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DOENÇAS DE TRATO
RESPIRATÓRIO
ANTERIOR EM GATOS
INTRODUÇÃO 2
HERPESVÍRUS 3
CALICIVÍRUS 4
CLAMIDIOSE 5
BORDETELLA 6
MICOPLASMOSE 6
DIAGNÓSTICO 6
TRATAMENTO 7
MANEJO E PREVENÇÃO 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10
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- Residência em clínica e cirurgia de pequenos
animais - FMVZ/USP
MV, Msc. Alexandre G.T. Daniel - Consultoria e atendimento especializado em
Mestre em Clínica Veterinária - medicina felina
FMVZ/USP - Gattos – Clínica Especializada em Medicina Felina
alexandre.daniel@gattos.vet.br
INTRODUÇÃO
As doenças respiratórias de trato anterior (ou auxílio veterinário, com elevada prevalência e
superior) são bastante comuns em gatos, princi- morbidade, bem como a principal causa de
palmente naqueles provenientes ou que vivem em doença (manifestações clínicas) em ambientes
ambiente com múltiplos indivíduos (por definição, superpopulosos. Possuem características multifa-
colônias/criatórios são ambientes com cinco ou toriais, com diversos agentes etiológicos envolvi-
mais gatos). São consideradas um dos principais dos, bem como significativo número de outros
grupos de doenças responsáveis por busca de fatores associados.
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HERPESVÍRUS
O herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1) é um DNA necessário o contato direto com um animal infec-
vírus (fita dupla) envelopado, pertencente à subfa- tado ou via gotículas (saliva/secreções), para a
mília Alphaherpesvirinae. Causa infecção aguda perpetuação do ciclo viral (fato que explica a
com tropismo por tecido termolábil (com tempera- grande prevalência em ambientes superpopulo-
turas próximas a 37ºC), principalmente o epitélio sos). A contaminação por meio de fômites e, mais
nasal, traqueal e epitélio da córnea. importante, por meio da reativação viral, possui
papel importante na perpetua-
Durante a infecção aguda, o
ção do agente em colônias.
vírus atinge os neurônios do
gânglio trigeminal, podendo ficar A maioria dos animais primo-
em latência neste sítio. O meca- -infectados é jovem, com o vírus
nismo de latência não envolve rapidamente se replicando em
replicação viral no gânglio. células epiteliais nasais, da
traqueia e conjuntiva, e com
Aproximadamente 90% dos
posterior migração para o
animais que sofreram infecção
gânglio trigeminal. A infecção
herpética tornam-se carreado-
aguda gera lise epitelial, com
res do vírus por toda a vida,
necrose local e exsudação,
tendo papel fundamental na
propiciando infecção bacteriana
perpetuação da infecção por
secundária. As principais mani-
meio do mecanismo de reativa-
festações clínicas são febre,
ção viral. Esta reativação pode
anorexia, prostração, esternuta-
ser induzida por estresse,
ção, secreção nasal (inicia-se
prenhez/lactação, mudança de
Figura 1: Aspecto clínico de mucoide e evolui para purulen-
hábitos/rotina, introdução de
fiilhote com infecção ta), quemose, blefaroespasmo,
um novo gato ou uso de corti-
herpética. Blefaroespasmo, secreção ocular e tosse. Mani-
cóides.
secreção nasal e ocular festações menos comuns
Após a infecção primária, o purulentas. Foto: arquivo incluem ulceração oral, gengivi-
vírus é liberado por secreções pessoal do autor. te/estomatite, dermatite facial e
nasais, orofaríngeas e oculares alterações neurológicas (raro).
pelo período de uma a três Úlceras de córnea, ceratite
semanas. Pelo fato de ser envelopado, o vírus não estromal e sequestro de córnea são manifesta-
sobrevive por muito tempo no ambiente, sendo ções oculares descritas com relativa prevalência.
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Figura 2: Quemose,
hiperemia conjuntival e
secreção nasal/ocular
bilateral em gato com
infecção herpética.
