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SES-DF 2022

CADERNO DE QUESTÕES
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SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 |3

QUESTÃO 1 QUESTÃO 3
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
pital com história de atropelamento há alguns minutos. pital com história de atropelamento há alguns minutos.
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm,
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo- e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
seguir. Nesse caso clínico, a escala de coma de Glasgow a seguir. A maioria dos pacientes em choque classe II
do paciente é 9. precisará de transfusão de hemoderivados, enquanto
A) CERTO praticamente todos em choque classe III precisarão de
protocolo de transfusão maciça.
B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO
QUESTÃO 2
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento QUESTÃO 4
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
pital com história de atropelamento há alguns minutos. Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 pital com história de atropelamento há alguns minutos.
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm,
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo- dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
a seguir. Quanto ao nível de hemorragia, nesse caso, minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
pode-se classificar o choque como classe IVa. nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
A) CERTO seguir. A radiografia de tórax se faz necessária para con-
firmação do diagnóstico de hemopneumotórax.
B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 5 QUESTÃO 7
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
pital com história de atropelamento há alguns minutos. pital com história de atropelamento há alguns minutos.
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm,
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo- e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
a seguir. A avaliação inicial do caso deve seguir o AB- seguir. Na técnica de drenagem pleural, deve-se trans-
CDE do trauma, com as vias aéreas pérvias (airway). passar o tubo de toracostomia no 5o espaço intercostal,
Deve-se, então, proceder à drenagem pleural fechada levemente anterior à linha axilar anterior, posicionando
(breathing) e, em um segundo momento, avaliar a ne- o tubo superior e posteriormente ao tórax. O local de
cessidade de intubação orotraqueal de acordo com a inserção do dreno de tórax é o mesmo em adultos e
escala de Glasgow. em crianças.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO

QUESTÃO 6 QUESTÃO 8
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hospi-
pital com história de atropelamento há alguns minu- tal com história de atropelamento há alguns minutos. Ao
tos. Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, FR =
bpm, FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 mmHg.
x 75 mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza al- Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas palavras
gumas palavras sem sentido, e demonstra abertura ocu- sem sentido, e demonstra abertura ocular à dor e res-
lar à dor e resposta motora de flexão anormal. A aus- posta motora de flexão anormal. A ausculta respiratória
culta respiratória indica murmúrio vesicular ausente à indica murmúrio vesicular ausente à direita e normais à
direita e normais à esquerda. Exames cardiovascular e esquerda. Exames cardiovascular e abdominal não há al-
abdominal não há alterações. Com base nesse caso clí- terações. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen-
nico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Caso o
item a seguir. Nesse caso, está indicado o uso de ácido dreno de tórax esteja drenado 100 mL serohemático por
tranexâmico. Ele é um medicamento antifibrinolítico e dia, mesmo sem vazamentos e com boa expansibilidade
deve ser aplicado de maneira precoce, nas primeiras três pulmonar aos raios X, não é possível retirá-lo. É preciso
horas do trauma, em bolus. que a drenagem torácica seja inferior a 50 mL/dia.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
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QUESTÃO 9 QUESTÃO 11
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
emergência com história de dor abdominal que migrou emergência com história de dor abdominal que migrou
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
de náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
nega febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
Ao exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
FR = 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
apresenta dor à palpação de todo abdome e dor à des- senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
compressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
laboratoriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
desse caso clínico e com base nos conhecimentos médi- caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
cos correlatos, julgue o item a seguir. A escala de Alva- correlatos, julgue o item a seguir. Em caso de apendi-
rado do paciente é de 8 pontos, o que traduz uma alta cite de fase inicial (fase I ou II), indica-se apenas an-
suspeição diagnóstica de apendicite aguda. Submeter o tibiótico para profilaxia, não havendo obrigatoriedade
paciente à apendicectomia sem a necessidade de exa- da antibioticoterapia.
mes de imagem seria uma condução correta do caso. A) CERTO
A) CERTO B) ERRADO
B) ERRADO

QUESTÃO 12
QUESTÃO 10
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à emergência com história de dor abdominal que migrou
emergência com história de dor abdominal que migrou para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR = 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre- senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom- pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora- toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Em pacientes com
correlatos, julgue o item a seguir. O sinal que descreve apendicite não perfurada aguda, a coleta de cultura
a dor no quadrante inferior direito à palpação do qua- transoperatória é obrigatória, uma vez que é positiva na
drante inferior esquerdo é chamado sinal do obturador. maioria dos casos e permite guiar o uso de antibióticos.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
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QUESTÃO 13 QUESTÃO 15
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
emergência com história de dor abdominal que migrou emergência com história de dor abdominal que migrou
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR = exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre- 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom- senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora- pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. Tumores carcinoides correlatos, julgue o item a seguir. A profilaxia de TVP
e mucinosos são os tumores mais comuns do apêndice está indicada em todo pós-operatório, e as medidas va-
e devem ser tratados com apendicectomia ou colecto- riam de acordo com o risco do paciente.
mia direita, a depender do caso. A) CERTO
A) CERTO B) ERRADO
B) ERRADO

QUESTÃO 16
QUESTÃO 14
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à emergência com história de dor abdominal que migrou
emergência com história de dor abdominal que migrou para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR = 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre- senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom- pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora- toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. No estado de pós-
correlatos, julgue o item a seguir. Em caso de febre no -operatório, o paciente apresenta alterações hormonais
2o PO desse paciente, deve-se pensar, como causa mais referentes à resposta endócrino metabólica e imunoló-
comum, a infecção da ferida operatória, que deve ser gica ao trauma (REMIT). Entre elas, estão a elevação
tratada com drenagem da FO e (ou) antibioticoterapia. do glucagon, ACTH e cortisol e a redução da insulina,
A) CERTO o que torna os pacientes em pós-operatório com con-
B) ERRADO troles glicêmicos mais elevados.
A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 17 QUESTÃO 19
Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15 de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15
kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina. kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina.
No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas, No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas,
com vários episódios de evacuações líquidas, associado com vários episódios de evacuações líquidas, associado
a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata- a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata-
do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97% do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97%
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
os itens a seguir. A tomografia computadorizada é o
os itens a seguir. O principal distúrbio hidroeletrolítico
exame para diagnóstico definitivo do câncer colorretal
que o paciente pode apresentar no quadro de diarreia
enquanto a colonoscopia é utilizada para estadiamento.
intensa é a alcalose metabólica hipopotassêmica.
A) CERTO
A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO

QUESTÃO 20
Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15 Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina. de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15
No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas, kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina.
com vários episódios de evacuações líquidas, associado No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas,
a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata- com vários episódios de evacuações líquidas, associado
do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97% a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata-
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97%
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso
os itens a seguir. O quadro clínico do paciente é incom- clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
patível com obstrução intestinal. os itens a seguir. Caso seja confirmado o diagnóstico de
A) CERTO câncer colorretal, pode ser indicada a cirurgia de Hart-
mann, que consiste na hemicolectomia esquerda e na
B) ERRADO
reconstrução com anastomose primária em dois planos.
A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 21 QUESTÃO 23
Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração Um paciente de 23 anos de idade deu entrada na emer-
de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15 gência do hospital com história de ferimentos por arma
kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina. branca em hipocôndrio direito e antebraço esquerdo,
No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas, com delta T de 30 minutos. No momento, o paciente
com vários episódios de evacuações líquidas, associado apresenta-se inquieto, relata leve dor abdominal na área
a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata- atingida. Observa-se lesão cortante profunda em ante-
do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97% braço direito, sem sangramento ativo. Ao exame físico,
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso verificam-se FC = 92 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 =
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue 99% e abdome indolor à palpação e à descompressão.
os itens a seguir. O paciente em tela deve passar por A exploração digital do ferimento abdominal compro-
avaliação nutricional pré-operatória, pois, neste caso, va que ultrapassa a aponeurose abdominal. Com base
diminui o risco de complicações pós-operatórias. nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos cor-
A) CERTO relatos, julgue os itens a seguir. Apesar de ultrapassar
a aponeurose abdominal, pode-se manter tratamento
B) ERRADO conservador para esse paciente, desde que sejam reali-
zados exames clínico e laboratoriais seriados.
QUESTÃO 22 A) CERTO
Um paciente de 23 anos de idade deu entrada na emer- B) ERRADO
gência do hospital com história de ferimentos por arma
branca em hipocôndrio direito e antebraço esquerdo,
com delta T de 30 minutos. No momento, o paciente
apresenta-se inquieto, relata leve dor abdominal na área QUESTÃO 24
atingida. Observa-se lesão cortante profunda em ante-
braço direito, sem sangramento ativo. Ao exame físico, Um paciente de 23 anos de idade deu entrada na emer-
verificam-se FC = 92 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = gência do hospital com história de ferimentos por arma
99% e abdome indolor à palpação e à descompressão. branca em hipocôndrio direito e antebraço esquerdo,
A exploração digital do ferimento abdominal compro- com delta T de 30 minutos. No momento, o paciente
va que ultrapassa a aponeurose abdominal. Com base apresenta-se inquieto, relata leve dor abdominal na área
nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos corre- atingida. Observa-se lesão cortante profunda em ante-
latos, julgue os itens a seguir. O teste de Allen confirma braço direito, sem sangramento ativo. Ao exame físico,
ou descarta lesão do nervo ulnar. verificam-se FC = 92 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 =
99% e abdome indolor à palpação e à descompressão.
A) CERTO A exploração digital do ferimento abdominal compro-
B) ERRADO va que ultrapassa a aponeurose abdominal. Com base
nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos cor-
relatos, julgue os itens a seguir. Dada a localização do
ferimento, esse paciente poderia ter como possível lesão
vascular a artéria gastroduodenal, ramo da artéria me-
sentérica superior.
A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 25
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Provavelmente, no período do eletro de repouso, o intervalo PR seja normal.

A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 26
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Tratamento com sotalol é o padrão-ouro, no caso desse paciente, para tratamento em longo prazo.

A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 11

UESTÃO 27
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. O risco de morte súbita para esse paciente é elevado em relação à população normal.

A) CERTO
B) ERRADO
12 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 28
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Cardioversão é o melhor tratamento para manejo agudo.

A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 29
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no
decorrer da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o
paciente ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca con-
forme o eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir. Nesse paciente, a realização de diálise deve ser feita em um período de tempo mais curto e com
maior ultrafiltração.

A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 30 QUESTÃO 31
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín- Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín-
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do
status mental, humor deprimido e mudança de com- status mental, humor deprimido e mudança de com-
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea. portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea.
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20 Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20
vezes acima do valor de referência. A função renal mos- vezes acima do valor de referência. A função renal mos-
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel- = 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel-
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. Por causa médicos correlatos, julgue os itens a seguir. O PTH é
da alteração de humor depressivo, o ideal é iniciar com responsável pelo aumento do cálcio sérico.
lítio e risperidona em doses baixas.

A) CERTO
A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 15

QUESTÃO 32 QUESTÃO 33
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín- Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín-
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do
status mental, humor deprimido e mudança de com- status mental, humor deprimido e mudança de com-
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea. portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea.
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20 Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20
vezes acima do valor de referência. A função renal mos- vezes acima do valor de referência. A função renal mos-
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel- = 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel-
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. Sintomas médicos correlatos, julgue os itens a seguir. Vitamina D
psiquiátricos são pouco conhecidos e extremamente ra- pode ser considerada como um tratamento não cirúrgi-
ros nesses pacientes. co importante para esse paciente.

A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
16 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 34 QUESTÃO 35
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín- Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do Índia, foi atendido no pronto- socorro por alteração
status mental, humor deprimido e mudança de com- do status mental, humor deprimido e mudança de
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea. comportamento. Além disso, ele apresentava dor ós-
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20 sea. Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH
vezes acima do valor de referência. A função renal mos- 20 vezes acima do valor de referência. A função renal
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC mostrou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente;
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel- FC = 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito de pelve foi realizado, conforme imagem a seguir. A
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos respeito desse caso clínico e tendo em vista os conhe-
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. As setas em cimentos médicos correlatos, julgue os itens a seguir.
branco denotam lesões líticas. É importante avaliar a presença de fraturas vertebrais,
bem como sintomas de compressão radicular.

A) CERTO
B) ERRADO A) CERTO
B) ERRADO

QUESTÃO 36
Um paciente de 55 anos de idade foi internado por mal-
-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últimos três
dias e SatO2 = 92%, com canula nasal fornecendo flu-
xo de 4 litros por minuto. Verificam-se PA= 90mmHg
x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo o scope sinusal.
O paciente tem um histórico de tabagismo ativo há
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 17

35 anos (1 carteira por dia). Nos últimos meses, tem QUESTÃO 38


tosse crônica (oito meses nos últimos dois anos), além
de dispneia aos moderados esforços. Ele apresentou Um paciente de 55 anos de idade foi internado por mal-
carteira de vacinação com duas doses da vacina contra -estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últimos três
a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou espirometria dias e SatO2 = 92%, com canula nasal fornecendo flu-
com VEF1 de 45% do previsto. Não houve resposta xo de 4 litros por minuto. Verificam-se PA= 90mmHg
ao broncodilatador. Considerando esse caso clínico e x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo o scope sinusal.
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a O paciente tem um histórico de tabagismo ativo há 35
seguir. Provavelmente, a enfermidade apresentada está anos (1 carteira por dia). Nos últimos meses, tem tosse
associada à destruição do parênquima. crônica (oito meses nos últimos dois anos), além de disp-
neia aos moderados esforços. Ele apresentou carteira de
A) CERTO vacinação com duas doses da vacina contra a Covid-19,
B) ERRADO da AstraZeneca, e realizou espirometria com VEF1 de
45% do previsto. Não houve resposta ao broncodilata-
dor. Considerando esse caso clínico e os conhecimentos
QUESTÃO 37
médicos correlatos, julgue o item a seguir. O padrão es-
Um paciente de 55 anos de idade foi internado por mal- perado da espirometria é de doença obstrutiva.
-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últimos três A) CERTO
dias e SatO2 = 92%, com canula nasal fornecendo flu-
B) ERRADO
xo de 4 litros por minuto. Verificam-se PA= 90mmHg
x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo o scope sinusal.
O paciente tem um histórico de tabagismo ativo há QUESTÃO 39
35 anos (1 carteira por dia). Nos últimos meses, tem
tosse crônica (oito meses nos últimos dois anos), além Um paciente de 55 anos de idade foi internado por
de dispneia aos moderados esforços. Ele apresentou mal-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últi-
carteira de vacinação com duas doses da vacina contra mos três dias e SatO2 = 92%, com canula nasal for-
a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou espirometria necendo fluxo de 4 litros por minuto. Verificam-se
com VEF1 de 45% do previsto. Não houve resposta PA= 90mmHg x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo
ao broncodilatador. Considerando esse caso clínico e o scope sinusal. O paciente tem um histórico de taba-
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a gismo ativo há 35 anos (1 carteira por dia). Nos últi-
seguir. VEF1 desse paciente denota bom prognóstico. mos meses, tem tosse crônica (oito meses nos últimos
dois anos), além de dispneia aos moderados esforços.
A) CERTO
Ele apresentou carteira de vacinação com duas doses da
B) ERRADO vacina contra a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou
espirometria com VEF1 de 45% do previsto. Não hou-
ve resposta ao broncodilatador. Considerando esse caso
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir. Embora o paciente esteja totalmente
vacinado, a infecção de coronavírus tende a apresentar
alto risco de evolução para ventilação mecânica, sendo
necessário ser descartada.
A) CERTO
B) ERRADO
18 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 40
Um paciente de 55 anos de idade foi internado por
mal-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últi-
mos três dias e SatO2 = 92%, com canula nasal for-
necendo fluxo de 4 litros por minuto. Verificam-se
PA= 90mmHg x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo
o scope sinusal. O paciente tem um histórico de taba-
gismo ativo há 35 anos (1 carteira por dia). Nos últi-
mos meses, tem tosse crônica (oito meses nos últimos
dois anos), além de dispneia aos moderados esforços.
Ele apresentou carteira de vacinação com duas doses da
vacina contra a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou
espirometria com VEF1 de 45% do previsto. Não hou-
ve resposta ao broncodilatador. Considerando esse caso
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir. Para esse paciente, pode-se usar azitro-
micina 500 mg por três dias.
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 19

QUESTÃO 41
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A presença de disfagia
sólida sugere uma perda de, pelo menos, 70% da luz esofágica.

A) CERTO
B) ERRADO
20 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 42
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Possivelmente, o diagnós-
tico seja adenocarcinoma de esôfago.

A) CERTA
B) ERRADA
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 21

QUESTÃO 43
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O paciente apresenta uma
condição genética chamada tilose palmoplantar.

A) CERTA
B) ERRADA
22 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 44
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Tomografia de tórax apre-
senta acurácia maior que ultrassom endoscópico para a identificação de doença localmente avançada.

A) CERTA
B) ERRADA
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 23

QUESTÃO 45
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A presença de uma massa
grande na mucosa é altamente sugestiva de neoplasia de esôfago.

A) CERTA
B) ERRADA
24 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 46 QUESTÃO 48
Uma paciente de 16 anos de idade, com oito horas de evo- Uma paciente de 16 anos de idade, com oito horas de
lução, compareceu à emergência por apresentar vertigem, evolução, compareceu à emergência por apresentar ver-
diplopia e surdez. Além disso, demonstrou deficits moto- tigem, diplopia e surdez. Além disso, demonstrou de-
res. Ao exame físico, verificaram-se SatO2 = 96% em ar ficits motores. Ao exame físico, verificaram-se SatO2 =
ambiente, FC = 92 bpm regular e PA = 180 mmHg x 100 96% em ar ambiente, FC = 92 bpm regular e PA = 180
mmHg. Tomografia de crânio e angiotomografia não evi- mmHg x 100 mmHg. Tomografia de crânio e angio-
denciaram malformação vascular e nem sangramento. Aos tomografia não evidenciaram malformação vascular e
15 anos, a paciente teve trombose venosa profunda. Em nem sangramento. Aos 15 anos, a paciente teve trom-
relação a esse caso clínico e aos conhecimentos médicos bose venosa profunda. Em relação a esse caso clínico e
correlatos, julgue o item a seguir. Os sintomas da paciente aos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
sugerem acometimento carotídeo. a seguir. O uso de trombolítico é contraindicado para
A) CERTO essa paciente.
B) ERRADO A) CERTO
B) ERRADO

QUESTÃO 47
Uma paciente de 16 anos de idade, com oito horas de
evolução, compareceu à emergência por apresentar ver-
tigem, diplopia e surdez. Além disso, demonstrou de-
ficits motores. Ao exame físico, verificaram-se SatO2 =
96% em ar ambiente, FC = 92 bpm regular e PA = 180
mmHg x 100 mmHg. Tomografia de crânio e angio-
tomografia não evidenciaram malformação vascular e
nem sangramento. Aos 15 anos, a paciente teve trom-
bose venosa profunda. Em relação a esse caso clínico e
aos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
a seguir. É importante solicitar exames de fatores de
coagulação, sendo o anticorpo anticardiolipina o mais
prevalente em pessoas abaixo de 50 anos de idade com
essa enfermidade.
A) CERTO
B) ERRADO
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QUESTÃO 49 QUESTÃO 50
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami- Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen- nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no- mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
membros superiores e inferiores. A criança reside com a membros superiores e inferiores. A criança reside com a
mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa- mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa-
me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté- = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção, timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta
pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também
foram observados abdome RHA+, depressível, dor à
foram observados abdome RHA+, depressível, dor à
palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega-
palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega-
tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores
tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores
com equimoses < 5 cm e membros superiores com
com equimoses < 5 cm e membros superiores com
equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente
equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente
foram solicitados exame qualitativo de urina com uro-
foram solicitados exame qualitativo de urina com uro- cultura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da
cultura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radiografia de membro superior esquer-
urocultura) e radiografia de membro superior esquer- do. O exame qualitativo de urina pode ser verificado a
do. O exame qualitativo de urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou
seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e ulna esquerda, conforme a ima-
calo ósseo em rádio e ulna esquerda, conforme a ima- gem a seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista
gem a seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Sempre que se observam equimoses em menores
seguir. Quando uma criança tem infecção febril do tra- de 5 anos de idade, deve-se realizar uma investigação
to urinário, é importante realizar o tratamento correto, de hemofilia, por ser uma patologia bastante frequente.
com uso de antibiótico por 10 dias a 14 dias, mas não
A) CERTO
é necessário acompanhar com exames de imagem, visto
que dificilmente elas apresentam lesão renal. B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO
26 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 51 QUESTÃO 52
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami- Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen- nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
se mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
notou que a criança apresenta manchas arrocheadas tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
nos membros superiores e inferiores. A criança reside membros superiores e inferiores. A criança reside com
com a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padras- a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao
to. Ao exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
mas está corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
bpm, FR = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
sem petéquias, sem placas, sem lesões, otoscopia com quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
membrana timpânica translúcida, sem abaulamento, timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
sem secreção, ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem so- ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pul-
pro e ausculta pulmonar MVUD, sem ruídos adventí- monar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram
cios. Também foram observados abdome RHA+, de- observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação
pressível, dor à palpação em baixo ventre, Blumberg em baixo ventre, Blumberg e Murph negativos, sem si-
e Murph negativos, sem sinais de meningismo, mem- nais de meningismo, membros inferiores com equimo-
bros inferiores com equimoses < 5 cm e membros su- ses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5 cm
periores com equimoses > 5 cm em braço esquerdo. em braço esquerdo. Inicialmente foram solicitados exa-
Inicialmente foram solicitados exame qualitativo de me qualitativo de urina com urocultura (via sondagem
urina com urocultura (via sondagem vesical; ainda sem vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radiografia
resultado da urocultura) e radiografia de membro su- de membro superior esquerdo. O exame qualitativo de
perior esquerdo. O exame qualitativo de urina pode ser urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se, ainda,
verificado a seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e ulna
evidenciou calo ósseo em rádio e ulna esquerda, con- esquerda, conforme a imagem a seguir. Acerca desse caso
forme a imagem a seguir. Acerca desse caso clínico e clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos cor-
tendo em vista os conhecimentos médicos correlatos, relatos, julgue o item a seguir. Aos 18 meses de idade, a
julgue o item a seguir. Em casos de febre sem sinais criança está apta a se comunicar formando frases curtas
localizatórios, deve-se pensar sempre em infecção do de duas palavras ou três palavras.
trato urinário, sendo que, entre as bactérias causadoras,
A) CERTO
encontra-se a Bordetella pertussis.
B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 27

QUESTÃO 53 QUESTÃO 54
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami- Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen- nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no- mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
membros superiores e inferiores. A criança reside com membros superiores e inferiores. A criança reside com
a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao
exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté- = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção, timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pul- ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pul-
monar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram monar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram
observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação
em baixo ventre, Blumberg e Murph negativos, sem si- em baixo ventre, Blumberg e Murph negativos, sem si-
nais de meningismo, membros inferiores com equimo- nais de meningismo, membros inferiores com equimo-
ses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5 cm ses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5
em braço esquerdo. Inicialmente foram solicitados exa- cm em braço esquerdo. Inicialmente foram solicitados
me qualitativo de urina com urocultura (via sondagem exame qualitativo de urina com urocultura (via sonda-
vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radiografia gem vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radio-
de membro superior esquerdo. O exame qualitativo de grafia de membro superior esquerdo. O exame qualita-
urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se, ainda, tivo de urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se,
radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e ulna ainda, radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e
esquerda, conforme a imagem a seguir. Acerca desse caso ulna esquerda, conforme a imagem a seguir. Acerca desse
clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos cor- caso clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos
relatos, julgue o item a seguir. O trauma contuso, nas correlatos, julgue o item a seguir. Quando se observam
crianças mais novas, muitas vezes é consequência dos fraturas múltiplas, bilaterais e em diferentes estágios de
maus-tratos e do espancamento. consolidação, deve-se pensar em maus- tratos.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
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QUESTÃO 55 QUESTÃO 56
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami- Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen- nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no- mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
membros superiores e inferiores. A criança reside com a membros superiores e inferiores. A criança reside com a
mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa- mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa-
me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também
pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram observados abdome RHA+, depressível, dor à
foram observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega-
palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega- tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores
tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores com equimoses < 5 cm e membros superiores com
com equimoses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente fo-
equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente ram solicitados exame qualitativo de urina com urocul-
foram solicitados exame qualitativo de urina com uro- tura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da uro-
cultura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da cultura) e radiografia de membro superior esquerdo. O
urocultura) e radiografia de membro superior esquer- exame qualitativo de urina pode ser verificado a seguir.
do. O exame qualitativo de urina pode ser verificado a Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou calo ós-
seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou seo em rádio e ulna esquerda, conforme a imagem a
calo ósseo em rádio e ulna esquerda, conforme a ima- seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os co-
gem a seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista nhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a Para enfrentar as várias formas de uma manifestação
seguir. Artrite idiopática juvenil é uma doença crônica da violência, o setor de saúde tem políticas próprias de
autoimune das articulações, e a principal manifestação âmbito nacional, como a notificação de violência con-
clínica é a artrite, caracterizada por dor, aumento de tra crianças e adolescentes na rede do Sistema Único de
volume e de temperatura de uma ou mais articulações. Saúde (SUS) (Portaria nº 1.968/2001).

A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 29

QUESTÃO 57 QUESTÃO 58
Uma paciente de 4 anos de idade foi levada pela mãe ao Uma paciente de 4 anos de idade foi levada pela mãe
pronto atendimento e relatou que a filha refere intensa ao pronto atendimento e relatou que a filha refere in-
dor abdominal e está há sete dias sem evacuar. A filha co- tensa dor abdominal e está há sete dias sem evacuar. A
meçou a demonstrar dificuldades para evacuar logo que filha começou a demonstrar dificuldades para evacuar
iniciou a introdução alimentar e, desde então, apresenta logo que iniciou a introdução alimentar e, desde então,
fezes em “”bolinhas””. Em relação à dieta, disse que a apresenta fezes em “”bolinhas””. Em relação à dieta,
menina come frutas, porém em pouca variedade, gosta disse que a menina come frutas, porém em pouca va-
muito de banana e de maçã, não gosta de verduras e in- riedade, gosta muito de banana e de maçã, não gosta de
gere pouca quantidade de água. Ao exame físico, verifica- verduras e ingere pouca quantidade de água. Ao exame
ram-se FC = 100 bpm, FR = 22 irpm, SatO2 = 98% em físico, verificaram-se FC = 100 bpm, FR = 22 irpm,
AA, bem como abdome globoso com ruídos hidroaéreos SatO2 = 98% em AA, bem como abdome globoso com
positivos, dor difusa à palpação e, em quadrante inferior ruídos hidroaéreos positivos, dor difusa à palpação e,
esquerdo, palpa-se massa (sugestivo de fezes). Conside- em quadrante inferior esquerdo, palpa-se massa (suges-
rando esse caso clínico e com base nos conhecimentos tivo de fezes). Considerando esse caso clínico e com
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Sempre que base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o
uma criança relatar dor abdominal, é importante ques-
item a seguir. Na investigação de constipação, é impor-
tionar a respeito dos hábitos intestinais, da consistência
tante solicitar exames como TSH e T4 livre, a fim de
das fezes e do número de evacuações (dia/semana). A
descartar hipotireoidismo, que tem, entre as suas mani-
constipação funcional é um diagnóstico clínico feito de
festações, a constipação.
acordo com os critérios de Roma IV.
A) CERTO
A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO
30 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 59 QUESTÃO 60
Uma paciente de 4 anos de idade foi levada pela mãe Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
ao pronto atendimento e relatou que a filha refere in- ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
tensa dor abdominal e está há sete dias sem evacuar. A pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
filha começou a demonstrar dificuldades para evacuar notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante
logo que iniciou a introdução alimentar e, desde então, ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas
apresenta fezes em “”bolinhas””. Em relação à dieta, fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais,
disse que a menina come frutas, porém em pouca va- há muito tempo apareceram alguns machucados no
riedade, gosta muito de banana e de maçã, não gosta de couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem
verduras e ingere pouca quantidade de água. Ao exame algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura
físico, verificaram-se FC = 100 bpm, FR = 22 irpm, = 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0
SatO2 = 98% em AA, bem como abdome globoso com e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
ruídos hidroaéreos positivos, dor difusa à palpação e, AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
em quadrante inferior esquerdo, palpa-se massa (suges- melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
tivo de fezes). Considerando esse caso clínico e com dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
item a seguir. Diabetes mellitus é uma causa incomum lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
de constipação. timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
A) CERTO e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica-
ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA,
B) ERRADO abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal e
fimose. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen-
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Sempre
se deve solicitar USG para descartar malignidade de
linfonodos maiores de 1 cm.
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 31

QUESTÃO 61 QUESTÃO 62
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
ao ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está pre- ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
ocupada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
ela notou há notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante
cinco meses. Relatou que o filho é bastante ativo, que ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas
se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas fala pouco fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais,
e palavras difíceis de compreender. Ademais, há muito há muito tempo apareceram alguns machucados no
tempo apareceram alguns machucados no couro cabe- couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem
ludo dele, que o menino coça bastante e tem algumas algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura
crostas. Ao exame físico, constataram-se altura = 90 cm = 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0
(escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 e -2), e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me- dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação. Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica-
e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica- ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA,
ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA, abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal
palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal e e fimose. Com base nesse caso clínico e nos conheci-
fimose. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen- mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O caso agente causador do impetigo crostoso é o Streptococ-
descrito trata-se de impetigo crostoso, e o tratamento cus pyogenes.
deve ser feito com mupirocina em lesões localizadas e, A) CERTO
em lesões extensas ou numerosas, o tratamento deve ser B) ERRADO
realizado com cefalexina.
A) CERTO
B) ERRADO
32 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 63 QUESTÃO 64
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu- ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante
ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas
fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais, fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais,
há muito tempo apareceram alguns machucados no há muito tempo apareceram alguns machucados no
couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem
algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura
= 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 = 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0
e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me- melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação. dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica-
e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro.
ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA,
Verificaram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
sem RA, abdome, RHA+, depressível, sem megalias, palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal e
indolor à palpação e genitália com testículos em bolsa fimose. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen-
escrotal e fimose. Com base nesse caso clínico e nos co- tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Inves-
nhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. tigação de autismo deve ser realizada em crianças que
É bastante comum meninos não falarem até os 2 anos não falam aos 18 meses de idade e, entre os métodos de
de idade; nesses casos, deve-se aguardar até os 2 anos e avaliação, está a escala M-CHAT.
meio e orientar que os pais estimulem a criança a falar. A) CERTO
A) CERTO B) ERRADO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 33

QUESTÃO 65 QUESTÃO 66
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu- ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante ati- notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante ati-
vo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas fala vo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas fala
pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais, há pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais, há
muito tempo apareceram alguns machucados no couro muito tempo apareceram alguns machucados no couro
cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem algu- cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem algu-
mas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura = 90 mas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura = 90
cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 e -2), cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 e -2),
FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em AA. FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em AA.
No couro cabeludo, há várias lesões com crostas meli- No couro cabeludo, há várias lesões com crostas meli-
céricas e presença de linfonodo retroauricular medindo céricas e presença de linfonodo retroauricular medindo
1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação. Obser- 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação. Obser-
varam-se oroscopia, dentes em bom estado, sem lesões, varam-se oroscopia, dentes em bom estado, sem lesões,
sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana timpâni-
sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana timpâni-
ca translúcida, sem abaulamentos ou retrações e ausculta
ca translúcida, sem abaulamentos ou retrações e ausculta
cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verificaram-se, ainda,
cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verificaram-se, ainda,
ausculta pulmonar, MVUD, sem RA, abdome, RHA+,
ausculta pulmonar, MVUD, sem RA, abdome, RHA+,
depressível, sem megalias, indolor à palpação e genitália
depressível, sem megalias, indolor à palpação e genitália
com testículos em bolsa escrotal e fimose. Com base nes-
se caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, com testículos em bolsa escrotal e fimose. Com base nes-
julgue o item a seguir. É importante realizar investigação se caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
dos hábitos alimentares dessa criança, visto que o ideal julgue o item a seguir. Aos 2 anos de idade, com certeza
seria estar com peso acima do escore z 0. a criança deve usar colher/garfo, subir degraus, imitar
trabalhos caseiros, rabiscar e nomear partes do corpo.
A) CERTO
A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO
34 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 67 QUESTÃO 68
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer- Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan- 38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom- te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom-
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico,
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2 verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- = 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram-
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e -se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF, abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF,
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD, RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD,
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira-
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Trata-se de um caso de asma, com necessidade seguir. Para avaliar a predisposição da asma, é sempre
de iniciar o tratamento com beta 2 de curta duração. importante avaliar o histórico familiar de atopia.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 35

QUESTÃO 69 QUESTÃO 70
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer- Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan- 38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom- te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom-
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico,
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2 verificaram-se FC = 150 bpm, FR =80 irpm, SatO2 =
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram-
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e -se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF, abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF,
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD, RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD,
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira-
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Esse é um caso de bronquiolite, e o principal seguir. No tratamento da bronquiolite, deve-se prescre-
agente é o vírus sincicial respiratório. ver prednisolona na dose de 1 mg/kg/dia.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
36 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 71 QUESTÃO 72
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer- Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan- 38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom- te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom-
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico,
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2 verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- = 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram-
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e -se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF, abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF,
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD, RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD,
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira-
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. A frequência respiratória normal para bebês de seguir. A investigação de cansaço/dispneia é uma causa
até 1 ano de idade é de 120 bpm a 180 bpm. frequente de encaminhamento ao cardiologista.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO

QUESTÃO 73
Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
Tem constipação crônica. A respeito desse caso clíni-
co e com base nos conhecimentos médicos correlatos,
julgue o item a seguir. As causas não ginecológicas de
dor pélvica crônica são apenas as gastrointestinais e
as neurológicas.
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 37

QUESTÃO 74 QUESTÃO 76
Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia. regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
Tem constipação crônica. A respeito desse caso clíni- Tem constipação crônica. A respeito desse caso clíni-
co e com base nos conhecimentos médicos correlatos, co e com base nos conhecimentos médicos correlatos,
julgue o item a seguir. Dor pélvica crônica é definida julgue o item a seguir. Entre as causas ginecológicas, es-
como dor acíclica, abaixo da cicatriz umbilical, com tão endometriose, leiomiomatose, doença inflamatória
duração superior a seis meses, intensa e incapacitan- pélvica e varizes pélvicas.
te, que requer tratamento e altera a qualidade de vida A) CERTO
da mulher.
B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO
QUESTÃO 77
QUESTÃO 75 Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais Tem constipação crônica. A respeito desse caso clínico
regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia. e com base nos conhecimentos médicos correlatos, jul-
Tem constipação crônica. A respeito desse caso clínico gue o item a seguir. A diverticulite é a mais frequente
e com base nos conhecimentos médicos correlatos, jul- causa gastrointestinal de dor pélvica crônica.
gue o item a seguir. A faixa etária mais acometida pela
dor pélvica crônica é dos 35 anos de idade aos 60 anos A) CERTO
de idade. B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO QUESTÃO 78
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes e
dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcialmen-
te com analgésicos comuns, associada a dispareunia. Ao
exame físico tem dor à mobilização do colo uterino, com
mobilidade do útero reduzida e conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. Essa paciente é porta-
dora de dor pélvica crônica, de provável causa ginecoló-
gica, e o diagnóstico mais previsível é de endometriose.
A) CERTO
B) ERRADO
38 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 79 QUESTÃO 81
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial- e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial-
mente com analgésicos comuns, associada a dispareu- mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo
uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe- uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe-
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O
endometriose é uma doença inflamatória benigna, crô- exame de escolha para o diagnóstico adequado é a to-
nica, progesterona-dependente, que acomete mulheres mografia computadorizada com contraste endovenoso,
em idade reprodutiva. que guiará o tratamento.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO

QUESTÃO 80 QUESTÃO 82
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial- e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial-
mente com analgésicos comuns, associada a dispareu- mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo
uterino, com mobilidade do útero reduzida e conheci- uterino, com mobilidade do útero reduzida e conheci-
mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Os mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Os
principais sintomas da endometriose são dismenorreia, sítios anatômicos em que a endometriose pode se de-
dispareunia e dor pélvica crônica. senvolver restringem-se à pelve.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 39

QUESTÃO 83 QUESTÃO 85
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial- com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A
mente com analgésicos comuns, associada a dispareu- respeito desse caso clínico e com base nos conhecimen-
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Cerca de
uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe- 80% dos abortos espontâneos ocorrem nas primeiras
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O seis semanas de gestação.
tratamento medicamentoso é feito com uso de anal- A) CERTO
gésicos e anti-inflamatórios para dor, bem como com
anticoncepcionais hormonais combinados ou de pro- B) ERRADO
gesterona isolada para o controle do ciclo menstrual.
A) CERTO QUESTÃO 86
B) ERRADO Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
QUESTÃO 84 curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para respeito desse caso clínico e com base nos conhecimen-
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Se, no
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes exame físico, o colo do útero estiver pérvio, mas não for
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial- tocado material nele, entende-se que esse é um caso de
mente com analgésicos comuns, associada a dispareu- abortamento inevitável.
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo A) CERTO
uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe-
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. B) ERRADO
Como a paciente está tentando gestar há menos de um
ano, não há indicação de prosseguir com a investigação.
A) CERTO
B) ERRADO
40 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 87 QUESTÃO 90
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro- cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento curou o pronto-socorro com queixa de sangramento va-
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia, ginal em pequena quantidade, de início há um dia, com
com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A res- cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A respeito
peito desse caso clínico e com base nos conhecimentos desse caso clínico e com base nos conhecimentos médi-
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Qualquer cos correlatos, julgue o item a seguir. Deve-se orientar
sangramento no primeiro trimestre de gestação é con- abstinência sexual, repouso e uso de analgésicos.
siderado ameaça de abortamento. A) CERTO
A) CERTO B) ERRADO:
B) ERRADO

QUESTÃO 91
QUESTÃO 88
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro- curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia, com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A
com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A res- respeito desse caso clínico e com base nos conhecimen-
peito desse caso clínico e com base nos conhecimentos tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Se a pa-
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Qualquer ciente for submetida a curetagem uterina, o produto
sangramento no primeiro trimestre de gestação é con- da concepção não precisa ser encaminhado para estu-
siderado ameaça de abortamento. do anatomopatológico.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO:

QUESTÃO 89
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A res-
peito desse caso clínico e com base nos conhecimentos
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Caso não
seja visualizado embrião ou embrião não tenha ativida-
de cardíaca, um novo exame somente deverá ser reali-
zado após 30 dias.
A) CERTO
B) ERRADO:
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 41

QUESTÃO 92 QUESTÃO 94
Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua
primeira consulta com o ginecologista e relatou menar- primeira consulta com o ginecologista e relatou menar-
ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens- ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens-
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo
intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se
também de acne e de pêlos escurecidos. Nega disme- também de acne e de pelos escurecidos. Nega disme-
norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os
conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a se-
seguir. Os ciclos devem ser regulares desde a primeira guir. O diagnóstico de síndrome dos ovários policísti-
menstruação, por causa da maturidade do eixo hipo- cos (SOP) é mais fácil nessa fase.
tálamo-hipófise-ovariano. A) CERTO
A) CERTO B) ERRADO:
B) ERRADO:
QUESTÃO 95
QUESTÃO 93
Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua
Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua primeira consulta com o ginecologista e relatou me-
primeira consulta com o ginecologista e relatou menar- narca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos
ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens- menstruais a cada 52 dias, com duração de sete dias
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo de fluxo intenso, com uso de absorventes noturnos.
intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se Queixa-se também de acne e de pelos escurecidos.
também de acne e de pelos escurecidos. Nega disme- Nega dismenorreia. Acerca desse caso clínico e tendo
norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os em vista os conhecimentos médicos correlatos, julgue
conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a se- o item a seguir. A regulação do ciclo ovariano depen-
guir. O ciclo menstrual regular ocorre a cada 28 +-7 de da complexa interação entre os diferentes níveis de
dias, com duração de 4 +-2 dias, com volume entre 20 estímulo e controle da produção das gonadotrofinas e
mL e 80 mL e cólicas leves a moderadas. dos esteroides.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO: B) ERRADO:
42 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 96 QUESTÃO 98
Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua Um bebê de 6 meses de vida foi levado pela mãe à equi-
primeira consulta com o ginecologista e relatou menar- pe de Saúde da Família (eSF) para consulta de rotina de
ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens- puericultura. A mãe relata que está preocupada, pois a
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo criança mostra-se mais chorosa, apresentando irritabi-
intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se lidade, dificuldade para dormir e pico febril de 39ºC
também de acne e de pelos escurecidos. Nega disme- na noite anterior. A criança está previamente hígida,
norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os em aleitamento materno exclusivo, fez uso de parace-
conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a se- tamol há duas horas e sua temperatura é de 37,5ºC
guir. A SOP é um distúrbio no eixo neuroendócrino no momento. A mãe nega que a criança tenha aler-
reprodutor, associado à alteração morfológica ovariana gias medicamentosas. Ao exame físico, verificam-se
e à produção androgênica elevada. auscultas pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome
A) CERTO sem particularidades, otoscopia direita com presença
B) ERRADO: de membrana timpânica abaulada e hiperemiada, sem
presença de otorreia. A criança é capaz de firmar a ca-
beça e apanhar objetos, e as medidas antropométricas
QUESTÃO 97 estão próximas ao percentil 50. Carteira de vacinação
atualizada. Com base nesse caso clínico e nos conhe-
Um bebê de 6 meses de vida foi levado pela mãe à equi- cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
pe de Saúde da Família (eSF) para consulta de rotina Apesar de medidas antropométricas estarem adequadas
de puericultura. A mãe relata que está preocupada, pois nesse momento, o desenvolvimento neuropsicomotor
a criança mostra-se mais chorosa, apresentando irrita- está atrasado, pois a criança com essa idade já deveria
bilidade, dificuldade para dormir e pico febril de 39ºC ser capaz de sentar sem apoio.
na noite anterior. A criança está previamente hígida,
em aleitamento materno exclusivo, fez uso de parace- A) CERTO
tamol há duas horas e sua temperatura é de 37,5ºC no B) ERRADO:
momento. A mãe nega que a criança tenha alergias me-
dicamentosas. Ao exame físico, verificam-se auscultas
pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome sem par-
ticularidades, otoscopia direita com presença de mem-
brana timpânica abaulada e hiperemiada, sem presença
de otorreia. A criança é capaz de firmar a cabeça e apa-
nhar objetos, e as medidas antropométricas estão pró-
ximas ao percentil 50. Carteira de vacinação atualizada.
Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos mé-
dicos correlatos, julgue o item a seguir. Trata-se de um
caso de otite média aguda (OMA). O tratamento deve
ser feito com analgésicos, antipiréticos e, se a criança
for candidata ao uso de antimicrobianos, a amoxicilina
será o antibiótico de escolha.
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 43

QUESTÃO 99 QUESTÃO 101


Um bebê de 6 meses de vida foi levado pela mãe à equi- Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
pe de Saúde da Família (eSF) para consulta de rotina sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
de puericultura. A mãe relata que está preocupada, pois de disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
a criança mostra-se mais chorosa, apresentando irrita- Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
bilidade, dificuldade para dormir e pico febril de 39ºC semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
na noite anterior. A criança está previamente hígida, nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
em aleitamento materno exclusivo, fez uso de parace- realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites
tamol há duas horas e sua temperatura é de 37,5ºC B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
no momento. A mãe nega que a criança tenha aler- Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
gias medicamentosas. Ao exame físico, verificam-se cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
auscultas pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível
sem particularidades, otoscopia direita com presença (IST), sendo os patógenos mais prováveis a Neisseria
de membrana timpânica abaulada e hiperemiada, sem gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis.
presença de otorreia. A criança é capaz de firmar a ca-
beça e apanhar objetos, e as medidas antropométricas A) CERTO
estão próximas ao percentil 50. Carteira de vacinação B) ERRADO
atualizada. Com base nesse caso clínico e nos conheci-
mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Nes-
sa consulta, já é possível orientar acerca da introdução QUESTÃO 102
de alimentação complementar ao aleitamento materno. Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
A) CERTO sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
B) ERRADO de disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
QUESTÃO 100 nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con- realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites
sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
de disúria e presença de secreção peniana há dois dias. Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre- Caso não haja laboratório disponível para diferenciar
nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram o patógeno, o tratamento preconizado pelo Ministério
realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites da Saúde é ceftriaxona 500 mg intramuscular e azitro-
B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes. micina 1000 mg via oral, ambas em dose única.
Considerando esse caso clínico e com base nos conhe- A) CERTO
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Por
B) ERRADO
se tratar de um caso de síndrome do corrimento uretral
masculino, é necessário realizar notificação compulsó-
ria para a Vigilância Epidemiológica.
A) CERTO
B) ERRADO
44 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 103 QUESTÃO 105


Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con- Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
sulta na unidade básica de saúde(UBS) com queixa de câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
disúria e presença de secreção peniana há dois dias. dade básica de saúde para conversar com seu médico
Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve
semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre- realizar os procedimentos propostos pelo especialista,
nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma
realizados testes rápidos, na BS, para HIV, hepatites B bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re-
e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes. lação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos
Considerando esse caso clínico e com base nos conhe- médicos correlatos, julgue o item a seguir. Em homens,
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. neoplasias de colón e reto ocupam o segundo lugar em
Os testes rápidos realizados possuem alta sensibilidade, incidência estimada de localização primária, indican-
sendo indicados para triagens diagnósticas. do-se, de forma geral, seu rastreio a partir dos 50 anos
de idade, sendo os principais exames a olonoscopia e a
A) CERTO pesquisa de sangue oculto nas fezes.
B) ERRADO A) CERTO
B) ERRADO
QUESTÃO 104
Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con- QUESTÃO 106
sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
de disúria e presença de secreção peniana há dois dias. Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre- dade básica de saúde para conversar com seu médico
nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve
realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites realizar os procedimentos propostos pelo especialista,
B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes. visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma
bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re-
Considerando esse caso clínico e com base nos conhe- lação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. médicos correlatos, julgue o item a seguir. É importan-
Nesse caso, o paciente deveria ter procurado direta- te acolher o paciente quanto à questão de saúde mental
mente atendimento em atenção secundária, visto que, e avaliar a necessidade de tratamento psicoterápico e
conforme Decreto Federal nº 7.508, a atenção primária (ou) medicamentoso.
não é classificada como serviço de atendimento inicial
à saúde do usuário no Sistema Único de aúde (SUS). A) CERTO
B) ERRADO
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 45

QUESTÃO 107 QUESTÃO 109


Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
dade básica de saúde para conversar com seu médico
dade básica de saúde para conversar com seu médico
de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve
realizar os procedimentos propostos pelo especialista, realizar os procedimentos propostos pelo especialista,
visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma
bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re- bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re-
lação a esse caso clínico e com base nos conhecimen- lação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Deve-se médicos correlatos, julgue o item a seguir. De acordo
insistir para que o paciente realize o tratamento pro- com o Código de Ética Médico, mesmo que esse pa-
posto pelo especialista, pois o médico é o detentor do ciente viesse a óbito, é vedado ao médico revelar fato de
conhecimento, e o paciente, por ser leigo no assunto, que tenha conhecimento em virtude de sua profissão,
não pode ter opinião acerca dos procedimentos que se- exceto se houver motivo justo, dever legal ou consenti-
rão realizados. mento, por escrito, do paciente.
A) CERTO A) CERTO
B) ERRADO B) ERRADO

QUESTÃO 108 QUESTÃO 110


Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com Um paciente de 72 anos de idade possui diagnóstico de
câncer retal, retornou ao atendimento médico na unida- osteoporose há um ano, em tratamento, e histórico de
de básica de saúde para conversar com seu médico de fa- fratura de quadril há cerca de sete meses. Procurou aten-
mília, pois está muito nervoso e não sabe se deve realizar dimento na equipe Estratégia Saúde da Família (ESF) por
os procedimentos propostos pelo especialista, visto que, ter apresentado torção do tornozelo direito em sua cami-
para ele, “”é melhor morrer do que usar uma bolsinha nhada matinal, com queixa de intensa dor local e dificul-
para o resto da vida”” (colostomia). Com relação a esse dade para deambular. Ao exame físico, demonstra dor à
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos cor- palpação, limitação da movimentação articular e discreto
relatos, julgue o item a seguir. Entre os testes diagnósti- edema local. Tendo em vista esse caso clínico e os conheci-
cos recomendados para avaliar a possibilidade de neopla- mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A partir
sia, estão os de alta especificidade, visto que apresentam do exame físico, é possível presumir possibilidade de fratu-
menor probabilidade de falso-negativos. ra, sendo importante realizar radiografia do local da lesão
para confirmação diagnóstica e adequado tratamento.
A) CERTO
B) ERRADO A) CERTO
B) ERRADO
46 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 113
QUESTÃO 111
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
Um paciente de 72 anos de idade possui diagnóstico de sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
osteoporose há um ano, em tratamento, e histórico de perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
fratura de quadril há cerca de sete meses. Procurou aten- xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
dimento na equipe Estratégia Saúde da Família (ESF) por Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
ter apresentado torção do tornozelo direito em sua cami- sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
nhada matinal, com queixa de intensa dor local e dificul- (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
dade para deambular. Ao exame físico, demonstra dor à à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
palpação, limitação da movimentação articular e discreto zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
edema local. Tendo em vista esse caso clínico e os conhe- demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig-
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Con- mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal-
siderando o histórico prévio de fraturas dessa paciente, e pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em
possivelmente outra fratura atual, é importante orientar ambos os membros superiores. Foi realizada medida de
medidas que reduzam risco de novas lesões, sendo a densi- HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
tometria óssea o melhor indicador para o risco. caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
A) CERTO julgue o item a seguir. Como a paciente ainda apresenta
B) ERRADO sintomas depressivos e está com sua HAS descontrola-
da, é necessário otimizar seu tratamento antidepressivo
começando por substituir a amitriptilina, fármaco com
QUESTÃO 112 importantes riscos cardiovasculares, como arritmias e
Um paciente de 72 anos de idade possui diagnóstico insuficiência cardíaca.
de osteoporose há um ano, em tratamento, e histórico A) CERTO
de fratura de quadril há cerca de sete meses. Procurou B) ERRADO
atendimento na equipe Estratégia Saúde da Família
(ESF) por ter apresentado torção do tornozelo direito
em sua caminhada matinal, com queixa de intensa dor
local e dificuldade para deambular. Ao exame físico,
demonstra dor à palpação, limitação da movimentação
articular e discreto edema local. Tendo em vista esse
caso clínico e os conhecimentos médicos correlatos,
julgue o item a seguir. É de grande importância conti-
nuar o acompanhamento dessa paciente, em vistas de
manter a longitudinalidade do atendimento.
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 47

QUESTÃO 114 QUESTÃO 115


Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à consulta Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e perda pon- sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
deral de 5 kg nos últimos três meses. Queixa-se também perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
de humor deprimido, anedonia e avolia. Tabagista, possui xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica (HAS), do- Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
ença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e depressão. sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
Faz uso de amitriptilina 25 mg à noite, enalapril 10 mg, 2 (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
vezes ao dia, hidroclorotiazida 25 mg, 1 vez ao dia e salbu- à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
tamol inalatório sob demanda. Ao exame físico, apresenta zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
mancha hiperpigmentada em região de dobra cervical, demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig-
aveludada à palpação. Observou-se PA = 160 mmHg x mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal-
110 mmHg em ambos os membros superiores. Foi re- pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em
alizada medida de HGT, com resultado de 320 mg/dL. ambos os membros superiores. Foi realizada medida de
Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médi- HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
cos correlatos, julgue o item a seguir. É possível já estabele- caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
cer o diagnóstico de diabetes mellitus nessa paciente, visto
julgue o item a seguir. As lesões de pele apresentadas
que apresenta glicose, ao acaso, maior ou igual a 200 mg/
pela paciente são compatíveis com Acantose nigricans,
dL e possui sintomas inequivocos de hiperglicemia.
a qual é um indicativo de resistência insulínica.
A) CERTO
A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO
48 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 116 QUESTÃO 117


Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con- Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei- perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia. xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg à
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia- noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotiazida
zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob deman-
demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig- da. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpigmenta-
mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal- da em região de dobra cervical, aveludada à palpação.
pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em ambos
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de os membros superiores. Foi realizada medida de HGT,
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse caso clí-
caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, nico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue
julgue o item a seguir. O fumo é um fator de risco to- o item a seguir. Pode-se associar um betabloqueador,
talmente evitável de doença e morte cardiovasculares, e como o propranolol, ao tratamento anti-hipertensivo.
seu enfrentamento precisa ser feito. A) CERTO
A) CERTO B) ERRADO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 49

QUESTÃO 118 QUESTÃO 119


Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con- Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei- perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia. xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidrocloro- à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
tiazida 25 mg, 1 vez aodia e salbutamol inalatório sob zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig- demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiper-
mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal- pigmentada em região de dobra cervical, aveludada à
pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em palpação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de em ambos os membros superiores. Foi realizada medi-
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse da de HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base
caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos corre-
julgue o item a seguir. Uma boa opção, como terceiro latos, julgue o item a seguir. Fatores socioeconômicos
fármaco anti- hipertensivo, seria um bloqueador dos podem acarretar risco significativo para hipertensão
receptores de angiotensina Ⅱ (BRA), como a losartana, arterial, como, por exemplo, baixa renda familiar e me-
visto que diminuiria o risco cardiovascular, além de au- nor escolaridade.
xiliar na nefroproteção.
A) CERTO
A) CERTO
B) ERRADO
B) ERRADO
50 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 120
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig-
mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal-
pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
julgue o item a seguir. Caso fosse decidido realizar um
relato de caso a partir do exposto no enunciado, este
seria classificado como um estudo analítico, capaz de
investigar a associação entre fatores de risco e a ocor-
rência de determinados agravos à saúde.
A) CERTO
B) ERRADO
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 51
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SES-DF 2022
CADERNO DE RESPOSTAS
54 |
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QUESTÃO 1 - Emite apenas sons sem sentido = 2

Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento - Sem resposta = 1


Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- São 6 pontos para a motora
pital com história de atropelamento há alguns minutos.
- Resposta motora espontânea = 6
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm,
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 - Localiza dor = 5
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas - Retirada à dor = 4
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta - Decorticação (flexão) anormal = 3
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita - Descerebração (extensão) anormal = 2
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
- Sem resposta = 1
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a Nosso escore é de 2 + 3 + 3 = 8 portanto.Frente a con-
seguir. Nesse caso clínico, a escala de coma de Glasgow texto de trauma já temos uma indicação de IOT para
do paciente é 9. proteção de via aérea (Glasgow ≤ 8).
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentários:
Questão beeem direta! Saber a escala de Glasgow é
fundamental para tomar condutas, ESPECIALMEN-
TE EM CONTEXTO DE TRAUMA - por vezes em
intoxicações a escala de Glasgow não é suficiente para
indicar IOT.
A escala de Glasgow revisada facilita quanto a palavras
inapropriadas, discurso confuso, incompreensível etc.
Vamos ver
São 4 pontos para a ocular
- Abertura espontânea = 4
- Abertura ao estímulo sonoro = 3
- Abertura a pressão ou dor = 2
- Sem resposta = 1
São 5 pontos para a verbal
- Abertura espontânea = 5
- Confuso = 4
- Emite apenas palavras (desconexas) = 3
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A anisocoria também pode interferir na escala em ver- Vamos às alternativas::


sões mais recentes, mas apenas retirando pontos. Por-
tanto nosso novo mínimo não é mais 3, é de 1. A) INCORRETA - Nosso paciente tem glasgow de 8.
- Pupilas normais = 0 B) CORRETA - Nosso score de glasgow é de 8: Aber-
tura a pressão ou dor = 2 / Emite apenas palavras
- Uma pupila alterada (midríase, miose) anisocoria = (desconexas) = 3 / Decorticação (flexão) anormal
-1 =3
- Ambas as pupilas com alteração = -2
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 57

Take-Home Message: Comentários:


OCULAR Temos um paciente chocado com estigmas de trauma
- Espontânea = 4 torácico, particularmente suspeito para hemotórax (em
- Sonoro = 3 contexto de trauma a suspeita em paciente chocado
- Pressão = 2 tende sempre a hemorragia e choque hipovolêmico -
- Ausente = 1 nesse caso por provável hemotórax).
VERBAL Mas com que objetivo temos que classificar o choque?
- Espontânea = 5 Para registro em prontuário? Para criar mais escores
- Confuso = 4 para decorar?
- Palavras = 3 A classificação do choque nos ajuda a guiar nossa repo-
- Sons = 2 sição volêmica. Choques de baixo grau podem realizar
- Ausente = 1 reposição apenas com cristaloide, enquanto choques de
MOTOR maior grau provavelmente necessitarão de transfusão
- Espontânea = 6 de sangue associada.
- Localiza dor = 5
- Retirada à dor = 4 Vamos lembrar que o choque tem MUITOS fatores
- Flexão anormal = 3 que o determinam além de FC e PA, como FR, pressão
- Extensão anormal = 2 de pulso, débito urinário, estado neurológico, TEC…
- Ausente = 1 Porém para fins de prova alguns marcos são clássicos e
nos ajudam a lembrar dos graus.
QUESTÃO 2 Choque I: compensado - sem grandes alterações dos
parâmetros
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- Choque II: leve - já apresenta taquicardia (> 100), com
pital com história de atropelamento há alguns minutos. PA normal
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, Choque III: moderado - apresenta redução da PA, já
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 tendo provável necessidade de sangue após cristaloide
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas Choque IV: severo - temos uma FC > 140, paciente
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à letárgico e maior gravidade
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
a seguir. Quanto ao nível de hemorragia, nesse caso,
pode-se classificar o choque como classe IVa.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B
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Mais recentemente sabemos que não é o grau de cho-


que que guia nossa progressão de reposição volêmica,
mas a resposta do paciente às medidas já instituídas.
Vamos ver um quadro resumido abaixo.
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Voltando a nossa questão: esse choque é grau IVa? Take-Home Message:


Kkkkkk não nem existe IVa. Mas é importante rever a GRAUS DE CHOQUE
classificação de choque. No nosso paciente estaria pro- - I: sem alteração de PA ou FC
vavelmente grau II devido a PAS normal, com taqui-
cardia associada. - II: aumento de FC
- III: aumento de FC e queda de PAS
Vamos às alternativas:: - IV: paciente com choque grave, letárgico, FC > 140
A) INCORRETA - Choque grau IVa não existe. A
classificação é de I-IV.
B) CORRETA - Em nosso paciente seria choque
grau II. Apesar disso, a resposta às manobras de
ressuscitação nos dá muito mais informação sobre
o manejo que o grau de choque.
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QUESTÃO 3 Comentários:

Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento Podemos ter uma ideia da necessidade de hemocom-
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- ponentes conforme o grau de choque: choques mais
pital com história de atropelamento há alguns minutos. graves (III e IV) provavelmente necessitarão de hemo-
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, componentes para controle, enquanto menos severos (I
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 e II) provavelmente podem ser manejados apenas com
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas cristalóides inicialmente.
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à Mais recentemente utilizamos a resposta ao tratamen-
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta to inicial (2L de Ringer Lactato aquecido em acessos
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita periféricos de grosso calibre) para guiar nossa real ne-
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo- cessidade de hemocomponentes. Pode ser responde-
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e dor, respondedor transitório ou não respondedor.
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
Uma resposta rápida caracteriza-se por normalização
a seguir. A maioria dos pacientes em choque classe II
dos sinais vitais após administração de volume, prova-
precisará de transfusão de hemoderivados, enquanto
velmente não necessitando de hemocomponentes.
praticamente todos em choque classe III precisarão de
protocolo de transfusão maciça. Uma resposta transitória ocorre quando há melhora
transitória, mas com recorrência dos sinais de choque
A) CERTO
por provável continuidade do sangramento. Nesse caso
B) ERRADO a probabilidade de necessidade de hemocomponentes
Resposta correta: Letra B é alta, e a probabilidade de necessidade de tratamento
cirúrgico é alta.
A ausência de resposta ocorre quando não há melhora
dos sinais vitais com a reanimação volêmica. Nesses ca-
sos, a necessidade de hemocomponentes é quase certa
em contexto de trauma com hemorragia. A probabi-
lidade de necessidade de intervenção cirúrgica é mui-
to alta.
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Vamos às alternativas:: QUESTÃO 4


A) INCORRETA - Choque grau II normalmente não Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
necessita de hemocomponentes. Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
B) CORRETA - Normalmente hemocomponentes pital com história de atropelamento há alguns minutos.
estão indicados a partir de choque grau III. Mas Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm,
mais importante que isso, para pacientes respon- FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75
dedores transitório e não respondedores às medi- mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas
das iniciais. palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita
Take-Home Message: e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
RESPOSTA A REANIMAÇÃO VOLÊMICA minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
- Respondedor: provável foco de sangramento con-
seguir. A radiografia de tórax se faz necessária para con-
trolado
firmação do diagnóstico de hemopneumotórax.
- Respondedor transitório: provável hemorragia ativa,
A) CERTO
necessitará de hemocomponentes
B) ERRADO
- Não respondedor: provável hemorragia ativa impor-
tante com necessidade de hemocomponentes ime- Resposta correta: Letra B
diata (ressuscitação hemostática e damage control)
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Comentários: para suspeita dessa condição. A principal abordagem é


As lesões com risco imediato e iminente de morte no a toracotomia para realizar a janela pericárdica. Caso o
trauma são de DIAGNÓSTICO CLÍNICO e TRA- paciente se encontre em franca instabilidade com risco
TAMENTO IMEDIATO. de PCR iminente podemos optar por um PROCEDI-
MENTO PONTE que NÃO substitui o tratamento
A radiografia ou TC de tórax para diagnóstico em definitivo - a punção de Marfan para aliviar TEMPO-
paciente com pneumotórax com repercussão clínica RARIAMENTE o volume e pressão no saco pericárdio.
e hemodinâmica não devem ser feitas. A intervenção
deve ser realizada frente a suspeita de lesão com risco Lesão traqueobrônquica central: são lesões raras,
de morte. normalmente acometendo regiões próximas a carina.
Apresentam-se com quadro de hemoptise, insuficiên-
As principais lesões e medidas indicadas que o médico cia respiratória e enfisema de subcutâneo pela dissecção
deve estar familiarizado no atendimento do trauma são das estruturas mediastinais pelo ar em escape ou como
5 principais: pneumotórax persistente ou de alto débito caso haja
Pneumotórax hipertensivo: suspeito frente a paciente comunicação com a pleura. A abordagem inicial envol-
com dificuldade ventilatória, saturando, com redução ve drenagem torácica e colocação de múltiplos drenos
de MV unilateral (ou bilateral, se pneumotórax bilate- caso necessário e eventualmente aspiração contínua. Se
ral) e percussão hipertimpânica. A abordagem deve ser o paciente se apresentar em grande instabilidade sem
imediata com drenagem do tórax. resposta às medidas iniciais podemos proceder a intu-
bação seletiva após o ponto de lesão suspeitado. Em
Hemotórax maciço: suspeito frente a paciente com
pacientes estáveis a abordagem é planejada com TC
choque hipovolêmico associado a desconforto respira-
e broncoscopia.
tório e estigmas de trauma torácico, com MV reduzi-
dos e percussão maciça. A abordagem imediata tam-
bém envolve a drenagem
Pneumotórax aberto: suspeito frente a lesão torácica
comunicando meio externo e espaço pleural. Nor-
malmente ocorre um fluxo preferencial pela via da le-
são quando ela é grande (maior que ⅔ do diametro
da traqueia), causando um esforço ventilatório inefi-
caz da atmosfera para pleura ao invês de passar pelas
vias aéreas e pulmão. A abordagem imediata consiste
na oclusão com curativo de 3 "pontas" (lados) que ao
mesmo tempo que impede a entrada (por colabamento
contra a pele na inspiração) também permite a saída
(pelo lado não fixado) na expiração. O simples fecha-
mento com curativo oclusivo pode induzir um pneu-
motórax hipertensivo.
Tamponamento cardíaco: estaremos diante de um
choque obstrutivo, caracterizado em provas pela tríade
de Beck com hipotensão, hipofonese de bulhas e tur-
gência jugular, pelo aumento da pressão venosa central.
Lembre-se que não é regra que a tríade esteja presente
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Não devemos esquecer que por vezes podemos ter apre- Take-Home Message:
sentações associadas de mais de um tipo de lesão (pneu- No trauma, o diagnóstico diferencial das lesões com
motórax aberto + hemotórax não maciço, por exem- risco iminente de vida, como o hemopneumotórax, é
plo) e nossa abordagem visa resolver a lesão com maior clínico. Lesões secundárias (contusão pulmonar, fratu-
risco de vida primeiro. ras de arcos costais) provavelmente necessitam de exa-
mes de imagem para confirmação.
Vamos às alternativas::
A) INCORRETA - O diagnóstico de hemopneumo-
tórax no trauma é clínico.
B) CORRETA - A radiografia de tórax ou TC se
prestam a diagnósticos de lesões secundárias de
trauma torácico.
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QUESTÃO 5 Observe que finalizando a avaliação do A, ou nosso


paciente está intubado por obstrução de via aérea sem
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento resolução ou resolvemos o problema e prosseguimos
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos- a avaliação.
pital com história de atropelamento há alguns minutos.
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm, As indicações de via aérea definitiva não se limitam
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75 a avaliação do A do trauma, em quase qualquer mo-
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas mento da avaliação podemos encontrar uma indicação
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à SEMPRE respeitando a ordem do ABCDE do trauma.
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta Abaixo vamos rever algumas indicações que pode surgir
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita durante a avaliação inicial.
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
A: obstrução de via aérea, trauma maxilofacial, quei-
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
madura de face, sangramento de via aérea e TGI inco-
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
ercível, lesões inalatórias
a seguir. A avaliação inicial do caso deve seguir o AB-
CDE do trauma, com as vias aéreas pérvias (airway). B: apneia e insuficiência respiratória
Deve-se, então, proceder à drenagem pleural fechada C: hipoperfusão causando rebaixamento de nivel de
(breathing) e, em um segundo momento, avaliar a ne- consciência e agitação
cessidade de intubação orotraqueal de acordo com a
escala de Glasgow. D: inconsciência ou glasgow menor ou igual a 8

A) CERTO Entre outras indicações


B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

Comentários:
Questão BEM direta, como a gente gosta! Mas com
uma pegadinha que às vezes pode confundir.
COMO ASSIM? GLASGOW MENOR OU IGUAL
A 8 = INTUBAÇÃO, CERTO??? PORQUE VAMOS
ESPERAR UM SEGUNDO MOMENTO PARA IN-
TUBAR???
Ao avaliar as vias aéreas no PRIMEIRO momento es-
tamos avaliando a perviedade e possíveis obstruções.
Iniciamos avaliando se paciente conversa e respira, caso
positivo podemos prosseguir a avaliação, certamente
estão pérveas. Se houver alguma suspeita de alteração,
realizamos manobras de desobstrução como aspiração
e chin lift + jaw thrust, se houver sucesso progredimos
para o restante de ABCDE. Senão, então devemos ob-
ter via aérea definitiva AINDA DENTRO DA AVA-
LIAÇÃO DO A.
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Agora para o diagnóstico no B: paciente dessaturando, Vamos às alternativas::


com redução de MV a direita. Paciente provavelmen-
te está recebendo oxigênio já, matando uma saturação A) CORRETA - Nossa avaliação de via aérea está sem
baixa. Seja nossa hipótese pneumotórax, hemotórax ou alterações, estando patente e paciente verbalizan-
uma combinação - nossa conduta é a mesma: devemos do, ou seja, podemos prosseguir. Outras indica-
proceder com drenagem do espaço pleural com dreno ções de IOT podem surgir durante a avaliação,
de tórax. mas devemos respeitar a ordem ABCDE.
B) INCORRETA - O exame torácico sugere hemo-
tórax ou pneumotórax em paciente dessaturando
provavelmente já com suporte de O2, então deve-
mos prosseguir a drenagem torácica.
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Take-Home Message: Temos entretanto um tratamento adjuvante importan-


As indicações de via aérea não se encerram com a ava- te que pode ser associado para melhores desfechos no
liação do A (via aérea) e sua perviedade. Na progressão trauma. O uso de transamin é benéfico no contexto
do ABCDE podemos encontrar diversas outras indica- de coagulopatia que pode ser piorada frente a medidas
ções para IOT. de ressuscitação com consumo de fatores de coagula-
ção, hipotermia e acidose, uma vez que o uso excessi-
vo de cristaloides (> 1,5L) aumenta significativamente
QUESTÃO 6 a mortalidade.
As principais indicações para o uso são frente a um
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
trauma com suspeita de sangramento e critérios de
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
instabilidade como FC > 100 ou PAS < 90 mmHg
pital com história de atropelamento há alguns minu-
desde que administrado nas 3 primeiras horas após
tos. Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110
o trauma.
bpm, FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg
x 75 mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza al- A dose é realizada com 1g em bôlus (10min) dentro
gumas palavras sem sentido, e demonstra abertura ocu- das primeiras 3h do trauma e mais 1g ao longo de 8h
lar à dor e resposta motora de flexão anormal. A aus- horas após.
culta respiratória indica murmúrio vesicular ausente à
direita e normais à esquerda. Exames cardiovascular e Vamos às alternativas::
abdominal não há alterações. Com base nesse caso clí-
nico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o A) CORRETA - A questão descreve corretamente
item a seguir. Nesse caso, está indicado o uso de ácido quando administrar o transamin.
tranexâmico. Ele é um medicamento antifibrinolítico e B) INCORRETA - Paciente apresenta trauma + sus-
deve ser aplicado de maneira precoce, nas primeiras três peita de sangramento + FC 110, indicando o uso
horas do trauma, em bolus. precoce de transamin.
A) CERTO
B) ERRADO Take-Home Message:

Resposta correta: Letra A O uso de transamin é um adjuvante para controle da


coagulopatia associada ao trauma, apresentando me-
Comentários: lhora das taxas de mortalidade quando administrado
dentro das 3 primeiras horas após o trauma (quando
Essa questão aborda um tema importante do manejo houver suspeita de sangramento).
do choque hemorrágico no trauma: o uso de ácido tra-
nexâmico/TRANSAMIN.
Para bem relembrarmos, o manejo inicial é realizado
com reposição de 1L de ringer lactato aquecido para
os pacientes vítimas de trauma. A partir disso iremos
classificar o paciente como respondedor, respondedor
transitório ou não respondedor e guiar nosso protocolo
de transfusão baseado nesses parâmetros de resposta à
reposição inicial.
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QUESTÃO 7
Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
pital com história de atropelamento há alguns minutos.
Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110 bpm,
FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg x 75
mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza algumas
palavras sem sentido, e demonstra abertura ocular à
dor e resposta motora de flexão anormal. A ausculta
respiratória indica murmúrio vesicular ausente à direita
e normais à esquerda. Exames cardiovascular e abdo-
minal não há alterações. Com base nesse caso clínico e
nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Na técnica de drenagem pleural, deve-se trans-
passar o tubo de toracostomia no 5o espaço intercostal,
levemente anterior à linha axilar anterior, posicionando
o tubo superior e posteriormente ao tórax. O local de
inserção do dreno de tórax é o mesmo em adultos e
em crianças.
A) CERTO
Passos da drenagem torácica
B) ERRADO
- Inicialmente separam-se os materiais (anestesia,
Resposta correta: Letra A tubo, selo d´água, material estéril e de assepsia).

Comentários: - Posicionamento do paciente com braço ipsilate-


ral extendido e flexionado (com a mão por trás
Existem algumas particularidades com relação ao dre- da cabeça)
no pleural em crianças. O tamanho (diâmetro) é pro-
porcional ao peso estimado da criança. A dissecção e - Assepsia da região a ser abordada com grande mar-
tunelização é particularmente importante em crianças gem
devido a parede torácica mais delgada. - Identificação do ponto de inserção no 4o ou 5o es-
O local de inserção é o mesmo que o indicado em adul- paço intercostal, correspondendo normalmente ao
tos: no 5o espaço intercostal, pouco anterior à linha nível do mamilo ou prega inframamária, entre a li-
axilar média. nha axilar anterior e média

Vamos relembrar a técnica para passagem de dreno - Anestesia local na pele, subcutâneo, periósteo e
de tórax para a drenagem pleural, particularmente no pleural - aguardado o tempo de efeito da anestesia.
contexto de trauma. Realizar nesse meio tempo a medição do compri-
mento de inserção do tubo, desde o sítio planejado
de incisão até a clavícula (aprox 10-14cm).
- Realizar incisão de 2-3cm paralela à costela, dissec-
ção romba do subcutâneo.
- Realizar punção da pleural com a ponta do clamp
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evitando inserção profunda inadevertida, realizan- QUESTÃO 8


do abertura do instrumento para aumentar o acesso
(evitando novamente aprofundar no espaço pleural Um paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento
com o instrumento). Realizar exploração local com Móvel de Urgência (SAMU) à emergência de um hos-
dedo para remover adesões, coágulos e avaliar pos- pital com história de atropelamento há alguns minu-
sível perfuração inadevertida de diafragma. tos. Ao exame físico, o paciente apresenta FC = 110
bpm, FR = 28 irpm, SatO2 = 90% e PA = 100 mmHg
- Colocação do clamp no tubo na região distal mar- x 75 mmHg. Ao ser questionado, apenas verbaliza
cada (10-14cm) e inserção com outro clamo ou algumas palavras sem sentido, e demonstra abertura
guiado pelo dedo no espaço pleural em direção cra- ocular à dor e resposta motora de flexão anormal. A
nial e posterior. ausculta respiratória indica murmúrio vesicular ausente
- Avaliar drenagem após passagem do tubo. O em- à direita e normais à esquerda. Exames cardiovascular
baçamento do tubo durante expiração indica lo- e abdominal não há alterações. Com base nesse caso
cal adequado. clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir. Caso o dreno de tórax esteja drenado
- Remova o clamp distal e conecte ao selo dágua
100 mL serohemático por dia, mesmo sem vazamentos
- Suture o tubo à pele com fio grosso e inabsorvível e com boa expansibilidade pulmonar aos raios X, não
- Aplique curativo estéril e fixe amplamente é possível retirá-lo. É preciso que a drenagem torácica
seja inferior a 50 mL/dia.
Vamos às alternativas:: A) CERTO
A) CORRETA - A única variação com relação às B) ERRADO
crianças é o diâmetro do tubo. Resposta correta: Letra B
B) INCORRETA - O local é o mesmo de adultos: 5o
espaço intercostal anterior à linha axilar média. Comentários:
Questão muito prática! Quando retirar um dreno de
Take-Home Message: tórax? A primeira questão que deve ser abordada é:
quando o motivo que nos indicou sua colocação esti-
Existem diversas particularidades com relação a trauma ver resolvido.
pediátrico. Quanto ao trauma torácico e colocação de
dreno, o local é o mesmo, porém devemos nos atentar ASPECTO
ao diâmetro e ao posicionamento correto. Como assim? Concordamos que a retirada de um dre-
no de tórax deve ter um débito baixo, normalmente
abaixo de 200mL por dia (sustentado por alguns 2-3
dias). Mas você não concorda que se tivermos um dé-
bito de 50mL de sangue por 3 dias seguidos saberemos
que tem algo de errado com o dreno, e não o retira-
remos (para evitar hemotórax retido e suas complica-
ções)? Ou ainda, caso tenhamos drenado um empiema,
uma drenagem de 10mL diários de pús continua nos
preocupando, certo? E no pneumotórax, o nosso débi-
to é o fator de menor relevância, uma vez que é o es-
cape aéreo o mais importante (e na grande maioria dos
70 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

sistemas de selo d´água esse débito não é quantificado). QUESTÃO 9


QUANTIDADE Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
Ou seja, leva também bom senso avaliar se a drenagem emergência com história de dor abdominal que migrou
está adequada. Ora, então se esperaremos uma drena- para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se
gem zerada estamos mais seguros? Outra pegadinha: de náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar,
um dreno com débito zerado é extremamente impro- nega febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período.
vável, uma vez que a pleura em si produz por volta de Ao exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm,
1L de líquido (seroso) por dia, e certamente uma parte FR = 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal,
desse líquido sera absorvido pela pleura, mas uma outra apresenta dor à palpação de todo abdome e dor à des-
parte será drenada pelo nosso dreno. compressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames
laboratoriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca
EXPANSÃO e CAUSA BASE
desse caso clínico e com base nos conhecimentos médi-
Normalmente a expansão pulmonar é critério funda- cos correlatos, julgue o item a seguir. A escala de Alva-
mental para a retirada independente da causa base, seja rado do paciente é de 8 pontos, o que traduz uma alta
pneumotórax ou hemotórax - uma vez que tem corre- suspeição diagnóstica de apendicite aguda. Submeter o
lação direta com a correção da causa de base para colo- paciente à apendicectomia sem a necessidade de exa-
cação do tubo. mes de imagem seria uma condução correta do caso.
No caso de pneumotórax, não deve haver escape aéreo A) CERTO
ao teste de esforço (tosse forçada repetida). Normal- B) ERRADO
mente deve ser retirado após 12-24h de cessação do
escape aéreo após controle radiográfico. Resposta correta: Letra A
No caso de hemotórax, objetivamos menos de 200mL
Comentários:
em 24h e melhora clínica com reexpansão na radiografia.
Questão um pouco polêmica, mas podemos encontrar
Vamos às alternativas:: a resposta se pensarmos como quem fez a questão.

A) INCORRETA - O valor de 50mL ao dia não é uti-


A apendicite aguda é classicamente uma doença de
lizado como parâmetro.
diagnóstico clínico, utilizando o escore de Alvarado po-
B) CORRETA - Temos a descrição de um dreno de deríamos com muita segurança prever a probabilidade
tórax de baixo débito, aspecto adequado (seroso) e do diagnóstico de apendicite aguda e indicar a cirur-
boa expansão pulmonar, que permite sua retirada. gia, sem necessidade de realizar imagem antes. Apesar
disso, alguns casos ainda eram falsos positivos, levando
Take-Home Message: a laparotomias brancas (sem achados). Antigamente,
quando exames de imagem eram menos disponíveis,
A retirada do dreno de tórax depende primariamente essa porcentagem de laparotomias brancas era aceitável
da causa base. Devemos levar em consideração o aspec- frente ao risco de postergar o diagnóstico e tratamento
to, quantidade drenada, reexpansão pulmonar e resolu- para realizar uma tomografia, por exemplo.
ção da causa base.
Hoje em dia, com amplo acesso a exames de imagem,
a realização de uma laparotomia branca, com gasto de
recursos desnecessário, torna-se particularmente pro-
blemática. Por isso utilizamos o escore de Alvarado
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modificado como forma de excluir o diagnóstico de Vamos às alternativas::


apendicite aguda, não para confirmá-lo e indicar cirur-
gia para o paciente. A) CORRETA - Cálculo correto do escore de alvara-
do, falta apenas a febre (1) e desvio a esquerda (1)
Segue os escores de Alvarado e Alvarado modificado para totalizar 10 pontos.
para comparação.
B) INCORRETA - Com escore de alvarado maior
que 7 podemos indicar cirurgia sem necessidade de
prosseguir a investigação.

Take-Home Message:
Conhecer o escore de Alvarado e as condutas frente a
probabilidade de apendicite.

QUESTÃO 10
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
emergência com história de dor abdominal que migrou
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
O escore de Alvarado da nossa paciente é, portanto, exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
de 8 = migração (1) + dor em FID (2) + anorexia (1) 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
+ nausea (1) + leucocitose (2) + dor a descompressão senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
brusca (1). Estaria indicado, em teoria, abordagem pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
cirúrgica sem necessidade de progredir a investigação toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
com exames de imagem. caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. O sinal que descreve
a dor no quadrante inferior direito à palpação do qua-
drante inferior esquerdo é chamado sinal do obturador.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentários:
Não precisamos conhecer TODOS os sinais de apen-
dicite aguda pra responder essa, né? O mais clássico
e confiável é o sinal de Blumberg: dor à palpação da
parede abdominal no ponto de McBurney (aproxima-
damente no primeiro terço entre a espinha ilíaca ante-
rossuperior e a cicatriz umbilical). Esse achado é menos
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confiável quando suspeitamos de variações anatômicas da coxa direita flexionada


do apêndice (retrocecal, retroileal ou pélvico). Psoas: ocorre quando está em posição retrocecal cau-
Outros sinais importantes que podemos ter na apendi- sando irritação do músculo psoas, com dor à extensão
cite aguda, para revisar: e abdução do membro inferior direito
Rovsing: dor em FID após palpação de FIE (devido Descompressão brusca positiva: realizada com pressão
ao deslocamento de gás do cólon esquerdo ao direito, constante por 10-15seg e removendo subitamente a
causando movimentação e distensão local) pressão, indica peritonite local
Obturador: ocorre quando há posição pélvica e irrita- Dor à percussão: também indica peritonite local, de-
ção do músculo obturador, com dor à rotação interna vendo ser feita de maneira discreta.
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Vamos às alternativas:: co PROFILÁTICO.

A) INCORRETA - O sinal do obturador ocorre quan- Em condições sem complicações, devemos lançar mão
do há apêndice pélvico, com dor à rotação interna do antibiótico profilático, sendo administrado pouco
da coxa direita flexionada. antes da abordagem cirúrgica e cessado com o fim da
cirurgia (uma vez que o foco infeccioso foi controla-
B) CORRETA - A questão descreve o sinal
do). É claro, na vida real por vezes temos atrasos para a
de Blumberg.
cirurgia do paciente e então nossa "profilaxia" acaba se
estendendo por um tempo antes de conseguirmos ope-
Take-Home Message: rar de fato. Mas mesmo nessas situações, caso não haja
novas complicações, devemos suspender após o término
Conhecer os sinais clínicos de apendicite para otimizar
da cirurgia. É esse o caso de apendicite fase I e II com
a investigação clínica, particularmente os mais comuns
edema, isquemia e ulceração, mas sem complicações.
(Blumberg, Psoas, Obturador).
Agora o antibiótico terapêutico deve ser utilizado antes,
durante e após a cirurgia (conforme evolução clínica)
QUESTÃO 11 em situações associadas a complicações como abscesso,
necrose (fase III) ou perfuração e peritonite (fase IV).
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
emergência com história de dor abdominal que migrou "UÉ, MAS ACHEI QUE O PROFILÁTICO FOS-
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de SE APENAS PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega DE SÍTIO CIRÚRGICO!". É isso mesmo, mas estou
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao o usando o termo profilático liberalmente, uma vez que
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR = podemos ter apenas certeza do grau de complicação
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre- (pequenas perfurações, necrose, abscesso local não vis-
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom- tos em exame de imagem). Justamente por essa incer-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora- teza, podemos utilizar de forma "profilática" o antibi-
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse ótico que seria terapêutico e suspender após a cirurgia
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos caso não haja sinais de complicações.
correlatos, julgue o item a seguir. Em caso de apendi-
cite de fase inicial (fase I ou II), indica-se apenas an-
tibiótico para profilaxia, não havendo obrigatoriedade
da antibioticoterapia.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

Comentários:
Antibiótico nas afecções abdominais, não só na apendi-
cite, deve ser muito bem entendido. Veremos de forma
ampla, e depois iremos aos exemplos específicos.
O primeiro conceito que deve ficar BEM claro é a di-
ferença de antibiótico TERAPÊUTICO e antibióti-
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Vamos às alternativas:: QUESTÃO 12


A) CORRETA - Usamos de forma profilática (não da Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
forma clássica de antibioticoprofilaxia para infec- emergência com história de dor abdominal que migrou
ção de sítio cirúrgico) enquanto não podemos ter para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
certeza absoluta de possíveis complicações locais náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
até que estejamos no intraoperatório. febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
B) INCORRETA - A terapia não é obrigatória nessas exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
fases, aliás, não está indicada. 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
Take-Home Message: toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
Infecções intraabdominais sem complicações devem caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
ser tratadas com antibióticoprofilaxia - cessada após a correlatos, julgue o item a seguir. Em pacientes com
abordagem cirúrgica. apendicite não perfurada aguda, a coleta de cultura
transoperatória é obrigatória, uma vez que é positiva na
maioria dos casos e permite guiar o uso de antibióticos.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B
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Comentários: QUESTÃO 13
Temos uma lógica interessante por trás da questão: Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
porque não realizar cultura transoperatória durante emergência com história de dor abdominal que migrou
uma apendicite para guiar o antibiótico? Parece ótimo, para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de
iniciamos com nossa antibioticoterapia (caso seja uma náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
apendicite complicada) empírica e caso haja falha ou febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao
suspeita de piora clínica, podemos verificar a sensibili- exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
dade no antibiograma e guiar nossa terapia de acordo. 18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
Mas infelizmente essa cultura não é particularmente es- senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
clarecedora, uma vez que haverá crescimento de diver- pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
sos microrganismos entéricos, que não necessariamente toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse
são os responsáveis pelo quadro infeccioso. A cultura caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
costuma a ser mais efetiva quando houver uso prévio de correlatos, julgue o item a seguir. Tumores carcinoides
antibióticos ou exposição hospitalar que possa indicar e mucinosos são os tumores mais comuns do apêndice
risco de bactérias resistentes. e devem ser tratados com apendicectomia ou colecto-
mia direita, a depender do caso.
Mesmo assim, alguns serviços obtém a cultura de roti-
na devido aos casos eventuais para adequar o esquema A) CERTO
antibiótico e por vezes ajudar na transição para antibio- B) ERRADO
ticoterapia via oral.
Resposta correta: Letra A
O antibiótico é mantido entre 4-7 dias do pós operató-
rio e guiado pelas culturas, caso obtidas. Comentários:
Vamos começar com um conceito, as neoplasias de
Vamos às alternativas::
apêndice são RARAS. Até 50% das neoplasias de apên-
A) INCORRETA - A cultura do transoperatório é re- dice se manifestam como apendicite e por isso estão
comendada, podendo ajudar a guiar ajuste de anti- tão associadas ao quadro. Outra forma de apresentação
biótico e transição para via oral. é como achado de massas em topografia de apêndice
B) CORRETA - Não é uma conduta obrigatória. incidentais em exames de imagem.
A histologia mais frequente é o tumor neuroendócrino,
originados em células neuroendócrinas no apêndice.
Take-Home Message:
Normalmente são massas pequenas, bem circunscritas
Apesar de ainda não ser amplamente recomendada, e em posição mais distal do apêndice. O comporta-
a cultura do transoperatório em apendicite perfurada mento é altamente variável, sendo o tamanho um dos
pode ser realizada visando descalonamento de antibió- melhores preditores de malignidade e risco de metás-
tico e transição via oral no momento da alta. tase. Tumores neuroendócrinos menores que 1cm são
normalmente benignos e curados com a apendicecto-
mia, já tumores > 2cm são mais agressivos e o paciente
deve ser submetido a hemicolectomia direita. A hemi-
colectomia também é indicada se houver envolvimento
da base ou extensão para o mesoapêndice.
O adenocarcinoma é mais raro, sendo o tratamento a he-
micolectomia direita com linfadenectomia. O esquema de
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QT adjuvante (por vezes neoadjuvante para debulking) é mas a rotura peritoneal pode levar a formação de pseu-
igual ao esquema do adenocarcinoma de cólon. domixoma pela disseminação. Dessa forma, deve-se ter
Tumores mucinosos não são francamente malignos, muito cuidado ao dissecar um apêndice com suspeita
de componente mucinoso.
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Vamos às alternativas:: Comentários:

A) CORRETA - Tumores neuroendócrinos (car- Questão um pouco confusa mas com alguns concei-
cinoides) < 1cm são considerados curados tos interessantes de PO. Frente a uma febre no PO
com apendicectomia. devemos lembrar que nem sempre está relacionada à
incisão cirúrgica, mas diversas outras causas podem
B) INCORRETA - TNE > 2cm ou com envolvimento
ser responsáveis.
de base ou de mesoapêndice devem ser associados a
colectomia direita. No intraOP ou PO imediato, causas como infecção
prévia, reações adversas, hipertermia maligna e a pró-
pria resposta metabólica ao trauma são responsáveis
Take-Home Message: pela maior parte da febre no paciente cirúrgico.
Appendicite e neoplasia de apêndice são te- Nosso paciente já está no 2o PO, provavelmente apre-
mas interligados. sentando causas como atelectasias, flebites, ITU, pneu-
Tumor neuroendócrino: mais frequente, tratado com monia, IAM ou pericardite e raramente infecções de
apendicectomia (< 1cm) ou colectomia direita (demais) sítio cirúrgico fulminantes.
Adenocarcinoma: segundo mais frequente, tratado Ou seja, nesse paciente, qual a nossa principal hipótese
com colectomia direita diagnóstica? Se estiver apenas com febre e de resto assin-
tomático, devemos pensar principalmente em atelecta-
sia, a causa mais frequente de febre no pós operatório.
QUESTÃO 14 Infecções de ferida operatório tem apresentação mais
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à tardia e o tratamento de fato envolve drenagem (seja
emergência com história de dor abdominal que migrou tirando pontos ou nova abordagem cirúrgica) associada
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de a antibioticoterapia.
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao Vamos às alternativas::
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR =
A) INCORRETA - Infecção de FO fulminante é
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre-
uma possibilidade menos frequente de febre nes-
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
se momento.
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse B) CORRETA - A nossa principal hipótese no PO
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos precoce é de atelectasia.
correlatos, julgue o item a seguir. Em caso de febre no
2o PO desse paciente, deve-se pensar, como causa mais Take-Home Message:
comum, a infecção da ferida operatória, que deve ser
tratada com drenagem da FO e (ou) antibioticoterapia. A principal causa de febre no PO de 1-5d é
por atelectasia.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B
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QUESTÃO 15 Comentários:

Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à A profilaxia de TVP em pacientes internados, sejam
emergência com história de dor abdominal que migrou cirúrgicos ou clínicos, é sempre um fator que deve ser
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de levado em consideração. As medidas, sejam com deam-
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega bulação, fisioterapia, meia elástica, compressão pneu-
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao mática ou profilaxia medicamentosa variam com o ris-
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR = co do paciente.
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre- Dessa forma, a profilaxia de TVP está indicada para
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom- pacientes em pós operatório, e a indicações e contrain-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora- dicações para as medidas a serem realizadas dependem
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse do risco do paciente.
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. A profilaxia de TVP
está indicada em todo pós-operatório, e as medidas va-
riam de acordo com o risco do paciente.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A
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Vamos às alternativas:: da ao trauma (REMIT), que ativa-se e induz diversas


alterações. Nessa questão vamos focar nas alterações
A) CORRETA - Sempre devemos considerar medi- metabólicas, que induzem catabolismo, lipólise e pro-
das de profilaxia de TVP independente do ris- teólise, além de aumento de gliconeogênese e glicoge-
co cirúrgico. nólise (hiperglicemia).
B) INCORRETA - Medidas de profilaxia podem ser
Diversos hormônios aumentam no PO levando a um
mecânicas ou farmacológicas, a depender do risco
estado de catabolismo, entre eles o aumento do glu-
e contraindicações.
cagon, ACTH e cortisol, além da redução da insulina
- levando a uma hiperglicemia.
Take-Home Message: Mas porque levamos tanto em conta a glicemia? Em pa-
Tromboprofilaxia é um componente essencial para o cientes em PO, especialmente em UTI, a hiperglicemia
paciente cirúrgico. está associada a desfechos adversos e maior morbidade,
associado a maior taxa de infecção e distúrbios hidro-
eletrolíticos. Nosso alvo de glicemia é entre 140-180 de
QUESTÃO 16 glicemia para manter nosso paciente euglicêmico.
Um paciente de 23 anos de idade foi encaminhado à
Vamos às alternativas::
emergência com história de dor abdominal que migrou
para a fossa ilíaca direita há dois dias. Ele queixa-se de A) CORRETA - O aumento de ACTH-cortisol, glu-
náuseas, vômitos e dificuldade para se alimentar, nega cagon e queda de insulina são responsáveis pela
febre e 1 episódio de fezes amolecidas no período. Ao hiperglicemia observada no PO.
exame físico, apresenta-se afebril, FC = 82 bpm, FR = B) INCORRETA - Fazem parte da resposta metabóli-
18 irpm e SatO2 = 98%. Ao exame abdominal, apre- ca também a proteólise e lipólise.
senta dor à palpação de todo abdome e dor à descom-
pressão brusca de fossa ilíaca direita. Os exames labora-
toriais apresenta leucocitose, sem desvio. Acerca desse Take-Home Message:
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos Conhecer o efeito da REMIT, particularmente em
correlatos, julgue o item a seguir. No estado de pós- relação a hiperglicemia em contexto de catabolis-
-operatório, o paciente apresenta alterações hormonais mo intenso.
referentes à resposta endócrino metabólica e imunoló-
gica ao trauma (REMIT). Entre elas, estão a elevação
do glucagon, ACTH e cortisol e a redução da insulina,
o que torna os pacientes em pós-operatório com con-
troles glicêmicos mais elevados.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

Comentários:
O trauma cirúrgico ativa uma resposta complexa, co-
nhecida como resposta endócrino metabólica associa-
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QUESTÃO 17 frequente (uma vez que esse não é o principal mecanis-


mo de diarreia).
Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15 Então todo paciente com diarreia tem essas altera-
kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina. ções, e se não tiver nos laboratórios provavelmente está
No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas, mentindo na anamnese?????? Calma, essas são as alte-
com vários episódios de evacuações líquidas, associado rações esperadas. Se a função renal estiver preservada
a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata- com volemia adequada e boa perfusão, a maioria desses
do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97% distúrbios é adequadamente corrigido. Porém, em um
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso quadro de hipovolemia e menor perfusão renal esses
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue distúrbios podem se tornar mais evidentes.
os itens a seguir. O principal distúrbio hidroeletrolítico
que o paciente pode apresentar no quadro de diarreia Vamos às alternativas::
intensa é a alcalose metabólica hipopotassêmica.
A) INCORRETA - Os distúrbios mais frequentes são
A) CERTO hipovolemia, acidose metabólica hiperclorêmica
B) ERRADO (anion gap normal) e hipopotassemia.
B) CORRETA - Alcalose é mais rara, vista em diar-
Resposta correta: Letra B
reias por uso de laxativos.
Comentários:
A diarréia causa, obviamente, grande perda de volemia Take-Home Message:
e eletrólitos (dos mais diversos). Mas temos alguns dis- O DHE da diarreia são: hipovolemia (hiponatremica),
túrbios característicos, uma vez que temos concentrações acidose metabólica hiperclorêmica (anion gap normal)
maiores na diarreia e pelas correções renais e metabólicas. e hipopotassemia.
Antes de tudo temos um quadro de hipovolemia e per-
da de sódio nas fezes, que associada a ingesta de água
livre (de sódio, sem eletrólitos) leva a um quadro dilu- QUESTÃO 18
cional com hiponatremia. Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
Perda de bicarbonato (menos pelo bicarbonato em si, de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15
mas por perda de ânions orgânicos que poderiam ser kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina.
transformados em bicarbonato) e potássio pelas fezes, No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas,
levando a uma acidose metabólica, com ânion gap com vários episódios de evacuações líquidas, associado
normal (com hipercloremia compensando a perda de a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata-
bicarbonato), e hipopotassemia. do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97%
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso
(MAS A DIARRÉIA NÃO É ÁCIDA, CAUSANDO clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
IRRITAÇÃO LOCAL? COMO TEM TANTO BI- os itens a seguir. O quadro clínico do paciente é incom-
CARBONATO? Justamente, são os potenciais ânions patível com obstrução intestinal.
que poderiam se tornar bicarbonato que são perdidos,
que não contribuem para o pH, que normalmente é A) CERTO
ácido na diarreia). B) ERRADO
A alcalose metabólica pode ocorrer em pacientes com Resposta correta: Letra B
uso crônico de laxativos, mas é um distúrbio menos
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Comentários: QUESTÃO 19
Questão meio capciosa, não chega a descrever um qua- Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
dro de obstrução franca, com dor abdominal, distensão de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15
abdominal e parada de eliminação de flatos e fezes. Ou kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina.
seja, NÃO TEM COMO SER ABDOME OBSTRU- No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas,
TIVO, CERTO?? ERRADOOOOOO. com vários episódios de evacuações líquidas, associado
Claro, a questão não nos dá informação sobre disten- a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata-
são abdominal, mas como podemos ter obstrução do do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97%
trânsito e diarreia ao mesmo tempo? Nas fases iniciais e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
de uma obstrução, a motilidade intestinal está preser-
os itens a seguir. A tomografia computadorizada é o
vada, e a obstrução em si causa aumento da peristalse,
exame para diagnóstico definitivo do câncer colorretal
seja de segmentos proximais ou distais. Dessa forma
enquanto a colonoscopia é utilizada para estadiamento.
podemos encontrar algo conhecido como diarreia pa-
radoxal. Com o tempo as contrações ficam mais fracas A) CERTO
e fatigadas, e a diarreia e cólicas cessam. B) ERRADO
Resposta correta: Letra B
Vamos às alternativas::
A) INCORRETA - O quadro não é absolutamente Comentários:
compatível com obstrução, mas ainda pode ser um São poucas as neoplasias cujo diagnóstico definitivo é
dos nossos diferenciais, portanto ainda compatível. realizado por exame de imagem. Um exemplo clássico é
B) CORRETA - O quadro pode representar uma o CHC em paciente cirrótico, com o washout caracte-
diarreia paradoxal do início de um abdome agu- rístico sendo patognomônico da neoplasia em questão
do obstrutivo. e permitindo diagnóstico e conduta sem a biópsia. O
adenocarcinoma de cabeça de pâncreas também pode ser
considerado de conduta clínico-radiológico, ou seja, sem
Take-Home Message: a necessidade de realizar biópsia em alguns casos para
indicar conduta (justamente nos casos ressecáveis, nos
O quadro de obstrução abdominal pode se apresentar
quais não é necessária biópsia para indicação de GDP).
inicialmente com diarreia pelo aumento da peristalse
distal a obstrução. O câncer colorretal certamente não é um desses tipos
de tumor. O diagnóstico definitivo é histopatológico,
realizado por biópsia por colonoscopia e por análise da
peça cirúrgica quando houver indicação de ressecção.
O estadiamento sim é feito principalmente com tomo-
grafia computadorizada, de tórax, abdome e pelve (em
casos de câncer de reto substituímos pela RM de pelve).
Com isso buscamos estadiar CLINICAMENTE a pre-
sença de metástases linfonodais e a distância, invasão
local ou lesões associadas. Na verdade, para lesões asso-
ciadas voltamos a colonoscopia, que além de biopsiar
nossa lesão suspeita deve ser feita por COMPLETO
para que possamos identificar lesões sincrônicas.
Adicionalmente, o CEA é importante para acompanhamen-
to e avaliação, e deve ser avaliado junto do estadiamento.
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Vamos às alternativas:: Take-Home Message:

A) INCORRETA - Outros exames de estadiamen- Estadiamento câncer colorretal:


to incluem CEA e a colonoscopia para avaliar le- - COLONOSCOPIA (completa para lesão sincrôni-
sões sincrônicas. ca) + biópsia
B) CORRETA - Justamente ao contrário, os exames - TC tórax abdome e pelve (RM de pelve se câncer
de diagnóstico são o anatomopatológico e de esta- de reto)
diamento temos a tomografia, entre outros.
- CEA
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QUESTÃO 20 E quando fazemos apenas uma colostomia em alça? O


principal exemplo é de câncer colorretal obstrutivo de
Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração reto. PORQUE DE RETO? Porque justamente nesse
de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15 podemos ter indicação de realizar terapia neoadjuvante
kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina. e então prosseguir com a cirurgia para melhores resul-
No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas, tados oncológicos
com vários episódios de evacuações líquidas, associado
a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata-
Vamos às alternativas::
do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97%
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso A) INCORRETA - A questão descreve quase todo o
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue procedimento de Hartmann, exceto pela anasto-
os itens a seguir. Caso seja confirmado o diagnóstico de mose primária.
câncer colorretal, pode ser indicada a cirurgia de Hart- B) CORRETA - No procedimento Hartmann reali-
mann, que consiste na hemicolectomia esquerda e na zamos colostomia terminal (do coto proximal) e
reconstrução com anastomose primária em dois planos. sepultamento retal.
A) CERTO
B) ERRADO Take-Home Message:
Resposta correta: Letra B Procedimento de Hartmann: normalmente realizado
em obstrução de cólon sigmóide, com laparotomia, co-
Comentários: lostomia terminal e sepultamento do reto.
Quaaaaase. Hartmann descreveu o procedimento para
tratamento de pacientes com câncer colorretal de sig-
móide OBSTRUTIVO. Ou seja, pensou em Hart- QUESTÃO 21
mann, pensou em urgência. Mas isso não quer dizer Um paciente com 62 anos de idade apresenta alteração
que durante o procedimento não podemos realizar me- de hábito intestinal há um ano e perda ponderal de 15
didas como linfadenectomia. kg em 2 meses. Nega ter realizado exames de rotina.
O procedimento originalmente descrito consiste em: No momento, apresenta diarreia intensa há 24 horas,
laparotomia, com ressecção do sigmóide, colostomia com vários episódios de evacuações líquidas, associado
proximal (do coto proximal) e sepultamento retal (fe- a dor abdominal difusa. Ao exame físico, está desidrata-
chamento do coto distal). do, com FC = 115 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 = 97%
e temperatura axilar = 37oC. Considerando esse caso
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
os itens a seguir. O paciente em tela deve passar por
avaliação nutricional pré-operatória, pois, neste caso,
diminui o risco de complicações pós-operatórias.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

Comentários:
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Nutrição pré operatória? Um conceito importantíssimo Em cirurgias oncológicas, nas quais 2 semanas de nu-
para que possamos otimizar os resultados da cirurgia e trição possam trazer piora do prognóstico do paciente,
reduzir as complicações associadas. Isso fica ainda mais podemos encurtar para apenas 1 semana de nutrição,
claro em pacientes desnutridos, que sabemos que tem por exemplo.
uma cicatrização pior, piora da resposta imune e maior
risco de complicações associadas ao procedimento. Vamos às alternativas::
Vamos ver objetivamente quais pacientes merecem es- A) CORRETA - Paciente de alto risco nutricional,
pecial atenção para nutrição pré-operatória: certamente se beneficiará de uma avaliação nutri-
- IMC baixo ou obesidade mórbida cional pré operatória.
- Doenças consuptivas B) INCORRETA - Pacientes em que não há tanto be-
nefício em nutrição pré operatória são aqueles sem
- Doenças disabsortivas de TGI risco para desnutrição.
- Perda ponderal > 5% em 30 dias
- Albumina < 3,5, linfócitos < 1500 e anemia Take-Home Message:
Uma vez identificado paciente desnutrido ou de alto Sempre considerar nutrição pré operatória para pacien-
risco de para desnutrição, procedemos com avaliação tes de alto risco cirúrgico
multidisciplinar, exame físico e antropométrico e de-
- IMC baixo ou obesidade mórbida
mais exames conforme indicado. Avaliaremos também
a necessidade calórica basal com a fórmula de Harris - Doenças consuptivas
Benedict associado fatores do paciente com fatores - Doenças disabsortivas de TGI
de estresse.
- Perda ponderal > 5% em 30 dias
- Albumina < 3,5, linfócitos < 1500 e anemia

Pronto, tudo feito e visto que paciente precisa de nu-


trição pré operatória, como faremos​​? Em cirurgias ele-
tivas, normalmente é feita por 15 dias com objetivo
de nutrir propriamente o paciente, com suplementos
de macro e micronutrientes (hipercalórica, hiperpro-
téica). A via preferencial sempre segue a forma fisioló-
gica, sendo a via oral preferível à enteral e por último
a parenteral.
86 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 22
Um paciente de 23 anos de idade deu entrada na emer-
gência do hospital com história de ferimentos por arma
branca em hipocôndrio direito e antebraço esquerdo,
com delta T de 30 minutos. No momento, o paciente
apresenta-se inquieto, relata leve dor abdominal na área
atingida. Observa-se lesão cortante profunda em ante-
braço direito, sem sangramento ativo. Ao exame físico,
verificam-se FC = 92 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 =
99% e abdome indolor à palpação e à descompressão.
A exploração digital do ferimento abdominal compro-
va que ultrapassa a aponeurose abdominal. Com base
nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos corre-
latos, julgue os itens a seguir. O teste de Allen confirma
ou descarta lesão do nervo ulnar.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentários:
Questão misturou alguns conceitos. O teste de Allen
é realizado para avaliar a circulação colateral da mão.
O paciente faz um punho, com objetivo de drenar o
sangue da mão. Então o e examinador pressiona a emi-
nência tenar e hipotenar até o pulso para ocluir a ar-
téria radial e ulnar. O paciente então estende os dedos
para permitir que cajo haja fluxo sanguíneo, ele possa
chegar à mão.
Mantendo pressão na artéria radial, solta-se a pressão
da ulnar e observa-se se há preenchimento, ou seja, há
comunicação adequada da artéria ulnar e radial pelo
arco palmar e o teste é normal. Caso seja normal, deve
ser repetido, mas com liberação da radial enquanto se
mantém pressão da ulnar.

