AMRIGS 2022

CADERNO DE QUESTÕES
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QUESTÃO 1 QUESTÃO 3
Durante partida de futebol, jogador caiu desacordado, Com o surgimento da pandemia pela Covid-19, houve
necessitando atendimento imediato da equipe médica. um aumento exponencial nos casos de pacientes que
Considerando que você é o médico responsável, analise necessitaram Ventilação Mecânica por apresentarem
as assertivas abaixo, numerando de 1 a 4 de acordo com SARA - Síndrome da
a melhor sequência para o atendimento desse caso. Angústia Respiratória Aguda. Sobre a SARA, analise
( ) Garantir via aérea. as assertivas abaixo: I. A hipoxemia é um critério para
( ) Checar responsividade. diagnóstico, porém necessita uma relação PaO2/FiO2
inferior a 100 para incluir nos critérios para SARA. II.
( ) Iniciar compressões. A manobra de PRONA deve ser feita em pacientes com
( ) Checar pulso. hipoxemia refratária, estando o paciente sedado e sob
efeito de bloqueadores neuromusculares. III.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é: Infiltrado pulmonar bilateral no exame de imagem é
um dos critérios para SARA. Quais estão corretas?
A) 4 - 2 - 1 - 3
B) 1 - 3 - 4 - 2 A) Apenas I.
C) 2 - 4 - 3 - 1 B) Apenas I e III.
D) 2 - 1 - 4 – 3 C) Apenas II e III.
D) I, II e III.

QUESTÃO 2
Assinale a alternativa que configura o elemento-chave
para o sucesso da reanimação e aumento na probabili-
dade de sobrevivência.
A) Iniciação rápida das manobras de RCP.
B) Tempo para desfibrilação.
C) Rapidez na intubação.
D) Brevidade na identificação do ritmo cardíaco.
QUESTÃO 4
Sobre os corticosteroides, é correto afirmar que:
A) São hormônios produzidos em laboratório com es-
trutura análoga ao que é produzido pelo pâncreas
em indivíduos saudáveis.
B) Podem ser utilizados com segurança por longos
períodos de tempo, pois seus efeitos colaterais são
poucos e sem significância na prática clínica.
C) Apesar do seu uso ser seguro, alguns pacientes po-
dem apresentar sintomas psicóticos
D) Pacientes hipertensos e diabéticos podem utilizar
com segurança por longos períodos de tempo.
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QUESTÃO 5
Sobre a Vitamina D, analise as assertivas abaixo: I. É
hidrossolúvel e pode ser obtida em maiores quanti-
dades por meio do consumo de alguns alimentos de
origem animal, como peixes, gema de ovo e leite. II.
A deficiência de vitamina D pode causar osteomalácia
ou osteoporose nos adultos e raquitismo nas crianças.
III. O excesso de vitamina D no organismo pode cau-
sar a elevação dos níveis de cálcio na corrente sanguí-
nea, podendo levar ao desenvolvimento de pedras nos
rins, arritmia cardíaca e insuficiência renal. Quais es-
tão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
QUESTÃO 06
Sobre a ivermectina, analise as assertivas abaixo: I. Es-
trongiloidíase, oncocercose, filariose, ascaridíase e pe-
diculose são algumas das doenças que podem ser com-
batidas com seu uso. II.
Elevação dos níveis de creatinina e ureia podem acon-
tecer em pacientes que utilizam a medicação devido a
sua excreção renal. III. Seu uso em doses elevadas pode
levar à crise de psicose, confusão mental e crises epilép-
ticas. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
QUESTÃO 07
Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando a clas-
se de anti-hipertensivos aos eventos adversos possíveis.
Coluna 1; 1. Hiperpotassemia. 2. Broncoespasmo. 3.
Edema de membros- inferiores. 4. Hiperglicemia. Co-
luna 2; ( ) Ramipril. ( ) Anlodípino. ( ) Atenolol. ( )
Hidroclorotiazida. A ordem correta de preenchimento
dos parênteses, de cima para baixo,é:
A) 4 - 1 - 3 - 2.
B) 1 - 3 - 2 - 4.
C) 3 - 2 - 4 - 1.
D) 3 - 4 - 1 - 2.
QUESTÃO 08
Homem de 78 anos, com hipertensão arterial e Dia-
betes Melito, está em uso de levofloxacin há 3 dias por
pneumonia, sem melhora clínica. As culturas de secre-
ção respiratória mostram
Staphylococcus aureus meticilina sensível. Diante da
situação, assinale a alternativa que apresenta a melhor
escolha para o tratamento deste paciente.
A) Vancomicina.
B) Piperacilina-tazobactam.
C) Oxacilina.
D) Ertapenem.
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QUESTÃO 09
Sobre os cálculos renais e seu manejo, assinale a alter-
nativa correta.
A) Os cálculos entre 5 mm e 10 mm apresentam uma
probabilidade de 70% de serem eliminados espon-
taneamente sem necessidade de intervenção.
B) Os anti-inflamatórios não esteroides são a classe de
drogas de primeira escolha para o manejo da dor.
C) Os diuréticos de alça e a acetazolamida reduzem a
possibilidade de formação de cálculos renais.
D) Os cálculos de estruvita apresentam geralmente pH
urinário baixo, ao passo que um pH elevado faz
pensar em cálculos de ácido úrico.
QUESTÃO 10
Sobre o tratamento da artrite reumatoide, analise as as-
sertivas abaixo:
I. O metotrexato é o medicamento antirreumáti-
co modificador de doença de escolha para o início
do tratamento.
II. A hidroxicloroquina pode ser utilizada em conjunto
com o metotrexato no tratamento e necessita moni-
toramento com oftalmologista pelo risco de toxicida-
de retiniana.
III. O uso de agentes biológicos dirigidos contra citoci-
nas e anticorpos monoclonais, isolados ou em conjunto
com metotrexato, não mostrou benefício em reduzir
a velocidade de progressão das lesões radiográficas, re-
duzindo apenas a intensidade dos sintomas. Quais es-
tão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
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QUESTÃO 11
Qual destas medicações deve ser evitada na gota aguda?
A) Alopurinol.
B) Colchicina.
C) Ibuprofeno.
D) Prednisona.
QUESTÃO 12
É causa de hiperpotassemia, EXCETO:
A) Uso de inibidor da enzima conversora da
angiotensina.
B) Acidose tubular renal tipo IV.
C) Acidose tubular renal tipo II.
D) Insuficiência adrenal.
QUESTÃO 13
Assinale a alternativa correta quanto às manifestações
clínicas do Acidente Vascular Encefálico isquêmico de
acordo com o vaso ocluído.
A) A cegueira bilateral é manifestação frequente da
oclusão da artéria cerebral posterior.
B) Hemiparesia contralateral e anosognosia ocorrem
na oclusão da artéria cerebral média.
C) Abulia e incontinência urinária são manifestações
típicas da oclusão da artéria vertebral.
D) Vertigem, náuseas e nistagmo são comuns na oclu-
são da artéria cerebral anterior.
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QUESTÃO 14
Paciente de 19 anos com antecedente de asma procura
atendimento médico porque tem tido dificuldade de
praticar atividade física por falta de ar e chiado no pei-
to. Seu tratamento atual da asma consiste no uso de B2
agonista de curta ação quando sente falta de ar. Infor-
ma que costuma ter episódios de tosse seca esporádica
3 a 4 vezes por semana e tem usado B2 agonista de
curta ação 4 a 5 vezes por semana. Como é classificada
a asma do paciente e qual a conduta médica correta?
A) É classificada como asma controlada e mantém-se
o tratamento do paciente com B2 agonista de cur-
ta duração.
B) É classificada como asma parcialmente controlada e
inicia-se corticoide inalatório duas vezes por dia.
C) É classificada como asma não controlada e inicia-se
corticoide inalatório duas vezes por dia.
D) É classificada como asma parcialmente controlada e
inicia-se B2 agonista de longa ação.
QUESTÃO 15
Ao examinar um paciente, você suspeita de Artrite
Reumatoide. Qual das seguintes articulações é a mais
frequentemente afetada por essa doença?
A) Articulação glenoumeral.
B) Articulação sacroilíaca.
C) Articulação interfalangiana distal.
D) Articulação metacarpofalangéana
QUESTÃO 16
Mulher de 62 anos, diabética, procura atendimento por
dor em pé esquerdo há 2 semanas. Há cerca de um mês,
teve ferimento no mesmo pé com saída de secreção por
alguns dias e cicatrização completa após. Ao exame, há
edema e calor na região do primeiro metatarso.
Realizado Raio-X que se mostrou normal. Qual a me-
lhor conduta?
A) Alta com prescrição de cefalexina por 21 dias.
B) Realização de ressonância magnética.
C) Realização de cintilografia com gálio.
D) Alta com prescrição de colchicina
Paciente diabética com ferimento crônico extremidade
deve sempre levantar hipótese de Osteomielite.
QUESTÃO 17
Há diversas classes de anti-hipertensivos disponíveis.
Assinale a alternativa em que foi demonstrado que o
uso de uma droga anti-hipertensiva específica melhora
os desfechos da doença.
A) O uso de betabloqueadores melhora os desfechos
de pacientes com Diabetes tipo 1.
B) O uso de bloqueador do receptor de angiotensi-
na melhora os desfechos da doença renal crônica
não diabética.
C) O uso de inibidores da ECA melhora os desfechos
de pacientes com Diabetes tipo 2.
D) O uso de inibidores da ECA melhora os desfechos
de pacientes com Infarto Agudo do
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QUESTÃO 18
Você recebe no departamento de emergência um pa-
ciente com insuficiência renal crônica. O paciente fal-
tou às últimas duas sessões de hemodiálise, e, ao pre-
ocupar-se com hiperpotassemia aguda, você solicita
um eletrocardiograma. Qual das seguintes alterações
eletrocardiográficas fortaleceria a sua suspeita clínica?
A) Presença de ondas U.
B) Achatamento da onda T.
C) Alargamento do intervalo QRS.
D) Presença de onda P proeminente.
QUESTÃO 19
Paciente pós-cirúrgico cardíaco a céu aberto, em sala de
recuperação, começa a acordar e falar que quer ajuda para
descer do leito, pois quer conversar com seus amigos que
estão no restaurante, onde costuma almoçar, no mercado
público da cidade. Segundo os argumentos do paciente,
estão próximos ao seu automóvel, para o qual aponta,
como se estivesse efetivamente estacionado naquele andar
do hospital. O médico procura tranquilizar o paciente,
porém este, à medida que se recupera do processo cirúr-
gico e anestésico, fica cada vez mais agitado e agressivo.
Sobre o caso, assinale a alternativa INCORRETA.
A) A solicitação de exames laboratoriais como hemo-
grama, provas de função hepática e renais, eletróli-
tos, entre outros, podem auxiliar na elucidação da
origem do quadro clínico.
B) Trata-se de um quadro clínico característico de um
paciente com Transtorno Delirante Tipo
Somático prévio.
C) Trata-se de um Transtorno Neurocognitivo, no
caso, um quadro de delirium, podendo ser decor-
rente tanto do processo cirúrgico e anestésico quan-
to de abstinência ou intoxicação por fármacos ou
outras substâncias.
D) Este paciente apresenta, entre outras, alterações no
nível de consciência, orientação e atenção.
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QUESTÃO 20
Um homem de 66 anos queixa-se que, há três meses,
tem fadiga intensa e desânimo, inapetência, insônia,
""nervosismo"", sentimento
de culpa, tristeza e perda de peso. Nega ideias de morte
e diz que isso seria contra suas crenças religiosas. Esses
sintomas são incapacitantes, com prejuízo econômico.
Apresentou quadro semelhante previamente, que me-
lhorou com o uso de antidepressivos. Não apresenta
outras alterações clínicas e laboratoriais. Diante dessa
situação clínica, qual a conduta mais adequada?
A) Reavaliar em 1 mês.
B) Não medicar pelo risco de suicídio.
C) Prescrever benzodiazepínico.
D) Prescrever antidepressivo.
QUESTÃO 21
A cicatrização das feridas operatórias é um processo
que consiste em diversas etapas. Em que tempo ocorre
a epitelização completa, após o fechamento das inci-
sões cirúrgicas?
A) 30 dias.
B) 5 dias.
C) 3 dias.
D) 1 dia.
QUESTÃO 22
A utilização de cateter venoso central é um recurso, por
vezes, responsável pela manutenção do tratamento ou
outras indicações. Nesse sentido, consiste em uma indi-
cação formal de acesso venoso central a necessidade de:
A) Analgesia endovenosa.
B) Reposição sanguínea.
C) Nutrição Parenteral Total.
D) Infusão de Ringer Lactato para expansão
volumétrica.
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QUESTÃO 23 QUESTÃO 26
Num pós-operatório de uma cirurgia de grande porte, O termo de consentimento informado e esclarecido é
faz parte da resposta metabólica ao trauma: peça fundamental para informação do paciente. Desse
A) Aumento do cortisol circulante. termo, deve constar:
B) Hipoglicemia. A) Informação sobre a taxa de complicações
C) Aumento da tiroxina. do cirurgião.
D) Redução da secreção de Hormônio antidiurético. B) Informação sobre a taxa de sucesso da cirurgia.
C) Possibilidade de haver transferência da cirurgia.
D) Possíveis complicações e/ou sequelas do procedi-
QUESTÃO 24 mento a ser realizado.
Em relação à Diabetes Melito no paciente cirúrgico, é
correto afirmar que: QUESTÃO 27
A) Consiste em contraindicação a realização de cirur-
gias eletivas. Qual a incisão mais adequada para uma cirurgia gástri-
ca com paciente instável hemodinamicamente?
B) A Diabete tipo 1 compensada aumenta o risco
de infecção. A) Mediana supraumbilical.
C) A Diabete tipo 2 deve ser compensada antes do B) Kocher.
procedimento cirúrgico de emergência. C) Mediana infraumbilical.
D) Quando compensada, não consiste em fator de ris- D) Xifo-púbica.
co independente para infecção pós-operatória.

QUESTÃO 28
QUESTÃO 25
Em relação aos fundamentos da cirurgia, assinale a al-
Homem, hígido, de 40 anos será submetido à cirurgia ternativa que está relacionada com a evolução pós-ope-
de hérnia inguinal. Qual dos exames abaixo faz parte ratória mais segura para o paciente.
da avaliação pré-operatória? A) Anestesia geral.
A) Bilirrubinas. B) Informação.
B) Exame qualitativo (comum) de urina. C) Uso de materiais adequados.
C) Creatinina. D) Sala de recuperação com cama elétrica.
D) Tempo de protrombina.
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QUESTÃO 29 QUESTÃO 32
Em relação ao ambiente cirúrgico, a partir de qual Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao uso
momento é obrigatório o uso de avental estéril de antibióticos.
pelo cirurgião? A) Cirurgias potencialmente contaminadas necessi-
A) Na entrada do bloco cirúrgico. tam antibioticoterapia pelo risco de dissemina-
B) A partir do vestiário. ção bacteriana.
C) No momento do início da cirurgia. B) Cirurgias limpas em geral não necessitam antibio-
D) Na condução do paciente à sala de recuperação. ticoprofilaxia, exceto em casos como o de uso de
próteses, imunodeprimidos, grandes descolamen-
tos, entre outros casos peculiares.
QUESTÃO 30 C) Não se usa antibioticoprofilaxia em cirur-
gias infectadas.
Em uma lesão provocada por uma pedra, qual o tipo
mais comum de ferimento? D) Cirurgias contaminadas necessitam antibio-
ticoprofilaxia e dependendo do grau e exten-
A) Inciso. são da contaminação pode ser necessário o uso
B) Lacerante. de antibioticoterapia.
C) Cortocontuso.
D) Lacerocontuso.
QUESTÃO 33
Em relação às queimaduras no adulto, analise as asser-
QUESTÃO 31 tivas abaixo: I.
Qual o mecanismo de ação do anestésico local? Queimaduras de terceiro grau envolvendo tronco e
A) Bloqueio do canal de sódio. membro superior direito correspondem a 36% de su-
perfície corporal queimada. II. Paciente de 43 anos,
B) Bloqueio do epinervo.
com 60 Kg e área de 45% de queimaduras de terceiro
C) Bloqueio da bomba de prótons. grau, necessita, nas primeiras 8h, segundo Parkland,
D) Bloqueio da serotonina. aproximadamente 5,4l de ringer lactato ou soro fisio-
lógico para otimizar a hidratação. III. Queimaduras de
períneo e articulações são menos graves pois são áreas
de pequena extensão e geralmente não necessitam de
internação por serem de bom prognóstico. Quais es-
tão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
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QUESTÃO 34
Em relação à cirurgia minimamente invasiva, é correto
afirmar que a cirurgia por vídeo:
A) Tem mais risco por demandar o uso de aneste-
sia geral.
B) É menos efetiva no sentido da resolução da patolo-
gia para a qual ela foi indicada.
C) Não deve ser indicada em paciente oncológico.
D) Propicia um retorno mais precoce às ativida-
des laborais.
QUESTÃO 35
Paciente de 35 anos vai na UBS e tem um diagnóstico
de apendicite aguda. O paciente é usuário de AAS 500
mg por dia há 3 anos. Qual a conduta mais adequada?
A) Antibioticoterapia e cirurgia em 7 dias.
B) Cirurgia imediata.
C) Internar para observar e cirurgia em 7 dias.
D) Suspender AAS e cirurgia em 24h.
QUESTÃO 36
Ferimento cortocontuso em extremidade do dedo da
mão com sangramento profuso e intenso. Em relação à
anestesia local, como proceder?
A) Bloqueio troncular com lidocaína e vasoconstritor.
B) Infiltração local com lidocaína com vasoconstritor.
C) Bloqueio troncular com lidocaína sem
vasoconstritor.
D) Infiltração local com lidocaína sem vasoconstritor.
QUESTÃO 37
Homem de 63 anos, obeso, diabético refere dor abdo-
minal de origem súbita na fossa ilíaca esquerda, febre
e calafrios. Previamente constipado. Nega comorbida-
des. Temperatura axilar de 38ºC, pressão arterial de
150x100 mmHg e frequência cardíaca de 100 bati-
mentos por minuto. Ao exame físico, abdome disten-
dido e com sinais de irritação peritoneal à palpação.
Qual a hipótese diagnóstica?
A) Apendicite aguda.
B) Gastroenterite aguda.
C) Pancreatite aguda.
D) Diverticulite aguda.
QUESTÃO 38
Homem de 63 anos, obeso, diabético refere dor abdo-
minal de origem súbita na fossa ilíaca esquerda, febre
e calafrios. Previamente constipado. Nega comorbida-
des. Temperatura axilar de 38ºC, pressão arterial de
150x100 mmHg e frequência cardíaca de 100 bati-
mentos por minuto. Ao exame físico, abdome disten-
dido e com sinais de irritação peritoneal à palpação.
Qual exame diagnóstico mais indicado?
A) Ecografia Abdominal Total.
B) Tomografia Computadorizada Abdominal.
C) Colonoscopia.
D) Videolaparoscopia diagnóstica.
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QUESTÃO 39
Paciente de 60 anos, obeso, diabético e fumante apre-
senta quadro de dor na perna direita relacionada a de-
ambulação. Ao exame, pulso pedioso presente, mas
fraco. Apresenta antecedente de Infarto Agudo do
Miocárdio há 6 meses. Em relação ao diagnóstico mais
provável, qual das alternativas abaixo é a correta?
A) Síndrome compartimental.
B) Oclusão arterial do segmento femoropoplíteo.
C) Varizes de membros inferiores.
D) Doença de Raynaud.
QUESTÃO 40
Uma mulher de 72 anos de idade chega à emergência
com náuseas e vômitos. Refere apendicectomia aos 25
anos de idade. A paciente está afebril, e o abdome está
levemente doloroso e distendido. A contagem de leucó-
citos é 18.000/mm2. A dosagem de eletrólitos mostra
sódio de 140 mEq/L, potássio 4,2 mEq/L, cloro 105
mEq/L e bicarbonato 14 mEq/L. Qual é a melhor tera-
pêutica para essa paciente?
A) Colocação de SNG e observação
B) Colonoscopia para possível intussuscepção
C) Enema Baritado para aliviar o vólvulo
D) Terapêutica cirúrgica
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QUESTÃO 41
Analise as assertivas abaixo em relação à diabetes pré-
-gestacional:
I. Realizar rastreamento de malformações com ultras-
sonografia morfológica entre 20 e 24 semanas.
II. Se houver complicações vasculares maternas, o do-
ppler umbilical deve ser realizado a partir da 26ª semana.
III. Deve-se realizar ultrassonografia obstétrica seriada
a cada 2 semanas, a partir da 24ª semana, para avalia-
ção do crescimento fetal. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II, III.
QUESTÃO 42
Qual das vacinas abaixo deve ser evitada durante a ges-
tação, segundo os protocolos do Ministério da Saúde?
A) Difteria.
B) Sarampo.
C) Coqueluche.
D) Tétano
QUESTÃO 43
Parto precipitado, ou taquitócico, está relacionado com:
A) Uma dilatação ativa entre 4 e 6 horas
em primigestantes.
B) Uma curva de dilatação que se distancia para a di-
reita na linha de alerta do partograma.
C) Distocia diagnosticada, frequentemente de manei-
ra antecipada.
D) Maiores riscos de hemorragia puerperal, tanto por
atonia uterina quanto por lacerações de trajeto, e
sofrimento fetal agudo.
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QUESTÃO 44
Uma paciente de 19 anos chega na emergência com
queixa de dor e sangramento vaginal. A ultrassonogra-
fia transvaginal está representada abaixo: O diagnóstico
mais provável e a conduta são, respectivamente:
QUESTÃO 46
Segundo o Colégio Americano de Obstetras e Gine-
cologistas, a monitorização fetal abaixo é classificada
como categoria:

A) 1.
B) 2.
A)
Aborto em curso e esvaziamento uterino
C) 3.
com curetagem.
D) 4
B) Pólipo endocervical e polipectomia.
C) Ameaça de aborto e repouso.
QUESTÃO 47
D) Aborto completo e observação.
Assinale a alternativa que apresenta o grupo de dro-
gas anti-hipertensivas que NÃO deve ser ministrado
QUESTÃO 45 na gestação.
Em uma puérpera de 14 dias com endometrite, está(ão) A) Bloqueadores de canal de cálcio.
presente(s), além da febre: B) Inibidor adrenérgico de ação central.
I. Dor pélvica. C) Inibidores da enzima de conversão da angiotensina.
D) Diuréticos tiazídicos
II. Útero 2 cm abaixo da cicatriz umbilical.
III. Lóquios fétidos.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II e III.
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QUESTÃO 48 QUESTÃO 50
Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando o tipo Dentre as opções abaixo, qual é o maior fator de risco
de placentação da gemelaridade à linha de tempo em para o trabalho de parto prematuro?
que ocorre. A) Medida do encurtamento do colo ao exame ecográ-
Coluna 1; fico transvaginal.
A. Dicoriônica/diamniótica. B) Vaginose bacteriana.
B. Monocoriônica/diamniótica. C) Fibronectina fetal presente.
D) História de parto pré-termo.
C. Monocoriônica/monoamniótica.
Coluna 2;
QUESTÃO 51
( ) Entre os dias 1 e 3.
Paciente de 28 anos, sexualmente ativa, apresenta colo
( ) Entre os dias 3 e 8.
uterino com área acetobranca com pontilhado fino. A
( ) Entre os dias 8 e 13. citologia do raspado cervical (em meio líquido) está re-
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de presentada abaixo. O diagnóstico mais provável é
cima para baixo, é:
A) A - B - C.
B) B - C - A.
C) C - A - B.
D) C - B - A.

QUESTÃO 49
Analise as assertivas abaixo em relação a infecções
na gestação:
I. O risco de transmissão na soroconversão para a toxo-
plasmose aumenta com o evoluir da gestação.
II. Em geral, o VDRL (Venereal Disease Research La-
boratory) torna-se positivo 1 a 3 semanas após o apare- A) Tricomoníase.
cimento do cancro duro.
B) Gardnerella vaginalis.
III. A transmissão vertical para o HIV (AIDS) está es- C) Papilomavírus humano.
timada em 25%, caso nenhuma medida preventiva seja
D) Candidíase.
tomada. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) I, II e III.
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QUESTÃO 52
A coleta dupla é preconizada no sistema público de
saúde do Brasil como forma de rastreamento do cân-
A) Cusco (2), seguida do raspado da ectocérvice em
360º com a espátula (7) com a parte redonda, di-
latação do colo com (5), raspado do canal cervical,
em movimentos de vai e vem e rotação com (8), pôr
o material colhido em camada espessa em (1) e fixa-
ção com (3), limpeza da vagina com gaze montada
em Cheron (4).
B) Collins (2), seguida da remoção do excesso de se-
creção com algodão montado em pinça (4), raspado
em 360º da ectocérvice com espátula (7), introdu-
ção da escova (8) a 1,5 cm do colo, em movimen-
tos de vai e vem e rotação e colocação do material
colhido em camada fina em (1) e fixação imediata
com (3).
cer de colo uterino. Correlacione os números da figura
abaixo com a sequência correta da coleta dupla, a qual
inicia com a colocação do espéculo de:
C) Graeve (2), seguida da remoção do excesso de se-
creção com algodão com pinça (4), introdução da
escova (8) a 1,5 cm do colo, em movimentos de vai
e vem e rotação, raspado da ectocérvice em 360º
com espátula (7), colocação do material colhido em
duas camadas separadas em (1) e fixação imediata
com éter (3).
D) Pederson (2), seguida da coleta de material do fun-
do de saco vaginal com a parte redonda da espátula
de Ayre (7), raspado da ectocérvice em 360º com
a borda em rabo- depeixe de (7), colocação do ma-
terial colhido com a espátula de Ayre em camadas
finas em lâminas separadas (1) e fixação imediata
com álcool a 70% (3).
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QUESTÃO 53
Analise as assertivas abaixo em relação à propedêutica
do casal infértil:
I. A biópsia de endométrio não é um método preciso
da ovulação em mulheres inférteis.
II. A histerossalpingografia é considerada o padrão-ou-
ro para o diagnóstico da permeabilidade tubária.
III. A histerossonografia é o método definitivo e consi-
derado o padrão-ouro para o diagnóstico e tratamento
das patologias intrauterinas. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II e III
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QUESTÃO 54
Paciente de 30 anos, vem com queixa de amenorréia
secundária. Na sua história obstétrica, ela apresentava
gesta 3, para 2, aborto 1. O pré-natal das duas gesta-
ções ocorreram sem intercorrências, e os partos foram a
termo, um em 2005 e o outro em 2007.
O abortamento ocorreu há 13 meses, sendo que o re-
sultado da patologia identificou restos placentários com
fragmentos de miométrio, em meio a vários coágulos.
O médico solicitou uma histerossalpingografia. Com
base na história, a imagem histerossalpingográfica mais
provável de ser encontrada é:
A) I.
B) II.
C) III.
D) IV.
16 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 55
São alterações relacionadas ao hipoestrogenismo
no climatério:
I. Alterações do humor e declínio das funções cognitivas.
II. Fogachos e suores noturnos.
III. Ganho de peso. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II e III.
QUESTÃO 56
A figura abaixo representa um corte transversal de uma
ultrassonografia uterina. Diante do caso representado
na ultrassonografia acima, é correto afirmar que:
A) O uso de implantes subdérmicos está indicado,
uma vez que a imagem ultrassonográfica não é uma
contraindicação para o seu uso.
B) O dispositivo intrauterino de cobre pode ser utili-
zado, após a retirada dos pólipos endometriais.
C) O dispositivo intrauterino com levonorgestrel está
indicado para reduzir o espessamento endometrial.
D) A paciente poderá utilizar anticoncepcionais orais
combinados, mas deve ser avisada que poderá ter
sangramentos de escape pela presença dos mio-
mas intramurais.
QUESTÃO 57
Paciente de 42 anos, na menacme, vem por queixa de
sangramento vaginal irregular.
Ela já teve um filho por parto vaginal; nega diabetes,
uso de medicamentos ou outras doenças. Seu índice de
massa corporal é de 25. O médico pediu uma ecografia
transvaginal para avaliar a espessura endometrial; o re-
sultado foi de 7 mm; depois ele realizou uma biópsia de
endométrio no consultório, sendo que o resultado da
patologia foi hiperplasia endometrial sem atipia. Com
isso, ele resolveu colocar um sistema intrauterino com
levonorgestrel (SIU-LNG). Em relação à conduta mé-
dica, está correto afirmar que:
A) Não havia necessidade de solicitar ecografia trans-
vaginal para avaliar a espessura endometrial em
mulheres pré-menopáusicas, a biópsia de endomé-
trio afastou a chance de câncer endometrial e o uso
do SIU-LNG está correto
B) A ecografia transvaginal com mais de 4 mm de es-
pessura endometrial na mulher pré menopáusica é
fator de risco para câncer de endométrio, a biópsia
de endométrio se justifica por isso, e o tratamento
de primeira linha é acetato de medroxiprogesterona
por via oral.
C) A ecografia transvaginal com mais de 7 mm de es-
pessura endometrial na mulher pré menopáusica é
fator de risco para câncer de endométrio, a biópsia
de endométrio nesse caso não afasta a possibilidade
de câncer endometrial, e o tratamento de primeira
linha é o acetato de medroxiprogesterona 150 mg,
intramuscular, a cada 3 meses.
D) A ecografia transvaginal com mais de 4 mm de es-
pessura endometrial na mulher pré menopáusica é
fator de risco para câncer de endométrio, a biópsia
de endométrio nesse caso não afasta a possibilidade
de câncer endometrial, sendo necessária a histeros-
copia diagnóstica.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 58
Paciente de 30 anos com dismenorreia progressiva foi
avaliada por seu médico. Com base no gráfico do estudo
randomizado acima, e das propriedades das duas medi-
cações estudadas, análogos do hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH-a) e sistema intrauterino libera-
dor de levonorgestrel (LNG-IUS), é correto afirmar que:
A) Mais pacientes preferem usar o GnRH-a (n=37),
apesar de não haver diferença significativa, quando
comparado com o uso do LNG-IUS (n=34).
B) Não existe diferença significativa entre usar LNG-
-IUS e GnRH-a no que se refere à dor no final de
6 meses, portanto a paciente poderá receber qual-
quer um dos medicamentos para reduzir a sua dor,
sendo que os efeitos colaterais das duas medicações
são idênticos.
C) Seria preferível oferecer GnRH-a por não ter os
efeitos colaterais do hipoestrogenismo causados
pelo LNG-IUS.
D) Seria preferível oferecer LNG-IUS por não ter os
efeitos colaterais do hipoestrogenismo causados
pelo GnRH-a.
DEZ 22 | 17
QUESTÃO 59
Paciente procura atendimento em uma Unidade de
Saúde. Ela teve alta hospitalar psiquiátrica há mais de
1 ano, devido a um episódio agudo de Transtorno do
Humor, episódio depressivo grave, atualmente retor-
nou ao funcionamento pré-mórbido, está estável, tem
28 anos de idade e não possui nenhuma comorbidade.
A paciente vem fazendo uso de diversos psicofármacos,
porém quer aconselhamento do médico, pois pretende
parar o uso de contraceptivo oral, já que ela e o marido
desejam engravidar. Ela está preocupada com o uso dos
medicamentos, entretanto não gostaria de parar com
todos, pois, devido a ter apresentado vários episódios
de depressão, receia o retorno dos sintomas depressivos
durante e após a gestação. Se você fosse o médico, das
medicações descritas abaixo, qual você iria retirar mais
rapidamente, pensando na segurança do futuro con-
cepto em termos de prevenção de possíveis efeitos tera-
togênicos e, posteriormente, durante a amamentação?
A) Haloperidol.
B) Sertralina.
C) Carbamazepina.
D) Bupropiona
QUESTÃO 60
Mulher, 30 anos, apresenta episódios intercorrentes de
tristeza intensa, desinteresse, ideias de desvalia, tensão,
acompanhada de cefaleia e dores musculares. Fica ir-
ritada facilmente, mas os sintomas desaparecem rapi-
damente, voltando ao seu comportamento usual, tran-
quilidade e interesse. O transtorno mais provável é:
A) Disfórico pré-menstrual.
B) Ansiedade generalizada.
C) Ciclotímico.
D) Dismórfico corporal
18 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 61
Em relação ao processo de crescimento infantil, é cor-
reto afirmar que:
A) O peso é um indicador sensível a longo prazo.
B) É constante, mas apresenta velocidade variável.
C) O canal de crescimento de meninas, nas curvas de
peso e estatura, apresenta - se sempre mais elevado quan-
do comparado ao canal de crescimento de meninos.
D) Ao final do primeiro ano de vida, o lactente tem
aproximadamente, em relação ao nascimento, o seu
peso triplicado e o seu comprimento dobrado.
QUESTÃO 62
Analise as seguintes assertivas e assinale V, se verdadei-
ras, ou F, se falsas, em relação às orientações de pueri-
cultura abaixo.
( ) A Posição supina é recomendada para recém-nascido
dormir
( ) O andador é recomendado somente para lactentes
com atraso desenvolvimento motor
( ) A exposição frente às telas digitais deve ser desen-
corajada para crianças menores de dois anos de idade.
( )Recém-nascido deve ser conduzido em automóvel
assento tipo bebê-conforto no banco de trás instalado
frente para o painel do veículo.
( )As roupas do recém-nascido devem ser lavadas com
água sabão neutro, evitando-se o uso de sabão em pó e
amaciante
. A ordem correta de preenchimento dos parênteses,de
cima para baixo,é:
A)V-F-V-F-V.
B)F-V-F-F-F.
C)V-F-V-V-V.
D)F-V-F-V-F
QUESTÃO 63
Mãe amamentando seu filho de quatro meses exclusi-
vamente no peito retornou ao trabalho. Foi orientada
a retirar e guardar o seu leite para ser oferecido a seu
filho enquanto estiver fora de casa. Analise as seguintes
orientações dadas à mãe:
I. O leite retirado da mama pode ser conservado em ge-
ladeira por até 12 horas e no freezer ou no congelador
por até 15 dias.
II.O leite materno retirado deve ser oferecido, de prefe-
rência, em um copo, uma xícara ou uma colher.
III.O leite materno retirado não deve ser fervido e nem
levado ao micro-ondas, apenas aquecido em banho-
-maria.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I,II e III
QUESTÃO 64
Analise as assertivas abaixo em relação às alterações en-
contradas no exame comum de urina em crianças:
I.A densidade urinária elevada pode ser correlacionada
com desidratação.
II.A síndrome hemolítico-urêmica é diagnosticada pela
presença de hemácias fragmentadas na urina.
III.A piúria pode estar ausente em pacientes com bac-
teriúria e infecção do trato urinário.
Quais estão corretas?
A)Apenas III.
B)Apenas I e II.
C)Apenas I e III.
D) I,II,e III.
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 19

QUESTÃO 65 QUESTÃO 67
Assinale a alternativa correta considerando o diagnósti- Em relação à semiologia pediátrica, analise as assertivas
co de rinossinusite na criança . a seguir e assinale V, se verdadeiras, ou F , se falsas.
A) É caracterizada pela presença de dois ou mais ( ) As modificações que acontecem nos ritmos cardí-
sintomas, sendo a febre e a tosse necessários para aco e respiratório são inversamente proporcionais ao
o diagnóstico. aumento da idade.
B) A presença de corpo estranho nasal deve ser um ( ) Fechamento precoce das fontanelas tem relação
diagnóstico diferencial. com microcefalia.
C) Aproximadamente 90% das crianças com rinossi- ( ) Criptorquidia significa testículo fora da bol-
nusite viral aguda evoluem para uma rinossinusite sa escrotal.
aguda bacteriana.
D) Inflamação da mucosa nasossinusal com duração A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
superior a 4 semanas caracteriza a rinossinusi- cima para baixo,é:
te crônica. A)V-V-V
B)V-F-V
QUESTÃO 66 C) F-F-F
Em relação à vacina BCG, analise as assertivas a seguir: D)F V–F

I. A resposta protetora leva aproximadamente

12 semanas. QUESTÃO 68
II.Recém-nascidos pré-termo devem pesar 2Kg para
Quais dos sinais e achados de exame físico a seguir ca-
recebê-la.
racterizam uma desidratação moderada?
III.Deve ser aplicada ao nascer e aos 6 meses.
A) Frequência cardíaca normal para faixa etária, cho-
Quais estão corretas?
ros sem lágrimas, olhos normais, pulsos periféricos
A) Apenas I finos e diurese preservada.
B) Apenas I e II. B) Frequência cardíaca aumentada para faixa etária,
C) Apenas I e III. choros sem lágrimas, enoftalmia, pulsos periféricos
D) I, II , e III finos, diurese diminuída com urina concentrada.
C) Frequência cardíaca normal para faixa etária, olhos
secos, enoftalmia, pulsos periféricos normais e diu-
rese normal
D) Frequência cardíaca aumentada, lágrimas presentes,
olhos normais,diurese diminuída normoconcentrada
20 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 69 QUESTÃO 70
Na febre reumática secundária ao estreptococo beta-he- Lactente de 10 meses é trazido à consulta com história
molítico, as manifestações valvulares cardiológicas mais de febre há 3 dias, em uso de amoxicilina desde a noite
frequentes podem ser auscultadas nos sítios de ausculta anterior. A mãe refere o surgimento de manchas no cor-
identificados, na imagem abaixo, pelo números: po que atribuiu à provável alergia ao antimicrobiano, já
que a febre desapareceu na primeira administração do
medicamento. Ao exame físico, se encontra em bom
estado geral e ativo, sendo os únicos achados alterados
orofaringe hiperemiada, e presença de lesões maculares
sem relevo em tronco. Qual hipótese diagnóstica mais
provável para conduta pertinente para o caso?
A)Reação alérgica ao antimicrobiano, trocar para azi-
tromicina e revisar em 48 horas.
B)Reação alérgica ao antimicrobiano, iniciar anti-hista-
mínico, manter Amoxicilina e revisar em 24 horas.
C)Exantema súbito (roséola), manter antimicrobiano,
solicitar hemograma e revisar com resultado.
D) Exantema viral (roséola), suspender antimicrobia-
no , manter observação domiciliar, revisar se retor-
nar febre ou alteração do quadro clínico
A)1 e 2
B)1 e 4. QUESTÃO 71
C)2 e 3. Segundo as diretrizes da Academia Americana de Car-
D)3 e 4. diologia publicadas em outubro de 2020, a relação de
compressões e ventilações reanimação de crianças a
partir de 1 ano, até obtenção de via aérea avançada,
quando realizada por dois ou mais reanimadores,é:
A) 15:2
B) 15:1
C) 30:2
D) Sem Interrupções,é contínua
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 21

QUESTÃO 72 Apresentou a carteira de vacinação abaixo. Qual das se-

guintes vacinas NÃO seria indicada para regularização
Mãe de um bebê o levou para a primeira consulta de imediata das vacinas desse paciente:
revisão de puericultura com cinco meses e dez dias.

A)Penta
B)Rotavírus humano.
C)Pneumocócica 10 (conjugada)
D)Meningocócica C (conjugada)
22 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 73
Analise as assertivas abaixo sobre as diretrizes interna-
cionais para ressuscitação cardiovascular do recém-nas-
cido em sala de parto:
I. Quando a ventilação com pressão positiva é indicada
no RN≥34 semanas, iniciar com oxigênio a 21%.
II.Ao realizar compressões torácicas, é preferível a téc-
nica dos dois dedos em relação à técnica dos dois pole-
gares, pois a primeira se associa a menos fadiga e gera
maior pressão sistólica e perfusão coronariana.
III.Enquanto o acesso venoso está sendo obtido, caso
esteja indicado uso de medicação, é razoável adminis-
trar epinefrina endotraqueal em uma dose maior (0,05
a 0,1mg/kg).
Quais estão corretas?
A)Apenas II.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II
D) Apenas I e III
QUESTÃO 74
Recém-nascido a termo com 40 semanas de idade ges-
tacional, apgar 9/10, apresenta icterícia até a raiz das
coxas com 18 horas de vida. Grupo sanguíneo materno
O, Rh negativo, com teste de Coombs indireto negati-
vo com 20 e 32 semanas de gestação.
Recém-nascido com tipagem sanguínea A, Rh positi-
vo e teste de Coombs direto 2+ no sangue do cordão.
Coletados exames laboratoriais: Bilirrubina total 12
mg/dl, Reticulócitos: 7% e presença de alguns esferó-
citos em sangue periférico. Qual a provável etiologia
dessa icterícia?
A) Incompatibilidade ABO.
B) Incompatibilidade Rh.
C) Esferocitose hereditária.
D) Deficiência de G6PD.
QUESTÃO 75
Recém-nascido a termo apresenta desde o nascimento
lesões vesicopustulares de 1 a 3 milímetros de diâmetro
em cabeça, região cervical e tronco. As lesões rompem-
-se espontaneamente e deixam uma descamação em
colarete que evoluem para pequenas manchas hiper-
crômicas. O diagnóstico mais provável é:
A) Eritema tóxico.
B) Melanose pustulosa.
C) Miliária rubra.
D) Acne neonatal
QUESTÃO 76
Quanto à crise convulsiva febril simples, é correto afir-
mar que:
A) É definida por crise epiléptica que acomete crianças
entre 3 meses e 5 anos de idade, na vigência de febre,
com acometimento das leptomeninges cranianas.
B) Seu diagnóstico é confirmado pelo eletroencefalo-
grama e o hemograma.
C) O tratamento profilático diminui muito o risco de
epilepsia futura.
D) Seu diagnóstico é predominantemente clínico.
QUESTÃO 77
Na Síndrome de Guillain-Barré (polirradiculoneurite
aguda), é INCORRETO afirmar que:
A) A paralisia muscular seja flácida, simétrica
e ascendente.
B) Ocorra dissociação proteino citológica no líquido
cefalorraquidiano
C) Corticosteróide é a medicação de escolha.
D) Há hiporreflexia ou arreflexia tendinosa.
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 23