Foto: arquivo
pessoal do autor.
CALICIVÍRUS
O calicivírus felino (FCV) é um RNA vírus (fita
simples) não envelopado, e muito mais suscetível
a mutações do que os DNA vírus. A predisposição
à mutação é importante, pois cada gato pode
possuir uma variante do FCV própria, denominada
“quase-espécie” viral (gama de variedades diferen-
tes, ou “núvem de variantes”, com mutações
pontuais mínimas, mas que geram características
antigênicas e, por vezes, patogênicas distintas).
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As principais manifestações clínicas são febre, em animais jovens).
anorexia, ulceração oral, espirros e secreção O FCV também está implicado, embora de
nasal. Menos comumente, a calicivirose pode maneira pouco elucidada, na etiologia do comple-
causar claudicação (poliartrite), bronquiolite e xo gengivite-estomatite dos felinos. Aproximada-
pneumonia intersticial (que podem evoluir para mente 80% dos animais com gengivite crônica
pneumonia bacteriana secundária, principalmente possuem o FCV no epitélio oral.
Cerca de 80% dos gatos que sobrevivem à infecção aguda se tornam carreadores
crônicos do FCV. Estima-se que aproximadamente 25 a 30% dos gatos sadios
pertencentes a criatórios comerciais e 10% dos gatos pertencentes a residências
com um único animal sejam carreadores crônicos. Alguns animais eliminam o vírus
por toda a vida.
CLAMIDIOSE
A Chlamydia felis é uma bactéria gram-negati- mente causadas pela C. felis (nessas situações,
va, parasita intracelular obrigatório, com predileção deve-se pensar em infecções mistas, com asso-
por epitélio conjuntival (mas também realizando ciação do FHV-1). Alterações em trato respiratório
replicação em epitélio respiratório, gastrintestinal e associadas à clamidiose são raras .
genito-urinário). É um dos principais agentes
causadores de conjuntivite em gatos, além da
micoplasmose.
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BORDETELLA
A Bordetella bronchiseptica é um patógeno No geral, as manifestações clínicas respiratórias
respiratório primário em diversas espécies, incluin- (tosse, espirros, secreção nasal/ocular) são discre-
do suínos, cães (“tosse dos canis”), gatos e seres tas, estando associadas à manifestação de outros
humanos (em geral, imunossuprimidos). Pode agentes, como o herpesvírus e o calicivírus, nos
haver a transmissão inter-espécies, existindo casos mais graves. Em filhotes menores que 10
portanto, potencial zoonótico. semanas de idade, pode causar pneumonia.
Esta bactéria pode estar envolvida em doenças O agente é eliminado através de secreção nasal
respiratórias de trato superior principalmente em e ocular de gatos infectados, contaminando outros
ambientes de colônia/abrigo, onde fatores como a animais por meio de contato direto com estas
densidade populacional elevada, estresse e (embora a transmissão através de vias indiretas/fô-
manejo sanitário deficiente estejam envolvidos. mites não possa ser excluída).
MICOPLASMOSE
As bactérias do gênero Mycoplasma são desconhecido. Certamente, esses agentes
comensais normais de mucosas de diversos siste- podem ter grande participação como patógenos
mas dos mamíferos, incluindo o trato respiratório. secundários, oportunistas. A Mycoplasma felis foi
Diversas espécies já foram identificadas em correlacionada com conjuntivite e rinite em felinos.
felinos, mas o potencial patogênico da maioria é
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico presuntivo geralmente é realizado clínicas mais agressivas (espirros, secreção nasal
com base nas manifestações clínicas, histórico e e conjuntivite) que o calicivírus. O calicivírus tende
características epidemiológicas. Gatos que vivem a manifestações mais brandas, no entanto, com
ou são provenientes de ambientes superpopulo- possibilidade de ulceração oral e envolvimento
sos (criatórios comerciais, abrigos, colônias) estão articular. A clamidiose usualmente é associada
susceptíveis ao contato com estes agentes, visto com conjuntivite (somente), podendo ser unilateral
que são considerados enzoóticos nestas localida- em fases iniciais. A B. bronchiseptica pode
des. Dados de uma anamnese completa também causar tosse, secreção nasal e é mais comum em
são importantes no diagnóstico clínico, como ambientes com elevada densidade populacional,
presença de outros animais enfermos no local, proximidade com cães infectados e filhotes.