Caso o teste esteja alterado, temos uma contraindicação


absoluta à coleta de sangue arterial no membro avalia-
do - uma vez que nesse paciente a circulação é terminal
e uma complicação local pode levar a isquemia distal.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 87

Vamos às alternativas:: QUESTÃO 23


A) INCORRETA - A avaliação de acometimento do Um paciente de 23 anos de idade deu entrada na emer-
nervo ulnar depende do exame neurológico de mo- gência do hospital com história de ferimentos por arma
tricidade e sensibilidade da mão. branca em hipocôndrio direito e antebraço esquerdo,
B) CORRETA - O teste de Allen avalia a circulação com delta T de 30 minutos. No momento, o paciente
do arco palmar. apresenta-se inquieto, relata leve dor abdominal na área
atingida. Observa-se lesão cortante profunda em ante-
braço direito, sem sangramento ativo. Ao exame físico,
Take-Home Message: verificam-se FC = 92 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 =
O teste de Allen avalia a circulação do arco palmar e 99% e abdome indolor à palpação e à descompressão.
contraindica (quando alterado) procedimentos arte- A exploração digital do ferimento abdominal compro-
riais invasivos na mão alterada. va que ultrapassa a aponeurose abdominal. Com base
nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos cor-
relatos, julgue os itens a seguir. Apesar de ultrapassar
a aponeurose abdominal, pode-se manter tratamento
conservador para esse paciente, desde que sejam reali-
zados exames clínico e laboratoriais seriados.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

Comentários:
Ferimento de arma branca em abdome anterior, com
lesão da aponeurose abdominal. O que isso signi-
fica?? Possivelmente houve penetração na cavida-
de abdominal.
Vamos fazer uma primeira pergunta antes de entrar em
mais detalhes: é OBVIAMENTE cirúrgico? Ou seja,
pacientes teve um ferimento e apresenta instabilidade
hemodinâmica, exteriorização de sangue franca (he-
matêmese, sangue retal), veio empalado (com a arma
branca ainda fixada no abdome), apresenta franca peri-
tonite ou evisceração visível?
Se for cirúrgico, já sabemos que temos indicação
de laparotomia.
88 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Agora, temos um paciente estável, sem sangramento - Idealmente faremos uma laparoscopia diagnóstica,
ativo visível, sem empalamento, sem evisceração, mas buscando lesões de órgãos intraabdominais que ne-
ficamos na dúvida de alguma lesão intraabdominal. cessitem de abordagem.
Agora avaliamos a região acometida: a região anterior - Na ausência de laparoscopia, podemos também in-
do abdome. dicar a laparotomia diagnóstica. Esse procedimen-
No abdome anterior podemos fazer justamente o que to, porém, está cada vez mais em desuso.
vimos, uma exploração local (com técnica asséptica e - Podemos utilizar exames de imagem (TC) para ava-
anestesiada) e cuidadosa. Se frente a isso virmos que foi liar se de fato houve penetração (especialmente em
apenas uma lesão de subcutâneo, podemos proceder a pacientes obesos de difícil avaliação) para auxiliar
sutura estéril, administração de sintomáticos e avalia- na conduta
ção secundária.
- Por fim podemos realizar exame físico e laboratorial
Agora, se tiver dúvida ou tivermos uma exploração po- seriados, uma conduta também pouco frequente
sitiva com lesão de aponeurose por exemplo, temos di- mas possível. Caso haja novos sinais de peritonite,
versas opções para conduzir o caso: queda de Hb, aumento de TGO e TGP podemos
suspeitar de fato de lesão intraabdominal e então
indicar laparoscopia
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 89

Vamos às alternativas:: QUESTÃO 24


A) CORRETA - Conduta infrequente, porém correta. Um paciente de 23 anos de idade deu entrada na emer-
B) INCORRETA - Idealmente, se disponível, realiza- gência do hospital com história de ferimentos por arma
mos uma laparoscopia diagnóstica. Porém a con- branca em hipocôndrio direito e antebraço esquerdo,
duta com exame físico e laboratorial também pode com delta T de 30 minutos. No momento, o paciente
ser feita. apresenta-se inquieto, relata leve dor abdominal na área
atingida. Observa-se lesão cortante profunda em ante-
braço direito, sem sangramento ativo. Ao exame físico,
Take-Home Message: verificam-se FC = 92 bpm, FR = 19 irpm, SatO2 =
Paciente estável com lesão penetrante em cavidade ab- 99% e abdome indolor à palpação e à descompressão.
dominal em abdome anterior. Várias condutas podem A exploração digital do ferimento abdominal compro-
ser feitas, desde uma laparotomia, laparoscopia diag- va que ultrapassa a aponeurose abdominal. Com base
nóstica ou exame físico e laboratorial seriado. nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos cor-
relatos, julgue os itens a seguir. Dada a localização do
ferimento, esse paciente poderia ter como possível lesão
vascular a artéria gastroduodenal, ramo da artéria me-
sentérica superior.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentários:
De início a anatomia descrita está incorreta. A artéria
gastroduodenal é ramo da hepática comum, que por
sua vez vez do tronco celíaco e não da artéria mesen-
térica superior. Lembre-se que a circulação do tronco
celíaco é responsável pelas artérias que irrigam a região
abdominal superior, com estômago, parte do duodeno,
pâncreas, baço e fígado.
90 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Agora, o trauma vascular abdominal é relativamente Vamos às alternativas::


raro, sendo particularmente letal quando atinge arté-
rias de importante calibre. Os vasos mais comumente A) INCORRETA - Trauma vascular é raro, e dificil-
acometidos são a própria aorta, a artéria mesentérica mente acomete ramos arteriais menores.
superior, artérias ilíacas, veia cava inferior, veia portal B) CORRETA - A gastroduodenal é ramo do tronco
e veias ilíacas. celíaco, portanto alternativa incorreta.

Take-Home Message:
Conhecer a vascularização dos ramos da aorta, tronco
celíaco e artéria mesentérica superior e inferior.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 91

QUESTÃO 25
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Provavelmente, no período do eletro de repouso, o intervalo PR seja normal.

A) CERTO Temos uma taquicardia (em algumas derivações ante-


B) ERRADO riores chegamos a medir 300bpm) + ausência de onda
P + RR irregular (facilmente visualizada em V4 e V5)
Resposta correta: Letra B + QRS alargado. Nesse contexto, podemos pensar em
Taquicardia Ventricular Polimórfica com Torsade de
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.
Pointes. Porém vemos que não há polimorfismo nem
Um grande caso clínico com várias questões sobre o
torsade! Vejam como em cada derivação há uma forma
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
única do complexo QRS.
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
completo e nas questões seguintes direcionado. Então qual outra taquiarritmia que vocês conhecem
que possui RR irregular e ausência de P? Fibrilação
Caos, dor e sofrimento. Talvez essas sejam algumas das
Atrial! Agora muitos devem pensar: mas FA não possui
palavras que vieram na cabeça de quem olhou para esse
QRS estreito?? Gente, sim. E nas provas o lugar co-
eletro. Nessas horas a gente precisa de calma! Da para
mum é cobrar desse jeito! Mas a banca não estava com
chegar num diagnóstico. E vamos dar uma dica que sal-
vontade de facilitar.
va vidas! Mas primeiro vamos tentar entender o eletro:
92 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Quem acompanha os comentários com carinho, lem- gião lateral esquerda. Normalmente esses pacientes não
brará de outras questões cujo foco era FA que citamos possuem alterações cardíacas estruturais associadas.
3 situações em que FA pode cursar com QRS alargado: 2) Epidemiologia
1- FA com condução aberrante: chamado de fenômeno O padrão de WPW é cerca de 100x mais comum que
de Ashman. É o alargamento transitório do QRS a síndrome, apesar de ambos serem relativamente raros
que ocorre depois de um intervalo R-R curto pre- (<1% da população). A síndrome de WPW é associada
cedido de um intervalo R-R longo. com algumas taquiarritmias, principalmente:
2- FA com bloqueio de ramo: o bloqueio por si só alar- · Taquicardia supraventricular com reentrância nodal
ga o QRS (80%)
3- FA + Síndrome de Wolff-Parkinson-White: a sín- · Fibrilação atrial (15%)
drome de pré-excitação favorece frequências cardí-
acas muito altas e pode acabar alargando o QRS. · Flutter atrial (<5%)
Voltem ao ECG e vejam principalmente nas derivações Em uma porcentagem razoável de pacientes (10-
V1-V3. No início do QRS, há um entalhe, correto? 40%) o aparecimento do padrão é intermitente e pode
Vocês conhecem bem esse entalhe. É a onda Delta, até desaparecer.
bem típica de WPW. 3) Manifestações clínicas
Diagnóstico do ECG: Fibriliação atrial + Síndrome de A grande maioria é assintomática, porém uma pequena
Wolff-Parkinson-White. Vamos estudar essa síndrome porcentagem desenvolve arritmias, logo os sintomas se-
e, no final, vamos dar a dica que prometemos no início rão decorrentes da arritmia:
do comentário.
· Palpitações
1) Definições
· Tonteira
No coração normal, o átrio e o ventrículo são isolados
· Síncope e pré-síncope
eletricamente, sendo que a condução é feita pelo no
AV e pelas fibras de His-Purkinje. Pacientes com sín- · Dor torácica
drome de pré-excitação possuem uma via anômala que · Morte súbita/parada cardíaca
conecta diretamente átrio e ventrículo levando a uma
ativação mais precoce do sistema His-Purkinje devido
sua maior capacidade de condução. Essa via pode con- 4) Diagnóstico
duzir de maneira:
Normalmente basta um ECG, em que veremos um in-
· Anterógrada e retrógrada (60-75%) tervalo PR curto (<0.12s) + onda Delta (que é um QRS
· Apenas retrógrada (17-37%): nesses casos não vere- cuja gênese é a fusão de ativação ventricular pela via
mos a onda delta anômala + ativação ventricular pelo nó AV)
· Apenas anterógrada (5-27%)
Quando temos apenas a pré-excitação manifesta no
ECG sem a arritmias sintomáticas, o termo correto é
padrão de WPW. O termo síndrome é reservado para
quem tem o padrão e os sintomas.
A via anômala pode estar em qualquer região do septo
ou do anel AV, sendo que o local mais comum é na re-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 93

Caso tenhamos uma taquiarritmia associada, a forma estamos diante de uma via anômala competindo com a
do ECG muda de acordo com o tipo de arritmia: via normal. O que vocês imaginam que aconteceria se
· A taquicardia supraventricular, que é a mais comum, usássemos uma droga que bloqueia o nó AV? Podería-
normalmente manterá o aspecto normal, desde que te- mos liberar a via anômala que é mais rápida e, parado-
nha a transmissão clássica ortodrômica (o impulso vai xalmente, piorar os sintomas caso haja FA
pelo nodo AV e volta pela via acessória do AV). A onda A terceira pergunta é: qual a taquiarritmia associada?
delta some pois o curto circuito é pelo AV e não pela · Se for a taquicardia supraventricular de condução or-
via anômala. todrômica (aquela que tem o ECG muito pareci-
do com uma TPSV sem WPW), a terapia é muito
semelhante à TPSV normal. Primeira linha são as
manobras vagais. Segunda linha a adenosina (6mg
numa primeira dose e 12mg na segunda). Terceira
linha é o verapamil ou diltiazem venoso.
· Se for a fibrilação atrial, a primeira linha é a procai-
namida ou a ibutilida. São contraindicados: digo-
xina, betabloqueadores, adenosina, verapamil e
diltiazem. Algumas referencias também contrain-
· A taquicardia supraventricular antidrômica (rara. O dicam a amiodarona.
impulso desce pela via acessória e sobe pelo nó AV)
cursa com uma morfologia muito semelhante a uma
TV monomórfica. 2) Tratamento crônico
· Na FA, como vimos, há um alargamento do QRS, po- O tratamento de escolha é a ablação da via anômala,
demos enxergar ondas delta esporádicas, RR irregular e indicada para:
frequências cardíacas altíssimas (300bpm). · Taquiarritmias sintomáticas
· Ocupações cujos sintomas seriam de alto risco para o
paciente e para terceiros (motoristas, pilotos, atletas)
· Assintomáticos jovens (<35 anos) que apresentem alto
risco de morte súbita: padrão de WPW persistente
em estudos não invasivos e que o estudo eletrofi-
siológico demonstrou uma via anômala "perigosa!
(período refratário curto, múltiplas vias...)
1) Tratamento agudo Os assintomáticos mais velhos (> 35 anos) normalmen-
Primeira pergunta é aquela comum a todas as taquiar- te só são acompanhados, pois é pouco provável que de-
ritmias: há instabilidade hemodinâmica? Em caso de senvolvam sintomas.
instabilidade, devemos realizar a cardioversão. Caso não sejam elegíveis ou recusem a ablação, opções
A segunda pergunta que devemos fazer é: há a chance medicamentosas incluem:
de via anômala?? Aqui estamos estudando o contexto · Propafenona, flecainida e amiodarona
da WPW, mas na prática não é assim! O paciente che-
gará com a taquiarritmia e teremos que entender sua
origem. Por que estamos dizendo isso? Lembrem que
94 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Gigante! Tema difícil! Tentamos limpar boa parte do


conteúdo para ajuda-los. Como prometido, a dica
da prova:
Qual a afirmação feita? "O intervalo PR no ECG de
repouso..." Se vocês tivessem conhecimento apenas de
"PR curto + onda delta" e se deparassem com essa afir-
mação, o olhar já seria direcionado para tentar encon-
trar a onda delta, afinal, por qual motivo ele pergunta-
ria do PR no repouso?

Vamos às alternativas::
Provavelmente, no período do eletro de repouso, o in-
tervalo PR seja normal.
RESPOSTA: LETRA (B) O PR provavelmente é cur-
to, pois se trata de um padrão de WPW

Take-Home Message:
1) Quando temos apenas a pré-excitação manifesta no
ECG sem a arritmias sintomáticas, o termo correto
é padrão de WPW. O termo síndrome é reservado
para quem tem o padrão e os sintomas.
2) Taquiarritmia mais comum: TPSV. Segundo lugar:
FA
3) No ECG de repouso: intervalo PR curto (<0.12s) +
onda Delta
4) No ECG + FA: alargamento do QRS, podemos en-
xergar ondas delta esporádicas, RR irregular e fre-
quências cardíacas altíssimas (300bpm).
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 95

QUESTÃO 26
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Tratamento com sotalol é o padrão-ouro, no caso desse paciente, para tratamento em longo prazo.

A) CERTO Temos uma taquicardia (em algumas derivações ante-


B) ERRADO riores chegamos a medir 300bpm) + ausência de onda
P + RR irregular (facilmente visualizada em V4 e V5)
+ QRS alargado. Nesse contexto, podemos pensar em
Resposta correta: Letra B Taquicardia Ventricular Polimórfica com Torsade de
Pointes. Porém vemos que não há polimorfismo nem
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. torsade! Vejam como em cada derivação há uma forma
Um grande caso clínico com várias questões sobre o única do complexo QRS.
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será Então qual outra taquiarritmia que vocês conhecem
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- que possui RR irregular e ausência de P? Fibrilação
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 25 Atrial! Agora muitos devem pensar: mas FA não possui
QRS estreito?? Gente, sim. E nas provas o lugar co-
96 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

mum é cobrar desse jeito! Mas a banca não estava com · Se for a taquicardia supraventricular de condução or-
vontade de facilitar. todrômica (aquela que tem o ECG muito pareci-
Quem acompanha os comentários com carinho, lem- do com uma TPSV sem WPW), a terapia é muito
brará de outras questões cujo foco era FA que citamos semelhante à TPSV normal. Primeira linha são as
3 situações em que FA pode cursar com QRS alargado: manobras vagais. Segunda linha a adenosina (6mg
numa primeira dose e 12mg na segunda). Terceira
1- FA com condução aberrante: chamado de fenômeno linha é o verapamil ou diltiazem venoso.
de Ashman. É o alargamento transitório do QRS
que ocorre depois de um intervalo R-R curto pre- · Se for a fibrilação atrial, a primeira linha é a procai-
cedido de um intervalo R-R longo. namida ou a ibutilida. São contraindicados: digo-
xina, betabloqueadores, adenosina, verapamil e
2- FA com bloqueio de ramo: o bloqueio por si só alar- diltiazem. Algumas referencias também contrain-
ga o QRS dicam a amiodarona.
3- FA + Síndrome de Wolff-Parkinson-White: a sín- 2) Tratamento crônico
drome de pré-excitação favorece frequências cardí-
acas muito altas e pode acabar alargando o QRS. O tratamento de escolha é a ablação da via anômala,
indicada para:
Voltem ao ECG e vejam principalmente nas derivações
V1-V3. No início do QRS, há um entalhe, correto? · Taquiarritmias sintomáticas
Vocês conhecem bem esse entalhe. É a onda Delta, · Ocupações cujos sintomas seriam de alto risco para
bem típica de WPW. o paciente e para terceiros (motoristas, pilotos, atletas)
Diagnóstico do ECG: Fibriliação atrial + Síndrome de · Assintomáticos jovens (<35 anos) que apresentem alto
Wolff-Parkinson-White. risco de morte súbita: padrão de WPW persistente em
Focando então no tratamento dessa condição, pode- estudos não invasivos e que o estudo eletrofisiológico
mos dividir em agudo e crônico: demonstrou uma via anômala "perigosa! (período re-
fratário curto, múltiplas vias...)
1) Tratamento agudo
Os assintomáticos mais velhos (> 35 anos) normalmen-
Primeira pergunta é aquela comum a todas as taquiar- te só são acompanhados, pois é pouco provável que de-
ritmias: há instabilidade hemodinâmica? Em caso de senvolvam sintomas.
instabilidade, devemos realizar a cardioversão.
Caso não sejam elegíveis ou recusem a ablação, opções
A segunda pergunta que devemos fazer é: há a chance medicamentosas incluem:
de via anômala?? Aqui estamos estudando o contexto
da WPW, mas na prática não é assim! O paciente che- · Propafenona, flecainida e amiodarona
gará com a taquiarritmia e teremos que entender sua
origem. Por que estamos dizendo isso? Lembrem que
estamos diante de uma via anômala competindo com a
via normal. O que vocês imaginam que aconteceria se
usássemos uma droga que bloqueia o nó AV? Podería-
mos liberar a via anômala que é mais rápida e, parado-
xalmente, piorar os sintomas caso haja FA
A terceira pergunta é: qual a taquiarritmia associada?
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 97

Vamos à alternativa correta:


Tratamento com sotalol é o padrão-ouro, no caso desse
paciente, para tratamento em longo prazo.
Resposta correta: Letra B, ERRADA! O uso de beta-
bloqueadores no contexto de FA + WPW não é re-
comendado. O tratamento de escolha é a ablação.
E vejam que interessante! Obviamente a ablação
não vai impactar no desenvolvimento de uma FA
crônica, porem diminuirá imensamente a chance
de altas respostas ventriculares. Porém as drogas
com melhor padrão eletrofisiológico são a propa-
fenona e a flecainida. A amiodarona é a segunda
opção para o tratamento crônico.

Take-Home Message:
1) Paciente instável: cardioversão
2) Tratamento agudo de pacientes estáveis:
A) Se TPSV ortodrômica, seguimos a lógica da TPSV
sem pré-excitação: Primeira linha são as manobras
vagais. Segunda linha a adenosina (6mg numa pri-
meira dose e 12mg na segunda). Terceira linha é o
verapamil ou diltiazem venoso.
B) Se FA: CONTRAINDICADAS AS MEDICA-
ÇÕES QUE INIBEM O NÓ AV: digoxina, be-
tabloqueadores, adenosina, verapamil e diltiazem.
Algumas referências também incluem a amiodaro-
na. A grande droga de primeira escolha é a procai-
namida
3) Tratamento crônico
A) Ablação
Medicamentosa: propafenona, flecainida. Amioda-
rona é segunda escolha.
98 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 27
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. O risco de morte súbita para esse paciente é elevado em relação à população normal.

A) CERTO P + RR irregular (facilmente visualizada em V4 e V5)


B) ERRADO + QRS alargado. Nesse contexto, podemos pensar em
Taquicardia Ventricular Polimórfica com Torsade de
Resposta correta: Letra A Pointes. Porém vemos que não há polimorfismo nem
torsade! Vejam como em cada derivação há uma forma
única do complexo QRS.
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. Então qual outra taquiarritmia que vocês conhecem
Um grande caso clínico com várias questões sobre o que possui RR irregular e ausência de P? Fibrilação
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- Atrial! Agora muitos devem pensar: mas FA não possui
to, uma vez que o comentário na primeira questão será QRS estreito?? Gente, sim. E nas provas o lugar co-
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- mum é cobrar desse jeito! Mas a banca não estava com
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 25 vontade de facilitar.
Temos uma taquicardia (em algumas derivações ante-
riores chegamos a medir 300bpm) + ausência de onda
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 99

Quem acompanha os comentários com carinho, lem- · Palpitações


brará de outras questões cujo foco era FA que citamos · Tonteira
3 situações em que FA pode cursar com QRS alargado:
· Síncope e pré-síncope
1- FA com condução aberrante: chamado de fenômeno
de Ashman. É o alargamento transitório do QRS · Dor torácica
que ocorre depois de um intervalo R-R curto pre- · Morte súbita/parada cardíaca
cedido de um intervalo R-R longo.
Os pacientes assintomáticos que por um acaso desco-
2- FA com bloqueio de ramo: o bloqueio por si só alar- brem um padrão de WPW devem ser estratificados
ga o QRS acerca do risco de morte súbita. Os de maior risco são
3- FA + Síndrome de Wolff-Parkinson-White: a sín- aqueles jovens cujo padrão de WPW é persistente tan-
drome de pré-excitação favorece frequências cardí- to no ECG quanto em estudos não invasivos e que o
acas muito altas e pode acabar alargando o QRS. estudo eletrofisiológico demonstrou uma via anômala
"perigosa! (período refratário curto, múltiplas vias...)
Voltem ao ECG e vejam principalmente nas derivações
V1-V3. No início do QRS, há um entalhe, correto? 3) Diagnóstico
Vocês conhecem bem esse entalhe. É a onda Delta, Normalmente basta um ECG, em que veremos um in-
bem típica de WPW. tervalo PR curto (<0.12s) + onda Delta (que é um QRS
Diagnóstico do ECG: Fibriliação atrial + Síndrome de cuja gênese é a fusão de ativação ventricular pela via
Wolff-Parkinson-White. anômala + ativação ventricular pelo nó AV)
Focando nos achados clínicos e diagnóstico:
1) Epidemiologia
O padrão de WPW é cerca de 100x mais comum que
a síndrome, apesar de ambos serem relativamente raros
(<1% da população). A síndrome de WPW é associada
com algumas taquiarritmias, principalmente:
· Taquicardia supraventricular com reentrância nodal Caso tenhamos uma taquiarritmia associada, a forma
(80%) do ECG muda de acordo com o tipo de arritmia:
· Fibrilação atrial (15%) · A taquicardia supraventricular, que é a mais comum,
normalmente manterá o aspecto normal, desde que te-
· Flutter atrial (<5%)
nha a transmissão clássica ortodrômica (o impulso vai
Em uma porcentagem razoável de pacientes (10- pelo nodo AV e volta pela via acessória do AV). A onda
40%) o aparecimento do padrão é intermitente e pode delta some pois o curto circuito é pelo AV e não pela
até desaparecer. via anômala.
2) Manifestações clínicas
A grande maioria é assintomática, porém uma pequena
porcentagem desenvolve arritmias, logo os sintomas se-
rão decorrentes da arritmia:
100 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

· A taquicardia supraventricular antidrômica (rara. O


impulso desce pela via acessória e sobe pelo nó AV)
cursa com uma morfologia muito semelhante a uma
TV monomórfica.
· Na FA, como vimos, há um alargamento do QRS, po-
demos enxergar ondas delta esporádicas, RR irregular e
frequências cardíacas altíssimas (300bpm).

Vamos à alternativa: O risco de morte súbita para esse


paciente é elevado em relação à população normal.
RESPOSTA: LETRA A, CERTA. Pacientes com a sín-
drome de WPW apresentam maior risco de morte sú-
bita devido o aparecimento de taquiarritmias!

Take-Home Message:
1) Taquicardias mais associadas com WPW:
o Taquicardia supraventricular com reentrância nodal
(80%)
o Fibrilação atrial (15%)
o Flutter atrial (<5%)
2) Quando temos apenas a pré-excitação manifesta no
ECG sem a arritmias sintomáticas, o termo correto é
padrão de WPW. O termo síndrome é reservado para
quem tem o padrão e os sintomas.
Pacientes de maior risco para morte súbita: aqueles jo-
vens cujo padrão de WPW é persistente tanto no ECG
quanto em estudos não invasivos e que o estudo ele-
trofisiológico demonstrou uma via anômala "perigosa!
(período refratário curto, múltiplas vias...)
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 101

QUESTÃO 28
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no de-
correr da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o paciente
ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca conforme o
eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. Cardioversão é o melhor tratamento para manejo agudo.

A) CERTO riores chegamos a medir 300bpm) + ausência de onda


B) ERRADO P + RR irregular (facilmente visualizada em V4 e V5)
+ QRS alargado. Nesse contexto, podemos pensar em
Resposta correta: Letra A Taquicardia Ventricular Polimórfica com Torsade de
Pointes. Porém vemos que não há polimorfismo nem
torsade! Vejam como em cada derivação há uma forma
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. única do complexo QRS.
Um grande caso clínico com várias questões sobre o
Então qual outra taquiarritmia que vocês conhecem
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
que possui RR irregular e ausência de P? Fibrilação
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
Atrial! Agora muitos devem pensar: mas FA não possui
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
QRS estreito?? Gente, sim. E nas provas o lugar co-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 25
mum é cobrar desse jeito! Mas a banca não estava com
Temos uma taquicardia (em algumas derivações ante- vontade de facilitar.
102 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Quem acompanha os comentários com carinho, lem- vagais. Segunda linha a adenosina (6mg numa primeira
brará de outras questões cujo foco era FA que citamos dose e 12mg na segunda). Terceira linha é o verapamil
3 situações em que FA pode cursar com QRS alargado: ou diltiazem venoso.
1- FA com condução aberrante: chamado de fenômeno · Se for a fibrilação atrial, a primeira linha é a procai-
de Ashman. É o alargamento transitório do QRS namida ou a ibutilida. São contraindicados: digoxi-
que ocorre depois de um intervalo R-R curto pre- na, betabloqueadores, adenosina, verapamil e dil-
cedido de um intervalo R-R longo. tiazem. Algumas referencias também contraindicam
2- FA com bloqueio de ramo: o bloqueio por si só alar- a amiodarona.
ga o QRS 2) Tratamento crônico
3- FA + Síndrome de Wolff-Parkinson-White: a sín- O tratamento de escolha é a ablação da via anômala,
drome de pré-excitação favorece frequências cardí- indicada para:
acas muito altas e pode acabar alargando o QRS.
Voltem ao ECG e vejam principalmente nas derivações · Taquiarritmias sintomáticas
V1-V3. No início do QRS, há um entalhe, correto? · Ocupações cujos sintomas seriam de alto risco para
Vocês conhecem bem esse entalhe. É a onda Delta, o paciente e para terceiros (motoristas, pilotos, atletas)
bem típica de WPW. · Assintomáticos jovens (<35 anos) que apresentem alto
Diagnóstico do ECG: Fibriliação atrial + Síndrome de risco de morte súbita: padrão de WPW persistente em
Wolff-Parkinson-White. estudos não invasivos e que o estudo eletrofisiológico
Focando então no tratamento dessa condição, pode- demonstrou uma via anômala "perigosa! (período re-
mos dividir em agudo e crônico: fratário curto, múltiplas vias...)

1) Tratamento agudo Os assintomáticos mais velhos (> 35 anos) normalmen-


te só são acompanhados, pois é pouco provável que de-
Primeira pergunta é aquela comum a todas as taquiar- senvolvam sintomas.
ritmias: há instabilidade hemodinâmica? Em caso de
instabilidade, devemos realizar a cardioversão. Caso não sejam elegíveis ou recusem a ablação, opções
medicamentosas incluem:
A segunda pergunta que devemos fazer é: há a chance
de via anômala?? Aqui estamos estudando o contexto · Propafenona, flecainida e amiodarona
da WPW, mas na prática não é assim! O paciente che-
gará com a taquiarritmia e teremos que entender sua
origem. Por que estamos dizendo isso? Lembrem que Vamos à Resposta correta:
estamos diante de uma via anômala competindo com a
via normal. O que vocês imaginam que aconteceria se Letra Cardioversão é o melhor tratamento para mane-
usássemos uma droga que bloqueia o nó AV? Podería- jo agudo.
mos liberar a via anômala que é mais rápida e, parado- RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. O pacien-
xalmente, piorar os sintomas caso haja FA te encontra-se instável hemodinamicamente.
A terceira pergunta é: qual a taquiarritmia associada? Então não há dúvida que o melhor tratamento
é cardioversão!
· Se for a taquicardia supraventricular de condução
ortodrômica (aquela que tem o ECG muito parecido
com uma TPSV sem WPW), a terapia é muito seme-
lhante à TPSV normal. Primeira linha são as manobras
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 103

Take-Home Message: B) Se FA: CONTRAINDICADAS AS MEDICA-


1) Paciente instável: cardioversão ÇÕES QUE INIBEM O NÓ AV: digoxina, be-
tabloqueadores, adenosina, verapamil e diltiazem.
2) Tratamento agudo de pacientes estáveis: Algumas referências também incluem a amiodaro-
A) Se TPSV ortodrômica, seguimos a lógica da TPSV na como contraindicação. A grande droga de pri-
sem pré-excitação: Primeira linha são as manobras meira escolha é a procainamida.
vagais. Segunda linha a adenosina (6mg numa pri- 3) Tratamento crônico
meira dose e 12mg na segunda). Terceira linha é o
verapamil ou diltiazem venoso. A) Ablação
Medicamentosa: propafenona, flecainida. Amiodarona
é segunda escolha

QUESTÃO 29
Um paciente de 45 anos de idade vem apresentando sintomas de palpitação, mal- estar e sudorese profusa no
decorrer da hemodiálise. Em cada sessão, são ultrafiltrados 4 litros em duas horas e meia. Na última diálise, o
paciente ficou com hipotensão = 85 mmHg x 40 mmHg, SatO2 = 94% em ar ambiente e frequência cardíaca con-
forme o eletrocardiograma a seguir. Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir. Nesse paciente, a realização de diálise deve ser feita em um período de tempo mais curto e com
maior ultrafiltração.

A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B
104 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. menor a pressão necessária para alcançar o ultra-
Um grande caso clínico com várias questões sobre o filtrado desejado.
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- o Para vocês enxergarem matematicamente o pará-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será grafo anterior, existe a seguinte fórmula: PTM =
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- Volume ultrafiltrado / KUf x Horas
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 25
· Resíduos. Quanto menor o peso molecular e tamanho,
Para fecharmos a questão, precisamos entender um mais rápida é sua depuração. As moléculas que apre-
pouco de alguns conceitos acerca da terapia de substi- sentam melhor depuração tem peso < 200 dáltons.
tuição renal:
1) Aspectos gerais
2) Acessos
A diálise é um método artificial para remover resíduos
e excesso de líquidos do corpo por meio do uso de uma Com relação ao acesso a ser utilizado em pacientes crô-
membrana semipermeável. A lógica é que de um lado nicos, o ideal é maturar uma fístula arteriovenosa. Qual
da membrana haja uma solução livre dos resíduos que a ideia? Ao realizar uma fístula da artéria radial com a
pretendemos limpar. A depender de qual membrana veia cefálica, essa começa a receber sangue de alta pres-
seja usada, a modalidade da diálise muda: são favorecendo sua dilatação. Cerca de 1-3 meses após
isso, a veia está pronta para ser usada na diálise.
· Diálise peritoneal: a membrana utilizada é o pró-
prio peritônio. Como alternativa (pior, vale ressaltar) há o cateter tu-
nelado que é inserido cirurgicamente e, por ter lon-
· Hemodiálise: a membrana é artificial e extracorpórea go trajeto distante da inserção, diminui-se o risco
Podemos pensar na diálise sobre 3 aspectos: de infecção.
· Íons: pense numa insuficiência renal. Alguns dos Mas e na diálise de urgência?? Nesses casos usamos o
achados mais característicos envolvem distúrbios CDL (Cateter dupla luz) cujo acesso de preferencia é a
hidroeletrolíticos e acidobásicos. Portanto a diálise jugular interna. A veia femoral é segunda escolha pelo
tem por função filtrar íons que eventualmente es- maior risco de infecção. O cateter não deve permanecer
tejam em excesso. O grande exemplo é o potássio. por mais de 21 dias.
· Volume: ora, como estamos falando de gradientes (de 3) Complicações da hemodiálise
um lado e de outro da membrana) é mais do que es- Atenção para essa informação: A PRINCIPAL COM-
perado a passagem de líquido pela membrana. Esse PLICAÇÃO DA HEMODIÁLISE É A HIPOTEN-
processo chama-se ultrafiltração e é passível de ser SÃO!! Alguns mecanismos envolvidos:
controlado. Isso é importante porque muitos pa-
cientes sofrem com distúrbios volêmicos. Podemos Ø Ultrafiltração rápida: hipotensão resulta de deple-
programar a diálise para haver maior perda caso o ção do volume intravascular acima da capacidade
paciente se encontre hipervolêmico. Caso contrário compensatória do organismo
podemos programar a diálise para não haver perdas. Ø Redução rápida da osmolalidade devido à rápida de-
o Como controlamos a ultrafiltração? Controlan- puração de resíduos: nesse caso a hipotensão deriva
do a pressão hidrostática do sangue (PTM) que de uma entrada do líquido para o meio intracelular,
chega ao circuito. É uma medida diretamente mais concentrado.
proporcional à quantidade de ultrafiltrado. Exis- Ø Disfunção autonômica
te também o coeficiente de ultrafiltração (KUf ),
Ø Reação anafilática
próprio do filtro. Quanto maior o coeficiente,
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 105

Vamos deixar um quadro com as outras complica- Take-Home Message:


ções agudas: 1) Diferenciar sempre pela membrana semipermeá-
Cãibras (5-20%) vel utilizada:
o Diálise peritoneal: a membrana utilizada é o pró-
Náuseas e vômitos (5-15%)
prio peritônio.
Cefaleia (5%) o Hemodiálise: a membrana é artificial e extracor-
pórea
Dor torácica (2-5%)
2) Raciocinar sobre a função da diálise em 3 pontos:
Dor lombar (2-5%)
A) Distúrbios hidroeletrolíticos
Prurido (5%) B) Resíduos
Febre e calafrios (<1%) C) Volume
3) Acesso da diálise de urgência: CDL preferencial-
mente em veia jugular interna
Dentre as complicações crônicas, podemos citar:
4) Acesso da diálise crônica: maturação de fístula arte-
Desnutrição riovenosa para uso da veia cefálica
Principal complicação aguda da hemodiálise: hipoten-
Deficiência de vitaminas e oligoelementos
são. Normalmente causa por ultrafiltração rápida
Demência relacionada à diálise (cada vez menos
frequente)
Pseudogota

Infecções pelos vírus da hepatite B,C e pelo HIV

Amiloidose

Não queremos esgotar esse assunto que é um verdadei-


ro mundo dentro da nefrologia, mas com essas infor-
mações já conseguimos responder bem a questão:
Vamos à alternativa:
Nesse paciente, a realização de diálise deve ser feita em
um período de tempo mais curto e com maior ultrafil-
tração
RESPOSTA: LETRA B, ERRADA. Se o paciente
ficou hipotenso, provavelmente a ultrafiltração
foi rápida demais. A proposta de se fazer a diáli-
se num período mais curto e maior ultrafiltração
apenas pioraria a hipovolemia!
106 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 30 aumento da reabsorção de cálcio, além de aumentar a


excreção urinária de potássio, sódio e bicarbonato.
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín-
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do Sobre o osso, o PTH exerce 4 efeitos: a) Inibe a síntese
status mental, humor deprimido e mudança de com- de colágeno nos osteoblastos b) Aumenta a desminera-
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea. lização óssea pelos osteócitos c) Aumenta a osteólise d)
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20 Aumenta a maturação de células precursoras. A conse-
vezes acima do valor de referência. A função renal mos- quência desses efeitos é a diminuição da capacidade ós-
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC sea de captar cálcio e uma desmineralização dos ossos,
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel- aumentando a liberação de cálcio no sangue.
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO:
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos
É causada pela elevação da produção de PTH devido
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. Por causa
disfunção nas glândulas paratireoides. A forma clínica
da alteração de humor depressivo, o ideal é iniciar com
mais comum é a elevação assintomática do cálcio, de-
lítio e risperidona em doses baixas.
tectada por exames de rotina. Porém alguns pacientes
podem apresentar sintomas relacionados à hipercalce-
mia (nefrolitíase, reabsorção óssea, arritmias). A maior
parte dos casos ocorre em mulheres entre 50 e 65 anos.
Causas relacionadas ao hiperparatireoidismo primá-
rio são:
Adenomas: 80-85% dos casos
Hiperplasia glandular: 6-15%
Carcinoma 2% dos casos
1) Manifestações clínicas
São muito relacionadas à grande alteração gerada por
um hiperparatireoidismo: a hipercalcemia. Sinto-
mas começam a aparecer quando há moderada ele-
vação do cálcio (acima de 12) e incluem:
A) CERTO
A) Disturbios neuropsiquiátricos
B) ERRADO
Disfunção cognitiva, ansiedade, depressão que podem
Resposta correta: Letra B evoluir para letargia, confusão, torpor e coma, prin-
cipalmente em pacientes com valores acima de 14
Uma elevação tão grande de PTH sempre nos direciona
para o diagnóstico de hiperparatireoidismo! Vamos focar B) Distúrbios gastrointestinais
na principal hipótese do caso: hiperparatireoidismo pri- Constipação, anorexia, náusea.
mário! Revisaremos o hiperpara secundário apenas para
C) Disfunção renal
explicar o porquê ele não é nossa primeira hipótese.
Diabetes insipidus (causada por um defeito na concen-
Antes disso, vamos responder a seguinte pergunta:
tração de urina, levando a poliúria e polidipsia);
Como funciona o PTH?
Nefrolitíase; Nefrocalcinose;
Esse hormônio é secretado pelas paratireoides sendo o
principal regulador do cálcio. No rim o PTH leva ao D) Outros
Fraqueza muscular, Arritmia cardíaca
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 107

O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fibrosa 3) Tratamento


cística por estímulo exagerado à reabsorção óssea pelo O tratamento de um paciente com hiperparatireoidis-
mesmo (reabsorção óssea subperiosteal nas falanges, mo primário passa por acompanhamento ou por para-
tumores marrons, vértebras em "camisa em rugger Je- tireoidectomia. Como vamos definir o que fazer?
rsey"). Agora vocês já conseguem entender o que são
aqueles tumores na foto da questão! São os tumores Cirurgia: SINTOMÁTICOS ou pacientes que
marrons que acabamos de citar, que nada mais são do apresentem qualquer um dos seguintes:
que substituição de tecido ósseo por tecido fibroso pela Ø Concentração de Cálcio sérico >1,0 acima do limite
ação do PTH superior da normalidade
Ø T-score < 2,5 Desvios padrões (avaliado na coluna
lombar, colo do fêmur, radio distal ou quadril)
Ø Fratura prévia
Ø TFG<60
Ø Menos de 50 anos de idade
Ø Nefrolitiase ou nefrocalcinose em exame de imagem
Ø >400mg/dia de cálcio urinário. Alguns especialistas
consideram que essa indicação deve ser associada a
algum outro fator de risco para formação de cálcu-
los. Porém não é consenso.
Conduta expectante: o resto
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO E
TERCIÁRIO
A origem do hiperpara secundário vem, na verdade,
de uma hipocalcemia secundária a uma disfunção re-
Vértebras em camisa rugger Jersey nal. O aumento do PTH é, portanto, uma tentativa de
equilibrar o distúrbio. Porém essa elevação é incapaz de
corrigir o cálcio, que permanece baixo. Vale ressaltar
2) Diagnóstico que a gênese do cálcio baixo vem do aumento do fósfo-
O diagnóstico é firmado com a hipercalcemia associada ro (que se liga ao cálcio) e da redução da Vitamina D e
à elevação do PTH. Porém uma série de outros exames consequente redução na absorção intestinal
faz parte da investigação inicial, com o intuito de inves- O hiperparatireoidismo terciário surge quando, devido
tigar possíveis complicações: a um hiperparatireiodismo secundário prolongado, o
Ultrassonografia de Rins e Vias urinárias (nefrolitíase) paciente desenvolve tecidos produtores de PTH.
Densitometria óssea (reabsorção óssea) Entenderam o porquê dessa opção ser bem menos pro-
vável? O enunciado fez questão de ressaltar que a fun-
Urina 24h com pesquisa de calciúria (poten-
ção renal é preservada!
cial nefrocalcinose)
Vitamina D
108 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Vamos à alternativa: QUESTÃO 31


Por causa da alteração de humor depressivo, o ideal é Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín-
iniciar com lítio e risperidona em doses baixas. dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do
Resposta correta: Letra B, ERRADA. O paciente tem status mental, humor deprimido e mudança de com-
um franco quadro de hiperparatireoidismo que, portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea.
apesar de não ter sido dado o valor de cálcio, segu- Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20
ramente está num valor maior que 12. Portanto, vezes acima do valor de referência. A função renal mos-
nosso foco de tratamento, nesse primeiro momen- trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC
to, é o cálcio. Esperamos inclusive uma melhora do = 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel-
quadro psiquiátrico com sua correção. Sem falar ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito
que o primeiro tratamento para pacientes depres- desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos
sivos não é lítio e risperidona. Pensaríamos em um médicos correlatos, julgue os itens a seguir. O PTH é
Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina. responsável pelo aumento do cálcio sérico.

Take-Home Message:
1) Sintomas de hipercalcemia: alterações neuropsiquiá-
tricas + diabetes insipidus (poliuria é o sintomas
mais comum) + constipação + anorexia
2) Principal clínica de hiperpara primário = hipercalce-
mia assintomática
3) Principal causa de hiperpara primário = adenomas
de paratireoide
O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fibrosa
cística por estímulo exagerado à reabsorção óssea pelo
mesmo (reabsorção óssea subperiosteal nas falanges, tu-
mores marrons, vértebras em "camisa em rugger Jersey")

A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.


Um grande caso clínico com várias questões sobre o
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 30
Uma elevação tão grande de PTH sempre nos direcio-
na para o diagnóstico de hiperparatireoidismo! Vamos
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 109

focar na principal hipótese do caso: hiperparatireoidis- Vamos à alternativa:


mo primário!
O PTH é responsável pelo aumento do cálcio sérico.
Antes disso, vamos responder a seguinte pergunta:
Como funciona o PTH? RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Como se trata
de um hiperparatireoidismo primário, o aumento do
Esse hormônio é secretado pelas paratireoides sendo cálcio é realmente consequência do aumento do PTH!
o principal regulador do cálcio. No rim o PTH leva ao Vamos lembrar que o PTH aumenta a reabsorção de
aumento da reabsorção de cálcio, além de aumentar a cálcio no rim e aumenta a liberação de cálcio dos ossos.
excreção urinária de potássio, sódio e bicarbonato.
Sobre o osso, o PTH exerce 4 efeitos: a) Inibe a síntese
de colágeno nos osteoblastos b) Aumenta a desminera- Take-Home Message:
lização óssea pelos osteócitos c) Aumenta a osteólise d) 1) No rim o PTH leva ao aumento da reabsorção
Aumenta a maturação de células precursoras. A conse- de cálcio.
quência desses efeitos é a diminuição da capacidade ós-
2) Sobre o osso, o PTH exerce como efeito final a dimi-
sea de captar cálcio e uma desmineralização dos ossos,
nuição da capacidade óssea de captar cálcio e uma
aumentando a liberação de cálcio no sangue
desmineralização dos ossos, aumentando a libera-
Focando no que a alternativa quer saber, temos de en- ção de cálcio no sangue.
tender a lógica fisiopatológica do hiperparatireoidismo
3) Grande consequência do hiperparatireoidismo pir-
primário e secundário:
mário: hipercalcemia
HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO:
Enquanto o hiperparatireoidismo primário é causado
É causada pela elevação da produção de PTH devido por produção indevida de PTH pela paratireoide, no
disfunção nas glândulas paratireoides. A forma clínica secundário há um aumento de PTH como tentativa
mais comum é a elevação assintomática do cálcio, de- de corrigir uma hipocalcemia derivada de uma disfun-
tectada por exames de rotina. Porém alguns pacientes ção renal.
podem apresentar sintomas relacionados à hipercalce-
mia (nefrolitíase, reabsorção óssea, arritmias). A maior
parte dos casos ocorre em mulheres entre 50 e 65 anos.
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO E
TERCIÁRIO
A origem do hiperpara secundário vem, na verdade,
de uma hipocalcemia secundária a uma disfunção re-
nal. O aumento do PTH é, portanto, uma tentativa de
equilibrar o distúrbio. Porém essa elevação é incapaz de
corrigir o cálcio, que permanece baixo. Vale ressaltar
que a gênese do cálcio baixo vem do aumento do fósfo-
ro (que se liga ao cálcio) e da redução da Vitamina D e
consequente redução na absorção intestinal
O hiperparatireoidismo terciário surge quando, devido
a um hiperparatireiodismo secundário prolongado, o
paciente desenvolve tecidos produtores de PTH.
110 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 32 na para o diagnóstico de hiperparatireoidismo! Vamos


focar na principal hipótese do caso: hiperparatireoidis-
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín- mo primário!
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do
status mental, humor deprimido e mudança de com- Vamos focar nas manifestações clínicas e no diagnóstico:
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea. 1) Manifestações clínicas
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20
São muito relacionadas à grande alteração gerada por
vezes acima do valor de referência. A função renal mos-
um hiperparatireoidismo: a hipercalcemia. Sintomas
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC
começam a aparecer quando há moderada elevação do
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel-
cálcio (acima de 12) e incluem:
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos A) Disturbios neuropsiquiátricos
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. Sintomas Disfunção cognitiva, ansiedade, depressão que podem
psiquiátricos são pouco conhecidos e extremamente ra- evoluir para letargia, confusão, torpor e coma, princi-
ros nesses pacientes. palmente em pacientes com valores acima de 14
B) Distúrbios gastrointestinais
Constipação, anorexia, náusea.
C) Disfunção renal
Diabetes insipidus (causada por um defeito na concen-
tração de urina, levando a poliúria e polidipsia); Nefro-
litíase; Nefrocalcinose;
D) Outros
Fraqueza muscular, Arritmia cardíaca
O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fibrosa
cística por estímulo exagerado à reabsorção óssea pelo
mesmo (reabsorção óssea subperiosteal nas falanges,
tumores marrons, vértebras em "camisa em rugger Je-
rsey"). Agora vocês já conseguem entender o que são
aqueles tumores na foto da questão! São os tumores
A) CERTO marrons que acabamos de citar, que nada mais são do
B) ERRADO que substituição de tecido ósseo por tecido fibroso pela
ação do PTH
Resposta correta: Letra B

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.


Um grande caso clínico com várias questões sobre o
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 30
Uma elevação tão grande de PTH sempre nos direcio-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 111

Take-Home Message:
1) Principal clínica de hiperpara primário = hipercalce-
mia assintomática
2) Principal causa de hiperpara primário = adenomas
de paratireoide
3) Obrigatório pedir: imagem renal (TC ou US), den-
sitometria e cálciuria em urina 24h
Principais sintomas de hipercalcemia: alterações neu-
ropsiquiátricas + diabetes insipidus (poliuria é o sinto-
mas mais comum) + constipação + anorexia

Vértebras em camisa rugger Jersey

2) Diagnóstico
O diagnóstico é firmado com a hipercalcemia associada
à elevação do PTH. Porém uma série de outros exames
faz parte da investigação inicial, com o intuito de inves-
tigar possíveis complicações:
Ultrassonografia de Rins e Vias urinárias (nefrolití-
ase)
Densitometria óssea (reabsorção óssea)
Urina 24h com pesquisa de calciúria (poten-
cial nefrocalcinose)
Vitamina D
Vamos à alternativa:
Sintomas psiquiátricos são pouco conhecidos e extre-
mamente raros nesses pacientes.
Resposta correta: Letra B, ERRADA. Os sintomas
neuropsiquiátricos, pelo contrário, são bem ca-
racterísticos, tendo relação direta com o nível de
cálcio. Valores acima de 12 normalmente causam
sintomas e valores acima de 14 se relacionam com
graves distúrbios!
112 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 33 na para o diagnóstico de hiperparatireoidismo! Vamos


focar na principal hipótese do caso: hiperparatireoidis-
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín- mo primário!
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do
status mental, humor deprimido e mudança de com- Antes disso, vamos responder a seguinte pergunta:
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea. Como funciona o PTH?
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20 Esse hormônio é secretado pelas paratireoides sendo
vezes acima do valor de referência. A função renal mos- o principal regulador do cálcio. No rim o PTH leva ao
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC aumento da reabsorção de cálcio, além de aumentar a
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel- excreção urinária de potássio, sódio e bicarbonato.
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito
Sobre o osso, o PTH exerce 4 efeitos: a) Inibe a síntese
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos
de colágeno nos osteoblastos b) Aumenta a desminera-
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. Vitamina D
lização óssea pelos osteócitos c) Aumenta a osteólise d)
pode ser considerada como um tratamento não cirúrgi-
Aumenta a maturação de células precursoras. A conse-
co importante para esse paciente.
quência desses efeitos é a diminuição da capacidade ós-
sea de captar cálcio e uma desmineralização dos ossos,
aumentando a liberação de cálcio no sangue
A alternativa pergunta sobre o tratamento! Exis-
te um tratamento para a hipercalcemia e um para
o hiperparatireoidismo:
1) Tratamento do hiperparatireoidismo
O tratamento de um paciente com hiperparatireoidis-
mo primário passa por acompanhamento ou por para-
tireoidectomia. Como vamos definir o que fazer?
Cirurgia: SINTOMÁTICOS ou pacientes que
apresentem qualquer um dos seguintes:
Ø Concentração de Cálcio sérico >1,0 acima do limite
superior da normalidade
Ø T-score < 2,5 Desvios padrões (avaliado na coluna
A) CERTO lombar, colo do fêmur, radio distal ou quadril)
B) ERRADO
Ø Fratura prévia
Resposta correta: Letra B, Ø TFG<60

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. Ø Menos de 50 anos de idade


Um grande caso clínico com várias questões sobre o Ø Nefrolitiase ou nefrocalcinose em exame de imagem
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
Ø >400mg/dia de cálcio urinário. Alguns especialistas
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
consideram que essa indicação deve ser associada a
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
algum outro fator de risco para formação de cálcu-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 30
los. Porém não é consenso.
Uma elevação tão grande de PTH sempre nos direcio-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 113

Conduta expectante: o resto Suas funções básicas são:


2) Tratamento da hipercalcemia Ø Aumento da absorção intestinal de cálcio
O tratamento da hipercalcemia moderada ou discreta Ø Aumento da reabsorção óssea
é baseada mais em medidas comportamentais: hidrata-
Ø Diminuição da excreção renal de cálcio e fosfato
ção correta, evitar diuréticos tiazídicos, diminuir inges-
ta de cálcio... Então, frente a essas informações, vamos responder
a questão!
Terapia inicial de hipercalcemia severa (>14) demanda
administração simultânea de SALINA ISOTÔNICA + Vitamina D pode ser considerada como um tratamen-
CALCITONINA (hipocalcemiante mais imediato) + to não cirúrgico importante para esse paciente.
BIFOSFONATO (hipocalcemiante a longo prazo)
Resposta correta: Letra B, ERRADA. Acabamos de
A solução isotônica é fundamental porque a maioria ver que as funções básicas da vitamina D estimu-
dos pacientes com hipercalemia apresentam depleção lam a hipercalcemia. Portanto, num quadro de hi-
de volume (lembre que o paciente apresenta hiporexia perparatireoidismo primário, não faz sentido dar-
e poliúria!) É de bom tom manter 200 a 300mL/h e mos vitamina D, uma vez que o cálcio aumentado
ajustar para manter diurese entre 100 a 150mL/h é justamente um dos principais problemas.
Em pacientes sem disfunção renal ou cardíaca, não é
recomendado o uso de furosemida para aumentar a ex- Take-Home Message:
creção renal de cálcio. Porém em quem está edemacia-
do ou com falência renal, o uso MUITO CUIDADO- 1) Tratamento da hipercalcemia severa em 3 pilares:
SO de furosemida pode ser necessário. Expansão Volêmica + Calcitonina + Bifosfonado
2) Indicações de paratireoidectomia: SINTOMÁTI-
O bisfosfonato mais usado é o Ácido Zoledrônico. O
COS ou pacientes que apresentem qualquer um
Denosumabe é um anticorpo monoclonal que se liga
ao RANKL dos osteoclastos, atuando como um inibi- dos seguintes:
dor da reabsorção óssea. É bem mais potente e uma boa A) Concentração de Cálcio sérico >1,0 acima do
opção terapêutica em substituição ao bifosfonato. limite superior da normalidade
B) T-score < 2,5 Desvios padrões (avaliado na co-
luna lombar, colo do fêmur, radio distal ou quadril)
Ok. Mas a alternativa quer saber sobre a vitamina D.
C) Fratura prévia
Então vamos compreender um pouco sobre ela:
D) TFG<60
A vitamina D é lipossolúvel (assim como as vitaminas
K, A e E). Sua principal fonte de produção é a síntese E) Menos de 50 anos de idade
na derme, intermediada por raios UV. Na dieta, obte- f. Nefrolitiase ou nefrocalcinose em exame de imagem
mos vitamina D por meio de peixes gordurosos, leite e g. >400mg/dia de cálcio urinário. Alguns especia-
ovos. O que a luz solar faz é converter o 7-desidrocoles- listas consideram que essa indicação deve ser asso-
terol em Colecalciferol. O colecalciferol é uma forma ciada a algum outro fator de risco para formação de
inativa. Para chegar até a forma ativa, ele deve passar cálculos. Porém não é consenso.
por 2 metabolizações: 3) Funções básicas da vitamina D:
· Hepática: formando a 25-hidroxivitamina D (que é a A) Aumento da absorção intestinal de cálcio
principal forma circulante) B) Aumento da reabsorção óssea
· Renal: formando a 1-25-diidroxivitamina D (que é a Diminuição da excreção renal de cálcio e fosfato
forma ativa)
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QUESTÃO 34 focar na principal hipótese do caso: hiperparatireoidis-


mo primário!
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da Ín-
dia, foi atendido no pronto- socorro por alteração do Vamos focar nas manifestações clínicas e no diagnóstico:
status mental, humor deprimido e mudança de com- 1) Manifestações clínicas
portamento. Além disso, ele apresentava dor óssea.
São muito relacionadas à grande alteração gerada por
Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH 20
um hiperparatireoidismo: a hipercalcemia. Sintomas
vezes acima do valor de referência. A função renal mos-
começam a aparecer quando há moderada elevação do
trou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente; FC
cálcio (acima de 12) e incluem:
= 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC de pel-
ve foi realizado, conforme imagem a seguir. A respeito A) Disturbios neuropsiquiátricos
desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos Disfunção cognitiva, ansiedade, depressão que podem
médicos correlatos, julgue os itens a seguir. As setas em evoluir para letargia, confusão, torpor e coma, princi-
branco denotam lesões líticas. palmente em pacientes com valores acima de 14
B) Distúrbios gastrointestinais
Constipação, anorexia, náusea.
C) Disfunção renal
Diabetes insipidus (causada por um defeito na concen-
tração de urina, levando a poliúria e polidipsia); Nefro-
litíase; Nefrocalcinose;
D) Outros
Fraqueza muscular, Arritmia cardíaca
O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fibrosa
cística por estímulo exagerado à reabsorção óssea pelo
mesmo (reabsorção óssea subperiosteal nas falanges,
tumores marrons, vértebras em "camisa em rugger Je-
rsey"). Agora vocês já conseguem entender o que são
aqueles tumores na foto da questão! São os tumores
A) CERTO marrons que acabamos de citar, que nada mais são do
B) ERRADO que substituição de tecido ósseo por tecido fibroso pela
ação do PTH
Resposta correta: Letra A

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.


