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Micoses sistêmicas Epidemiologia:

• Distribui-se pelas regiões tropicais e


subtropicais da América Latina.
Fungos causadores de micoses • É uma doença de notificação
sistêmicas apresentam uma série de compulsória
características em comum, como: • Isolado do solo: primeira vez ocorreu na
• Distribuição geográfica definida; Venezuela a partir de solo de plantação
• Agentes são encontrados no solo e em de café. Países que apresentam maior
dejetos de animais; incidência de doenças têm tradição
• A principal porta de entrada são as vias cafeeira.
aéreas superiores; •Trato digestivo de alguns animais:
• Os sintomas são semelhantes a outras Tatu - suspeita-se que possa ser um
doenças de origem microbiana, como a reservatório do fungo na natureza e sua
tuberculose. distribuição geográfica coincide com a da
• Possuem dimorfismo (propriedade de paracoccidioidomicose.
poder existir em duas formas diferentes). • A menor incidência em mulheres parece
Agentes: Paracoccidioides spp.. estar relacionada a fatores hormonais.
histoplasma capsulatum e coccidioides (mulher em idade fértil tem 17 B- estradiol,
spp. que liga-se na superfície dos conídios,
• Foco primário da doença é pulmão. gerando sinalização que impede a
Pode ser destruído nos pulmões, mas conversão para a forma parasitária de
pode também ser levedura)
disseminado para outros órgãos por vias • Indivíduos com atividade econômica
linfáticas. ligada à agricultura são mais susceptíveis
• Todos os fungos causam micoses ao contato com o fungo, entretanto tem
sistêmicas. sido relatado casos de pacientes que
viveram toda a vida em região urbana.
Paracoccidioidomicose •Braziliensis: sul e sudeste

