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16/11/22

NEOPLASIAS
1. CONCEITOS GERAIS DA NEOPLASIA
• As células podem ser vítimas de agressão, química, física, biológica – dependendo
do tempo de duração e do tipo de agressão, a célula pode sofrer uma lesão
reversível (alteração adaptativa: alterações metabólicas {acúmulos intracelulares},
alterações no crescimento celular e na proliferação e diferenciação celular) ou
lesão irreversível (morte celular – necrose e apoptose). O tipo de célula (células
mais resistência) e o seu estado metabólico também interferem no tipo da lesão H

• Alteração na proliferação e diferenciação: Hiperplasia, Metaplasia, Displasia


(crescimento para várias direções, pertubação na diferenciação e aumento no
número de células)

• Células pouco especializadas tem a atenção voltada para a proliferação e pouca


diferenciação. Enquanto as células com diferenciação terminal tem pouca
proliferação e mais diferenciação (mais especializada)

• Hiperplasia e metaplasia então associadas a fenômenos irritativos persistentes


(úlceras crônicas, hiperplasia do endométrio, esôfago de Barrett, doença
inflamatória crônica intestinal e Hepatite B e C) → Displasia: lesão de baixo grau
(menos graves) e lesão de alto grau → maior potencial de transformação para
neoplasia maligna (lesões com maior quantidade de erros genéticos e com
contínua multiplicação, gerando células idênticas e com os mesmos erros) → Vírus
do HPV (lesões verrugosas hiperplásicas ou induzir a displasia e neoplasia
maligna)

2. NEOPLASIA

• “Crescimento novo ou nova formação” – proliferação autônoma, desordenada de


células de um tecido, que persiste mesmo após a cessação do estímulo que a
iniciou, então, uma vez que ela se inicia ela procede de forma indefinida. - não
obedece a ordem do ciclo celular

• Tem origem monoclonal (uma célula foi transformada {alteração genômica} adquiriu
a capacidade de replicação autônoma e todas as células que se formaram são
oriundas dessa primeira célula – divisão por mitoses sucessivas, formando a
massa tumoral com origem em um único clone)

• Aumento de volume (tumor); aspecto infiltrativo do estroma (câncer); proliferação


de massa gera a tumoração (onco)

• Neoplasia benigna (são mais localizadas, não invadem tanto o tecido adjacente e
não produz disseminação a distância -metástase- e com células mais
homogêneas) e maligna (crescimento mais rápido , células mais heterogêneas,
infiltra tecidos adjacentes e metástase)

• Lesão Borderline: ficam na linha média, não sendo definidas como benignas ou
malignas, mas tem comportamento biológico incerto, podendo ter um potencial
maligno ou se comportar como benigno
• Como a neoplasia é um tecido, ela tem um parênquima (células que estão se
proliferando) e um estroma (células de sustentação, as dos vasos sanguíneos ou
do tecido conjuntivo). Normalmente o estroma não é neoplásico, sendo formando a
partir de substâncias produzidas pelas células tumorais, que estimulam a produção
de pequenos vasos e formação de tecido conjuntivo a partir dos pré existentes

3. NOMENCLATURA

• Tumores benignos: TECIDO (denominados com o prefixo do tecido aonde ele está
se desenvolvendo para o qual o tecido de especializa) + OMA (EX: osteoma.
Lipoma – proliferação de células neoplásicas que se especializam para tecido
adiposo)

• Tumores malignos: CARCINO + OMA (epiteliais) ou SARCO + OMA


(mesenquimais) → depende do tipo de tecido para o qual está se especializando

• Exceções: linfoma, melanoma, mesotelioma (todas são neoplasias malignas)

• Sufixo blastoma: neuroblastoma, nefroblastoma (neoplasia malignas embrionárias)

4. DIFERENÇAS ENTRE AS NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS

→ Diferenciação (especialização das células) e anaplasia (não especialização – só está


presente nas malignas, células muito atípicas e com figuras de mitose atípicas, de
tamanhos diversos, não sabe o tecido de origem) / taxa de proliferação

