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SARAMPO

Aula de Pediatria

Dra. Benedita da Silva


Sumário
 Introdução  Diagnóstico
 Descrição geral  Diagnóstico diferencial
 História  Tratamento
 Definição  Epidemiologia
 Classificação  Distribuição geográfica
 Etiologia  Dados existentes em
 Modo de transmissão Moçambique
 Reservatório  Medidas de prevenção e
 Vias de transmissão controle
 Fisiopatologia
 Estratégia de Luta em
Moçambique
 Quadro clínico  Metas Regionais de Pré-
 complicações eliminação do sarampo
 Profilaxia pós-exposição
Introdução
 O sarampo é uma doença altamente contagiosa prevenível pela
vacina, com a mais alta mortalidade de todas as doenças
exantemáticas/febris da infância
 África conta com 36% da mortalidade pelo sarampo, 2010
 Antes da era vacinal, epidemias de sarampo assolavam todo o mundo
 299,201 casos reportados, 164,000 mortes estimadas (2008) 85%
cobertura estimada MCV , 65% dos países alcançaram >=90%
cobertura MCV (2010, dados global OMS)
 Com o desenvolvimento da vacina, estima-se que 80 milhões de casos
e 4,5 milhões de mortes são prevenidos anualmente.
Descrição geral
 História
 Séc. XVII, ocorreram várias epidemias de sarampo
 Rhaze & col descreveram o sarampo
 Finais 1800, Köplϊk descreve o sinal patognomónico
 1846, Panun & col descreveram o modo de transmissão,
período de incubação e imunidade
 Em 1963, iniciou-se a 1ª imunização contra o sarampo
 Definição
doença altamente contagiosa de carácter agudo auto limitada
geralmente da infância e caracterizada por erupção
maculopapular, febre, tosse, conjuntivite, coriza e mal estar.
Descrição geral
 Classificação- doença típica, modificada e atípica
 Etiologia
 Vírus RNA, envelopado
 Género: Morbillivirus
 Família: Paramyxoviridae
 Helicoidal; Pleomórfico c/Ø 150-300 nm
 Actividade hemaglutinante
 Inactivado pela luz ultravioleta e solventes

 Grupo etário: 95% antes dos 15 anos;


Descrição geral
 Reservatório e modo de transmissão
 Reservatório: Homem
 Transmissão -Secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir,
espirrar, falar ou respirar;
-Inicia-se 4 a 6 dias antes do início do exantema
e dura 4 a 5 dias após seu surgimento.
Fisiopatologia
 Entrada do vírus através das vias respiratórias: nasofaringe ou
conjuntiva
 Replicação no local de entrada:
 Destruição celular local
 Virémia Primária -2º e 3º dias
 Sensibilização dos linfócitos T e B
 A lesão essencial é na pele e nas membranas mucosas da
nasofaringe, brônquios, tracto intestinal e conjuntiva

 Exsudato seroso e proliferação de células mononucleares e


poucas células PFMN à volta dos capilares
Fisiopatologia
 Disseminação:
 Multiplicação activa - 3º e 5º dias
 Virémia secundária - 5º e 7º dias: (vírus: pele,
conjuntiva, tracto respiratório)
 11º e 14º dias: Pico da virémia
 15º e 17º dias: Redução brusca da virémia

 Replicação viral: Células endoteliais e epiteliais, nos monócitos e


macrófagos.
 Estabelecimento da infecção na pele, mucosas e disseminação
completa do vírus
 Declíneo da virémia
Infecciosidade
 A disseminação máxima do vírus é por gotícolas aéreas durante
o período prodrómico (fase catarral)
 A transmissão dos contactos susceptíveis muitas vezes ocorre
antes do diagnóstico do caso original
 Uma pessoa infectada torna-se contagiosa pelo 9°-10°dia
depois da exposição (começo da fase prodrómica), em algumas
vezes tão cedo como no 7°dia.
 As precauções do isolamento, especialmente em hospitais ou
instituições, devem ser mantidas a partir do 7°dia depois da
exposição e até 5 dias depois do aparecimento do rash.
Imunidade
Resposta Celular Resposta Humoral
linf.T linf. B
 Papel dos linfócitos T  Aparecimento de IGM e IgG
auxiliares /citotóxicos (infecção primária)
- IgM são de vida curta (< 9
 Importantes na resolução da meses)
fase aguda  IgA epitelial e imunoglobulinas
neutralizantes, ocorrem após a
vacina
Importantes na fase pós-
infecção
Quadro clínico
 Doença Típica: ocorre em todos os indivíduos susceptíveis,
geralmente crianças não vacinadas

 Período de incubação: 10 a 12 dias (assintomático)


-Intensa replicação viral;
-Raramente há manifestações clínicas.

