemiada e a presença de pontos esbranquiçados na região dos dentes
molares. Sobre essa doença, assinale a alternativa correta.
a) A transmissão ocorre por contato indireto, mas pequenas partículas podem

permanecer suspensas no ar por longas horas.


b) Doença muito contagiosa, que uma pessoa pode transmitir mais que o vírus

SARS-CoV-2.
c) O diagnóstico pode ser realizado por meio da detecção de proteína não
✂ ✂ ✂

estrutural (NS1).
d) Deve ser realizada imunização passiva com gamaglobulina.

e) A contagem de reticulócitos mostra uma reticulopenia.

Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não

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Doenças exantemáticas

CCQ: Sarampo se manifesta com febre e exantema maculopapular


acompanhados de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse e/ou
coriza e/ou conjuntivite; e apresenta alta transmissibilidade

1.1. Quadro clínico ⚠


A clínica do sarampo costuma apresentar três fases: prodrômica, exantemática e
convalescença. Vejamos detalhadamente cada uma delas:

1.1.1. Fase prodrômica


Essa fase dura entre três a quatro dias. Costuma apresentar conjuntivite não purulenta,
coriza, febre progressiva que atinge seu máximo no segundo ou terceiro dia, decrescendo
a partir daí, e tosse (extremamente marcante em questões e no quadro clínico, por ser
intensa). Na sua prova, a atenção deve estar presente no enantema (é o exantema nas
mucosas) patognomônico conhecido como manchas de Koplik, presente na cavidade
oral. Pode apresentar descrição de manchas brancas com halo eritematoso ou
manchas azul-esbranquiçadas no revestimento interno das bochechas, mais comumente
na região dos dentes molares.

Manchas de Koplik
Fonte: American Family Physician, 2017

1.1.2. Fase exantemática


O aparecimento do exantema coincide com o pico da febre e agravo dos sintomas iniciais,
gerando aparência toxemiada ao paciente. O exantema tem característica morbiliforme
com progressão lenta craniocaudal que começa na fronte, geralmente próximo à linha de
implantação do cabelo, região retroauricular e nuca, e progride para o tronco, atingindo
extremidades ao fim do terceiro dia. Cinquenta por cento dos pacientes apresentam
acometimento palmoplantar. Dura em torno de cinco dias.

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Doenças exantemáticas

1.1.3. Fase de convalescença


A fase de convalescença é marcada pela descamação furfurácea (semelhante a farelo)
da pele após o exantema.

Definição de Caso Suspeito


Sendo assim, é definido como caso suspeito de sarampo, segundo a Sociedade Brasileira
de Pediatria (SBP):
"Todo indivíduo que, independente da idade e situação vacinal, apresentar febre e exantema
maculopapular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse e/ou coriza
e/ou conjuntivite."
OU
Todo indivíduo suspeito com história de viagem para locais com circulação do vírus do
sarampo nos últimos 30 dias, ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou
para local com circulação viral.

Criança com sarampo com conjuntivite

1.2. Diagnóstico laboratorial


É fundamental a confirmação laboratorial para todos os casos suspeitos de sarampo
com dosagem de anticorpos IgM e dosagem de IgG pareada (indicando aumento dos
seus títulos). Também é possível confirmar com o isolamento do vírus do sarampo por
RNA viral pela reação em cadeia de polimerase em tempo real (RT-PCR) em amostras
de urina, sangue ou secreção de oro/nasofaringe. Acompanhe o fluxograma do Guia
de Vigilância em Saúde (Sarampo) de 2019:

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Doenças exantemáticas

Roteiro para confirmação ou descarte de caso suspeito de sarampo

Coleta de sangue e material para identificação viral no primeiro contato


com paciente suspeito de sarampo

Coleta ≤ 5 dias do exantema Coleta ≥ 5 dias do exantema

IgM + ou
IgM -/IgG+ IgM -/IgG - inconclusivo / IgM -/IgG + IgM -/IgG - IgM +/IgG + IgM +/IgG -
IgG + ou -

Coletar 2.ª amostra (S2)


após 15-25 dias depois
da 1.ª coleta (S1)
Avaliar: histórico de •Todos os casos IgM + ou
viagem (últimos inconclusivos: enviar as
Sem Com
30 dias), contato com amostras (S1 e S2)
soroconversão soroconversão para Fiocruz/RJ.
casos suspeitos e/ou
confirmados, vacina
•Casos com PCR negativo:
e sinais e sintomas observar sorologia e vínculo.
Confirmar •Casos negativos para
sarampo/rubéola: seguir
Descartar diagnóstico diferencial.

O paciente infectado deve permanecer em precaução padrão para transmissão aérea


(por aerossol, tal como em casos de tuberculose) por cerca de quatro a seis dias após o
exantema. Essa doença tem alto caráter contagioso (até mais do que o SARS-CoV-2,
já foi questão de prova!); um infectado pode transmitir para 90% das pessoas com
as quais tiver contato e que não sejam imunes.
Atenção: uma vez confirmado, o sarampo é uma doença de notificação obrigatória/
compulsória, em até 24 horas, às autoridades das Secretarias municipal e estadual de
saúde (SMS e SES, respectivamente). Diante da suspeita, segue o fluxo de vigilância
epidemiológica:

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Doenças exantemáticas

Caso suspeito de sarampo

Notificar à Secretaria Municipal


de Saúde (24 horas)

Vacinação
Coleta de sangue para sorologia de bloqueio
Investigar e material para isolamento e Vacinar os
(em até 48 horas) identificação viral no 1.º contato contatos
com o paciente suscetíveis
(em até 72 horas)

Roteiro da investigação epidemiológica

Reforçaremos essas informações ao longo dessa aula algumas vezes, mas vamos rever
as doenças de notificação compulsória, pois isso é um conteúdo importante. São elas:
sarampo, rubéola, varicela (em casos de óbito ou gravidade), dengue, Zika e Chikungunya.

1.3. Tratamento
O tratamento de sarampo consiste em sintomáticos e administração de vitamina A para
todas as crianças (lembre-se que a vitamina A reduz a morbidade e mortalidade nos
países em desenvolvimento).
A vitamina A deve ser administrada em duas doses: uma no momento do diagnóstico
e outra no dia seguinte.
• 50.000 UI por via oral (VO), para lactentes < 6 meses
• 100.000 UI VO para lactentes de 6 a 12 meses
• 200.000 UI VO para crianças de 12 meses ou mais

1.4. Complicações
• Pneumonia: principal causa de morte no sarampo.
• Otite média aguda: complicação bacteriana mais comum do sarampo.
• Outras complicações: doenças diarreicas e complicações neurológicas, lembrando da
panencefalite esclerosante subaguda (rara, porém muito grave!).

1.5. Profilaxia ⚠
• Pré-exposição
Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação deve ser feita em crianças de 6 meses a 1 ano
(dose zero, realizada em campanhas de vacinação), aos 12 meses (primeira dose, por meio
da tríplice viral) e aos 15 meses (segunda dose, por meio da tetra viral).