QUESTÃO 78 QUESTÃO 80
São fármacos indicados para tratamento profilático da Em relação ao Transtorno do Déficit de Atenção com
enxaqueca: Hiperatividade (TDAH), é correto afirmar que:
I.Topiramato. A) É um transtorno que usualmente aparece na infân-
II.Amitriptilina. cia ou adolescência, relacionado a alterações neuro-
biológicas e costuma apresentar melhora do quadro
III.Divalproato de sódio. clínico com uso de psicoestimulantes.
Quais estão corretos? B) É relacionado essencialmente com fatores culturais
A) Apenas I e II. (as práticas de determinada sociedade) e as primei-
ras vivências infantis (o modo como os pais, ou seus
B) Apenas I e III.
substitutos, educam e se relacionam com os filhos,
C) Apenas II e III. com os decorrentes conflitos psicológicos).
D) I, II e III C) São consideradas as principais causas: luz artificial,
consumo de açúcar, deficiência hormonal e defici-
ências vitamínicas na dieta da criança. Não estão
QUESTÃO 79 associados a outras comorbidades psiquiátricas na
Qual é o achado mais frequente na criança com diag- vida adulta.
nóstico de Transtorno de Ansiedade Social? D) Abordagem focada completamente na relação do
A) Violência com os animais terapeuta com o paciente
B) Imposição aos colegas para realização de suas tare-
fas escolares. QUESTÃO 81
C) Impulsividade e violência com os colegas.
Assinale a alternativa correta em relação à Atenção Pri-
D) Inibição e dificuldade de interação com os pares.
mária à Saúde.
A) Deve ser a única porta de entrada tanto para pro-
blemas agudos quanto crônicos.
B) A atenção primária se restringe a países ou locais
com maior vulnerabilidade social.
C) Proporciona atenção à saúde da população sem dis-
tinção de gênero, doença ou sistema orgânico.
D) O termo prevenção serve como sinônimo de “”cui-
dado a pessoas que não têm sintomas””.
24 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 82
Como se chamam os estudos caracterizados pelo mo-
nitoramento dos indivíduos ao longo do tempo para
avaliar o surgimento de novos casos de uma doença
(incidência) ou de outro desfecho que seja de interesse?
A) Transversais.
B) De coorte.
C) De caso-controle.
D) Ecológicos.
QUESTÃO 83
Analise as seguintes assertivas em relação aos erros e
validade de dados de pesquisa:
Viés de seleção: quando os grupos de comparação não
são semelhantes em todas as demais características. II.
Viés de observação: quando há erro de diagnóstico de
um desfecho de saúde, dependendo da forma como as
variáveis são medidas. III. Viés de memória: quando
estudos em que o método de aferição difere entre um
grupo e outro. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
QUESTÃO 84
Assinale a alternativa correta em relação ao rastreamen-
to de doenças.
A) O viés de sobrediagnóstico constitui-se em um dos
principais problemas de saúde pública atribuídos
aos programas de rastreamento que não é elimina-
do por meio dos ensaios clínicos randomizados.
B) É uma intervenção que não oferece risco potencial
à saúde das pessoas sem o respectivo benefício.
C) Avaliação de procedimentos de rastreamento é téc-
nica e eticamente fácil, pois envolve vieses e fenô-
menos simples.
D) É a aplicação de testes em pessoas sintomáticas com
objetivo de selecionar indivíduos para intervenções
cujo benefício seja maior do que o dano potencial.
QUESTÃO 85
Assinale a alternativa INCORRETA em relação aos es-
tudos transversais.
A) São realizados para conhecer estimativas de preva-
lência de doenças ou problemas de saúde e também
a exposição a fatores associados à doença.
B) As informações sobre exposição e desfecho são afe-
ridas simultaneamente em uma única ocasião.
C) Esse tipo de estudo é indicado para investigar do-
enças raras ou de baixa prevalência, pois é comum
encontrar casos na população.
D) As informações de exposição e desfecho são co-
letadas ao mesmo tempo, não sendo possível es-
tabelecer com segurança a precedência temporal
entre elas.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 86
Analise as seguintes assertivas em relação ao diagnósti-
co das demências:
I. A avaliação da depressão é recomendável, pois fre-
quentemente mascara um quadro demencial.
II. A etiologia não é importante, já que os processos
demenciais são inexoráveis e progressivos.
III. O diagnóstico é essencialmente clínico, mas pode
ser dificultado pela presença de múltiplas comorbida-
des. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
QUESTÃO 87
Analise as seguintes assertivas em relação às quedas
no idoso:
I. Mudanças posturais relacionadas à idade, déficit vi-
sual, uso de medicações e doenças que afetam a força
muscular e a coordenação motora são fatores que con-
tribuem para índices tão altos.
II. Os pacientes raramente mencionam o evento ao seu
médico se não houve lesão por ocasião da queda, e o
profissional de saúde não tem por hábito perguntar so-
bre a história pregressa de quedas.
III. Mesmo quando resultam em algum agravo que
necessite tratamento, raramente as causas das quedas
são investigadas de forma a identificar possíveis cau-
sas evitáveis.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III
DEZ 22 | 25
QUESTÃO 88
Após tentativas frustradas de contatar o médico assisten-
te de um paciente com vômitos incoercíveis, a enfermei-
ra pede ajuda a um médico, que, após avaliar o paciente,
prescreveu medicação. A seguir, evolui no prontuário e
comunicou o médico assistente. De acordo com o códi-
go de ética médica, a atitude do médico foi:
A) Inadequada em todos os aspectos, pois é vedado ao
médico intervir na prescrição de outro médico.
B) Parcialmente adequada; o médico não deveria
ter avaliado o paciente, por não ser o seu médi-
co assistente.
C) Parcialmente adequada; o médico violou a privaci-
dade do paciente ao evoluir no prontuário de um
paciente que não era seu.
D) Adequada em todos os aspectos.
QUESTÃO 89
Analise as seguintes assertivas em relação às doenças
relacionadas ao trabalho: I. As pneumoconioses são do-
enças de notificação compulsória no SUS, independen-
temente do seu vínculo de trabalho. II. A perda auditi-
va induzida por ruído tem maior risco quando a média
da exposição está acima de 75 dB por horas diárias e as
exposições intermitentes são piores do que as contínu-
as. III. As pneumoconioses podem ser classificadas em
fibrogênicas e não fibrogênicas, de acordo com o po-
tencial da poeira em produzir fibrose reacional. Quais
estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
26 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 90
Paciente de 6 anos de idade, com quadro de febre bai-
xa, mal-estar e dor de garganta há
2 dias, vem à Unidade Básica de Saúde apresentando
lesões ulceradas, doloridas, na cavidade oral, sobretu-
do em língua e palato. Também refere o aparecimento
de lesões nas laterais dos dedos e na superfície dorsal
de mãos e pés. Considerando que a principal suspeita
seja a síndrome mão-pé-boca, qual é o provável ger-
me causador?
A) Epstein-Barr Virus.
B) Morbillivírus.
C) Coxsackie vírus.
D) Paramixovirus.
QUESTÃO 91
Qual das alternativas abaixo é tarefa ou papel dos Agen-
tes Comunitários de Saúde no cuidado domiciliar?
A) Avaliar de modo integral, individual, familiar e no
contexto social a situação da pessoa enferma.
B) Identificar e mobilizar, na comunidade, redes de
apoio ao plano de assistência domiciliar pactuado
com a família.
C) Avaliar as condições e a infraestrutura física do
domicílio para a modalidade de cuidado domici-
liar requerida.
D) Acompanhar a evolução dos casos, seguindo che-
cklist da pessoa, e comunicar à equipe as altera-
ções observadas.
QUESTÃO 92
Analise as seguintes assertivas em relação ao SUS: I. Ser-
viços Especiais de Acesso Aberto são serviços de saúde es-
pecíficos para o atendimento da pessoa que, em razão de
agravo ou de situação laboral, necessita de atendimento
especial. II. A universidade de acesso é entendida como
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços pre-
ventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do siste-
ma. III. Rede de Atenção à Saúde é o conjunto de ações e
serviços de saúde articulados em níveis de complexidade
crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da
assistência à saúde. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
QUESTÃO 93
Assinale a alternativa INCORRETA em relação às do-
enças infecciosas como um problema de saúde no Brasil.
A) Algumas doenças específicas como diarreias, do-
enças imunopreveníveis e pneumonia em crianças
não sofreram reduções significativas desde a década
de 1970.
B) A grande parcela das mortes causadas por doenças
infecciosas atualmente é devida a infecções respi-
ratórias, que são mais comuns em adultos do que
em crianças.
C) O sucesso no controle de HIV/Aids, hepatite A e B,
hanseníase, tuberculose, malária e esquistossomose
é apenas parcial.
D) Houve fracasso, até agora, no controle da dengue e
da leishmaniose visceral.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 94
Qual é a hipótese diagnóstica mais provável para pa-
ciente com história de uso de várias substâncias de
abuso e que se apresenta com taquicardia, midríase e
hipertensão arterial?
A) Acatisia por antipsicótico.
B) Intoxicação por álcool.
C) Intoxicação por estimulante.
D) Abstinência por benzodiazepínicos.
QUESTÃO 95
Qual é a hipótese diagnóstica mais provável para pa-
ciente com história de uso de várias substâncias de
abuso e que se apresenta com taquicardia, midríase e
hipertensão arterial?
A) Acatisia por antipsicótico.
B) Intoxicação por álcool.
C) Intoxicação por estimulante.
D) Abstinência por benzodiazepínicos.
QUESTÃO 96
A síndrome de abstinência por substância está associa-
da aos seguintes critérios:
I. O desenvolvimento de uma síndrome específica da
substância devido à interrupção ou redução de seu uso
intenso e prolongado.
II. A síndrome específica da substância causa sofrimen-
to clinicamente significativo ou prejuízo no funciona-
mento social, profissional ou em outras áreas impor-
tantes da vida do indivíduo.
III. Os sintomas não se devem a uma condição médica
geral, nem são mais bem explicados por outro transtor-
no mental. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
DEZ 22 | 27
QUESTÃO 97
Paciente alcoolista, insone, interrompe, sem orientação
médica, o uso da substância e,
20 horas após a interrupção do consumo, é acometido
de crise epilética. Nessa situação, o médico deve:
I. Ficar atento a sinais de desenvolvimento de deli-
rium tremens.
II. Prescrever hipnóticos para melhora do sono e desta
forma prevenir episódios convulsivos.
III. Investigar se a crise epilética é decorrente de ou-
tra etiologia.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
QUESTÃO 98
Assinale a alternativa INCORRETA em relação à me-
dicina baseada em evidências.
A) É o uso consciente, explícito e judicioso das me-
lhores evidências atuais disponíveis para tomada de
decisões acerca do cuidado com os pacientes.
B) A comprovação de um benefício clinicamente sig-
nificativo de testes diagnósticos ou intervenções
médicas pode exigir estudo com milhares de pa-
cientes ao longo de vários anos.
C) Priorizam-se as pesquisas em seres humanos, em
especial aquelas com desfechos clínicos de signifi-
cância para o paciente e para a sociedade.
D) Preconizam as evidências de investigações clínicas
que expressam benefícios, riscos e custos, descar-
tando a experiência e o conhecimento clínico.
28 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 99
Analise as seguintes assertivas em relação aos critérios a
serem utilizados na definição de indicadores de saúde: I.
Mensurabilidade é a capacidade de basear-se em dados
disponíveis ou fáceis de serem obtidos. II. Confiabilida-
de é a capacidade de reproduzir os mesmos resultados
quando aplicado em condições similares. III. Relevância
é a capacidade de medir o que se pretende, incluindo a
sensibilidade e a especificidade. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.

QUESTÃO 100
Analise as seguintes assertivas em relação à descentra-
lização do SUS: I. Existe uma redistribuição do poder,
repassando competências e instâncias decisórias para
esferas mais próximas à população, e também existe
uma redefinição das atribuições, desconcentrando o
poder da União e dos Estados para os municípios. II. O
processo da municipalização da saúde, entendido como
um fenômeno político-administrativo aponta para
uma ruptura com o modelo assistencial tradicional e
dota os municípios com modelos locais de saúde de
acordo com todas as diretrizes do SUS. III. Pressupõe
a existência de gestores em vários níveis, mas a célula
básica do sistema deve ser o município, ficando para os
Estados e para União os serviços de alta complexidade
tecnológica. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
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AMRIGS 2022
CADERNO DE RESPOSTAS
32 |
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 33

QUESTÃO 1  Realizar uma RPC com excelência: Entre 100 e 120

Durante partida de futebol, jogador caiu desacordado,
necessitando atendimento imediato da equipe médica.
Considerando que você é o médico responsável, analise
as assertivas abaixo, numerando de 1 a 4 de acordo com
a melhor sequência para o atendimento desse caso.
( ) Garantir via aérea.
( ) Checar responsividade.
( ) Iniciar compressões.
compressões por minuto // 5 cm de profundidade
(ou 1/3 do diâmetro do tórax) // Retorno completo
do esterno à posição anatômica
 Minimizar as interrupções
 Usar um DEA assim que possível
 Acionar ajuda especializada assim que possível
A sobrevida de pacientes com morte súbita aumenta se
desfibrilação e RCP de qualidade são instituídas.

( ) Checar pulso. Vejam abaixo o algoritmo da AHA. Iremos destrinchar

cada um dos pontos:
A ordem correta de preenchimento
dos parênteses, de cima para baixo, é:
A) 4 - 2 - 1 - 3
B) 1 - 3 - 4 - 2
C) 2 - 4 - 3 - 1
D) 2 - 1 - 4 – 3
Pessoa desacordada em ambiente
extra-hospitalar. Estamos diante de
uma questão que abordará o BLS!
1) Pontos chave para o BLS
 Reconhecer uma parada cardía-
ca ao identificar pacientes não
responsivos ou que apresentam
gasping ou ausência de incur-
sões respiratórias.
 Iniciar o mais rápido possível a
RCP em um paciente que acha-
mos estar em PCR. Vale lembrar
que NÃO realizar é muito pior do
que realizar em alguém que even-
tualmente não esteja em PCR
34 | DEZ 22 AMRIGS 2022
1) Ponto 1: Verificar a segurança da cena
Não adianta iniciar o suporte de vida se estamos no
meio de uma avenida movimentada!
Nesses casos a primazia é a segurança de quem vai pres-
tar o socorro.
2) Ponto 2: Medidas iniciais
• Checar a responsividade: primeiro passo é identifi-
car alguém que não está responsivo.
• Chamar por ajuda, chamar equipe de emergên-
cia, buscar DEA: lembrem que a desfibrilação é de
suma importância!
3) Ponto 3: Identificação de uma possível PCR. Feita,
como dissemos acima, com a observação da respiração
e do pulso (esse deve ser sentido em até 10 segundos!)
• Respiração normal + pulso presente: monitorar até
a chegada da equipe de socorro
• Respiração anormal + pulso presente: realizar uma
respiração a cada 6 segundos ou 10 por minuto.
Checar pulso a cada 2 minutos e, se não for palpa-
do, iniciar a RCP. Se suspeitamos de possibilidade
de overdose de opioide, administrar naloxone.
• Sem respiração ou gasping + pulso ausente (10 se-
gundos de tolerância para checar o pulso!): INI-
CIAR RCP!
4) Ponto 4: Início da RCP
• Ciclos de 30 compressões/2 respirações... É permiti-
do, em PCR extra- hospitalar de causa não respira-
tória a execução apenas de massagem cardíaca contí-
nua, sem ventilações, até o suporte avançado chegar
• USAR O DEA ASSIM QUE POSSÍVEL!
5) Ponto 5: Uso do DEA
• Se ritmo chocável (FV/TV): Chocar e reiniciar
imediatamente a RCP por mais um ciclo de 2 mi-
nutos até avisado pelo DEA para nova checagem
de ritmo.
Continuar até a chegada da equipe ou até a vítima
se movimentar
• Se ritmo não chocável (AESP/Assistolia): Reiniciar
a RCP por mais um ciclo de 2 minutos até avisado
pelo DEA para nova checagem de ritmo. Continu-
ar até a chegada da equipe ou até a vítima se movi-
mentar
Vamos às alternativas:
(4) Garantir via aérea. >> Última coisa das ci-
tadas aqui. Lembrem que em causas de PCR não re-
lacionadas a asfixia os socorristas podem até priorizar
as compressões.
(1) Checar responsividade. >> Primeiro passo.
Não faz sentido pensar em RCP se o paciente está com
algum nível de resposta!
(3) Iniciar compressões. >> O início imediato
das compressões melhora a sobrevida, logo isso tem
prioridade máxima em relação à respiração.
(2) Checar pulso. >> Para iniciar as compres-
sões, o pulso não pode estar presente (ou pelo menos
não palpável em 10 segundos de tentativa)
A) 4 - 2 - 1 - 3
B) 1 - 3 - 4 - 2
C) 2 - 4 - 3 - 1
D) 2 - 1 - 4 – 3
Ou seja... SEM RESPOSTA! Questão corretamente
anulada pela banca.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
1) Não se esqueçam de verificar a segurança da cena
2) 2 pontos fundamentais para o aumento da sobrevida:
compressões eficazes + desfibrilação em caso de ritmos
chocáveis = Entre 100 e 120 compressões por minuto
// 5 cm de profundidade (ou 1/3 do diâmetro do tórax)
// Retorno completo do esterno à posição anatômica
3) Verificar a responsividade e, em caso de não respon-
sivo, checar respiração e pulso. Em caso de ausência de
incursões respiratórias ou gasping + ausência de pulso,
iniciar compressões
4) É melhor iniciar as compressões em quem não está
em PCR do que o inverso.
QUESTÃO 2
Assinale a alternativa que configura o elemento-chave
para o sucesso da reanimação e aumento na probabili-
dade de sobrevivência.
A) Iniciação rápida das manobras de RCP.
B) Tempo para desfibrilação.
C) Rapidez na intubação.
D) Brevidade na identificação do ritmo cardíaco.
DEZ 22 | 35
Questão que aborda princípios do suporte básico de
vida. Revendo os pontos principais:
 Reconhecer uma parada cardíaca ao identificar pa-
cientes não responsivos ou que apresentam gasping
ou ausência de incursões respiratórias.
 Iniciar o mais rápido possível a RCP em um pacien-
te que achamos estar em PCR.
 Realizar uma RPC com excelência: Entre 100 e 120
compressões por minuto // 5 cm de profundidade
(ou 1/3 do diâmetro do tórax) // Retorno completo
do esterno à posição anatômica
 Minimizar as interrupções
 Usar um DEA assim que possível
 Acionar ajuda especializada assim que possível
Agora atenção para essa frase, adaptada do guideline da
AHA: A sobrevivência do paciente numa parada cardí-
aca súbita depende primariamente do início de RCP de
qualidade e da desfibrilação precoce.
A AHA possui uma imagem extremamente conhecida
e que pode ser cobrada na prova de uma maneira ou de
outra. É a cadeia de sobrevivência, que possui 6 pontos
para uma PCR intra- hospitalar e 6 pontos para uma
PCR extra-hospitalar
36 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Os pontos intra-hospitalares são:
 Reconhecimento e prevenção precoces
 Acionamento do serviço médico de emergência
 RCP de alta qualidade
 Desfibrilação
 Cuidados pós-PCR
 Recuperação
Os pontos extra-hospitalares são:
 Acionamento do Serviço médico de emergência
 RCP de alta qualidade
 Desfibrilação
 Ressuscitação avançada
 Cuidados pós-PCR
 Recuperação
Vejam essas cadeias corroboram a frase de que o au-
mento da sobrevida depende dos fatores grifados,
pois ambos se encontram nas duas cadeias propostas
pela AHA!
Aproveitar a questão para mostrar para vocês algumas
atualizações feitas pela AHA em 2020:
 Leigos devem iniciar a RCP para paradas cardíacas
presumidas, pois o risco de dano ao paciente que
eventualmente não esteja em PCR é baixo
 É de bom tom que se use feedback audiovisual du-
rante a PCR para otimização em tempo real
 Não é recomendado aplicar 2 desfibrilações sequen-
ciais em ritmos chocáveis
 Preferência por acesso periférico durante RCP
 Um fluxograma específico para pacientes com sus-
peita de intoxicação por opioides
 Definições específicas para PCR em gestantes
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA Bom... Uma opção no minimo pro-
blemática. A recomendação é sim o início PRECO-
CE de RCP de QUALIDADE. Na hora da prova
devemos entrar na cabeça da banca, tentando enten-
der o que ela queria dizer. Um preciosismo, mas o
ponto-chave é QUALIDADE (até mais importante)
aliada à PRECOCIDADE no que se refere à RCP.
B) CORRETA Essa sim é impecável. Desfibrilação
precoce é nível de recomendação A e um gran-
de modificador.
C) INCORRETA Garantir via aérea e Intubação não são
o primeiro foco. Inclusive são até dispensados inicial-
mente em pacientes sem PCR por causa de asfixia
D) INCORRETA Aqui é uma meia verdade. Porque o
ritmo identificado pode ser não chocável, concor-
dam? É preciso identificar o ritmo o quanto antes,
mas não é o ponto chave!
Enfim, acreditamos que essa questão teve a alternativa
A mal formulada. A banca não aceitou recurso.
Take-Home Message:
1) Muita calma na hora de realizar essas questões. Ten-
demos muito a brigar com as alternativas e até nos de-
sestabilizam. Busque a melhor opção!
2) Modificam a taxa de sobrevivência em pacientes
com parada cardíaca: RCP de qualidade e precoce +
Desfibrilação precoce
3) As três modificações mais importantes na AHA de
2020 são:
A) Leigos devem iniciar a RCP para paradas cardíacas
presumidas, pois o risco de dano ao paciente que
eventualmente não esteja em PCR é baixo
B) É de bom tom que se use feedback audiovisual du-
rante a PCR para otimização em tempo real
C) Não é recomendado aplicar 2 desfibrilações sequen-
ciais em ritmos chocáveis
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 3
Com o surgimento da pandemia pela Covid-19, houve
um aumento exponencial nos casos de pacientes que
necessitaram Ventilação Mecânica por apresentarem
SARA - Síndrome da
Angústia Respiratória Aguda. Sobre a SARA, analise
as assertivas abaixo: I. A hipoxemia é um critério para
diagnóstico, porém necessita uma relação PaO2/FiO2
inferior a 100 para incluir nos critérios para SARA. II.
A manobra de PRONA deve ser feita em pacientes com
hipoxemia refratária, estando o paciente sedado e sob
efeito de bloqueadores neuromusculares. III.
Infiltrado pulmonar bilateral no exame de imagem é
um dos critérios para SARA. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Questão muito direta sobre a SDRA (Síndrome do
Desconforto Respiratório Agudo).
1) O que é
Pessoal, a SRDA é uma lesão pulmonar aguda, difu-
sa e inflamatória. Essa última é seu grande marco. Há
um acúmulo de líquido secundário a essa tempesta-
de inflamatória!
Em resumo, para que vocês entendam a fisiopatologia:
o alvéolo é lesado liberando citocinas pró-inflamató-
rias. Esses elementos acabam recrutando neutrófilos
que destroem o endotélio capilar. Com essa destruição,
há escape de líquido para o alvéolo, que por também
estar danificado, não consegue mais contrabalancear o
escape de fluidos. Fazendo uma analogia, temos, como
resultado, um quadro semelhante ao edema pulmonar,
apesar de apresentar bases fisiopatológicas diferentes.
2) Quais as consequências da lesão alveolar?
 Prejuízo das trocas gasosas: cursa com grave hipo-
xemia por distúrbio V/Q (lembrem que os alvéolos
estão danificados e preenchidos por líquido)
DEZ 22 | 37
 Queda da complacência pulmonar: a rigidez pul-
monar é um dos grandes marcos. Um pulmão rígi-
do é difícil de ser ventilado!
 Hipertensão pulmonar: acomete até 25% dos pa-
cientes. As causas incluem vasoconstrição secundá-
ria a hipóxia, destruição do parênquima.
3) Etiologia
As causas mais importantes são:
 Sepse: principal causa!!!!!
 Pneumonia: é a provável principal causa em SDRA
que se desenvolve no contexto extra-hospitalar
 Trauma torácico severo
 Aspiração
Outras causas:
 TRALI (Transfusion-related acute lung injury)
 Afogamento
 Pós transplantados
 Overdose
 Embolia
4) Quadro Clínico
Sabem qual o quadro mais típico? Hipoxemia, disp-
neia e infiltrado pulmonar. Ora, isso, num primeiro
momento pode ser amplo e inespecífico demais... E é
mesmo! Tanto que o diagnóstico é muitas vezes des-
considerado até a progressão da doença.
Então quando suspeitar? Quando vemos o início da trí-
ade citada no parágrafo anterior num período de 6-72
horas após um possível evento causador. Vamos dar um
exemplo. Imagine que você receba um paciente com
um quadro de celulite que evoluiu com hipotensão a
despeito da expansão volêmica. Ou seja, uma sepse de
foco cutâneo. E que depois de 6-72h
(em média) ele passe a apresentar hipoxemia e disp-
neia... Eis aí a suspeita de SDRA!
5) Diagnóstico
Feito pela definição de Berlim:
38 | DEZ 22 AMRIGS 2022
 Quanto ao tempo de aparecimento ou da piora dos
sintomas respiratórios: Dentro de até uma semana
do evento clínico suspeito
 Critério de imagem: Opacidades (descritas em al-
guns locais como infiltrados) bilaterais não explica-
dos totalmente por outras causas
 Origem do edema: Não pode ser totamente explica-
da por IC ou hipervolemia
 Oxigenação
• Leve PaO2/FiO2 entre 201-300
• Moderada PaO2/FiO2 entre 200-101
• Grave PaO2/FiO2 menor que 100
6) Fases
Para que nosso estudo fique completo, é bom que vo-
cês entendam a evolução dessa doença, principalmente
porque isso impacta no prognóstico. A SDRA é dividi-
da em 3 fases:
 Exsudativa: é a fase inicial, correspondente ao dano
alveolar e acúmulo de líquido.
Dura por volta de 7 dias
 Proliferativa: nessa fase o edema se resolveu,
porém há uma proliferação de pneumócitos
e miofibroblastos.
 Fibrótica: quem não se recupera acaba evoluindo
com fibrose devido à proliferação descrita no item
anterior. Isso piora significativamente o desfecho.
7) Tratamento
O tratamento suportivo desses pacientes envolve: mo-
nitorização hemodinâmica, suporte nutricional, profi-
laxia de TVP e de úlceras de estresse. Duas coisas que
não são usadas rotineiramente nesses pacientes são:
 Bloqueadores neuromusculares: são usados quando
há uma OUTRA indicação não diretamente ligada
à SDRA (por exemplo: se precisamos pronar um
paciente ou se o paciente não se adapta de nenhu-
ma maneira à VM)
 Glicocorticoides: raciocínio semelhante. No geral
será usado em quem tem outra indicação formal
ao corticoide (como por exemplo pneumonia eosi-
nofílica). Aqui ainda se discute o uso em pacientes
refratários aos tratamentos e que se apresenta com
menos de 14 dias do início da SDRA.
O manejo da hipoxemia é feito majoritariamente por
VM com parâmetros ajustados para um pulmão sem
complacência, ou seja, rígido. Isso significa que pres-
sões e volumes muito altos podem lesionar o parênqui-
ma já sofrido. Em linhas gerais devemos colocar:
 Volume Corrente <6mL/kg
 PEEP deverá ser aumentada, porém com cautela (A
PEEP é responsável pelo recrutamento alveolar)
 FiO2 mais altas (alguns sugerem 95% e não 100%
para não causar atelectasia)
As medidas auxiliares que são utilizadas de acordo com
o caso são:
 Posição Prona: indicada em pacientes com hipoxe-
mia severa refratária
(PaO2/FiO2<150 em vigência de FiO2>60% e
PEEP>4). Esses pacientes devem receber bloqueado-
res neuromusculares.
 ECMO: possui a mesma indicação da posição Pro-
na. Cuidado pessoal! Haverá divergência entre as
referências, principalmente no que tange à defini-
ção de hipoxemia grave!
Vamos às alternativas:
I. A hipoxemia é um critério para diagnóstico, porém
necessita uma relação PaO2/FiO2 inferior a 100 para
incluir nos critérios para SARA. >> FALSO!!! Essa é a
definição de hipoxemia GRAVE pela definição de Ber-
lin. No entanto a definição de SDRA já é feita com
valores abaixo de 300
 AMRIGS 2022
II. A manobra de PRONA deve ser feita em pacientes
com hipoxemia refratária, estando o paciente sedado e
sob efeito de bloqueadores neuromusculares. >> COR-
RETO!! Essa é precisamente uma das indicações da po-
sição prona.
III. Infiltrado pulmonar bilateral no exame de imagem
é um dos critérios para SARA. >> CORRETO!! É ne-
cessário o critério de imagem para definir SRDA.
A) Apenas I. INCORRETA
B) Apenas I e III. INCORRETA
C) Apenas II e III. CORRETA
D) I, II e III. INCORRETA
Take-Home Message:
1) Pensem em SDRA em um paciente grave que piora
com hipoxemia, dispneia e alteração em radiografia
2) As principais etiologias são sepse e Pneumonia
3) Estudem bem a definição de Berlin:
Piora respiratória dentro de até uma semana do evento
clínico suspeito
Critério de imagem: Opacidades (descritas em alguns
locais como infiltrados) bilaterais não explicados total-
mente por outras causas
Origem do edema: Não pode ser totamente explicada
por IC ou hipervolemia
Oxigenação
A) Leve PaO2/FiO2 entre 201-300
B) Moderada PaO2/FiO2 entre 200-101
C) Grave PaO2/FiO2 menor que 100
4) O tratamento é feito com manejo da hipoxemia,
mas cuidado com a oferta de volume e pressão! O pul-
mão é rígido e não tolera bem!
5) A posição prona é indicada em pacientes gra-
ves refratários.
DEZ 22 | 39
QUESTÃO 4
Sobre os corticosteroides, é correto afirmar que:
A) São hormônios produzidos em laboratório com es-
trutura análoga ao que é produzido pelo pâncreas
em indivíduos saudáveis.
B) Podem ser utilizados com segurança por longos
períodos de tempo, pois seus efeitos colaterais são
poucos e sem significância na prática clínica.
C) Apesar do seu uso ser seguro, alguns pacientes po-
dem apresentar sintomas psicóticos
D) Pacientes hipertensos e diabéticos podem utilizar
com segurança por longos períodos de tempo.
Questão sobre aspectos gerais dos corticoides. Vamos
ser sucintos e rever o que há de mais importante sobre
uma das principais classes medicamentosas da práti-
ca médica:
1) O que são
São hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais
ou derivados sintéticos dessas. Sua produção endógena
é dependente do ACTH (Hormônio adrenocorticotró-
fico). É um hormônio catabólico.
2) Funções
Quem já está na prática clínica sabe que os corticoides
são quase coringas, devido sua ampla ação em inúmeras
frentes do organismo. Porém lembrem: é o “melhor”
remédio de uso a curto prazo e o “pior” a longo prazo,
pois seu uso prolongado desencadeia uma série de efei-
tos adversos. As principais atuações são:
 Na resposta inflamatória: potente anti-inflamatório
 No metabolismo do colesterol: elevação de LDL
 No metabolismo dos carboidratos: são antagonistas
da insulina, por isso propiciam DM
 Aumento da pressão arterial
3) Efeitos adversos
Podemos deduzir boa parte dos efeitos adversos se
pensarmos em como o corticoide funciona. Os prin-
cipais são:
40 | DEZ 22 AMRIGS 2022
 Dislipidemia
 HAS e DM
 Osteoporose (devido inibição da atividade os-
teoblásticaP
 Imunossupressão
Alguns outros efeitos são muito importantes de
se memorizar:
 Psicoses
 Glaucoma
 Ulceração com sangramento de TGI
A prova gosta de cobrar o efeito adverso como queixa
principal do doente, então fiquem atentos!
4) Insuficiência adrenal secundária
Pensando em complementar esse breve resumo, é im-
portantíssimo pensar nos usuários crônicos de Cor-
ticoide. Dissemos que há uma produção endógena.
Quem, por algum motivo, acaba precisando de usar
cronicamente os corticoesteroides acabam suprimindo
a produção endógena. Portanto, ao suspender essa me-
dicação, devemos fazer paulatinamente sob o risco de
desenvolvimento de Insuficiência adrenal secundária
(ACTH e Cortisol baixos)!
Inclusive o uso de corticoide é a principal causa de In-
suficiência adrenal secundária é o uso dos corticoides!!
5) Síndrome de Cushing
O excesso de uso também é maléfico pelo desenvolvi-
mento da Síndrome de Cushing. O quadro é deduzível
baseado nos efeitos adversos:
 Obesidade central com extremidades finas
 Dislipidemia, DM e HAS
 Facies em lua cheia
 Estrias
 Predisposição a glaucoma e a infecções
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA Não são produzidos no pâncreas e
sim na adrenal
B) INCORRETA Absurda! São inúmeros efeitos ad-
versos
C) CORRETA O uso racional não impede o apareci-
mento de efeitos adversos como psicose
D) INCORRETA São justamente 2 efeitos adversos!
Take-Home Message:
1) Corticoides são hormônios produzidos na adrenal
sob estímulo do ACTH
2) Atua no metabolismo lipídico e dos carboidratos. É
um hormônio contrainsulínico.
Além disso é um potente anti-inflamatório
3) Seu uso crônico, apesar de ser necessário em alguns
casos, causa inúmeros efeitos adversos, além de supri-
mir a produção endógena. Sua eventual retirada não
pode ser feita sem o correto desmame.
QUESTÃO 5
Sobre a Vitamina D, analise as assertivas abaixo: I. É
hidrossolúvel e pode ser obtida em maiores quanti-
dades por meio do consumo de alguns alimentos de
origem animal, como peixes, gema de ovo e leite. II.
A deficiência de vitamina D pode causar osteomalácia
ou osteoporose nos adultos e raquitismo nas crianças.
III. O excesso de vitamina D no organismo pode cau-
sar a elevação dos níveis de cálcio na corrente sanguí-
nea, podendo levar ao desenvolvimento de pedras nos
rins, arritmia cardíaca e insuficiência renal. Quais es-
tão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
 AMRIGS 2022
Questão bem direta! Vamos resumir o que há de mais
importante sobre essa vitamina:
1) Introdução
A vitamina D é lipossolúvel (assim como as vitaminas
K, A e E). Sua principal fonte de produção é a síntese
na derme, intermediada por raios UV. Na dieta, obte-
mos vitamina D por meio de peixes gordurosos, leite e
ovos. O que a luz solar faz é converter o 7-desidrocoles-
terol em Colecalciferol.
O colecalciferol é uma forma inativa. Para chegar até a
forma ativa, ele deve passar por 2 metabolizações:
 Hepática: formando a 25-hidroxivitamina D (que é
a principal forma circulante)
 Renal: formando a 1-25-diidroxivitamina D (que é
a forma ativa)
2) Absorção
É importante lembrar que, por ser lipossolúvel, é pre-
ciso uma absorção de gordura preservada. Ou seja, sín-
dromes disabsortivas (Crohn, Pancreatite crônica, Sín-
drome do intestino Curto) são potenciais causadoras
de deficiência de vitamina D.
Importante!!!! Uso crônico de corticoides causa má ab-
sorção de cálcio mediado por vitamina D
3) Funções básicas
 Aumento da absorção intestinal de cálcio
 Aumento da reabsorção óssea
 Diminuição da excreção renal de cálcio e fosfato
4) Deficiência/Resistência
Podemos desenvolver deficiência ou resistência por um
dos quatro mecanismos seguintes:
 Queda da disponibilidade (via dieta, via queda da
absorção ou via queda da exposição solar)
 Defeito na metabolização hepática
 Defeito na metabolização renal (DRC, raquitismo
dependente da vitamina D tipo 1)
DEZ 22 | 41
 Insensibilidade tecidual à vitamina D (Raquitismo
dependente da vitamina D tipo 2)
Há certa divergência na literatura sobre qual a faixa
adequada de vitamina D, porém o que vemos é que
valores maiores do que 20-30 são adequados.
A queda da vitamina D leva à hipocalcemia que, por
sua vez, causa uma elevação do PTH
(hiperparatireoidismo secundário). Um PTH alto leva
à desmineralização óssea com 2 consequências:
 Raquitismo/osteomalácia em crianças
 Osteomalácia/osteoporose em adultos
5) Excesso
É secundária à suplementação equivocada. A síntese
dérmica raríssimamente pode ser culpada, pois nesse
processo também há a formação de metabólitos inativos,
não sendo suficiente para causar uma hipervitaminose.
Sintomas incluem confusão mental, poliúria, polidipsia
e fraqueza muscular. Cronicamente, devido a hipercalce-
mia, pode cursar com nefrocalcinose, arritmias e DRC.
Vamos às alternativas:
I. É hidrossolúvel e pode ser obtida em maiores quan-
tidades por meio do consumo de alguns alimentos
de origem animal, como peixes, gema de ovo e leite.
&gt;&gt; INCORRETA. A vitamina D é lipossolúvel
II. A deficiência de vitamina D pode causar osteomalá-
cia ou osteoporose nos adultos e raquitismo nas crian-
ças. &gt;&gt; CORRETA
III. O excesso de vitamina D no organismo pode cau-
sar a elevação dos níveis de cálcio na corrente sanguí-
nea, podendo levar ao desenvolvimento de pedras nos
rins, arritmia cardíaca e insuficiência renal. CORRE-
TA e conceitual
A) INCORRETA
B) INCORRETA
C) CORRETA
D) INCORRETA
42 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
1) Vitamina D é obtida pela síntese dérmica + dieta
rica em peixes e ovos
2) A forma mais encontrada no corpo é a 25-diidroxi-
vitamina D e a ativa é a 1,25- diidroxivitamina D
3) Seu excesso causa hipercalcemia com nefrocalcinose,
DRC e arritmias e sua falta causa raquitismo em crian-
ças e osteomalácia/osteoporose em adultos
4) É lipossolúvel, portanto síndromes disabsortivas po-
dem levar à sua falta no organismo
QUESTÃO 06
Sobre a ivermectina, analise as assertivas abaixo: I. Es-
trongiloidíase, oncocercose, filariose, ascaridíase e pe-
diculose são algumas das doenças que podem ser com-
batidas com seu uso. II.
Elevação dos níveis de creatinina e ureia podem acon-
tecer em pacientes que utilizam a medicação devido a
sua excreção renal. III. Seu uso em doses elevadas pode
levar à crise de psicose, confusão mental e crises epilép-
ticas. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Questão muito direta cobrando os aspectos gerais da
Ivermectina
1) O que é
É um antiparasitário de ampla utilização no nosso
meio. Seu mecanismo de ação se baseia principalmente
no bloqueio de neurotransmissão de parasitas. Tam-
bém é documentada em literatura algum nível de imu-
nomodulação dos hospedeiros.
Sua metabolização é predominantemente hepática,
sendo que menos de 1% da ivermectina é excretada
na urina
2) Uso terapêutico
Seu uso mais conhecido é em doenças tropicais como
Oncocercose, Estrongiloidíase,
Escabiose, Filariose, Ascaridíase. Sendo que é pri-
meira escolha nos dois primeiros e opção terapêutica
nos outros.
3) Efeitos colaterais
Quando usada no contexto de oncocercose, pode cau-
sar uma reação conhecida como
Mazzotti, que cursa com artralgia, dor abdominal, lin-
foadenomegalia, erupções cutâneas, urticária e febre.
Isso se deve à morte dos parasitas que desencadeia uma
resposta inflamatória.
O seu uso em excesso pode causar hepatite medicamen-
tosa e alterações mentais ( confusão mental e crises con-
vulsivas). Alguns estudos isolados demonstraram que o
abuso dessa medicação pode se relacionar com psicoses.
4) 2 casos especiais
4.1) COVID: A última atualização sobre esse assunto
ainda reforça que faltam dados robustos para indica-la
em qualquer fase do seu tratamento. Ela foi sugerida
como tratamento devido seu efeito in vitro. No en-
tanto, a dose usada nesse contexto é centenas de vezes
maior do que as doses que usamos in vivo.
4.2) Em pacientes que irão passar por tratamentos
imunossupressores, o uso da ivermectina é indicado
para erradicação do Strongyloides stercoralis para evitar
a estrongiloidíase disseminada.
Vamos às alternativas:
I. Estrongiloidíase, oncocercose, filariose, ascaridíase
e pediculose são algumas das doenças que podem ser
combatidas com seu uso. >> CORRETA e conceitual
II. Elevação dos níveis de creatinina e ureia podem
acontecer em pacientes que utilizam a medicação devi-
do a sua excreção renal. >> INCORRETA. Menos de
1% da ivermectina é excretada na urina
 AMRIGS 2022
III. Seu uso em doses elevadas pode levar à crise de
psicose, confusão mental e crises epilépticas. >>
CORRETA. Apesar de raras, essas reações adversas,
principalmente no uso abusivo recente, foram relacio-
nadas à Ivermectina
A) INCORRETA
B) CORRETA
C) INCORRETA
D) INCORRETA
Take-Home Message:
1) As principais indicações de Ivermectina são as doen-
ças tropicais: Oncocercose,
Filariose, Estrongiloidiase, ascaridíase...
2) Sua principal via de metabolização é hepática
3) De efeitos colaterais guardem a reação do tipo Ma-
zzotti (secundária ao tratamento da oncocercose) e a
hepatite medicamentosa com sintomas neurológicos.
4) No COVID ainda não há respado para sua indicação
O uso da ivermectina é importante nos pacientes
imunossuprimidos para prevenir a estrongiloidía-
se disseminada.
QUESTÃO 07
Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando a clas-
se de anti-hipertensivos aos eventos adversos possíveis.
Coluna 1; 1. Hiperpotassemia. 2. Broncoespasmo. 3.
Edema de membros- inferiores. 4. Hiperglicemia. Co-
luna 2; ( ) Ramipril. ( ) Anlodípino. ( ) Atenolol. ( )
Hidroclorotiazida. A ordem correta de preenchimento
dos parênteses, de cima para baixo,é:
A) 4 - 1 - 3 - 2.
B) 1 - 3 - 2 - 4.
C) 3 - 2 - 4 - 1.
D) 3 - 4 - 1 - 2.
DEZ 22 | 43
Efeitos colaterais das medicações anti-hipertensivas é um
tema bem recorrente, visto que são medicações de ampla
utilização em nosso meio. Portanto, estudar os efeitos ad-
versos das classes medicamentosas é muito importante:
1) IECA/BRA
Classe muito utilizada em HAS, DRC desde que com
proteinúria ou secundária a DM e IC.
Apresenta como vantagem não causar tantos efei-
tos colaterais quando comparada aos diuréticos e
aos betabloqueadores.
Seu efeito anti-hipertensivo vem do bloqueio da pro-
dução de angiotensina, um potente vasoconstritor.
A) Queda da TFG
Normalmente essa queda é discreta, porém em pacien-
te que apresentam estenose bilateral de artéria renal,
DRC, nefroesclerose essa queda pode ser importante.
Isso ocorre porque, nesses casos, a TFG já é mantida
por uma vasoconstrição da arteríola eferente. Como o
IECA causa vasodilatação, há uma retirada do mecanis-
mo compensatório.
B) Hipercalemia
A angiotensina II é um dos estimulantes da Aldoste-
rona. Seu bloqueio causa uma redução dessa última e,
consequentemente, uma redução da excreção de potás-
sio. Nesse ponto é importante ter muito cuidado com
outros fatores que podem exacerbar o acúmulo de po-
tássio, com destaque para DRC e uso concomitante de
antagonistas da aldosterona.
C) Tosse
O provável mecanismo associado é o de acúmulo de
bradicininas que são normalmente metabolizadas pela
enzima conversora de agiotensina. Esse acúmulo induz
irritação brônquica.
Dado isso vem o pulo do gato: os BRAs não inibem
essa em enzima. Sua atuação é no receptor final. Dessa
forma, os BRAs CAUSAM MUITO MENOS TOSSE!
44 | DEZ 22 AMRIGS 2022
D) Angioedema
Esse evento é raro, porém é uma das causas mais típicas
de angioedema induzido por droga! O IECA deve ser
suspenso imediatamente.
2) Betabloqueadores
São drogas que, ao causar inotropismo e cronotropis-
mo negativos, levam a uma queda do débito cardíaco.
São conhecidamente cardioprotetores, sendo indicados
em pacientes com HAS + arritmias ou IC ou pós-IAM.
A) Insuficiência cardíaca
Ora, IC é um efeito adverso, porém uma das indica-
ções de betabloqueadores não é justamente a IC? Nas
primeiras 8 a 12 semanas o betabloqueador realmente
piora os sintomas. Por isso, NÃO DEVEMOS INI-
CIAR SE O PACIENTE ESTÁ DESCOMPENSA-
DO. E, caso o paciente descompense, porém esteja em
uso da medicação, não devemos suspendê-la.
B) Bradicardia
É de se esperar uma queda da frequência cardíaca, por-
tanto temos que ter cuidado com pacientes que apre-
sentem bloqueios ou doença do nó sinusal, já que a
administração dos betabloqueadores pode desenca-
dear sintomas ou até piorar os bloqueios previamen-
te existentes.
C) Broncoespasmo
Principalmente os que não são cardiosseletivos podem
bloquear o receptor B2 nos brônquios, desencadeando
uma crise de broncoespasmo.
D) Outros
Piora da dislipidemia, efeito rebote com suspensão
imediata, fenômeno de Raynaud
3) Bloqueadores do canal de cálcio
O bloqueio dos canais de cálcio nos vasos sanguíneos
leva a uma vasodilatação e a um inotropismo negativo.
Existem 2 subclasses: as di-hidropiridinas (anlodipino)
e as não di- hidropiridinas (verapamil e diltiazem). Para
HAS especificamente preferimos a primeira subclasse.
A) Edema periférico
Esse é um dos mais conhecidos. Devido à vasodilatação
ocorre uma maior permeabilidade dos vasos sanguíneos
e consequente extravasamento de plasma. Vejam que
interessante: esse é um edema que não tende a melho-
rar com diuréticos. Aliás, a associação com um IECA/
BRA curiosamente tende a melhorar devido seu efeito
venodilatador, o que equilibra a pressão local.
B) Insuficiência cardíaca
Como causa inotropismo negativo, a subclasse não-di-
-hidropiridínica (que também são conhecidas como
cardiosseletivas) não deve ser usada em pacientes
com ICFEr.
4) Tiazídicos
Sua atuação é inibindo a bomba de Na/Cl, causando
efeito natriurético e diurético.
A) Precipitação de crise de gota
Os tiazídicos causam um aumento na reabsorção de
urato, levando a hiperuricemia e podendo causar, con-
sequentemente, uma crise de gota
B) Hipocalemia e hiponatremia
O mecanismo é complementar. Chega muito sódio
ao túbulo contorcido distal, onde o mesmo é trocado
pelo potássio.
C) Hipercalcemia
Como há redução da calciúria, esse efeito colateral
pode até ser usado como um benefício, por exemplo
em pacientes com osteoporose ou com nefrolitíase
D) Hiperglicemia
O provável mecanismo é a falha de fechamento dos ca-
nais de potássio em resposta ao aumento da concentra-
ção plasmática de glicose, o que resultaria numa queda
da secreção de insulina
E) Outros
Disfunção sexual, distúrbios do sono.
 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
1. Hiperpotassemia. 2. Broncoespasmo. 3. Edema de
membros-inferiores. 4. Hiperglicemia.
Coluna 2;
(1) Ramipril. >> IECAs são conhecidos por causar hi-
perpotassemia por inibição indireta da aldosterona
(3) Anlodípino. >> Pelo efeito vasodilatador, há um
extravasamento de líquido principalmente em MMII
(2) Atenolol. >> Por bloqueio do beta2 nos brônquios
(4) Hidroclorotiazida >> Por queda na secreção de
insulina
A) INCORRETA
B) CORRETA
C) INCORRETA
D) INCORRETA
Take-Home Message:
Classe Efeito adverso
IECA Hipercalemia, queda da TFG, Tosse
Betabloqueador Bradicardia sintomática, broncoespasmo
Antagonista do canal de cálcio Edema de membros in-
feriores, piora da IC
(principalmente Verapamil e Diltiazem)
Tiazídicos HIPER: Uricemia, Glicemia, Calcemia
HIPO: Natremia, Potassemia, Magnesemia
DEZ 22 | 45
QUESTÃO 08
Homem de 78 anos, com hipertensão arterial e Dia-
betes Melito, está em uso de levofloxacin há 3 dias por
pneumonia, sem melhora clínica. As culturas de secre-
ção respiratória mostram
Staphylococcus aureus meticilina sensível. Diante da
situação, assinale a alternativa que apresenta a melhor
escolha para o tratamento deste paciente.
A) Vancomicina.
B) Piperacilina-tazobactam.
C) Oxacilina.
D) Ertapenem.
Inicialmente ao ler a questão podemos pensar que se
tratará de uma pergunta sobre uma
Pneumonia não responsiva a antibióticos. Porém, aca-
bou sendo uma questão sobre guiar antibiótico baseado
em cultura! Isso a deixou muito mais simples.
A meticilina é um betalactâmico pertencente ao grupo
das penicilinas. Ela não mais é produzida, tendo sido
substituída pela oxacilina. O racional de desenvolvi-
mento dessa droga foi a seguinte: após a difusão das
penicilinas, houve uma rápida disseminação de resis-
tência pro produção das betalactamases. Assim, foram
desenvolvidas penicilinas resistentes às penicilinases,
cujo único representante no Brasil é a Oxacilina.
Revisem agora o geral do tratamento da pneumonia
adquirida na comunidade: Para finalizar esse já extenso
comentário, vamos revisar o tratamento de uma Pneu-
monia Adquirida na
Comunidade:
1) Paciente fora do hospital:
A) Se sem nenhuma comorbidade, acreditem ou não:
Macrolídeo
B) Se com alguma comorbidade, algum fator de risco
para pneumococo resistente (principalmente hos-
pitalização ou uso de antibióticos nos últimos 3
meses): Marcrolídeo + Betalactâmico OU Quino-
lona respiratória em pacientes alérgicos.
46 | DEZ 22 AMRIGS 2022
OBSERVAÇÃO: Quais as 3 quinolonas respiratórias??
Levofloxacino, Gemifloxacino e
Moxifloxacino. MUITO cuidado em provas que dei-
xam sorrateiramente uma opção com
Ciprofloxacino isoladamente!!!!
2) Paciente na enfermaria (muito semelhante ao pa-
ciente com comorbidade que tratará fora do hospital)
A) Macrolídeo + Betalactâmico: mas atenção!!!! Com o
paciente já internado nõs não usamos Amoxicilina
rotineiramente. Os mais usados são Ceftriaxona,
Ampicilina+Sulbactan e Cefotaxima.
B) Quinolonas respiratórias
3) No CTI: (aqui, na maioria esmagadora das vezes.
teremos uma associação de medicações)
A) Betalactâmico + Macrolídeo/Quinolona: Vejam
o detalhe. Aqui, tecnicamente, eu poderia usar
quinolonas não respiratórias, já que seria um tra-
tamento conjugado com outro antibiótico. Mas a
preferência é por quinolonas respiratórias de qual-
quer forma.
Se pensarmos em Pseudomonas aeruginosas (uso re-
cente de antibióticos ou doenças pulmonares graves)
devemos usar um Antipseudomônico associado:
A) Ou a uma quinolona
B) Ou a um Aminoglicosídeo + Macrolídeo
Há uma lógica de escalonamento de antibióticos, sen-
do que o centro são 3 classes: betalactâmicos, macrolí-
deos e as fluoroquinolonas!
Duas últimas informações muito importantes:
1) Quais são as drogas capazes de combater a Pseudo-
mona aeruginosa?
Piperacilina+tazobactam, Cefepime, Meropenem e
Imipenem. Vejam: ERTAPENEM NÃO POSSUI
COBERTURA CONTRA A PSEUDOMONA!
2) E se na questão houver algum tipo de destaque para
um paciente grave usuário de drogas, invadido por al-
gum cateter ou com crescimento de Cocos gram posi-
tivos na cultura?
Nesses casos pensamos em Staphilococcus aureus re-
sistente a meticilina, o temido MRSA! AÍ associamos a
Vancomicina ou a Linezolida
Essa última informação é muito interessante, pois se a
prova destrinchado melhor o caso e não tivesse dado a
cultura poderíamos pensar em MRSA. Porém ela foi
boazinha e nos deu a cultura! Aí não precisamos quei-
mar muito ATP.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA Houve o isolamento de S. aureus
SENSÍVEL!! Ou seja, não há necessidade de van-
comicina
B) INCORRETA Essa droga tem cobertura anti-pseu-
domonas. É sim uma opção possível para Staphilo-
coccus sensível à meticilina, mas não é a primeira
opção! Guardamos justamente para suspeita de in-
fecções por pseudomonas
C) CORRETA É a droga de escolha
D) INCORRETA Igual a letra A, é avançar demais.
Aqui guardamos para ESBL, por exemplo (produ-
tores de betalactamase de espectro estendido)
Take-Home Message:
1) Se a prova te deu a cultura, não invente! Guie seu
tratamento
2) As 3 principais classes medicamentosas contra Pneu-
monia são: betalactâmicos, quinolonas e macrolídeos
3) A droga de escolha para estafilococo sensível à meti-
cilina é a Oxacilina
4) É possível tratar estafilococos sensíveis à meticilina
com a adição de inibidores da beta-lactamase. Nesse
caso pesamos o estado geral do paciente e a condição de
tratamento extra-hospitalar, já que a Oxacilina não só é
a droga de escolha como é venosa e possui uma posolo-
gia não favorável (doses a cada 4 ou 6 horas)
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 09
Sobre os cálculos renais e seu manejo, assinale a alter-
nativa correta.
A) Os cálculos entre 5 mm e 10 mm apresentam uma
probabilidade de 70% de serem eliminados espon-
taneamente sem necessidade de intervenção.
B) Os anti-inflamatórios não esteroides são a classe de
drogas de primeira escolha para o manejo da dor.
C) Os diuréticos de alça e a acetazolamida reduzem a
possibilidade de formação de cálculos renais.
D) Os cálculos de estruvita apresentam geralmente pH
urinário baixo, ao passo que um pH elevado faz
pensar em cálculos de ácido úrico.
O que devo saber sobre nefrolitíase?
1) Etiologia
Mais de 70% dos casos é causada por cálculos de oxala-
to de cálcio (sendo que em torno de
35% apresentam fosfato de cálcio associado). Outros
constituintes por ordem de frequência são:
 Estruvita (fosfato amoníaco): relacionada à Infecção
por microorganismos produtores de uréase (Kleb-
siella, Serratia, Pseudomonas, Proteus, Ureaplas-
ma). Outra característica relevante é a formação de
cálculos coraliformes (ou seja, grandes cálculos que
se moldam ao sistema coletor). Relacionada ao pH
urinário alto. Por fim, seu aspecto à microscopia é
em tampa de caixão.
 Ácido úrico: aqui temos maior relação com pH áci-
do com aspecto em placas romboides à microscopia
 Cistina: são formados por um defeito hereditário. O
aspecto em hexagonais na microscopia é patogno-
mônico. Também se forma em pH ácido.
A formação dos cálculos normalmente deriva da super-
saturação do composto. E isso pode ocorrer de inúme-
ras formas: aumento da concentração urinária, altera-
ção de pH da urina.
Após isso, há a agregação dos compostos, dando ori-
gem aos cálculos.
DEZ 22 | 47
2) Fatores de risco
 HP de nefrolitíase (há uma taxa superior de recor-
rência em 10 anos)
 Baixa ingesta hídrica, excesso de sal e alto consumo
proteico
 Síndrome do intestino curto, Crohn
 HAS e gota
 ITU recorrente
3) Manifestações clínicas
 Cólica nefrética: dor intensa que cursa com Giorda-
no positivo. Com a descida do cálculo, o paciente
pode referir irradiação para a região inguinal. Nor-
malmente vem acompanhada com sintomas auto-
nômciso como náuseas e vômitos.
 Hematúria
 Infecção
 Obstrução
4) Diagnóstico
Frente a uma suspeita clínica, é importante comple-
mentar com exames de imagem. O padrão ouro é a TC
helicoidal não contrastada. É excelente por ainda abar-
car diagnósticos diferenciais importantes (diverticulite,
apendicite e pielonefrite). Em caso de pacientes gestan-
tes ou ausência de TC, solicitar uma ultrassonografia
de rins e vias urinárias.
A radiografia de abdome pode ser uma possibilidade
em completa ausência dos outros métodos, porém não
é possível visualizar cálculos de ácido úrico por não se-
rem radiopacos.
5) Tratamento agudo
A) Dor
A primeira escolha recai sobre os AINEs que, além de
serem analgésicos, podem inibir
• espasmo ureteral causador da dor. Em pacientes re-
fratários, usar opioides.
48 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Os bloqueadores alfa-1-adrenergicos fazem parte da te-
rapia médica expulsiva, indicados para cálculos peque-
nos (&lt;1cm) sem complicações.
B) Terapia urológica
Quem?
 Cálculos maiores que 1cm (a partir de 5mm há um
decréscimo gradual da passagem espontânea, sendo
que menos de 60% conseguem expelir cálculos de
7mm. )
 Presença de infecção associada: nesses casos pode-se
passar um duplo J e postergar a retirada do cálculo
 Refratariedade ao tratamento clínico
 Injúria renal aguda
Qual?
 Litotripsia extracorpórea em cálculos menores de
1cm que estejam em situação proximal ou no ureter
médio. Algumas referências consideram que pode-
mos fazer a
LECO em cálculos RENAIS com até 2cm!
 Ureterorrenoscopia se o cálculo for &gt;1cm ou se
for um cálculo duro (cistina), o paciente for obeso,
for gestante ou apresentar alterações anatômicas das
vias urinárias
 Nefrolitotomia percutânea: cálculos coraliformes,
maiores que 2cm ou refratários á litotripsia ou esti-
verem em situação de polo inferior.
 Desobstrução com duplo J em caráter de urgência:
infecção, obstrução, disfunção renal, oligoanúria.
6) Tratamento crônico
Além de aumentar a ingesta hídrica, algumas interven-
ções específicas de acordo com o composto relacionado
ao cálculo:
Cálcio:
 Reduzir sódio e ingesta proteica. Curiosamente
não se deve reduzir a ingesta de cálcio porque isso
aumenta a oferta de oxalato e, “paradoxalmente”,
pode aumentar a formação de cálculos.
 Tiazídicos podem ser uma opção devido seu efeito
de reabsorção de cálcio
 Caso o problema dos cálculos não seja a hipercalci-
úria e sim a hiperoxalúria
(normalmente secundária a síndromes desabsortivas) a
colestiramina e cálcio oral são indicados na tentativa de
diminuir a oferta de oxalato no intestino.
Ácido úrico
 Diminuir ingesta de Na
 Alopurinol
Estruvita
 Antibioticoterapia guiada
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA Cálculos acima de 5mm apresentam
gradual redução da chance de expulsão espontânea
B) CORRETA Além de analgésicos, eles reduzem o
espasmo ureteral
C) INCORRETA Os diuréticos de alça propiciam a
formação de cálculos.
D) INCORRETA Os cálculos de estruvita são forma-
dos em pH alcalino enquanto os de ácido úrico em
pH ácido.
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 49