 Período prodrómico: 3 a 5 dias (sintomático): febre alta, tosse


seca e intermitente, conjuntivite, coriza, mal estar geral.

”Rash” transitório macular ou urticariforme que desaparece antes


do início do exantema típico;
Quadro Clínico (cont.)

Manchas de Köplik (a partir do 10° a 11° dia) na mucosa bucal


e faríngea
Pequenas manchas irregulares, de 2 a 3mm de diâmetro,
esbranquiçadas e brilhantes, discretamente elevadas, com base
eritematosa, que iniciam na mucosa na região oposta aos dentes
pré-molares. Desaparecem no 2º dia do exantema.
Quadro Clínico
 Período exantemático:
-3 a 4 dias após início dos sintomas prodrómicos;
- Duração de 4 a 7 dias;
- Erupção eritematosa maculopapular, de padrão centrífugo inicia na
região retroauricular e fronte, em 24h espalha-se pela face, tronco,
MMSS e MMII;
-Lesões isoladas, circundadas por pele não comprometida e
desaparece à compressão;
- Febre permanece até 3⁰ dia do exantema.
- Dor abdominal, vómitos e diarreia
 Período de descamação:
despigmentação
descamação em lâminas
Sarampo
Sarampo
Sarampo
Quadro Clinico (cont.)
 Doença modificada  Doença atípica
 Ocorre geralmente em  O rash segue um

indivíduos parcialmente padrão atípico ié,


imunes (cr. 9 meses e padrão centrípeto
em casos de falência de  O rash mostra um

imunização) componente petequial,


 É uma forma moderada urticariforme e
de sarampo presença de edemas
nos membros inferiores
Quadro Clinico (cont.)
 Complicações:  ulceração da córnea
 otite média
 pneumonia, lesão
 gengivo-estomatite por
Herpes simplex
intersticial (mais
frequente), croup,  diarreia
laringotraqueo-  pericardite
bronquite (LTB),  miocardite
cegueira em cr
malnutridas,  encefalomielite
exacerbação de  panencefalite esclerosante
processo tbc existente, subaguda (SSPE)e
trombocitopénia.
Diagnóstico
 O diagnóstico é ELISA e testes de HAI
essencialmente clínico (Inibição de
 Laboratorial hemaglutinação)
Isolamento do vírus em  Demonstração da
cultura de tecido, elevação do título de
demonstrando a anticorpos específicos
presença de antígenos antivirais em 2 amostras
virais, através de sucessivas
microscopia de  Demonstração de
fluorescência, fixação de anticorpos da classe IgM
complemento, numa amostra de soro
(ELISA)
Diagnóstico (cont.)
HC: - Sem complicação: Leucopenia com neutropenia
absoluta e linfopenia;
- Com complicação bacteriana: Leucocitose,
neutrofilia e desvio à esquerda;
Anticorpos IgM (colectar amostra entre 4 e 11 dias
após início do exantema);
Isolamento do vírus de células mononucleares de
sangue periférico, secreções respiratórias, conjuntiva
e urina.
Diagnóstico (cont.)
 Diagnóstico diferencial:
 Todas as doenças exantemáticas (exantema
súbito, rubéola, escarlatina, etc)
 Mononucleose infecciosa
 Meningococcémia
 Toxoplasmose
 Sífilis secundária
 Infecções por echo, coxsackie e adenovirus
 Reacção medicamentosa (ampicilina e fenitoína),
sindrome de Kawasaki (rickettsiose)
Tratamento

 Tratamento (É sintomático e de suporte):


 Repouso relativo;
 Paracetamol, pomada oftálmica de Tetraciclina, Violeta de Genciana
 Vitamina A (400,000UI), recuperação mais rápida dos linfócitos e melhora na resposta de

anticorpos IgG na fase aguda;


 hidratação e alimentação adequadas, controle de peso de 15 em 15 dias vigiar o

aparecimento de infecções no pós-sarampo


 Humidificação das secreções das VAS;
 Antibióticos: Complicação bacteriana;

-
-
-
-
Complicações

 Febre (após o 3º dia do exantema): Otite média


aguda, laringotraqueite aguda, tuberculose,
pneumonia/broncopneumonia, encefalite aguda,
panencefalite esclerosante subaguda.