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Doenças exantemáticas

No caso da vacinação para adultos, lembre-se que eles não precisam receber a vacina caso
já tenham as duas doses, e que grávidas não podem receber a vacina contra o sarampo.
Fora esses casos, pessoas entre 1 e 29 anos que tenham tomado apenas uma dose
devem receber a segunda. Naqueles que não apresentam nenhuma das doses, deve-se:
• Entre 1 e 29 anos: receber duas doses.
• Entre 30 e 59 anos: apenas uma dose.

• Pós-exposição
A profilaxia pós-exposição ao sarampo divide-se em vacinação de bloqueio e imunoglobulina.
A vacinação de bloqueio gera anticorpos mais rápido que a incubação do vírus, por
isso deve ser administrada em até 72 horas após o contato com um caso suspeito. Ela
deve abranger pessoas que moram com o caso, vizinhos próximos, creches e pessoas
que ocupem a mesma sala que o indivíduo no cotidiano (sala de aula, alojamento, sala de
trabalho, etc.).
Vacinação de bloqueio não deve ser administrada em menores de 6 meses. Paciente que
tiver contato com caso suspeito ou confirmado e tiver idade entre 6 meses e 1 ano deve
receber uma dose da vacina tríplice viral, e esta não é contabilizada no calendário vacinal,
recebendo as doses subsequentes normalmente. Aqueles com idade entre 1 e 59 anos
devem ser vacinados conforme o calendário nacional de vacinação vigente (exposto no
item anterior).
Já a imunoglobulina, segunda modalidade de profilaxia pós-exposição ao sarampo, pode
ser administrada até seis dias após a exposição. É administrada nos comunicantes que não
podem receber a vacinação de bloqueio (por esta ser de vírus vivo atenuado), como menores
de 6 meses, gestantes (sem evidência prévia de imunização) e imunocomprometidos graves
(independentemente do histórico vacinal).
Em tempo, no caso dos menores de 6 meses, a aplicação de imunoglobulina não é necessária
para crianças cujo peso ao nascer foi superior a 2.500 g e cujas mães tenham comprovação
de esquema vacinal prévio completo para sarampo (ou que já tenham tido essa doença
anteriormente à gestação).

2. Doença de Kawasaki ⚠
A doença de Kawasaki é bastante cobrada como diagnóstico diferencial das doenças
exantemáticas de etiologia infecciosa. Fique atento a esse tema, pois a incidência dessa
patologia aumentou e, possivelmente, aparecerá ainda mais nas provas. Consiste, basicamente,
em uma doença febril aguda que se associa a uma vasculite sistêmica de vasos de médio
calibre, com risco de acometer as artérias coronárias. O risco de evoluir com anormalidades
coronarianas é de, aproximadamente, 25% em pacientes não tratados e de 4% nos tratados.
Dessa forma, o diagnóstico é bastante importante!

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Doenças exantemáticas

2.1. Quadro clínico


Vamos responder a essa questão de 2022:

Questão 02
(UEL - PR - 2022) Em relação à doença de Kawasaki, considere as afirmativas a seguir.
I. Associados à febre, são critérios diagnósticos: alterações de lábios e cavidade oral,
hiperemia conjuntival, alteração de extremidades, exantema polimorfo e linfadenopatia
cervical.
II. No período febril, há indicação de ácido acetilsalicílico (AAS), em baixas doses, para
inibir agregação plaquetária.
III. A indicação de imunoglobulina humana endovenosa se restringe aos casos em que
houver comprometimento cardíaco.
IV. Os exames séricos da fase aguda demonstram leucocitose com neutrofilia e aumento
das provas inflamatórias.
Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

✂ ✂ ✂ ✂ ✂
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não

CCQ: Na doença de Kawasaki, vamos usar AAS em moderadas/altas


doses e imunoglobulina no tratamento inicial de todos os pacientes

O diagnóstico se baseia em critérios clínicos, sendo necessário ao menos febre de


pelo menos 5 dias + outros 4 critérios:

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Doenças exantemáticas

Critérios diagnósticos da doença de Kawasaki

Febre persistente de pelo menos 5 dias (obrigatório).


Alterações dos lábios e cavidade oral, como eritema e fissura
dos lábios, língua em “morango” ou “framboesa”
e/ou eritema de mucosas oral e faríngea.
Hiperemia conjuntival bilateral sem exsudato.
Eritema palmoplantar e/ou edema endurado em mãos e pés
na fase aguda, e descamação periungueal na fase subaguda.
Exantema polimorfo, podendo manifestar-se como rash
maculopapular, eritema multiforme ou escarlatiniforme,
principalmente em tronco.
Linfonodomegalia cervical com diâmetro ≥ 1,5 cm,
geralmente unilateral.

Fonte: Healthway Medical. Disponível em: https://healthwaymedical.


com/autoimmune-diseases-kawasaki-disease/

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Doenças exantemáticas

Existe a doença de Kawasaki incompleta, na qual vemos dois ou três critérios associados
a febre e alterações laboratoriais. Como é um tema em discussão, vamos disponibilizar
o fluxograma diagnóstico, mas não se preocupe em decorar tudo! Saiba que essa entidade
existe e, quando o quadro clínico não se encaixar em outra patologia, lembre-se dessa
possibilidade!

Avaliação de paciente com suspeita de doença de Kawasaki incompleta

Crianças com febre ≥ 5 dias e 2 ou 3 critérios clínicos compatíveis OU


Crianças com febre ≥ 7 dias sem outra explicação

Realizar exames laboratoriais

PCR < 3 mg/dL e VHS < 40 mm/hora PCR ≥ 3 mg/dL e VHS ≥ 40 mm/hora

Reavaliação clínica e laboratorial 3 ou mais achados laboratoriais:


seriadas se a febre persistir Não 1. Anemia para a idade
Ecocardiograma se ocorrer 2. Plaquetas ≥ 450.000 após o 7.º dia
descamação periungueal de febre
3. Albumina menor ou igual a 3 g/dL
4. Aumento de ALT
5. Leucócitos ≥ 15.000/mm³
6. Leucocitúria
OU
Sim
Tratar Ecocardiograma alterado

Avaliação de paciente com suspeita de Doença de Kawasaki incompleta

2.2. Complicações
A mais temida complicação na doença de Kawasaki é o aneurisma de coronárias, e seu
diagnóstico é feito por meio de um ecocardiograma. Acompanhe no quadro a seguir os
possíveis achados ecocardiográficos no caso dessa patologia:

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Doenças exantemáticas

Alterações ecocardiográficas possíveis na doença de Kawasaki

Aneurisma de coronárias (incomum antes dos 10 dias de doença)

