ENARE

R1
2022
CADERNO DE QUESTÕES
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 1
Em uma cirurgia colorretal, durante o procedimento,
o cirurgião deve estar atento e fazer qual das seguintes
recomendações ao colega anestesista?
A) Administrar uma dose de vancomicina profilática
logo após a incisão da pele.
B) Administrar cefazolina + ampicilina- sulbactam na
indução anestésica e repetir a dose após 6 horas.
C) Administrar vancomicina na indução anestésica e
manter por 24 horas.
D) Administrar cefazolina + metronidazol na indução anes-
tésica e repetir após aproximadamente 3 - 4 horas.
E) Administrar ampicilina-sulbactam na indução
anestésica e manter por 48 horas.
QUESTÃO 2
Um paciente negro de 28 anos necessita de avaliação
quanto a uma cicatriz de crescimento exagerado em
região de lóbulo da orelha, além dos limites de onde
havia uma ferida prévia. Qual das seguintes orientações
deve-se fornecer ao paciente?
A) Trata-se, provavelmente, de cicatriz hipertrófica
que deve regredir em breve.
B) Trata-se, provavelmente, de um câncer de pele esca-
mocelular, comum nessa região.
C) Trata-se, provavelmente, de queloide, mais comum
entre pacientes negros e que não possuem forma de
prevenção clara.
D) Trata-se, provavelmente, de queloide, mais comum
entre pacientes caucasianos, que são prontamente
resolvidos de maneira cirúrgica.
E) Trata-se, provavelmente, de cicatriz hipertrófica,
mais comum entre pacientes negros e que são facil-
mente resolvidas de maneira cirúrgica.
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QUESTÃO 3
Um paciente que será submetido a uma cirurgia teve
indicação de anestesia raquidiana pela equipe de anes-
tesia. Assinale a alternativa que apresenta somente in-
formações corretas sobre esse bloqueio anestésico e que
podem ser fornecidas ao paciente.
A) A raquianestesia representa uma alternativa à ma-
nipulação da via aérea e evita as complicações da
intubação orotraqueal.
B) Na raquianestesia, pode haver despertar prolon-
gado ou sonolência pós-operatória com algu-
ma frequência.
C) A raquianestesia apresenta vantagens por evitar
efeitos colaterais como bradicardia e cefaleia.
D) A raquianestesia apresenta a vantagem de poder ser
realizada também em pacientes com cardiopatias
e coagulopatias.
E) O risco de cefaleia pós-punção é baixo e ocorre com
maior frequência em idosos do sexo masculino.
QUESTÃO 4
Para uma boa avaliação da necessidade nutricional de
um paciente, é necessário prever sua taxa metabólica
basal, a qual pode ser calculada por meio da equação de
Harris- Benedict, que leva em consideração:
A) peso em kg, altura em cm e Vco2 (volume de gás
carbônico expirado).
B) altura em m, superfície corpórea em m2 e tempera-
tura corporal em °C.
C) peso em kg, altura em m e fator de estresse, que exige
multiplicação por 1,2 a 1,5 em pacientes com sepse.
D) peso em g, altura em cm e frequência cardíaca
em bpm.
E) altura em cm, peso em kg e fator de estresse, que
exige multiplicação por 1,1 a 1,2 para pacientes
submetidos à cirurgia eletiva.
4| ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 5
Um paciente de 10 anos teve uma fratura do antebra-
ço esquerdo. Quanto ao tipo de fratura que pode ter
ocorrido nesse caso e suas características, assinale a al-
ternativa correta.
A) Fratura em galho verde – desvio da cortical óssea
sem uma linha visível de fratura.
B) Fratura metafisária – fratura através da placa carti-
laginosa de crescimento.
C) Fratura em galho verde – ruptura incompleta da
cortical óssea.
D) Fratura em fivela – fratura através da placa cartila-
ginosa de crescimento.
E) Fratura em fivela – fratura de uma área enfraqueci-
da devido a uma doença preexistente.
QUESTÃO 6
Um paciente com IMC> 35kg/m2, hipertenso, diabé-
tico e etilista é atendido para avaliação de indicação de
cirurgia bariátrica, já com pré-operatório pronto. Assi-
nale a alternativa que apresenta a melhor atitude médi-
ca a ser tomada durante a consulta nesse caso.
A) Agendar a cirurgia imediatamente, já que o pacien-
te possui comorbidades agravadas pela obesidade,
incluindo a dependência do álcool.
B) Orientar o paciente a cessar o etilismo, procurar
acompanhamento psicológico e retornar para rea-
valiação sobre a indicação da cirurgia se estiver psi-
cologicamente estável após cessação do vício.
C) Orientar o paciente sobre os riscos e as sequelas da
cirurgia, questionar sobre sua motivação, avaliar
se já houve falha da terapia nutricional e agendar
a cirurgia.
D) Orientar que o paciente não tem indicação de ci-
rurgia devido ao seu IMC abaixo do critério para
indicação de cirurgia e devido ao etilismo.
E) Agendar a cirurgia para uma data após 2 meses,
orientando o paciente sobre os riscos e as complica-
ções da cirurgia e a cessar o etilismo.
QUESTÃO 7
Uma paciente com um nódulo de tireoide biopsiado,
compatível com neoplasia, possui indicação de tireoi-
dectomia total. Para realizar tal cirurgia, o médico deve
ter o conhecimento das estruturas anatômicas da re-
gião. Assinale a alternativa que apresenta apenas infor-
mações corretas sobre a anatomia locorregional neces-
sária para esse procedimento.
A) A tireoide está localizada sob os músculos platisma
e escaleno, que devem ser seccionados ou afastados
para acessá-la.
B) É necessário ficar atento quanto ao trajeto do nervo
glossofaríngeo, já que ele tem seu trajeto lateral e
adjacente à tireoide.
C) É necessário ficar atento quanto ao esôfago, que tem
trajeto posterior e adjacente à glândula tireoide.
D) É necessário ficar atento às paratireoides, que se lo-
calizam atrás da glândula tireoide, adjacentes a ela.
E) As artérias que irrigam a tireoide – tireoidea supe-
rior, média e inferior – provêm da artéria caróti-
da interna.
QUESTÃO 8
Um paciente com sintomas de sudorese, agitação, con-
fusão mental, com níveis baixos de glicose e alívio após
administração de glicose foi diagnosticado com um
tumor gastrointestinal e tem indicação de tratamento
cirúrgico. Quais são, respectivamente, o nome desse
conjunto de sinais de sintomas e o do provável tumor
desse paciente?
A) Tríade de Charcot / Gastrinoma.
B) Síndrome de Verner-Morrison / VIPoma.
C) Síndrome de Ve r n e r - M o r r i s o n
/ Glucagonoma.
D) Tríade de Virchow / GIST.
E) Tríade de Whipple / Insulinoma.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 9
Paciente com queixa de pirose, azia e regurgitação
procura orientações sobre um possível diagnóstico de
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e tra-
tamento. Assinale a alternativa que apresenta somen-
te informações corretas que poderão ser fornecidas a
esse paciente.
A) O exame padrão-ouro para o diagnóstico é a en-
doscopia digestiva alta. A DRGE pode ser causa-
da por hérnia hiatal do tipo I, chamada de hérnia
de rolamento.
B) O melhor exame para o diagnóstico é a manome-
tria. A DRGE pode ser causada por hérnia hiatal do
tipo II, chamada de hérnia por deslizamento.
C) O melhor exame para o diagnóstico é a pHmetria de
24h. A DRGE pode ser causada por hérnia hiatal do
tipo II, conhecida como hérnia de rolamento.
D) O melhor exame para o diagnóstico é a esofagogra-
fia. A DRGE pode ser causada por hérnia hiatal do
tipo II, chamada de hérnia por rolamento.
E) O exame padrão-ouro para diagnóstico é a pH-
metria de 24h. A DRGE pode ser causada por
hérnia hiatal do tipo III, chamada de hérnia
por deslizamento.
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QUESTÃO 10
Durante uma consulta médica, um paciente do sexo
masculino relata ao médico que possui um abaulamen-
to da região inguinal direita, intermitente, muitas vezes
doloroso. Qual é a melhor maneira de realizar o exame
físico desse paciente e qual é o provável diagnóstico?
A) Introduzir o dedo no canal inguinal por invagina-
ção da bolsa escrotal e solicitar que o paciente re-
alize Valsalva, com detecção de abaulamento local
– hérnia inguinal.
B) Posicionar as mãos sobre a fossa ilíaca direita, com-
primir e descomprimir bruscamente a região, ge-
rando dor local – hérnia epigástrica.
C) Posicionar o dedo sobre o canal inguinal e solicitar
ao paciente que inspire profundamente, com detec-
ção de depressão local – hérnia inguinal.
D) Posicionar o dedo sobre o trato ileopúbico e solici-
tar inspiração profunda, com detecção de abaula-
mento acima desse local – hérnia femoral.
E) Posicionar a mão sobre o testículo direito e palpá-lo,
detectando enduramento local – hérnia inguinal.
QUESTÃO 11
Sobre o câncer gástrico, é correto afirmar que
A) afeta, com maior frequência, as mulheres e a faixa
etária entre 40-50 anos, sendo também o tipo de
câncer mais comum no Japão.
B) o Helicobacter pylori pode ser considerado um dos
fatores contribuintes para o câncer gástrico por ge-
rar gastrite hipertrófica.
C) o câncer gástrico difuso hereditário é uma forma
herdada de carcinoma gástrico resultante da muta-
ção do gene da E- caderina, com aproximadamente
80% de possibilidade de desenvolvimento de cân-
cer gástrico durante a vida.
D) alimentos ricos em sal, como carnes defumadas,
juntamente com o alto consumo de frutas cítricas
e vegetais, são associados a um risco aumentado de
câncer gástrico.
E) os pacientes com anemia perniciosa também têm
um aumento no risco de desenvolvimento de cân-
cer gástrico. A hipercloridria é a característica defi-
nidora dessa condição.
6| ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 12
Um paciente com dor e distensão abdominal associa-
das a vômitos deu entrada no pronto atendimento. A
suspeita é de uma obstrução do intestino delgado. Qual
das seguintes alternativas representa a causa mais co-
mum, em geral, desse tipo de obstrução?
A) Doença de Crohn.
B) Neoplasia.
C) Retocolite ulcerativa.
D) Aderências.
E) Hérnia interna.
QUESTÃO 13
No pronto atendimento, um paciente foi admitido
com queimaduras extensas de grau 2 em regiões de face
e pescoço, provocadas por água fervendo. Assinale a al-
ternativa que apresenta a melhor abordagem a ser feita
nesse paciente.
A) Avaliação da superfície corpórea atingida; analgesia
e curativo com óleo de girassol nas feridas.
B) Analgesia e, após 1h, reavaliação da dor e início da
avaliação secundária quanto aos cuidados com as
queimaduras – fazer apenas cobertura das lesões
com gaze para não causar mais dor à manipulação.
C) Acalmar o paciente; ressuscitação volêmica uti-
lizando a fórmula de Parkland – 1,5mL/kg/% de
superfície corpórea queimada; analgesia e curativo
com sulfadiazina de prata nas feridas.
D) Analgesia; ressuscitação volêmica utilizando a fór-
mula de Brooke – 4mL/kg/% de superfície corpórea
queimada – e curativo com neomicina nas feridas.
E) Avaliação quanto à possível lesão direta de via aé-
rea; ressuscitação volêmica utilizando a fórmula de
Parkland – 4mL/kg/% de superfície corpórea quei-
mada – juntamente com a analgesia, e curativo com
sulfadiazina de prata nas feridas.
QUESTÃO 14
Um paciente em tratamento oncológico quimioterá-
pico, que terá programação de tratamento cirúrgico
em breve, apresenta astenia importante, porém nega
vômitos ou sangramentos. Foram realizados exames
laboratoriais. Qual das alternativas a seguir representa
indicação de transfusão de ambos os componentes –
hemácias e plaquetas – para esse paciente?
A) Hemoglobina =9,1g/dL e plaquetas = 21000/mm³.
B) Hemoglobina =6,2g/dL e plaquetas = 18000/mm³.
C) Hemoglobina =6,8g/dL e plaquetas = 7000/mm³.
D) Hemoglobina = 10,1g/dL e plaquetas = 11000/mm³.
E) Hemoglobina =7,5g/dL e plaquetas = 11000/mm³.
QUESTÃO 15
Um paciente com dor abdominal é admitido no pronto
atendimento e é encaminhado para avaliação médica.
Assinale a alternativa correta quanto ao exame des-
se paciente.
A) Dor no ombro esquerdo quando em decúbito dor-
sal após pressão colocada no abdome superior es-
querdo é denominada sinal de Carnett.
B) Pacientes com irritação peritoneal tipicamente
mudam continuamente de posição no leito en-
quanto tentam achar uma posição que reduza
seu desconforto.
C) O médico deve se posicionar à esquerda do pacien-
te e iniciar o exame físico pela palpação do abdome.
D) O quadro de íleo paralítico caracteriza-se por ruí-
dos abdominais “metálicos” em tom alto, que ten-
dem a ocorrer em salvas e estão associados à dor
e distensão.
E) A percussão firme da crista ilíaca ou do flanco com
uma perna estendida pode ajudar a identificar casos
de peritonite.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 16
Um paciente de 75 anos, sem comorbidades, lúcido e
orientado, calmo, acompanhado por duas filhas, com-
parece em consulta médica com resultado de biópsia
de próstata – adenocarcinoma Gleason 10 (5+5). As
filhas solicitam, no início do atendimento, que não seja
informado o diagnóstico ao paciente. Durante a con-
sulta, o paciente questiona o médico sobre sua real pa-
tologia. Qual é a melhor conduta a ser tomada diante
dessa situação?
A) Informar ao paciente apenas que ele tem uma al-
teração no exame e que precisa ser tratado rapida-
mente, conforme o pedido das filhas.
B) Orientar as filhas sobre a opção do paciente e infor-
má-lo a respeito de seu real diagnóstico de câncer de
próstata, já que ele é lúcido e orientado e deseja sa-
ber sobre sua patologia, estando tais ações de acordo
com as diretrizes do código de ética médica.
C) Informar ao paciente que o diagnóstico não será re-
velado, pois as suas filhas solicitaram sigilo quanto
ao diagnóstico, respeitando as diretrizes do código
de ética médica.
D) Não revelar o diagnóstico ao paciente, solicitar que
ele saia do consultório por um momento e informar
sobre a patologia – câncer de próstata – às filhas em
particular, respeitando as diretrizes do código de
ética médica.
E) Informar ao paciente sobre o seu diagnóstico de ne-
oplasia benigna da próstata, apesar do desejo das
filhas, respeitando o direito do paciente de acordo
com o código de ética médica.
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QUESTÃO 17
Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma com-
plicação traqueal geralmente relacionada à intubação
orotraqueal prolongada.
A) Estenose traqueal.
B) Fístula traqueoesofágica.
C) Fístula traqueoinominada.
D) Granuloma de traqueia.
E) Lesão do nervo facial.
QUESTÃO 18
Um paciente de 85 anos, acamado há 2 anos e com
quadro de demência há 1 ano, foi diagnosticado com
múltiplos nódulos pulmonares e lesão expansiva no có-
lon, sendo internado com quadro de dispneia intensa e
saturação de O2 de 79%. O paciente já não responde
a estímulos verbais há alguns dias e está acompanhado
da filha. Qual é a melhor conduta a ser tomada nes-
se momento?
A) Instalar oxigenoterapia ao paciente e conversar com
a filha sobre estabelecer cuidados paliativos a ele,
tendo em vista suas condições clínicas prévias e a
provável complicação de um câncer de cólon me-
tastático sem indicação de tratamento cirúrgico.
B) Solicitar o carrinho de parada, preparar tubo oro-
traqueal, administrar propofol e etomidato e proce-
der intubação orotraqueal em sequência rápida.
C) Instalar oxigenoterapia, solicitar exames laborato-
riais para investigação de possível sepse e solicitar
biópsia com urgência para diagnosticar e tratar o
provável câncer de pulmão.
D) Instalar oxigenoterapia e orientar a filha sobre a in-
dicação de intubação e cuidados paliativos em se-
guida do procedimento.
E) Oferecer oxigenoterapia, conversar com a filha so-
bre cuidados paliativos devido à demência e orien-
tar sobre o provável diagnóstico de 2 tipos de cân-
cer associados – câncer de pulmão e de cólon – com
indicação cirúrgica em 2 tempos.
8| ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 19
Assinale a alternativa que melhor representa o conjunto
de características que sugerem pior prognóstico e esta-
diamento mais avançado em casos de melanoma malig-
no e qual deve ser a abordagem inicial mais correta em
uma lesão suspeita dessa neoplasia.
A) Presença de ulceração, Breslow de 0,2mm e Nível I
de Clark / biópsia incisional.
B) Breslow de 2,5mm, linfonodo sentinela positivo,
ausência de ulceração / biópsia excisional.
C) Índice mitótico de 4/mm², Breslow de 1,3mm e
invasão angiolinfática / biópsia incisional.
D) Presença de ulceração, Breslow de 0,3cm e linfono-
do sentinela positivo / biópsia excisional.
E) Nível II de Clark, Breslow de 0,18cm e invasão an-
giolinfática / biópsia tipo shaving.
QUESTÃO 20
Assinale a alternativa que relaciona corretamente a
síndrome hereditária ao aumento do risco de cân-
cer colorretal.
A) A síndrome de Peutz-Jeghers é uma síndrome au-
tossômica recessiva, caraterizada por pólipos ha-
martomatosos intestinais e hiperpigmentação da
mucosa labial.
B) A síndrome de Turcot é caracterizada, principalmen-
te, por pólipos colorretais e adenomas tireoideanos.
C) A síndrome de Lynch é caracterizada por pequeno
número de pólipos colorretais e aumento do risco
também de câncer de endométrio e ovário.
D) A síndrome de Gardner é caracterizada pela pre-
sença de centenas a milhares de pólipos colorretais
associados, principalmente, ao aumento do risco de
câncer de colo uterino.
E) A Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) está forte-
mente associada à mutação do gene MLH1.
QUESTÃO 21
Uma mulher de 32 anos procura atendimento médico
com queixa de cansaço aos mínimos esforços. Refere
sopro cardíaco desde a infância. Possui histórico de co-
municação interventricular e evolução para Síndrome
(ou fenômeno) de Eisenmenger nos últimos dois me-
ses. Qual achado de exame físico é certamente encon-
trado nessa paciente?
A) Sopro holossistólico com hiperfonese de B1.
B) Pronunciada cianose de extremidades.
C) Déficit cognitivo moderado.
D) Pulso em martelo d'água.
E) Pressão arterial convergente.
QUESTÃO 22
Um homem de 57 anos procura atendimento médico
com queixa de palpitações e dor torácica tipo aperto,
de início há 30 minutos.
Apresenta hipotensão (PA 60x40mmHg). Após ava-
liar o ritmo mostrado a seguir, qual é a conduta
mais adequada?
A) Manobra vagal.
B) Adenosina 6mg EV em bólus.
C) Amiodarona 150mg EV em 30 minutos.
D) Deslanosídeo 0,8mg EV em bólus.
E) Cardioversão elétrica sincronizada.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 23
Sobre a escala NIHSS (National Institute of Health
Stroke Scale), é correto afirmar que
A) A presença de ataxia pode ser avaliada pela mano-
bra índex-nariz ou calcanhar-joelho.
B) A presença de mutismo causado por barreira mecâ-
nica (cânula orotraqueal, por exemplo) caracteriza
pontuação máxima nos itens disartria e linguagem.
C) a pontuação, nos casos em que o paciente não pos-
sui um membro (amputação), deve ser máxima na
avaliação de força desse membro.
D) A heminegligência deve ser pontuada no paciente
não contactuante.
E) A escala de NIHSS é mais importante nos casos de
AVC hemorrágico.
QUESTÃO 24
Uma mulher de 55 anos está internada em um hospi-
tal, com diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio
(IAM) com supradesnivelamento do segmento ST no
eletrocardiograma (ECG), e precisa ser transferida para
outro serviço para a realização de estudo hemodinâ-
mico e provável intervenção percutânea de urgência.
Diante do exposto, assinale a alternativa correta.
A) As informações sobre a paciente são sigilosas e só
podem ser transmitidas para outro médico através
de mandado judicial.
B) A falta do serviço de hemodinâmica no hospital
atual é de responsabilidade do diretor técnico, que
deve ser acionado para resolução do caso.
C) É obrigação do médico assistente informar, de for-
ma clara e concisa, todos os dados necessários para
que exista uma transferência de cuidados adequada.
D) O transporte da paciente até o serviço de referên-
cia é de responsabilidade do médico que vai receber
a paciente.
E) O tempo decorrido durante o transporte tem pou-
ca ou nenhuma influência no desfecho do caso.
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QUESTÃO 25
Um homem de 34 anos é levado ao serviço médico de
urgência com história de ferimento por projétil de arma
de fogo na coxa direita. Ele relata que estava fazendo
limpeza e manutenção da sua arma, quando houve o
disparo acidental. Relata que, durante alguns segundos,
não sentiu nenhuma dor e logo chamou por ajuda. No
momento da avaliação, refere dor intensa. Sobre a fisio-
patologia da dor, assinale a alternativa correta.
A) A temperatura elevada do projétil leva à inativação
dos nociceptores de pele e estruturas mais profundas.
B) A dor experimentada pelo paciente pode ser carac-
terizada como visceral verdadeira.
C) A retirada do projétil é essencial para uma adequa-
da analgesia.
D) Dentro do componente sensitivo- discriminativo, a
modulação tem papel importante nesse caso e tem
função evolutiva de proporcionar um comporta-
mento de luta e/ou fuga.
E) A ausência de dor nos primeiros segundos após o
acidente pode estar relacionada com o histórico do
paciente (por exemplo: ex- militar).
QUESTÃO 26
Uma mulher de 30 anos é levada ao serviço médico de
urgência, por familiares, com quadro de rebaixamento
do nível de consciência. Ao exame, apresenta-se bra-
dipneica (FR=8irpm) e comatosa (glasgow 9). A mãe
informa histórico de uso de heroína. Após estabilização
clínica inicial, qual é a conduta mais adequada?
A) Hipotermia terapêutica.
B) Lavagem gástrica com carvão ativado.
C) Administração de flumazenil endovenoso.
D) Administração de bicarbonato endovenoso.
E) Administração de naloxona endovenosa.
10 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 27
Um homem de 88 anos está internado com quadro de
dor e distensão abdominal de início há uma semana. Após
investigação clínica e exames complementares, o diagnós-
tico de neoplasia maligna de reto é estabelecido, além da
presença de metástases em fígado, pulmão e cérebro. So-
bre a comunicação de más notícias, é correto afirmar que
A) o uso de respostas “prontas”, sem antes escutar a
mensagem, é importante para uma comunicação
eficiente e humanizada, em especial na transmissão
de más notícias.
B) A escuta atenta e a comunicação terapêutica são
vertentes essenciais na estruturação de um diálogo
franco e acolhedor entre o profissional e o paciente,
em especial nos momentos de enfrentamento e ela-
boração dos processos decisórios em cada etapa de
seu plano de cuidados.
C) A análise da linguagem verbal representa aproxima-
damente 93% da comunicação, sendo que a lingua-
gem não verbal representa aprox. 7%.
D) São habilidades de comunicação importantes nesse
contexto: escutar bem, mentir se necessário, proporcio-
nar uma falsa alegria, instigar esperança e aliviar a dor.
E) A comunicação de más notícias deve ser realizada,
preferencialmente, pelo profissional psicólogo ou
assistente social.
QUESTÃO 28
(ANULADA) Sobre os Anticoagulantes Orais Diretos
(DOAC), assinale a opção que NÃO age através do fa-
tor Xa.
A) Dabigatrana.
B) Apixabana.
C) Edoxabana.
D) Rivaroxabana.
E) Enoxaparina.
QUESTÃO 29
Uma mulher de 40 anos, branca, refere que, há 3 me-
ses, apareceram manchas avermelhadas nas pálpebras e no
dorso das mãos que apresentavam melhora discreta com o
uso tópico de corticoide. Nos últimos 20 dias, começou a
apresentar dificuldade de elevar os braços para pentear os
cabelos e escovar os dentes. Também notou que não con-
seguia subir os dois lances de escada de sua casa e passou a
precisar de ajuda para levantar da cama e de cadeiras. Qual
achado de exame físico pode definir o diagnóstico?
A) Eritrodermia.
B) Prurido generalizado.
C) Pápulas de Gottron.
D) Nódulos de Bouchard.
E) Nódulos de Heberden.
QUESTÃO 30
Sobre a asma, é correto afirmar que
A) o uso de anti-inflamatórios não hormonais está in-
dicado nos casos refratários.
B) o tabagismo (ativo ou passivo) é a principal causa
de falta de controle da asma.
C) A escolha do dispositivo inalatório tem pouca im-
portância no manejo adequado da asma.
D) A asma é uma doença heterogênea, caracteriza-
da por inflamação crônica das vias aéreas de cau-
sa alérgica.
E) A base do tratamento medicamentoso é constituída
pelo uso de corticoide inalatório.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 31
Um homem de 62 anos está internado há 2 dias devido
à fratura do pé D. Possui histórico de consumo de bebi-
da alcoólica em grande quantidade,principalmente
destilados. Apresenta agitação importante, tremores,
febre baixa e taquicardia, além de delírios audiovisuais.
Em relação ao tratamento medicamentoso da abstinên-
cia alcoólica, assinale a melhor alternativa nesse caso.
A) Diazepam 10mg endovenoso (EV).
B) Midazolam 10mg intramuscular (IM).
C) Haloperidol 5mg EV.
D) Haloperidol 5mg IM.
E) Clorpromazina 25mg IM.
QUESTÃO 32
Uma mulher de 75 anos procura atendimento médico
com queixa de falta de ar aos mínimos esforços. Possui
histórico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção
reduzida. Ao exame, apresenta estertores crepitantes em
bases pulmonares, pressão arterial (PA): 160x100mmHg,
perfusão distal adequada e edema de membros inferio-
res. Diante do exposto, assinale a alternativa correta.
A) O uso de dobutamina diminui o risco de morte.
B) Apresenta perfil hemodinâmico quente e úmido.
C) Expansão volêmica com cristaloides está indicada
nesse caso.
D) O uso de milrinone está indicado e impacta na so-
brevida da paciente.
E) O uso de garrotes em membros, para diminuir a
pós-carga, está indicado.
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QUESTÃO 33
Sobre a injúria pulmonar aguda relacionada à transfu-
são (TRALI), é correto afirmar que
A) só ocorre nas transfusões de concentrado de hemáceas.
B) o uso de corticoides sistêmicos está indicado.
C) Nos casos em que a ventilação mecânica seja neces-
sária, volume corrente >8mL/Kg e pressão média de
via aérea acima de 30cm de H20 estão indicados.
D) o início dos sintomas em até 06 (seis) horas da
transfusão é um dos critérios diagnósticos.
E) o uso de diurético de alça está indicado.
QUESTÃO 34
Em relação à arterite temporal (ou arterite de células
gigantes), é correto afirmar que
A) o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE)
está indicado.
B) O uso de glicocorticóides em altas doses pode au-
mentar o risco de perda visual permanente.
C) quase nunca ocorre antes dos 50 anos de idade.
D) é mais comum na população afrodescendente.
E) O tratamento é diferente nos casos em que a bióp-
sia é inconclusiva.
QUESTÃO 35
Sobre a artrite reumatoide, é correto afirmar que
A) 70 a 80% dos pacientes apresentam Fator Reuma-
toide (FR) positivo em algum momento da vida.
B) corticoide oral, como prednisona, é uma das drogas
de primeira escolha.
C) envolve exclusivamente estruturas articulares
e periarticulares.
D) o acometimento da coluna lombar é comum.
E) A presença de Velocidade de Hemossedimentação
Aumentada (VHS) tem valor preditivo positivo
alto para o diagnóstico.
12 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 36
Um homem de aproximadamente 50 anos apresenta
um colapso na recepção do pronto-socorro e é levado
diretamente para a sala de emergência. Após verificar a
responsividade, qual é a conduta mais adequada?
A) Iniciar compressões torácicas.
B) Aplicar duas ventilações de resgate.
C) Acesso venoso calibroso e expansão volêmica.
D) Eletrocardiograma de 12 derivações.
E) Checar o pulso carotídeo e a respiração.
QUESTÃO 37
Uma mulher de 50 anos procura atendimento médico
com queixa de disúria e polaciúria há um dia. Possui
histórico de infecção urinária de repetição, e o último
episódio foi causado por pseudomonas aeruginosa (uro-
cultura) há 60 dias. Todas as opções de antimicrobiano
a seguir podem ser utilizadas empiricamente, EXCETO
A) Meropenem.
B) Ertapenem.
C) Ciprofloxacina.
D) Ceftazidima.
E) Amicacina.
QUESTÃO 38
Qual das seguintes taquiarritmias apresenta complexo
QRS estreito e regular?
A) Fibrilação atrial.
B) Torsades de Pointes.
C) Taquicardia atrial.
D) Taquicardia de movimento circular antidrômica.
E) Flutter atrial com bloqueio AV variado.
QUESTÃO 39
Referente à osteomielite, é correto afirmar que
A) A forma não hematogênica é mais comum em
adultos jovens, vítimas de trauma com solução de
continuidade na pele.
B) A radiografia simples pode auxiliar no diagnóstico,
principalmente na fase inicial da doença.
C) A maioria dos antimicrobianos possui boa distri-
buição na medula óssea.
D) Os marcadores inflamatórios mais comuns (velocida-
de de hemossedimentação e proteína C reativa) geral-
mente são normais nas primeiras 2 semanas de doença.
E) O uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE)
é considerado tratamento de primeira escolha.
QUESTÃO 40
O uso da medicação sacubitril-valsartana está indicado
em qual das seguintes doenças?
A) Hipertensão arterial refratária.
B) Miocardiopatia isquêmica.
C) Fibrilação atrial.
D) Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida.
E) Hipertensão arterial sistêmica associada à diabe-
tes mellitus.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 41
Um paciente de 13 anos está em tratamento de leuce-
mia. Já passou por diversos tratamentos e procedimen-
tos, sem sucesso na remissão de sua doença. Por fazer
seu tratamento em um hospital escola, foi chamado,
juntamente com seus pais, para uma consulta, na qual
foi convidado a participar de uma pesquisa clínica com
medicamento experimental. Na ocasião, o médico ex-
plicou os detalhes do tratamento proposto, bem como
seus possíveis riscos. Diante do quadro apresentado, as-
sinale, entre as seguintes alternativas, a correta.
A) A evolução em prontuário do aceite dos responsá-
veis e do paciente é documento suficiente para sua
inclusão na pesquisa.
B) O termo de consentimento livre e esclarecido deve
ser assinado pelo paciente.
C) O assentimento do paciente é desejável, mas não
deve ser determinante em sua inclusão ou exclusão
na pesquisa.
D) Além do consentimento do representante legal, é
necessário o assentimento livre e esclarecido do pa-
ciente, na medida de sua compreensão.
E) O medicamento da pesquisa poderia ser adminis-
trado como novo esquema terapêutico quimioterá-
pico, sem necessidade do esclarecimento de todos
os detalhes, como foi feito no caso.
| 13
QUESTÃO 42
A enurese noturna é uma queixa frequente no consul-
tório pediátrico. Qual das seguintes alternativas é cor-
reta a respeito dessa condição?
A) A enurese primária ocorre quando a criança nunca
ficou mais de 1 dia sem urinar durante o sono.
B) A enurese é dita secundária quando a criança ficou
um período igual ou superior a
4 semanas sem enurese e voltou a urinar durante o sono.
C) Fatores psicológicos são a causa mais comum de
enurese primária.
D) É definida por perda intermitente de urina durante
o sono, em maiores de 3 anos, pelo menos 1 vez por
noite, na ausência de alterações de sistema nervo-
so central.
E) Não há associação significativa entre sobrepeso
e enurese.
QUESTÃO 43
Em qual das seguintes situações, pode-se proceder ao
clampeamento tardio do cordão umbilical?
A) Descolamento prematuro de placenta.
B) Nó verdadeiro de cordão umbilical.
C) Ausência de tônus muscular em flexão.
D) Placenta prévia.
E) Prematuro de 34 semanas.
14 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 44
Você está de plantão em um hospital e é chamado para
atender um Recém-Nascido (RN) em sala de parto. O
parto é por via vaginal, e o RN nasce hipotônico e com
movimentos respiratórios irregulares. Você prontamen-
te recebe o RN e inicia o atendimento. A avaliação da
Frequência Cardíaca (FC) é o principal determinante
da decisão de indicar as diversas manobras de reani-
mação. Sobre as particularidades de cada método que
pode ser utilizado, assinale a alternativa correta.
A) A detecção da atividade elétrica do coração pelo
monitor cardíaco não traz benefício na condu-
ção da reanimação neonatal, pois atrapalha as de-
mais manobras.
B) A palpação do pulso carotídeo é o melhor método
em sala de parto, apesar de subestimar a FC.
C) A ausculta do precórdio com estetoscópio subesti-
ma a FC.
D) A palpação do cordão umbilical superestima a FC.
E) A oximetria de pulso detecta de forma contínua a
frequência de pulso, é rápida e não subestima nem
superestima a FC.
QUESTÃO 45
(ANULADA) A respeito da vacina contra o rotavírus,
oferecida pelo Programa Nacional de Imunizações, as-
sinale a alternativa INCORRETA.
A) Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a
vacinação, não está indicado repetir a dose.
B) A idade máxima para a administração da primeira
dose é de 3 meses e 15 dias.
C) A idade mínima para a administração da segunda
dose é de 3 meses e 15 dias.
D) A idade máxima para a administração da segunda
dose é de 7 meses e 29 dias.
E) Se a criança regurgitar após a administração, a dose
é invalidada e deve ser repetida após 14 dias.
QUESTÃO 46
Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de
vacina inativada oferecida pelo Programa Nacional
de Imunizações.
A) Poliomielite oral.
B) Rotavírus humano.
C) Hepatite A.
D) Tríplice viral.
E) Tetra viral.
QUESTÃO 47
Paciente de 12 anos queixa-se de cefaleia recorrente,
moderada, com intervalos variáveis, de dias, semanas
ou meses. A dor é bilateral e pulsátil e, por vezes, acom-
panhada de irritabilidade, anorexia e náusea. Antes do
quadro de dor, vê “bolinhas coloridas” e sente formi-
gamento na língua. Sobre o diagnóstico mais provável,
assinale a alternativa correta.
A) O paciente está na faixa etária de menor incidência
em pediatria.
B) Podem fazer parte dos sintomas que precedem a dor:
formigamento em hemicorpo, disfasia e disartria.
C) O paciente apresenta o tipo de quadro mais co-
mum, que é o de dor precedida por sintomas visu-
ais e sensitivos.
D) Para o diagnóstico adequado, é necessário investigar
com tomografia de crânio e exames laboratoriais.
E) Casos familiares semelhantes são a exceção.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 48
A fisiopatologia da fibrose cística está diretamente rela-
cionada à proteína CFTR (Cystic Fibrosis Transmem-
brane Regulator).
Sobre o assunto, é correto afirmar que
A) é uma doença poligênica autossômica dominante
com penetração variável.
B) é decorrente da ausência e/ou do defeito qualitativo
e/ou quantitativo da proteína CFTR.
C) o acometimento da CFTR, nos pulmões, causa
alterações no líquido da superfície das vias aéreas,
com retenção de sódio e água no interstício e hipe-
ridratação das camadas gel e sol das vias aéreas.
D) a proteína CFTR funciona, principalmente, na re-
gulação da permeabilidade do sódio e do potássio
em células epiteliais.
E) a reologia do muco das vias aéreas é alterada por im-
pactação das secreções por aumento de produção, a
despeito da função ciliar que é, via de regra, normal.
QUESTÃO 49
Sobre o Ânion Gap (AG) e sua condição mais esperada
nas causas de acidose metabólica, assinale a alternati-
va INCORRETA.
A) AG plasmático normal ocorre nas perdas de bicar-
bonato sem perda de cloro, como ocorre nas diar-
reias e fístulas.
B) AG plasmático normal ocorre na acidose tubu-
lar renal.
C) AG plasmático aumentado ocorre na hipoalbumi-
nemia, pois a albumina contribui em grande parte
para reduzir o AG plasmático.
D) AG plasmático aumentado ocorre quando há adi-
ção de carga ácida ao organismo, como ácidos orgâ-
nicos (cetoacidose), acidose lática e na uremia.
E) AG plasmático diminuído ocorre na presença de
cátions não mensuráveis, como na hiperlipidemia,
na qual se superestima a concentração de cloro.
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QUESTÃO 50
Uma adolescente procura a emergência com queixa de
dores abdominais intensas. Ao ser avaliada pelo pedia-
tra de plantão, ela relata que está ali por estar precisan-
do de ajuda. Conta que tem sofrido, em casa, diversas
formas de violência. Cita, entre elas: beliscões, tapas,
xingamentos, constrangimentos perante as visitas e
que, algumas vezes, já ficou de castigo sem alimentos
ou água. É muito importante, para saber como acolher
os pacientes nessas situações e para identificar os pa-
cientes em risco, que o pediatra conheça as formas de
violência. Quanto ao tema, informe se é verdadeiro (V)
ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alterna-
tiva com a sequência correta.
( ) Violência física é entendida como a ação infligida
à criança ou ao adolescente que ofenda sua integri-
dade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimen-
to físico.
( ) A alienação parental é um tipo de violên-
cia psicológica.
( ) Conduta que constranja a criança ou o adolescente
a presenciar conjunção carnal é considerada violên-
cia sexual.
( ) Violência institucional é entendida como a pratica-
da por instituição pública ou conveniada, inclusive
quando gerar revitimização.
( ) Expor a criança ou o adolescente a isolamento ou
indiferença é uma forma de violência psicológica.
A) V – V – V – V − V.
B) V – F – V – V − F.
C) F – F – F – V − F.
D) F – V – V – F − V.
E) V − V − V − V − F.
16 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 51
Menina de 2 anos é levada à emergência com tosse
intensa e ladrante, rouquidão e estridor inspiratório
discreto. Nos dias precedentes à piora da tosse, tinha
rinorreia clara, febre baixa e tosse leve. Não apresenta
sinais de desconforto respiratório no momento. Qual,
das opções a seguir, é a conduta mais adequada para
essa paciente?
A) Iniciar antibioticoterapia com amoxicilina.
B) Internar para tratamento e observação, por se tratar
de quadro moderado com potencial risco de pro-
gressão da obstrução.
C) Solicitar radiografia cervical lateral.
D) Oxigênio suplementar para conforto.
E) Prescrever corticosteroide oral ou parenteral.
QUESTÃO 52
A endocardite infecciosa ocorre com maior frequência
em portadores de anomalias cardíacas congênitas ou
adquiridas e representa importante causa de morbida-
de e mortalidade na faixa etária pediátrica. Ela é mais
comumente causada por
A) fungos.
B) micobactérias.
C) bactérias.
D) protozoários.
E) vírus.
QUESTÃO 53
(ANULADA) Um menino de 8 anos é levado para
primeira consulta. Ele morava em outra cidade e era
acompanhado pelo seu pediatra por quadro de síndro-
me do intestino irritável. Ao revisar sua sintomatologia,
suspeita-se de que o paciente pode, na verdade, ter pa-
tologia orgânica, e não funcional. Qual dos seguintes
sintomas levanta essa suspeita?
A) A dor abdominal é desencadeada pela ingesta de
determinados alimentos.
B) A dor abdominal melhora com a evacuação.
C) A dor abdominal tem início associado com mudan-
ça da frequência das evacuações.
D) A dor abdominal tem início associado com mudan-
ça na aparência das fezes.
E) Presença de muco nas fezes.
QUESTÃO 54
Sobre as picadas de abelhas, assinale a alternati-
va correta.
A) Nos acidentes causados por enxame, a retirada dos
ferrões da pele deve ser feita por pinçamento.
B) Mais de 70% dos indivíduos que apresentaram
grandes reações localizadas terão reações sistêmicas,
com anafilaxia 2 a 3 minutos após a picada.
C) A intensidade da reação inicial não está relacio-
nada com a sensibilização e maior risco às exposi-
ções subsequentes.
D) Os acidentes com enxames podem desencadear
quadro tóxico generalizado, com manifestações
como hemólise intravascular e rabdomiólise, alte-
rações neurológicas e insuficiência renal aguda.
E) Os glicocorticoides e anti-histamínicos são a me-
lhor opção terapêutica para controlar reações como
urticária gigante e broncoespasmo.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 55
Você está atendendo, na emergência, um paciente de
2 anos. A queixa é de tosse, dor abdominal e febre. A
febre iniciou há 36 horas, cessa com antitérmicos, mas
volta após 4 a 6 horas, com pico máximo de 38,5ºC. O
paciente teve 4 episódios de vômitos, está inapetente,
mas aceitando bem líquidos via oral. Ao exame físico,
tem alguns estertores em bases pulmonares, tiragem
subcostal e taquipneia. Após o diagnóstico de pneumo-
nia, é indicada a internação hospitalar. Qual dos dados
clínicos do paciente indica a internação?
A) A curva térmica.
B) A tiragem subcostal.
C) A presença de dor abdominal.
D) A inapetência e os vômitos.
E) A presença dos estertores em bases pulmonares.
QUESTÃO 56
Distinguir um linfonodo inflamatório de um neoplá-
sico pode ser um desafio para o pediatra. Qual das si-
tuações a seguir sugere benignidade, sem necessidade
de investigação?
A) Ausência de linfonodos palpáveis em re-
cém- nascidos.
B) Nódulo linfático maior que 1 cm, em dois lo-
cais anatômicos.
C) Linfonodo epitroclear com 0,7 cm.
D) Linfonodo inguinal com 2 cm.
E) Linfonodomegalia localizada, com febre por mais
de 7 dias.
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QUESTÃO 57
Um paciente, em idade escolar, apresenta queixa de dor
abdominal intensa, náuseas, vômitos, anorexia e sono-
lência. Refere sentir muita sede e, ao exame físico, está
desidratado. Também foram percebidos hálito cetônico
e hiperventilação (respiração de Kussmaul). Qual das
seguintes opções é o resultado esperado na gasometria,
de acordo com a principal suspeita diagnóstica?
A) Alcalose respiratória.
B) Alcalose metabólica.
C) Acidose metabólica com redução do ânion gap.
D) Acidose metabólica com elevação do ânion gap.
E) Acidose respiratória.
QUESTÃO 58
Uma adolescente de 16 anos pede para que sua mãe dê
licença, durante a consulta, para que ela tire algumas
dúvidas com seu pediatra. Após a mãe se retirar, a pa-
ciente conta que iniciou a vida sexual com seu namora-
do e que gostaria de usar anticoncepcional oral (ACO),
mas sem que sua mãe saiba. Nesse caso, qual das se-
guintes opções é a conduta mais adequada do médico
quanto à prescrição de anticoncepcional oral?
A) O sigilo médico, nessa situação, pode ser quebrado,
uma vez que a paciente está sob risco de engravidar
ou de contrair infecção sexualmente transmissível.
B) O pediatra pode prescrever o ACO, mas somente
com o consentimento da mãe.
C) O pediatra pode prescrever o ACO, mas, após
a consulta, deve comunicar sua conduta à mãe,
em segredo.
D) O pediatra pode prescrever o ACO, respeitando a
vontade da paciente em manter o assunto em sigilo.
E) O pediatra deve conversar sobre opções contracep-
tivas, mas não deve prescrever ACO, por se tratar
de adolescente.
18 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 59 QUESTÃO 60
Menino de 1 ano dá entrada em hospital após quadro Em relação ao nefroblastoma (Tumor de Wilms), é cor-
convulsivo. Ao exame físico, apresenta midríase, taqui- reto afirmar que
cardia, sudorese, hipertensão, piloereção e hiper-refle- A) tem seu pico de incidência em crianças maiores de
xia. Na anamnese, a mãe conta que o paciente está, 5 anos.
há 2 dias, com obstrução nasal e espirros e, por estar
B) é mais agressivo na presença de anaplasia, mesmo
com dificuldade para dormir devido à obstrução, usou
quando focal e em tumores localizados (estádios I e
medicamento em gotas que tinha em casa, nas narinas
II).
da criança. Após seu uso, o paciente iniciou o quadro
atual. Considerando o agente farmacológico provável, C) se manifesta mais comumente como massa abdo-
trata-se de uma minal muito dolorosa, acompanhada de hematú-
ria macroscópica.
A) toxíndrome simpatomimética, que resulta da esti-
D) exige, para seu diagnóstico, a realização de biópsia
mulação de nervos simpáticos (alfa e beta-adrenér-
percutânea nos casos suspeitos de idade compatível.
gicos) mediada pelas catecolaminas noradrenalina
e adrenalina. E) é o tumor sólido mais comum no recém- nascido.
B) toxíndrome anticolinérgica, que resulta da inibição
das fibras parassimpáticas pós- ganglionares que
liberam a acetilcolina, das fibras autônomas pré-
-ganglionares, das placas mioneurais do músculo
esquelético e de certas sinapses do sistema nervo-
so central.
C) toxíndrome anticolinesterásica, em que ocorre
inibição da enzima acetilcolinesterase, le-
vando a um acúmulo da acetilcolina nos receptores
colinérgicos muscarínicos e nicotínicos.
D) toxíndrome depressiva, que resulta da interferência
na função adrenérgica do SNC, principalmente
nos neurônios noradrenérgicos centrais.
E) toxíndrome extrapiramidal, que resulta do aumen-
to da ação da acetilcolina nas sinapses muscarínicas
e do antagonismo da dopamina no SNC.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES | 19

QUESTÃO 61
O partograma é um gráfico no qual são anotadas a progressão do trabalho de parto e as condições materno-fetais.
Analise o seguinte partograma e assinale a alternativa correspondente com o padrão encontrado.

A) Fase ativa prolongada.

B) Parada secundária da descida.
C) Desproporção cefálo-pélvica.
D) Distócia funcional.
E) Trabalho de parto fisiológico
20 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 62
(ANULADA) Primigesta de 36 semanas refere sangra-
mento vaginal em moderada quantidade, com alguns
coágulos, associado à dor em cólica contínua e hiperi-
drose, há 30 minutos. Ao exame físico, a pressão arte-
rial é de 132 × 84 mmHg, taquicardia, altura uterina
de 30 cm, com sinais de tetania uterina, BCF = 118
bpm. Ao toque vaginal, o colo é pérvio para 2 cm e
observa-se sangue escurecido com coágulos no canal
vaginal. Nesse caso, está indicado(a)
A) inibição do parto e administração de corticoide.
B) monitorar a evolução do parto.
C) amniotomia e indução do parto.
D) resolução com cesárea.
E) profilaxia de sepse neonatal, ocitocina e monitori-
zar a evolução do parto.
QUESTÃO 63
G1P0A1, idade gestacional de 9 semanas, volta à con-
sulta de pré-natal trazendo os seguintes exames para
toxoplasmose: IgG reagente e IgM reagente. Foi soli-
citado o teste de avidez IgG específico, que apresentou
como resultado alta avidez.
Nesse caso, devemos considerar
A) infecção aguda.
B) infeção materna e fetal.
C) paciente suscetível.
D) infecção adquirida há menos de 4 meses.
E) infecção adquirida há mais de 4 meses.
QUESTÃO 64
A cardiotocografia (CTG) anteparto é um exame de
vitalidade fetal. Consiste no registro, por cerca de 20
minutos, da frequência cardíaca fetal, das contrações
uterinas e da movimentação fetal. Sobre esse exame,
informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma
a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) São avaliados 4 parâmetros na cardiotocografia:
frequência cardíaca fetal, oscilações da frequência
cardíaca fetal, acelerações da frequência cardíaca
fetal à movimentação materna e desacelerações da
frequência cardíaca fetal.
( ) A FCF (Frequência Cardíaca Fetal) média é de 110
a 160 bpm. Classifica-se como taquicardia quando
a frequência é maior que 160 bpm.
( ) A CTG é classificada em 3 categorias: categoria I
como normal, categoria II como anormal e catego-
ria III como indeterminada/atípica.
( ) Evitar período prévio de jejum prolongado para re-
alização de CTG.
A) V – V – V – F.
B) F – V – V – V.
C) V – V – F – V.
D) F – V – F – V.
E) V – V – V – V.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES | 21

QUESTÃO 65
(ANULADA) Referente ao Sangramento Uterino
Anormal (SUA), analise as assertivas e assinale a alter-
nativa correta.
I. Segundo a FIGO (Federação Internacional de Gi-
necologia e Obstetrícia), o SUA pode ser classifica-
do em causas estruturais e em não estruturais.
II. As causas não estruturais incluem: malignidade, co-
agulopatias, ovulatória, endometrial e iatrogênicas.
III. O sucesso do tratamento do SUA depende do diag-
nóstico etiológico.
IV. Pequenos pólipos (< 0,5 cm) podem ser removidos
ambulatoriamente usando instrumentos mecânicos
de 5-Fr (tesoura afiada e/ou pinças de agarrar). Pó-
lipos maiores (> 0,5 cm) podem ser removidos em
bloco (pela ressecção da base da lesão de implanta-
ção com eletrodo monopolar ou bipolar) ou, alter-
nativamente, seccionados em fragmentos.
A) Nenhuma das assertivas são corretas.
B) Todas as assertivas são corretas.
C) Apenas a assertiva I é correta.
D) Apenas três assertivas são corretas.
E) Apenas as assertivas I, III e IV são corretas.
QUESTÃO 67
M.A.S, 26 anos, procurou o PA com queixa de lesão
dolorosa em região genital com início há 4 dias. Ao
exame, apresenta úlcera em região vulvar, com fundo
purulento e dolorosa à palpação. Foi observado, ainda,
um linfonodo aumentado na região inguinal esquerda,
drenando secreção por orifício único. Qual é a princi-
pal hipótese diagnóstica?
A) Herpes genital.
B) Linfogranuloma venéreo.
C) Cancro mole.
D) Sífilis (cancro duro).
E) Donovanose.
QUESTÃO 68
Assinale a alternativa com a associação correta entre a
síndrome e o cariótipo.
A) Síndrome de Sheehan = 45, X0
B) Síndrome de Rokitansky = 47, XXX
C) Síndrome de Morris = 46, XY
D) Síndrome de Turner = 47, XX, +21
E) Síndrome de Kallmann = 46, XY

QUESTÃO 66 QUESTÃO 69
São parâmetros utilizados para avaliar o colo uterino
Primigesta de 37 anos, tabagista, idade gestacional de
(índice de Bishop), EXCETO
34 semanas, vai à maternidade queixando-se de cefaleia
intensa, epigastralgia e alterações visuais. Exame físico: A) dilatação.
AFU 30 cm, MF +, DU negativa, PA 160/120 mmHg. B) apagamento.
O diagnóstico mais provável e a medicação indicada C) consistência.
nesse momento são, respectivamente:
D) coloração.
A) síndrome HELLP e hidralazina intravenosa. E) posição.
B) eclâmpsia e benzodiazepínico.
C) pré-eclâmpsia grave e metildopa.
D) pré-eclâmpsia grave e sulfato de magnésio.
E) eclâmpsia e sulfato de magnésio.
22 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 70 QUESTÃO 71
(ANULADA) E.F.R, 52 anos, com queixa de nódulo O fórcipe pode ser classificado, quanto à aplicação, de
palpável e doloroso, notado há 1 mês. Ao exame físico: acordo com o nível de descida e à variedade de posi-
nódulo móvel, fibroelástico, de 3,0 cm. Traz exames de ção da apresentação fetal. Durante o período expulsivo
mamografia e ultrassonografia. Analise as imagens des- prolongado do trabalho de parto, constata-se feto em
se exame e assinale a alternativa que apresenta o acha- variedade de posição OET e apresentação no
do, a categoria do BI-RADS® e a conduta. plano +3 de DeLee. O fórcipe idealmente empregado
para resolução desse parto é
A) Kielland.
B) Simpson.
C) Piper.
D) Barton.
E) Elliot.