Take-Home Message:
1) 2 tabelinhas para estudo!

2) Lembrar que o tratamento crônico envolve aumento da ingesta hídrica e, em caso de cálculos de cálcio, reduzir
ingesta de sódio (e não de cálcio!). Em pacientes cujo defeito é a hiperoxalúria é ate indicada reposição de cálcio
para quelar o oxalato no intestino.
50 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 10
Sobre o tratamento da artrite reumatoide, analise as as-
sertivas abaixo:
I. O metotrexato é o medicamento antirreumáti-
co modificador de doença de escolha para o início
do tratamento.
II. A hidroxicloroquina pode ser utilizada em conjunto
com o metotrexato no tratamento e necessita moni-
toramento com oftalmologista pelo risco de toxicida-
de retiniana.
III. O uso de agentes biológicos dirigidos contra citoci-
nas e anticorpos monoclonais, isolados ou em conjunto
com metotrexato, não mostrou benefício em reduzir
a velocidade de progressão das lesões radiográficas, re-
duzindo apenas a intensidade dos sintomas. Quais es-
tão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Tratamento de artrite reumatoide! Apenas
para contextualizar:
1) O que é a AR?
A) É uma doença reumatológica caracterizada pela po-
liartrite simétrica com predomínio de extremidades
(pés, mãos e punhos)
B) Epidemiologicamente, como a grande maioria das
doenças reumatológicas, é mais comum em mulhe-
res acima dos 25 anos.
C) Os fatores de risco mais relacionados ao processo de
aparecimento da AR são
• tabagismo e a história familiar positiva.
D) Seu mecanismo base de lesão é a sinovite crônica
que, em caso de não controle, evolui para destrui-
ção de tecidos ao redor, levando à erosão de ossos
e cartilagens.
2) Patologia
A) Um ponto fundamental e que inclusive justifica
parte da terapêutica é a hiperprodução de TNF-
-alfa, que tem atuação na destruição articular por
estimulo de osteoclastos.
B) Como todo processo autoimune, isso engloba gran-
des cascatas ainda muito obscuras, porém já é bem
estabelecido que a associação de fatores ambientais
e genéticos favorecem linfócitos CD4 que reconhe-
cem antígenos sinoviais e em seguida estimulam
linfócitos B a produzirem autoanticorpos contra
as articulações.
3) Quadro clínico articular: essa parte pode ser muito
maçante pela quantidade de informações. Porém cai
muito em prova. Iremos grifar o mais importante!
A) Artrite simétrica de extremidades: dor, calor, rigi-
dez matinal... Porém: poupam-se as interfalangea-
nas distais e coluna lombar, sacral e torácica!
B) As mãos e os punhos: alargamento e edema das
articulação afetada com posterior atrofia dos mús-
culos interósseos. i. Desvio ulnar das articulações
metacarpofalangeanas ii. Pescoço de cisne: flexão
da Interfalangeana proximal + extensão da interfa-
langeana distal iii. Dedo em abotoadura: extensão
da Interfalangeana proximal + flexão da interfalan-
geana distal iv. Síndrome do túnel do carpo
Esquema mostrando as deformidades em
abotoadura (2º dedo) e em cisne (3º dedo)
 AMRIGS 2022
C) A coluna cervical: pode ter um achado MUITO tí-
pico que é a subluxação atlanto-axial (C1-C2)
D) Articulação cricoaritenóidea: rara! Mas pode haver
rouquidão, dor local, disfonia e, em casos severos,
insuficiência respiratória.
E) Joelho: edema local. Pode haver herniação poste-
rior da capsula articular levando ao conhecido cisto
de Baker.
Vejam que, apesar de ser muito mais típico o acome-
timento de mãos e punhos, outras articulações podem
ser acometidas!
Para não fugir do assunto da questão, apenas para re-
frescar a memória de algumas manifestações extra-arti-
culares: Derrame pleural com característico consumo
de glicose, nódulos reumatoides, pericardite e Sjogren.
Enfim, vamos ao tratamento:
Entendam o seguinte: existem drogas capazes de con-
trolar sintomas (AINE e Glicocorticoides) e as chama-
das Drogas Antirreumáticas Modificadoras de Doen-
ça (DARMD). Todo paciente diagnosticado com AR
deve ser tratado com uma DARMD.
O grande objetivo é iniciar precocemente para obter
remissão antes de lesões articulares irreversíveis. Con-
sideramos o paciente em remissão se o acometimento
articular se limitar a no máximo 1 articulação e se o
PCR estiver controlado.
1) AINE e Glicocorticoides
Não modificam a história natural da doença e devem
ser utilizadas na menor dose possível pelo menor tem-
po, pois ambas apresentam efeitos colaterais a longo
prazo. Devem ser iniciadas concomitantemente às dro-
gas modificadoras de doença. Uma estratégia interes-
sante é usar doses altas de corticoide por curto prazo
e em seguida reduzir para doses mínimas até que os
DARMDs tenham alcançado seu pleno efetio.
2) DARMDs convencionais
A grande representante e primeira escolha para AR é o
metotrexato. Além de ser mais eficaz, possui um padrão
de efeitos colaterais melhor do que os outros medica-
DEZ 22 | 51
mentos. Usamos concomitante com ácido fólico para
diminuir a toxicidade.
Outras drogas são a sulfassalazina e a leflunomida.
A hidroxicloroquina pode ser utilizada em doenças mais
brandas, porém possui uma eficácia limitada e apresenta
como efeito colateral importante a toxicidade retiniana.
3) DARMDs biológicas
Os mais importantes são os anti-TNF-alfa que além de
controlarem bem a doença articular, atual nas mani-
festações extra-articulares. Alguns exemplos: adalimu-
mabe, infliximabe; golimumabe; etarnecept.
Outras drogas que entram nessa classe: anakinra, abate-
cept, tocilizumabe e rituximabe (anti-
CD20 também muito utilizado no Linfoma não-Hod-
gkin) e o tofacitinibe.
Tirando contraindicações específicas aos tratamentos
convencionais, o início das DARMDs biológicas nor-
malmente se dá em terapia combinada em pacientes
refratários ao metotrexato isolado.
Vamos às alternativas:
I. O metotrexato é o medicamento antirreumático mo-
dificador de doença de escolha para o início do trata-
mento. &gt;&gt; CORRETA! Sua ação é mais rápida e
seu padrão de efeitos adversos é mais tolerável
II. A hidroxicloroquina pode ser utilizada em conjunto
com o metotrexato no tratamento e necessita monito-
ramento com oftalmologista pelo risco de toxicidade
retiniana. &gt;&gt; CORRETA.
Ainda é indicada em alguns casos, principalmente
em associação. Sua toxicidade retiniana é sabida-
mente um problema
III. O uso de agentes biológicos dirigidos contra citoci-
nas e anticorpos monoclonais, isolados ou em conjunto
com metotrexato, não mostrou benefício em reduzir
a velocidade de progressão das lesões radiográficas, re-
duzindo apenas a intensidade dos sintomas. &gt;&gt;
INCORRETA! As únicas drogas que apenas reduzem
intensidade dos sintomas são os corticoides e AINEs.
52 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Podemos fazer outro exercício... Qual o nome técnico
dessas drogas? Drogas antirreumáticas MODIFICA-
DORAS de doença
A) CORRETA
B) INCORRETA
C) INCORRETA
D) INCORRETA
Take-Home Message:
1) O primeiro tratamento da AR deve ser o metotrexato.
2) Podemos associar AINE/Corticoides para controle
sintomático até que os DARMDs alcancem efeito pleno
3) Devemos pensar em terapia combinada se não hou-
ver controle em 6 meses
4) As DARMDs biológicas são boas opções para tera-
pia combinada e seus principais representantes são os
anti-TNF-alfa
QUESTÃO 11
Qual destas medicações deve ser evitada na gota aguda?
A) Alopurinol.
B) Colchicina.
C) Ibuprofeno.
D) Prednisona.
Questão muito direta e muito simples. Aproveite para
estudar gota que é um assunto que frequentemente cai
em prova!
1) Fisiopatologia
A base fisiopatológica da gota são depósitos de urato
monossódico nas articulações, causados pelo acúmulo
de ácido úrico no corpo. Isso por si só não desencadeia
a crise gotosa, pois a hiperuricemia crônica acaba levan-
do a um equilíbrio. Porém quando há alguma alteração
aguda do nível do ácido úrico esses cristais se soltam
nas articulações e são fagocitados por macrófagos. Em
última instancia há uma liberação brutal de citocinas
pró inflamatórias!!
Inicialmente o acometimento é na primeira articulação
metatarsofalangeana. É autolimitada, dando sua carac-
terística clássica em surto-remissão. Porém, com o tem-
po, evolui para um acometimento poliarticular.
Se inicialmente os surtos de gota vão embora sem dei-
xar sequelas, as constantes crises levam a deformidades
articulares chamadas artrite gotosa crônica.
Ok. Mas porque há acumulo crônico de ácido úri-
co? A diminuição da excreção renal é responsável
mais importante!
A formação do ácido úrico vem da metabolização
das purinas. Portanto dietas ricas em purinas podem
ser causas da artrite gotosa aguda: fígado, carne, an-
chovas. Além disso, o etanol facilita reações de sínte-
se de ácido úrico! Por fim o uso de medicações, com
os diuréticos (principalmente tiazídicos), podem cau-
sar hiperuricemia!
1) Diagnóstico
Fácil, só pedir o ácido úrico, né? Não caiam nessa! Fa-
lamos mais acima que qualquer alteração de valor do
ácido úrico é suficiente para desencadear a crise gotosa.
QUALQUER! Inclusive para baixo. Portanto o valor
da uricemia durante a crise não tem valor diagnósti-
co nenhum!
Suspeição clínica + punção articular! É importante a
segunda parte porque monoartrites agudas possuem
como importante diagnóstico diferencial a ARTRITE
SÉPTICA (diferenciaremos pelo crescimento de micro-
-organismos) . A prova, ao invés de dizer que há uma
artrite em primeira articulação metatarsofalangeana,
ela pode descrever como PODAGRA, nome clássico!
Se houver tofos gotosos (depósitos de cristais de ura-
to no tecido conjuntivo), posso usá-los como sítio
de punção!
Qual o achado típico da punção? CRISTAIS EM
AGULHA COM BIRREFRINGÊNCIA NEGATIVA
à microscopia com luz polarizada
2) Tratamento agudo
3 drogas, por ordem de escolha:
 AMRIGS 2022
A) AINE: principalmente Ibuprofeno, Diclofenaco,
Naproxeno e Indometacina
B) Colchicina: 1mg de dose de ataque e 0,5mg de
2/2h até melhora do quadro ou até ter diarreia ou
até alcançar 6-8mg AO DIA.
C) Corticoide: uma boa opção para qua-
dros poliarticulares!
E um hipouricemiante?? NÃO!!!!! Já dissemos que va-
riações agudas de acido úrico propiciam as crises. Logo,
usar um hipouricemiante na crise pode piorar o quadro!
Mas nunca mesmo?? Bom, quase nunca! Apenas pa-
cientes extremamente selecionados. Aqueles que são de
tão difícil controle que na prática estão o tempo todo
em crise.
3) Tratamento crônico
Agora sim pensamos nos hipouricemiantes, já que o
objetivo principal é evitar seus depósitos.
Iniciaremos essa terapia em quem:
A) Já tenha apresentado pelo menos 2 episódios
B) Tenha sinais de artrite gotosa crônica ou tofos gotosos
C) Presença de nefrolitíase por cristais de ácido úrico
D) Gota associada a insuficiência renal
E) Valores de ácido úrico maiores que 9
Agora um ponto curioso: a terapia eficaz reduz os tofos!
Portanto devemos buscar valores &lt;5-
6! O tratamento é mantido indefinidamente.
Quando vamos iniciar o tratamento, associamos col-
chicina como uma profilaxia, durante 6 meses. Pode-
mos suspender antes caso não haja evidência de tofos
e a uricemia esteja bem controlada. Porem, de acordo
com o ACR, é recomendado manter a profilaxia se o
paciente permanecer tendo crises de gota a despeito das
medidas instituídas.
Mas tratar com o que?
Existem drogas que causam discreto efeito uricosúrico,
sendo portanto, adjuvantes:
Fenofibrato, Losartana e Anlodipino
DEZ 22 | 53
1) Alopurinol: inibidor da xantina oxidase (que é a en-
zima responsável pela produção de ácido úrico). Inicia-
mos com a dose de 100mg, mas não raramente preci-
samos de doses acima de 300mg. Pode ter importantes
efeitos colaterais: NIA, vasculite, NET e pancitopenia.
A) Apenas para sermos completos, afinal nunca se sabe
até onde a banca pode ir: há um alelo chamado
HLA-B*5801, mais comum em asiáticos, que, caso
presente, pode causar efeitos adversos graves!
B) Outro representante: Febuxostat
2) Uricosúricos: só devemos usar em quem não apre-
senta uma excreção aumentada de ácido úrico na urina
(&gt;800mg/24h).
A) Probenecida. A mais comum, porém contraindica-
da em pacientes com DRC
B) Benzbromarona. Pode ser usada na DRC
Obviamente o tratamento comportamental deve ser
instituído em todos: restrição de purinas, restrição de
álcool, perda de peso e evitar o uso de diuréticos (espe-
cialmente os tiazídicos!)
Vamos às alternativas:
A) CORRETA As medicações que reduzem o ácido úri-
co não devem ser utilizadas na crise aguda sob risco
de piora do quadro. Em alguns casos, principalmen-
te naqueles que estão constantemente em crise, o
alopurinol pode ser acrescentado, mas isso é exceção!
B) INCORRETA É segunda escolha, sendo uma boa
opção aos AINEs
C) INCORRETA É a primeira opção
D) INCORRETA É sim uma opção, principalmente
para quadros poliarticulares
1) Articulação clássica da gota: primeira metatarsofa-
langeana (Podagra)
2) Achado típico: CRISTAIS EM AGULHA COM
BIRREFRINGÊNCIA NEGATIVA à microscopia
com luz polarizada
3) Forma clínica de aparecimento: surto-remissão que,
cronicamente evolui para tofos gotosos e artrite crônica
54 | DEZ 22 AMRIGS 2022
4) Tratamento de fase aguda é feito com AINE ou Col-
chicina ou Corticoide
5) Tratamento crônico é feito ou com inibidor de xan-
tina oxidade ou com uricosúrico
(caso a excreção de ácido úrico seja menor que
6) Anti-hipertensivo que melhora a uricemia: LOSAR-
TANA e ANLODIPINO.
7) Anti-hipertensivo que piora a uricemia: HIDRO-
CLOROTIAZIDA
QUESTÃO 12
É causa de hiperpotassemia, EXCETO:
A) Uso de inibidor da enzima conversora da
angiotensina.
B) Acidose tubular renal tipo IV.
C) Acidose tubular renal tipo II.
D) Insuficiência adrenal.
A prova de 2022 da AMRIGS foi bem direta. Focare-
mos o comentário nas acidoses tubulares, que são pa-
tologias que estudamos dentro do grupo dos distúrbios
tubulares. São 3 os que merecem destaque:
Antes, guardem: o que as três tem em comum?? Todas
são acidoses metabólicas hiperclorêmicas (ou seja, com
o Anion Gap normal)
1) ATR tipo I
 Causa: impedimento da secreção de H+ no túbulo
contorcido distal
 Como não há sua secreção, o pH urinário encontra-
-se persistentemente elevado.
Além disso, como há o seu acúmulo no sangue, o mes-
mo consome o bicarbonato que acaba sendo notoria-
mente baixo
 Em condições fisiológicas o hidrogênio e o potássio
competem por reabsorção nos túbulos. Como não
há essa competição (já que “sobra H+” reabsorvido),
o potássio é espoliado e, portanto, há hipocalemia
 Duas outras consequências são o aumento da calciú-
ria com queda da citratúria, ou seja, há uma impor-
tante predisposição à nefrocalcinose e à nefrolitíase
 Causas secundárias relacionadas: Artrite Reumatoi-
de, Sjogren, Anfotericina B
 Tratamento: alcalinização com citrato de potássio
(resolve tanto a acidose quanto a hipocalemia)
2) ATR tipo II
 Causa: dificuldade de reabsorção do bicarbonato,
causando bicarbonatúria
 O interessante é que o pH da urina inicialmente é
alcalina, devido à bicarbonatúria.
Porém com o consumo dos estoques, o pH volta ao
normal ou até fica ácido!
 Há um aumento da retenção de K+ na urina devido
à presença de HOC3-, portanto também cursa com
hipocalemia
 O excesso de H+ não encontra HCO3- para se ligar,
como é o caso da ATR I, portanto ele é tamponado
por Cálcio e por fosfato, causando problemas de
desmineralização
 Causas secundárias: Sjogren, Fanconi, Mieloma,
Amiloidose
 Tratamento: citrato de potássio
3) ATR tipo IV
 Causa: deficiência de aldosterona ou insensibilidade
à mesma
 O quadro é semelhante ao uso crônico de espirono-
lactona/hipoaldosteronismo: a excreção aumentada
de Sódio com consequente retenção de potássio e
hidrogênio
 Devido ao exposto acima, é a acidose tubular renal
que cursa com HIPERCALEMIA!
Além disso o pH urinário é normal com bicarbonato
não tão consumido como as
ATRs I e II
 AMRIGS 2022
 Causas associadas: Uso de IECA, Insuficiência adre-
nal, Diabetes Mellitus
O foco era as acidoses tubulares, mas vamos entender
como as outras duas opções da prova afetam o potássio:
1) IECA
A angiotensina II, que é bloqueada pelos IECA, é um
dos estimulantes da Aldosterona. Logo há uma redução
dessa e, consequentemente, uma redução da excreção
de potássio. Resultado final: hipercalemia
2) Insuficiência adrenal
Ora, é na adrenal que há a produção dos mineralocorti-
coides, classe a que pertence a aldosterona. Aí é deduzí-
vel: níveis baixos de aldosterona levam a hipercalemia.
Take-Home Message:
Essa tabelinha resume bem:
DEZ 22 | 55
Reparem que nem precisaríamos ir tão fundo, já que
expomos no tópico sobre a ATR IV que
IECA e Insuficiência adrenal são causas secundarias
dessa patologia!
Vamos às alternativas:
A) INCORRETO O uso de IECA tem como um dos
principais efeitos colaterais a hipercalemia
B) INCORRETA É a acidose tubular que cursa com
hipercalemia
C) CORRETA Essa patologia cursa com HIPO-
CALEMIA
D) INCORRETA A deficiência de mineralocorticoi-
des na insuficiência adrenal leva a hipercalemia
56 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 13
Assinale a alternativa correta quanto às manifestações
clínicas do Acidente Vascular Encefálico isquêmico de
acordo com o vaso ocluído.
A) A cegueira bilateral é manifestação frequente da
oclusão da artéria cerebral posterior.
B) Hemiparesia contralateral e anosognosia ocorrem
na oclusão da artéria cerebral média.
C) Abulia e incontinência urinária são manifestações
típicas da oclusão da artéria vertebral.
D) Vertigem, náuseas e nistagmo são comuns na oclu-
são da artéria cerebral anterior.
Questão, digamos, pouco amigável! Vamos tentar orga-
nizar o pensamento para resolvê-la:
Como vocês sabem, a circulação cerebral apresenta 2
irrigações: uma anterior e uma posterior que, respec-
tivamente, são originadas das carótidas internas e das
vertebrais (essas ainda se unem para formar a artéria ba-
silar). Então didaticamente, vamos separar esse estudo:
1) Circulação anterior
A carótida interna se bifurca em 2 artérias: cerebral
média e cerebral anterior, cada uma com sua área de
irrigação específica.
A) Cerebral média
Essa é a artéria mais importante da circulação cerebral,
irrigando boa parte do córtex frontoparietal e temporal.
Quais as funções das áreas irrigadas? Função motora,
sensorial, olhar conjugado, estereognosia (reconheci-
mento tátil de objetos), fluência e compreensão da fala
(área de
Broca e Wernicke), compreensão de gestos, leitura
e escrita.
Observação: as áreas de Broca e Wernicke ficam no he-
misfério dominante, que normalmente é o esquerdo.
Quais são, portanto, as manifestações de AVE que aco-
metem essa artéria?
1. Deficit motor/sensitivo contralateral
2. Anosognosia
3. Disartia
4. Afasia motora (ou de Broca): O paciente compre-
ende, mas não articula
5. Afasia sensorial (ou de Wernicke): fala fluente,
mas sem compreensão
6. Desvio de olhar conjugado para o lado contrário
da hemiplegia!
7. Heminegligencia
B) Cerebral anterior
Essa artéria irriga a região frontal (principal), além da
cápsula interna, núcleo caudado e pequena porção do
lobo parietal.
Quais as funções das áreas irrigadas? Controle esfinc-
teriano, áreas de comportamento social, raciocínio,
vontade e a sensibilidade das extremidades dos mem-
bros inferiores.
Quais são, então, as características do AVE dessa artéria?
1. Abulia
2. Alterações de comportamento agudas
3. Incontinência urinária
4. Paresia de extremidades
2) Circulação posterior
Seja pela vertebral ou pelas cerebrais posteriores (divi-
são final da basilar), o grande território de irrigação da
circulação posterior são: bulbo (vertebral), mesencéfa-
lo, tálamo, e lobo occiptotemporal.
A) Vertebral
Chamada síndrome de Wallenberg: Síndrome vestibu-
lar (vertigem, nistagmo), hemianestesia termoálgica,
ataxia cerebelar
B) Basilar
Chamada síndrome de Foville: diplopia, estrabismo
convergente (paralisia do abducente), desvio de olhar
conjugado para o lado da hemiplegia
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 57

C) Cerebral posterior Vamos às alternativas

Quais as características de um AVE dessa artéria? 1.
Hemianopsia homônima 2. Agnosia associativa visual
(a pessoa identifica o objeto, porém não compreende
seu uso) 3. Prosopagnosia (incapacidade de reconhecer
faces familiares)
A) INCORRETA A manifestação visual mais comum
é a hemianopsia homônima
B) CORRETA São duas manifestações clássicas do
AVE que acomete a cerebral média
C) INCORRETA Essas duas manifestações em con-
junto são típicas da cerebral anterior
D) INCORRETA São manifestações de AVE de circu-
lação posterior.

Take-Home Message:
Esse assunto é bem denso. Preparamos uma tabela para auxiliar na identificação do território acometido:
58 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 14
Paciente de 19 anos com antecedente de asma procura
atendimento médico porque tem tido dificuldade de
praticar atividade física por falta de ar e chiado no pei-
to. Seu tratamento atual da asma consiste no uso de B2
agonista de curta ação quando sente falta de ar. Infor-
ma que costuma ter episódios de tosse seca esporádica
3 a 4 vezes por semana e tem usado B2 agonista de
curta ação 4 a 5 vezes por semana. Como é classificada
a asma do paciente e qual a conduta médica correta?
A) É classificada como asma controlada e mantém-se
o tratamento do paciente com B2 agonista de cur-
ta duração.
B) É classificada como asma parcialmente controlada e
inicia-se corticoide inalatório duas vezes por dia.
C) É classificada como asma não controlada e inicia-
-se corticoide inalatório duas vezes por dia.
D) É classificada como asma parcialmente controlada e
inicia-se B2 agonista de longa ação.
Usaremos da questão para estudar a Asma!
A asma é uma doença obstrutiva des vias aéreas po-
tencialmente reversível cujo marco fisiopatológico
é a hiperrreatividade brônquica a uma infinidade de
alérgenos. É caracterizada pela presença de sintomas
respiratórios como sibilos, respiração curta, esfor-
ço respiratório.
1) Patogenia
O que deve martelar na cabeça de vocês sempre é:
ASMA É INFLAMAÇÃO! Isso ajuda a entender não
só a patogenia como boa parte do tratamento.
Então o que ocorre?
 Os brônquios são expostos a algum tipo de alérge-
no que desencadeia uma potente reação inflamatória
mediada por eosinófilos, mastócitos e linfócitos TH2
que liberam uma grande quantidade de fatores infla-
matórios (interleucinas, histamina, leucotrienos).
 Como há uma predisposição associada, os brônquios
reagem exageradamente a essa cascata inflamatória,
levando à constrição e estreitamento do lúmen.
 De maneira geral essa obstrução é reversível porque
“basta” dilatar os brônquios.
Porém sabemos que, com o tempo, a constante exposi-
ção a esses fatores inflamatórios pode levar ao remode-
lamento brônquio, gerando pelo menos em parte um
fator de irreversibilidade.
Mas quais são os fatores de risco??
Esse é um tema bastante debatido, afinal é estimado
que no mundo existam por volta de 235 milhões de pa-
cientes portadores de asma. Alguns itens são consenso:
 História familiar positiva e fatores genéticos
 Prematuridade
 Atopia (extremamente bem documentada)
 Exposição a alérgenos: poeira, mofo, animais do-
mésticos
 Exposição ao tabagismo
 Infecções respiratórias
 Exposição ocupacional
2) Quadro clínico
Como dissemos na definição, a asma é caracterizada
por sibilos, tosse, esforço respiratório e limitação ao
fluxo expiratório que aparecem em crises. Ou seja, ti-
rando pacientes muito graves, a pessoa apresenta crises
de sintomas mais do que sintomas contínuos.
Dessa forma, podemos estabelecer alguns fenótipos
que nos auxiliam na suspeita clínica:
 Asma alérgica: é a mais comum. Se inicia na in-
fância e é relacionada com história familiar positiva
e atopia.
 Asma não-alérgica: normalmente sem atopia associa-
da e com baixa resposta aos corticoides inalatórios
 Asma de início no adulto: também não alérgica e
comumente relacionada a exposição ocupacional
Nossa suspeita clínica de asma aumentará se:
 Os pacientes apresentarem mais do que um sintoma
 Piora dos sintomas a noite ou pela manhã
 AMRIGS 2022
 Sintomas desencadeados por alguma exposição pre-
viamente citada
A suspeita reduzirá se:
 O paciente se apresentar isoladamente com tosse
 Produção crônica de catarro
 Dor torácica
O exame físico normalmente não apresenta alterações.
As principais alterações incluem: sibilos, tórax silencio-
so (em quadros de asma MUITO graves!!), hipertimpa-
nismo, uso de musculatura acessória e redução do FTV.
3) Diagnóstico
Há 2 critérios importantes: quadro clínico compa-
tível + confirmação de obstrução brônquica variável
e reversível.
3.1) Espirometria
Como temos um distúrbio OBSTRUTIVO potencial-
mente REVERSÍVEL, então temos que dar um jeito
de visualizar ambas as condições numa espirometria!
O distúrbio obstrutivo é identificado por um Índice
de Tiffeneau (VEF1/CVF) &lt; 75-80% em adultos e
&lt;85% em crianças.
Ótimo, mas como resolvemos a questão da reversibi-
lidade?? Fazemos a chamada prova broncodilatadora!
Após definir que há o distúrbio obstrutivo, adminis-
tramos um beta-2- agonista e repetimos a espirometria
após 20 min, na expectativa de reverter a obstrução!
A prova broncodilatadora é positiva se houver:
A) Um acréscimo de 200mL no VEF1 OU
B) &gt;12% do previsto (para crianças não usamos o
valor absoluto! Apenas o &gt;12%!)
3.2) Variabilidade excessiva na medida usando o Pico
de Fluxo Expiratório
2x por dia durante 2 semanas medimos o PFE. Se esse
valor for maior que 10% na média, temos um diagnós-
tico positivo. Esse teste é feito com aparelhos portáteis!
3.3) Melhora da função pulmonar após início do
tratamento
DEZ 22 | 59
Mesmos valores da prova broncodilatadora após 1 mês
do início do tratamento
3.4) Broncoprovocação
Após administração de metacolina, se houver uma que-
da do VEF1&gt;20% também fechamos o diagnóstico.
4) Avaliação do controle da asma
Essa parte é fundamental para o tratamento! É aplica-
do um questionário simples com as seguintes perguntas
e interpretação:
Se:
NENHUMA RESPOSTA POSITIVA: Asma contro-
lada
1 OU 2 RESPOSTAS POSITIVAS: Asma parcialmen-
te controlada
3-4 RESPOSTAS POSITIVAS: Asma não controlada
5) Inicio de tratamento
Usaremos algumas siglas para facilitar a leitura: CI
(Corticoide Inalatório) LABA (Beta-agonista de longa
duração) SABA (Beta-2 de curta duração) LAMA (An-
tagonista Muscarínico de Longa Ação)
O tratamento da asma é baseado em etapas. Ou seja,
baseado no controle e na gravidade da asma, colocamos
os pacientes em uma etapa específica que, com o tem-
po, poderá ser elevada ou reduzida, a depender de quão
controlado o paciente está.
A primeira avaliação deve conter:
 Confirmação diagnóstica
 Avaliar fatores de risco modificáveis e comorbidades
 Avaliar a técnica de uso dos inaladores
Reavaliamos os pacientes entre 3-6meses após uma
mudança de etapa e se o paciente apresentar asma par-
60 | DEZ 22 AMRIGS 2022
cialmente controlada ou não controlada, subiremos
uma etapa!
Entendendo as 5 etapas:
ETAPA 1: Corticoide inalatório em dose baixa + for-
moterol sob demanda
Outras opções: CI + SABA por demanda
ETAPA 2: Corticoide inalatório em dose baixa + for-
moterol sob demanda.
Outras opções: Montelucaste + SABA sob demanda
ETAPA 3: Corticoide inalatório em dose baixa + for-
moterol em baixa dose de manutenção
Outras opções: dose média de CI + SABA sob demanda
ETAPA 4: Corticoide inalatório + formoterol em dose
intermediária
Analisando o caso antes de ir para as alternativas:
Informa que costuma ter episódios de tosse seca espo-
rádica 3 a 4 vezes por semana e tem usado B2 agonista
de curta ação 4 a 5 vezes por semana. Além disso tem
tido dificuldade de praticar atividade física por falta de
ar e chiado no peito. Ou seja, o paciente tem 3 respos-
tas positivas para o questionário, portanto ele apresenta
uma asma NÃO CONTROLADA. Também pudera!
O tratamento desse paciente é a recomendação anti-
ga de beta-2 de curta ação sob demanda. Hoje em dia
entendemos que TODOS precisam de corticotera-
pia inalatória!
Outras opções: CI dose alta
ETAPA 5: Referenciar para avaliação fenotípica. Corti-
coide inalatório+formoterol em alta dose e avaliar com-
plementação com anticorpos monoclonais (anti-igE,
anti-IL5) ou tiotrópio.
Para todas as etapas a terapia de alívio preferencial são
as doses baixas de Corticoide
Inalatorio+formoterol (BUD-FORM é um termo que
pode aparecer, pois o principal CI que utilizamos é
a budesonida)
Entendam isso: se vocês pegarem a principal referência
há uma enorme variação de opções dentro dessas eta-
pas, porém essas são as opções preferenciais!
Para concluirmos: quem começa em qual etapa?
Vamos às alternativas
A) INCORRETA Totalmente descabida! O pacien-
te não está controlado e apresenta um tratamen-
to inadequado.
B) INCORRETA Como o paciente apresenta 3 res-
postas positivas, o quadro de asma é não controlado
C) CORRETA O paciente está não controlado com
tratamento equivocado. O início de CI em doses
baixas é o primeiro passo!
D) INCORRETA Além de não ser parcialmente
controlada, o tratamento a ser instituído não é
um LABA
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
1) Asma é inflamação crônica com hiper-reatividade
brônquica que leva a obstrução reversível das vias
aéreas
2) Para acessar o controle da asma fazemos as seguintes
4 perguntas:
Asma controlada: 0 respostas positivas
Asma parcialmente controlada: 1-2 respostas
Asma não controlada: 3-4 respostas
3) A base do tratamento é corticoide inalatório em to-
das as etapas
4) Avaliamos o paciente a cada 3-6 meses para subir
uma etapa em caso de mau controle ou descer uma em
caso de bom controle
QUESTÃO 15
Ao examinar um paciente, você suspeita de Artrite
Reumatoide. Qual das seguintes articulações é a mais
frequentemente afetada por essa doença?
A) Articulação glenoumeral.
B) Articulação sacroilíaca.
C) Articulação interfalangiana distal.
D) Articulação metacarpofalangéana
Questão extremamente direta. Aproveitar para rever
conceitos da Artrite Reumatóide:
DEZ 22 | 61
1) O que é a AR?
A) É uma doença reumatológica caracterizada pela po-
liartrite simétrica com predomínio de extremidades
(pés, mãos e punhos)
B) Epidemiologicamente, como a grande maioria das
doenças reumatológicas, é mais comum em mulhe-
res acima dos 25 anos.
C) Os fatores de risco mais relacionados ao processo de
aparecimento da AR são
• tabagismo e a história familiar positiva.
D) Seu mecanismo base de lesão é a sinovite crônica
que, em caso de não controle, evolui para destrui-
ção de tecidos ao redor, levando à erosão de ossos
e cartilagens.
2) Patologia
A) Um ponto fundamental e que inclusive justifica
parte da terapêutica é a hiperprodução de TNF-
-alfa, que tem atuação na destruição articular por
estimulo de osteoclastos.
B) Como todo processo autoimune, isso engloba gran-
des cascatas ainda muito obscuras, porém já é bem
estabelecido que a associação de fatores ambientais
e genéticos favorecem linfócitos CD4 que reconhe-
cem antígenos sinoviais e em seguida estimulam
linfócitos B a produzirem autoanticorpos contra
as articulações.
3) Quadro clínico articular: foi o foco dessa questão!
A) Artrite simétrica de extremidades: dor, calor, rigi-
dez matinal... Porém: poupam-se as interfalangea-
nas distais e coluna lombar, sacral e torácica!
B) As mãos e os punhos: alargamento e edema das
articulação afetada com posterior atrofia dos mús-
culos interósseos. i. Desvio ulnar das articulações
metacarpofalangeanas ii. Pescoço de cisne: flexão
da Interfalangeana proximal + extensão da interfa-
langeana distal iii. Dedo em abotoadura: extensão
da Interfalangeana proximal + flexão da interfalan-
geana distal iv. Síndrome do túnel do carpo
62 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Esquema mostrando as deformidades em
abotoadura (2º dedo) e em cisne (3º dedo)
C) A coluna cervical: pode ter um achado MUITO tí-
pico que é a subluxação atlanto-axial (C1-C2)
D) Articulação cricoaritenóidea: rara! Mas pode haver
rouquidão, dor local, disfonia e, em casos severos,
insuficiência respiratória.
E) Joelho: edema local. Pode haver herniação poste-
rior da capsula articular levando ao conhecido cisto
de Baker. f. Ombro: tende a ter um envolvimento
mais tardio, causando importante restrição doloro-
sa da articulação.
Vejam que, apesar de ser muito mais típico o acome-
timento de mãos e punhos, outras articulações podem
ser acometidas!
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA O acometimento é frequente em
pacientes com doença não controlada por muitos
anos (por volta de 55% após 15 anos de doença).
B) INCORRETA Essa articulação é mais típica de ser
acometida pela Espondilite Anquilosante
C) INCORRETA Curiosamente essa articulação é
poupada na artrite reumatoide
D) CORRETA Doença que prefere extremidades
(pés, mãos e punhos)
Take-Home Message:
1) A artrite reumatoide é um grande modelo das doen-
ças reumatológicas: mais comum em mulheres jovens.
2) É uma poliartrite simétrica de extremidades
3) Fatores de risco: tabagismo e historia familiar positiva
4) Principais manifestações articulares:
A) Fase aguda: dor, calor, edema principalmente em
metacarpofalangeanas, POUPANDO as Interfa-
langeanas distais!!!!
B) Crônica: deformidades (desvio ulnar, pescoço de
cisne e abotoadura)
C) Outras: subluxação atlanto-axial
QUESTÃO 16
Mulher de 62 anos, diabética, procura atendimento por
dor em pé esquerdo há 2 semanas. Há cerca de um mês,
teve ferimento no mesmo pé com saída de secreção por
alguns dias e cicatrização completa após. Ao exame, há
edema e calor na região do primeiro metatarso.
Realizado Raio-X que se mostrou normal. Qual a me-
lhor conduta?
A) Alta com prescrição de cefalexina por 21 dias.
B) Realização de ressonância magnética.
C) Realização de cintilografia com gálio.
D) Alta com prescrição de colchicina
Paciente diabética com ferimento crônico extremidade
deve sempre levantar hipótese de Osteomielite.
1) O que é
É uma infecção com envolvimento dos ossos. Tipica-
mente é classificada em hematogênica x não-hemato-
gênica. A primeira é responsável por 20% dos casos,
enquanto a segunda é responsável por 80%.
2) Características de cada tipo
A) Hematogênica
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 63