Achados consistentes com arterite coronária

Derrame pericárdico

Disfunção de ventrículo esquerdo

Regurgitação mitral

2.3. Tratamento
O grande objetivo do tratamento na doença de Kawasaki é diminuir a formação de aneurismas
coronarianos. A resposta ao tratamento medicamentoso na prevenção desta complicação
é alta, de modo que apenas 2-4% dos pacientes tratados com ácido acetilsalicílico
e imunoglobulina a apresentam. Na fase aguda, administraremos imunoglobulina e ácido
acetilsalicílico (AAS).
• Imunoglobulina: realizada idealmente até o décimo dia do início da doença, em dose
única, na posologia de 2 g/kg (podendo ser repetida se a febre persistir).
• AAS: realizar ataque em doses moderadas (30 a 50 mg/kg/dia) ou altas (80 a 100 mg/kg/dia)
até a criança ficar afebril por ao menos 48 a 72h. Outras recomendações indicam que esta
dose de AAS deve ser mantida até ao menos o 14º dia de doença e a criança estar afebril
por 48 a 72 h. Posteriormente, deve ser mantida dose de manutenção (3-5 mg/kg/dia)
por seis a oito semanas, se o paciente não tiver evidência de alteração coronariana.
Em caso de alteração coronariana, o paciente geralmente necessita de AAS por tempo
mais prolongado.

3. MIS-C ou SIM-P
Nesses últimos anos a Multisystem inflammatory syndrome in children (MIS-C) ou
síndrome da resposta inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) vem ganhando
um espaço importante no diagnóstico diferencial da doença de Kawasaki. Essa patologia,
associada ao SARS-CoV-2, é uma síndrome de resposta inflamatória multissistêmica.
Vamos pincelar os tópicos mais importantes que a Sociedade Brasileira de Pediatria traz
sobre o assunto.
Como é uma doença nova, muitos estudos ainda estão sendo feitos. Você vai perceber
que alguns critérios diagnósticos dessa doença são bem parecidos com a doença de
Kawasaki, portanto, saber o diagnóstico diferencial entre ambas é muito importante.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um documento (que é seguido pela SBP)
sugerindo uma definição de casos:
Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos com febre ≥ 3 dias E mais dois dos seguintes
sintomas:

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Doenças exantemáticas

• Exantema ou conjuntivite não purulenta bilateral, ou sinais de inflamação muco-cutânea


(orais, mãos ou pés).
• Hipotensão ou choque.
• Características de disfunção miocárdica, pericardite, valvulite ou anormalidades
coronárias (incluindo achados do ecocardiograma ou elevação de troponina/pró-BNP).
• Evidência de coagulopatia (TP, TTPA, D-dímero elevado).
• Problemas gastrointestinais agudos (diarreia, vômito ou dor abdominal).
E:
Marcadores elevados de inflamação, como VHS, PCR ou procalcitonina.
+
Nenhuma outra causa de inflamação microbiana, incluindo sepse bacteriana, síndromes
de choque estafilocócico ou estreptocócico.
+
Evidência de covid-19 (RT-PCR, teste antigênico ou sorologia positiva) ou provável
contato com pacientes com covid-19.

O tratamento da MISC consiste em suporte clínico intensivo e monitorização do paciente,


de preferência em UTI. Pela SBP, para os pacientes que preencham também critérios de
Kawasaki, pode ser feita imunoglobulina endovenosa.
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde publicou que há uma recomendação
condicional (certeza muito baixa) para o uso de corticosteroides em crianças hospitalizadas
de 0 a 18 anos que:
• Atendem a uma definição de caso padrão para MIS-C (em vez de imunoglobulina
endovenosa associada a cuidados de suporte ou apenas cuidados de suporte).
• Atendem a uma definição de caso padrão para MIS-C e critérios diagnósticos para
doença de Kawasaki, além do padrão de tratamento para doença de Kawasaki.

4. Varicela
Conhecida como catapora, ou chicken-pox, é uma doença causada pelo vírus varicela-
zoster. Este apresenta capacidade de causar infecção primária (a catapora clássica) e
permanecer latente por longos períodos, reativando-se na forma de herpes-zoster. Sua
transmissão ocorre por meio de contato com secreções orofaríngeas ou em fluidos (que
se dissipam no meio aéreo na forma de aerossol). Seu período de transmissão vai de dois
dias antes do início do exantema até que todas as lesões se tornem crostosas.
Teste seus conhecimentos com essa questão:

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Doenças exantemáticas

Questão 03
(UFS - SE - 2020) C.J.S., 04 anos, está internado na enfermaria de pediatria em
tratamento para pneumonia lobar com derrame pleural laminar à direita, em uso de
penicilina cristalina, com melhora clínica significativa. No quarto dia de internação
o paciente evolui com máculas eritematosas inicialmente em face, que evoluem para
pápulas, vesículas e pústulas, com aspecto polimorfo.
O paciente divide o mesmo quarto com outras duas crianças (leitos 02 e 03). Leito 02:
M.N.F., 02 anos, em tratamento hospitalar de infecção urinária, calendário vacinal
atualizado. Leito 03: R.L.S., 11 meses, em tratamento hospitalar para síndrome nefrótica,
com calendário vacinal atualizado e sem história prévia de doenças exantemáticas.
Objetivando que os pacientes do leitos 02 e 03 não evoluam com a mesma condição
do paciente 01, qual a opção que se adequa ao caso apresentado:
a) Leito 02: imunoglobulina para a doença em questão; leito 3: observação


clínica rigorosa.
b) Leito 02: vacina para a doença em questão; leito 3: imunoglobulina para

✂ ✂ ✂
doença em questão.
c) Leito 02 e leito 03: antibioticoterapia profilática para doença em questão.
d) Leito 02: observação clínica rigorosa; leito 3: imunoglobulina para doença em
questão.
Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não

CCQ: Saber quando indicar a profilaxia pós-exposição da varicela

4.1. Quadro clínico ⚠


O período de incubação dura de 10 a 21 dias. Entretanto, o quadro clínico da doença
costuma aparecer, em média, duas semanas após a infecção. Apresenta duas fases, sendo elas:

4.1.1. Fase prodrômica


Não costuma ser presente em crianças pequenas (nestas, as alterações cutâneas constituem
a primeira apresentação, na maioria das vezes). Nos adultos e crianças mais velhas, consta de
febre moderada, mal-estar, adinamia, anorexia e dor abdominal. Aparece em média de um
a dois dias antes do surgimento do exantema, e pode perdurar até quatro dias depois.

4.1.2. Fase exantemática


A fase exantemática da varicela é demarcada pelo polimorfismo das lesões. Isso significa
que apresenta diversos estágios de evolução das lesões cutâneas simultaneamente.

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Doenças exantemáticas

As lesões são bastante pruriginosas e geralmente iniciam-se na face, couro cabeludo ou


tronco (distribuição centrípeta).
Quando todas as lesões se tornam crostosas, significa que ocorreu interrupção da viremia,
de modo que o paciente pode voltar às suas atividades. A evolução da lesão, geralmente, é:
mácula > pápula > vesícula > pústula > crosta.

