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Júlia F

Camargos
Filariose linfática – bancroftose – elefantíase
▸ Agente etiológico (nematódeos): ▸ larvas: L1  L2  L3 (infectante)
Wuchereria bancrofti  África e Américas Ciclo de vida
Brugia malayi  Ásia e Pacífico Oriental
B. timori  leste da Indonésia e ilha de Timor ▸ ciclo heteroxênico – fase sexuada em humanos e
assexuada no mosquito
▸ Vetor:
1. mosquito fêmea vetor pica indivíduo
Culex quinquefasciatus infectado com microfilárias na circulação
Anopheles gambiae e An. funestus sanguínea
Aedes polynesiensis 2. microfilárias perdem a bainha e migram do
▸ Afeta principalmente áreas tropicais e subtropicais estomago do inseto até sua musculatura
▸ No Brasil: transmissão ativa praticamente restrita à torácica, atingindo fase larval, com duas
cidade de Recife e algumas cidades de sua região mudas até atingir a fase infectante (L3) que
metropolitana no estado de Pernambuco migra para proboscíde do mosquito
▸ Parasito infecta exclusivamente seres humanos, 3. ao picar novos indivíduos, larvas penetram na
que são as únicas fontes da infecção para os pele do humano pela solução de continuidade
mosquitos vetores criada
4. atingem os vasos linfáticos, onde
▸ Obs: Durante o dia, as microfilárias se localizam
amadurecem em vermes adultos
nos capilares profundos, principalmente nos
5. ao se tornarem gravídicos, vermes adultos
pulmões, e, durante a noite, aparecerem no sangue
femeas liberam microfilárias que atingirão
periférico, com pico por volta da meia-noite, que
circulação sanguínea
coincide, na maioria das regiões endêmicas, com o
horário preferencial de hematofagismo do
principal inseto transmissor Patogenia
▸ a maioria dos portadores são microfilarémicos sem ▸ os quadros patológicos são resultado tanto da
sintomatologia aparente, porém funcionam como resposta imune dos hospedeiros aos parasitas,
fonte de infecção e, do ponto de vista quando da ação direta dos parasitos ou antígenos
epidemiológico, necessitam de atenção destes, nos tecidos linfáticos
▸ Os principais fatores determinantes na » ausência de resposta imune: proliferação de
epidemiologia e transmissibilidade são: células endoteliais e dilatação linfática,
1. presença do mosquito transmissor (somente resultando em linfedema e elefantíase.
fêmeas transmitem, por serem hematófagas) » Imunocompetentes: reações inflamatórias em
2. ser humano infectado (não há registro de torno dos parasitos formando granulomas
animais reservatórios com W bancrofti) locais e obstrução de vasos linfáticos, que
3. longo tempo de residência na área endêmica causam, igualmente, a linfedema e
(>10 anos como fator de risco) elefantíase.
4. temperatura e umidade relativa do ar ▸ Portadores do verme adulto, mas sem
elevadas, que influenciam o desenvolvimento microfilaremia, apresentam resposta padrão Th1
das larvas nos mosquitos e sua penetração na ▸ naqueles com microfilaremia patente a resposta
pele do hospedeiro humano.
aos antígenos do parasito é predominantemente
Th2
Morfologia
▸ parasito estimula resposta imune celular, com
▸ vermes adultos com dimorfismo sexual. São diminuição de proliferação, IFN-y e resposta
filiformes, cilíndricos e esbranquiçados, vivendo humoral
até 10 anos nos vasos e gânglios linfáticos ▸ a imunidade protetora contra o parasito está
humanos
relacionada à produção de altos níveis de IFN-y e
» macho: menor e mais fino, com extremidade
IL-2
anterior afilada e posterior curvada ventral
» fêmea: maior e espessa, com extremidade
▸ resposta inflamatória do hospedeiro é um dos
cofatores para o desenvolvimento de algumas
anterior contendo vulva e posterior curvada
formas crônicas da filariose linfática, como
ventralmente
hidrocele, quilocele e quiluria
▸ embriões (microfilárias): bainha de revestimento
flexível
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▸ nos pacientes com o quadro conhecido como ▸ microfilárias podem estar ausentes no sangue, mas
eosinofilia pulmonar tropical ocorre hiper-resposta presentes na urina (quilúria) ou líquidos da
imunológica aos antígenos do parasita hidrocele. Nestes casos, o material deve ser
analisado usando-se técnicas de concentração.
Sinais e sintomas ▸ Pesquisa de antígenos: ELISA/imunocromatografia
▸ a maior parte dos infectados se comporta como ▸ PCR de sangue, urina, saliva
portadores sãos. Eles apresentam dilatação ▸ US e linfocintigrafia são complementares
linfática sem resposta inflamatória Tratamento
▸ em alguns, com a morte do parasito tem inicio a ▸ Indicado a todos indivíduos com infecção ativa
fase inflamatória do processo. Consiste em
linfagite aguda com febre, dor de cabeça, astenia e
▸ Citrato de dietilcarbamazina (CED)
dor e eritema locais. Podem haver frequentes ▸ + ivermectina (microfilaricida) ou albendazol
surtos de linfagite e linfadenite (vermes adultos)
▸ a ruptura dos vasos linfáticos dilatados derrama ▸ Em pacientes com quadros crônicos já
linfa na cavidade local, podendo iniciar quadros de estabelecidos não há melhora
quiluria, ascite linfática, quilocele ▸ Para o linfedema: higiene local, antibioticoterapia
▸ linfedema ocorre por extravasamento de líquido se necessária, meias compressivas, exercício físico
dos linfáticos que drenam a pele, podendo atingir ▸ Hidrocele e quilocele: tratamento cirúrgico
caráter crônico com a recorrência de infecções
bacterianas dérmicas, assim como hidrocele Profilaxia
testicular ▸ Não há ainda medicamentos profiláticos ou
▸ caracterizada por inflamação e fibrose crônica do vacinas
tecido, com hipertrofia do conjuntivo, dilatação de ▸ O controle é baseado principalmente em três
linfáticos e linfedema. Nas mulheres compromete
pontos básicos: melhoria sanitária (para diminuir
mais os MMII e nos homens os genitais
criadouros do vetor), combate ao inseto vetor e
▸ linfangiomatose escrotal ou linfoescroto: vasos tratamento dos infectados
linfáticos da pele da bolsa escrotal ▸ Os programas de controle da filariose visam a
constantemente exsudam linfa, deixando a região
interrupção do ciclo de transmissão e controle da
genital do paciente úmida, o que provoca grande
morbidade para melhora da qualidade de vida dos
desconforto e constrangimento. O ambiente se
portadores
torna propício a infecções bacterianas secundárias,
o que pode levar ao desenvolvimento de
elefantíase escrotal
▸ Eosinofilia pulmonar tropical: síndrome devido à
hiper-resposta imunológica do paciente a
antígenos filariais, sendo relativamente rara.
Observa-se aumento de lgE e hipereosinofilia,
aparecimento de abscesso eosinofílico com
microfilárias e posterior desenvolvimento de
fibrose intersticial crónica nos pulmões. A
sintomatologia se assemelha à da asma brônquica,
sendo caracterizada principalmente por episódios
de tosse e falta de ar.