 A osteomielite hematogênica é mais comum em

crianças, sendo que a forma vertebral é o tipo he-
matogênico mais relacionado aos adultos.
 Fatores de risco: endocardite, presença de disposi-
tivos cardiovasculares, hemodiálise e anemia falci-
forme
 A microbiologia é: S. aureus (o mais comum) e bas-
tonetes gram negativos
• Um destaque que é queridinho de prova: em pa-
cientes portadores de anemia falciforme, quem ga-
nha muito destaque é a salmonela
B) Não-hematogênica
 Aqui o mecanismo de disseminação é por
contiguidade.
 Fatores de risco: traumas, cirurgias, mordeduras, pé
diabético
 A microbiologia é: S. aureus (o mais comum) e bas-
tonetes gram negativos Sequestro ósseo: região ovoide no
centro da imagem
• Aqui o destaque é a frequência não desprezível de
infecções polimicrobianas! O diagnóstico de osteomielite, no geral, é feito a par-
tir de cultura com material de biópsia colhido. Porém
3) Diagnóstico
pode ser inferido se:
A suspeição clínica se dá baseado em sintomas locais
 Achados clínicos e radiológicos típicos forem asso-
(eritema, edema, calor, dor) associados ou não de sin-
ciados a hemoculturas positivas com um patógeno
tomas sistêmicos (febre, calafrios, mal estar)
provável (S. aureus por exemplo). Nesses casos não
Como parte da avaliação inicial, uma radiografia sim- há necessidade de biópsia apesar de eventualmente
ples é um método razoável se o paciente se apresenta precisar de desbridamento.
com sintomas por mais do que duas semanas, porém
 Histopatologia da biópsia condizente com osteo-
guardem as seguintes informações:
mielite mesmo com culturas negativas
O teste de escolha (principalmente para pacientes dia-
 Achados clínicos e radiológicos típicos com marca-
béticos) é uma Ressonância
dores inflamatórios persistentemente aumentados
Magnética. Caso haja uma contraindicação, a cintilo- em quadros onde uma biópsia não é factível.
grafia é a segunda opção.
4) Tratamento
Mas quais os achados sugestivos de osteomielite numa
A base do tratamento é desbridamento com antibioti-
radiografia? Osteopenia, perda cortical, reação perios-
coterapia guiada pelo isolamento das culturas por 4-6
teal. Há um achado interessante chamado sequestro
semanas. Devemos cobrir S. aureus, já que é o micro-
ósseo que pode se formar relativamente rápido, princi-
organismo mais comum (Oxacilina, ou até Vanco se
palmente em casos relacionados a próteses.
houver fator de risco para MRSA)
64 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA Como suspeitamos de osteomieli-
te, precisamos de avançar no processo diagnóstico.
Como a paciente apresenta-se com apenas 14 dias de
sintomas, a radiografia normal não descarta nada!
B) CORRETA É o melhor método diagnóstico, prin-
cipalmente por se tratar de uma paciente diabética
C) INCORRETA Seria uma opção em caso de con-
traindicações à RM
D) INCORRETA O racional era pegar alguém na infor-
mação que a sintomatologia é no primeiro metatar-
so, dando a conduta de uma eventual crise de gota.
Take-Home Message:
1) O principal tipo de osteomielite aguda no adulto é a
não-hematogênica por contiguidade. Lembrar sempre
de pé diabético e traumas!
2) O principal exame de imagem é a RM. Porém a par-
tir de 2 semanas podemos ter alterações na radiografia.
3) O diagnóstico quase sempre necessita de biópsia
4) O tratamento precisa de antibioticoterapia de longa
duração (4-6 semanas) e desbridamento.
QUESTÃO 17
Há diversas classes de anti-hipertensivos disponíveis.
Assinale a alternativa em que foi demonstrado que o
uso de uma droga anti-hipertensiva específica melhora
os desfechos da doença.
A) O uso de betabloqueadores melhora os desfechos
de pacientes com Diabetes tipo 1.
B) O uso de bloqueador do receptor de angiotensi-
na melhora os desfechos da doença renal crônica
não diabética.
C) O uso de inibidores da ECA melhora os desfechos
de pacientes com Diabetes tipo 2.
D) O uso de inibidores da ECA melhora os desfechos
de pacientes com Infarto Agudo do
Miocárdio recente.
Essa questão foi muito mal feita e, infelizmente,
não foi anulada pela banca. Iremos expor alguns dos
pontos principais do IECA para explicar a confusão
nessa questão:
Os inibidores da enzima conversora de Angiotensina
tem sua função anti-hipertensiva baseada na redução
da Angiotensina II que é um potente vasoconstritor.
Um dos principais locais de atuação dessa substância é
a arteríola eferente glomerular.
Vários estudos demonstraram vários benefícios além da
redução da pressão arterial, sendo dois os principais ór-
gãos beneficiados dessa droga: rim e coração. Poratanto
algumas indicações dos IECAs são:
 Pacientes portadores de Insuficiência Cardíaca,
sendo uma das drogas que aumentam a sobrevi-
da desses pacientes. Lembram quais são as ou-
tras? Betabloqueador;
Espironolactona; Hidralazina + Nitrato; Ivabradina;
Sacubitril+Valsartan
 Pacientes pós-IAM. O início precoce causa uma re-
dução no remodelamento ventricular.
 Nefropatia diabética. Atenção para esse ponto. Para
iniciarmos o IECA, o paciente precisa ter a nefro-
patia, afinal a lógica para essa nefroproteção é a re-
dução da albuminúria.
Os Bloqueadores do Receptor de Angiotensina pos-
suem o mesmo padrão de benefício, tanto que frequen-
temente “juntamos” essas 2 classes em uma só.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA O betabloqueador possui melhora
de desfecho em pacientes com insuficiência cardíaca,
com arritmias e pós-IAM. Inclusive, alguns efeitos
adversos relatados envolvem uma piora do padrão li-
pídico e um ganho de peso. Portanto, definitivamen-
te não melhora desfechos de pacientes com DM1
B) INCORRETA Lembram do texto? Doença renal
crônica não diabética é um mundo amplo demais!
 AMRIGS 2022
Os IECAs e os BRAs apresentam benefício em pa-
cientes que apresentem proteinúria!
C) CORRETA (De acordo com a banca) Essa alter-
nativa foi mal redigida. A melhora de desfecho é
em pacientes com algum grau de lesão renal.
D) CORRETA Essa é a melhor opção, afinal seu iní-
cio recente diminui o remodelamento cardíaco.
Take-Home Message:
1) IECA apresenta 2 importantes efeitos além do
anti-hipertensivo: cardioprotetor (diminui remo-
delamento cardíaco) e nefroprotetor (em pacientes
com proteinúria)
2) Os BRAs possuem o mesmo padrão de benefícios,
sendo uma opção tão boa quanto o IECA
3) Ao inibir a Angiotensina II, o IECA causa uma va-
sodilatação da arteríola eferente. A diminuição da pres-
são sobre o glomérulo é a responsável pela diminuição
da proteinúria.
QUESTÃO 18
Você recebe no departamento de emergência um pa-
ciente com insuficiência renal crônica. O paciente fal-
tou às últimas duas sessões de hemodiálise, e, ao pre-
ocupar-se com hiperpotassemia aguda, você solicita
um eletrocardiograma. Qual das seguintes alterações
eletrocardiográficas fortaleceria a sua suspeita clínica?
A) Presença de ondas U.
B) Achatamento da onda T.
C) Alargamento do intervalo QRS.
D) Presença de onda P proeminente.
Sempre que a questão trouxer um paciente com DRC
dialítico que por algum motivo não pode realizar a ses-
são, devemos pensar em hipercalemia.
1) Principais causas de hipercalemia
Raciocínio aqui é bem simples: o potássio é armazena-
do no meio intracelular e excretado no rim, portanto as
DEZ 22 | 65
causas são ou devido a liberação dos estoques de potás-
sio ou a diminuição da sua excreção.
 Devido à liberação dos estoques: Síndrome da Lise
Tumoral; Rabdomiólise; Acidose metabólica
 Devido à excreção renal: Disfunção renal; Hipoal-
dosteronismo (lembre que sem aldosterona = sem
reabsorção tubular de K+); uso de IECA; uso de
Espironolactona
2) Quadro Clínico
As manifestações mais relevantes da hipercalemia são:
1) Fraqueza muscular ou paralisia que pode inclusive
mimetizar a Síndrome de Guillain-Barré 2) Anormali-
dades de condução e arritmias cardíacas.
Alterações no eletrocardiograma são comuns com va-
lores de K superiores a 6-7. Guardem porque isso des-
penca em prova (aliás é o tema da questão!)
 Ondas T alta e apiculadas com encurtamento do
intervalo QT
 Onda P progressivamente achatada até desaparecer
 Alargamento do QRS
Entendam: a hipocalemia também leva a alterações do
ECG. Deixaremos aqui as alterações relacionadas ao
potássio baixo:
 Onda T alargada e aplainada
 Onda U proeminente e aumentada
 Aumento e apiculação da onda P
Ou seja: A onda T é “diretamente proporcional” ao po-
tássio enquanto a onda P é
“inversamente proporcional”
3) Tratamento:
PRIMEIRO PASSO: Avaliar ECG principalmente se
valores de potássio superiores a 6!!! Em caso de altera-
ções condizentes com a hipercalemia, devemos estabili-
zar a condução cardíaca com gluconato de sódio
SEGUNDO PASSO: Medidas hipocalemiantes
imediatas
66 | DEZ 22 AMRIGS 2022
São indicadas em quem esteja com uma emergência hi-
percalêmica (Presença de sintomas ou
Potássio acima de 6,5)
 Glicoinsulina: a chamada solução polarizante tem
como racional a função da insulina de aumentar
a atividade da Na-K-ATPase, levando portanto ao
favorecimento da entrada de potássio na célula.
Devemos adicionar a glicose para impedir a hipo-
glicemia, que pode ocorrer até 4h após o início da
insulina! Em geral 10UI são capazes de reduzir em
torno de 1mEq/L de K+
 Beta 2 agonista
 Bicarbonato de sódio em pacientes acidóticos
TERCEIRO PASSO: Remoção definitiva de potássio
do corpo
São indicadas em todos os pacientes (não necessaria-
mente todas ao mesmo tempo!)
 Diuréticos de alça em quem não possui disfunção
renal grave: o importante aqui é não utilizar como
única medida hipocalemiante. Pacientes euvolêmi-
cos, hipovolêmicos ou com disfunção renal mode-
rada devem receber SF 0,9% concomitantemente!
 Hemodiálise: é uma opção para todos os que apre-
sentem disfunção renal a despeito da gravidade e
em casos refratários. Deve ser realizada preferen-
cialmente em dentro de 6h.
 Resinas de troca: Patiromer ou Sorcal (poliestirenos-
sulfonato de cálcio).
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA A onda U, que tem sua origem
provável na repolarização das fibras de Purkin-
je, é um achado comum na hipocalemia e não
na hipercalemia.
B) INCORRETA Lembrem a regrinha: a onda T
acompanha o potássio, ou seja, é “diretamente pro-
porcional” a ele. Logo seu achatamento é mais co-
mum de se encontrar na hipocalemia.
C) CORRETA Esse é um achado clássico
D) INCORRETA Onda P faz o caminho inverso do
potássio! Portanto ser proeminente é uma caracte-
rística típica da Hipocalemia
Take-Home Message:
1) A hipercalemia é complicação comum de doentes
com DRC.
2) Tem como outras importantes causas: rabdomiólise,
síndrome da lise tumoral, IECA
3) Cuidado com o ECG nesses casos. 2 regrinhas: A
onda T é “diretamente proporcional” ao potássio en-
quanto a onda P é “inversamente proporcional”
4) O primeiro tratamento em pacientes com alterações
de ECG é o Gluconato de cálcio, que não é hipocale-
miante, mas estabiliza a condução cardíaca
5) Medidas de redução de potássio: solução polarizan-
te, diuréticos de alça e resinas de troca.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 19
Paciente pós-cirúrgico cardíaco a céu aberto, em sala de
recuperação, começa a acordar e falar que quer ajuda para
descer do leito, pois quer conversar com seus amigos que
estão no restaurante, onde costuma almoçar, no mercado
público da cidade. Segundo os argumentos do paciente,
estão próximos ao seu automóvel, para o qual aponta,
como se estivesse efetivamente estacionado naquele andar
do hospital. O médico procura tranquilizar o paciente,
porém este, à medida que se recupera do processo cirúr-
gico e anestésico, fica cada vez mais agitado e agressivo.
Sobre o caso, assinale a alternativa INCORRETA.
A) A solicitação de exames laboratoriais como hemo-
grama, provas de função hepática e renais, eletróli-
tos, entre outros, podem auxiliar na elucidação da
origem do quadro clínico.
B) Trata-se de um quadro clínico característico de
um paciente com Transtorno Delirante Tipo
Somático prévio.
C) Trata-se de um Transtorno Neurocognitivo, no
caso, um quadro de delirium, podendo ser decor-
rente tanto do processo cirúrgico e anestésico quan-
to de abstinência ou intoxicação por fármacos ou
outras substâncias.
D) Este paciente apresenta, entre outras, alterações no
nível de consciência, orientação e atenção.
Paciente em pós operatório que evolui com confusão
mental está apresentando, até que se prove o contrário,
um quadro de DELIRIUM!
Trata-se de um estado de alteração mental AGUDO
e FLUTUANTE (melhora ao longo do dia e piora a
noite) e tem como principais fatores de risco a idade
avançada e a existência de alguma demência prévia.
Essa alteração mental normalmente se caracteriza por
distúrbios de consciência, de cognição e de atenção.
São vários os fatores capazes de desencadear um quadro
de delirium. Os mais comuns da pratica medica são:
hospitalização, realização de cirurgia, quadros infeccio-
sos, uso de benzodiazepínicos ou opioides e distúrbios
eletrolíticos/metabólicos.
DEZ 22 | 67
O diagnóstico passa pelos dos aspectos apresentados
acima: AGUDO e FLUTUANTE.
Esses dois elementos são suficientes para distinguir de
um quadro demencial prévio. O paciente com delirium
apresenta déficit de atenção associado a alteração do
nível de consciência ou pensamento desorganizado.
Como virtualmente qualquer condição médica pode
precipitar um quadro de delírium é fundamental soli-
citar, de acordo com a suspeita:
 Ionograma (sódio, potássio, magnésio e cálcio)
 Função renal (Ureia e Creatinina)
 Função e marcadores de lesão hepática (GGT,T-
GO,TGP, Bilirrubinas, FA, RNI e PTTa)
 Hemogtama completo
 Culturas
 Screening toxicológico
E exame de imagem?? É dispensável se a principal hipó-
tese diagnóstica é o delirium!
O tratamento sempre passa pela resolução do fator de-
sencadeante associado a:
1) Orientação espaço temporal do paciente: uso das ór-
teses, correta iluminação do quarto, visita de familiares
2) USO DE HALOPERIDOL! Em caso de delirium
que cursa com agitação psicomotora essa é a droga de
escolha!!! Não usar benzodiazepínicos por ser fator de-
sencadeante. Outra opção é a quetiapina.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA Pedir esses exames pode ajudar a eluci-
dar se há alguma causa secundária para desencadear
o delirium
B) INCORRETA O paciente apresenta um quadro
agudo. Nada nos leva a pensar em algo de longa
data
C) CORRETA Opção conceitual e correta
D) CORRETA Esses são os 3 aspectos do estado con-
fusional agudo do delirium.
68 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
1) Delirium é estado confusional AGUDO e FLU-
TUANTE! Afetando principalmente consciência,
atenção e cognição.
2) Idade avançada e estado demencial prévio são os
principais fatores de risco
3) O tratamento passa pela retirada de fator desenca-
deante (infecção? Internação?
Distúrbios metabólicos?) e uso de Haloperidol se agi-
tação psicomotora
4) Não usar benzodiazepínicos!
QUESTÃO 20
Um homem de 66 anos queixa-se que, há três meses,
tem fadiga intensa e desânimo, inapetência, insônia,
&quot;&quot;nervosismo&quot;&quot;, sentimento
de culpa, tristeza e perda de peso. Nega ideias de morte
e diz que isso seria contra suas crenças religiosas. Esses
sintomas são incapacitantes, com prejuízo econômico.
Apresentou quadro semelhante previamente, que me-
lhorou com o uso de antidepressivos. Não apresenta
outras alterações clínicas e laboratoriais. Diante dessa
situação clínica, qual a conduta mais adequada?
A) Reavaliar em 1 mês.
B) Não medicar pelo risco de suicídio.
C) Prescrever benzodiazepínico.
D) Prescrever antidepressivo.
Desânimo, inapetência, sentimento de culpa, tristeza...
Estamos seguramente diante de um quadro de depres-
são maior! O maior desafio da psiquiatria é fechar os
critérios clínicos diagnósticos, já que boa parte dos dis-
túrbios apresenta sobreposição dos sintomas! A prova
evita de usar essas sobreposições, deixando os quadro
clínicos bem floridos.
A depressão é um distúrbio psiquiátrico que tem em
sua espinha dorsal clínica a tristeza ou a perda de inte-
resse/prazer. É extremamente prevalente, sendo estima-
dos mais de 10 milhões de casos apenas no Brasil. Por
definição a depressão leva ao prejuízo social e econômi-
co, logo é uma das doenças que causa maior impacto
econômico no mundo.
Os fatores de risco mais associados à depressão são: se-
dentarismo, alcoolismo, má alimentação, idade avan-
çada. Além disso a prevalência é maior em mulheres do
que em homens (2:1)
O transtorno depressivo maior é uma doença com al-
tíssima taxa de recorrência
Vamos estudar alguns outros pontos do transtorno de-
pressivo maior:
1) Critérios diagnósticos para o transtorno depressivo
maior
E acordo com o DSM-5, fechamos o diagnóstico de
depressão da seguinte maneira:
5 ou mais sintomas presentes por um PERÍODO MÍNI-
MO DE 2 SEMANAS, sendo que pelo menos 1 dos sin-
tomas é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer.
 Humor deprimido pela maior parte do dia, quase
todos os dias seja por informação do paciente seja
por observação de terceiros.
 Redução importante no interesse ou no prazer em
realizar a maior parte das atividades do dia (tam-
bém por informação do paciente ou por observação
de terceiros)
 Perda de peso não relacionada à dieta, perda de ape-
tite ou ganho de peso (>5% em 1 mês)
 Insônia ou hipersonia
 Agitação ou retardo psicomotor
 Fadiga ou sensação de estar sem energia
 Sensação de inutilidade ou culpa excessiva
 Diminuição da capacidade de concentrar
 Pensamentos de morte recorrente (com ou sem ide-
alização de plano de suicído)
Esses sintomas, além disso, devem causar prejuízo so-
cial e não devem ser causados por causas orgânicas ou
medicamentosas além de não ser melhor explicada por
 AMRIGS 2022
outras condições psiquiátricas como: desordem esqui-
zoafetiva, esquizofrenia ou outros distúrbios psicóticos.
Por fim, o paciente não pode ter apresentado nenhum
episódio de mania ou hipomania!!
O DSM-5 ainda separa uma situação especial: o luto!
Ele descreve que o julgamento clínico nessa situa-
ção é de extrema importância, devido à sobreposição
dos sintomas.
2) Classificação de gravidade
 Leve (5-6 sintomas): ou seja, o paciente apresenta “o
mínimo” para o diagnóstico da doença. O prejuízo
social é pequeno e o manejo mais simples.
 Moderada: são os casos não classificados como leve
ou grave
 Grave (>8 sintomas): o paciente apresenta uma mi-
ríade de sintomas, com grande prejuízo social e de
difícil manejo.
3) Subtipos
O DSM-5 especifica inúmeros subtipos, mas que no
fundo mais ajudam na noção clínica geral do doente do
que determinam prognóstico ou resposta ao tratamen-
to. Os mais conhecidos são:
 Melancolia: que é a tristeza extrema
 Associado a ansiedade: quando há 2 dos seguintes
sintomas: tensão, sensação de que algo ruim acon-
tecerá, medo de perder o auto-controle, inquietude
 Atípico: ocorre se o paciente apresenta melhora em
eventos positivos, sensibilidade maior a eventos de
rejeição interpessoal...
 Psicótico: quando há também delírios e alucinações
4) Tratamento
O objetivo do tratamento é a restituição das funções
sociais com a remissão do quadro depressivo ou pelo
menos com uma resposta parcial. Existem, para a ava-
liação dessa resposta, algumas escalas:
 Montgomery-Asberg
 PHQ-9 (Patient Health Questionnaire)
DEZ 22 | 69
 Escala de Hamilton
Não existe uma regra sobre o tratamento inicial de es-
colha. No geral a combinação de psico e farmacotera-
pia é o mais usado, porém estudos não demonstraram
que o uso de um ou outro em monoterapia obtenha
resultados menos satisfatórios. Porém, os guidelines
da NICE sugerem psicoterapia em monoterapia ape-
nas para pacientes com depressão leve. Apesar de uma
grande variedade de antidepressivos, a maioria apresen-
ta eficácia semelhante, sendo que a escolha será baseada
em efeitos adversos, tolerância e preço. A classe mais
usada no mundo é a dos Inibidores seletivos da recep-
tação de serotonina.
Devemos reavaliar o paciente em 6 semanas. Em caso
de não melhora, aumentamos a dose do antidepressivo!
4.1) Classes de drogas
 Inibidores seletivos da receptação de serotonina
• Quais são? Sertralina, Fluoxetina, citalopram, esci-
talopram, paroxetina
• Efeitos adversos: ganho de peso, disfunção sexual,
tontura, distúrbios do sono
 Inibidores da receptação de serotonina-noradrena-
lina
• Quais são? Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxeti-
na
• Efeitos adversos: náuseas, ganho de peso, disfunção
sexual
 Antidepressivos atípicos
• Quais são? Bupropiona e Mirtazapina
• Peculiaridades: a bupropiona é a primeira linha do
tratamento do tabagismo.
A mirtazapina tem efeito sedativo em baixas doses,
além de ter efeito orexígeno.
 Moduladores de serotonina
• Qual é? Trazodona
• Efeitos adversos: risco de síndrome serotoninérgica,
disfunção sexual, náuseas, tonteira
70 | DEZ 22 AMRIGS 2022
 Tricíclicos
• Quais são? Amitriptilina, nortriptilina, imipramina
• Efeitos adversos: boca seca, ganho de peso, disfun-
ção sexual
 Inibidores da Monoamina Oxidase
• Quais são? Selegilina
• Efeitos adversos: síndrome serotoninérgica
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA O paciente já apresenta todos os
critérios para um transtorno depressivo maior.
Não faz sentido reavaliá-lo!
B) INCORRETA O risco de suicídio demanda trata-
mento intensificado, com avaliação do risco.
Pacientes de alto risco são: tentativa de suicídio com
método altamente letal, que envolvam passos para não
ser detectado, ideação suicida em curso ou decepção
por não tentativa malsucedida, impulsividade e com-
pleta falta de esperança. Não é o caso desse paciente,
que nem diz ter pensamentos de morte. Não há sentido
em não iniciar o tratamento que, aliás, é indicado tam-
bém em quem tem ideações suicidas.
C) INCORRETA Não é uma classe medicamentosa
de tratamento da depressão
D) CORRETA Pode ser associada à psicoterapia
ou em monoterapia, a depender da praticidade
e acesso!
Take-Home Message:
1) O transtorno depressivo maior é uma doença extre-
mamente prevalente que é caracterizada por tristeza ou
falta de prazer que levam a um prejuízo social e econô-
mico
2) Os critérios diagnósticos são pelo menos 5
dos seguintes:
A) Humor deprimido pela maior parte do dia, qua-
se todos os dias seja por informação do paciente
seja por observação de terceiros.
B) Redução importante no interesse ou no prazer
em realizar a maior parte das atividades do dia
(também por informação do paciente ou por ob-
servação de terceiros)
C) Perda de peso não relacionada à dieta, perda de
apetite ou ganho de peso
(>5% em 1 mês)
D) Insônia ou hipersonia
E) Agitação ou retardo psicomotor f. Fadiga ou sen-
sação de estar sem energia g. Sensação de inuti-
lidade ou culpa excessiva h. Diminuição da ca-
pacidade de concentrar i. Pensamentos de morte
recorrente (com ou sem idealização de plano
de suicído)
3) A terapia de escolha pode ser psicoterapia, farmaco-
terapia ou ambas. A principal classe medicamentosa é a
dos inibidores da receptação de serotonina
4) Outras classes: Tricíclicos, Inibidores da recepta-
ção de serotonina-noradrenalina e, para casos refra-
tários, IMAOs
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 21
A cicatrização das feridas operatórias é um processo
que consiste em diversas etapas. Em que tempo ocorre
a epitelização completa, após o fechamento das inci-
sões cirúrgicas?
A) 30 dias.
B) 5 dias.
C) 3 dias.
D) 1 dia.
Resposta correta: Letra D
A fase INFLAMATÓRIA é a resposta imediata, no
qual o organismo limita o dano, ela se inicia pelo pro-
cesso de hemostasia, seguido do aumento da permea-
bilidade vascular com migração de células e secreção de
citocinas/fatores de crescimento.
A fase PROLIFERATIVA é o momento da formação
do tecido de granulação através de angiogênese, fibro-
plasia e epitelização.
A fase de MATURAÇÃO OU REMODELAMENTO
é a fase mais longa no qual há uma contração e matu-
ração do colágeno.
A EPITELIZAÇÃO é uma etapa que, na literatura, se
encontra dentro da fase proliferativa ou como uma eta-
pa única. Ela se inicia nas primeiras horas após a lesão
com a proliferação de células basais e migração de cé-
lulas epiteliais, que ocorrem na ponte de fibrina dentro
de um coágulo.
DEZ 22 | 71
Comentário:
O processo de cicatrização da ferida é definido como o
reparo dos tecidos lesados que ocorre depois do trau-
ma, visando restaurar sua função e estrutura. Todos os
tecidos em processo de cicatrização passam pelas mes-
mas séries de eventos, que são divididas em algumas
etapas, que se sobrepõem no seu tempo e atividade.
As três fases da cicatrização são: INFLAMAÇÃO,
FIBROPROLIFERATIVA/PROLIFERAÇÃO E
REMODELAMENTO/MATURAÇÃO.
Em uma ferida cirúrgica limpa, referida na questão,
esse processo normalmente é concluído em até 48 ho-
ras. A camada superficial do epitélio cria uma barreira
contra bactérias e outros corpos estranhos, essa cama-
da é muito fina e facilmente traumatizada, possuindo
pouca resistência à tração.
O cuidado com a questão era o de não confundir a fase
proliferativa com a epitelização e recordar que essa eta-
pa, em feridas limpas, ocorre em até 48 horas.
Vamos às alternativas:
A) 30 dias.
B) 5 dias.
C) 3 dias.
D) 1 dia.
72 | DEZ 22 AMRIGS 2022
A) INCORRETA – O processo de epitelização é mais
breve, com 30 dias é a etapa de remodelamento,
exceto em feridas contaminadas ou em fechamen-
to por segunda intenção, no qual há um retardo
na epitelização.
B) INCORRETA – Em feridas limpas o processo
ocorre em até 48 horas.
C) INCORRETA – Em feridas limpas o processo
ocorre em até 48 horas.
D) CORRETA – A epitelização em feridas limpas e
com fechamento primário ocorre em até 48 horas.
Take-Home Message:
O cuidado com a questão era o de não confundir a fase
proliferativa com a epitelização e recordar que essa eta-
pa, em feridas limpas, ocorre em até 48 horas.
QUESTÃO 22
A utilização de cateter venoso central é um recurso, por
vezes, responsável pela manutenção do tratamento ou
outras indicações. Nesse sentido, consiste em uma indi-
cação formal de acesso venoso central a necessidade de:
A) Analgesia endovenosa.
B) Reposição sanguínea.
C) Nutrição Parenteral Total.
D) Infusão de Ringer Lactato para expansão
volumétrica.
Resposta correta: Letra C
Comentário:
O acesso venoso central é definido como um cateter
que tem sua ponta localizada na veia cava superior,
átrio direito ou veia cava inferior, sendo o principal
procedimento a beira leito realizado por médicos, ma-
joritariamente em pacientes criticamente enfermos no
cenário de emergência e terapia intensiva.
O acesso central pode ser realizado através da punção
de uma veia central ou periférica.
A via de administração de medicamentos é uma das
suas principais utilidades, porém esta punção pode ter
outras indicações como:
- ACESSO VENOSO PERIFÉRICO INADE-
QUADO: incapacidade técnica para conseguir o
acesso venoso periférico (por exemplo: anasarca);
- SOLUÇÕES INCOMPATÍVEIS COM IN-
FUSÃO PERIFÉRICA: algumas soluções como
os vasopressores, quimioterápicos e nutrição
parenteral causam intensa flebite em vasos pou-
co calibrosos;
- MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA;
- TERAPIA EXTRACORPÓREA: via utilizada
para hemodiálise ou plasmaferese;
- INTERVENÇÕES ENDOVENOSAS: utilizado
para passagem de filtro de veia cava, stent endove-
noso ou marcapasso.
Uma vez que não é um procedimento isento de ris-
co e pode apresentar complicações graves como in-
fecção de corrente sanguínea, hematoma, embolia ou
trombose, devemos sempre estarmos atentos as corre-
tas indicações.
Relembrando os principais sítios de punção central te-
mos: veia jugular interna, veia subclávia e veia femoral.
Sendo a primeira escolha, sempre que possível, a veia
jugular interna direita, por ser mais simples e apresen-
tar menos complicações.
Vamos às alternativas:
A) Analgesia endovenosa.
B) Reposição sanguínea.
C) Nutrição Parenteral Total.
D) Infusão de Ringer Lactato para expan-
são volumétrica.
A) INCORRETA – A analgesia endovenosa pode ser
realizada em acesso periférico.
B) INCORRETA – A reposição sanguínea não é uma
justificativa para a obtenção de um acesso venoso
central, podendo ser feita em via periférica.
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 73

C) CORRETA – A nutrição parenteral total deve ser ✓ resposta metabólica.

administrada por meio de um cateter venoso cen- ✓ resposta imunológica-inflamatória;
tral, uma vez que sua alta carga osmótica não é
tolerada pelas veias periféricas Algumas das alterações que são esperadas são:
D) INCORRETA – O Ringer Lactato não é uma so-
lução que apresenta contraindicação para ser admi-
nistrada em via periférica.

Take-Home Message:
As principais indicações do acesso venoso central
são: acesso venoso periférico inadequado, soluções
incompatíveis com infusão periférica, monitoriza-
ção hemodinâmica, terapia extracorpórea e interven-
ções endovenosas.

QUESTÃO 23
Num pós-operatório de uma cirurgia de grande porte,
faz parte da resposta metabólica ao trauma:
A) Aumento do cortisol circulante.
B) Hipoglicemia.
C) Aumento da tiroxina.
D) Redução da secreção de Hormônio antidiurético.
Resposta correta: Letra A
Comentários:
A resposta endócrino-metabólica-inflamatória/imuno-
lógica ao trauma (REMIT) é a alteração da fisiologia
normal causada por um agente externo (por exemplo:
infecções), em cirurgias (tanto eletivas quanto urgên-
cias) e no trauma propriamente dito.
A intensidade da resposta das funções metabólicas e fi-
siológicas serão proporcionais a intensidade do estresse
causado para o organismo.
A resposta ao estresse cirúrgico envolve a ação de hor-
mônios, de citocinas e alterações no metabolismo ener-
gético, ou seja, apresenta três núcleos principais:
✓ resposta neuroendócrina;
O principal estímulo para a ativação dessas respostas
acima são as fibras nervosas aferentes nociceptivas do
local lesado que chega até o hipotálamo e ativa tanto o
sistema nervoso autônomo simpático e a glândula adre-
nal, quanto o eixo hipotálamo-hipófise, que irá oca-
sionar a liberação de hormônios, como por exemplo a
elevação do cortisol e hormônio de crescimento (GH).
O principal hormônio que se encontra diminuído du-
rante a REMIT é a insulina, além do T3 (tri- iodotiro-
xina) que também tende a diminuir.
O conhecimento das alterações é fundamental no pós-
-operatório ou no momento após o trauma, para que
tenhamos intervenções precoces e redução das injúrias.
Dentre as alterações hormonais teremos
Vamos as alternativas:
A) Aumento do cortisol circulante.
B) Hipoglicemia.
C) Aumento da tiroxina.
D) Redução da secreção de Hormônio antidiurético.
74 | DEZ 22 AMRIGS 2022
A) CORRETA – O estresse traumático ocasiona um
aumento da liberação de hormônio adrenocor-
ticotrófico (ACTH) com consequente estímulo
para o córtex da adrenal e aumento da liberação de
cortisol, que possui efeitos de aumento da reativi-
dade vascular, aumento da resistência periférica a
insulina e hiperglicemia.
B) INCORRETA – A elevação de hormônios insulí-
nicos contrarreguladores a diminuição da insulina
ocasiona uma hiperglicemia durante a REMIT.
C) INCORRETA – A tiroxina encontra-se diminuída
nos primeiros dias após o estresse traumático, de-
corrente da diminuição da conversão periférica de
T4 em T3.
D) INCORRETA – O estímulo aferente nocicep-
tivo eleva a liberação de hormônio antidiurético
(ADH), diminuindo a diurese, além de ações na
gliconeogênese hepática.
Take-Home Message:
As alterações endócrino metabólicas na REMIT espe-
radas são: elevação do cortisol, hiperglicemia, ativação
do sistema renina- angiotensina-aldosterona, aumento
ADH e queda da insulina.
QUESTÃO 24
Em relação à Diabetes Melito no paciente cirúrgico, é
correto afirmar que:
A) Consiste em contraindicação a realização de cirur-
gias eletivas.
B) A Diabete tipo 1 compensada aumenta o risco
de infecção.
C) A Diabete tipo 2 deve ser compensada antes do
procedimento cirúrgico de emergência.
D) Quando compensada, não consiste em fator de
risco independente para infecção pós-operatória.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
A Diabetes Melito é uma comorbidade frequente e que
deve ser avaliada cuidadosamente antes da cirurgia. Ela
eleva o risco de infecção perioperatória e morbidade e
mortalidade cardiovascular pós-operatória. Um aspec-
to fundamental do manejo perioperatório é o contro-
le glicêmico.
A cirurgia causa uma resposta ao estresse neuroendó-
crino com liberação de hormônios contrarreguladores
de insulina e de citocinas inflamatórias, como inter-
leucina-6 e fator de necrose tumoral alfa. Essas alte-
rações neuro- hormonais resultam em anormalidades
metabólicas, incluindo resistência à insulina, diminui-
ção da utilização periférica de glicose, diminuição da
secreção de insulina, aumento da lipólise e catabolismo
de proteínas, levando à hiperglicemia no pós-operató-
rio, o que pode descompensar o quadro clínico de um
paciente com Diabetes Melito.
Todos os pacientes requerem história e exame físico
cuidadosos no pré- operatório de cirurgias eletivas, em
pacientes com antecedentes de Diabetes
Melito é preciso investigar:
- Tipo de diabetes: Pacientes com diabetes tipo 2
são resistentes à insulina e podem ser tratados com
dieta, agentes orais e/ou agentes injetáveis, incluin-
do insulina. Pacientes com diabetes tipo 1 são
deficientes em insulina e devem ser tratados com
insulina. Eles correm um risco muito maior de ce-
toacidose diabética e devem receber insulina basal o
tempo todo;
- Complicações: Avaliação da presença de complica-
ções como retinopatia, nefropatia, neuropatia, neu-
ropatia autonômica, doença coronariana, doença
vascular periférica e hipertensão;
- Avaliação do controle glicêmico pré-operatório:
frequência de monitoramento, níveis médios de
glicose no sangue, níveis de hemoglobina glicada e
faixa de glicemias, incluindo hipoglicemia;
- Terapia farmacológica prévia; História detalhada
da terapia do diabetes, especialmente medicamen-
 AMRIGS 2022
tos que podem causar hipoglicemia, incluindo in-
sulina (com foco no tipo, dose e tempo), sulfonilu-
reias e meglitinidas.
- Características da cirurgia: incluindo quando o pa-
ciente deve parar de comer antes da cirurgia, tipo
de cirurgia (maior ou menor), tempo do procedi-
mento cirúrgico, duração do procedimento;
Após essas análises as medicações devem ser ajustadas
no pré e pós- operatório conforme cada paciente.
Em cirurgias de emergência, caso o paciente com dia-
betes esteja descompensado, os níveis de glicose no san-
gue devem ser monitorados pelo menos a cada hora.
Vamos as alternativas:
A) Consiste em contraindicação a realização de cirur-
gias eletivas.
B) A Diabete tipo 1 compensada aumenta o risco
de infecção.
C) A Diabete tipo 2 deve ser compensada antes do
procedimento cirúrgico de emergência.
D) Quando compensada, não consiste em fator de
risco independente para infecção pós-operatória.
A) INCORRETA – A Diabetes Melitus não é uma
contraindicação para a realização de cirurgias eleti-
vas, entretanto deve ser avaliada e compensada no
pré-operatório para reduzir complicações.
B) INCORRETA – A compensação da Diabetes Me-
litus, seja tipo 1 ou 2, diminui o risco de complica-
ções, sendo uma delas o risco de infecção.
C) INCORRETA – A cirurgia de emergência não per-
mite que haja tempo hábil para a compensação de
comorbidades, algumas medidas como monitoriza-
ção do nível de glicemia e administração de insuli-
na endovenosa ou subcutânea podem ser necessá-
rias no intraoperatório nesses casos.
D) CORRETA – Alguns trabalhos evidenciam que o
fator de risco principal para a infecção pós-ope-
ratória é a hiperglicemia, ou seja, se a Diabetes
Melitus estiver compensada, a doença em si não é
um fator de risco independente para a infecção.
DEZ 22 | 75
Take-Home Message:
A Diabetes Melito deve ser avaliada cuidadosamente
antes da cirurgia e o foco principal é o controle da hi-
perglicemia e hipoglicemia no pré e pós-operatório,
ambos são responsáveis pelas complicações pós- opera-
tórias. Em caso de cirurgia de emergência não é possível
o controle pré- operatório, o que justifica um controle
mais rigoroso no intraoperatório da glicemia.
QUESTÃO 25
Homem, hígido, de 40 anos será submetido à cirurgia
de hérnia inguinal. Qual dos exames abaixo faz parte
da avaliação pré-operatória?
A) Bilirrubinas.
B) Exame qualitativo (comum) de urina.
C) Creatinina.
D) Tempo de protrombina.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
O objetivo da avaliação do paciente saudável é detectar
doenças prévias não conhecidas e fatores de risco que
possam aumentar o risco da cirurgia, além de propor
estratégias para reduzir esse risco.
A avaliação inicial é feita clinicamente através de al-
guns questionários que levam em consideração: sexo,
idade, uso de medicamentos, vícios e hábitos, cirur-
gias prévias e comorbidades. Além disso, alguns exa-
mes complementares podem ser solicitados, a maioria
das indicações das sociedades, artigos e até protocolos
institucionais defende que essa avaliação seja feita de
forma seletiva, evitando realização de exames de for-
ma desnecessária, uma vez que não há benefícios para
os pacientes.
Em cirurgias de pequeno porte como cirurgias ambu-
latoriais, hernioplastias inguinais, procedimentos com
anestesia local a indicação dos exames está resumida na
tabela abaixo:
76 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Ou seja, o paciente da questão que será submetido a um
procedimento de baixo risco, que apresenta 40 anos e
que não possui nenhuma comorbidade, haveria necessi-
dade da realização apenas do eletrocardiograma, entre-
tanto a questão traz uma lista de exames laboratoriais.
Nesse caso considerando as indicações de pacientes com
comorbidades, internados ou em cirurgias de grande
porte as indicações dos exames citados nas alternativas
serão as seguintes:
- Coagulograma: história de sangramentos anor-
mais; operações vasculares, oftalmológicas, neu-
rológicas ou com circulação extra-corpórea; he-
patopatia e síndrome de mal absorção; neoplasias
avançadas; esplenomegalia.
- Uréia e creatinina: pacientes acima de 40 anos; his-
tória pessoal ou familiar de nefropatias; hipertensão
e/ou diabetes;
- Urocultura: pacientes com indicação de cateterismo
vesical e com risco para bacteriúria assintomática (ido-
sos, diabéticos, história de infecção, urinária de repeti-
ção, litíase, urinária, bexiga neurogênica, malformação
de vias urinárias, gravidez e síndrome de imunodefici-
ência adquirida). Urina 1 não é necessária.
- Bilirrubinas: indicada em pacientes que apresen-
tam cirrose hepática para a classificação do Child-
-Pugh ou em pacientes clinicamente ictéricos.
Ao avaliar as indicações acima notamos que o paciente
teria indicação apenas da creatinina, dentro das alternati-
vas, mas reitero que a questão considerou um exame in-
dicado em cirurgias de grande porte enquanto a hernio-
plastia inguinal é um procedimento de pequeno porte.
Vamos analisar as alternativas
A) Bilirrubinas.
B) Exame qualitativo (comum) de urina.
C) Creatinina.
D) Tempo de protrombina.
A) INCORRETA – As bilirrubinas não são consideradas
como exames pré-operatórios básicos, e são solicitadas
em casos específicos de hepatopatias ou icterícia.
B) INCORRETA – O exame qualitativo (comum)
de urina, também conhecido somo Urina 1, não
tem indicação no pré-operatório, sendo analisado,
quando necessário, através da urocultura.
C) CORRETA – Pacientes com mais de 40 anos e
que forem submetidos a cirurgia de médio ou
grande porte ou com comorbidades, devem ser
submetidos a dosagem de creatinina e ureia no
pré-operatório.
D) INCORRETA – O tempo de protrombina, que faz
parte do coagulograma, só está indicado em pacien-
tes com história de sangramentos anormais, operações
vasculares, oftalmológicas, neurológicas ou com circu-
lação extracorpórea, hepatopatias ou esplenomegalia.
Take-Home Message:
Os exames pré-operatórios devem ser solicitados apenas
quando houver indicação precisa, a avaliação é feita ba-
seada na idade, sexo e comorbidades do paciente, além
de avaliar o porte de cirurgia e condição (eletiva versus
urgência). Comumente pacientes jovens e sem comor-
bidades, que serão submetidos a cirurgias de pequeno
porte, não necessitam de nenhum exame pré-operatório.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 26
O termo de consentimento informado e esclarecido é
peça fundamental para informação do paciente. Desse
termo, deve constar:
A) Informação sobre a taxa de complicações
do cirurgião.
B) Informação sobre a taxa de sucesso da cirurgia.
C) Possibilidade de haver transferência da cirurgia.
D) Possíveis complicações e/ou sequelas do procedi-
mento a ser realizado.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
Todo paciente quando é encaminhado para a realização
de um procedimento cirúrgico ou exame invasivo passa
por diversas etapas, tanto durante o pré- operatório ou
intraoperatório, que possuem inúmeros riscos. A fun-
ção do médico e de toda equipe multidisciplinar é a
de reduzir estes riscos através do protocolo de cirur-
gia segura.
A Organização Mundial de Saúde criou em 2002 a
Aliança Mundial para a
Segurança do Paciente, sendo que um dos desafios é a
cirurgia segura, o que motivou a criação do programa
Cirurgia Segura Salvam Vidas, aderida em
2008 pelo Ministério da Saúde do Brasil. Para a efetiva-
ção da segurança do paciente é utilizada a lista de veri-
ficação padronizada, no qual um dos itens obrigatórios
antes da cirurgia iniciar é o termo de consentimento
informado e esclarecido (TCLE) assinado.
O objetivo do termo de Consentimento Esclarecido é
informar ao paciente e/ou seu responsável sobre o pro-
cedimento cirúrgico e anestésico ao qual será submeti-
do, seus riscos e benefícios. O paciente, ou responsável
deve ter tempo hábil para ler atentamente e esclarecer
dúvidas e ao final deve assinar e datar, tanto o paciente
como o médico.
DEZ 22 | 77
Segundo o artigo 22 do capítulo IV do Código de Ética
Médica do Conselho
Federal de Medicina, resolução nº 1.931/2009, em vi-
gor 13/abril/2010: todo procedimento cirúrgico deve
ser explicado antecipadamente ao paciente, ou ao seu
representante quando tratar-se de incapaz (menores de
idade, senilidade, estados confusionais, etc.), pelo mé-
dico executor, ou ao que participará do procedimento,
salvo em risco iminente de morte.
Vamos as alternativas:
A) Informação sobre a taxa de complicações
do cirurgião.
B) Informação sobre a taxa de sucesso da cirurgia.
C) Possibilidade de haver transferência da cirurgia.
D) Possíveis complicações e/ou sequelas do procedi-
mento a ser realizado.
A) INCORRETA – O termo de consentimento não
necessita constar das taxas de complicações, apenas
quais são elas.
B) INCORRETA – O objetivo é esclarecer complica-
ções através do termo para ciência do paciente, a
taxa de sucesso da cirurgia é uma medida relativa e
que não deve ser contemplada.
C) INCORRETA – A possibilidade de transferência
da cirurgia não é uma complicação do procedimen-
to, portanto, não necessita constar no TCLE.
D) CORRETA – O objetivo do TCLE é o de infor-
mar possíveis complicações e/ou sequelas antes do
procedimento para o paciente, com exceção de ci-
rurgias de urgência.
Take-Home Message:
O objetivo do termo de Consentimento Esclarecido é
informar ao paciente e/ou seu responsável sobre o pro-
cedimento cirúrgico e anestésico ao qual será submeti-
do, seus riscos e benefícios.
78 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 27 A questão interroga qual a melhor incisão para uma

cirurgia gástrica, ou seja, uma incisão abdominal, em
Qual a incisão mais adequada para uma cirurgia gástri- um paciente instável hemodinamicamente. Nesse caso
ca com paciente instável hemodinamicamente? devemos priorizar uma incisão rápida, com boa exposi-
A) Mediana supraumbilical. ção e pouco sangramento.
B) Kocher. As incisões abdominais são divididas conforme o senti-
C) Mediana infraumbilical. do em relação ao eixo do paciente em: LONGITUDI-
D) Xifo-púbica. NAIS, TRANSVERSAIS, OBLÍQUAS e
COMBINADAS. Devemos lembrar que, sempre que
Resposta correta: Letra D
possível, a incisão deve preservar musculatura e inerva-
ção, evitando sua secção.
Comentários:
Abaixo um diagrama com o resumo das incisões e suas
O sucesso para a cirurgia é o adequado conhecimento
vantagens e desvantagens:
da técnica cirúrgica, e um destes princípios é a correta
escolha da incisão cirúrgica.