Varicela e polimorfismo das lesões

4.2. Tratamento
O tratamento é sintomático, na maioria das vezes. Podemos fazer aciclovir (deve ser
iniciado nas primeiras 24 horas do exantema, ou até 72 horas, no máximo) para casos
selecionados, como: pacientes não gestantes com mais de 12 anos, crianças com mais
de 1 ano com doenças pulmonares ou dermatológicas crônicas, usuários crônicos de
salicilatos, usuários de corticoide em dose não imunossupressora e segundo caso no
mesmo domicílio.
Em caso de quadro muito grave em imunossuprimido ou em recém-nascido por exposição
perinatal, podemos fazer aciclovir endovenoso. Não administrar AAS concomitante, devido
à incidência aumentada de síndrome de Reye nessa associação. Essa síndrome consiste em
uma encefalopatia não inflamatória aguda com infiltração lipídica de vários órgãos, inclusive
hepática, podendo levar o paciente a óbito rapidamente.

4.3. Complicações
As complicações inerentes à infecção por varicela são infecções bacterianas secundárias
às lesões cutâneas, pneumonia e complicações do sistema nervoso central.

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Doenças exantemáticas

4.4. Profilaxia
Como visto anteriormente, o paciente internado por varicela deve permanecer em
isolamento padrão aéreo (para aerossóis). A profilaxia se divide em:
Pré-exposição: imunização com vacina de vírus vivo atenuado (logo, não pode ser feita
em gestantes e imunossuprimidos). No Programa Nacional de Imunização (PNI), a vacina
para varicela é realizada aos 15 meses (incluída na tetra viral) e com 4 anos (vacina
monovalente contra varicela).
Pós-exposição: ⚠ é a parte relacionada à varicela que mais cai em provas, junto ao quadro
clínico. Existem duas opções:
• Vacinação de bloqueio: até cinco dias após o contato. A vacina só é liberada pelo
Ministério da Saúde para controle de surto em ambiente hospitalar em maiores
de 9 meses e imunocompetentes. Isto é, se uma criança com mais de 9 meses ou
qualquer comunicante suscetível tiver contato intra-hospitalar, faremos a vacinação de
bloqueio! Do contrário, se uma criança maior de 9 meses tiver contato com seu irmão
com catapora em casa, ele não receberá a vacinação de bloqueio. O máximo que será
feito é a atualização do cartão vacinal.
• Imunoglobulina humana antivaricela-zóster (IGHAVZ): até 96 horas após o contato.
Quando uma de cada condição abaixo acontecer:
• Que o comunicante seja suscetível, isto é:
• Pessoas imunocompetentes e imunodeprimidos sem história bem definida da
doença e/ou de vacinação anterior.
• Pessoas com imunossupressão celular grave, independentemente de história anterior.
• Que tenha havido contato significativo com o vírus varicela-zoster, isto é:
• Contato domiciliar contínuo: permanência junto ao doente durante, pelo menos, uma
hora em ambiente fechado.
• Contato hospitalar: pessoas internadas no mesmo quarto do doente ou que tenham
mantido com ele contato direto de, pelo menos, uma hora.
• Que o suscetível seja pessoa com risco especial de varicela grave, isto é:
• Crianças ou adultos imunodeprimidos.
• Grávidas.
• Recém-nascidos de mães nas quais a varicela apareceu nos cinco últimos dias de
gestação ou até 48 horas depois do parto.
• Recém-nascidos prematuros com 28 ou mais semanas de gestação, cujas mães nunca
tiveram varicela.
• Recém-nascidos prematuros com menos de 28 semanas de gestação (ou com menos
de 1.000 g ao nascimento), independentemente de história materna de varicela.

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Doenças exantemáticas

No caso de notificação, cabe relembrar que a varicela é doença de notificação


compulsória apenas em casos graves internados ou óbito pela infecção.

5. Eritema infeccioso
Primeiramente, vamos resolver essa questão:

Questão 04
(HIAE - SP - 2021) Paciente, sexo feminino, 3 anos, é levada ao pediatra com história
de manchas avermelhadas em face e posteriormente em tronco e extremidades.
Negava febre e anorexia. Ao exame físico encontrava-se em bom estado geral e afebril
com presença de eritema malar bilateral e exantema máculo-papular de aspecto
rendilhado em tronco e extremidades proximais, poupando a palma das mãos e a planta
dos pés. O agente etiológico mais provável deste quadro clínico, dentre os abaixo, é:
a) Citomegalovírus.

✂ ✂ ✂ ✂ ✂
b) Paramixovírus.

c) Epstein-Barr vírus.

d) Adenovírus.

e) Parvovírus B19.

Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não

CCQ: Em paciente com eritema malar bilateral, pensar em eritema


infeccioso, cujo agente etiológico é o Parvovírus B19

O eritema infeccioso é causado pelo ⚠ parvovírus B19, vírus do gênero Erythrovirus e da


família Parvoviridae. É razoavelmente prevalente nas provas, de modo que são cobrados
detalhes do quadro clínico e das complicações, na maioria das vezes. Ocorre mais
comumente em crianças em idade escolar. Sua transmissão ocorre após o contato com
secreções nasofaríngeas do infectado.

5.1. Quadro clínico


Em geral, não há pródromos, e a clínica é marcada pelo exantema que surge em três fases.
⚠ O paciente transmite a doença apenas até o surgimento da primeira fase, ou seja, apenas
antes do surgimento do exantema.

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Doenças exantemáticas

5.1.1. Primeira fase


A primeira fase é caracterizada pelo surgimento da “face esbofeteada”. Recebe esse
nome devido ao eritema malar bilateral que pode surgir nesse momento da infecção pelo
parvovírus B19.

Criança com eritema infeccioso com eritema malar.


Fonte: Harvard Publishing. Fifth Disease (Erythema Infectiosum), 2022

5.1.2. Segunda fase


Um a quatro dias após, o exantema se dissemina, acometendo os membros superiores
e inferiores, inicialmente em sua face extensora e, mais tarde, na flexora, com aspecto
rendilhado ou reticulado e, geralmente, poupando região palmoplantar. As lesões desaparecem
sem descamação.

5.1.3. Terceira fase


A última fase dura de uma a três semanas, e nela há risco de recidiva do exantema, caso
a criança fique sob estresse, sol, calor ou exercício físico.

5.2. Complicações
Pode causar artropatia, artralgias, artrites e crise aplástica transitória, com diminuição da
produção medular, causando anemia. Toda criança com anemia falciforme que apresente
crise aplásica deve ser considerada infectada pelo parvovírus B19 até que se prove
o contrário, entre outras complicações menos importantes para sua prova.

5.3. Tratamento
O tratamento básico ao eritema infeccioso se resume a sintomáticos e terapia de suporte.

6. Síndrome mão-pé-boca
Causada pelo vírus Coxsackie A ou B, ou enterovírus 71. O principal agente é o subtipo
Coxsackie A16. É classificada como uma das enteroviroses não pólio. A transmissão das
infecções por enterovírus ocorre por meio de fezes ou secreções respiratórias, em período
bastante variado de tempo (podendo chegar a semanas).