A) Nódulo hipoecogênico, BI-RADS® 3; novos exa-

mes em 6 meses.
B) Cisto simples; BI-RADS® 2; seguir rotina normal.
C) Nódulo hipoecogênico; BI-RADS® 3; PAAF.
D) Cisto espesso; BI-RADS® 2; novos exames em
6 meses.
E) Achados altamente suspeitos; necessita de histologia.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 72
O exame físico obstétrico consiste em inspeção, palpa-
ção, ausculta e, se necessário, toque. Quanto à palpa-
ção, devemos frisar a avaliação do útero e do seu conte-
údo, visando ao reconhecimento do feto nele contido,
sua apresentação e posição. Para sistematizar a técnica
de palpação, são consideradas diversas fases (manobras
de Leopold-Zweifel). Sobre essas fases, assinale a alter-
nativa correta.
A) No primeiro tempo, delimita-se o fundo uterino,
diagnosticando a situação fetal. Na maioria dos
casos, sentimos no fundo uterino o polo pélvico,
sendo mais volumoso, irregular, resistente, mas re-
dutível. Se encontrado o polo cefálico, este será de
superfície mais regular, resistente e irredutível. O
feto pode estar em situação posterior, anterior, à es-
querda e à direita.
B) No segundo tempo, objetiva-se determinar a posi-
ção fetal, podendo ser longitudinal (vertical), trans-
versal ou córmica, ou oblíqua, em relação ao eixo
materno. As mãos são deslizadas para a lateral, em
direção ao polo inferior do órgão, tentando sentir
o dorso fetal e as pequenas partes ou membros, de
um lado ou outro lado do útero.
C) O terceiro tempo é conhecido, mais particularmen-
te, por manobra de Leopold ou Pawlick. Tem como
objetivo avaliar a mobilidade do polo fetal inferior
em relação ao estreito superior da pelve materna,
determinando, assim, a apresentação fetal. Quando
o polo fetal estiver mais insinuado, mais móvel es-
tará, havendo demonstração da dilatação cervical.
A apresentação pode ser pélvica, cefálica e córmica.
D) No quarto tempo, objetiva-se a determinação da
insinuação fetal. É a única manobra feita com as
costas do examinador voltada para os pés das pa-
cientes, colocando-se as mãos sobre as fossas ilía-
cas, em direção ao hipogástrio, com movimento
de escavação.
E) Durante a palpação, foi vista posição fetal à esquer-
da. Assim, fica perceptível que o dorso está à es-
querda e os membros fetais orientados à direita em
relação ao eixo materno.
| 23
QUESTÃO 73
O termo menopausa se refere a um ponto no tempo
um ano após a cessação da menstruação. A média de
idade das mulheres vivenciando seu último período
menstrual (FMP, de Final Menstrual Period) é 51,5
anos, mas a cessação das menstruações, causada por
insuficiência ovariana, pode ocorrer em qualquer ida-
de. A transição menopáusica é um evento hormonal e
sociocultural complexo. Diante do exposto, assinale a
alternativa correta.
A) É preferível o uso de estrogênio isolado em pacien-
te com história suspeita ou confirmada de câncer
de mama.
B) Em pacientes não histerectomizadas, devemos fazer
o uso, preferencialmente, de estrogênio isolado.
C) A terapia de reposição hormonal na menopausa não
atua como fator protetor de fratura osteoporóticas.
D) O uso do estrogênio pode ser feito em pacientes
que tiveram endometriose prévia.
E) A terapia de reposição hormonal está indicada na
presença de sintomas que impactam na qualidade
de vida da mulher. Quando presente sintomas de
diminuição da função sexual e libido, pode-se adi-
cionar androgênio à TRH, como no Tibolona®.
QUESTÃO 74
O diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional é
feito quando, após esvaziamento uterino por mola hi-
datiforme, ocorre
A) elevação aguda do bhCG no 10º mês, após estar
negativo desde o 6º mês.
B) bhCG detectável após 4 meses (dois valores).
C) elevação aguda do bhCG no primeiro mês.
D) bhCG em títulos maiores que 1.000 mUI/mL na
primeira semana.
E) manutenção de bhCG por três semanas consecuti-
vas (quatro valores).
24 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 75
M.R.F., feminino, 27 anos, apresenta queixa de san-
gramento menstrual volumoso, durante período mens-
trual, e dismenorreia. Ao exame físico, apresenta útero
aumentado difusamente e doloroso à palpação. Foi re-
alizada uma ultrassonografia transvaginal, que eviden-
ciou um miométrio heterogêneo e eco endometrial mal
definido. Com base nos achados clínicos e ultrassono-
gráficos, assinale a principal hipótese diagnóstica.
A) Endometriose.
B) Câncer de endométrio.
C) Leiomioma.
D) Adenomiose.
E) Pólipo endometrial.
QUESTÃO 76
Paciente, 31 anos, está na 29ª semana de sua terceira
gestação, com duas cesáreas anteriores, e vem ao pron-
to-socorro queixando-se de sangramento vermelho
vivo, sem esforço desencadeante, em pequena quanti-
dade, não associado à dor. Ao exame físico, apresenta
útero com tônus preservado, altura uterina de 28 cm;
Cardiotocografia Categoria II. Exame especular: vi-
sualizado o sangramento uterino ativo em pequena a
moderada quantidade. Com base na história clínica da
paciente, é sugerido um caso de
A) descolamento prematuro de placenta.
B) trabalho de parto prematuro.
C) placenta prévia.
D) abortamento.
E) sangramento fisiológico.
QUESTÃO 77
H.O.S, feminino, 23 anos, chega ao serviço de pronto
atendimento com queixa de corrimento vaginal. Rela-
ta, ao médico residente, ter relações sexuais com par-
ceiro único há 5 meses, não usando preservativo. Nega
ISTs prévias. Ao exame físico ginecológico: genitália
externa sem alterações. Ao exame com espéculo, vê-se
colo uterino com presença de microulcerações, além de
corrimento amarelo esverdeado, bolhoso e de odor féti-
do. Notam- se ainda paredes vaginais íntegras. Assinale
a alternativa correta acerca da principal hipótese diag-
nóstica e possível conduta para esse caso.
A) Tricomoníase, iniciar o esquema com Metronidazol
para a paciente.
B) Tricomoníase, iniciar o esquema com Metronidazol
para a paciente e para o seu parceiro sexual.
C) Vaginose bacteriana, iniciar o esquema com Metro-
nidazol para a paciente.
D) Vaginose bacteriana, iniciar o esquema com Metro-
nidazol para a paciente e para o seu parceiro sexual.
E) Candidíase vulvovaginal, iniciar o tratamento da
paciente com fluconazol.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES | 25

QUESTÃO 78 QUESTÃO 80
Gestante, 28 anos, obesa, vem para a consulta de pré- Primigesta, 25 anos, entra em trabalho de parto, dando
-natal de sua segunda gestação preocupada com o re- seguimento por via vaginal. Após a dequitação da pla-
sultado do seu teste oral de tolerância à glicose com centa, o médico constatou uma laceração perineal, com
75mg de glicose (TOTG-75), visto que teve diabetes acometimento da camada muscular, mas preservando o
gestacional em sua última gravidez. No dia da consul- esfíncter anal. Não foi constatada ruptura cervical. Essa
ta, a paciente se encontra com 26 semanas e 3 dias de laceração trata-se de uma laceração
gestação e traz o resultado de sua glicemia de jejum A) fisiológica.
realizada na primeira consulta pré-natal, com o seguin-
te resultado: 89mg/dl. Traz também TOTG-75, com B) de 1º grau.
os resultados: glicemia de jejum 91mg/dl, após 1h da C) de 2º grau.
ingesta: 176mg/dl, e, após 2h: 140mg/dl. Sendo assim, D) de 3º grau.
o médico deve informar a paciente que E) de 4º grau.
A) ela possui diabetes gestacional e o tratamento deve
ser com dieta e exercícios físicos.
QUESTÃO 81
B) ela possui diabetes gestacional e o tratamento deve
ser com insulina. A pirâmide das evidências apresenta uma hierarquia da
C) ela possui diabetes pré-gestacional (preexistente) e qualidade da evidência para perguntas clínicas segundo
deve iniciar dieta e exercícios físicos. o desenho do estudo utilizado. A qualidade do estudo,
por sua vez, é inversamente relacionada ao risco de vie-
D) ela possui diabetes pré-gestacional (preexistente) e
ses do estudo. Em conformidade com os princípios da
o tratamento deve ser instituído com metformina.
Prática em Saúde Baseada em Evidências e com a pro-
E) ela não possui diabetes gestacional, mas, por ter his- posta da “nova pirâmide das evidências”, o desenho de
tórico e outros fatores de risco, deve ficar atenta e estudo cuja evidência apresenta a melhor qualidade é
seguir rotina com alimentação saudável e exercícios
para prevenção. A) opinião de especialista.
B) revisão sistemática com meta-análise.
C) ensaio clínico randomizado.
QUESTÃO 79
D) estudo de coorte.
Mulher, 35 anos, refere última ida ao ginecologista há E) variável, a depender do tipo de pergunta.
5 anos, com exames citopatológicos cervicovaginais
normais. Após colposcopia, recebeu um resultado de
citopatológico indicando a presença de células escamo-
sas atípicas de significância indeterminada (ASC-US).
Assinale a alternativa que corresponde à conduta ade-
quada para essa paciente.
A) Histerectomia de Wertheim-Meigs.
B) Conização.
C) Repetir colpocitologia em 6 meses.
D) Repetir colpocitologia em 12 meses.
E) Realizar colposcopia com biópsia.
26 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES

QUESTÃO 82 QUESTÃO 84
O diagrama de controle é uma ferramenta essencial São sistemas nacionais de informação úteis para a prá-
para o acompanhamento da frequência de agravos e tica da Vigilância Epidemiológica por profissionais e
doenças, de modo a identificar a ocorrência de epide- equipes de saúde, EXCETO
mias. No eixo Y, é apresentada a medida de incidência A) SINAN.
da condição, enquanto, no eixo X, é representado o
tempo utilizado, por exemplo, meses. B) SINASC.
C) SIM.
No diagrama de controle, uma condição é considerada
epidêmica se a curva de ocorrência mensal ultrapassar D) SCNES.
E) SIH.
A) a média histórica do mês.
B) o teto histórico dos meses anteriores.
C) a média histórica dos meses anteriores.
QUESTÃO 85
D) o limiar endêmico inferior. Alberto é gestor municipal de saúde e está participando
E) o limiar endêmico superior. da construção do Plano Plurianual (PPA) do seu muni-
cípio. Ao saber que precisaria definir indicadores para
monitorar os efeitos do PPA, para acompanhamento
QUESTÃO 83 das metas e objetivos almejados, ele resolve estudar mais
sobre o assunto e descobre que os indicadores em saúde
Um grupo de pesquisa desenvolveu um novo teste so- são classificados, segundo a proposta de Donabedian,
rológico, significativamente mais barato, para o diag- em indicadores de estrutura, processo e resultado. Con-
nóstico de infecção pelo vírus SARS-Cov-2. Para a siderando essa classificação para a realidade dos serviços
avaliação da acurácia desse teste, foi feito um estudo de atenção primária à saúde no Brasil, relacione as co-
transversal com 5.000 participantes. Comparado ao lunas e assinale a alternativa com a sequência correta.
padrão-ouro definido, os resultados desse novo teste
Classificação:
foram os seguintes:
1. Estrutura.
2. Processo.
3. Resultado.
Indicador:
( ) Cobertura de Papanicolau.
( ) Número de médicos por habitante.
( ) Mortalidade por insuficiência cardíaca.
( ) Cobertura por equipes de ESF.
Considerando esses resultados, assinale a alternati-
( ) Internações por asma.
va correta.
( ) Percentual de parto cesáreo.
A) A sensibilidade do novo teste foi 86%.
B) A especificidade do novo teste foi superior a 90%. A) 1 – 2 – 3 – 3 – 2 – 1.
C) A razão de verossimilhança positiva foi 7,0. B) 2 – 1 – 3 – 1 – 3 – 2.
C) 1 – 1 – 3 – 2 – 2 – 3.
D) A razão de verossimilhança negativa foi 0,16.
D) 3 – 2 – 1 – 1 – 2 – 3.
E) A acurácia do teste foi inferior a 86%.
E) 2 – 3 – 2 – 2 – 3 – 1.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 86
O Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de constar na
Constituição Federal de 1988, somente é regulamenta-
do a partir de 1990, inicialmente pela Lei nº 8080/90.
As Normas Operacionais Básicas (NOB) trouxeram
importantes mudanças ao SUS ao longo do tempo. Foi
uma definição da NOB 01/96
A) descentralizar a gestão do sistema, definindo três
níveis de gestão: incipiente, parcial e semiplena.
B) alocar recursos para custeio de serviços segundo sua
capacidade instalada, independentemente da deci-
são dos gestores estaduais e municipais.
C) transferir aos municípios, de forma automática,
fundo a fundo, os recursos para custeio de ativida-
des ambulatoriais e hospitalares.
D) criar o Piso Assistencial Básico (PAB), por meio de
um valor per capita nacional para o custeio dos ser-
viços da Atenção Básica.
E) determinar às secretarias estaduais de saúde a respon-
sabilidade de elaborar o Plano Diretor de Regionaliza-
ção com um “conjunto mínimo de ações e serviços”.
QUESTÃO 87
A Lei nº 13.097/2015 deu nova redação à Lei Orgânica
do SUS n° 8080/90 em seu Art. 23, permitindo “a par-
ticipação direta ou indireta, inclusive controle, de em-
presas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde”.
São casos permitidos para essa participação previstos na
lei, EXCETO
A) doações de entidades de cooperação técnica e de fi-
nanciamento e empréstimo.
B) doações de organismos internacionais vinculados à
Organização das Nações Unidas.
C) pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacio-
nalizar ou explorar centros de pesquisa com se-
res humanos.
D) pessoas jurídicas destinadas a instalar, operaciona-
lizar ou explorar ações e pesquisas de planejamen-
to familiar.
E) pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionali-
zar ou explorar hospital geral, hospital especializa-
do, policlínica, clínica geral e clínica especializada.
| 27
QUESTÃO 88
Dr. João é médico da Estratégia Saúde da Família e está
atendendo Maria, 36 anos, pela terceira vez em dois
meses, devido a quadro de dores de cabeça recorren-
tes. Após nova avaliação clínica, João descarta sinais de
alarme e conclui se tratar de cefaleia tensional. Preo-
cupado devido à resposta insatisfatória até então com
o tratamento prescrito, Dr. João resolve entender um
pouco mais do contexto familiar e comunitário de Ma-
ria, quando descobre que ela possui diversos estressores
sociais, incluindo dificuldades econômicas e violência
doméstica. Com base nesse caso e nas políticas de saúde
vigentes, assinale a alternativa correta.
A) O caso exemplifica que a prática clínica é ineficaz
para o cuidado em saúde da população.
B) A aplicação do método clínico centrado na pessoa
amplia a capacidade de compreensão e resolução
de problemas.
C) A atuação do médico foi superficial, já que o caso
descrito apresenta elevado risco de complicações e
demanda exames mais específicos.
D) Cefaleia é um motivo infrequente de consultas na
Atenção Primária à Saúde, devendo essa paciente
ser encaminhada ao nível secundário.
E) A atuação do médico foi exagerada, já que a respon-
sabilidade profissional com o paciente se limita ao
diagnóstico clínico.
28 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 89
É uma sexta-feira, véspera de carnaval, e Júnia traz seu
filho, Tomás, de 6 anos, ao pronto atendimento devido
a quadro de dor de garganta iniciada há 1 dia. A criança
apresenta-se afebril, sem linfonodos palpáveis, sem ex-
sudato em amígdalas e presença de tosse. Pela avaliação
dos critérios de Centor, o médico assistente avalia que
se trata de uma faringite viral e orienta Júnia a tratar
Tomás com sintomáticos e levá-lo à Unidade Básica de
Saúde em caso de ausência de melhora em 3 dias. Júnia
insiste na prescrição de antibiótico, lembrando que, na
última vez que Tomás teve o mesmo sintoma, a melho-
ra só ocorreu após início do uso de amoxicilina.
Nessa situação, o médico assistente
A) deve prescrever o antibiótico, já que o paciente tem
autonomia para escolher seu tratamento indepen-
dentemente da avaliação clínica.
B) deve prescrever o antibiótico, já que o retorno para
uma reavaliação na Unidade Básica de Saúde será
inviável durante o feriado de Carnaval.
C) pode considerar a prescrição antecipada de antibi-
ótico, compartilhando a decisão de acordo com os
valores e crenças das pessoas.
D) não deve prescrever o antibiótico, já que o quadro
é comprovadamente viral e seu uso serviria apenas
para aumento da resistência bacteriana.
E) não deve prescrever o antibiótico, já que o médico
tem autonomia para escolher o tratamento inde-
pendentemente da opinião do paciente.
QUESTÃO 90
Metade da população mundial vive em áreas rurais, mas
menos de 25% dos profissionais médicos atuam nessas
áreas. No Brasil, estima-se que 30% da sua população
seja rural. Para além da carência de profissionais nesse
ambiente, raramente se abordam as especificidades do
cuidado dessa população ao longo da formação médica.
Assinale a alternativa correta sobre o cuidado a popu-
lações rurais.
A) A rede de atenção à saúde deve ter a mesma confor-
mação das áreas urbanas, com base no princípio da
equidade do SUS.
B) Os riscos ocupacionais são muito distintos dos ur-
banos, o que leva a um padrão de adoecimento di-
ferente na comunidade.
C) Os atendimentos em saúde devem ser direcionados
para os centros urbanos mais próximos.
D) Os atendimentos em saúde, sejam básicos ou espe-
cializados, precisam ser descentralizados a todas as
áreas rurais.
E) O cuidado em saúde da população rural muito
pouco se distingue do cuidado à população urbana,
justificando a formação prioritariamente voltada a
essa última.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 91
Elza é residente do primeiro ano de Clínica Médica e
acompanha, durante seu estágio na enfermaria, a in-
ternação de Paulo, 56 anos. Ele é hipertenso grave de
longa data e tem instalada uma insuficiência cardíaca,
NYHA classe III. Ela se lembra de seu avô José que
também é hipertenso, mas, ao contrário de Paulo, é
bem controlado e sem comprometimento significativo
da sua funcionalidade. Ela conclui que, com resultados
tão diversos, muitas ações preventivas provavelmente
deixaram de existir ao longo do cuidado de Paulo. Den-
tre essas ações, ela lembra do controle no consumo de
sal, da atividade física regular, do diagnóstico e manejo
precoce do quadro de hipertensão arterial e, por fim,
da otimização da terapia para controle da insuficiência
cardíaca. Diante do caso, considerando a classificação
de Leavell & Clark para a história natural da doença
Insuficiência Cardíaca, assinale a alternativa correta.
A) A atividade física regular e o controle do consumo
de sal são atividades de prevenção secundária.
B) O controle do consumo de sal e o diagnóstico pre-
coce da hipertensão arterial são atividades de pre-
venção primária.
C) O diagnóstico precoce da hipertensão arterial e a
otimização da terapia para insuficiência cardíaca
são atividades de prevenção secundária.
D) A atividade física regular e a otimização da terapia
para insuficiência cardíaca são, respectivamente,
atividades de prevenção primária e terciária.
E) O controle do consumo de sal e o diagnóstico pre-
coce da hipertensão arterial são, respectivamente,
atividades de prevenção primária e terciária.
| 29
QUESTÃO 92
A organização dos sistemas de saúde geralmente reflete
os valores e as preferências das sociedades onde estão
implantados. O estudo dos diferentes tipos de finan-
ciamento dos sistemas de saúde ao redor do mundo
identificou três formas principais: tipo Beveridge, tipo
Bismarck e tipo Semashko. Considerando essas formas
de financiamento de sistemas de saúde, assinale a alter-
nativa correta.
A) Sistemas de saúde tipo Beveridge são financiados
por fundos de previdência social associados ao tra-
balho (seguros).
B) Países como Canadá e Reino Unido são exemplos
de países com sistema de saúde tipo Beveridge.
C) Sistemas de saúde do tipo Semashko são financia-
dos pelos gastos privados em saúde.
D) Sistemas de saúde do tipo Bismarck são financiados
por impostos gerais.
E) Países comunistas geralmente possuem sistemas de
saúde do tipo Bismarck.
QUESTÃO 93
O conceito de prevenção quaternária foi proposto, a
partir de 1999, pelo médico de família belga Marc Ja-
moulle, tomando como base a proposta de Leavell &
Clark de níveis de prevenção. Qual das seguintes alter-
nativas expressa uma medida de prevenção quaternária?
A) Realizar eletrocardiografia em todos os exa-
mes admissionais.
B) Imunizar crianças contra poliomielite (paralisia in-
fantil).
C) Coletar exame citopatológico do colo uterino em
mulheres em idade fértil.
D) Rastrear o câncer de próstata com o exame de PSA.
E) Utilizar da demora permitida diante de um quadro
de lombalgia sem sinais de alarme.
30 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 94
Luís é médico rural em uma área de difícil acesso na
região amazônica. Responsável pelo cuidado à saúde de
ribeirinhos, vem acompanhando, ao longo dos últimos
anos, o agravamento progressivo dos períodos de seca
na região, antigamente raras, com impactos diretos e
significativos na subsistência e no transporte daque-
las populações. Essa mudança climática coincide com
o avanço do desmatamento na região. Diante do caso
e considerando os conceitos relacionados à Vigilância
Ambiental e às Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Medicina, assinale a alternativa correta.
A) Luís deve se manter distante dos aspectos relacio-
nados à realidade socioambiental da comunidade,
uma vez que seu engajamento nessas questões pode
comprometer seu juízo clínico.
B) O problema identificado foge da governabilidade
de Luís, cuja formação é clínica e, portanto, deve
estar fora do seu escopo de atuação.
C) A seca é um fenômeno climático natural e indepen-
dente, portanto sem relação com o estado de saúde
de indivíduos e comunidades.
D) Luís deve se responsabilizar por encontrar a solução
ao problema apresentado, já que é o responsável
pela saúde daquela comunidade.
E) Os efeitos da seca na saúde da comunidade de-
vem gerar uma reação empática de Luís, na busca
de soluções compartilhadas para a preservação do
meio ambiente.
QUESTÃO 95
Carla, residente de pediatria, recebe um folder de um
representante de laboratório em que consta a informa-
ção de que um novo polivitamínico desse laboratório
reduziu em 31% o risco de anemia, comparado ao uso
do sulfato ferroso, para lactentes entre 6 e 24 meses de
vida. Intrigada com um resultado tão expressivo, ela
decide analisar melhor o estudo. Trata-se de um ensaio
clínico randomizado duplo-cego, aparentemente bem
conduzido e sem vieses importantes, exceto por seu
financiamento da indústria e consequente conflito de
interesse. Ao chegar na seção de resultados do artigo,
Carla se depara com a seguinte tabela:
Considerando os resultados do novo polivitamínico
para a prevenção de anemia sobre o sulfato ferroso na
população estudada, assinale a alternativa correta.
A) A redução absoluta de risco foi 31%.
B) A diferença entre o odds ratio (OR) e o risco relati-
vo (RR) foi inferior a 1%.
C) A chance de anemia no grupo do sulfato ferroso foi
2,97%.
D) A redução do risco relativo (RRR) foi maior do que 1.
E) O número necessário para tratar (NNT) foi infe-
rior a 50.
 ENARE R1 - 2022 - QUESTÕES
QUESTÃO 96
O Triple Aim (Tripla Meta) foi uma proposta criada
pelo Institute for Healthcare Improvement para iden-
tificação dos pilares para o sucesso e a sustentabilidade
de um sistema de saúde. Com o passar do tempo, foi
acrescido a essa proposta um quarto elemento, deno-
minando-se então Quadruple Aim (Quadrupla Meta).
Assinale a alternativa que apresenta corretamente esse
quarto elemento.
A) Melhor experiência do profissional.
B) Melhor experiência do paciente.
C) Melhores indicadores de saúde.
D) Maior segurança do paciente.
E) Menores custos.
| 31
QUESTÃO 97
Ana é médica de uma equipe de Estratégia Saúde da
Família cuja área de abrangência é majoritariamente
composta por uma favela. O restante do seu território
é considerado como de baixa vulnerabilidade socioe-
conômica, evidenciando grande desigualdade social.
Devido a escassez de recursos humanos na atenção pri-
mária à saúde em seu município e ao mal dimensio-
namento da área, a equipe de Ana é responsável por
uma população estimada de aproximadamente 4.500
pessoas, tornando inviável o cuidado programático re-
comendado para as populações prioritárias, como ges-
tantes e crianças. Diante do exposto e considerando a
Política Nacional de Atenção Básica e os princípios da
Bioética, assinale a alternativa correta.
A) Ana deve interromper os atendimentos de deman-
da programática de sua área, devido ao superdi-
mensionamento do tamanho de sua área.
B) A oferta de um número maior de consultas de pré-
-natal para as gestantes residentes nas áreas mais
vulneráveis é justificável.
C) O princípio da equidade apresentado na PNAB é
descrito como a oferta igualitária do cuidado entre
as pessoas, sem qualquer discriminação.
D) Ana deve interromper os atendimentos ao território
de baixa vulnerabilidade de sua área, devido ao su-
perdimensionamento do tamanho de sua área.
E) Ana deve interromper os atendimentos à demanda
espontânea de sua área, devido ao superdimensio-
namento do tamanho de sua área.
32 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES
QUESTÃO 98
Atualmente, o Ministério da Saúde e o Instituto Na-
cional do Câncer (INCA) indicam o rastreamento po-
pulacional de
A) câncer de colo uterino com exame citopatológico
em mulheres de 25 a 64 anos, somente após o iní-
cio da vida sexual.
B) câncer de mama com autoexame, exame clíni-
co e exame de mamografia para mulheres de 50 a
69 anos.
C) câncer de próstata com PSA (antígeno específico
prostático) para homens de 50 a 69 anos.
D) câncer colorretal com exame de sangue oculto nas
fezes, retossigmoidoscopia ou colonoscopia em
adultos de 50 a 75 anos.
E) câncer de boca com exame clínico da cavidade oral
em pacientes alcoolistas e tabagistas de 40 anos
ou mais.
QUESTÃO 99
Lívia está no seu plantão da Unidade de Pronto Aten-
dimento (UPA) quando chega um paciente com sin-
tomas respiratórios para atendimento. Por se tratar de
um quadro suspeito de Covid-19, Lívia procede a pa-
ramentação antes de adentrar ao consultório específico
para o atendimento de sintomáticos respiratórios, que
não possui antecâmaras. Seguindo o processo recomen-
dado da paramentação, imediatamente antes da colo-
cação da máscara e dos óculos de proteção, Lívia deve
A) higienizar as mãos.
B) vestir o avental ou o capote.
C) colocar o gorro.
D) calçar as luvas de procedimento.
E) retirar as luvas de procedimento.
QUESTÃO 100
O médico Joaquim é chamado pela família de Dona
Josefa, que lhe comunica do falecimento da paciente e
lhe solicita o preenchimento da Declaração de Óbito
(DO). Com 83 anos, Dona Josefa estava em Cuidados
Paliativos, acompanhada por Joaquim no ambiente do-
miciliar, devido a um câncer do trato gastrointestinal
sem possibilidade curativa. Ao chegar no domicílio de
Dona Josefa, Joaquim constata o óbito, causado por
choque hipovolêmico devido a sangramento do trato
gastrointestinal. Considerando o caso descrito, assinale
a alternativa correta.
A) Joaquim está eticamente impedido de emitir a
Declaração de Óbito, já que não estava presente
no momento da ocorrência, configurando mor-
te suspeita.
B) No campo 49 “Causas da Morte”, parte I, na linha
‘a’, deve ser apresentado câncer do trato gastrointes-
tinal, como causa básica da morte.
C) O cuidado do paciente terminal fora do ambiente
hospitalar e sem suporte intensivo de vida caracte-
riza esse caso como eutanásia.
D) A comunicação de más notícias a pacientes e fami-
liares deve ser empática, mas ao mesmo tempo as-
sertiva e clara, evitando-se excesso de informações.
E) Antes de comunicar o paciente uma má notícia, é
obrigação do médico assistente confirmar a concor-
dância do responsável com essa comunicação.
34 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE QUESTÕES

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 ENARE
R1
2022
CADERNO DE RESPOSTAS
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 1
Em uma cirurgia colorretal, durante o procedimento,
o cirurgião deve estar atento e fazer qual das seguintes
recomendações ao colega anestesista?
A) Administrar uma dose de vancomicina profilática
logo após a incisão da pele.
B) Administrar cefazolina + ampicilina- sulbactam na
indução anestésica e repetir a dose após 6 horas.
C) Administrar vancomicina na indução anestésica e
manter por 24 horas.
D) Administrar cefazolina + metronidazol na indução
anestésica e repetir após aproximadamente 3 - 4 horas.
E) Administrar ampicilina-sulbactam na indução
anestésica e manter por 48 horas.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
O uso de antimicrobianos para prevenção de infecção
pós-cirúrgica consolidou-se após estudos experimentais
e clínicos. Burke mostrou, nos anos 60, a existência de
uma “janela de oportunidade” temporal, em que a profi-
laxia se mostrou eficaz. Este achado foi confirmado pelo
estudo de Classen nos anos 90: pacientes que receberam
antibioticoprofilaxia 2h ou menos antes da incisão ci-
rúrgica tiveram menos infecções do que aqueles que a
receberam mais de 2h antes, ou após a incisão cirúrgica.
Aspectos críticos da antibióticoprofilaxia cirúrgica são
a escolha do antimicrobiano adequado, o uso de dose
adequada para o peso do paciente (atenção aos obesos)
e a manutenção de níveis séricos e tissulares terapêuti-
cos durante a cirurgia, o que pode requerer a repetição
de doses em cirurgias mais prolongadas.
Conseguir que o antimicrobiano seja dado no momento
certo e que doses suplementares sejam administradas re-
quer uma organização multidisciplinar principalmente
no centro cirúrgico e em especial dos anestesiologistas.
O uso da antibióticoprofilaxia no pós-operatório deve
ser desencorajado, pois não há benefício adicional, po-
dendo haver aumento de reações adversas como alergia,
diarreia, infecção por Clostridium difficile e da inci-
dência de patógenos resistentes.
| 37
A cefazolina é o antimicrobiano mais utilizado
Cefazolina: repetir 1g a cada 4h a partir da 1ª dose ad-
ministrada, durante o ato operatório.
Classificação da cirurgia de acordo com o potencial de
contaminação (CDC; Guideline for Prevention of Sur-
gical Site Infection, 1999):
• Limpa: Cirurgias eletivas, primariamente fechadas, e
sem drenos (quando drenado, com sistema fechado).
Sítio cirúrgico não infectado, não inflamado, sem pe-
netração nos tratos respiratório, digestivo, genital e uri-
nário. Feridas operatórias pós trauma fechado podem
ser incluídos, se fecharem os critérios.
• Potencialmente contaminada: Cirurgias com abor-
dagem dos tratos digestivo (vias biliares e apêndice),
respiratório, genitourinário (incluindo vagina) e oro-
faringe sob condições controladas e sem contamina-
ção não usual. São também incluídas nesta categoria a
apendicectomia e operações onde ocorreram pequenas
quebras de técnica ou foi implantado um dreno.
• Contaminada: Feridas traumáticas recentes e aber-
tas, contaminação grosseira durante cirurgia de trato
digestivo, manipulação de via biliar ou genitourinária
na presença de bile ou urina infectadas, procedimentos
onde ocorreram quebras maiores da técnica e quando é
encontrado inflamação sem presença de secreção puru-
lenta no sítio cirúrgico.
• Infectada: Infecção no sítio cirúrgico com presença
de secreção purulenta, tecidos desvitalizados, corpos
estranhos, contaminação fecal ou feridas traumáticas
antigas. Nestes casos, os organismos causadores d
Alergia aos antimicrobianos:
• Obter história médica detalhada a respeito da alergia
a beta-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas): antece-
dente de presença de urticária, prurido, edema, bronco
espasmo, arritmia, ou mesmo casos mais graves como
febre e necrose tóxica de pele.
• Alternativas: alergia a cefazolina substituir por clinda-
micina ou vancomicina; alergia a ceftriaxona, substituir
por ciprofloxacina.
38 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - pacientes que receberam antibioti-
coprofilaxia 2h ou menos antes da incisão cirúrgica
tiveram menos infecções do que aqueles que a rece-
beram mais de 2h antes, ou após a incisão cirúrgica.
B) INCORRETA - Esquema redundante (cefazolina +
ampicilina) e o repique de ampi/sulbactam é a cada
2h.
C) INCORRETA - O uso da antibióticoprofilaxia no
pós-operatório deve ser desencorajado, pois não há
benefício adicional, podendo haver aumento de re-
ações adversas como alergia, diarreia, infecção por
Clostridium difficile e da incidência de patóge-
nos resistentes.
D) CORRETA - Um esquema possível. Apesar da ce-
falosporina de terceira geração associada ao me-
tronidazol ser mais utilizada.
E) INCORRETA - O uso da antibióticoprofilaxia no
pós-operatório deve ser desencorajado, pois não há
benefício adicional, podendo haver aumento de re-
ações adversas como alergia, diarreia, infecção por
Clostridium difficile e da incidência de patóge-
nos resistentes.
Take-Home Message:
A antibioticoprofilaxia deve ser realizada antes da in-
cisão cirúrgica, e deve prever que sua concentração tis-
sular e sérica atinja a concentração inibitória mínima
(MIC) para os prováveis microrganismos associados
ao procedimento no momento da incisão. A primeira
dose deve ser administrada 60 (SESSENTA) MINU-
TOS antes da incisão.
QUESTÃO 2
Um paciente negro de 28 anos necessita de avaliação
quanto a uma cicatriz de crescimento exagerado em
região de lóbulo da orelha, além dos limites de onde
havia uma ferida prévia. Qual das seguintes orientações
deve-se fornecer ao paciente?
A) Trata-se, provavelmente, de cicatriz hipertrófica
que deve regredir em breve.
B) Trata-se, provavelmente, de um câncer de pele esca-
mocelular, comum nessa região.
C) Trata-se, provavelmente, de queloide, mais co-
mum entre pacientes negros e que não possuem
forma de prevenção clara.
D) Trata-se, provavelmente, de queloide, mais comum
entre pacientes caucasianos, que são prontamente
resolvidos de maneira cirúrgica.
E) Trata-se, provavelmente, de cicatriz hipertrófica,
mais comum entre pacientes negros e que são facil-
mente resolvidas de maneira cirúrgica.
Resposta correta: Letra C
Comentários: Questão sobre vício de cicatrização. Va-
mos relembrar o conteúdo de cicatrização?
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS
FASES:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Inflamatória: liberação de mediadores que promovem
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e
estimulação de fibras dolorosas; vai do trauma até 48h
(até 6 dias).
- Hemostasia faz parte da primeira fase, com exposição
de fator tecidual e formação de tampão plaquetário,
ativação da cascata de coagulação e vasoconstrição.
- Liberação de IL-1, TNF-alfa, TGF-beta, fator plaque-
tário 4 e produtos bacterianos estimula quimiotaxia de
neutrófilos. Macrófagos dominam após 72h (promo-
vem angiogênese, recrutamento e ativação linfocitária,
fagocitose, regulação da síntese de matriz extracelular)
e, após o 6º dia, os linfócitos predominam.
- Macrófagos liberam IL-1, que ativam linfócitos e es-
timulam hipotálamo (febre). IL-6 induz proliferação
de células T, febre e produção de outras proteínas de
fase aguda.
- TGF-alfa estimula angiogênese e TGF-beta é estimu-
lador da produção de colágeno e fibronectina pelos fi-
broblastos, levando à fase proliferativa.
Proliferativa: 48h (ou 4º dia) até 2-3 semanas; envolve
granulação, contração e epitelização
- Granulação (angiogênese): liberação de fatores de
crescimento e quimiotáticos pelos macrófagos em res-
posta à baixa tensão tecidual de O2 🡪 fibroblastos se
multiplicam e depositam matriz extracelular (rica em
colágeno III, glicosaminoglicanos e proteoglicanos),
que servirá de substrato para células endoteliais forma-
rem novos capilares
* vitamina C: age como coenzima para hidroxilação de
prolina, que contribui para o entrecruzamento das fi-
bras colágenas
- Epitelização: estimulada por EGF e FGF, ocorre a
partir das bordas da ferida (centrípeta) e/ou de anexos
dérmicos remanescentes (centrífuga); dependente de
O2 que chega pela vascularização. Corpos estranhos,
dessecação e infecção atrasam este processo.
Maturação (remodelamento): 2-3 semanas a 1 ano,
marcada principalmente pela deposição de colágeno
e contração da ferida. A contração é função dos mio-
| 39
fibroblastos, que contêm fibrilas de actina e miosina.
Enxertos de pele total promovem menos contração da
ferida. A resistência tênsil do tecido cicatrizado fica em
torno de 70-80% da original.
* o colágeno tipo I é o principal da pele normal; no
tecido de granulação, o tipo III está aumentado e ele
vai sendo convertido em tipo I na fase de maturação.
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO
1ª intenção: bordas são aproximadas, evitando conta-
minação e permitindo pouca contração e epitelização
precoce
2ª intenção: quando há grande perda tecidual ou in-
fecção, a ferida é deixada aberta e a contração é funda-
mental
3ª intenção: quando a correção cirúrgica se dá após a
formação do tecido de granulação
RETIRADA DE PONTOS: face: 4 a 5 dias (48h para
pálpebra) / dorso ou membros: 10 dias / abdome: 7
dias
FATORES QUE INFLUENCIAM: depleção protei-
ca (hipoalbuminemia e perda de 15-25% de peso cor-
poral), deficiência de vitamina C (número normal de
fibroblastos, mas pouco colágeno), deficiência de vita-
mina A (estabiliza membrana de lisossomos), def. vita-
minas complexo B (compromete ligações cruzadas do
colágeno), def. zinco e cobre, hipoxemia, anemia (Ht
< 15%), diabetes mellitus, obesidade, corticoides (re-
duzem inflamação, epitelização e síntese de colágeno),
QT e RT (comprometem divisão celular), infecção
CICATRIZES PATOLÓGICAS: decorrem de dese-
quilíbrio entre deposição e degradação de colágeno e
sua organização
- Risco aumentado em: jovens, extremos pigmenta-
res (negros ou brancos), mulheres (controverso), ten-
são excessiva na ferida, fechamento contra as linhas
de Langer.
- Fisiopatologia: Níveis elevados de fibronectina e fato-
res de crescimento tecidual podem justificar o aumento
da migração e proliferação celular
40 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
- Queloide: envolve predisposição genética e é mais co-
mum em negros e orientais. Estende-se lateralmente
em relação aos limites da lesão, com crescimento con-
tínuo ou intermitente, sem regressão e com tendência
à recidiva. Pode apresentar prurido, dor, infecção e ul-
ceração. Lóbulos da orelha e região pré-esternal são as
mais comuns; outras: lateral da face, região mandibular
e pescoço.
Histologicamente, fibras colágenas organizadas em cor-
dões ou nódulos dispersos em meio à matriz; ausência
de miofibroblastos.
- Cicatriz hipertrófica: limita-se à extensão da lesão, e
pode regredir com o passar do tempo (a partir do 8º
mês); o tecido apresenta colágeno com fibras finas e
organizadas, formando feixes paralelos.
- Tratamento: exérese isolada tem recidiva de 45-100%;
sintomático com corticoide tópico ou intralesional, ou
compressão elástica.
a) exérese cirúrgica + injeção intralesional de triancino-
lona; efeitos adversos: atrofia, despigmentação, telan-
giectasias
a) exérese cirúrgica + betaterapia (10x200cGy em dias
alternados), para atenuar a fibroplasia; esperar o fim da
fase de atividade (sintomática); efeito adverso: discromia
c) outros: quimioterápicos tópicos, interferon intrale-
sional, RT pós-op, etc...
- Prevenção: compressão mecânica com placas de sili-
cone em paciente com tendência (contínua, excedendo
24mmHg).
- Cicatrizes retráteis: encurtamento patológico do teci-
do cicatricial, podendo gerar disfunção e deformidade.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Cicatriz hipertrófica: limita-se à
extensão da lesão, e pode regredir com o passar do
tempo (a partir do 8º mês).
B) INCORRETA - Normalmente o CEC apresenta-se
como lesão eritamato-ceratósica que evolui para tu-
moração e pode ter ulceração. Pode descrever pre-
sença de vasos glomerulares na dermatoscopia.
C) CORRETA - Alternativa correta e conceitual.
D) INCORRETA - Mais comum em negros. A exérese
isolada tem recidiva de 45-100%;
E) INCORRETA - A exérese isolada tem recidiva de
45-100%;
Take-Home Message:
Queloide:
- Tratamento: exérese isolada tem recidiva de 45-100%;
sintomático com corticoide tópico ou intralesional, ou
compressão elástica.
a) exérese cirúrgica + injeção intralesional de triancino-
lona; efeitos adversos: atrofia, despigmentação, telan-
giectasias
a) exérese cirúrgica + betaterapia (10x200cGy em dias
alternados), para atenuar a fibroplasia; esperar o fim da
fase de atividade (sintomática); efeito adverso: discro-
mia
c) outros: quimioterápicos tópicos, interferon intrale-
sional, RT pós-op, etc...
- Prevenção: compressão mecânica com placas de sili-
cone em paciente com tendência (contínua, excedendo
24mmHg).
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 3
Um paciente que será submetido a uma cirurgia teve
indicação de anestesia raquidiana pela equipe de anes-
tesia. Assinale a alternativa que apresenta somente in-
formações corretas sobre esse bloqueio anestésico e que
podem ser fornecidas ao paciente.
A) A raquianestesia representa uma alternativa à ma-
nipulação da via aérea e evita as complicações da
intubação orotraqueal.
B) Na raquianestesia, pode haver despertar prolon-
gado ou sonolência pós-operatória com algu-
ma frequência.
C) A raquianestesia apresenta vantagens por evitar
efeitos colaterais como bradicardia e cefaleia.
D) A raquianestesia apresenta a vantagem de poder ser
realizada também em pacientes com cardiopatias
e coagulopatias.
E) O risco de cefaleia pós-punção é baixo e ocorre com
maior frequência em idosos do sexo masculino.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
O termo anestesia neuroaxial se refere à colocação de
anestésico local dentro ou ao redor do SNC. A ra-
quianestesia é uma técnica de anestesia neuroaxial na
qual o anestésico local é colocado diretamente no espa-
ço intratecal (espaço subaracnóideo).
A anestesia neuroaxial é usada como um único anes-
tésico ou em combinação com a anestesia geral para a
maioria dos procedimentos abaixo do pescoço. A ra-
quianestesia é comumente usada para procedimentos
cirúrgicos envolvendo abdome inferior, pelve, períneo
e membros inferiores; é benéfico para procedimentos
abaixo do umbigo.
A raquianestesia é melhor para procedimentos curtos.
Para procedimentos mais extensos ou procedimentos
que comprometam a respiração, a anestesia geral é ge-
ralmente preferível.
Existem grandes contra-indicações conhecidas para
a anestesia neuroaxial (raquianestesia e epidural). As
| 41
contra-indicações absolutas são falta de consentimento
do paciente, pressão intracraniana (PIC) elevada, prin-
cipalmente devido à massa intracraniana e infecção no
local do procedimento (risco de meningite).
As contra-indicações relativas são:
Doenças neurológicas preexistentes (particularmente
aquelas que aumentam e diminuem, por exemplo, es-
clerose múltipla);
Desidratação grave (hipovolemia), devido ao risco de
hipotensão - os fatores de risco para hipotensão in-
cluem hipovolemia, idade superior a 40 a 50 anos, ci-
rurgia de emergência, obesidade, consumo crônico de
álcool e hipertensão crônica;
Trombocitopenia ou coagulopatia (especialmente com
anestesia epidural, devido ao risco de hematoma epi-
dural);
Outras contra-indicações relativas são estenose mitral
e aórtica grave e obstrução do fluxo ventricular esquer-
do, conforme observado na cardiomiopatia hipertrófi-
ca obstrutiva.
Complicações:
Dor nas costas;
Cefaleia pós-punção dural (até 25% em alguns estu-
dos). Uma agulha não cortante deve ser utilizada para
pacientes com alto risco, e a agulha de menor calibre
disponível é a recomendação para todos os pacientes.
A cefaléia pós-raquianestesia incide mais em pacientes
jovens, mulheres e gestantes, raramente em pacientes
com mais de 60 anos ou menos de 15 anos, ou em
pacientes que, por razão cirúrgica, manterão repou-
so prolongado;
Náusea, vômito;
Hipotensão;
Perda auditiva de baixa frequência;
Raquianestesia total (complicação mais temida -
analgesia completa com perda de consciência e apneia);
42 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - Podemos manter o pacien-
te apenas com cateter nasal durante operações
com raquianestesia;
B) INCORRETA - O rebaixamento e sonolência não são
esperados quando utilizamos apenas a raquianestesia.
C) INCORRETA - Bradicardia e cefaleia são compli-
cações descritas desse procedimento.
D) INCORRETA - A cefaléia pós-raquianestesia inci-
de mais em pacientes jovens, mulheres e gestantes,
raramente em pacientes com mais de 60 anos ou
menos de 15 anos.
Take-Home Message:
A raquianestesia é comumente usada para procedimen-
tos cirúrgicos envolvendo abdome inferior, pelve, perí-
neo e membros inferiores; é benéfico para procedimen-
tos abaixo do umbigo.
Complicações: Dor nas costas; Cefaleia pós-punção
dural; Náusea, vômito; Hipotensão;
QUESTÃO 4
Para uma boa avaliação da necessidade nutricional de
um paciente, é necessário prever sua taxa metabólica
basal, a qual pode ser calculada por meio da equação de
Harris- Benedict, que leva em consideração:
A) peso em kg, altura em cm e Vco2 (volume de gás
carbônico expirado).
B) altura em m, superfície corpórea em m2 e tempera-
tura corporal em °C.
C) peso em kg, altura em m e fator de estresse, que exige
multiplicação por 1,2 a 1,5 em pacientes com sepse.
D) peso em g, altura em cm e frequência cardíaca
em bpm.
E) altura em cm, peso em kg e fator de estresse, que
exige multiplicação por 1,1 a 1,2 para pacientes
submetidos à cirurgia eletiva.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Para facilitar, no dia-a-dia, utilizamos esta fórmula
de bolso:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - A fórmula de Harris Benedict leva
em conta Peso, altura em cm e idade.
B) INCORRETA - A fórmula de Harris Benedict leva
em conta Peso, altura em cm e idade.
C) INCORRETA - A fórmula de Harris Benedict leva
em conta Peso, altura em cm e idade.
D) INCORRETA - A fórmula de Harris Benedict leva
em conta Peso, altura em cm e idade.
E) CORRETA
Take-Home Message:
Questão decoreba. Leve este conceito: A fórmula de
Harris Benedict leva em conta Peso, altura em cm
e idade.
Quando maior a idade, menor será o gastro energético.
| 43
QUESTÃO 5
Um paciente de 10 anos teve uma fratura do antebra-
ço esquerdo. Quanto ao tipo de fratura que pode ter
ocorrido nesse caso e suas características, assinale a al-
ternativa correta.
A) Fratura em galho verde – desvio da cortical óssea
sem uma linha visível de fratura.
B) Fratura metafisária – fratura através da placa carti-
laginosa de crescimento.
C) Fratura em galho verde – ruptura incompleta da
cortical óssea.
D) Fratura em fivela – fratura através da placa cartila-
ginosa de crescimento.
E) Fratura em fivela – fratura de uma área enfraqueci-
da devido a uma doença preexistente.
Resposta correta: Letra C
Comentários: O esqueleto infantil, ainda imaturo,
apresenta propriedades anatômicas próprias, que levam
a uma variedade de patologias diferentes do esqueleto
do adulto - e isso inclui os padrões de fratura que po-
dem sofrer. Devido a presença da placa fisária de cres-
cimento e ao espesso periósteo, que torna o osso mais
"maleável", após um trauma o osso pode apresentar
uma série de deformidades até mesmo sem que ocorra
de fato a quebra da cortical óssea.
Dessa maneira o espectro de lesões ósseas possíveis
pode ser definido:
44 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

- Deformidade angular sem fratura aparente (micro-
fraturas): deformidade plástica
- Fratura por compressão (aparenta uma indentação
ou degrau na radiografia): fratura em torus (ou bu-
ckle - fivela)
- Fratura incompleta, apenas uma cortical: fratura
em galho verde
- Fraturas completas
- Fraturas através da placa fisária: existem 6 tipos -
ver imagem: tipo II é o mais comum.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Fratura em galho verde apresenta
traço visível e desvio da fratura, porém incompleto
com falha de apenas uma das corticais
B) INCORRETA - a fise (placa de crescimento)
fica entre a região metafisária e epifisária, por-
tanto uma fratura metafisária seria proximal a
uma fratura fisária
C) CORRETA - Fratura em galho verde são incom-
pletas, sem romper a segunda cortical
D) INCORRETA - Fratura em fivela é uma fratura em
compressão da região metafisaria
E) INCORRETA - Fratura em fivela não é uma fratu-
ra patológica por uma área de fraqueza prévia
Take-Home Message:
- Devido a placa fisária e ao periósteo espesso, as
crianças tem um osso mais maleável = tipos espe-
ciais de fratura
- Deformidade plástica: angulação sem traço de fratu-
ra aparente
- Torus ou fivela: fratura por compressão (amassado
no osso)
- Galho verde: traço incompleto, sem quebrar a se-
gunda cortical
- Fisária: fraturas através da fise (6 tipos - sendo o tipo
II o mais comum)
| 45
QUESTÃO 6
Um paciente com IMC> 35kg/m2, hipertenso, diabé-
tico e etilista é atendido para avaliação de indicação de
cirurgia bariátrica, já com pré-operatório pronto. Assi-
nale a alternativa que apresenta a melhor atitude médi-
ca a ser tomada durante a consulta nesse caso.
A) Agendar a cirurgia imediatamente, já que o pacien-
te possui comorbidades agravadas pela obesidade,
incluindo a dependência do álcool.
B) Orientar o paciente a cessar o etilismo, procurar
acompanhamento psicológico e retornar para re-
avaliação sobre a indicação da cirurgia se estiver
psicologicamente estável após cessação do vício.
C) Orientar o paciente sobre os riscos e as sequelas da
cirurgia, questionar sobre sua motivação, avaliar
se já houve falha da terapia nutricional e agendar
a cirurgia.
D) Orientar que o paciente não tem indicação de ci-
rurgia devido ao seu IMC abaixo do critério para
indicação de cirurgia e devido ao etilismo.
E) Agendar a cirurgia para uma data após 2 meses,
orientando o paciente sobre os riscos e as complica-
ções da cirurgia e a cessar o etilismo.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
Fisiopatologia e Classificação da Obesidade
Hormônio Orexígeno:
- Grelina: produzida no fundo gástrico pelas células
oxínticas
Hormônios Anorexígenos:
- CCK: produzido no duodeno e jejuno; diminuem
o esvaziamento gástrico por aumentarem a pressão
pilórica
- PYY: produzido no íleo e cólon; após a chegada do
alimento há sua liberação e promovem a diminui-
ção da concentração de grelina. Saciedade
- GLP-1: produzido no íleo e cólon; após a chegada
46 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
do alimento há sua liberação; promove aumento da
liberação de insulina pelo pâncreas além de dimi-
nuir a liberação de glucagon e desacelera o esvazia-
mento gástrico
- Oxintomodulina: promove a diminuição da moti-
lidade gástrica além de suprimir a grelina
- Leptina: produzida pelo tecido adiposo. Inibidor
central do apetite
- Adiponectina: produzida pelo tecido adiposo
- Enterostatina: produzida pelo pâncreas
Padrões alimentares:
- Compulsão alimentar
- Consumo calórico excessivo
- Consumo alimentar associado ao estresse emocio-
nal
- Beliscador
- Compulsão por doces
Classificação segundo IMC:
- < 18,5: Abaixo do peso
- 18,5 - 24,9: Peso normal
- 25 - 29,9: Sobrepeso
- 30 - 34,9: Obesidade Grau I
- 35 - 39,9: Obesidade Grau II
- 40 - 49,9: Obesidade Grau III (mórbida)
- 50 - 59,9: Superobesidade
- ≥ 60: Supersuperobesidade
ATENÇÃO: A probabilidade de pacientes com obesi-
dade mórbida (IMC ≥ 40) alcançarem IMC < 35
apenas com terapia dietética é de ~3%.
Comorbidades associadas ou agravadas pela obesidade:
- HAS, DM-2, dislipidemia
- Esteatose hepática (pode até reverter)
- Cardiomiopatia dilatada, DAC, angina, FA, AVC
- Apneia do sono, hipoventilação, asma
- Osteoartrose, hérnias discais
- DRGE com indicação cirúrgica, pancreatites de re-
petição, hemorroidas
- Infertilidade, Síndrome dos ovários policísticos,
- Depressão
- (...)
Indicações e Contraindicações
O paciente não pode ser etilista e/ou usuário de drogas
ilícitas, além de compreender o procedimento cirúrgi-
co e seus riscos inerentes bem como o fato que a cirur-
gia por si não resolverá o problema sem a aderência a
dieta e atividade física.
Em relação ao IMC, os pacientes candidatos a cirurgia
após falência do tratamento clínica são:
- IMC ≥ 40 kg/m2
- IMC ≥ 35 na presença de comorbidades associadas
ou agravadas pela obesidade
- IMC ≥ 30 + diabetes mellitus (menos de 10 anos de
doença) de difícil controle (a refratariedade do tra-
tamento deve ser atestado por 2 endocrinologistas)
além de possuir entre 30 e 70 anos
Pacientes com 16-18 anos e candidatos ao procedimen-
to cirúrgico devem apresentar consolidação das carti-
lagens e epífises dos punhos além da avaliação de um
pediatra antes da cirurgia.
Principais Contraindicações:
- Abuso de álcool e/ou drogas
- Depressivos graves com ou sem ideação suicida
- Pacientes com psicose grave
- Portadores de doença pulmonar em estágio avança-
do
- Hipertensão portal com varizes gastroesofágicas
Tratamento Clínico:
Comportamental: dieta, exercício físico + Equipe Mul-
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
tidisciplinar: Cirurgião do aparelho digestivo com trei-
namento em bariátrica, nutricionista ou nutrólogo,
psicólogo ou psiquiatra, clínico (de preferência endó-
crino) e anestesiologista.
Medicamentoso:
- Análogos do GLP-1
- Anorexígenos /catecolaminérgicos - Anfepramona,
fenproporex
- Serotoninérgicos - Fluoxetina, Sertralina
- Serotoninérgicos e Dopaminérgicos – Sibutramina
- Inibidores da lipase – Orlistat
OBS: Topiramato é uma medicação anticonvulsivante
que pode ser usada para pacientes com compulsão ali-
mentar.
Avaliação Pré-Operatória
Todo paciente candidato a cirurgia bariátrica deverá
passar por uma avaliação com o intuito de identificar
e tratar comorbidades. Deve-se pesquisar ativamente:
- DM
- HAS
- Apneia obstrutiva do sono
- Doença pulmonar restritiva
- Desnutrição (principalmente de micronutrientes)
- NASH (se presente solicitar enzimas e fun-
ção hepática)
OBS: O paciente candidato à cirurgia deverá passar por
avaliação de um nutricionista, um psicólogo, um endo-
crinologista além de avaliação pulmonar e cardiológica.
OBS: Para pacientes com apneia obstrutiva do sono
moderada ou grave deve ser solicitada avaliação da fun-
ção pulmonar.
Exames pré-operatórios:
- T4 livre, TSH
- Dosagem de ferro e outras vitaminas
- FSH, LH (+ testosterona em homens)
| 47
- Glicemia de jejum e hemoglobina glicada
- ECG + Ecocardiograma
- USG Abdominal: avaliar se há colecistopatia
- Para maiores de 60 anos: densitometria
- Se sinais de pneumopatia: prova de função pulmo-
nar
ATENÇÃO: Contraindica-se a gravidez num período
de 18-24 meses após a cirurgia. Pacientes usuárias de
anticoncepcionais a base de estrógeno deverão ter a
medicação suspensa 30 dias antes e por 30 dias após o
procedimento.
Abordagem Perioperatória
Dieta hipocalórica de 600kcal: visa perda ponderal rá-
pida antes da cirurgia, de maneira a reduzir a gordura
visceral e facilitar o ato cirúrgico.
A perda ponderal (5-10% do peso) pré-operatória as-
socia-se a:
- Diminuição importante da gordura visceral (~30%)
- Diminuição do volume hepático
- Diminuição dos riscos cirúrgicos
- Diminuição do tempo cirúrgico
- Diminuição do tempo de internação
É imprescindível a cessação do tabagismo e a desconti-
nuidade de ACOs.
No dia da cirurgia inicia-se omeprazol profilático (40
mg SC 1x ao dia); ao ser chamado para o centro ci-
rúrgico realiza-se uma dose de cefazolina e enoxapari-
na profilática.
Pacientes adolescentes antes da indicação da cirur-
gia devem ser avaliados se já possuem suas epífises
calcificadas, ou seja, se o processo de crescimento já
ocorreu. Essa avaliação é feita através de radiografias
de extremidades.
48 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Abuso de álcool e/ou drogas é uma
das principais contraindicações.
B) CORRETA - É preciso suspender o etilismo e for-
talecer o acompanhamento psicológico antes de
submeter este paciente ao tratamento cirúrgico da
obesidade.
C) INCORRETA - Abuso de álcool e/ou drogas é uma
das principais contraindicações.
D) INCORRETA - IMC>35 + Comorbidades. Pa-
ciente dentro de critério para cirurgia.
E) INCORRETA - Normalmente é preciso de pelo
menos 6 meses de estabilidade psicológica com ces-
sação do vício.
Take-Home Message:
Principais Contraindicações:
- Abuso de álcool e/ou drogas
- Depressivos graves com ou sem ideação suicida
- Pacientes com psicose grave
- Portadores de doença pulmonar em estágio avançado
- Hipertensão portal com varizes gastroesofágicas
QUESTÃO 7
Uma paciente com um nódulo de tireoide biopsiado,
compatível com neoplasia, possui indicação de tireoi-
dectomia total. Para realizar tal cirurgia, o médico deve
ter o conhecimento das estruturas anatômicas da re-
gião. Assinale a alternativa que apresenta apenas infor-
mações corretas sobre a anatomia locorregional neces-
sária para esse procedimento.
A) A tireoide está localizada sob os músculos platisma
e escaleno, que devem ser seccionados ou afastados
para acessá-la.
B) É necessário ficar atento quanto ao trajeto do nervo
glossofaríngeo, já que ele tem seu trajeto lateral e
adjacente à tireoide.
C) É necessário ficar atento quanto ao esôfago, que tem
trajeto posterior e adjacente à glândula tireoide.
D) É necessário ficar atento às paratireoides, que se
localizam atrás da glândula tireoide, adjacentes
a ela.
E) As artérias que irrigam a tireoide – tireoidea supe-
rior, média e inferior – provêm da artéria caróti-
da interna.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
Questão pura de anatomia cirúrgica da glândula tireoi-
de e redondezas… Quanto à anatomia cirúrgica dessa
região, devemos conhecer algumas estruturas mais im-
portantes: a tireoide em si, vascularização, inervação e
as paratireoides.
- Tireoide: A glândula tireóide normal é imediatamente
caudal à laringe e circunda a porção ântero-lateral da
traquéia. Está aderida a esta através do ligamento de
Gruber. Possui duas partes ou lobos que são conectados
pelo istmo, uma faixa estreita de tecido tireoidiano. Os
lobos possuem ligamentos laterais, chamados ligamen-
tos de Berry. O lobo piramidal, por sua vez, estende-se
superiormente a partir do istmo e pode atingir o nível
do osso hióide. O tubérculo de Zuckerkandl, uma ex-
tensão piramidal da glândula tireóide, está localizado
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 49