A incisão de escolha em pacientes com indicação de
laparotomia exploradora em cirurgias de urgência é
a mediana xifopúbica. É a incisão mais rápida de ser
realizada e com menor risco de sangramento, uma
vez que não há secção de musculatura, e possui am-
pla visualização.
Um paciente com instabilidade hemodinâmica não ad-
mite um procedimento longo, e o comprometimento
da exposição pode retardar o tempo cirúrgico.
Vamos às alternativas:
A) Mediana supraumbilical.
B) Kocher.
C) Mediana infraumbilical.
D) Xifo-púbica.
A) INCORRETA – Apesar de ser uma cirurgia gás-
trica, considerando que a questão traz uma alter-
nativa com a incisão xifo-púbica, a melhor escolha
não é a supraumbilical, uma ver que a exposição
é prejudicada e trata-se de uma cirurgia que deve
ser abreviada.
B) INCORRETA – A incisão de Kocher é uma incisão
Oblíqua utilizada para cirurgias da vesícula e via
biliar, não é adequada para uma cirurgia gástrica.
C) INCORRETA – A incisão infraumbilical não pos-
sui boa exposição para cirurgias do andar superior
do abdome.
D) CORRETA – A incisão de escolha em pacientes
com indicação de laparotomia exploradora em ci-
rurgias de urgência é a mediana xifo-púbica.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
O sucesso da cirurgia envolve a correta escolha da in-
cisão cirúrgica, em pacientes com indicação de laparo-
tomia exploradora em cirurgias de urgência, a melhor
escolha de incisão é a mediana xifo-púbica.
QUESTÃO 28
Em relação aos fundamentos da cirurgia, assinale a al-
ternativa que está relacionada com a evolução pós-ope-
ratória mais segura para o paciente.
A) Anestesia geral.
B) Informação.
C) Uso de materiais adequados.
D) Sala de recuperação com cama elétrica.
Resposta correta: Letra B.
Comentários:
Dentro dos fundamentos da cirurgia, além das obriga-
ções técnicas da equipe como paramentação, vestimenta,
materiais, conhecimento da técnica cirúrgica, a avaliação
pré-operatória é fundamental e não somente a parte clí-
nica, como os esclarecimentos acerca da cirurgia.
O paciente é o elemento chave do processo de reabili-
tação no pós-operatório de uma cirurgia, independente
do porte ou da anestesia utilizada.
Durante o pré-operatório, o paciente tem o direito de
compartilhar das informações sobre a cirurgia (benefícios,
limitações e riscos, tempo de hospitalização e do pré e pós-
-operatório, tipo e período de imobilização, previsão de
retorno ao trabalho, cuidados necessários, importância da
adesão ao tratamento, etc.). Uma atitude eficiente na co-
municação com o paciente favorece a colaboração do pa-
ciente e da família, auxiliando nos cuidados que ele deve
ter para garantir sua segurança após a cirurgia.
A questão quer saber qual a medida que está relaciona-
da com uma evolução SEGURA para o paciente no pós
operatório, vamos analisar item a item.
DEZ 22 | 79
Vamos às alternativas:
A) Anestesia geral.
B) Informação.
C) Uso de materiais adequados.
D) Sala de recuperação com cama elétrica.
A) INCORRETA – O tipo de anestesia não é um item
que irá garantir a segurança do paciente no pós-
-operatório, a sua técnica correta independente do
tipo de cirurgia auxilia na segurança do paciente.
B) CORRETA – O paciente é o elemento chave do
processo de reabilitação no pós-operatório de uma
cirurgia, e a informação sobre o procedimento
garante os cuidados ideais e consequentemente a
segurança do paciente no pós- operatória.
C) INCORRETA – O uso de materiais auxilia na evo-
lução perioperatória adequada para o paciente.
D) INCORRETA – O uso de cama elétrica não é um
fator determinante para auxiliar na segurança no
pós-operatório da paciente.
Take-Home Message: O paciente é o elemento chave
do processo de reabilitação no pós-operatório de uma
cirurgia, e a informação sobre o procedimento garante
os cuidados ideais e consequentemente a segurança do
paciente no pós-operatória.
QUESTÃO 29
Em relação ao ambiente cirúrgico, a partir de qual
momento é obrigatório o uso de avental estéril
pelo cirurgião?
A) Na entrada do bloco cirúrgico.
B) A partir do vestiário.
C) No momento do início da cirurgia.
D) Na condução do paciente à sala de recuperação.
Resposta correta: Letra C.
80 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Comentários:
Vamos às alternativas:
O preparo da equipe cirúrgica constitui um dos passos
fundamentais para o sucesso da cirurgia, a maioria das
infecções se dá através do contato humano.
O preparo da equipe cirúrgica inclui higiene pessoal,
vestimenta cirúrgica e colocação de avental estéril.
Todas as pessoas que entram no centro cirúrgico devem
trocar de roupa para o vestuário básico adequado para o
ambiente cirúrgico: calça e camiseta, gorro e máscaras.
O uso dos aventais e luvas cirúrgicas é justificado pela
criação de uma barreira entre o campo operatório e os
membros da equipe, protegendo contra contamina-
ções. Além disso, eles protegem a equipe cirúrgica de
eventual transmissão de patógenos so paciente.
Após a correta escovação cirúrgica e retirada do antissép-
tico, todos os membros da equipe deverão se paramentar
antes do início da cirurgia. Durante a colocação do aven-
tal o médico deve se atentar para não ter contato com
nenhuma superfície e o circulante da sala presta auxílio
para para o ajuste do avental, evitando que a mão do
cirurgião, ainda sem luva, toque no tecido estéril.
Vamos às alternativas:
A) Na entrada do bloco cirúrgico.
B) A partir do vestiário.
C) No momento do início da cirurgia.
D) Na condução do paciente à sala de recuperação.
A) INCORRETA – Na entrada do bloco cirúrgico
a equipe já deve estar com o vestuário adequado
para o ambiente, entretanto isso não contempla o
avental estéril, este é apenas quando houver contato
com o sítio operatório.
B) INCORRETA – No vestiário há apenas a troca de
roupa com a vestimenta do vestuário básico.
C) CORRETA – O avental estéril é uma barreira de
proteção entre o paciente e o cirurgião, ou seja, deve
ser colocado no momento do início da cirurgia.
D) INCORRETA – Após o término da cirurgia, o
avental deve ser retirado e descartado, uma vez que
está contaminado, não sendo adequado seu uso na
condução do pacienta para à sala de recuperação.
Take-Home Message:
O uso dos aventais e luvas cirúrgicas é justificado pela
criação de uma barreira entre o campo operatório e
os membros da equipe, protegendo contra contami-
nações. Além disso, eles protegem a equipe cirúrgica
de eventual transmissão de patógenos so paciente. Ele
deve ser colocado no momento do início da cirurgia.
QUESTÃO 30
Em uma lesão provocada por uma pedra, qual o tipo
mais comum de ferimento?
A) Inciso.
B) Lacerante.
C) Cortocontuso.
D) Lacerocontuso.
Resposta correta: Letra C.
Comentários:
As lesões corporais podem ser produzidas por diversos
tipos de energia, sendo uma delas a energia mecânica.
Os meios mecânicos causadores do dano vão desde as
armas propriamente ditas
(punhais, revólveres, soqueiras), armas eventuais (faca,
navalha, foice, facão, machado), armas naturais
(punhos, pés, dentes), até os mais diversos meios ima-
gináveis (máquinas, animais, veículos, quedas, explo-
sões, precipitações). No caso da questão ele traz uma
lesão por pedra, um instrumento irregular com gume.
Esses meios causadores do trauma atuam por pressão,
percussão, tração, torção, compressão, descompressão,
explosão, deslizamento e contrachoque, produzindo
diferentes tipos de lesões.
 AMRIGS 2022
O termo dilacerante e as derivações utilizadas por esse
termo, em substituição ao cortante, não são aceitos na
medicina legal.
Vamos analisar as alternativas:
A) INCORRETA – O ferimento inciso ou puntifor-
me é causado por instrumentos pontiagudos, a pe-
dra é um instrumento rombo.
B) INCORRETA – O termo lacerante não é aceito no
meio da medicina legal, utiliza-se o termo cortante
ou perfurante.
C) CORRETA – A pedra é um instrumento com super-
fície irregular, romba e que pode apresentar gume,
ou seja, ela produz ferimentos cortocontusos.
D) INCORRETA – O termo lacerante não é aceito no
meio da medicina legal, utiliza-se o termo cortante
ou perfurante.
DEZ 22 | 81
Take-Home Message:
Em conformidade com as características que causam às
lesões, os meios mecânicos classificam-se em:
- perfurantes: provocada por instrumentos perfuran-
tes, de aspecto pontiagudo, alongado e fino;
- cortantes: provocada por instrumentos de ação
cortante que agem através de um gume mais ou
menos afiado, por exemplo: navalha, a lâmina de
barbear e o bisturi;
- contundentes: produzida por um corpo de superfície,
agem por pressão, explosão, deslizamento, percussão,
compressão, descompressão, distensão, torção, fric-
ção, por contragolpe ou de forma mista. São meios ou
instrumentos geralmente com uma superfície plana.
- perfurocortantes: provocadas por instrumentos de
ponta e gume, atuando por um mecanismo misto:
82 | DEZ 22 AMRIGS 2022
penetram perfurando com a ponta e cortam com a
borda afiada os planos superficiais e profundos;
- perfurocontundentes: produzidas por um meca-
nismo de ação que perfura e contunde ao mesmo
tempo, por exemplo: projéteis de arma de fogo;
- cortocontundentes: produzidos por instrumentos
que, mesmo sendo portadores de gume, são in-
fluenciados pela ação contundente, quer pelo seu
próprio peso, ou pela força ativa.
QUESTÃO 31
Qual o mecanismo de ação do anestésico local?
A) Bloqueio do canal de sódio.
B) Bloqueio do epinervo.
C) Bloqueio da bomba de prótons.
D) Bloqueio da serotonina.
Resposta correta: Letra A.
Comentários:
Os anestésicos locais são fármacos que interrompem
temporariamente a transmissão neuronal, causando
perda de sensibilidade na região inervada pelos nervos
bloqueados. São utilizados nos bloqueios de neuroeixo,
mas também podem ser utilizados em anestesias locais
para procedimentos menores.
Eles são quimicamente constituídos por um anel aromáti-
co, uma cadeia intermediária e um grupo amina, podendo
ser classificados como grupo amida ou grupo éster.
Seu mecanismo de ação consiste em uma inibição re-
versível da condução do potencial de ação. Isso ocorre
através da sua ligação ao canal de
Na+, o que ocasiona a diminuição da permeabilidade da
membrana nervosa ao sódio e inativação do seu canal.
As fibras da dor são relativamente não mielinizadas
quando comparadas às fibras aferentes que transmi-
tem a sensação de toque, temperatura ou nervos que
controlam a contração muscular. Assim, a infiltração
de soluções diluídas de anestésicos locais próximo às
fibras nervosas produz alívio da dor com menor inter-
rupção na sensação de tato ou temperatura e sem para-
lisia muscular.
Ou seja, após o uso do anestésico local, o bloqueio das
fibras nervosas ocorre gradualmente, iniciando com a
perda de sensibilidade à dor; em seguida, à temperatura,
ao toque, à propriocepção e, finalmente, com a perda do
tônus muscular. A recuperação ocorre na ordem inversa.
A duração do bloqueio anestésico apresenta relação di-
reta com algumas características dos fármacos como:
solubilidade lipídica e com o grau de ligação proteica
do anestésico. Adicionalmente, a duração também é in-
fluenciada pela vascularização do tecido em que o ele
é injetado, sendo que em tecidos mais vascularizados a
duração é menor.
Vamos às alternativas:
A) Bloqueio do canal de sódio.
B) Bloqueio do epinervo.
C) Bloqueio da bomba de prótons.
D) Bloqueio da serotonina.
A) CORRETA – Os anestésicos locais se ligam aos
canais de sódio e o inativam, interrompendo a
transmissão neuronal.
B) INCORRETA – O bloqueio ocorre nos canais de
sódio localizados dentro da fibra nervosa.
C) INCORRETA – O bloqueio se da exclusivamente
no canal de sódio.
D) INCORRETA – A serotonina é um neurotrans-
missor que não sofre interferência pela ação do
anestésico local.
Take-Home Message:
Os anestésicos locais são fármacos que interrompem tem-
porariamente a transmissão neuronal através da inibição
reversível da condução do potencial de ação, isso ocorre
através da sua ligação ao canal de Na+ e seu bloqueio.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 32
Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao uso
de antibióticos.
A) Cirurgias potencialmente contaminadas necessi-
tam antibioticoterapia pelo risco de dissemina-
ção bacteriana.
B) Cirurgias limpas em geral não necessitam antibio-
ticoprofilaxia, exceto em casos como o de uso de
próteses, imunodeprimidos, grandes descolamen-
tos, entre outros casos peculiares.
C) Não se usa antibioticoprofilaxia em cirur-
gias infectadas.
D) Cirurgias contaminadas necessitam antibio-
ticoprofilaxia e dependendo do grau e exten-
são da contaminação pode ser necessário o uso
de antibioticoterapia.
Resposta correta: Letra A.
Comentários:
As infecções do sítio cirúrgico (ISC) são definidas
como infecções na incisão cirúrgica, ou próxima a ela,
que ocorre em até 30 dias após a cirurgia ou até 90 dias
em cirurgias com uso de próteses. É uma complicação
muito comum e que tem como principal medida a pre-
venção, que pode ser feito com um ambiente de sala de
cirurgia limpa, administração de antibióticos pré-ope-
ratórios e atenção cuidadosa à técnica operatória.
O objetivo da antibioticoprofilaxia é o de reduzir a car-
ga de microorganismos no sítio cirúrgico e consequen-
temente a taxa de infeção. A sua indicação depende
do grau de contaminação da ferida e comorbidades do
paciente. A classificação das feridas é feita da seguin-
te maneira:
DEZ 22 | 83
A profilaxia antimicrobiana é justificada para a maioria
dos procedimentos de contaminação limpa, quando há
procedimentos contaminados ou infectados o seu uso é
classificado como terapêutico.
Sendo assim, as indicações de antibioticoprofilaxia são:
- Procedimentos com risco de infecção do sítio ci-
rúrgico e ferida operatória (fatores de risco: extre-
mos de idade, mau estado nutricional, obesidade,
diabetes mellitus, tabagismo, infecções coexisten-
tes, imunossupressão, corticoterapia, procedimento
cirúrgico recente, tempo de internação pré-opera-
tório e colonização conhecida por bactérias resis-
tentes.) ;
- Pacientes que apresentariam alta morbimortalida-
de caso evoluísse com infecção;
 Pacientes ASA III, IV, V;
 Cirurgias potencialmente contaminadas, contami-
nadas e de longa duração.
O antibiótico deve ser administrado na indução da
anestesia e continuado até o término da cirúrgica utili-
zando um intervalo de 2x a meia via da droga.
As indicações dos antibióticos, conforme a classificação
das feridas, estão resumidas no quadro a seguir:
84 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Vamos às alternativas: B) INCORRETA – A afirmação está correta, as cirur-

gias limpas em geral possuem baixo risco de infec-
A) Cirurgias potencialmente contaminadas necessi- ção com exceção dos casos citados na alternativa.
tam antibioticoterapia pelo risco de dissemina-
C) INCORRETA – A afirmação está correta, para as ci-
ção bacteriana.
rurgias infectadas a indicação é de antibioticoterapia.
B) Cirurgias limpas em geral não necessitam antibio-
D) INCORRETA – A afirmação está correta, a indi-
ticoprofilaxia, exceto em casos como o de uso de
cação da antibioticoterapia profilática depende do
próteses, imunodeprimidos, grandes descolamen-
grau de contaminação da ferida e comorbidades
tos, entre outros casos peculiares.
do paciente.
C) Não se usa antibioticoprofilaxia em cirur-
gias infectadas.
D) Cirurgias contaminadas necessitam antibio- Take-Home Message: O uso de antibioticoprofilaxia é
ticoprofilaxia e dependendo do grau e exten- criterioso e depende do grau de contaminação da ferida
são da contaminação pode ser necessário o uso operatória que é classificada em limpa, potencialmente
de antibioticoterapia. contaminada, contaminada e infectada. Cirurgias com
grande contaminação ou infectada necessitam do uso
A) CORRETA – A afirmação está incorreta, a profi-
de antibioticoterapia.
laxia antibiótica não é utilizada pelo risco de dis-
seminação e sim infecção de sítio cirúrgico.
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 85

QUESTÃO 33
Em relação às queimaduras no adulto, analise as asser-
tivas abaixo: I.
Queimaduras de terceiro grau envolvendo tronco e
membro superior direito correspondem a 36% de su-
perfície corporal queimada. II. Paciente de 43 anos,
com 60 Kg e área de 45% de queimaduras de terceiro
grau, necessita, nas primeiras 8h, segundo Parkland,
aproximadamente 5,4l de ringer lactato ou soro fisio-
lógico para otimizar a hidratação. III. Queimaduras de
períneo e articulações são menos graves pois são áreas
de pequena extensão e geralmente não necessitam de
internação por serem de bom prognóstico. Quais es-
tão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra A.

Comentários: Vamos calcular a SCQ do nosso paciente:

O manejo hospitalar da vítima de queimadura é muito Conforme a última atualização da 10ª ed. ATLS, pa-
semelhante ao manejo das vítimas de trauma e deve ser cientes com SCQ &gt; 20% devem receber a reposição
feito de forma hierarquizada, seguindo o mnemônico de volume conforme o cálculo da fórmula de Brooke
de atendimento inicial do ATLS (ABCDE). modificada: 2mL x SCQ (superfície corporal quei-
mada) x peso, a hidratação deve ser feita com ringer
Para definirmos a gravidade e o montante da reposição
lactato, metade do volume deve ser administrado nas
volêmica, é fundamental calcularmos o percentual de
primeiras
superfície corpórea queimada (SCQ).
8 horas após o evento e a outra metade, nas 16 horas
Lembrem-se que QUEIMADURAS DE PRIMEIRO
subsequentes. Em vítimas de queimadura elétrica deve
GRAU NÃO DEVEM SER
ser feita segundo a fórmula de Parkland (4mL x SCQ
CONTABILIZADAS no cálculo, pois não produzem
(superfície corporal queimada) x peso).
repercussão sistêmica relevante.
A solução de escolha para a reposição volêmica é o cris-
O método de estimativa de SCQ mais cobrado nas
taloide, mais especificamente o Ringer Lactato.
provas chama-se diagrama da
Além de calcular a hidratação para o paciente, a estima-
“regra dos nove” de Wallace, que é representado pelo
tiva da SCQ e a localização das queimaduras também é
diagrama ao lado. As áreas corporais são contabilizadas
útil para determinar a gravidade e necessidade de inter-
da seguinte maneira:
nação, observem as indicações a seguir:
86 | DEZ 22 AMRIGS 2022
 Queimaduras de 2° e 3° graus com mais de 20% da
SCQ em qualquer idade;
 Queimaduras de 2° e 3° graus com mais de 10% da
SCQ em pacientes &lt;10 ou &gt; 50 anos;
 Queimaduras de 2° e 3° graus em face, períneo,
mãos, pés e grandes articulações;
 Queimaduras de 3° grau em qualquer extensão (al-
gumas fontes citam 5%);
 Lesão inalatória;
 Queimaduras circunferenciais;
 Queimaduras elétricas, químicas, associadas
a trauma;
 Queimaduras em pacientes com doenças crônicas,
com questões sociais.
Vamos analisar item a item:
ITEM I - Queimaduras de terceiro grau envolvendo
tronco e membro superior direito correspondem a
36% de superfície corporal queimada – Vamos calcu-
lar: tronco – 18% + membro superior direito – 9% =
27% - INCORRETA.
ITEM II - Paciente de 43 anos, com 60 Kg e área de
45% de queimaduras de terceiro grau, necessita, nas
primeiras 8h, segundo Parkland, aproximadamente
5,4l de ringer lactato ou soro fisiológico para otimizar
a hidratação – Vamos calcular conforme a fórmula de
Parkland: 4mL x SCQ (superfície corporal queimada)
x peso -> 4 x 45 x 60 = 10.800 mL em 24 horas, quan-
do dividimos em 2 frações isso resultará em 5.400 mL
de Ringer Lactato nas primeiras 8 horas e
5.400 mL nas próximas 16 horas, a solução ideal é o
Ringer lactato, porém cristaloides, como o soro fisioló-
gico, também são permitidos. – CORRETA.
ITEM III - Queimaduras de períneo e articulações
são menos graves pois são áreas de pequena extensão
e geralmente não necessitam de internação por serem
de bom prognóstico – A região do períneo e as arti-
culações são regiões que, quando queimadas, podem
ocasionar danos funcionais significativos para o pacien-
te, então mesmo que sejam de pequena superfície, são
consideradas lesões graves. – INCORRETA.
Apesar do gabarito oficial da banca ser a alternativa A,
consideramos que a questão não possui gabarito corre-
to, uma vez que apenas o item II está correto.
Vamos às alternativas:
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
A) INCORRETA – Apenas o item II está correto.
B) INCORRETA – O item III é incorreto.
C) INCORRETA – O item é III incorreto.
D) INCORRETA – Os itens I e III estão incorretos.
Take-Home Message:
Para definirmos a gravidade e o montante da reposição
volêmica, é fundamental calcularmos o percentual de
superfície corpórea queimada (SCQ), guardem a “regra
dos 9 de Wallace” conforme a imagem da correção e
não se esqueçam da última atualização do cálculo de
reposição do ATLS 10ªed: 2mL x SCQ x Peso para
queimaduras térmicas.
QUESTÃO 34
Em relação à cirurgia minimamente invasiva, é correto
afirmar que a cirurgia por vídeo:
A) Tem mais risco por demandar o uso de aneste-
sia geral.
B) É menos efetiva no sentido da resolução da patolo-
gia para a qual ela foi indicada.
C) Não deve ser indicada em paciente oncológico.
D) Propicia um retorno mais precoce às ativida-
des laborais.
Resposta correta: Letra D.
 AMRIGS 2022
Comentários:
A evolução e inovação das técnicas cirúrgicas que, no
passado, eram feitas através de grandes incisões para
permitir a adequada visualização e manipulação dos
tecidos, permitiu o surgimento da CIRURGIA MINI-
MAMENTE INVASIVA, cujo objetivo é utilizar ins-
trumentos especiais através de incisões menores, para
reduzir o dano tecidual causado pelo acesso cirúrgico,
sem comprometer o resultado desejado.
A cirurgia laparoscópica, que é um dos principais exem-
plos da cirurgia minimamente invasiva, refere-se à ci-
rurgia abdominal realizada por meio de uma ou várias
pequenas incisões ao invés de uma incisão maior, além
da cavidade abdominal, a cavidade torácica, através da
toracoscopia, também é realizada.
Outra modalidade que é mais recente e vem evoluindo
gradativamente é a cirurgia robótica, que é uma cirur-
gia que utiliza um dispositivo, o robô, controlado por
computador que pode ser programado para auxiliar no
posicionamento e manipulação de instrumentos.
As principais vantagens da cirurgia minimamente in-
vasiva são:
- Cicatrizes menores;
- Recuperação pós-operatória mais rápida (menor dor);
- Menor risco de hérnias incisionais e infecção de
ferida operatória;
- Menos sangramento, menos complicações e
menor duração do procedimento (relativa ao
tipo de cirurgia).
A principal contraindicação absoluta para a cirúrgica
laparoscópica e robótica é a instabilidade hemodinâ-
mica, em decorrência do pneumoperitônio que é man-
datório para a realização do procedimento na cavidade
abdominal e que prejudica o retorno venoso.
DEZ 22 | 87
Vamos às alternativas:
A) Tem mais risco por demandar o uso de aneste-
sia geral.
B) É menos efetiva no sentido da resolução da patolo-
gia para a qual ela foi indicada.
C) Não deve ser indicada em paciente oncológico.
D) Propicia um retorno mais precoce às ativida-
des laborais.
A) INCORRETA – A cirurgia por vídeo ou aberta,
seja da cavidade abdominal ou torácica, são reali-
zadas com anestesia geral, ou seja, não é um ris-
co extra.
B) INCORRETA – A cirurgia minimamente invasiva
não compromete o resultado desejado, e em alguns
casos permite melhor exposição e manipulação
dos tecidos.
C) INCORRETA – Pacientes oncológicos não apre-
sentam contraindicação para a cirurgia por vídeo,
o cuidado extra que devemos ter nesses casos é o de
proteger os portais da laparoscopia em caso de reti-
rada de espécimes, pelo risco de metástase no local
do portal por contaminação direta.
D) CORRETA – A recuperação pós-operatória é mais
acelerada, o que permite o retorno de atividades
laborais precocemente.
Take-Home Message:
As principais vantagens da cirurgia minimamente in-
vasiva são:
- Cicatrizes menores;
- Recuperação pós-operatória mais rápida
(menor dor);
- Menor risco de hérnias incisionais e infecção de fe-
rida operatória;
- Menos sangramento, menos complicações e me-
nor duração do procedimento (relativa ao tipo de
cirurgia).
88 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 35
Paciente de 35 anos vai na UBS e tem um diagnóstico
de apendicite aguda. O paciente é usuário de AAS 500
mg por dia há 3 anos. Qual a conduta mais adequada?
A) Antibioticoterapia e cirurgia em 7 dias.
B) Cirurgia imediata.
C) Internar para observar e cirurgia em 7 dias.
D) Suspender AAS e cirurgia em 24h.
Resposta correta: Letra B.
Comentários:
A apendicite aguda é a emergência cirúrgica abdomi-
nal mais comum no mundo, sendo classificada como
a principal etiologia de abdome agudo inflamatório.
As manifestações clínicas clássicas são: dor abdominal
vaga e imprecisa, localizada na região mesogástrica ou
periumbilical, com duração aproximada de 4 a 6 horas
e posterior migração para a fossa ilíaca direita, asso-
ciada a náuseas, vômitos, anorexia e febre baixa (&lt;
38,5º C), entretanto, alguns pacientes podem apre-
sentar quadro atípico, principalmente crianças, idosos,
gestantes e imunossuprimidos.
O tratamento da apendicite aguda irá depender do
tempo de evolução, presença ou não de complicações
e do estado hemodinâmico do paciente, entretanto o
tratamento padrão é a cirurgia.
O tratamento não operatório é realizado com o uso de
antibioticoterapia isolado, entretanto apresenta uma
taxa de 30% de recidiva em menos de 1 ano, ou seja,
tem sido indicado apenas como tratamento inicial em
alguns pacientes com apendicite perfurada, sendo reali-
zada em seguida a apendicectomia de intervalo, aproxi-
madamente 6 semanas do episódio de apendicite e após
a colonoscopia. Alguns estudos recentes sugerem que é
viável tratar a apendicite não complicada de forma não
cirúrgica apenas com antibióticos, mas não é uma con-
duta padronizada, principalmente nas provas.
O paciente da questão faz uso de AAS há 3 anos, e
a questão utiliza do princípio de suspender ou não a
medicação para a realização do procedimento. A ma-
nutenção ou interrupção do AAS no pré-operatório
deve ser avaliada considerando o risco de sangramento
versus benefício do seu uso, que no caso de pacientes
com acidente vascular isquêmico ou infarto agudo do
miocárdio, pode ser deletério. Além disso, o tempo de
interrupção para que seu efeito plaquetário deixe de
existir, deve ser de 5 a 7 dias antes a cirurgia.
O caso em questão aborda o tratamento de apendicite
aguda, que é uma cirurgia de urgência, ou seja, não
permite o tempo de 7 dias para a espera da cirurgia,
além disso, a apendicectomia é considerada uma cirur-
gia com baixo risco de sangramento, o que permite o
tratamento com a cirurgia sem necessariamente a sus-
pensão do medicamento.
Vamos às alternativas:
A) Antibioticoterapia e cirurgia em 7 dias.
B) Cirurgia imediata.
C) Internar para observar e cirurgia em 7 dias.
D) Suspender AAS e cirurgia em 24h.
A) INCORRETA – O tratamento padrão para a apen-
dicite aguda é a cirurgia, o tratamento com antibio-
ticoterapia e apendicectomia de intervalo é aplicado
em casos complicados, e a cirurgia não é realizada
em 7 dias e sim em 6 semanas.
B) CORRETA – A apendicectomia é o tratamento
padrão, e como trata-se de uma cirurgia de urgên-
cia e baixo risco de sangramento, não há tempo
hábil para interrupção do AAS ou justificativa
plausível para o tratamento não operatório.
C) INCORRETA – O tratamento ideal é a cirurgia,
quando não realizada de imediato o tratamento
deve abordar o uso de antibioticoterapia e não so-
mente a observação.
D) INCORRETA – Suspender a medicação por 24
horas é insuficiente para que seu efeito plaquetário
deixe de ocorrer, sendo assim não há benefício em
retardar o tratamento por 24 horas.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
O tratamento padrão da apendicite é a cirurgia, sendo
• tratamento não operatório realizado em casos se-
lecionados com complicações. A interrupção do
AAS, para que seu efeito plaquetário seja interrom-
pido, deve ser feito 5 a 7 dias antes da cirúrgica,
o que não se aplica em cirurgias de urgência com
baixo risco de sangramento.
QUESTÃO 36
Ferimento cortocontuso em extremidade do dedo da
mão com sangramento profuso e intenso. Em relação à
anestesia local, como proceder?
A) Bloqueio troncular com lidocaína e vasoconstritor.
B) Infiltração local com lidocaína com vasoconstritor.
C) Bloqueio troncular com lidocaína sem
vasoconstritor.
D) Infiltração local com lidocaína sem vasoconstritor.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Os anestésicos locais são fármacos que interrompem
temporariamente a transmissão neuronal, causando
perda de sensibilidade na região inervada pelos nervos
bloqueados. São utilizados nos bloqueios de neuroeixo,
mas também podem ser utilizados em anestesias locais
para procedimentos menores.
Seu mecanismo de ação consiste em uma inibição re-
versível da condução do potencial de ação. Isso ocorre
através da sua ligação ao canal de
Na+, o que ocasiona a diminuição da permeabilidade da
membrana nervosa ao sódio e inativação do seu canal.
Eles são quimicamente constituídos por um anel aromáti-
co, uma cadeia intermediária e um grupo amina, podendo
ser classificados como grupo amida ou grupo éster.
DEZ 22 | 89
Os anestésicos locais da classe das amidas são: lidocaí-
na (o agente mais comumente utilizado), mepivacaína,
bupivacaína, ropivacaína, entre outros. Os anestésicos
locais da classe ésteres comuns incluem procaína
(novocaína), tetracaína e benzocaína.
Há algumas diferenças em relação a cada um desses
anestésicos como, por exemplo, a potência de ação e a
velocidade de instalação da anestesia.
Algumas medicações adjuvantes são utilizadas para
alterar algumas características dos fármacos. A droga
mais frequentemente associada é a adrenalina que oca-
siona uma vasoconstrição dos vasos que circundam a
região, resultando na diminuição da absorção sistêmica
anestésico local e aumenta o tempo de ação.
Apesar dessas vantagens, a adrenalina não deve ser uti-
lizada em circulações terminais, como em bloqueios
de dedos ou de pênis, pelo risco de induzir isque-
mia tecidual.
Estamos diante de um paciente com uma lesão na
extremidade do dedo e a questão quer saber como
proceder em relação a anestesia. Sabemos que, por se
tratar de uma extremidade, o uso de vasoconstrictor
é contraindicado.
Mas outra dúvida seria a anestesia com infiltração local
ou bloqueio troncular?
O bloqueio troncular ou do nervo digital é a injeção da
solução anestésica na base do dedo para fornecer anes-
tesia regional, é preferível quando comparado com a
anestesia com infiltração local, uma vez que as superfí-
cies palmares dos dedos apresentam extrema sensibili-
dade, e uma injeção local pode ser dolorosa e ineficaz
na anestesia dos tecidos.
Vamos às alternativas:
A) Bloqueio troncular com lidocaína e vasoconstritor.
B) Infiltração local com lidocaína com vasoconstritor.
C) Bloqueio troncular com lidocaína sem vasoconstritor.
D) Infiltração local com lidocaína sem vasoconstritor.
90 | DEZ 22 AMRIGS 2022
A) INCORRETA – O uso de vasoconstrictor em ex-
tremidades é contraindicado pelo risco de isquemia.
B) INCORRETA – O uso de vasoconstrictor em ex-
tremidades é contraindicado pelo risco de isque-
mia, além disso a anestesia troncular é preferível.
C) CORRETA – O bloqueio troncular com anestesia
regional do nervo digital é a melhor escolha para
lesões no dedo, a sensibilidade extrema das pontas
dos dedos prejudica a anestesia com infiltração no
local do ferimento.
D) INCORRETA – A sensibilidade extrema das pon-
tas dos dedos prejudica a anestesia com infiltração
no local do ferimento, o que torna esse método ob-
soleto em relação ao bloqueio troncular.
Take-Home Message:
O uso de vasoconstrictores como adjuvantes de anes-
tesia local não deve ser utilizado em circulações termi-
nais, como em bloqueios de dedos ou de pênis, pelo
risco de induzir isquemia tecidual.
QUESTÃO 37
Homem de 63 anos, obeso, diabético refere dor abdo-
minal de origem súbita na fossa ilíaca esquerda, febre
e calafrios. Previamente constipado. Nega comorbida-
des. Temperatura axilar de 38ºC, pressão arterial de
150x100 mmHg e frequência cardíaca de 100 bati-
mentos por minuto. Ao exame físico, abdome disten-
dido e com sinais de irritação peritoneal à palpação.
Qual a hipótese diagnóstica?
A) Apendicite aguda.
B) Gastroenterite aguda.
C) Pancreatite aguda.
D) Diverticulite aguda.
Resposta correta: Letra D.
Comentários:
Estamos diante de um paciente do sexo masculino e
antecedente de constipação que procura o pronto so-
corro com dor em fossa ilíaca esquerda súbita, acompa-
nhada de febre, cujo exame físico demonstra sinais de
irritação peritoneal.
A localização e característica da dor abdominal no qua-
dro de abdome agudo ajuda a restringir o diagnóstico
diferencial, uma vez que diferentes síndromes de dor,
geralmente, possuem localizações características. A re-
gião da fossa ilíaca esquerda apresenta como principais
estruturas anatômicas que podem cursar com dor: có-
lon sigmoide, reto alto, ovário esquerdo.
A dor do paciente é aguda e acompanhada de febre, o
que favorece o diagnóstico sindrômico de abdome agu-
do inflamatório, analisando as alternativas e levando
em consideração a localização da dor, os diagnósticos
de apendicite aguda e pancreatite, são menos prováveis.
Além disso, no exame físico o paciente apresenta sinais
de irritação peritoneal, incompatível com o quadro de
gastroenterite aguda, que além de apresentar comumen-
te dor difusa não acompanha irritação peritoneal. Ou
seja, o diagnóstico mais provável é a diverticulite aguda.
Vamos revisar rapidamente abdome agudo e o diagnós-
tico de diverticulite aguda!
Define-se abdome agudo como uma síndrome dolo-
rosa aguda, não traumática, de intensidade variável,
que leva o paciente a procurar o serviço de urgência e
requer tratamento imediato, seja clínico ou cirúrgico.
Há cinco tipos de abdome agudo cirúrgico: inflama-
tório, obstrutivo, perfurativo, vascular e hemorrágico,
cada qual com suas características! O caso da questão
traz um abdome agudo inflamatório, caracterizado por
dor de evolução progressiva localizada, febre, náuseas e
vômitos, taquicardia, caracteristicamente os sintomas
vão se intensificando progressivamente.
A diverticulite é uma complicação da doença diverticu-
lar, que é definida como a presença de divertículos no
intestino. Ela pode ser classificada como complicada,
na presença de abscesso diverticular, fístula, obstrução
intestinal ou perfuração livre, ou não complicada. Seus
principais fatores de risco são: tabagismo, uso abusivo
de AINES, sedentarismo e obesidade.
 AMRIGS 2022
O quadro clínico é manifestado por: dor abdominal
de evolução progressiva localizada principalmente em
fossa ilíaca esquerda, febre, náuseas, leucocitose e o
diagnóstico deve ser confirmado através de exame de
imagem, sendo a tomografia o exame padrão-ouro.
Vamos às alternativas:
A) Apendicite aguda.
B) Gastroenterite aguda.
C) Pancreatite aguda.
D) Diverticulite aguda.
A) INCORRETA – A apendicite aguda, apesar de
se tratar da principal causa de abdome agudo,
raramente apresenta dor localizada na fossa ilía-
ca esquerda.
B) INCORRETA – A gastroenterite aguda cursa nor-
malmente com dor difusa além disso, não tem por
característica apresentar irritação peritoneal.
C) INCORRETA – A pancreatite aguda é uma dor lo-
calizada em quadrantes superiores do abdome.
D) CORRETA – A dor em fossa ilíaca esquerda deve
levantar suspeita de diverticulite aguda, principal-
mente quando acompanhada de febre, náusea, vô-
mitos e irritação local.
Take-Home Message:
A localização e característica da dor abdominal no qua-
dro de abdome agudo ajuda a restringir o diagnóstico
diferencial, sendo que a dor em fossa ilíaca esquerda
deve levantar suspeita de diverticulite aguda, principal-
mente quando acompanhada de febre, náusea, vômitos
e irritação local.
DEZ 22 | 91
QUESTÃO 38
Homem de 63 anos, obeso, diabético refere dor abdo-
minal de origem súbita na fossa ilíaca esquerda, febre
e calafrios. Previamente constipado. Nega comorbida-
des. Temperatura axilar de 38ºC, pressão arterial de
150x100 mmHg e frequência cardíaca de 100 bati-
mentos por minuto. Ao exame físico, abdome disten-
dido e com sinais de irritação peritoneal à palpação.
Qual exame diagnóstico mais indicado?
A) Ecografia Abdominal Total.
B) Tomografia Computadorizada Abdominal.
C) Colonoscopia.
D) Videolaparoscopia diagnóstica.
Resposta correta: Letra B.
Comentários:
Estamos diante de um paciente do sexo masculino e
antecedente de constipação que procura o pronto so-
corro com dor em fossa ilíaca esquerda súbita, acompa-
nhada de febre, cujo exame físico demonstra sinais de
irritação peritoneal.
A localização e característica da dor abdominal no qua-
dro de abdome agudo ajuda a restringir o diagnóstico
diferencial, uma vez que diferentes síndromes de dor,
geralmente, possuem localizações características. A re-
gião da fossa ilíaca esquerda apresenta como principais
estruturas anatômicas que podem cursar com dor: có-
lon sigmoide, reto alto, ovário esquerdo.
A dor do paciente é aguda e acompanhada de febre,
o que favorece o diagnóstico sindrômico de abdome
agudo inflamatório e, levando em consideração a lo-
calização da dor, presença no exame físico de irritação
peritoneal e taquicardia, o diagnóstico mais provável é
a diverticulite aguda.
A diverticulite aguda é uma complicação da doença di-
verticular, que é definida como a presença de divertí-
culos no intestino. Ela pode ser classificada como com-
plicada, na presença de abscesso diverticular, fístula,
obstrução intestinal ou perfuração livre, ou não com-
92 | DEZ 22 AMRIGS 2022
plicada. Seus principais fatores de risco são: tabagismo,
uso abusivo de AINES, sedentarismo e obesidade.
O quadro clínico é manifestado por: dor abdominal
de evolução progressiva localizada principalmente em
fossa ilíaca esquerda, febre, náuseas, leucocitose e o
diagnóstico deve ser confirmado através de exame de
imagem, sendo a tomografia o exame padrão-ouro.
A tomografia de abdome e pelve além de diagnosticar
a diverticulite aguda, é capar de classificá-la quando
complicada, conforme a classificação a seguir:
Vamos às alternativas:
A) Ecografia Abdominal Total.
B) Tomografia Computadorizada Abdominal.
C) Colonoscopia.
D) Videolaparoscopia diagnóstica.
A) INCORRETA – A ultrassonografia de abdome
não é um bom exame para avaliar vísceras ocas, a
distensão gasosa prejudica a avaliação, não sendo o
exame mais bem indicado.
B) CORRETA – A tomografia de abdome e pelve é o
exame padrão-ouro para o diagnóstico da diverti-
culite aguda.
C) INCORRETA – Na suspeita de diverticulite agu-
da está contraindicada a colonoscopia pelo risco de
perfuração de alça, uma vez que há um processo
inflamatório da parede intestinal.
D) INCORRETA – A videolaparoscopia está indi-
cada, na diverticulite aguda, apenas como medi-
da terapêutica.
Take-Home Message:
A tomografia de abdome e pelve é o exame padrão-
ouro para diagnosticar a diverticulite aguda, e também
é capar de classificá- la, quando complicada, pela clas-
sificação de Hinchey.
QUESTÃO 39
Paciente de 60 anos, obeso, diabético e fumante apre-
senta quadro de dor na perna direita relacionada a de-
ambulação. Ao exame, pulso pedioso presente, mas
fraco. Apresenta antecedente de Infarto Agudo do
Miocárdio há 6 meses. Em relação ao diagnóstico mais
provável, qual das alternativas abaixo é a correta?
A) Síndrome compartimental.
B) Oclusão arterial do segmento femoropoplíteo.
C) Varizes de membros inferiores.
D) Doença de Raynaud.
Resposta correta: Letra B.
Comentários:
A questão traz um paciente de 60 anos com dor em
membro inferior que piora com a deambulação e que
ao exame físico apresenta diminuição de pulso pedioso.
Além disso, o paciente apresenta algumas comorbida-
des que são significativas para a elucidação diagnóstica
e etiológica: obesidade, Diabetes, tabagismo e IAM.
Estamos diante de uma questão de cirurgia vascular,
mais precisamente sobre doença arterial obstrutiva pe-
riférica (DAOP).
A DAOP é uma complicação em decorrência da ate-
rosclerose dos membros inferiores que leva à obstrução
arterial periférica. Ela pode ser silenciosa ou apresentar
alguns sinais e sintomas de isquemia. Seus principais
fatores de risco, que devem ser avaliados na anamne-
se, são:
 HAS
 DM
 AMRIGS 2022
 Hipercolesterolemia
 Tabagismo
Notem que são os mesmos fatores de riscos para even-
tos trombóticos do IAM e AVC.
As manifestações clínicas dependem do grau de obstru-
ção e são reconhecidas por: dor de um ou mais grupos
musculares dos membros inferiores relacionados à ati-
vidade (ou seja, claudicação intermitente), dor atípica,
dor em repouso ou com feridas que não cicatrizam, ul-
ceração ou gangrena.
Ao exame físico alguns achados podem estar presentes
como alterações tróficas associadas a isquemia, sarco-
penia, pele atrófica, diminuição da pilificação e ausên-
cia ou diminuição dos pulsos. A alteração dos pulsos
do membro inferior acometido irá depender da região
onde se encontra a obstrução, sendo o segmento fe-
moropoplíteo o mais acometido, o que justifica a dor
na panturrilha.
O diagnóstico é clínico e confirmado através do índice
tornozelo-braquial (ITB), que é um índice que calcula
a partir da divisão da maior pressão sistólica aferida no
tornozelo (artéria tibial posterior ou dorsal do pé) pela
maior pressão sistólica dos membros superiores (arté-
ria braquial), quando menor ou igual a 0,9 é feito o
diagnóstico de oclusão arterial. Os exames contrastados
são solicitados apenas no contexto pré-operatório ou
casos inconclusivos.
Analisando os antecedentes do paciente e os dados
clínicos e do exame físico, chegamos ao diagnóstico
de DAOP.
Vamos às alternativas:
A) Síndrome compartimental.
B) Oclusão arterial do segmento femoropoplíteo.
C) Varizes de membros inferiores.
D) Doença de Raynaud.
A) INCORRETA – A síndrome compartimental é
uma complicação ocasionada por reperfusão ou
trauma e que se manifesta por aumento da pressão
DEZ 22 | 93
do compartimento muscular, que é revestido por
fáscias, o que diminui a pressão arteriovenosa, le-
vando ao edema do membro e alteração de perfu-
são, incompatível com o caso da questão.
B) CORRETA – A oclusão arterial do segmento fe-
moropoplíteo é o diagnóstico mais provável pela
queixa de claudicação intermitente e alteração de
pulso periférico, associado de fatores de riscos. O
diagnóstico deve ser confirmado com o ITB.
C) INCORRETA – As varizes de membros inferiores
são manifestações de doenças venosas, que não cur-
sam com alteração de pulso.
D) INCORRETA – A doença de Raunauld é uma do-
ença vasomotora dos pequenos vasos que se mani-
festa por sinais de isquemia distal das mãos e pés, na
maioria das vezes transitória.
Take-Home Message:
A presença de claudicação intermitente (dor de um ou
mais grupos musculares dos membros inferiores rela-
cionados à atividade) associado de alteração de pulso e
fatores de risco como: tabagismo, HAS, DM, são for-
temente sugestivos de doença arterial obstrutiva perifé-
rica (DAOP)
QUESTÃO 40
Uma mulher de 72 anos de idade chega à emergência
com náuseas e vômitos. Refere apendicectomia aos 25
anos de idade. A paciente está afebril, e o abdome está
levemente doloroso e distendido. A contagem de leucó-
citos é 18.000/mm2. A dosagem de eletrólitos mostra
sódio de 140 mEq/L, potássio 4,2 mEq/L, cloro 105
mEq/L e bicarbonato 14 mEq/L. Qual é a melhor tera-
pêutica para essa paciente?
A) Colocação de SNG e observação
B) Colonoscopia para possível intussuscepção
C) Enema Baritado para aliviar o vólvulo
D) Terapêutica cirúrgica
Resposta correta: Anulada.
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Comentários:
A questão traz uma paciente com antecedente de cirur-
gia abdominal prévia em andar inferior do abdome que
apresenta náusea e vômitos, dor abdominal associado
de distensão e hipocloremia e alcalemia.
A principal dica da questão é a cirurgia abdominal
prévia, toda vez que estiverem diante de um paciente
com este antecedente e que apresenta dor abdominal,
distensão, náuseas e vômitos, parada de eliminação de
flatos e fezes, suspeitem de ABDOME AGUDO OBS-
TRUTIVO POR BRIDAS.
Lembrando que o abdome agudo é uma síndrome do-
lorosa aguda, não traumática, de intensidade variável,
que leva o paciente a procurar o serviço de urgência e
requer tratamento imediato, seja clínico ou cirúrgico,
e que existem 5 tipos de abdome agudo cirúrgico: in- (seta vermelha: nível hidroaéreo / seta azul:
flamatório, obstrutivo, perfurativo, vascular e hemor- empilhamento de moeda)
rágico, cada qual com suas características, a paciente
O tratamento do abdome agudo obstrutivo por bridas
da questão apresenta um sintoma marcante que está
é feito de forma conservadora na ausência de compli-
comumente associado ao ABDOME AGUDO OBS-
cações através de internação hospitalar, medidas de su-
TRUTIVO: distensão, náuseas e vômitos.
porte (hidratação, correção de distúrbio hidroeletrolí-
O abdome agudo obstrutivo possui diversas classifica- tico e ácido-base, analgesia), passagem de SNG, jejum
ções, sendo uma delas entre alto ou baixo. e exame físico seriado. Em caso de ausência de resposta
A causa mais comum de obstrução intestinal alta são as com o tratamento clínico ou complicações como per-
aderências intestinais ou bridas, que são aderências que furação ou sofrimento de alças, está indicado o trata-
se formam entre as alças de intestino delgado após ma- mento cirúrgico.
nipulação cirúrgica, principalmente em casos de mani- O gabarito inicial da prova foi a alternativa D, entre-
pulação excessiva, peritonite purulenta ou sangramento tanto não há indicação de tratamento cirúrgico já que
intracavitário. Raramente ocorre sem cirurgia prévia. o paciente não apresenta sinais de complicações, e por
O diagnóstico é corroborado pelo raio-x de abdome esse motivo a questão foi anulada.
em 2 incidências (AP e ortostase) com o achado de
distensão de alças de delgado, nível hidroaéreo e em- Vamos às alternativas:
pilhamento de moedas (observer a imagem a seguir).
A) Colocação de SNG e observação
A tomografia auxilia no diagnóstico diferencial se hou-
ver suspeita. B) Colonoscopia para possível intussuscepção
C) Enema Baritado para aliviar o vólvulo
D) Terapêutica cirúrgica
A) INCORRETA – Essa seria a melhor alternativa
para a questão, entretanto para estar completo o
tratamento deveria constar também hidratação e
correção de distúrbios ácido base e hidroeletrolítico.
 AMRIGS 2022
B) INCORRETA – A colonoscopia é contraindica-
da em quadros de obstruções intestinais pelo risco
de perfuração.
C) INCORRETA – O enema baritado é indicado para
a resolução de vólvulo que é uma obstrução baixa,
sendo muito comum na região de sigmoide, entre-
tanto o quadro clínico é mais compatível com obs-
trução alta, notem que há náusea e vômitos e não há
menção de ausência de eliminação de fezes e flatos.
D) INCORRETA – O tratamento cirúrgico está in-
dicado em pacientes com complicações como
perfuração ou isquemia de alça intestinal, ou em
refratários ao tratamento clínico, situações não
compatíveis com o quadro da paciente.
Take-Home Message:
Sempre que estiverem diante de um paciente com an-
tecedente de cirurgia abdominal prévia e que apresenta
dor abdominal, distensão, náuseas e vômitos, parada
de eliminação de flatos e fezes, suspeitem de ABDO-
ME AGUDO OBSTRUTIVO POR BRIDAS. O tra-
tamento inicial de bridas sem sinais de complicações
é conservador com hidratação, correção de distúrbios
hidroeletrolíticos e ácido-base, jejum e SNG.
DEZ 22 | 95
QUESTÃO 41
Analise as assertivas abaixo em relação à diabetes pré-
-gestacional:
I. Realizar rastreamento de malformações com ultras-
sonografia morfológica entre 20 e 24 semanas.
II. Se houver complicações vasculares maternas, o do-
ppler umbilical deve ser realizado a partir da 26ª semana.
III. Deve-se realizar ultrassonografia obstétrica seriada
a cada 2 semanas, a partir da 24ª semana, para avalia-
ção do crescimento fetal. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II, III.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
O diabetes pré-gestacional representa 10% das gestan-
tes com diabetes na gravidez e deve ser adequadamente
manejado mesmo na fase pré concepcional. Níveis gli-
cêmicos adequados no período concepcional reduzem o
risco de malformações fetais associadas à hiperglicemia
periconcepcional e as demais complicações maternas e
fetais associadas à gravidez. Quanto mais descompen-
sado estiver o controle glicêmico destas mulheres no
momento da concepção, maior o risco de abortamento
e de malformações do concepto.
Essas pacientes precisam de avaliação quanto a pos-
síveis lesões de órgãos-alvo e presença de malforma-
ções fetais (ultrassonografia morfológica e ecocar-
diograma fetal).
Deve-se ainda considerar que em casos de vasculopatia
materna pode ocorrer insuficiência placentária, sendo
necessários o monitoramento da vitalidade fetal com
dopplervelocimetria e o perfil biofísico fetal para ava-
liar a função placentária.
A avaliação fetal, de acordo com o Ministério da Saúde,
deve seguir essas orientações:
96 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Vamos às assertivas:
I) CORRETA: o período de 20 a 24 semanas marca a
fase adequada para avaliação morfológica de segundo
trimestre, que deve ser feita em toda paciente com dia-
betes pré gestacional
II) CORRETA: toda paciente com vasculopatia deve
ter o estudo dopplervelocimétrico realizado a partir de
26 semanas
III) INCORRETA: a avaliação de peso na realidade
deve ser iniciada com 26 semanas e repetida mensal-
mente, ou seja, a cada 4 semanas.
Take-Home Message:
1. Toda gestante com diabetes pré gestacional deve pas-
sar por avaliação morfológica do feto, o que inclui
ecocardiograma fetal.
2. A vasculopatia materna torna mandatória avaliação
de dopplervelocimetria.
QUESTÃO 42
Qual das vacinas abaixo deve ser evitada durante a ges-
tação, segundo os protocolos do Ministério da Saúde?
A) Difteria.
B) Sarampo.
C) Coqueluche.
D) Tétano
Resposta correta: Letra B
Comentários:
Durante o período gravídico, as 3 vacinas que devem
ser administradas são: DTPa (difteria, tétano, pertus-
sis/coqueluche), Hepatite B e Gripe/Influenza. Mais
recentemente, a vacina contra Covid-19 também foi
incorporada ao esquema de vacinação nacional.
Com relação a DTPa, a gestante deve receber vacinação
entre a 27a e a 36a semana de gravidez. Caso não tenha
esquema completo, deve-se completar esquema vacinal
durante a gestação.
 AMRIGS 2022
Na gestação, não utilizamos vacinas de vírus e bactérias
vivos, como é o caso da tríplice viral, varicela, febre
amarela, BCG. Dependendo do caso, pode ser admi-
nistrada vacinação para febre amarela, mas esta acaba
sendo uma conduta de exceção para áreas endêmicas.
Vamos às alternativas -
lembrando que o examinador
busca pela resposta ERRADA:
A) INCORRETA - correto, faz parte da DTPa
B) CORRETA - não devemos administrar vacina de
vírus vivo durante a gestação.
C) INCORRETA - correto, faz parte da DTPa
D) INCORRETA - correto, faz parte da DTPa
Take-Home Message:
1. Não utilizamos vacina de vírus / bactéria vivo duran-
te a gestação
2. Durante a gravidez devemos administrar: DTPa, In-
fluenza, Hepatite B e, atualmente, Covid-19
DEZ 22 | 97
QUESTÃO 43
Parto precipitado, ou taquitócico, está relacionado com:
A) Uma dilatação ativa entre 4 e 6 horas
em primigestantes.
B) Uma curva de dilatação que se distancia para a di-
reita na linha de alerta do partograma.
C) Distocia diagnosticada, frequentemente de manei-
ra antecipada.
D) Maiores riscos de hemorragia puerperal, tanto por
atonia uterina quanto por lacerações de trajeto, e
sofrimento fetal agudo.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
O parto taquitócico é um parto em que há distocia
funcional de hiperatividade sem obstrução, em que
há número de contrações e intensidade acima do es-
perado para a fase do trabalho de parto. Nesse caso,
o início e o fim do trabalho de parto tem duração de
até 3 horas.
98 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - No parto taquitócico há nasci-
mento do produto conceptual em até 3 horas do
momento em que se inicia o trabalho de parto.
B) INCORRETA - No parto taquitócico a curva de
dilatação é íngreme e mal chega a atingir a linha de
alerta do partograma.
C) INCORRETA - Geralmente fazemos o diagnóstico
de maneira retrospectiva, ou seja, tardiamente.
D) CORRETA - Há maior risco de hemorragia puer-
peral por diversas etiologias, bem como sofrimento
fetal agudo e tocotrauma em partos taquitócicos.
Take-Home Message:
1. O parto taquitócico é caracterizado por intensa ati-
vidade uterina e ultimação do parto em tempo cur-
to, não chegando a ultrapassar 3 horas de trabalho
de parto.
2. Os partos com curta duração têm maior risco de
complicações tanto materna quanto fetais.
QUESTÃO 44
Uma paciente de 19 anos chega na emergência com
queixa de dor e sangramento vaginal. A ultrassonogra-
fia transvaginal está representada abaixo: O diagnóstico
mais provável e a conduta são, respectivamente:
A) Aborto em curso e esvaziamento uterino com cure-
tagem.
B) Pólipo endocervical e polipectomia.
C) Ameaça de aborto e repouso.
D) Aborto completo e observação.
Resposta correta: Letra ANULADA
Comentários:
Relembrando os diagnósticos diferenciais de
abortamento:
(+ reflete o grau de sangramento):
Aborto inevitável: colo aberto. USG alterado (hemato-
ma, irregularidade SG) + + /+ + +
Aborto incompleto: colo aberto. EE ≥ 15mm ou restos
ovulares + +
Aborto infectado: semelhante ao incompleto, acompa-
nha febre ou odor fétido + + +
Ameaça de abortamento: colo fechado. USG sem alte-
ração +
Aborto completo: colo fechado. USG sem gestação/
restos (EE&lt; 15mm) -
Aborto retido: colo fechado. CCN ≥ 7mm sem BCF -
Anembrionada: SG ≥ 25mm sem embrião.
Fica claro, portanto, que o diagnóstico correto depende
tanto de avaliação clínica com toque vaginal quanto da
medida do eco endometrial. A questão acima não men-
ciona nenhum dos dois dados; pela imagem, podemos
ver um saco gestacional com provável embrião que pa-
rece estar no colo do útero, no canal endocervical.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Parece de fato um aborto em cur-
so, mas poderia também ser completo caso o toque
nos revele um colo fechado e o eco endometrial
meça menos de 15mm.
B) INCORRETA - Não há imagem sugestiva de pó-
lipo endometrial ou endocervical. O aspecto seria
algo próximo disso:
 AMRIGS 2022
C) INCORRETA - Ameaça de aborto é um diagnós-
tico em que verificamos sangramento até 20-22 se-
manas de gestação, porém com gestação tópica e
evolutiva intrauterina, o que não é o caso.
D) INCORRETA - Para definirmos como aborto
completo precisamos de informações de eco enco-
metrial e exame físico.
Take-Home Message:
O diagnóstico correto de abortamento depende não ape-
nas de ultrassonografia, mas também de exame físico com
avaliação de volume de sangramento e toque vaginal. Além
disso, precisamos também da medida do eco endometrial.
QUESTÃO 45
Em uma puérpera de 14 dias com endometrite, está(ão)
presente(s), além da febre:
I. Dor pélvica.
II. Útero 2 cm abaixo da cicatriz umbilical.
III. Lóquios fétidos.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra D
DEZ 22 | 99
Comentários:
Endometrite puerperal é a infecção uterina tipicamente
causada por bactérias que ascendem do trato genital inferior
ou do trato gastrintestinal. Pode se desenvolver após corio-
amnionites, durante o trabalho de parto ou após o parto.
As condições predisponentes incluem: trabalho de parto
prolongado, parto cesáreo, hemorragia pós parto, repetidos
exames ginecológicos durante o trabalho de parto etc.
Tipicamente, os primeiros sintomas da endometrite
puerperal são dor no baixo ventre, loquiação purulenta
e com odor fétido, útero amolecido e doloroso, além
de de febre, mais comumente nas primeiras 24 a 72
h pós-parto, podendo se apresentar em até 7-10 dias.
Calafrios, cefaléia, mal-estar e anorexia são comuns.
Quando os paramétrios ou tecidos que circundam o
útero são afetados, dor e elevação da temperatura são
graves; o útero amolecido e aumentado está endurecido
na base dos ligamentos largos, estendendo-se às paredes
pélvicas ou ao fundo de saco posterior.
O tratamento da endometrite puerperal é feito com a
administração de antibióticos de amplo espectro IV até
que a mulher fique afebril por 48 h. A primeira linha
de tratamento é a clindamicina mais gentamicina com
ou sem ampicilina (se suspeita de enterococo).
Vamos às assertivas:
I) CORRETA - A dor pélvica é um dos principais sin-
tomas da endometrite puerperal
II) CORRETA - Na endometrite puerperal, há involu-
ção uterina, com útero pouco contraído ao exame clínico
III) CORRETA - A loquiação fétida é bastante sugesti-
va de infecção puerperal, marcadamente a endometrite.
Ficamos então com alternativa D, em que as 3 asserti-
vas são consideradas corretas.
Take-Home Message:
A endometrite puerperal é marcada por dor no baixo ven-
tre, loquiação purulenta e com odor fétido, útero amolecido
e doloroso, além de febre, nos primeiros dias após o parto.
100 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 46 A) 1.
B) 2.
Segundo o Colégio Americano de Obstetras e Gine-
cologistas, a monitorização fetal abaixo é classificada C) 3.
como categoria: D) 4
Resposta correta: Letra C

