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Marcos Vinícius Maldonado Patologia Geral 1

......... neoplasias .........


Uma neoplasia é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é excessivo e não coordenado
com aquele dos tecidos normais, e persiste da mesma maneira excessiva mesmo após a
interrupção do estímulo que originou as alterações. Sendo assim, ela pode ser definida como um
distúrbio do crescimento celular que é desencadeado por uma série de mutações adquiridas que
fornecem para as células neoplásicas uma vantagem de sobrevivência e de crescimento,
resultando em proliferação excessiva que é independente de sinais fisiológicos de crescimento
(autônoma) e com diferentes graus de proliferação celular que determina sua malignidade ou
não. Quanto mais diferenciada uma célula neoplásica for, mais semelhante estrutural e
funcional da célula de origem ela será e melhor será o prognóstico.
O termo tumor se refere a uma lesão com efeito de massa, já a neoplasia tem o aspecto de
células indiferenciadas. Com isso podemos dizer que toda lesão tumoral é neoplásica? Não.
- DE ONDE SURGEM OS TUMORES?
Surgem de descontrole da proliferação celular causados por mutações genéticas que acontecem
em três principais categorias:
 Genes que regulam o crescimento;
 Genes que regulam a apoptose;
 Genes que fazem reparo de DNA.
Além disso, toda neoplasia tem dois componentes:
 Parênquima – se refere as células neoplásicas que estão se proliferando. É
importante, pois dependendo da célula em proliferação e suas características, é possível
conhecer o comportamento da neoplasia e as consequências clínicas;
 Estroma – tecido conjuntivo de suporte para a neoplasia. Através dele as células
recebem suprimento sanguíneo para continuar proliferando, gerando massa neoplásica,
metástase. Dependendo da quantidade de estroma presente na célula neoplásica, esse tumor
pode ter uma consistência mais firme ou amolecida, brilhosa ou fosca, etc.
- PRINCIPAIS LINHAGENS NEOPLÁSICAS:
São os tipos celulares que podem dar origem à um tumor.
A principal e mais comum origem de uma linhagem neoplásica é o epitélio.
Exemplo: a denoca rcinoma com linhagem epitelia l gla ndula r a( deno 
epitélio glandular/carcinoma  maligno) ou osteossarcoma com linhagem
mesenquimal(osteo  osteoblastos/sarcoma  origem mesequimal).

BENIGNO x MALIGNO
 Neoplasia benigna – são muito semelhantes estruturalmente e funcionalmente às células de
origem;
 Neoplasia maligna – podem ter pouca semelhança e a função nunca é igual. Neoplasia
maligna é sinônimo de câncer.
A diferença entre uma neoplasia maligna e benigna está na presença de metástase,
comportamento clínico, conduta clínica.

TUMOR BENIGNO
Diz-se que um tumor é benigno quando seus aspectos micro e macroscópicos são considerados
relativamente inocentes, significando que ele permanece localizado, não se disseminará para
outras áreas e geralmente pode ser removido por cirurgia local. No geral ele é encapsulado, não
infiltrativo, bem delimitado e, principalmente, não metastático.
Impresso por Marcos Maldonado, CPF 052.247.461-67 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais
e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 06/11/2021 10:45:04