na face posterior de cada lobo tireoidiano. O nervo

laríngeo recorrente (NLR) geralmente atravessa a face
posterior do tubérculo.
- Vascularização: O suprimento de sangue arterial para
a glândula tireoide provém principalmente das artérias
tireoidianas superior e inferior direita e esquerda, deri-
vadas das artérias carótidas externas e do tronco tireo-
cervical, respectivamente. A drenagem venosa consiste
nas veias tireoidianas superior, média e inferior que
drenam para a veia jugular interna e a veia inominada.
- Inervação: Os nervos laríngeos superiores direito e
esquerdo originam-se dos nervos vago direito e es-
querdo à medida que saem da base do crânio. Con-
siste em dois ramos principais: Ramo externo - tem
função principalmente motora. É o ramo externo
que inerva o músculo cricotireóideo. Ramo interno
- sensitivo para a laringe. Nervo laríngeo recorren-
tE) O nervo laríngeo recorrente (NLR) fornece
funções sensoriais e motoras à laringe. Inerva todos
os músculos intrínsecos da laringe, exceto o mús-
culo cricotireóideo. À esquerda, o NLR recorre sob
o arco aórtico e sobe no sulco traqueoesofágico; à
direita, o NLR recorre sob a artéria subclávia di-
reita, cruza mais obliquamente e é orientado mais
lateralmente do que caudalmente.
- Paratireoides: As glândulas paratireoides normais têm
aproximadamente o tamanho de um grão de arroz ou
uma lentilha. A cor varia do amarelo claro ao marrom
avermelhado. A maioria dos pacientes (84%) tem qua-
tro glândulas paratireoides: duas superiores e duas infe-
riores. Embora haja uma variabilidade significativa na
posição das glândulas, elas geralmente são simétricas.
Glândulas paratireoides superiores - geralmente estão
localizadas na superfície póstero lateral, mais superior
no lobo tireoidiano. Elas ficam posterior e lateral ao
nervo laríngeo recorrente. Glândulas paratireoides in-
feriores - residem mais caudalmente, anterior e medial
ao nervo laríngeo recorrente. Essa relação com o nervo
laríngeo inferior pode ser imaginada como um símbolo
de porcentagem (%), sendo os “0” as paratireoides e a
“/” o nervo laríngeo inferior.
50 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - A tireoide está localizada sob os
músculos esterno-hioideo e esterno-tireoideo. O
platisma, sim, está num plano mais superficial -
agora, o músculo escaleno é bem mais profundo,
nem sendo visto durante uma tireoidectomia.
B) INCORRETA - O principal nervo que deve ser vi-
sualizado e preservado durante uma tireoidectomia
é o nervo laríngeo inferior (recorrente). Esse, sim,
passa ao lado da tireoide, no sulco taqueoesofágico.
C) INCORRETA - O esôfago possui trajeto posterior
e adjacente à traqueia…
D) CORRETA - Na maioria das vezes, possuímos
quatro paratireoides, que ficam posterior à ti-
reoide. Geralmente a paratireoide superior mais
lateral e posterior e a paratireoide inferior mais
medial e anterior.
E) INCORRETA - As artérias que irrigam a tireoide
são as tireoidianas superior e inferior. A primeira
é o primeiro ramo da artéria carótida externa, en-
quanto a segunda é ramo do tronco tireocervical. A
tireoide é drenada por 3 veias: tireoidiana superior,
média e inferior.
Take-Home Message:
A anatomia do compartimento central do pescoço é
frequentemente cobrada. Geralmente são questões
tranquilas. Lembrar sempre quais as artérias e veias que
são relacionadas à tireoide (aa. tireóideas superiores e
inferiores, vv. tireóideas superior, média e inferior), por
onde passa o nervo laríngeo inferior (sulco traqueoeso-
fágico, tendo o nervo direito um trajeto mais oblíquo),
onde estão as paratireoides e sua relação com o nervo
laríngeo inferior (sinal da porcentagem - %).
QUESTÃO 8
Um paciente com sintomas de sudorese, agitação, con-
fusão mental, com níveis baixos de glicose e alívio após
administração de glicose foi diagnosticado com um
tumor gastrointestinal e tem indicação de tratamento
cirúrgico. Quais são, respectivamente, o nome desse
conjunto de sinais de sintomas e o do provável tumor
desse paciente?
A) Tríade de Charcot / Gastrinoma.
B) Síndrome de Verner-Morrison / VIPoma.
C) Síndrome de Ve r n e r - M o r r i s o n
/ Glucagonoma.
D) Tríade de Virchow / GIST.
E) Tríade de Whipple / Insulinoma.
Resposta correta: Letra E
Comentários: Tríade de Whipple - sugestiva de insuli-
noma.
-Hipoglicemia documentada
-Sintomas neuroglicopênicos
-Melhora dos sintomas com administração de glicose
venosa
A abordagem diagnóstica para um paciente com sus-
peita de tumor neuroendócrino pancreático (TNE) de-
pende do cenário clínico:
A TC é um procedimento seguro e simples de realizar,
independente do operador. A TC visualiza a localiza-
ção exata de um insulinoma, sua relação com estrutu-
ras vitais e a presença de metástases. Normalmente, os
insulinomas são hipervasculares e, como resultado, de-
monstram um maior grau de realce do que o parênqui-
ma pancreático normal durante as fases arterial (seta).
A ressonância magnética tem todas as vantagens da TC
e evidências recentes sugerem que pode ser a ferramen-
ta mais sensível.
Os insulinomas geralmente demonstram baixa inten-
sidade de sinal em imagens ponderadas em T1:
E alta intensidade de sinal em imagens ponderadas
em T2:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Para pacientes que apresentam síndromes hormonais
suspeitas de TNE pancreático, mas que não apresen-
tam evidências de doença em exames de imagem trans-
versais convencionais, recomenda-se a ultrassonografia
endoscópica (EUS). EUS com aspiração por agulha
fina também pode ser usado para estabelecer um diag-
nóstico patológico, particularmente em pacientes com
doença em estágio inicial. A ultrassonografia endoscó-
pica (USE) fornece imagens de alta resolução do pân-
creas e pode detectar lesões de 2 a 3 mm de diâmetro.
Para pacientes que apresentam um TNE bem dife-
renciado e comprovado por biópsia no pâncreas, re-
comendamos tomografia computadorizada helicoidal
com fase arterial, fase venosa portal, fase sem contraste)
ou ressonância magnética multifásica com contraste do
abdome para avaliar a extensão da doença. Se os resul-
tados mudarem potencialmente o manejo ou o plano
de tratamento, realizamos exames de diagnóstico por
imagem com um análogo de somatostatina radiomar-
cado para avaliar a expressão do receptor de somatos-
tatina e avaliar as metástases extra-abdominais (predo-
minantemente ósseas). Quando disponível, a imagem
funcional com PET / CT de 68 Ga com dotatato (fa-
moso PET gálio) é preferida em relação à pentatreo-
tida 111-In (OctreoScan) devido à sua maior sensibi-
lidade. A incorporação de análogos de somatostatina
radiomarcados no tumor é preditiva de uma resposta
clínica à terapia com análogos de somatostatina e tera-
pia de radionuclídeos de receptores peptídicos, e pode
auxiliar na identificação de um local primário de outra
forma oculto.
Em raros casos em que há fortes evidências clínicas e
bioquímicas para um TNE pancreático oculto que seja
indetectável em USE, recomenda-se estimulação arte-
rial com amostragem venosa hepática, caso haja espe-
cialização nesta técnica.
O uso de ASVS (Estímulo arterial com coleta venosa)
permite uma abordagem cirúrgica mais precisa e pode
minimizar a probabilidade de reoperação. Para insuli-
nomas atípicos, a localização pré-operatória de insu-
linomas por ASVS é particularmente importante. A
precisão do ASVS na localização de insulinomas foi re-
| 51
latada como variando de 94% a 100%. Usando ASVS,
os insulinomas são vistos como blushes vasculares bem
definidos, redondos ou ovais que são de vascularização
aumentada em comparação com o parênquima pancre-
ático normal circundante.
Os insulinomas são visualizados durante a fase arterial
inicial e persistem por um período de tempo variável na
fase venosa da corrida. A localização de um insulinoma
por ASVS baseia-se no fato de que uma concentração
hiperosmolar de cálcio nos vasos que irrigam o tumor
causará degranulação das células dentro da neoplasia,
liberando insulina no sistema venoso portal, o que re-
sulta em um aumento detectável de insulina nas veias
amostras obtidas da veia hepática.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Tríade de Charcot: icterícia, febre
e dor abdominal (tríade da colangite).
B) INCORRETA - Síndrome de verner-morrison:
diarreia aguda aquosa, hipocalemia e acloridria
é manifestação clássica de tumores produtores de
peptídeos intestinais vasoativos ou VIPomas.
C) INCORRETA - Síndrome de verner-morrison:
diarreia aguda aquosa, hipocalemia e acloridria
é manifestação clássica de tumores produtores de
peptídeos intestinais vasoativos ou VIPomas. A trí-
ade do glucagonoma é composta por eritema ne-
crolítico, hiperglucagonemia e diabetes (intolerân-
cia a glicose).
D) INCORRETA - Tríade de Virchow é a tríade da
morte: coagulopatia, acidose e hipotermia.
E) CORRETA - Tríade de WhipplE) sugestiva de
insulinoma. -Hipoglicemia documentada + Sin-
tomas neuroglicopênicos+Melhora dos sintomas
com administração de glicose venosa
52 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
Tríade de Whipple - sugestiva de insulinoma. Hipo-
glicemia documentada + Sintomas neuroglicopêni-
cos+Melhora dos sintomas com administração de
glicose venosa
Síndrome de verner-morrison: diarreia aguda aquosa,
hipocalemia e acloridria é manifestação clássica de
tumores produtores de peptídeos intestinais vasoa-
tivos ou VIPomas.
A tríade do glucagonoma é composta por eritema ne-
crolítico, hiperglucagonemia e diabetes (intolerân-
cia à glicose).
Tríade de Charcot: icterícia, febre e dor abdominal
(tríade da colangite).
QUESTÃO 9
Paciente com queixa de pirose, azia e regurgitação
procura orientações sobre um possível diagnóstico de
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e tra-
tamento. Assinale a alternativa que apresenta somen-
te informações corretas que poderão ser fornecidas a
esse paciente.
A) O exame padrão-ouro para o diagnóstico é a en-
doscopia digestiva alta. A DRGE pode ser causa-
da por hérnia hiatal do tipo I, chamada de hérnia
de rolamento.
B) O melhor exame para o diagnóstico é a manome-
tria. A DRGE pode ser causada por hérnia hiatal do
tipo II, chamada de hérnia por deslizamento.
C) O melhor exame para o diagnóstico é a pHmetria
de 24h. A DRGE pode ser causada por hérnia hiatal
do tipo II, conhecida como hérnia de rolamento.
D) O melhor exame para o diagnóstico é a esofagogra-
fia. A DRGE pode ser causada por hérnia hiatal do
tipo II, chamada de hérnia por rolamento.
E) O exame padrão-ouro para diagnóstico é a pH-
metria de 24h. A DRGE pode ser causada por
hérnia hiatal do tipo III, chamada de hérnia
por deslizamento.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
O diagnóstico da DRGE é eminentemente clínico. O
paciente sem sinais de alarme e com sintomas típicos
não necessita de nenhum exame subsidiário para confir-
mação diagnóstica. Frente ao diagnóstico clínico reco-
menda-se prova terapêutica com IBP por 4-8 semanas.
ATENÇÃO: O diagnóstico clínico da DRGE baseado
em sintomas típicos são de baixa sensibilidade e baixa
especificidade quando comparados aos achados endos-
cópicos e de pHmetria; a sensibilidade é de 70% e a
especificidade de 67%.
EDA: Recomendada quando sinais de alarme ou sinto-
mas atípicos presentes
- Sinais de alarme:
- Disfagia
- Perda ponderal
- Hematêmese
- Emagrecimento
- Náuseas/vômitos
- História familiar de neoplasia
- > 45-55 anos
- Pirose >5 -10 anos
- Refratariedade ao tratamento clínico
Achados endoscópicos conclusivos para DRGE:
- Esofagite erosiva grau C ou D de Los Angeles
- Esôfago de Barrett (comprovado por biópsia)
- Estenose péptica
ATENÇÃO: Nem todo paciente com DRGE apresen-
tam esofagite à endoscopia.
pHmetria:
- Exame padrão-ouro para diagnóstico
- IMPORTANTE: Descontinuar IBP por 1 semana
para diagnóstico (a princípio; o Consenso de Lyon
tem outras recomendações)
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 53

- Indicações: - Sintomas de DRGE ou DRGE diagnosticada ≥ 5

- Refratariedade ao tratamento clínico anos

- Dúvida diagnóstica quanto a DRGE: pHmetria - Sintomas de pirose e regurgitação presentes ≥ 2 ve-
prolongada zes na semana + ao menos 2 de:

- Pirose funcional, esofagite não-erosiva, esofagite - ≥ 50 anos

erosiva Los Angeles A, hipersensibilidade ao refluxo - Caucasiano
- Sintomas + EDA sem alterações compatíveis com - Obesidade central
DRGE - Antecedente pessoal de tabagismo
- Confirmação do diagnóstico antes da cirurgia anti- - História familiar (familiar de 1o grau) ou pessoal de
-refluxo adenocarcinoma esofágico
- Achado compatível com DRGE: Já em relação às hérnias de hiato, temos uma classifi-
- pH<4 em mais de 7% das medidas cação que as divide em deslizamento (Tipo I) e parae-
- Índice de Demeester > 14,72 sofágicas (Tipo II, III e IV). O esquema de classifica-
ção mais abrangente reconhece quatro tipos de hérnia
OBS: A impedanciometria permite diagnóstico de re- de hiato:
fluxo não ácido
Tipo I: hérnia por deslizamento - Uma hérnia de hiato
OBS: Manometria: sempre realizar antes da cirurgia do tipo I é caracterizada pelo deslocamento da junção
para tratamento da DRGE esofagogátrica (JEG) acima do diafragma. O estômago
Complicações DRGE: permanece em seu alinhamento longitudinal normal e
o fundo permanece abaixo da JEG.
- Estenose péptica
Tipo II, III, IV: Hérnias paraesofágicas - Uma hérnia
- Úlceras esofágicas
paraesofágica é uma hérnia verdadeira com um saco
- Barrett herniário e é caracterizada por um deslocamento para
Em relação ao Barrett cima do fundo gástrico através de um defeito na mem-
brana frenoesofágica.
- Fatores de risco:
• A hérnia do tipo II resulta de um defeito localizado
- DRGE na membrana frenoesofágica onde o fundo gástrico
- Obesidade central serve como um ponto principal da hérnia, enquan-
to a junção esofagogástrica permanece fixada à fás-
- História familiar de esôfago de Barrett (associado a
cia pré-aórtica e ao ligamento arqueado mediano
mutações nos genes MSR1, ASCC1, CTHRC1)
• As hérnias do tipo III têm elementos de ambos os
- Tabagismo
tipos de hérnias I e II e são caracterizadas pela JEG
- Fatores protetores: pela hérnia e do fundo através do hiato. O fundo
- Infecção por H. pylori fica acima da JGE

- Negros • A hérnia de hiato do tipo IV está associada a um gran-

de defeito na membrana frenoesofágica e é caracte-
- Consumo moderado de vinho rizada pela presença de outros órgãos além do estô-
- O rastreio com EDA e biópsia está indicado nas mago no saco herniário (por exemplo, cólon, baço,
seguintes situações: pâncreas ou intestino delgado), ou volvo gástrico.
54 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Phmetria é o exame padrão-ouro.
A hérnia Tipo I é de deslizamento.
B) INCORRETA - Phmetria é o exame padrão-ouro.
A hérnia Tipo II é por rolamento.
C) CORRETA - Phmetria é o exame padrão-ouro. O
achado compatível é de pH<4 em mais de 7% das
medidas e Índice de Demeester > 14,72.
D) INCORRETA - Phmetria é o exame padrão-ouro.
E) INCORRETA - A hérnia tipo III é paraesofágica,
do tipo mista. Tem componente de deslizamento e
rolamento.
Take-Home Message:
Phmetria é o exame padrão-ouro para DRGE, porém
não a utilizamos em todos os casos.
- Indicações:
- Refratariedade ao tratamento clínico
- Dúvida diagnóstica quanto a DRGE: pHmetria
prolongada
- Pirose funcional, esofagite não-erosiva, esofagite
erosiva Los Angeles A, hipersensibilidade ao refluxo
- Sintomas + EDA sem alterações compatíveis com
DRGE
- Confirmação do diagnóstico antes da cirurgia anti-
-refluxo
- Achado compatível com DRGE:
- pH<4 em mais de 7% das medidas
- Índice de Demeester > 14,72
QUESTÃO 10
Durante uma consulta médica, um paciente do sexo
masculino relata ao médico que possui um abaulamen-
to da região inguinal direita, intermitente, muitas vezes
doloroso. Qual é a melhor maneira de realizar o exame
físico desse paciente e qual é o provável diagnóstico?
A) Introduzir o dedo no canal inguinal por invagi-
nação da bolsa escrotal e solicitar que o paciente
realize Valsalva, com detecção de abaulamento lo-
cal – hérnia inguinal.
B) Posicionar as mãos sobre a fossa ilíaca direita, com-
primir e descomprimir bruscamente a região, ge-
rando dor local – hérnia epigástrica.
C) Posicionar o dedo sobre o canal inguinal e solicitar
ao paciente que inspire profundamente, com detec-
ção de depressão local – hérnia inguinal.
D) Posicionar o dedo sobre o trato ileopúbico e solici-
tar inspiração profunda, com detecção de abaula-
mento acima desse local – hérnia femoral.
E) Posicionar a mão sobre o testículo direito e palpá-lo,
detectando enduramento local – hérnia inguinal.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
Diversas classificações podem ser utilizadas pela sua
prova de residência para a classificação das hérnias in-
guino femurais. As duas mais utilizadas são a da Nyhus
e a da sociedade Europeia de Hérnia, as quais serão
explicadas a seguir.
A discrição tradicional das hérnias baseava-se na lo-
calização do defeito (ex.: indireta, direta, femoral), o
conteúdo do saco herniário (ex.: deslizamento, Ritcher,
Littre) e a forma como se encontra o conteúdo (ex.:
redutível, encarcerado, estrangulado).
No entanto, a variabilidade desta classificação não per-
mitia comparar estudos e doentes, pelo que surgiu a ne-
cessidade de desenvolver outras escalas de classificação
Uma das escalas mais utilizadas é a classificação de
Nyhus/Stoppa:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
- Tipo 1: hérnia indireta com anatomia normal do anel
inguinal profundo (menor que 2cm)
- Tipo 2: hérnia indireta com dilatação do anel ingui-
nal profundo (maior que 2cm)
- Tipo 3:
· A: hérnia inguinal direta, medial aos vasos epigástri-
cos
· B: hérnia inguinal direta e indireta (pantaloona) -
hérnia inguinoescrotal / mista.
· C: hérnia femoral
- Tipo 4: hérnia recidivada
· A: direta
· B: indireta
· C: femoral
· D: combinada
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - A manobra de Valsalva promove um
aumento da pressão abdominal e facilita a detec-
ção da hérnia.
B) INCORRETA - Com a mão na fossa ilíaca direita
não iremos detectar hérnia epigástrica (são hérnias
da linha média).
C) INCORRETA - A inspiração profunda não irá au-
mentar a pressão abdominal, etapa importante para
promover o abaulamento herniário durante o exa-
me físico.
D) INCORRETA - A inspiração profunda não irá au-
mentar a pressão abdominal, etapa importante para
promover o abaulamento herniário durante o exa-
me físico.
E) INCORRETA - Ao nos depararmos com um en-
duramento no testículo direito devemos pensar
num tumor testicular, não numa hérnia.
| 55
Take-Home Message:
Vamos aproveitar essa questão para fixar a classificação
de Nyhus:
- Tipo 1: hérnia indireta com anatomia normal do anel
inguinal profundo (menor que 2cm)
- Tipo 2: hérnia indireta com dilatação do anel ingui-
nal profundo (maior que 2cm)
- Tipo 3:
· A: hérnia inguinal direta, medial aos vasos epigástricos
· B: hérnia inguinal direta e indireta (pantaloona) -
hérnia inguinoescrotal / mista.
· C: hérnia femoral
- Tipo 4: hérnia recidivada
· A: direta
· B: indireta
· C: femoral
· D: combinada
QUESTÃO 11
Sobre o câncer gástrico, é correto afirmar que
A) afeta, com maior frequência, as mulheres e a faixa
etária entre 40-50 anos, sendo também o tipo de
câncer mais comum no Japão.
B) o Helicobacter pylori pode ser considerado um dos
fatores contribuintes para o câncer gástrico por ge-
rar gastrite hipertrófica.
C) o câncer gástrico difuso hereditário é uma forma
herdada de carcinoma gástrico resultante da mu-
tação do gene da E- caderina, com aproximada-
mente 80% de possibilidade de desenvolvimento
de câncer gástrico durante a vida.
D) alimentos ricos em sal, como carnes defumadas,
juntamente com o alto consumo de frutas cítricas
e vegetais, são associados a um risco aumentado de
câncer gástrico.
E) os pacientes com anemia perniciosa também têm
um aumento no risco de desenvolvimento de cân-
cer gástrico. A hipercloridria é a característica defi-
nidora dessa condição.
Resposta correta: Letra C
56 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
Compreende a 3o causa de câncer em homens e 5a en-
tre as mulheres nos EUA. O adenocarcinoma corres-
ponde a 95% das neoplasias gástricas, sendo que apro-
ximadamente 3% das neoplasias gástricas são linfomas
(o estômago é o sítio extranodal mais frequente de aco-
metimento do linfoma não-Hodgkin).
Fatores de risco para adenocarcinoma:
- Anemia perniciosa (deficiência de B12)
- Histórico familiar
- Grupo sanguíneo tipo A
- Tabagismo
- Infecção por H. pylori e gastrite atrófica
- Cirurgias gástricas prévias (principalmente an-
trectomia com reconstrução à Billroth II - Reflu-
xo Alcalino)
- Pólipos gástricos (*)
- Dieta rica em nitritos/nitrosamina (comum em ali-
mentos em conserva e defumados)
Nas famílias com síndrome hereditária (Câncer Gástri-
co Difuso Hereditário) , a transmissão do gene da ca-
derina-E anormal confere uma probabilidade de 80 %
em desenvolver câncer gástrico, recomendando testes
genéticos, rastreamento e até gastrectomia total muitas
vezes profilática para portadores dessa anomalia genéti-
ca (FITZGERALD et al. 2010).
Estadiamento:
TC Tórax, Abdome e Pelve
- Permite avaliação de doença metastática
- Não é bom método para avaliação de invasão locor-
regional
- Deverá ser realizada para todos os doentes
EcoEDA:
- Exame com maior sensibilidade para estadiamento T
- Avalia com precisão linfonodos perigástricos
- Não é um exame obrigatório para o estadiamento
PET-CT
- Maior sensibilidade para detecção de metástases em
comparação à TC
- Pode apresentar taxa elevada de falsos positivos
- NCCN colocou o PET-CT como exame recomen-
dado no estadiamento do câncer gástrico
- No HC o PET-CT não faz parte do arsenal diag-
nóstico para estadiamento do câncer gástrico
Laparoscopia:
- Permite melhor avaliação de acometimento metas-
tático peritoneal, locorregional e hepático
- Permite coleta de lavado peritoneal
- Alguns institutos recomendam para tumores T3 e
T4 (ICESP e HC seguem esta recomendação)
- NCCN recomenda para tumores >T1
- É especialmente importante para pacientes com in-
dicação de tratamento neoadjuvante
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - No Brasil, estatísticas do Institu-
to Nacional do Câncer mostram uma incidência
de 18,29/100.000 habitantes entre os homens e
8,14/100.000 entre as mulheres.
B) INCORRETA - Infecção por H. pylori causa gas-
trite atrófica.
C) CORRETA - Questão correta e conceitual.
D) INCORRETA - Frutas cítricas e vegetais são asso-
ciados a hábitos de vida saudável e não aumentam
a chance de câncer gástrico.
E) INCORRETA - A anemia perniciosa é decorrente
da gastrite atrófica autoimune, normalmente asso-
ciado a hipocloridria e diminuição da produção de
fator intrínseco.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 57

Take-Home Message: Exames laboratoriais e radiografia de abdome. TC de

Nas famílias com síndrome hereditária (Câncer Gástri-
co Difuso Hereditário) , a transmissão do gene da ca-
derina-E anormal confere uma probabilidade de 80 %
em desenvolver câncer gástrico, recomendando testes
genéticos, rastreamento e até gastrectomia total muitas
vezes profilática para portadores dessa anomalia genéti-
ca (FITZGERALD et al. 2010).
abdome para identificar ponto de obstrução, etiologia
e complicação (isquemia, necrose e perfuração) apenas
se o paciente não apresentar necessidade imediata de
intervenção endoscópica, como volvo de sigmoide
(colonoscopia descompressiva), ou cirúrgica (pneu-
moperitônio, volvo de delgado ou ceco), e estabilida-
de hemodinâmica.

QUESTÃO 12
Um paciente com dor e distensão abdominal associa-
das a vômitos deu entrada no pronto atendimento. A
suspeita é de uma obstrução do intestino delgado. Qual
das seguintes alternativas representa a causa mais co-
mum, em geral, desse tipo de obstrução?
A) Doença de Crohn.
B) Neoplasia.
C) Retocolite ulcerativa.
D) Aderências.
E) Hérnia interna.
Resposta correta: Letra D

Comentários: Obstrução Intestinal

- Consequências: dilatação e sequestro de fluído em al-
ças proximais; alças distais à obstrução descomprimidas Um dos achados radiológicos da obstrução intestinal
- Progressão: aumento de pressão na alça reduz a perfu- é o empilhamento de moedas (em virtude das válvulas
são: isquemia, necrose e perfuração coniventes do delgado, o gás toma este formado).

Quais as principais causas? Conduta inicial: jejum + hidratação + correção distúr-

bios eletrolíticos + SNG + avaliar cirurgia (analgesia
- intestino delgado: aderência (cirurgia, doença infla- e SVD)
matória e diverticulite), hérnia e volvo
- intestino grosso: neoplasia e volvo
Manifestação: náusea, vômitos, dor e distensão abdo-
minal, vômito mais intenso quanto mais proximal e
distensão, quanto mais distal
58 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: Take-Home Message:

A) INCORRETA - Questão conceitual. A causa mais Quais as principais causas de obstrução intestinal?
comum de obstrução em intestino delgado são as - intestino delgado: aderência (cirurgia, doença infla-
aderências. matória e diverticulite), hérnia e volvo
B) INCORRETA - Questão conceitual. A causa mais - intestino grosso: neoplasia e volvo
comum de obstrução em intestino delgado são as
aderências.
C) INCORRETA - Questão conceitual. A causa mais
comum de obstrução em intestino delgado são as
aderências.
D) CORRETA
E) INCORRETA - Questão conceitual. A causa mais
comum de obstrução em intestino delgado são as
aderências.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 13
No pronto atendimento, um paciente foi admitido
com queimaduras extensas de grau 2 em regiões de face
e pescoço, provocadas por água fervendo. Assinale a al-
ternativa que apresenta a melhor abordagem a ser feita
nesse paciente.
A) Avaliação da superfície corpórea atingida; analgesia
e curativo com óleo de girassol nas feridas.
B) Analgesia e, após 1h, reavaliação da dor e início da
avaliação secundária quanto aos cuidados com as
queimaduras – fazer apenas cobertura das lesões
com gaze para não causar mais dor à manipulação.
C) Acalmar o paciente; ressuscitação volêmica uti-
lizando a fórmula de Parkland – 1,5mL/kg/% de
superfície corpórea queimada; analgesia e curativo
com sulfadiazina de prata nas feridas.
D) Analgesia; ressuscitação volêmica utilizando a fór-
mula de Brooke – 4mL/kg/% de superfície corpórea
queimada – e curativo com neomicina nas feridas.
E) Avaliação quanto à possível lesão direta de via aé-
rea; ressuscitação volêmica utilizando a fórmula
de Parkland – 4mL/kg/% de superfície corpórea
queimada – juntamente com a analgesia, e curati-
vo com sulfadiazina de prata nas feridas.
| 59
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Para o cálculo da superfície corpórea queimada (SCQ)
geralmente usamos a regra dos 9 de Wallace e conside-
ramos apenas as queimaduras de 2º e 3º graus. A fór-
mula de Parkland é 4 mL x peso (kg) x % SCQ; metade
desse volume deve ser administrado nas primeiras 8h
da queimadura e a outra metade nas 16h subsequentes.
O que entendemos por grande queimado?
- grave: > 20% SCQ de 2º grau ou >10%SCQ de 3º
grau, queimaduras em períneo, lesão elétrica e ina-
latória (UTI);
- 1o grau e 2o grau superficial: tratamento não cirúrgi-
co - regeneração / reparação
- 2o grau profundo e 3o grau: tratamento cirúrgico -
cicatrização: sequela funcional/estética
Como diferenciamos os graus de queimadu-
ra clinicamente?
60 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Pacientes queimados geralmente morrem de uma de Vamos às alternativas:

duas causas: mortes prematuras resultantes de “choque
de queimadura”, ou falência múltipla de órgãos levan- A) INCORRETA - Devemos iniciar o atendimen-
do a mortes tardias. Com os protocolos de ressuscita- to, como todo trauma, pela letra A: avaliação da
ção volêmica em pacientes gravemente queimados, o via aérea.
choque de queimadura irreversível foi substituído por B) INCORRETA - Não devemos aguarda 1h para ini-
sepse e a falência múltipla de órgãos subsequente como ciar os cuidados com a queimadura. Seguimos no
a principal causa de morte associada a queimaduras em atendimento padrão, avaliando o ABCDE, e já ini-
pessoas que não morreram no local do trauma. Os pa- ciando os cuidados com a ferida no próprio pronto
cientes graves e instáveis, serão tratados em unidade de socorro.
terapia intensiva. Mesmo nos pacientes em UTI, sepse C) INCORRETA - A fórmula de Parkland é 4 mL x
e choque séptico são as causas mais comuns de morte peso (kg) x % SCQ
em pacientes queimados. D) INCORRETA - A fórmula de Brooke é 2 mL x
Uma lesão grave de queimadura pode elevar a taxa peso (kg) x % SCQ
metabólica em 50-100% da taxa metabólica basal. As E) CORRETA - Queimadura em face sempre acende
principais características incluem glicogênese aumenta- o alerta para lesão de via aérea, o que nos impele a
da, resistência a insulina, lipólise e catabolismo protei- atuar precocemente na obtenção de uma via aérea
co. Pacientes que recebem alimentação precoce apre- avançada ao menor sinal de comprometimento de
sentam melhora significativa da cicatrização e tempo via aérea
reduzido de internação. A nutrição enteral é a via pre-
ferencial, já que muitas vezes os pacientes são incapazes
Take-Home Message:
de satisfazer suas necessidades nutricionais apenas com
a ingestão oral. A nutrição enteral precoce pode redu- Para o cálculo da superfície corpórea queimada (SCQ)
zir a lesão da mucosa gastrointestinal pela isquemia e geralmente usamos a regra dos 9 de Wallace e conside-
reperfusão por meio do aumento da capacidade de eli- ramos apenas as queimaduras de 2º e 3º graus. A fór-
minar radicais livres e da manutenção da integridade e mula de Parkland é 4 mL x peso (kg) x % SCQ; metade
permeabilidade intestinal normal. desse volume deve ser administrado nas primeiras 8h
da queimadura e a outra metade nas 16h subsequentes.
As escarotomias, incisões nas escaras ou queimaduras
de 3º grau, devem ser realizadas quando há risco de
comprometimento funcional nas queimaduras de ex-
tremidades ou na região do tronco, com objetivo de
tratar a síndrome compartimental e melhorar a perfu-
são distal e a ventilação, respectivamente.
Devemos suspeitar de lesão inalatória diante de alguns
sinais. Dentre os sinais mais frequentes destacam-se:
queimadura de face, vibrissas chamuscadas, escarro
com fuligem ou abundante, conjuntivite, desorienta-
ção, coma, estridor laríngeo e desconforto respirató-
rio. Os sintomas incluem tosse produtiva, rouquidão,
dispnéia, sibilos e lacrimejamento. A via aérea no gran-
de queimado pode sofrer edema importante e não de-
vemos aguardar os sinais clínicos de estridor e descon-
forto respiratório, para proceder com intubação.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 14
Um paciente em tratamento oncológico quimioterá-
pico, que terá programação de tratamento cirúrgico
em breve, apresenta astenia importante, porém nega
vômitos ou sangramentos. Foram realizados exames
laboratoriais. Qual das alternativas a seguir representa
indicação de transfusão de ambos os componentes –
hemácias e plaquetas – para esse paciente?
A) Hemoglobina =9,1g/dL e plaquetas = 21000/mm³.
B) Hemoglobina =6,2g/dL e plaquetas = 18000/mm³.
C) Hemoglobina =6,8g/dL e plaquetas = 7000/mm³.
D) Hemoglobina = 10,1g/dL e plaquetas = 11000/mm³.
E) Hemoglobina =7,5g/dL e plaquetas = 11000/mm³.
Resposta correta: Letra C
| 61
Comentários:
Sobre a transfusão de plaquetas: Pacientes Tromboci-
topênicos que serão submetidos a cirurgias ou proce-
dimentos invasivos: Recomenda-se a transfusão pro-
filática de plaquetas sempre que a contagem estiver
abaixo de 50.000/µL nas seguintes situações: Anestesia
peri-dural/ Biópsia transbrônquica/ Biópsia hepática/
Laparotomia/ Punção de veias profundas /Paracentese
e toracocentese/Extração dentária/Biópsia gástrica (en-
doscópica). Em cirurgias neurológicas e oftalmológicas
é recomendado que a contagem de plaquetas esteja em
torno de 100.000/µL. Nas cirurgias cardíacas com cir-
culação extracorpórea, não há consenso na literatura
sobre a contagem mínima de 50.000 ou 100.000/µL.
62 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
E quanto à transfusão perioperatória de hemácias?
O objetivo é manejar o paciente de forma que não ne-
cessite transfusão.
- Investigar anemia.
- Suspender antiagregantes plaquetários cinco a sete
dias antes do procedimento cirúrgico (a critério
médico).
- Reverter anticoagulação.
- Planejar transfusão autóloga.
- Utilizar drogas farmacológicas para menor sangra-
mento (por exemplo, ácido tranexâmico). - Manu-
seio igual ao do sangramento agudo.
• Não há indicação de atingir níveis prévios ou con-
siderados “normais” antes ou depois da cirurgia.
(grau de recomendação B).
• Não transfundir quando Hb >9,0 g/dL (grau de re-
comendação B).
• No pré-operatório, é aceitável transfundir se Hb<
8,0 g /dL.
• Em reoperação cardíaca é aceitável transfundir quan-
do Hb<10g/dL. Certificar-se de que a reserva de
componentes para o centro cirúrgico seja adequada.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - No pré-operatório, é aceitável
transfundir se Hb< 8,0 g /dL.
B) INCORRETA - Recomenda-se a transfusão profi-
lática de plaquetas sempre que a contagem estiver
abaixo de 50.000/µL nas seguintes situações: Anes-
tesia peri-dural/ Biópsia transbrônquica/ Biópsia
hepática/Laparotomia/ Punção de veias profundas
/Paracentese e toracocentese/Extração dentária/Bi-
ópsia gástrica (endoscópica).
C) CORRETA - Hb 6,8 + Plt <50.000 são indicações
de transfusão desses respectivos hemocomponen-
tes no pré-operatório.
D) INCORRETA - No pré-operatório, é aceitável
transfundir se Hb< 8,0/ g /dL.
E) INCORRETA - No pré-operatório, é aceitável
transfundir se Hb< 8,0 g /dL.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
Transfusão de hemácias:
• No pré-operatório, é aceitável transfundir se Hb< 8,0
g /dL.
• Em reoperação cardíaca é aceitável transfundir quan-
do Hb<10g/dL
Recomenda-se a transfusão profilática de plaquetas
sempre que a contagem estiver abaixo de 50.000/µL
nas seguintes situações: Anestesia peri-dural/ Biópsia
transbrônquica/ Biópsia hepática/Laparotomia/ Pun-
ção de veias profundas /Paracentese e toracocentese/
Extração dentária/Biópsia gástrica (endoscópica).
QUESTÃO 15
Um paciente com dor abdominal é admitido no pronto
atendimento e é encaminhado para avaliação médica.
Assinale a alternativa correta quanto ao exame des-
se paciente.
A) Dor no ombro esquerdo quando em decúbito dor-
sal após pressão colocada no abdome superior es-
querdo é denominada sinal de Carnett.
B) Pacientes com irritação peritoneal tipicamente
mudam continuamente de posição no leito en-
quanto tentam achar uma posição que reduza
seu desconforto.
C) O médico deve se posicionar à esquerda do pacien-
te e iniciar o exame físico pela palpação do abdome.
D) O quadro de íleo paralítico caracteriza-se por ruí-
dos abdominais “metálicos” em tom alto, que ten-
dem a ocorrer em salvas e estão associados à dor
e distensão.
E) A percussão firme da crista ilíaca ou do flanco com
uma perna estendida pode ajudar a identificar ca-
sos de peritonite.
Resposta correta: Letra E
| 63
Comentários:
Questão de semiologia.
Dor referida no ombro esquerdo (Sinal de Kehr) pode
ser uma dor refererida por irritação peritoneal por san-
gue ou outros agentes irritantes na cavidade/hipocôn-
drio, podendo ser um sinal indireto de ruptura do baço
no trauma, por exemplo.
Teste de Carnett
O paciente eleva sua cabeça no leito, tensionando os
músculos da parede abdominal.
Quando a dor é causada por condições da parede ab-
dominal (e.g., hematoma da bainha do músculo reto
abdominal), a hipersensibilidade à palpação permane-
ce, mas quando a dor é causada por condições intrape-
ritoneais, a hipersensibilidade à palpação diminui ou
desaparece (sinal de Carnett positivo).
Sinais clínicos de apendicite aguda:
Blumberg = descompressão brusca dolorosa em FID /
Rovsing = dor referida em FID à palpação de FIE
Dunphy = dor à percussão abdominal ou ao tossir
Lapinsky = dor à palpação com MID estendido e elevado
Lenander = diferença de temperatura axilar e retal > 1°C
Ten Horn = dor à tração suave do testículo direito
Aaron = dor epigástrica à palpação da FID
Obturador = dor à rotação interna da coxa direita fle-
xionada
Psoas = em decúbito lateral esquerdo, dor à extensão +
abdução do MID
Murphy = som não timpânico à palpação da zona apen-
dicular (sim existe um Murphy para apendicite aguda)
64 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Dor referida no ombro esquerdo
(Sinal de Kehr) pode ser uma dor refererida por ir-
ritação peritoneal por sangue ou outros agentes ir-
ritantes na cavidade/hipocôndrio, podendo ser um
sinal indireto de ruptura do baço no trauma, por
exemplo.
B) INCORRETA - Pacientes com irritação peritoneal
tendem a não se movimentar, pois qualquer mo-
vimento brusco, aumenta a dor e sofrimento em
virtude da peritonite.
C) INCORRETA - A padronização semiológica no
exame físico é com o médico à direita do paciente.
D) INCORRETA - O íleo paralítico, como o próprio
nome diz, há um silêncio abdominal, por ausência
de peristaltismo.
E) CORRETA - Com o paciente em decúbito dorsal,
o examinador pressiona profundamente a fossa
ilíaca direita do paciente, elevando a perna direi-
ta estendida. Caso o paciente relate dor durante a
manobra ou se o paciente responder flexionando a
perna para minimizar a dor, o sinal será conside-
rado positivo (Sinal de Lapinsky).
Take-Home Message:
Sinais clínicos de apendicite aguda:
Blumberg = descompressão brusca dolorosa em FID /
Rovsing = dor referida em FID à palpação de FIE
Dunphy = dor à percussão abdominal ou ao tossir
Lapinsky = dor à palpação com MID estendido e elevado
Lenander = diferença de temperatura axilar e retal > 1°C
Ten Horn = dor à tração suave do testículo direito
Aaron = dor epigástrica à palpação da FID
Obturador = dor à rotação interna da coxa direita fle-
xionada
Psoas = em decúbito lateral esquerdo, dor à extensão +
abdução do MID
Murphy = som não timpânico à palpação da zona apen-
dicular (sim existe um Murphy para apendicite aguda)
QUESTÃO 16
Um paciente de 75 anos, sem comorbidades, lúcido e
orientado, calmo, acompanhado por duas filhas, com-
parece em consulta médica com resultado de biópsia
de próstata – adenocarcinoma Gleason 10 (5+5). As
filhas solicitam, no início do atendimento, que não seja
informado o diagnóstico ao paciente. Durante a con-
sulta, o paciente questiona o médico sobre sua real pa-
tologia. Qual é a melhor conduta a ser tomada diante
dessa situação?
A) Informar ao paciente apenas que ele tem uma al-
teração no exame e que precisa ser tratado rapida-
mente, conforme o pedido das filhas.
B) Orientar as filhas sobre a opção do paciente e infor-
má-lo a respeito de seu real diagnóstico de câncer
de próstata, já que ele é lúcido e orientado e dese-
ja saber sobre sua patologia, estando tais ações de
acordo com as diretrizes do código de ética médica.
C) Informar ao paciente que o diagnóstico não será re-
velado, pois as suas filhas solicitaram sigilo quanto
ao diagnóstico, respeitando as diretrizes do código
de ética médica.
D) Não revelar o diagnóstico ao paciente, solicitar que
ele saia do consultório por um momento e informar
sobre a patologia – câncer de próstata – às filhas em
particular, respeitando as diretrizes do código de
ética médica.
E) Informar ao paciente sobre o seu diagnóstico de ne-
oplasia benigna da próstata, apesar do desejo das
filhas, respeitando o direito do paciente de acordo
com o código de ética médica.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
A autonomia, um dos princípios bioéticos descritos
pelos autores Beauchamp e Childress (2013, p. 137),
corresponde à capacidade das pessoas de decidir sobre
ou buscar algo que seja melhor para si segundo os seus
próprios valores e, para que isso ocorra, o indivíduo
deve ser livre para decidir, sem coações externas de con-
trole que influenciem as suas decisões, bem como deve
possuir consciência, razão e compreensão das opções
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
que lhe são ofertadas. O respeito à autonomia envolve
o respeito aos direitos fundamentais do indivíduo, con-
siderando-o um ser biopsicossocial e espiritual, dotado
de capacidade para tomar suas próprias decisões.
Capítulo V Relação com pacientes e familiares É veda-
do ao médico:
Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu
representante legal de decidir livremente sobre a execu-
ção de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em
caso de iminente risco de morte.
Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de
diagnóstico e tratamento, cientificamente reconheci-
dos e a seu alcance, em favor do paciente.
Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus
cuidados profissionais em casos de urgência ou emer-
gência, quando não haja outro médico ou serviço mé-
dico em condições de fazê-lo.
Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico,
o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento,
salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar
dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu
representante legal.
Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do
prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no
número de visitas, consultas ou quaisquer outros pro-
cedimentos médicos.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - é vedado do médico deixar de in-
formar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico ao
paciente.
B) CORRETA - Conforme descrito no código de éti-
ca médica do CFM.
C) INCORRETA - é vedado do médico deixar de in-
formar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico ao
paciente.
D) INCORRETA - é vedado do médico deixar de in-
formar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico ao
paciente.
E) INCORRETA - Trata-se de uma neoplasia maligna
da próstata.
| 65
Take-Home Message: É vedado ao médico:
Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico,
o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento,
salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar
dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu
representante legal.
QUESTÃO 17
Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma com-
plicação traqueal geralmente relacionada à intubação
orotraqueal prolongada.
A) Estenose traqueal.
B) Fístula traqueoesofágica.
C) Fístula traqueoinominada.
D) Granuloma de traqueia.
E) Lesão do nervo facial.
Resposta correta: Letra E
Comentários: São complicações da traqueostomia: es-
tenose traqueal, fístula traqueoesofágica, trauqeoinomi-
nada, granuloma… O nervo facial (VII) par craniano
está um pouco longe dessa topografia, não é mesmo?
Mas vamos aproveitar a questão fácil e aprender um
conceito importante para as provas:
Qual a conduta frente a um caso de estenose traque-
al pós intubação? As estenoses traqueais têm como
tratamento definitivo ideal a ressecção e anastomose
de traqueia, desde que algumas características este-
jam contempladas:
- Extensão menor que 5 cm
- Ausência de características inflamatórias
- Baixo risco cirúrgico
A estenose traqueal sempre deve ser uma suspeita diag-
nóstica frente a um paciente com dispneia, estridor
após um período prolongado de intubação.
As opções terapêuticas usuais são ressecção e anastomose,
a colocação de endopróteses ou as dilatações repetidas.
66 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
A ressecção e anastomose é o procedimento definiti-
vo de escolha, todavia existe a necessidade de uma boa
condição clínica, extensão favorável e ausência de si-
nais inflamatórios.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - É complicação da traqueostomia.
B) INCORRETA - É complicação da traqueostomia.
C) INCORRETA - É complicação da traqueostomia.
D) INCORRETA - É complicação da traqueostomia.
E) CORRETA - Gabarito da questão.
Take-Home Message:
As estenoses traqueais têm como tratamento definitivo
ideal a ressecção e anastomose de traqueia, desde que
algumas características estejam contempladas:
- Extensão menor que 5 cm
- Ausência de características inflamatórias
- Baixo risco cirúrgico
QUESTÃO 18
Um paciente de 85 anos, acamado há 2 anos e com
quadro de demência há 1 ano, foi diagnosticado com
múltiplos nódulos pulmonares e lesão expansiva no có-
lon, sendo internado com quadro de dispneia intensa e
saturação de O2 de 79%. O paciente já não responde
a estímulos verbais há alguns dias e está acompanhado
da filha. Qual é a melhor conduta a ser tomada nes-
se momento?
A) Instalar oxigenoterapia ao paciente e conversar
com a filha sobre estabelecer cuidados paliati-
vos a ele, tendo em vista suas condições clínicas
prévias e a provável complicação de um câncer
de cólon metastático sem indicação de tratamen-
to cirúrgico.
B) Solicitar o carrinho de parada, preparar tubo oro-
traqueal, administrar propofol e etomidato e proce-
der intubação orotraqueal em sequência rápida.
C) Instalar oxigenoterapia, solicitar exames laborato-
riais para investigação de possível sepse e solicitar
biópsia com urgência para diagnosticar e tratar o
provável câncer de pulmão.
D) Instalar oxigenoterapia e orientar a filha sobre a in-
dicação de intubação e cuidados paliativos em se-
guida do procedimento.
E) Oferecer oxigenoterapia, conversar com a filha so-
bre cuidados paliativos devido à demência e orien-
tar sobre o provável diagnóstico de 2 tipos de cân-
cer associados – câncer de pulmão e de cólon – com
indicação cirúrgica em 2 tempos.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
Questão de cuidados paliativos / proporcionais.
Estamos diante de um paciente FPT (fora de possibili-
dade terapêutica), com indicação de medidas de cuida-
dos proporcionais.
Nesses casos, se adotarmos medidas invasivas radicais,
podemos estar incorrendo em distanásia (prolongando
e piorando o sofrimento humano).
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Em casos delicados como esse, devemos estabelecer um
diálogo com a família, esclarecendo a situação atual e
avaliando o entendimento da familiar acerca do diag-
nóstico e prognóstico do quadro.
Nesses casos, devemos priorizar o suporte com alívio
do sofrimento e ortotanásia (proporcional a morte cor-
reta / boa).
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - Alternativa mais correta, que leva
em conta o contexto prognóstico, mas não aban-
dona o paciente, fornecendo suporte clínico, sem
maiores invasões.
B) INCORRETA - Medidas invasivas que irão apenas
prolongar o sofrimento do paciente.
C) INCORRETA - Paciente multimetástico com do-
ença avançada, sem necessidade de procedimentos
invasivos nem biópsias.
D) INCORRETA - A intubação, nesse caso, não faria
parte da paliação.
E) INCORRETA - Paciente sem a menor indica-
ção cirúrgica.
Take-Home Message:
Nos pacientes FPT (fora de possibilidade terapêutica),
devemos priorizar o diálogo e fomentar a adoção de
medidas de cuidados proporcionais.
Nesses casos, se adotarmos medidas invasivas radicais,
podemos estar incorrendo em distanásia (prolongando
e piorando o sofrimento humano).
| 67
QUESTÃO 19
Assinale a alternativa que melhor representa o conjunto
de características que sugerem pior prognóstico e esta-
diamento mais avançado em casos de melanoma malig-
no e qual deve ser a abordagem inicial mais correta em
uma lesão suspeita dessa neoplasia.
A) Presença de ulceração, Breslow de 0,2mm e Nível I
de Clark / biópsia incisional.
B) Breslow de 2,5mm, linfonodo sentinela positivo,
ausência de ulceração / biópsia excisional.
C) Índice mitótico de 4/mm², Breslow de 1,3mm e
invasão angiolinfática / biópsia incisional.
D) Presença de ulceração, Breslow de 0,3cm e linfo-
nodo sentinela positivo / biópsia excisional.
E) Nível II de Clark, Breslow de 0,18cm e invasão an-
giolinfática / biópsia tipo shaving.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
- 4-5% dos cânceres de pele, mas com maior mortalidade
- Sem indicação de rastreio geral, mas recomenda-se aos
pacientes de alto risco que estejam atentos a lesões:
- história pessoal de melanoma ou outro câncer de pele
- história familiar de melanoma
- múltiplos nevos
- nevo displásico prévio
- pele clara e/ou ruivos
- exposição solar excessiva
- Subtipos:
- extensivo superficial (70%): o mais comum, mais
relacionado a nevos pré-existentes. Pode ocorrer em
qualquer área, mas tem predileção por dorso em
homens e membros inferiores em mulheres. Cos-
tumam crescer de novo, sem associação com nevos.
- nodular (15-30%): segundo mais comum; detecção
precoce pode ser difícil, pois pode apresentar cor
uniforme ou lesão rósea/amelanótica, bordas simé-
tricas e diâmetro pequeno, além de lesões peduncu-
ladas, nodulares ou polipoides.
68 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