Comentários:
Questão bastante direta! Temos uma cardiotocografia
com variabilidade ausente
(linha de base forma uma linha) associada a desacelera-
ções tardias / DIP II de repetição.
A ACOG (Colégio Americano de Obstetrícia e Gine-
cologia) define as seguintes categorias para a monitori-
zação com cardiotocografia intraparto:
 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - categoria 1 é uma categoria que
sinaliza bem estar fetal, com variabilidade e linha
de base adequadas, sem desacelerações tardias (II)
ou variáveis (umbilicais).
B) INCORRETA - categoria 2 é tudo aquilo que a
gente não consegue classificar em categoria 1 ou 3
(essa é a maneira mais fácil de memorizar!!).
C) CORRETA - temos uma cardiotocografia com va-
riabilidade ausente (linha de base forma uma linha)
associada a desacelerações tardias / DIP II de repe-
tição, ou seja, categoria 3. Está indicada a resolução
da gestação pela via de parto mais rápida (pode ser
vaginal ou cesárea dependendo das circunstâncias).
D) INCORRETA - categoria 4 não existe.
Take-Home Message:
Durante o trabalho de parto utilizamos a cardiotoco-
grafia para monitorização de bem estar fetal; categoria
1 é tudo aquilo dentro da normalidade; categoria 3 in-
dica hipoxemia aguda / sofrimento fetal agudo. Tudo
o que não conseguimos classificar como 1 ou 3 entra
como categoria 2, quando vamos realizar as chamadas
medidas de ressuscitação intra útero - se em até 30 mi-
nutos houver retorno à categoria 1, devemos prosseguir
com a condução do trabalho de parto normalmente.
Caso contrário, está indicada a resolução da gestação
pela via de parto mais rápida.
DEZ 22 | 101
QUESTÃO 47
Assinale a alternativa que apresenta o grupo de dro-
gas anti-hipertensivas que NÃO deve ser ministrado
na gestação.
A) Bloqueadores de canal de cálcio.
B) Inibidor adrenérgico de ação central.
C) Inibidores da enzima de conversão da angiotensina.
D) Diuréticos tiazídicos
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina
podem gerar, especialmente quando administrados no
segundo e terceiro trimestres, restrição de crescimento
fetal, displasia tubular renal, morbidade fetal e hipopla-
sia pulmonar. São medicamentos considerados catego-
rias C/D, a depender do fármaco.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - os bloqueadores de canal de cálcio
podem ser ministrados na gestação, sendo inclusive
uma das drogas de escolha para tocólise (nifedipino).
B) INCORRETA - podemos fazer uso de inibidores
adrenérgicos de ação central na gestação.
C) CORRETA - o uso de IECA na gravidez está pros-
crito, conforme descrito acima.
D) INCORRETA - podemos fazer uso de tiazídicos
na gestação, apesar de não ser droga de escolha
mais comum.
Take-Home Message:
1. Os inibidores da enzima de conversão da angioten-
sina não devem ser utilizados na gestação pois estão as-
sociados com restrição de crescimento fetal, displasia
tubular renal, morbidade fetal e hipoplasia pulmonar.
102 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 48
Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando o tipo
de placentação da gemelaridade à linha de tempo em
que ocorre.
Coluna 1;
A. Dicoriônica/diamniótica.
B. Monocoriônica/diamniótica.
C. Monocoriônica/monoamniótica.
Gestações dizigóticas são aquelas em que 2 óvulos são
Coluna 2; fecundados por 2 espermatozóides (70% de todas as
( ) Entre os dias 1 e 3. gestações gemelares), e as monozigóticas, em que ape-
nas um óvulo foi fecundado por um espermatozóide
( ) Entre os dias 3 e 8. (30% de todas as as gestações gemelares).
( ) Entre os dias 8 e 13. 100% das gestações dizigóticas serão dicoriônicas (pre-
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de sença de duas placentas), ao passo que a corionicidade
cima para baixo, é: e amnionicidade das monozigóticas dependerá do mo-
A) A - B - C. mento em que ocorreu divisão celular. 29% serão dico-
riônicas diamnióticas; 70% monocoriônicas diamnió-
B) B - C - A.
ticas; apenas 1% será monocoriônica monoamniótica.
C) C - A - B.
D) C - B - A.
Resposta correta: Letra A

Comentários:
O diagnóstico de gestação gemelar se faz quando, à
ultrassonografia transvaginal precoce, são visualizados
2 sacos gestacionais ou 1 saco gestacional com 2 em-
briões. A frequência de gestações gemelares é cada vez
maior devido às técnicas de reprodução assistida, uso A determinação da corionicidade e amnionicidade das
de indutores de ovulação e idade materna avançada. gestações monozigóticas depende do momento em que
ocorreu a divisão celular:
Podemos classificar as gestações gemelares quanto a
zigoticidade (número de zigotos), corionicidade (nú-
mero de placentas) e amnionicidade (número de bol-
sas amnióticas).
 AMRIGS 2022
1) Divisão celular até o 4º dia após fecundação : dico-
riônico diamniótico
2) Divisão celular até 8º dia após fecundação: monoco-
riônico diamniótico
A ultrassonografia de primeiro trimestre tem papel
fundamental para datação adequada, rastreamento de
aneuploidias e para avaliação da corionicidade.
Até 13s6d: presença de 2 sacos gestacionais ou sinal do
lambda = dicoriônica. Se 1 saco gestacional ou sinal do
T = monocoriônica
Após as 14 semanas, algumas gestações dicoriônicas
perderão seu lambda. Por isso, após 14 semanas, se eu
vejo o sinal do lambda, posso afirmar que se trata de
uma gestação dicoriônica. Entretanto, diante da ausên-
cia do sinal do lambda nesta fase, não podemos afirmar
a corionicidade.
Nesta fase, vou confirmar que se trata de gestação di-
coriônica se: as genitálias forem diferentes ou se houver
sinal do lambda ou se os sítios de implantação placen-
tária forem diferentes.
DEZ 22 | 103
3) Divisão celular até 12º dia após fecundação: mono-
coriônico monoamniótico
4) Divisão após 12º dia: gemelaridade imperfeita (gê-
meos unidos)
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - A divisão celular entre os dias 1 e
3 após a fecundação gera gestação dicoriônica; a
divisão celular entre os dias 3 e 8 gera gestação
monocoriônica diamniótica. Por sua vez, a divisão
celular após esse período, até 12 dias, gera gesta-
ção monocoriônica. monoamniótica
B) INCORRETA - associação incorreta de colunas
C) INCORRETA - associação incorreta de colunas
D) INCORRETA - associação incorreta de colunas
Take-Home Message:
1. Nas gestações gemelares, a lógica é: quanto mais pre-
coce ocorre a divisão celular, mais “separados” são
os bebês - o que inclui as placentas!
2. Os pontos de corte são classicamente 4, 8 e 12 dias.
104 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 49 Comentários:

Analise as assertivas abaixo em relação a infecções
na gestação:
I. O risco de transmissão na soroconversão para a toxo-
plasmose aumenta com o evoluir da gestação.
II. Em geral, o VDRL (Venereal Disease Research La-
boratory) torna-se positivo 1 a 3 semanas após o apare-
cimento do cancro duro.
III. A transmissão vertical para o HIV (AIDS) está es-
timada em 25%, caso nenhuma medida preventiva seja
tomada. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra D
Durante o pré-natal, todas as gestantes suscetíveis de-
vem ser submetidas ao rastreamento sorológico para
toxoplasmose já na primeira consulta, para seguimen-
to posterior, com vistas à prevenção da infecção agu-
da por meio de medidas de prevenção primária e a
detecção precoce. Isso é particularmente importante
com vistas à profilaxia de transmissão vertical a qual
é maior quanto mais avançada for a gestação, porém
quando ocorre mais precocemente na gravidez, maio-
res são as sequelas fetais/neonatais.
Com relação à sífilis, apesar de a maior parte das pa-
cientes gestantes ser diagnosticada como latente secun-
dária por estarem assintomáticas, temos a mesma evo-
lução clínica de pacientes não gestantes:
 AMRIGS 2022
O teste não treponêmico (VDRL) acaba se tornando
positivo pouco tempo após o surgimento do cancro
duro / primário.
Com relação a transmissão vertical para o HIV (AIDS),
em gestações planejadas, com intervenções realizadas
adequadamente durante o pré-natal, o parto e a ama-
mentação, o risco de transmissão vertical é reduzido a
menos de 2%; no entanto, sem
• adequado planejamento e seguimento, está bem es-
tabelecido que varia de 15% a 45%
(dados da Organização Mundial de Saúde, 2016).
Vamos a análise dos itens:
I. CORRETO: Apesar de a gravidade da infecção ser
maior quanto mais precoce, as taxas de transmissão de
toxoplasmose são maiores com idades gestacionais mais
avançadas
II. CORRETO: O VDRL se torna positivo pouco tem-
po após o surgimento do cancro duro, habitualmente
entre 1 e 3 semanas após.
III. CORRETO: A transmissão vertical para o HIV
(AIDS) está estimada em 25%, em alguns trabalhos,
caso nenhuma medida preventiva seja tomada.
Take-Home Message:
1. Apesar de a gravidade da infecção ser maior quan-
to mais precoce, as taxas de transmissão de toxo-
plasmose são maiores com idades gestacionais mais
avançadas
2. O VDRL se torna positivo pouco tempo após o sur-
gimento do cancro duro, habitualmente entre 1 e 3
semanas após.
3. A transmissão vertical para o HIV (AIDS) está esti-
mada em 25%, em alguns trabalhos, caso nenhuma
medida preventiva seja tomada. Caso as medidas
adequadas sejam tomadas, esse risco cai para 1-2%.
DEZ 22 | 105
QUESTÃO 50
Dentre as opções abaixo, qual é o maior fator de risco
para o trabalho de parto prematuro?
A) Medida do encurtamento do colo ao exame ecográ-
fico transvaginal.
B) Vaginose bacteriana.
C) Fibronectina fetal presente.
D) História de parto pré-termo.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
O principal fator de risco para trabalho de parto pre-
maturo é o antecedente pessoal de parto prematuro
espontâneo, com risco de novo evento entre 14 a
22%. Caso a paciente já tenha apresentado dois par-
tos prematuros prévios, o risco aumenta ainda mais,
variando de 28-42%.
Há outros fatores de risco, porém não tão expressivos,
como: gemelaridade, sangramento vaginal no segundo
trimestre de gestação, infecções (corioamnionite, pielo-
nefrite, bacteriúria assintomática), idade materna abai-
xo de 16 anos ou acima de 35 anos, tabagismo, doenças
crônicas ou agudas maternas, malformações uterinas,
uso de drogas e álcool, dentre outros.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - O colo curto está associado com
prematuridade, porém não é o maior fator de risco
para tal.
B) INCORRETA - Há estudos que demonstram
maior risco de parto prematuro na vigência de va-
ginose bacteriana, porém este risco não supera o de
antecedente pessoal de parto prematuro.
C) INCORRETA - A fibronectina fetal pode ser utiliza-
da como marcador para predizer o parto prematuro:
ela é uma glicoproteína produzida pelo trofoblasto;
está presente no conteúdo vaginal na primeira me-
106 | DEZ 22 AMRIGS 2022
tade da gestação e após a 35ª semana. Entre 22 e
35 semanas, só estará presente no conteúdo vaginal
caso haja ruptura das membranas, trauma, infecção
ou isquemia na interface materno fetal.
D) CORRETA - O antecedente de parto prematuro é
o maior fator de risco para novo evento.
QUESTÃO 51
Paciente de 28 anos, sexualmente ativa, apresenta colo
uterino com área acetobranca com pontilhado fino. A
A) Tricomoníase.
B) Gardnerella vaginalis.
C) Papilomavírus humano.
D) Candidíase.
Resposta correta: Letra C
Take-Home Message:
1. O antecedente pessoal de parto prematuro é o maior
fator de risco para novo evento em próxima ges-
tação, sendo progressivamente maior este risco no
caso de repetição do evento.
citologia do raspado cervical (em meio líquido) está re-
presentada abaixo. O diagnóstico mais provável é
Comentários:
A tricomoníase é causada por um protozoário flagela-
do, o Trichomonas vaginalis, que se apresenta da se-
guinte maneira no exame a fresco:
 AMRIGS 2022
A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que se apresenta
nas chamadas “clue cells”, ou seja, com esfregaços apre-
sentando células escamosas individuais revestidas por
uma camada de bactérias obscurecendo as margens das
membranas celulares:
O efeito citopático provocado pelo papilomavírus hu-
mano, que é responsável por gerar alteração colposcó-
pica conforme descrito no enunciado (área acetobran-
ca com pontilhado fino), gera aumento progressivo do
núcleo celular. É exatamente essa característica que faz
o patologista denominar uma alteração como de baixo
grau ou de alto grau:
DEZ 22 | 107
O exame a fresco da secreção vaginal nos casos de can-
didíase é repleta de hifas e esporos:
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - A tricomoníase é causada por um
protozoário flagelado, o
Trichomonas vaginalis
B) INCORRETA - A Gardnerella vaginalis é uma
bactéria que se apresenta nas chamadas “clue cells”
C) CORRETA - O efeito citopático provocado pelo
papilomavírus humano é capaz de provocar o sur-
gimento de epitélio acetobranco ao exame colpos-
cópico devido a intensa replicação celular gerado
pelo HPV nessas células. Há, ao examinarmos
cada célula escamosa cervical que sofre efeito do
HPV, aumento progressivo do núcleo celular.
D) INCORRETA - O exame a fresco da secreção
vaginal nos casos de candidíase é repleta de hifas
e esporos.
Take-Home Message:
1. O efeito citopático do papilomavírus humano nas
células cervicais provoca aumento progressivo de
seus núcleos celulares
108 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 52
A coleta dupla é preconizada no sistema público de
saúde do Brasil como forma de rastreamento do cân-
A) Cusco (2), seguida do raspado da ectocérvice em
360º com a espátula (7) com a parte redonda, di-
latação do colo com (5), raspado do canal cervical,
em movimentos de vai e vem e rotação com (8), pôr
o material colhido em camada espessa em (1) e fixa-
ção com (3), limpeza da vagina com gaze montada
em Cheron (4).
B) Collins (2), seguida da remoção do excesso de se-
creção com algodão montado em pinça (4), ras-
pado em 360º da ectocérvice com espátula (7),
introdução da escova (8) a 1,5 cm do colo, em
movimentos de vai e vem e rotação e colocação do
material colhido em camada fina em (1) e fixação
imediata com (3).
cer de colo uterino. Correlacione os números da figura
abaixo com a sequência correta da coleta dupla, a qual
inicia com a colocação do espéculo de:
C) Graeve (2), seguida da remoção do excesso de se-
creção com algodão com pinça (4), introdução da
escova (8) a 1,5 cm do colo, em movimentos de vai
e vem e rotação, raspado da ectocérvice em 360º
com espátula (7), colocação do material colhido em
duas camadas separadas em (1) e fixação imediata
com éter (3).
D) Pederson (2), seguida da coleta de material do fun-
do de saco vaginal com a parte redonda da espátula
de Ayre (7), raspado da ectocérvice em 360º com
a borda em rabo- depeixe de (7), colocação do ma-
terial colhido com a espátula de Ayre em camadas
finas em lâminas separadas (1) e fixação imediata
com álcool a 70% (3).
Resposta correta: Letra B
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 109

Comentários:
Vamos revisar os tipos de espéculos trazidos
pelo enunciado:

Com relação à coleta em si, primeiramente inserir es-

péculo. Se, ao visualizar o colo, houver grande quan-
tidade de muco ou secreção, retire o excesso delica-
damente com uma gaze montada em uma pinça, sem
esfregar, para não perder a qualidade do material a ser
colhido; a coleta é dupla, o que significa que coletamos
material tanto da ectocérvice quanto do canal cervi-
cal separadamente.
Inicialmente, proceda com a coleta da ectocérvice e de-
pois a coleta da endocérvice:
○ Utilize a espátula de madeira tipo Ayre, do lado que
apresenta reentrância;
110 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Encaixe a ponta mais longa da espátula no orifício ex-
terno do colo, apoiando- a firmemente, fazendo uma
raspagem na mucosa ectocervical em movimento rota-
tivo de 360º, em torno de todo o orifício, procurando
exercer uma pressão firme, mas delicada.
Para a coleta no canal cervical utilize a escova apropria-
da para coleta endocervical;
○ Recolha o material, introduzindo a escova delicada-
mente no canal cervical, girando-a a 360º;
Na lâmina, já devidamente identificada, estenda o ma-
terial ectocervical dispondo-o no sentido horizontal,
ocupando 1/2 da parte transparente da lâmina, em mo-
vimentos de sentido único, da direita para a esquerda,
esfregando a espátula com suave pressão, garantindo
uma amostra uniforme;
Ocupando a 1/2 restante da parte transparente da lâ-
mina, estenda o material endocervical, rolando a escova
de cima para baixo, preferencialmente
A fixação do esfregaço deve ser procedida imediata-
mente após a coleta, sem nenhuma espera.
Há 3 maneiras de fixarmos o material adequadamente
na lâmina:
1) Álcool a 95%: a lâmina com material deve ser sub-
mersa no álcool a 95%, em tubo de boca larga, lá per-
manecendo até a chegada ao laboratório;
2) Propinilglicol: borrifar a lâmina com fixador, spray
ou aerosol, a uma distância de até 20 cm, cobrindo to-
talmente o esfregaço;
 AMRIGS 2022
3) Polietilenoglicol: pingar 3 ou 4 gotas da solução fi-
xadora sobre o material, que deverá ser completamente
coberto pelo líquido. Deixar secar ao ar livre, em posi-
ção horizontal, até a formação de uma película leitosa e
opaca na sua superfície;
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - O espéculo utilizado nesta ques-
tão (disposto na imagem) não é o Cusco; primeiro
devemos realizar remoção de excesso de secreção
vaginal; não realizamos dilatação do colo do útero
na coleta de colpocitologia oncótica; não devemos
criar camada espessa em lâmina pois isso dificulta a
análise do material.
B) CORRETA - Alternativa correta! Na imagem está
disposto o espéculo de Collins; após sua inserção,
prosseguimos com remoção do excesso de secre-
ção com algodão montado em pinça. Realizamos
raspado em 360º da ectocérvice com espátula de
Ayre, introdução de escova a 1,5 cm do colo, em
movimentos de vai e vem e rotação e colocação do
material colhido em camada fina em lâmina, com
fixação imediata com spray fixador.
C) INCORRETA - O espéculo apresentando na ques-
tão não é o de Graeve. A etapa de raspado da ecto-
cérvice deve anteceder a etapa da escova endocervi-
cal; não se faz fixação com éter.
D) INCORRETA - O espéculo disposto na questão
não é o de Pederson. Primeiro devemos realizar a
remoção de excesso de conteúdo vaginal. A coleta
de material com espátula de Ayre não é do fundo de
saco vaginal, mas sim da ectocérvice apenas. Após,
realiza-se coleta de material endocervical com es-
cova. A fixação não é feita na lâmina com álcool;
podemos utilizar frasco preenchido com álcool para
preservação da lâmina, mas este não está presente
na imagem apresentada na questão.
DEZ 22 | 111
Take-Home Message:
1. A técnica de coleta de material para colpocitologia
oncótica (CCO) no Brasil é a de dupla coleta
2. Não realizamos dilatação cervical na coleta de CCO
3. A espátula de Ayre é aplicada na ectocérvice, en-
quanto a escova, na endocérvice
QUESTÃO 53
Analise as assertivas abaixo em relação à propedêutica
do casal infértil:
I. A biópsia de endométrio não é um método preciso
da ovulação em mulheres inférteis.
II. A histerossalpingografia é considerada o padrão-ou-
ro para o diagnóstico da permeabilidade tubária.
III. A histerossonografia é o método definitivo e consi-
derado o padrão-ouro para o diagnóstico e tratamento
das patologias intrauterinas. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II e III
Resposta correta: Letra A
Comentários:
Vamos relembrar a definição de infertilidade?
Infertilidade é considerada a ausência de concepção
após um ano de tentativa de gestação, com relação se-
xual frequente e sem a utilização de um método con-
traceptivo. É importante ressaltar que antecipamos a
investigação para 6 meses de tentativa em mulheres
acima de 35 anos devido ao importante declínio fisio-
lógico de taxas de gestação a partir desta idade.
Lembremos: a investigação é sempre do casal! Isso porque
35% das causas estão ligadas ao fator feminino, 30% liga-
das ao fator masculino, 20% estão relacionadas a ambos
os parceiros e 15% dos casos permanecem sem diagnós-
tico etiológico, apesar de instituída toda a propedêutica.
112 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Essa investigação envolve a avaliação clínica deste casal,
com anamnese e exame físico completos, espermogra-
ma do parceiro e ultrassonografia transvaginal e histe-
rossalpingografia da parceira.
Os principais testes realizados para avaliar a permea-
bilidade tubária são a histerossalpingografia (HSG) e
a videolaparoscopia.
Histerossalpingografia com
oclusão unilateral direita
Os achados na HSG são classificados como não oclu-
são tubária, oclusão tubária unilateral ou oclusão tu-
bária bilateral e fluxo de contraste prejudicado, se o
contraste não foi mostrado além da porção ístmica da
tuba uterina. Ele acaba sendo um teste confiável e não
invasivo e acaba por reduzir a necessidade de investi-
gação cirúrgica em grande número de pacientes. In-
dica-se laparoscopia e cromotubagem a mulheres com
comorbidades conhecidas cujas patologias tubárias e
outras patologias pélvicas possam ser avaliadas simul-
taneamente. Estes métodos são padrão-ouro, apesar
de não serem capazes de descrever completamente a
relação das estruturas pélvicas.
Quando falamos de biópsia de endométrio, estamos
pensando em investigação de fatores ovulatórios.
Esta seria realizada de dois a três dias antes do fluxo
menstrual esperado, porém não deve ser utilizada de
rotina pois apresenta baixa correlação com prognósti-
co gestacional.
 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - a biópsia de endométrio de fato não
é um bom método de avaliação de fator ovulató-
rio, estando essa alternativa correta.
B) INCORRETA - o diagnóstico e tratamento das pa-
tologias intrauterinas é habitualmente feito com mé-
todo de imagem como ultrassonografia, ressonância
magnética, ou até histeroscopia em alguns casos.
C) INCORRETA - o método padrão ouro para avalia-
ção tubária é a videolaparoscopia e a cromotubagem
D) INCORRETA - já vimos que as alternativas II e III
estão incorretas.
QUESTÃO 54
Paciente de 30 anos, vem com queixa de amenorréia
secundária. Na sua história obstétrica, ela apresentava
gesta 3, para 2, aborto 1. O pré-natal das duas gesta-
ções ocorreram sem intercorrências, e os partos foram a
termo, um em 2005 e o outro em 2007.
A) I.
B) II.
C) III.
D) IV.
DEZ 22 | 113
Take-Home Message:
1. A propedêutica básica de investigação de infertilida-
de é sempre do casal.
2. A avaliação do fator tubário é habitualmente fei-
ta com a histerossalpingografia, apesar de não ser
padrão-ouro, devido o fácil acesso e caráter pou-
co invasivo.
3. A biópsia de endométrio não é um método eficiente
para avaliação de ovulação.
O abortamento ocorreu há 13 meses, sendo que o re-
sultado da patologia identificou restos placentários com
fragmentos de miométrio, em meio a vários coágulos.
O médico solicitou uma histerossalpingografia. Com
base na história, a imagem histerossalpingográfica mais
provável de ser encontrada é:
Resposta correta: Letra ANULADA
114 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Comentários:
Na questão, o examinador nos leva a pensar no diag-
nóstico de sinéquias uterinas
(ou síndrome de Asherman) decorrentes de curetagem
uterina - ele ainda menciona a presença de fragmentos
de miométrio na biópsia, indicando curetagem que se
estendeu para além do endométrio, o que aumentaria o
risco de formação de sinéquias.
Acontece que a histerossalpingografia compatível com
síndrome de Asherman seria esta:
Ou seja, uma falha na passagem de contraste na cavi-
dade uterina.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - Imagem compatível com malfor-
mação mulleriana como útero septado.
B) INCORRETA - Imagem sem falha de contraste
na cavidade uterina, com provável hidrossalpin-
ge bilateral.
C) INCORRETA - Também não se vê falha de enchi-
mento da cavidade endometrial neste caso.
D) INCORRETA - Aqui também não fica nítida falha
de enchimento endometrial
Take-Home Message:
Diante da suspeita de síndrome de Asherman, espera-
mos encontrar histerossalpingografia com falha de en-
chimento da cavidade uterina
QUESTÃO 55
São alterações relacionadas ao hipoestrogenismo
no climatério:
I. Alterações do humor e declínio das funções cognitivas.
II. Fogachos e suores noturnos.
III. Ganho de peso. Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra C
Comentários:
A síndrome climatérica é caracterizada pelos sinais e
sintomas relacionados à falência ovariana (déficit de
estrogênio) no período da perimenopausa. Destes, os
mais evidentes são os sintomas vasomotores (fogachos),
síndrome genitourinária (atrofia urogenital) e a perda
de massa óssea. Entretanto, como há receptores estro-
gênicos em diversos órgãos, como pele, ossos, vasos,
coração, diversas regiões do cérebro, mama, útero, va-
gina, uretra e bexiga, o progressivo hipoestrogenismo
gera efeitos sistêmicos que não se restringem aos ante-
riormente mencionados. Estes efeitos podem inclusive
comprometer a qualidade de vida da mulher, sendo que
apenas 15% das mulheres não apresentam sintomas no
período do climatério.
 AMRIGS 2022
Vamos analisar os itens
dispostos no enunciado?
I. Durante o climatério podem ser observadas altera-
ções no humor, como sintomas depressivos e irritabili-
dade, bem como declínio das funções cognitivas
II. Os fogachos e suores noturnos são bastante frequen-
tes nas pacientes sintomáticas durante o climatério e são
responsáveis por grande prejuízo na qualidade de vida da
mulher. Esta é a principal indicação de terapia hormonal.
III. O climatério não está associado com ganho de peso
Dessa forma ficamos com a alternativa C.
Take-Home Message:
1. Os sintomas climatéricos são decorrentes do hipoes-
trogenismo
2. Os sintomas climatéricos são variados, incluem alte-
rações cognitivas, do sono, sintomas vasomotores,
secura genital, alteração na libido, alterações car-
diovasculares, ósseas…
3. Dentre os sintomas climatéricos não encontramos o
ganho de peso
DEZ 22 | 115
QUESTÃO 56
A figura abaixo representa um corte transversal de uma
ultrassonografia uterina. Diante do caso representado
na ultrassonografia acima, é correto afirmar que:
A) O uso de implantes subdérmicos está indicado,
uma vez que a imagem ultrassonográfica não é uma
contraindicação para o seu uso.
B) O dispositivo intrauterino de cobre pode ser utili-
zado, após a retirada dos pólipos endometriais.
C) O dispositivo intrauterino com levonorgestrel está
indicado para reduzir o espessamento endometrial.
D) A paciente poderá utilizar anticoncepcionais orais
combinados, mas deve ser avisada que poderá ter
sangramentos de escape pela presença dos mio-
mas intramurais.
Resposta correta: anulada
Comentários:
Temos na questão um corte transversal uterino, repre-
sentado pela linha azul abaixo:
116 | DEZ 22 AMRIGS 2022

A imagem no ultrassom fica algo mais ou menos assim:

Acontece que na imagem da questão estamos provavel- Para relembrar, segue tabela com as principais malfor-
mente diante de mal formação mulleriana, decorrente mações mullerianas e uterinas:
da falha da fusão dos ductos de Muller:
 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - o fato de, pela imagem, não haver
contraindicação ao uso de implante subdérmico,
não torna possível afirmar se para esta paciente há
indicação do uso deste método contraceptivo.
B) INCORRETA - não há pólipos endometriais
na imagem apresentada na questão, sendo na re-
alidade as regiões hiperecogênicas duas cavida-
des endometriais.
C) INCORRETA - novamente, pela mesma razão,
não há nesta imagem espessamento endometrial.
Habitualmente examinamos a presença de espessa-
mento endometrial no corte longitudinal do útero,
não transversal conforme demonstrado na imagem.
corte longitudinal do útero ao ultrassom
D) INCORRETA - a imagem não é compatível com
formações miomatosas, sendo na realidade duas ca-
vidades endometriais.
Take-Home Message:
1. A avaliação de espessamento endometrial é feita em
corte longitudinal do útero ao ultrassom
DEZ 22 | 117
QUESTÃO 57
Paciente de 42 anos, na menacme, vem por queixa de
sangramento vaginal irregular.
Ela já teve um filho por parto vaginal; nega diabetes,
uso de medicamentos ou outras doenças. Seu índice de
massa corporal é de 25. O médico pediu uma ecografia
transvaginal para avaliar a espessura endometrial; o re-
sultado foi de 7 mm; depois ele realizou uma biópsia de
endométrio no consultório, sendo que o resultado da
patologia foi hiperplasia endometrial sem atipia. Com
isso, ele resolveu colocar um sistema intrauterino com
levonorgestrel (SIU-LNG). Em relação à conduta mé-
dica, está correto afirmar que:
A) Não havia necessidade de solicitar ecografia trans-
vaginal para avaliar a espessura endometrial em
mulheres pré-menopáusicas, a biópsia de endo-
métrio afastou a chance de câncer endometrial e o
uso do SIU-LNG está correto
B) A ecografia transvaginal com mais de 4 mm de es-
pessura endometrial na mulher pré menopáusica é
fator de risco para câncer de endométrio, a biópsia
de endométrio se justifica por isso, e o tratamento
de primeira linha é acetato de medroxiprogesterona
por via oral.
C) A ecografia transvaginal com mais de 7 mm de es-
pessura endometrial na mulher pré menopáusica é
fator de risco para câncer de endométrio, a biópsia
de endométrio nesse caso não afasta a possibilidade
de câncer endometrial, e o tratamento de primeira
linha é o acetato de medroxiprogesterona 150 mg,
intramuscular, a cada 3 meses.
D) A ecografia transvaginal com mais de 4 mm de es-
pessura endometrial na mulher pré menopáusica é
fator de risco para câncer de endométrio, a biópsia
de endométrio nesse caso não afasta a possibilidade
de câncer endometrial, sendo necessária a histeros-
copia diagnóstica.
Resposta correta: Letra A
118 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Comentários:
Não realizamos ultrassonografia transvaginal na pré-
-menopausa com objetivo de avaliação de espessura en-
dometrial. Este exame, em casos de sangramento uteri-
no anormal, se destina especialmente para avaliação de
miomatose uterina, adenomiose ou ainda pólipo endo-
metrial, podendo ainda revelar hipervascularização ou
alterações endometriais mais exuberantes.
Aproveitando para relembrar a classificação da FIGO
(Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia)
para o sangramento uterino anormal, sendo este divi-
dido em causas estruturais (acrônimo PALM) e não es-
truturais (acrônimo COEIN).
A investigação endometrial com avaliação de espessura
endometrial é importante no sangramento vaginal pós
menopausa. Diante de eco endometrial maior ou igual
5 mm, se sem terapia hormonal; ou maior ou igual a 8
mm, se em uso de terapia hormonal, deve-se investigar
neoplasia endometrial. A hiperplasia do endométrio é
definida pela presença de espessamento do endométrio
com proliferação de glândulas de tamanho e formato ir-
regulares e aumento da relação tecido glandular/estroma.
Atualmente, a nomenclatura mais simplificada divide as
As causas estruturais englobam os:
● Pólipos
● Adenomiose
● Leiomioma
● Malignidade (neoplasias e hiperplasias endometriais).
As causas não estruturais:
● Coagulopatias,
● Disfunções Ovulatórias,
● Disfunções Endometriais,
● Iatrogênicas
● Não classificadas em outra parte.
hiperplasias endometriais em sem atipia ou com atipia.
A hiperplasia com atipia é considerada uma lesão precur-
sora para câncer de endométrio e pode ser chamada de
neoplasia intraepitelial endometrial. As bancas AMAM
cobrar este conceito: pacientes com alto risco cirúrgico
ou que desejam preservar a fertilidade e apresentam hi-
perplasia atípica podem ser tratadas com progestágenos
em altas doses, porém é uma conduta de EXCEÇÃO e
devem ser monitoradas de forma sistemática. Esse trata-
mento inclui o dispositivo intrauterino de levonorgestrel.
 AMRIGS 2022
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - Não há necessidade de avaliação de
espessura endometrial em mulheres na pré-meno-
pausa. Diante de biópsia que descartou neoplasia
endometrial, o uso do dispositivo intrauterino li-
berador de levonorgestrel está correto.
B) INCORRETA - Não utilizamos a avaliação de
espessura endometrial nas mulheres no menacme
para investigação de sangramento uterino disfun-
cional, podendo sua espessura variar conforme fase
do ciclo menstrual, atingindo valores elevados de
até 16mm.
C) INCORRETA - Vide item B.
D) INCORRETA - Vide item B.
Take-Home Message:
O eco endometrial na menacme não é avaliado da mes-
ma maneira que nas pacientes pós menopausa. Na pós
menopausa, utilizamos os cortes de 5 mm (se sem uso
de TH) e de 8 mm (se em uso de TH) para conside-
rar espessamento endometrial e, dessa forma, indicar
investigação mais invasiva devido ao risco de neopla-
sia endometrial.
O LNG-SIU é uma alternativa terapêutica para pa-
cientes com sangramento uterino anormal diante da
ausência de neoplasia e da ausência de distorção da ca-
vidade uterina.
DEZ 22 | 119
QUESTÃO 58
Paciente de 30 anos com dismenorreia progressiva foi
avaliada por seu médico. Com base no gráfico do estudo
randomizado acima, e das propriedades das duas medi-
cações estudadas, análogos do hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH-a) e sistema intrauterino libera-
dor de levonorgestrel (LNG-IUS), é correto afirmar que:
A) Mais pacientes preferem usar o GnRH-a (n=37),
apesar de não haver diferença significativa, quando
comparado com o uso do LNG-IUS (n=34).
B) Não existe diferença significativa entre usar LNG-
-IUS e GnRH-a no que se refere à dor no final de
6 meses, portanto a paciente poderá receber qual-
quer um dos medicamentos para reduzir a sua dor,
sendo que os efeitos colaterais das duas medicações
são idênticos.
C) Seria preferível oferecer GnRH-a por não ter os
efeitos colaterais do hipoestrogenismo causados
pelo LNG-IUS.
D) Seria preferível oferecer LNG-IUS por não ter os
efeitos colaterais do hipoestrogenismo causados
pelo GnRH-a.
Resposta correta: Letra D
Comentários:
O sistema intrauterino liberador de levonorgestrel
(LNG-IUS) é um endoceptivo de longa ação, reversível
e altamente eficaz. Consiste de um pequeno dispositivo
em forma de “T” que é inserido dentro do útero e que
contém um reservatório com levonorgestrel (52 mg) ao
120 | DEZ 22 AMRIGS 2022

redor da haste vertical. O principal efeito do progesta- Vamos às alternativas:

gênio é o de atrofia endometrial, apresentando também
ação no muco cervical. O LNG-IUS tem pouco efeito
sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, de maneira
que um grande número de mulheres ovula mesmo em
uso deste método, confirmando que o efeito contracep-
tivo é principalmente local.
A) INCORRETA - Em estudos randomizados os
pacientes não são alocados conforme preferência
de uso; além disso, não é possível afirmar prefe-
rência de uso apenas com os dados apresentados
na questão.
B) INCORRETA - Os efeitos colaterais das duas me-
dicações não são semelhantes, sendo especialmente
os efeitos a longo prazo mais graves quando usamos
GnRH-a.
C) INCORRETA - O GnRH-a provoca um efeito se-
melhante ao da menopausa, com intensos efeitos
colaterais devido ao hipoestrogenismo.
D) CORRETA - Já que ambas as medicações apre-
sentam controle de dor similar, devemos optar por
aquela que tem menos efeitos colaterais, no caso,
o LNG-IUS.