Um grande caso clínico com várias questões sobre o
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 30
Uma elevação tão grande de PTH sempre nos direcio-
na para o diagnóstico de hiperparatireoidismo! Vamos
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 115

QUESTÃO 35
Um paciente de 60 anos de idade, proveniente da
Índia, foi atendido no pronto- socorro por alteração
do status mental, humor deprimido e mudança de
comportamento. Além disso, ele apresentava dor ós-
sea. Exames bioquímicos indicaram o nível de PTH
20 vezes acima do valor de referência. A função renal
mostrou-se preservada; SatO2 = 97% em ar ambiente;
FC = 86 bpm; e PA = 120 mmHg x 84 mmHg. TC
de pelve foi realizado, conforme imagem a seguir. A
respeito desse caso clínico e tendo em vista os conhe-
cimentos médicos correlatos, julgue os itens a seguir.
É importante avaliar a presença de fraturas vertebrais,
bem como sintomas de compressão radicular.

Vértebras em camisa rugger Jersey


Vamos à alternativa:
As setas em branco denotam lesões líticas.
RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. A formação dos
tumores marrons vem da atividade excessiva dos osteo-
clastos e substituição por tecido fibroso, sendo consis-
tente com uma lesão lítica.

Take-Home Message:
1) Sintomas de hipercalcemia: alterações neuropsiquiá-
tricas + diabetes insipidus (poliuria é o sintomas A) CERTO
mais comum) + constipação + anorexia
B) ERRADO
2) O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fi-
brosa cística por estímulo exagerado à reabsorção Resposta correta: Letra A
óssea pelo mesmo (reabsorção óssea subperiosteal
nas falanges, tumores marrons, vértebras em "cami- ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.
sa em rugger Jersey") Um grande caso clínico com várias questões sobre o
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
Tumores marrons são causados por atividade excessiva to, uma vez que o comentário na primeira questão será
dos osteoclastos e substituição por tecido fibroso, completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
sendo consistente com uma lesão lítica. CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 30
Uma elevação tão grande de PTH sempre nos direcio-
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na para o diagnóstico de hiperparatireoidismo! Vamos


focar na principal hipótese do caso: hiperparatireoidis-
mo primário!
Vamos focar nas manifestações clínicas e no diagnóstico:
1) Manifestações clínicas
São muito relacionadas à grande alteração gerada por
um hiperparatireoidismo: a hipercalcemia. Sintomas
começam a aparecer quando há moderada elevação do
cálcio (acima de 12) e incluem:
A) Disturbios neuropsiquiátricos
Disfunção cognitiva, ansiedade, depressão que podem
evoluir para letargia, confusão, torpor e coma, princi-
palmente em pacientes com valores acima de 14
B) Distúrbios gastrointestinais
Constipação, anorexia, náusea. Vértebras em camisa rugger Jersey
C) Disfunção renal Vamos à alternativa:
Diabetes insipidus (causada por um defeito na concen-
É importante avaliar a presença de fraturas vertebrais,
tração de urina, levando a poliúria e polidipsia); Nefro-
bem como sintomas de compressão radicular.
litíase; Nefrocalcinose;
RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Acabamos de
D) Outros
ver que o PTH favorece a reabsorção óssea, o que
Fraqueza muscular, Arritmia cardíaca diminui a resistência do osso. E isso é especial-
O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fibrosa mente importante na coluna (onde as vértebras
cística por estímulo exagerado à reabsorção óssea pelo ficam com aspecto em "rugger Jersey"). Portanto,
mesmo (reabsorção óssea subperiosteal nas falanges, há risco aumentado de fraturas com consequente
tumores marrons, vértebras em "camisa em rugger Je- compressão radicular!
rsey"). Agora vocês já conseguem entender o que são
aqueles tumores na foto da questão! São os tumores
Take-Home Message:
marrons que acabamos de citar, que nada mais são do
que substituição de tecido ósseo por tecido fibroso pela 1) Sintomas de hipercalcemia: alterações neuropsiquiá-
ação do PTH tricas + diabetes insipidus (poliuria é o sintomas
mais comum) + constipação + anorexia
2) O PTH aumentado cronicamente causa osteíte fi-
brosa cística por estímulo exagerado à reabsorção
óssea pelo mesmo (reabsorção óssea subperiosteal
nas falanges, tumores marrons, vértebras em “cami-
sa em rugger Jersey”)
Há um evidente risco de fraturas ósseas pela menor
resistência. Isso é particularmente verdade para as
regiões de maior impacto!
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QUESTÃO 36 4) O GRANDE fator de risco é o tabagismo (tanto


ativo quanto passivo.)
Um paciente de 55 anos de idade foi internado por mal-
-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últimos três 5) ATENÇÃO: NÃO ESPERO ENCONTRAR BA-
dias e SatO2 = 92%, com canula nasal fornecendo flu- QUETEAMENTO DIGITAL!!!
xo de 4 litros por minuto. Verificam-se PA= 90mmHg 6) Aspectos radiológicos: A radiografia de tórax apre-
x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo o scope sinusal. senta achados de hiperinsuflação pulmonar: aumento
O paciente tem um histórico de tabagismo ativo há do diâmetro antero-posterior, retificação das hemicú-
35 anos (1 carteira por dia). Nos últimos meses, tem pulas diafragmáticas, pulmões hipertransparentes...
tosse crônica (oito meses nos últimos dois anos), além Afinal há retenção de ar!
de dispneia aos moderados esforços. Ele apresentou
7) Diagnóstico de acordo com a Espirometria: índice
carteira de vacinação com duas doses da vacina contra
de Tiffeneau (VEF1/CVF) menor que 70% mesmo
a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou espirometria
após uso de broncodilatadores
com VEF1 de 45% do previsto. Não houve resposta
ao broncodilatador. Considerando esse caso clínico e A) Agora, atenção para um detalhe: caso o valor en-
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a contrado seja entre 0,6 e 0,8, é indicada a repetição
seguir. Provavelmente, a enfermidade apresentada está da espirometria!!!
associada à destruição do parênquima. 8) Estadiamento de acordo com a Espirometria (todos
A) CERTO os valores abaixo devem ser após uso de broncodilata-
dores. A lógica é a seguinte: como DPOC é uma con-
B) ERRADO
dição clínica irreversível, a melhora dos valores com o
Resposta correta: Letra A uso dos broncodilatadores bota em suspeição o diag-
nóstico!)
Esse paciente apresenta vários elementos para conside- A) LEVE (Estagio I): VEF1 maior ou igual a 80%
rarmos portador de um quadro de DPOC exacerbado!
B) MODERADA (Estágio II): VEF1 entre 50 e 80%
Vamos fazer um resumo desse tema!
C) GRAVE (Estágio III): VEF1 entre 30 e 50%
PARTE 1: ASPECTOS GERAIS
D) MUITO GRAVE (Estágio IV): VEF1 menor
1) O que é o DPOC ? É uma doença caracterizada que 30%
pela obstrução irreversível e difusa das vias aéreas baixas
com consequente destruição parenquimatosa.
PARTE 2: EXACERBAÇÃO
2) Quais os principais sintomas? Dispneia progressiva
aos esforços e tosse crônica
3) Quais os espectros clínicos? Bom, mas como dissemos, há uma exacerbação do
DPOC! Pelo GOLD, a definição de DPOC é "um
A) Enfisema pulmonar, quando há destruição paren- evento agudo caracterizado pela piora dos sintomas do
quimatosa. É o modelo do DPOC paciente para mais do que é considerado basal" Isso in-
B) Bronquite crônica, quando há acometimento dos clui um ou mais dos seguintes sintomas:
brônquios. Importante lembrar que, se o paciente
Ø Frequencia e gravidade da tosse
se apresentar apenas com Bronquite, ou seja, sem
elemento parenquimatoso associado, não há pro- Ø Piora da expectoração em volume ou cor
priamente obstrução! Ø Piora da dispneia
A primeira pergunta que devemos fazer quando diag-
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nosticamos um DPOC exacerbado é: Esse paciente bidades, exacerbações frequentes, idade > 65 anos,
deve ser hospitalizado? Quem apresentar algum dos uso de O2 domiciliar): BETALACTÂMICO+INI-
critérios abaixo: BIDOR DA BETALACTAMASE ou FLUORO-
Ø Piora significativa dos sintomas QUINOLONA RESPIRATÓRIA (Levofloxacino
ou Moxifloxacino)
Ø DPOC grave de base (FEV1<50%)
Ø Pacientes com fatores de risco para Pseudomonas:
Ø Comorbidades associadas (Arritmias, DM, Falência CIPROFLOXACINO. Normalmente adicionamos
renal ou hepática) também a AMOXICILINA porque temos de lembrar
Ø Fragilidade que cipro não é uma fluoroquinolona respiratória, por-
tanto o acréscimo aumenta o espectro de ação!
Ø Falta de suporte domiciliar
A duração em média é de 5 dias.
1) Tratamento domiciliar
Baseado em um tripé: TERAPIA BRONCODILATA-
DORA + CORTICOTERAPIA + ANTIBIOTICO 2) Tratamento em pacientes hospitalizados
Ø Terapia broncodilatadora: deve ser instituída para O tratamento é feito baseado no risco de infecção
todos os pacientes. A preferência é pelos beta-ago- por Pseudomonas!
nistas de curta ação associado a antagonistas mus- Quem tem esse risco aumentado? Infecção prévia por
carínicos (Salbutamol/Fenoterol + Ipratróprio), em Pseudomonas; DPOC muito grave; Bronquiectasias;
dose de 2 inalações a cada 4 horas ). O guideline Antibiótico de amplo espectro nos últimos 3 meses;
do GOLD ainda orienta continuar o tratamento uso crônico de corticoide.
crônico utilizado
Ø Em caso positivo, usamos um antipseudomônico,
Ø Corticoterapia: o uso de Prednisona 40mg 5-10 dias de preferência: Cefepime, Piperacilina-Tazobactam e
foi associado com menores taxas de recidiva, por- Ceftazidima
tanto é também indicada.
Ø Em caso negativo, podemos usar uma QUINO-
Agora, entendam um conceito mais espinhoso: a in- LONA RESPIRATÓRIA ou uma CEFALOSPO-
dicação de antibioticoterapia. O GOLD indica RINA DE TERCEIRA GERAÇÃO (Ceftriaxone
antibiótico para quem apresente os 3 sintomas de- ou cefotaxime)
finidores ou aqueles que apresentem 2 desde que
um deles seja a purulência do escarro. Outras re- A duração do tratamento em média é de 7 dias
ferências variam um pouco, indicando apenas nos
pacientes que apresentem 2 dos 3 sintomas defini- Vamos à alternativa:
dores de DPOC exacerbado! Provavelmente, a enfermidade apresentada está associa-
Sobre qual antibiótico, separamos essa seleção em da à destruição do parênquima.
3 grupos: RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Como vimos,
Ø Pacientes com quadro mais brando, sem risco para um dos grandes espectros de doença do DPOC é
Pseudomonas: MACROLÍDEO ou CEFALOS- o enfisema. Situação que cursa com destruição do
PORINA DE SEGUNDA/ TERCEIRA GERA- parênquima. Como a alternativa disse "provavel-
ÇÃO (Cefuroxima, por exemplo) ou BETALAC- mente", então ela está correta!
TÂMICO+INIBIDOR DA BETALACTAMASE
Ø Paciente com fatores de pior prognóstico (comor-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 119

Take-Home Message: QUESTÃO 37


1) O que é o DPOC ? É uma doença caracterizada pela Um paciente de 55 anos de idade foi internado por mal-
obstrução irreversível e difusa das vias aéreas baixas -estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últimos três
com consequente destruição parenquimatosa. dias e SatO2 = 92%, com canula nasal fornecendo flu-
2) 2) Diagnóstico de acordo com a Espirometria: ín- xo de 4 litros por minuto. Verificam-se PA= 90mmHg
dice de Tiffeneau (VEF1/CVF) menor que 70% x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo o scope sinusal.
mesmo após uso de broncodilatadores O paciente tem um histórico de tabagismo ativo há
35 anos (1 carteira por dia). Nos últimos meses, tem
A) Caso o valor encontrado seja entre 0,6 e 0,8, é indi-
tosse crônica (oito meses nos últimos dois anos), além
cada a repetição da espirometria!!
de dispneia aos moderados esforços. Ele apresentou
3) Estadiamento de acordo com a Espirometria (todos carteira de vacinação com duas doses da vacina contra
os valores abaixo devem ser após uso de broncodila- a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou espirometria
tadores. A lógica é a seguinte: como DPOC é uma com VEF1 de 45% do previsto. Não houve resposta
condição clínica irreversível, a melhora dos valores ao broncodilatador. Considerando esse caso clínico e
com o uso dos broncodilatadores bota em suspei- os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
ção o diagnóstico!) seguir. VEF1 desse paciente denota bom prognóstico.
A) LEVE (Estagio I): VEF1 maior ou igual a 80% A) CERTO
B) MODERADA (Estágio II): VEF1 entre 50 e 80% B) ERRADO
C) GRAVE (Estágio III): VEF1 entre 30 e 50% Resposta correta: Letra B
D) MUITO GRAVE (Estágio IV): VEF1 menor
que 30% ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.
Um grande caso clínico com várias questões sobre o
4) Definição de exacerbação: presença de pelo menos mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
um dos seguintes: to, uma vez que o comentário na primeira questão será
A) Frequencia e gravidade da tosse completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 36
B) Piora da expectoração em volume ou cor
Questão cobra especificamente o estadiamento do
C) Piora da dispneia
DPOC. Vamos rever um pouco dos principais valores
relacionados à espirometria e sua relação com a doença:
A) Capacidade vital forçada expiratória: partindo da
inspiração máxima, a CVF representa todo volume
exalado sob esforço máximo
B) Volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1):
durante a mensuração da CVF, é quanto volume é
exalado no primeiro segundo
C) VEF1/CVF (Índice de Tiffeneau): esse é o padrão
usado para o diagnóstico de distúrbios obstrutivos e
restritivos. Afinal, se há uma obstrução, CVF pode
cair, porém o VEF1 cai mais. Nos distúrbios restri-
tivos, ambos caem de maneira semelhante!
120 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

D) O FEF (Fluxo expiratório forçado médio) 25-75 é Take-Home Message:


um fluxo que mede de maneira mais acurada a per- 1) Três parâmetros importantes na espirometria:
meabilidade das vias aéreas, uma vez que estima-se
que nesse momento o ar que estava na laringe e nas A) Capacidade vital forçada expiratória: partindo da
vias aéreas superiores já saiu e aquele que está nos inspiração máxima, a CVF representa todo volume
bronquíolos e nos alvéolos ainda não chegou. É o exalado sob esforço máximo
primeiro fator que se altera e, mesmo assim, é uma B) Volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1):
redução e não um aumento. durante a mensuração da CVF, é quanto volume é
Usando esses termos, podemos avaliar a espirometria exalado no primeiro segundo
de um paciente com DPOC! C) VEF1/CVF (Índice de Tiffeneau): esse é o padrão
1) Diagnóstico de acordo com a Espirometria: índice usado para o diagnóstico de distúrbios obstrutivos e
de Tiffeneau (VEF1/CVF) menor que 70% mesmo restritivos. Afinal, se há uma obstrução, CVF pode
após uso de broncodilatadores cair, porém o VEF1 cai mais. Nos distúrbios restri-
A) Agora, atenção para um detalhe: caso o valor en- tivos, ambos caem de maneira semelhante!
contrado seja entre 0,6 e 0,8, é indicada a repetição 2) Diagnóstico de acordo com a Espirometria: índice
da espirometria!!! de Tiffeneau (VEF1/CVF) menor que 70% mesmo
2) Estadiamento de acordo com a Espirometria (todos após uso de broncodilatadores
os valores abaixo devem ser após uso de broncodilata- A) Caso o valor encontrado seja entre 0,6 e 0,8, é indi-
dores. A lógica é a seguinte: como DPOC é uma con- cada a repetição da espirometria!!!
dição clínica irreversível, a melhora dos valores com o
3) Estadiamento de acordo com a Espirometria (todos
uso dos broncodilatadores bota em suspeição o diag-
os valores abaixo devem ser após uso de broncodila-
nóstico!)
tadores. A lógica é a seguinte: como DPOC é uma
A) LEVE (Estagio I): VEF1 maior ou igual a 80% condição clínica irreversível, a melhora dos valores
B) MODERADA (Estágio II): VEF1 entre 50 e 80% com o uso dos broncodilatadores bota em suspei-
C) GRAVE (Estágio III): VEF1 entre 30 e 50% ção o diagnóstico!)
D) MUITO GRAVE (Estágio IV): VEF1 menor B) LEVE (Estagio I): VEF1 maior ou igual a 80%
que 30% C) MODERADA (Estágio II): VEF1 entre 50 e 80%
Vamos à alternativa: D) GRAVE (Estágio III): VEF1 entre 30 e 50%

VEF1 desse paciente denota bom prognóstico. E) MUITO GRAVE (Estágio IV): VEF1 menor que
30%
Resposta correta: Letra B, ERRADA. Um VEF1 de
45% classifica o paciente como grave, portanto de
pior prognóstico!
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 121

QUESTÃO 38 D) O FEF (Fluxo expiratório forçado médio) 25-75 é


um fluxo que mede de maneira mais acurada a per-
Um paciente de 55 anos de idade foi internado por mal- meabilidade das vias aéreas, uma vez que estima-se
-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últimos três que nesse momento o ar que estava na laringe e nas
dias e SatO2 = 92%, com canula nasal fornecendo flu- vias aéreas superiores já saiu e aquele que está nos
xo de 4 litros por minuto. Verificam-se PA= 90mmHg bronquíolos e nos alvéolos ainda não chegou. É o
x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo o scope sinusal. primeiro fator que se altera e, mesmo assim, é uma
O paciente tem um histórico de tabagismo ativo há 35 redução e não um aumento.
anos (1 carteira por dia). Nos últimos meses, tem tosse
Então, o que consideramos um "padrão obstrutivo" e
crônica (oito meses nos últimos dois anos), além de disp-
um "padrão restritivo" na espirometria?
neia aos moderados esforços. Ele apresentou carteira de
vacinação com duas doses da vacina contra a Covid-19, 1) Um padrão obstrutivo ocorre naqueles pacientes
da AstraZeneca, e realizou espirometria com VEF1 de em que o estreitamento das vias aéreas resulta em uma
45% do previsto. Não houve resposta ao broncodilata- maior redução do VEF1 em relação à CVF, o que re-
dor. Considerando esse caso clínico e os conhecimentos sulta em um índice VEF1/CVF também reduzido! Os
médicos correlatos, julgue o item a seguir. O padrão es- dois grandes exemplos são o DPOC e a asma.
perado da espirometria é de doença obstrutiva. 2) Um padrão restritivo ocorre quando há uma redução
A) CERTO do VEF1 e do CVF de maneira ou mais equilibrada ou
B) ERRADO maior da CVF, resultando em uma relação VEF1/CVF
normal ou aumentada. Podemos citar como exemplos:
Resposta correta: Letra A fibrose pulmonar, doenças pulmonares intersticiais e
alterações anatômicas de tórax.
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.
Um grande caso clínico com várias questões sobre o Vamos à alternativa:
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será O padrão esperado da espirometria é de doen-
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- ça obstrutiva.
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 36 RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Essa alternativa
Item que também cobra aspectos da espirometria de um poderia ser resolvida até sem esses conhecimen-
paciente com DPOC. Para entendermos, vamos insistir tos, uma vez que na própria etmologia da doença
nos parâmetros espirométricos mais cobrados em prova: temos a resposta ("Doença Pulmonar OBSTRU-
TIVA Crônica)
A) Capacidade vital forçada expiratória: partindo da
inspiração máxima, a CVF representa todo volume
exalado sob esforço máximo
B) Volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1):
durante a mensuração da CVF, é quanto volume é
exalado no primeiro segundo
C) VEF1/CVF (Índice de Tiffeneau): esse é o padrão
usado para o diagnóstico de distúrbios obstrutivos e
restritivos. Afinal, se há uma obstrução, CVF pode
cair, porém o VEF1 cai mais. Nos distúrbios restri-
tivos, ambos caem de maneira semelhante!
122 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: QUESTÃO 39


1) Três parâmetros importantes na espirometria: Um paciente de 55 anos de idade foi internado por
A) Capacidade vital forçada expiratória: partindo da mal-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últi-
inspiração máxima, a CVF representa todo volume mos três dias e SatO2 = 92%, com canula nasal for-
exalado sob esforço máximo necendo fluxo de 4 litros por minuto. Verificam-se
PA= 90mmHg x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo
B) Volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1):
o scope sinusal. O paciente tem um histórico de taba-
durante a mensuração da CVF, é quanto volume é
gismo ativo há 35 anos (1 carteira por dia). Nos últi-
exalado no primeiro segundo
mos meses, tem tosse crônica (oito meses nos últimos
C) VEF1/CVF (Índice de Tiffeneau): esse é o padrão dois anos), além de dispneia aos moderados esforços.
usado para o diagnóstico de distúrbios obstrutivos e Ele apresentou carteira de vacinação com duas doses da
restritivos. Afinal, se há uma obstrução, CVF pode vacina contra a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou
cair, porém o VEF1 cai mais. Nos distúrbios restri- espirometria com VEF1 de 45% do previsto. Não hou-
tivos, ambos caem de maneira semelhante! ve resposta ao broncodilatador. Considerando esse caso
2) O que diferencia um distúrbio obstrutivo de crônico? clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir. Embora o paciente esteja totalmente
A) No obstrutivo VEF1 cai mais que CVF (VEF1/ vacinado, a infecção de coronavírus tende a apresentar
CVF reduzido) alto risco de evolução para ventilação mecânica, sendo
B) No restritivo CVF cai mais que VEF1 ou ambos necessário ser descartada.
caem de maneira semelhante (VEF1/CVF normal A) CERTO
ou aumentado)
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.


Um grande caso clínico com várias questões sobre o
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 36
Essa questão trata especificamente da dupla DPOC e
COVID! Já adiantaremos que essa questão foi correta-
mente anulada.
Antes vamos fazer um perguntas e respostas bem direto!
1) Qual a apresentação clínica da COVID? É absurda-
mente variável. Dispneia, mialgia, tosse, febre, dor
de garganta, dor torácica, cefaleia, fadiga, diarreia,
alterações de paladar e olfato.
2) Quais fatores são associados com pior desfecho? São
inúmeros. Alguns mais frequentes na prática são:
idade>65 anos, doença pulmonar crônica, doença
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 123

renal crônica, câncer, diabetes, HIV, doenças car- Take-Home Message:


diovasculares... 1) Quais fatores são associados com pior desfecho na
3) É possível diferenciar COVID-19 das outras síndro- COVID-19? Idade>65 anos, doença pulmonar
mes respiratórias? Não! crônica, doença renal crônica, câncer, diabetes,
4) O que é considerado um caso suspeito de CO- HIV, doenças cardiovasculares...
VID-19? 2) É possível diferenciar COVID-19 das outras síndro-
A) Quadro 1: Síndrome Gripal. Presença de 2 dos mes respiratórias? Não!
seguintes: febre, calafrios, dor de garganta, dor de 3) O que é considerado um caso suspeito de CO-
cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúr- VID-19?
bios gustativos A) Quadro 1: Síndrome Gripal. Presença de 2 dos
B) Quadro 2: Síndrome Respiratória Aguda Grave seguintes: febre, calafrios, dor de garganta, dor de
(SRAG): indivíduo que apresente dispneia/descon- cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúr-
forto respiratório OU pressão ou dor persistente no bios gustativos
tórax OU saturação < 92% OU cianose B) Quadro 2: Síndrome Respiratória Aguda Grave
5) Quais as alterações laboratoriais mais encontradas (SRAG): indivíduo que apresente dispneia/descon-
no COVID? Linfopenia, transaminases e LDH forto respiratório OU pressão ou dor persistente no
aumentado, elevação de marcadores infamatórios tórax OU saturação < 92% OU cianose
(Ferritina, PCR) 4) E pacientes com DPOC? É uma das populações de
6) E pacientes com DPOC? É uma das populações de maior risco! Pacientes com essas duas entidades
maior risco! Pacientes com essas duas entidades aumentam imensamente o risco de admissão em
aumentam imensamente o risco de admissão em UTI, necessidade de ventilação mecânica e morte.
UTI, necessidade de ventilação mecânica e morte. É possível um paciente vacinado apresentar infecção?
7) É possível um paciente vacinado apresentar infec- Sim, apesar do risco ser bem menor e com menor
ção? Sim, apesar do risco ser bem menor e com me- chance de complicações.
nor chance de complicações.
Bom, então vamos entender a alternativa:
Embora o paciente esteja totalmente vacinado, a in-
fecção de coronavírus tende a apresentar alto risco de
evolução para ventilação mecânica, sendo necessário
ser descartada.
RESPOSTA: LETRA A, CORRETA.
Vejam só. Por mais que indivíduos vacinados tenham
menor tendência a apresentar complicações, a dupla
DPOC + COVID é sim uma das mais propícias à com-
plicações severas. E a COVID deve ser descartada, pois
o paciente se encaixa no grupo da síndrome respiratória
aguda grave! Portanto consideramos a alternativa correta,
apesar do gabarito liberado, inicialmente, ter sido errada.
A banca acatou o recurso e anulou a questão
124 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 40 foi associado com menores taxas de recidiva, portanto


é também indicada.
Um paciente de 55 anos de idade foi internado por
mal-estar, piora da tosse, piora da dispneia nos últi- Agora, entendam um conceito mais espinhoso: a indi-
mos três dias e SatO2 = 92%, com canula nasal for- cação de antibioticoterapia. O GOLD indica antibi-
necendo fluxo de 4 litros por minuto. Verificam-se ótico para quem apresente os 3 sintomas definidores
PA= 90mmHg x 60 mmHg e FC = 110 bpm, sendo ou aqueles que apresentem 2 desde que um deles seja
o scope sinusal. O paciente tem um histórico de taba- a purulência do escarro. Outras referências variam um
gismo ativo há 35 anos (1 carteira por dia). Nos últi- pouco, indicando apenas nos pacientes que apresentem
mos meses, tem tosse crônica (oito meses nos últimos 2 dos 3 sintomas definidores de DPOC exacerbado!
dois anos), além de dispneia aos moderados esforços. Sobre qual antibiótico, separamos essa seleção em
Ele apresentou carteira de vacinação com duas doses da 3 grupos:
vacina contra a Covid-19, da AstraZeneca, e realizou
Pacientes com quadro mais brando, sem risco para
espirometria com VEF1 de 45% do previsto. Não hou-
Pseudomonas: MACROLÍDEO ou CEFALOSPORI-
ve resposta ao broncodilatador. Considerando esse caso
NA DE SEGUNDA/ TERCEIRA GERAÇÃO (Cefu-
clínico e os conhecimentos médicos correlatos, julgue
roxima, por exemplo) ou BETALACTÂMICO+INI-
o item a seguir. Para esse paciente, pode-se usar azitro-
BIDOR DA BETALACTAMASE
micina 500 mg por três dias.
Paciente com fatores de pior prognóstico (comorbida-
A) CERTO
des, exacerbações frequentes, idade > 65 anos, uso de O2
B) ERRADO domiciliar): BETALACTÂMICO+INIBIDOR DA
Resposta correta: Letra B BETALACTAMASE ou FLUOROQUINOLONA
RESPIRATÓRIA (Levofloxacino ou Moxifloxacino)
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. Pacientes com fatores de risco para Pseudomonas: CI-
Um grande caso clínico com várias questões sobre o PROFLOXACINO. Normalmente adicionamos tam-
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- bém a AMOXICILINA porque temos de lembrar que
to, uma vez que o comentário na primeira questão será cipro não é uma fluoroquinolona respiratória, portanto
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- o acréscimo aumenta o espectro de ação!
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 36
A duração em média é de 5 dias.
Essa questão trata especificamente da exacerbação do
2) Tratamento em pacientes hospitalizados
DPOC
O tratamento é feito baseado no risco de infecção
1) Tratamento domiciliar
por Pseudomonas!
Baseado em um tripé: TERAPIA BRONCODILATA-
Quem tem esse risco aumentado? Infecção prévia por
DORA + CORTICOTERAPIA + ANTIBIOTICO
Pseudomonas; DPOC muito grave; Bronquiectasias;
Terapia broncodilatadora: deve ser instituída para to- Antibiótico de amplo espectro nos últimos 3 meses;
dos os pacientes. A preferência é pelos beta-agonistas uso crônico de corticoide.
de curta ação associado a antagonistas muscarínicos
Em caso positivo, usamos um antipseudomônico, de
(Salbutamol/Fenoterol + Ipratróprio), em dose de 2
preferência: Cefepime, Piperacilina-Tazobactam e Cef-
inalações a cada 4 horas ). O guideline do GOLD ain-
tazidima
da orienta continuar o tratamento crônico utilizado
Em caso negativo, podemos usar uma QUINOLONA
Corticoterapia: o uso de Prednisona 40mg 5-10 dias
RESPIRATÓRIA ou uma CEFALOSPORINA DE
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 125

TERCEIRA GERAÇÃO (Ceftriaxone ou cefotaxime) Take-Home Message:


A duração do tratamento em média é de 7 dias 1) Tripé de tratamento: TERAPIA BRONCODILA-
TADORA + CORTICOTERAPIA + ANTIBIO-
Vamos à alternativa: TICO

Para esse paciente, pode-se usar azitromicina 500 mg 2) Quem ganha antibiótico? O GOLD indica antibió-
por três dias. tico para quem apresente os 3 sintomas definidores
ou aqueles que apresentem 2 desde que um deles
RESPOSTA: LETRA B, ERRADA. seja a purulência do escarro
Alguns estudos tentam provar que três dias de azitro-
3) Escolha de ATB domiciliar:
micina são suficientes, no entanto esses estudos são vol-
tados mais para pacientes ambulatoriais e, de qualquer A) Pacientes com quadro brando, sem risco para Pseu-
maneira, ainda não é consenso. No caso do paciente da domonas: MACROLÍDEO ou CEFALOSPORI-
questão isso nem entra em conta, uma vez que trata-se NA DE SEGUNDA/ TERCEIRA GERAÇÃO
de um paciente internado. Além disso nesses casos os (Cefuroxima, por exemplo) ou BETALACTÂMI-
medicamentos mais indicados são as quinolonas respi- CO+INIBIDOR DA BETALACTAMASE
ratórias ou as cefalosporinas de terceira geração. B) Paciente com fatores de pior prognóstico BETA-
LACTÂMICO+INIBIDOR DA BETALACTA-
MASE ou FLUOROQUINOLONA RESPIRA-
TÓRIA
C) Pacientes com fatores de risco para Pseudomonas:
CIPROFLOXACINO. Normalmente adiciona-
mos também a AMOXICILINA porque temos de
lembrar que cipro não é uma fluoroquinolona res-
piratória, portanto o acréscimo aumenta o espectro
de ação!
4) Escolha de ATB hospitalar:
A) Risco de Pseudomonas: Cefepime, Piperacilina-Ta-
zobactam e Ceftazidima
B) Sem risco de Pseudomonas: QUINOLONA RES-
PIRATÓRIA ou uma CEFALOSPORINA DE
TERCEIRA GERAÇÃO
5) Tempo de tratamento:
A) Para domiciliar: em média 5 dias
B) Para hospitalar: 5-7 dias
126 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 41
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A presença de disfagia
sólida sugere uma perda de, pelo menos, 70% da luz esofágica.

A) CERTO de regra, uma doença de alta mortalidade. Há uma pre-


B) ERRADO valência em homens acima dos 40 anos, sendo que o
CEC predomina em homens negros e no terço proxi-
Resposta correta: Letra A mal e médio do esôfago e o Adenocarcinoma em ho-
mens brancos e no terço distal do esôfago.
Perda de peso + massa esofageana + disfagia. A grande
hipótese diagnóstica nesses casos sempre deve ser o cân- CEC é mais comum do que o Adenocarcinoma, no
cer de Esôfago! entanto estamos acompanhando um aumento da pre-
valência do último, devido aos fatores de risco, sendo
1) O que é que em alguns países mais desenvolvidos, já ocupa a
Uma das 10 principais neoplasias no Brasil, sendo, via primeira posição de prevalência.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 127

2) Fatores de risco T1 : Invasão N1: 1-2 M1:


Adenocarcinoma Esofagite de refluxo até submucosa linfonodos metástases
(Principalmente após locais à distância
a formação do esôfago incluindo
de Barretº), etilismo, linfonodos não
tabagismo, obesidade. regionais
CEC Etilismo, tabagismo, T2: invasão de N2: 3 a 6
Ingesta de bebidas muscular linfonodos
muito quentes, ingesta locais
de conservantes,
Estenose cáustica, T3: invasão de N3: 7
Acalásia, Tilose adventícia linfonodos
locais
º O esôfago de Barret é uma metaplasia intestinal. O
adenocarcinoma é derivado dessa lesão metaplásica.
T4: invasão
3) Clínica de estruturas
O principal sintoma é a disfagia progressiva, que se adjacentes
inicia para alimentos sólidos e evolui para pastosos e
líquidos. A disfagia normalmente ocorre quando já te- 4a: estruturas
mos um acometimento de aproximadamente 70% do ressecáveis
diâmetro do lúmen. Além disso o paciente pode apre-
4b: estruturas
sentar perda de peso importante (tanto pela doença ne-
oplásica quanto pela disfagia), dor retroesternal, eruc- irressecáveis
tação, halitose e vômitos.
4) Diagnóstico e estadiamento 5) Tratamento
O grande método diagnóstico é a Endoscopia Digesti- Mucosectomia: pode ser indicada ÚNICA e EXCLU-
va Alta com múltiplas biópsias. Quanto maior o núme- SIVAMENTE em tumores T1a (aqueles que invadem
ro de biópsia (até 7), maior a acurácica. só até muscular)
Feito o diagnóstico, devemos fazer um bom estadia- Cirurgia: T1b
mento, devido a influência do mesmo no prognóstico.
Neoadjuvância (QT+RT) seguida de cirurgia: tumores
1) Ultrassonografia endoscópica até 4a
Esse é o melhor exame para a definição do T e do N Paliação: 4b ou presença de metástases.
2) TC de tórax e abdome
Suficientes, na maioria dos casos, para definição do M. Vamos à alternativa:
Uma opção melhor é o PET-CT A presença de disfagia sólida sugere uma perda de, pelo
O estadiamento TNM costuma ser um conhecimento menos, 70% da luz esofágica.
bem aprofundado, principalmente para as provas de
RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Essa afirmação
R1, mas deixamos um resumo mais simplificado para
foi retirada quase sem alterações das principais re-
que vocês tenham uma noção!
ferências de prova, não há margem para dúvidas!
128 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: 3) O diagnóstico é feito com endoscopia + biópisas (7


1) O câncer de esôfago é uma doença de alta morbi- pelo menos)
mortalidade. Mais comum em homens, sendo que 4) O estadiamento local é feito com US endoscópico
o CEC é mais comum em negros e o Adenocarci- O tratamento, exceto em casos muito iniciais e em ca-
noma em brancos. sos irressecáveis, baseado em QT+RT neoadjuvante
2) Podemos ver disfagia sólida quando aproximada- e Cirurgia
mente 70% da luz esofágica está comprometida

QUESTÃO 42
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse caso
clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Possivelmente, o diagnóstico
seja adenocarcinoma de esôfago.

A) CERTA Resposta correta: Letra B


B) ERRADA
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 129

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. mos achar uma pista, concordam? Imagens nunca estão
Um grande caso clínico com várias questões sobre o de besteira nas provas! O que vemos? Uma hipercera-
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- tose nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Numa
to, uma vez que o comentário na primeira questão será questão de câncer de esôfago que mostre esse achado,
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- devemos sempre lembrar da TILOSE PALMO-PLAN-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 41 TAR.
Perda de peso + massa esofageana + disfagia. A grande Essa condição é um distúrbio autossômico caracteriza-
hipótese diagnóstica nesses casos sempre deve ser o cân- do pela hiperceratose de extremidades. Existem 2 for-
cer de Esôfago! mas típicas: a não-epidermolítica e a epidermolítica! E
Nossa alternativa versa sobre qual subtipo é o mais pro- ai que mora a grande sacada! Pacientes com a forma
vável: Adenocarcinoma ou CEC? epidermolítica apresentam um aumento de 40% da
incidência de câncer de esôfago do tipo... CEC! Mas
1) O que é gente, não precisa decorar! Basta raciocinar... Uma en-
Uma das 10 principais neoplasias no Brasil, sendo, via tidade cujo foco são os queratinócitos seguramente au-
de regra, uma doença de alta mortalidade. Há uma pre- mentaria o risco de um tumor cuja célula doente tenha
valência em homens acima dos 40 anos, sendo que o a mesma lógica embriológica! Ora, o adenocarcinoma
CEC predomina em homens negros e no terço proxi- tem como base células glandulares enquanto o CEC
mal e médio do esôfago e o Adenocarcinoma em ho- tem como base as células de revestimento...
mens brancos e no terço distal do esôfago. Um extra! Como se chama a síndrome que esse pacien-
CEC é mais comum do que o Adenocarcinoma, no te da questão tem (Tilose palmo-plantar + neoplasia
entanto estamos acompanhando um aumento da pre- esofageana) ? Síndrome de Howel-Evans!
valência do último, devido aos fatores de risco, sendo
que em alguns países mais desenvolvidos, já ocupa a Vamos à alternativa:
primeira posição de prevalência.
Possivelmente, o diagnóstico seja adenocarcinoma
2) Fatores de risco de esôfago.
Adenocarcinoma Esofagite de refluxo RESPOSTA CORRETALETRA B, ERRADA. Um
(Principalmente após paciente jovem que se apresenta com tilose pal-
a formação do esôfago mo-plantar e neoplasia de esôfago provavelmente
de Barretº), etilismo, é portador da síndrome de Howel-Evans.
tabagismo, obesidade.
CEC Etilismo, tabagismo,
Ingesta de bebidas
muito quentes, ingesta
de conservantes,
Estenose cáustica,
Acalásia, Tilose
º O esôfago de Barret é uma metaplasia intestinal. O
adenocarcinoma é derivado dessa lesão metaplásica.
Bom, mas para chegarmos à resposta de qual dos dois
subtipos o paciente exposto na questão possui, deve-
130 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message:
1) O câncer de esôfago é uma doença de alta morbimortalidade. Mais comum em homens, sendo que o CEC é
mais comum em negros e o Adenocarcinoma em brancos.
2) Os principais fatores de risco para cada um são:
Adenocarcinoma Esofagite de refluxo (Principalmente após
a formação do esôfago de Barretº), etilismo,
tabagismo, obesidade.
CEC Etilismo, tabagismo, Ingesta de bebidas muito
quentes, ingesta de conservantes, Estenose cáustica,
Acalásia, Tilose

A tilose é um distúrbio de células de revestimento, por isso aumenta a chance justamente do CEC
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 131

QUESTÃO 43
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O paciente apresenta uma
condição genética chamada tilose palmoplantar.

A) CERTA completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-


B) ERRADA CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 41

Resposta correta: Letra A Perda de peso + massa esofageana + disfagia. A grande


hipótese diagnóstica nesses casos sempre deve ser o cân-
cer de Esôfago!
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. Essa questão aborda o conceito da questão anterior!
Um grande caso clínico com várias questões sobre o Qual a condição clínica abordada na imagem?
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- 1) O que é
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
Uma das 10 principais neoplasias no Brasil, sendo, via
132 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

de regra, uma doença de alta mortalidade. Há uma pre- mentaria o risco de um tumor cuja célula doente tenha
valência em homens acima dos 40 anos, sendo que o a mesma lógica embriológica! Ora, o adenocarcinoma
CEC predomina em homens negros e no terço proxi- tem como base células glandulares enquanto o CEC
mal e médio do esôfago e o Adenocarcinoma em ho- tem como base as células de revestimento...
mens brancos e no terço distal do esôfago. Um extra! Como se chama a síndrome que esse pacien-
CEC é mais comum do que o Adenocarcinoma, no te da questão tem (Tilose palmo-plantar + neoplasia
entanto estamos acompanhando um aumento da pre- esofageana) ? Síndrome de Howel-Evans!
valência do último, devido aos fatores de risco, sendo
que em alguns países mais desenvolvidos, já ocupa a Vamos à alternativa:
primeira posição de prevalência.
O paciente apresenta uma condição genética chamada
2) Fatores de risco tilose palmoplantar.
Adenocarcinoma Esofagite de refluxo RESPOSTA: LETRA A, CERTA. Um paciente jovem
(Principalmente após que se apresenta com tilose palmo-plantar e ne-
a formação do esôfago oplasia de esôfago provavelmente é portador da
de Barretº), etilismo, síndrome de Howel-Evans.
tabagismo, obesidade.
CEC Etilismo, tabagismo,
Take-Home Message:
Ingesta de bebidas
muito quentes, ingesta 1) O câncer de esôfago é uma doença de alta morbi-
de conservantes, mortalidade. Mais comum em homens, sendo que
Estenose cáustica, o CEC é mais comum em negros e o Adenocarci-
Acalásia, Tilose noma em brancos.

º O esôfago de Barret é uma metaplasia intestinal. O 2) Os principais fatores de risco para cada um são:
adenocarcinoma é derivado dessa lesão metaplásica. Adenocarcinoma Esofagite de refluxo
Bom, mas para chegarmos à resposta de qual dos dois (Principalmente após
subtipos o paciente exposto na questão possui, deve- a formação do esôfago
mos achar uma pista, concordam? Imagens nunca estão de Barretº), etilismo,
de besteira nas provas! O que vemos? Uma hipercera- tabagismo, obesidade.
tose nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Numa CEC Etilismo, tabagismo,
questão de câncer de esôfago que mostre esse achado, Ingesta de bebidas
devemos sempre lembrar da TILOSE PALMO-PLAN- muito quentes, ingesta
TAR. de conservantes,
Essa condição é um distúrbio autossômico caracteriza- Estenose cáustica,
do pela hiperceratose de extremidades. Existem 2 for- Acalásia, Tilose
mas típicas: a não-epidermolítica e a epidermolítica! E A tilose é um distúrbio de células de revestimento, por
ai que mora a grande sacada! Pacientes com a forma isso aumenta a chance justamente do CEC
epidermolítica apresentam um aumento de 40% da
incidência de câncer de esôfago do tipo... CEC! Mas
gente, não precisa decorar! Basta raciocinar... Uma en-
tidade cujo foco são os queratinócitos seguramente au-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 133

QUESTÃO 44
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Tomografia de tórax apre-
senta acurácia maior que ultrassom endoscópico para a identificação de doença localmente avançada.

A) CERTA hipótese diagnóstica nesses casos sempre deve ser o cân-


B) ERRADA cer de Esôfago!
1) Clínica
Resposta correta: Letra B
O principal sintoma é a disfagia progressiva, que se
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. inicia para alimentos sólidos e evolui para pastosos e
Um grande caso clínico com várias questões sobre o líquidos. A disfagia normalmente ocorre quando já te-
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- mos um acometimento de aproximadamente 70% do
to, uma vez que o comentário na primeira questão será diâmetro do lúmen. Além disso o paciente pode apre-
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- sentar perda de peso importante (tanto pela doença ne-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 41 oplásica quanto pela disfagia), dor retroesternal, eruc-
tação, halitose e vômitos.
Perda de peso + massa esofageana + disfagia. A grande
134 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

2) Diagnóstico e estadiamento 3) Tratamento


O grande método diagnóstico é a Endoscopia Digesti- Mucosectomia: pode ser indicada ÚNICA e EXCLU-
va Alta com múltiplas biópsias. Quanto maior o núme- SIVAMENTE em tumores T1a (aqueles que invadem
ro de biópsia (até 7), maior a acurácica. só até muscular)
Feito o diagnóstico, devemos fazer um bom estadia- Cirurgia: T1b
mento, devido a influência do mesmo no prognóstico. Neoadjuvância (QT+RT) seguida de cirurgia: tumores
1) Ultrassonografia endoscópica até 4a
Esse é o melhor exame para a definição do T e do N, Paliação: 4b ou presença de metástases.
tendo uma sensibilidade e uma especificidade respecti-
vamente de 81-92% e 94-97%. Além disso, o exame é
melhor para doenças mais avançadas do que precoces!
Vamos à alternativa:
2) TC de tórax e abdome
Tomografia de tórax apresenta acurácia maior que ul-
Suficientes, na maioria dos casos, para definição do M.
trassom endoscópico para a identificação de doença lo-
Uma opção melhor é o PET-CT
calmente avançada.
O estadiamento TNM costuma ser um conhecimento
Resposta correta: Letra B, ERRADA. A tomografia
bem aprofundado, principalmente para as provas de
R1, mas deixamos um resumo mais simplificado para de tórax é um dos exames para avaliar metástases!
que vocês tenham uma noção! O US endoscópico é o melhor método para defi-
nição de T e N. Ainda vimos no texto que há uma
T1 : Invasão até N1: 1-2 M1: melhor performance para doenças mais avançadas
submucosa linfonodos metástases (T4, por exemplo).
locais à distância
incluindo
linfonodos Take-Home Message:
não regionais 1) O diagnóstico da neoplasia de esôfago é feito com
T2: invasão de N2: 3 a 6 endoscopia + biópisas (7 pelo menos)
muscular linfonodos 2) O estadiamento local é feito com US endoscópico e
locais o estadiamento sistêmico por meio de TC de tórax/
abdome ou PET
T3: invasão de N3: 7 O tratamento, exceto em casos muito iniciais e em ca-
adventícia linfonodos sos irressecáveis, baseado em QT+RT neoadjuvante
locais e Cirurgia

T4: invasão de
estruturas adjacentes

4a: estruturas
ressecáveis

4b: estruturas
irressecáveis
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 135

QUESTÃO 45
Um paciente de 35 anos de idade vem apresentando dor abdominal e disfagia para sólidos de forma progressiva.
Além disso, demonstra perda de peso, sendo 10% do peso corporal em três meses. O paciente fez uso de omeprazol
de 40 mg sem melhora. Também há lesões dolorosas e descamativas nas mãos e nos pés dele, como mostra a figura
a seguir. Observaram-se PA = 110 mmHg x 70 mmHg, SatO2 = 98% em ar ambiente e FC = 60 bpm. Endoscopia
indicou uma larga massa na mucosa esofagena. Diante disso, o endoscopista realizou uma biópsia. Acerca desse
caso clínico e considerando os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A presença de uma massa
grande na mucosa é altamente sugestiva de neoplasia de esôfago.