contato recente com animais de origem desco-
nhecida, surto de doença no local ou introdução Visto que muitas vezes os animais pertencem a
de novos gatos na colônia. colônias, raramente são utilizados métodos labora-
toriais específicos para o diagnóstico e discerni-
Em muitas situações, é difícil determinar qual mento entre os agentes, por questões financeiras.
agente está envolvido mais predominantemente
com determinadas manifestações clínicas. No O diagnóstico laboratorial se dá por métodos
geral, o herpesvírus tende a causar manifestações moleculares. O exame de eleição com maior
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sensibilidade é a PCR, que pode ser feita de
secreção nasal ou orofaríngea (nos casos de
herpesvirose, Bordetella ou micoplasmose),
secreção conjuntival e membrana conjuntival (no
caso de clamidiose), cavidade oral (no caso da
calicivirose).
A interpretação dos resultados deve ser feita com muita cautela. Resultados
positivos em um animal assintomático não o classifica como doente, e sim como
portador/carreador. Animais hígidos podem ter exames positivos para a detecção
de bactérias do gênero Mycoplasma spp. A realização de exames específicos não
modifica a conduta terapêutica.
TRATAMENTO
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dentição, pode ser utilizada a amoxicilina com O uso de estimulantes de apetite (ciproheptadi-
clavulanato de potássio. Em locais com clamidio- na, mirtazapina), bem como medidas para palata-
se, TODOS os animais devem ser tratados. No bilização do alimento (amornar o alimento antes da
caso de suspeita ou confirmação de infecção administração, por exemplo) podem ser indicados.
associada aos agentes B. bronchiseptica e Em animais anoréticos, o uso de métodos de
Mycoplasma spp., a doxiciclina é o antibiótico de alimentação enteral pode ser necessário. No
eleição, sendo indicada na dose de 5 mg/kg a entanto, as sondas nasoesofágicas são contraindi-
cada 12 horas, ou 10 mg/kg uma vez ao dia, pelo cadas, visto a grande possibilidade de inflamação
período de 3 semanas. dos etmoturbinados*.
(*) Etmoturbinados: são pequenas projeções ósseas revestidas por mucosa e presentes na cavidade nasal.
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correta absorção. No entanto, seu uso é contro- nação viral em alguns casos. NÃO se deve utilizar
verso, com estudos recentes mostrando que corticoides nas doenças respiratórias agudas do
este aminoácido não gera redução nem melhora trato anterior dos felinos, principalmente por via
dos quadros herpéticos, podendo piorar a elimi- sistêmica.
NÃO se deve utilizar corticoides nas doenças respiratórias agudas do trato anterior
dos felinos, principalmente por via sistêmica.
MANEJO E PREVENÇÃO
O primeiro ponto importante a se salientar é o dor. Muitas vezes, o animal vacinado já foi exposto
estado de portador/carreador assintomático no aos agentes e já é um portador assintomático.
caso das infecções virais. Os animais assintomáti-
cos são os principais perpetuadores da infecção, Embora a imunização não ofereça proteção
sendo difícil o controle em ambientes sujeitos a contra a infecção (e também não elimine o estado
estresse e superpopulação. de portador/carreador), os altos títulos de anticor-
pos auxiliam na melhor resposta imune contra o
O manejo inclui higiene e boas condições sani- desenvolvimento da doença e consequentes
tárias, além de correto e selecionado programa manifestações clínicas. Desta forma, a vacinação
vacinal. A redução da superpopulação, estratégias atenua a sintomatologia, tornando-a, muitas vezes,
de enriquecimento ambiental e minimização do amena e até imperceptível.
estresse são vitais.