Take-Home Message:
Os principais efeitos colaterais (que são mais prevalen-
tes nos primeiros meses de uso) incluem acne, dores Devemos ter muita cautela na prescrição de análogos
nas mamas, cefaléia e alteração de humor. Além disso, é de GnRH, pois seus efeitos colaterais são bastante mar-
bastante comum a mudança do padrão de sangramen- cados e podem acarretar sequelas bastante graves, espe-
to, principalmente nos primeiros três meses de uso. cialmente no uso prolongado dessas drogas.
Cerca de 50% das pacientes apresentam amenorréia,
enquanto apenas 20% das usuárias persistem com san-
gramento inadequado após um ano da inserção.
Os análogos de GnRH (Leuprorrelina, Gosserrelina e
etc) são medicamentos que, ao se ligarem aos recep-
tores de GnRH, impedem o seu padrão de estimulo
pulsátil, que é essencial para a manutenção do bom
funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise- ovariano.
Os efeitos colaterais que seu uso provoca são bastante
semelhantes àqueles que observamos em pacientes em
transição menopáusica: fogachos (calores), ressecamen-
to vaginal, ganho de peso, diminuição da libido e alte-
ração de humor. Também observamos os mesmos efei-
tos colaterais do hipoestrogenismo de longa data, sendo
o mais significativo o de perda de massa óssea, que já é
observado após 6 meses de uso desta medicação.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 59
Paciente procura atendimento em uma Unidade de
Saúde. Ela teve alta hospitalar psiquiátrica há mais de
1 ano, devido a um episódio agudo de Transtorno do
Humor, episódio depressivo grave, atualmente retor-
nou ao funcionamento pré-mórbido, está estável, tem
28 anos de idade e não possui nenhuma comorbidade.
A paciente vem fazendo uso de diversos psicofármacos,
porém quer aconselhamento do médico, pois pretende
parar o uso de contraceptivo oral, já que ela e o marido
desejam engravidar. Ela está preocupada com o uso dos
medicamentos, entretanto não gostaria de parar com
todos, pois, devido a ter apresentado vários episódios
de depressão, receia o retorno dos sintomas depressivos
durante e após a gestação. Se você fosse o médico, das
medicações descritas abaixo, qual você iria retirar mais
rapidamente, pensando na segurança do futuro con-
cepto em termos de prevenção de possíveis efeitos tera-
togênicos e, posteriormente, durante a amamentação?
A) Haloperidol.
B) Sertralina.
C) Carbamazepina.
D) Bupropiona
Resposta correta: Letra C
Comentários:
Muitas vezes é um desafio para a equipe a decisão de
manutenção de certas medicações na gestação. Se por
um lado, há muitas medicações sobre as quais não
temos informações suficientes para garantir um uso
seguro na gestação, por outro o descontrole de do-
enças maternas de base também tem implicações no
prognóstico da gestação e puerpério. Dessa maneira,
a decisão de manter ou iniciar terapia psicofarmaco-
lógica durante a gravidez ou durante a amamentação
deve considerar a relação entre os potenciais ganhos e
os possíveis danos para mãe e filho.
Devemos lembrar que episódios psiquiátricos não tra-
tados estão associados a maior probabilidade de impor-
tantes intercorrências obstétricas, puerperais e neona-
DEZ 22 | 121
tais, com implicações negativas no desenvolvimento da
criança e nas relações familiares. Portanto, devemos ter
cautela com os ajustes medicamentosos de caráter psi-
quiátrico durante a gestação com a intenção de garantir
uma gravidez livre de riscos, pois esta é uma estratégia
clínica frágil e contestável.
Sabemos que não há escolha terapêutica completamen-
te isenta de riscos, mas podemos fazer escolhas equili-
bradas nesta fase da vida da mulher.
Nesse processo de tomada de decisão, são critérios
importantes as respostas individuais a tratamentos
específicos e a intensidade das manifestações clínicas
prévias e presentes.
É fundamental considerar e informar que, infelizmen-
te, até 5,5% entre todos os neonatos apresentam mal-
formação congênita maior, cuja etiologia é predomi-
nantemente idiopática ou cromossômica.
Vamos às alternativas:
A) INCORRETA - No transtorno bipolar ou no
transtorno esquizoafetivo, são considerados espe-
cialmente efetivos e eficazes haloperidol, olanzapi-
na, risperidona e quetiapina.
Diversos estudos identificam pequena ou nenhuma
associação com malformações congênitas maiores
com o uso dessas medicações. Entre os antipsicó-
ticos típicos ou de primeira geração de baixa po-
tência mais disponíveis, a clorpromazina apresenta
segurança reprodutiva relativamente favorável, com
pequena ou nenhuma associação com malforma-
ções congênitas maiores.
B) INCORRETA - Nesse contexto, não há um anti-
depressivo em particular que possa ser considerado
a melhor opção para todas as pacientes com depres-
são ou outras doenças psiquiátricas durante a gesta-
ção, bem como não há um antidepressivo que seja
absolutamente contraindicado.
C) CORRETA - Ácido valpróico e carbamazepina
são considerados substâncias teratogênicas. O áci-
do valpróico aumenta o risco de defeitos do tubo
neural. Quanto à carbamazepina, recomenda-se
122 | DEZ 22 AMRIGS 2022
que seja evitada principalmente no primeiro tri-
mestre, sempre que possível.
D) INCORRETA - A bupropiona não apresenta con-
traindicação ao uso devido a gestação.
Take-Home Message:
1. Na maior parte das vezes, a escolha de manutenção,
introdução ou troca de medicação na gestação deve
levar em conta os riscos do não tratamento daque-
la condição.
2. Muitas medicações não apresentam dados suficien-
tes em literatura para garantir segurança no seu uso
na gestação.
3. Sabemos que o ácido valpróico e a carbamazepina
são teratogênicos, devendo seu uso ser suspenso
sempre que possível durante a gestação, preferen-
cialmente durante o seguimento pré concepcional.
QUESTÃO 60
Mulher, 30 anos, apresenta episódios intercorrentes de
tristeza intensa, desinteresse, ideias de desvalia, tensão,
acompanhada de cefaleia e dores musculares. Fica ir-
ritada facilmente, mas os sintomas desaparecem rapi-
damente, voltando ao seu comportamento usual, tran-
quilidade e interesse. O transtorno mais provável é:
A) Disfórico pré-menstrual.
B) Ansiedade generalizada.
C) Ciclotímico.
D) Dismórfico corporal
Resposta correta: Letra A
Comentários:
A síndrome pré menstrual não apresenta sintomas pa-
tognomônicos; os mais frequentes são a irritabilidade,
a disforia e a tensão. O quadro clínico apresenta grande
variabilidade na intensidade dos sintomas, os quais po-
dem mudar em cada mulher de acordo com a fase do
ciclo menstrual, o que dificulta o diagnóstico precoce e
preciso. É um quadro clínico associado com a segunda
fase do ciclo menstrual, de forma recorrente, interferin-
do nas atividades diárias da mulher.
O diário sintomatológico é um instrumento funda-
mental para ser utilizado durante a consulta médica, de
modo a caracterizar os sintomas em relação à fase do ciclo
menstrual e sua variabilidade de intensidade a cada mês.
O transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) seria
um caso mais grave de síndrome pré-menstrual, com
sintomas que podem ser incapacitantes.
Vamos às alternativas:
A) CORRETA - O enunciado apresenta uma pacien-
te mulher, com idade compatível com faixa etária
em que se firma diagnóstico de TDPM (25-35
anos), com episódios intercorrentes de sintomas
compatíveis com o diagnóstico acima descrito.
B) INCORRETA - O transtorno de ansiedade genera-
lizada é um distúrbio caracterizado por preocupação
excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de di-
fícil controle, que perdura por seis meses no mínimo.
C) INCORRETA - Caracteriza-se por períodos hipo-
maníacos e períodos de depressão de menor inten-
sidade e que duram poucos dias, seguindo curso
irregular e menos graves que os apresentados no
transtorno bipolar; os períodos desses sintomas de-
vem ocorrer por mais da metade dos dias durante
um período de no mínimo 2 anos.
D) INCORRETA - O Transtorno Dismórfico Corporal
(TDC) é um transtorno mental que se caracteriza
por afetar a percepção que o paciente tem da própria
imagem corporal, levando-o a ter preocupações irra-
cionais sobre defeitos em alguma parte de seu corpo.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
1. A síndrome pré menstrual é caracterizada por abran-
gente sintomatologia, sendo os mais frequentes a
irritabilidade, a disforia e a tensão.
2. É importante confirmar o caráter cíclico para pen-
sarmos neste diagnóstico, sendo a sintomatologia
associada com a segunda fase do ciclo menstrual.
QUESTÃO 61
Em relação ao processo de crescimento infantil, é cor-
reto afirmar que:
A) O peso é um indicador sensível a longo prazo.
B) É constante, mas apresenta velocidade variável.
C) O canal de crescimento de meninas, nas curvas de
peso e estatura, apresenta - se sempre mais elevado quan-
do comparado ao canal de crescimento de meninos.
D) Ao final do primeiro ano de vida, o lactente tem
aproximadamente, em relação ao nascimento, o seu
peso triplicado e o seu comprimento dobrado.
Resposta correta: Letra B
DEZ 22 | 123
Temos aqui uma questão bastante conceitual, que co-
bra conceitos básicos do crescimento pondero-estatural
durante a infância, desde o período neonatal até a ado-
lescência. Relembrando esses principais pontos, você
não teria dificuldade em resolver essa questão.
É preciso entender que na infância, o crescimento é
um processo contínuo, mas que não é linear! Podemos
dividir em quatro fases principais:
Intrauterina: depende da alimentação materna, condi-
ções intrauterinas e placentárias. É a maior velocidade
de crescimento da vida
Infantil (até 2 anos): ocorre um crescimento rápido em
desaceleração. Temos aqui uma transição da condição
intrauterina para o potencial genético. É esperado que
nessa fase, o lactente ganhe cerca de 25 cm ao final do
primeiro ano.
Pré-puberal: Temos aqui uma velocidade de crescimen-
to estável, que gira em torno de 5-7 cm/ano.
Puberal: Aqui ocorre um aumento na velocidade de
crescimento relacionada aos esteróides sexuais. Nas
meninas, varia entre 6-10,5cm/ano e nos meninos de
7-12cm/ano.
124 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Lembrando que 80% da estatura final é definida pelo
potencial genético da criança (canal familiar). Entre-
tanto, outros fatores como desnutrição ou diversas co-
morbidades podem afetar a estatura final. Nesses casos,
o ganho de peso é o primeiro marcador a se alterar, afe-
tando mais tardiamente a estatura e, em alguns casos, o
perímetro cefálico.
Relembrado esses conceitos, vamos analisar
as alternativas:
A) - Incorreta: A estatura pode ser um marcador sensí-
vel a longo prazo. O peso sofre repercussões a cur-
to prazo.
B) - Correta: Como vimos, o processo de crescimento
é constante, mas não é linear, dependendo da fase
de desenvolvimento em que a criança se encontra.
C) - Incorreta: O canal de crescimento de cada crian-
ça será definido principalmente por seu potencial
genético. Em relação à velocidade de crescimento,
o estirão ocorre mais precocemente nas meninas,
porém costuma ser mais longo e com velocida-
des de crescimento maiores quando comparado
às meninas.
D) - Incorreta: No final do primeiro ano de vida, es-
pera-se que o lactente ganhe cerca de 25 cm (em
torno de 50% do seu comprimento ao nascer) e
tenha triplicado de peso.
Take-Home Message:
O crescimento infantil é constante, mas não é linear.
A velocidade de crescimento tende a diminuir a partir
do nascimento, acelerando novamente na fase puberal
O peso é um marcador sensível a curto prazo
QUESTÃO 62
Analise as seguintes assertivas e assinale V, se verdadei-
ras, ou F, se falsas, em relação às orientações de pueri-
cultura abaixo.
( ) A Posição supina é recomendada para recém-nascido
dormir
( ) O andador é recomendado somente para lactentes
com atraso desenvolvimento motor
( ) A exposição frente às telas digitais deve ser desen-
corajada para crianças menores de dois anos de idade.
( )Recém-nascido deve ser conduzido em automóvel
assento tipo bebê-conforto no banco de trás instalado
frente para o painel do veículo.
( )As roupas do recém-nascido devem ser lavadas com
água sabão neutro, evitando-se o uso de sabão em pó e
amaciante
. A ordem correta de preenchimento dos parênteses,de
cima para baixo,é:
A)V-F-V-F-V.
B)F-V-F-F-F.
C)V-F-V-V-V.
D)F-V-F-V-F
Resposta correta: Letra A
 AMRIGS 2022
Temos aqui uma questão que aborda diversos pontos
das orientações de puericultura: posicionamento para
dormir, tempo de tela, uso de andadores, transporte
em veículos e uso de sabão em pó. Como são reco-
mendações objetivas e que cada tópico tem sua par-
ticularidade, vou abordaremos cada uma delas separa-
damente e, em seguida, determinaremos a veracidade
das alternativas.
Afirmativa I: A Posição supina é recomendada para re-
cém-nascido dormir
Em relação às orientações de berço seguro, a posição
recomendada para o recém-nascido dormir é a posi-
ção supina, pois não aumenta o risco de aspiração,já
que a anatomia das vias aéras nessa posição os protege.
Dormir em posição supina pe uma das recomendações
de prevenção de morte súbita do lactente, assim como:
deitar em uma superfície firme, não deixar objetos ma-
cios e roupas de cama solta no berço, cessar tabagismo
passivo, não cobrir a cabeça do bebê e colocar o berço
próximo à cama dos pais.
Portanto, afirmativa I é verdadeira.
Afirmativa II: O andador é recomendado somente para
lactentes com atraso desenvolvimento motor
Os andadores não são recomendados para nenhuma
criança. Além de aumentarem o risco de acidentes
como traumatismo crânio-encefálico, queimaduras, in-
toxicações e afogamentos, não possuem nenhuma evi-
DEZ 22 | 125
dência científica de que estimulam o desenvolvimento
dos lactentes. Na realidade, podem até atrasar o desen-
volvimento, já que a criança gastará menos energia para
andar do que se estivesse sem apoio.
Portanto, afirmativa II é falsa
Afirmativa III: A exposição frente às telas digitais deve
ser desencorajada para crianças menores de dois anos
de idade.
Até os dois anos de idade é recomendado que se evite a
exposição das crianãs às telas, mesmo que passivamen-
te, pois é um momento de desenvolvimento cerebral
importante. Nessa fase são estabelecidos todos os cir-
cuitos sensoriais, além da produção de neurotransmis-
sores e conexões sinápticas. Sendo assim imprescindível
a interação com os pais e o mundo ao redor. A exposi-
ção prolongada às telas está relacionado com atraso de
fala e de linguagem e com distúrbios do sono.
Portanto, afirmativa III está correta.
Afirmativa IV: Recém-nascido deve ser conduzido em
automóvel assento tipo bebê-conforto no banco de trás
instalado frente para o painel do veículo.
O transporte das crianças menores de 13 anos deve
ser feito sempre no banco de trás, sendo a modalidade
definida pelo seu peso. A imagem abaixo, retirada do
documento científico de segurança dos ocupantes dos
veículos, da Sociedade Brasileira de Pediatra, representa
essas modalidades:
126 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Retirado do Manual da SBP de 2019 “O pediatra e a segurança dos ocupantes de veículos automotores”

Portanto, como a afirmativa coloca o uso do bebê-con-
forto voltado para frente do veículo, a afirmativa é falsa.
Afirmativa V: As roupas do recém-nascido devem ser
lavadas com água sabão neutro, evitando-se o uso de
sabão em pó e amaciante
especiais com uso de produtos químicos em contato
com a sua pele. É recomendado uso de sabonetes e pro-
dutos com com pH neutro, que é o pH da pele do
recém nascido, além de evitar o uso de produtos perfu-
mados e irritativos, com sabão em pó e amaciante.

A pele do recém-nascido é mais fina, frágil e sensível Portanto, a afirmativa é verdadeira.

que a do adulto, já que possui uma camada córnea mais Assim, a sequência correta é: V-F-V-F-V, que corres-
fina e está se adaptando das mudanças do meio intrau- ponde a alternativa A
terino para o extrauterino. Assim, deve-se ter cuidados
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
A posição recomendada para o lactente dormir, no in-
tuito de prevenir a morte súbita, é a posição supina
O andador não auxilia no desenvolvimento da criança
e pode aumentar o risco de acidentes domésticos
Os bebês devem ser transportados em bebê conforto
voltado para o painel. A partir do momento que tive-
rem idade e peso para cadeirinha, podem ser transpor-
tados voltados para o painel do carro.
Não é recomendado exposição às telas aos menores de
2 anos
Pela imaturidade da pele do bebê, é recomendado o uso
de produtos neutros
QUESTÃO 63
Mãe amamentando seu filho de quatro meses exclusi-
vamente no peito retornou ao trabalho. Foi orientada
a retirar e guardar o seu leite para ser oferecido a seu
filho enquanto estiver fora de casa. Analise as seguintes
orientações dadas à mãe:
I. O leite retirado da mama pode ser conservado em ge-
ladeira por até 12 horas e no freezer ou no congelador
por até 15 dias.
II.O leite materno retirado deve ser oferecido, de prefe-
rência, em um copo, uma xícara ou uma colher.
III.O leite materno retirado não deve ser fervido e nem
levado ao micro-ondas, apenas aquecido em banho-
-maria.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I,II e III
Resposta correta: Letra D
DEZ 22 | 127
Temos aqui uma questão relativamente simples, mas
que exige conhecer detalhes sobre a técnica de ordenha,
conservação, preparo e oferecimento do leite materno,
que não seja através da amamentação. Por isso, vamos
relembrar cada etapa desse processo. Para realizar a or-
denha do leite, é recomendado que a mãe siga os se-
guintes passos:
Preparo do frasco: escolha frascos de vidro com tam-
pa plástica, higienizar e esterilizar fervendo durante 15
minutos; nomear com data e hora da coleta.
Higiene pessoal: retirar adereços das mãos; colocar tou-
ca ou lenço no cabelo e máscara na boca; lavar ambas as
mãos até os cotovelos e secar com papel toalha.
Escolha do local: escolher um local tranquilo, limpo e
confortável. Evitar conversar durante a coleta
Ordenha: Realizar a ordenha, de preferência manual-
mente, massageando os seios realizando movimentos
circulares em direção à aréola. Desprezar os primei-
ros jatos.
Conservação: pode ser guardado na geladeira, por um
período máximo de 12 horas ou no freezer, por até
15 dias.
Oferecendo ao lactente: o leite pode ser descongelado
com banho maria. Para não ocorrer desnaturação de
proteínas, o leite não deve ser fervido ou levado ao mi-
cro-ondas. O leite deve ser oferecido, de preferência,
utilizando-se copo, xícara ou colher.
Relembrada as etapas do processo de ordenha do leite
materno, vamos analisar as afirmativas:
Afirmativa I - Correta: O leite materno cru pode ser
conservado por até 12 horas na geladeira ou 15 dias no
freezer
Afirmativa II - Correta: Para evitar confusão de bi-
cos, não se recomenda a utilização de mamadeiras.
Recomenda-se oferecer leite por meio de copo, xícara
ou colher.
Afirmativa III: Para não desnaturar proteínas e termos
controle da temperatura em que o leite materno é des-
congelado, não é recomendado fervê-lo ou aquecê-lo
128 | DEZ 22 AMRIGS 2022
no micro-ondas. Seu descongelamento deve ser feito
com banho maria.
Assim, as afirmativas I, II e III são corretas (Alter-
nativa D)
Take-Home Message:
O leite materno pode ser ordenhado manualmente,
utilizando as técnicas adequadas de higienização pes-
soal e conservação do leite
O leite deve ser conservado em recipiente de vidro, com
validade de 12 horas na geladeira e 15 dias congelado.
Deve ser esquentado em banho maria. Não deve fervê-
-lo ou esquentá-lo no microondas.
QUESTÃO 64
Analise as assertivas abaixo em relação às alterações en-
contradas no exame comum de urina em crianças:
I.A densidade urinária elevada pode ser correlacionada
com desidratação.
II.A síndrome hemolítico-urêmica é diagnosticada pela
presença de hemácias fragmentadas na urina.
III.A piúria pode estar ausente em pacientes com bac-
teriúria e infecção do trato urinário.
Quais estão corretas?
A)Apenas III.
B)Apenas I e II.
C)Apenas I e III.
D) I,II,e III.
Resposta correta: Letra C
Temos aqui uma questão bastante conceitual, que abor-
da a interpretação do exame de urina tipo I, também
conhecido como EAS (exame dos Elementos Anormais
do Sedimento urinário). Por ser um exame fácil, bara-
to, não invasivo e que pode fornecer importantes infor-
mações para o raciocínio clínico em pediatria. Por isso,
vamos relembrar as características químicas e físicas
que são avaliadas por esse exame:
Cor, aparência e odor: pode variar de clara e cristalina
até amarelo escuro. Pode ser vista presença de coloração
turva (leucócitos, hemácias, bactérias), urina espumosa
(proteinúria), avermelhada (hematúria) e até amarron-
zada (mioglobinúria, colúria). pH: varia entre 4.5-8.5.
Útil para avaliação do mecanismo de determinadas do-
enças renais como acidose tubular.
Densidade urinária: pode-se correlacionar com grau de
hidratação do paciente, mas também sua capacidade de
concentrar a urina e com determinadas patologias de
comprometimento túbulo-intersticial
Hemoglobina: a hemoglobinúria pode ter origem da
hemólise intravascular ou no interior do trato urinário.
Essa diferenciação pode ser feita pela análise microscó-
pica, como será abordado mais para frente. Está rela-
cionada a um amplo leque de diagnósticos diferenciais.
Proteína: : a excreção proteica urinária na fita é consi-
derada normal quando <1+. A proteinúria persistente
pode apresentar diversas causas, glomerulares e tubula-
res. Pode ser um marcador de glomerulopatias e pato-
logias túbulo-intersticiais.
Glicose: a glicosúria ocorre por hiperglicemia sérica,
pois excede a capacidade de reabsorção tubular proxi-
mal (glicose > 180-200 mg/dl) ou por disfunção tubu-
lar proximal (síndrome de Fanconi).
Cetonas: pequena quantidade de cetonas pode es-
tar presente na urina após período em jejum. Pode
estar presente em distúrbios de cetogênese com alte-
ração do metabolismo da glicose (ex: diabetes melli-
tus descompensado)
Bilirrubinas e urobilinogênio: A detecção de bilirrubina
na urina sugere obstrução do fluxo biliar ou hepatite. Já
a detecção de UBG pode estar relacionada à disfunção
hepática. A urina I tem pouco uso no diagnóstico das
doenças hepáticas.
Nitrito e esterase leucocitária (LE): O nitrito sugere
presença de bactérias gram negativas, sendo um mar-
cador de alto valor preditivo positivo para ITU (alta
 AMRIGS 2022
especificidade). Já a leucócito esterase (LE) urinária su-
gere a presença de neutrófilos, associada com situações
de ITU bacteriana ou com piúria estéril e processos
inflamatórios, possui alta sensibilidade e baixa especifi-
cidade para ITU.
A análise microscópica urinária é importante para
complementar a análise físico-química. Em relação a
hematúria (>10.000 hemácias/ml), podemos avaliar a
origem da hematúria: hemácias dismórficas e cilindros
hemáticos sugere hematúria de origem glomerular, en-
quanto sua ausência sugere origem do trato urinário
baixo (pós-glomerular), embora uma etiologia renal
não possa ser descartada.
Relembrada de como é feita a análise urinária, vamos
analisar as alternativas e classificá-las como verdadeiras
ou falsas:
Afirmativa I: Verdadeira. A densidade urinária elevada
pode estar associada com desidratação, pois teremos a
mesma quantidade de solutos em um volume uriná-
rio menor.
Afirmativa II: Falsa. A síndrome hemolítica urêmica
é uma microangiopatia trombótica caracterizada por
anemia hemolítica, injúria renal aguda e trombocito-
penia. Seu diagnóstico não é feito pelo exame de urina,
mas pela hemólise intravascular, podemos encontrar
uma hematúria de origem não glomerular (sem cilin-
dros hemáticos)
Afimativa III: Verdadeira. O diagnóstico de ITU e de
bacteriúria assintomática (BA) é definido pelo cresci-
mento de bactéria uropatogênica, em quantidade rele-
vante para o método de coleta, sendo a diferença é que
no primeiro caso o paciente apresenta sintomas de ITU
enquanto a BA apenas o agente isolado na urina. A piú-
ria pode sugerir o quadro de ITU, mas não é necessário
para seu diagnóstico.
Portanto, como afirmativas I e III são verdadeiras, ga-
barito é alternativa C.
DEZ 22 | 129
Take-Home Message:
O exame de urina é um exame barato, não invasivo, de
fácil acesso e que pode oferecer muitas informações na
elucidação diagnóstica de um caso
A densidade da urina pode estar relacionada ao grau de
hidratação do paciente
A presença de cilindros hemáticos indica hematúria de
origem glomerular
A piúria pode estar presente em casos de ITU, não sen-
do necessário para seu diagnóstico.
QUESTÃO 65
Assinale a alternativa correta considerando o diagnósti-
co de rinossinusite na criança .
A) É caracterizada pela presença de dois ou mais
sintomas, sendo a febre e a tosse necessários para
o diagnóstico.
B) A presença de corpo estranho nasal deve ser um
diagnóstico diferencial.
C) Aproximadamente 90% das crianças com rinossi-
nusite viral aguda evoluem para uma rinossinusite
aguda bacteriana.
D) Inflamação da mucosa nasossinusal com duração
superior a 4 semanas caracteriza a rinossinusi-
te crônica.
Resposta correta: Letra D
Temos aqui uma questão sobre rinossinusites agudas,
uma das principais complicações das infecções das vias
aéreas superiores na pediatria! As alternativas abordam
os pontos principais como diagnóstico, definição, etio-
logia e diagnósticos diferenciais. Vamos relembrar um
pouco sobre essa entidade:
As rinossinusites agudas são a inflamação das muco-
sas que recobrem a cavidade nasal e os seios paranasais,
com duração menor do que 4 semanas. Os principais
sintomas associados são: rinorréia purulenta, obstrução
nasal, tosse e, nos maiores, dor facial, cefaléia e halitose.
130 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Aqui fica um ponto importante: os seios paranasais ao
nascimento são muito pequenos, sendo que os seios
frontais ainda nem existem. Vão se desenvolvendo ao
longo da infância e, por volta dos 6-7 anos, são mi-
niaturas dos seios paranasais dos adultos, terminando
seu desenvolvimento completo por volta dos 12 anos.
Então, fica menos provável estarmos diante de uma si-
nusite em menores de 6 anos.
As rinossinusites podem ser de etiologia viral ou bac-
teriana, sendo que as bacterianas representam somente
de 0,5% a 2% das rinossinusites agudas e geralmente
se seguem a episódios de etiologia viral. Entre as princi-
pais bactérias, podemos citar o Streptococcus pneumo-
niae, H. influenzae e a Moraxella.
Imagem retirada do UptoDate
E a radiografia dos seios da face? Não tem valor diag-
nóstico, já que até podem acusar um comprometimen-
to dos seios paranais, mas não conseguem diferenciar
entre etiologia viral, bacteriana ou alérgica. Portanto,
não é necessário solicitação de exames de imagem!
O tratamento é feito com antibióticos que cubram os
principais agentes etiológicos, sendo a primeira escolha
a amoxicilina. Entre as principais complicações, pode-
mos citar: otomastoidite, celulite pré-septal, celulite pe-
riorbitária, meningite, abscesso cerebral, entre outras.
A diferenciação entre uma rinossinusite bacteriana de
uma viral se dá pela clínica. Pensamos em etiologia bac-
teriana em três situações:
Persistência dos sintomas respiratórios por mais de 10 dias,
Piora dos sintomas respiratórios - como retorno da fe-
bre, cefaleia ou aumento da secreção nasal - após 5-6
dias de evolução (evolução bifásica clássica)
Sintomas severos - como febre > 39ºC, dor facial e des-
carga purulenta posterior - por pelo menos 3-4 dias
Vejam que são as situações que diferem da evolução co-
mum de uma infecção de via aérea superior não com-
plicada, conforme ilustrada abaixo
Relembrado o tema, vamos analisar as alternativas:
A) Incorreta. A tosse e a febre podem estar presentes,
mas não são obrigatórios para o diagnóstico de si-
nusite bacteriana.
B) Incorreta. O corpo estranho nasal dificilmente se-
ria um diagnóstico diferencial porque, diferente da
sinusite bacteriana, seria provavelmente um quadro
de início súbito, que pode dar halitose, mas sem
descarga posterior, febre, tosse ou demais sintomas
de infecção das vias aéreas superiores.
 AMRIGS 2022
C) Incorreta. A minoria das sinusites virais evoluem
para bacteriana, correspondendo a menos de 5%
dos casos.
D) Correta. Consideramos uma rinossinusite crônica
as infecções com duração maior a 4 semanas.
Take-Home Message:
As rinossinusites podem ter etiologia viral (maioria) ou
bacteriana (0,5-2% dos casos)
O quadro clínico é de uma infecção das vias aéreas,
geralmente em crianças maiores que 5 anos, que difere
da evolução natural (evolução bifásica, persistência dos
sintomas ou severidade).
Os principais agentes etiológicos das sinusites bacteria-
nas são: Streptococcus pneumoniae, H. influenzae e a
Moraxella catarrhalis.
O diagnóstico é clínico, não sendo necessário raio-x de
seios da face
QUESTÃO 66
Em relação à vacina BCG, analise as assertivas a seguir:
I. A resposta protetora leva aproximadamente
12 semanas.
II.Recém-nascidos pré-termo devem pesar 2Kg para
recebê-la.
III.Deve ser aplicada ao nascer e aos 6 meses.
Quais estão corretas?
A) Apenas I
B) Apenas I e II.
C) Apenas I e III.
D) I, II , e III
Resposta correta: Letra B
Temos aqui uma questão sobre vacinação nos recém-
-nascidos, detalhando sobre aspectos da vacina BCG,
contra a tuberculose. Vamos relembrar os principais
pontos dessa vacina para discutir a veracidade das afir-
DEZ 22 | 131
mações trazidas pela questão.
A vacina da BCG (bacilo de Calmette-Guérin) é pre-
parada com bacilos vivos de cepa de Mycobacterium
bovis com virulência atenuada. Protege a população
contra as formas graves de tuberculose (meningite e
miliar). Administrada entre 0 e 4 anos, em dose única,
via intradérmica, sendo preferencialmente feita já nas
primeiras 12 horas de vida (maternidade).Também são
aplicadas em pacientes contactantes de hanseníase.
A suas contraindicações são:
Recém-nascidos prematuros até atingirem 2 kg
Imunossuprimidos
Neoplasia maligna
Gestantes
Na pediatria, essa vacina tem muita importância, pois
além de ser vacina obrigatória no Plano Nacional de
Imunizações (PNI), ocorre uma resposta inflamatória
no local da aplicação, já que é feito via intradérmica,
sendo de extrema importância o pediatra entender essa
evolução para explicar e tranquilizar os pais do processo
e reconhecer complicações verdadeiras. (Fora que é um
tema recorrente nas provas de residência, viu?)
A evolução natural da reação local ocorre dessa maneira:
• 1ª à 2ª semana: mácula avermelhada com enduração
de 5 a 15mm de diâmetro.
• 3ª à 4ª semana: pústula que se forma com o amole-
cimento do centro da lesão, seguida pelo aparecimento
de crosta.
• 4ª à 5ª semana: úlcera com 4 a 10mm de diâmetro.
• 6ª à 12ª semana: cicatriz com 4 a 7mm de diâmetro,
encontrada em cerca de 95% dos vacinados.
A evolução natural costuma ocorrer entre 6 a 12 sema-
nas, podendo prolongar-se raramente até a 24ª semana.
Pode haver recorrência da lesão, mesmo depois de ter
ocorrido a completa cicatrização. Os complicações lo-
cais mais frequentes são:
a) úlcera com diâmetro maior que 1cm;
b) abscesso subcutâneo frio;
132 | DEZ 22 AMRIGS 2022
c) abscesso subcutâneo quente;
d) linfadenopatia regional supurada;
e) cicatriz quelóide;
f ) reação lupóide.
Essas complicações estão associadas principalmente à
técnica inadequada de aplicação. Mais raramente, po-
dem ocorrer lesões localizadas ou generalizadas resultan-
tes de disseminação. Todas essas complicações devem ser
notificadas, investigadas e acompanhadas, muitas vezes
sendo necessário o uso das medicações do esquema de
tuberculose (rifampicina, isoniazida) para tratamento.
Relembrado os principais pontos da vacina da BCG,
vamos as afirmativas:
I. A resposta protetora leva aproximadamente
12 semanas.
Verdadeiro. A resposta da vacina está associada ao pro-
cesso cicatricial que ela apresenta na pele e, conforme
vimos, dura cerca de 12 semanas.
II. Recém-nascidos pré-termo devem pesar 2Kg para
recebê-la.
Verdadeiro. Uma das contraindicações da vacina são
lactentes < 2000g
III. Deve ser aplicada ao nascer e aos 6 meses.
Falso. A vacina é aplicada em dose única
Portanto, afirmativas I e II verdadeiras.
Take-Home Message:
A vacina BCG protege contra as formas graves de tu-
berculose e está indicada para todas as crianças. É apli-
cada em dose única
A vacina deve ser adiada para os recém-nascidos que
pesam menos de 2000g, gestantes e imunodeprimidos
A reação vacinal envolve o processo de cicatrização do
local de inoculação, que se inicia com um mácula, que
evoluiu para uma pústula, ulceração e cicatrização. Esse
processo dura em torno de 6 a 12 semanas.
QUESTÃO 67
Em relação à semiologia pediátrica, analise as assertivas
a seguir e assinale V, se verdadeiras, ou F , se falsas.
( ) As modificações que acontecem nos ritmos cardí-
aco e respiratório são inversamente proporcionais ao
aumento da idade.
( ) Fechamento precoce das fontanelas tem relação
com microcefalia.
( ) Criptorquidia significa testículo fora da bol-
sa escrotal.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo,é:
A)V-V-V
B)V-F-V
C) F-F-F
D)F V–F
Temos aqui uma questão bastante conceitual, que abor-
da peculiaridades da semiologia pediátrica. Para facili-
tar o entendimento, vamos abordar cada uma das afir-
mativa separadamente e aprofundar nos temas trazidos.
Afirmativa I: As modificações que acontecem nos rit-
mos cardíaco e respiratório são inversamente propor-
cionais ao aumento da idade.
Essa afirmativa é verdadeira. O recém-nascidos possuem
frequência cardíaca e respiratório muito maiores do
que a de um adulto e a tendência é que vá diminuindo
progressivamente conforme o crescimento da criança,
até chegar a vida adulto. Coloco abaixo as referências
de FC e FR segundo a American Heart Association:
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 133

Imagem retirada do material de Suporte de Vida Avançado Pediátrico da American Heart Association 2020 (PALS)

Afirmativa II: Fechamento precoce das fontanelas tem
relação com microcefalia.
Essa afirmativa também é verdadeira. Lembrando que
ao nascer, o RN apresenta duas fontanelas: anterior e
posterior, conforme colocado na imagem abaixo. A fon-
tanela anterior (bregma) mede cerca de 1 a 3 cm e seu
fechamento é variável, ocorrendo entre 8 e 18 meses
de vida (até 2 anos). A fontanela posterior (lambdóide)
nem sempre é palpável ao nascimento, medindo cerca
de 1cm, com fechamento já no primeiro mês de vida.
134 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Imagem retirada do Atlas de Anatomia Humana - Frank H. Netter

O espaço entre as suturas é importante para dar espaço
ao crescimento do cérebro. Assim, o fechamento pre-
maturo das suturas cranianas (craniossinostose) pode
sim levar à microcefalia, que por definição é perímetro
cefálico menor do que dois desvios padrões para sexo
e idade. Portanto, a aferição do perímetro cefálico nas
consultas pediátricas de rotina e palpação das fontane-
las é muito importante! O diagnóstico e tratamento
precoce minimiza as sequelas neurológicas.
 AMRIGS 2022
Afirmativa III: Criptorquidia significa testículo fora da
bolsa escrotal.
Essa afirmativa também está correta. Outra parte funda-
mental do exame físico pediátrico é a avaliação dos geni-
tais. Na avaliação do genital masculino, além da inspeção
para verificar se trata-se de um genital típico, realizamos
a palpação dos testículos para localizá-los dentro da bolsa
escrotal. Caso não esteja, nomeamos esse achado de crip-
torquidia, podendo ser unilateral ou bilateral.
É importante a palpação de toda a região inguinal para
tentar localizar o testículo e diferenciar se trata-se de
um testícuo retrátil, por exemplo, ou de testículos im-
palpáveis (intra abdominal). A descida dos testículos
geralmente ocorre até os 6 meses de vida, sendo ne-
cessário encaminhamento para o cirurgião pediátrico
caso não ocorra. O tratamento - clínico (hormonal) ou
cirúrgico - antes de um ano de vida é importante para
proteger o potencial de fertilidade daquele testículo e
evitar suas complicações, como a malignização.
DEZ 22 | 135
Assim, como as três afirmativas são verdadeiras (V-V-
-V), o gabarito da questão é letra A.
Take-Home Message:
Os valores de normalidade da FC e da FR são maiores
nos recém-nascidos quando comparados ao dos adul-
tos, sendo que vão diminuindo conforme as crianças
vão crescendo.
A microcefalia é definida por medida de PC abaixo do
P5 ou menor que 2 desvios padrões da média para sexo
e idade. Uma de suas causas é o fechamento prematuro
das fontanelas
A criptorquidia é a ausência do testículo na bolsa escro-
tal. Se não houver a “descida” até os 6 meses de idade,
deve ser abordado cirurgicamente.
136 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 68
Quais dos sinais e achados de exame físico a seguir ca-
racterizam uma desidratação moderada?
A) Frequência cardíaca normal para faixa etária, cho-
ros sem lágrimas, olhos normais, pulsos periféricos
finos e diurese preservada.
B) Frequência cardíaca aumentada para faixa etária,
choros sem lágrimas, enoftalmia, pulsos periféricos
finos, diurese diminuída com urina concentrada.
C) Frequência cardíaca normal para faixa etária, olhos
secos, enoftalmia, pulsos periféricos normais e diu-
rese normal
D) Frequência cardíaca aumentada, lágrimas presentes,
olhos normais,diurese diminuída normoconcentrada
Resposta correta: Letra X (anulada)
Imagem retirada do Manual da SBP “Diarreia aguda: diagnóstico e tratamento” de 2017
Temos aqui uma questão interessante, apesar de ter sido
anulada, que cobra do candidato classificar um quadro
de desidratação em uma criança. A desidratação é uma
condição muito frequente na pediatria, podendo estar
associada a quadros infecciosos, como gastroenterites
ou até mesmo infecções respiratórias, que aumentam as
perdas insensíveis de líquidos, até a baixa aceitação de
líquidos via oral. Reconhecer os sinais precoces de desi-
dratação e tratá-los conforme a necessidade é de suma
importância para a saúde da criança.
Para relembrar, coloco abaixo a tabela da Sociedade
Brasileira de Pediatria que classifica as três gravidades
de desidratação na criança:
 AMRIGS 2022
Como vocês podem ver, a desidratação aqui é classifica-
da como: sem sinais de desidratação, desidratação e de-
sidratação grave. A classificação do Ministério da Saúde
também segue a mesma padronização. Além disso, a
questão não traz um quadro clínico para a gente enten-
der todo o contexto do paciente, exigindo do candida-
to que classifique a desidratação apenas com os sinais.
Assim, a classificação de uma desidratação “moderada”
fica subjetiva. Pela lógica, talvez escolheríamos uma al-
ternativa que apresente sinais de desidratação com al-
gum grau de repercussão hemodinâmica, sem sinais de
choque. Vamos analisar alternativa por alternativa para
entender melhor.
A) Frequência cardíaca normal para faixa etária, cho-
ros sem lágrimas, olhos normais, pulsos periféricos
finos e diurese preservada.
Aqui temos uma criança sem sinais de desidratação.
DEZ 22 | 137
Usando outra classificação, vemos aqui um padrão seme-
lhante: leve seriam os casos com sinais leve de desidratação
na mucosa e pele, sem repercussão hemodinâmica; mo-
derada já teria algum sinal de repercussão hemodinâmi-
ca, sem sinais de choque; e o grave, apresentaria sinais de
hipoperfusão tecidual (oligúria/anúria, rebaixamento do
nível de consciência, má perfusão periférica).
Apesar de apresentar choro sem lágrimas, temos
apenas um sinal, sendo necessário pelo menos dois
para caracterizarmos como desidratação.
B)Frequência cardíaca aumentada para faixa etária,
choros sem lágrimas, enoftalmia, pulsos periféricos
finos, diurese diminuída com urina concentrada.
Aqui já temos uma criança com claros sinais de
desidratação (olhos fundos, urina concentrada,
choro sem lágrimas), com algum grau de repercus-
são hemodinâmica (taquicardia, oligúria). Poderia
ser essa alternativa
138 | DEZ 22 AMRIGS 2022

C) Frequência cardíaca normal para faixa etária, olhos QUESTÃO 69

secos, enoftalmia, pulsos periféricos normais e diu-
rese normal Na febre reumática secundária ao estreptococo beta-he-
molítico, as manifestações valvulares cardiológicas mais
Bom, aqui já temos uma criança que tem pelo me-
frequentes podem ser auscultadas nos sítios de ausculta
nos dois critérios para desidratação (olhos secos e
identificados, na imagem abaixo, pelo números:
fundos), mas aparentemente sem repercussões he-
modinâmicas (sem taquicardia, diurese normal,
pulsos cheios). Aparentemente, o grau de desidra-
tação é menor do que a da criança da alternativa
B, mas comparando rigorosamente com a tabela,
poderia ser classificada também como uma desidra-
tação moderada.
D) Frequência cardíaca aumentada, lágrimas presentes,
olhos normais,diurese diminuída normoconcentrada
Aqui temos uma criança oligúrica, mas sem outros
sinais de desidratação, inclusive com a urina nor-
moconcentrada, sendo provavelmente outra causa
de oligúria.