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Em geral, os tumores benignos são designados ligando o sufixo -oma ao nome do tipo de
célula a partir do qual se origina o tumor.
- NEOPLASIAS BENIGNAS MESENQUIMAIS:
Prefixo da célula de origem + sufixo oma
Osteoma – tumor benigno originado dos
osteoblastos. Comum em seio nasal, ossos
longos e crânio. Dependendo da
localização pode provocar manifestação
clínica.
Condroma – tumor benigno originado dos
condrócitos. Na microscopia observa-se
proliferação de tecido cartilaginoso
maduro e bem diferenciado.
Lipoma – tumor mesenquimal que se
origina dos adipócitos. Pode aparecer em qualquer lugar, mas mais comum em locais
superficiais. É uma lesão bem delimitada com aspecto de gordura que reflete o grau de
diferenciação do tumor.
Observação: um lipoma no retroperitônio pode comprimir o rim e gerar manifestações clínicas
relacionadas a compressão. Na pele o seu efeito é mais estético.
Fibroma – neoplasia benigna do tecido fibroso. Os fibroblastos são células
alongadas e sua proliferação leva um aspecto do tumor fasciculado.
Exemplo: pólipos fibroepiteliais são fibromas cutâneos compostos por uma
proliferação superficial da epiderme, mas o eixo do tecido conjuntivo é formado.
- NEOPLASIAS BENIGNAS EPITELIAL:
Adenoma – tumor benigno do epitélio glandular.
Observação: apesar de ter linhagem glandular, não podem formar glândulas.
O adenoma é muito frequente e alguns exemplos podem ser:
 Adenoma do pâncreas (cistoadenoma pancreático);
 Adenoma de tireóide – lesão bem delimitada, encapsulada e única;
 Adenoma de glândula adrenal – lesão bem delimitada, encapsulada, de cor semelhante a
adrenal por alta semelhança estrutural e funcional. Pode cursar com excesso de hormônio;
 Adenoma de hipófise – pode gerar alteração visual temporária;
 Adenoma de intestino – é comum o pólipo. Exclusivamente no intestino os pólipos (adenoma)
cursam com displasia que são alterações microscópicas que predispõe a alterações
neoplásicas. Contudo, nem todo pólipo é neoplásico, existe os pseudopólipos. Ainda que
benigno, há chance de malignizar.
Conceito pólipo: quando uma neoplasia, benigna ou maligna, produz uma projeção
macroscopicamente visível acima da superfície mucosa e se projeta, por exemplo, na luz gástrica
ou colônica, denomina- se pólipo. Se o pólipo possuir tecido glandular, ele é chamado de um
pólipo adenomatoso.
Os adenomas com maior chance de malignização são adenomas sesseis, grande.
Papilomas – é diferente da lesão papilomatosa do HPV. É uma neoplasia benigna do epitélio
escamoso que forma papila (comumente chamada de verruga) e faz projeções digitiformes. No
HPV, também há uma infecção com aspecto papilomatoso, mas o vírus infecta a célula e
estimula uma proliferação celular.

[ TUMOR MALIGNO – CÂNCER ]


Os tumores malignos são referidos coletivamente como cânceres, um derivado da palavra latina
caranguejo, pois costumam se aderir a qualquer região na qual estejam, de maneira infiltrativa.
Os tumores malignos podem invadir e destruir as estruturas adjacentes e se disseminar para
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áreas distantes (metastatizar), levando à morte. São caracterizadas como infiltrativa,


metastática e mal delimitada.
Durante seu desenvolvimento é possível observar áreas de hemorragia pela maneira infiltrativa
do tumor e angiogênese para sua nutrição e metástase. Quando o desenvolvimento da
angiogênese é rápido pode resultar em isquemia da célula adjacente por necrose coagulativa.
Além disso, por crescer de maneira infiltrativa é difícil sua excisão completa, o que favorece sua
reicidiva.
- NEOPLASIA MALIGNA DO MESENQUIMAL:
Prefixo da célula de origem + sufixo sarcoma
Osteossarcoma – neoplasia maligna dos osteoblastos. Por ser uma lesão infiltrativa, há
destruição do osso, não sendo possível delimitar a lesão.
Na microscopia é possível observar um tecido ósseo não
bem diferenciado. As células começam a ser pleomórfica
e ter alterações relacionadas ao tamanho e coloração do
núcleo, com velocidade de crescimento muito rápido (ou
seja, fácil de observar figuras de mitose).
Conceito pleomorfismo – pleo (vários) morfos (formas)
ou seja, células de várias formas e tamanho,
hipercromáticas (núcleos escuros) que vem por reflexo de
uma atividade nuclear muito alta. Comum das
neoplasias malignas.
Fibrossarcomas – neoplasia maligna dos fibroblastos.
Lipossarcoma – tumor maligno que se origina das células adiposas. Pode gerar manifestação
clínica como hematúria.
- NEOPLASIAS MALIGNAS DO EPITÉLIO:
As neoplasias malignas de origem nas células epiteliais, derivadas de qualquer uma das três
camadas germinativas, são denominadas carcinomas.
Prefixo da célula de origem + sufixo carcinoma
Os carcinomas podem ser ainda mais especificados. O termo carcinoma de células
escamosas denota um câncer em que as células tumorais lembram o epitélio escamoso
estratificado, e adenocarcinoma denota uma lesão em que as células epiteliais neoplásicas
crescem em um padrão glandular – origem do epitélio glandular.
Algumas vezes o tecido ou órgão de origem pode ser identificado:
Adenocarcinoma de intestino – pode gerar constipação, que varia com sua localização, e
hematoquezia (presença de sangue vermelho pelo ânus, sinal de uma hemorragia digestiva
baixa).
Adenocarcinoma da mama ductal ou lobular – essa diferenciação é feita por ter
comportamento e manifestações clínicas diferente. Lesão infiltrativa (não delimitada) com
aspectos em patas de carangueijo (aspecto radiado).
Carcinoma escamoso – lesão maligna do epitélio escamoso. Ele
tem uma lesão característica dele, chamada de pérolas córneas
(queratinização em direção ao centro e um grande infiltrado
inflamatório). Ou seja, eles são diferenciados o suficiente para
produzir queratina. Quanto mais diferenciado o tumor, melhor seu
prognóstico, pois mais semelhante estruturalmente e
funcionalmente com a célula de origem.
Adenocarcinoma de pulmão – as glândulas brônquicas são revestidas por células cilíndricas,
ciliadas e glandulares produtoras de muco. Contudo, no adenocarcinoma de pulmão, o epitélio
é escamoso por uma metaplasia escamosa.
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Carcinoma escamoso da pele – tem como agente carcinogênico a radiação solar. É uma lesão
mal delimitada e ulcerada (perda do revestimento).
Carcinoma escamoso do colo uterino – tem como agente carcinogênico o HPV.