Agentes: paracoccidioides brasiliensis obs: Afeta principalmente homens com


e lutzii. mais de 30 anos quando se fala da
Possui forma de levedura e micélio doença crônica.
(dependendo da variação de
temperatura). Contágio/modo de infecção:
• A levedura é encontrada no hospedeiro, • A inalação de conídios que vão para o
com maior temperatura. trato respiratório e encontram a resposta
• Na temperatura ambiente, quando está imune inata.
no solo ou vegetação é a forma • Converte para a forma de levedura,
filamentosa. macrófagos e outros tentam destruir, em
• Brasiliensis é mais arredondado e Lutzii caso de destruição só a
mais em bastão. infecção e não desenvolve doença, ou
• Quando se fala em epidemiologia, é uma seja, é indivíduo assintomático.
doença restrita a América latina, indo do • O teste pode dar positivo por ter sido
México a Argentina. sensibilizado para o fungo.
• Prevalece nas áreas rurais, são mais • A resposta contra fungo pode o destruir,
endêmicas. mas caso não destrua tudo, forma
granuloma que fica
compacto contendo leveduras viáveis que Formas residuais ou sequelas: não
ficarão ali anos da vida, caso haja boa apresenta doença em atividade. Em geral,
resposta imune. Se não houver, pode ocorre com indivíduos
desenvolver a resposta sistêmica. que demoram para tratar a doença e
• A doença não depende de parasita e acabam desenvolvendo sequelas, como
hospedeiro, e sim das relações. enfisema pulmonar e
• Se fungo se dissemina para diferentes estenose de laringe ou traqueia. Ou seja,
órgãos chega a baço, fígado, sistema se manifestam por sintomas e sinais
nervoso central, linfonodos, etc. relacionados com as
sequelas cicatriciais de lesões ativas
• PCM - Infecção: ausência de sintomas e pregressas.
reação positiva à paracoccidioidina -
raramente diagnosticada. Diagnóstico:
• Deve-se ver a história do paciente,
Na forma aguda (juvenil): normalmente atividade ocupacional, origem e somente
há hepatomegalia, há comprometimento a partir daí se monta diagnóstico. O
do tecido cutâneo, não se vê exame pode ser direto (pegar amostra do
comprometimento pulmonar. Compromete paciente, tratar e ver entre lâmina e
preferencialmente o sistema lâminula no microscópio), cultivo,
monocítico-fagocitário. Os histopatológico, sorológico.
doentes, em geral, apresentam, • O cultivo é importante para avaliar em
depressão da resposta imune celular e temperaturas diferentes e ver morfologia.
aumento da produção de • O sorológico é importante em
anticorpos específicos. diagnóstico e tratamento, para
• Geralmente, acomete jovens (menos de acompanhamento.
30 anos) de ambos os sexos. • No cultivo ou exame direto, amostra que
• É mais severa e de pior prognóstico, vem do paciente deve conter levedura,
evolução rápida. pela temperatura.
• 3 a 5% dos casos. • Sua morfologia: não é muito pequena, é
• Rápida disseminação do fungo. célula mãe com vários brotos (mickey).
• Para cultura há vários meios, alguns
Forma crônica (adulto): Duração contendo antibiótico, outros com
prolongada, lesões unifocais (febre, tosse, substâncias para eliminar
emagrecimento) ou multifocais (vários fungos contaminantes do ar.
órgãos) • A morfologia a 25 graus, quando não
→ há maior comprometimento de mucosa, vem do hospedeiro, é colônia branca com
sinais pulmonares, comprometimento do textura algodonosa e
tecido cutâneo. micélio aéreo curto.
• Possui duração prolongada ou • A micromorfologia estará com hifas
multifocais, prevalência em adultos do hialinas septadas, estruturas de
sexo masculino. resistência arredondadas.
• Processo inflamatório menos acentuado. • A 37° as colônias possuem relevo
• Pode levar meses e anos para se tornar cerebriforme na macromorfologia,
aparente. micromorfologia é com
• Representa mais de 90% dos casos. multibrotamento.
• Mais frequente em indivíduos • Exame direto KOH 10%: o material
masculinos na faixa etária de 29 a colhido é o pus, escarro, biopsia e
secreções.
Cultivo: uso de antibióticos meio • Micose profunda pulmonar, onde a porta
Sabouraud + Cloranfenicol ou Mycosel de entrada é via aérea superior.
(elimina fundos contaminantes do ar) - 20 • Fungo é Histoplasma capsulatum.
à 60 dias a temperatura ambiente (inferior • Foco primário é o pulmão, mas também
a 29oC). pode se disseminar para diferentes
• Conversão para levedura: 10-20 dias a órgãos caso não haja controle.
37oC meio BHI (para ver se é = • Micose profunda pulmonar.
termodermófico mesmo ou • Pode ocorrer disseminação via linfática
não) ou Sabouraud + Cloranfenicol. É ou hematogênica.
uma conversão necessária. • Prefere sistema retículo-endotelial, em
amostras pode ser encontrado dentro de
Histopatologia: é uma ferramenta rápida, macrófagos e
baixo custo e capaz de identificar o monócitos.
agente infeccioso. • Consegue ficar dentro do macrófago e
fugir do mecanismo microbicida.
Sorologia: imunodifusão dupla é usada • É agente que consegue modificar ph e
no auxílio do diagnóstico e no fazer outras modificações para que não
acompanhamento do tratamento seja atacado. É fungo
clínico. termodimórfico.
• É doença cosmopolita, está em
Tratamento: praticamente todos os continentes, com
algumas áreas de mais
Se dá de acordo com forma clínica, para
intensidade, como nos Estados Unidos.
que também se dê suporte para reação a
• Deve haver atenção para indivíduos de
terapia medicamentosa como um todo.
HIV positivos, há casos de histoplasmose
→ Primeira droga de escolha é o
associados a
itraconazol.
AIDS.
• Primeira droga eram as sulfas, são
→ Fungo termodimórfico
usadas caso paciente não possa usar
→ Atividade de risco para infecção:
itraconazol.
Geólogo, arqueólogo, veterinário
• De acordo com a forma clínica e estado
→O fungo cresce em solo rico em fezes
imunológico do paciente são adotados
de aves e morcegos.
diferentes esquemas terapêuticos. Como
● Fase filamentosa (25ºC)
por exemplo: Sulfonamidas
● fase leveduriforme (37º)
• Avaliação clínica micológica e sorológica
dos pacientes deve ser feita,
Contágio/modo de infecção:
periodicamente, por longo
• Infecção de propágulos
prazo.
(microconídeos).
• Dose de manutenção, por um período
• A inalação de microconídios,
aproximado de dois anos, após cura
ativação da resposta imune, chega
clínica, micológica e sorológica, tem sido
ao pulmão, pode ser destruído ou
preconizada.
adaptativa é ativada. Haverá
• O tratamento é longo, podendo chegar a
contenção de leveduras em
anos.
granuloma.
• Seja assintomático ou com
HISTOPLASMOSE sintomas leves, há granuloma no
pulmão semelhante ao da
tuberculose, permitindo confusão órgãos.
no diagnóstico. • Exame direto não é muito fácil de
• O granuloma pode ter leveduras ser feito e de visualização de
mortas ou viáveis, as viáveis leveduras. Melhor material é o de
podem se multiplicar, reativam biópsia corado, poderá ser visto
foco e haverá disseminação. fungo no interior dos macrófagos.
• Cultura é demorada,
Manifestações clínicas: termodimórfico deve ser colocado
• A maioria dos casos possui em 2 temperaturas para crescer.
forma assintomática. • Fase filamentosa contém hifas
• Pulmonar aguda (5%): tamanho delicadas, septadas com presença
do inóculo - sintomatologia gripal; de 2 macroconídios.
Caso haja inalação grande de • Fase leveduriforme pode ser
inóculo, haverá forma pulmonar observado brotamento.
aguda, que tende a ser curada de • Testes complementares:
forma espontânea, mas pode ser sorologia para pesquisa de
tratado com itraconazol, para anticorpos ou antígenos.
evitar desenvolvimento da doença. • Além dele, há testes de
• A doença pulmonar crônica imunodifusão e elisa.
normalmente é em pacientes
idosos já com doença de base. Tratamento:
Doença de base (DPOC) - • Apenas nas formas mais graves
sintomatologia semelhante da doença.
a tuberculose. • Droga é itraconazol.
• A doença multifocal crônica é • Anfotericina B para todas as
aquela que acontece por micoses disseminadas, sistêmicas
reativação do foco de leveduras. é droga padrão ouro para essas
Mais comum, ocorre reativação mais graves.
endógena.
• Disseminada oportunista