- lentigo maligno (10-15%): pacientes mais velhos,

com exposição solar crônica; lesões de crescimento
gradual ao longo de anos podem desenvolver carac-
terísticas suspeitas (assimetria, variação de cor, ...).
lesões palpáveis sugerem invasão da derme.
- acral lentiginoso (<5%): mais comum em pele escura,
geralmente lesões marrom escuras ou pretas em pal-
mas, plantas ou leito ungueal; elevação, ulceração,
sangramento ou aumento do diâmetro geralmente
significam invasão mais profunda na derme. Aten-
ção pois podem ser lesões hipo ou amelanóticas si-
mulando calos, tinea, úlceras de difícil cicatrização,
“unha encravada”, paroníquia, onicomicose.
- Fases de crescimento:
- radial: fase inicial, em que cresce horizontalmente,
confinado a epiderme
- vertical: a partir do momento em que infiltra a der-
me; denota potencial metastático
* nodular parece não ter fase radial
- Clínica:
Assimetria
Bordas irregulares
Coloração heterogênea
Diâmetro > 6mm
Evolução: mudança no tamanho, forma, cor ou lesão
nova
- Características importantes para prever probabilidade Vamos às alternativas:
de metástases: espessura (Breslow), ulceração, taxa
mitótica, invasão linfovascular ou perineural, mi- A) INCORRETA - Devemos procurar o maior bres-
crossatelitoses, acometimento de linfonodos low entre as alternativas.
- Fatores prognósticos: a espessura é o principal, segui- B) INCORRETA - Devemos procurar o maior bres-
do da presença de ulceração e taxa mitótica. low entre as alternativas.
- Ampliação de margens C) INCORRETA - Devemos procurar o maior bres-
low entre as alternativas.
Tis: 0,5 a 1cm
D) CORRETA - Aqui temos o maior breslow  0,3cm
T1 (< 1mm): 1cm = 3mm. Estamos diante de um T3bN+ (pelo tama-
> T2: 2cm nho e ulceração e linfonodo acometido).
E) INCORRETA - Devemos procurar o maior bres-
low entre as alternativas.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
- Características importantes para prever probabilidade
de metástases: espessura (Breslow), ulceração, taxa mi-
tótica, invasão linfovascular ou perineural, microssate-
litoses, acometimento de linfonodos
- Fatores prognósticos: a espessura é o principal, segui-
do da presença de ulceração e taxa mitótica.
- Ampliação de margens
Tis: 0,5 a 1cm
T1 (< 1mm): 1cm
> T2: 2cm
QUESTÃO 20
Assinale a alternativa que relaciona corretamente a
síndrome hereditária ao aumento do risco de cân-
cer colorretal.
A) A síndrome de Peutz-Jeghers é uma síndrome au-
tossômica recessiva, caraterizada por pólipos ha-
martomatosos intestinais e hiperpigmentação da
mucosa labial.
B) A síndrome de Turcot é caracterizada, principalmen-
te, por pólipos colorretais e adenomas tireoideanos.
C) A síndrome de Lynch é caracterizada por pequeno
número de pólipos colorretais e aumento do risco
também de câncer de endométrio e ovário.
D) A síndrome de Gardner é caracterizada pela pre-
sença de centenas a milhares de pólipos colorretais
associados, principalmente, ao aumento do risco de
câncer de colo uterino.
E) A Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) está forte-
mente associada à mutação do gene MLH1.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Síndromes de Polipose Familiar
Polipose Adenomatosa Familiar
Distúrbio autossômico dominante; sua forma clássica é
caracterizada pela presença de > 100 pólipos adenoma-
| 69
tosos pelo cólon a colonoscopia, contudo em sua forma
atenuada pode-se observar de 10-100 pólipos. Além do
acometimento colônico, pólipos gástricos e duodenais
podem ser observados.
Em ~90% dos casos o gene mutado é o APC, porém
aproximadamente 20% dos pacientes com mutação
apresentarão pesquisa genética negativa para a altera-
ção genética.
Neoplasias associadas:
- Gástrica
- Tumores periampulares (duodeno)
- Pancreática
- Delgado
- Colangiocarcinoma
- Hepatoblastoma
- (...)
~100% dos pacientes portadores de PAF desenvolverão
câncer colorretal até os 40 anos de idade.
Pacientes com PAF deverão realizar USG de tireoide ao
final da adolescência devido risco aumentado de tumo-
res de tireoide em relação à população.
ATENÇÃO: > 50% dos pacientes com PAF apresen-
tam pólipos gástricos e duodenais; contudo os pólipos
gástricos, geralmente localizados em fundo, tem baixo
potencial de malignização, ao contrário do que ocorre
com o pólipo duodenal, os quais deverão ser removidos
e submetidos a análise histopatológica.
ATENÇÃO: Cirurgia para pólipos duodenais só é in-
dicada para displasias de alto grau, carcinoma in situ
ou classificação de Spigelman > 4 pontos (considera
número de pólipos, tamanho dos pólipos, histologia e
grau de displasia).
Pacientes com risco de PAF:
- Parentes de primeiro grau com PAF
- > 10-20 adenomas colorretais
- Adenoma colorretal em associação com: adenoma
duodenal, tumor desmoide, tumor papilífero de
tireoide, cistos epidermoides, osteoma, hipertrofia
pigmentar da retina
70 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Ao diagnóstico de PAF: além da colonoscopia é man-
datório realizar TC de crânio ou radiografia de crâ-
nio, EDA, TC de abdome e pelve.
ATENÇÃO: Todo portador de PAF deverá realizar EDA
a cada 1-3 anos a partir dos 25-30 anos como méto-
do de rastreio para neoplasias gástricas e duodenais.
Paciente com PAF + Mutação do gene APC
- Rastreio com teste genético para todos os familiares
a partir dos 10-12 anos
- Se mutação presente no familiar: Colonoscopia (ou
retossigmoidoscopia) anual a partir dos 10-12 anos
até os 35-40 anos; a partir dessa idade: colonosco-
pia a cada 3 anos
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Paciente com PAF + Ausência de mutação do gene
APC no caso índice:
- Retossigmoidoscopia anual em todos os familiares
de risco a partir dos 10-12 anos até os 35-40 anos
ATENÇÃO: PAF atenuada apresenta maior risco de
lesão proximal, assim a colonoscopia é o melhor exame
para o rastreio adequado. Na PAF atenuada o rastreio
inicia-se aos 25 anos (anualmente ou bianualmente).
ATENÇÃO: Se for realizada polipectomia endoscópi-
ca é importante tatuar região distal e proximal a lesão.
Tatuagens são necessárias para lesões a partir da flexura
hepática ao reto alto.
Indicações Cirúrgicas de pacientes com PAF:
- CCR suspeito ou confirmado
- Sintomatologia grave (ex: sangramento)
- Displasia de alto grau
- Múltiplos adenomas > 6mm
- Aumento expressivo no número de pólipos
- Falta de vigilância adequada
Cirurgia:
- Proctocolectomia total com bolsa ileal
OU
- Colectomia subtotal com anastomose ileorretal
A cirurgia urgente / semi-eletiva deverá ser indicada se
houver suspeita ou confirmação de neoplasia ou se dis-
plasia de alto grau.
Para pacientes com PAF clássica a cirurgia deverá ser
indicada no final da adolescência ou no início da ter-
ceira década de vida.
ATENÇÃO: a presença > 100 pólipos é um indicador
de doença extensa, portanto a proctocolectomia total
com bolsa ileal é preferível à colectomia subtotal
Se < 10 pólipos adenomatosos no reto: colectomia sub-
total + vigilância do reto
Se > 10 pólipos adenomatosos no reto: Proctocolecto-
mia total com bolsa ileal
| 71
ATENÇÃO: A colectomia não elimina o risco de cân-
cer, portanto a vigilância deve ser mantida anualmente;
há risco de neoplasia na bolsa ileal ou no reto .
IMPORTANTE: A polipose adenomatosa associada a
mutação no MYH (MAP) é responsável por ⅓ dos pa-
cientes que têm polipose atenuada e que apresentam
teste negativo para mutações do gene APC. Esse tipo
de herança, ao contrário da PAF, é recessiva.
Síndrome de Gardner:
Variante da PAF (portanto relaciona-se com mutação
do gene APC) onde a polipose está associada a osteo-
mas (principalmente mandibulares e cranianos), tumor
desmoide, fibrossarcoma, fibromas, hiperpigmentação
de retina; em alguns casos os pacientes apresentam
dentes supranumerários.
Síndrome de Turcot:
Variante de PAF (portanto relaciona-se com mutação
do gene APC) onde há associação da polipose com tu-
mores do SNC (principalmente o meduloblastoma).
Polipose Juvenil Familiar:
Síndrome autossômica dominante assim como a PAF,
caracterizada pelo crescimento de pólipos hamartoma-
tosos colorretais; os pólipos hamartomatosos tendem a
ser grandes (1-3 cm) e propensos ao sangramento.
Em alguns pólipos hamartomatosos pode haver fo-
cos de adenomas e, por conseguinte, com displasia de
modo que há risco de malignização.
Síndrome de Cowden:
- Tipo de Polipose Juvenil Familiar
- Além dos pólipos hamartomatosos há hiperceratose
palmoplantar além de tumores faciais
- Risco aumentado de neoplasias de mama e tireoide
72 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Síndrome de Peutz-Jeghers:
Desordem autossômica dominante (gene STK11) ca-
racterizada por pólipos hamartomatosos, porém com
histologia diferente dos vistos na polipose juvenil fami-
liar. Além dos pólipos cujo predomínio é ao longo do
delgado, os pacientes apresentam manchas melanocíti-
cas em pele e mucosas.
Diagnóstico é feito pela presença de ≥ 2 dos seguintes:
- ≥ 2 pólipos hamartomatosos do tipo gastrointesti-
nal de Peutz-Jeghers
- Hiperpigmentação mucocutânea da boca, lábios,
nariz, olhos, órgãos genitais ou dedos
- História familiar de Síndrome de Peutz-Jeghers
Há risco aumentado de neoplasias extraintestinais:
- Neoplasia ovarianas
- Tumores testiculares feminilizantes
- Tumores pancreáticos
- Tumores de mama
Os locais mais comuns de malignidade do trato gas-
trointestinal são o cólon e o pâncreas, e o local mais
comum de câncer do trato extra-intestinal é a mama.
Colonoscopia, endoscopia por cápsula de vídeo e en-
doscopia digestiva alta inicialmente aos oito anos de
idade e repetida a cada dois a três anos se forem encon-
trados pólipos. Se nenhum pólipo for detectado, esses
exames deverão ser repetidos aos 18 anos de idade ou
mais cedo se surgirem sintomas e a cada dois ou três
anos a seguir.
Indica-se: colonoscopia, trânsito de delgado e EDA a
cada 2 anos, além de US endoscópica ou colangiorres-
sonância magnética para avaliação pancreática anual-
mente. Para mulheres recomenda-se US pélvico anual-
mente e mamografia aos 25, 30, 35 e 38 anos e a cada
2 anos a partir dos 40 anos.
Síndrome de Lynch
O Câncer Colorretal Hereditário Não-Polipoide
(CCHNP) é uma síndrome genética autossômica do-
minante com penetração variável. Ocorrem mutações
em genes que controlam o reparo do DNA (MSH2,
MLH1, MSH6, PMS2) culminando com a instabi-
lidade de microssatélites. Classicamente os tumores
ocorrem no cólon direito, no entanto tumores sincrô-
nicos e metacrônicos são muito comuns.
ATENÇÃO: Aproximadamente 15% dos casos de
CCR esporádicos apresentam instabilidade de micros-
satélites. A instabilidade de microssatélites é um fator
de pior prognóstico.
Histologicamente o CCR do paciente portador da Sd.
de Lynch tende a ser mucinoso, pouco diferenciado e
com células em anel de sinete.
Manifestações extracolônicas:
- Neoplasia de endométrio (principalmente)
- Neoplasia de ovário, estômago, delgado, vias bilia-
res, fígado, pelve renal e ureter, próstata, glioma, pân-
creas, SNC
Critérios de Amsterdã II: Proposto para identificar pa-
cientes com risco de CCHNP
- ≥ 3 parentes com tumores relacionados à síndrome
de Lynch sendo que ao menos 1 deles seja de primeiro
grau
- Envolver ≥ 2 gerações
- ≥ 1 dos parentes com diagnóstico de câncer antes
dos 50 anos
-
Excluído síndrome de polipose
OBS: Os critérios de Amsterdã podem ser lembrados
pela "regra 3-2-1" (3 membros afetados, 2 gerações, 1
com menos de 50 anos).
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Os critérios de Bethesda foram desenvolvidos para
identificar indivíduos com CCR que devem ser sub-
metidos a testes de instabilidade de microssatélites
a fim de diagnosticar possível síndrome de Lynch:
- CCR em paciente < 50 anos
- CCR sincrônico ou metacrônico ou outra neopla-
sia relacionada ao Lynch
- CCR com instabilidade de microssatélites em pa-
cientes < 50 anos
- CCR ou neoplasia relacionada ao Lynch em ≥ 1
parente de primeiro grau
- CCR ou neoplasia relacionada ao Lynch em ≥ 1
parente com < 50 anos
- CCR ou neoplasia relacionada ao Lynch em ≥ 2
parentes de primeiro ou segundo grau
Subtipos da Síndrome de Lynch:
- Sd. Lynch I: Apenas câncer colorretal
- Sd. Lynch II: CCR + predisposição a outros tumores
Tratamento do acometimento colônico:
- Colectomia Total + Anastomose ileorretal
- Os pacientes devem continuar a ser submetidos a
vigilância endoscópica anual do intestino restante,
devido ao alto risco de câncer metacrônico
- Em mulheres submetidas a cirurgia para CRC,
pode se oferecer a histerectomia total com salpin-
go-ooforectomia bilateral
Rastreios de outras neoplasias:
- Recomenda-se colonoscopia a partir dos 20-25
anos a cada 2 anos para os portadores da síndrome
| 73
ou 10 anos antes da idade do diagnóstico do caso
índice (o que for mais precoce). Após os 40 anos o
rastreio deverá ser anual
- Mulheres devem coletar amostra endometrial a par-
tir dos 30-35 anos anualmente (10 anos antes do
caso índice, o que for mais precoce)
- O rastreio de neoplasia ovariana também deverá
ocorrer anualmente a partir dos 30-35 anos com
US transvaginal e dosagem de Ca-125
- A partir dos 30-35 anos recomenda-se também o ras-
treio com EDA para tumores gástricos e duodenais
- Exame anual de exame de urina com início entre
30 e 35 anos. Ultra-sonografia renal a cada um a
dois anos em portadores de mutações no MSH2,
especialmente homens, após 35 anos como rastreio
de neoplasias do trato genitourinário
OBS: Algumas literaturas recomendam que para mu-
lheres o exame pélvico deverá ser realizado a cada
1-3 anos a partir dos 18 anos e a partir dos 25 anos
associar US transvaginal e biópsia endometrial anu-
almente e não a partir dos 30-35 anos.
ATENÇÃO: Recomenda-se teste genético para Sd.
Lynch nos seguintes casos:
- Todo CCR diagnóstico < 70 anos
- Neoplasia endometrial < 60 anos
- Parente de 1o grau com mutação MMR/EPCAM
- HF de câncer que preenche os critérios de Amsterdã
OBS: O uso de aspirina em portadores de síndrome de
Lynch pode reduzir a incidência de CCR.
74 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: Resposta correta: Letra B

A) INCORRETA - Desordem autossômica dominan- Comentários:

te (gene STK11).
A Questão trazia uma paciente de 32 anos com an-
B) INCORRETA - A síndrome de Turcot é uma variante
tecedente de uma comunicação interventricular (CIV)
de PAF (portanto relaciona-se com mutação do gene
APC) onde há associação da polipose com tumores do que não foi tratada de maneira adequada e que levou a
SNC (principalmente o meduloblastoma). paciente a desenvolver a síndrome de Eisenmenger. A
mesma se refere a uma elevação da pressão pulmonar a
C) CORRETA - Sd. Lynch II: CCR + predisposição
níveis sistêmicos, causada pelo aumento da resistência
a outros tumores (ginecológicos).
vascular pulmonar, com presença de um shunt reverso
D) INCORRETA - A síndrome de Gardner é uma va- (usualmente da Esq -> Dir e agora da Dir -> Esq) ou
riante da PAF (portanto relaciona-se com mutação bidirecional. Pacientes que apresentam características
do gene APC) onde a polipose está associada a os- francas da síndrome, os quais são, por exemplo, cianose
teomas (principalmente mandibulares e cranianos), (devido a presença de sangue não oxigenado na circu-
tumor desmoide, fibrossarcoma, fibromas, hiper-
lação), baqueteamento digital, cansaço e dispneia aos
pigmentação de retina; em alguns casos os pacien-
pequenos esforços, dispneia inclusive ao repouso, dor
tes apresentam dentes supranumerários.
torácica, vertigem, síncopes, dentre outros, apresentam
E) INCORRETA - O mutação no gen MLH1 está as- prognóstico extremamente reservado, visto que uma
sociada À Síndrome de Lynch. vez que a síndrome se desenvolve, não há tratamento
efetivo para a mesma.
Take-Home Message:
Polipose Adenomatosa Familiar
Distúrbio autossômico dominante; sua forma clássica é
caracterizada pela presença de > 100 pólipos adenoma-
tosos pelo cólon a colonoscopia, contudo em sua forma
atenuada pode-se observar de 10-100 pólipos.

QUESTÃO 21
Uma mulher de 32 anos procura atendimento médico
com queixa de cansaço aos mínimos esforços. Refere
sopro cardíaco desde a infância. Possui histórico de co-
municação interventricular e evolução para Síndrome
(ou fenômeno) de Eisenmenger nos últimos dois me-
ses. Qual achado de exame físico é certamente encon-
trado nessa paciente?
A) Sopro holossistólico com hiperfonese de B1.
B) Pronunciada cianose de extremidades.
C) Déficit cognitivo moderado.
D) Pulso em martelo d'água.
E) Pressão arterial convergente.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) o paciente em Questão apresentava
hipertensão pulmonar importante. Dessa forma ela
não apresentaria hiperfonese de B1, mas sim de B2.
B) (CORRETA) o paciente com a síndrome de Ei-
senmenger possui, dentre os sintomas, cianose de
extremidades.
C) (INCORRETA) déficit cognitivo não está incorpo-
rado na sintomatologia da síndrome.
D) (INCORRETA) pulso em martelo d’água é caracte-
rístico de pacientes que possuem insuficiência aórtica.
E) (INCORRETA) pressão arterial convergente está
presente em paciente, por exemplo, em pacientes
com baixo débito cardíaco.
Take-Home Message:a síndrome de Eisenmenger se
caracteriza por reversão do Shunt (usualmente E -> D)
para direita -> esquerda devido a um aumento de pres-
são pulmonar. O paciente com a síndrome tem circu-
lação de grande quantidade de sangue desoxigenado na
circulação e por isso possui quadro semelhante a uma
cardiopatia congênita cianótica.
QUESTÃO 22
Um homem de 57 anos procura atendimento médico
com queixa de palpitações e dor torácica tipo aperto,
de início há 30 minutos.
Apresenta hipotensão (PA 60x40mmHg). Após ava-
liar o ritmo mostrado a seguir, qual é a conduta
mais adequada?
| 75
A) Manobra vagal.
B) Adenosina 6mg EV em bólus.
C) Amiodarona 150mg EV em 30 minutos.
D) Deslanosídeo 0,8mg EV em bólus.
E) Cardioversão elétrica sincronizada.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
A Questão abordava um paciente novamente com uma
taquiarritmia. No caso, um senhor de 57 anos que dava
entrada com uma taquicardia ventricular (TV) instá-
vel. Nessa Questão, seria adequado o reconhecimento
da arritmia em Questão pois facilitaria a sua resolução,
no entanto, sabendo reconhecer o quadro de arritmia e
instabilidade, já seria possível responder a mesma.
De toda forma, o paciente apresenta uma taquiarritmia
de complexo QRS largo, monomórfica, característica
de TV. O reconhecimento da mesma e do quadro clíni-
co é importante, visto que pacientes com TV podem se
apresentar com ausência de pulso, configurando uma
PCR e denotando uma apresentação e um atendimen-
to totalmente diferente.
Era essencial reconhecer também que o paciente apre-
senta critérios de instabilidade frente a uma arritmia.
Geralmente os mesmos são: Dispneia, dor torácica, hi-
potensão, síncope. Na Questão, o mesmo apresentava
um quadro de hipotensão.
Frente a uma taquiarritmia de QRS largo, monomór-
fica e instável a conduta de escolha é a cardioversão
elétrica sincronizada.
76 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: Comentários:

A) (INCORRETA) manobra vagal é utilizada nos ca- A questão trazia ao conhecimento a escala do NIHSS
sos de taquicardia supraventricular (TSV) como (National Institutes of Health Stroke Scale). A mesma
tentativa para reversão do quadro. Não deve ser é uma escala que deve ser utilizada quando o paciente
utilizada em pacientes com TV instável apresenta sintomas compatíveis com quadro de aciden-
te vascular cerebral. O intuito da escala é quantificar os
B) (INCORRETA) Adenosina 6mg deve ser utilizada
déficits provocados pelo AVC do paciente e auxiliar no
também em TSV na tentativa de reversão do quadro.
tratamento de maneira indireta. O NIHSS é composto
C) (INCORRETA) Amiodarona pode ser utilizado em por 11 itens, que são graduados, usualmente de 0 a 4
pacientes com TV, no entanto, que mantenham es- na pontuação.
tabilidade clínica, como uma tentativa de reversão.
Deve-se lembrar que o NIHSS é uma escala que não
D) (INCORRETA) Deslanosídeo geralmente é utili-
apresenta boa sensibilidade para lesões na fossa poste-
zada em pacientes com FA de alta resposta ventri-
rior (a ex. cerebelares). Dessa forma, deve-se ter cautela
cular para diminuição da frequência cardíaca
ao utilizá-la em pacientes com sintomas suspeitos de
E) (CORRETA) Cardioversão é o tratamento de escolha síndromes posteriores.
frente a uma taquiarritmia instável e monomórfica
De acordo com a pontuação, temos a classificação do
AVC:
Take-Home Message: Taquiarritmias de QRS largo e
0 – sem sintomas compatíveis com AVC
instáveis devem ser tratadas com cardioversão elétrica.
Dentre os sinais de instabilidade temos dispneia, dor 1-4 AVC minor
torácica, síncope e hipotensão. 5-15 AVC moderado
16-20 AVC moderado a severo
QUESTÃO 23 21-42 AVC severo
Sobre a escala NIHSS (National Institute of Health Deve-se ter em mente também que a escala visa gradu-
Stroke Scale), é correto afirmar que ar aquilo que ela vê e não o que o médico acredita. Des-
sa forma, não se deve auxiliar o paciente na realização
A) A presença de ataxia pode ser avaliada pela mano-
das manobras ou questões e deve se considerar apenas
bra índex-nariz ou calcanhar-joelho.
aquilo que pode ser avaliado.
B) A presença de mutismo causado por barreira mecâ-
nica (cânula orotraqueal, por exemplo) caracteriza Dessa forma o NIHSS é uma escala com boa acurácia e
pontuação máxima nos itens disartria e linguagem. boa capacidade de predição de prognóstico nos pacien-
tes com AVC agudo.
C) a pontuação, nos casos em que o paciente não pos-
sui um membro (amputação), deve ser máxima na
avaliação de força desse membro.
D) A heminegligência deve ser pontuada no paciente
não contactuante.
E) A escala de NIHSS é mais importante nos casos de
AVC hemorrágico.
Resposta correta: Letra A
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (CORRETA) a ataxia ,de fato, pode ser avaliada
pela manobra índex-nariz ou calcanhar joelho.
B) (INCORRETA) Como dito, a escala deve ser utili-
zada por aquilo que se pode avaliar. Pacientes com
cânula orotraqueal são impossibilitados da avalia-
ção de disartria e linguagem, dessa forma esses itens
não devem ser pontuados.
C) (INCORRETA) Semelhante a alternativa B. Caso
o paciente não possua um membro, se torna im-
possível a avaliação do mesmo. O item não deve ser
pontuado.
D) (INCORRETA) a heminegligência se caracteriza por
um paciente que não reconhece uma parte/ membro
do seu corpo. Um paciente não contactante não se
refere ao mesmo conceito de heminegligência.
E) (INCORRETA) a escala do NIHSS é mais
importante nos casos de AVC isquêmico do
que hemorrágico.
Take-Home Message: A escala do NIHSS é muito uti-
lizada para avaliação dos casos de AVC. É essencial sa-
ber os pontos que compõem a escala. Por fim, a escala
pontua apenas o que ela vê e não outros pontos.
| 77
QUESTÃO 24
Uma mulher de 55 anos está internada em um hospi-
tal, com diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio
(IAM) com supradesnivelamento do segmento ST no
eletrocardiograma (ECG), e precisa ser transferida para
outro serviço para a realização de estudo hemodinâ-
mico e provável intervenção percutânea de urgência.
Diante do exposto, assinale a alternativa correta.
A) As informações sobre a paciente são sigilosas e só
podem ser transmitidas para outro médico através
de mandado judicial.
B) A falta do serviço de hemodinâmica no hospital
atual é de responsabilidade do diretor técnico, que
deve ser acionado para resolução do caso.
C) É obrigação do médico assistente informar, de
forma clara e concisa, todos os dados necessá-
rios para que exista uma transferência de cuida-
dos adequada.
D) O transporte da paciente até o serviço de referên-
cia é de responsabilidade do médico que vai receber
a paciente.
E) O tempo decorrido durante o transporte tem pou-
ca ou nenhuma influência no desfecho do caso.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Essa questão aborda um ponto muito importante: o
bom senso. No caso, apresentava-se uma paciente com
quadro compatível com IAM com supra e que deveria
ser transferida para outro serviço para realização de an-
gioplastia primária. A questão então abordava a respei-
to dos trâmites relacionados à transferência da paciente
para outro serviço.
Vale lembrar dos tempos para tratamento de IAM com
supra:
Tempo porta-agulha: 30 minutos
Tempo porta-balão (hemodinâmica local): 90 minutos
Tempo porta-balão (transferência) até 120 minutos.
78 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) as informações do paciente nes-
se caso não devem ser sigilosas, considerando uma
transferência entre serviços. Pelo contrário, tanto o
médico que vai realizar a transferência, quanto o
colega que vai receber a paciente devem estar cien-
tes de todos os dados da mesma para bom planeja-
mento e tratamento da mesma
B) (INCORRETA) A falta do serviço de hemodinâmi-
ca não é responsabilidade do diretor técnico. Nem
todo hospital deve ter em sua estrutura uma sala
de hemodinâmica. Não é algo mandatório. Além
disso, você não vai acionar o diretor e aguardar o
mesmo resolver o caso em vigência de uma paciente
com IAM com supra.
C) (CORRETA) resposta bem escrita, coesa e corre-
ta. É obrigação do médico a transmissão de todos
os dados para que seja realizada uma transferência
de cuidados adequada.
D) (INCORRETA) o transporte é de responsabilidade
do médico do serviço em que a paciente se encontra.
E) (INCORRETA) o tempo tem muita importância
nesses casos, visto que quanto mais tempo despen-
dido, mais lesão cardíaca essa paciente apresentará.
Take-Home Message: Bom senso. Uma boa comunica-
ção, prontuário bem escrito e passagem de informações
de maneira correta é essencial para o bom tratamento
da paciente em Questão.
QUESTÃO 25
Um homem de 34 anos é levado ao serviço médico de
urgência com história de ferimento por projétil de arma
de fogo na coxa direita. Ele relata que estava fazendo
limpeza e manutenção da sua arma, quando houve o
disparo acidental. Relata que, durante alguns segundos,
não sentiu nenhuma dor e logo chamou por ajuda. No
momento da avaliação, refere dor intensa. Sobre a fisio-
patologia da dor, assinale a alternativa correta.
A) A temperatura elevada do projétil leva à inativação
dos nociceptores de pele e estruturas mais profundas.
B) A dor experimentada pelo paciente pode ser carac-
terizada como visceral verdadeira.
C) A retirada do projétil é essencial para uma adequa-
da analgesia.
D) Dentro do componente sensitivo- discriminativo,
a modulação tem papel importante nesse caso e
tem função evolutiva de proporcionar um com-
portamento de luta e/ou fuga.
E) A ausência de dor nos primeiros segundos após o
acidente pode estar relacionada com o histórico do
paciente (por exemplo: ex- militar).
Resposta correta: Letra D
Comentários:
A Questão apresentava um paciente de 34 anos que
foi ferido por um arma de fogo em sua coxa direita. Ele
relata que inicialmente não sentiu dor alguma e que
depois de algum tempo iniciou quadro de dor intensa.
Mediante esse cenário, era solicitado algum grau de co-
nhecimento sobre a fisiopatologia da dor; assunto mui-
to presente atualmente.
Era adequado lembrarmos que o estímulo nociceptivo
caminha através de fibras nervosas e ocorre sinapse no
gânglio dorsal da medula, com posterior transmissão
via canal medular até centros corticais onde a dor é in-
terpretada.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) A temperatura elevada do projétil
não leva a inativação, mas sim, a ativação dos noci-
ceptores e estruturas mais profundas.
B) (INCORRETA) A dor do paciente não é visceral.
Dores viscerais tendem a ser dores tendem a ser mal
localizadas, profundas. O paciente apresenta uma
dor do tipo somática, conduzida por receptores so-
matossensoriais.
C) (INCORRETA) A retirada do projétil não é neces-
sária para uma analgesia adequada.
D) (CORRETA) De fato a modulação da dor ini-
cialmente tem um papel evolutivo, contribuindo
para o mecanismo de fuga, necessário em situa-
ções de risco.
E) (INCORRETA) o histórico do paciente nada tem
a ver com a ausência de dor nos primeiros segundos
após a lesão causada pelo projétil. Isso tem a ver
com a ativação do sistema simpático e liberação de
neurotransmissores (a ex. dopamina).
Take-Home Message: Fisiopatologia da dor se baseia
na condução de impulsos somatossensoriais até os cen-
tros corticais. A modulação da dor em situação de risco
tem caráter evolutivo e visa auxiliar na fuga mediante
situação de perigo.
| 79
QUESTÃO 26
Uma mulher de 30 anos é levada ao serviço médico de
urgência, por familiares, com quadro de rebaixamento
do nível de consciência. Ao exame, apresenta-se bra-
dipneica (FR=8irpm) e comatosa (glasgow 9). A mãe
informa histórico de uso de heroína. Após estabilização
clínica inicial, qual é a conduta mais adequada?
A) Hipotermia terapêutica.
B) Lavagem gástrica com carvão ativado.
C) Administração de flumazenil endovenoso.
D) Administração de bicarbonato endovenoso.
E) Administração de naloxona endovenosa.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
A questão apresentava uma paciente intoxicada por
Heroína. Era necessário o conhecimento de que a dro-
ga faz parte da família dos opioides e por isso, poderia
induzir a paciente a ter uma síndrome hipnótica-nar-
cótica-sedativa.
Dentre as características típicas da síndrome estão re-
baixamento do nível de consciência, bradipnéia, bradi-
cardia e miose.
A questão em si não apontava quanto tempo fazia desde
que a paciente havia realizado o uso da droga, dessa forma,
essa era uma informação importante para não pensarmos
em maneiras de realizar a descontaminação da mesma.
Além disso, a questão já pontuava que você havia rea-
lizado estabilização clínica, e solicitava então, qual era
a conduta adequada mais adequada. Você deveria saber
que o antídoto para abuso de opióides é a Naloxona.
80 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) a hipotermia terapêutica não é o
tratamento de escolha no caso. A mesma pode ser
utilizada em síndromes simpatomiméticas na ten-
tativa de diminuir a hipertermia. A mesma também
é ainda utilizada, embora com ressalvas, em pacien-
tes pós PCR para proteção neurológica.
B) (INCORRETA) como dito acima, não nos é dito
o tempo de consumo da droga. Dessa forma, não
é possível inferir a possibilidade de realização de
descontaminação gástrica. Além disso, a paciente
se encontra com RNC, o que se configura como
contraindicação à realização do mesmo.
C) (INCORRETA) O flumazenil é o antídoto quando
há uma intoxicação por benzodiazepínicos.
D) (INCORRETA) o bicarbonato de sódio pode ser
utilizado em pacientes que apresentam intoxicação
por antidepressivos tricíclicos, por exemplo.
E) (CORRETA) Heroína é um opioide e o antídoto
de escolha é o uso de Naloxona.
Take-Home Message: Reconhecer as toxíndromes é
importante para o tratamento e manejo desses pacien-
tes. A intoxicação por opióides se caracteriza por RNC,
bradipneia e miose. O tratamento de escolha é com
Naloxona, fora o suporte clínico adequado.
QUESTÃO 27
Um homem de 88 anos está internado com quadro de
dor e distensão abdominal de início há uma semana. Após
investigação clínica e exames complementares, o diagnós-
tico de neoplasia maligna de reto é estabelecido, além da
presença de metástases em fígado, pulmão e cérebro. So-
bre a comunicação de más notícias, é correto afirmar que
A) o uso de respostas “prontas”, sem antes escutar a
mensagem, é importante para uma comunicação
eficiente e humanizada, em especial na transmissão
de más notícias.
B) A escuta atenta e a comunicação terapêutica são
vertentes essenciais na estruturação de um diálogo
franco e acolhedor entre o profissional e o pacien-
te, em especial nos momentos de enfrentamento e
elaboração dos processos decisórios em cada etapa
de seu plano de cuidados.
C) A análise da linguagem verbal representa aproxima-
damente 93% da comunicação, sendo que a lingua-
gem não verbal representa aprox. 7%.
D) São habilidades de comunicação importantes nesse
contexto: escutar bem, mentir se necessário, proporcio-
nar uma falsa alegria, instigar esperança e aliviar a dor.
E) A comunicação de más notícias deve ser realizada,
preferencialmente, pelo profissional psicólogo ou
assistente social.
Resposta correta: Letra B
Comentários: Outra Questão que trazia o concei-
to de bom senso. A Questão abordava um paciente
com diagnóstico de neoplasia maligna de reto, já com
múltiplas metástases e com prognóstico reservado. A
intenção da Questão era trazer à tona a comunicação
de más notícias frente a um processo irreversível viven-
ciado pelo paciente.
Nesse processo, é importante salientar que a relação
médico-paciente é essencial. É essencial que o profis-
sional de saúde tenha compaixão e carinho pelos fami-
liares em um momento tão delicado e que a comuni-
cação não verbal acabe sendo mais importante do que
a verbal. O apoio e o suporte emocional são essenciais
para a condução do caso.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) não devemos utilizar respostas
prontas. A escuta é muito mais importante do que
a fala. É essencial ouvir o paciente e os familiares e
suas angústias para que possamos assim tentar ali-
viar um pouco do sofrimento.
B) (CORRETA) A resposta está bem escrita e repre-
senta pilares importantes na comunicação de más
notícias. É sempre essencial a escuta atenta dos
problemas e uma comunicação terapêutica e efe-
tiva, além de compaixão e carinho pelo paciente e
seus familiares.
C) (INCORRETA) No processo de comunicação, a
linguagem não verbal acaba sendo mais importante
que a linguagem verbal. O acolhimento e a escuta
são essenciais para o alivio do sofrimento do pa-
ciente e familiares.
D) (INCORRETA) não há nexo nenhum em uma al-
ternativa que nos recomenda mentir para o pacien-
te, se necessário ou causar falsa alegria. Alternativa
absurda
E) (INCORRETA) a comunicação de más notícias
deve ser realizada pelo profissional médico. A mes-
ma pode ter o acompanhamento sim da equipe de
psicologia, o que muitas vezes é essencial. No en-
tanto, é dever e responsabilidade médica a comuni-
cação de más notícias.
Take-Home Message: comunicação de más notícias
é um processo. A escuta, a linguagem não verbal e a
comunicação terapêutica são pilares importantes. Ter
compaixão, carinho e acolhimento para com o paciente
e familiares se faz essencial. É responsabilidade médica
realizar tal ação.
| 81
QUESTÃO 28
(ANULADA) Sobre os Anticoagulantes Orais Diretos
(DOAC), assinale a opção que NÃO age através do fa-
tor Xa.
A) Dabigatrana.
B) Apixabana.
C) Edoxabana.
D) Rivaroxabana.
E) Enoxaparina.
Resposta correta: Letra A e E
Comentários:
Essa questão trazia de maneira direta se o candidato
conhece os famosos DOACs, ou novos anticoagulantes
orais diretos. E a questão era bem direta, perguntando
quais que agem através da inibição do fator Xa.
Uma dica prática é pensar que todos os anticoagulantes
que possuem “XA” em seu nome acabem tendo atua-
ção no fator Xa.
Dessa forma, RivaroXAbana, EdoXAbana, ApiXAbana
são medicações pertencentes a essa classe. As mesmas
atuam de forma direta inibindo o fator Xa. Essas me-
dicações possuem formulação oral e são fáceis de serem
administradas.
A EnoXAparina também acaba inibindo o fator Xa,
porém de forma indireta, através da ligação com a an-
titrombina. Além disso, a medicação é realizada EV ou
SC, usualmente. Não há formulação oral
A Dabigatrana, por outro lado, é um inibidor direto da
trombina, potente, competitivo e reversível. A Dabiga-
trana inibe a trombina livre, trombina ligada à fibrina e
agregação plaquetária induzida pela trombina.
82 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (CORRETA) Dabigatrana, como dito acima, é inibi-
dor direto da trombina, portanto não inibe fator XA
B) (INCORRETA) Apixabana, como dito acima, é
inibidor do fator Xa, direto.
C) (INCORRETA) Edoxabana, como dito acima, é
inibidor do fator Xa, direto.
D) (INCORRETA) Rivaroxabana, como dito acima, é
inibidor do fator Xa, direto
E) (CORRETA) Enoxaparina não é anticoagulante
oral e não inibe de maneira direta o fator Xa. En-
tão também seria correto assinalar a alternativa E.
A Questão cabe recurso ou mesmo anulação justa-
mente por esse fato. Ela pergunta sobre anticoagulan-
tes orais e inibidores diretos do fator Xa. Como dito
acima, tanto a dabigatrana, quando a Enoxaparina não
se encaixam nesse perfil e portanto, tanto a resposta “A”
quanto a resposta “E” estariam corretas
Take-Home Message: Os inibidores diretos do fator
Xa, conhecidos como DOACs, são essencialmente, Ri-
varoxabana, Apixabana, Edoxabana. Dabigatrana age
através da inibição direta da trombina.
QUESTÃO 29
Uma mulher de 40 anos, branca, refere que, há 3 me-
ses, apareceram manchas avermelhadas nas pálpebras e no
dorso das mãos que apresentavam melhora discreta com o
uso tópico de corticoide. Nos últimos 20 dias, começou a
apresentar dificuldade de elevar os braços para pentear os
cabelos e escovar os dentes. Também notou que não con-
seguia subir os dois lances de escada de sua casa e passou a
precisar de ajuda para levantar da cama e de cadeiras. Qual
achado de exame físico pode definir o diagnóstico?
A) Eritrodermia.
B) Prurido generalizado.
C) Pápulas de Gottron.
D) Nódulos de Bouchard.
E) Nódulos de Heberden.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
A questão abordava uma paciente de 40 anos que vinha
apresentando um quadro típico de miosite. Há relatos
de dificuldade para elevar os membros, pentear os ca-
belos e escovar os dentes. E pelo enunciado, nota-se
uma progressão importante para cada vez uma fraqueza
mais importante.
Junto ao quadro de miosite, que vinha se desenvolven-
do de maneira progressiva, a paciente apresenta lesões
cutâneas em mãos e pálpebras.
A análise do quadro nos permite inferir que a paciente
possivelmente está desenvolvendo um quadro de der-
matomiosite (DM).
A dermatomiosite é uma miopatia imunomediada com
evidência de inflamação da musculatura estriada, não
supurativa. A fraqueza se apresenta principalmente no
esqueleto proximal/axial da paciente.
As mulheres são duas vezes mais acometidas que os ho-
mens, no entanto na juventude, costumam apresentar
incidências iguais.
Estudos sugerem associação dos genes de HLA como
HLADQA1 0501 para DM juvenil e polimorfismo 308
do TNF-alfa em pacientes com fotossensibilidade na
DM. Há sugestões ainda de outros fatores associados.
Junto ao quadro de miosite, justamente pelo nome
“dermato”, há manifestações cutâneas.
Os achados típicos da DM constituem as famosas
“pápulas de Gottron”, que consistem em pápulas rosa-
-violáceas presentes nas articulações interfalangianas e
metacarpofalangeanas. Há também o sinal de Gottron,
um eritema macular rosa-violáceo em cotovelos e joe-
lhos, por exemplo. Por fim há o sinal do Heliotrópio,
um eritema de mesma coloração, que pode apresentar
edema na região periorbital.
Pelo enunciado da questão fica claro que o achado de
exame físico que iria contribuir com o diagnóstico se-
riam as pápulas de Gottron
Dentre os exames a serem solicitados, incluem-se CPK
e aldolase, sendo a CPK mais sensível e muitas vezes
aumentada
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Também são solicitados hemograma, PCR, função he-
pática, FAN, biópsia muscular, anti-Jo1
A terapêutica é realizada principalmente com corticóides.
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) - A eritrodermia se refere a uma in-
flamação grave, no qual há presença de lesões erite-
mato-descamativas em pelo menos ⅔ do corpo do pa-
ciente. usualmente 80 a 90% da superfície acometida.
Não seria um achado comum em pacientes com DM
B) (INCORRETA) - Prurido generalizado não faz
parte do quadro clínico típico da DM. poderia se
apresentar como reação adversa de medicação re-
alizada. No entanto, não cursaria com quadro de
miopatia como descrito no enunciado.
| 83
C) (CORRETA) - As pápulas de Gottron, como des-
crito acima, são características de DM e portanto,
a resposta da pergunta.
D) (INCORRETA) - Nódulos de Bouchard são nó-
dulos presentes nas articulações interfalangeanas
proximais, geralmente presentes em casos de osteo-
artrite ou artrite reumatóide
E) (INCORRETA) - Nódulos de Heberden são nó-
dulos presentes nas articulações interfalangeanas
distais, também presentes em casos de osteoartrite
ou artrite reumatóide.
Take-Home Message: na Dermatomiosite, o paciente
apresenta quadro típico de miopatia associada a sinais
cutâneos clássicos, como, por exemplo, as pápulas de
Gottron e o sinal de Heliotrópio.
QUESTÃO 30
Sobre a asma, é correto afirmar que
A) o uso de anti-inflamatórios não hormonais está in-
dicado nos casos refratários.
B) o tabagismo (ativo ou passivo) é a principal causa
de falta de controle da asma.
C) A escolha do dispositivo inalatório tem pouca im-
portância no manejo adequado da asma.
D) A asma é uma doença heterogênea, caracteriza-
da por inflamação crônica das vias aéreas de cau-
sa alérgica.
E) A base do tratamento medicamentoso é constituída
pelo uso de corticoide inalatório.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
A questão abordava um conhecimento a respeito de
Asma, doença sempre muito presente nas provas de
residência, visto sua prevalência importante no meio.
Devemos lembrar que a asma é uma doença inflamató-
ria crônica das vias aéreas, heterogênea e multifatorial.
84 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
a base do tratamento da mesma atualmente é com
corticoides inalatórios e broncodilatadores a base de
formoterol, sendo que atualmente, o uso de apenas
broncodilatadores de curta duração, a exemplo o salbu-
tamol, estão em desuso, visto maior reação inflamatória
causada pelo seu uso e potencial para mais exacerbações
e mortalidade aumentada
Nas crises de asma, o corticoide intravenoso ou oral e
broncodilatação, além de um bom suporte de 02 são os
pilares do tratamento do quadro.
lembrar que casos refratários podem ser tratados com
sulfato de magnésio.
Caso haja falha importante no manejo do quadro, in-
tubação orotraqueal pode e deve ser considerada. Ou-
tras medicações como adrenalina, heliox são relatadas,
mas com evidências mais frustras
Há outra medicação potencial para casos graves, no en-
tanto, ainda não deve ser considerada como rotina que
é o Enoximone.
Por fim, é importante ressaltar o uso do peak-flow no
manejo da asma. Pacientes que após medidas apresen-
tam VEF1 ou Peak-Flow acima de 60% do esperado po-
dem ser preparados para a alta hospitalar, enquanto que
os que não preenchem o critério devem ser reavaliados.
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) - O uso de AINES não deve ser
utilizado de rotina no tratamento da Asma. casos
refratários, seja no contexto ambulatorial ou hospi-
talar, não tem indicação de uso de AINES a não ser
puramente no intuito de providenciar analgesia.
B) (INCORRETA) - embora o tabagismo, ativo ou
passivo, realmente seja um fator de descompensa-
ção da asma, a principal causa de descompensação
é o não compliance no uso das medicações para tra-
tamento do quadro, como, por exemplo, os corti-
cóides inalatórios.
C) (INCORRETA) - a escolha do dispositivo inalató-
rio tem muita importância no tratamento e manejo
do quadro de Asma, além do conhecimento do pa-
ciente a respeito de sua utilização.
D) (INCORRETA) - de fato a Asma é uma doença
heterogênea, no entanto nem sempre a causa da
doença provém de quadro atópico (alergia). Temos
também Asma induzida por exercício, asma indu-
zida por frio, há componentes genéticos associados,
sendo assim, essa alternativa não contempla o ne-
cessário sobre o quadro.
E) (CORRETA) - como dito anteriormente, a base
fundamental do tratamento da Asma hoje, se ba-
seia no uso de corticoides inalatórios.
Take-Home Message: Asma é uma doença inflamatória
crônica das vias aéreas, extremamente prevalente e que
tem como base de seu tratamento o uso de corticoides
inalatórios, associados ao uso de um broncodilatador,
composto, principalmente por formoterol.
QUESTÃO 31
Um homem de 62 anos está internado há 2 dias devido
à fratura do pé D. Possui histórico de consumo de bebi-
da alcoólica em grande quantidade,principalmente
destilados. Apresenta agitação importante, tremores,
febre baixa e taquicardia, além de delírios audiovisuais.
Em relação ao tratamento medicamentoso da abstinên-
cia alcoólica, assinale a melhor alternativa nesse caso.
A) Diazepam 10mg endovenoso (EV).
B) Midazolam 10mg intramuscular (IM).
C) Haloperidol 5mg EV.
D) Haloperidol 5mg IM.
E) Clorpromazina 25mg IM.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
Questão muito legal que aborda o manejo das síndro-
mes de abstinência alcóolicas (SAA) no PS.
O consumo crônico de álcool leva a uma maior ativa-
ção dos receptores GABA, que são em suma, inibitórios
e uma menor ativação dos receptores NMDA ligados
ao glutamato, que são excitatórios. pacientes que ces-
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 85

sam abruptamente o consumo de álcool, apresentam Vamos às alternativas:

uma desregulação desse balanço, fazendo com que os
receptores GABA sejam menos ativados e os NMDA A) (CORRETA) - Diazepam EV deve ser a medica-
mais ativados, causando sintomas excitatórios e de ca- ção de escolha inicialmente para o tratamento dos
racterística simpática nestes doentes. Como resultado, pacientes com quadro de SAA.
os mesmos experienciam uma mistura de sintomas B) (INCORRETA) - Midazolam IM até pode ser uti-
simpáticos e alucinações, principalmente visuais. lizado em uma situação de agitação importante ou
crise convulsiva no qual não há acesso disponível,
para o diagnóstico da SAA, é necessário a história de
no entanto, em um paciente internado, com acesso,
interrupção no consumo de álcool e pelo menos mais
não há razão para realização de múltiplas doses de
dois critérios, que incluem: hiperatividade autonômi-
medicação IM.
ca, tremores de mãos, náuseas, vômitos, alucinações,
ansiedade, agitação, insônia e crises convulsivas. C) (INCORRETA) - o uso do haloperidol não é con-
siderado o esteio do tratamento de pacientes com
O diagnóstico de delirium tremens geralmente se apre- SAA.
senta após 72hs de abstinência e constitui um espectro
D) (INCORRETA) - o uso do haloperidol não é
extremo da SAA. O mesmo deve ser tratado agressiva-
considerado o esteio do tratamento de pacientes
mente, visto o potencial importante de morbi-mortali-
com SAA.
dade associado.
E) (INCORRETA) - o uso da Clorpromazina não é
Podem ser utilizados instrumentos como CIWA-AR considerado o esteio do tratamento de pacientes
ou mesmo a escala de RASS para medir o grau de SAA com SAA. neurolépticos até podem ser utilizados
que os pacientes apresentam. em conjunto com BZD em pacientes que apresen-
Usualmente o tratamento é realizado com benzodia- tam agitação extrema.
zepínicos(BZD) (EV ou VO a depender do grau da
SAA. Há estudos utilizando fenobarbital, com resulta- Take-Home Message: Abstinência alcoólica é uma
dos tão bons quanto ou até melhores que os BZD. doença prevalente e que deve ser manejada de maneira
Outros pontos importantes no tratamento desses pa- adequada, idealmente com Benzodiazepínicos.
cientes incluem hidratação adequada, manejo de dis-
túrbios eletrolíticos (hipocalemia e hipomagnesemia) e
reposição de tiamina (preocupação com Wernicke)
Por fim, medicações como beta-bloqueadores, anticon-
vulsivantes, clonidina, etanol parenteral, baclofeno são
descritos, mas fogem do escopo de discussão da questão.
Vale apenas ressaltar que a Carbamazepina tem descri-
ção como possível substituição para os BZD em doses
que podem chegar a 1600 mg/dia.
86 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 32
Uma mulher de 75 anos procura atendimento médico
com queixa de falta de ar aos mínimos esforços. Possui
histórico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção
reduzida. Ao exame, apresenta estertores crepitantes em
bases pulmonares, pressão arterial (PA): 160x100mmHg,
perfusão distal adequada e edema de membros inferio-
res. Diante do exposto, assinale a alternativa correta.
A) O uso de dobutamina diminui o risco de morte.
B) Apresenta perfil hemodinâmico quente e úmido.
C) Expansão volêmica com cristaloides está indicada
nesse caso.
D) O uso de milrinone está indicado e impacta na so-
brevida da paciente.
E) O uso de garrotes em membros, para diminuir a
pós-carga, está indicado.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
A questão já apresentava de maneira direta que a pacien-
te em questão possuía quadro de insuficiência cardíaca
com fração de ejeção reduzida (ICFER). isso já facilitava
bastante a questão e o que ela mostrava a seguir era uma
paciente com hipertensão e estertores pulmonares bila-
terais, sugerindo um quadro de edema agudo pulmonar
associado ao quadro de ICFER - possível descompensa-
ção do quadro de base. A perfusão da paciente se mos-
trava como adequada, sugerindo a não existência de um
componente de baixo débito associado.
Mediante essas informações, deveríamos lembrar os
perfis de descompensação de uma insuficiência cardía-
ca, os quais são basicamente 4:
No caso, nossa paciente apresentava um perfil do tipo
B, o qual se caracteriza como quente e úmido, sugerin-
do portanto a presença de congestão pulmonar e sistê-
mica, no entanto sem sinais de baixo débito cardíaco.
O tratamento em questão para a descompensa-
ção do tipo B é suporte ventilatório/oxigeniotera-
pia (muitas vezes realizado com VNI), vasodilatação
e diureticoterapia.
Nos pacientes que possuem sinais de baixo débito, usu-
almente é também adicionado medicações inotrópicas
(dobutamina, milrinone), a fim de se melhorar a per-
fusão sistêmica.
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) - diante do exposto, Dobutamina
não teria utilidade, visto que a paciente não apresen-
ta sintomas compatíveis com baixo débito cardíaco.
B) (CORRETA) - a paciente de fato possui perfil he-
modinâmico quente e úmido.
C) (INCORRETA) - a paciente possui sinais clínicos
de congestão pulmonar e possivelmente sistêmica.
A expansão volêmica não está indicada no momen-
to e possivelmente seria deletéria para a paciente.
D) (INCORRETA) - diante do exposto, Milrinone não
teria utilidade, visto que a paciente não apresenta
sintomas compatíveis com baixo débito cardíaco.
E) (INCORRETA) - não há indicação de utilização de
garrotes para melhora do quadro clínico da paciente.
Take-Home Message: Insuficiência cardíaca é uma das
doenças que mais matam no mundo. nas descompen-
sações, é essencial saber o tipo de perfil hemodinâmico
que o paciente apresenta, pois isso guiará a terapêutica
e a condução do caso.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 87

QUESTÃO 33 Nos casos de pacientes que evoluem com SARA, deve-

-se utilizar os critérios de Berlim para se estabelecer o
Sobre a injúria pulmonar aguda relacionada à transfu- diagnóstico do quadro. O tratamento desses pacientes
são (TRALI), é correto afirmar que deve ser baseado no conceito de ventilação mecânica
A) só ocorre nas transfusões de concentrado de hemáceas. protetora; ou seja; VC ≤ 6mL/Kg, Pressão de Platô
B) o uso de corticoides sistêmicos está indicado. ≤30cmH20, driving pressure ≤15 cmH20.
C) Nos casos em que a ventilação mecânica seja neces- A reação pode ocorrer com a infusão de qualquer he-
sária, volume corrente >8mL/Kg e pressão média de mocomponente.
via aérea acima de 30cm de H20 estão indicados.
D) o início dos sintomas em até 06 (seis) horas da
transfusão é um dos critérios diagnósticos.
E) o uso de diurético de alça está indicado.
Resposta correta: Letra D