[ EXCEÇÕES ]
São exceções pois apesar do sufixo “oma” são tumores malignos.
Melanoma – é um tumor maligno e extremamente metastático dos melanócitos. A suspeita
pode seguir a regra do "A, B, C, D e E":
 A, assimetria;
 B, bordas irregulares e mal definidas;
 C, coloração com variada;
 D, diâmetro da lesão, são lesões grandes;
 E, evolução, é uma lesão com mudança de comportamento, cor ou tamanho.
Linfoma – neoplasia maligna que se origina dos linfócitos e seus precursores.
Teratoma – neoplasia mista (contém células maduras e imaturas) que se origina das células
tronco embrionárias/germinativas, que são totipotentes. São chamados de benignos quando o
tecido formado é um tecido maduro. Como as células de origem são células tronco, elas têm
capacidade de se diferenciar em diversos tecidos e, por isso, pode ter cabelo, dente. O maligno é
o que tem a mesma origem, mas os tecidos que as células se diferenciam não são tecidos
maduros.

[CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS PARA NEOPLASIAS ]


Apesar de já ter sido falado brevemente, há algumas características essenciais para a
diferenciação de neoplasias malignas e benignas.
- DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA:
Diferenciação é o grau de semelhança funcional e estrutural da célula neoplásica em relação
a célula de origem.
A anaplasia é uma célula neoplásica completamente indiferenciada, não sendo possível saber
sua célula de origem. Os marcos microscópicos são o pleomorfismo e presença de mitose (no caso
do maligno é atípico). A falta de diferenciação, ou anaplasia, é considerada uma característica
de malignidade.
- PADRÃO DE CRESCIMENTO:
Quando benigno é uma lesão bem delimitada, encapsulada e de evolução lenta. Já o tumor
maligno é caracterizado por uma lesão infiltrativa de evolução rápida.
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- INVASÃO LOCAL:
Uma neoplasia benigna permanece localizada em seu sítio de origem. Não tem capacidade de
se infiltrar, invadir ou metastatizar-se para locais distantes, como as neoplasias malignas. Por
exemplo, como os adenomas apresentam lenta expansão, a maioria desenvolve uma cápsula
fibrosa envoltória que os separa do tecido hospedeiro. Essa cápsula provavelmente deriva do
estroma do tecido hospedeiro, uma vez que as células parenquimatosas se atrofiam sob a
pressão do tumor em expansão.
Os cânceres crescem por meio de infiltração, invasão, destruição e penetração do tecido
circundante. Não desenvolvem cápsulas bem definidas. Além do desenvolvimento de
metástases, a invasividade local é a característica mais confiável que distingue os tumores
malignos dos benignos. Sua invasão pode gerar necrose das células adjacentes e hemorragia
local.
- METÁSTASE:
É uma implantação descontínua das células neoplásicas a partir do seu local de origem. Ou seja,
células neoplásicas que foram para outro local através da circulação sanguínea, linfática ou
diretamente na cavidade. Mais do que qualquer outro atributo, a propriedade da metástase
identifica uma neoplasia como maligna. Entretanto, nem todos os cânceres têm capacidade
equivalente de se metastatizar.
 Cavidades corporais – passa a margem da célula e infiltra a cavidade;
 Disseminação linfática – por vasos linfáticos. Mais comum dos carcinomas;
 Disseminação hematogênica – por veias e artéria. É via preferencial dos sarcomas, mas os
carcinomas também a utilizam.
Linfonodos sentinela é a mais frequente avaliação dos tumores de mama. Tem importância para
avaliação de metástase, pois se acometeu o linfonodo sentinela é pior o prognóstico.
- INVASÃO POR CONTINUIDADE E CONTIGUIDADE:
Um tumor de esôfago inferior que se infiltrou no estômago, não é metástase, é invasão por
continuidade. O mesmo ocorre em um tumor de colo que invade o reto ou bexiga é invasão
por contiguidade, pois estão relacionados anatomicamente.

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