A) CERTA Perda de peso + massa esofageana + disfagia. A grande


B) ERRADA hipótese diagnóstica nesses casos sempre deve ser o cân-
cer de Esôfago!
Resposta correta: Letra A
1) O que é
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. Uma das 10 principais neoplasias no Brasil, sendo, via
Um grande caso clínico com várias questões sobre o de regra, uma doença de alta mortalidade. Há uma pre-
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun- valência em homens acima dos 40 anos, sendo que o
to, uma vez que o comentário na primeira questão será CEC predomina em homens negros e no terço proxi-
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- mal e médio do esôfago e o Adenocarcinoma em ho-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 41 mens brancos e no terço distal do esôfago.
136 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

CEC é mais comum do que o Adenocarcinoma, no O estadiamento TNM costuma ser um conhecimen-
entanto estamos acompanhando um aumento da pre- to bem aprofundado, principalmente para as provas de
valência do último, devido aos fatores de risco, sendo R1, mas deixamos um resumo mais simplificado para
que em alguns países mais desenvolvidos, já ocupa a que vocês tenham uma noção!
primeira posição de prevalência.
T1 : Invasão N1: 1-2 M1:
2) Fatores de risco até submucosa linfonodos metástases
Adenocarcinoma Esofagite de refluxo locais à distância
(Principalmente após incluindo
a formação do esôfago linfonodos não
de Barretº), etilismo, regionais
tabagismo, obesidade. T2: invasão de N2: 3 a 6
CEC Etilismo, tabagismo, muscular linfonodos
Ingesta de bebidas locais
muito quentes, ingesta
de conservantes, T3: invasão de N3: 7
Estenose cáustica, adventícia linfonodos
Acalásia, Tilose locais
º O esôfago de Barret é uma metaplasia intestinal. O
T4: invasão
adenocarcinoma é derivado dessa lesão metaplásica.
de estruturas
3) Clínica adjacentes
O principal sintoma é a disfagia progressiva, que se
inicia para alimentos sólidos e evolui para pastosos e 4a: estruturas
líquidos. A disfagia normalmente ocorre quando já te- ressecáveis
mos um acometimento de aproximadamente 70% do
4b: estruturas
diâmetro do lúmen. Além disso o paciente pode apre-
sentar perda de peso importante (tanto pela doença ne- irressecáveis
oplásica quanto pela disfagia), dor retroesternal, eruc-
tação, halitose e vômitos.
5) Tratamento
4) Diagnóstico e estadiamento
Mucosectomia: pode ser indicada ÚNICA e EXCLU-
O grande método diagnóstico é a Endoscopia Digesti- SIVAMENTE em tumores T1a (aqueles que invadem
va Alta com múltiplas biópsias. Quanto maior o núme- só até muscular)
ro de biópsia (até 7), maior a acurácica.
Cirurgia: T1b
Feito o diagnóstico, devemos fazer um bom estadia-
mento, devido a influência do mesmo no prognóstico. Neoadjuvância (QT+RT) seguida de cirurgia: tumores
até 4a
1) Ultrassonografia endoscópica
Paliação: 4b ou presença de metástases.
Esse é o melhor exame para a definição do T e do N
Vamos à alternativa: A presença de uma massa grande na
2) TC de tórax e abdome mucosa é altamente sugestiva de neoplasia de esôfago.
Suficientes, na maioria dos casos, para definição do M.
Uma opção melhor é o PET-CT
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 137

RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Sem dúvida o Paciente jovem do sexo feminino que abriu quadro de
principal diagnóstico de massas de mucosa esofa- déficits focais (vertigem, diplopia, surdez e déficits mo-
geana são as neoplasias. Existem outros diagnós- tores). Essa paciente está apresentando um Acidente
ticos benignos como leiomiomas, schwanomas e Vascular Encefálico! Para resolver essa questão, preci-
hemangiomas, entre outros. Porém não podemos samos de dois conhecimentos: a) O que fazer frente
considerar essas opções como mais prováveis, a um quadro como esse b) Por que uma jovem de 16
principalmente num acometimento mucoso. anos evoluiu com uma doença típica do paciente idoso
com comorbidades.
Take-Home Message: Nas questões 46 e 48, vamos abordar alguns aspectos
relevantes do AVE.
1) O câncer de esôfago é uma doença de alta morbi-
mortalidade. Mais comum em homens, sendo que o 1) Quais são os principais fatores de risco?
CEC é mais comum em negros e o Adenocarcinoma A) MODIFICÁVEIS: Hipertensão, dislipidemia,
em brancos. Diabetes mellitus, Tabagismo e Sedentarismo
2) O diagnóstico é feito com endoscopia + biópisas (7 B) NÃO-MODIFICÁVEIS: Idade avançada (>80
pelo menos) anos); etnia (maior em negros); sexo (maior em ho-
3) O estadiamento local é feito com US endoscópico mens); distúrbios genéticos; trombofilias
2) Qual o papel de uma Tomografia de Crânio no con-
4) O tratamento, exceto em casos muito iniciais e em texto de um AVE? Descartar eventos hemorrágicos! Não
casos irressecáveis, baseado em QT+RT neoadjuvante se engane se uma questão descrever uma TC normal.
e Cirurgia
Feito o diagnóstico (déficit focal de início súbito) e
5) Causas benignas que fazem diagnóstico diferen- descartado um evento hemorrágico, um raciocínio
cial são: leiomiomas, adenomas, acantose, papilo- anatômico é de grande importância! Afinal, o tipo de
mas, schwanomas. sintoma varia com a artéria acometida. Preparamos essa
tabela com um resumo das mais importantes corres-
pondências anatômicas:
QUESTÃO 46
Então temos o diagnóstico (déficit focal súbito) e des-
Uma paciente de 16 anos de idade, com oito horas de evo- cartamos com a TC eventos hemorrágicos. Queremos
lução, compareceu à emergência por apresentar vertigem, dar um algo a mais que pode ajudar a resolver outras
diplopia e surdez. Além disso, demonstrou deficits moto- questões. Qual o território cerebral acometido e qual a
res. Ao exame físico, verificaram-se SatO2 = 96% em ar provável artéria obstruída? Vejam essa tabela:
ambiente, FC = 92 bpm regular e PA = 180 mmHg x 100
mmHg. Tomografia de crânio e angiotomografia não evi-
denciaram malformação vascular e nem sangramento. Aos
15 anos, a paciente teve trombose venosa profunda. Em
relação a esse caso clínico e aos conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. Os sintomas da paciente
sugerem acometimento carotídeo.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B
138 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

ARTÉRIA SÍNDROME Feito o diagnóstico, agora vamos ver alguns princípios


do tratamento:
Cerebral anterior Déficit motor e/ou 1) Devemos buscar um paciente normovolêmico, gli-
sensitivo (maior na cemia entre 60-180, e oferecer oxigênio apenas se
perna) hipoxemia (SatO2 <94%)
Reflexos de sucção 2) E a pressão arterial? Pacientes que irão realizar
trombólise, devemos manter a pressão abaixo de
Abulia, rigidez 185x110 e 180x105 após o trombolítico. Se o pa-
paratônica ciente não for candidato, podemos ser ainda mais
Cerebral média Hemisfério dominante: permissivos, apenas atuando na pressão se houver
afasia, déficits valores acima de 220x120!!!!
motor e sensitivo A) O anti-hipertensivo de escolha é o labetalol. Como
(maior no rosto e no opção há a nicardipina e, como reserva, o nitro-
braço), hemiplegia, prussiato de sódio.
hemianopsia homônima Quem poderá fazer a trombólise?
Hemisfério não- 1) Precisamos ter um déficit persistente (ou seja, em
dominante: casos de Acidente Isquêmico Transitório, em que
heminegligência, os déficits vão desaparecendo muitas vezes antes
anosognosia, déficit da chegada ao pronto socorro, não devemos fazer
sensitivo e motor, a trombólise)
hemianopsia homônima 2) O início dos sintomas deve ser até em 3h. É perfeita-
Cerebral posterior Alexia sem agrafia, mente possível pensar em trombólise em pacientes
alucinações, paralisia que se apresentem ao Pronto-Socorro com um del-
do oculomotor, paresia ta-T entre 3 e 4,5h em um paciente com um "prog-
do movimento ocular nóstico melhor" notadamente com menos de 80
vertical, prosopagnosia anos, um AVE não tão catastrófico (NIHSS<25).
Artérias perfurantes Hemiparesia puramente 3) Idade maior que 18 anos
(AVE lacunar) motora, déficit
puramente sensitivo, Qual a droga?
ataxia homolateral, 1) Alteplase 0,9mg/kg 10% em bolus e 90% em 1h
disartria Contraindicações absolutas à trombólise:
Vertebrobasilar Paralisia de nervos
1) Delta T maior que 4,5h. (No caso aqui é um crité-
cranianos , diplopia,
rio de inclusão!) Um dado muito interessante nesses
náuseas, vômitos, coma
casos é: e se o paciente estava dormindo, e não sabe-
mos o momento exato que o déficit iniciou? Devemos
considerar o último momento em que o paciente foi
visto bem.
2) História pregressa de hemorragia intracraniana
3) Sangramento gastrointestinal nos últimos 21 dias ou
malignidade intestinal
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 139

4) Plaquetas menores que 100 000, RNI maior que ARTÉRIA SÍNDROME
1,7, uso recente (48h) de inibidores do fator Xa
5) Tumores de SNC Cerebral anterior Déficit motor e/ou sensitivo
(maior na perna)
6) Dissecção de aorta
7) Endocardite Reflexos de sucção

8) TCE grave ou AVEi nos últimos 3 meses Abulia, rigidez paratônica


Para complemento: se o paciente tiver mais de 4,5h Cerebral média Hemisfério dominante:
poderá ser elegível para trombectomia se mantiver um afasia, déficits motor e
NIHSS alto (maior que 6 – indicativo de déficit impor- sensitivo (maior no rosto
tante) um ASPECTS alto ( maior que 6 – indicativo de e no braço), hemiplegia,
várias áreas acometidas na TC) e a oclusão arterial for hemianopsia homônima
de circulação proximal e não de ramos.
Vamos à alternativa: Hemisfério não-dominante:
heminegligência,
Os sintomas da paciente sugerem acometimen- anosognosia, déficit
to carotídeo. sensitivo e motor,
RESPOSTA: LETRA B, ERRADA. A paciente apre- hemianopsia homônima
senta claro comprometimento de circulação posterior! Cerebral posterior Alexia sem agrafia,
Vertigem, diplopia e surdez são prováveis acometimen- alucinações, paralisia do
tos de pares cranianos (III, IV, VI e VIII). A circula- oculomotor, paresia do
ção anterior (carótida) normalmente cursa com Déficit movimento ocular vertical,
motor e/ou sensitivo (maior na perna) em caso de cere- prosopagnosia
bral anterior ou afasia, déficits motor e sensitivo (maior
Artérias perfurantes Hemiparesia puramente
no rosto e no braço) em caso de cerebral média.
(AVE lacunar) motora, déficit puramente
sensitivo, ataxia
Take-Home Message: homolateral, disartria
Vertebrobasilar Paralisia de nervos
1) HAS é o principal fator de risco para um AVEi
cranianos , diplopia,
2) O principal valor para uma TC de crânio em uma náuseas, vômitos, coma
abordagem inicial de AVE é descartar eventos he-
morrágicos, que se constituem como contraindica-
ções absolutas à trombólise 4) O delta-T para realização da trombólise é de 4,5h,
3) Correlação anatômica: sendo que entre 3-4,5h deverá ser pesado o risco bene-
fício em pacientes acima de 80 anos com AVE extenso.
5) Paciente com delta-T acima de 4,5h poderão ser
elegíveis para trombectomia mecânica, de acordo com
indicações específicas:
NIHSS e ASPECTS 6 + Oclusão de grande artéria da
circulação anterior proximal + Bom status performance
pré-AVE
140 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 47 mens); distúrbios genéticos; trombofilias


Ora, essa paciente além desse AVE já tinha tido uma
Uma paciente de 16 anos de idade, com oito horas de
TVP sem aparente causa desencadeante. Nesses casos,
evolução, compareceu à emergência por apresentar ver-
uma condição predisponente deve ser nosso norte do
tigem, diplopia e surdez. Além disso, demonstrou de-
nosso raciocínio: síndrome de hipercoagulabilidade.
ficits motores. Ao exame físico, verificaram-se SatO2 =
Aqui há um grande universo de patologias diferen-
96% em ar ambiente, FC = 92 bpm regular e PA = 180
tes, mas pela prevalência e pela presença de trom-
mmHg x 100 mmHg. Tomografia de crânio e angio-
bose arterial e venosa (AVE + TVP), uma síndrome
tomografia não evidenciaram malformação vascular e
específica deve ser investigada: Síndrome do Anticor-
nem sangramento. Aos 15 anos, a paciente teve trom-
po Antifosfolípide.
bose venosa profunda. Em relação a esse caso clínico e
aos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item 1) O que é
a seguir. É importante solicitar exames de fatores de A SAAF é uma desordem multissistêmica caracteria-
coagulação, sendo o anticorpo anticardiolipina o mais zada por eventos tromboembólicos disseminados e/ou
prevalente em pessoas abaixo de 50 anos de idade com morbidade gestacional na presença de anticorpos an-
essa enfermidade. tifosfolípides. Ela pode ocorrer como entidade isolada
A) CERTO ou associada a outras desordens autoimunes, principal-
B) ERRADO mente o lúpus.
2) Manifestações clínicas
Resposta correta: Letra A
Podemos estudar em 2 grandes pilares:
ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas. Ø Fenômenos tromboembólicos: TVP, AVE, Trombo-
Um grande caso clínico com várias questões sobre o flebite, TEP, AIT
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será Ø Morbidade gestacional: perdas fetais. Esse assunto é
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ- muito abordado pela equipe da GO, então não entra-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 46 remos muito no mérito aqui.

Paciente jovem do sexo feminino que abriu quadro de Outras manifestações incluem: trombocitopenia, live-
déficits focais (vertigem, diplopia, surdez e déficits mo- do reticular, isquemia intestinal.
tores). Essa paciente está apresentando um Acidente Destaque para um detalhezinho que frequentemente é
Vascular Encefálico! Para resolver essa questão, preci- cobrado em prova: a presença de vegetações não bacte-
samos de dois conhecimentos: a) O que fazer frente rianas em valvas cardíacas. Essa condição é chamada de
a um quadro como esse b) Por que uma jovem de 16 Endocardite de Liebman-Sacks. Também a vemos no
anos evoluiu com uma doença típica do paciente idoso LES, o que faz todo sentido, pois a SAAF e o LES são
com comorbidades. doenças que costumam caminhar juntas.
Nessa questão iremos abordar o porquê dessa jovem ter 3) Quando suspeitamos do diagnóstico
apresentado um AVE fora da idade mais comum.
Bateremos na mesma tecla das manifestações clínicas,
1) Quais são os principais fatores de risco? uma vez que a suspeita diagnóstica ocorre justamente
A) MODIFICÁVEIS: Hipertensão, dislipidemia, quando um dos dois cenários ocorre:
Diabetes mellitus, Tabagismo e Sedentarismo Ø Um ou mais eventos tromboembólicos principal-
B) NÃO-MODIFICÁVEIS: Idade avançada (>80 mente em pacientes jovens
anos); etnia (maior em negros); sexo (maior em ho-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 141

Ø Um ou mais eventos desfavoráveis gestacionais: per- Anticoagulante lúpico presente em pelo menos
da fetal a partir da décima semana, parto prematuro por 2 ocasiões com distância de 12 semanas entre as
pré-eclâmpsia ou múltiplas perdas fetais <10 semanas. medidas
Anticorpo anticardiolipina em altos títulos
4) Quais os anticorpos a serem pesquisados? (>percentil 99) em pelo menos 2 ocasiões com
distância de 12 semanas entre as medidas
São feitos por 3 principais:
Anti-beta2-glicoproteína I em altos títulos
Ø Anticorpo anticardiolipina (>percentil 99) em pelo menos 2 ocasiões com
Ø Anti-beta2-glicoproteína I distância de 12 semanas entre as medidas
Ø Anticoagulante lúpico
Se o paciente não atinge todos os critérios para diag-
5) Critérios diagnósticos: nóstico mas segue com alta probabilidade de SAAF
(doença valvar, anticorpos com níveis quase dentro do
Feito de acordo com os critérios de Sidnei, onde necessário para os critérios), podemos fechar o diagnós-
deve estar presente um critério clínico e um crité- tico mesmo assim!
rio laboratorial:
6) Manejo
CLÍNICO:
Caso o paciente não tenha apresentado nenhum even-
TROMBOSE VASCULAR to relacionado à síndrome (por exemplo, apenas a po-
sitividade dos anticorpos) normalmente não receberá
Ø Um ou mais episódios clínicos de trombose profilaxia com AAS, no entanto outros fatores, como a
venosa, arterial em qualquer tecido ou órgão. presença de comorbidades associadas, podem indicar o
Deve ser confirmado com exame específico! AAS! Portanto isso será pesado na balança!
MORBIDADE OBSTÉTRICA A profilaxia pós evento trombótico é feito preferen-
cialmente com VARFARIN! O uso dos "novos" anti-
Ø Um ou mais mortes inexplicadas de fetos
coagulantes orais é segunda escolha, apesar de não se-
morfologicamente normais acima da décima
rem contraindicados!
semana OU
Se o evento trombótico tiver sido venoso, usa-se
Ø Um ou mais nascimentos prematuros de apenas o varfarin. Se o evento tiver sido arterial, além
neonatos morfologicamente normais antes do varfarin administramos o AAS.
da 34ª semana por causa de (I) eclampsia
Não iremos entrar no tratamento da gestante! Isso va-
ou pré-eclampsia grave ou (II) insuficiência
mos deixar para o pessoal da GO!
placentária OU

Ø Três ou mais abortamentos espontâneos Vamos à alternativa:


consecutivos antes da 10ª semana excluídas É importante solicitar exames de fatores de coagula-
causas hormonais ou anatômicas ção, sendo o anticorpo anticardiolipina o mais pre-
valente em pessoas abaixo de 50 anos de idade com
essa enfermidade.
LABORATORIAL
142 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. Na suspeita de Paciente jovem do sexo feminino que abriu quadro de
um distúrbio de hipercoagulabilidade, devemos ter déficits focais (vertigem, diplopia, surdez e déficits mo-
como hipótese a SAAF, sendo que o anticorpo car- tores). Essa paciente está apresentando um Acidente
diolipina é um dos mais importantes anticorpos! Vascular Encefálico! Para resolver essa questão, preci-
samos de dois conhecimentos: a) O que fazer frente
Take-Home Message: a um quadro como esse b) Por que uma jovem de 16
anos evoluiu com uma doença típica do paciente idoso
1) Quando pensar em SAAF? Fenômenos tromboem- com comorbidades.
bólicos e/ou Morbidade gestacional, principalmente
em pacientes jovens. Nas questões 46 e 48, vamos abordar alguns aspectos
relevantes do AVE.
2) Qual doença normalmente associada? LES
1)Quais são os principais fatores de risco?
3) Quais os 3 anticorpos? Anticorpo anticardiolipina
// Anti-beta2-glicoproteína I // Anticoagulante lúpico A) MODIFICÁVEIS: Hipertensão, dislipidemia,
Diabetes mellitus, Tabagismo e Sedentarismo
Manejo: baseado em profilaxia pós evento, normal- B) NÃO-MODIFICÁVEIS: Idade avançada (>80
mente feita com varfarin (isolado em caso de evento anos); etnia (maior em negros); sexo (maior em ho-
venoso ou associado ao AAS em caso de evento arterial) mens); distúrbios genéticos; trombofilias
1) Qual o papel de uma Tomografia de Crânio no con-
QUESTÃO 48 texto de um AVE? Descartar eventos hemorrágicos! Não
se engane se uma questão descrever uma TC normal.
Uma paciente de 16 anos de idade, com oito horas de
Feito o diagnóstico (déficit focal de início súbito) e
evolução, compareceu à emergência por apresentar ver-
descartado um evento hemorrágico, um raciocínio
tigem, diplopia e surdez. Além disso, demonstrou de-
anatômico é de grande importância! Afinal, o tipo de
ficits motores. Ao exame físico, verificaram-se SatO2 =
sintoma varia com a artéria acometida. Preparamos essa
96% em ar ambiente, FC = 92 bpm regular e PA = 180
tabela com um resumo das mais importantes corres-
mmHg x 100 mmHg. Tomografia de crânio e angio-
pondências anatômicas:
tomografia não evidenciaram malformação vascular e
nem sangramento. Aos 15 anos, a paciente teve trom- Então temos o diagnóstico (déficit focal súbito) e des-
bose venosa profunda. Em relação a esse caso clínico e cartamos com a TC eventos hemorrágicos. Queremos
aos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item dar um algo a mais que pode ajudar a resolver outras
a seguir. O uso de trombolítico é contraindicado para questões. Qual o território cerebral acometido e qual a
essa paciente. provável artéria obstruída? Vejam essa tabela:
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

ATENÇÃO: As questões do SES-DF são bem típicas.


Um grande caso clínico com várias questões sobre o
mesmo caso. Sugerimos que realizem todas em conjun-
to, uma vez que o comentário na primeira questão será
completo e nas questões seguintes direcionado. INÍ-
CIO DO CASO CLÍNICO NA QUESTÃO 46
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 143

ARTÉRIA SÍNDROME 2) E a pressão arterial? Pacientes que irão realizar trom-


bólise, devemos manter a pressão abaixo de 185x110
Cerebral anterior Déficit motor e/ou e 180x105 após o trombolítico. Se o paciente não for
sensitivo (maior na candidato, podemos ser ainda mais permissivos, ape-
perna) nas atuando na pressão se houver valores acima de
220x120!!!!
Reflexos de sucção
A) O anti-hipertensivo de escolha é o labetalol. Como
Abulia, rigidez opção há a nicardipina e, como reserva, o nitro-
paratônica prussiato de sódio.
Cerebral média Hemisfério dominante: Quem poderá fazer a trombólise?
afasia, déficits 1) Precisamos ter um déficit persistente (ou seja, em
motor e sensitivo casos de Acidente Isquêmico Transitório, em que os dé-
(maior no rosto e no ficits vão desaparecendo muitas vezes antes da chegada
braço), hemiplegia, ao pronto socorro, não devemos fazer a trombólise)
hemianopsia homônima 2) O início dos sintomas deve ser até em 3h. É per-
feitamente possível pensar em trombólise em pacientes
Hemisfério não-
que se apresentem ao Pronto-Socorro com um delta-T
dominante:
entre 3 e 4,5h em um paciente com um "prognósti-
heminegligência,
co melhor" notadamente com menos de 80 anos, um
anosognosia, déficit
AVE não tão catastrófico (NIHSS<25).
sensitivo e motor,
hemianopsia homônima 1) Idade maior que 18 anos
Cerebral posterior Alexia sem agrafia, Qual a droga?
alucinações, paralisia
1) Alteplase 0,9mg/kg 10% em bolus e 90% em 1h
do oculomotor, paresia
do movimento ocular Contraindicações absolutas à trombólise:
vertical, prosopagnosia 1) Delta T maior que 4,5h. (No caso, aqui é um cri-
Artérias perfurantes Hemiparesia puramente tério de inclusão!) Um dado muito interessante nesses
(AVE lacunar) motora, déficit casos é: e se o paciente estava dormindo, e não sabe-
puramente sensitivo, mos o momento exato que o déficit iniciou? Devemos
ataxia homolateral, considerar o último momento em que o paciente foi
disartria visto bem.
Vertebrobasilar Paralisia de nervos 2) História pregressa de hemorragia intracraniana
cranianos , diplopia,
3) Sangramento gastrointestinal nos últimos 21 dias ou
náuseas, vômitos, coma
malignidade intestinal
4) Plaquetas menores que 100 000, RNI maior que
Feito o diagnóstico, agora vamos ver alguns princípios 1,7, uso recente (48h) de inibidores do fator Xa
do tratamento: 5) Tumores de SNC
1) Devemos buscar um paciente normovolêmico, glice- 6) Dissecção de aorta
mia entre 60-180, e oferecer oxigênio apenas se hipoxe-
mia (SatO2 <94%) 7) Endocardite
144 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

8) TCE grave ou AVEi nos últimos 3 meses ARTÉRIA SÍNDROME


Para complemento: se o paciente tiver mais de 4,5h
poderá ser elegível para trombectomia se mantiver um Cerebral Déficit motor e/ou sensitivo
NIHSS alto (maior que 6 – indicativo de déficit impor- anterior (maior na perna)
tante) um ASPECTS alto ( maior que 6 – indicativo de
Reflexos de sucção
várias áreas acometidas na TC) e a oclusão arterial for
de circulação proximal e não de ramos. Abulia, rigidez paratônica

Vamos à alternativa: Cerebral média Hemisfério dominante: afasia,


déficits motor e sensitivo
O uso de trombolítico é contraindicado para (maior no rosto e no braço),
essa paciente. hemiplegia, hemianopsia
RESPOSTA: LETRA A, CORRETA. A paciente já homônima
está fora do delta T esperado, com 8h de evolu-
Hemisfério não-dominante:
ção. Não cabe mais o uso de trombolítico.
heminegligência, anosognosia,
1) HAS é o principal fator de risco para um AVEi déficit sensitivo e motor,
2) O principal valor para uma TC de crânio em uma hemianopsia homônima
abordagem inicial de AVE é descartar eventos hemor- Cerebral Alexia sem agrafia,
rágicos, que se constituem como contraindicações ab- posterior alucinações, paralisia do
solutas à trombólise oculomotor, paresia do
3) Correlação anatômica: movimento ocular vertical,
prosopagnosia
Artérias Hemiparesia puramente
perfurantes motora, déficit puramente
(AVE lacunar) sensitivo, ataxia homolateral,
disartria
Vertebrobasilar Paralisia de nervos cranianos
, diplopia, náuseas, vômitos,
coma

4) O delta-T para realização da trombólise é de 4,5h,


sendo que entre 3-4,5h deverá ser pesado o risco bene-
fício em pacientes acima de 80 anos com AVE extenso.
5) Paciente com delta-T acima de 4,5h poderão ser
elegíveis para trombectomia mecânica, de acordo com
indicações específicas:
A) NIHSS e ASPECTS 6 + Oclusão de grande ar-
téria da circulação anterior proximal + Bom status
performance pré-AVE
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 145

QUESTÃO 49 Como alteração em exame físico, apresenta equimoses


em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami- bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen- foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca-
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras lizatórios e a suspeita de maus tratos.
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no- Nesta questão, foi abordada a infecção urinária na in-
tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos fância, que é um dos diagnósticos diferenciais da febre
membros superiores e inferiores. A criança reside com a sem sinais localizatórios.
mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa- Na urina 1, o nitrito e a esterase leucocitária são fre-
me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está quentemente positivos. A presença de leucocitúria tam-
corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR bém contribui (>5/campo ou 10mil/ml), assim como
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté- visualização de bactérias na microscopia (a bacteriúria
quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana representa a presença de 10.000 UFC na cultura).
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
Para fechar o diagnóstico, precisa da cultura. Se a cul-
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta
tura mostrar >1.000 colônias/mL de um patógeno úni-
pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também
co em urina de sonda, ou >50-100.000 UFC em jato
foram observados abdome RHA+, depressível, dor à
médio, com urina 1 mostrando piúria ou bacteriúria
palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega-
em criança sintomática, existe ITU. No saco coletor, se
tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores
a cultura vier positiva precisa fazer a coleta por sonda.
com equimoses < 5 cm e membros superiores com
Se punção suprapúbica qualquer unidade de único pa-
equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente
tógeno sugestivo ou 1.000 UFC de gram positivo.
foram solicitados exame qualitativo de urina com uro-
cultura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da A cistite (infecção urinária baixa) em geral tem quadro
urocultura) e radiografia de membro superior esquer- afebril, com sintomas baixos de disúria e polaciúria; já
do. O exame qualitativo de urina pode ser verificado a a pielonefrite cursa com febre, dor abdominal e queda
seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou do estado geral.
calo ósseo em rádio e ulna esquerda, conforme a ima- Há maior predisposição para infecção urinária em
gem a seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista pacientes com refluxo vesicoureteral (RVU) e outras
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a patologias do trato urinário, sejam estruturais ou fun-
seguir. Quando uma criança tem infecção febril do tra- cionais. Por isso, em pacientes abaixo de dois anos, é
to urinário, é importante realizar o tratamento correto, necessário descartar malformações do trato urinário,
com uso de antibiótico por 10 dias a 14 dias, mas não e a maioria das diretrizes recomenda realização de ul-
é necessário acompanhar com exames de imagem, visto trassom de rins e bexiga para os menores de dois anos
que dificilmente elas apresentam lesão renal. apresentando pielonefrite.
A) CERTO Os possíveis exames são:
B) ERRADO - Ultrassonografia dos rins e bexiga: avalia morfo-
Resposta correta: Letra B logia, tamanho, obstrução, sinais de inflamação
aguda. É a triagem inicial de malformações, pois é
Comentário muito disponível e pouco invasivo. Não avalia bem
refluxo nem cicatrizes renais.
Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses
com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias. - Uretrocistografia miccional (UCM): padrão ouro
146 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

para detecção de refluxo. Cateteriza a uretra, injeta No momento, não há um único protocolo de investi-
contraste e faz RX durante a micção. Vê fase de gação, pois há divergências entre as diretrizes. Realizar
enchimento e esvaziamento da bexiga. mais investigação pode detectar mais casos de refluxo
- Cintilografia renal com ácido dimercaptosuccíni- vesico ureteral, mas com benefício questionável.
co-tecnécio-99 (DMSA). Avalia morfologia e ci- Assim, a afirmativa está errada, pois nos casos de ITU
catrizes. Em geral, é feita 4-6 meses após episódio febril em pacientes abaixo de dois anos pode ser neces-
agudo. Não vê função. sário realizar exame de imagem no acompanhamento.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 147

Take-Home Message: Referências


Em pacientes abaixo de dois anos, é necessário descartar 1. Bresolin, Nilzete, Infecção do Trato Urinário em Pe-
malformações do trato urinário, e a maioria das diretri- diatria – Existe consenso entre os consensos? – Atualiza-
zes recomenda realização de ultrassom de rins e bexiga ção 2021. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2021.
para os menores de dois anos apresentando pielonefrite. Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics (21th
edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St. Geme, N.
Schor (eds).” (2019)

QUESTÃO 50

Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami- A) CERTO


nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen- B) ERRADO
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se Resposta correta: Letra B
mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos Comentário
membros superiores e inferiores. A criança reside com a Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses
mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa- com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias.
me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está Como alteração em exame físico, apresenta equimoses
corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté- bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca-
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção, lizatórios e a suspeita de maus tratos.
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta
pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também Nesta pergunta, devemos pensar nos diagnósticos di-
foram observados abdome RHA+, depressível, dor à ferenciais para as equimoses observadas. Neste caso, a
palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega- suspeita principal é de maus tratos devido à presença de
tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores calo ósseo no RX associado às contusões em membros.
com equimoses < 5 cm e membros superiores com No entanto, é necessários descartar algumas patologias
equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente antes de firmar esta hipótese. Quanto às equimoses, os
foram solicitados exame qualitativo de urina com uro- diagnósticos diferenciais são traumas causados por aci-
cultura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da dentes, discrasias sanguíneas e vasculites. Quantos às
urocultura) e radiografia de membro superior esquer- fraturas, também devemos diferenciar de fratuas causa-
do. O exame qualitativo de urina pode ser verificado a das por acidentes, osteogênese imperfeita, osteopenia,
seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou insensibilidade à dor, ou fraturas patológicas por doen-
calo ósseo em rádio e ulna esquerda, conforme a ima- ça óssea como raquitismo.
gem a seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista
Vamos revisar alguns aspectos sobre a hemofilia, que
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
foi a hipótese diagnóstica abordada nesta questão.
seguir. Sempre que se observam equimoses em menores
de 5 anos de idade, deve-se realizar uma investigação A hemofilia A (deficiência de fator VIII) e hemofilia B
de hemofilia, por ser uma patologia bastante frequente. (deficiência de fator IX) são condições genéticas ligadas
ao X, com prevalência de de 1:5000 meninos.
148 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Clinicamente são idênticas, e os sintomas mais eviden- QUESTÃO 51


tes começam quando a criança começa a se machucar:
hematomas intramuculares, hemartroses (inclusive es- Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
pontâneas), sangramento por feridas pequenas que per- nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
sistem por horas ou dias. tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
queixas. A criança foi levada pela avó materna, que
Para o diagnóstico, o nível reduzido de fator VIII ou IX re- se mostrou bastante preocupada, pois, além da febre,
sulta em TTPa prolongado. Se for severa, ele fica 2-3x acima notou que a criança apresenta manchas arrocheadas
do limite. Os outros testes (plaquetas, TP, TT) são normais. nos membros superiores e inferiores. A criança reside
Sangramentos ameaçadores da vida podem ocorrer, aco- com a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padras-
metendo SNC, via aérea superior, ou por exsanguinação to. Ao exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada,
em trauma, TGI ou ileopsoas. Para estas situações, pre- mas está corada e hidratada. Constataram-se FC = 120
cisamos repor o fator a uma atividade de 100%. Em ou- bpm, FR = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia
tras situações com sangramentos leves, deve-se corrigir o sem petéquias, sem placas, sem lesões, otoscopia com
fator para níveis hemostáticos, em geral 35-50%. membrana timpânica translúcida, sem abaulamento,
sem secreção, ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem so-
Assim, vemos que não faz sentido rastrear hemofilia
pro e ausculta pulmonar MVUD, sem ruídos adventí-
para todas as crianças abaixo de 5 anos. Não é uma
cios. Também foram observados abdome RHA+, de-
patologia bastante frequente, é ligada ao X (e a paciente
pressível, dor à palpação em baixo ventre, Blumberg
em questão é menina), e as equimoses não são a princi-
e Murph negativos, sem sinais de meningismo, mem-
pal manifestação clínica.
bros inferiores com equimoses < 5 cm e membros su-
periores com equimoses > 5 cm em braço esquerdo.
Take-Home Message: Inicialmente foram solicitados exame qualitativo de
urina com urocultura (via sondagem vesical; ainda sem
A hemofilia é uma doença de herança recessiva ligada resultado da urocultura) e radiografia de membro su-
ao X, e cursa com sangramentos importantes por alte- perior esquerdo. O exame qualitativo de urina pode ser
rações na formação do coágulo. verificado a seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que
Referências evidenciou calo ósseo em rádio e ulna esquerda, con-
forme a imagem a seguir. Acerca desse caso clínico e
Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics (21th tendo em vista os conhecimentos médicos correlatos,
edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St. Geme, N. julgue o item a seguir. Em casos de febre sem sinais
Schor (eds).” (2019) localizatórios, deve-se pensar sempre em infecção do
trato urinário, sendo que, entre as bactérias causadoras,
encontra-se a Bordetella pertussis.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentário
Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses
com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias.
Como alteração em exame físico, apresenta equimoses
em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 149

bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que QUESTÃO 52
foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca-
lizatórios e a suspeita de maus tratos. Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
Nesta pergunta, precisamos lembrar das principais in- tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
fecções relacionadas à febre sem sinais localizatórios queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
(FSSL). mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
A maioria das crianças com FSSL tem infecção viral tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
autolimitada. Porém existem algumas causas de FSSL membros superiores e inferiores. A criança reside com
com infecção bacteriana oculta, sendo as mais comuns a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao
a pneumonia, a infecção de trato urinário, e a bactere- exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
mia oculta. corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
= 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
Cada serviço tem seu protocolo detalhado de investiga- quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
ção de FSSL. Porém alguns pontos são comuns a todos timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
eles: a criança deve estar em bom estado geral e não ter ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pul-
antecedentes patológicos (caso contrário, será conduzi- monar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram
da com tratamento empírico) e não ter foco infeccioso observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação
identificado após anamnese e exame físico detalhados. em baixo ventre, Blumberg e Murph negativos, sem si-
A infecção urinária é a principal causa bacteriana de nais de meningismo, membros inferiores com equimo-
FSSL. A coleta de urina deve ser realizada através de ses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5 cm
sondagem vesical para ter melhor especificidade. O em braço esquerdo. Inicialmente foram solicitados exa-
me qualitativo de urina com urocultura (via sondagem
principal agente etiológico é a Escherichia coli.
vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radiografia
A Bordetella pertussis é a causa da coqueluche, uma do- de membro superior esquerdo. O exame qualitativo de
ença respiratória bastante sintomática. Não é uma causa urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se, ainda,
de febre sem sinais localizatórios, e também não causa radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e ulna
infecção urinária. Assim, esta afirmativa está incorreta. esquerda, conforme a imagem a seguir. Acerca desse caso
clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos cor-
relatos, julgue o item a seguir. Aos 18 meses de idade, a
Take-Home Message: criança está apta a se comunicar formando frases curtas
A infecção do trato urinário é causa bacteriana impor- de duas palavras ou três palavras.
tante de febre sem sinais localizatórios, e seu principal A) CERTO
agente etiológico é a Escherichia coli. B) ERRADO
Referências
Resposta correta: Letra A
Allen, Coburn. “Fever without a source in children 3
to 36 months of age: Evaluation and management”, Comentário
UpToDate. Disponível em Fever without a source in Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses
children 3 to 36 months of age: Evaluation and mana- com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias.
gement - UpToDate, acesso em 10/05/2022 Como alteração em exame físico, apresenta equimoses
em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca-
lizatórios e a suspeita de maus tratos.
150 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Esta questão aproveita a idade da paciente para abordar QUESTÃO 53


um tema totalmente diferente: o desenvolvimento neu-
ropsicomotor da criança de 18 meses. Vamos relembrar Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
os pontos mais importantes deste assunto. nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
Quanto ao desenvolvimento motor, a criança de 18 queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
meses anda bem, sobe e desce escadas, correm, chutam mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
uma bola; quanto à motricidade fina, já consegue de- tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
senhar linhas e empilhar alguns cubos, e tiram algumas membros superiores e inferiores. A criança reside com
peças de roupa sozinhas. a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao
No desenvolvimento socioemocional, já identificam exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
o faz de conta, começam a apresentar possessividade corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
e entendem o significado de “meu”, obedecem or- = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
dens simples. quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
Quanto à linguagem, já usam entre 10 e 25 palavras
ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pul-
(mas tem cerca de 50 palavras no vocabulário), imitam
monar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram
sons (animais, buzina, choro), reconhecem fotogragias.
observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação
Os principais sinais de alerta no desenvolvimento de em baixo ventre, Blumberg e Murph negativos, sem si-
uma criança de 18 meses são: nais de meningismo, membros inferiores com equimo-
- Não conseguir andar sem ajuda ses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5 cm
em braço esquerdo. Inicialmente foram solicitados exa-
- Apenas apontar para demonstrar interesse me qualitativo de urina com urocultura (via sondagem
- Não saber usar ao menos 6 palavras vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radiografia
de membro superior esquerdo. O exame qualitativo de
Devemos estar atentos não somente à aquisão da lin-
urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se, ainda,
guagem, mas também às regressões de linguagem e in-
radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e ulna
tenção comunicativa e reciprocidade social, que pode
esquerda, conforme a imagem a seguir. Acerca desse caso
ser indicativo de transtornos de comunicação e do es-
clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos cor-
pectro do autismo. Vale ressaltar que aos 18 meses deve
relatos, julgue o item a seguir. O trauma contuso, nas
ser feita a primeira triagem com a escala de m-CHAT.
crianças mais novas, muitas vezes é consequência dos
Concluímos que a afirmativa da questão está correta. A maus-tratos e do espancamento.
criança de 18 meses já consegue se comunicar juntando
A) CERTO
duas palavras para formar uma frase simples (ex: “quer
água). B) ERRADO
Resposta correta: Letra A
Take-Home Message:
Comentário
Aos 18 meses, a criança precisa saber usar ao menos 6
Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses
palavras, e em geral já sabe usar entre 10 e 25 palavras.
com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias.
Referências Como alteração em exame físico, apresenta equimoses
Araújo, Liubiana - “Campanha da Caderneta da Crian- em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
ça - Avaliação do Desenvolvimento de 18 a 24 meses”. bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
Sociedade Brasileira de Pediatria, junho/2020. foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 151

lizatórios e a suspeita de maus tratos. QUESTÃO 54


Nesta pergunta, devemos pensar nos diagnósticos dife- Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
renciais para as equimoses e fraturas observadas. Neste nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
caso, a suspeita principal é de maus tratos devido à pre- tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
sença de calo ósseo no RX associado às contusões em queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
membros, pois as condições clínicas que podem simu- mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
lar maus tratos em geral só causam um destes tipos de tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
alteração, e não ambas simultaneamente. membros superiores e inferiores. A criança reside com
A faixa etária de maior risco é de crianças abaixo de a mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao
3 anos. Alguns fatores da história que podem chamar exame físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
atenção são anamnese não condizente com exame fí- corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
sico (ex: queda da própria altura → fratura de fêmur), = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
alteração da história ou histórias discordantes, demo- quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
ra para buscar recursos, ou omissão de dados pelas timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
crianças maiores. A criança pode apresentar atitude de ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta pul-
defesa, apatia ou agressividade, desnutrição ou atraso monar MVUD, sem ruídos adventícios. Também foram
de DPNM. observados abdome RHA+, depressível, dor à palpação
em baixo ventre, Blumberg e Murph negativos, sem si-
Uma das lesões por maus tratos e a síndrome do
nais de meningismo, membros inferiores com equimo-
bebê sacudido, que cursa com fraturas de arco costal
ses < 5 cm e membros superiores com equimoses > 5
posterior, hemorragia no fundo de olho e hemorra-
cm em braço esquerdo. Inicialmente foram solicitados
gia intracraniana.
exame qualitativo de urina com urocultura (via sonda-
No entanto, é necessário descartar algumas patologias gem vesical; ainda sem resultado da urocultura) e radio-
antes de firmar esta hipótese. Quanto às equimoses, os grafia de membro superior esquerdo. O exame qualita-
diagnósticos diferenciais são traumas causados por aci- tivo de urina pode ser verificado a seguir. Realizou-se,
dentes, discrasias sanguíneas e vasculites. Quantos às ainda, radiografia que evidenciou calo ósseo em rádio e
fraturas, também devemos diferenciar de fratuas causa- ulna esquerda, conforme a imagem a seguir. Acerca desse
das por acidentes, osteogênese imperfeita, osteopenia, caso clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos
insensibilidade à dor, ou fraturas patológicas por doen- correlatos, julgue o item a seguir. Quando se observam
ça óssea como raquitismo. fraturas múltiplas, bilaterais e em diferentes estágios de
Assim, a afirmativa da questão está correta. Em crianças consolidação, deve-se pensar em maus- tratos.
pequenas, trauma contuso pode ser sinal de maus tratos. A) CERTO
B) ERRADO
Take-Home Message: Resposta correta: Letra A
Na criança pequena com equimoses e fraturas e dife-
rentes estágios de consolidação, devemos sempre pensar Comentário
em maus tratos como uma das hipóteses diagnósticas. Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses
Referências com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias.
Como alteração em exame físico, apresenta equimoses
Boos, Stephen. “Differential diagnosis of suspected em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
child physical abuse”, UpToDate. Disponível em “Dif- bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
ferential diagnosis of suspected child physical abuse - foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca-
UpToDate”, acesso em 10/05/2022. lizatórios e a suspeita de maus tratos.
152 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Nesta pergunta, devemos pensar nos diagnósticos dife- Scheri, Susan. “Orthopedic aspects of child abuse”,
renciais para as equimoses e fraturas observadas. Neste UpToDate. Disponível em Orthopedic aspects of child
caso, a suspeita principal é de maus tratos devido à pre- abuse - UpToDate, acesso em 10/05/2022.
sença de calo ósseo no RX associado às contusões em
membros, pois as condições clínicas que podem simu-
lar maus tratos em geral só causam um destes tipos de QUESTÃO 55
alteração, e não ambas simultaneamente.
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
É necessário descartar algumas patologias antes de firmar nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
esta hipótese. Quanto às equimoses, os diagnósticos di- tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
ferenciais são traumas causados por acidentes, discrasias queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
sanguíneas e vasculites. Quantos às fraturas, também de- mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
vemos diferenciar de fratuas causadas por acidentes, oste-
tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
ogênese imperfeita, osteopenia, insensibilidade à dor, ou
membros superiores e inferiores. A criança reside com a
fraturas patológicas por doença óssea como raquitismo.
mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa-
Alguns padrões de fratura falam mais a favor de maus tra- me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
tos, embora nenhum padrão é patognomônico. Fraturas corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
de ossos longos em crianças que ainda não andam, fratu- = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
ras incompatíveis com a idade (ex: criança de 1 mês que quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
“pulou do berço”), fraturas associadas a lesões não-ósseas timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
(ex: equimoses, queimaduras), fratura já em consolidação ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta
sem ter procurado atendimento médico anteriormente. pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também
Mais especificamente, algumas fraturas também são foram observados abdome RHA+, depressível, dor à
sugestivas de maus tratos por não serem comumente palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega-
encontradas de forma acidental: fraturas metafisárias, tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores
fraturas em costelas ou esterno, múltiplas fraturas em com equimoses < 5 cm e membros superiores com
diferentes estágios de consolidação, fratura em ossos equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente
longos bilateralmente, fraturas em dedos de crianças foram solicitados exame qualitativo de urina com uro-
<3 anos, fraturas complexas em crânio. cultura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da
Assim, a afirmativa da questão está correta. Fraturas urocultura) e radiografia de membro superior esquer-
múltiplas, bilaterais ou em diferentes estágios de consoli- do. O exame qualitativo de urina pode ser verificado a
dação devem apontar para o diagnóstico de maus tratos. seguir. Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou
calo ósseo em rádio e ulna esquerda, conforme a ima-
gem a seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista
Take-Home Message: os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
Na criança pequena com equimoses e fraturas e dife- seguir. Artrite idiopática juvenil é uma doença crônica
rentes estágios de consolidação, devemos sempre pensar autoimune das articulações, e a principal manifestação
em maus tratos como uma das hipóteses diagnósticas. clínica é a artrite, caracterizada por dor, aumento de
volume e de temperatura de uma ou mais articulações.
Referências
A) CERTO
1. Boos, Stephen. “Differential diagnosis of suspected
child physical abuse”, UpToDate. Disponível em Dif- B) ERRADO
ferential diagnosis of suspected child physical abuse - Resposta correta: Letra A
UpToDate, acesso em 10/05/2022.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 153

Comentário Referências
Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses 1. Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics
com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias. (21th edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St. Geme,
Como alteração em exame físico, apresenta equimoses N. Schor (eds).” (2019)
em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem-
bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca- QUESTÃO 56
lizatórios e a suspeita de maus tratos.
Uma paciente de 1 ano e 6 meses de idade foi encami-
Esta questão sobre artrite idiopática juvenil não está nhada ao pronto atendimento pediátrico por apresen-
bem correlacionada com o caso clínico. De certa for- tar febre, há três dias, entre 38ºC e 39,5ºC, sem outras
ma a pergunta é totalmente desconexa do caso clínico; queixas. A criança foi levada pela avó materna, que se
nem mesmo a febre poderia apontar para AIJ. Vamos mostrou bastante preocupada, pois, além da febre, no-
revisar alguns detalhes sobre este tema. tou que a criança apresenta manchas arrocheadas nos
A artrite idiopática juvenil é a doença reumatológica membros superiores e inferiores. A criança reside com a
mais comum em crianças, e representa um grupo hete- mãe, um irmão de 5 anos de idade e o padrasto. Ao exa-
rogêneo de doenças com manifestação inicial de artrite. me físico, ela mostra-se abatida e prostrada, mas está
A artrite deve estar presente por mais de 6 semanas, e os corada e hidratada. Constataram-se FC = 120 bpm, FR
sintomas iniciais são sutis, com rigidez matinal, claudi- = 40 irpm, SatO2 = 98% em AA, oroscopia sem peté-
cação ou redução das atividades. quias, sem placas, sem lesões, otoscopia com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamento, sem secreção,
Também pode ter quadro sistêmico associado, com fe- ausculta cardíaca BNF, RR, 2t, sem sopro e ausculta
bre, rash cutâneo e hepatoesplenomegalia. A febre ca- pulmonar MVUD, sem ruídos adventícios. Também
racterística chega a 39º diariamente ou 2xd por pelo foram observados abdome RHA+, depressível, dor à
menos 2 semanas, e tem retorno rápido a temperaturas palpação em baixo ventre, Blumberg e Murph nega-
normais. Pode acompanhar um rash leve. tivos, sem sinais de meningismo, membros inferiores
O diagnóstico é clínico. O FAN é positivo em 40-85% com equimoses < 5 cm e membros superiores com
dos casos com AIJ oligo ou poliarticular, mas tem ape- equimoses > 5 cm em braço esquerdo. Inicialmente fo-
nas papel prognóstico. Devemos lembrar que a presen- ram solicitados exame qualitativo de urina com urocul-
ça de FAN positivo confere risco aumentado para uve- tura (via sondagem vesical; ainda sem resultado da uro-
íte anterior, e demanda exames periódicos. Além disso, cultura) e radiografia de membro superior esquerdo. O
o FAN é quase sempre negativo nas formas sistêmicas. exame qualitativo de urina pode ser verificado a seguir.
Realizou-se, ainda, radiografia que evidenciou calo ós-
O tratamento é feito com anti-inflamatório não esteroidal, seo em rádio e ulna esquerda, conforme a imagem a
injeção intraarticular de corticoides, e em casos que não res- seguir. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os co-
ponderem bem, uso de metotrexato ou até anti-TNFs. nhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
Concluindo, a afirmativa está correta, apesar de não ter Para enfrentar as várias formas de uma manifestação
relação com o caso clínico. da violência, o setor de saúde tem políticas próprias de
âmbito nacional, como a notificação de violência con-
tra crianças e adolescentes na rede do Sistema Único de
Take-Home Message:
Saúde (SUS) (Portaria nº 1.968/2001).
A artrite idiopática juvenil é a doença reumatológica
mais comum em crianças, e representa um grupo hete- A) CERTO
rogêneo de doenças com manifestação inicial de artrite. B) ERRADO
Pode ter forma sistêmica, cursando com febre. O tra- Resposta correta: Letra A
tamento é feito com antiinflamatórios não esteroidais.
154 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Comentário Take-Home Message:


Este bloco de questões traz uma criança de 18 meses Em casos suspeitos de violência contra a criança e o
com quadro de febre sem sinais localizatórios há 3 dias. adolescente, deve ser feita notificação do caso e enca-
Como alteração em exame físico, apresenta equimoses minhamento para o conselho tutelar.
em membros, e em RX apresenta calo ósseo em mem- Referências
bro superior esquerdo. Este caso tem dois aspectos que
foram abordados nas questões: a febre sem sinais loca- 1. Waksman, Renata. “Manual de atendimento às
lizatórios e a suspeita de maus tratos. crianças e adolescentes vítimas de violência”, 2a
edição (2018). Sociedade Brasileira de Pediatria.
Nesta pergunta, foi abordada a notificação de violência
2. Hirschheimer, Mario. “Manual de Orientação -
contra crianças e adolescentes pelos SUS. Devido ao
Protocolo de abordagem da criança ou adolescente
impacto severo na saúde física e mental das vítimas de
vítima de violência doméstica”. Sociedade Brasilei-
violência, e considerando que os profissionais de saúde
ra de Pediatria, 2018.
estão em posição estratégica para detectar situações de
agressão, há obrigação legal de notificar estes casos. 3. Azevedo, Alda. “Violência e saúde de adolescentes e
jovens - como o pediatra deve proceder?”. Socieda-
Diante de um caso de violência contra a criança ou de Brasileira de Pediatria, 2018.
adolescente, a notificação é compulsória. Todos os ca-
sos, mesmo que só suspeitos, devem ser notificados,
conforme rege o Estatuto da Criança e do Adolescente QUESTÃO 57
(ECA), no artigo 13 da Lei nº 8.069:
Uma paciente de 4 anos de idade foi levada pela mãe ao
“Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de pronto atendimento e relatou que a filha refere intensa
tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra dor abdominal e está há sete dias sem evacuar. A filha co-
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comuni- meçou a demonstrar dificuldades para evacuar logo que
cados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem iniciou a introdução alimentar e, desde então, apresenta
prejuízo de outras providências legais.”. fezes em “”bolinhas””. Em relação à dieta, disse que a
A notificação deve ser preenchida por qualquer mem- menina come frutas, porém em pouca variedade, gosta
bro da equipe de saúde, com dados sobre a vítima e seus muito de banana e de maçã, não gosta de verduras e in-
responsáveis, relato do acontecimento, descrição do gere pouca quantidade de água. Ao exame físico, verifica-
exame clínico e exames complementares, se realizados. ram-se FC = 100 bpm, FR = 22 irpm, SatO2 = 98% em
AA, bem como abdome globoso com ruídos hidroaéreos
A ficha de notificação é enviada ao conselho tutelar positivos, dor difusa à palpação e, em quadrante inferior
responsável pela região onde a vítima reside. Se não esquerdo, palpa-se massa (sugestivo de fezes). Conside-
houver conselho tutelar responsável, a notificação será rando esse caso clínico e com base nos conhecimentos
encaminhada para a Vara da Infância e Juventude. médicos correlatos, julgue o item a seguir. Sempre que
O objetivo da notificação é interromper as atitudes e uma criança relatar dor abdominal, é importante ques-
comportamentos violentos por parte do agressor. Não tionar a respeito dos hábitos intestinais, da consistência
se trata de denúncia policial. das fezes e do número de evacuações (dia/semana). A
constipação funcional é um diagnóstico clínico feito de
A denúncia através de boletim de ocorrência é feita pe- acordo com os critérios de Roma IV.
los responsáveis da vítima, e não pela equipe de saúde.
Tem papel penal. A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 155

Comentário tação aos pais sobre o processo de desfralde. Podem ser


Neste bloco de questões temos uma menina de 4 anos no usados medicamentos como polietilenoglicol ou lactu-
pronto atendimento por constipação com dor abomi- lose para desimpactação e manutenção do tratamento.
nal. O quadro de constipação teve início na introdução O óleo mineral é proscrito pelo risco de aspiração.
alimentar, e o enunciado evidencia alguns hábitos que Concluímos, portanto, que a afirmação da questão
contribuem para este distúrbio: baixa ingesta hídrica, está correta.
preferência por frutas constipantes e poucas verduras.
Nesta questão, é abordado o diagnóstico clínico pelo Take-Home Message:
Roma IV. Vamos relembrar alguns aspectos sobre a
constipação na infância. Na criança abaixo de 4 anos, a constipação pode se de-
senvolver principalmente no momento da introdução
Constipação funcional é uma queixa comum, com pre- alimentar e do desfralde. O diagnóstico é clínico, com
valência de 3% das crianças. Em até 40% dos casos critérios de Roma IV, e o tratamento é comportamental
começa no primeiro ano de vida, principalmente no e medicamentoso (de escolha: polietilenoglicol).
segundo semestre, com o início da alimentação com-
plementar. Outro momento crítico no desenvolvimen- Referências
to de constipação é o desfralde. 1. Distúrbios gastrointestinais funcionais no lacten-
Cursa com evacuação dolorosa ou estressante, e as te e na criança abaixo de 4 anos: um guia para a
crianças buscam evitar a evacuação por receio. Pode prática diária - Departamento Científico de Gas-
haver encoprese (incontinência fecal associada à cons- troenterologia - Sociedade Brasileira de Pediatria
tipação). (abril/2022)
Os critérios de Roma IV para constipação funcional até Sood, Manu. “Functional constipation in infants, chil-
4 anos são: dren, and adolescents: Clinical features and diagnosis”,
UpToDate. Disponível em Functional constipation in
Pelo menos dois dos seguintes por pelo menos um mês: infants, children, and adolescents: Clinical features and
1. Duas ou menos evacuações por semana diagnosis - UpToDate, acesso em 11/05/2022.
2. Histórico de comportamento de retenção
3. Evacuações dolorosas ou com dificuldade
4. Presença de grande quantidade de fezes no reto
5. Eliminação de fezes muito grossas
Para as crianças com menos de 4 anos com controle
esfincteriano, considerar também:
6. Pelo menos um episódio de incontinência fecal
por semana
7. Eliminação de fezes de grande diâmetro que pode
causar entupimento do vaso sanitário
O tratamento é feito com medidas comportamen-
tais, estimulando a ingesta hídrica e de fibras, e orien-
156 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 58 A afirmativa da questão diz que devemos investigar


hipotireoidismo em todos os casos de constipação. A
Uma paciente de 4 anos de idade foi levada pela mãe armadilha aqui é que a constipação é muito raramente
ao pronto atendimento e relatou que a filha refere in- causada por hipotireoidismo, embora um dos sintomas
tensa dor abdominal e está há sete dias sem evacuar. A de hipotireoidismo seja constipação.
filha começou a demonstrar dificuldades para evacuar
logo que iniciou a introdução alimentar e, desde então, O hipotireoidismo adquirido na infância pode cursar
apresenta fezes em “”bolinhas””. Em relação à dieta, com bócio, baixa estatura, dificuldade de aprendiza-
disse que a menina come frutas, porém em pouca va- do, pele fria e seca, intolerância ao frio, constipação,
riedade, gosta muito de banana e de maçã, não gosta de sonolência, atraso puberal. Seu diagnóstico seria feito
verduras e ingere pouca quantidade de água. Ao exame através da dosagem de TSH e T4L, mas a criança não
físico, verificaram-se FC = 100 bpm, FR = 22 irpm, apresenta nenhum outro sinal ou sintoma de hipoti-
SatO2 = 98% em AA, bem como abdome globoso com reoidismo, sendo esta causa pouco provável.
ruídos hidroaéreos positivos, dor difusa à palpação e, Assim, a afirmativa está incorreta, pois não devemos
em quadrante inferior esquerdo, palpa-se massa (suges- investigar hipotireoidismo em todas as constipações.
tivo de fezes). Considerando esse caso clínico e com
base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o
item a seguir. Na investigação de constipação, é impor- Take-Home Message:
tante solicitar exames como TSH e T4 livre, a fim de A constipação é funcional em 95% dos casos; das cau-
descartar hipotireoidismo, que tem, entre as suas mani- sas orgânicas, as principais são moléstia de Hirschspru-
festações, a constipação. ng, APLV e doença celíaca.
A) CERTO Referências
B) ERRADO
Sood, Manu. “Functional constipation in infants, chil-
Resposta correta: Letra B dren, and adolescents: Clinical features and diagnosis”,
UpToDate. Disponível em Functional constipation in
Comentário infants, children, and adolescents: Clinical features and
diagnosis - UpToDate, acesso em 11/05/2022.
Neste bloco de questões temos uma menina de 4 anos no
pronto atendimento por constipação com dor abomi-
nal. O quadro de constipação teve início na introdução
alimentar, e o enunciado evidencia alguns hábitos que
contribuem para este distúrbio: baixa ingesta hídrica,
preferência por frutas constipantes e poucas verduras.
O diagnóstico de constipação funcional é clínico, e fei-
to através dos critérios de Roma IV. Causas orgânicas
são responsáveis por apenas 5% dos casos de consti-
pação em crianças, e podem ser detectadas através de
anamnese e exame físico adequados, sem necessidade
de realização de exames para todo caso de constipação.
Exemplos de causas orgânicas importantes são a doen-
ça de Hirschsprung, alergia à proteína do leite de vaca
(associação incerta) ou doença celíaca.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 157