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Doenças exantemáticas

6.1. Quadro clínico


É uma doença que aparece menos nas provas, mas com um quadro clínico típico que vai
fazer você acertar todas as questões! O quadro consiste em febre baixa, ou ausência de
febre, associada a lesões vesiculosas e ulcerosas na cavidade oral, e papulovesiculares
nas mãos e pés (incluindo palmas e plantas). Lembre-se de que podem surgir lesões
nas nádegas também! Os sintomas duram em torno de uma semana, e as lesões
desaparecem sem deixar cicatrizes.
É importante lembrar que, no quadro clínico da doença mão-pé-boca, a criança pode
apresentar queixa de odinofagia e dificuldade alimentar importante, secundária à presença
de úlceras em cavidade oral.

Doença mão-pé-boca
Fonte: https://corregofundo.mg.gov.br/2019/03/21/secretaria-de-saude-divulga-alerta-sobre-sindrome-mao-pe-boca/

6.2. Tratamento
O tratamento é sintomático e a profilaxia é feita com medidas de higiene. É importante
avaliar a hidratação da criança e garantir formas de ingesta oral. Caso a criança apresente
sinais de desidratação e não consiga ingerir líquidos via oral, deve-se internar e considerar
a passagem de sonda nasogástrica para alimentação.

6.3. Complicações
A principal complicação da doença é a desidratação, secundária à baixa ingestão por causa
das lesões orais. Outra queixa frequente após a infecção é a onicomadese, descolamento
da unha a partir da sua base, nas mãos e/ou pés. Ocorre de três a oito semanas após
a infecção e não necessita de tratamento específico.
O vírus Coxsackie pode causar miocardite, e devemos prestar atenção em situações em
que a criança sinta precordialgia. A miocardite é causada mais comumente pelo Coxsackie
tipo B, mas todos os subtipos podem apresentar essa complicação.
Há alguns anos ocorreu um surto dessa doença na Ásia, e algumas crianças evoluíram
com acometimento de sistema nervoso central, sendo a encefalite uma complicação
descrita. Acomete principalmente os menores de 5 anos e cursa com mioclonia, tremores,
ataxia e paralisia de nervos cranianos, disautonomia, desregulação circulatória e glicêmica.

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Doenças exantemáticas

Nesses pacientes, é indicada a internação hospitalar. O uso de imunoglobulina está em


estudo e, atualmente, recomenda-se nos casos em que o paciente apresente encefalite,
paralisia flácida, disautonomia ou falência cardiopulmonar.

7. Exantema súbito (ou roséola infantil)


O exantema súbito é causado pelo herpesvírus humano 6 ou 7. É uma doença com um
curso clínico bastante demarcado e comum nas provas. Sua transmissão é feita por contato
com gotículas de saliva do hospedeiro saudável. A maioria dos casos ocorre em crianças
até os 2 anos.

7.1. Quadro clínico ⚠


Primeiramente, vamos à essa questão sobre exantema súbito:

Questão 05
(SEMAD - RJ - 2021) Sobre as doenças exantemáticas, marque a afirmativa ERRADA.

a) O eritema infeccioso é causado pelo parvovírus humano B19.

✂ ✂
b) A roseola infantum cursa com febre baixa e prolongada antes de surgir o
exantema.
c) Na doença de Kawasaki, o comprometimento vascular mais importante

✂ ✂ ✂
ocorre nas coronárias.
d) A doença/síndrome mão-pé-boca é uma enterovirose.

e) Conjuntivite importante com edema bipalpebral é frequente no sarampo.


Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não

CCQ: Febre que termina subitamente e inicia


exantema é sugestiva de Roseola infantum

7.1.1. Fase prodrômica ou febril


A fase prodrômica (ou febril) é causada, justamente, por febre alta e contínua por três a cinco
dias, que desaparece em crise (de uma hora para outra)! Pode ser acompanhada de máculas
ou pápulas palatoglossais (chamadas pontos de Nagayama) em 65% dos casos, e apresentar
linfonodomegalia cervical.

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Doenças exantemáticas

7.1.2. Fase exantemática


Já na fase exantemática ocorre o surgimento do exantema, que se inicia no tronco e pescoço,
algumas horas após o desaparecimento da febre, e se dissemina de maneira centrífuga, indo
para cabeça e extremidades. Não é pruriginoso e, geralmente, dura de algumas horas até
dois ou três dias (porém, pode persistir por até dez dias).

Exantema súbito

O que é cobrado e que você deve ter na sua cabeça é o seguinte: é uma doença com
febre alta em lactentes por três a cinco dias e que apresenta um exantema após a
defervescência.

7.2. Complicações
Devido ao quadro febril prolongado, a crise (convulsão) febril pode estar presente em 10 a 15%
dos casos, e é a principal complicação que pode ocorrer na vigência de um quadro clínico
de roséola.

7.3. Tratamento
O tratamento consiste apenas em terapia de suporte à criança durante o curso clínico da
doença.

8. Escarlatina
A escarlatina é a primeira doença dessa aula de síndromes exantemáticas que tem uma origem
bacteriana.

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Doenças exantemáticas

Ela é comum nas provas devido à apresentação clínica, que veremos no próximo tópico,
e seu agente etiológico é a bactéria Streptococcus pyogenes, ou estreptococo beta-
hemolítico do grupo A, produtor de toxina pirogênica (um coco Gram + catalase negativo).
Sua transmissão ocorre por contato com gotículas de saliva ou secreção nasal da pessoa
infectada.

8.1. Quadro clínico


A faixa etária em que a escarlatina mais ocorre é em crianças entre 5 e 15 anos. Seu quadro
clínico consiste em duas fases, a prodrômica e a exantemática propriamente:

8.1.1. Fase prodrômica


A fase prodrômica da escarlatina é marcada por odinofagia e febre na ausência de tosse.

8.1.2. Fase exantemática


Já a fase exantemática costuma surgir de 24 a 48 horas após o início das manifestações
clínicas, podendo ser também a manifestação inicial. O exantema é composto por numerosas
lesões papulares puntiformes eritematosas, que sofrem clareamento à digitopressão.
Ao tocarmos a pele, ocorre a sensação de passar a mão em uma lixa (a literatura relata como
aspecto de “pele de ganso ou pele em lixa”). Costuma se iniciar em volta do pescoço e se
dissemina para tronco e extremidades, poupando solas dos pés e palmas das mãos, sendo
mais intenso nas regiões de dobras (essa intensificação nas regiões flexoras recebe o nome
de sinal de Pastia).
Outros sinais que podem ser vistos são a palidez perioral, chamada de sinal de Filatov,
o enantema (nome dos exantemas que ocorrem em mucosas), que começa com uma camada
branca sobre a língua, e o aumento das papilas gustatórias (língua em morango branco),
evoluindo para a ausência da camada branca com manutenção das papilas hiperemiadas
e hipertrofiadas (língua em morango vermelho). No fim da fase exantemática começa uma
descamação fina e laminar na face, que desce pelo corpo, podendo durar dias a semanas.

