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Aula 2: Streptococcus
pneumoniae e S. agalactiae

Streptococcus pneumoniae

Características:
São bactérias diplococos gram-positivas dispostas em cadeias (”chama de vela”),
também chamadas de pneumococos.

Elas fazem parte da microbiota normal das vias aéreas superiores.

Gera pneumonia, sinusite, otite média, meningite.

Risco aumentado: Crianças pequenas, idosos, fumantes, pessoas com doenças


crônicas, tratamento de neoplasias. → Aumento da frequência e gravidade.

Fatores de virulência:

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Fatores de virulência do S. pneumoniae

Cápsula:

É um dos fatores mais


importantes.

Tem atividade antifagocítica,


atrapalhando a opsonização e de
ligação das células fagocíticas,
protegendo contra o sistema

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imune.
Pode ter várias vezes por
Responsável pela diversidade
diferentes sorotipos.
antigênica.

90 sorotipos diferentes
(adultos: 1 a 8; crianças: 6,
14, 19 e 23)

Esses sorotipos são


responsáveis pelo preparo
de vacinas, tendo em vista
que cada imunidade é
específica para o sorotipo.

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Pneumolisina:

É uma citotoxina produzida pela bactéria que é tóxica para as células do


hospedeiro.

Destrói as células por meio da formação de poros na membrana celular, o que


estimula a produção de citocinas inflamatórias que vão provocar um quadro de
inflamação e uma reação em cadeia.

Hialoronidase:

Proteína que tem a função de quebrar o ácido hialurônico, que está presente
no nosso tecido conjuntivo, isso facilita a propagação e invasão bacteriana nos
tecidos mais profundos.

Neuraminidase:

Clivam moléculas de ácido siálico, que está presente no muco do hospedeiro,


reduzindo a viscosidade do muco, que deveria ser protetor.

Expõe receptores e aumenta a capacidade de aderência.

IgA proteases:

Degrada o anticorpo importante protetor de mucosa, principalmente a mucosa


respiratória, o IgA.

Transmissão:
Essa bactéria está presente de forma natural na nossa microbiota do trato respiratório
superior e a partir de quadros gripais ou alergias que facilitam o crescimento dessas
bactérias e surgimento de doenças, mas também podem ser transmitidas por outras
pessoas (sintomáticas ou portadoras).

Transmitida por gotículas de saliva ou muco, por meio da tosse ou espirro.

Grupos de risco: Doenças crônicas (distúrbios cardíacos, pulmonares, diabetes e


doença hepática), alcoolismo, distúrbios que enfraquecem o sistema imunológico
(infecção por HIV), uso de corticosteroides ou quimioterápicos, ausência de baço
funcional e tabagismo.

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Manifestações clínicas:
Pneumonia pneumocócica:

É uma pneumonia comunitária.

Representa cerca de 60% dos casos de pneumonia bacteriana.

É aguda e pode ocorrer após gripes.

Inicialmente o paciente parece ter apenas uma gripe e depois o paciente


começa a se sentir mal e a infecção já está instalada.

É chamada de lobar, pois afeta principalmente os lóbulos inferiores.

Tem a tendência a resistir à fagocitose dos macrófagos alveolares.

Mais frequente em crianças e idoso.

Sintomas:

Tremores, calafrios, febre, tosse com expectoração (tosse produtiva),


dispnéia (dificuldade para respirar), dores no tórax ao respirar, naúseas,
vômiros, cansaço e dores musculares.

Catarro com aspecto de ferrugem (sangue) ou amarelada.

Existem algumas complicações, como empiema (pus no espaço pleural) ou


derrame pleural seroso (presença de líquidos no espaço entre pulmão e
pleura, que atrapalha a respiração).

Meningite pneumocócica:

Quadro grave que decorre da


invasão e multiplicação da
bactéria nas meninges, possui
elevada mortalidade.

Inflamação do SNC e medula


espinhal (inflamação das
meninges).

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Pode está associada a otite,
sinusite e pneumonia
pneumocócica.
📌 Em bebês esses sinais podem
não está tão claros, eles
apresentam moleira elevada,
Sintomas: recuso para comer,
Febre alta, mialgia, cefaléia, irritabilidade excessiva (choro
vômitos e náuseas, fotofobia, constante), pernas e braços
confusão mental, muito rígidos ou flácidos.
convulsões, manchas
vermelhas no corpo, pescoço
rígido (defesa postural).

Gravidade decorre da resposta


inflamatória acentuada, com
aumento da pressão
intracraniana e edema.

Diagnóstico: Clínico e punção


lombar.