QUESTÃO 59 Diabetes mellitus pode causar constipação, em um


contexto de neuropatia autonômica diabética. A gas-
Uma paciente de 4 anos de idade foi levada pela mãe troparesia ocorre por hipomotilidade gástrica, e aco-
ao pronto atendimento e relatou que a filha refere in- mete até 50% dos pacientes com DM1 de longa data.
tensa dor abdominal e está há sete dias sem evacuar. A Pode estar associada a náusea, vômitos, dor abdominal
filha começou a demonstrar dificuldades para evacuar crônica e constipação.
logo que iniciou a introdução alimentar e, desde então,
apresenta fezes em “”bolinhas””. Em relação à dieta, Concluímos que apesar de extremamente raro, diabetes
disse que a menina come frutas, porém em pouca va- mellitus pode sim causar constipação.
riedade, gosta muito de banana e de maçã, não gosta de Vale comentar que a afirmativa é desconexa em rela-
verduras e ingere pouca quantidade de água. Ao exame ção ao caso, pois não há nenhum indício de diabetes
físico, verificaram-se FC = 100 bpm, FR = 22 irpm, mellitus nesta criança, muito menos correlação com
SatO2 = 98% em AA, bem como abdome globoso com a constipação.
ruídos hidroaéreos positivos, dor difusa à palpação e,
em quadrante inferior esquerdo, palpa-se massa (suges-
tivo de fezes). Considerando esse caso clínico e com Take-Home Message:
base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o A constipação é funcional em 95% dos casos; das cau-
item a seguir. Diabetes mellitus é uma causa incomum sas orgânicas, as principais são moléstia de Hirschspru-
de constipação. ng, APLV e doença celíaca.
A) CERTO Referências
B) ERRADO
Sood, Manu. “Functional constipation in infants, chil-
Resposta correta: Letra A dren, and adolescents: Clinical features and diagnosis”,
UpToDate. Disponível em Functional constipation in
Comentário infants, children, and adolescents: Clinical features and
diagnosis - UpToDate, acesso em 11/05/2022.
Neste bloco de questões temos uma menina de 4 anos no
pronto atendimento por constipação com dor abomi-
nal. O quadro de constipação teve início na introdução
alimentar, e o enunciado evidencia alguns hábitos que
contribuem para este distúrbio: baixa ingesta hídrica,
preferência por frutas constipantes e poucas verduras.
O diagnóstico de constipação funcional é clínico, e fei-
to através dos critérios de Roma IV. Causas orgânicas
são responsáveis por apenas 5% dos casos de consti-
pação em crianças, e podem ser detectadas através de
anamnese e exame físico adequados, sem necessidade
de realização de exames para todo caso de constipação.
Exemplos de causas orgânicas importantes são a doen-
ça de Hirschsprung, alergia à proteína do leite de vaca
(associação incerta) ou doença celíaca.
Nesta questão, a afirmativa diz que diabetes mellitus é
uma causa incomum de constipação.
158 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 60 Linfonodomegalia em crianças em geral é um quadro


benigno e autolimitado. Não é necessário investigar
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao a etiologia em todos os pacientes. A investigação vai
ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu- depender de outros fatores da anamnese e exame fí-
pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela sico, em busca de características de malignidade. A
notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante avaliação inicial envolve anamnese e exame físico com-
ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas pletos, focados em sintomas sugestivos de infecção
fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais, e malignidade.
há muito tempo apareceram alguns machucados no
couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem A localização do linfonodo é importante para definir
algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura o diagnóstico. Linfonodomegalias localizadas apontam
= 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 para etiologias mais comuns:
e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em - Occipital: infecções do couro cabeludo, como tí-
AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas nea, pediculose, etc
melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
- Auricular posterior: rubeola, roseola
dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem - Auricular anterior: conjuntivite
lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana - Submentoniana: infecções orais
timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica- - Cervical anterior: IVAS em geral
ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA, - Cervical posterior: toxoplasmose, EBV, rubeola
abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
- Axilar: doença da arranhadura do gato
palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal e
fimose. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen- - Inguinal: infecções genitais
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Sempre Linfonodomegalias generalizadas podem ser causadas
se deve solicitar USG para descartar malignidade de por infecções virais (ex: EBV, CMV, adenovírus, ru-
linfonodos maiores de 1 cm. beola), fúngica (ex: histoplasmose, paracoccidioido-
A) CERTO micose), bacterianas (ex: estreptococos do grupo A,
B) ERRADO leptospirose) ou parasitária (ex: leishmaniose, toxoplas-
mose). Também podem ser causadas por neoplasias (ex:
Resposta correta: Letra B linfoma de Hodgkin, metástases de neuroblastoma ou
rabdomiosarcoma), doenças imunológicas (vasculites,
Comentário doença granulomatosa crônica), e a lista de causas me-
Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos nos frequentes é extensa.
e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do O tamanho considerado normal varia com a faixa etá-
linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona- ria e local:
da a uma piodermite em couro cabeludo (lesões pru-
- Neonatos <1cm
riginosas em couro cabeludo associadas a crostas me-
licéricas). O paciente também apresenta atraso de fala, - Lactentes <1cm em geral (<0,5cm epitroclear;
apesar de não ser esta a queixa da mãe. <1,5cm inguinal)
Nesta questão, é abordada a linfonodomegalia e sua in- - Crianças maiores <2cm
vestigação. Vamos retomar alguns conceitos a respeito
deste assunto.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 159

Alguns sintomas mais preocupantes que indicam ne- QUESTÃO 61


cessidade de investigação são:
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado
- Sintomas sistêmicos (ex: febre por mais de 7 dias,, ao ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está pre-
sudorese noturna, perda de peso >10%) ocupada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que
- Linfonodo supraclavicular ela notou há
- Linfadenopatia generalizada cinco meses. Relatou que o filho é bastante ativo, que
se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas fala pouco
- Linfonodos endurecidos, não móveis, >1cm no pe-
e palavras difíceis de compreender. Ademais, há muito
ríodo neonatal ou
tempo apareceram alguns machucados no couro cabe-
- Linfonodos >2cm que aumentam, ou que não res- ludo dele, que o menino coça bastante e tem algumas
pondem à antibioticoterapia em 2 semanas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura = 90 cm
- Ausência de sintomas em ouvido, nariz ou garganta (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 e -2),
FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
- RX tórax alterado, hemograma alterado, DHL ele- AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
vada, VHS e PCR em elevação melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
Concluindo, não é necessário investigar com USG toda dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
linfonodomegalia maior que 1cm. Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
Take-Home Message: e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica-
A investigação da linfonodomegalia na criança depen- ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA,
de da idade, da localização, do tamanho, e da presen- abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
ça de sintomas sistêmicos. Não é indicado USG para palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal e
toda linfonodomegalia. fimose. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen-
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O caso
Referências descrito trata-se de impetigo crostoso, e o tratamento
1. McClain, Kenneth. “Peripheral lymphadenopathy deve ser feito com mupirocina em lesões localizadas e,
in children: Evaluation and diagnostic approach”, em lesões extensas ou numerosas, o tratamento deve ser
UpToDate. Disponível em Peripheral lymphade- realizado com cefalexina.
nopathy in children: Evaluation and diagnostic A) CERTO
approach - UpToDate, acesso em 13/05/2022.
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A

Comentário
Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos
e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do
linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona-
da a uma piodermite em couro cabeludo (lesões pru-
riginosas em couro cabeludo associadas a crostas me-
licéricas). O paciente também apresenta atraso de fala,
apesar de não ser esta a queixa da mãe.
160 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Esta questão aborda a lesão do couro cabeludo, classi- Referências


ficando-a como impetigo crostoso e propondo trata-
1. Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics
mento com antibioticoterapia tópica para lesões locali-
(21th edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St.
zadas e sistêmica para lesões extensas.
Geme, N. Schor (eds).” (2019)
O impetigo é a infecção de pele mais comum em crian-
ças. Tem duas formas clássicas: bolhoso e não bolhoso.
Seus principais agentes são o Staphylococcus aureus e o QUESTÃO 62
Streptococcus pyogenes.
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
A lesão começa na face ou em extremidades que so- ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
freram alguma lesão (picadas de insetos, queimaduras, pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
etc). Se forma uma pequena vesícula ou pústula, que
notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante
rapidamente aumenta para uma placa crostosa melicé-
ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas
rica, em geral <2cm. Pode espalhar para outras partes
fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais,
do corpo através das mãos ou de fômites. Não tem dor
há muito tempo apareceram alguns machucados no
ou eritema ao redor da lesão, e não tem sintomas cons-
couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem
titucionais. Tem adenopatia em 90% dos casos, e leu-
cocitose em 50%. Ocasionalmente tem prurido. algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura
= 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0
Na forma bolhosa, as bolhas são flácidas e transparentes e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
na pele do rosto, nádegas, tronco, períneo e extremida- AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
des. A bolha rompe facilmente, causando uma erosão melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
rasa e úmida. Em geral não tem adenopatia regional dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
nem eritema ao redor. Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
O tratamento depende do número de lesões e da loca- lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
lização. Sempre orientamos cuidados locais e remoção timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
de crostas. Antibiótico tópico é indicado para doença e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica-
localizada por 7-10 dias 2-3xdia (ex: mupirocina, ba- ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA,
citracina, ácido fusídico). Antibiótico sistêmico é in- abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
dicado se houver doença generalizada, perioral ou pe- palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal
rinasal, extensa ou sistêmica (ex: cefalexina, penicilina e fimose. Com base nesse caso clínico e nos conheci-
benzatina, amoxicilina). mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O
Devemos internar crianças que apresentem toxe- agente causador do impetigo crostoso é o Streptococ-
mia, extensão do processo ou falha do tratamen- cus pyogenes.
to ambulatorial. A) CERTO
Portanto, concluímos que a afirmativa desta questão B) ERRADO
está correta.
Resposta correta: Letra A

Take-Home Message: Comentário


O impetigo é uma piodermite superficial causada por Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos
Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes. Seu e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do
tratamento é tópico nas lesões localizadas e sistêmico linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona-
nas lesões extensas. da a uma piodermite em couro cabeludo (lesões pru-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 161

riginosas em couro cabeludo associadas a crostas me- Referências


licéricas). O paciente também apresenta atraso de fala, 1. Baddour, Larry. “Impetigo”, UpToDate. Disponível
apesar de não ser esta a queixa da mãe. em Impetigo - UpToDate, acesso em 15/05/2022.
Esta questão aborda a lesão do couro cabeludo, com o Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics (21th
diagnóstico de impetigo crostoso. Mais especificamen- edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St. Geme, N.
te, trata do agente etiológico desta piodermite. Schor (eds).” (2019)
O impetigo é a infecção de pele mais comum em crian-
ças. Tem duas formas clássicas: bolhoso (bolhas flácidas
com ruptura fácil, deixando uma crosta) e não bolho- QUESTÃO 63
so (pápulas, vesículas e pústulas que rompem e forma
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
crostas melicéricas aderentes).
ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
O principal patógeno envolvido é o Staphylococcus au- pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
reus, especialmente no impetigo bolhoso (pois produz notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante
uma toxina que causa clivagem da camada mais super- ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas
ficial da pele). O Streptococcus pyogenes também é re- fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais,
levante em parte dos casos, especialmente no impetigo há muito tempo apareceram alguns machucados no
não bolhoso. couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem
Não tem dor ou eritema ao redor da lesão, e não tem algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura
sintomas constitucionais. Tem adenopatia em 90% = 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0
dos casos, e leucocitose em 50%. Ocasionalmente e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
tem prurido. AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
O tratamento depende do número de lesões e da loca- dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
lização. Sempre orientamos cuidados locais e remoção Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
de crostas. Antibiótico tópico é indicado para doença lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
localizada por 7-10 dias 2-3xdia (ex: mupirocina, ba- timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
citracina, ácido fusídico). Antibiótico sistêmico é in- e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro.
dicado se houver doença generalizada, perioral ou pe-
rinasal, extensa ou sistêmica (ex: cefalexina, penicilina Verificaram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD,
benzatina, amoxicilina). sem RA, abdome, RHA+, depressível, sem megalias,
indolor à palpação e genitália com testículos em bolsa
Devemos internar crianças que apresentem toxe- escrotal e fimose. Com base nesse caso clínico e nos co-
mia, extensão do processo ou falha do tratamen- nhecimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
to ambulatorial. É bastante comum meninos não falarem até os 2 anos
Portanto, concluímos que a afirmativa desta questão de idade; nesses casos, deve-se aguardar até os 2 anos e
está correta. meio e orientar que os pais estimulem a criança a falar.
A) CERTO
Take-Home Message: B) ERRADO
Os principais agentes do impetigo são o Staphylococ- Resposta correta: Letra B
cus aureus e o Streptococcus pyogenes.
162 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Comentário Take-Home Message:


Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos Na criança com atraso de fala, devemos investigar pos-
e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do sívels fatores causais ou agravantes e estabelecer inter-
linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona- venção precoce para propiciar o melhor desenvolvi-
da a uma piodermite em couro cabeludo infectada (le- mento possível para aquela criança.
sões pruriginosas em couro cabeludo associadas a cros- Referências
tas melicéricas). O paciente também apresenta atraso
de fala, apesar de não ser esta a queixa da mãe. 1. Sices, Laura. “Expressive language delay (“late tal-
king”) in young children”, UpToDate. Disponível
Nesta pergunta, é abordada a conduta frente ao atraso em Expressive language delay (“late talking”) in you-
de fala do paciente. Lembrando que aos aos 2 anos a ng children - UpToDate, acesso em 11/05/2022.
criança já usa entre 50 e 200 palavras e consegue for-
mar frases com um substantivo e um verbo, o paciente
em questão apresenta um atraso de fala (fala pouco e QUESTÃO 64
com palavras incompreensíveis).
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
Frente a uma criança com atraso de fala, devemos ve- ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
rificar se há algum fator causando ou agravando este pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
atraso. Por exemplo, déficit auditivo, problemas fo- notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante
natórios, transtorno do espectro autista, atraso global ativo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas
do DNPM. fala pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais,
há muito tempo apareceram alguns machucados no
Alguns fatores são popularmente tidos como causa de
couro cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem
atraso na fala, mas não devem atrasar as investigações
algumas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura
e intervenções pertinentes. Por exemplo, não devemos = 90 cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0
ser mais tolerantes com atrasos de fala em meninos, e -2), FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em
famílias bilíngues, ou crianças boa capacidade de com- AA. No couro cabeludo, há várias lesões com crostas
preensão mas não de produção de linguagem. melicéricas e presença de linfonodo retroauricular me-
Independente do diagnóstico, a intervenção precoce é dindo 1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação.
a conduta que trará mais benefícios ao paciente. De- Observaram-se oroscopia, dentes em bom estado, sem
vemos promover um ambiente com estímulos para o lesões, sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana
paciente apresentar o desenvolvimento da linguagem. timpânica translúcida, sem abaulamentos ou retrações
Por exemplo, os pais devem falar sobre as atividades e ausculta cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verifica-
diárias, incentivar a criança a falar o nome dos objetos, ram-se, ainda, ausculta pulmonar, MVUD, sem RA,
limitar o tempo que a criança fica em frente às telas. Se abdome, RHA+, depressível, sem megalias, indolor à
pertinente, a criança deve ser encaminhada a terapias palpação e genitália com testículos em bolsa escrotal e
com fonoaudiologista. fimose. Com base nesse caso clínico e nos conhecimen-
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Inves-
Assim, a afirmativa está incorreta, pois não devemos tigação de autismo deve ser realizada em crianças que
aguardar ainda mais tempo antes de começar as inter- não falam aos 18 meses de idade e, entre os métodos de
venções para otimizar o desenvolvimento paciente. avaliação, está a escala M-CHAT.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 163

Comentário O quadro clínico é bastante heterogêneo, principal-


Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos mente em relação a linguagem e funcionamento cogni-
e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do tivo. No início, pode ser difícil distinguir os sintomas
linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona- do autismo de variações do desenvolvimento normal
da a uma piodermite em couro cabeludo infectada (le- ou de retardos e dificuldades transitórias. O diagnós-
sões pruriginosas em couro cabeludo associadas a cros- tico correto frequentemente demora anos ou mesmo
tas melicéricas). O paciente também apresenta atraso décadas para ser feito, com grande sofrimento fami-
de fala, apesar de não ser esta a queixa da mãe. liar associado.

Nesta pergunta, é abordado o atraso de fala e sua relação A Academia Americana de Pediatria recomenda tria-
com o autismo. Vamos nos aprofundar neste assunto. gem para o transtorno do espectro autista entre 18 e
24 meses de idade para todas as crianças (com ou sem
O transtorno do espectro autista é um transtorno do atraso de fala). Este rastreio pode ser feito pela aplica-
neurodesenvolvimento caracterizado por: ção do M-CHAT, que consiste em um questionário a
- Prejuízos na capacidade de interação social recípro- ser respondido pelos pais ou cuidadores. Ela define se a
ca criança tem risco ou não para apresentar o transtorno,
e maior investigação deve ser realizada nos casos com
- Anormalidade no desenvolvimento ou uso da lin-
triagem de risco.
guagem;
O paciente da questão apresenta atraso de fala, pois
- Comportamentos repetitivos e ritualizados, com
aos dois anos ainda fala pouco e não é compreendido.
restrição de interesses.
Investigação de autismo deve ser realizada, e a escala
As manifestações iniciam-se antes dos 3 anos de ida- M-CHAT pode ser usada para rastreio. Portanto, a afir-
de, persistindo ao longo da vida. É frequente os pais mativa está correta.
relatarem que a criança perdeu habilidades que havia
adquirido no 1º ou 2º ano de vida.
Take-Home Message:
Há prejuízo na interação social, que pode ser desde
uma ausência da percepção do outro com isolamento Triagem para o transtorno do espectro autista entre 18
social, até contato intrusivo ou inadequado (compri- e 24 meses de idade é recomendada para todas as crian-
mentar estranhos, comentários inapropriados, etc). ças (com ou sem atraso de fala). Este rastreio pode ser
feito pela aplicação do M-CHAT.
Além do possível atraso no desenvolvimento da lingua-
gem verbal, também ocorre comprometimento da co- Referências
municação não verbal (contato visual, expressão facial, 1. Araújo, Liubiana. “Transtorno do Espectro do Autis-
postura, gesticulação). Não há iniciativa de comparti- mo”, Sociedade Brasileira de Pediatria, abril/2019.
lhar interesses, prazer ou realizações com outras pesso-
as. Não desenvolvem relacionamentos com os pares de Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics (21th
forma apropriada para idade. edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St. Geme, N.
Schor (eds).” (2019)
Apresentam restrição de interesses, com interesse por
partes específicas de objetos ou brinquedos, por vezes
com apego excessivo e sem se importarem com o apec-
to funcional dos mesmos. Há rigidez e apego excessivo
a rotinas, e podem ficar impulsivos e agressivos frente a
mudanças de rotina e frustrações.
164 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 65 Na pediatria, sempre devemos classificar o IMC da


criança de acordo com a idade e o sexo, para obter o
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao Z-score do IMC e assim poder diagnosticar o esta-
ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu- do nutricional.
pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante ati- A desnutrição passa a ser diagnosticada quando o Z-s-
vo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas fala core está abaixo de -2. O examinador tenta induzir a
pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais, há pensar que deveria estar acima de 0 para estar saudável,
muito tempo apareceram alguns machucados no couro mas acima de -2 até +1 a criança é eutrófica. Em geral,
cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem algu- o problema é excesso de peso, então vamos revisar esta
mas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura = 90 parte também.
cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 e -2), Nas crianças abaixo de 5 anos, podemos classificar tan-
FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em AA. to o peso para altura quanto o IMC para idade. Nesta
No couro cabeludo, há várias lesões com crostas meli- faixa etária, temos um diagnóstico exclusivo: o risco de
céricas e presença de linfonodo retroauricular medindo sobrepeso, quando o Z-score do IMC para idade está
1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação. Obser- entre +1 e +2. O sobrepeso é diagnosticado com IMC
varam-se oroscopia, dentes em bom estado, sem lesões, para idade com Z-score entre +2 e +3. Quando está
sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana timpâni- acima de +3, temos a obesidade.
ca translúcida, sem abaulamentos ou retrações e ausculta
Nas crianças acima de 5 anos, não há o risco de sobre-
cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verificaram-se, ainda,
peso. A divisão do Z-score é a mesma, mas a criança já
ausculta pulmonar, MVUD, sem RA, abdome, RHA+,
começa com sobrepeso, seguido de obesidade, e acima
depressível, sem megalias, indolor à palpação e genitália
de +3 temos obesidade grave.
com testículos em bolsa escrotal e fimose. Com base nes-
se caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, A classificação é a mesma usando o percentil, só é ne-
julgue o item a seguir. É importante realizar investigação cessário fazer a equivalência.
dos hábitos alimentares dessa criança, visto que o ideal
seria estar com peso acima do escore z 0.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentário
Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos
e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do
linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona-
da a uma piodermite em couro cabeludo (lesões pru-
riginosas em couro cabeludo associadas a crostas me-
licéricas). O paciente também apresenta atraso de fala,
apesar de não ser esta a queixa da mãe.
Nesta questão, o examinador aborda o z-score do peso,
afirmando que deveria ser acima de 0 para ser adequa-
do. Vamos retomar a classificação antropométrica do
peso e IMC da criança.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 165

Take-Home Message: Comentário


Quando a criança apresenta Z-score de peso ou IMC Neste bloco de questões, temos uma criança de 2 anos
entre -2 e +1, ela é eutrófica. Acima de +1, pode ser ris- e 3 meses em consulta de puericultura. A presença do
co de sobrepeso nos menores de 5 anos, e sobrepeso nos linfonodo retroauricular possivelmente está relaciona-
maiores de 5 anos. Acima de +2, temos sobrepeso nos da a uma piodermite em couro cabeludo (lesões pru-
menores de 5 anos e obesidade nos maiores de 5 anos. riginosas em couro cabeludo associadas a crostas me-
Referências licéricas). O paciente também apresenta atraso de fala,
apesar de não ser esta a queixa da mãe.
1. Obesidade na infância e adolescência: Manual de
Orientação. Departamento Científico de Nutrolo- Nesta questão, foram abordados aspectos do desenvol-
gia, Sociedade Brasileira de Pediatria (2019) vimento normal da criança de 2 anos de idade. Vamos
relembrar os principais aspectos do DNPM desta fai-
xa etária.
QUESTÃO 66 A partir dos 2 anos, a criança já é capaz de ficar na pon-
ta dos pés, chutar uma bola, corre e sobe escadas, escala
Um paciente de 2 anos e 3 meses de idade foi levado ao
objetos, abre maçanetas, tira peças de roupa. Quanto à
ambulatório de pediatria pela mãe, pois ela está preocu-
motricidade fina, a criança consegue copiar grosseira-
pada com um “”caroço”” no pescoço do filho, que ela
mente alguns desenhos simples, e montar torres com
notou há cinco meses. Relatou que o filho é bastante ati-
cubos. Começa a manifestar preferência pelo uso de
vo, que se alimenta bem, sempre ganhou peso, mas fala
uma das mãos.
pouco e palavras difíceis de compreender. Ademais, há
muito tempo apareceram alguns machucados no couro Já consegue seguir ordens com dois comandos. Nes-
cabeludo dele, que o menino coça bastante e tem algu- ta fase também iniciam o comportamento desafiador
mas crostas. Ao exame físico, constataram-se altura = 90 (“birras”). Começam a demonstrar sentimentos de ver-
cm (escore z 0), peso = 12,300 kg (escore z entre 0 e -2), gonha e culpa.
FC = 120 bpm, FR = 26 irpm e SatO2 = 97% em AA. O sentimento de posse já está desenvolvido. Ainda não
No couro cabeludo, há várias lesões com crostas meli- brinca com outra criança, mas brinca na companhia de
céricas e presença de linfonodo retroauricular medindo seus pares. Demonstra afeição pela família e cuidado-
1,5 cm, móvel, fibroelástico, indolor à palpação. Obser- res, e tem estranhamento de desconhecidos.
varam-se oroscopia, dentes em bom estado, sem lesões,
sem frênulo lingual, otoscopia, com membrana timpâni- Quanto à linguagem, aos 2 anos a criança já usa entre
ca translúcida, sem abaulamentos ou retrações e ausculta 50 e 200 palavras, e consegue formar frases com um
cardíaca, BNF, RR, 2t, sem sopro. Verificaram-se, ainda, substantivo e um verbo.
ausculta pulmonar, MVUD, sem RA, abdome, RHA+, Alguns sinais de alarme aos 2 anos são: não conseguir
depressível, sem megalias, indolor à palpação e genitália andar com destreza, não imitar ações ou palavras, não
com testículos em bolsa escrotal e fimose. Com base nes- obedecer a comandos simples, não sustentar contato
se caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, visual, utilizar poucas palavras e não formar frases com
julgue o item a seguir. Aos 2 anos de idade, com certeza duas palavras.
a criança deve usar colher/garfo, subir degraus, imitar
Assim, concluímos que a afirmativa da questão
trabalhos caseiros, rabiscar e nomear partes do corpo.
está correta.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra A
166 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: com quadro de infecção de vias aéreas superiores há


A criança de 2 anos já fala frases simples, obedece co- uma semana, evoluindo com febre e desconforto respi-
mandos, entende o conceito de possessividade, faz al- ratório, com dificuldade na mamada. Ao exame físico,
guns desenhos simples, chuta bola e escala objetos. apresenta taquipneia e dessaturação. Quanto aos ante-
cedentes familiares, tem um irmão e o pai com asma.
Referências
Nesta questão, o examinador afirma tratar-se de um
1. Araújo, Liubiana - “Campanha da Caderneta da quadro de asma, e portanto com necessidade de inicar
Criança - Avaliação do Desenvolvimento de 18 a tratamento com beta-2 agonista de curta duração.
24 meses”. Sociedade Brasileira de Pediatria, ju-
nho/2020. Aqui temos um quadro clássico de bronquiolite, com
sintomas de vias aéreas superiores precendendo descon-
forto respiratório e acometimento de via aérea inferior.
QUESTÃO 67 O fator confundidor é o antecedente familiar de asma
no irmão e no pai, que pode levar a acreditar que já se
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer- trata de manifestação de asma.
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
O tratamento com beta-2 agonista é preconiza-
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
do para casos de asma, porém na bronquiolite não
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
traz benefícios.
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom- O tratamento da bronquiolite viral aguda é de suporte.
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em Devemos garantir a hidratação adequada, pois o pa-
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que ciente pode não conseguir mamar devido ao descon-
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, forto respiratório. Aspiração de vias aéreas e fisioterapia
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2 respiratória podem aliviar os sintomas momentanea-
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- mente, mas não mudam o curso da doença. O cateter
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e nasal de alto fluxo reduz a necessidade de intubação e
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem UTI nos casos mais graves.
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF, Algumas intervenções frequentemente utilizadas na
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD, verdade não são recomendadas: broncodilatadores, gli-
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- cocorticoides, inalação com salina hipertônica, antibió-
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome ticos… A respeito do uso de broncodilatadores, que são o
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à foco desta questão, metanálises de ensaios clínicos ran-
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista domizados e revisões sistemáticas sugerem que o bron-
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a codilatador pode promover melhora clínica modesta
seguir. Trata-se de um caso de asma, com necessidade a custo prazo, mas não afeta o desfecho e pode trazer
de iniciar o tratamento com beta 2 de curta duração. efeitos colaterais, além de encarecer o tratamento.
A) CERTO Assim, podemos concluir que a afirmativa da questão
B) ERRADO está errada.
Resposta correta: Letra B

Comentário
Neste bloco de questões, temos um paciente de 9 meses
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 167

Take-Home Message: Comentário


Na bronquiolite viral aguda, o tratamento é de supor- Neste bloco de questões, temos um paciente de 9 meses
te. Intervenções como corticoterapia sistêmica e uso de com quadro de infecção de vias aéreas superiores há
b2-agonistas inalatórios não trazem benefícios. uma semana, evoluindo com febre e desconforto respi-
Referências ratório, com dificuldade na mamada. Ao exame físico,
apresenta taquipneia e dessaturação. Quanto aos ante-
Piedra, Pedro. “Bronchiolitis in infants and children: cedentes familiares, tem um irmão e o pai com asma.
Treatment, outcome, and prevention”, UpToDate.
Disponível em Bronchiolitis in infants and children: Nesta questão, o examinador aborda o antecedente fa-
Treatment, outcome, and prevention - UpToDate, miliar de asma no pai e no irmão para abordar o assunto.
acesso em 16/05/22. Aqui temos um quadro clássico de bronquiolite, com sin-
tomas de vias aéreas superiores precendendo desconforto
respiratório e acometimento de via aérea inferior. Inde-
QUESTÃO 68 pendente disso, o paciente tem sim maior risco de atopia
e evolução com asma, devido ao seu histórico familiar.
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma A asma em pacientes menores de 6 anos é difícil de ser
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e diagnosticada, pois sintomas de sibilância e tosse estão
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de presentes também em crianças sem asma, especialmen-
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan- te entre 0 e 2 anos.
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom- Além disso, não é possível avaliar o VEF1 e sua resposta
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em a broncodilatador.
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, O diagnóstico é feito com base nos sintomas recorren-
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2 tes, avaliação de história familiar e exclusão de diagnós-
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- ticos diferenciais.
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e O diagnóstico de asma é mais provável se:
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem
- Sibilo ou tosse com exercício, riso ou choro, na au-
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF,
sência de infecção respiratória
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD,
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- - Antecedente pessoal de outras doenças alérgicas
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome (dermatite atópica, rinite alérgica)
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à - Familiares de primeiro grau com asma
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a - Melhora clínica após 2-3 meses de tratamento de
seguir. Para avaliar a predisposição da asma, é sempre controle, com piora após cessar o tratamento.
importante avaliar o histórico familiar de atopia. Como não é possível avaliar o VEF1 e sua resposta a
A) CERTO broncodilatador nesta faixa etária, o diagnóstico é feito
com base nos sintomas recorrentes, avaliação de histó-
B) ERRADO ria familiar e exclusão de diagnósticos diferenciais.
Resposta correta: Letra A Assim, podemos concluir que a afirmativa da questão
está correta. O histórico familiar de asma é relevante no
diagnóstico do paciente (embora desta vez ele apresente
bronquiolite).
168 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: Comentário


O diagnóstico de asma em pacientes menores que 5 Neste bloco de questões, temos um paciente de 9 meses
anos é feito com base nos sintomas recorrentes, ava- com quadro de infecção de vias aéreas superiores há
liação de história familiar e exclusão de diagnósti- uma semana, evoluindo com febre e desconforto respi-
cos diferenciais. ratório, com dificuldade na mamada. Ao exame físico,
Referências apresenta taquipneia e dessaturação. Quanto aos ante-
cedentes familiares, tem um irmão e o pai com asma.
Global Initiative for Asthma. Global Strategy for As-
thma Management and Prevention, 2022. Available Nesta questão, é abordado o diagnóstico de bronquio-
from: www.ginasthma.org lite para o quadro atual do paciente. Vamos revisar
este assunto.
A bronquiolite viral aguda consiste em uma inflamação
QUESTÃO 69 extensa das vias aéreas, com edema, aumento na pro-
dução de muco, necrose do epitélio e destruição dos
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
cílios. Formam-se plugs compostos de debris celulares
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
e muco, levando à obstrução de bronquiolos, com apri-
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
sionamento aéreo e atelectasias.
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan- O vírus sincicial respiratório é o mais associado, mas
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom- outros vírus também podem causar o quadro (rinoví-
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em rus, metapneumovírus, coronavírus, humanbocavírus,
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que influenza, adenovirus, parainfluenza).
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, O quadro clínico começa com sintomas de via aérea
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2 superior (coriza, espirros), e progride para via aérea in-
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- ferior ao longo dos dias, passando a apresentar taquip-
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e neia e desconforto respiratório. Na ausculta, surgem
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem crepitações e sibilos. Uma característica marcante é a
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF, variação muito frequente dos achados, porque o muco
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD, muda de lugar com a tosse. Obstrução nasal pode di-
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- ficultar a avaliação; proceder lavagem nasal e reavaliar.
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à O diagnóstico é clínico. Para crianças com qua-
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista dro típico, não precisa nem de imagem nem de exa-
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a mes laboratoriais.
seguir. Esse é um caso de bronquiolite, e o principal O tratamento é de suporte. Garantir a hidratação ade-
agente é o vírus sincicial respiratório. quada, pois o paciente pode não conseguir mamar
A) CERTO devido ao desconforto respiratório. Aspiração de vias
aéreas e fisioterapia respiratória podem aliviar os sinto-
B) ERRADO
mas momentaneamente, mas não mudam o curso da
Resposta correta: Letra A doença. O cateter nasal de alto fluxo reduz a necessida-
de de intubação e UTI nos casos mais graves.
Assim, podemos concluir que a afirmativa da questão
está correta.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 169

Take-Home Message: uma semana, evoluindo com febre e desconforto respi-


O vírus sincicial respiratório é o principal agente cau- ratório, com dificuldade na mamada. Ao exame físico,
sador de bronquiolite viral agudo, embora outros vírus apresenta taquipneia e dessaturação. Quanto aos ante-
também possam causar o quadro. cedentes familiares, tem um irmão e o pai com asma.

Referências Nesta questão, é abordado o diagnóstico de bronquio-


lite para o quadro atual do paciente, afirmando que
1. Roberts, Iwan. “Nelson’s textbook of pediatrics o tratamento inclui o uso de corticoterapia sistêmica.
(21th edn.), by R. Kliegman, B. Stanton, J. St. Vamos revisar este assunto.
Geme, N. Schor (eds).” (2019)
A bronquiolite viral aguda consiste em uma inflamação
extensadas vias aéreas, com edema, aumento na pro-
QUESTÃO 70 dução de muco, necrose do epitélio e destruição dos
cílios. Formam-se plugs compostos de debris celulares
Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer- e muco, levando à obstrução de bronquiolos, com apri-
gência por seus pais, os quais relataram que, há uma sionamento aéreo e atelectasias.
semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
O vírus sincicial respiratório é o mais associado, mas
tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
outros vírus também podem causar o quadro (rinoví-
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
rus, metapneumovírus, coronavírus, humanbocavírus,
te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom-
influenza, adenovirus, parainfluenza).
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que O quadro clínico começa com sintomas de via aérea
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico, superior (coriza, espirros), e progride para via aérea in-
verificaram-se FC = 150 bpm, FR =80 irpm, SatO2 = ferior ao longo dos dias, passando a apresentar taquip-
89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram- neia e desconforto respiratório. Na ausculta, surgem
-se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e crepitações e sibilos. Uma característica marcante é a
otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem variação muito frequente dos achados, porque o muco
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF, muda de lugar com a tosse. Obstrução nasal pode di-
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD, ficultar a avaliação; proceder lavagem nasal e reavaliar.
com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira- O diagnóstico é clínico. Para crianças com qua-
gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome dro típico, não precisa nem de imagem nem de exa-
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à mes laboratoriais.
palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a O tratamento é de suporte. Garantir a hidratação ade-
seguir. No tratamento da bronquiolite, deve-se prescre- quada, pois o paciente pode não conseguir mamar
ver prednisolona na dose de 1 mg/kg/dia. devido ao desconforto respiratório. Aspiração de vias
aéreas e fisioterapia respiratória podem aliviar os sinto-
A) CERTO mas momentaneamente, mas não mudam o curso da
B) ERRADO doença. O cateter nasal de alto fluxo reduz a necessida-
de de intubação e UTI nos casos mais graves.
Resposta correta: Letra B
Algumas intervenções frequentemente utilizadas na
Comentário verdade não são recomendadas: broncodilatadores, gli-
cocorticoides, inalação com salina hipertônica, antibi-
Neste bloco de questões, temos um paciente de 9 meses
óticos… A respeito do corticoide, que foi o tema desta
com quadro de infecção de vias aéreas superiores há
questão, não é recomendado para rianças saudáveis
170 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

com primeiro episódio de bronquiolite. Teoricamente QUESTÃO 71


o efeito antiinflamatório deveria reduzir a inflamação
das vias aéreas, mas estudos demonstram pouco efeito Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
clínico nos quadros de bronquiolite. Não há diferença gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
nas taxas de internação, duração da internação, escore semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
clínico após 12h, ou taxa de readmissão hospitalar. tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
Assim, podemos concluir que a afirmativa da questão te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom-
está errada. panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em
dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que
é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico,
Take-Home Message:
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2
Na bronquiolite viral aguda, o tratamento é de supor- = 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram-
te. Intervenções como corticoterapia sistêmica e uso de -se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e
b2-agonistas inalatórios não trazem benefícios. otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF,
RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD,
Referências com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira-
Piedra, Pedro. “Bronchiolitis in infants and children: gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome
Treatment, outcome, and prevention”, UpToDate. RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à
Disponível em Bronchiolitis in infants and children: palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
Treatment, outcome, and prevention - UpToDate, os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
acesso em 16/05/22 seguir. A frequência respiratória normal para bebês de
até 1 ano de idade é de 120 bpm a 180 bpm.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: anulada

Comentário
Neste bloco de questões, temos um paciente de 9 meses
com quadro de infecção de vias aéreas superiores há
uma semana, evoluindo com febre e desconforto respi-
ratório, com dificuldade na mamada. Ao exame físico,
apresenta taquipneia e dessaturação. Quanto aos ante-
cedentes familiares, tem um irmão e o pai com asma.
Nesta questão, o examinador pergunta a respeito da
faixa de normalidade dos sinais vitais para a faixa etária
do paciente. A questão foi anulada por dizer frequência
respiratória e dar valores de frequência cardíaca. Mas
vamos aproveitar para revisar o tema.
Na avaliação dos sinais vitais na criança, devemos sem-
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 171

pre lembrar da variação por faixa etária. A ideia geral Take-Home Message:
é que quanto menor a criança, maiores as frequências Na avaliação dos sinais vitais na criança, devemos sem-
respiratória e cardíaca, e quanto maior a criança, as fre- pre lembrar da variação por faixa etária. A ideia geral
quências serão mais similares com as do adulto. é que quanto menor a criança, maiores as frequências
# Frequência respiratória respiratória e cardíaca, e quanto maior a criança, as fre-
Preferencialmente deve ser aferida em 60 segundos, quências serão mais similares com as do adulto.
pois em bebês e lactentes ela pode ser irregular. O Referências
melhor momento é com a criança dormindo ou em 1. Drutz, Jan. “The pediatric physical examination:
repouso. Podemos aferir observando ou auscultando General principles and standard measurements”,
(contanto que nossa aproximação não agite a criança). UpToDate. Disponível em The pediatric physical
Manter a FR acima do esperado para a faixa etária in- examination: General principles and standard mea-
dica alguma alteração (doença respiratória, metabólica, surements - UpToDate, acesso em 16/05/2022.
febre, cardiopatia).
# Frequência cardíaca
Pode ser aferida por ausculta ou palpação de pulsos.
QUESTÃO 72
Assim como a frequência respiratória, a faixa normal Um paciente de 9 meses de idade foi levado à emer-
varia com a idade. Manter FC acima da faixa também gência por seus pais, os quais relataram que, há uma
aponta para processos patológicos, como cardiopatia, semana, o filho iniciou com quadro de coriza nasal e
infecção, ou febre. tosse. Porém, na última noite, iniciou com febre de
As faixas de normalidade (definidas como percentil 10 38°C e parecia estar cansado, com a respiração ofegan-
a percentil 90) por faixa etária são: te; inclusive, não está conseguindo mamar. Faz acom-
panhamento com pediatra e tem todas as vacinas em
- 0 a 3 meses: FR 34 a 57 ipm, FC 123-164 bpm dia. O paciente tem um irmão de 6 anos de idade, que
- 3 a 6 meses: FR 33 a 55 ipm, FC 120-159 bpm é asmático, e o pai também tem asma. Ao exame físico,
verificaram-se FC = 150 bpm, FR = 80 irpm, SatO2
- 6 a 9 meses: FR 31-52 ipm, FC 114-152 bpm
= 89% em AA e temperatura = 36,5 °C. Observaram-
- 9 a 12 meses: FR 30-50 ipm, FC 109-145 bpm -se oroscopia sem patéquias, sem placas, sem lesões, e
- 12 a 18 meses: FR 28-46 ipm, FC 103-140 bpm otoscopia, com membrana timpânica translúcida, sem
abaulamento, sem secreção. Ausculta cardíaca BNF,
- 18 a 24 meses: FR 25-40 ipm, FC 98-135 bpm RR, 2t, sem sopro, e ausculta pulmonar MVUD,
- 2 a 3 anos: FR 22-34 ipm, FC 92-128 bpm com sibilos difusos bilateralmente, apresentando tira-
- 3 a 4 anos: FR 21-29 ipm, FC 86-123 bpm gem sub e intercostal. Constatou-se também abdome
RHA+, depressível, sem megalias, sem fáscies de dor à
- 4 a 6 anos: FR 20-27 ipm, FC 81-117 bpm palpação. A respeito desse caso clínico e tendo em vista
- 6 a 8 anos: FR 18-24 ipm, FC 74-111 bpm os conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a
seguir. A investigação de cansaço/dispneia é uma causa
- 8 a 12 anos: FR 16-22 ipm, FC 67-103 bpm
frequente de encaminhamento ao cardiologista.
- 12 a 15 anos: FR 15-21 ipm, FC 62-96bpm
A) CERTO
- 15 a 18 anos: FR 13-19 ipm, FC 58-92 bpm B) ERRADO
Resposta correta: Letra A
172 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Comentário Referências
Neste bloco de questões, temos um paciente de 9 meses 1. Singh, Rakesh. “Heart failure in children: Etiology,
com quadro de infecção de vias aéreas superiores há clinical manifestations, and diagnosis”, UpToDate.
uma semana, evoluindo com febre e desconforto respi- Disponível em Heart failure in children: Etiology,
ratório, com dificuldade na mamada. Ao exame físico, clinical manifestations, and diagnosis - UpToDate,
apresenta taquipneia e dessaturação. Quanto aos ante- acesso em 16/05/2022.
cedentes familiares, tem um irmão e o pai com asma. Altman, Carolyn. “Identifying newborns with critical
Nesta questão, a afirmativa diz que dispneia é causa congenital heart disease”, UpToDate. Disponível em
frequente de encaminhamento ao cardiologista. Identifying newborns with critical congenital heart di-
Os sintomas de insuficiência cardíaca na criança refle- sease - UpToDate, acesso em 16/05/2022.
tem a incapacidade do paciente elevar o débito cardía-
co quando é necessário. Em bebês, o sintoma mais co-
mum é taquipneia e sudorese ao mamar; também pode
QUESTÃO 73
haver irritabilidade e baixo ganho ponderal, com atraso Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
no desenvolvimento neuropsicomotor. Em crianças em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
mais novas, pode haver sintomas gastrointestinais (dor aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
abominal, náuseas e vômitos), baixo ganho ponderal, regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
fadiga e tosse crônica com sibilos (pode ser confundido Tem constipação crônica. A respeito desse caso clíni-
com asma). Em crianças mais velhas, pode haver into- co e com base nos conhecimentos médicos correlatos,
lerância ao exercício, anorexia e dor abdominal, disp- julgue o item a seguir. As causas não ginecológicas de
neia, sibilos, palpitações ou síncope. dor pélvica crônica são apenas as gastrointestinais e
Em crianças com cardiopatia congênita, pode haver as neurológicas.
taquipneia, esforço respiratório e dificuldades para A) CERTO
mamar. Se for uma cardiopatia congênita crítica com B) ERRADO
shunt esquerda → direita, os sintomas podem começar
com 4 a 6 semanas de vida, quando cai a resistência Resposta correta: Letra B
vascular pulmonar. Taquipneia persistente e desconfor-
to respiratório merecem investigação, e se não houver Diversas causas tomam destaque e são importantes fa-
causa pulmonar identificada, considerar encaminha- tores de busca das pacientes aos consultórios de gineco-
mento a cardiologista pediátrico. logia, como a endometriose, a adenomiose, as aderên-
cias e os miomas uterinos. Entretanto, muitas causas
Assim, a afirmativa da questão está correta, mas com
não-ginecológicas, também, são relevantes, portanto,
uma ressalva: a investigação de dispneia não envolve
para melhor entender e abordar a DPC, devemos vê-la
o cardiologista pediátrico de forma rotineira, porém
como multifatorial.
dentre as causas de encaminhamento ao cardiologista
pediátrico a dispneia é uma causa frequente. Causas Urológicas
• Neoplasia de bexiga;
Take-Home Message: • Infecção urinária de repetição;
Taquipneia persistente e desconforto respiratório me- • Cistite intersticial;
recem investigação, e se não houver causa pulmonar • Litíase;
identificada, considerar encaminhamento a cardiolo-
gista pediátrico.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 173

• Síndrome uretral Vamos às alternativas::


Causas Gastrointestinais A) INCORRETA: como podemos ver, existem diver-
• Carcinoma de cólon; sas causas possíveis para dor pélvica crônica
• Obstrução intestinal crônica intermitente; B) CORRETA
• Moléstias inflamatórias;
Take-Home Message:
• Obstipação crônica;
• Dor pélvica crônica pode ser multifatorial
• Hérnias de parede abdominal;
• Causas não ginecológicas para dor pélvica crônica
• Síndrome do intestino irritável
englobam as gastrointestinais, osteomusculares,
Causas Osteomusculares e Neurológicas neurológicas, urológicas e psicológicas
• Dor miofascial;
• Síndrome do piriforme; QUESTÃO 74
• Coccialgia crônica;
Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
• Alterações de coluna lombossacra; em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
• Alterações posturais; aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
• Nevralgia (principalmente dos nervos ilio-hipogás- Tem constipação crônica. A respeito desse caso clíni-
trico, ilioinguinal, genitofemoral e pudendo) co e com base nos conhecimentos médicos correlatos,
• Epilepsia abdominal; julgue o item a seguir. Dor pélvica crônica é definida
como dor acíclica, abaixo da cicatriz umbilical, com
• Espasmos musculares de assoalho pélvico.
duração superior a seis meses, intensa e incapacitan-
Causas Psicológicas te, que requer tratamento e altera a qualidade de vida
• Somatização; da mulher.
• Uso excessivo de drogas; A) CERTO
B) ERRADO
• Assédio (ou abuso) sexual ou moral;
• Depressão; Resposta correta: Letra A
• Distúrbios do sono O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas
Outras Causas (ACOG) define a dor pélvica crônica como "sintomas
dolorosos percebidos como originários de órgãos/estru-
• Sequestro neural em cicatriz cirúrgica prévia ("ner-
turas pélvicas, tipicamente com duração maior que 6
ve entrapment");
meses. Está frequentemente associado com consequên-
• Porfiria; cias negativas do ponto de vista cognitivo, comporta-
• Distúrbios bipolares mental, sexual e emocional, bem como com sintomas
sugestivos de disfunção do trato urinário, intestinal,
• Enxaqueca abdominal assoalho pélvico, miofascial ou ginecológica". Outras
referências adicionam a esta definição o fato desta quei-
xa álgica não estar, necessariamente, relacionada ao pe-
174 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

ríodo menstrual (ser acíclica) e que levar à limitação rio, intestinal, assoalho pélvico, miofascial ou ginecoló-
funcional e social o que, indubitavelmente, interfere na gica". Outras referências adicionam a esta definição o
qualidade de vida da mulher. fato desta queixa álgica não estar, necessariamente, rela-
cionada ao período menstrual (ser acíclica) e que levar
Vamos às alternativas:: à limitação funcional e social o que, indubitavelmente,
interefere na qualidade de vida da mulher.
A) CORRETA: a assertiva, apesar de simplista, en-
globa as principais características da dor pélvica Embora existam síndromes dolorosas que acometem ado-
crônica: período (>6 meses) e ser limitadora à qua- lescentes ou mulheres na pós-menopausa, a maior parte
lidade de vida das pacientes encontra-se em idade reprodutiva, essa fase
inclui o período após a menarca e tem fim com a meno-
B) INCORRETA
pausa, estando a maioria das pacientes entre 15 e 49 anos.
A DPC é afecção de alta prevalência em todo o mundo,
Take-Home Message: atingindo até 26,6% das mulheres em idade reprodutiva.
• Dor pélvica crônica pode ser cíclica ou acíclica (não
tem relação com período menstrual) Vamos às alternativas:
• Ela é limitante à qualidade de vida da mulher A) INCORRETA: a faixa etária considerada como em
idade fértil inclui mulheres entre 15 e 49 anos, se-
gundo o próprio IBGE.
QUESTÃO 75 B) CORRETA
Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não Take-Home Message:
aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
• Dor pélvica crônica é uma das principais causas de
regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
procura ao ginecologista
Tem constipação crônica. A respeito desse caso clínico
e com base nos conhecimentos médicos correlatos, jul- • Acomete principalmente mulheres em idade fértil
gue o item a seguir. A faixa etária mais acometida pela
dor pélvica crônica é dos 35 anos de idade aos 60 anos
de idade. QUESTÃO 76
A) CERTO Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
B) ERRADO em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
Resposta correta: Letra B regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
Tem constipação crônica. A respeito desse caso clíni-
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas co e com base nos conhecimentos médicos correlatos,
(ACOG) define a dor pélvica crônica (DPC) como julgue o item a seguir. Entre as causas ginecológicas, es-
"sintomas dolorosos percebidos como originários de tão endometriose, leiomiomatose, doença inflamatória
órgãos/estruturas pélvicas, tipicamente com duração pélvica e varizes pélvicas.
maior que 6 meses. Está frequentemente associado
com consequências negativas do ponto de vista cogni- A) CERTO
tivo, comportamental, sexual e emocional, bem como B) ERRADO
com sintomas sugestivos de disfunção do trato uriná- Resposta correta: Letra A
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 175

Diversas causas tomam destaque e são importantes fa- QUESTÃO 77


tores de busca das pacientes aos consultórios de gineco-
logia, como a endometriose, a adenomiose, as aderên- Uma paciente de 26 anos de idade, G1 Pn1, refere dor
cias e os miomas uterinos. Entretanto, muitas causas em baixo-ventre há um ano, intensidade de 8 a 10, não
não-ginecológicas, também, são relevantes, portanto, aliviada com anti-inflamatório. Tem ciclos menstruais
para melhor entender e abordar a DPC, devemos vê-la regulares, com dismenorreia leve. Nega dispareunia.
como multifatorial. Tem constipação crônica. A respeito desse caso clínico
e com base nos conhecimentos médicos correlatos, jul-
Causas Ginecológicas gue o item a seguir. A diverticulite é a mais frequente
• Adenomiose; causa gastrointestinal de dor pélvica crônica.
• Endometriose; A) CERTO
• Leiomioma; B) ERRADO
• Doença inflamatória pélvica crônica Resposta correta: Letra B
• Varizes pélvicas/Síndrome da congestão pélvica
Diversas causas tomam destaque e são importantes fa-
• Aderências peritoniais; tores de busca das pacientes aos consultórios de gineco-
• Cistos anexiais; logia, como a endometriose, a adenomiose, as aderên-
cias e os miomas uterinos. Entretanto, muitas causas
• Salpingite/endometrite crônica; não-ginecológicas, também, são relevantes, portanto,
• Endossalpingiose; para melhor entender e abordar a DPC, devemos vê-la
como multifatorial.
• Distopias genitais.
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é o diagnóstico
Vamos às alternativas:: mais comum em mulheres com DPC, ocorrendo em
até 35% destas mulheres. No entanto, muitas mulheres
A) CORRETA: além das citadas, podemos citar as com SII que evolui para DPC não têm sua patologia
aderências pélvicas, distopias genitais e distúrbios adequadamente tratada. A Síndrome do Intestino Irri-
anexiais tável (SII), por vezes também chamada de hiperalgesia
B) INCORRETA visceral, é uma síndrome caracterizada por dor gas-
trointestinal crônica ou intermitente, dor abdominal,
que está associada à função intestinal, na ausência de
Take-Home Message: qualquer causa orgânica. A maioria dos pacientes com
• Causas ginecológicas de maior destaque para dor SII também têm disfunção intestinal. Cerca de 10% da
pélvica crônica são a endometriose e adenomiose população geral apresenta sintomas compatíveis com o
SII, e incidência em mulheres é o dobro da incidência
em homens. O diagnóstico da SII é baseado na anam-
nese, pois habitualmente os pacientes apresentam sin-
tomas específicos da doença e exame físico normal.
176 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Vamos às alternativas: Quanto à endometriose, os principais sintomas associa-


dos são dismenorreia, dor pélvica crônica ou dor acíclica,
A) INCORRETA: dispareunia de profundidade, alterações intestinais cíclicas
B) CORRETA (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipa-
ção, disquezia e dor anal no período menstrual), alterações
urinárias cíclicas (disúria, hematúria, polaciúria e urgência
Take-Home Message:
miccional no período menstrual) e infertilidade.
• A síndrome do intestino irritável é a causa gastroin-
testinal mais comum de dor pélvica crônica nas Vamos às alternativas:
mulheres
A) CORRETA: paciente apresenta queixa >6 meses e
uma das principais causas de dismenorreia intensa em
QUESTÃO 78 ginecologia é endometriose, além disso, corroboram
para esse diagnóstico o fato do útero estar redução da
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou mobilidade uterina (aderências?) e a dispareunia
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
B) INCORRETA
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes e
dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcialmen- Take-Home Message:
te com analgésicos comuns, associada a dispareunia. Ao
• Endometriose é uma das principais causas de dor
exame físico tem dor à mobilização do colo uterino, com
pélvica crônica em ginecologia
mobilidade do útero reduzida e conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. Essa paciente é porta- • Sintomas principais da endometriose: dismenorreia in-
dora de dor pélvica crônica, de provável causa ginecoló- tensa, dispareunia, disquezia, disúria e infertilidade
gica, e o diagnóstico mais previsível é de endometriose.
A) CERTO
QUESTÃO 79
B) ERRADO
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
Resposta correta: Letra A de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
(ACOG) define a dor pélvica crônica (DPC) como e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial-
"sintomas dolorosos percebidos como originários de mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
órgãos/estruturas pélvicas, tipicamente com duração nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo
maior que 6 meses. Está frequentemente associado uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe-
com consequências negativas do ponto de vista cogni- cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A
tivo, comportamental, sexual e emocional, bem como endometriose é uma doença inflamatória benigna, crô-
com sintomas sugestivos de disfunção do trato uriná- nica, progesterona-dependente, que acomete mulheres
rio, intestinal, assoalho pélvico, miofascial ou ginecoló- em idade reprodutiva.
gica". Outras referências adicionam a esta definição o
fato desta queixa álgica não estar, necessariamente, rela- A) CERTO
cionada ao período menstrual (ser acíclica) e que levar B) ERRADO
à limitação funcional e social o que, indubitavelmente,
Resposta correta: Letra B
interefere na qualidade de vida da mulher.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 177

Endometriose é uma doença ginecológica crônica, be- QUESTÃO 80


nigna, estrogênio-dependente e de natureza multifa-
torial que acomete principalmente mulheres em idade Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
reprodutiva. A endometriose é caracterizada pela pre- de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
sença de tecido/glândulas estroma endometrial fora da tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
cavidade uterina, estando predominantemente na pel- período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
ve, mas não restrita a ela. Existem diversas classificações e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial-
para a mesma, mas didaticamente podemos dividi-la mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
entre: endometriose profunda, peritoneal e ovariana. nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo
A peritoneal é aquela que se caracteriza pela presença uterino, com mobilidade do útero reduzida e conheci-
de implantes superficiais no peritônio; a ovariana, por mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Os
implantes superficiais no ovário ou cistos (endometrio- principais sintomas da endometriose são dismenorreia,
mas); e endometriose profunda, que é definida como dispareunia e dor pélvica crônica.
uma lesão que penetra no espaço retroperitoneal ou A) CERTO
na parede dos órgãos pélvicos, com profundidade de 5 B) ERRADO
mm ou mais.
Resposta correta: Letra B
Vamos às alternativas:
Endometriose é uma doença ginecológica crônica, be-
A) INCORRETA: apesar de acometer principalmente nigna, estrogênio-dependente e de natureza multifa-
mulheres em idade reprodutiva, não é dependente torial que acomete principalmente mulheres em idade
de progesterona, mas de estrogênio. reprodutiva. A endometriose é caracterizada pela pre-
B) CORRETA: sença de tecido/glândulas estroma endometrial fora da
cavidade uterina, estando predominantemente na pel-
ve, mas não restrita a ela.
Take-Home Message:
Devido esses possíveis locais de acometimento, os prin-
• Endometriose é uma doença crônica, benigna e es- cipais sintomas associados são dismenorreia, dor pélvi-
togenio-dependente ca crônica ou dor acíclica, dispareunia de profundida-
• Endometriose acomete mulheres em idade fér- de, alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal,
til, sendo poucos os casos que persistem no sangramento nas fezes, constipação, disquezia e dor
pós menopausa. anal no período menstrual), alterações urinárias cíclicas
(disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no
período menstrual) e infertilidade.