Comentários:
A questão apresentava um conceito relacionado às rea-
ções transfusionais agudas.
As reações transfusionais são geralmente divididas em 2
grupos, sendo as agudas, àquelas ocorridas em até 24hs
da transfusão sanguínea e as tardias, àquelas que ocor-
rem após 24hs até 3 semanas pós transfusão.
Dentre as reações agudas as principais são: Reação fe-
bril não hemolítica, reação febril hemolítica, anafilaxia,
Vamos às alternativas:
urticária, sepse, TACO e TRALI.
Dentre as reações tardias, temos: Doença do enxerto A) (INCORRETA) - a reação transfusional pode ocor-
contra hospedeiro, púrpura pós-transfusional, reação rer com a transfusão de qualquer hemocomponen-
hemolítica tardia e aloimunização. te, não necessariamente hemácias.
B) (INCORRETA) - o uso de corticoides não tem in-
A TRALI (do inglês “Transfusion-related acute lung in-
dicação robusta no tratamento da TRALI. Há rela-
jury”) é uma forma de lesão pulmonar aguda potencial-
tos de casos isolados que sugiram benefício de uso
mente fatal que ocorre quando neutrófilos são ativados
na síndrome. No entanto, a eficácia de corticoides
pelo produto transfusional na vasculatura pulmonar
não foi comprovada em RCTs e, por isso, de costu-
de um indivíduo suscetível. Os sintomas usualmente
me não deve ser realizada.
envolvem febre, calafrios, hipotensão, instabilidade he-
modinâmica e desconforto respiratório (podendo evo- C) (INCORRETA) - a alternativa aborda justamente
luir para SARA franca). tudo que não deve ser realizado no tratamento de
uma SARA.
A terapia é principalmente de suporte e pode incluir
D (CORRETA) - por ser uma reação transfusional
intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Cortico-
aguda deve se iniciar em até 24hs.
terapia não é usualmente realizada. diuréticos de alça
não são realizados na TRALI, apenas na TACO (Trans- E (INCORRETA) - o uso de diuréticos de alça tem
fusion associated circulatory overload). papel na TACO e não na TRALI.
88 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message: TRALI é uma reação transfusio-
nal aguda grave, potencialmente fatal, que cursa com
desconforto respiratório franco e possível evolução para
SARA. o tratamento é de suporte e envolve as medidas
já estudadas para ventilação mecânica protetora.
QUESTÃO 34
Em relação à arterite temporal (ou arterite de células
gigantes), é correto afirmar que
A) o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE)
está indicado.
B) O uso de glicocorticóides em altas doses pode au-
mentar o risco de perda visual permanente.
C) quase nunca ocorre antes dos 50 anos de idade.
D) é mais comum na população afrodescendente.
E) O tratamento é diferente nos casos em que a bióp-
sia é inconclusiva.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
A questão aborda mais uma vasculite muito comum
nas provas. Outra questão bastante direta.
A arterite de células gigantes (ACG) ou arterite tempo-
ral é uma vasculite de grandes vasos que atinge majori-
tariamente pacientes mais idosos. Em especial mulhe-
res acima dos 50 anos.
Costuma apresentar como sintomas cefaléia importan-
te, principalmente na região da artéria temporal, dor e
claudicação de mandíbula, de lingua, suores noturnos e
pode apresentar uma complicação temida que é a perda
visual. Esses pacientes também podem apresentar dife-
rença de pulsos entre os membros além de sopros.
Classicamente os exames solicitados são hemograma,
VHS (este usualmente >50) e PCR.
Sempre lembrar que os pacientes que apresentam sin-
tomas clássicos e sinais de mau prognóstico não devem
esperar a conclusão da investigação para realização de
tratamento.
dentre os testes diagnósticos para ACG temos: biop-
sia de arteria temporal, USG com doppler das artérias
temporais superficiais e axilares (ou ambos). pode-se
utilizar angio-TC e/ou AngioRM para avaliação dos
vasos (a ex., arco aórtico).
Devemos lembrar que a biópsia pode vir negativa, visto
o componente saltatório da lesão.
O tratamento é realizado idealmente com corticoides.
pulsoterapia pode ser necessária.
Deve-se monitorar a paciente quanto às suas comorbi-
dades no início do tratamento
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) - o uso de AINES não está indica-
do e não constitui a terapêutica padrão para o qua-
dro. devemos lembrar que corticoterapia é o esteio
do tratamento para ACG
B) (INCORRETA) - muito pelo contrário. o uso de
corticoides em altas é necessário para frear o proces-
so muitas vezes e impedir que ocorra a perda visual.
C) (CORRETA) - realmente a ACG é muito mais
comum em pacientes acima de 50 anos de idade,
sendo assim é bastante infrequente a sua ocorrên-
cia antes dos 50 anos.
D) (INCORRETA) - A ACG é mais comum na popu-
lação branca.
E) (INCORRETA) - não. Devemos lembrar que a bi-
ópsia nem sempre é positiva pelo caráter saltatório da
doença. 20-44% das vezes a biópsia é inconclusiva.
Take-Home Message: ACG é uma vasculite que aco-
mete mulheres mais velhas, cujos sintomas incluem ce-
faléia, claudicação de mandíbula e possivelmente per-
da visual em casos graves. mais comum na população
branca. o esteio do tratamento se faz com corticoides.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 35
Sobre a artrite reumatoide, é correto afirmar que
A) 70 a 80% dos pacientes apresentam Fator Reuma-
toide (FR) positivo em algum momento da vida.
B) corticoide oral, como prednisona, é uma das drogas
de primeira escolha.
C) envolve exclusivamente estruturas articulares
e periarticulares.
D) o acometimento da coluna lombar é comum.
E) A presença de Velocidade de Hemossedimentação
Aumentada (VHS) tem valor preditivo positivo
alto para o diagnóstico.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
A Questão abordava de maneira bastante direta o co-
nhecimento sobre uma doença muito prevalente que
é a Artrite Reumatóide (AR). Como sabemos, a AR é
uma doença inflamatória crônica que pode afetar di-
versas articulações. Além disso, existe um componente
sistêmico da doença, visto que esses pacientes podem
ter acometimento pulmonar, cardíaco, ocular, dentre
outros. Sua causa é desconhecida e geralmente se inicia
entre 30 e 40 anos. A doença tem uma miríade de sin-
tomas, dentre os quais a rigidez e dor em mais de uma
articulação, eritema, inchaço e descoloração nas articu-
lações, boca seca, nódulos no subcutâneo, parestesias
em membros (a ex. no punho), etc. O tratamento ge-
ralmente deve ser realizado em conjunto com um reu-
matologista e se baseia no uso das famosas DMARDS
(em português, drogas antirreumáticas modificadoras
de doença).
| 89
Vamos às alternativas:
A) (CORRETA) é realmente correto afirmar que 70%
a 80% dos pacientes apresentarão fator reumatóide
presente em algum momento de sua vida. Da mes-
ma forma, o anti-CCP (anticorpo antipeptídeo ci-
trulinado) também estará presente em uma porcen-
tagem semelhante nos pacientes portadores de AR.
B) (INCORRETA) Corticoide não deve ser utilizado
como medicação de primeira escolha. As medica-
ções de primeira escolha consistem nas DMARDS.
Dentre essas, temos como exemplo, sulfassalazina,
metotrexato, cloroquina, inibidores de TNF-alfa, ri-
tuximab. A Corticoterapia pode ser utilizada inicial-
mente para alívio sintomático do quadro, visto que
as DMARDS levam um tempo até começarem a agir
C) (INCORRETA) como dito, a AR é considerada
uma doença sistêmica e possui acometimento sis-
têmico. Os pacientes podem apresentar sintomas
pulmonares, cardíacos, oculares, etc.
D) (INCORRETA) O acometimento da coluna lombar
e do eixo axial não é comum. O mais comum é ter-
mos acometimento de articulações em membros.
E) (INCORRETA) a presença do VHS é apenas um
marcador de inflamação ocorrendo sistemicamen-
te. O mesmo se mostra aumentado em diversas
condições. Tem um valor preditivo positivo im-
portante quando se trata de um quadro de Arterite
temporal. No caso da AR, a positividade do mesmo
não denota alteração no diagnóstico.
Take-Home Message: AR é uma doença extremamente
importante e extremamente prevalente. É uma doença
sistêmica, tratada com DMARDS. Nem todos os pa-
cientes apresentarão FR ou ANTI-CCP positivos em
seu quadro clínico.
90 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 36
Um homem de aproximadamente 50 anos apresenta
um colapso na recepção do pronto-socorro e é levado
diretamente para a sala de emergência. Após verificar a
responsividade, qual é a conduta mais adequada?
A) Iniciar compressões torácicas.
B) Aplicar duas ventilações de resgate.
C) Acesso venoso calibroso e expansão volêmica.
D) Eletrocardiograma de 12 derivações.
E) Checar o pulso carotídeo e a respiração.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
A Questão traz de maneira direta o conhecimento so-
bre o ACLS atual. Como o paciente não se encontrava
em um ambiente pré-hospitalar, e sim, intra-hospitalar,
com todos os recursos necessários, teríamos que lem-
brar do algoritmo do ACLS para responder a Questão.
No entanto, a Questão aborda o quadro inicial de uma
possível PCR e o que deve ser realizado. O primeiro
passo realizado no enunciado foi o de checar a respon-
sividade do paciente, o famoso “senhor, senhor”, que
aprendemos nos cursos de ACLS. Logo após, caso não
haja responsividade, deve ser checado um pulso cen-
tral (no caso carotídeo ou femoral) e visto se o paciente
apresenta incursões respiratórias. Caso o mesmo não
apresentasse nenhum dos dois, estaria definida uma
PCR e o médico deveria iniciar o atendimento do pa-
ciente (compressões torácicas e ventilações). Os ritmos
de PCR então seriam checados (se chocáveis ou não
chocáveis) e o determinado curso seria dado de acordo
com o tipo de ritmo identificado. Dessa forma:
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) antes de se iniciar as compressões
torácicas deve se verificar se o paciente está em PCR
ou não. Em ambientes extra-hospitalares, caso um
desconhecido não esteja apto a identificar se há ou
não PCR, e acreditar estar diante de uma, o mes-
mo pode iniciar compressões torácicas. Nesse caso,
você é um médico, apto a reconhecer o quadro.
B) (INCORRETA) ventilações de resgate geralmente
não são realizadas, a não ser que estejamos em faixa
etária pediátrica ou estejamos lidando, por exem-
plo, com vítimas de afogamento, no qual pode se
iniciar a RCP com ventilações de resgate e normal-
mente no número de 5 (visto que nesse caso, com
toda certeza o motivo da PCR foi hipóxia).
C) (INCORRETA) o acesso venoso deve ser realizado
no curso do atendimento da PCR, o mais rápido
possível, em no máximo duas tentativas. Lembrar
que caso o mesmo não seja possível, que deverá ser
realizado um acesso intra-ósseo. Expansão volêmi-
ca está dentro do atendimento de uma PCR como
uma possível causa reversível (5H e 5T).
D) (INCORRETA) o ECG não deve ser realizado
durante o atendimento de uma PCR. O mesmo
pode ser realizado após o retorno à circulação es-
pontânea, por exemplo, para verificação da pre-
sença de infarto agudo do miocárdio como causa-
dor da PCR.
E) (CORRETA) o passo a ser realizado imediata-
mente após a checagem de responsividade, é a ve-
rificação da presença de pulsos e respiração.
Take-Home Message: Primeiro passo de um PCR é
avaliar responsividade, seguido da avaliação de pulsos
e respiração e então, caso ausentes, se inicia o atendi-
mento do paciente.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 37
Uma mulher de 50 anos procura atendimento médico
com queixa de disúria e polaciúria há um dia. Possui
histórico de infecção urinária de repetição, e o último
episódio foi causado por pseudomonas aeruginosa (uro-
cultura) há 60 dias. Todas as opções de antimicrobiano
a seguir podem ser utilizadas empiricamente, EXCETO
A) Meropenem.
B) Ertapenem.
C) Ciprofloxacina.
D) Ceftazidima.
E) Amicacina.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
A Questão aborda uma paciente com um diagnósti-
co clássico de infecção do trato urinário (ITU) com
uma paciente que apresenta disúria e polaciúria como
sintomas cardinais. A mesma relata que paciente apre-
senta diversas infecções de repetição fazendo com que
na última apresentasse um germe multidroga resistente
(os conhecidos germes “multi-R”). Então de maneira
bastante direta perguntava quais antibióticos tem pos-
sibilidade de atuação, de maneira empírica contra a
Pseudomonas aeruginosa. Devemos lembrar que a reali-
zação de culturas é essencial no tratamento de germes
multi-R para identificação dos antibióticos passíveis de
serem utilizados para o tratamento dos mesmos. Na
Questão era perguntado qual antibiótico não pode ser
utilizado de maneira empírica.
| 91
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) Meropenem faz parte do grupo
dos carbapenêmicos e pode ser utilizado no trata-
mento de Pseudomonas aeruginosa.
B) (CORRETA) Ertapenem também faz parte do
grupo dos carbapenêmicos, no entanto esta droga
apresenta algumas particularidades. Dentre elas,
pode ser realizado intramuscular, pode ser feita 1x
ao dia (o que a torna atrativa, por exemplo, em
pacientes idosos, situações de Home Care), e não
há cobertura anti-Pseudomonas.
C) (INCORRETA) Ciprofloxacino é uma quinolona
fluorada e a mesma possui atividade contra Pseudo-
monas aeruginosa.
D (INCORRETA) Ceftazidima é uma cefalosporina
de 4 geração e a mesma tem atuação contra Pseu-
domonas aeruginosa. Devemos lembrar que dentre
as cefalosporinas, geralmente apresenta atuação
contra Pseudomonas aeruginosa, Cefepima, Cefta-
zidima. Podemos também considerar por vezes o
Cefoperazone.
E) (INCORRETA) Amicacina é um aminoglicosí-
deo e o mesmo tem atuação contra Pseudomonas
aeruginosa.
Take-Home Message: O tratamento de germes multi-R
envolve o uso de antibióticos de amplo espectro, com
conhecida sensibilidade e na realização de culturas para
determinar com exatidão o espectro de ação dos anti-
microbianos no tratamento desses microrganismos.
92 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 38 B) (INCORRETA) A Torsades de Pointes é uma ta-

quiarritmia de QRS largo e polimórfica. É classica-
Qual das seguintes taquiarritmias apresenta complexo mente associada a hipomagnesemia.
QRS estreito e regular?
A) Fibrilação atrial.
B) Torsades de Pointes.
C) Taquicardia atrial.
D) Taquicardia de movimento circular antidrômica.
E) Flutter atrial com bloqueio AV variado.
Resposta correta: Letra C

Comentários:
A Questão abordava o tema das taquiarritmias. No
caso ela perguntava qual das alternativas abaixo se con-
figurava como uma arritmia que possuía QRS estreito
regular. No caso dessa Questão era necessário lembrar
das características das apresentadas. Era uma Questão
bastante direta, que não perguntava sobre tratamentos
ou outras características.
C (CORRETA) A alternativa correta trazia uma Ta-
quicardia atrial que se configura como uma taqui-
cardia de QRS estreito e intervalo regular. É carac-
terístico da arritmia a ativação atrial, muitas vezes
com morfologia distinta do comum do paciente.

Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) A primeira apresentada era a Fibri-
lação atrial, que é conhecida por ser uma taquiar-
ritmia de QRS estreito, no entanto, de intervalo
irregular; é conhecida como uma arritmia irregu-
larmente irregular. Deve-se lembrar que a atividade
atrial até pode existir, no entanto, a mesma não é
organizada.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
D) (INCORRETA) Essas duas taquiarritmias costumam
confundir muita gente. Há a ortodrômica e a antidrô-
mica. A primeira segue um ciclo de ativação através do
feixe de HIS e o retorno por uma via acessória, dessa
forma, persiste como uma arritmia de QRS estreito
e regular. No entanto, a antidrômica tende a seguir
por uma via distinta, com ativação através de uma
via acessória e retorno pela via central. Dessa forma
se categoriza como uma arritmia de QRS largo, não
podendo ser a resposta para a nossa Questão.
E) (INCORRETA) flutter atrial com BAV variável é
considerada uma taquiarritmia com QRS curto, no
entanto, a presença de BAV variável já denota que
a condução não será feita de maneira homogênea.
Dessa forma, o QRS permanecerá curto, no entan-
to será irregular.
Take-Home Message: o conhecimento das taquiarrit-
mias é essencial em todas as provas. Decorrem os prin-
cipais tipos de arritmias e a partir daí derivem o conhe-
cimento para a resposta das questões. Saibam quais são
de QRS estreito e longo. Nesse caso a taquicardia atrial
se configurava como QRS curto e regular.
| 93
QUESTÃO 39
Referente à osteomielite, é correto afirmar que
A) A forma não hematogênica é mais comum em
adultos jovens, vítimas de trauma com solução de
continuidade na pele.
B) A radiografia simples pode auxiliar no diagnóstico,
principalmente na fase inicial da doença.
C) A maioria dos antimicrobianos possui boa distri-
buição na medula óssea.
D) Os marcadores inflamatórios mais comuns (velocida-
de de hemossedimentação e proteína C reativa) geral-
mente são normais nas primeiras 2 semanas de doença.
E) O uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE)
é considerado tratamento de primeira escolha.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
A Questão trazia o conceito de osteomielite e pergun-
tava de maneira bastante direta sobre os conhecimentos
acerca do assunto. A osteomielite é uma infecção que
carrega consigo alta morbidade e mortalidade e deve
sempre ser identificada e tratada de maneira adequa-
da. No caso não havia imagens ou quadro clínico para
ajudar na sugestão do quadro. Na maior parte dos qua-
dros, a infecção é ocasionada por Staphylococcus aureus.
Em pacientes com quadro de anemia falciforme, lem-
brar da presença de Salmonella. Dentre outros possíveis
organismos causadores, temos Escherichia coli (Usuá-
rios de droga), Klebsiella, dentre outros.
Vamos às alternativas:
A) (CORRETA) a osteomielite geralmente pode ser
adquirida de duas formas: hematogênica e não
hematogênica. Realmente a forma não hematogê-
nica é mais comum em adultos jovens vítimas de
trauma, já que muitas vezes esses pacientes apre-
sentam solução de continuidade importante, fra-
turas ósseas e extensa contaminação da área em
Questão. Dessa forma, é essencial que o reconhe-
cimento e o tratamento precoce sejam realizados a
fim de tentar impedir a evolução do quadro.
94 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
B) (INCORRETA) a radiografia não é adequada para
avaliação nos estágios iniciais do quadro. Geral-
mente ela começa a se mostrar como instrumento
de auxílio a partir da segunda semana do quadro. A
radiografia costuma demonstrar osteopenia, reação
periosteal, lise local, perda da cortical óssea, perda
do trabeculado ósseo, dentre outros.
Case courtesy of Assoc Prof Frank Gaillard, Radiopaedia.org, rID: 7663
C) (INCORRETA) A maioria dos antimicrobianos
não possui boa penetração óssea. Esse é um dos
fatores que dificulta tanto o tratamento da osteo-
mielite. Ainda em vigência de infecção, o osso mal
perfundido dificulta ainda mais a chegada do anti-
biótico na região. Usualmente o tratamento antibi-
ótico é estendido por várias semanas.
D) (INCORRETA) Os marcadores de inflamação,
como a PCR e o VHS tendem a estar bem aumen-
tados nas primeiras semanas do quadro, visto o pico
de inflamação ocasionado pela infecção local.
E) (INCORRETA) o uso de AINES não deve ser
considerado como tratamento de primeira esco-
lha. O uso de AINES se configura apenas como
sintomático.
Take-Home Message: Osteomielite possui duas formas
de aquisição: hematogênica e não hematogênica. An-
tibiótico é o tratamento de escolha e geralmente por
várias semanas. RX só é útil em fases mais tardias do
quadro. Ao contrário, exames como Tomografias e RM
podem detectar de maneira mais precoce o quadro.
QUESTÃO 40
O uso da medicação sacubitril-valsartana está indicado
em qual das seguintes doenças?
A) Hipertensão arterial refratária.
B) Miocardiopatia isquêmica.
C) Fibrilação atrial.
D) Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida.
E) Hipertensão arterial sistêmica associada à diabe-
tes mellitus.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
A Questão aborda a utilização de uma medicação cada
vez mais utilizada na prática clínica da cardiologia e que
hoje está como medicação de escolha no tratamento da
Insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida. O
Entresto, conhecido pelo nome genérico de Sacubitril-
-Valsartana é um inibidor de angiotensina e neprilisina
(INRA). Desde o estudo PARADIGM-HF o mesmo
vem sendo usado para pacientes com ICFER. Sucessi-
vos estudos demonstraram redução na mortalidade dos
pacientes que fazem uso da medicação e redução nas
internações por IC descompensada. Em comparação
com a Valsartana apenas (estudo PARAMOUNT) foi
mostrada redução do NT-proBNP e uma tendência de
melhora da classe funcional. Ou seja, hoje, medicação
de escolha para tratamento de ICFER. Lembrar que
caso o paciente faça uso de IECA, o mesmo deve ser
descontinuado por 36 horas antes do início do Entres-
to para diminuição da possibilidade de Angioedema.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) (INCORRETA) o Entresto não é a medicação de
escolha em pacientes com HAS refratária
B) (INCORRETA) em pacientes com miocardiopatia
isquêmica, o sacubitril-valsartana não é utilizado,
a não ser que o paciente desenvolva ICFER. Nesse
caso, pode ser utilizado.
C) (INCORRETA) a medicação não é de escolha para
o tratamento de FA
D) (CORRETA) A medicação é de escolha para o tra-
tamento de pacientes com ICFER.
E) (INCORRETA) o Entresto não é utilizado para
tratar HAS associada a DM
Take-Home Message: O sacubitril-valsartana é uma
medicação nova e de escolha para o tratamento de IC-
FER. Ganhou espaço nesses anos e é considerada como
medicação de escolha atualmente.
| 95
QUESTÃO 41
Um paciente de 13 anos está em tratamento de leuce-
mia. Já passou por diversos tratamentos e procedimen-
tos, sem sucesso na remissão de sua doença. Por fazer
seu tratamento em um hospital escola, foi chamado,
juntamente com seus pais, para uma consulta, na qual
foi convidado a participar de uma pesquisa clínica com
medicamento experimental. Na ocasião, o médico ex-
plicou os detalhes do tratamento proposto, bem como
seus possíveis riscos. Diante do quadro apresentado, as-
sinale, entre as seguintes alternativas, a correta.
A) A evolução em prontuário do aceite dos responsá-
veis e do paciente é documento suficiente para sua
inclusão na pesquisa.
B) O termo de consentimento livre e esclarecido deve
ser assinado pelo paciente.
C) O assentimento do paciente é desejável, mas não
deve ser determinante em sua inclusão ou exclusão
na pesquisa.
D) Além do consentimento do representante legal,
é necessário o assentimento livre e esclarecido do
paciente, na medida de sua compreensão.
E) O medicamento da pesquisa poderia ser adminis-
trado como novo esquema terapêutico quimioterá-
pico, sem necessidade do esclarecimento de todos
os detalhes, como foi feito no caso.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
A questão aborda sobre ética médica em pesquisa clí-
nica com pacientes pediátricos, tal tema é abordado no
capítulo 12 do código de ética médica que traz as se-
guintes postulações:
É vedado ao médico:
Art. 101. Deixar de obter do paciente ou de seu repre-
sentante legal o termo de consentimento livre e escla-
recido para a realização de pesquisa envolvendo seres
humanos, após as devidas explicações sobre a natureza
e as consequências da pesquisa. Parágrafo único. No
caso do sujeito de pesquisa ser menor de idade, além do
96 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
consentimento de seu representante legal, é necessário
seu assentimento livre e esclarecido na medida de sua
compreensão.
Art. 102. Deixar de utilizar a terapêutica correta, quan-
do seu uso estiver liberado no País. Parágrafo único.
A utilização de terapêutica experimental é permitida
quando aceita pelos órgãos competentes e com o con-
sentimento do paciente ou de seu representante legal,
adequadamente esclarecidos da situação e das possíveis
consequências.
Art. 110. Praticar a Medicina, no exercício da docência,
sem o consentimento do paciente ou de seu represen-
tante legal, sem zelar por sua dignidade e privacidade
ou discriminando aqueles que negarem o consentimen-
to solicitado.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - É necessário a obtenção do termo
de consentimento dos responsáveis legais e assenti-
mento do paciente, na medida da sua compreen-
são, o registro em prontuário deve ser feito porém
não exime a necessidade do termo.
B) INCORRETA - O termo de consentimento livre
e esclarecido deve ser assinado pelo representante
legal, o paciente menor de idade deve assentir ao
procedimento em questão.
C) INCORRETA - Novamente deve-se obter o assen-
timento da criança, após prestar os devidos esclare-
cimentos, na medida de sua compreensão, quanto
a natureza da pesquisa e suas consequências.
D) CORRETA - Obter o consentimento do represen-
tante legal e o assentimento do paciente é exata-
mente o que determina o código de ética médica.
E) INCORRETA - O código de ética médica deter-
mina que a utilização de terapêutica experimental
é permitida quando aceita pelos órgãos competen-
tes e com o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, adequadamente esclarecidos da
situação e das possíveis consequências.
Take-Home Message:
O código de ética médica é claro quanto a necessidade
do esclarecimento aos representantes legais e ao pacien-
te pediátrico na realização de pesquisa clínica, é neces-
sário o consentimento dos responsáveis (com termo es-
pecífico assinado) e assentimento do paciente (ele deve
compreender e aceitar o que está sendo proposto).
QUESTÃO 42
A enurese noturna é uma queixa frequente no consul-
tório pediátrico. Qual das seguintes alternativas é cor-
reta a respeito dessa condição?
A) A enurese primária ocorre quando a criança nunca
ficou mais de 1 dia sem urinar durante o sono.
B) A enurese é dita secundária quando a criança ficou
um período igual ou superior a
4 semanas sem enurese e voltou a urinar durante o sono.
C) Fatores psicológicos são a causa mais comum de
enurese primária.
D) É definida por perda intermitente de urina durante
o sono, em maiores de 3 anos, pelo menos 1 vez por
noite, na ausência de alterações de sistema nervo-
so central.
E) Não há associação significativa entre sobrepeso
e enurese.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Define-se como enurese qualquer tipo de perda uriná-
ria (grande ou pequena quantidade) que ocorre duran-
te o sono, independentemente da presença ou ausência
de sintomas diurnos. É classificada como frequente
quando ocorrem mais de 4 episódios/mês e infrequen-
te quando inferior a 4 episódios/mês. É considerada
como sintoma quando ocorre na criança a partir dos 5
anos, com pelo menos 1 episódio/mês e duração míni-
ma de 3 meses.
Pode ser classificada em:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
• Monossintomática: presença de enurese sem outros
sintomas do trato urinário inferior
• Não monossintomática: além da enurese, tem ou-
tros sintomas do trato urinário inferior (frequên-
cia urinária aumentada/diminuída, incontinência
diurna, urgência, manobras de contenção, sensação
de esvaziamento incompleto)
Outra classificação é de acordo com a presença ou não
de continência urinária prévia:
• Primária: criança que nunca teve incontinência
completo por um período de pelo menos 6 meses
• Secundária: criança que teve continência por pelo
menos 6 meses, então retornou à apresentar enurese
A enurese consiste em incontinência urinária intermi-
tente durante o sono. Já a Incontinência Urinária se
refere à perda involuntária de urina, que pode ser con-
tínua ou intermitente, diurna ou noturna. Ambas são
Disfunções do Trato Urinário Inferior.
Algumas doenças estão associadas à disfunção do TUI
como: constipação e incontinência fecal, infecção do
trato urinário/bacteriúria assintomática, refluxo vesi-
coureteral (RVU), condições neuropsiquiátricas, déficit
intelectual, distúrbios do sono (apneia do sono, paras-
sonias), obesidade.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - enurese primária é quando a crian-
ça nunca adquiriu continência urinária por mais de
6 meses.
B) INCORRETA - enurese secundária é quando a
criança havia adquirido continência urinária por
mais de 6 meses, então retorna a apresentar per-
da urinária.
C) INCORRETA - apenas 20 a 30% das crianças com
enurese têm patologias psiquiátricas.
D) INCORRETA - É considerada como sintoma quan-
do ocorre na criança a partir dos 5 anos, com pelo
menos 1 episódio/mês e duração mínima de 3 meses.
E) CORRETA - a correlação com enurese é com
obesidade, e não com sobrepeso.
| 97
Take-Home Message:
Enurese é a perda urinária intermitente durante o sono,
na criança com pelo menos 5 anos de idade. Pode ser
primária (nunca teve continência) ou secundária (teve
continência por>6 meses); e monossintomática (apenas
enurese) ou não monossintomática (tem outros sinto-
mas do trato urinário inferior).
QUESTÃO 43
Em qual das seguintes situações, pode-se proceder ao
clampeamento tardio do cordão umbilical?
A) Descolamento prematuro de placenta.
B) Nó verdadeiro de cordão umbilical.
C) Ausência de tônus muscular em flexão.
D) Placenta prévia.
E) Prematuro de 34 semanas.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Questão aborda critérios para a decisão de clampea-
mento do cordão umbilical na assistência ao recém-
-nascido (RN) em sala de parto.
Levamos em consideração se o RN está:
1) respirando ou chorando?
2) com tônus muscular em flexão?
3) a circulação placentária está intacta? Ou seja, ausên-
cia de descolamento prematuro de placenta, placenta
prévia, prolapso, rotura ou nó de cordão.
Se respondemos “sim” para todas estas perguntas po-
demos proceder ao clampeamento tardio do cordão
umbilical (em 1 a 3 min no RN com idade gestacional
(IG) maior ou igual a 34 semanas, com 30 segundos
no RN com IG menor que 34 semanas), independente
do aspecto do líquido amniótico. A resposta “não” para
quaisquer destas perguntas indica clampeamento ime-
diato do cordão umbilical.
98 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
O clampeamento tardio aumenta a concentração de
hemoglobina nas primeiras 24 horas após o nascimento
e a concentração de ferritina nos primeiros 3 a 6 meses,
embora possa elevar a frequência de policitemia, o que
implica na necessidade de cuidado quanto ao apareci-
mento e acompanhamento da icterícia nos primeiros
dias de vida.
Após decisão de clampeamento, procedemos à decisão
de levar o RN para a mesa de reanimação ou para o
cuidados junto à mãe. Levamos RN para a mesa de re-
animação se alteração de vitalidade (“não” para alguma
das 3 perguntas iniciais) e/ou se RN não é termo (me-
nores de 37 semanas ou maior ou igual a 42 semanas).
Na mesa de reanimação, procedemos aos passos iniciais
(aquecer, posicionar via área, aspirar vias aéreas supe-
riores se necessário e secar) e avaliação da frequência
cardíaca e respiração.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - o descolamento da placenta é a
situação de despreendimento da placenta antes do
parto. A porção descolada é incapaz de realizar troca
gasosa e de nutrientes entre mãe e feto. O clampe-
amento tardio nesta situação não aumenta índices
hematimétricos, já que o fluxo mãe para feto está
comprometido, e pode atrasar a reanimação con-
siderando que tal condição pode gerar sofrimento
fetal agudo.
B) INCORRETA - tal qual na opção A, é uma condi-
ção que prejudica o fluxo sanguíneo mãe-feto e que
pode gerar sofrimento fetal.
C) INCORRETA - como vimos acima, é um sinal de
que o recém-nascido está com a vitalidade compro-
metida e que precisa ser levado à mesa de reanimação.
D) INCORRETA - tal qual na opção A, é uma condi-
ção que prejudica o fluxo sanguíneo mãe-feto e que
pode gerar sofrimento fetal.
E) CORRETA- - perceba que a idade gestacional não
é critério para a decisão de clampeamento do cor-
dão, somente para a decisão de levar à mesa de
reanimação. No RN menor de 34 semanas com
boa vitalidade, podemos realizar clampeamento
tardio (com 30 segundos) ou mesmo ordenha do
cordão como alternativa ao clampeamento tardio
naqueles RNs com idade gestacional de 28 a 33
semanas. Após o clampeamento, seja ele imedia-
to ou tardio, sempre levamos o RN pré-termo ou
pós-termo para a mesa de reanimação.
Take-Home Message:
Realizamos o clampeamento tardio do cordão se RN
está respirando ou chorando, com tônus muscular em
flexão e circulação placentária intacta. Levamos RN
para a mesa de reanimação para os passos iniciais se
vitalidade ruim (“não” para quaisquer das perguntas
anteriores) e no RN que não é termo.
QUESTÃO 44
Você está de plantão em um hospital e é chamado para
atender um Recém-Nascido (RN) em sala de parto. O
parto é por via vaginal, e o RN nasce hipotônico e com
movimentos respiratórios irregulares. Você prontamen-
te recebe o RN e inicia o atendimento. A avaliação da
Frequência Cardíaca (FC) é o principal determinante
da decisão de indicar as diversas manobras de reani-
mação. Sobre as particularidades de cada método que
pode ser utilizado, assinale a alternativa correta.
A) A detecção da atividade elétrica do coração pelo
monitor cardíaco não traz benefício na condu-
ção da reanimação neonatal, pois atrapalha as de-
mais manobras.
B) A palpação do pulso carotídeo é o melhor método
em sala de parto, apesar de subestimar a FC.
C) A ausculta do precórdio com estetoscópio subesti-
ma a FC.
D) A palpação do cordão umbilical superestima a FC.
E) A oximetria de pulso detecta de forma contínua a
frequência de pulso, é rápida e não subestima nem
superestima a FC.
Resposta correta: Letra C
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
Na assistência ao RN em sala de parto, primeiramente
tomamos a decisão quanto ao clampeamento do cor-
dão: RN está respirando ou chorando? Tônus muscular
em flexão? Circulação placentária está intacta? Se res-
pondemos “sim” para todas estas perguntas podemos
proceder ao clampeamento tardio do cordão umbili-
cal (em 1 a 3 min no RN com IG maior ou igual a
34 semanas, com 30 segundos no RN com IG menor
que 34 semanas), independente do aspecto do líqui-
do amniótico. A resposta “não” para quaisquer destas
perguntas indica clampeamento imediato do cordão
umbilical para que as manobras de reanimação possam
ser realizadas em tempo hábil (VPP dentro do primeiro
minuto de vida, o “minuto de ouro”). Na mesa de re-
animação, procedemos aos passos iniciais (aquecer, po-
sicionar via área, aspirar se necessário e secar) e avalia-
ção da frequência cardíaca e respiração.
RN da questão apresentava hipotonia e movimentos
respiratórios irregulares, com clampeamento imediato
do cordão e mesa de reanimação bem indicados; ques-
tão aborda conceitos sobre os diferentes métodos para
avaliar a frequência cardíaca (FC) do RN.
A FC é o principal determinante para indicar as diver-
sas manobras de reanimação. A palpação do cordão, a
ausculta precordial e a oximetria de pulso subestimam
a FC - podendo levar a aumento desnecessário de in-
tervenções na sala de parto. Pela necessidade de uma
avaliação rápida da FC, logo após os passos iniciais
ela deve ser feita por meio da ausculta do precórdio
com o estetoscópio contando os batimentos durante
seis segundos e multiplicar o valor por 10, resultando
no número de batimentos por minuto (bpm). Nesse
momento, considera-se adequada FC >100 bpm. O
monitor cardíaco permite a detecção acurada, rápida
e contínua da FC, estando indicado no momento em
que a ventilação com pressão positiva é indicada (FC <
100 ou respiração inadequada após os passos iniciais).
| 99
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - é o método de maior acurácia para
avaliação da FC.
B) INCORRETA -a palpação do pulso carotídeo não
é método indicado para avaliação da frequência car-
díaca ou mesmo para verificar pulso considerando
a região cervical ser relativamente curta e de difícil
acesso nas crianças menores de um ano.
C) CORRETA - como discutido acima.
D) INCORRETA - a palpação do cordão subestima, e
não superestima, a FC.
E) INCORRETA- a oximetria de pulso subestima a
FC e demora para detectar corretamente a FC.
Take-Home Message:
Logo após os passos iniciais, avaliar a FC pela ausculta
do precórdio com o estetoscópio por seis segundos e
multiplicar o valor por 10. Se FC < 100 ou respiração
inadequada, iniciar VPP e conectar o monitor cardíaco
e de oximetria neste momento.
QUESTÃO 45
(ANULADA) A respeito da vacina contra o rotavírus,
oferecida pelo Programa Nacional de Imunizações, as-
sinale a alternativa INCORRETA.
A) Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a
vacinação, não está indicado repetir a dose.
B) A idade máxima para a administração da primeira
dose é de 3 meses e 15 dias.
C) A idade mínima para a administração da segunda
dose é de 3 meses e 15 dias.
D) A idade máxima para a administração da segunda
dose é de 7 meses e 29 dias.
E) Se a criança regurgitar após a administração, a
dose é invalidada e deve ser repetida após 14 dias.
Resposta correta: Letra E
100 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
O rotavírus é a causa mais comum de gastroenterite
grave em bebês e crianças em todo o mundo. É reco-
mendada a imunização universal de bebês contra o
rotavírus, pois são altamente eficazes na prevenção de
gastroenterite por rotavírus e na hospitalização associa-
da a ela.
A vacina contra rotavírus humano (VORH) é uma va-
cina viva atenuada, que deverá ser realizada em 2 doses:
1° dose aos 2 meses (máximo até 3 meses e 15 dias) e
2ª dose aos 4 meses (máximo até 7 meses e 29 dias).
O intervalo mínimo entre as doses da vacina contra
o rotavírus é de 4 semanas. A vacina pode ser admi-
nistrada em crianças que convivem com portadores de
imunodeficiência.
São contraindicações para a vacina: crianças com his-
tórico de invaginação intestinal ou malformação gas-
trointestinal congênita não corrigida; hipersensibili-
dade grave em dose anterior da vacina ou a algum de
seus componentes, imunodeficiência combinada grave
(SCID), e algumas outras imunodeficiências primárias
e secundárias. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar
após a vacinação, não deverá ser repetida a dose.
A intussuscepção é um efeito adverso potencial raro
da vacinação oral contra o rotavírus em alguns locais;
entretanto, o risco de intussuscepção após a vacinação
contra o rotavírus é muito menor do que o risco de
gastroenterite grave por rotavírus em crianças que não
receberam a vacina.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - As doses regurgitadas, cuspidas ou
vomitadas não devem ser repetidas, já que não fo-
ram repetidas em estudos de eficácia.
B) CORRETA -o motivo são dados insuficientes so-
bre a segurança da primeira dose em bebês maiores.
C) CORRETA - segundo a SBIM (Sociedade Brasi-
leira de Imunizações), a idade mínima para a pri-
meira dose da vacina é de 6 semanas e o esquema
de duas doses deve ser completado até 7 meses e
29 dias, sendo que o intervalo mínimo entre as
doses deve ser de 4 semanas, e não há intervalo
máximo. Dessa forma, é possível receber a primei-
ra dose com 6 semanas de vida e a segunda dose
com 10 semanas de vida, sendo portanto esta a
idade mínima. Portanto, esta alternativa também
está incorreta.
D) CORRETA - a vacina não deve ser aplicada fora
de 7 meses e 29 dias considerando-se o risco au-
mentado de invaginação intestinal em relação
à idade de aplicação observada com uma vacina
contra rotavirus suspensa em 1999.
E) INCORRETA-como explicado na opção A.
Take-Home Message:
A vacina contra rotavírus é viva atenuada, que deverá
ser realizada em 2 doses: 1° dose aos 2 meses (máximo
até 3 meses e 15 dias) e 2ª dose aos 4 meses (máximo
até 7 meses e 29 dias). A contraindicação mais citada é
de crianças com histórico de invaginação intestinal ou
malformação gastrointestinal congênita não corrigida.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 46
Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de
vacina inativada oferecida pelo Programa Nacional
de Imunizações.
A) Poliomielite oral.
B) Rotavírus humano.
C) Hepatite A.
D) Tríplice viral.
E) Tetra viral.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
As vacinas de agentes “não vivos” do PNI são: hepatite
B, vacina pneumocócica 10-valente, vacina inativada
contra a poliomielite, vacina meningocócica C, vacina
penta (DTP + hemófilo tipo b + hepatite B), hepatite
A, DTP, dT, dTpa e HPV.
Podem ser constituídas ou obtidas de diversas manei-
ras: por microorganismos inativados por meios físicos
ou químicos; por seus produtos tóxicos inativados; por
suas subunidades, fragmentos ou polissacarídeos; por
meio de engenharia genética com a produção de pro-
teínas semelhantes a dos agentes infecciosos; ou por
vacinologia reversa, que é o processo de descoberta de
novos antígenos para vacinas a partir de informações
genômicas, sem a necessidade do cultivo de patógenos
em laboratório. em pediatria.
As vacinas de agentes vivos de nosso calendário são:
BCG, vacina oral de rotavírus humano, vacina oral
contra poliomielite, febre amarela, tríplice viral (saram-
po, rubéola e caxumba), tetraviral (sarampo, rubéola,
caxumba e varicela) e varicela.
| 101
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - é composta do poliovírus atenuado.
B) INCORRETA -composta pelo rotavírus atenuado.
C) CORRETA - A vacina da hepatite B é composta
pelo vírus inativado e deve ser administrada por
via intramuscular aos 12 meses de idade.
D) INCORRETA - composta pelos vírus de sarampo,
rubéola e caxumba atenuados.
E) INCORRETA- composta pelos vírus de sarampo,
rubéola, caxumba e varicela atenuados.
Take-Home Message:
Memorize as vacinas de agentes vivos: BCG, rotavirus,
VOP, febre amarela, tríplice e tetraviral (incluindo va-
ricela).
QUESTÃO 47
Paciente de 12 anos queixa-se de cefaleia recorrente,
moderada, com intervalos variáveis, de dias, semanas
ou meses. A dor é bilateral e pulsátil e, por vezes, acom-
panhada de irritabilidade, anorexia e náusea. Antes do
quadro de dor, vê “bolinhas coloridas” e sente formi-
gamento na língua. Sobre o diagnóstico mais provável,
assinale a alternativa correta.
A) O paciente está na faixa etária de menor incidência
B) Podem fazer parte dos sintomas que precedem
a dor: formigamento em hemicorpo, disfasia
e disartria.
C) O paciente apresenta o tipo de quadro mais co-
mum, que é o de dor precedida por sintomas visu-
ais e sensitivos.
D) Para o diagnóstico adequado, é necessário investigar
com tomografia de crânio e exames laboratoriais.
E) Casos familiares semelhantes são a exceção.
Resposta correta: Letra B
102 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
Cefaleia é uma queixa frequente na infância e na ado-
lescência, podendo se associar a muitas doenças (sistê-
micas ou neurológicas). O exame neurológico deve ser
completo, buscando alterações focais que justifiquem
uma investigação aprofundada.
A Cefaleia Primária (Enxaqueca, Tensional) é aquela
sem patologia de base causando a cefaleia; já a secundá-
ria é um sintoma de patologia de base (TCE, tumor de
SNC, hemorragia intracraniana, hidrocefalia).
A Enxaqueca/Migrânea pode acometer todas as faixas
etárias, de ambos os sexos, porém, a partir da adoles-
cência é mais frequente em meninas; normalmente há
história familiar positiva. Pode ter diversos desencade-
antes como alimentos, odores e alteração de sono. A
forma de apresentação varia na infância e na adoles-
cência, com duração aproximada de cada episódio de
2-72 horas.
• Infância: dor bilateral, pulsátil, com irritabilidade,
apatia, anorexia, náuseas e vômitos
• Adolescência: dor unilateral, pulsátil, fotofobia, fo-
nofobia, dor piora com a movimentação, acompa-
nhada por náusea/vômito
A migrânea pode ser precedida por aura (menos fre-
quente em pediatria): visual (bolinhas coloridas, flashes
de luz, linhas interrompidas, redução ou escurecimen-
to de campo visual), sensitiva (formigamento na boca,
língua, hemicorpo), alterações da fala (disfasia ou di-
sartria).
O diagnóstico da migrânea é clínico, sem necessidade
de exames laboratoriais ou de imagem.
Há outras formas menos comuns de apresentação da
migrânea, como hemiplégica (déficit sensitivomotor),
basilar (alterações do campo visual, disartria, vertigem,
diplopia, ataxia, zumbido, parestesias nos membros e
alteração do nível de consciência) e oftalmoplégica (dor
ocular de grande intensidade, com paralisia transitória
dos nervos oculomotores). Nestas apresentações, de-
vem ser realizados exames de imagem para diagnósti-
co diferencial.
São sinais de alerta para pensar em cefaleia secundária e
considerar realização de neuroimagem:
• Cefaleia que desperta a noite, ou cefaleia matinal
• Dor intensa de início súbito ou padrão crônico
progressivo de dor
• Alteração do estado mental, mudança de compor-
tamento
• Cefaleia occipital ou sempre localizada no mesmo
sítio
• Mudança do padrão de dor, da frequência, intensi-
dade
• Não responde ao tratamento medicamentoso
• Cefaleia que piora com decúbito, com tosse, mic-
ção, evacuação ou atividade física
• Surgimento há menos de 6 meses
• Com comorbidades que são risco para alteração in-
tracraniana: doença falciforme, malignidade, TCE
• <6 anos; alteração comportamental ou mudança do
rendimento escolar
• Exame físico: alteração de exame neurológico, al-
teração ocular, alteração do crescimento (aumento
do perímetro cefálico, desaceleração da estatura, al-
teração puberal, obesidade)
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - na adolescência, até 25% dos pa-
cientes pode apresentar cefaleia
B) CORRETA -sintomas que caracterizam a migrâ-
nea com aura
C) INCORRETA - a migrânea com aura é menos fre-
quente em Pediatria
D) INCORRETA - a investigação deve ser realizada
caso estejam presentes sinais de alarme para cefaleia
secundária
E) INCORRETA- a história familiar positiva é muito
frequente na migrânea.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
A migrânea é uma causa de cefaleia primária frequente
em Pediatria, que pode acometer todas as faixas etá-
rias, mais frequente na adolescência. O quadro clínico
é composto por dor uni ou bilateral, pulsátil, com náu-
sea/vômito, fotofobia, fonofobia, podendo ser precedi-
da por aura (sintomas visuais, auditivos).
QUESTÃO 48
A fisiopatologia da fibrose cística está diretamente rela-
cionada à proteína CFTR (Cystic Fibrosis Transmem-
brane Regulator).
Sobre o assunto, é correto afirmar que
A) é uma doença poligênica autossômica dominante
com penetração variável.
B) é decorrente da ausência e/ou do defeito qualitati-
vo e/ou quantitativo da proteína CFTR.
C) o acometimento da CFTR, nos pulmões, causa
alterações no líquido da superfície das vias aéreas,
com retenção de sódio e água no interstício e hipe-
ridratação das camadas gel e sol das vias aéreas.
D) a proteína CFTR funciona, principalmente, na re-
gulação da permeabilidade do sódio e do potássio
em células epiteliais.
E) a reologia do muco das vias aéreas é alterada por im-
pactação das secreções por aumento de produção, a
despeito da função ciliar que é, via de regra, normal.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
A fibrose cística é uma doença causada pela mutação
do gene CFTR, responsável pela síntese da proteína
CFTR (cystic fibrosis transmembrane conductance regu-
lator), que realiza a regulação da permeabilidade do íon
cloro nas células epiteliais. As mutações do gene CFTR
são de herança autossômica recessiva, localizadas no
cromossomo 7. A proteína CFTR funciona como um
canal de transporte de cloro localizado na membrana
apical das células epiteliais, regulando o movimento de
| 103
água e solutos. Nas mutações de classes I a IV a CFTR
é defeituosa ou não é produzida, já nas mutações V-VI
a quantidade de CFTR é reduzida. As mutações I, II e
III são associadas à manifestação grave da doença, en-
quanto as classes IV, V e VI resultam em fenótipos de
menor gravidade.
Há incapacidade de secretar cloro, ocorrendo o acú-
mulo deste no intracelular, como consequência, há a
entrada de sódio e água nas células, para manter o equi-
líbrio elétrico. Isto gera o espessamento das secreções
mucoides de todo o corpo.
Nos pulmões, a ausência ou mau funcionamento da
CFTR leva a alterações no líquido da superfície das vias
aéreas, com perda de sódio e água para o interstício do
epitélio e desidratação das camadas gel (camada superfi-
cial: muco e secreções) e sol (inferior- cílios) das vias aé-
reas. Com isso, ocorre espessamento do muco, alteração
na sua mobilização e complacência, devido diminuição
do batimento ciliar e impactação das secreções que fa-
vorecem a inflamação e, posteriormente, a colonização/
infecção (Haemophilus influenzae e parainfluenzae, Sta-
phylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa não mu-
coide, P. aeruginosa mucoide, complexo Burkholderia
cepacia e Achromobacter xylosoxidans, fungos).
No trato gastrointestinal pode ocorrer: íleo meconial
no período neonatal, insuficiência pancreática (diarreia
crônica com esteatorreia e comprometimento nutricio-
nal), obstrução intestinal.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - é uma doença de herança autossô-
mica recessiva.
B) CORRETA -vide acima.
C) INCORRETA - Ocorre desidratação das camadas
gel (superficial: muco e secreções) e sol (cílios).
D) INCORRETA - CFTR atua principalmente no
transporte do cloro.
E) INCORRETA - O quadro clínico é decorrente do
espessamento das secreções, e não do aumento da
produção de muco. Devido ao espessamento das
secreções, a função ciliar é comprometida.
104 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
A fibrose cística é uma doença multissistêmica autos-
sômica recessiva, causada pela mutação no gene CFTR
levando à ausência e/ou defeito qualitativo e/ou quan-
titativo da produção da proteína CFTR, ocasionando
defeito no transporte iônico de cloro, culminando no
espessamento das secreções mucoides.
QUESTÃO 49
Sobre o Ânion Gap (AG) e sua condição mais esperada
nas causas de acidose metabólica, assinale a alternati-
va INCORRETA.
A) AG plasmático normal ocorre nas perdas de bicar-
bonato sem perda de cloro, como ocorre nas diar-
reias e fístulas.
B) AG plasmático normal ocorre na acidose tubu-
lar renal.
C) AG plasmático aumentado ocorre na hipoalbumi-
nemia, pois a albumina contribui em grande parte
para reduzir o AG plasmático.
D) AG plasmático aumentado ocorre quando há adi-
ção de carga ácida ao organismo, como ácidos orgâ-
nicos (cetoacidose), acidose lática e na uremia.
E) AG plasmático diminuído ocorre na presença de
cátions não mensuráveis, como na hiperlipidemia,
na qual se superestima a concentração de cloro.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Questão traz conceitos de equilíbrio ácido-básico e
eletrolítico, com diagnóstico diferencial de acidoses
metabólicas.
Um distúrbio metabólico se refere a alterações no bicar-
bonato, o principal sistema tampão do nosso organismo.
Aumentos em sua concentração produzem um aumen-
to do pH - alcalose metabólica -, enquanto diminui-
ções levam à diminuição do pH - acidose metabólica.
Na acidose metabólica, além do quadro clínico, pode-
mos utilizar o cálculo do ânion gap para elucidarmos
a causa de tal distúrbio. O total das cargas positivas
(cátions) deve ser igual ao das cargas negativas (ânions)
para garantir a eletroneutralidade do organismo. O só-
dio representa mais de 90% dos cátions, enquanto o
cloro e o bicarbonato respondem por aproximadamen-
te 85% dos ânions. Estes ânions restantes presentes no
espaço intravascular mas que não costumamos men-
surar chamamos de hiato aniônico ou ânion-gap, seu
valor normal varia de 8 a 12 mEq/L, e para calculá-lo,
usamos a seguinte fórmula: ânion-gap = sódio - (clore-
to + bicarbonato).
Se o mecanismo da acidose é acúmulo de ácidos tere-
mos ânion gap aumentado - quando a substância acu-
mulada se dissocia no plasma, libera um H+ e consome
bicarbonato, levando a acidose, e libera um ânion, le-
vando a aumento do ânion gap. Se decorrente de perda
de bicarbonato por via renal ou gastrointestinal tere-
mos ânion gap normal - a queda do pH pela perda de
bicarbonato não gera novos ânions, e o cloreto plasmá-
tico se eleva para manter a neutralidade elétrica.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - como discutido acima, o mecanis-
mo da acidose nas perdas do trato gastrintestinal
é justamente a eliminação de bicarbonato, não
gerando novos ânions, portanto não alteram os
valores de anion gap.
B) CORRETA -o mesmo podemos dizer para as per-
das de bicarbonato pelos rins, como discutido aci-
ma.
C) INCORRETA - o ânion gap é formado principal-
mente por proteínas plasmáticas (principalmen-
te albumina), sulfato, fosfato, e ácidos orgânicos
(lactato, citrato, urato), sendo a albumina o com-
ponente que possui maior representatividade. Por
isso, em situações de hipoalbuminemia o ânion gap
estará reduzido.
D) CORRETA - como discutido acima, acúmulo de
ácido gera consumo de bicarbonato e liberação de
ânions, com consequente aumento do ânion gap.
E) CORRETA- níveis elevados de lipidemia levam a
ânion gap negativo pela superestimação dos níveis
de cloreto devido a um efeito de espalhamento de
luz no ensaio colorimétrico.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
Baixos níveis de bicarbonato, sejam por perda ou por
consumo, levam à acidose metabólica. Se o mecanismo
da acidose é acúmulo de ácidos teremos ânion gap au-
mentado, e se decorrente de perda de bicarbonato por
via renal ou gastrointestinal teremos ânion gap normal.
QUESTÃO 50
Uma adolescente procura a emergência com queixa de
dores abdominais intensas. Ao ser avaliada pelo pedia-
tra de plantão, ela relata que está ali por estar precisan-
do de ajuda. Conta que tem sofrido, em casa, diversas
formas de violência. Cita, entre elas: beliscões, tapas,
xingamentos, constrangimentos perante as visitas e
que, algumas vezes, já ficou de castigo sem alimentos
ou água. É muito importante, para saber como acolher
os pacientes nessas situações e para identificar os pa-
cientes em risco, que o pediatra conheça as formas de
violência. Quanto ao tema, informe se é verdadeiro (V)
ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alterna-
tiva com a sequência correta.
( ) Violência física é entendida como a ação infligida
à criança ou ao adolescente que ofenda sua integri-
dade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimen-
to físico.
( ) A alienação parental é um tipo de violên-
cia psicológica.
( ) Conduta que constranja a criança ou o adolescente
a presenciar conjunção carnal é considerada violên-
cia sexual.
( ) Violência institucional é entendida como a pratica-
da por instituição pública ou conveniada, inclusive
quando gerar revitimização.
( ) Expor a criança ou o adolescente a isolamento ou
indiferença é uma forma de violência psicológica.
A) V – V – V – V − V.
B) V – F – V – V − F.
C) F – F – F – V − F.
D) F – V – V – F − V.
E) V − V − V − V − F.
Resposta correta: Letra A
| 105
Comentários:
A violência doméstica contra crianças ou adolescen-
tes (abuso ou maus-tratos), é definida como toda ação
ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade
física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno
desenvolvimento de pessoas da família. Existem várias
formas de violência, sendo as mais comuns:
1. Negligência/abandono: atos ou atitudes de omissão
praticados por aqueles que têm o dever de cuidar
e proteger, comprometendo higiene, nutrição, saú-
de, educação, proteção e afeto, sendo o abandono
o grau máximo;
2. Violência física: prática de qualquer ação com o uso
da força contra o outro de forma intencional obje-
tivando ferir, lesar ou destruir a vítima, provocando
dano físico;
3. Violência sexual: uso da criança ou do adolescente
para gratificação sexual de outro indivíduo em está-
gio de desenvolvimento psicossexual mais adianta-
do que a vítima, de ambos os sexos, incluindo atos
ou jogos sexuais hétero ou homossexuais.
4. Violência psicológica: submissão da criança ou adoles-
cente a ações que visem a humilhação e desqualifica-
ção, tratamento como de minus valia, culpabilização,
indiferença, rejeição, ameaça e outros. Pode se imm-
posta também por meio de isolamento, terror, aban-
dono, cobrança indevida, discriminação, desrespeito e
corrupção. A alienação parental é uma forma de abuso
em que um dos genitores manipula a criança ou ado-
lescente com o objetivo de impedir ou mesmo des-
truir seu vínculo com o outro genitor sem que existam
motivos reais que justifiquem essa condição.
5. Violência institucional: cometida por órgãos e agen-
tes públicos que tem o dever de garantir e respeitar
os direitos humanos. A revitimização ou vitimização
secundária, um tipo de violência institucional, ocor-
re quando crianças e adolescentes vítimas de alguma
violência são vitimadas novamente com procedimen-
tos relacionados com a investigação do delito. Vítimas
de violência que buscam os órgãos competentes para
denunciar a violência sofrida e buscar a reparação de
seus direitos que enfrentam a ausência de protocolos
de atendimento adequados, que são obrigadas a re-
petir diversas vezes os fatos a diferentes equipes, suas
106 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
narrativas são questionadas como se não fossem verda-
de, ausência de medidas de proteção à vítima contra
o agressor, submissão a processos demorados… Todos
esses são exemplos de revitimização.
I. Violência física é entendida como a ação infligida à
criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade
ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico.
Verdadeira. Violência física é definida como qualquer
ação que produza dano físico.
II. A alienação parental é um tipo de violên-
cia psicológica.
Verdadeira. Manipulação de um dos genitores/cuida-
dores para impedir o vínculo com o outro sem mo-
tivo justo, gerando sofrimento psicológico é uma
forma de violência.
III. Conduta que constranja a criança ou o adolescente
a presenciar conjunção carnal é considerada violên-
cia sexual.
Verdadeira. Qualquer situação que exponha a criança
visando gratificação sexual é uma forma de violên-
cia sexual, ainda que não ocorra conjunção carnal
com a vítima propriamente dita.
IV. Violência institucional é entendida como a pratica-
da por instituição pública ou conveniada, inclusive
quando gerar revitimização.
Verdadeira. É o que ocorre quando instituições que
deveriam acolher e garantir os direitos das crianças
não o fazem, um exemplo de revitimização seria a
culpabilização da vítima por parte de autoridades
médicas ou policiais no atendimento do vitimizado.
V. Expor a criança ou o adolescente a isolamento ou
indiferença é uma forma de violência psicológica.
Verdadeira. O isolamento familiar gerado pela aliena-
ção parental ou a indiferença quanto a autonomia
da criança são exemplos de violência.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - vide acima
B) INCORRETA -vide acima
C) INCORRETA - vide acima
D) INCORRETA - vide acima
E) INCORRETA- vide acima
Take-Home Message:
A violência contra a criança e o adolescente possui di-
versas formas, sendo elas a negligência, a física, psicoló-
gica, sexual e institucional. Cabe ao profissional médi-
co reconhecê-las e combatê-las.
QUESTÃO 51
Menina de 2 anos é levada à emergência com tosse
intensa e ladrante, rouquidão e estridor inspiratório
discreto. Nos dias precedentes à piora da tosse, tinha
rinorreia clara, febre baixa e tosse leve. Não apresenta
sinais de desconforto respiratório no momento. Qual,
das opções a seguir, é a conduta mais adequada para
essa paciente?
A) Iniciar antibioticoterapia com amoxicilina.
B) Internar para tratamento e observação, por se tratar
de quadro moderado com potencial risco de pro-
gressão da obstrução.
C) Solicitar radiografia cervical lateral.
D) Oxigênio suplementar para conforto.
E) Prescrever corticosteroide oral ou parenteral.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
A Laringotraqueobronquite (também conhecida como
Crupe) é a forma mais comum de obstrução das vias
aéreas superiores, de etiologia viral (principal - Parain-
fluenza, Influenza, VSR), que acomete mais crianças
abaixo dos 6 anos. O quadro clínico é caracterizado
por coriza, faringite, tosse leve e febre, evoluindo com
sinais de obstrução de vias aéreas superiores após 12-48
horas, com estridor inspiratório, rouquidão, tosse la-
drante (“de cachorro”), dispneia, podendo evoluir para
insuficiência respiratória. A radiografia cervical pode
evidenciar o “sinal da torre” ou “da ponta do lápis”,
que evidencia o estreitamento das vias aéreas, porém
não há indicação para sua solicitação.
O diagnóstico é clínico, e o tratamento se baseia na
gravidade da apresentação clínica, objetivando manter
as vias aéreas patentes e a respiração adequada:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Tabela: Guia prático de conduta: Crupe Viral e Bacteriano, SBP 2017.
Nos casos leves, a terapêutica deve ser feita com corti-
coterapia sistêmica (dexamatesona)
Nos casos moderados: corticoterapia sistêmica ou ou
inalatória (fluticasona, budesonida) + adrenalina ina-
latória, manter paciente em observação por 3-4 horas
após adrenalina. Lembre-se que a ação da adrenalina
dura 1-2h, podendo haver piora respiratória após.
Nos casos graves: corticoterapia + adrenalina inalatória,
internação em UTI
A Síndrome do Crupe Bacteriana (Traqueíte bacteria-
na) é um quadro grave, causado pelo S. aureus, com
quadro clínico com pródromo catarral, evoluindo com
estridor, tosse ladrante, febre alta, toxemia e desconfor-
to respitatório que progride rapidamente, e não respon-
de à adrenalina e ao corticoesteroide, sendo necessária
intubação orotraqueal. À laringoscopia, são visualiza-
dos exsudatos mucopurulentos na traqueia.
Temos uma lactente com sintomas de vias aéreas supe-
riores, evoluindo com tosse ladrante, estridor e rouqui-
dão. Estamos diante de uma crupe viral leve, devendo
ser prescrita corticoterapia e alta com orientações de
sinais de alarme.
| 107
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - - paciente com quadro de crupe
viral, sem indicação de antibioticoterapia
B) INCORRETA -paciente com quadro leve (estridor
inspiratório discreto, sem desconforto respiratório),
sem indicação de internação
C) INCORRETA - paciente sem desconforto respira-
tório, sem indicação de oxigenoterapia
D) INCORRETA - paciente sem desconforto respira-
tório, sem indicação de oxigenoterapia
E) CORRETA - paciente com crupe leve, o trata-
mento consiste em corticoterapia sistêmica
Take-Home Message:
A Crupe Viral se inicia com sintomas catarrais, evo-
luindo com clínica de obstrução da VA superior (estri-
dor, rouquidão, tosse ladrante), podendo evoluir para
insuficiência respiratória. O tratamento consiste em
corticoterapia, associada ou não à adrenalina inalatória
(casos moderados e graves).
108 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 52
A endocardite infecciosa ocorre com maior frequência
em portadores de anomalias cardíacas congênitas ou
adquiridas e representa importante causa de morbida-
de e mortalidade na faixa etária pediátrica. Ela é mais
comumente causada por
A) fungos.
B) micobactérias.
C) bactérias.
D) protozoários.
E) vírus.
Resposta correta: Letra C
Comentários: C
A endocardite infecciosa (EI) é definida como um pro-
cesso inflamatório do endocárdio (valvar ou mural)
causado, mais comumente, por infecção bacteriana, e,
em casos mais raros, por fungos, vírus, rickettsias, mi-
cobactérias e clamídias. Ocorre com maior frequência
em portadores de anomalias cardíacas congênitas ou
adquiridas, sendo responsável por cerca de 0,2 a 0,5%
das internações pediátricas, representando importante
causa de morbidade e mortalidade nesta faixa etária.
A EI aguda é causada com mais frequência por S. au-
reus, que é o agente mais comum nos casos associados
a infecções de cateteres e próteses. Em crianças maiores
de 1 ano de idade, o Streptococcus viridans é o agente
etiológico mais comum, com apresentação subaguda.
Outros microrganismos mais raramente responsáveis
são aqueles descritos como grupo HACEK (Haemo-
philus sp, Actinobacillus actinomycetemcomitans,
Cardiobacterium hominis, Eikenella sp e Kingella kin-
gae).
O diagnóstico é dado pelos critérios de Duke modifi-
cados:
Critérios maiores:
1. Hemocultura positiva para EI:
- Microrganismos compatíveis com EI em 2 amostras
de hemoculturas: S. viridans, S. bovis, grupo HACEK,
Staphylococcus aureus ou enterococos adquiridos na
comunidade, na ausência de um foco primário; ou
- Microrganismos compatíveis com EI de hemocul-
turas persistentemente positivas: 2 amostras positivas
coletadas com intervalo > 12 horas, ou total de 3 amos-
tras ou a maioria de ≥ 4 amostras (com intervalo de 1
hora entre a 1ª e a última amostra).
- Hemocultura única positiva para Coxiella burnetti
ou IgG antifase 1 > 1:800
2. Evidência de envolvimento endocárdico
- Ecocardiograma positivo para EI
Critérios menores:
1. Condição cardíaca predisponente
2. Febre (> 38°C)
3. Fenômenos vasculares: embolização arterial, infar-
tos pulmonares sépticos, aneurisma micótico, he-
morragia intracraniana, hemorragia conjuntival e
lesões de Janeway
4. Fenômenos imunológicos: glomerulonefrite, nódu-
los de Osler, manchas de Roth e fator reumatoide
5. Evidência microbiológica: hemocultura positiva
não definida como critério maior ou evidência so-
rológica de infecção ativa por microrganismo com-
patível com EI.
Classificamos como EI definitiva na presença de 2 crité-
rios maiores; ou 1 critério maior e 3 critérios menores;
ou 5 critérios menores; e como EI provável 1 critério
maior e 1 critério menor; ou 3 critérios menores. Tam-
bém podemos fazer o diagnóstico definitivo por critério
patológico (exame histológico da vegetação ou do abs-
cesso intracardíaco, ou demonstrando microrganismos
por cultura ou exame histológico destas amostras).
Tratamento empírico deve ser realizado da seguinte
forma:
a. EI em válvula nativa, adquirida em comunidade, ou
EI pós-operatória tardia (mais de 60 dias): penicilina
cristalina ou ceftriaxona + gentamicina (ou amica-
cina ou tobramicina) por 4 a 6 semanas. Se houver
alta suspeição de infecção por estafilococos, associa-
-se oxacilina.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
b. EI nosocomial associada a cateter ou EI pós-opera-
tória precoce: vancomicina + gentamicina (ou ami-
cacina ou tobramicina) por 4 a 6 semanas.
Profilaxia: realizamos profilaxia de EI nos pacientes
portadores de condições de risco: cardiopatias comple-
xas (ventrículo único, transposição de grandes vasos,
tetralogia de Fallot); próteses valvares; shunt sistêmico-
-pulmonar ou condutos; e pós-operatório com shunt
residual, quando submetidos a procedimentos de alto
risco: dentário (extrações, obturações, tratamento de
canal); trato respiratório (amigdalectomia); trato gas-
trointestinal (endoscopia); e trato geniturinário (cistos-
copia, dilatação uretral). É utilizado amoxicilina, por
via oral (VO), 1 hora antes do procedimento, exceto
em procedimentos gastrointestinais e geniturinários,
quando é realizado com ampicilina + gentamicina, IM
ou EV, 30 min antes do procedimento seguido de am-
picilina IM ou EV ou amoxicilina: 25 mg/kg, VO 6
horas após o procedimento.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - como visto, é mais comumente
bacteriana. Os casos de endocardite fúngica são
causados, geralmente, pelas espécies de Candida,
com formação de grandes vegetações friáveis, que
podem embolizar, ocasionando sérias complicações.
B) INCORRETA -endocardite por micobactérias é
uma entidade rara, sendo sugerido fonte de infec-
ção nosocomial.
C) CORRETA - vide acima
D) INCORRETA - vide acima
E) INCORRETA- vide acima
Take-Home Message:
A endocardite infecciosa tem como agente mais co-
mum o S. aureus. Seu diagnóstico é dado pelos critérios
clínicos associado a hemocultura e/ou ecocardiograma
sugestivos ou por critério patológico. O tratamento
empírico dos casos adquiridos na comunidade é pro-
longado, por 4 a 6 semanas, com penicilina cristalina
ou ceftriaxona + gentamicina.
| 109
QUESTÃO 53
(ANULADA) Um menino de 8 anos é levado para
primeira consulta. Ele morava em outra cidade e era
acompanhado pelo seu pediatra por quadro de síndro-
me do intestino irritável. Ao revisar sua sintomatologia,
suspeita-se de que o paciente pode, na verdade, ter pa-
tologia orgânica, e não funcional. Qual dos seguintes
sintomas levanta essa suspeita?
A) A dor abdominal é desencadeada pela ingesta de
determinados alimentos.
B) A dor abdominal melhora com a evacuação.
C) A dor abdominal tem início associado com mudan-
ça da frequência das evacuações.
D) A dor abdominal tem início associado com mudan-
ça na aparência das fezes.
E) Presença de muco nas fezes.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
A síndrome do intestino irritável (SII) é um dos dis-
túrbios funcionais do trato gastrointestinal (sintomas
gastrointestinais crônicos ou recorrentes que não po-
dem ser explicados por alterações estruturais ou bioquí-
micas). Na SII pode predominar a constipação (mais
comum), ou a diarreia, ou a criança pode alternar entre
as duas manifestações. A etiologia do quadro se deve
a uma provável disfunção do processamento sensório-
-motor entre SNC e sistema nervoso entérico, levando
a um aumento da sensibilidade visceral e a distúrbios
de motilidade do trato digestório.
O quadro clínico é composto por: dor ou desconforto
abdominal, flatulência, distensão abdominal, associada
a mudanças no padrão das evacuações (aumento ou di-
minuição do número de evacuações diárias, mudança
na aparência das fezes - endurecidas, amolecidas, com
muco), desconforto ao evacuar, sensação de evacua-
ção incompleta.
O diagnóstico é clínico, estando ausentes sinais de
alerta para doença orgânica, com crescimento (peso e
estatura normais) adequado, sem alterações ao exame
110 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
físico. Podem ser solicitados exames laboratoriais para
avaliação de diagnósticos diferenciais (intolerância à
lactose, doença celíaca, doença inflamatória intestinal).
Critérios Diagnósticos para Síndrome do Intestino Ir-
ritável, de acordo com os critérios Roma IV: Dor abdo-
minal com duração de pelo menos 2 meses, associada a
1 dos seguintes em pelo menos 4 dias do mês:
• Relacionada à evacuação
• Alteração na frequência das fezes
• Alteração na aparência das fezes
Nas crianças com constipação, a dor não é aliviada com
a resolução da constipação.
Os sintomas não são melhores explicado por outra con-
dição médica.
São sinais de alerta para doença orgânica diante da sus-
peita de SII: perda de peso ou desaceleração do cres-
cimento, vômitos recorrentes, despertar à noite para
evacuar ou em decorrência de dor abdominal, sangue
vivo ou oculto nas fezes, sintomas sistêmicos (febre e
alterações articulares), massas abdominais, lesões peria-
nais, história familiar de doença inflamatória intestinal.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - a dor abdominal desencadeada por
alguns alimentos, deve levantar a suspeita de cau-
sas orgânicas, por exemplo intolerância à lactose,
doença celíaca.
B) INCORRETA -este era um critério diagnóstico
do ROMA III, atualmente utilizamos o ROMA
IV. Porém, na SII, pode haver melhora da dor com
evacuação
C) INCORRETA - A SII é caracterizada por dor ab-
dominal associada a mudança nas evacuações.
D) INCORRETA - A SII é caracterizada por dor ab-
dominal, associada a mudança nas evacuações.
E) INCORRETA - pode estar presente muco nas fezes
na SII.
Take-Home Message:
A Síndrome do Intestino Irritável é um distúrbio fun-
cional gastrointestinal, caracterizado pela presença de
dor abdominal, associada a alteração na frequência e
aparência das fezes, sem que outras alterações sistê-
micas ou comprometimento de peso/estatura este-
jam presentes.
QUESTÃO 54
Sobre as picadas de abelhas, assinale a alternati-
va correta.
A) Nos acidentes causados por enxame, a retirada dos
ferrões da pele deve ser feita por pinçamento.
B) Mais de 70% dos indivíduos que apresentaram
grandes reações localizadas terão reações sistêmicas,
com anafilaxia 2 a 3 minutos após a picada.
C) A intensidade da reação inicial não está relacio-
nada com a sensibilização e maior risco às exposi-
ções subsequentes.
D) Os acidentes com enxames podem desencadear
quadro tóxico generalizado, com manifestações
como hemólise intravascular e rabdomiólise, alte-
rações neurológicas e insuficiência renal aguda.
E) Os glicocorticoides e anti-histamínicos são a me-
lhor opção terapêutica para controlar reações como
urticária gigante e broncoespasmo.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
O veneno de abelha (Apis mellifera) contém sobretudo
fosfolipase A2 e melitina, agentes bloqueadores neu-
romusculares e com ação destrutiva sobre membranas
biológicas, e apamina, que é uma neurotoxina de ação
motora. O peptídeo MCD, fator degranulador de mas-
tócitos, é um dos responsáveis pela liberação de hista-
mina e serotonina no organismo dos animais picados.
As reações desencadeadas pela picada de abelhas são
variáveis de acordo com o local e o número de ferroa-
das, as características e o passado alérgico do indivíduo
atingido, podendo ser alérgicas ou tóxicas.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Alérgicas - locais: dor aguda local, vermelhidão, pruri-
do e edema. Regionais: eritema, prurido e edema que
evolui para enduração local, podendo ser exuberantes
a ponto de limitarem a mobilidade do membro; sistê-
micas: anafilaxia, com sintomas de início rápido, dois
a três minutos após a picadas, podendo evoluir para
choque anafilático. Reações alérgicas tardias: podem
ocorrer vários dias após a picada com artralgias, febre e
encefalite, quadro semelhante à doença do soro.
Tóxicas - nos acidentes provocados por ataque múl-
tiplo de abelhas (enxames) desenvolve-se um quadro
tóxico generalizado denominado de síndrome de en-
venenamento, podendo haver hemólise intravascular
e rabdomiólise, alterações neurológicas como torpor e
coma, hipotensão arterial, oligúria/anúria e insuficiên-
cia renal aguda.
O tratamento se baseia em analgesia e suporte clínico,
tratamento da anafilaxia com adrenalina, broncodilata-
dores, corticosteroides e antihistamínicos. Deve-se pro-
ceder à remoção dos ferrões por raspagem com lâmina
e não pelo pinçamento de cada um deles, pois a com-
pressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e
inocular no paciente o veneno ainda existente. Ainda
não está disponível, para uso humano, o soro antive-
neno de abelha. Métodos dialíticos e de plasmaférese
devem ser instituídos em casos de Síndrome de Enve-
nenamento. Pacientes vítimas de enxames devem ser
mantidos em Unidades de Terapia Intensiva, em razão
da alta mortalidade observada.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - conforme discutido acima, tal me-
dida pode inocular mais veneno na vítima.
B) INCORRETA -menos de 10% dos indivíduos que
experimentam grandes reações localizadas apresen-
tarão depois reações sistêmicas.
C) INCORRETA - reação inicial local intensa causa-
da, seja por uma ou múltiplas picadas de abelha,
deve alertar para um possível estado de sensibilida-
de da vítima e possível resposta exacerbada à pica-
das subseqüentes.
| 111
D) CORRETA - vide acima
E) INCORRETA- - O tratamento de escolha é a ad-
ministração de adrenalina. Os glicocorticóides e
anti-histamínicos não controlam as reações graves
(urticária gigante, edema de glote, broncoespasmo
e choque), mas podem reduzir a duração e intensi-
dade dessas manifestações.
Take-Home Message:
O acidente por picada de abelhas pode gerar sintomas
alérgicos locais, regionais, sistêmicos (anafilaxia) ou
mesmo tardios, além de sintomas tóxicos nos aciden-
tes provocados por enxames (síndrome de envenena-
mento), podendo haver hemólise intravascular e rab-
domiólise, alterações neurológicas, hipotensão arterial
e insuficiência renal aguda. O tratamento se baseia em
analgesia e suporte clínico, tratamento da anafilaxia e
remoção dos ferrões por raspagem com lâmina e não
pelo pinçamento. Ainda não está disponível o soro an-
tiveneno de abelha.
QUESTÃO 55
Você está atendendo, na emergência, um paciente de
2 anos. A queixa é de tosse, dor abdominal e febre. A
febre iniciou há 36 horas, cessa com antitérmicos, mas
volta após 4 a 6 horas, com pico máximo de 38,5ºC. O
paciente teve 4 episódios de vômitos, está inapetente,
mas aceitando bem líquidos via oral. Ao exame físico,
tem alguns estertores em bases pulmonares, tiragem
subcostal e taquipneia. Após o diagnóstico de pneumo-
nia, é indicada a internação hospitalar. Qual dos dados
clínicos do paciente indica a internação?
A) A curva térmica.
B) A tiragem subcostal.
C) A presença de dor abdominal.
D) A inapetência e os vômitos.
E) A presença dos estertores em bases pulmonares.
Resposta correta: Letra B
112 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
A Pneumonia Adquirida na Comunidade, possui as
principais etiologias bacterianas em Pediatria: Strepto-
coccus pneumoniae, Haemophilus e S. aureus. O diag-
nóstico é clínico, baseado na tríade clássica de sinto-
mas: febre de início agudo, tosse e taquipneia. Também
estão presentes: estertores crepitantes, desconforto res-
piratório, hipoxemia, toxemia, inapetência. A radiogra-
fia de tórax deve ser realizada nos pacientes com indica-
ção de internação ou com evolução desfavorável, para
avaliação de complicações da doença (derrame pleural,
empiema, atelectasia).
São considerados indicativos de gravidade na pneumo-
nia:retração subcostal, saturação de oxigênio menor
que 92%; abolição do murmúrio vesicular (derrame
pleural, empiema), desnutrição grave; sonolência; re-
baixamento do nível de consciência e recusa alimentar.
A internação hospitalar é recomendada se:
• Idade < 2 meses
• Saturação de oxigênio < 92% em ar ambiente)
• Desidratação ou incapacidade de manter a hidrata-
ção ou alimentação por via oral
• Desconforto respiratório moderado a grave: FR
>70 rpm para pacientes menores de 12 meses de
idade e >50 rpm para crianças maiores
• Dificuldade em respirar (gemência, batimento de
asas nasais, retrações subcostais ou apneia)
• Aparência tóxica
• Comorbidades (doença cardiopulmonar, síndro-
mes genéticas, distúrbios neurológicos)
• Complicações (derrame / empiema, pneumonia
necrotizante, abscesso).
A terapia inicial ambulatorial para crianças maiores de
2 meses é com Amoxicilina (50mg/kg/dia), por 7 dias.
Considerar macrolídeo na suspeita de pneumonia atípi-
ca. A criança deve ser reavaliada em 48-72 horas. A tera-
pia hospitalar, deve ser iniciada com Penicilina Cristalina
ou Ampicilina. Na presença de derrame pleural à radio-
grafia, orienta-se a realização de ultrassonografia para
mensuração e melhor avaliação (verificar septações). A
toracocentese deve ser realizada se derrame > 1cm ou >
1/4 do hemitórax. O líquido deve ser enviado para análi-
se bacteriológica e bioquímica, na presença de empiema,
deve ser realizada drenagem torácica.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - a manutenção da febre, apesar da
terapêutica adequada, sem demais parâmetros de
melhora clínica, poderia indicar internação em um
paciente que já estivesse em tratamento ambulato-
rial. Como nossa paciente está iniciado a terapia, a
presença de febre é esperada, e não indica internação
B) CORRETA - a tiragem subcostal é um marcador
de gravidade, demonstrando desconforto respira-
tório intenso
C) INCORRETA - a presença de dor abdominal não
faz parte das indicações de internação.
D) INCORRETA - como paciente teve apenas 4 vô-
mitos, e está aceitando líquidos, não há indicação
de internação, pois a inapetência tão intensa
E) INCORRETA -a presença de estertores é esperada
na semiologia da pneumonia.
Take-Home Message:
Na pneumonia em pediatria, a internação hospitalar
é recomendada se: Idade < 2 meses, saturação de oxi-
gênio < 92% em ar ambiente, desidratação ou inca-
pacidade de manter a hidratação ou alimentação por
via oral, desconforto respiratório moderado a grave:
FR >70 rpm para pacientes menores de 12 meses de
idade e >50 rpm para crianças maiores, dificuldade em
respirar (gemência, batimento de asas nasais, retrações
subcostais ou apneia), aparência tóxica, comorbidades,
complicações (derrame / empiema, pneumonia necro-
tizante, abscesso).
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 56
Distinguir um linfonodo inflamatório de um neoplá-
sico pode ser um desafio para o pediatra. Qual das si-
tuações a seguir sugere benignidade, sem necessidade
de investigação?
A) Ausência de linfonodos palpáveis em re-
cém- nascidos.
B) Nódulo linfático maior que 1 cm, em dois lo-
cais anatômicos.
C) Linfonodo epitroclear com 0,7 cm.
D) Linfonodo inguinal com 2 cm.
E) Linfonodomegalia localizada, com febre por mais
de 7 dias.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
Questão cobra conceito de linfadenomegalia e sinais de
alarme associados.
Consideramos linfonodomegalia:
• linfonodos cervicais e axilares > 1 cm;
• linfonodos inguinais > 1,5 cm;
• linfonodos epitrocleares e poplíteos > 0,5 cm;
• linfonodomegalia isolada em criança > 1,5-2 cm;
• linfonodos em outras localizações > 1,0 cm;
• linfonodos palpáveis em região supra-clavicular de-
vem ser considerados sempre anormais, independente
do seu tamanho.
O comprometimento linfonodal é chamado de locali-
zado se apenas uma cadeia está comprometida ou até
duas contíguas; e disseminado quando em cadeias não
contíguas, acima e abaixo do diafragma, estando fre-
quentemente associados a hepato e/ou esplenomega-
lias. As linfonodomegalias localizadas estão associadas
mais frequentemente a processos bacterianos agudos,
no entanto, podem ser a primeira manifestação de um
linfoma, de um tumor sólido, de um processo tuber-
culoso, etc. Já as linfonodomegalias disseminadas estão
| 113
correlacionadas a processos virais diversos, infecções
bacterianas sistêmicas, doenças inflamatórias imuno-
logicamente mediadas e doenças neoplásicas, como
as leucemias.
Deve ser realizada a anamnese detalhada do caso (ques-
tionar: perda de peso, febre, palidez, sangramentos,
equimoses, sudorese noturna, contato com animais,
história de contato com paciente portadores de tuber-
culose ou demais doenças infecciosas); ao exame físico
devem ser avaliadas as características do linfonodo, sua
localização, presença de sinais flogísticos, hepatoesple-
nomegalia, acometimento de outras cadeias linfono-
dais. A investigação complementar inclui: hemograma,
PCR, sorologias (toxoplasmose, HIV, CMV, EBV),
teste tuberculínico, ácido úrico e DHL, e exames de
imagem conforme a suspeita clínica (RX de tórax, ul-
trassonografia da cadeia acometida). Na presença de
sinais flogísticos, pode ser prescrito um curso de anti-
bioticoterapia via oral, com reavaliação após. Quando
há alterações na história ou exame físico, deve ser pro-
cedida a investigação complementar.
São sinais de alarme que indicam a realização de biópsia
excisional: Linfonodomegalia generalizada e hepato e/
ou esplenomegalia Linfonodos aderidos/fixos, de cres-
cimento rápido (≥ 2,5cm), coalescentes e endurecidos;
Localização supraclavicular ou de mediastino Aumento
progressivo do gânglio ou sua não regressão em 4-6 se-
manas Investigação laboratorial negativa, e o gânglio se
mantém por mais de 8 semanas.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - é achado benigno pois o tecido lin-
foide é pouco evidente no período neonatal já que
aumenta progressivamente de volume com a expo-
sição a antígenos que acontece durante a infância.
B) INCORRETA -pode se tratar de linfonodomegalia
generalizada, conforme explicado acima, necessi-
tando investigação.
C) INCORRETA - é considerado linfonodomegalia
conforme explicado acima, necessitando de inves-
tigação clínica.
114 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
D) INCORRETA - é considerado linfonodomegalia
conforme explicado acima, necessitando investiga-
ção clínica.
E- - INCORRETA- febre por mais de 7 dias, seja com
linfonodomegalia localizada ou disseminada, deve
chamar a atenção para doenças como neoplasias (lin-
fomas), doenças do sistema imunológico (lúpus erite-
matoso sistêmico), tuberculose, etc. Outros sintomas
associados, como perda de peso, sudorese profusa e
prurido, indicam a necessidade de diagnóstico diferen-
cial com neoplasias e tuberculose.
Take-Home Message:
De forma geral, considera‑se linfonodomegalia suspeita
o aumento de um nódulo linfático maior que 1 cm, em
mais de um local anatômico; os linfonodos epitroclea-
res com mais de 0,5 cm; e o linfonodo inguinal quando
maior que 1,5 cm, necessitando de investigação clínica.
A biópsia está indicada na presença de linfonodomega-
lia generalizada, hepatoesplenomegalia, características
do linfonodo (grande, endurecido, fixo, coalescente),
supraclavicular/mediastino, que aumentam de tama-
nho ou não regridem em 4-6 semanas.
QUESTÃO 57
Um paciente, em idade escolar, apresenta queixa de dor
abdominal intensa, náuseas, vômitos, anorexia e sono-
lência. Refere sentir muita sede e, ao exame físico, está
desidratado. Também foram percebidos hálito cetônico
e hiperventilação (respiração de Kussmaul). Qual das
seguintes opções é o resultado esperado na gasometria,
de acordo com a principal suspeita diagnóstica?
A) Alcalose respiratória.
B) Alcalose metabólica.
C) Acidose metabólica com redução do ânion gap.
D) Acidose metabólica com elevação do ânion gap.
E) Acidose respiratória.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
Questões traz conceitos do equilíbrio ácido-básico apli-
cados a um caso clínico de cetoacidose diabética.
Sabemos que o correto funcionamento enzimático
depende de um equilíbrio entre substâncias ácidas e
básicas que regulam o pH sérico. Valores inferiores a
faixa de normalidade do pH são chamados de acidose e
valores superiores são chamados de alcalose. Estes dis-
túrbios podem ter origem metabólica ou respiratória.
Alterações primárias de CO2 são denominados distúr-
bios respiratórios. Há acidose respiratória, quando há
retenção de CO2, e alcalose respiratória, quando há
eliminação excessiva de CO2. Um distúrbio metabó-
lico se refere a alterações no bicarbonato, o principal
sistema tampão do nosso organismo. Aumentos em sua
concentração produzem um aumento do pH - alcalose
metabólica, enquanto diminuições levam à diminuição
do pH - acidose metabólica.
Além do quadro clínico, podemos utilizar o cálculo do
ânion gap para elucidarmos a causa da acidose meta-
bólica. Em uma solução, o total das cargas positivas
(cátions) deve ser igual ao das cargas negativas (ânions)
para garantir a eletroneutralidade. O sódio represen-
ta mais de 90% dos cátions, enquanto o cloro e o bi-
carbonato respondem por aproximadamente 85% dos
ânions. Estes cerca de 5% de ânions restantes presen-
tes no espaço intravascular mas que não costumamos
mensurar é chamado de hiato aniônico ou ânion-gap,
seu valor normal varia de 8 a 12 mEq/L, e para calcu-
lá-lo, usamos a seguinte fórmula: ânion-gap = sódio -
(cloreto + bicarbonato).
Se o mecanismo da acidose é acúmulo de ácidos tere-
mos ânion gap aumentado - quando a substância acu-
mulada se dissocia no plasma, libera um H+ e consome
bicarbonato, levando a acidose, e libera um ânion, le-
vando a aumento do ânion gap. Se decorrente de perda
de bicarbonato por via renal ou gastrointestinal termos
ânion gap normal - a queda do pH pela perda de bicar-
bonato não gera novos ânions, e o cloreto plasmático se
eleva para manter a neutralidade elétrica.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
No caso da cetoacidose diabética (CAD), o mecanismo
é o acúmulo de ácidos. A insuficiência de insulina leva
a intenso catabolismo, com lipólise e aumento da oxi-
dação dos ácidos graxos em corpos cetônicos, que em
excesso são responsáveis pela acidose, que portanto é de
origem metabólica e tem ânion gap aumentado.
A CAD pode se manifestar clinicamente por taquip-
neia, respiração de kussmaul, desidratação, alterações
no nível de consciência e sintomas gastrointestinais
como vômitos e dor abdominal. O diagnóstico é dado
pela presença de: 1. hiperglicemia (>200 mg/dL), 2.
acidose (pH < 7,3 ou HCO3<15) e 3. cetose (cetone-
mia > 3 mmol/L ou cetonúria 2 + ou mais). O trata-
mento inclui reposição volêmica, reposição de potássio
e uso de insulina.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - como discutido acima. A hiper-
ventilação na CAD é um mecanismo que tenta
compensar a acidose metabólica eliminando gás
carbônico, entretanto a alcalose não é o distúrbio
primário.
B) INCORRETA -como vimos, o acúmulo de ácidos
na CAD leva a acidose, e não alcalose.
C) INCORRETA - o ânion gap é está aumentado na
CAD pelo acúmulo de corpos cetônicos.
D) CORRETA - como visto acima.
E) INCORRETA - sabemos que a acidose na CAD é
devido ao acúmulo de ácidos graxos e consequen-
te consumo de bicarbonato, portanto é de ori-
gem metabólica.
Take-Home Message:
A CAD é definida pela presença de hiperglicemia, aci-
dose metabólica e cetose. O tratamento inclui repo-
sição volêmica na primeira hora e de forma lenta em
24-48h, reposição de potássio e uso de insulina, objeti-
vando correção do pH e do bicarbonato, com redução
lenta da glicemia.
| 115
QUESTÃO 58
Uma adolescente de 16 anos pede para que sua mãe dê
licença, durante a consulta, para que ela tire algumas
dúvidas com seu pediatra. Após a mãe se retirar, a pa-
ciente conta que iniciou a vida sexual com seu namora-
do e que gostaria de usar anticoncepcional oral (ACO),
mas sem que sua mãe saiba. Nesse caso, qual das se-
guintes opções é a conduta mais adequada do médico
quanto à prescrição de anticoncepcional oral?
A) O sigilo médico, nessa situação, pode ser quebrado,
uma vez que a paciente está sob risco de engravidar
ou de contrair infecção sexualmente transmissível.
B) O pediatra pode prescrever o ACO, mas somente
com o consentimento da mãe.
C) O pediatra pode prescrever o ACO, mas, após
a consulta, deve comunicar sua conduta à mãe,
em segredo.
D) O pediatra pode prescrever o ACO, respeitando a
vontade da paciente em manter o assunto em sigilo.
E) O pediatra deve conversar sobre opções contracep-
tivas, mas não deve prescrever ACO, por se tratar
de adolescente.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
O sigilo médico na consulta do adolescente é de suma
importância para a formação de vínculo, é regulamen-
tado pelo código de ética médica e pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). O código de ética
postula que é vedado ao médico: “Art. 74 Revelar sigilo
profissional relacionado a paciente criança ou adoles-
cente, desde que estes tenham capacidade de discerni-
mento, inclusive a seus pais ou representantes legais,
salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao
paciente”. O ECA traz o direito ao sigilo como parte
integrante do direito ao respeito, composto pela au-
tonomia. As situações de quebra do sigilo são admiti-
das quando:
116 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
- houver grande probabilidade de um sério dano físi-
co ao indivíduo ou a uma terceira pessoa (princípio
ético da não maleficência);
- um benefício real resultar dessa revelação (princípio
ético da beneficência);
- for o último recurso, depois de esgotadas todas as
abordagens que respeitem a autonomia;
- a mesma decisão de revelação puder ser utilizada
em outras situações com características idênticas
(justiça).
A prevenção e promoção da saúde reprodutiva dos
adolescentes é função do pediatra e deve ser realizada
respeitando os princípios éticos fundamentais. A estra-
tégia contraceptiva deve seguir o conceito da “dupla
proteção” (gravidez e infecções sexualmente transmis-
síveis) além de ser uma decisão conjunta do médico e
da paciente, em que as orientações e advertências são
fornecidas de forma clara e objetiva.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Não está autorizada a quebra do
sigilo médico, não há qualquer evidência de risco a
paciente ou a um terceiro, é possível estimular que a
adolescente converse com seus pais, criar uma ponte
de comunicação, mas é vedada a quebra do sigilo.
B) INCORRETA -O pediatra está autorizado a pres-
crever ACO, ele deve expor os métodos disponí-
veis, orientar sobre o uso correto, riscos e benefícios
e sempre orientar o uso de preservativo (dupla pro-
teção).
C) INCORRETA - Novamente, o pediatra está auto-
rizado a prescrever ACO sem a necessidade da que-
bra do sigilo médico.
D) CORRETA - Situação que respeita o código de éti-
ca e o ECA além de promover a saúde reprodutiva.
E) INCORRETA- Deve-se explicar de maneira clara
sobre os métodos contraceptivos e, em conjunto
com a paciente é feita a escolha do método associa-
do ao uso de preservativo, sendo orientado também
sobre DSTs.
Take-Home Message:
Saúde reprodutiva e sigilo médico são tópicos que ca-
minham junto no atendimento ao adolescente. O sigi-
lo médico pode ser quebrado em situações específicas
que envolvam risco ao paciente ou a terceiros, sempre
levando em conta os princípios de respeito pela auto-
nomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça.
QUESTÃO 59
Menino de 1 ano dá entrada em hospital após quadro
convulsivo. Ao exame físico, apresenta midríase, taqui-
cardia, sudorese, hipertensão, piloereção e hiper-refle-
xia. Na anamnese, a mãe conta que o paciente está,
há 2 dias, com obstrução nasal e espirros e, por estar
com dificuldade para dormir devido à obstrução, usou
medicamento em gotas que tinha em casa, nas narinas
da criança. Após seu uso, o paciente iniciou o quadro
atual. Considerando o agente farmacológico provável,
trata-se de uma
A) toxíndrome simpatomimética, que resulta da es-
timulação de nervos simpáticos (alfa e beta-adre-
nérgicos) mediada pelas catecolaminas noradrena-
lina e adrenalina.
B) toxíndrome anticolinérgica, que resulta da inibição
das fibras parassimpáticas pós- ganglionares que
liberam a acetilcolina, das fibras autônomas pré-
-ganglionares, das placas mioneurais do músculo
esquelético e de certas sinapses do sistema nervo-
so central.
C) toxíndrome anticolinesterásica, em que ocorre
inibição da enzima acetilcolinesterase, le-
vando a um acúmulo da acetilcolina nos receptores
colinérgicos muscarínicos e nicotínicos.
D) toxíndrome depressiva, que resulta da interferência
na função adrenérgica do SNC, principalmente
nos neurônios noradrenérgicos centrais.
E) toxíndrome extrapiramidal, que resulta do aumen-
to da ação da acetilcolina nas sinapses muscarínicas
e do antagonismo da dopamina no SNC.
Resposta correta: Letra A
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
O termo intoxicação exógena refere-se às consequên-
cias clínicas e/ou bioquímicas decorrentes da exposição
aguda a substâncias encontradas no ambiente (água, ar,
alimentos, plantas, animais peçonhentos) ou isoladas
(pesticidas, medicamentos, produtos de uso industrial
ou domiciliar, entre outros). São importante causa de
morbidade, constituindo relevante problema de saúde
pública, predominando as intoxicações não intencio-
nais nas crianças menores de 6 anos.
A toxíndrome, ou síndrome tóxica, é um conjunto de
sinais e sintomas produzidos por doses tóxicas de subs-
tâncias químicas, que têm efeitos semelhantes. O reco-
nhecimento da síndrome permite identificar o provável
agente causal, e se possível de tratamento ou prescrição
de antídoto específico.
As síndromes tóxicas e suas características estão abaixo:
• Anticolinérgica (atropina, tricílico, anti-histamí-
nico H1) : inibição da acetilcolinA) efeitos
parassimpatolíticos - midírase, rubor facial, mu-
cosas secas, hipertermia, taquicardia, retenção uri-
nária, agitação psicomotora, alucinações e delírios.
NÃO há sudorese
• Anticolinesterásica (organofosforados, carbama-
tos): inibição da enzima acetilcolinesterase, au-
mentando acetilcolinA) sintomas parassimpa-
ticomiméticos - miose, sudorese, lacrimejamento,
salivação,broncoespasmo, diarreia, bradicardia e
fasciculações musculares.
• Simpaticomimética (cocaína, anfetamina, descon-
gestionante nasal - efedrina): estimulação de nervos
simpáticos (alfa e beta-adrenérgicos) pelas catecola-
minas noradrenalina e adrenalina. Midríase, rubor
cutâneo, piloereção, SUDORESE, taquicardia, hi-
pertensão, hipertermia, HIPERREFLEXIA, agita-
ção, convulsão.
• Narcótica (opióides - fentanil, morfina): miose, de-
pressão respiratória e neurológica, bradicardia, hi-
potensão, hipotermia, hiporreflexia
| 117
• Depressiva (benzodiazepínicos - midazolam; eta-
nol): depressão neurológica (coma), depressão res-
piratória, cianose, hiporreflexia. hipotensão
• Extrapiramidal (metoclopramida, haloperidol, lí-
tio): hipertonia, espasmos, sinal da roda denteada,
parkinsonismo, mímica facial pobre, trismo, choro
monótono
Nosso paciente apresenta: midríase, taquicardia, su-
dorese, hipertensão, piloereção e hiper-reflexia e
convulsão. Precisamos pensar em Síndrome Simpa-
ticomimética (perceba que a diferenciação entre sim-
paticomimética e anticolinérgica se dá pela presença de
sudorese, hiperreflexia e piloereção na simpaticomimé-
tica). E ainda tem a história de estar utilizando descon-
gestionante nasal (efedrina).
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - vide acima
B) INCORRETA -vide acima
C) INCORRETA - vide acima
D) INCORRETA - vide acima
E) INCORRETA - vide acima
Take-Home Message:
Intoxicação exógena é um tema amplo e importante,
pela potencial gravidade do quadro. A diferenciação
das principais síndromes tóxicas, possibilita a identi-
ficação do provável agente causal, e permite instituir
terapia específica. A Simpaticomimética se caracteriza
por: midríase, rubor cutâneo, piloereção, SUDORE-
SE, taquicardia, hipertensão, hipertermia, HIPERRE-
FLEXIA, agitação, convulsão.
118 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 60
Em relação ao nefroblastoma (Tumor de Wilms), é cor-
reto afirmar que
A) tem seu pico de incidência em crianças maiores de
5 anos.
B) é mais agressivo na presença de anaplasia, mesmo
quando focal e em tumores localizados (estádios I
e II).
C) se manifesta mais comumente como massa abdo-
minal muito dolorosa, acompanhada de hematú-
ria macroscópica.
D) exige, para seu diagnóstico, a realização de biópsia
percutânea nos casos suspeitos de idade compatível.
E) é o tumor sólido mais comum no recém- nascido.
Resposta correta: Letra B
Comentários: B massa abd + hipertensao+hematuria
O nefroblastoma ( ou Tumor de Wilms) é o câncer re-
nal mais comum na faixa etária pediátrica e o segundo
câncer sólido mais frequente (excluindo tumores do
sistema nervoso central), só perdendo para o neuro-
blastoma. A frequência desse tumor é igual para ambos
os sexos, e cerca de 78% dos casos acontecem na faixa
etária de 1 a 5 anos, com pico de incidência entre 3 e
4 anos.
O tumor de Wilms é assintomático ou oligossintomáti-
co e, na maioria das vezes, é descoberto pelos familiares
ou no exame de rotina da criança. As manifestações clí-
nicas, em ordem de frequência, são a presença de massa
abdominal palpável (60%), hipertensão arterial (25%),
hematúria (15%), dor abdominal (8%), obstipação in-
testinal (4%), perda de peso (4%) e infecção do trato
urinário (3%). A palpação do abdome deve ser feita
com delicadeza, pois o tumor pode se romper com fa-
cilidade, piorando o prognóstico.
O tumor de Wilms tem alta associação genética e está
ligado a diversas síndromes como a Síndrome de Be-
ckwith Wiedemann, WAGR, Danys Drash, entre ou-
tras! O primeiro exame a ser realizado é uma ultrasso-
nografia de abdome e uma vez visualizada uma massa
renal sólida deve ser feito estadiamento com tomogra-
fia de tórax (sítio mais comum de metástase) e abdome.
O protocolo da SIOP (Sociedade Internacional de On-
cologia Pediátrica) é o mais popular no Brasil e preconiza
a não realização de biópsia, o exame de imagem é sufi-
ciente para o diagnóstico da grande maioria dos casos.
Fatores preditores de prognóstico são: histologia do
tumor (células blastemais, estromais e epiteliais são de
bom prognóstico, anaplasia é de mau prognóstico); es-
tágio do tumor; marcadores moleculares e genéticos;
idade> 2 anos (pior em crianças mais velhas).
Estadiamento pela SIOP é feito da seguinte forma:
Estágio 1 - O tumor é totalmente ressecado e limitado
ao rim ou, se fora do rim, é circundado por uma pseu-
docápsula fibrosa.
Estágio 2 - O tumor se estende além do rim ou da
pseudocápsula fibrosa, mas é completamente ressecado
sem evidência de tumor nas margens da ressecção ou
além dela.
Estágio 3 - Após a cirurgia, o tumor residual permane-
ce, mas está confinado ao abdômen. Sem evidência de
metástase hematogênica.
Estágio 4 - metástase hematogênica (por exemplo, pul-
mão, fígado, osso, cérebro) ou envolvimento dos linfo-
nodos além da região abdominopélvica.
Estágio 5 - O envolvimento renal bilateral está presente
no momento do diagnóstico.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - A faixa etária mais acometida é
entre 1 a 5 anos, sendo o pico de incidência entre
3-4 anos.
B) CORRETA -Anaplasia é um fator de pior prog-
nóstico independente do estadiamento.
C) INCORRETA - A maior parte dos casos são oligos-
sintomáticos, as manifestações clínicas da alternativa
estão presentes nas seguintes proporções: massa pal-
pável (60%), hematúria (15%), dor abdominal (8%)
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 119

D) INCORRETA - Biópsia não é uma exigência diag-

nóstica, não é realizada no protocolo mais usado
no Brasil (SIOP), exames de imagem sugerindo tu-
mor de Wilms são suficientes para o diagnóstico
na maioria dos casos. Além disso, existe o risco de
rompimento do tumor durante o procedimento.
E) INCORRETA. O tumor sólido mais frequente na
faixa etária pediátrica é o neuroblastoma, corres-
pondendo a 7% de todas as malignidades.
Take-Home Message:
Tumor de Wilms é o segundo tumor sólido mais co-
mum na infância, principalmente em <5 anos, é oli-
gossintomático, o diagnóstico é feito com exames de
imagem. O tipo histológico, idade ao diagnóstico,
estadiamento e presença de marcadores moleculares e
genéticos ditam o prognóstico do paciente.

QUESTÃO 61
O partograma é um gráfico no qual são anotadas a progressão do trabalho de parto e as condições materno-fetais.
Analise o seguinte partograma e assinale a alternativa correspondente com o padrão encontrado.

A) Fase ativa prolongada.