Língua em morango branco Língua em morango vermelho


Fonte: Carvalho S. Escarlatina. Disponível em: Fonte: Medbullets - Scarlet Fever. Disponível em: https://
http://www.metis.med.up.pt/index.php/Escarlatina. step2.medbullets.com/pediatrics/120586/scarlet-fever

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Doenças exantemáticas

Sinal de Pastia
Fonte: Still University of Health Sciences/
Kirksville College of Osteopathic Medicine.
Disponível em: https://www.atsu.edu/faculty/ Sinal de Filatov
chamberlain/gettings/Case5answer.htm." Fonte: Wikimedia commons

8.2. Complicações
Na escarlatina, há possibilidade de complicações supurativas (disseminação para outras
regiões do corpo, causando otite, mastoidite, sinusite, abscesso faríngeo e meningite) e não
supurativas (febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica, abordadas em aulas
específicas) ⚠.

8.3. Diagnóstico
O diagnóstico é, basicamente, clínico. Pode ser feito também com pesquisa de
Streptococcus pyogenes em esfregaço colhido por swab de nasofaringe com cultura, ou
por teste rápido e testes sorológicos.
A cultura de orofaringe é o padrão-ouro e tem sensibilidade de 90–95% para a detecção de
SGA (Streptococcus beta-hemolítico do grupo A). O teste rápido para detecção do antígeno
estreptocócico é bastante específico. Já os testes sorológicos como a antiestreptolisina O e a
antidesoxirribonuclease B são marcadores de infecção prévia, não tendo papel no manejo agudo
da doença.

8.4. Tratamento
O objetivo do tratamento é encurtar o quadro clínico, evitar as complicações supurativas
e também a famigerada febre reumática (lembre que o impetigo, outra infecção causada
pelo estreptococo, não causa febre reumática!). As drogas usadas são: penicilina G benzatina
(droga de escolha), penicilina V oral ou amoxicilina. A azitromicina é uma alternativa que pode
ser usada por apenas cinco dias, em pacientes com histórico de alergia a betalactâmicos.
O tratamento deve ser iniciado em até nove dias do início dos sintomas para a prevenção
da complicação de febre reumática.

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Doenças exantemáticas

9. Rubéola
Também conhecida como sarampinho ou sarampo alemão, a rubéola é causada por um
Rubivirus (de RNA) da família Togaviridae. Sua transmissão ocorre por meio de contato
com secreções nasofaríngeas de pacientes infectados, principalmente entre cinco dias
antes até cinco a sete dias após o surgimento do exantema. Sua evolução costuma ser
benigna.
Lembrando que a rubéola atualmente é uma doença considerada erradicada no Brasil
desde 2016.

9.1. Quadro clínico


A apresentação clínica da rubéola na infância é mais leve do que no adulto. O período de
incubação gira em torno de duas a três semanas, com duas fases cujas apresentações
clínicas são diferentes. O maior risco dessa doença é a infecção durante a gestação, o que
poderá causar a síndrome da rubéola congênita no neonato.

9.1.1. Fase prodrômica


Geralmente ausente na criança, essa fase é composta por sintomas inespecíficos, como
febre baixa, dor de garganta, conjuntivite, cefaleia e hipo/anorexia. A linfadenomegalia
cervical posterior, occipital e retroauricular é marca típica da doença.

9.1.2. Fase exantemática


A fase exantemática é marcada por exantema maculopapular róseo com progressão
céfalo-caudal que costuma durar cerca de três dias. Não apresenta descamação ao
desaparecer. As lesões características, porém, não patognomônicas, são as manchas
de Forchheimer (exantemas caracterizados como manchas puntiformes rosadas) que
aparecem no palato mole simultaneamente ao exantema na pele. Pode apresentar
esplenomegalia leve.

Manchas de Forchheimer

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Doenças exantemáticas

9.2. Diagnóstico
O diagnóstico ocorre por meio de pesquisa de anticorpos IgM e IgG no sangue (a partir do
surgimento do exantema), ou por identificação viral na urina (ou na secreção de nasofaringe).

9.3. Tratamento
Não há tratamento específico, apenas uso de sintomáticos.

9.4. Profilaxia
A profilaxia à rubéola é dividida em duas modalidades: pré e pós-exposição. Acompanhe:
• Pré-exposição: vacinação com vacina de vírus vivo, faz parte da tríplice viral (aplicada
aos 12 meses) e da tetra viral (aplicada aos 15 meses).

• Pós-exposição: deve ser realizada com a vacinação em até 72 horas após a exposição.
Não é recomendada para todos os pacientes. Segundo o Ministério da Saúde, a profilaxia
pós-exposição é recomendada para crianças entre 6 e 11 meses (dose zero) e pacientes
com esquema vacinal incompleto. O uso de imunoglobulina é bastante controverso e pode
ser indicado a gestantes expostas, entretanto, não garante a não contaminação do feto.

9.5. Complicações
As possíveis complicações associadas à rubéola incluem ocorrência de artrite, encefalite
e trombocitopenia. Para além das complicações, é importante lembrar que a rubéola
é uma doença de notificação obrigatória e imediata!

10. Herpangina
A herpangina é um tema específico que raramente aparece em provas. Trata-se de uma
enterovirose não pólio, causada pelo Coxsackie tipo A, assim como a doença mão-pé-boca.
Caracteriza-se por febre alta, odinofagia e lesões vesiculares e ulceradas na faringe
posterior (diferencia-se da síndrome mão-pé-boca, pois, nesta, a distribuição das lesões
é por toda a cavidade oral).
O tratamento é realizado com suporte clínico e visa principalmente o controle álgico e a
hidratação adequada da criança.

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Doenças exantemáticas

Herpangina

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Doenças exantemáticas

TOP FIVE

➀ Sarampo: manifestações clínicas e profilaxia

➁ Doença de Kawasaki: critérios diagnósticos e tratamento

➂ Eritema infeccioso: etiologia e quadro clínico

➃ Varicela: quadro clínico

➄ Exantema súbito: quadro clínico

Resolva as questões na plataforma

Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5

Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou clique sobre ele para abrir a questão na plataforma.