• Benigna: bem especializadas, parecem com o tecido que lhe deu origem. Menor
taxa de proliferação (menor quantidade de células entrando no ciclo celular), por
isso o crescimento é mais lento

• Maligna: pouco especializadas, parecendo pouco com o tecido que lhe deu origem
– graus de especialização e diferenciação em graus variados e aquelas que são
menos especializadas são chamadas de anaplásicas. Maior proliferação, por isso o
crescimento é mais rápido. - Para saber a origem dos tecidos, será necessário
utilizar marcadores de superfícies para saber o fenótipo da célula e, assim,
classificar o tumor) – normalmente formam áreas mal delimitadas, em que não
sabe os pontos de origem, tendo uma definição pouco evidente (interface pouco
regular e precisa)

→ Adesividade celular

• Benignas tem maior adesividade que as malignas

• As células normais apresentam moléculas de adesão entre elas (E- cadherin) e


moléculas que se ligam as membranas basais (integrinas)

• Nas neoplasias malignas há mutações nos genes que codificam a E- cadherin,


perdendo a perda da sua expressão ou expressão alterada, perdendo a chance de
inibição por contato, levando a proliferação exagerada de células. Ao mesmo
tempo, elas podem se ligar ao colágeno através da laminina e fibronectina. Essas
células também produzem colagenases (degradam colágeno, facilitando a
mobilidade). A capacidade de migração ocorre porque apresentam o fator de
mobilidade autócrina (codificado pela própria célula e se liga no receptor da
fibronectina) e, com isso, a célula reorganiza seu citoesqueleto, formando
pseudópodes, transitando pelo colágeno frouxo (degradado pela colagenase), em
que pode começar a se infiltrar nos tecidos adjacentes e alcançar os canais
vasculares, em que se agregam nesses canais e podem ser destruídas por células
do SI, mas esses êmbolos neoplásicos podem ser envoltos por plaquetas, o que
confere proteção, podendo alcançar outros sítios (pela produção de novas
colagenases) produzindo a metástase.

→ Invasão local e vascular (sanguínea e linfática)

• Neoplasia maligna tem capacidade de grande invasão local e vascular, tendo o


poder de execução de metástase

→ Poder de metástases (disseminação a distância): via semeadura de cavidades e


superfícies corporais (Ex: tumor crescendo na superfície externa do pulmão, as células
podem se soltar e semear na cavidade pleural); via hematogênica (quando células
tumorais são levadas pelo sangue para outros lugares do corpo, distantes do local
primário do tumor. A metástase hematogênica é comum em câncer da mama e os lugares
mais frequentes de disseminação são ossos, pulmões, cérebro,fígado) e linfática.

5. DIFERENÇAS MACROSCÓPICAS

→ Aspecto da lesão

• Benigna: lesão homogênea

• Maligna: lesão heterogênea (pode ter áreas de hemorragia, necrose… - porque o


crescimento é rápido e, com isso, o tecido de sustentação não consegue
acompanhar o crescimento celular e pode ter infartos e hemorragia)

→ Tipo de crescimento

• Benigno: expansivo (forma arredondada da massa)

• Maligno: infiltrativo (crescimento de forma irregular)

→ Cápsula (tecido conjuntivo que individualiza e circunda a neoplasia)

• Benigno: usualmente presente

• Maligno: ausente ou malformada

→ Interface com tecido normal adjacente

• Benigna: Bem definida (crescimento expansivo e delimitado – consegue ver onde


inicia e onde termina)

• Maligna: pouco delimitada (crescimento infiltrativo – não sabe onde começa e onde
termina)

→ Simetria

• Benigna: lesão mais simétrica (geralmente circular e delimitada)

• Maligna: pouco simétrica (heterogênea, tendo áreas mais escuras e claras dentro
da mesma lesão e contornos irregulares)

→ Taxa de crescimento
• Benigna: em geral baixa (pouca mitose, pouca células entrando no ciclo celular)

• Maligna: em geral alta (grande presença de figuras de mitose)

→ Alterações degenerativas (ex: necrose, hemorragia, ulcerações {necrose de


superfície causando um defeito naquele tecido} )