Tratamento imediato de
antibióticos.

Sequelas transitória ou
permanente:

Perda auditiva, paralisia


cerebral, problemas de fala,
epilepsia ou perda de visão.

Otite média aguda:

Ocorre após gripes e resfriados, alergias, devido à passagem de


microrganismos das vias aéreas para o ouvido médio.

Importante limpar as secreções com frequência em casos de gripes, com


solução fisiológica de cloreto de sódio.

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Tem uma inflamação e secreção purulenta na tuba auditiva, nas crianças tem
propensão maior, pois a tuba ainda é horizontal, o que favorece a estase de
secreções.

Sintomas:

Febre, dor de ouvido, perda de apetite, secreção local (por trás da


membrana timpânica).

Em crianças é choro, agitação, perturbação do sono, tocar a orelha.

Em casos graves pode romper a membrana do tímpano e eliminação


purulenta com sangue.

Diagnóstico é principalmente clínico, com rara cultura.

Sinusite:

São consequência da inflamação


dos seios paranasais (frontais,
etmoidais, esfenoidais e
maxilares) com grande secreção
purulenta das bactérias.
Normalmente é após quadros
gripais.

Importante a lavagem constante


com solução fisiológica, para
drenar e limpar essas secreções.

Sintomas:

Febre, cefaléia, fadiga, mal


estar, tosse, dor em pressão,
sensibilidade facial.

Diagnóstico laboratorial:
1. Suspeita clínica

2. Coleta do material depende do local de suspeita da infeção.

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a. Meningite → Líquor

b. Sistêmica → Sangue

c. Otite aguda ou crônica com rompimento da membrana → Secreção do ouvido


médio.

3. Semear em ágar sangue e incubado


na estufa por 24hs a 37°C e observar
o tipo de hemólise das colônias.

a. Colônia amarronzada, grande,


mucoides e que formam alfa-
hemólise)

📌 No casos de suspeita de meningite é pedido um gram do líquor (mais rápido


para direcionar o tratamento), cultura e pesquisa de antígenos capsulares.

4. PCR de amostras clínicas (sangue, líquor e secreções em geral).

Tratamento:
Antes era muito usado penicilina G, ampicilina e amoxicilina, porém agora é pouco
usado pois existem muitas bactérias resistentes.

Pneumonias, sinusite e otite: Amoxicilina + ácido clavulânico, macrolídeos,


cefalosporinas, doxiciclina, quinolonas (levofloxacina).

Meningite (infecção grave): Penincilina G cristalina, ceftriaxona e vancomicina.

Prevenção e controle:
A prevenção se dá principalmente pela vacinação que uso o polissacarídeo
capsular que pode ser conjugada ou não conjugada.

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Vacina 23-valente (proteção contra 23 sorotipos): adultos e crianças maiores de
2 anos.

Vacina 13-valente (proteção contra 13 sorotipos): qualquer idade.

Vacina 10-valente (proteção contra 10 sorotipos): crianças menores de 5 anos.

📌 A vacinação é indicada principalmente para crianças, idosos e pessoas com


fatores predisponentes.

Streptococcus agalactiae
Características:
O Streptococcus agalactiae faz
parte do grupo B de Lancefield

📌 Tomando por base


diferenças em um
polissacarídeo de
composição variável
(carboidrato C) localizado
na parede da bactéria, os
estreptococcus são Grupo B de Lancefield
agrupados em vinte
grupos, designados por
letras do alfabeto.

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Ele está presente na microbiota normal do ser humano, principalmente vias aéreas
superiores, intestino e vagina.

É um microrganismos perigoso pois pode gerar sepse, meningite e pneumonia em


crianças de até 3 anos.

É importante a mulher fazer um exame profilático, chamado de “exame do


cotonete” antes do parto para saber se ela possui essa bactéria, se ela tiver é
necessário fazer um tratamento antes do parto normal para evitar que a criança
seja infectada.

Gera infecções em adultos (homens e mulheres) com o sistema imune debilitado.

Fatores de virulência:
1. Cápsula polissacarídica → Vai inibir a fagocitose e ajudar no desenvolvimento da
meningite.

2. Ácido lipoteicóico: Tem adesinas que induzem a liberação de citocinas.

3. Antígeno C: Liga-se à porção Fc das IgAs (mucosa) séricas, o que atrapalha a


opsonização.

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📌 Processo de opsonização:

4. Fator CAMP: Liga-se à porção Fc de IgM e IgG,


também atrapalha a opsonização semelhante ao
antígeno C .