Vamos às alternativas:
A) CORRETA: onde o tecido endometrial ectópico
está implantado acaba por manifestar os sintomas
e esses expostos na assertivas são os principais
B) INCORRETA:
178 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: nografias pélvica e transvaginal com preparo intestinal


• Endometriose é caracterizada pela presença de teci- e a ressonância magnética. Os locais que mais merecem
do/glândulas estroma endometrial fora da cavidade atenção, por serem os mais comumente acometidos
uterina são: o útero, a região retro e a paracervical, os ligamen-
tos redondos e os uterossacros, o fórnice vaginal poste-
• Principais sintomas da endometriose são: dismenor- rior, o septo retovaginal, o retossigmoide, o apêndice,
reia, dor pélvica crônica ou dor acíclica, dispareu- o ceco, o íleo terminal, a bexiga, os ureteres, os ovários,
nia de profundidade, disquezia e dor anal no perío- as tubas e as paredes pélvicas.
do menstrual), disúria e infertilidade
Vamos às alternativas:
QUESTÃO 81 A) INCORRETA:
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou B) CORRETA: os principais exames complementa-
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para res são as USG transvaginal com preparo intesti-
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no nal, além da ressonância nuclear magnética
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial- Take-Home Message:
mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo • Os principais exames de imagem para diagnóstico
uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe- de Endometriose são a USG transvaginal com pre-
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O paro intestinal e a ressonância magnética
exame de escolha para o diagnóstico adequado é a to-
mografia computadorizada com contraste endovenoso,
que guiará o tratamento.
QUESTÃO 82
A) CERTO Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
B) ERRADO
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
Resposta correta: Letra B período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial-
Algumas alterações no exame físico podem ser extrema- mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
mente significativos na na suspeita clínica da doença. nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo
Nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco uterino, com mobilidade do útero reduzida e conheci-
posterior ao exame especular; no toque vaginal pode- mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Os
-se encontrar útero com pouca mobilidade (aderências sítios anatômicos em que a endometriose pode se de-
pélvicas), nódulos geralmente dolorosos também em senvolver restringem-se à pelve.
fundo de saco posterior podem estar associados a lesões A) CERTO
retrocervicais, nos ligamentos uterossacros, no fundo
B) ERRADO
de saco vaginal posterior ou intestinais. Anexos fixos e
dolorosos, assim como a presença de massas anexiais, Resposta correta: Letra B
podem estar relacionados a endometriomas ovarianos.
Os principais exames de imagem que auxiliam no diag- Algumas alterações no exame físico podem ser extre-
nóstico e estadiamento da endometriose são as ultrasso- mamente significativos na suspeita clínica da doença.
Nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 179

posterior ao exame especular; no toque vaginal pode- QUESTÃO 83


-se encontrar útero com pouca mobilidade (aderências
pélvicas), nódulos geralmente dolorosos também em Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
fundo de saco posterior podem estar associados a lesões de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
retrocervicais, nos ligamentos uterossacros, no fundo tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
de saco vaginal posterior ou intestinais. Anexos fixos e período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
dolorosos, assim como a presença de massas anexiais, e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial-
podem estar relacionados a endometriomas ovarianos. mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo
Os locais que mais merecem atenção, por serem os mais uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe-
comumente acometidos são: o útero, a região retro e a cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. O
paracervical, os ligamentos redondos e os uterossacros, tratamento medicamentoso é feito com uso de anal-
o fórnice vaginal posterior, o septo retovaginal, o retos- gésicos e anti-inflamatórios para dor, bem como com
sigmoide, o apêndice, o ceco, o íleo terminal, a bexiga, anticoncepcionais hormonais combinados ou de pro-
os ureteres, os ovários, as tubas e as paredes pélvicas. gesterona isolada para o controle do ciclo menstrual.
Apesar da região pélvica ser a mais acometida pela do- A) CERTO
ença, em raros casos ela pode se instalar em regiões ex-
B) ERRADO
tra-pélvicas, como intestinos (delgado e grosso), cica-
trizes cutâneas (cirurgias prévias), ureteteres, pulmão, Resposta correta: Letra A
diafragma, pleura e pericárdio.
Em relação ao tratamento da endometriose, algumas
Vamos às alternativas: estratégias podem ser tomadas:
A) INCORRETA: • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e anal-
gésicos para dor
B) CORRETA: pode acometer regiões extra-pélvicas,
como o pulmão e pericárdio. • Fármacos para inibir a função ovariana
• Cirurgia conservadora de ressecção ou ablação do
Take-Home Message: tecido endometriótico, com ou sem fármacos
• Principais locais de acometimento da endometriose • Histerectomia total abdominal com ou sem salpin-
estão na região pélvica go-ooforectomia bilateral se a doença é grave e a
paciente já tiver prole constituída
• Endometriose pode acometer região extra-pélvica:
intestinos, cicatrizes cutâneas, ureteres, pulmão, O tratamento clínico conservador costumeiramente é
diafragma, pleura e pericárdio. a primeira opção para o tratamento. Os fármacos para
inibição da função ovariana são os anticoncepcionais
combinados (estrogênio + progestagênio) ou com pro-
gesterona isolada. Com o uso dessas medicações, há
bloqueio ao estímulo endometrial, dessa forma, há
quiescência dos focos endometrióticos ectópicos que
não estimularão fibras nervosas que conduzem o estí-
mulo doloroso.
180 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Vamos às alternativas: Vamos às alternativas:


A) CORRETA: a base do tratamento clínico objetiva A) INCORRETA:
bloquear a função ovariana (anticoncepcionais) e B) CORRETA: para uma paciente com dor pélvica
controle da dor (AINES e analgésicos) crônica e alterações no exame físico sugestivos de
B) INCORRETA: endometriose, não há necessidade de esperar 1
ano de tentativas para prosseguir na investigação
de infertilidade, uma vez que há alta associação da
Take-Home Message: infertilidade com endometriose, portanto, deve-se
• Base do tratamento clínico da endometriose é blo- investigar e proceder à propedêutica de tratamen-
queio ovariano e controle álgico to de infertilidade caso haja necessidade.
o Para bloqueio hormonal: anticoncepcional hor-
monal combinado ou progestagênio isolado Take-Home Message:
• Endometriose e infertilidade têm uma alta correla-
QUESTÃO 84 ção
• Feita suspeição de endometriose, deve-se proceder à
Uma paciente de 30 anos de idade, nuligesta, parou
confirmação diagnóstica e em caso de infertilidade
de usar anticoncepcional hormonal há sete meses para
conjugal, propedêutica especializada
tentar engravidar. Relata aumento da dismenorreia no
período, intensidade 8 em 10, que inicia um dia antes
e dura os cincos dias da menstruação, aliviada parcial- QUESTÃO 85
mente com analgésicos comuns, associada a dispareu-
nia. Ao exame físico tem dor à mobilização do colo Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
uterino, com mobilidade do útero reduzida e conhe- cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
Como a paciente está tentando gestar há menos de um vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
ano, não há indicação de prosseguir com a investigação. com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A
A) CERTO respeito desse caso clínico e com base nos conhecimen-
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Cerca de
B) ERRADO 80% dos abortos espontâneos ocorrem nas primeiras
Resposta correta: Letra B seis semanas de gestação.
A) CERTO
A queda na taxa de fertilidade nas pacientes com endo-
B) ERRADO
metriose pode ser justificada pelas aderências pélvicas
que levam à distorção da anatomia regional e graves Resposta correta: Letra B
consequências, tais como: dificuldade na captura de
oócitos pelas tubas uterinas, contrações miometriais O abortamento é a intercorrência obstétrica mais co-
erráticas, dificuldade na fertilização e no transporte mum. Até 20% das gestações evoluem para aborto
do embrião. Além disso, alguns estudos sugerem mu- antes de 20 semanas, sendo que, destas, 80% são in-
danças inflamatórias no fluido peritoneal (que podem terrompidas até a 12ª semana. Se formos considerar
alterar a interação espermatozoide-oócito), piora na re- as perdas gestações subclínicas de gestações ou não
serva ovariana, alteração na receptividade endometrial, diagnosticadas a estimativa desse valor é, ainda, maior,
queda da qualidade oocitária e embrionária.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 181

podendo chegar a 30%. A incidência diminui com o Abortamento Inevitável:


avançar da idade gestacional, sendo que o risco global • Sangramento vaginal de moderada a grave intensi-
para evoluir ao abortamento após a 15ª semana é me- dade
nor que 1%. O abortamento é dividido em precoce e
tardio, respectivamente, se ocorre antes ou após a 12ª • Cólicas intensas
semana de gestação. • Volume uterino é compatível com a idade gestacio-
nal
Vamos às alternativas: • Colo uterino está dilatado
A) INCORRETA: a maioria ocorre até o final • Ultrassonografia há saco gestacional o qual pode
da 12ªsemana. estar irregular, com ou sem embrião.
B) CORRETA:
A avaliação de tais aspectos faz-se importante, uma
vez que algumas características podem ser similares a
Take-Home Message: outros tipos de abortamentos. Quanto à dilatação do
colo uterino, por exemplo, para além do abortamento
• Abortamentos são as intercorrências obstétricas
inevitável, no incompleto e no abortamento infectado,
mais comuns
também, pode estar presente.
• De 20 a 30% das gestações evoluem com aborta-
mento Vamos às alternativas:
• A maioria dos abortamentos ocorre até 12 semanas. A) INCORRETA:
B) CORRETA: outros tipos de abortamento podem
QUESTÃO 86 cursar com colo uterino dilatado

Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas


cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro- Take-Home Message:
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento • Avaliação do tipo de abortamento leva em conside-
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia, ração parâmetros clínicos e ultrassonográficos
com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A
• Diagnóstico de Abortamento Inevitável
respeito desse caso clínico e com base nos conhecimen-
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Se, no o Sangramento vaginal de moderada a grave inten-
exame físico, o colo do útero estiver pérvio, mas não for sidade
tocado material nele, entende-se que esse é um caso de o Cólicas intensas
abortamento inevitável.
o Volume uterino é compatível com a idade gesta-
A) CERTO cional
B) ERRADO o Colo uterino está dilatado
Resposta correta: Letra B o Ultrassonografia há saco gestacional o qual pode
estar irregular, com ou sem embrião.
Existem diversos tipos de abortamento e a distinção
entre eles leva em consideração parâmetros clínicos
e ultrassonográficos.
182 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 87 Take-Home Message:

Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas • Todo sangramento vaginal no início da gestação é
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro- ameaça de abortamento e merece ser investigado
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento • Diagnóstico de Ameaça de Abortamento
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
o Cólicas leves
com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A res-
peito desse caso clínico e com base nos conhecimentos o Volume uterino é compatível com a idade gesta-
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Qualquer cional
sangramento no primeiro trimestre de gestação é con- o Colo uterino está fechado
siderado ameaça de abortamento.
o Ultrassonografia com embrião vivo
A) CERTO
B) ERRADO
QUESTÃO 88
Resposta correta: Letra A
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
Uma das causas mais comuns de sangramento na pri- cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
meira metade da gestação é a ameaça de abortamento, curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
nesses casos, em geral, o sangramento é de pequena a vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
moderada quantidade e a dor, do tipo cólica, geralmen- com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A res-
te pouco expressiva. Devido a alta prevalência, todo peito desse caso clínico e com base nos conhecimentos
sangramento vaginal no início da gestação deve ser en- médicos correlatos, julgue o item a seguir. Qualquer
carado como ameaça de abortamento e a investigação sangramento no primeiro trimestre de gestação é con-
clínica e ultrassonográfica deve ser realizada. siderado ameaça de abortamento.
Ao exame físico, o orifício interno do colo encontra-se A) CERTO
fechado, o volume uterino é compatível com a idade B) ERRADO
gestacional e não existem sinais de infecção. Ainda, a
ultrassonografia exibirá feto vivo. Alguma das causas Resposta correta: Letra A
desse tipo de sangramento são pequena área de desco-
lamento ovular e ectopia de colo uterino. Uma das causas mais comuns de sangramento na pri-
meira metade da gestação é a ameaça de abortamento,
A conduta consiste em tranquilizar quanto à benig- nesses casos, em geral, o sangramento é de pequena a
nidade do quadro, recomendar repouso relativo, se moderada quantidade e a dor, do tipo cólica, geralmen-
possível. É imperativo sabermos a tipagem sanguínea te pouco expressiva. Devido a alta prevalência, todo
com coombs indireto negativo para a administração sangramento vaginal no início da gestação deve ser en-
de imunoglobulina anti-Rh às pacientes Rh negativo carado como ameaça de abortamento e a investigação
não sensibilizadas. clínica e ultrassonográfica deve ser realizada.

Vamos às alternativas: Ao exame físico, o orifício interno do colo encontra-se


fechado, o volume uterino é compatível com a idade
A) CORRETA: autoexplicativa gestacional e não existem sinais de infecção. Ainda, a
B) INCORRETA: ultrassonografia exibirá feto vivo. Alguma das causas
desse tipo de sangramento são pequena área de desco-
lamento ovular e ectopia de colo uterino.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 183

A conduta consiste em tranquilizar quanto à benig- Gestações muito incipientes podem cursar com a ob-
nidade do quadro, recomendar repouso relativo, se servação de saco gestacional, porém sem a evidência de
possível. É imperativo sabermos a tipagem sanguínea embrião. Por isso, nesses cenários, há a recomendação
com coombs indireto negativo para a administração de repetição mais precoce do exame a fim de evidenciar
de imunoglobulina anti-Rh às pacientes Rh negativo ou não o aparecimento do embrião. Além disso, caso a
não sensibilizadas. paciente tenha novos episódios de sangramento antes
desse período, é imperativa a realização de nova ultras-
Vamos às alternativas: sonografia para elucidar melhor o caso.

C) CORRETA: autoexplicativa Critérios Diagnósticos de Abortamento Retido


D) INCORRETA: • Embrião com comprimento cabeça-nádegas ≥7
mm e sem atividade cardíaca.

Take-Home Message: • Ausência de embrião com saco gestacional médio


≥25mm
• Todo sangramento vaginal no início da gestação é
ameaça de abortamento e merece ser investigado • Ausência de embrião com batimento cardíaco duas
semanas após um exame demonstrando saco gesta-
• Diagnóstico de Ameaça de Abortamento cional vazio.
o Cólicas leves • Ausência de embrião com batimento cardíaco >10
o Volume uterino é compatível com a idade gesta- dias após exame demonstrando o saco gestacional
cional com vesícula vitelínica.
o Colo uterino está fechado O tratamento expectante do abortamento retido pode
ser sugerido à paciente e se baseia no fato de que, em
o Ultrassonografia com embrião vivo
até quatro semanas, a grande maioria apresenta sinais e
sintomas de abortamento, com expulsão do produto da
concepção, sendo evento natural e com menor taxa de
QUESTÃO 89
intervenção médica e suas possíveis complicações. Caso
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas o abortamento não ocorra espontaneamente ou a pa-
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro- ciente não aceite a espera, realiza-se esvaziamento ute-
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento rino farmacológico, com misoprostol e/ou mecânico,
vaginal em pequena quantidade, de início há um dia, por meio de vácuo aspiração ou dilatação e curetagem
com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A res-
peito desse caso clínico e com base nos conhecimentos Vamos às alternativas:
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Caso não
seja visualizado embrião ou embrião não tenha ativida- A) INCORRETA:
de cardíaca, um novo exame somente deverá ser reali- B) CORRETA: caso haja diagnóstico fechado de
zado após 30 dias. abortamento retido, pode-se realizar conduta ex-
pectante e aguardar até 04 semanas para elimina-
A) CERTO
ção do produto conceptual e observar o aborta-
B) ERRADO: mento completo pela ultrassonografia, entretanto,
Resposta correta: Letra B em casos de novos sangramentos ou quando não
se pode fechar o diagnóstico, deve-se repetir o exa-
me de forma mais precoce.
184 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: Vamos às alternativas:


• Tratamento do abortamento retido pode ser ex- A) INCORRETA:
pectante: maioria das pacientes eliminará os restos
B) CORRETA: não há evidência de que repouso e
ovulares em até 04 semanas.
abstinência sexual previnam recorrência ou evolu-
• Se não foi observado embrião em um saco gestacional ção para outros tipos de abortamento
vazio, antes do diagnóstico de abortamento retido,
recomenda-se nova ultrassonografia precocemente.
Take-Home Message:
• Não há tratamento eficaz para prevenção de evo-
QUESTÃO 90 lução da ameaça de aborto para outros tipos
de abortamento;
Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro- • Progesterona via vaginal não é tratamento para
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento va- ameaça de abortamento
ginal em pequena quantidade, de início há um dia, com • Repouso e abstinência sexual não têm evidência
cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A respeito científica na prevenção à evolução da ameaça de
desse caso clínico e com base nos conhecimentos médi- abortamento
cos correlatos, julgue o item a seguir. Deve-se orientar
abstinência sexual, repouso e uso de analgésicos.
A) CERTO QUESTÃO 91
B) ERRADO: Uma paciente de 38 anos de idade, tercigesta com duas
Resposta correta: Letra B cesáreas anteriores, com seis semanas de gestação, pro-
curou o pronto-socorro com queixa de sangramento
No que se refere à ameaça de abortamento, a condu- vaginal em pequena quantidade, de início há um dia,
ta consiste em tranquilizar quanto à benignidade do com cólicas leves. Ainda não iniciou o pré- natal. A
quadro, prescrever sintomáticos e informar que não há respeito desse caso clínico e com base nos conhecimen-
conduta médica cientificamente capaz de prevenir evo- tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Se a pa-
lução para abortamento, dessa forma, não há benefício ciente for submetida a curetagem uterina, o produto
em indicar repouso no leito, abstinência sexual ou ou- da concepção não precisa ser encaminhado para estu-
tras medicações como gonadotrofina coriônica e ute- do anatomopatológico.
rolíticos. É imperativo sabermos a tipagem sanguínea A) CERTO
com coombs indireto negativo para a administração B) ERRADO:
de imunoglobulina anti-Rh às pacientes Rh negativo
não sensibilizadas. Resposta correta: Letra B
Apesar de ser grandemente difundida, ainda não temos
A gravidez molar é um dos diagnósticos diferenciais
clareza do benefício na prescrição de progesterona para
das hemorragias de primeira metade da gestação. As
casos de ameaça de abortamento, pois os estudos não
manifestações clínicas são sangramento transvaginal de
mostraram benefício na prevenção da recorrência ou
repetição (aspecto de suco de ameixa/framboesa), útero
evolução para outros tipos de abortamento.
de volume aumentado para a idade gestacional, hipe-
rêmese gravídica, podendo, ainda, apresentar sintomas
de hipertireoidismo.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 185

A confirmação da doença virá com a realização de exa- Sangramento Uterino Anormal (SUA) é a denomina-
me ultrassonográfico, mas principalmente com o estu- ção utilizada para nomear as alterações da menstruação
do anatomopatológico de material abortado. Dosagem decorrentes de aumento no volume, na duração ou na
da gonadotrofina coriônica humana é a característica frequência. Além disso, deve-se considerar como anor-
mais marcante da MH é exibir marcador biológico re- mal aqueles sangramentos que promovam algumas al-
presentado pela hCG o qual apresentará altos títulos. terações importantes na vida da mulher: limitação para
Salienta-se que a subunidade alfa do hCG é homóloga as atividades diárias, absenteísmo laboral, dor/disme-
à subunidade alfa do hormônio luteinizante (LH), hor- norreia intensa, anemia, piora significativa da qualida-
mônio folículo-estimulante (FSH) e TSH. Isso pode de de vida etc.
determinar tanto reação cruzada com testes menos pre- O sangramento uterino disfuncional é uma denomina-
cisos como manifestações clínicas decorrentes de reação ção antiga utilizada para os casos de SUA que não apre-
cruzada. sentam causa orgânica subjacente, podendo ele ser ano-
vulatório (80-90% dos casos) ou ovulatório (10-20%).
Vamos às alternativas:
Em adolescentes que apresentam irregularidade mens-
A) INCORRETA: trual, devemos considerar como principal causa a ima-
B) CORRETA: todo material produto de curetagem/ turidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovários a qual
AMIU deve ser encaminhado para avaliação ana- pode levar alguns anos para que esteja completamente
tomopatológica a fim de definir qual diagnóstico amadurecida o que, por fim, permitirá regularização
definitivo dos ciclos e, em geral, os ciclos são anovulatórios.

Vamos às alternativas:
Take-Home Message:
• Sempre encaminhar material produto de AMIU/ A) INCORRETA: a maturidade do eixo hipotálamo-
curetagem para anatomia patológica -hipófise-ovários pode demorar alguns anos até se
estabelecer por completo.
B) CORRETA:
QUESTÃO 92
Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua Take-Home Message:
primeira consulta com o ginecologista e relatou menar- • A principal causa de sangramento uterino anormal
ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens- na adolescência é a imaturidade do eixo hipotála-
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo mo-hipófise-ovários
intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se
também de acne e de pêlos escurecidos. Nega disme- • O eixo hipotálamo-hipófise-ovários pode levar al-
norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os guns anos para amadurecer
conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a • Quando há irregularidade menstrual na adolescên-
seguir. Os ciclos devem ser regulares desde a primeira cia, em geral, os ciclos são anovulatórios
menstruação, por causa da maturidade do eixo hipo-
tálamo-hipófise-ovariano.
A) CERTO
B) ERRADO:
Resposta correta: Letra B
186 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 93 Take-Home Message:

Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua • Menstruação normal


primeira consulta com o ginecologista e relatou menar- o Intervalo: 21 a 35 dias
ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens-
o Duração: 2 a 7 dias
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo
intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se o Volume: 20 a 80mL
também de acne e de pelos escurecidos. Nega disme- • Ter cólicas menstruais é fisiológico, desde que não
norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os interfiram de forma acentuada a qualidade de vida da
conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a se- mulher
guir. O ciclo menstrual regular ocorre a cada 28 +-7
dias, com duração de 4 +-2 dias, com volume entre 20
mL e 80 mL e cólicas leves a moderadas. QUESTÃO 94
A) CERTO Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua
B) ERRADO: primeira consulta com o ginecologista e relatou menar-
Resposta correta: Letra A ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens-
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo
A menstruação é um sangramento cíclico que se repete intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se
a cada 21 a 35 dias, com duração de 2 a 6-7 dias, que também de acne e de pelos escurecidos. Nega disme-
leva a uma perda sanguínea de 20 a 80 mL. Os padrões norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os
de sangramento que fogem em qualquer parte dessa re- conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a se-
gra devem ser considerados como anormais, daí a utili- guir. O diagnóstico de síndrome dos ovários policísti-
zação da terminologia Sangramento Uterino Anormal. cos (SOP) é mais fácil nessa fase.

Do ponto de vista fisiológico, a presença de dismenor- A) CERTO


reia leve a moderada é esperada. A leve é aquela que B) ERRADO:
não compromete as atividades frequentes da mulher,
Resposta correta: Letra B
na intensidade moderada a dor interfere nas tarefas e
pode durar todo o ciclo menstrual, já no grau acen- A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um diag-
tuado, a dor impossibilita o desempenho normal das nóstico de exclusão, e os principais diagnósticos dife-
obrigações; esta última precisa de investigação e abor- renciais são: disfunção tireoidiana, tumor ovariano se-
dagem clínica. cretor de androgênios, síndrome de Cushing, uso de
anabolizantes etc. Os critérios diagnósticos mais difun-
Vamos às alternativas: didos são os de Rotterdam
A) CORRETA: questão conceitual e correta. Critérios Diagnósticos Critérios de Rotterdam
B) CORRETA: – 2 critérios: descartando-se outras causas de hipera-
drogenismo
• Anovulação crônica
• Hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial)
• Ovários policísticos (>ou= 12 cistos pequenos, de 2
a 9mm)
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 187

Para adolescentes, entretanto, os critérios diagnósticos QUESTÃO 95


da SOP não devem incluir a morfologia ovariana à ul-
trassonografia e o diagnóstico deve ser revisto após oito Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua
anos da menarca, uma vez que após esse período pode- primeira consulta com o ginecologista e relatou me-
mos considerar o completo amadurecimento do eixo narca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos
hipotálamo-hipófise-ovários. menstruais a cada 52 dias, com duração de sete dias
de fluxo intenso, com uso de absorventes noturnos.
Por conta disso, o diagnóstico de adolescentes deve ser Queixa-se também de acne e de pelos escurecidos.
feito baseado na clínica de anovulação crônica com hi- Nega dismenorreia. Acerca desse caso clínico e tendo
perandrogenismo (laboratorial ou clínico), excluindo- em vista os conhecimentos médicos correlatos, julgue
-se as outras causas. Os critérios do hirsutismo são os o item a seguir. A regulação do ciclo ovariano depen-
mesmos daqueles de mulheres adultas. de da complexa interação entre os diferentes níveis de
estímulo e controle da produção das gonadotrofinas e
Vamos às alternativas: dos esteroides.
A) INCORRETA: A) CERTO
B) CORRETA: há maior dificuldade de diagnóstico B) ERRADO:
de SOP na adolescência pela imaturidade do eixo
Resposta correta: Letra A
hipotálamo-hipófise-ovários a qual pode levar al-
terações anatômicas ovarianas e anovulação crôni-
O eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO), funcio-
ca.
nalmente, envolve neurônios
do hipotálamo, células hipofisárias e células da teca-
Take-Home Message: -granulosas nos ovários. As gonadotrofinas (FSH e
• Diagnóstico de SOP (Critérios de Rotterdam) LH) sofrem variações qualitativas e quantitativas es-
pecíficas em resposta às ações exercidas pelo hipotála-
o Anovulação crônica
mo (GnRH), pela hipófise, pelos esteroides ovarianos
o Hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial) e moduladores. Dessa forma, as modificações endó-
o Ovários policísticos crinas deste eixo podem resultar diretamente em al-
terações clínicas: insuficiência folicular, insuficiência
• Diagnóstico de SOP na adolescência não pode levar lútea, anovulação, alterações menstruais, infertilidade
em consideração as alterações anatômicas dos ová- e hiperandrogenismo.
rios

• Muitas adolescentes têm anovulação de causa fisio-
lógica o que pode dificultar o diagnóstico de SOP
Vamos às alternativas:
A) CORRETA: o adequado funcionamento do eixo
HHO é imprescindível para regularização da
menstruação.
B) INCORRETA:
188 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: Vamos às alternativas:


• O eixo HHO envolve diversos hormônios e outras A) CORRETA: a SOP tem por base um desbalanço
substâncias mediadoras que precisam estar em per- hormonal, além de alterações anatômicas ovaria-
feita harmonia para regularização do ciclo menstrual nas
• As substâncias relacionadas a cada parte do eixo B) INCORRETA:
HHO são:
o Hipotálamo: GnRH
Take-Home Message:
o Hipófise: FSH e LH
• A SOP é a endocrinopatia mais comum na popula-
o Ovários: esteroides sexuais e inibinas ção feminina no menacme
• As alterações hormonais na SOP levam à modifica-
QUESTÃO 96 ção anatômica ovariana

Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua


primeira consulta com o ginecologista e relatou menar- QUESTÃO 97
ca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos mens-
truais a cada 52 dias, com duração de sete dias de fluxo Um bebê de 6 meses de vida foi levado pela mãe à equi-
intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se pe de Saúde da Família (eSF) para consulta de rotina
também de acne e de pelos escurecidos. Nega disme- de puericultura. A mãe relata que está preocupada, pois
norreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os a criança mostra-se mais chorosa, apresentando irrita-
conhecimentos médicos correlatos, julgue o item a se- bilidade, dificuldade para dormir e pico febril de 39ºC
guir. A SOP é um distúrbio no eixo neuroendócrino na noite anterior. A criança está previamente hígida,
reprodutor, associado à alteração morfológica ovariana em aleitamento materno exclusivo, fez uso de parace-
e à produção androgênica elevada. tamol há duas horas e sua temperatura é de 37,5ºC no
A) CERTO momento. A mãe nega que a criança tenha alergias me-
dicamentosas. Ao exame físico, verificam-se auscultas
B) ERRADO:
pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome sem par-
Resposta correta: Letra A ticularidades, otoscopia direita com presença de mem-
brana timpânica abaulada e hiperemiada, sem presença
A anovulação crônica hiperandrogênica ou síndrome dos de otorreia. A criança é capaz de firmar a cabeça e apa-
ovarios policisticos acomete cerce de 6-10% das mulheres nhar objetos, e as medidas antropométricas estão pró-
na população em geral, sendo considerada a endocrinopa- ximas ao percentil 50. Carteira de vacinação atualizada.
tia mais comum entre as mulheres na menacme. A doença Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos mé-
está relacionada a um desbalanço hormonal, alteração da dicos correlatos, julgue o item a seguir. Trata-se de um
pulsatilidade do GnRH que leva aumento do hormônio caso de otite média aguda (OMA). O tratamento deve
luteinizante (LH) e diminuição do hormônio folículo ser feito com analgésicos, antipiréticos e, se a criança
estimulante (FSH), levando a Anovulação crônica e hi- for candidata ao uso de antimicrobianos, a amoxicilina
perandrogenismo. A predominância de LH sobre o FSH será o antibiótico de escolha.
pode alterar o crescimento folicular e o surgimento de al-
terações anatômicas nos ovários (micropolicistos) A) CERTO
B) ERRADO
As principais alterações clínicas são ciclos menstruais
oligo/amenorreicos, hirsutismo, obesidade, infertilida- Resposta correta: Letra A
de, resistência insulínica, acne etc.
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A)– CORRETA. A criança apresenta febre, irritabili- Fonte:


dade e abaulamento com hiperemia de membrana Prova de Residência Médica SES-DF 2022
timpânica, quadro sugestivo de otite média aguda,
cujo antibiótico de escolha para o tratamento é a Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
amoxicilina. lumes: Princípios, Formação e Prática.
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor- Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
me explicado na opção A
Explicação:
QUESTÃO 98
A otite média aguda (OMA) cursa com otalgia e fe-
bre de início súbito 4 ou 5 dias após quadro de IVAS Um bebê de 6 meses de vida foi levado pela mãe à equi-
(infecção de vias aéreas superiores), irritabilidade, con- pe de Saúde da Família (eSF) para consulta de rotina de
gestão nasal. Para o diagnóstico clínico é necessário puericultura. A mãe relata que está preocupada, pois a
observar abaulamento leve + otalgia nas últimas 48h criança mostra-se mais chorosa, apresentando irritabi-
ou hiperemia intensa de MT; abaulamento modera- lidade, dificuldade para dormir e pico febril de 39ºC
do/intenso da MT e/ou otorreia recente não explicada na noite anterior. A criança está previamente hígida,
por otite externa. Para crianças com idade menor do em aleitamento materno exclusivo, fez uso de parace-
que 6 meses e diagnóstico confirmado de otite média tamol há duas horas e sua temperatura é de 37,5ºC
aguda, está indicado o uso imediato de antibioticotera- no momento. A mãe nega que a criança tenha aler-
pia. Além disso, casos com otalgia moderada/intensa, gias medicamentosas. Ao exame físico, verificam-se
duração >48hs, febre>39ºC e/ou com OMA bilateral auscultas pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome
também se beneficiam de início de antibiótico para re- sem particularidades, otoscopia direita com presença
dução do tempo de sintomas. Os demais casos podem, de membrana timpânica abaulada e hiperemiada, sem
conforme decisão compartilhada, ser tratados com me- presença de otorreia. A criança é capaz de firmar a ca-
didas de suporte. beça e apanhar objetos, e as medidas antropométricas
estão próximas ao percentil 50. Carteira de vacinação
O antibiótico de escolha para tratamento é a amoxici-
atualizada. Com base nesse caso clínico e nos conhe-
lina, devendo amoxicilina + clavulanato ser reservada
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
para casos em que há OMA com conjuntivie puru-
Apesar de medidas antropométricas estarem adequadas
lenta; OMA severa ou uso de amoxicilina nos últimos
nesse momento, o desenvolvimento neuropsicomotor
30 dias.
está atrasado, pois a criança com essa idade já deveria
ser capaz de sentar sem apoio.
Take-Home Message: A) CERTO
A otite média aguda é caracterizada por febre e otalgia, B) ERRADO:
antecedida, em geral, por quadro de IVAS. É necessária
a presença de efusão para o diagnóstico de OMA, de- É importante lembrar, para as provas, os principais
vendo haver abaulamento de membrana timpânica ou marcos do desenvolvimento neuropsicomotor.
otorreia recente. O antibiótico de escolha é a amoxici-
lina. Lembre que crianças com menos de 6 meses não Logo após o nascimento, é normal o bebê reconhecer a
podem deixar de ser tratadas com antibiótico. Além voz da mãe e, no final do primeiro mês, já fixar rostos,
disso, casos com otalgia moderada/intensa, duração e olhar para locais mais iluminados. No restante, ainda
>48hs, febre>39ºC e/ou com OMA bilateral também mantém os reflexos primitivos, membros em flexão.
tem benefício maior de antibioticoterapia. Aos três meses, período chave, já existe algum controle
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da cabeça: eleva a cabeça em decúbito ventral e já vira voz da mãe e, no final do primeiro mês, já fixar rostos,
a cabeça na direção do som, apresentando interesse no e olhar para locais mais iluminados. No restante, ainda
rosto humano e em pequenos objetos próximos. Já há mantém os reflexos primitivos, membros em flexão.
o sorriso social e a vocalização. Aos três meses, período chave, já existe algum controle
Dos 3 aos 6 meses, há maior controle cefálico, que pos- da cabeça: eleva a cabeça em decúbito ventral e já vira
sibilita ao bebê equilibrar-se e sentar-se com um míni- a cabeça na direção do som, apresentando interesse no
mo de apoio e, em decúbito ventral, apoiar-se com as rosto humano e em pequenos objetos próximos. Já há
mãos elevando a cabeça e o tronco. o sorriso social e a vocalização.
Por volta dos 9 meses, quando apoiado, consegue man- Dos 3 aos 6 meses, há maior controle cefálico, que pos-
ter-se de pé. Outro marco é a pinça digital, que vai sibilita ao bebê equilibrar-se e sentar-se com um míni-
possibilitar, por exemplo, agarrar pequenos pedaços de mo de apoio e, em decúbito ventral, apoiar-se com as
comida e levá-los à boca. mãos elevando a cabeça e o tronco.
Entre os 10 e os 12 meses, a criança começa a dar os Por volta dos 9 meses, quando apoiado, consegue man-
primeiros passos com apoio. Nessa fase, começa a di- ter-se de pé. Outro marco é a pinça digital, que vai
zer algumas palavras já com significado, sendo as mais possibilitar, por exemplo, agarrar pequenos pedaços de
comuns "mamã" ou "papa". Há a compreensão de pa- comida e levá-los à boca.
lavras simples, como "beber", "carro", ou de pequenas Entre os 10 e os 12 meses, a criança começa a dar os
expressões. primeiros passos com apoio. Nessa fase, começa a di-
Grande parte das crianças já consegue andar sozinha zer algumas palavras já com significado, sendo as mais
entre os 12 e os 15 meses. comuns "mamã" ou "papa". Há a compreensão de pa-
Aos 18 meses, há um bom controle locomotor. A crian- lavras simples, como "beber", "carro", ou de pequenas
ça geralmente anda sem ajuda e procura correr e explo- expressões.
rar tudo o que se encontra em seu redor. Conhece o Grande parte das crianças já consegue andar sozinha
significado de cerca de 500 palavras, verbalizando entre entre os 12 e os 15 meses. Aos 18 meses, há um bom
6 a 26. Entretanto, essa verbalização depende das opor- controle locomotor. A criança geralmente anda sem
tunidades de interações com os adultos. ajuda e procura correr e explorar tudo o que se encon-
Aos 2 anos, há uma maior destreza, a criança sobe e tra em seu redor. Conhece o significado de cerca de
desce escadas e sobe em objetos, começa a ter um maior 500 palavras, verbalizando entre 6 a 26. Entretanto,
controle do seu esfíncter anal e vesical durante o dia. essa verbalização depende das oportunidades de intera-
ções com os adultos.
Aos 3 anos, um dos marcos importantes é o processo de
socialização. Essa é uma fase em que a criança começa Aos 2 anos, há uma maior destreza, a criança sobe e
a questionar. A linguagem oral está mais desenvolvida e desce escadas e sobe em objetos, começa a ter um maior
já é possível estabelecer uma conversação com os adul- controle do seu esfíncter anal e vesical durante o dia.
tos. Aos 4 anos, em geral a criança já faz parte da sua Aos 3 anos, um dos marcos importantes é o processo de
higiene sozinha. socialização. Essa é uma fase em que a criança começa
Explicação: a questionar. A linguagem oral está mais desenvolvida e
já é possível estabelecer uma conversação com os adul-
É importante lembrar, para as provas, os principais tos. Aos 4 anos, em geral a criança já faz parte
marcos do desenvolvimento neuropsicomotor.
da sua higiene sozinha.
Logo após o nascimento, é normal o bebê reconhecer a
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A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex- QUESTÃO 99


plicado na opção B
Um bebê de 6 meses de vida foi levado pela mãe à equi-
B) INCORRETA. Muitas vezes, aos 6 meses a crian-
pe de Saúde da Família (eSF) para consulta de rotina
ça pode já conseguir manter-se sentada sem apoio,
de puericultura. A mãe relata que está preocupada, pois
mas no geral só consegue sentar sozinha, completa-
a criança mostra-se mais chorosa, apresentando irrita-
mente sem apoio, a partir dos 9 meses.
bilidade, dificuldade para dormir e pico febril de 39ºC
na noite anterior. A criança está previamente hígida,
Take-Home Message: em aleitamento materno exclusivo, fez uso de parace-
tamol há duas horas e sua temperatura é de 37,5ºC
É importante lembrar, para as provas, os principais mar-
no momento. A mãe nega que a criança tenha aler-
cos do desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
gias medicamentosas. Ao exame físico, verificam-se
Com um mês, já fixa rostos. Aos três meses, eleva a auscultas pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome
cabeça em decúbito ventral e já segue com o olhar. Aos sem particularidades, otoscopia direita com presença
6 meses, senta-se com um mínimo de apoio. Por volta de membrana timpânica abaulada e hiperemiada, sem
dos 9 meses, senta sozinha e quando apoiada, consegue presença de otorreia. A criança é capaz de firmar a ca-
manter-se de pé. Outro marco é a pinça digital. beça e apanhar objetos, e as medidas antropométricas
Entre os 10 e os 12 meses, a criança começa a dar os estão próximas ao percentil 50. Carteira de vacinação
primeiros passos com apoio. atualizada. Com base nesse caso clínico e nos conheci-
mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Nes-
Aos 18 meses, anda sem ajuda, verbaliza entre 6 a 26 sa consulta, já é possível orientar acerca da introdução
palavras. de alimentação complementar ao aleitamento materno.
Aos 2 anos, há uma maior destreza, sobe e desce escadas A) CERTO
e sobe em objetos, começa a ter um maior controle do
B) ERRADO
seu esfíncter anal e vesical durante o dia.
Aos 3 anos, já é possível estabelecer uma conversação
A) CORRETA. A introdução alimentar deve ser feita
com os adultos.
aos 6 meses de idade para as crianças em aleita-
Aos 4 anos, em geral a criança já faz parte da sua higie- mento materno exclusivo. Não há atraso de de-
ne sozinha. senvolvimento neuropsicomotor que gere preo-
cupação com relação ao risco de engasgos ou que
necessite de uma adaptação na introdução de ali-
mentos complementares.
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
me explicado na opção A
Explicação:
A introdução alimentar deve ocorrer a partir dos 6 me-
ses para as crianças em aleitamento materno exclusivo
(AME) ou predominante. Para as crianças não ama-
mentadas ou em aleitamento misto, a introdução pode
ocorrer mais precocemente, aos 4 meses de idade. Re-
comenda-se a utilização de duas papas de frutas (lanche
da manhã e lanche da tarde) e uma papa principal (al-
192 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

moço). Aos 7 meses, a criança pode receber a segunda QUESTÃO 100


papa principal na janta. As frutas devem ser amassadas
em forma de purê e os alimentos bem cozidos para se- Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
rem amassados com garfo. É importante não retardar a sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
introdução da carne, pois se trata de fonte importante de disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
de ferro para a criança. Após introdução alimentar, é Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
importante que se ofereça água para a criança entre as semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
refeições. A papa salgada deve conter um representante nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
de cada grupo alimentar, dentre os grupos: cereais e tu- realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites
bérculos (carboidrato), carnes e ovos (proteína animal e B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
ferro heme), leguminosas (proteína vegetal e ferro não Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
heme – feijões, lentilha); verduras e legumes (micronu- cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Por
trientes e fibras – folhas verdes cozidas, abóboras); fru- se tratar de um caso de síndrome do corrimento uretral
tas da época (micronutrientes, fibras e açúcar). masculino, é necessário realizar notificação compulsó-
ria para a Vigilância Epidemiológica.
A) CERTO
Take-Home Message:
B) ERRADO
A introdução alimentar deve ocorrer a partir dos 6 me-
ses para as crianças em aleitamento materno exclusivo Resposta correta: Anulada
(AME) ou predominante. Para as crianças não ama-
mentadas ou em aleitamento misto, a introdução pode A síndrome do corrimento uretral é de notificação com-
ocorrer mais precocemente, aos 4 meses de idade. Re- pulsória nas unidades sentinelas! A vigilância sentinela
comenda-se a utilização de duas papas de frutas (lanche consiste na vigilância de agravos em um ou mais esta-
da manhã e lanche da tarde) e uma papa principal (al- belecimentos de saúde que se tornam referência para a
moço). Aos 7 meses, a criança pode receber a segunda temática. As instituições de saúde envolvidas tornam-se
papa principal na janta. mais sensíveis à captação daquele agravo específico e
podem servir de alerta para a vigilância epidemiológica.
Provavelmente por isso a questão foi anulada.
Fonte:
Outras doenças como sífilis adquirida, sífilis em gestan-
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 te, sífilis congênita, hepatites virais B e C, aids, infecção
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente
lumes: Princípios, Formação e Prática. ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão
vertical do HIV são de notificação compulsória em
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 todo o território nacional. A síndrome do corrimento
uretral masculino é de notificação compulsória, a ser
monitorada por meio da estratégia de vigilância em
unidades-sentinela.
Um caso de síndrome do corrimento uretral masculi-
no é definido epidemiologicamente como presença de
corrimento uretral verificado em indivíduo com o pre-
púcio retraído e/ou pela compressão da base do pênis
em direção à glande após contato sexual.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 193

A Portaria n.º 1.553, de 17 de junho de 2020, ins- QUESTÃO 101


tituiu a Vigilância Sentinela da Síndrome do Corri-
mento Uretral Masculino (VSCUM), com os objetivos Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
de monitorar perfil epidemiológico da síndrome do sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
corrimento uretral masculino em unidades de saude de disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
selecionadas (unidades sentilelas); identificar casos de Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
síndrome do corrimento uretral masculino e desenca- semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
dear a investigação das fontes de infecção e transmissão nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
comuns, além de produzir informações a respeito da realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites
síndrome do corrimento uretral masculino para subsi- B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
diar as ações de prevenção e controle. Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
A notificação é registrada no Sistema de Informação cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
de Agravos de Notificação (Sinan), mediante o preen- Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível
chimento e o envio da Ficha de Notificação Individu- (IST), sendo os patógenos mais prováveis a Neisseria
al (utilizada a ficha de notificação/conclusão do Sinan gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis.
para realizar a notificação). A) CERTO
B) ERRADO
Take-Home Message: A) CORRETA. Os agentes etiológicos mais impor-
tantes da síndrome do corrimento uretral são a
É de notificação compulsória todo caso de síndrome N. gonorrhoeae e a C. trachomatis. Outros agen-
do corrimento uretral masculino identificado nas uni- tes, como T. vaginalis, U. urealyticum, entero-
dades sentinelas, definido epidemiologicamente como bactérias (nas relações anais insertivas), são me-
presença de corrimento uretral verificado em indivíduo nos frequentes.
com o prepúcio retraído e/ou pela compressão da base
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
do pênis em direção à glande após contato sexual.
me explicado na opção A
Explicação:
A síndrome do corrimento uretral é uma infecção sexu-
almente transmissível (IST) caracterizada por inflama-
ção da uretra acompanhada de corrimento. A uretrite
pode se apresentar com corrimento uretral, disúria,
dor, eritema e prurido uretral. Os principais agentes
etiológicos são N. gonorrhoeae, causador da uretrite go-
nocócica, e C. trachomatis, U. urealyticum, M. hominis
e T. vaginalis, causadores de uretrite não gonocócica.
O manejo pode ser feito de acordo com o quadro:
194 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 195

O tratamento de escolha é feito com Ceftriaxona, 500 QUESTÃO 102


mg, IM dose única +azitromicina, 500 mg, 2 compri-
midos, VO, dose única. Em algumas localidades, ainda Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
é possível usar Ciprofloxacina, 500 mg, 1 comprimi- sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
do, VO, dose única + azitromicina, 500 mg, 2 compri- de disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
midos, VO, dose única. Mas fiquem atentos! O uso da Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
ciprofloxacina está contraindicado nos estados do Rio semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, considerando nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
estudos realizados nos últimos anos, os quais demons- realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites
traram a circulação de cepas de gonococos com taxas B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
de resistência antimicrobiana igual ou maior que 5%, Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
limite determinado internacionalmente para aceitação cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
do uso de um antibiótico. Em Florianópolis, também Caso não haja laboratório disponível para diferenciar
já não se utiliza mais ciprofloxacina. Fique atento ao o patógeno, o tratamento preconizado pelo Ministério
seu local de prova. Na dúvida, melhor marcar ceftria- da Saúde é ceftriaxona 500 mg intramuscular e azitro-
xona. micina 1000 mg via oral, ambas em dose única.
A) CERTO
Take-Home Message: B) ERRADO
Uretrite se apresenta com disúria e corrimento uretral, A) CORRETA. O tratamento de escolha da síndro-
na maior parte dos casos. Os principais agentes etiológi- me do corrimento uretral é feito com Ceftriaxona,
cos são N. gonorrhoeae e C. trachomatis. N. gonorrhoeae 500 mg, IM dose única +azitromicina, 500 mg, 2
é causador da uretrite gonocócica, e C. trachomatis, U. comprimidos, VO, dose única.
urealyticum, M. hominis e T. vaginalis, causadores de B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
uretrite não gonocócica. me explicado na opção A
Explicação:

Fonte: A síndrome do corrimento uretral é uma infecção sexu-


almente transmissível (IST) caracterizada por inflama-
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 ção da uretra acompanhada de corrimento. A uretrite
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância pode se apresentar com corrimento uretral, disúria,
em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites dor, eritema e prurido uretral. Os principais agentes
Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para etiológicos são N. gonorrhoeae, causador da uretrite go-
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmen- nocócica, e C. trachomatis, U. urealyticum, M. hominis
te Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de e T. vaginalis, causadores de uretrite não gonocócica.
Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e O manejo pode ser feito de acordo com o quadro:
Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
196 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 197

O tratamento de escolha é feito com Ceftriaxona, 500 QUESTÃO 103


mg, IM dose única +azitromicina, 500 mg, 2 compri-
midos, VO, dose única. Em algumas localidades, ainda Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
é possível usar Ciprofloxacina, 500 mg, 1 comprimido, sulta na unidade básica de saúde(UBS) com queixa de
VO, dose única + azitromicina, 500 mg, 2 comprimi- disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
dos, VO, dose única. Mas fiquem atentos! O uso da Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
ciprofloxacina está contraindicado nos estados do Rio semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, considerando nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
estudos realizados nos últimos anos, os quais demons- realizados testes rápidos, na BS, para HIV, hepatites B
traram a circulação de cepas de gonococos com taxas e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
de resistência antimicrobiana igual ou maior que 5%, Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
limite determinado internacionalmente para aceitação cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
do uso de um antibiótico. Em Florianópolis, também Os testes rápidos realizados possuem alta sensibilidade,
já não se utiliza mais ciprofloxacina. Fique atento ao sendo indicados para triagens diagnósticas.
seu local de prova. Na dúvida, melhor marcar ceftria-
A) CERTO
xona.
B) ERRADO
A) CORRETA. Teste muito sensíveis são utilizados
Take-Home Message: em situações nas quais se quer detectar todos os
A síndrome do corrimento uretral se apresenta com di- indivíduos com uma determinada condição na po-
súria e corrimento uretral, na maior parte dos casos. pulação, servindo como triagens diagnósticas. É o
O tratamento de escolha é feito com Ceftriaxona, 500 caso dos testes rápidos citados.
mg, IM dose única +azitromicina, 500 mg, 2 compri- B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
midos, VO, dose única. Em algumas localidades, ainda me explicado na opção A
é possível usar Ciprofloxacina, mas não em São Paulo, Explicação:
Minas gerais e Rio de Janeiro. Fiquem atentos.
A sensibilidade de um teste diagnóstico é a proporção
de indivíduos com uma doença que têm um teste po-
Fonte: sitivo para essa doença (verdadeiro-positivos). Teste
muito sensíveis são utilizados em situações nas quais
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 se quer detectar todos os indivíduos com uma deter-
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância minada condição na população, servindo como tria-
em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites gens diagnósticas. A possibilidade de um falso-negativo
Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para é menor.
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmen- Sendo:
te Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e a: verdadeiro positivos (teste positivo e tem realmente
Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015 a doença)

Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- b: falso positivos (teste positivo, mas não tem a doença)
lumes: Princípios, Formação e Prática. c: falso negativos (teste negativo, mas tem a doença)
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 d: verdadeiro negativos (teste negativo e realmente não
tem a doença)
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A sensibilidade se calcula pelo número de indivíduos QUESTÃO 104


com teste positivo que realmente apresentam a doença
(a) sobre o número total de indivíduos doentes (a+c): Um paciente de 35 anos de idade compareceu à con-
sulta na unidade básica de saúde (UBS) com queixa
Sensibilidade = a a + c de disúria e presença de secreção peniana há dois dias.
A especificidade é a proporção de indivíduos sem a do- Relata relações sexuais desprotegidas nas últimas duas
ença que apresentam um teste negativo (verdadeiro-ne- semanas. Ao exame físico, observou-se presença de dre-
gativos). Testes com especificidade alta são usados para nagem de secreção mucopurulenta na uretra. Foram
confirmar um diagnóstico sugerido por outros testes, realizados testes rápidos, na UBS, para HIV, hepatites
já que raramente são positivos na ausência da doença. B e C e sífilis, obtiveram-se resultados não reagentes.
A especificidade de um teste se calcula pelo número Considerando esse caso clínico e com base nos conhe-
de indivíduos saudáveis com teste negativo (d) sobre cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir.
o número total de indivíduos sem a doença (b + d): Nesse caso, o paciente deveria ter procurado direta-
Especificidade = d b + d mente atendimento em atenção secundária, visto que,
conforme Decreto Federal nº 7.508, a atenção primária
não é classificada como serviço de atendimento inicial
Take-Home Message: à saúde do usuário no Sistema Único de aúde (SUS).
A sensibilidade de um teste diagnóstico é a proporção A) CERTO
de indivíduos com uma doença que têm um teste posi- B) ERRADO
tivo para essa doença (verdadeiro-positivos).
A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex-
A especificidade é a proporção de indivíduos sem a plicado na opção B
doença que apresentam um teste negativo (verdadei- B) CORRETA. O decreto citado estabelece que o
ro-negativos). acesso aos serviços de saúde do SUS se inicia pelas
Sendo: Portas de Entrada, entre as quais estão os serviços
de Atenção Primária.
a: verdadeiro positivos (teste positivo e tem realmente
a doença) Explicação:
b: falso positivos (teste positivo, mas não tem a doença) De acordo com o Decreto Federal nº 7508, que regu-
lamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, o
c: falso negativos (teste negativo, mas tem a doença) acesso universal, igualitário e ordenado às ações e servi-
d: verdadeiro negativos (teste negativo e realmente não ços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS
tem a doença) e se completa na rede regionalizada e hierarquizada, de
acordo com a complexidade do serviço.
Sensibilidade = a a+c
Os serviços considerados como porta de entrada são:
Especificidade = d b + d
I - de atenção primária;
Fonte:
II - de atenção de urgência e emergência;
Prova de Residência Médica SES-DF 2022
III - de atenção psicossocial; e
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática. IV - especiais de acesso aberto.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 199

Take-Home Message: mais incidente entre todos os cânceres. No Brasil, sem


É importante lembrar da Lei 8080, que estabelece considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer
as chamadas Portas de Entrada para o SUS. São elas: de cólon e reto em homens é o segundo mais incidente
Atenção Primária; urgência e emergência (exe: UPAs); nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Na Região Sul, é
atenção psicossocial (CAPS) e serviços especiais de o terceiro tumor mais frequente. Enquanto nas Regiões
acesso aberto. Nordeste e Norte, ocupa a quarta posição.