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Doenças exantemáticas

Referências:
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria. 5ª edição, 2021.
2. Marcdante et al. Nelson Essentials of Pediatrics. 9ª edição, 2023.
3. Kliegman et al. Nelson Textbook of Pediatrics. 21ª edição, 2020.
4. Sociedade Brasileira de Pediatria - Atualização sobre Sarampo, 2018.
5. Centro de Vigilância Epidemiológica. Uso da imunoglobulina humana na profilaxia pós-exposição ao
Sarampo, 2019.
6. McCrindle BW, Rowley AH, Newburger JW. Diagnosis, Treatment, and Long-Term Management of
Kawasaki Disease: A Scientific Statement for Health Professionals From the American Heart Association.
Circulation, 2017.
7. World Health Organization. Living guidance for clinical management of COVID-19. 2021.
8. Sociedade Brasileira de Pediatria. Síndrome inflamatória multissistêmica em crianças e adolescentes
provavelmente associada à COVID-19: uma apresentação aguda, grave e potencialmente fatal, 2020.
9. Ministério da Saúde, Guia de Vigilância em Saúde, 2019.
10. Sociedade Brasileira de Pediatria - Departamento Científico de Dermatologia e Departamento Científico
de Infectologia. Documento científico: Síndrome Mão-Pé-Boca, 2022.
11. Sociedade Brasileira de Pediatria - Departamento Científico de Reumatologia. Documento Científico:
Doença de Kawasaki, 2019.

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Doenças exantemáticas
Comentário da Questão 01

Temos aqui uma criança de 8 meses, nascida de parto normal, a termo, com peso ao
nascimento de 2980 g, trazida para atendimento de emergência, pois apresenta febre
elevada há 3 dias, acompanhada de tosse, coriza e conjuntivite. Ao exame físico, percebe-se
exantema iniciado atrás da orelha e pontos esbranquiçados na região dos dentes molares.

Apenas com a primeira frase, a hipótese de sarampo já deve passar pela sua cabeça.
É claro que, diante de um quadro gripal com febre e conjuntivite, existem outras doenças
virais que seriam prováveis, mas o sarampo já deve estar listado entre as possibilidades.
O dado, inclusive, da febre com piora progressiva é importante, porque essa evolução
é muito característica do sarampo!

O exantema iniciado atrás da orelha segue o clássico padrão de exantema que se inicia
na linha de implantação dos cabelos. E para confirmar, ainda temos os pontos esbranquiçados
perto dos dentes molares, que são as famosas manchas de Koplik, alteração patognomônica
do sarampo!

Então agora que já temos nosso diagnóstico definido, vamos às alternativas:

Alternativa A - Incorreta: A transmissão se dá tanto por contato direto pessoa-pessoa


quanto por contato indireto, pois o sarampo é uma doença transmitida por aerossol, ou seja,
as partículas virais podem ficar em suspensão por longos períodos de tempo.

Alternativa B - Correta: Enquanto o covid possui um R0 (número básico de reprodução)


entre 1,5-2,5, o sarampo possui um R0 de cerca de 14! Ou seja, uma pessoa infectada com
sarampo transmite para cerca de 14 pessoas. Trata-se de um dos maiores R0 entre os vírus
respiratórios.

Alternativa C - Incorreta: A proteína não estrutural (NS1) é utilizada no diagnóstico de


dengue. Para o sarampo, usamos a sorologia IgM específica.

Alternativa D - Incorreta: A imunoglobulina é indicada para pessoas que não podem receber
o bloqueio vacinal, como gestantes, menores de 6 meses e imunossuprimidos. Como nosso
paciente tem 8 meses e está no terceiro dia de doença, ele ainda se encontra no período
viável para receber o bloqueio vacinal.

Alternativa E - Incorreta: A contagem reticulocitária não tem relação nem nenhum valor
propedêutico na infecção por sarampo.

Portanto, o gabarito é a alternativa B.

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Doenças exantemáticas
Comentário da Questão 02

A doença de Kawasaki é uma doença reumatológica da infância e tem questão que


adora cobrar ela como diagnóstico diferencial da síndrome inflamatória multissistêmica
causada pelo covid-19. É uma doença exantemática de etiologia infecciosa, febril aguda
e com vasculite sistêmica, podendo inclusive lesar as artérias coronárias.
E para o diagnóstico temos critérios clínicos que as provas ADORAM. Aqui precisamos
de 5 dos 6 critérios para fechar o diagnóstico, sendo o primeiro critério obrigatório:
1. Febre: presente há, pelo menos, cinco dias. Geralmente alta e contínua.
2. Congestão ocular: conjuntivite bilateral sem exsudato.
3. Alterações em lábios e cavidade oral: diversas e incluem LÍNGUA EM FRAMBOESA OU
MORANGO, hiperemia difusa de mucosas oral e faríngea. Não ocorrem aftas, úlceras
ou exsudato.
4. Linfadenopatia cervical: geralmente unilateral e com diâmetro maior ou igual a 1,5 cm.
5. Exantema polimórfico: mais exuberante em região inguinal e tronco. Tem aspecto
realmente polimórfico, podendo ser rendilhado, maculopapular, escarlatiniforme ou
eritema multiforme. Não possui vesículas!
6. Alterações das extremidades: eritema em região palmoplantar e edema de pés e mãos,
principalmente em dorso. Em uma fase mais tardia, pode apresentar descamação
periungueal.

E o tratamento?
O grande objetivo do tratamento na doença de Kawasaki é diminuir a formação de
aneurismas coronarianos (inclusive, mantenha em mente que essa é a complicação mais
grave, viu? Tem prova que gosta de cobrar isso).
Na fase aguda, administraremos imunoglobulina e AAS. A imunoglobulina é realizada
idealmente até o décimo dia do início da doença, em dose única, na posologia de 2 g/kg
(podendo ser repetida se a febre persistir).
Já no caso do AAS, é realizada uma dose de ataque em quantidades moderadas (30
a 50 mg/kg/dia) ou altas (80 a 100 mg/kg/dia) por cerca de quatro ou cinco dias, ou
até atingir a condição de 48 horas afebril, sendo depois mantida uma dose de manutenção
por seis a oito semanas (3-5 mg/kg/dia) se não houver acometimento de coronárias. Ou
então por período maior caso houver acometimento.

Vamos ver as afirmativas:


Afirmativa I - Correta: Exatamente como vimos, não é mesmo? Todos esses são critérios
diagnósticos.
Afirmativa II - Incorreta: O objetivo aqui é a ação anti-inflamatória e as doses são
moderadas ou altas.
Afirmativa III - Incorreta: Não, usamos imunoglobulina em todos os pacientes até o 10º dia
do início da doença.
Afirmativa IV - Correta: Sim e aqui bastava pensar nas alterações que temos ao nos
deparar com uma doença inflamatória: aumento de PCR, VHS e leucocitose neutrofílica.
Dessa forma, como as afirmativas I e IV estão corretas, o gabarito é a alternativa B.