Portanto, a vacinação é um componente funda-
A resposta imunológica após a vacinação é mental no manejo de colônias e criatórios, e o
caracterizada pela produção de altos títulos de protocolo vacinal deve ser individualizado para
anticorpos em animais imunocompetentes. No cada situação.
entanto, a vacinação contra o FCV e FHV-1 não é
considerada “esterilizante”, ou seja, não protege o No caso da clamidiose, além de protocolos
animal contra a infecção. Mesmo animais correta- vacinais corretamente selecionados, todos os
mente vacinados podem se tornar infectados e animais devem ser tratados, visando impedir a
desenvolver o estado de portador crônico/carrea- reinfecção.
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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
2. Greene C.E. Infectious diseases of the dog and cat, 4th ed., Elsevier,
2012.
3. Sykes J.E. Canine and Feline infectious diseases, 1st ed, Elsevier,
2014.
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SOLUÇÕES AGENER UNIÃO PARA DOENÇAS DO TRATO RESPIRATÓRIO
• Indicações:
Antibiótico de amplo espectro indicado no tratamento de infecções causadas por
microrganismos Gram negativos, Gram positivos: Escherichia coli, Klebsiella spp., Proteus
spp., Staphylococcus spp., Streptococcus, Pasteurella multocida, Salmonella spp.,
Leptospira spp., Bordetella bronchiseptica, Bacteroides fragilis, Clostridium e outros
microrganismos anaeróbios:
- Piodermites
- Infecções de tecidos moles
- Infecções do trato urinário
- Infecções respiratórias
- Infecções de cavidade oral/periodontais
- Infecções hepatobiliares
- Infecções gastrointestinais
- Osteomielites
- Pós-operatório
• Apresentação:
Agemoxi CL 50 mg e Agemoxi 250 mg - Cartucho contendo 10 comprimidos palatáveis e
bissulcados
1 Kg ¼ cp 5 Kg ¼ cp
2 Kg ½ cp 10 Kg ½ cp
4 Kg 1 cp 15 Kg ¾ cp
20 Kg 1 cp
40 Kg 2 cp
SOLUÇÕES
SOLUÇÕES AGENER AGENER
UNIÃO PARA UNIÃO
DOENÇAS DOPARA DERMATOFITOSE
TRATO RESPIRATÓRIO
• Características e benefícios:
fluorquinolonas
• Indicações:
Antibiótico de amplo espectro indicado no tratamento de hemoparasitoses, infecções
respiratórias, geniturinárias, dermatológicas, articulares e de tecidos moles.
• Apresentação:
Doxitrat 80mg contendo 12 comprimidos palatáveis e bissulcados
Doxitrat 80mg contendo 24 comprimidos palatáveis e bissulcados
Doxitrat 200mg contendo 24 comprimidos palatáveis e bissulcados
• Características e benefícios:
- Possui amplo espectro de ação, portanto indicado na maioria das infecções causadas por bactérias.
- Alta penetração em tecidos (5 a 50 vezes mais lipossolúvel que as demais tetraciclinas).
- Fácil administração: comprimidos altamente palatáveis
- Dose certa: comprimidos bissulcados que facilitam a administração da dose certa de acordo com o peso dos cães e gatos.
- Pode ser utilizado em filhotes com mais de 30 dias de vida.
- Eficácia: produto rapidamente absorvido (70 a 80%) atingindo seu pico de concentração em um período de 1 a 3 horas após a administração.
4 Kg ¼ cp ½ cp 10 Kg ¼ cp ½ cp
8 Kg ½ cp 1 cp 20 Kg ½ cp 1 cp
1+
16 Kg 1 cp 2 cp 30 Kg ¾ cp
½ cp
32 Kg 2 cp 40 Kg 1 cp 2 cp
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