5. Presença de hemolisinas, proteases, nucleases e


hialuronidases.

Gera uma área de hemólise


em forma de seta.

Manifestações clínicas:
Recém nascidos:

Síndrome precoce Síndrome tardia

É a mais frequente, em cerca de É a menos frequente a acontece até


80% dos casos. os 30 dias de vida.

Se apresenta ainda na 1° semana de A fonte de infecção não é mais o


vida, nas primeiras 24 horas. parto, mas sim uma infecção
hospitalar, normalmente com
Ela é adquirida no útero, por
crianças que nasceram prematuras
aspiração do líquido amniótico

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contaminado, ou durante a ou com alguma doença de base que
passagem no canal do parto. precisaram ficar hospitalizadas.

Gera no recém nascido pneumonia, Gera sepse, meningite e pneumonia,


sepse e meningite. artrite séptica. Em casos raros
onfalite (inflamação do umbigo) e
Pode apresentar febre, dificuldade
osteomielite (inflamação dos ossos e
para mamar, dispnéia e convulsões.
da medula óssea).

📌 Nem todas as crianças que


vão ter contato com a bactéria
As fontes de infecção são: Mãe (mas
não é através do canal do parto),
crianças doentes e nosocomial.
apresentam manifestações
clínicas (1 a cada 200), se tiver
o antibiótico diminui mais ainda
(1 a cada 4000).

📌 Por isso é importante fazer o


teste do cotonete entre a 35° a
37° semana de gestação para
saber se a bactéria está
presente, em caso de teste
positivo, não é administrado
antibióticos até o final da
gestação, mas apenas durante
o parto. Em casos de parto
cesária também não tem
necessidade de tomar
antibiótico.

Gestantes:

É uma das causas principais de infecção urinária em gestantes.

Podem apresentar sepse, meningite, infecção intra-amniótica (pode levar ao


rompimento precoce da bolsa amniótica), endometrite (dor abdominal, febre,

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sangramento uterino) e infecção de ferida cirúrgica.

Responsável pela chamada febre puerperal (mãos sujas de outros pacientes).

Fatores de risco para infecção:


Infecção urinária por GBS durante a gestação, principalmente durante a 35° a 37°
semana.

📌 Se a paciente tiver infecção urinária você vai precisar tratar, mas se for
encontrado a bactéria sem a infecção urinária é melhor não começar logo o
antibiótico, mas somente durante o trabalho de parto, pois se for antes você
pode está selecionando as bactérias mais resistentes.

História pregressa de um filho que teve a doença pelo GBS.

Bolsa rompida com mais de 18hs, pois a bactéria pode ascender até o útero e
encontrar a criança.

Trabalho de parto prematuro.

Epidemiologia:
A bactéria está presente no reservatório natural do corpo, como TGI e trato
genitourinário.

De 15 a 35% das mulheres grávidas apresentam colonização por S. agalactiae na


vagina ou no reto, por isso a necessidade do uso profilático de antibióticos durante
o parto para reduzir a incidência das infecções precoces.

Infecções tardias são frequentemente nococomiais, ou seja, não são provenientes


do canal vaginal.

Diagnóstico laboratorial:

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Isolamento e identificação microbiológica da bactéria, sendo colhido durante a
gestação.

Espécimes clínicos: swabs vagina, cérvix, anorretal.

RN: cordão umbilical, garganta e reto, sangue, líquor e urina

Placas de ágar sangue: beta hemolítico e resistente à bacitracina

Exame de identificação presuntiva: TESTE DE CAMP

1. Produção de fator CAMP por S. agalactiae.

2. Potencializa a ação hemolítica de β-hemolisina do Staphylococcus aureus.

3. Gera uma área de hemólise sinérgica em forma de seta.

Ao ter o contato do S. agalactiae com o S.


aureus vai ter a formação de uma ponta de
flecha, caracterizando um teste de camp
positivo.

Diagnóstico rápido:

Pesquisa da antígenos grupo B nas culturas, secreções e liquor.

Prevenção, controle e tratamento:


Gestante: Exame do cotonente (amostra vaginal e anorretal) com 35 a 37 semanas
de gestação → Exame de rotina do final da gestação.

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Vai ser colhido em um swab em meio seletivo Stuart ou Amie (meios para o transporte até o
laboratório).

Durante o parto: Administração de penicilina cristalina, ampicilina, cefazolina ou


clindamicina durante o parto, de acordo com a possibilidade de infecção da
parturiente (fatores risco, como outro filho que tenha dito ou um parto prolongado).

Recém nascido doente: Administração de penicilina ou ampicilina.

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