 Gestação: Aumento de parto prematuro, aborto


espontâneo e baixo peso ao nascer.
Epidemiologia
 distribuição geográfica-  doença altamente
endémica em quase contagiosa, aprox 90%
todo o mundo dos contactos familiares
 nos países em susceptíveis adquirem a
desenvolvimento tem doença
maior incidência em  factores de
crianças menores de 2 susceptibilidade: idade,
anos; no nosso País malnutrição, falta de
ocorre em surtos imunização adequada e
epidémicos situação socio-
 todos os indivíduos são económica precária
susceptíveis
Impacto de vacinacão
– Situação de sarampo em Moçambique (até 2009)
Distribuição de casos suspeitos confirmados
por grupo etário

Fonte: Depto Epid/MISAU


Distritos com surto e coberturas vacinais de
sarampo

9 188
Casos
T. cobertura (%
7 150

5 113

Tx. Cobertura (%)


Casos

4 75

casos
2 38

0 0

Macanga

Chemba

Chamanculo
Caia

Mutarara

Gorongosa

Cidade de Tete
Namarroi
2010 distritos com surto 2011

Fonte: Departamento de Epidemiologia/PAV


Prevenção
 Vacina anti-sarampo de virus vivo atenuado:
Evita a doença se administrada dentro de 72h
após contacto com o doente;
-Imunoglobulina humana: Para
susceptíveis com idade inferior a 6 meses.
Dose de 0,25ml/kg em dose única.
Métodos de prevenção e controle
 Imunização:  Características da vacina:
vírus vivo superatenuado, da  Leofilizado não reconstituído
estirpe de Schwartz cultivado
 Termolábil
 Conservação a -15º a -25ºC
em células embrionárias de no depósito central e a +8ºC
galinha a nível periférico
 Vacina reconstituída só pode
 Grupo alvo: ser reconstituída no mx. de 4
horas
 Criança entre os 9 a 23  Deve ser mantida no
meses de preferência 9 frigorífico e ao abrigo da luz
meses  Esquema de imunização:
 Deslocados não dose única (0,5 ml da vacina
vacinados, em crianças reconstituída), via
menores de 5 anos subcutânea.
Métodos de prevenção e controle
 Noutros Países:  Contra-indicações:
 Vacina viva atenuada, estirpe grávidas, imunodeprimidos,
de Edmonston sensíveis a drogas, tbc, dças
 O esquema de imunização debilitantes (leucémia,
compreende a administração
em 2 doses, a partir do 15° linfosarcoma)
mês aos 4 a 6 anos de idade  Controle de pacientes e seus
 Geralmente administrada em contactos:
combinação com as vacinas  Notificação precoce
da parotidite e da rubéola  Isolamento dos pacientes
(MNR-measles, mumps,  Isolamento respiratório (algs
rubéola) situações)
Metas Regionais de pré-eliminação até 2012

 98% redução da mortalidade até 2012, comparada com as


estimativas de 2000;

 Incidência de sarampo <5 casos/106 por ano em todos os


países;

 Cobertura de vacinação contra o sarampo:


 a nível nacional: >90%, em todos os Países
 todos os distritos: >80%
Metas Regionais de pré-eliminação até 2012(cont.)

• Cobertura de Vacinação nas Campanhas: 95% em todos


os distritos

• Todos os países atinjam as metas dos 2 principais


indicadores de desempenho da vigilância
– 80% distritos: > 1 caso suspeito de sarampo com
amostra/ano
– Taxa de detecção de erupção cutânea (não-Sarampo)
de > 2:100.000 por ano
Estratégias para eliminação do Sarampo
implementadas no País

 Vacinação de rotina aos 9 e 18 meses

 Segunda oportunidade de vacinação através de


Campanhas

 Vigilância baseada no caso

 Manejo adequado de casos


PROGNÓSTICO
 A morte geralmente é devida a pneumonia e
infecções bacterianas secundárias

 É bom quando se faz a prevenção das infecções


secundárias

 É pior em lactentes com desnutrição,


imunodeprimidos e menores de 1 ano.
Profilaxia pós- exposição
 Imunização passiva com imunoglobulina 6 dias
após a exposição

 Contactos com crianças <12meses de idade ou


grávidas ( 0,25ml/Kg. max 15ml) IM dentro de 5 dias

 Imunodeprimidos (0,5ml/kg. max 15ml) IM


Referências
 Textbook of Pediatrics, Nelson ,17a edição
 http://www.who.int/vaccines/globalsummary/immunization/
 Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Measles, mumps
and rubella-vaccine use and strategies for elimination of measles,
rubella and congenital rubella syndrome and control of mumps:
recommendations of Advisory Committee on Immunization
Practices (ACIP). MMWR 1998; 47(RR-8):1-59.
 MISAU, Informe sobre o Controle do Sarampo em Moçambique,
2012

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