Fonte: O Ministério da Saúde traz como recomendação de


grau A o rastreamento para o câncer de cólon e reto
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 usando pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonosco-
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. pia ou signoidoscopia, em adultos entre 50 e 75 anos,
pontuando que os riscos e os benefícios variam confor-
me o exame de rastreamento. Isso é condizente com a
QUESTÃO 105 recomendação do USPTF (U.S. Preventive Task For-
ce), importante órgão que traz recomendações sobre o
Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com rastreamento baseadas em evidêmncia.
câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
dade básica de saúde para conversar com seu médico Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde
de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve (OMS) traz que, antes de se disponibilizar a nível po-
realizar os procedimentos propostos pelo especialista, pulacional o rastreamento para o câncer de cólon e reto
visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma por meio da pesquisa do sangue oculto nas fezes, é ne-
bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re- cessário levar em consideração os custos de toda a logís-
lação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos tica e o impacto sobre o número de colonoscopia diag-
médicos correlatos, julgue o item a seguir. Em homens, nósticas que advirão dessa implementação. Os ensaios
neoplasias de colón e reto ocupam o segundo lugar em clínicos mostraram um valor preditivo positivo relati-
incidência estimada de localização primária, indican- vamente baixo da pesquisa de sangue oculto nas fezes,
do-se, de forma geral, seu rastreio a partir dos 50 anos principalmente nos métodos com reidratação, sugerin-
de idade, sendo os principais exames a olonoscopia e a do que até 80% de todos os testes positivos possam ser
pesquisa de sangue oculto nas fezes. falso-positivos para câncer. Destaca também que, a

A) CERTO não ser que se consiga alta taxa de adesão, o benefício


para população pode ser bem menor do que o aponta-
B) ERRADO
do pelos ensaios clínicos e não ser compatível com os
Questão anulada! custos do rastreamento.
Por esses fatos, não se considera viável e custo-efetiva,
A questão não especificou a fonte da literatura que deve atualmente, a implantação de
ser considerada, talvez por isso tenha sido anulada,
uma vez que não há consenso entre as recomendações programas populacionais de rastreamento para câncer
de rastreamento. Também não especificou em que local colorretal no Brasil.
a incidência estimada de câncer colorretal ocupa o se- Recomenda-se fortemente, entretanto, que a estratégia
gundo lugar. Incidência mundial? No Brasil? de diagnóstico precoce seja implementada por meio de
Explicação: divulgação ampla dos sinais de alerta para a população
e profissionais de saúde, fácil acesso aos procedimen-
A mais recente estimativa mundial aponta que, nos tos de diagnóstico dos casos suspeitos e acesso ao trata-
homens, o câncer do cólon e reto é o terceiro tumor mento adequado e oportuno.
200 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: QUESTÃO 106


É importante atentar para a recomendação do Ministério Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
da Saúde a respeito do rastreamento de neoplasia de cólon câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
e reto. É a fonte que será cobrada na maioria das provas.
dade básica de saúde para conversar com seu médico
O Caderno de Atenção Básica de Rastreamento do de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve
Ministério da Saúde traz como recomendação de grau realizar os procedimentos propostos pelo especialista,
A o rastreamento para o câncer de cólon e reto usando visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma
pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia ou sig- bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re-
noidoscopia, em adultos entre 50 e 75 anos, pontuando lação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos
que os riscos e os benefícios variam conforme o exame de médicos correlatos, julgue o item a seguir. É importan-
rastreamento. Isso é condizente com a recomendação do te acolher o paciente quanto à questão de saúde mental
USPTF (U.S. Preventive Task Force). Por outro lado, de e avaliar a necessidade de tratamento psicoterápico e
acordo com esse mesmo caderno e o Tratado de Medicina
(ou) medicamentoso.
de Família, apesar dessa recomendação, não se conside-
ra viável e custo-efetiva, atualmente, a implantação de A) CERTO
programas populacionais de rastreamento para câncer B) ERRADO
colorretal no Brasil. Então se a questão cobrar o progra- A) CORRETA. O paciente em questão verbalizou
ma de rastreamento recomendado para o Brasil, devemos
sofrimento relacionado ao tratamento do câncer
levar isso em consideração. Apesar de haver benefício, na
e às morbidades relacionadas, expressando pensa-
literatura, do rastreamento, no nosso país ele ainda não é
mentos de morte. Sendo assim, é de fundamen-
custo-efetivo populacionalmente no SUS.
tal importância a abordagem desse sofrimento
Fonte: em consulta e a avaliação de sinais de alerta para
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 a necessidade de tratamento medicamentoso
ou psicoterápico.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saú-
de. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento / B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, De- me explicado na opção A
partamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Explicação:
Saúde, 2010. 95 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais
Na atenção primária à saúde (APS), é muito comum
Técnicos) (Cadernos de Atenção Primária, n. 29)
o atendimento de pessoas com tristeza e sintomas de-
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da pressivos, mas mais comumente essas pessoas aparecem
Silva. Estimativa 2020 : incidência de câncer no Brasil com uma mescla de sintomas: dor crônica vaga, sinto-
/ Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da mas ansiosos e depressivos.
Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019
Pessoas com diagnóstico recente de doença grave ou
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- letal podem apresentar sintomas depressivos que de-
lumes: Princípios, Formação e Prática. vem ser abordados na consulta. A realização de uma
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 boa escuta e dar espaço para que a pessoa exponha suas
(1) inquietações normalmente é suficiente para lidar com
a maioria dos casos. Há estudos que apontam que a
1. Lin JS, Perdue LA, Henrikson NB, Bean SI, Blasi qualidade da atenção às pessoas com sintomas depressi-
PR. Screening for Colorectal Cancer: Updated Evi- vos é maior quando elas participam mais ativamente da
dence Report and Systematic Review for the US Pre- consulta e quando os profissionais de saúde exploram
ventive Services Task Force. JAMA. 18 de maio de e validam suas preocupações. É importante questionar,
2021;325(19):1978.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 201

quando isso não é verbalizado pela pessoa, sobre pensa- QUESTÃO 107
mentos suicidas. O suicídio é carregado de valores mo-
rais e religiosos negativos, então as pessoas muitas vezes Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
têm dificuldade de falar sobre esse tema. É importante câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni-
atentar para os alertas vermelhos que indicam gravida- dade básica de saúde para conversar com seu médico
de: isolamento social, prostração intensa, grande perda de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve
realizar os procedimentos propostos pelo especialista,
de peso, sintomas psicóticos, tentativa de suicídio ou
visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma
plano de suicídio elaborado. A presença desses alertas
bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re-
indica necessidade de início de terapia medicamentosa,
lação a esse caso clínico e com base nos conhecimen-
sendo importante acessar familiares ou amigos próxi-
tos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Deve-se
mos para avaliar gravidade e auxiliar no seguimento,
insistir para que o paciente realize o tratamento pro-
solicitando apoio da equipe de saúde mental (NASF). posto pelo especialista, pois o médico é o detentor do
conhecimento, e o paciente, por ser leigo no assunto,
não pode ter opinião acerca dos procedimentos que se-
Take-Home Message:
rão realizados.
Na atenção primária à saúde (APS), é muito comum
A) CERTO
o atendimento de pessoas com tristeza e sintomas de-
pressivos, mas mais comumente essas pessoas aparecem B) ERRADO
com uma mescla de sintomas: dor crônica vaga, sinto- A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex-
mas ansiosos e depressivos É importante atentar para os plicado na opção B
alertas vermelhos que indicam gravidade: isolamento B) CORRETA. O método clínico centrado na pessoa
social, prostração intensa, grande perda de peso, sinto- é um modelo de abordagem que se utiliza como
mas psicóticos, tentativa de suicídio ou plano de suicí- proposta metodológica para que uma consulta
dio elaborado. atenda às necessidades e expectativas tanto dos
médicos quando das pessoas. Nesse modelo, o
médico precisa compartilhar o poder de decisão,
Fonte: renunciando ao controle exclusivo da consulta.
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 No terceiro componente desse método, "elabo-
rando um projeto comum de manejo", o médico
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- estabelece problemas e prioridades e compartilha
lumes: Princípios, Formação e Prática. com a pessoa objetivos do tratamento e do mane-
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 jo. Dessa maneira, no atendimento em questão,
o médico deve ser capaz de acolher a opinião do
paciente sobre o tratamento proposto pelo espe-
cialista, explorando seus medos e desconfortos a
respeito, sem deixar de trazer a importância do
tratamento, mas fazendo-o de uma maneira que o
paciente sinta que ele está no centro do cuidado.
Explicação:
O método clínico centrado na pessoa é um modelo de
abordagem que se utiliza como proposta metodológica
para que uma consulta atenda às necessidades e expec-
tativas tanto dos médicos quando das pessoas. Nesse
202 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

modelo, o médico precisa compartilhar o poder de de- uma forma semelhante a que usou em relacionamentos
cisão, renunciando ao controle exclusivo da consulta. significativos do passado".(Medicina Centrada na Pes-
Ele é dividido atualmente em quatro componentes: soa, 3ªed, 2017; Schaeffer, 2007; Murdin, 2010).
1)Explorando a saúde, a doença e a experiência da pes- Algumas questões podem abordar a antiga configuração
soa com a doença: do MCCP, em que os três primeiros componentes eram
A saúde e a doença são exploradas através da história, os mesmos, mas o 4º componente era "Incorporando pre-
exame clínico, exame de laboratório; venção e promoção da saúde", o 5º componente era "In-
tensificando a relação médico-pessoa" e o 6º componente,
A dimensão da experiência da doença, ou illness, é fei- "Sendo realista". Atualmente, a incorporação de prevenção
ta abordando-se sentimentos, idéias, efeitos na função, e promoção da saúde é vista como sendo parte de todos
expectativas. Para lembrar, há o acrônimo SIFE (senti- os outros componentes, e não um como um componen-
mentos, ideias, função e expectativas), que vale a pena te isolado. E "Sendo Realista" foi considerado um aspecto
lembrar de questionar durante os atendimentos. inerente à consulta e ao contexto da relação médico-pessoa,
2) Entendendo a pessoa como um todo, inteira: perdendo também seu lugar como componente isolado. É
importante ficar atento a isso para não confundir.
O entendimento da pessoa pode se dar através da
abordagem de sua história de vida, aspectos pessoais e
de desenvolvimento; Take-Home Message:
A abordagem do contexto próximo envolve família, O método clínico centrado na pessoa é um tema que tem
emprego, comunidade, suporte social; sido cobrado e é bastante simples. Basta memorizar os
O contexto distante está relacionado a sua cultura, co- seus quatro componentes e os princípios neles contidos:
munidade, ecossistema. 1)Explorando a saúde, a doença e a experiência da pes-
3) Elaborando um projeto comum de manejo: soa com a doença (para abordar experiência da doença,
lembrar do acrônimo SIFE, sentimentos, ideias, função
O médico estabelece problemas e prioridades e com-
partilha com a pessoa objetivos do tratamento e do e expectativas. Pode ser útil no dia-a-dia e mesmo em
manejo; são definidos os papéis da pessoa e do médico. provas práticas)

4) Intensificando a relação médico-pessoa: 2) Entendendo a pessoa como um todo

São ferramentas usadas pelo médico nesse componente: 3) Elaborando um projeto comum de manejo

■ compaixão; 4) Intensificando a relação médico-pessoa


■ poder (que o médico deve saber, inclusive, como com- Algumas questões podem, ainda, abordar a configura-
partilhar durante a consulta); ção antiga do método, antes de sua revisão, que trazia
"Incorporando prevenção e promoção da saúde" como
■ cura; 4º componente e "Sendo realista" como 6º componen-
■ autoconhecimento; te. Esses atributos, agora, são considerados como ine-
■ transferência e contratransferência rentes à consulta e aos demais componentes.

(transferência é um processo no qual “a pessoa incons- Fonte:


cientemente projeta, em indivíduos de sua vida, pen- Prova de Residência Médica SES-DF 2022
samentos, comportamentos e reações emocionais que
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
se originam em outros relacionamentos significativos";
lumes: Princípios, Formação e Prática.
contratransferência é um processo, igualmente incons-
ciente, através do qual o médico responde à pessoa de Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 203

QUESTÃO 108 A sensibilidade se calcula pelo número de indivíduos


com teste positivo que realmente apresentam a doença
Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com (a) sobre o número total de indivíduos doentes (a+c):
câncer retal, retornou ao atendimento médico na unida-
de básica de saúde para conversar com seu médico de fa- Sensibilidade = a
mília, pois está muito nervoso e não sabe se deve realizar a+c
os procedimentos propostos pelo especialista, visto que,
A especificidade é a proporção de indivíduos sem a do-
para ele, “”é melhor morrer do que usar uma bolsinha
ença que apresentam um teste negativo (verdadeiro-ne-
para o resto da vida”” (colostomia). Com relação a esse
gativos). Testes com especificidade alta são usados para
caso clínico e com base nos conhecimentos médicos cor-
confirmar um diagnóstico sugerido por outros testes,
relatos, julgue o item a seguir. Entre os testes diagnósti-
já que raramente são positivos na ausência da doença.
cos recomendados para avaliar a possibilidade de neopla-
sia, estão os de alta especificidade, visto que apresentam A especificidade de um teste se calcula pelo número
menor probabilidade de falso-negativos. de indivíduos saudáveis com teste negativo (d) sobre o
número total de indivíduos sem a doença (b + d):
A) CERTO
B) ERRADO Especificidade = d
A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex- b+d
plicado na opção B
B) CORRETA. Para rastreio de neoplasia, é impor-
Take-Home Message:
tante usar testes com alta sensibilidade, pois esses,
sim, apresentam menor probabilidade de resulta- A sensibilidade de um teste diagnóstico é a proporção
dos falso-negativos. Testes com alta especificidade de indivíduos com uma doença que têm um teste posi-
são utilizados para confirmação diagnóstica, uma tivo para essa doença (verdadeiro-positivos).
vez que apresentam uma menos probabilidade de A especificidade é a proporção de indivíduos sem a
resultados falso-positivos. doença que apresentam um teste negativo (verdadei-
Explicação: ro-negativos).
A sensibilidade de um teste diagnóstico é a proporção de Sendo:
indivíduos com uma doença que têm um teste positivo
a: verdadeiro positivos (teste positivo e tem realmente
para essa doença (verdadeiro-positivos). Teste muito sen-
a doença)
síveis são utilizados em situações nas quais se quer detec-
tar todos os indivíduos com uma determinada condição b: falso positivos (teste positivo, mas não tem a doença)
na população, servindo como triagens diagnósticas. A c: falso negativos (teste negativo, mas tem a doença)
possibilidade de um falso-negativo é menor.
d: verdadeiro negativos (teste negativo e realmente não
Sendo: tem a doença)
a: verdadeiro positivos (teste positivo e tem realmente Sensibilidade = a
a doença) a+c
b: falso positivos (teste positivo, mas não tem a doença) Especificidade = d
c: falso negativos (teste negativo, mas tem a doença) b+d
d: verdadeiro negativos (teste negativo e realmente não
tem a doença)
204 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Fonte: virtude do exercício de sua profissão, salvo por moti-


Prova de Residência Médica SES-DF 2022 vo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do
paciente.
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática. Permanece essa proibição:

Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 A) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou
o paciente tenha falecido;
B) quando de seu depoimento como testemunha.
QUESTÃO 109 Nessa hipótese, o médico comparecerá
perante a autoridade e declarará seu impedimento;
Um paciente de 73 anos de idade, diagnosticado com
câncer retal, retornou ao atendimento médico na uni- C) na investigação de suspeita de crime o médico es-
dade básica de saúde para conversar com seu médico tará impedido de revelar segredo que possa expor o
de família, pois está muito nervoso e não sabe se deve paciente a processo penal.
realizar os procedimentos propostos pelo especialista,
visto que, para ele, “”é melhor morrer do que usar uma
Take-Home Message:
bolsinha para o resto da vida”” (colostomia). Com re-
lação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos Fique atento ao Código de Ética Médica (CEM)!
médicos correlatos, julgue o item a seguir. De acordo É importante lembrar do sigilo profissional. O médico
com o Código de Ética Médico, mesmo que esse pa- é impossibilitado, pelo CEM, de revelar fato de que
ciente viesse a óbito, é vedado ao médico revelar fato de tenha conhecimento em virtude do exercício de sua
que tenha conhecimento em virtude de sua profissão, profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou con-
exceto se houver motivo justo, dever legal ou consenti- sentimento, por escrito, do paciente.
mento, por escrito, do paciente.
Fonte:
A) CERTO
Prova de Residência Médica SES-DF 2022
B) ERRADO
A) CORRETA. De acordo com artigo 73 do Código Conselho Federal de Medicina. Código de ética mé-
de Ética Médica, que trata sobre o sigilo profissio- dica: resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de
nal, é realmente vedado ao médico revelar fato de 2009 (versão de bolso) / Conselho Federal de Medicina
que tenha conhecimento em virtude de sua pro- – Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2010. 70p.
fissão, exceto se houver motivo justo, dever legal ; 15 cm. ISBN 978-85-87077-14-1 1- Ética médica –
ou consentimento, por escrito, do paciente. Essa código. I. Título. II - Resolução CFM nº 1.931, de 17
proibição permanece mesmo após falecimento de setembro de 2009.
do paciente.
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
me explicado na opção A
Explicação:
De acordo com capítulo IX, que trata do sigilo profis-
sional, do Código de Ética Médica:
É vedado ao médico:
Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 205

QUESTÃO 110 (4) se a pessoa não tiver dor localizada, deve tentar
apoiar o pé e dar ao menos dois passos com cada
Um paciente de 72 anos de idade possui diagnóstico de perna, sem auxílio;
osteoporose há um ano, em tratamento, e histórico de
fratura de quadril há cerca de sete meses. Procurou aten- (5) pessoas sem dor localizada que não puderem reali-
dimento na equipe Estratégia Saúde da Família (ESF) por zar essa tarefa devem realizar tanto radiografias do
ter apresentado torção do tornozelo direito em sua cami- tornozelo como do pé;
nhada matinal, com queixa de intensa dor local e dificul- (6) pessoas sem dor localizada e que retêm a capaci-
dade para deambular. Ao exame físico, demonstra dor à dade de apoio, mesmo claudicando, são tratadas
palpação, limitação da movimentação articular e discreto sem radiografias.
edema local. Tendo em vista esse caso clínico e os conheci-
Essas regras alcançaram 99,7% de sensibilidade e pro-
mentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. A partir
babilidade pós-teste negativo de 1%, reduzindo as ra-
do exame físico, é possível presumir possibilidade de fratu-
diografias desnecessárias.
ra, sendo importante realizar radiografia do local da lesão
para confirmação diagnóstica e adequado tratamento. No entanto, é importante levar em consideração fato-
res que aumentam risco de fratura, como osteoporose.
A) CERTO
B) ERRADO As incidências para o tornozelo são anteroposterior e
perfil. Para o pé, são anteroposterior, oblíqua interna
A) CORRETA. Em se tratando de um paciente idoso
e perfil (caso haja suspeita de fratura do navicular, a
com osteoporose e histórico recente de fratura, é
oblíqua externa pode ser solicitada).
importante a realização de radiografia do local da
lesão em busca de fratura. A dor intensa, a dificul- O tratamento inicial de uma lesão aguda do tornozelo
dade para deambular e a limitação da movimenta- pode ser orientado pela sigla PRICE (protection, rest,
ção articular também são sugestivos de lesão que, ice, compression, elevation proteção, repouso, gelo,
num paciente com risco aumentado de fratura, compressão e elevação do membro). Se a dor não aliviar
deve ser investigada com exame de imagem. em alguns dias, com a utilização correta dos analgésicos e
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor- orientações prescritas, o paciente deve ser reavaliado para
me explicado na opção A possível lesão que não foi diagnosticada previamente.
Explicação:
Para orientar a necessidade de radiografias em adultos Take-Home Message:
e crianças acima de 8 anos em caso de lesões de torno- Na avaliação do entorse de tornozelo, é importante
zelo, um grupo de pesquisadores de Ottawa (Canadá) lembrar das regras de Ottawa:
elaborou um conjunto de regras (Ottawa Ankle Rules):
Presença de dor à palpação de borda posterior de ma-
(1) palpar o tornozelo (concentrando-se na borda pos- léolos; base do quinto metatarsal ou navicular são in-
terior de ambos os maléolos) e, em seguida, palpar dicativos de necessidade de radiografia. Além disso,
a base do quinto metatarsal e o navicular. A dor devem receber radiografia as pessoas sem dor localizada
somente na borda anterior dos maléolos costuma que não conseguirem apoiar o pé ou dar ao menos dois
ser causada por lesão de ligamentos; passos com cada perna, sem auxílio. Mas não esque-
(2) aqueles com dor na borda posterior dos maléolos ça que para pessoas com risco muito alto de fratura,
devem radiografar o tornozelo; como diagnóstico de osteoporose com fratura recente,
deve-se ter um limiar menos para solicitação de exame
(3) aqueles com dor na base do quinto metatarsal ou
de imagem.
navicular devem radiografar o pé;
206 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Para o tratamento, lembre do mnemônico PRICE: A densitometria óssea (DEXA) é considerada o exame
protection, rest, ice, compression, elevation – proteção, padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose.
repouso, gelo, compressão e elevação do membro No tratamento da osteoporose é fundamental a orien-
Fonte: tação acerca das medidas não farmacológicas, que in-
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 cluem: exposição solar adequada e dieta balanceada
com ingesta adequada de cálcio e outros minerais, rea-
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- lizando suplementação de cálcio e vitamina D quando
lumes: Princípios, Formação e Prática. necessário; adquirir ou manter um IMC adequado, en-
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 tre 20 e 25; fazer exercícios regulares de fortalecimento
muscular com carga, visando melhorar agilidade, força,
postura, equilíbrio e reduzir o risco de quedas e fratu-
QUESTÃO 111 ras; cessar o tabagismo e evitar o excesso de álcool

Um paciente de 72 anos de idade possui diagnóstico de O tratamento farmacológico está indicado para mu-
osteoporose há um ano, em tratamento, e histórico de lheres pós-menopausa e homens ≥ 50 anos nas seguin-
fratura de quadril há cerca de sete meses. Procurou aten- tes situações:
dimento na equipe Estratégia Saúde da Família (ESF) por ● Fratura de vértebra ou de quadril (incluindo fratura
ter apresentado torção do tornozelo direito em sua cami- vertebral assintomática) sem trauma maior
nhada matinal, com queixa de intensa dor local e dificul-
● Osteoporose documentada (T-score ≤ –2,5) em colo
dade para deambular. Ao exame físico, demonstra dor à
de fêmur, quadril total ou coluna por DEXA, após ava-
palpação, limitação da movimentação articular e discreto
liação de causas secundárias
edema local. Tendo em vista esse caso clínico e os conhe-
cimentos médicos correlatos, julgue o item a seguir. Con- ● Osteopenia ou baixa massa óssea (T-score entre –1,0 e
siderando o histórico prévio de fraturas dessa paciente, e –2,5 no colo do fêmur ou coluna) e uma probabilidade
possivelmente outra fratura atual, é importante orientar em 10 anos de uma fratura de quadril ≥ 3% ou uma
medidas que reduzam risco de novas lesões, sendo a densi- probabilidade em 10 anos de uma fratura maior rela-
tometria óssea o melhor indicador para o risco. cionada à osteoporose ≥ 20% de acordo com o algo-
ritmo adaptado da OMS (FRAX), conforme os fatores
A) CERTO
de risco.
B) ERRADO
● Pacientes em uso prolongado de glicocorticoides
A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex-
plicado na opção B ● Homens com câncer de próstata em terapia de blo-
B) CORRETA. A presença de antecedente recente de queio androgênico que tenham alto risco de fratura de
fratura em quadril sem trauma maior é um indi- acordo com a FRAX.
cador de elevado risco de fratura, sendo indica- Os tratamentos para osteoporose visam a diminuir
tivo de tratamento medicamentoso para redução o risco de fraturas. No momento, o medicamento
de risco de novas fraturas, independentemente de com maior acessibilidade na rede pública no Brasil é
resultado da densitometria óssea. o alendronato.
Explicação:
A osteoporose normalmente é assintomática até que
ocorra uma fratura, que pode se apresentar com dor
aguda dorsal, cifose, podendo levar a dor crônica, res-
trição de movimentos e até imobilização total.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 207

Take-Home Message: QUESTÃO 112


No tratamento da osteoporose, o objetivo fundamental Um paciente de 72 anos de idade possui diagnóstico
é a redução do risco de fraturas. de osteoporose há um ano, em tratamento, e histórico
É fundamental a orientação acerca das medidas não de fratura de quadril há cerca de sete meses. Procurou
farmacológicas, como: exposição solar adequada e die- atendimento na equipe Estratégia Saúde da Família
ta balanceada com ingesta adequada de cálcio e outros (ESF) por ter apresentado torção do tornozelo direito
minerais, realizando suplementação de cálcio e vitami- em sua caminhada matinal, com queixa de intensa dor
na D quando necessário; manter IMC adequado; fazer local e dificuldade para deambular. Ao exame físico,
exercícios regulares de fortalecimento muscular com demonstra dor à palpação, limitação da movimentação
carga; cessar o tabagismo e evitar o excesso de álcool. articular e discreto edema local. Tendo em vista esse
caso clínico e os conhecimentos médicos correlatos,
É importante lembrar, também, das indicações do tra-
julgue o item a seguir. É de grande importância conti-
tamento farmacológico, que tem o alendronato como
nuar o acompanhamento dessa paciente, em vistas de
o principal utilizado na rede pública. Independente
manter a longitudinalidade do atendimento.
da densintometria óssea (DEXA), pacientes (mulheres
pós-menopausa e homens ≥ 50 anos) com história de A) CERTO
fratura de vértebra ou de quadril sem trauma maior B) ERRADO
ou que estejam em uso prolongado de glicocorticoides A) CORRETA. Ainda que seja necessário encami-
tem indicação de tratamento medicamentoso. Outras nhamento do caso devido ao episódio atual de
indicações são osteoporose documentada por DEXA lesão com possibilidade de fratura e necessidade
em colo de fêmur, quadril ou coluna ou osteopenia de avaliação radiográfica, é importante que haja
com alta probabilidade de fratura maior ou uma pro- seguimento do caso, mantendo a longitudinalida-
babilidade considerável de fratura de quadril. de, de acordo com a qual a equipe de estratégia
de saúde da família (ESF) é uma fonte de atenção
e cuidado ao longo do tempo, independente dos
Fonte:
problemas relacionados à saúde. No retorno, deve
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 ser reavaliado o tratamento para osteoporose, com
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- objetivo de redução de risco de novas fraturas.
lumes: Princípios, Formação e Prática. B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
me explicado na opção A
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
Explicação:
A Atenção Primária à Saúde tem como atributos es-
senciais a atenção no primeiro contato (ou acesso), a
longitudinalidade, a integralidade e a coordenação do
cuidado, e como atributos derivados a orientação fami-
liar e comunitária e a competência cultural.
Atenção ao primeiro contato/ acesso:
A Atenção Primária deve ser porta de entrada dos ser-
viços de saúde. Espera-se que os serviços desse nível de
atenção sejam acessíveis e resolutivos frente às princi-
pais necessidades de saúde trazidas pela população.
208 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Longitudinalidade:
Implica a existência de uma fonte regular de atenção e Take-Home Message:
seu uso ao longo do tempo, independente da presença A Atenção Primária à Saúde tem como atributos es-
de problemas específicos relacionados à saúde ou do senciais a atenção no primeiro contato (ou acesso), a
tipo de problema. longitudinalidade, a integralidade e a coordenação do
Integralidade/ cuidado abrangente: cuidado, e como atributos derivados a orientação fami-
Possui quatro dimensões: ações de promoção e pre- liar e comunitária e a competência cultural. É impor-
venção, atenção nos três níveis de complexidade da as- tante lembrar desses conceitos e de suas definições, pois
sistência médica, articulação das ações de promoção, costumam ser temas de questões de residência.
proteção e prevenção e abordagem integral do indiví-
duo e das famílias. Uma Atenção Primária resolutiva é Fonte:
responsável não somente por ações rotineiras, de pre-
venção ou promoção da saúde, mas atendimento de Prova de Residência Médica SES-DF 2022
demanda espontânea, realização de diagnósticos, trata- GUSSO, G.; POLI NETO, P. Gestão da clínica. In:
mento e reabilitação. GUSSO G.; LOPES, J. M. C. (Org.). Tratado de me-
Coordenação do cuidado: dicina de família e comunidade: princípios, formação e
prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. v. 1, p. 159-166.
Articulação entre os diversos serviços e ações de saúde,
de forma que estejam sincronizados e voltados ao al-
cance de um objetivo comum, que é ofertar ao usuário Oliveira MA de C, Pereira IC. Atributos essenciais da
um conjunto de serviços e informações que respondam Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família. Rev
a suas necessidades de saúde de forma integrada, por Bras Enferm. setembro de 2013;66(spe):158–64
meio de diferentes pontos da rede de atenção à saúde Reichert AP da S, Leônico AB de A, Toso BRG, Santos
Orientação familiar e comunitária: NCC de B, Vaz EMC, Collet N. Orientação familiar
e comunitária na Atenção Primária à Saúde da criança.
Efetiva-se quando a avaliação das necessidades para a Ciênc Saúde Coletiva. janeiro de 2016;21:119–27
atenção integral considera o contexto familiar e sua ex-
posição a ameaças à saúde Competência cultural na atenção primária: algumas
considerações | Semantic Scholar [Internet]. [citado 21
Competência cultural: de janeiro de 2020]
Implica uma capacidade dos fornecedores e das orga-
nizações de cuidados em saúde de compreender e res-
ponder efetivamente às necessidades culturais e linguís-
ticas, trazidas pelos pacientes às situações de cuidados
de saúde.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 209

QUESTÃO 113 cias apontam uma melhor resposta aos antidepressivos


de ação dual. A fluoxetina é o ISRS disponível na RE-
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con- NAME (relação nacional de medicamentos do SUS).
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e Muitas vezes a escolha do ISRS é feita de acordo com
perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei- seus efeitos colaterais. A bupropiona costuma ser usada
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia. em casos de disfunção sexual e de tratamento conco-
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial mitante para cessação de tabagismo; a mirtazapina cos-
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica tuma aumentar o apetite. A trazodona costuma gerar
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg sonolência.
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob Os antidepressivos tricíclicos são uma classe eficaz de
demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig- medicamentos, no entanto costumam ter mais efeitos
mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal- colaterais que os ISRS, decorrentes da sua ação farma-
pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em cológica pouco específica. Alguns efeitos são xerosto-
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de mia, obstipação intestinal, sedação, hipotensão, seda-
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse ção e turvação visual. Além disso, aumentam o risco de
caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, arritmias cardíacas (devido ao prolongamento de inter-
julgue o item a seguir. Como a paciente ainda apresenta valo QT), sendo por isso contraindicada para pessoas
sintomas depressivos e está com sua HAS descontrola- com distúrbios de condução cardíaca e infarto recente.
da, é necessário otimizar seu tratamento antidepressivo
começando por substituir a amitriptilina, fármaco com
Take-Home Message:
importantes riscos cardiovasculares, como arritmias e
insuficiência cardíaca. Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de
serotonina (ISRS) são a primeira escolha de tratamento
A) CERTO
da depressão devido a sua eficácia e menos efeitos co-
B) ERRADO laterais. Os antidepressivos tricíclicos, apesar de bem
A) CORRETA. O objetivo do tratamento com anti- eficazes, tem mais efeitos colaterais, como: xerostomia,
depressivos é a remissão dos sintomas depressivos. obstipação intestinal, sedação e aumento do risco de
Essa paciente encontra-se com subdose de ami- arritmias cardíacas (devido ao prolongamento de inter-
triptilina, uma vez que, em geral, a dose inicial valo QT), sendo por isso contraindicada para pessoas
de amitriptilina para tratar depressão em adultos com distúrbios de condução cardíaca e infarto recente.
é de 75 mg/dia. Apesar disso, considerando o alto Fiquem atentos.
risco cardiovascular da paciente e o perfil de efei-
Fonte:
tos colaterais dos antidepressivos tricíclicos, como
aumento do risco de arritmias e ganho de peso, é Prova de Residência Médica SES-DF 2022
prudente realizar a substituição por outro fármaco Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
com menos efeitos colaterais. lumes: Princípios, Formação e Prática.
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
me explicado na opção A
Explicação:
Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de
serotonina (ISRS) são a primeira escolha de tratamento
da depressão. Em depressões graves, algumas evidên-
210 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 114 A) CERTO


B) ERRADO
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à consulta
com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e perda pon- A) INCORRETA. A afirmativa foi considerada falsa
deral de 5 kg nos últimos três meses. Queixa-se também pela banca, conforme explicado na opção B
de humor deprimido, anedonia e avolia. Tabagista, possui B) CORRETA. Se você errou essa questão, não fique
diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica (HAS), do- triste. Certamente não foi o único, pois tinha uma
ença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e depressão. pegadinha! Dentre os critérios diagnósticos para
Faz uso de amitriptilina 25 mg à noite, enalapril 10 mg, 2 diabetes mellitus (DM), encontra-se: glicemia
vezes ao dia, hidroclorotiazida 25 mg, 1 vez ao dia e salbu- plasmática aleatória maior ou igual a 200mg/dL
tamol inalatório sob demanda. Ao exame físico, apresenta na presença de sintomas inequívocos de hipergli-
mancha hiperpigmentada em região de dobra cervical, cemia (polifagia, poliúria, polidipsia). A questão
aveludada à palpação. Observou-se PA = 160 mmHg x foi considerada errada porque os guidelines não
110 mmHg em ambos os membros superiores. Foi re- aceitam glicemia capilar como método diagnósti-
alizada medida de HGT, com resultado de 320 mg/dL. co! Tão somente por isso.
Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médi- Explicação:
cos correlatos, julgue o item a seguir. É possível já estabele-
Os critérios diagnósticos de diabetes mellitus podem
cer o diagnóstico de diabetes mellitus nessa paciente, visto
ser vistos na tabela a seguir:
que apresenta glicose, ao acaso, maior ou igual a 200 mg/
dL e possui sintomas inequivocos de hiperglicemia.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 211

Fique atento, pois a glicemia considerada para o diag- QUESTÃO 115


nóstico é a glicemia plasmática, não a capilar!
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
Take-Home Message: perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
O diagnóstico de diabetes é estabelecido quando há
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
uma glicemia de jejum ≥ 126md/dL; uma glicemia
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
após 2h no TTOG (teste de tolerância oral à glicose)
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
≥ 200md/dL; uma hemoglobina glicada ≥ 6,5% ou
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
na presença de sintomas clássicos (poliúria, polidip-
zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
sia, polifagia) e de uma glicemia plasmática aleatória ≥
demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig-
200mg/dL. É muito importante observar que, na au-
mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal-
sência de sintomas clássicos e glicemia casual ≥ 200, o
pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em
diagnóstico de diabetes só é fechado quando há repe-
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de
tição dos testes em outro dia, com exceção do TTOG.
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
Fonte: caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 julgue o item a seguir. As lesões de pele apresentadas
pela paciente são compatíveis com Acantose nigricans,
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- a qual é um indicativo de resistência insulínica.
lumes: Princípios, Formação e Prática.
A) CERTO
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
B) ERRADO
A) CORRETA. Acantose nigricans (presença de man-
chas acastanhadas e aveludadas em axilas e região
cervical) é um sinal indicativo de resistência insu-
línica. Mesmo em adultos assintomáticos esse sinal
deve ser investigado, principalmente quando há,
concomitantemente, IMC maior que 25kg/m².
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
me explicado na opção A
Explicação:
É importante atentar para as indicações de rastreamen-
to de Diabetes Mellitus em adultos assintomáticos:
▪ A partir dos 45 anos
▪ Adultos com IMC>25kg/m² na presença concomi-
tante de:
• Sedentarismo
• História familiar (1º grau) de DM
• HAS (hipertensão arterial sistêmica)
212 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

• Dislipidemia (TGC>= 250mg/dL ou HDL QUESTÃO 116


<=35mg/dL)
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
• História de Diabetes Gestacional ou Recém nasci- sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
do > 4kg perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
• Síndrome dos Ovários Policísticos xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
• História prévia de alteração do nível glicêmico
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
• Acantose nigricans (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
• História de doença cardiovascular à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
Os seguintes sintomas devem levantar a suspeita de dia- demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig-
betes: poliúria, polidpsia, polifagia com perda ponderal mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal-
não explicada; candidíase genital de repetição; sinais e pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em
sintomas sugestivos de cetoacidose. ambos os membros superiores. Foi realizada medida de
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
Take-Home Message:
julgue o item a seguir. O fumo é um fator de risco to-
A recomendação para rastreamento de diabetes melli- talmente evitável de doença e morte cardiovasculares, e
tus é de que seja feito em adultos assintomáticos a par- seu enfrentamento precisa ser feito.
tir dos 45 anos ou em adultos com IMC>25kg/m² na
A) CERTO
presença concomitante de:
B) ERRADO
• Sedentarismo
A) CORRETA. O tabagismo é fator de risco para
• História familiar (1º grau) de DM uma série de doenças, como câncer de pulmão e
• HAS (hipertensão arterial sistêmica) outros tipos de câncer, doenças cardiovasculares
como infarto agudo do miocárdio, sendo conside-
• Dislipidemia (TGC>= 250mg/dL ou HDL rado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
<=35mg/dL) a principal causa de morte prevenível no mundo.
• História de Diabetes Gestacional ou Recém nascido Deve, portanto, ser abordado como uma doença
> 4kg crônica, exigindo intervenções repetidas para se
• Síndrome dos Ovários Policísticos obter uma abstinência prolongada.
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
• História prévia de alteração do nível glicêmico me explicado na opção A
• Acantose nigricans Explicação:
• História de doença cardiovascular De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o
Fonte: tabagismo, é a principal causa prevenível de morte e de
doenças no mundo. O Brasil tem apresentado redução
Prova de Residência Médica SES-DF 2022
na prevalência de tabagistas nas últimas décadas.
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
Na entrevista para abordagem de cessação de tabagis-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
mo, é importante avaliar o antecedente de transtor-
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 no de ansiedade, depressão ou abuso de drogas, assim
como investigar o histórico de saúde. É fundamental,
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 213

também, avaliar o grau de dependência de nicotina, Interpretação do grau de dependência:


através de questionários como o FAGERSTROM e o ● Muito baixo (0-2 pontos)
grau de motivação.
● Baixo (3 ou 4 pontos)
Segue o questionário de Fagestrom para avaliação de
dependência nicotínica: ● Médio (5 pontos)
1. Quanto tempo após acordar você fuma o seu primei- ● Elevado (6 ou 7 pontos)
ro cigarro? ● Muito elevado (8-10 pontos)
● Dentro de 5 min (3 pontos) Uma soma acima de 6 pontos indica que, provavelmen-
● Entre 6 e 30 min (2 pontos) te, o indivíduo terá desconforto significativo (síndrome
de abstinência) ao deixar de fumar
● Entre 31 e 60 min (1 ponto)
● Após 60 min (0 ponto)
Take-Home Message:
2. Você acha difícil não fumar em lugares proibidos,
como igrejas, bibliotecas, cinemas, ônibus? O tabagismo é fator de risco para uma série de doen-
ças, como câncer de pulmão e outros tipos de câncer,
● Sim (1 ponto) doenças cardiovasculares como infarto agudo do mio-
● Não (0 ponto) cárdio, sendo considerado pela Organização Mundial
3. Qual é o cigarro do dia que lhe traz mais satisfação? de Saúde (OMS) a principal causa de morte prevenível
no mundo. Deve, portanto, ser abordado como uma
● O primeiro da manhã (1 ponto) doença crônica, exigindo intervenções repetidas para
● Outros (0 ponto) se obter uma abstinência prolongada. Nas questões
que abordam tabagismo, é interessante atentar para o
4. Quantos cigarros você fuma por dia?
questionário de Fagestrom e lembrar que em geral uma
● Menos de 10 (0 ponto) pontuação de 6 ou mais pontos é indicativa de alta de-
● De 11 a 20 (1 ponto) pendência nicotínica. Também é importante lembrar
dos estágios de motivação para a cessação de tabagis-
● De 21 a 30 (2 pontos) mo, que são abordados em várias questões.
● Mais de 31 (3 pontos) Fonte:
5. Você fuma com mais frequência pela manhã? Prova de Residência Médica SES-DF 2022
● Sim (1 ponto) Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
● Não (0 ponto) lumes: Princípios, Formação e Prática.
6. Você fuma mesmo doente, quando precisa ficar de Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
cama a maior parte do tempo?
● Sim (1 ponto)
● Não (0 ponto)
214 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

QUESTÃO 117 e benefícios discretos quando comparados com place-


bo. Destaca-se o efeito nefroprotetor dos IECAs e dos
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con- ARBs, motivo pelo qual várias referências trazem essas
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e classes como sendo de escolha em diabéticos ou pessoas
perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei- com doença renal crônica. Há estudos que associam os
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia. diuréticos tiazídicos e os BCC a melhor desfecho em
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial pessoas de raça negra. Muitas referências e, portanto,
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica muitas provas ainda trazem esses fármacos como sen-
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg à do de escolha em indivíduos de raça negra, apesar de
noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotiazida estudos mais recentes questionarem essa associação(1).
25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob deman-
da. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpigmenta- É importante atentar também para os efeitos colaterais.
da em região de dobra cervical, aveludada à palpação. Os diuréticos tiazídicos estão associados a hipocalemia,
Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em ambos hiperuricemia, intolerância à glicose, além de promover
os membros superiores. Foi realizada medida de HGT, aumento de triglicerídeos. Os betabloqueadores estão as-
com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse caso clí- sociados a broncoespamo, bradicardia, disfunção sexual.
nico e nos conhecimentos médicos correlatos, julgue Os IECAs estão associados a tosse seca e devem ser evita-
o item a seguir. Pode-se associar um betabloqueador, dos em pessoas com hipertensão renovascular bilateral ou
como o propranolol, ao tratamento anti-hipertensivo. unilateral associada a rim único. Raramente, também po-
dem causar reação de hipersensibilidade com angioedema.
A) CERTO
B) ERRADO
A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex- Take-Home Message:
plicado na opção B A decisão para o início de medicação para tratamento
B) CORRETA. Os betabloqueadores, apesar de seu da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) deve levar em
uso frequente no tratamento da hipertensão ar- conta o perfil de efeitos colaterais do medicamento, as
terial, tem piores desfechos nos estudos quando comorbidades da pessoa e o benefício na prevenção de
comparados aos outros antihipertensivos e bene- desfechos como eventos cardiovasculares ou mortalida-
fícios discretos quando comparados com placebo, de. Os fármacos de primeira escolha para o tratamento
tendo um efeito hipotensor bastante discreto. da HAS são diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima
Dessa maneira, é preferível o uso de outra classe conversora da angiotensina (IECA), bloqueadores dos
de antihipertensivo. canais de cálcio (BCC) e antagonistas dos receptores da
Explicação: angiotensina II (ARB II).

A decisão para o início de medicação para tratamento As particularidades mais comuns são: efeito nefropro-
da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) deve levar em tetor de IECA/ARB, preferíveis em diabéticos e pessoas
conta o perfil de efeitos colaterais do medicamento, as com DRC. Há referências e algumas provas que ainda
comorbidades da pessoa e o benefício na prevenção de associam tiazídicos e bloqueadores de canais de cálcio
desfechos como eventos cardiovasculares ou mortalida- como sendo de escolha para pacientes negros.
de. Os fármacos de primeira escolha para o tratamento Fonte:
da HAS são diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima
Prova de Residência Médica SES-DF 2022
conversora da angiotensina (IECA), bloqueadores dos
canais de cálcio (BCC) e antagonistas dos receptores da Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
angiotensina II (ARB II). Os betabloqueadores, apesar lumes: Princípios, Formação e Prática.
de seu uso frequente, tem piores desfechos nos estudos Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 215

QUESTÃO 118 da HAS são diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima


conversora da angiotensina (IECA), bloqueadores dos
Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con- canais de cálcio (BCC) e antagonistas dos receptores da
sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e angiotensina II (ARB II). Os betabloqueadores, apesar
perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei- de seu uso frequente, tem piores desfechos nos estudos
xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia. e benefícios discretos quando comparados com place-
Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial bo. Destaca-se o efeito nefroprotetor dos IECAs e dos
sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica ARBs, motivo pelo qual várias referências trazem essas
(DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg classes como sendo de escolha em diabéticos ou pessoas
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidrocloro- com doença renal crônica. Há estudos que associam os
tiazida 25 mg, 1 vez aodia e salbutamol inalatório sob diuréticos tiazídicos e os BCC a melhor desfecho em
demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig- pessoas de raça negra. Muitas referências e, portanto,
mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal- muitas provas ainda trazem esses fármacos como sen-
pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em do de escolha em indivíduos de raça negra, apesar de
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de estudos mais recentes questionarem essa associação(1).
HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos, É importante atentar também para os efeitos colaterais.
julgue o item a seguir. Uma boa opção, como terceiro Os diuréticos tiazídicos estão associados a hipocalemia,
fármaco anti- hipertensivo, seria um bloqueador dos hiperuricemia, intolerância à glicose, além de promo-
receptores de angiotensina Ⅱ (BRA), como a losartana, ver aumento de triglicerídeos. Os betabloqueadores es-
visto que diminuiria o risco cardiovascular, além de au- tão associados a broncoespamo, bradicardia, disfunção
xiliar na nefroproteção. sexual. Os IECAs estão associados a tosse seca e devem
ser evitados em pessoas com hipertensão renovascular
A) CERTO bilateral ou unilateral associada a rim único. Raramen-
B) ERRADO te, também podem causar reação de hipersensibilidade
A) INCORRETA. A afirmativa é falsa, conforme ex- com angioedema.
plicado na opção B
B) CORRETA. Não é recomendada a associação de
IECA (inibidor de enzima conversora de angio-
tensina) com BRA (bloqueador de receptores de
angiotensina II) no tratamento da Hipertensão
Arterial Sistêmica. Esses grupos farmacológicos
atuam através dos mesmos mecanismos fisiopato-
lógicos. A paciente já faz uso de um IECA, ena-
lapril, então a associação com BRA não seria uma
boa opção.
Explicação:
A decisão para o início de medicação para tratamento
da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) deve levar em
conta o perfil de efeitos colaterais do medicamento, as
comorbidades da pessoa e o benefício na prevenção de
desfechos como eventos cardiovasculares ou mortalida-
de. Os fármacos de primeira escolha para o tratamento
216 | DEZ 22 SES-DF 2022 - R1

Take-Home Message: QUESTÃO 119


A decisão para o início de medicação para tratamento Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) deve levar em sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
conta o perfil de efeitos colaterais do medicamento, as perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
comorbidades da pessoa e o benefício na prevenção de xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
desfechos como eventos cardiovasculares ou mortalida- Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
de. Os fármacos de primeira escolha para o tratamento sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
da HAS são diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
conversora da angiotensina (IECA), bloqueadores dos à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
canais de cálcio (BCC) e antagonistas dos receptores da zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
angiotensina II (ARB II). demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiper-
As particularidades mais comuns são: efeito nefropro- pigmentada em região de dobra cervical, aveludada à
tetor de IECA/ARB, preferíveis em diabéticos e pessoas palpação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg
com DRC. Há referências e algumas provas que ainda em ambos os membros superiores. Foi realizada medi-
associam tiazídicos e bloqueadores de canais de cálcio da de HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base
como sendo de escolha para pacientes negros. nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos corre-
latos, julgue o item a seguir. Fatores socioeconômicos
É importante lembrar que não se recomenda associação
podem acarretar risco significativo para hipertensão
de IECA e ARB II.
arterial, como, por exemplo, baixa renda familiar e me-
Fonte: nor escolaridade.
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 A) CERTO
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- B) ERRADO
lumes: Princípios, Formação e Prática. A) CORRETA. Entre os fatores socioeconômicos que
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 estão associados a um maior risco de desenvolvi-
mento de Hipertensão Arterial Sistêmica, desta-
cam-se menor escolaridade e condições de habita-
ção inadequadas, além da baixa renda familiar.
B) INCORRETA. A afirmativa é verdadeira, confor-
me explicado na opção A.
Explicação:
Não há uma causa definida para o desenvolvimento da
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), mas uma série
de fatores de risco estão associados, como, por exem-
plo, o sedentarismo, a história familiar, a obesidade, o
tabagismo, as condições socioeconômicas desfavoráveis
(como menor escolaridade, condições de habitação
inadequadas e baixa renda familiar). A HAS está asso-
ciada a um risco aumentado de doenças cardiovascula-
res, sobretudo as doenças cerebrovasculares e as doen-
ças isquêmicas.
SES-DF 2022 - R1 DEZ 22 | 217

Take-Home Message: QUESTÃO 120


É importante lembrar alguns fatores de risco que estão Uma paciente de 65 anos de idade compareceu à con-
associados com desenvolvimento de HAS: sedentaris- sulta com queixa de polidipsia, polifagia, poliúria e
mo, história familiar, obesidade, tabagismo, condições perda ponderal de 5 kg nos últimos três meses. Quei-
socioeconômicas desfavoráveis. xa-se também de humor deprimido, anedonia e avolia.
A HAS, por sua vez, está associada a um risco aumen- Tabagista, possui diagnósticos de hipertensão arterial
tado de doenças cardiovasculares, sobretudo as doenças sistêmica (HAS), doença pulmonar obstrutiva crônica
cerebrovasculares e as doenças isquêmicas. (DPOC) e depressão. Faz uso de amitriptilina 25 mg
à noite, enalapril 10 mg, 2 vezes ao dia, hidroclorotia-
Fonte:
zida 25 mg, 1 vez ao dia e salbutamol inalatório sob
Prova de Residência Médica SES-DF 2022 demanda. Ao exame físico, apresenta mancha hiperpig-
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo- mentada em região de dobra cervical, aveludada à pal-
lumes: Princípios, Formação e Prática. pação. Observou-se PA = 160 mmHg x 110 mmHg em
ambos os membros superiores. Foi realizada medida de
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019 HGT, com resultado de 320 mg/dL. Com base nesse
Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota- caso clínico e nos conhecimentos médicos correlatos,
-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Dire- julgue o item a seguir. Caso fosse decidido realizar um
trizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq relato de caso a partir do exposto no enunciado, este
Bras Cardiol. 2021; 116(3):516-658 seria classificado como um estudo analítico, capaz de
investigar a associação entre fatores de risco e a ocor-
rência de determinados agravos à saúde.
A) CERTO
B) ERRADO
Resposta correta: Letra B

Comentário: Temos aqui um caso clínico e o enun-


ciado propõe realizar um relato de caso e afirma que
é um estudo analítico e capaz de investigar associação
entre fatores de risco e a ocorrência de agravos à saú-
de. Vamos nos lembrar das características desse tipo
de estudo.
Relato de caso é um estudo descritivo e transversal que
limita-se a descrever a ocorrência de uma doença em
uma população, sendo, frequentemente, o primeiro
passo de uma investigação epidemiológica e são espe-
cialmente úteis em situações de detecção de epidemias,
descrição de características de novas doenças, formu-
lação de hipóteses sobre possíveis causas para doenças,
descrição de resultados de terapias propostas para do-
enças raras e de efeitos adversos raros em doenças co-
muns.
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Já os delineamentos observacionais analíticos tentam


quantificar a relação entre dois fatores, ou seja, o efeito
de uma exposição sobre um desfecho. Estes incluem
estudos observacionais do tipo caso-controle, de coorte
e estudos populacionais transversais.
A) INCORRETA: No estudo do tipo relato de caso é
possível formular hipóteses, mas não confirmar a
associação entre fatores de risco e desfecho.
B) CORRETA: Conforme explicado acima!

Take-Home Message: É preciso conhecer os tipos de


estudo, suas principais utilizações e suas limitações para
as provas e para a vida profissional do médico. Revise
sempre para não errar questões como essa.
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