33
Doenças exantemáticas
Comentário da Questão 03

Questão que pode gerar dúvidas por envolver decorebas, e que foi maliciosa ao abordar
indiretamente um ponto-chave para você acertar a alternativa (o fato de que o tratamento
para síndrome nefrótica inclui imunossupressão).
Saiba que quando falamos de doenças exantemáticas, a profilaxia pós-exposição é um dos
tópicos que mais cai em prova. Vamos relembrar?
Criança de 4 anos, está internada na enfermaria de pediatria com máculas eritematosas
inicialmente em face, que evoluem para pápulas, vesículas e pústulas, com aspecto
polimorfo, quadro sugestivo de varicela. Essa é a clínica principal: lesões em diferentes
estágios de evolução.
Este paciente divide o mesmo quarto com outras duas crianças (leitos 02 e 03). E agora?
• Vacina de bloqueio: só deve ser feita em surtos hospitalares nas pessoas susceptíveis,
em até 5 dias do contato. Contra-indicado nos pacientes < 9 meses de idade,
gestantes e imunocomprometidos.
• Imunoglobulina humana anti-varicela-zoster (IGHAV): deve ser feita em até 4 dias após
contato com aqueles que possuem contraindicação à vacina.

Vamos aproveitar para relembrar as outras indicações especiais para a IGHAV?


• Recém-nascido (RN) cuja mãe iniciou quadro de varicela nos cinco últimos dias de
gestação ou até 48 horas depois do parto.
• RN prematuro, com 28 ou mais semanas de gestação, de mãe suscetível.
• RN < 28 semanas de gestação (ou < 1.000 g ao nascimento), independentemente
da imunidade à varicela.

Leito 02: 2 anos, em tratamento hospitalar de infecção urinária, calendário vacinal


atualizado. De acordo com o Programa Nacional de Imunizações, recomendam-se duas
doses da vacina varicela: aos 15 meses e segunda dose aos 4 anos. Dessa forma, nosso
bebê não tem as contraindicações para receber a vacinação, mas se encontra imune.
Leito 03: 11 meses, em tratamento hospitalar para síndrome nefrótica, com calendário
vacinal atualizado e sem história prévia de doenças exantemáticas. Aqui temos um bebê
que nunca teve a doença, nem foi vacinado contra a varicela e que tem > 9 meses de vida.
Então, teríamos que fazer a vacina de bloqueio, certo? Errado! Ele tem uma contraindicação:
está em tratamento de síndrome nefrótica, ou seja, está usando corticoide em doses
imunossupressoras! Sendo assim, faremos a imunoglobulina!
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Aqui temos uma criança no leito 02 não suscetível, portanto, sem
indicação de profilaxia. Já o leito 03 possui indicação, como exposto acima.
Alternativa B - Incorreta: O paciente do leito 02 não tem indicação de profilaxia.
Alternativa C - Incorreta: A varicela é causada pelo vírus varicela-zoster, e não por
bactéria. Sendo assim, não faz sentido o uso de antibioticoterapia.

34
Doenças exantemáticas
Comentário da Questão 03

Alternativa D - Correta: É essa nossa resposta: leito 02 sem indicação de profilaxia


por ser vacinado; e leito 03 com indicação de imunoglobulina por estar em tratamento
imunossupressor!
Portanto, o gabarito é a letra D!

35
Doenças exantemáticas
Comentário da Questão 04

Questão que possui algumas palavras-chave que nos ajudam a achar a alternativa certa.
São elas: "bom estado geral", "eritema rendilhado" e "eritema malar". Se você se deparar
com essas palavras, atente-se para o eritema infeccioso!

O eritema infeccioso - que de infeccioso não tem nada - é uma erupção exantemática
após a infecção pelo Parvovírus B19 (muitas vezes, assintomática)! Como ele é pós-
infeccioso, a criança já está bem, sem outros sintomas gerais, e com bom estado geral.

O exantema é caracteristicamente rendilhado e pode recidivar em situações de estresse


ou calor.

Mas o que mais deve te chamar atenção é o relato de "eritema malar". Calma, não é
lúpus. Estamos falando da famosíssima "face esbofeteada", achado clássico do eritema
infeccioso.

Vamos às alternativas:

Alternativa A - Incorreta: O CMV pode causar uma síndrome mono-like com febre,
fadiga e linfadenomegalia generalizada. Geralmente acomete crianças mais velhas e
adolescentes. Não é o caso da nossa paciente, que está muito bem de saúde, obrigada.

Alternativa B - Incorreta: O paramixovírus é o agente causador do sarampo! Lembre-se que


é uma doença agressiva, com pródromos catarrais, exantema morbiliforme iniciado na
linha de implantação dos cabelos, com descamação furfurácea e pode complicar com
otite média aguda (complicação mais comum) e pneumonia (complicação mais letal),
principalmente.

Alternativa C - Incorreta: O Epstein-Barr causa mononucleose e o exantema relacionado


e ele pode aparecer após o uso de amoxicilina.

Alternativa D - Incorreta: O adenovírus é um agente de resfriado comum que é reconhecido


por causar a febre faringoconjuntival! Os sintomas são sintomas gripais, dor de garganta
e conjuntivite exuberante. (Dica: memorize como adenOLHOvírus).

Portanto, o gabarito é a letra E.

36
Doenças exantemáticas
Comentário da Questão 05

Roseola infantum, também conhecida como exantema súbito, é uma das principais doenças
exantemáticas infantis. Então fique atento, pois esse é um tema frequente em provas.

É transmitida através de gotículas respiratórias e tem como etiologia o herpesvírus


humano tipo 6. O diagnóstico é clínico, não necessitando de exames. Afeta principalmente
crianças entre 6 meses a 3 anos, pois os anticorpos protegem enquanto há aleitamento
materno exclusivo. O exantema tem duração curta, desaparecendo sem deixar descamação
ou hiperpigmentação dentre algumas horas a 2 ou 3 dias.

Importante destacar que, como a doença é de fácil transmissão, a criança deve ser afastada
do convívio da escola, principalmente durante o período febril. Vale lembrar que a questão
deseja encontrar a alternativa errada!

Alternativa A - Incorreta: O eritema Infeccioso é causado pelo Parvovírus Humano B19.


O quadro começa com mal-estar e febre e é seguido por lesões eritematosas nas regiões
zigomáticas, por isso chamamos de “face esbofeteada”.

Alternativa B - Correta: O quadro clínico se inicia com febre alta, irritabilidade e inapetência.
Após aproximadamente 3 dias a febre termina subitamente e surge o exantema centrífugo,
ou seja, inicia-se no tronco e se dissemina para a cabeça e as extremidades.

Alternativa C - Incorreta: A doença de Kawasaki é uma vasculite sistêmica que predomina


nos vasos de médio calibre. O risco de acometimento das coronárias é alto e cerca de 25%
dos pacientes não tratados são afetados, esse índice foi reduzido para 4% nos tratados.

Alternativa D - Incorreta: Altamente contagiosa, a doença Mão-Pé-Boca é uma enterovirose


causada pelo Coxsackie A16, A10 e Enterovírus 71. Pré-escolares e escolares são os mais
acometidos.

Alternativa E - Incorreta: O Sarampo é uma doença aguda viral caracterizada por febre,
tosse, coriza, e conjuntivite. Associado a exantema eritematoso maculopapular de progressão
crânio-caudal, de distribuição centrípeta, que não poupa região palmo-plantar.

Portanto, o gabarito é a alternativa B.

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