Coccidioidomicose
acontece no caso da AIDS.
• Disseminada aguda é rara, mas
em crianças (de até 2 anos) e • É a mais infecciosa das micoses,
adolescentes. sistêmica, profunda, com foco
• Cutânea por acidentes que primário no pulmão.
causam machucados, mas mais • Agente é dimórfico e são:
raramente acontece. É por coccidioides immitis e
inoculação primária. Ex: acidentes posadasii.
em laboratórios. • Se dissemina com muita
facilidade.
Diagnóstico: • geofílico, clima semi árido e
• Avalia a epidemiologia, origem do desértico
paciente. Testes podem ser • Circulam por regiões distintas
cínicos, micológicos (exame direto, também. Estão com mais afinidade
cultura), sorológico, etc. a ph de alta salinidade, não fica
• Amostras podem ser escarro, na superfície do solo, pode estar
medula óssea, sangue, urina, etc, até 20cm abaixo.
pela disseminação para vários
→Reservatórios: tocas de
roedores, sítios arqueológicos, • Disseminação por via linfática ou
regiões desérticas. hematogênica - baço, linfonodo,
→ Ciclo biológico: possui 2 formas, fígado, ossos, pele, medula óssea,
em temperatura ambiente em coração, meninges, aparelho
temperatura maior. uro-genital. Mulheres grávidas -
• No ambiente, é hifa septada que progesterona.
vai se desarticular para formar
artroconídeos que serão inalados → Cutânea por inoculação
pelo indivíduo. primária: ferimentos (cactos),
• Chegando no hospedeiro ocorre endosporos em necropsias,
conversão para forma de esférula acidentes em
e não de levedura, vai maturando laboratórios.
e formando endósporos que são
liberados no pulmão. Diagnóstico:
• Usa-se material de pus, escarro,
Manifestações clínicas: líquor, biópsia, raspado de lesão.
• A maioria dos casos é Pode ser feito exame direto,
assintomático, forma pulmonar histopatologia, teste cutâneo ou
aguda tende a cura espontânea. sorologia.
• Pode desenvolver a partir da • A cultura é muito perigosa, por
pulmonar aguda uma forma precisar de material adequado.
residual mais grave. • Na macromorfologia observa-se
• Pode ser disseminada colônia branca de textura
principalmente na AIDS. algodonosa e confirmação da
• Mulheres grávidas possuem cultura é por reversão in vivo.
hormônio que acelera maturação
de esférula, o que facilita evolução Tratamento:
da doença. • Uso de anfotericina B para
• Cutânea por inoculação primária formas pulmonares residuais e
pode ser com acidentes na pele. disseminadas.
• Assintomática: 60% dos casos. • É associada com o itraconazol
em casos de forma disseminada
→ Pulmonar aguda autolimitada: com comprometimento meningeal.
evolui para a cura. Sintomas como • Na gestação também se faz uso
febre, sudorese noturna, dispnéia, de anfotericina B.
anorexia e dor toráxica acontecem.

→ Pulmonar aguda residual (5%):


diabéticos, alcoólatras,
imunossuprimidos - infecção
residual, na forma nodular ou
cavitária - evoluem sem
sintomatologia ou podem
desenvolver formas crônicas e
progressivas.
Disseminada: principalmente na
AIDS.

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