Diagnóstico
▸ História clínica e epidemiológica
▸ pesquisa de microfilárias no sangue periférico por
gota espessa de sangue por punção capilar digital
▸ filtração de sangue em membrana de
policarbonato é bastante sensível e capaz de
detectar baixas parasitemias (alternativa: diluição
de sangue com formol a 2% e centrifugar)
Júlia F
Camargos

Oncocercose
▸ Vetor em repasto sanguíneo introduz a L3 na
▸ Cegueira do rio, doença de Robles, volvulose,
derme humana
erisipela da costa e mal morado
▸ Larva amadurece em forma adulta no tecido
▸ Agente etiológico: nematódeo filarioide
subcutâneo. Femea pode permanecer
Onchocerca volvulus encapsulada, manifestando-se em nódulos que
▸ Vetor: Simulium exiguum. fazem saliência nos arcos costais ou espinha
▸ causa importante de cegueira nos países em ilíacas. No mais, Alojam-se em nódulos
desenvolvimento conjuntivos, hipoderme e tecido adiposo
▸ 90% dos casos na África, mas estão também ▸ Adultos se reproduzem sexuadamente e verme
presentes em países da Ásia e das Américas fêmea deposita milhares de microfilárias, que
Central e do Sul migram pela corrente sanguínea ou tecido
▸ No Brasil é endêmica na área onde vivem os índios subcutâneo e têm particular tropismo pelo globo
Yanomami, na Amazônia. ocular (podem estar presente também na saliva,
liquor, linfa, urina)
▸ homem é o único hospedeiro definitivo.
Patogenia
Morfologia ▸ A endoderme de Onchocerca volvulus fêmea
infectante abriga uma bactéria endossombiótica
▸ A nematódeo fêmea desenvolve-se em adulto e Wolbachia como endossirnbionte obrigatório, que
permanece encarcerado em cápsula fíibrótica por parece ter papel importante na capacidade de
décadas, enquanto o macho adulto se move desenvolvimento dos seus embriões.
livremente nos espaços de pele e tecido ▸ Geram lesões nos olhos através dos vasos e nervos
subcutâneo. ciliares em câmara anterior e posterior
▸ Vermes vivos causam intenso prurido em pele e
olhos
▸ Vermes mortos geram intensa reação inflamatória
com consequente fibrose cicatricial
▸ Extensão do envolvimento cutâneo = extensão da
invasão ocular = morbidade ocular

Sinais e sintomas
▸ Manifestação aguda: dermatite papular difusa
Ciclo de vida pruriginosa (principalmente à noite) pela
desintegração de microfilárias na pele
▸ As microfilárias produzidas pelas fêmeas são
ingeridas pelo inseto Simulium exigiram (vetor)
▸ Forma crônica: xerodermia, pseudo-ictiose
(ressecamento extremo da pele), liquenificação
após a picada em humanos, nos quais maturam até despigmentação das regiões pré-tibial e inguinal,
o terceiro estágio larva L3 estase linfática
Júlia F
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▸ Nódulos subcutâneos fibrosos: contem vermes
adultos
▸ Ceratite ponteada e presença de microcercárias na
câmara anterior são manifestações reversíveis
▸ Ceratite esclerosante, inflamação da câmara
anterior e Coriorretinite, neurite optica e atrofia de
nervo óptico
▸ Glaucoma por obstrução de drenagem
▸ Lesões oculares
» Savana: cegueira por cicatrização corneana
» Tropical: cegueira menos frequente,
decorrente de envolvimento do segmento
posterior do olho

Diagnóstico
▸ Manifestações clínicas + história epidemiológica
▸ identificação do verme adulto ou microfilárias por
meio de: biopsia de nódulo ou pele; punção por
agulha e aspiração do nódulo; exame
oftalmoscópico do humor aquoso; urina
▸ intradermorreação, imunofluorescência, ELISA.
▸ PCR

Tratamento
▸ Ivermectina (não mata macrofilárias)
▸ nódulos cutâneos podem ser removidos
cirurgicamente e as complicações oftalmológicas
tratadas pelo especialista

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