• Benigna: infrequentes (proliferação lenta)

• Malignas: frequentes

→ Evidências de disseminação

• Benigna: sempre ausentes (sem metástase)

• Maligna: frequentes

6. DIFERENÇAS MICROSCÓPICAS

→ Equivalência com tecido normal adjacente

• Benigna: em geral semelhante (área de neoplasia semelhante a área de tecido


adjacente)

• Maligna: em geral diferente (graus diferentes de especialização, muitas vezes não


conseguimos saber o tecido que ela tá tentando recapitular)

→ Cromatina do núcleo

• Benigna: delicada e homogênea

• Maligna: grosseira (pode formar uma pseudoinclusão, porque o núcleo é tão


irregular que o citoplasma faz uma invaginação dentro do núcleo, presença de
fendas nucleares)

→ Núcleo

• Benigna: típicos para o tipo celular (lembra o tecido adjacente)

• Maligna: atípicos (núcleo grande e irregular)

→ Forma e volume celular

• Benigna: homogêneos

• Maligna: heterogêneos (pleomorfismo – várias formas e tamanhos do núcleo)

→ Tamanho do núcleo/célula

• Benigna: quase normal, em que possuem um equilíbrio do tamanho do núcleo em


relação a célula (muitas vezes podem estar em G0)

• Maligna: em geral aumentado (frequentemente entrando no ciclo celular)

→ Diferenciação

• Benigna: bem diferenciada (especializada)


• Maligna: variável (pouco especializada a bem diferenciadas, dentro do seu padrão)

→ Invasão vascular

• Benigna: ausente

• Maligna: frequentemente a variável

→ Mitoses

• Benignas: raras e geralmente típicas

• Malignas: frequentemente e geralmente atípicas

7. ASPECTOS CLÍNICOS DAS NEOPLASIAS

• Efeitos locais (compressão de estruturas no crescimento em ambas as neoplasias


e que podem ser deletérios dependendo do local onde se desenvolva)

• Efeitos hormonais (ambas podem produzir hormônios, mas como as benignas


são mais especializadas e diferenciadas, se for de natureza glandular, a produção
hormonal será maior)

• Caquexia (mais comum nas malignas, pois produzem TFN, por exemplo, e outras
substâncias que são capazes de aumentar o metabolismo – emagrecimento
severo)

• Síndrome paraneoplásica (sinais e sintomas que ocorrem a distância): mais


comum nas neoplasias malignas, porque produzem substancias com efeitos
metabólicos em que podem alcançar outros sítios – ambas produzem -

8. GRADUAÇÃO DAS NEOPLASIAS MALIGNAS

→ Graus de diferenciação (especialização heterogênea)

• Sistema de 2 graus: alto e baixo grau

• Sistema de 3 graus: bem, moderadamente e pouco diferenciada

• Sistema de 4 graus: G1 (bem diferenciado) e G4 (mais anaplásico, pouco


diferenciado)

9. DIAGNÓSTICOS LABORATORIAL DO CÂNCER

• Métodos histológicos: retirada total ou parcial do tecido para análise na lâmina


histológica (retirada das margens com segurança para evitar metástase)

• Métodos citopatológicos: estudo das células, podendo ser por punção aspirativa
para retirar células e estudá-las isoladamente nas lâminas

• Marcadores teciduais – imuno-histoquímica (marcadores de membrana nuclear e


citoplástica, de núcleo, de citoplasma) – feito com um corte histológico com reação
com anticorpo

- Classificação da neoplasia – determina o fenótipo


- Determinação do sítio primário de metástases

- Determinação de fatores prognósticos – mais ou menos agressivos

- Determinação de fatores preditivos

• Marcadores tumorais vistos no soro

- PSA (câncer de próstata) – antígeno específico produzido pelas células da


próstata e que estará aumentado na situação de câncer. Mas não são 100%
diagnóstico, porque podem estar aumentados em outras situações sem ser o
câncer, por isso, é bom para um rastreamento, uma vez que o PSA pode estar
aumentado no sangue em pacientes que possuem traumas repetitivos na região da
próstata (ciclistas)

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