B) Parada secundária da descida.
C) Desproporção cefálo-pélvica.
D) Distócia funcional.
E) Trabalho de parto fisiológico
Resposta correta: Letra E
120 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Comentários:
Trabalho de parto fisiológico pode ser dividido em 04
períodos. Na primeira gestação, o trabalho de parto
leva em média 12 a 18 h; partos subsequentes são ge-
ralmente mais breves, em média de 6 a 8 horas
Primeiro Período (dilatação): processo de dilatação e
apagamento (“afinamento”) do colo do útero promovi-
do pelas contrações uterinas
1. Fase Latente: as contrações são pouco irregulares e a
dilatação ocorre numa velocidade mais lenta, ocorren-
do, geralmente, até os 4-5cm.
2. Fase ativa: as contrações passam a ser mais regulares
(3 a 4 em 10 minutos), longas e intensas. A dilatação
segue a uma velocidade relativamente contínua (média
de 1cm/h). O término desta fase ocorre quando o colo
atinge a dilatação máxima, os famosos 10 cm.
Segundo Período (expulsão): tem início com o fim da
dilatação e finda com a expulsão do feto. Nesta fase
se esperam, em média, 3 a 5 contrações fortes em 10
minutos. O tempo fisiológico para essa fase depende da
paridade da paciente. Para nulíparas, até duas horas e,
para multíparas, até uma hora.
Atenção: pacientes que estejam sob analgesia de parto
(peridural) podem ter seu período expulsivo prolonga-
do em até uma hora.
Terceiro Período (dequitação): início após a saída do
feto e termina com a saída da placenta. O tempo de
duração é de até 30 minutos.
Quarto Período (primeira hora pós-parto ou período
de Greenberg): inicia após a expulsão da placenta e não
se configura, tecnicamente, como período do parto, po-
rém é nesse período em que há maior risco de hemorra-
gia puerperal e, por isso, a mulher fica em observação.
O partograma é a representação gráfica do trabalho de
parto e é útil para avaliação da evolução fisiológica ou
distócica do mesmo. As principais distócias são:
Distócia funcional: alteração na força motriz durante o
trabalho de parto que não permite uma evolução fisiológi-
ca do mesmo, em geral a dilatação do colo uterino ocorre
lentamente, numa velocidade menor que 1cm/hora.
1. Distócia por hipoatividade uterina: contrações
abaixo do esperado para a fase do trabalho de parto
→ corrigir com ocitocina e/ou amniotomia
2. Distócia por hiperatividade: contrações acima do
esperado para a fase do trabalho de parto
a. Com obstrução no canal de parto: despropor-
ção cefalopélvica, tumores, sinéquias.
b. Sem obstrução: hiperatividade é intrínseca, le-
vando a um parto rápido (taquitócito): entre início
e fim do trabalho de parto são até 3 horas ou menos
(exceção dentro das distócias).
3. Distocia por hipertonia: parto mais lento pela difi-
culdade de relaxamento uterino, em geral pelo ex-
cesso de ocitocina
Distócia de Dilatação: ocorre quando paciente apre-
senta atividade e tônus uterinos normais, porém sem
evolução da dilatação (diagnóstico de exclusão)
Distócia de Trajeto: presença de anormalidades ósseas
ou de partes moles, o que gera um estreitamento do
canal de parto e dificulta ou até impede a evolução nor-
mal do trabalho de parto e a passagem do feto.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Na fase ativa, as contrações são
regulares e rítmicas (3 a 5 em 10 minutos) e a velo-
cidade de dilatação segue razoavelmente constante,
como observado no partograma, logo, não se con-
sidera fase ativa prolongada.
B) INCORRETA - A parada secundária da descida é
diagnosticada por dois toques sucessivos, com in-
tervalo de 1 hora ou mais, desde que a dilatação do
colo uterino esteja completa, onde a apresentação
fetal se encontra na mesma altura dos planos de De
Lee. Geralmente relacionada à desproporção cefa-
lopélvica
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
C) INCORRETA - Para que haja diagnóstico de des-
proporção cefalopélvica, a apresentação fetal não
ultrapassa o plano 0 de De Lee, podendo, ou não,
ter alcançado a dilatação total.
D) INCORRETA - Na questão as contrações ute-
rinas e dilatação do colo tem ocorrido de manei-
ra fisiológica,
E) CORRETA - trabalho de parto fisiológico
Take-Home Message:
• Ao olhar um partograma, deve-se procurar saber em
qual período a paciente se encontra: atenção às con-
trações uterinas, velocidade de dilatação e descida
da apresentação fetal
• Para cada período deve-se saber identificar e corrigir
os eventuais problemas para evolução fisiológica do
trabalho de parto: ajuste de ocitocina, amniotomia
QUESTÃO 62
(ANULADA) Primigesta de 36 semanas refere sangra-
mento vaginal em moderada quantidade, com alguns
coágulos, associado à dor em cólica contínua e hiperi-
drose, há 30 minutos. Ao exame físico, a pressão arte-
rial é de 132 × 84 mmHg, taquicardia, altura uterina
de 30 cm, com sinais de tetania uterina, BCF = 118
bpm. Ao toque vaginal, o colo é pérvio para 2 cm e
observa-se sangue escurecido com coágulos no canal
vaginal. Nesse caso, está indicado(a)
A) inibição do parto e administração de corticoide.
B) monitorar a evolução do parto.
C) amniotomia e indução do parto.
D) resolução com cesárea.
E) profilaxia de sepse neonatal, ocitocina e monitori-
zar a evolução do parto.
Resposta correta: Letra D
| 121
Comentários:
O descolamento prematuro de placenta (DPP) é ge-
rado pela ruptura dos vasos maternos na decídua ba-
sal. Este sangue se acumula de modo que, dissecando
a interface placenta-decidual, culmina na completa ou
quase completa separação dessas estruturas.
A apresentação clínica do DPP engloba o sangramento
vaginal, habitualmente de padrão escuro / violáceo, dor
abdominal, hipertonia uterina (contração uterina sem
seu relaxamento adequado) e alteração em frequência
cardíaca fetal, sendo o achado mais comum a bradi-
cardia. Esse diagnóstico é reservado para as gestações
após 20 semanas, sendo, portanto, um dos diagnósti-
cos diferenciais de sangramento de segunda metade de
gestação.
É imprescindível que a suspeição diagnóstica seja feita
de imediato, pois a resolução da gestação deve ocorrer
o mais rápido possível a fim de que se possa reduzir
a morbi-mortalidade materna e perinatal. Importante
ressaltar que o diagnóstico é eminentemente clínico,
não devendo a investigação diagnóstica com exames
complementares atrasar a terapêutica.
Os principais fatores de risco são: síndromes hiperten-
sivas, trauma, anormalidades uterinas, uso de cocaína
e tabagismo.
Ao diagnosticarmos um quadro de DPP, precisamos
confirmar se o feto está vivo.Na presença de feto vivo,
indica-se resolução da gestação pela via mais rápida.
Caso a paciente esteja instável, haja diagnóstico de so-
frimento fetal agudo ou evolução lenta de trabalho de
parto, damos preferência à cesariana. Na confirmação
de óbito fetal, estando a mãe estável, damos preferência
à via vaginal.
122 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: QUESTÃO 63

A) INCORRETA - inibição do parto e administração G1P0A1, idade gestacional de 9 semanas, volta à con-
de corticoide: o descolamento prematuro de pla- sulta de pré-natal trazendo os seguintes exames para
centa é uma contraindicação absoluta à inibição toxoplasmose: IgG reagente e IgM reagente. Foi soli-
de trabalho de parto devido à alta morbi-letalidade citado o teste de avidez IgG específico, que apresentou
materno-fetal ao não se resolver a gestação. como resultado alta avidez.
B) INCORRETA - monitorar a evolução do parto: a Nesse caso, devemos considerar
paciente apresenta toque vaginal que não sugere se-
A) infecção aguda.
quer que esteja em trabalho de parto. No DPP com
feto vivo sem parto vaginal iminente, optamos por B) infeção materna e fetal.
cesárea de urgência. C) paciente suscetível.
C) INCORRETA - amniotomia e indução do parto: D) infecção adquirida há menos de 4 meses.
a amniotomia é uma conduta adequada, pois esta E) infecção adquirida há mais de 4 meses.
reduz o sangramento materno e aumenta a passa-
gem de tromboplastina para a corrente sanguínea Resposta correta: Letra E
materna. Entretanto, não devemos induzir parto na
suspeita de descolamento prematuro de placenta. Durante o pré-natal, todas as gestantes suscetíveis devem
ser submetidas ao rastreamento sorológico para toxoplas-
D) CORRETA - resolução com cesárea: DPP com
mose já na primeira consulta, para seguimento posterior,
feto vivo, sem parto vaginal iminente, é indicação
com vistas à prevenção da infecção aguda por meio de
de cesárea de urgência.
medidas de prevenção primária e a detecção precoce.
E) INCORRETA - profilaxia de sepse neonatal, oci-
tocina e monitorizar a evolução do parto: mesmo Os métodos utilizados para confirmação dos casos pe-
racional do item B. los Laboratórios Centrais de Saúde Pública têm sido a
sorologia IgM e IgG e avidez de IgG. Eventualmente,
realizam PCR de acordo com a capacidade laboratorial.
Take-Home Message:
• O descolamento prematuro de placenta possui ele-
vada morbi-mortalidade materna e perinatal, de-
vendo seu diagnóstico ser ágil e a conduta, igual-
mente rápida.
• Em caso de feto vivo, habitualmente indica-se ce-
sárea de urgência, a não ser que parto vaginal seja
iminente.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 123

Sorologia Interpretação Conduta

IgM (-) e IgG (-) Paciente suscetível à toxoplas- Medidas de prevenção primária e repetição
mose periódica da sorologia

IgM (-) e IgG (+) Paciente imune Sem medida adicional

IgM (+) e IgG(-) Provável infecção aguda Iniciar espiramicina (profilaxia transmis-
são vertical) e repetir novo teste após 2-3
semanas para observar viragem sorológica
(IgG deverá ficar positivo para configurar
verdadeira infecção aguda)

IgM (+) e IgG (+) Contato recente ou antigo com Realizar teste de avidez até 16sem de ges-
toxoplasma tação

C) INCORRETA - Pacientes suscetíveis são aquelas

O teste de avidez de IgG é importante para determinar
a época da infecção pelo toxoplasma na gestante, visto
que alta avidez indica que os anticorpos foram produ-
zidos há mais de 12-16 semanas. Portanto, quando se
verifica alta avidez em gestantes que apresentam IgG e
IgM positivos já na primeira amostra coletada no pri-
meiro trimestre de gestação, conclui-se que a toxoplas-
mose foi adquirida há mais de 4 meses, consequente-
mente antes da concepção.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - a presença de IgM e IgG reagentes
não permite distinguir quando houve a infecção
B) INCORRETA - para confirmação de infecção agu-
da materna nesta questão, o teste de avidez para
IgG deveria ser baixo. Além disso, para diagnóstico
fetal, deve-se pesquisar o toxoplasma em líquido
amniótico pela técnica de PCR.
que nunca entraram em contato com o toxoplasma,
logo tanto IgM como IgG são não reagentes
D) INCORRETA - Resultado de alta avidez de IgG
significa que a paciente entrou em contato com o
toxoplasma há, pelo menos, 16 semanas (04 meses)
E) CORRETA -
Take-Home Message:
• Sempre que IgG + e IgM +, deve-se olhar a idade
gestacional e indicar teste de avidez se a mesma for
menor de 16 semanas, para definição de infecção
aguda ou antiga
• Em casos de infecção aguda, deve-se já iniciar a es-
piramicina para profilaxia de transmissão vertical,
entretanto, deve-se confirmar a viragem sorológica
para descartar resultado falso positivo.
124 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 64 • Utilizar estímulo vibroacústico caso não haja acele-

A cardiotocografia (CTG) anteparto é um exame de
vitalidade fetal. Consiste no registro, por cerca de 20
minutos, da frequência cardíaca fetal, das contrações
uterinas e da movimentação fetal. Sobre esse exame,
informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma
a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) São avaliados 4 parâmetros na cardiotocografia:
frequência cardíaca fetal, oscilações da frequência
cardíaca fetal, acelerações da frequência cardíaca
fetal à movimentação materna e desacelerações da
frequência cardíaca fetal.
( ) A FCF (Frequência Cardíaca Fetal) média é de 110
a 160 bpm. Classifica-se como taquicardia quando
a frequência é maior que 160 bpm.
( ) A CTG é classificada em 3 categorias: categoria I
como normal, categoria II como anormal e catego-
ria III como indeterminada/atípica.
( ) Evitar período prévio de jejum prolongado para re-
alização de CTG.
A) V – V – V – F.
B) F – V – V – V.
C) V – V – F – V.
D) F – V – F – V.
E) V – V – V – V.
Resposta correta: Letra D
rações
• Duração média da avaliação: 10 minutos, embo-
ra seja exigido tempo adicional de até 30 minutos
para que uma anormalidade seja atestada
Os parâmetros analisados são:
• Frequência cardíaca fetal basal (FCF) – linha
de base.
• Oscilações da frequência cardíaca fetal – variabili-
dade da FCF
• Acelerações da frequência cardíaca fetal.
• Desacelerações da frequência cardíaca fetal
Categorias da CTG Anteparto:
• Categoria I– Normal (altamente preditivo de equi-
líbrio ácido-base normal).
• Categoria II – Atípica/Indeterminada (não é predi-
tor de alteração no equilíbrio, mas não pode atestar
normalidade no momento da observação).
• Categoria III – Anormal (equilíbrio ácido-base
anormal).

A cardiotocografia, também conhecida como moni-

torização fetal eletrônica, é um método não invasivo
de monitorização dos batimentos cardíacos fetais, cujo
objetivo primário é a avaliação da vitalidade do concep-
to (oxigenação) e consiste no registro gráfico simultâ-
neo da frequência cardíaca fetal, dos movimentos fetais
e das contrações uterinas. Pode ser utilizada tanto na
avaliação anteparto como no intraparto.
Principais recomendações para realização do exame
• Paciente em posição sentada, semideitada ou em
decúbito lateral
• Evitar jejum prolongado
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 125

Vamos às alternativas:
(F) a movimentação materna não entra como critério de avaliação da cardiotocografia
(V) a linha de base da frequência cardíaca fetal (em qualquer idade gestacional) varia entre 110 a 160bpm
(F) Vide acima no comentário
(V) Jejum prolongado pode deixar o feto sob estado de menor atividade: “bebê preguiçoso”.

Take-Home Message:
• Saber os valores de referência dos parâmetros utilizados para diagnóstico adequado da cardiotocografia
• O melhor parâmetro de bem-estar fetal na cardiotocografia anteparto é a presença de acelerações transitórias,
logo, ao bater o olho nesse exame, é por elas que se deve logo buscar
126 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 65
(ANULADA) Referente ao Sangramento Uterino
Anormal (SUA), analise as assertivas e assinale a alter-
nativa correta.
I. Segundo a FIGO (Federação Internacional de Gi-
necologia e Obstetrícia), o SUA pode ser classifica-
do em causas estruturais e em não estruturais.
II. As causas não estruturais incluem: malignidade, co-
agulopatias, ovulatória, endometrial e iatrogênicas.
III. O sucesso do tratamento do SUA depende do diag-
nóstico etiológico.
IV. Pequenos pólipos (< 0,5 cm) podem ser removidos
ambulatoriamente usando instrumentos mecânicos
de 5-Fr (tesoura afiada e/ou pinças de agarrar). Pó-
lipos maiores (> 0,5 cm) podem ser removidos em
bloco (pela ressecção da base da lesão de implanta-
ção com eletrodo monopolar ou bipolar) ou, alter-
nativamente, seccionados em fragmentos.
A) Nenhuma das assertivas são corretas.
B) Todas as assertivas são corretas.
C) Apenas a assertiva I é correta.
D) Apenas três assertivas são corretas.
E) Apenas as assertivas I, III e IV são corretas.
Resposta correta: Letra E
Comentários: A FIGO (Federação Internacional de Gi-
necologia e Obstetrícia) classifica o sangramento uteri-
no anormal em causas estruturais (acrônimo PALM) e
não estruturais (acrônimo COEIN).
As causas estruturais englobam os pólipos, a adenomio-
se, leiomiomas (com especial atenção aos submucosos,
que costumam estar mais associados aos sangramentos
uterinos), e neoplasias e hiperplasias endometriais.
As causas não estruturais, por sua vez, englobam as co-
agulopatias, disfunções ovulatórias, disfunções endo-
metriais, causas iatrogênicas e as não classificadas em
outra parte.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Esta importante publicação da FIGO de 2010 tem
como grande objetivo auxiliar no raciocínio diagnós-
tico diante de um quadro de sangramento uterino dis-
funcional, pois o adequado diagnóstico permite ade-
quado tratamento, considerando que cada patologia
tem um tratamento específico.
Vamos aos itens:
I - CORRETO - a FIGO divide as causas de sangra-
mento uterino anormal em estruturais (PALM) e
não estruturais (COEIN)
II - INCORRETA - a malignidade pertence às causas
estruturais e não às não-estruturais
III - CORRETA - é necessário saber o diagnóstico
etiológico de um sangramento uterino anormal
para sua correta terapêutica
IV - CORRETA - pequenos pólipos são passíveis de
remoção ambulatorial, enquanto pólipos de tama-
nho maior demandam maior cautela em sua res-
secção devido ao risco de sangramento
Por tanto, alternativa E correta.
Take-Home Message:
• Conhecer a classificação PALM-COEIN da FIGO
para os sangramentos uterinos disfuncionais
| 127
QUESTÃO 66
Primigesta de 37 anos, tabagista, idade gestacional de
34 semanas, vai à maternidade queixando-se de cefaleia
intensa, epigastralgia e alterações visuais. Exame físico:
AFU 30 cm, MF +, DU negativa, PA 160/120 mmHg.
O diagnóstico mais provável e a medicação indicada
nesse momento são, respectivamente:
A) síndrome HELLP e hidralazina intravenosa.
B) eclâmpsia e benzodiazepínico.
C) pré-eclâmpsia grave e metildopa.
D) pré-eclâmpsia grave e sulfato de magnésio.
E) eclâmpsia e sulfato de magnésio.
Resposta correta: Letra D
Pré-eclâmpsia é definida classicamente por hipertensão
arterial (≥ 140 e/ou 90 mmHg) identificada pela pri-
meira após a 20ª semana associada à proteinúria signi-
ficativa e/ou edema. Entretanto, atualmente admite-se
tal diagnóstico se o estado hipertensivo estiver acom-
panhado de comprometimento sistêmico ou disfunção
de órgãos-alvo (trombocitopenia, disfunção hepática,
insuficiência renal, edema agudo de pulmão, iminên-
cia de eclâmpsia ou eclâmpsia), ainda que na ausência
de proteinúria.
A Pré-Eclâmpsia é considerada grave sempre
que houver:
• Pico pressórico ≥ 160 e/ou 110 mmHg;
• Iminência de eclâmpsia: cefaleia + escotomas visu-
ais + epigastralgia associada a pico pressórico;
• Eclâmpsia: convulsões tônico-clônico generalizadas
em paciente com pré-eclâmpsia;
• Oligúria: diurese <500ml/24h;
• Lesão renal aguda: Creatinina ≥ 1,2 mg/dL;
• Edema agudo de Pulmão;
• Síndrome HELLP: hemólise (LDH >600UI/L
ou BT>1,2mg/dL + TGO/TGP > 70 + Plaquetas
<100.000/mm³).
128 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Para o tratamento, preconiza-se dieta normossódica, E) INCORRETA: como já dito, não se trata de
repouso relativo, exames laboratoriais para identificar eclâmpsia
precocemente o comprometimento de órgãos-alvo e
diagnosticar a síndrome HELLP. Tratamento anti-hi- Take-Home Message:
pertensivo demora no mínimo de um a dois dias para
ter efeitos consistentes na pressão arterial, sendo as • Saber os principais critérios de gravidade da pré-e-
principais medicações: clâmpsia
• Simpatolíticos de ação central: metildopa e clonidina • Quando está indicada a administração de sulfato de
magnésio
• Bloqueador de canal de cálcio: anlodipino e nifedi-
pino • Parto é o tratamento definitivo da pré-eclâmpsia
• Vasodilatador periférico: hidralazina
• Betabloqueador: carvedilol e metoprolol QUESTÃO 67
A utilização de sulfato de magnésio deve ser pron- M.A.S, 26 anos, procurou o PA com queixa de lesão
tamente administrada para os casos de iminência de dolorosa em região genital com início há 4 dias. Ao
eclâmpsia, eclâmpsia, síndrome HELLP, pré-eclâmpsia exame, apresenta úlcera em região vulvar, com fundo
com deterioração clínica e/ou laboratorial (incluindo purulento e dolorosa à palpação. Foi observado, ainda,
hipertensão de difícil controle) ou se uma paciente com um linfonodo aumentado na região inguinal esquerda,
pré-eclâmpsia grave entrar em trabalho de parto. drenando secreção por orifício único. Qual é a princi-
O tratamento definitivo para a pré-eclâmpsia é o pal hipótese diagnóstica?
parto, uma vez que a placentação inadequada e os des- A) Herpes genital.
balanços moleculares relacionados são desfeitos quan- B) Linfogranuloma venéreo.
do da dequitação.
C) Cancro mole.
Vamos às alternativas: D) Sífilis (cancro duro).
E) Donovanose.
A) INCORRETA: a Síndrome HELLP é um diagnós-
tico laboratorial, caracterizado pela concomitância Resposta correta: Letra Letra C
de LDH >600UI/L ou BT>1,2mg/dL + TGO/
TGP > 70 + Plaquetas <100.000/mm³ Questão clássica de prova de residência. Para respon-
dê-la com tranquilidade, precisamos ter em mente as
B) INCORRETA: para diagnóstico de eclâmpsia é
principais características das úlceras genitais.
necessário a presença de convulsões tônico-clônico
generalizadas em paciente com pré-eclâmpsia, além
disso, o manejo farmacológico é feito com sulfato
de magnésio e não benzodiazepínico.
C) INCORRETA: na vigência de iminência de
eclâmpsia (emergência hipertensiva), medicações
via oral não são capazes de prevenir a evolução para
eclâmpsia
D) CORRETA: medicação de escolha para tratamen-
to nos casos de iminência de eclâmpsia é o sulfato
de magnésio
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 129

Característica Linfogranuloma Sífilis Donovanose Herpes Cancro Mole

Venéreo

Agente Chlamydia Treponema Klebsiella Herpes Haemophilus

trachomatis pallidum granulomatis simplex ducreyi
Aspecto úlcera Úlcera pequena ou Bem Lesão friável, Bordos bem Bordas
pápula ou vesícula delimitada, vegetante, borda definidos e irregulares,
bordas bem delimitada hiperemiados, com fissuras,
duras com com fundo fundo limpo, fundo sujo e
fundo granulomatoso não sangrantes friável
limpo e
brilhante
Nº de úlceras Única Única Única ou Múltiplas Únicas ou
múltiplas múltiplas
(mais comum)
Sensibilidade Indolor Indolor Indolor Dolorosa Dolorosa

Linfonodopatia Presente e dolorosa Presente Ausente Presente e Presente e

dolorosa dolorosa
Fistulização Presente e em aspecto Ausente Ausente Ausente Presente
de bico de regador
Diagnóstico Bacterioscopia, Campo Biópsia: Citologia ou Bacterioscopia
cultura escuro corpúsculos de sorologia (cocobacilos
Donovan gram -)
Tratamento Doxiciclina ou Penicilina Azitromicina ou Aciclovir ou Azitromicina
azitromicina benzatina Doxiciclina valaciclovir ou ou ceftriaxona
fanciclovir oral ou
ciprofloxacino

Vamos às alternativas: Take-Home Message:

A) INCORRETA: herpes genital são úlceras múltiplas • Úlceras dolorosas são: herpes e cancro mole
com fundo limpo • Diagnóstico é clínico na maioria das vezes
B) INCORRETA: linfogranuloma venéro é úlcera in- • A fistulização do linfogranuloma é muito caracterís-
dolor tica: bico de regador
C) CORRETA
• Tratamento tópico para herpes não é eficaz
D) INCORRETA: sífilis é úlcera indolor com fundo
limpo
E) INCORRETA: donovanose é úlcera indolor sem
linfonodopatia
130 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

QUESTÃO 68
Resposta correta: Letra C
Assinale a alternativa com a associação correta entre a
síndrome e o cariótipo. Questão fácil que aborda correlação da síndrome com
A) Síndrome de Sheehan = 45, X0 o cariótipo. Todas as citadas são clássicas de prova, logo
B) Síndrome de Rokitansky = 47, XXX não podemos errar e nem todas estão relacionadas a
alterações cromossômicas.
C) Síndrome de Morris = 46, XY
D) Síndrome de Turner = 47, XX, +21
E) Síndrome de Kallmann = 46, XY

Sheehan Rokitansky Morris Turner Kallman

Característica Hipopituitarismo Agenesia Resistência Distúrbio Defeito na

principal secundário mülleriana: periférica a ação cromossômico, migração dos
ausência de dos androgênios com apenas um neurônios que
útero, tubas e cromossomo X produzem o
terço superior da GnRH e dos
vagina, porém neurônios que
ovários normais formam os
nervos olfatórios
Quando Puérpera com Amenorreia Amenorreia Baixa estatura, Amenorreia
pensar história de forte primária + primária, sem pescoço alado, + anosmia +
em prova? sangramento caracteres sexuais pelos, mamas tórax largo, cegueira para
no parto e que secundários pequenas e infantilismo cores
não consegue vagina curta sexual
amamentar
Diagnóstico Dosagem de Exame de Exame de Cariótipo Clínica + FSH +
TSH, Prolactina, imagem + imagem + LH + esteroides
ACTH, GH, cariótipo cariótipo sexuais + exame
LH e FSH de imagem
(baixos níveis)
Tratamento Reposição Se desejo Gonadectomia Reposição Reposição
hormonal de gestar: + reposição hormonal hormonal
reprodução hormonal
assistida (estrogênio)
Cariótipo 46XX 46XX 46Xy 45X0 46XX

Take-Home Message:
• Síndrome de Rokitansky é sempre colocado em prova como diagnóstico diferencial de Síndrome Morris
• Puérpera que não consegue amamentar = Síndrome de Sheehan
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 131

QUESTÃO 69
São parâmetros utilizados para avaliar o colo uterino (índice de Bishop), EXCETO
A) dilatação.
B) apagamento.
C) consistência.
D) coloração.
E) posição.
Resposta correta: Letra D

O Índice de Bishop (1964) é uma escala que avalia as características do colo do útero e atribui uma pontuação de
valor prognóstico para o êxito da indução do trabalho de parto. Todas as características são analisadas por meio do
toque vaginal e estão exemplificadas no quadro abaixo e sua pontuação atribuída:

Conduta:
• Índice ≤ 6: necessário amadurecimento cervical prévio a indução
• Índice > 6: indução (ocitocina)

Take-Home Message:
• Índice de Bishop só pode ser avaliado pelo toque vaginal
• Ele é preditor de sucesso para paciente entrar em trabalho de parto com a ocitocina
132 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 70
(ANULADA) E.F.R, 52 anos, com queixa de nódulo
palpável e doloroso, notado há 1 mês. Ao exame físico:
nódulo móvel, fibroelástico, de 3,0 cm. Traz exames de
mamografia e ultrassonografia. Analise as imagens des-
se exame e assinale a alternativa que apresenta o acha-
do, a categoria do BI-RADS® e a conduta.
A) Nódulo hipoecogênico, BI-RADS® 3; novos exa-
mes em 6 meses.
B) Cisto simples; BI-RADS® 2; seguir rotina normal.
C) Nódulo hipoecogênico; BI-RADS® 3; PAAF.
D) Cisto espesso; BI-RADS® 2; novos exames em
6 meses.
E) Achados altamente suspeitos; necessita de histologia.
Resposta correta da banca: Letra B
Gabarito MEDCOF: cabe recurso na questão, não há
alternativa correta.
Os nódulos mamários são lesões palpáveis e delimitá-
veis em três dimensões.
Os nódulos benignos habitualmente são móveis, com
contornos regulares, margens definidas e consistência
firme e elástica. Já os nódulos com características de
malignidade costumam mostrar-se aderidos, com con-
tornos irregulares, margens indefinidas, consistência
endurecida, podendo inclusive ser pétrea. Outras ca-
racterísticas que sugerem malignidade são retração ma-
milar, invasão de pele ou de parede torácica ou retração
da pele.
Os principais tipos de nódulos são:
1. Fibroadenomas: predomínio entre 20 e 35 anos;
consistência fibroelástica. Crescimento lento, cos-
tumam atingir entre 2 e 3 cm. Podem alterar de
tamanho com flutuações hormonais (ex.: gestação).
2. AFBM (adensamentos/cistos): entre 25 e 45 anos;
lesões císticas
3. Papiloma intraductal: entre 30 e 50 anos;
4. Tumor phyllodes: entre 30 e 50 anos; grande volu-
me, crescimento rápido, recorrência
5. Hamartoma: 30 e 40 anos, pós menopausa. Ma-
cios, muito semelhantes ao parênquima mamário.
6. Carcinoma: acima dos 50 anos. Lesões sólidas.
Diante de um nódulo mamário realizamos a inves-
tigação com a tríade:
Exame Clínico + Radiológico + Cito/Anatomopatoló-
gico.
A ultrassonografia costuma ser mais eficiente na ava-
liação de nódulos palpáveis, entretanto a mamografia
auxilia no rastreamento de outras lesões. Dessa forma,
é comum realizarmos os dois exames de modo com-
plementar. O laudo deve conter a classificação de BI-
RADS e a caracterização dos achados alterados.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
O exame cito/anatomopatológico é mandatório e deve
pode ser realizado por punção por agulha fina ou gros-
sa ou ainda por biópsia percutânea, podendo também
ser guiado por métodos de imagem se necessário. Ex-
ceção se faz às pacientes com menos de 30 anos que,
por terem menor risco de neoplasia, podem prescindir
do exame cito/anatomopatológico diante de imagem e
exame clínicos de baixa suspeição.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Nódulo hipoecogênenico, BI-
-RADS® 3; novos exames em 6 meses: a descrição
de ecogenicidade se restringe aos exames ultrasso-
nográficos. O exame da questão é uma mamogra-
fia, na qual não fazemos uso desta terminologia.
B) INCORRETA - Cisto simples; BI-RADS® 2; se-
guir rotina normal: a mamografia apresentada na
questão contém alterações alterações grosseiras, co-
mumente chamadas “em pipoca”, o que caracteriza
achado tipicamente benigno (associação com fi-
broadenoma), sendo classificada como BI-RADS®
2. Entretanto, estamos diante de um nódulo sóli-
do e não cístico. Além disso, seria relevante ava-
| 133
liação cito/anatomopatológica, especialmente em
paciente acima dos 30 anos (fonte: FEBRASGO).
“A PAAF é método diagnóstico importante nesses
casos, pois o fibroadenoma consiste em uma das
poucas lesões benignas da mama que está associa-
da a diagnóstico citológico específico. Está bem
indicada nos casos em que será adotada conduta
expectante ou em pacientes de idade mais avan-
çada” (Comissão de Mastologia, FEBRASGO, 16
de agosto de 2017 https://www.febrasgo.org.br/pt/
noticias/item/186-fibroadenoma?highlight=Wy-
JiaXJhZHMiXQ==)
C) INCORRETA - Nódulo hipoecogênico; BI-
-RADS® 3; PAAF: mesmo racional do item A, não
utilizamos esta terminologia para exames mamo-
gráficos.
D) INCORRETA -Cisto espesso; BI-RADS® 2; no-
vos exames em 6 meses: novamente não estamos
diante de cisto espesso, mas sim, de nódulo sólido
E) INCORRETA -Achados altamente suspeito; neces-
sita de histologia: a mamografia apresentada contém
alterações grosseiras, comumente chamadas “em pi-
poca”, o que caracteriza achado tipicamente benigno
134 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Take-Home Message: • Simpson: mais anatômico, utilizado para pequenas

• O correto diagnóstico de nódulos mamários se ba- rotações (até 45º)
seia em: exame clínico + exame de imagem (comu- • Kielland: apresenta articulação central para corre-
mente USG + MMG) + cito/anatomopatológico ção de assinclitismo e pode ser utilizado para gran-
• Nem toda calcificação à mamografia indica malig- des rotações (>45º)
nidade. As microcalcificações cutâneas, vasculares, • Piper: utilizado para apresentações pélvicas
grosseiras em pipoca, redondas e em halo são, por
exemplo, achados tipicamente benignos
• As principais calcificações de característica maligna
são: grosseiras heterogêneas (risco 13%), amorfas
(risco 21%), pleomórficas finas (29%), lineares/ra-
mificadas finas (70%).

QUESTÃO 71
O fórcipe pode ser classificado, quanto à aplicação, de
acordo com o nível de descida e à variedade de posi-
ção da apresentação fetal. Durante o período expulsivo
prolongado do trabalho de parto, constata-se feto em
variedade de posição OET e apresentação no
plano +3 de DeLee. O fórcipe idealmente empregado
para resolução desse parto é
A) Kielland.
B) Simpson.
C) Piper. Vamos às alternativas:
D) Barton.
E) Elliot. A) CORRETA: paciente em questão está na varieda-
de OET o que significa que para que chegue à po-
Resposta correta: Letra A sição OP será necessária rotação de 90º, portanto,
este fórcipe é o de escolha
O fórceps é um instrumento destinado a apreender a B) INCORRETA: fórcipe de Simpson não deve ser
cabeça fetal e extraí-la através do canal do parto. A in- aplicado para grandes rotações
dicação mais comum é a parada de progressão no final C) INCORRETA: este só é utilizado para apresenta-
do segundo período do parto. Pode ser por inércia ute- ções pélvicas
rina, má posição do feto, falta de prensa abdominal ou
configuração anormal do canal do parto. Além disso, D) INCORRETA: atualmente tem sido utilizado para
abreviação do período expulsivo por sofrimento fetal apresentação transversa em partos cesáreos
agudo ou exaustão materna. E) INCORRETA: mesma indicação do Simpson, pra-
ticamente em desuso
Existem diversos tipos de fórceps, porém os três mais
famosos e cobrados em prova são:
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Take-Home Message:
• Os três fórceps mais utilizados são o de Simpson,
Kielland e Piper
• Piper é o único fórceps para parto pélvico
• Para grandes rotações, utilizar fórceps de Kielland
QUESTÃO 72
O exame físico obstétrico consiste em inspeção, palpa-
ção, ausculta e, se necessário, toque. Quanto à palpa-
ção, devemos frisar a avaliação do útero e do seu conte-
údo, visando ao reconhecimento do feto nele contido,
sua apresentação e posição. Para sistematizar a técnica
de palpação, são consideradas diversas fases (manobras
de Leopold-Zweifel). Sobre essas fases, assinale a alter-
nativa correta.
A) No primeiro tempo, delimita-se o fundo uterino,
diagnosticando a situação fetal. Na maioria dos
casos, sentimos no fundo uterino o polo pélvico,
sendo mais volumoso, irregular, resistente, mas re-
dutível. Se encontrado o polo cefálico, este será de
superfície mais regular, resistente e irredutível. O
feto pode estar em situação posterior, anterior, à es-
querda e à direita.
B) No segundo tempo, objetiva-se determinar a posi-
ção fetal, podendo ser longitudinal (vertical), trans-
versal ou córmica, ou oblíqua, em relação ao eixo
materno. As mãos são deslizadas para a lateral, em
direção ao polo inferior do órgão, tentando sentir
o dorso fetal e as pequenas partes ou membros, de
um lado ou outro lado do útero.
C) O terceiro tempo é conhecido, mais particularmen-
te, por manobra de Leopold ou Pawlick. Tem como
objetivo avaliar a mobilidade do polo fetal inferior
em relação ao estreito superior da pelve materna,
determinando, assim, a apresentação fetal. Quando
o polo fetal estiver mais insinuado, mais móvel es-
tará, havendo demonstração da dilatação cervical.
A apresentação pode ser pélvica, cefálica e córmica.
| 135
D) No quarto tempo, objetiva-se a determinação da
insinuação fetal. É a única manobra feita com as
costas do examinador voltada para os pés das pa-
cientes, colocando-se as mãos sobre as fossas ilía-
cas, em direção ao hipogástrio, com movimento
de escavação.
E) Durante a palpação, foi vista posição fetal à es-
querda. Assim, fica perceptível que o dorso está à
esquerda e os membros fetais orientados à direita
em relação ao eixo materno.
Resposta correta: Letra E
As manobras de Leopold-Zweifel consistem na parte
da palpação do exame físico obstétrico, são divididas
em quatro tempos, sendo recomendada sua realização
a partir do segundo trimestre da gestação.
1º tempo: examinador toca o fundo uterino com obje-
tivo de delimitar o polo fetal que ali ocupa e definir a
situação fetal a qual pode ser longitudinal, transversal
ou oblíqua em relação ao eixo materno. Na maioria das
vezes o feto está em situação longitudinal e palpa-se o
polo pélvico no fundo do útero.
2º tempo: examinador desliza as mãos do fundo em
direção ao polo inferior, pelas laterais do abdome ma-
terno, para identificar a posição do dorso fetal (direi-
to, esquerdo, anterior ou posterior) e facilitar a busca
pelo melhor foco de ausculta dos batimentos cardía-
cos fetais.
3º tempo: avalia a mobilidade do polo fetal inferior
em relação ao estreito superior da bacia materna, de-
terminando qual a apresentação fetal. A mobilidade da
apresentação é tanto maior quanto menos insinuado
o feto estiver. Logo, alta mobilidade, baixa insinuação
4º tempo: examinador vira-se de costas para a paciente,
põe suas mãos sobre as fossas ilíacas, aprofundando-as
na pelve com objetivo de avaliar grau de insinuação da
apresentação fetal.
136 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA: os tipos de situação são longitudi-
nal, transversal ou oblíqua.
B) INCORRETA: a posição fetal faz menção à locali-
zação do dorso do feto
C) INCORRETA: a mobilidade é inversamente pro-
porcional à insinuação
D) INCORRETA: é a única manobra onde o exami-
nador fica de costas para o rosto da paciente, volta-
do para os pés dela
E) CORRETA: autoexplicativa
Take-Home Message:
• As Manobras de Leopold devem ser realizadas em
todas as consultas de pré-natal, a partir do segundo
trimestre e
• São importantes para facilitação da ausculta dos
batimentos cardíacos fetais como identificação de
apresentação fetal anômala que contraindique via
de parto vaginal
QUESTÃO 73
O termo menopausa se refere a um ponto no tempo
um ano após a cessação da menstruação. A média de
idade das mulheres vivenciando seu último período
menstrual (FMP, de Final Menstrual Period) é 51,5
anos, mas a cessação das menstruações, causada por
insuficiência ovariana, pode ocorrer em qualquer ida-
de. A transição menopáusica é um evento hormonal e
sociocultural complexo. Diante do exposto, assinale a
alternativa correta.
A) É preferível o uso de estrogênio isolado em pacien-
te com história suspeita ou confirmada de câncer
de mama.
B) Em pacientes não histerectomizadas, devemos fazer
o uso, preferencialmente, de estrogênio isolado.
C) A terapia de reposição hormonal na menopausa não
atua como fator protetor de fratura osteoporóticas.
D) O uso do estrogênio pode ser feito em pacientes
que tiveram endometriose prévia.
E) A terapia de reposição hormonal está indicada na
presença de sintomas que impactam na qualidade
de vida da mulher. Quando presente sintomas de
diminuição da função sexual e libido, pode-se adi-
cionar androgênio à TRH, como no Tibolona®.
Resposta correta: Letra E
A síndrome climatérica é caracterizada pelos sinais e
sintomas relacionados à falência ovariana (déficit de
estrogênio) no período da perimenopausa. Destes, os
mais evidentes são os sintomas vasomotores (fogachos),
síndrome genitourinária (atrofia urogenital) e a perda
de massa óssea. A terapia hormonal (TH) é medida
eficaz para controle e melhoria dessa sintomatologia.
Além disso, se iniciada na peri e na pós-menopausa ini-
cial, a TH pode diminuir o risco cardiovascular, (até 10
anos da menopausA) janela de oportunidade), caso
contrário, aumenta o risco.
Entretanto, apenas o tratamento dos sintomas vasomo-
tores é considerado indicação primária para TH sistê-
mica, especialmente para mulheres sintomáticas abaixo
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
dos 60 anos e com menos de dez anos de menopausa,
sendo unânime em todos os recentes consensos sobre
TH da menopausa. Existem diferentes vias de admi-
nistração e doses e, ainda, esquemas diversos de TH
e, para fins de prova, devemos levar em consideração:
perfil de comorbidades da paciente e presença ou não
de útero.
CONTRAINDICAÇÕES:
• Doença hepática descompensada
• Câncer de mama ou lesão precursora para câncer de
mama
• Câncer de endométrio
• Sangramento vaginal de causa desconhecida
• Porfiria
• Doença coronariana ou cerebrovascular
• Doença trombótica ou tromboembólica venosa
• Lúpus eritematoso sistêmico
• Meningioma – apenas para progestagênio
Tipo de Esquema terapêutico sistêmico (CLÁSSICO
DE PROVA)
• Com útero: estrogênio + progesterona (progestero-
na promove estabilização do endométrio, prevenin-
do hiperplasia endometrial e câncer de endométrio)
• Sem útero: estrogênio isolado
A tibolona é um esteroide sintético com característica
tríplice: propriedades progestagênica, estrogênica e an-
drogênica. Ela, ainda, apresenta efeitos positivos sobre
a sexualidade, o bem-estar físico e o humor, pode me-
lhorar a função sexual pela ação androgênica da molé-
cula e, indiretamente, por redução da SHBG e aumen-
to da testosterona livre com maior repercussão sobre
os sinais e sintomas da deficiência androgênica, como
perda da libido, fadiga, sarcopenia. Diferente da terapia
estroprogestativa, tem baixo impacto mamário, sendo
boa opção para pacientes com mastalgia.
| 137
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA: câncer de mama é contraindicação
para terapia hormonal
b) INCORRETA: pacientes não histerectomizadas de-
vem sempre receber progesterona associada ao estrogê-
nio, caso este seja prescrito, com objetivo de proteção
endometrial
C) INCORRETA: a reposição hormonal tem impacto
positivo sobre a saúde óssea, sendo considerado tra-
tamento adjuvante na prevenção de fraturas ósseas
D) INCORRETA: Terapia hormonal em mulheres
com endometriose em menopausa pós-cirúrgica
pode resultar em dor e recorrência da doença. No
entanto, a evidência na literatura não é forte o sufi-
ciente para sugerir a privação desse tratamento em
pacientes sintomáticas
E) CORRETA: tibolona pode ter efeito sobre a
saúde sexual devido sua ação sobre recepto-
res androgênicos.
]
Take-Home Message:
• Terapia hormonal deve ser primariamente indicada
para pacientes com fogachos
• Pacientes de maior risco tromboembólico devem usar
medicação preferencialmente por via parenteral
• Com útero → estrogênio + progesterona
• Sem útero → estrogênio isolado
138 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 74
O diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional é
feito quando, após esvaziamento uterino por mola hi-
datiforme, ocorre
A) elevação aguda do bhCG no 10º mês, após estar
negativo desde o 6º mês.
B) bhCG detectável após 4 meses (dois valores).
C) elevação aguda do bhCG no primeiro mês.
D) bhCG em títulos maiores que 1.000 mUI/mL na
primeira semana.
E) manutenção de bhCG por três semanas consecuti-
vas (quatro valores).
Resposta correta: Letra E
A neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) inclui as
formas malignas da doença trofoblástica gestacional,
caracterizadas histologicamente como mola invasora,
coriocarcinoma gestacional, tumor trofoblástico de sí-
tio placentário e tumor trofoblástico epitelioide.
A presença de um dos seguintes critérios fecha o diag-
nóstico:
• Pelo menos 04 valores de hCG em platô, por no
mínimo 3 semanas (dias 1, 7, 14 e 21)
• Elevação dos títulos de hCG em pelo menos 10%
por no mínimo 3 valores em 2 semanas (dias 1, 7
e 14)
• Resultado anatomopatológico de neoplasia tro-
foblástica gestacional
• Evidência de doença metastática em mulher em
idade reprodutiva
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA: a elevação aguda de BhCG deve fa-
zer pensar principalmente em gravidez e não NTG.
B) INCORRETA: algumas mulheres podem ficar
com níveis séricos de hCG persistentemente ele-
vados, devendo fazer pensar em falso positivo por
reação cruzada com outros anticorpos, LH ou hCG
hipofisários. Além disso, doença renal crônica di-
minui a secreção urinária do hormônio.
C) INCORRETA: para diagnóstico de NTG espera-se
platô ou elevação de pelo menos 10% do seu valor
de base. Elevações agudas devem sempre fazer pen-
sar em nova gestação.
D) INCORRETA: é necessária mais de uma dosagem
de hCG para definição de NTG.
E) CORRETA: quando temos pelo menos 4 valores
de hCG em platô, por no mínimo 3 semanas (dias
1, 7, 14 e 21), temos o diagnóstico de NTG.
Take-Home Message:
• O marcador biológico utilizado para diagnóstico de
NTG é o hCG
• Para diagnóstico de NTG é necessária minimamen-
te 3 aferições e, quando ocorre estabilização ou
crescimento dos títulos, impõe-se o diagnóstico de
NTG.
QUESTÃO 75
M.R.F., feminino, 27 anos, apresenta queixa de san-
gramento menstrual volumoso, durante período mens-
trual, e dismenorreia. Ao exame físico, apresenta útero
aumentado difusamente e doloroso à palpação. Foi re-
alizada uma ultrassonografia transvaginal, que eviden-
ciou um miométrio heterogêneo e eco endometrial mal
definido. Com base nos achados clínicos e ultrassono-
gráficos, assinale a principal hipótese diagnóstica.
A) Endometriose.
B) Câncer de endométrio.
C) Leiomioma.
D) Adenomiose.
E) Pólipo endometrial.
Resposta correta: Letra D
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 139

Mais uma questão que trata de Sangramento Uteri- rado quando há SUA + aumento irregular do útero.
no Anormal. Lembrar que o sangramento aumentado é típico dos
A FIGO classifica o sangramento uterino anormal em miomas submucosos ou intramural com componente
causas estruturais (acrônimo PALM) e não estruturais submucoso; os subserosos não estão associados à SUA.
(acrônimo COEIN).
Vamos às alternativas:
As causas estruturais englobam os
A) INCORRETA - Endometriose não é causa de SUA
• Pólipos
B) INCORRETA - Câncer de endométrio:não é prin-
• Adenomiose cipal causa de SUA, está classicamente relacionado
• Leiomioma aos seguintes fatores de risco: a exposição a estrogê-
nios endógenos ou exógenos, obesidade, diabetes,
• Malignidade (neoplasias e hiperplasias endome-
menarca em idade precoce, nuliparidade, meno-
triais).
pausa tardia, uso de tamoxifeno e idade maior ou
As causas não estruturais igual a 55 anos. Nada disso foi exposto na questão,
• Coagulopatias, logo não podemos marcar essa opção.
• Disfunções Ovulatórias, C) INCORRETA - Leiomioma: deve ser pensado em
casos de SUA + aumento irregular do útero, ade-
• Disfunções Endometriais, mais, dismenorreia não é achado típico.
• Iatrogênicas D) CORRETA - Adenomiose: dismenorreia + au-
• Não classificadas em outra parte. mento global do útero + SUA
E) INCORRETA - Pólipo endometrial: não leva a au-
A seguir, vamos expor os diagnósticos diferenciais mais mento do volume uterino, nem dismenorreia.
comuns em prova:
Adenomiose é uma alteração benigna do útero que, Take-Home Message:
histologicamente, caracteriza invasão benigna do endo-
métrio no miométrio. Em provas de residência, geral- • Adenomiose: dismenorreia + aumento global do
mente, são expostos em pacientes com dismenorreia + útero + SUA
aumento global do útero + SUA. Diagnóstico definiti- • Endometriose: dismenorreia + infertilidade
vo é anatomopatológico.
• Leiomioma: aumento irregular do útero + SUA
Endometriose pode ser definida pela presença de teci-
do que se assemelha à glândula e/ou ao estroma endo-
metrial fora do útero, com predomínio, mas não ex-
clusivo, na pelve feminina. Deve sempre ser pensado
nas pacientes com dismenorreia, dor pélvica crônica e
infertilidade, como o foco endometrial é ectópico (ex-
trauterino), não há SUA.
O leiomioma uterino é o tumor pélvico mais comum
na mulher, benigno, caracterizado pelo crescimento das
células musculares lisas do miométrio. Pode localizar-se
em diferentes espessuras do útero, a saber: intramural,
submucoso, subseroso ou no colo. Deve ser conside-
140 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 76
Paciente, 31 anos, está na 29ª semana de sua terceira
gestação, com duas cesáreas anteriores, e vem ao pron-
to-socorro queixando-se de sangramento vermelho
vivo, sem esforço desencadeante, em pequena quanti-
dade, não associado à dor. Ao exame físico, apresenta
útero com tônus preservado, altura uterina de 28 cm;
Cardiotocografia Categoria II. Exame especular: vi-
sualizado o sangramento uterino ativo em pequena a
moderada quantidade. Com base na história clínica da
paciente, é sugerido um caso de
A) descolamento prematuro de placenta.
B) trabalho de parto prematuro.
C) placenta prévia.
D) abortamento.
E) sangramento fisiológico.
Resposta correta: Letra C
Os sangramentos de segunda metade de gestação in-
cluem entre os diagnósticos diferenciais: descolamento
prematuro de placenta, placenta prévia, rotura uterina,
rotura de vasa prévia e a rotura de seio marginal.
De maneira sucinta, como costumam ser abordadas es-
sas questões em provas:
• Descolamento prematuro de placenta: sangramen-
to escuro, súbito, geralmente associado com sofri-
mento fetal grave e precoce, dor, hipertonia. Diag-
nóstico clínico.
• Placenta prévia: sangramento vivo, de repetição,
raramente acompanhado de sofrimento fetal, indo-
lor. Diagnóstico ultrassonográfico
• Rotura uterina: quadro súbito, com sangramento
vivo, único episódio, com sofrimento fetal grave e
precoce, sem hipertonia, provoca cessação da dor ao
ocorrer. Sinais de iminência: Bandl (anel de cons-
trição entre istmo e corpo uterino), Frommel (ten-
são dos ligamentos redondos). Diagnóstico clínico.
• Rotura de vasa prévia: geralmente após amnioto-
mia, com sangramento vivo e único, com sofri-
mento fetal grave e precoce. O diagnóstico pode ou
não ser ultrassonográfico. Lembrar que neste caso o
sangramento é fetal!
• Rotura de seio marginal: sangramento vivo, único,
súbito. Sofrimento fetal ausente, quadro clínico
indolor. Principal diagnóstico diferencial com pla-
centa prévia.
Ajudava saber para responder a questões os fatores
de risco associados à placenta prévia: cicatriz uterina
prévia, curetagem prévia, situações em que o volume
placentário está aumentado (hidropsia fetal, gemelari-
dade), tabagismo, multiparidade, endometrite, aborta-
mento provocado.
A) INCORRETA - descolamento prematuro de pla-
centa: o sangramento do DPP é escuro, e está asso-
ciado com dor e hipertonia.
B) INCORRETA - trabalho de parto prematuro: para
termos trabalho de parto, precisamos de contrações
uterinas, o que não está posto na questão. Além dis-
so, a principal característica seria dilatação cervical
e não sangramento vaginal.
C) CORRETA - placenta prévia: o quadro clínico é
de uma paciente na segunda metade da gestação
com sangramento vaginal vivo, sem hipertonia ou
dor associada, com parto cesáreos prévios (risco
maior de inserção baixa da placenta ou ainda pré-
via) e alteração cardiotocográfica (categoria II).
D) INCORRETA - abortamento: o abortamento é um
diagnóstico feito até 20 - 22 semanas, sendo um
diagnóstico diferencial de sangramento da primeira
metade da gestação.
E) INCORRETA - sangramento fisiológico: o quadro
clínico é de uma paciente na segunda metade da
gestação com sangramento vaginal vivo, sem hiper-
tonia ou dor associada, com parto cesáreos prévios
(risco maior de inserção baixa da placenta ou ainda
prévia) e alteração cardiotocográfica (categoria II),
indicando provável placenta prévia, que é um diag-
nóstico patológico
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 141

Take-Home Message:
• Saber diferenciar os principais diagnósticos diferen-
ciais de segunda metade da gravidez.
• Recordar que na placenta prévia, diferentemente da
rotura de seio marginal, há alteração da vitalidade
fetal, sendo esta a principal diferença entre os dois
diagnósticos.

QUESTÃO 77
H.O.S, feminino, 23 anos, chega ao serviço de pronto atendimento com queixa de corrimento vaginal. Relata, ao
médico residente, ter relações sexuais com parceiro único há 5 meses, não usando preservativo. Nega ISTs prévias.
Ao exame físico ginecológico: genitália externa sem alterações. Ao exame com espéculo, vê-se colo uterino com
presença de microulcerações, além de corrimento amarelo esverdeado, bolhoso e de odor fétido. Notam- se ainda
paredes vaginais íntegras. Assinale a alternativa correta acerca da principal hipótese diagnóstica e possível conduta
para esse caso.
A) Tricomoníase, iniciar o esquema com Metronidazol para a paciente.
B) Tricomoníase, iniciar o esquema com Metronidazol para a paciente e para o seu parceiro sexual.
C) Vaginose bacteriana, iniciar o esquema com Metronidazol para a paciente.
D) Vaginose bacteriana, iniciar o esquema com Metronidazol para a paciente e para o seu parceiro sexual.
E) Candidíase vulvovaginal, iniciar o tratamento da paciente com fluconazol.
Resposta correta: Letra B

Vaginose bacteriana Candidíase vulvovaginal Tricomoníase (IST) Vaginose citolítica

Corrimento branco, Corrimento Corrimento amarelo-esverdeado Desbalanço da
acinzentado, homogêneo, esbranquiçado, grumoso, ou amarelado, bolhoso, odor flora vaginal
fino, odor fétido aderente e aspecto de desagradável, prurido e/ou com redução de
“leite talhado” irritação vulvar, dispareunia, pH e elevação
disúria, polaciúria. da população
Colpite em aspecto de framboesa. de lactobacilus.

Metronidazol VO ou VV Imidazólicos (miconazol, Metronidazol VO Alcalinização

Clindamicina creme VV clotrimazol, nistatina etc) Tinidazol VO do meio vaginal
VV com duchas de
ou Fluconazol VO bicarbonato de
Tratar parceiro sódio
142 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - a tricomoníase é uma doença se-
xualmente transmissível e, por tanto, devemos con-
vocar e tratar o(s) parceiro(s) sexuais da paciente.
B) CORRETA - o tratamento correto é com metro-
nidazol, que deve ser via oral, bem como convoca-
ção do parceiro para tratamento adequado.
C) INCORRETA - a vaginose bacteriana costuma
estar associada a corrimento branco, acinzentado,
homogêneo, fino, odor fétido e não acompanha
colpite (“colo uterino com presença de microulce-
rações”).
D) INCORRETA - a vaginose bacteriana não é consi-
derada uma IST e não está preconizado o tratamen-
to rotineiro do(s) parceiro(s) sexuais da paciente
E) INCORRETA - a candidíase vaginal costuma apre-
sentar-se com os seguintes achados clínicos: corri-
mento esbranquiçado, grumoso, aderente e aspecto
de “leite talhado”
Take-Home Message:
• Saber reconhecer as diferentes vaginoses e vulvova-
ginites
• Saber tratar as diferentes vaginoses e vulvovaginites
• Lembrar que a tricomoníase, dentre as vulvovagi-
nites, é a única IST e que, por tanto, precisamos
tratar o parceiro
QUESTÃO 78
Gestante, 28 anos, obesa, vem para a consulta de pré-
-natal de sua segunda gestação preocupada com o re-
sultado do seu teste oral de tolerância à glicose com
75mg de glicose (TOTG-75), visto que teve diabetes
gestacional em sua última gravidez. No dia da consul-
ta, a paciente se encontra com 26 semanas e 3 dias de
gestação e traz o resultado de sua glicemia de jejum
realizada na primeira consulta pré-natal, com o seguin-
te resultado: 89mg/dl. Traz também TOTG-75, com
os resultados: glicemia de jejum 91mg/dl, após 1h da
ingesta: 176mg/dl, e, após 2h: 140mg/dl. Sendo assim,
o médico deve informar a paciente que
A) ela possui diabetes gestacional e o tratamento deve
ser com dieta e exercícios físicos.
B) ela possui diabetes gestacional e o tratamento deve
ser com insulina.
C) ela possui diabetes pré-gestacional (preexistente) e
deve iniciar dieta e exercícios físicos.
D) ela possui diabetes pré-gestacional (preexistente) e
o tratamento deve ser instituído com metformina.
E) ela não possui diabetes gestacional, mas, por ter
histórico e outros fatores de risco, deve ficar aten-
ta e seguir rotina com alimentação saudável e
exercícios para prevenção.
Resposta correta: Letra E
O rastreio de diabetes na gestação é universal nas pa-
cientes que não possuem este diagnóstico previamente.
Glicemia de jejum:
92 - 125diabetes mellitus gestacional (DMG)
>125diabetes pévio
Entre 24 e 28 semanas está indicado o TOTG-75, onde
se avalia a glicemia de jejum e se repte a glicemia 1 hora
e 2 horas após ingestão de 75g de glicose.
Glicemia de jejum:
92 - 125 diabetes mellitus gestacional
>125 diabetes pévio
1h após: >= 180
2h após: >= 153. Se >= 200, diabetes prévio.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
A diabetes mellitus gestacional está correlacionada à
produção do hormônio lactogênio placentário pela
própria placenta. Este hormônio aumenta a resistência
insulínica da paciente de modo a favorecer a passagem
de glicose para o feto. Nas pacientes que já têm alguma
resistência à ação da insulina, o lactogênio placentário
eleva esta resistência, a qual diagnosticamos com o ras-
treio universal na gestação.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - ela possui diabetes gestacional e o
tratamento deve ser com dieta e exercícios físicos:
a paciente não possui nenhum exame de glicemia
alterado, todos realizados da forma correta e no
período adequado. Por tanto, não possui diabetes
mellitus gestacional.
B) INCORRETA - ela possui diabetes gestacional e
o tratamento deve ser com insulina: idem ao item
A. Lembrando que o tratamento inicial de DMG
é com dieta e exercícios físicos, atrelado à controle
glicêmico domiciliar (jejum e pós refeição).
C) INCORRETA - ela possui diabetes pré-gestacional
(preexistente) e deve iniciar a dieta e exercícios físi-
cos: é verdade que a paciente que já teve D M G
tem maior risco de desenvolver diabetes mellitus
tipo 2 ao longo da vira (50% em 10 anos), mas esta
paciente em questão não tem glicemia de jejum >=
126 nem TOTG-75 >= 200 em 2 horas.
D) INCORRETA - ela possui diabetes pré-gestacional
(preexistente) e o tratamento deve ser instituído com
metformina: mesmo racional do item D. Quando há
necessidade de medicação para controle da diabetes
na gravidez, dá-se preferência à insulina.
E) CORRETA - ela não possui diabetes gestacional,
mas, por ter histórico e outros fatores de risco,
deve ficar atenta e seguir rotina com alimenta-
ção saudável e exercícios para prevenção: correto.
Lembro aqui que a sensibilidade dos testes de ras-
treio não é 100% e esta paciente possui fatores de
risco (DMG em outra gestação, obesidade) para
desenvolver DMG nesta gestação.
| 143
Take-Home Message:
• Saber diagnosticar diabetes mellitus gestacional e
diabetes mellitus prévio à gestação
• Conhecer o tratamento inicial e medicações utiliza-
das na gestação
QUESTÃO 79
Mulher, 35 anos, refere última ida ao ginecologista há
5 anos, com exames citopatológicos cervicovaginais
normais. Após colposcopia, recebeu um resultado de
citopatológico indicando a presença de células escamo-
sas atípicas de significância indeterminada (ASC-US).
Assinale a alternativa que corresponde à conduta ade-
quada para essa paciente.
A) Histerectomia de Wertheim-Meigs.
B) Conização.
C) Repetir colpocitologia em 6 meses.
D) Repetir colpocitologia em 12 meses.
E) Realizar colposcopia com biópsia.
Resposta correta: Letra C
Na questão acima foi cobrado que o aluno soubesse que
a alteração colpocitológica denominada ASC-US não
demanda realização de colposcopia imediata, a não ser
nos casos de persistência desta alteração. Assim sendo:
Pacientes com menos de 25 devem repetir o papanico-
lau (CCO) em 3 anos.
Entre 25 e 29 anos, o exame deve ser repetido em 1 ano.
A partir dos 30 anos, recomenda-se repetição em 6 meses.
A lógica por trás desta conduta é de que esta alteração
apresenta correlação com doença de baixa gravidade.
Então, estaremos poupando a paciente de intervenções
desnecessárias (prevenção quarternária).
O rastreamento de neoplasia de colo do útero preco-
nizado pelo Ministério da Saúde é feito por meio da
colpocitologia oncótica (ou papanicolau). Este exame
está indicado a partir dos 25 anos para as pacientes que
já possuem vida sexual ativa com penetração, devendo
144 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
ser repetido anualmente (nas pacientes imunocompe-
tentes). Com dois exames consecutivos sem alteração,
podemos passar a avaliação para trienal. Mantem-se o
rastreio até os 64 anos de idade.
O exame de papanicolau constitui num raspado celular que
deve conter ao menos células escamosas ou, idealmente,
metaplásicas cervicais afim de ser considerado adequado.
Alterações como inflamação ou alterações benignas re-
ativas ou reparativas não apresentam significado que
demandem maiores investigações.
O resultado de células escamosas atípicas de significân-
cia indeterminada (ASC-US) tem sua conduta atrelada
à idade da paciente:
Pacientes com menos de 25 devem repetir o papanico-
lau (CCO) em 3 anos.
Entre 25 e 29 anos, o exame deve ser repetido em 1 ano.
A partir dos 30 anos, recomenda-se repetição em 6 meses.
As lesões de baixo grau seguem a lógica das células es-
camosas atípicas de significância indeterminada (ASC-
-US). Em pacientes com menos de 25 anos, repetimos
o exame em 3 anos. A partir dos 25 anos está indicada
repetição do CCO em 6 meses.
As alterações que indicam a necessidade de melhor
avaliação por meio da colposcopia são: ASC-H, AGC,
AOI, HSIL, carcinoma ou adenocarcinoma.
Atenção: as alterações glandulares demandam avaliação
da cavidade endometrial. Idealmente, por meio de his-
teroscopia e eventual biópsia. Entretanto, em serviços
sem disponibilidade de tal exame, está autorizada in-
vestigação por outros meios como pela ultrassonografia
pélvica transvaginal.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 145

Fonte: Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento de Câncer de Colo do Útero (2011)

Vamos às alternativas: D) INCORRETA - Repetir colpocitologia em 12 me-

A) INCORRETA - Histerectomia de Whertheim-
-Meigs: a paciente não tem diagnóstico de neopla-
sia para pensarmos em condutas cirúrgicas no cân-
cer de colo
B) INCORRETA - Conização: este procedimento se
aplica às pacientes com biópsia de colo do útero
com NIC 2, 3 ou câncer
C) CORRETA - Repetir colpocitologia em 6 meses:
resposta correta. A partir dos 30 anos deve-se re-
petir o CCO em 6 meses quando o resultado for
ASC-US. Persistindo a alteração, encaminhar pa-
ciente para colposcopia
ses: devemos repetir em 6 meses.
E) INCORRETA - Realizar colposcopia com biópsia:
a colposcopia está indicada na persistência de ASC-
-US.
Take-Home Message:
• Nem todas as alterações colpocitológicas deman-
dam colposcopia imediata.
• A alteração de células escamosas atípicas de signifi-
cância indeterminada (ASC-US) tem sua conduta
atrelada à idade da paciente.
146 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 80
Primigesta, 25 anos, entra em trabalho de parto, dando
seguimento por via vaginal. Após a dequitação da pla-
centa, o médico constatou uma laceração perineal, com
acometimento da camada muscular, mas preservando o
esfíncter anal. Não foi constatada ruptura cervical. Essa
laceração trata-se de uma laceração
A) fisiológica.
B) de 1º grau.
C) de 2º grau.
D) de 3º grau.
E) de 4º grau.
Resposta correta: Letra C
As lacerações do canal de parto podem ser subdivididas
em:
1) Primeiro grau, com acometimento de mucosa vagi-
nal
2) Segundo grau, com acometimento muscular, po-
rém poupando os músculos do esfincter anal. Pode
envolver: músculo transverso do períneo, músculo
pubococcígeo e músculo bulbocavernoso.
3) Terceiro grau, com acometimento do esfíncter.
Pode ainda ser subdivido em:
3A) <50% do esfincter anal externo
3B) >50% do esfincter anal externo
3C) esfincter anal externo + esfíncter anal interno
4) Quarto grau, com acometimento de mucosa retal
Em geral, sugere-se utilização de antibioticoprofilaxia
nas correções de lacerações de terceiro e quarto graus,
bem como ao se realizar episiotomia.
A correção das lacerações deve ser realizada em ordem
que se segue:
mucosa retal  esfíncter anal interno  esfíncter anal
externo  muscular não esfincteriana  mucosa.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - fisiológica: esta terminologia não
é habitualmente utilizada na classificação deste tipo
de lesão
B) INCORRETA - de 1o grau: lesões de primeiro
grau não atingem a muscular.
C) CORRETA - de 2o grau: Temos uma laceração
com acometimento de camada muscular, porém
preservando a musculatura do esfincter anal.
D) INCORRETA - de 3o grau: lesões de terceiro grau
acometem esfincter anal
E) INCORRETA - de 4o grau: lesões de quarto grau
acometem mucosa retal
Take-Home Message:
• Classificar os tipos de laceração de canal de parto
QUESTÃO 81
A pirâmide das evidências apresenta uma hierarquia da
qualidade da evidência para perguntas clínicas segundo
o desenho do estudo utilizado. A qualidade do estudo,
por sua vez, é inversamente relacionada ao risco de vie-
ses do estudo. Em conformidade com os princípios da
Prática em Saúde Baseada em Evidências e com a pro-
posta da “nova pirâmide das evidências”, o desenho de
estudo cuja evidência apresenta a melhor qualidade é
A) opinião de especialista.
B) revisão sistemática com meta-análise.
C) ensaio clínico randomizado.
D) estudo de coorte.
E) variável, a depender do tipo de pergunta.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
Questão capciosa sobre o debate atual acerca da quali-
dade da evidência científica produzida a partir de dife-
rentes tipos de estudo.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Segundo a Prática em Saúde Baseada em Evidências,
a primeira proposta de pirâmide de nível de evidência
que surgiu foi a representada abaixo pela letra A. Toda-
via, algumas críticas surgiram a partir daí. A primeira
foi sobre as linhas retas que dividem os diferentes tipos
de estudo, como se todos estudos contidos nela possu-
íssem a mesma evidência, o que na prática não ocorre.
Outra crítica que surgiu foi a partir da constatação de
que a revisão sistemática é dependente do tipo de estu-
do que a compõem. Nesse sentido, a partir da publi-
cação de Murad¹, em agosto de 2016, foi proposta a
imagem representada pela letra C.
Percebe-se que todos os estudos são cabíveis de passar
pela Revisão Sistemática com Percebe-se que todos os
estudos são cabíveis de passar pela Revisão Sistemática
com Metanálise, o que fornece um grau maior de evi-
dência a partir dessa proposta. Sendo assim, considera-
mos que o gabarito correto é a alternativa B.
Fonte:
1. Murad, M. H., Asi, N., Alsawas, M., & Alah-
dab, F. (2016). New evidence pyramid. Evidence
Based Medicine, 21(4), 125–127. doi:10.1136/eb-
med-2016-110401
| 147
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA
B) CORRETA
C) INCORRETA
D) INCORRETA
E) INCORRETA
Take-Home Message:
Cada tipo de estudo responde a uma pergunta dife-
rente e produz um tipo de informação. Dessa forma, o
que delineia nosso estudo é a nossa pergunta.
QUESTÃO 82
O diagrama de controle é uma ferramenta essencial
para o acompanhamento da frequência de agravos e
doenças, de modo a identificar a ocorrência de epide-
mias. No eixo Y, é apresentada a medida de incidência
da condição, enquanto, no eixo X, é representado o
tempo utilizado, por exemplo, meses.
No diagrama de controle, uma condição é considerada
epidêmica se a curva de ocorrência mensal ultrapassar
A) a média histórica do mês.
B) o teto histórico dos meses anteriores.
C) a média histórica dos meses anteriores.
D) o limiar endêmico inferior.
E) o limiar endêmico superior.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Para fazermos o diagnóstico de uma epidemia, necessi-
tamos do diagrama de controle.
Para construirmos um diagrama de controle, calcula-
mos a incidência média mensal da região referente aos
anos anteriores, abarcando um intervalo de tempo para
representar o padrão regular da incidência. Após, é cal-
culado o desvio-padrão (DP) anual, é estabelecido uma
faixa de incidência que é interpretada como normal:
148 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Nível endêmico +/- 1,96DP. Confirmamos epidemia QUESTÃO 83

quando a curva de ocorrência mensal ultrapassar o
valor do limiar endêmico superior, indicado pela seta
abaixo (nível endêmico + 1,96DP)
Um grupo de pesquisa desenvolveu um novo teste so-
rológico, significativamente mais barato, para o diag-
nóstico de infecção pelo vírus SARS-Cov-2. Para a
avaliação da acurácia desse teste, foi feito um estudo
transversal com 5.000 participantes. Comparado ao
padrão-ouro definido, os resultados desse novo teste
foram os seguintes:

Considerando esses resultados, assinale a alternati-

Vamos às alternativas: va correta.
A) A sensibilidade do novo teste foi 86%.
A) INCORRETA
B) A especificidade do novo teste foi superior a 90%.
B) INCORRETA
C) A razão de verossimilhança positiva foi 7,0.
C) INCORRETA
D) A razão de verossimilhança negativa foi 0,16.
D) CORRETA
E) A acurácia do teste foi inferior a 86%.
E) INCORRETA
Resposta correta: Letra C
Take-Home Message:
Comentários:
Epidemia = Nível endêmico + 1,96DP
Paciente com Infecção?

SIM NÃO Total

Teste + 63 591 654

- 12 4.334 4346

Total 75 4925 5000

 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 149

Vamos às alternativas: QUESTÃO 84

A) INCORRETA - Sensibilidade = Verdadeiro Positi- São sistemas nacionais de informação úteis para a prá-
vo / Total com doença = 63/75 = 84% tica da Vigilância Epidemiológica por profissionais e
B) INCORRETA - Especificidade = Verdadeiro Nega- equipes de saúde, EXCETO
tivo / Total sem doença = 4.334/4925 = 88% A) SINAN.
C) CORRETA - Razão de Verossimilhança Positivo B) SINASC.
= Sensibilidade / 1 – Especificidade = 0,84 / (1 – C) SIM.
0,88) = 7
D) SCNES.
D) INCORRETA – Razão de Verossimilhança Negati-
vo = 1 – Sensibilidade / Especificidade = (1 – 0,84) E) SIH.
/ 0,88 = 0,1819 Resposta correta: Letra D
E) INCORRETA - Acurácia = Total de Acertos / Total
de Testes = 4.397 / 5.000 = 87,9% Comentários:
Questão direta, que cobra identificar quais são os ca-
Take-Home Message: nais de informação da Vigilância Epidemiológica.
Saber calcular Sensibilidade, Especificidade, RVS+,
RVS- e Acurácia, vide acima. Vamos às alternativas:
A) CORRETA - SINAN – Sistema de Informação de
Agravos de Notificação
B) CORRETA - SINASC – Sistema de Informações
sobre Nascidos Vivos
C) CORRETA - SIM – Sistema de Informações So-
bre Mortalidade
D) INCORRETA
E) CORRETA - SIH – Sistema de Informações Hos-
pitalares

Take-Home Message:
Reconhecer os canais de informação da Vigilância Epi-
demiológica, vide acima.
150 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 85
Alberto é gestor municipal de saúde e está participando
da construção do Plano Plurianual (PPA) do seu muni-
cípio. Ao saber que precisaria definir indicadores para
monitorar os efeitos do PPA, para acompanhamento
das metas e objetivos almejados, ele resolve estudar mais
sobre o assunto e descobre que os indicadores em saúde
são classificados, segundo a proposta de Donabedian,
em indicadores de estrutura, processo e resultado. Con-
siderando essa classificação para a realidade dos serviços
de atenção primária à saúde no Brasil, relacione as co-
lunas e assinale a alternativa com a sequência correta.
Classificação:
1. Estrutura.
2. Processo.
3. Resultado.
Indicador:
( ) Cobertura de Papanicolau.
( ) Número de médicos por habitante.
( ) Mortalidade por insuficiência cardíaca.
( ) Cobertura por equipes de ESF.
( ) Internações por asma.
( ) Percentual de parto cesáreo.
A) 1 – 2 – 3 – 3 – 2 – 1.
B) 2 – 1 – 3 – 1 – 3 – 2.
C) 1 – 1 – 3 – 2 – 2 – 3.
D) 3 – 2 – 1 – 1 – 2 – 3.
E) 2 – 3 – 2 – 2 – 3 – 1.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
Quando trabalhamos com gestão, necessariamente
precisamos utilizar métodos que nos permitam avaliar
como o processo caminha, a fim estimar recursos, ana-
lisar as expectativas e o cumprimento de metas.
Das várias abordagens adotadas na avaliação em saúde,
o modelo mais empregado é o de Donabedian (1980),
de estruturação sistêmica, que estabelece a tríade “es-
trutura-processo-resultado”. Tal modelo apresenta três
componentes da avaliação:
I) “Estrutura”:
Realizada com indicadores organizacionais, que indi-
cam a existência de recursos, fluxos e protocolos, consi-
derando fatores como a hierarquização do atendimen-
to, a padronização dos procedimentos, os sistemas de
informação, a produção dos serviços, os recursos huma-
nos, a estrutura física e os equipamentos. Os resultados
são expressos quantitativamente, geralmente através de
números absolutos ou percentagens, e permitem co-
nhecer as ações implantadas, a cobertura populacional
e o desempenho dos serviços nos aspectos gerenciais;
II) “Processo”:
Realizada com indicadores que reflitam a forma de
atuação; consiste em conhecer, supervisionar e garan-
tir a qualidade do processo de prestação de serviços de
acordo com padrões de excelência técnica. A sua exe-
cução envolve, por exemplo, auditoria de prontuários,
supervisões periódicas, pesquisas de opinião pública,
entre outros;
III) “Resultado”:
Realizada com indicadores que expressem os reflexos
das medidas implementadas na saúde da população e
as alterações nos perfis epidemiológicos.
Agora, vamos aos indicadores dados pela questão:
a. Cobertura de Papanicolau - (2) Processo, indicador
de qualidade de prestação de serviço
b. Número de médicos por habitante - (1) Estrutura,
indicador de recursos humanos;
c. Mortalidade por insuficiência cardíaca - (3) Re-
sultado, expressa efeito da medida implementada
e alteração no perfil epidemiológico da insuficiên-
cia cardíaca.
d. Cobertura por equipes de ESF - (1) Estrutura, indi-
cador de recursos humanos
e. Internação por asma - (3) Resultado, expressa efeito
de medida implementada
f. Percentual de parto cesáreo - (2) Processo, permite
identificar nível de prestação do serviço na regiãoCom
isso, ficamos como resposta com a alternativa B.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA
B) CORRETA
C) INCORRETA
D) INCORRETA
E) INCORRETA
Take-Home Message:
A abordagem de avaliação em saúde de Donabedian
(1980) estabelece como tríade “estrutura-processo-re-
sultado” como modelo teórico.
Fontes:
DONABEDIAN, 1980
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/35068/
mod_resource/content/1/Unidade%203/top1_1.html
QUESTÃO 86
O Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de constar na
Constituição Federal de 1988, somente é regulamenta-
do a partir de 1990, inicialmente pela Lei nº 8080/90.
As Normas Operacionais Básicas (NOB) trouxeram
importantes mudanças ao SUS ao longo do tempo. Foi
uma definição da NOB 01/96
A) descentralizar a gestão do sistema, definindo três
níveis de gestão: incipiente, parcial e semiplena.
B) alocar recursos para custeio de serviços segundo sua
capacidade instalada, independentemente da deci-
são dos gestores estaduais e municipais.
C) transferir aos municípios, de forma automática,
fundo a fundo, os recursos para custeio de ativida-
des ambulatoriais e hospitalares.
D) criar o Piso Assistencial Básico (PAB), por meio
de um valor per capita nacional para o custeio dos
serviços da Atenção Básica.
E) determinar às secretarias estaduais de saúde a respon-
sabilidade de elaborar o Plano Diretor de Regionaliza-
ção com um “conjunto mínimo de ações e serviços”.
Resposta correta: Letra D
| 151
Comentários:
Entre as principais características observadas na NOB/
SUS 01/96 temos:
• Transfere aos municípios habilitados como Plena da
Atenção Básica, os recursos financeiros com base per
capita relativos a esta responsabilidade, criando o PAB
(Piso Assistencial Básico), repassado fundo a fundo de
forma regular e automática, e com base em valor nacio-
nal per capita para a população coberta;
• Reorganiza a gestão dos procedimentos de média
complexidade ambulatorial (Fração Ambulatorial
EspecializadA) FAE);
• Reorganiza a gestão dos procedimentos de alta com-
plexidade ambulatorial com a criação da Autoriza-
ção de Procedimentos de Alta Complexidade/Cus-
to (APAC);
• Incorpora as ações de Vigilância Sanitária, criando o
Incentivo para as ações básicas de Vigilância Sani-
tária;
• Incorpora as ações de Epidemiologia e Controle de
Doenças;
• Promove a reorganização do modelo de atenção, ado-
tando-se como estratégia principal a ampliação de
cobertura do Programa de Saúde da Família e Pro-
grama de Agentes Comunitários de Saúde, com a
criação de Incentivo financeiro; conass . progesto-
res 31
• Aprimora o planejamento e define a elaboração da
Programação Pactuada e Integrada (PPI);
• Define as responsabilidades, prerrogativas e requisitos
das Condições de Gestão Plena da Atenção Básica e
Plena de Sistema Municipal de Saúde para os mu-
nicípios, e Avançada do Sistema Estadual e Plena
de Sistema Estadual para os Estados.
152 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - é a NOB 01/93 que inicia a des-
centralização da gestão do sistema, definindo três
níveis de gestão: incipiente, parcial e semiplena
B) INCORRETA - é a NOB 01/91 que aloca recur-
sos para custeio de serviços segundo sua capacidade
instalada, utilizando-se para cálculo a Unidade de
Cobertura Ambulatorial
C) INCORRETA - é a NOB 01/93 que define a trans-
ferência automática, fundo a fundo, dos recursos
para custeio de atividades ambulatoriais e hospita-
lares
D) CORRETA
E) INCORRETA - é a NOAS/SUS 01/01 que deter-
mina às secretarias estaduais de saúde a responsabili-
dade de elaborar o Plano Diretor de Regionalização
com um “conjunto mínimo de ações e serviços”.
Take-Home Message:
A NOB 01/96 criou o Piso Assistencial Básico (PAB),
por meio de um valor per capita nacional para o custeio
dos serviços de Atenção Básica.
QUESTÃO 87
A Lei nº 13.097/2015 deu nova redação à Lei Orgânica
do SUS n° 8080/90 em seu Art. 23, permitindo “a par-
ticipação direta ou indireta, inclusive controle, de em-
presas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde”.
São casos permitidos para essa participação previstos na
lei, EXCETO
A) doações de entidades de cooperação técnica e de fi-
nanciamento e empréstimo.
B) doações de organismos internacionais vinculados à
Organização das Nações Unidas.
C) pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacio-
nalizar ou explorar centros de pesquisa com se-
res humanos.
D) pessoas jurídicas destinadas a instalar, operaciona-
lizar ou explorar ações e pesquisas de planejamen-
to familiar.
E) pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionali-
zar ou explorar hospital geral, hospital especializa-
do, policlínica, clínica geral e clínica especializada.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Segundo a Lei nº 13.097/2015, Capítulo XVII, Art.
142. A Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 , passa
a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta,
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangei-
ro na assistência à saúde nos seguintes casos:
I - doações de organismos internacionais vincula-
dos à Organização das Nações Unidas, de enti-
dades de cooperação técnica e de financiamento
e empréstimos;
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operaciona-
lizar ou explorar:
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital espe-
cializado, policlínica, clínica geral e clínica especia-
lizada; e
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
b) ações e pesquisas de planejamento familiar;
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucra-
tiva, por empresas, para atendimento de seus em-
pregados e dependentes, sem qualquer ônus para a
seguridade social; e
IV - demais casos previstos em legislação específica.”
(NR).
Vamos às alternativas:
A) CORRETA
B) CORRETA
C) INCORRETA - não consta na lei pessoas jurídicas
destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar
centros de pesquisa com seres humanos.
D) CORRETA
E) CORRETA
Take-Home Message:
Saber em que casos é permitida a participação direta ou
indireta, inclusive controle, de empresas ou de capital
estrangeiro na assistência à saúde
| 153
QUESTÃO 88
Dr. João é médico da Estratégia Saúde da Família e está
atendendo Maria, 36 anos, pela terceira vez em dois
meses, devido a quadro de dores de cabeça recorren-
tes. Após nova avaliação clínica, João descarta sinais de
alarme e conclui se tratar de cefaleia tensional. Preo-
cupado devido à resposta insatisfatória até então com
o tratamento prescrito, Dr. João resolve entender um
pouco mais do contexto familiar e comunitário de Ma-
ria, quando descobre que ela possui diversos estressores
sociais, incluindo dificuldades econômicas e violência
doméstica. Com base nesse caso e nas políticas de saúde
vigentes, assinale a alternativa correta.
A) O caso exemplifica que a prática clínica é ineficaz
para o cuidado em saúde da população.
B) A aplicação do método clínico centrado na pessoa
amplia a capacidade de compreensão e resolução
de problemas.
C) A atuação do médico foi superficial, já que o caso
descrito apresenta elevado risco de complicações e
demanda exames mais específicos.
D) Cefaleia é um motivo infrequente de consultas na
Atenção Primária à Saúde, devendo essa paciente
ser encaminhada ao nível secundário.
E) A atuação do médico foi exagerada, já que a respon-
sabilidade profissional com o paciente se limita ao
diagnóstico clínico.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
A questão descreve um caso de uma paciente com cefa-
leia tensional com resposta insatisfatória até então com
o tratamento prescrito. Nessa situação, o médico ten-
ta entender mais o contexto familiar e comunitário da
Maria, a fim de ter uma compreensão mais completa
de seu caso.
Para relembrar, os componentes do Método Clínico
Centrado na Pessoa (MCCP) são os seguintes:
1. Explorando a Saúde, a Doença e a Experiência da
Doença
154 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
2. Entendendo a Pessoa como um todo
3. Elaborando um Plano Conjunto de Manejo dos
Problemas
4. Incorporando a Prevenção e a Promoção de Saúde
5. Fortalecendo a Relação Médico-Pessoa
6. Sendo Realista
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - o caso demonstra não a ineficá-
cia da prática clínica, mas sim o MCCP como uma
ferramenta complementar para entender a pessoa e
seu problema de saúde;
B) CORRETA
C) INCORRETA - a atuação do médico não foi su-
perficial; após descartado sinais de alarme, investi-
gou determinantes socioeconômicos que pudessem
contribuir para o diagnóstico em questão;
D) INCORRETA - a cefaleia é um motivo prevalente,
incapacitante e muitas vezes deixada de ser diagnos-
ticada e tratada de maneira eficaz;
E) INCORRETA - a responsabilidade profissional
com o paciente não se limita ao diagnóstico clínico,
mas ao entendimento do indivíduo como um todo
Take-Home Message:
Reconhecer complementaridade à prática clínica
do MCCP.
QUESTÃO 89
É uma sexta-feira, véspera de carnaval, e Júnia traz seu
filho, Tomás, de 6 anos, ao pronto atendimento devido
a quadro de dor de garganta iniciada há 1 dia. A criança
apresenta-se afebril, sem linfonodos palpáveis, sem ex-
sudato em amígdalas e presença de tosse. Pela avaliação
dos critérios de Centor, o médico assistente avalia que
se trata de uma faringite viral e orienta Júnia a tratar
Tomás com sintomáticos e levá-lo à Unidade Básica de
Saúde em caso de ausência de melhora em 3 dias. Júnia
insiste na prescrição de antibiótico, lembrando que, na
última vez que Tomás teve o mesmo sintoma, a melho-
ra só ocorreu após início do uso de amoxicilina.
Nessa situação, o médico assistente
A) deve prescrever o antibiótico, já que o paciente tem
autonomia para escolher seu tratamento indepen-
dentemente da avaliação clínica.
B) deve prescrever o antibiótico, já que o retorno para
uma reavaliação na Unidade Básica de Saúde será
inviável durante o feriado de Carnaval.
C) pode considerar a prescrição antecipada de antibi-
ótico, compartilhando a decisão de acordo com os
valores e crenças das pessoas.
D) não deve prescrever o antibiótico, já que o quadro
é comprovadamente viral e seu uso serviria apenas
para aumento da resistência bacteriana.
E) não deve prescrever o antibiótico, já que o médico
tem autonomia para escolher o tratamento inde-
pendentemente da opinião do paciente.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
A escala de predição clínica de Centor é utilizada e
aceita como ferramenta de decisão clínica. Ela estabe-
lece, de acordo com a pontuação, a probabilidade de
risco de infecção estreptocócica, o que indicaria trata-
mento com antibiótico. Ela é mais útil em identificar
pacientes com baixa probabilidade, para os quais não
são necessários teste microbiológico nem terapia com
antibiótico. Pacientes com escore < 3 não devem, em
geral, receber tratamento com antibióticos.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
A nossa questão aborda um caso em que há o confronto
doença e experiência de doença. O médico, respalda-
do cientificamente, reconhece que no momento não
há necessidade de antibioticoterapia, enquanto a mãe,
segundo sua experiência de doença, enxerga indicação
do antibiótico. Uma ferramenta que possibilita o ma-
nejo dessa situação é o Método Clínico Centrado na
Pessoa (MCCP), que em seu 3º componente apresenta
a elaboração de um plano conjunto de manejo dos pro-
blemas. Nesse sentido, temos que a conduta no caso é
compartilhar a decisão com Júnia e considerar oferecer
a prescrição antecipada, compartilhando o cuidado e
favorecendo a autonomia do cuidado.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA
B) INCORRETA
C) CORRETA
D) INCORRETA
E) INCORRETA
| 155
Take-Home Message:
Um dos componentes do MCCP é a elaboração de um
plano conjunto de manejo dos problemas, favorecendo
a autonomia do cuidado.
QUESTÃO 90
Metade da população mundial vive em áreas rurais, mas
menos de 25% dos profissionais médicos atuam nessas
áreas. No Brasil, estima-se que 30% da sua população
seja rural. Para além da carência de profissionais nesse
ambiente, raramente se abordam as especificidades do
cuidado dessa população ao longo da formação médica.
Assinale a alternativa correta sobre o cuidado a popu-
lações rurais.
A) A rede de atenção à saúde deve ter a mesma confor-
mação das áreas urbanas, com base no princípio da
equidade do SUS.
B) Os riscos ocupacionais são muito distintos dos ur-
banos, o que leva a um padrão de adoecimento
diferente na comunidade.
C) Os atendimentos em saúde devem ser direcionados
para os centros urbanos mais próximos.
D) Os atendimentos em saúde, sejam básicos ou espe-
cializados, precisam ser descentralizados a todas as
áreas rurais.
E) O cuidado em saúde da população rural muito
pouco se distingue do cuidado à população urbana,
justificando a formação prioritariamente voltada a
essa última.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
De acordo com a Portaria GM / MS nº 4.279 / 2010,
que institui as Redes de Atenção à Saúde no SUS, é
possível se identificar seis características importantes e
inerentes à sua matriz conceitual (BRASIL, 2010):
156 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
I) Formar relações horizontais entre os diferentes pon-
tos de atenção;
II) Atenção Primária / Básica como ordenadora das
ações
III) Planejar e organizar as ações segundo as necessida-
des de saúde de uma população específica
IV) Ofertar atenção contínua e integral
V) Cuidado multiprofissional;
VI) Compartilhar objetivos e compromissos com os re-
sultados, em termos sanitários e econômicos.
A criação de Redes de Atenção em Saúde reconhece
que diferentes populações, em diferentes momentos,
produzem necessidades de saúde diferentes. Dessa for-
ma, o planejamento e a organização das ações devem
levar em conta o perfil de adoecimento da população
específica. Isso ocorre quando observamos os diferentes
riscos ocupacionais urbanos e rurais, que produzirão
diferentes necessidades em saúde.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - não devem ter a mesma conforma-
ção, mas, sim, desenvolver-se a partir das necessida-
des de saúde da população naquele momento;
B) CORRETA
C) INCORRETA - os atendimentos em saúde não de-
vem ser direcionados para os centros urbanos, mas
integrados de maneira a articular a rede do cuidado,
possibilitando melhor fluxo de pacientes e atendi-
mentos em seu território
D) INCORRETA - entendendo que a construção de
rede deve ser estratégica, com serviços básicos e
especializados articulados entre si, a estratégia de
descentralizar esses serviços a todas as áreas rurais
não contribui para uma gestão efetiva e eficiente
dos recursos;
E) INCORRETA - o cuidado da população rural
e urbana se distingue, o que produz a necessida-
de de construir modelos de cuidado apropriados
ao contexto.
Take-Home Message:
Características gerais da Rede de Atenção à Saúde,
vide acima.
Fonte:
Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA.
Redes de Atenção à Saúde: a atenção à saúde organizada
em redes/ Nerícia Regina de Carvalho Oliveira. - São
Luís, 2016. 54f.: il. ISBN: 978-85-7862-583-2
QUESTÃO 91
Elza é residente do primeiro ano de Clínica Médica e
acompanha, durante seu estágio na enfermaria, a in-
ternação de Paulo, 56 anos. Ele é hipertenso grave de
longa data e tem instalada uma insuficiência cardíaca,
NYHA classe III. Ela se lembra de seu avô José que
também é hipertenso, mas, ao contrário de Paulo, é
bem controlado e sem comprometimento significativo
da sua funcionalidade. Ela conclui que, com resultados
tão diversos, muitas ações preventivas provavelmente
deixaram de existir ao longo do cuidado de Paulo. Den-
tre essas ações, ela lembra do controle no consumo de
sal, da atividade física regular, do diagnóstico e manejo
precoce do quadro de hipertensão arterial e, por fim,
da otimização da terapia para controle da insuficiência
cardíaca. Diante do caso, considerando a classificação
de Leavell & Clark para a história natural da doença
Insuficiência Cardíaca, assinale a alternativa correta.
A) A atividade física regular e o controle do consumo
de sal são atividades de prevenção secundária.
B) O controle do consumo de sal e o diagnóstico pre-
coce da hipertensão arterial são atividades de pre-
venção primária.
C) O diagnóstico precoce da hipertensão arterial e a
otimização da terapia para insuficiência cardíaca
são atividades de prevenção secundária.
D) A atividade física regular e a otimização da terapia
para insuficiência cardíaca são, respectivamente,
atividades de prevenção primária e terciária.
E) O controle do consumo de sal e o diagnóstico pre-
coce da hipertensão arterial são, respectivamente,
atividades de prevenção primária e terciária.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Resposta pós recurso: C.
Comentários:
Leavell & Clark, em 1965, propuseram o modelo da
história natural da doença, composta por três níveis de
prevenção: primária, secundária e terciária.
A prevenção primária corresponde a medidas gerais,
educativas, que objetivam melhorar a resistência e o
bem-estar dos indivíduos; também diz respeito a ações
de orientação para cuidados com o ambiente.
A prevenção secundária engloba estratégias populacio-
nais para detecção precoce de doenças; também con-
templa ações com indivíduos doentes ou acidentados
com diagnósticos confirmados, para que se curem ou
mantenham-se funcionalmente sadios.
A prevenção terciária consiste no cuidado de sujeitos
com sequelas, visando a recuperação ou a manutenção
em equilíbrio funcional.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - atividade física regular e o controle
do consumo de sal são atividades de prevenção pri-
mária
B) INCORRETA - o diagnóstico precoce de hiperten-
são arterial é medida de prevenção secundária
C) CORRETA
D) INCORRETA
E) INCORRETA - o diagnóstico precoce de hiperten-
são arterial é medida de prevenção secundária
Take-Home Message:
Níveis de prevenção segundo Leavell & Clark,
vide acima.
| 157
QUESTÃO 92
A organização dos sistemas de saúde geralmente reflete
os valores e as preferências das sociedades onde estão
implantados. O estudo dos diferentes tipos de finan-
ciamento dos sistemas de saúde ao redor do mundo
identificou três formas principais: tipo Beveridge, tipo
Bismarck e tipo Semashko. Considerando essas formas
de financiamento de sistemas de saúde, assinale a alter-
nativa correta.
A) Sistemas de saúde tipo Beveridge são financiados
por fundos de previdência social associados ao tra-
balho (seguros).
B) Países como Canadá e Reino Unido são exemplos
de países com sistema de saúde tipo Beveridge.
C) Sistemas de saúde do tipo Semashko são financia-
dos pelos gastos privados em saúde.
D) Sistemas de saúde do tipo Bismarck são financiados
por impostos gerais.
E) Países comunistas geralmente possuem sistemas de
saúde do tipo Bismarck.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
O modelo implantado por Bismarck, na Alemanha, é
o modelo de seguro social Tem financiamento basea-
do nas contribuições de empregados e empregadores.
É caracterizado pela cobertura de grupos ocupacionais
por meio de uma relação contratual. Sancionado pelo
Estado, com forte presença burocrática, a assistência
é focalizada nos pobres, e o seguro social está volta-
do para grupos de trabalhadores do mercado formal, já
politicamente organizados.
O modelo Beveridge tem seu marco teórico no Plano
Beveridge, de 1942, na Inglaterra. É o modelo de se-
guridade social, onde o Estado desempenha um papel
central tanto na administração como no financiamento
do sistema, com recursos públicos provenientes de im-
postos gerais. São sistemas universais de saúde.
Outro modelo de sistema público universal anterior ao
beveridgiano foi instituído na Rússia, com a Revolução
158 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Soviética de 1917. Esse modelo foi conhecido como
modelo Semashko, membro do primeiro “comissário
do povo para a saúde” do governo Lênin. Esse modelo
é centralizado e integralmente estatal. A maioria das
unidades de saúde é de propriedade estatal e todos os
profissionais são empregados do Estado. Um exemplo
ainda presente e bem-sucedido do modelo Semashko é
o sistema cubano.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - os sistemas de saúde tipo Bismarck
(ou de seguro social) são financiados por fundos de
previdência social associados ao trabalho (seguros)
B) CORRETA
C) INCORRETA - Semashko é um modelo integral-
mente estatal
D) INCORRETA - sistemas de saúde do tipo Beverid-
ge são financiados por impostos gerais
E) INCORRETA - países comunistas geralmente pos-
suem sistemas de saúde do tipo Semashko
Take-Home Message:
Saber identificar modelos de financiamento dos di-
ferentes tipos de sistema de saúde, vide acima.
Fonte:
Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. 2. ed. rev. e amp.
/ organizado por Lígia Giovanella, Sarah Escorel, Le-
naura de Vasconcelos Costa Lobato et al. -Rio de Ja-
neiro: Editora FIOCRUZ, 2012. 1100 p. il., tab., graf.
ISBN: 978-85-7541-417-0.
QUESTÃO 93
O conceito de prevenção quaternária foi proposto, a
partir de 1999, pelo médico de família belga Marc Ja-
moulle, tomando como base a proposta de Leavell &
Clark de níveis de prevenção. Qual das seguintes alter-
nativas expressa uma medida de prevenção quaternária?
A) Realizar eletrocardiografia em todos os exa-
mes admissionais.
B) Imunizar crianças contra poliomielite (paralisia in-
fantil).
C) Coletar exame citopatológico do colo uterino em
mulheres em idade fértil.
D) Rastrear o câncer de próstata com o exame de PSA.
E) Utilizar da demora permitida diante de um qua-
dro de lombalgia sem sinais de alarme.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Leavell & Clark, em 1965, propuseram o modelo da
história natural da doença, composta por três níveis de
prevenção: primária, secundária e terciária.
A prevenção primária corresponde a medidas gerais,
educativas, que objetivam melhorar a resistência e o
bem-estar dos indivíduos; também diz respeito a ações
de orientação para cuidados com o ambiente.
A prevenção secundária engloba estratégias populacio-
nais para detecção precoce de doenças; também con-
templa ações com indivíduos doentes ou acidentados
com diagnósticos confirmados, para que se curem ou
mantenham-se funcionalmente sadios.
A prevenção terciária consiste no cuidado de sujeitos
com sequelas, visando a recuperação ou a manutenção
em equilíbrio funcional.
Proposto por Jamoulle em 1999 e oficializada pela
World Organization of National Colleges (WONCA)
em 2003, a prevenção quaternária foi definida como a
detecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo
para protegê-los de novas intervenções médicas inapro-
priadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - realizar ECG em todos os pacien-
tes não consiste em prevenção quaternária porque
favorece o tratamento excessivo em vez de proteger
o paciente
B) INCORRETA - exemplo de prevenção primária
C) INCORRETA - exemplo de prevenção secundária
D) INCORRETA - o INCA não recomenda o rastrea-
mento de câncer de próstata, pois não há evidência
científica que isto traga mais benefícios do que ris-
cos; não se constitui, portanto, de prevenção quar-
tenária
E) CORRETA - utilizar-se da demora permitida
diante de um quadro de lombalgia sem sinais de
alarme pode evitar intervenções médicas inapro-
priadas
Take-Home Message:
A prevenção quaternária foi definida como a de-
tecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo
para protegê-los de novas intervenções médicas inapro-
priadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
| 159
QUESTÃO 94
Luís é médico rural em uma área de difícil acesso na
região amazônica. Responsável pelo cuidado à saúde de
ribeirinhos, vem acompanhando, ao longo dos últimos
anos, o agravamento progressivo dos períodos de seca
na região, antigamente raras, com impactos diretos e
significativos na subsistência e no transporte daque-
las populações. Essa mudança climática coincide com
o avanço do desmatamento na região. Diante do caso
e considerando os conceitos relacionados à Vigilância
Ambiental e às Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Medicina, assinale a alternativa correta.
A) Luís deve se manter distante dos aspectos relacio-
nados à realidade socioambiental da comunidade,
uma vez que seu engajamento nessas questões pode
comprometer seu juízo clínico.
B) O problema identificado foge da governabilidade
de Luís, cuja formação é clínica e, portanto, deve
estar fora do seu escopo de atuação.
C) A seca é um fenômeno climático natural e indepen-
dente, portanto sem relação com o estado de saúde
de indivíduos e comunidades.
D) Luís deve se responsabilizar por encontrar a solução
ao problema apresentado, já que é o responsável
pela saúde daquela comunidade.
E) Os efeitos da seca na saúde da comunidade de-
vem gerar uma reação empática de Luís, na busca
de soluções compartilhadas para a preservação do
meio ambiente.
Resposta correta: Letra E
Comentários:
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso
de Graduação de Medicina, a na organização do curso
a sua estrutura deverá promover a integração e a in-
terdisciplinaridade em coerência com o eixo de desen-
volvimento curricular, buscando integrar as dimensões
biológicas, psicológicas, sociais e ambientais.
160 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - o entendimento do contexto ao
qual está inserido faz parte da competência de Luís,
como destacado pela Diretriz Curricular do Curso
de Medicina acima
B) INCORRETA - apesar de Luís não conseguir re-
solver o problema, ele está inserido no território e,
portanto, faz parte dele, podendo intervir de ma-
neira comunitária com os habitantes da região;
C) INCORRETA - a seca não é um fenômeno inde-
pendente, tendo relação com o avanço do desmata-
mento na região
D) INCORRETA - Luís não deve ser o responsável
pela solução ao problema;
E) CORRETA
Take-Home Message:
Faz parte da competência do médico desenvolver a in-
tegração das dimensões biológicas, psicológicas, sociais
e ambientais.
QUESTÃO 95
Carla, residente de pediatria, recebe um folder de um
representante de laboratório em que consta a informa-
ção de que um novo polivitamínico desse laboratório
reduziu em 31% o risco de anemia, comparado ao uso
do sulfato ferroso, para lactentes entre 6 e 24 meses de
vida. Intrigada com um resultado tão expressivo, ela
decide analisar melhor o estudo. Trata-se de um ensaio
clínico randomizado duplo-cego, aparentemente bem
conduzido e sem vieses importantes, exceto por seu
financiamento da indústria e consequente conflito de
interesse. Ao chegar na seção de resultados do artigo,
Carla se depara com a seguinte tabela:
Considerando os resultados do novo polivitamínico
para a prevenção de anemia sobre o sulfato ferroso na
população estudada, assinale a alternativa correta.
A) A redução absoluta de risco foi 31%.
B) A diferença entre o odds ratio (OR) e o risco rela-
tivo (RR) foi inferior a 1%.
C) A chance de anemia no grupo do sulfato ferroso foi
2,97%.
D) A redução do risco relativo (RRR) foi maior do que 1.
E) O número necessário para tratar (NNT) foi infe-
rior a 50.
Resposta correta: Letra B
Comentários:
Paciente com anemia?
SIM NÃO Total
Tratamento 4 191 195
Controle 6 196 202
Total 10 387 397
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS | 161

Risco Tratamento = Incidência tratamento / Total tra-

tamento = 4 / 195 = 2,05% QUESTÃO 96
Risco Controle = Incidência controle / Total controle = O Triple Aim (Tripla Meta) foi uma proposta criada
6 / 202 = 2,97% pelo Institute for Healthcare Improvement para iden-
tificação dos pilares para o sucesso e a sustentabilidade
RR = Risco tratamento / Risco controle = 2,05 / 2,97
de um sistema de saúde. Com o passar do tempo, foi
= 69,06%
acrescido a essa proposta um quarto elemento, deno-
RRR = 1 - RR = 1 - 0,69 = 0,31 minando-se então Quadruple Aim (Quadrupla Meta).
RAR = Risco Controle - Risco Tratamento = 2,97% - Assinale a alternativa que apresenta corretamente esse
2,05% = 0,92% quarto elemento.

NNT = 1 / RAR = 1 / 0,0092 = 108,6 A) Melhor experiência do profissional.

B) Melhor experiência do paciente.
C) Melhores indicadores de saúde.
Odds de tratamento nos casos = 4 / 6 = 66,67%
D) Maior segurança do paciente.
Odds de tratamento nos controles = 191 / 196 = E) Menores custos.
97,44%
Resposta correta: Letra A
Odds ratio (OR) = 66,67 / 97,44 = 68,4%
RR - OR = 69,06% - 68,4% = 0,66% Comentários:
RR - OR = 69,06% - 68,4% = 0,66% O Institute for Healthcare Improvement desenvolveu
um modelo para descrever uma abordagem com a fina-
Vamos às alternativas: lidade de otimizar a performance do sistema de saúde
denominado Triple Aim (tripla meta). Tal modelo, in-
A) INCORRETA - RAR = 0,92% dicado abaixo, tem como tripla meta melhorar a saúde
B) CORRETA da população, diminuir os custos per capita e melhorar
C) INCORRETA - Chance de anemia no grupo sulfa- a experiência do cuidado do paciente.
to ferroso = 3,06%
D) INCORRETA - RRR = 0,31
E) INCORRETA - NNT = 108,6

Take-Home Message:
Questão complexa, que cobra conhecimento acerca dos
cálculo de medidas de associação absolutas e relativas.
162 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Haja vista os níveis de burnout e insatisfação com o QUESTÃO 97

trabalho, Dr. Manchanda e colaboradores sugerem
que a meta tripla seja expandida para meta quádrupla, Ana é médica de uma equipe de Estratégia Saúde da
com o acréscimo de satisfação no trabalho ou melhor Família cuja área de abrangência é majoritariamente
experiência do profissional. Dessa forma, temos como composta por uma favela. O restante do seu território
gabarito letra A. é considerado como de baixa vulnerabilidade socioe-
conômica, evidenciando grande desigualdade social.
Devido a escassez de recursos humanos na atenção pri-
Vamos às alternativas: mária à saúde em seu município e ao mal dimensio-
A) CORRETA namento da área, a equipe de Ana é responsável por
uma população estimada de aproximadamente 4.500
B) INCORRETA
pessoas, tornando inviável o cuidado programático re-
C) INCORRETA comendado para as populações prioritárias, como ges-
D) INCORRETA tantes e crianças. Diante do exposto e considerando a
E) INCORRETA Política Nacional de Atenção Básica e os princípios da
Bioética, assinale a alternativa correta.
Take-Home Message: A) Ana deve interromper os atendimentos de deman-
da programática de sua área, devido ao superdi-
Quadruple Aim (meta quádrupla) do Institute for mensionamento do tamanho de sua área.
Healthcare Improvement consiste em melhorar a saúde
B) A oferta de um número maior de consultas de pré-
da população, diminuir os custos per capita, melhorar
-natal para as gestantes residentes nas áreas mais
a experiência do cuidado do paciente e melhorar a ex-
vulneráveis é justificável.
periência do profissional.
C) O princípio da equidade apresentado na PNAB é
descrito como a oferta igualitária do cuidado entre
as pessoas, sem qualquer discriminação.
D) Ana deve interromper os atendimentos ao território
de baixa vulnerabilidade de sua área, devido ao su-
perdimensionamento do tamanho de sua área.
E) Ana deve interromper os atendimentos à demanda
espontânea de sua área, devido ao superdimensio-
namento do tamanho de sua área.
Resposta correta: Letra B

Comentários:
Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
de 2017, a população adscrita por equipe de Atenção
Básica e de Saúde da Família deve ser de 2.000 a 3.500
pessoas, localizada dentro do seu território, garantin-
do os princípios e diretrizes da Atenção Básica. Dessa
forma, é necessário repensar o modelo de cuidado ofer-
tado pela UBS a fim de dar conta das diferentes neces-
sidades de saúde do território, baseando-se na equidade
no estabelecimento de prioridades no momento.
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - As atividades programáticas (p.
ex. Saúde da Mulher, Saúde da Criança, Saúde do
Idoso etc) não devem ser interrompidas, pois não
atenderia à demanda existente
B) CORRETA - Baseando-se no princípio da equi-
dade, isto é, ofertar o cuidado considerando que
o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais
e deve atender à diversidade, a oferta de maior
número de consultas pré-natal para gestantes de
áreas mais vulneráveis é justificável.
C) INCORRETA - Igualdade se refere a ofertar um
cuidado igual entre pessoas, enquanto equidade se
refere a cuidar diferente de necessidades diferentes,
reconhecendo-se as diferenças nas condições de
vida e saúde e de acordo com as necessidades da
pessoa
D) INCORRETA - Ana não deve interromper o aten-
dimento a outra área, mas reorganizar os atendi-
mentos a fim de dar prioridades embasadas na
equidade em saúde;
E) INCORRETA - Ana não deve interromper os aten-
dimentos à demanda espontânea, mas reorganizar
os horários de atendimento a essa demanda a fim
de melhorar o fluxo dos pacientes no serviço.
Take-Home Message:
Equidade é ofertar o cuidado, reconhecendo as diferen-
ças nas condições de vida e saúde e de acordo com as
necessidades das pessoas, considerando que o direito à
saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender
à diversidade com estratégias que permitam minimi-
zar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que
possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação;
de maneira que impacte na autonomia e na situação
de saúde.
(PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO
DE 2017)
| 163
QUESTÃO 98
Atualmente, o Ministério da Saúde e o Instituto Na-
cional do Câncer (INCA) indicam o rastreamento po-
pulacional de
A) câncer de colo uterino com exame citopatológico
em mulheres de 25 a 64 anos, somente após o iní-
cio da vida sexual.
B) câncer de mama com autoexame, exame clíni-
co e exame de mamografia para mulheres de 50 a
69 anos.
C) câncer de próstata com PSA (antígeno específico
prostático) para homens de 50 a 69 anos.
D) câncer colorretal com exame de sangue oculto nas
fezes, retossigmoidoscopia ou colonoscopia em
adultos de 50 a 75 anos.
E) câncer de boca com exame clínico da cavidade oral
em pacientes alcoolistas e tabagistas de 40 anos
ou mais.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
Recomenda-se o rastreamento com exame Papanico-
lau às mulheres com vida sexual ativa, prioritariamente
àquelas da faixa etária de 25 a 59 anos, definida como
população-alvo. A continuidade do rastreamento após
os 60 anos deve ser individualizada e, após os 65 anos,
a recomendação é de suspender o rastreamento se os úl-
timos exames estiverem normal. A rotina preconizada
é a repetição do exame a cada 3 anos, após dois exames
normais consecutivos no intervalo de um ano.
No Brasil, conforme as Diretrizes para a Detecção
Precoce do Câncer de Mama, a mamografia é o único
exame cuja aplicação em programas de rastreamento
apresenta eficácia comprovada na redução da morta-
lidade por câncer de mama. A mamografia de rotina é
recomendada para as mulheres de 50 a 69 anos uma vez
a cada dois anos.
Recomenda-se o rastreamento para o câncer de cólon e
reto usando pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonos-
copia ou sigmoidoscopia, em adultos entre 50 e 75 anos.
164 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

Vamos às alternativas: Comentários:

A) CORRETA A paramentação para aerossol segue os seguintes passos:

B) INCORRETA - o ensino sistematizado do autoe- 1. Higienizar as mãos;
xame não reduz a mortalidade por câncer de mama, 2. Vestir avental;
não sendo indicada pelo INCA como medida de
rastreio 3. Vestir máscara;
C) INCORRETA - o INCA não indica o rastreio de 4. Vestir óculos e gorro
câncer de próstata com PSA 5. Higienizar as mãos e colocar as luvas.
D) INCORRETA - no Brasil, a publicação no Cader-
Portanto, antes de colocarmos a máscara e os óculos,
no de Atenção Primária sobre o rastreamento (CAB
devemos vestir o avental ou o capote, item B,
29) afirma que o rastreamento dos cânceres de có-
lon e reto é recomendado nessa faixa etária, mas
utilizando sangue oculto nas fezes, colonoscopia Vamos às alternativas:
ou sigmoidoscopia. A) INCORRETA
E) INCORRETO - não há recomendação pelo INCA B) CORRETA
de rastreamento de câncer de boca C) INCORRETA
D) INCORRETA
Take-Home Message: E) INCORRETA
Saber recomendações do INCA para rastreio de câncer,
vide acima. Take-Home Message:
Saber os passos da paramentação, conforme acima.
QUESTÃO 99
Lívia está no seu plantão da Unidade de Pronto Aten-
dimento (UPA) quando chega um paciente com sin-
tomas respiratórios para atendimento. Por se tratar de
um quadro suspeito de Covid-19, Lívia procede a pa-
ramentação antes de adentrar ao consultório específico
para o atendimento de sintomáticos respiratórios, que
não possui antecâmaras. Seguindo o processo recomen-
dado da paramentação, imediatamente antes da colo-
cação da máscara e dos óculos de proteção, Lívia deve
A) higienizar as mãos.
B) vestir o avental ou o capote.
C) colocar o gorro.
D) calçar as luvas de procedimento.
E) retirar as luvas de procedimento.
Resposta correta: Letra B
 ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS
QUESTÃO 100
O médico Joaquim é chamado pela família de Dona
Josefa, que lhe comunica do falecimento da paciente e
lhe solicita o preenchimento da Declaração de Óbito
(DO). Com 83 anos, Dona Josefa estava em Cuidados
Paliativos, acompanhada por Joaquim no ambiente do-
miciliar, devido a um câncer do trato gastrointestinal
sem possibilidade curativa. Ao chegar no domicílio de
Dona Josefa, Joaquim constata o óbito, causado por
choque hipovolêmico devido a sangramento do trato
gastrointestinal. Considerando o caso descrito, assinale
a alternativa correta.
A) Joaquim está eticamente impedido de emitir a
Declaração de Óbito, já que não estava presente
no momento da ocorrência, configurando mor-
te suspeita.
B) No campo 49 “Causas da Morte”, parte I, na linha
‘a’, deve ser apresentado câncer do trato gastrointes-
tinal, como causa básica da morte.
C) O cuidado do paciente terminal fora do ambiente
hospitalar e sem suporte intensivo de vida caracte-
riza esse caso como eutanásia.
D) A comunicação de más notícias a pacientes e fami-
liares deve ser empática, mas ao mesmo tempo as-
sertiva e clara, evitando-se excesso de informações.
E) Antes de comunicar o paciente uma má notícia, é
obrigação do médico assistente confirmar a concor-
dância do responsável com essa comunicação.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
A Declaração de Óbito é o documento-base do Sistema
de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS). Em seu
componente VI, no campo 49 “Causas da Morte”, há
2 partes. A Parte I é preenchida de baixo para cima,
com a “Causa Base” na linha d e a “Causa Imediata” na
linha a. A parte II é preenchida por outras condições
significativas que contribuíram para a morte, e que não
entraram, porém, na cadeia da parte I.
| 165
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - quando paciente acompanhada
por atendimento domiciliar, o médico (no caso, Jo-
aquim) do programa quem deve preencher a D.O.;
B) INCORRETA - a “linha a” da D.O. é a causa ime-
diata, o que torna a alternativa incorreta – a “linha
d” é a causa básica;
C) INCORRETA - o caso descreve um exemplo de
ortonásia, isto é, uma abordagem adequada diante
de um paciente que está morrendo, ofertado pelo
acompanhamento dos Cuidados Paliativos – euta-
násia é o ato deliberado de terminar com a vida de
um paciente, o que não ocorre no exemplo;
D) CORRETA - a comunicação de más notícias deve
ser feita de maneira empática, assertiva e clara,
com o completo entendimento pelos pacientes
e familiares;
E) INCORRETA - segundo O Código de Ética Mé-
dica, é vedado ao médico deixar de informar ao pa-
ciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os
objetivos do tratamento, salvo quando a comunica-
ção direta possa lhe provocar dano, devendo, nes-
se casso, fazer a comunicação ao seu representante
legal – portanto, não é obrigação médica sempre
verificar essa concordância com o responsável, mas
em casos específicos.
Take-Home Message:
Quando paciente é acompanhado por atendimento
domiciliar, o médico desse programa de acompanha-
mento deverá preencher a D.O..
166 | ENARE R1 - 2022 - CADERNO DE RESPOSTAS

www.grupomedcof.com.br/