Take-Home Message:
A desidratação é uma condição frequente na infância e
deve ser precocemente reconhecida e tratada A)1 e 2

Podemos classificar a desidratação em três graus: leve, B)1 e 4.

moderada e grave C)2 e 3.
Na desidratação leve, há sinais clínicos de desidra- D)3 e 4.
tação, como mucosas secas, mas não há repercussão
hemodinâmica Resposta correta: Letra B

Na desidratação moderada, vemos algum grau de re-
percussão hemodinâmica (taquicardia, diminuição da
diurese), sem sinais de choque.
Na desidratação grave, encontramos sinais de choque:
má perfusão periférica, oligúria/anúria, hipotensão.
Temos aqui uma questão interessante sobre febre reu-
mática, que aborda suas manifestações cardiológicas,
exigindo do candidato não só relembrar quais são as
principais válvulas acometidas, mas também correla-
cionar com achados semiológicos da ausculta cardíaca.
Para aprofundar nessa questão, vamos relembrar um
pouco sobre a febre reumática.
A febre reumática é uma das complicações não supura-
tivas da faringoamigdalite causada pelo Streptococcus
pyogenes (beta-hemolítico do grupo A), nos indivíduos
que têm predisposição genética. A história clássica é de
uma criança em idade escolar, que apresentou quadro
de amigdalite e cerca de 2-3 semanas após, apresenta
 AMRIGS 2022
um quadro clínico sugestivo, com acometimento cardí-
aco, articular, sistema nervoso, entre outros. Raramen-
te ocorre em crianças menores que 5 anos e maiores de
15 anos, acometendo ambos os sexos.
Aqui vai um adendo: a Coreia de Sydenham e a car-
dite indolente são as únicas exceções que não exigem
cumprir os critérios diagnósticos completos, pela alta
especificidade desses achados e a gravidade que a cardi-
te pode ter, deixando sequelas.
Aprofundando um pouco nas manifestações cardía-
cas da doença, que é o foco da questão, é importante
lembrar que é a mais grave da febre reumática, pois
pode deixar sequelas e levar ao óbito. O acometimento
cardíaco é caracterizado pela pancardite, entretanto são
as lesões valvares as responsáveis pelo quadro clínico
e pelo prognóstico. Assim, o característico da doença,
apesar de poder envolver o pericárdio e o miocárdio, é
o acometimento do endocárdio (endocardite/valvite).
Na fase aguda, as principais alterações são as regurgi-
DEZ 22 | 139
Para fazemos o diagnóstico da doença, usamos o Cri-
térios de Jones, que estão representados abaixo. Para
o diagnóstico, é necessário dois critérios maiores OU
um critério maior e dois menores, em conjunto com a
evidência de uma infecção estreptocócica.
tação mitral e aórtica. Três sopros são característicos
do primeiro episódio: sopro sistólico de regurgitação
mitral, sopro diastólico de Carey Coombs (protome-
sodiastólico em foco mitral - dificuldade de abertura) e
sopro diastólico de regurgitação aórtica. Já na fase crô-
nica, a tendência é ocorrer a estenose dessas válvulas.
Para finalizar sobre a febre reumática, vale relembrar
que seu tratamento é feito com hospitalização, repou-
so, erradicação do estreptococo (com penicilina benza-
tina), tratamento da artrite (feito com AINEs), trata-
mento da cardite (corticoesteróides) e, em alguns casos,
pode ser necessário o controle da coreia com uso de
benzodiazepínicos e fenobarbital. Feito o tratamento
agudo, é iniciada a profilaxia secundária, que é o uso
periódico de antibióticos - como a penicilina benzati-
140 | DEZ 22 AMRIGS 2022
na, penicilina via oral ou sulfadiazina - para prevenir a
ocorrência de novos surtos.
Retomando o foco da questão. Conforme vimos, as
principais válvulas acometidas e os sopros encontrados
estão localizados no foco mitral e aórtico. Os focos re-
presentados pela imagem da questão são:
1: foco aórtico
2: foco pulmonar
3: foco tricúspide
4: foco mitral
Portanto, a alternativa correta são as que contém os
número 1 e 4 (alternativa B).
Take-Home Message:
A febre reumática é a principal complicação não supu-
rativa da faringoamigdalite por Streptococcus pyogenes
(beta-hemolítico do grupo A)
O diagnóstico é feito pelos critérios de Jones, sen-
do necessário dois critérios maiores ou um maior e
dois menores.
A cardite é a manifestação clínica mais grave. O aco-
metimento das válvulas mitral e aórtica são as mais fre-
quentes
QUESTÃO 70
Lactente de 10 meses é trazido à consulta com história
de febre há 3 dias, em uso de amoxicilina desde a noite
anterior. A mãe refere o surgimento de manchas no cor-
po que atribuiu à provável alergia ao antimicrobiano, já
que a febre desapareceu na primeira administração do
medicamento. Ao exame físico, se encontra em bom
estado geral e ativo, sendo os únicos achados alterados
orofaringe hiperemiada, e presença de lesões maculares
sem relevo em tronco. Qual hipótese diagnóstica mais
provável para conduta pertinente para o caso?
A)Reação alérgica ao antimicrobiano, trocar para azi-
tromicina e revisar em 48 horas.
B)Reação alérgica ao antimicrobiano, iniciar anti-hista-
mínico, manter Amoxicilina e revisar em 24 horas.
C)Exantema súbito (roséola), manter antimicrobiano,
solicitar hemograma e revisar com resultado.
D) Exantema viral (roséola), suspender antimicro-
biano , manter observação domiciliar, revisar se
retornar febre ou alteração do quadro clínico
Resposta correta: Letra D
Temos aqui uma questão sobre doenças exantemáticas,
tema prevalente na sua prova de pediatria, mas que pode
gerar algumas dúvidas ao candidato. Estamos diante de
um caso de um lactente de 10 meses, com quadro clí-
nico sugestivo de uma infecção de vias aéreas - muito
provavelmente de etiologia viral, dado que é um lactente
- pois apresentou febre e hiperemia de orofaringe. Após
3 dias do início da febre, e logo após a administração do
antibiótico, evoluiu com exantema macular, principal-
mente em tronco. A partir dessa história, a questão cobre
de você identificar a origem desse exantema indicar o
tratamento e o seguimento desta paciente. Para facilitar,
vamos relembrar um pouco sobre doenças exantemáticas
na infância e as reações alérgicas.
Dentre as doenças exantemáticas da infância, podemos
classificar em quatro grandes grupos:
Exantemas virais
Exantemas bacterianos
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 141

Exantemas urticariformes Exantemas bacterianos:

Exantemas desencadeados por medicamentos ou far- Entre os exantemas bacterianos, o principal é a escar-
macodermia latina, que é causada pelo Streptococcus pyogenes (be-
Exantemas virais tahemolítico do grupo A). É caracterizado por exante-
ma micropapular, em lixa, de progressão craniocaudal.
Diversos vírus podem causar exantema na infância, des- Podemos ter alterações de mucose, com língua em
tacando o sarampo, rubéola, exantema súbito (herpes framboesa e o sinal de filatov (palidez perioral). O pró-
vírus 6 e 7), exantema infeccioso (parvovírus B19), eps- dromo costuma ser um quadro de faringite.
tein-barr, coxsackie, arboviroses, entre outros. Cada uma
dessas infecções terá sua particularidade. Por exemplo: O tratamento é feito com antibioticoterapia, sendo a
penicilina a primeira escolha.
- No exantema súbito, o pródromo é definido por
febre (3-5 dias) seguido de exantema macular após
a melhora.
- No eritema infeccioso, temos o clássico sinal da
“face esbofeteada”
- No sarampo, o exantema maculo-papular mor-
biliforme tem progressão craniocaudal. O sinal
de koplik (enantema na mucosa jugal) é um si-
nal patognomônico.
- Na mononucleose (EBV), ocorre aparecimento de
exantema após uso de amoxiciilina
Lembrando que muitos viroses podem cursar com
exantema, além dessas clássicas que caem em sua prova,
como enterovírus e até covid-19! Importante é enten-
dermos que as doenças exantemáticas de origem viral
costumam cursar com febre, pode ter acometimento
respiratório e/ou trato gastrointestinal e não necessitam
de tratamento específico.

Imagem retirada do UptoDate

Imagem ilustrativa: exantema súbito
Retirada do UpToDate
Exantemas urticariformes
A urticária é definida como placas eritêmato-edematosas,
que mudam de lugar ou desaparecem após alguns minu-
tos ou em até 24 horas. Podem ter como desencadeantes
infecções, uso de medicamentos, alérgenos alimentares
ou agentes físicos (frio, calor). Alguns casos não é possível
identificar o desencadeante (origem idiopática). Seu tra-
142 | DEZ 22 AMRIGS 2022
tamento é feito com a retirada do fator desencadeante e a
prescrição de anti-histamínicos de 2a geração.
Urticária - Imagem retirada do UpToDate
Exantemas desencadeados por medicamentos
Os exantemas são as formas mais comuns de apresenta-
ção clínica das farmacodermias na infância. Seu início é
abrupto e evoluem rapidamente durante o uso da medi-
cação ou até algumas semanas após a suspensão da droga.
As farmacodermias graves são as que comprometem o
estado geral, cursam com febre, lesões cutâneas e mu-
cosas, comprometimento sistêmico, com risco de mor-
te Entre as farmacodermias mais graves, podemos citar:
síndrome DRESS (síndrome de hipersensibilidade a
drogas com envolvimento sistêmico), síndrome de Ste-
vens-Johnson e Necrólise Epidérmica Tóxica (NET).
Após essa breve revisão sobre doenças exantemáticas,
vamos analisar o caso. Temos aqui uma criança em bom
estado geral, com achado de exame físico de infecção de
via aérea alta e picos febris no início do quadro, nos fa-
zendo pensar que trata-se de um quadro viral. A relação
temporal entre os achados não fica muito bem descrita,
mas provavelmente a febre não cessou devido ao uso de
antibiótico, já que a resposta foi muito rápida, refor-
çando ainda mais a hipótese que trata-se de um quadro
viral. Além disso, temos uma exantema macular, sem
prurido ou outros sintomas associados, que apareceu
no dia seguinte da administração da amoxicilina, sendo
pouco provável ser uma reação alérgica. Assim, prova-
velmente trata-se de um exantema secundário à infec-
ção viral, sem necessidade de tratamento específico.
Analisando as alternativas, temos:
Reação alérgica ao antimicrobiano, trocar para azitro-
micina e revisar em 48 horas.
Falsa, a relação temporal e a apresentação como
exantema macular, sem alteração de relevo, prurido
ou demais sintomas associados, fala contra a hipó-
tese de reação alérgica
Reação alérgica ao antimicrobiano, iniciar anti-hista-
mínico, manter Amoxicilina e revisar em 24 horas.
Falsa, a relação temporal e a apresentação como
exantema macular, sem alteração de relevo, prurido
ou demais sintomas associados, fala contra a hipó-
tese de reação alérgica
Exantema súbito (roséola), manter antimicrobiano, so-
licitar hemograma e revisar com resultado.
Falsa. Pode se tratar de um exantema súbito, já que
temos um quadro clínico compatível com uma in-
fecção viral e de aparecimento logo após que ces-
sou a febre. Entretanto, o tratamento não é feito
com antibióticos.
Exantema viral (roséola), suspender antimicrobiano ,
manter observação domiciliar, revisar se retornar
febre ou alteração do quadro clínico
Verdadeira. Conforme vimos, parece um exan-
tema viral, sem necessidade de tratamento
com antibiótico.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
Os exantemas de origem viral costumam cursar com
sintomas respiratórios e gastrointestinais associados e
não necessitam de tratamento específico
No exantema súbito, o rash surge com a defervescência
da febre
A principal doença exantemática bacteriana é a escarla-
tina e seu agente etiológico é o Streptococcus pyogenes.
Os exantemas são a forma mais comum de apresen-
tação de reação alérgica medicamentosa na infância,
principalmente na forma de urticária. Costumam cur-
sar com outros sinais como prurido.
DEZ 22 | 143
QUESTÃO 71
Segundo as diretrizes da Academia Americana de Car-
diologia publicadas em outubro de 2020, a relação de
compressões e ventilações reanimação de crianças a
partir de 1 ano, até obtenção de via aérea avançada,
quando realizada por dois ou mais reanimadores,é:
A) 15:2
B) 15:1
C) 30:2
D) Sem Interrupções,é contínua
Resposta correta: Letra C
Temos aqui uma questão bem prática, sobre as diretri-
zes de parada cardiorrespiratória e a reanimação cardio-
pulmonar (RCP). Para isso, vamos relembrar o fluxo-
grama de atendimento de parada, tema essencial para
sua prova de residência e trabalho como médico.
Bom, então se encontramos um paciente desacordado,
devemos seguir a sequência:
Checar a responsividade: ao encontrar uma pessoa desa-
cordada, checamos se ela realmente está irresponsiva. No
lactente, checamos chamando pelos dois pés. Nas crian-
ças maiores, pode ser feita tocando o tórax do paciente.
Chamar ajuda: confirmada a arresponsividade, você
deve acionar a equipe de emergência
Checar pulso e respiração: o pulso e a respiração devem
ser checados simultaneamente por, no máximo, 10 se-
gundos. No lactente, o pulso central é checado na a.
braquial e na criança, pode ser na carótida.
Iniciar as compressões torácicas efetivas
Chegado o carrinho de parada, monitorizar o paciente e
detectar o ritmo para verificar a indicação de desfibrila-
ção. Lembrando que os ritmos chocáveis são a fibrilação
ventricular e a taquicardia ventricular. Os ritmos não cho-
cáveis são a atividade elétrica sem pulso e a assistolia, que
devem receber epinefrina já no primeiro ciclo de RCP.
Vejam o fluxograma abaixo da American Heart Asso-
ciation para manejo da PCR em crianças:
144 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Fluxograma retirado do Pediatrics Advanced Life Support (PALS) de 2020, da American Heart Association
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 145

Além disso, é colocado como critérios de uma RCP de Assim, analisando as

alta qualidade:
- Segurança do local
- Identificação da PCR
- Acionar o sistema médico de emergência
- Relação compressão-ventilação SEM via aérea
avançada: 30:2 em 1 socorrista e 15:2 em 2 ou mais
socorristas para crianças até a idade puberal
- Relação compressão-ventilação COM via aérea
avançada: compressões contínuas a 100-120/min e
20-30 ventilações/min (uma a cada 2-3 segundos)
- Profundidade da compressão: aproximadamente 4
cm nos bebês e 5cm nas crianças (pelo menos um
terço do diâmetro ântero-posterior)
- Posicionamento adequado das mãos - lembrando
que em bebês em 1 socorrista é feita a técnica dos
dois dedos no centro do tórax e em 2 socorristas, a
técnica dos dois polegares
- Retorno total do tórax após cada compressão
- Limitar as interrupções das compressões a menos
de 10 segundos
alternativas, temos:
A) 15:2 - Feita com um socorrista
B) 15:1 - Não há indicação
C) 30:2 - Como vimos, em dois socorristas, a relação
compressão-ventilação é 30:2
D) Sem Interrupções,é contínua - só é contínua se há
via aérea avançada
Take-Home Message:
Nos casos de PCR, a RCP de alta qualidade é essen-
cial para manter a pressão de perfusão coronariana e o
prognóstico do caso
Em um socorrista, a relação de compressão-ventilação
é de 30:2. Quando em dois socorristas, deve ser feita
de 15:2
Após conseguir uma via aérea avançada, não há ne-
cessidade de sincronização da massagem cardíaca e
da ventilação.
146 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 72
Mãe de um bebê o levou para a primeira consulta de
revisão de puericultura com cinco meses e dez dias.
A)Penta
B)Rotavírus humano.
C)Pneumocócica 10 (conjugada)
D)Meningocócica C (conjugada)
Temos aqui uma questão sobre o calendário vacinal,
tema recorrente nas suas provas de pediatria. A questão
Apresentou a carteira de vacinação abaixo. Qual das se-
guintes vacinas NÃO seria indicada para regularização
imediata das vacinas desse paciente:
apresenta um calendário vacinal incompleto, conten-
do apenas as vacinas realizadas ao nascimento (hepatite
B e BCG). Para sabermos quais são as vacinas que a
criança deveria ter recebido e as que podemos tomar
agora, utilizei essa imagem retirada do calendário vaci-
nal do Estado de São Paulo, do ano de 2021, baseado
no PNI::
 AMRIGS 2022
Imagem retirada do Calendário de Vacinação do Estado de São Paulo - 2021
Avaliando o PNI, essa criança deveria ter recebido:
Aos 2 meses: Pentavalente (Hepatite B + DTP +Hib)
VIP, Rotavírus e Pneumo10
Aos 3 meses: Meningo C
Aos 4 meses: Pentavalente (Hepatite B + DTP +Hib)
VIP, Rotavírus e Pneumo10
Aos 5 meses: Reforço da Meningo C
Vamos relembrar alguns pontos importantes de cada
uma dessas vacinas:
Vacina pentavalente de células inteiras (Hep. B + DTP
+ Hib):
É uma vacina inativada composta por toxoides difté-
rico e tetânico, combinados com a célula inteira puri-
ficada da bactéria da coqueluche (Bordetela pertussis);
partícula da superfície do vírus da hepatite B (HBsAg)
e componente da cápsula do Haemophilus influenzae
tipo b (Hib), conjugado com uma proteína. Entre suas
contraindicações, temos:
DEZ 22 | 147
Maiores de 7 anos de idade, com ou sem história de
reação alérgica grave (anafilaxia) a algum componente
da vacina.
NÃO deve ser administrada antes de 6 semanas de
vida, pois poderá induzir tolerância imunológica às do-
ses adicionais dos componentes Hib e Pertussis.
Crianças que apresentaram reações vacinais considera-
das graves após a aplicação da vacina DTPw ou com-
binada a ela:
Episódio hipotônico-hiporresponsivo (EHH) nas pri-
meiras 48 horas. Esta reação em geral é precedida por
irritabilidade e febre. A criança torna-se pálida, perde o
tônus muscular e a consciência, e esse quadro pode du-
rar desde alguns minutos até algumas horas. Apesar de
muito angustiante, melhora sem deixar sequelas. Sua
ocorrência não indica tendência de repetição quando
da aplicação de doses subsequentes.
Convulsões nas primeiras 72 horas.
Reação anafilática nas primeiras duas horas.
148 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Encefalopatia aguda nos sete dias após a vacinação
Vacina para poliomielite inativada (VIP):
Vacina feita por partículas dos vírus da pólio tipos 1,
2 e 3, portanto, inativada. É feita antes da VOP para
prevenir a poliomielite vacinal. A vacina poliomielite
é indicada de rotina para todas as crianças menores de
5 anos.
Como contraindicação, temos história de reação alér-
gica grave (anafilaxia) à dose anterior da vacina, ou a
algum de seus componentes
Rotavírus:
É uma vacina oral, que contém um tipo de rotavírus
atenuado (monovalente), como prevenção da doença
de diarreia. O esquema de doses preconizado é feito
em duas doses, com 4 semanas de intervalo, sendo re-
comendado de 2 a 4 meses. É importante ressaltar que
a idade máxima para começar a vacinação é 3 meses e
15 dias e a idade máxima para a última dose é 7 meses
e 29 dias.
Pneumocócica polivalente 10:
A vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10)
é uma vacina inativada que previne cerca de 70% das
doenças graves (pneumonia, meningite, otite) em
crianças, causadas por dez sorotipos de pneumococos.
Em pacientes com doenças crônicas ou imunossupri-
midas, pode ser indicada vacinas com cobertura maior,
como a VPC13 ou VPP23.
Como contraindicação temos história de anafilaxia
após usar algum componente da vacina ou após dose
anterior da vacina.
Meningocócica C:
Vacina feita com antígeno formado por componente
da cápsula da bactéria (oligossacarídeo) do sorogrupo ,
ou seja, trata-se de uma vacina inativada. O meningo-
coco C é um dos sorotipos mais prevalentes de doença
meningocócica, juntamente com o meningococo B.
Cerca de 10% dos casos correspondem aos sotoripos
AWY, podendo ser feita a vacina ACWY em vez de
meningo C, mas que não está inclusa no PNI. Como
contraindicação, apenas anafilaxia a algum dos compo-
nentes da vacina.
Feita essa breve revisão, vamos analisar as alternativas:
A)Penta - como não há história prévia de efeito colate-
ral grave após aplicação prévia da vacina, não há con-
traindicações para a administração da pentavalente.
.B)Rotavírus humano - Como a criança já passou o li-
mite de idade para aplicação de rotavírus, que é de 3
meses e 15 dias, está contraindicada.
C)Pneumocócica 10 (conjugada) - como não há histó-
ria prévia de efeito colateral grave após aplicação prévia
da vacina, não há contraindicações para a administra-
ção da pneumo10.
D)Meningocócica C (conjugada) - como não há histó-
ria prévia de efeito colateral grave após aplicação prévia
da vacina, não há contraindicações para a administra-
ção da meningoC.
Take-Home Message:
A vacina do rotavírus é aplicada em duas doses, com
pelo menos 4 semanas de intervalo. A primeira dose é
recomendada aos 2 meses
A idade máxima para aplicação da primeira dose é 3
meses e 15 dias e a idade máxima para a última dose é
7 meses e 29 dias.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 73
Analise as assertivas abaixo sobre as diretrizes interna-
cionais para ressuscitação cardiovascular do recém-nas-
cido em sala de parto:
I. Quando a ventilação com pressão positiva é indicada
no RN≥34 semanas, iniciar com oxigênio a 21%.
II.Ao realizar compressões torácicas, é preferível a téc-
nica dos dois dedos em relação à técnica dos dois pole-
gares, pois a primeira se associa a menos fadiga e gera
maior pressão sistólica e perfusão coronariana.
III.Enquanto o acesso venoso está sendo obtido, caso
esteja indicado uso de medicação, é razoável adminis-
trar epinefrina endotraqueal em uma dose maior (0,05
a 0,1mg/kg).
Quais estão corretas?
A)Apenas II.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II
D) Apenas I e III
Resposta correta: Letra D
DEZ 22 | 149
Temos aqui uma questão sobre um dos temas mais pre-
valentes na sua prova de pediatria: reanimação neona-
tal. Vamos aproveita esse momento para relembrar o
fluxograma de reanimação neonatal da Sociedade Bra-
sileira de Pediatria.
Relembrando o fluxograma de reanimação neonatal
para recém-nascido (RN) > 34 semanas (imagem em
anexo), o primeiro passo é avaliar se o RN nasceu vi-
goroso e tem condições para realizar o clampeamento
oportuno (1 a 3 minutos) do cordão umbilical.
As três perguntas iniciais são:
RN termo?
Tem bom tônus?
Chorou e/ou respiração regular?
Se você responder não para qualquer uma dessas per-
guntas, é realizado clampeamento imediato do cordão
e realizado passos iniciais, (aquecer, posicionar, aspirar
se necessário e secar/desprezar campos úmidos), checar
frequência cardíaca que, se menor que 100bpm, está
indicada a ventilação com pressão positiva (VPP) em ar
ambiente (21%). Após 1 ciclo de 30 segundos, se man-
tido FC < 100bpm, retomamos a VPP checando a téc-
nica e podemos considerar O2 suplementar (idealmen-
te com blender). Se após 30 segundos, FC < 60 bpm,
está indicada iniciar compressões torácicas após intuba-
ção. Lembrando que agora os ciclos são de 60 segundos
e a FC continua sendo nosso parâmetro para avaliar a
resposta. Se mantida FC<60bpm após ciclo, indicada
administração de adrenalina via veia umbilical.
150 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Imagem retirada das Diretrizes de Reanimação Neonatal de 2016, da SBP.

 AMRIGS 2022
Algumas considerações sobre o processo de reanima-
ção neonatal:
> Se FC < 100 bpm e/ou apneia/respiração irregular,
está indicada nossa reanimação neonatal. Lembrem
que a FC é o nosso parâmetro de melhora e deve ser
checada a cada 30s na VPP e a cada 60s nas compres-
sões torácicas
> Independente se a FC<60 bpm, sempre iniciamos
com a VPP.
> As compressões torácicas estão indicadas se mantida
FC<60 bpm após ciclos de VPP com técnica checada e
introduzido O2 suplementar. Para iniciarmos as com-
pressões, o RN precisa estar entubado.
> Estão descritas duas técnicas para realizar a massa-
gem cardíaca: a dos dois polegares e a dos dois dedos.
A técnica dos dois polegares é mais eficiente, pois gera
maior pico de pressão sistólica e de perfusão coronaria-
na, além de ser menos cansativa
> Uso de O2 suplementar deve ser feito com caute-
la e, de preferência, utilizando blender, pois altos ní-
veis de O2 estão relacionados a displasia broncopul-
monar, hemorragia peri-intraventricular e retinopatia
da prematuridade.
> Enquanto o cateterismo venoso umbilical está sen-
do realizado, pode-se administrar uma única dose de
adrenalina (0,05-0,10 mg/kg) por via traqueal, mas sua
eficácia é questionável
> No RN < 34 semanas, iniciamos a VPP com FiO2 a
30%. Além disso, nos passos iniciais, aquecemos com
touca dupla e saco de polietileno. Lembrando que se
>34 semanas, a FiO2 é 21%.
DEZ 22 | 151
Relembrado esses pontos, vamos analisar as afirmativas:
I. Quando a ventilação com pressão positiva é indicada
no RN≥34 semanas, iniciar com oxigênio a 21%.
Verdadeiro. Conforme vimos, o uso de O2 suple-
mentar na reanimação deve ser feito com cautela e
só indicado se não houver melhora após checar a
técnica da VPP.
II.Ao realizar compressões torácicas, é preferível a técni-
ca dos dois dedos em relação à técnica dos dois po-
legares, pois a primeira se associa a menos fadiga e
gera maior pressão sistólica e perfusão coronariana.
Falso. A técnica os dois polegares é a que menos
fadiga e gera maior pico de PAS e perfusão coro-
nariana
III.Enquanto o acesso venoso está sendo obtido, caso
esteja indicado uso de medicação, é razoável admi-
nistrar epinefrina endotraqueal em uma dose maior
(0,05 a 0,1mg/kg).
Verdadeiro. A adrenalina via endovenosa é feita na
dose de 0,1 - 0,3 mL/kg. Até obter o acesso, pode-
mos tentar realizar adrenalina endotraqueal na dose
de 0,5 - 1,0 mL/kg.
Take-Home Message:
1. Ao nascer, se um RN apresentar respiração irregular
ou FC < 100bpm, está indicada a VPP em ar am-
biente (O2 a 21%)
2. Se após ciclo de VPP adequado, a FC < 60bpm, es-
tão indicadas as compressões torácicas. É preferível
a técnica dos dois polegares e deve ser feita com o
RN intubado.
3. A droga de escolha é a adrenalina diluída (1:10.000)
via endovenosa. Pode ser realizada adrenalina pura
(1:1.000) via endotraqueal enquanto é tentado o
acesso venoso.
152 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 74
Recém-nascido a termo com 40 semanas de idade ges-
tacional, apgar 9/10, apresenta icterícia até a raiz das
coxas com 18 horas de vida. Grupo sanguíneo materno
O, Rh negativo, com teste de Coombs indireto negati-
vo com 20 e 32 semanas de gestação.
Recém-nascido com tipagem sanguínea A, Rh positi-
vo e teste de Coombs direto 2+ no sangue do cordão.
Coletados exames laboratoriais: Bilirrubina total 12
mg/dl, Reticulócitos: 7% e presença de alguns esferó-
citos em sangue periférico. Qual a provável etiologia
dessa icterícia?
A) Incompatibilidade ABO.
B) Incompatibilidade Rh.
C) Esferocitose hereditária.
D) Deficiência de G6PD.
Resposta correta: Letra A
Temos aqui uma questão sobre icterícia neonatal, tra-
zendo um caso clínico de um recém-nascido termo,
com uma icterícia patológica. A questão traz alguns
dados laboratoriais e, a partir da interpretação deles,
que você chegue na hipótese diagnóstica mais provável.
Vamos fazer uma breve revisão de icterícia neonatal e
analisar o caso em questão.
A icterícia neonatal é um tema muito abordado na neo-
natologia devido sua alta prevalência, já que cerca de 60%
dos RN termo vão apresentar algum grau de icterícia e pelo
seu potencial de gravidade. Devido uma série de questões
fisiológicas, como menor tempo de sobrevida das hemá-
cias (90 dias), menor captação de bilirrubina pelo fígado,
menor conjugação da bilirrubina indireta (BI) por ativida-
de enzimática reduzida comparado ao adulto, ocorre um
acúmulo de Bilirrubina Indireta (BI) e o RN apresenta-se
clinicamente ictérico, O pico desse acúmulo ocorre en-
tre o 3º e 5º dia de vida no RN Termo e entre o 5º e 7º
dia de vida no RN Pré-Termo. Entretanto, existem causas
patológicas que causam aumento de bilirrubina, como as
incompatibilidades ABO, Rh, deficiência de G6PD. O
importante é diferenciar as causas patológicas da fisioló-
gica por meio da história clínica, fatores de risco e dados
laboratoriais. E, principalmente, determinar os níveis de
bilirrubina para indicação de fototerapia para prevenção
de Kernicterus, uma complicação neurológica grave.
Primeira coisa que devemos fazer nos casos de icterícia
neonatal, é entender se trata-se de uma icterícia fisioló-
gica ou patológica. Os sinais que nos fazem pensar em
icterícia patológica são:
Icterícia precoce (antes de 24 horas de vida)
Qualquer icterícia que alcance níveis de fototerapia.
Aumento de níveis séricos de bilirrubina > 0,5 mg/
dL/hora
Qualquer outro sinal ou sintoma associado (vômitos,
letargia, perda de peso, baixa ingestão oral, apneia, ta-
quipneia, instabilidade de temperatura)
Icterícia prolongada (mais de 8 dias no RNT e acima
de 14 dias no RNPT).
Como nosso caso é uma icterícia patológica, vamos
abordar a investigação diagnóstica desse grupo de do-
enças. Lembrem-se que icterícia patológica, até que
se prove o contrário, é doença hemolítica. Dentre as
etiologias hemolíticas, podemos dividir em três gran-
des grupos:
- Imunomediada: incompatibilidade ABO, Rh ou
outros grupos sanguíneos
Incompatibilidade Rh: Ocorre aloimunização do an-
tígeno Rh D + que atravessa a placenta e penetra na
corrente sanguínea de uma mãe Rh D -. Costuma ser
uma doença grave, que cursa com altos valores de bi-
lirrubina e necessidade de exsanguineotransfusão. A
imunoglobulina anti-D é realizada na 28ª semana de
gestação em todas as mulheres Rh negativo como for-
ma de prevenção.
Incompatibilidade ABO: Raramente cursam com do-
ença grave. Sua fisiopatologia é caracterizada por an-
ticorpos maternos anti-A e anti-B que entram na cir-
culação fetal e reagem com antígenos A ou B presentes
na superfície eritrocitária. O diagnóstico pode ser feito
com o Coombs direto, exame que detecta anticorpos
 AMRIGS 2022
fixados aos eritrócitos fetais e o teste de Coombs indi-
reto (pesquisa anticorpos IgG anti A e/ou B no soro).
- Defeitos de membrana eritrocitária: esferocitose
hereditária, eliptocitose
Dentre os defeitos de membrana, o mais prevalente é
a esferocitose hereditária. É uma doença predominan-
temente autossômica recessiva em que ocorre deforma-
ção do eritrócito causada por deficiência essencial ou
disfunção de uma das proteínas da membrana, levando
à sua destruição periférica. Seu diagnóstico pode ser fei-
to com curva de fragilidade osmótica dos pais. Hemo-
grama com CHCM/VCM > 0,36 sugere esferocitose.
- Defeitos enzimáticas eritrocitários: deficiência de
G6PD, piruvatoquinase
A deficiência de G6PD é o defeito enzimático mais co-
mum das hemácias, que é na enzima glicose-6-fosfato
desidrogenase que expõe os glóbulos vermelhos despro-
tegidos a danos oxidativos, levando à sua hemólise. De-
vido à herança ligada ao X, é mais prevalente nos sexo
masculino. O diagnóstico pode ser feito por meio da
dosagem de G6PD.
Voltando à questão, temos no enunciado uma anemia
hemolítica, já que temos além do aumento de bilirru-
bina, reticulócitos aumentados e esferócitos no esfre-
gaço sanguíneo. O fato de termos um coombs direto
positivo no sangue do cordão nos direciona a pensar
que trata-se de uma incompatibilidade ABO, onde os
anticorpos maternos anti-A estão fixados nas hemácias
do RN. Assim, vamos analisar as alternativas:
A) Incompatibilidade ABO. Verdadeiro. Conforme
vimos, o coombs direto positivo no sangue do
cordão nos direciona a pensar que trata-se de uma
incompatibilidade ABO, onde os anticorpos ma-
ternos anti-A estão fixados nas hemácias do RN
B) Incompatibilidade Rh. Falso. A incompatibilidade
Rh é uma doença grave, que cursa com elevados
níveis de bilirrubina nas primeiras horas de vida.
C) Esferocitose hereditária. Falso. Apesar de ser uma
causa de icterícia neonatal, é uma doença rara, que
não é imunomediada.
DEZ 22 | 153
D) Deficiência de G6PD. Falso. Apesar de ser uma
causa de icterícia neonatal, é uma doença rara, que
não é imunomediada.
Take-Home Message:
A icterícia neonatal precoce (<24 horas) geralmente in-
dica uma icterícia patológica.
Entre as causas de icterícia patológica, podemos citar
as imunomediadas (incompatibilidade ABO/Rh), os
defeitos de membrana (esferocitose) e os efeiros enzi-
máticos (deficiência de G6PD)
O coombs direto é um exame que identifica os anticor-
pos maternos fixados na hemácia fetal e o coombs indi-
reto identifica os anticorpos maternos (anti-A; anti-B)
no sangue materno.
QUESTÃO 75
Recém-nascido a termo apresenta desde o nascimento
lesões vesicopustulares de 1 a 3 milímetros de diâmetro
em cabeça, região cervical e tronco. As lesões rompem-
-se espontaneamente e deixam uma descamação em
colarete que evoluem para pequenas manchas hiper-
crômicas. O diagnóstico mais provável é:
A) Eritema tóxico.
B) Melanose pustulosa.
C) Miliária rubra.
D) Acne neonatal
Resposta correta: Letra B
Temos aqui uma questão sobre os achados dermato-
lógicos do período neonatal, em que se descreve uma
lesão elementar e, a partir dela, cobra-se do candidato
que escolha o diagnóstico mais provável. Lembrando
que a pele do recém-nascido (RN) não é igual ao dos
adultos. Ao nascimento, ocorre o processo de transição
do meio intrauterino para o extrauterino, sendo a pele
um dos órgãos que sofrerá mudanças em seu processo
de adaptação, podendo surgir alterações que conside-
154 | DEZ 22 AMRIGS 2022

ramos fisiológicas. Vamos relembrar e exemplificar as

principais alterações de pele do período neonatal.
Ao nascimento, a pele do RN é mais sensível e perme-
ável que a pele dos adultos, devido a menor maturação
do estrato córneo. Ao transicionar de um ambiente lí-
quido (intrauterino) para o gasoso (extrauterino), essa
pele sofre agressões que vão estimular o desenvolvi-
mento da camada córnea. Nesse processo, encontra-
mos peculiaridades anatômicas e funcionais da pele do
recém-nascido saudável são consideradas normais du-
rante este período de vida, com regressão até dois anos
de vida, mas que geralmente ocorre no 1º mês. Dentre
essas alterações fisiológicas, vamos focar aqui nas erup-
ções vesicopustulares benignas, que é o tema abordado
na questão. Lembrando que nem toda erupções vesico-
pustulares no RN é benigna, sendo importante conhe-
cer as alterações fisiológicas para diferencias de causas
patológicas, como a herpes neonatal.
Imagem retirada do UpToDate
Eritema tóxico:
Melanose pustulosa:
O eritema tóxico neonatal é uma erupção benigna, as-
sintomática, autolimitada e de etiologia desconhecida. Dermatose menos comum (1-4% dos RN), acomete
Costumam aparecer com 24-72 horas de vida, com re- principalmente os RNs com pele mais pigmentada,
gressão espontânea. que surge desde o nascimento. Benigna, autolimita-
da, etiologia desconhecida. Pode demorar meses até
Lesão elementar: máculas eritematosas, vesículas, pápu- sua regressão.
las e pústulas com 1 a 3 mm de diâmetro, rodeadas por
halo eritematoso de 1 a 2 cm. Lesão elementar: pequenas pústulas e vesículas, em
todo o corpo, incluindo palmas e plantas que se rom-
pem, formando colarete descamativa e crostas. Na se-
quência, podem evoluir para manchas hipercrômicas.
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 155

Lesão elementar: múltiplas pápulas amareladas de

1mm de diâmetro, principalmente em dorso nasal e
região malar.

Cistos de milia:
Cistos de inclusão epidérmica, que frequentemente
acomete os RNs, podendo persistir por vários meses
Lesão elementar: pápulas amareladas ou peroladas, en-
contradas principalmente em região de mento/frontal.
Miliária:
Associada à obstrução das glândulas sudoríparas, sendo
mais encontradas em climas quentes. Piora ao estresse
térmico, roupas apertadas, estado febril. O tratamento
consiste em evitar o aquecimento da pele do RN.
Lesão elementar:
- miliária cristalina vesículas superficiais de diâmetro
1-2 mm sem presença de eritema.
- miliária rubra: pápulas avermelhadas pelo processo
inflamatório (obstrução mais profunda) - aparece
Hiperplasia sebácea:
mais tardiamente
Acomete quase 50% dos RNs. Ocorre dilatação do in-
fundíbulo folicular devido à passagem de hormônios
maternos androgênicos. Lesões regridem espontanea-
mente no 1º mês de vida.
156 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Após relembrar as erupções vesicopustulosas benignas

do período neonatal, vamos analisar as alternativas:
Eritema tóxico - Falsa. O eritema tóxico geralmente
aparece após 24h de vida e não descama.
Melanose pustulosa - Verdadeiro. Conforme vimos, a
melanose pustulosa se inicia com pápulas e vesí-
culas que evoluem para descamação em colarete e
manchas hipercrômicas após.
Miliária rubra - Falsa. A miliária rubra tem coloração
eritematosa, principalmente em áreas de dobra,
sem evolução para manchas hipercrômicas
Acne neonatal - Falsa. A acne neonatal não evolui para
descamação e manchas hipercrômicas

Acne neonatal:
Ocorre pela passagem de hormônios masculinos ma-
ternos. Não há necessidade de tratamento.
Lesão elementar: pequenas pápulas eritematosas e pús-
tulas, principalmente em face e tronco.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
A pele do recém-nascido pode apresentar alterações
consideradas fisiológicas devido o processo de transição
do meio intra para o extrauterino
Entre essas alterações, temos as manifestações vesico-
pustulares como o eritema tóxico, melanose pustulosa,
miliária rubra e acne neonatal.
A melanose pustulosa é definida por pequenas pústu-
las e vesículas que se rompem, formando colarete des-
camativa e crostas. Na sequência, podem evoluir para
manchas hipercrômicas
QUESTÃO 76
Quanto à crise convulsiva febril simples, é correto afir-
mar que:
A) É definida por crise epiléptica que acomete crianças
entre 3 meses e 5 anos de idade, na vigência de febre,
com acometimento das leptomeninges cranianas.
B) Seu diagnóstico é confirmado pelo eletroencefalo-
grama e o hemograma.
C) O tratamento profilático diminui muito o risco de
epilepsia futura.
D) Seu diagnóstico é predominantemente clínico.
Resposta correta: Letra D
Temos aqui uma questão sobre aspectos gerais das con-
vulsões febris, abordando desde o diagnóstico até seu
tratamento. A convulsão febril é uma condição preva-
lente (cerca de 2-5%) entre as crianças, sendo a desor-
dem neurológica mais comum no pronto-socorro.
É definida como:
episódio convulsivo em crianças de 6 meses até 5 anos
em vigência de febre (TAX > 37,8ºC)
Sem relação com infecções do sistema nervoso ou dis-
túrbios hidroeletrolíticos.
Sem histórico de convulsão afebril
DEZ 22 | 157
Isso ocorre devido a imaturidade do córtex, que apre-
senta limiar mais baixo, sendo mais suscetível à convul-
sionar durante o quadro febril.
A etiologia das crises febris é multifatorial, envolvendo
causas genéticas e ambientais. Algumas crianças apre-
sentam maior risco para apresentar crises febris recor-
rentes, sendo esses fatores:
Familiares de primeiro grau com história de crise con-
vulsiva febril
Crise convulsiva com pouco tempo de febre
Idade < 18 meses
O diagnóstico da crise convulsiva febril é clínico, tendo
como características a definição citada acima. Podemos
classificar as crises convulsivas febris em:
Crise convulsiva febril simples:
Crise convulsiva tônico-clônico generalizada
Duração menor que 15 minutos
Sem recorrência em 24 horas
Sem déficit focal
Crise convulsiva febril complexa:
Crises focais
Duração maior que 15 minutos
Recorra no mesmo episódio febril
Déficit neurológico
Por que é importante fazer essa diferenciação? A clas-
sificação da crise determinará a conduta. No caso da
crise convulsiva febril simples, não há necessidade de
investigação complementar. Já na crise complexa, é in-
dicado investigação com exames complementares e a
avaliação de um neurologista.
E em relação aos exames complementares? Quando de-
vemos coletar?
A Academia Americana de Pediatria recomenda a cole-
ta do líquor nas seguintes situações:
< 6 meses: sempre
158 | DEZ 22 AMRIGS 2022
6 meses a 18 meses: se a vacinação for incompleta para
pneumococo, meningococo ou hemófilos.
> 18 meses: se clínica sugestiva para meningite
O eletroencefalograma (EEG) pode vir alterado após
a crise, mas não tem evidências que demonstrem que
prediz a probabilidade da criança apresentar epi-
lepsia no futuro. Portanto, não é recomendado de
rotina nas crises convulsivas febris. Já os exames de
neuroimagem, só são recomendados se há suspeita
de lesão no SNC.
E o prognóstico dessas crianças? Elas têm maior risco
de se tornarem epilépticas no futuro?
Sim! Crianças que apresentam crise convulsiva febril
tem cerca de 6% de serem epilépticos no futuro, sen-
do que esse risco aumenta se há histórico familiar de
epilepsia ou se for uma crise complexa. Isso ocorre por-
que as crianças epilépticas podem abrir o quadro com
convulsão em vigência de um quadro infeccioso, dimi-
nuindo o limiar convulsivo.
E como é feito o tratamento?
Se a criança chega ao pronto socorro convulsionan-
do, o tratamento agudo da crise é feito com base em
benzodiazepínicos e outros anticonvulsivantes, como
fenobarbital e fenitoína. O tratamento profilático com
anticonvulsivantes não é feito de rotina, sendo reserva-
do para casos com pelo menos dois fatores de risco para
recorrência, como duração maior que 15 minutos ou
intervalo curto entre duas crises.
Vale ressaltar que os antitérmicos são recomendados
para controle do quadro febril, mas não parecem pre-
venir crises convulsivas febris.
Relembrado o tema, vamos
analisar as alternativas:
Falso. As crises febris acometem essa faixa etária (6m-5
anos), mas por definição, não apresentam acometi-
mento de meninges. Nesse caso, a etiologia da con-
vulsão seria uma meningite.
Falso. O diagnóstico é clínico
Falso. O tratamento profilático, quando bem indicado,
pode prevenir recorrência das crises, mas o risco de
desenvolver epilepsia está mais relacionado à fatores
genéticos do que ambientais
Verdadeiro. Não há necessidade de exames comple-
mentares para seu diagnóstico
Take-Home Message:
As crises convulsivas febris são episódios convulsivos,
em vigência de febre, em crianças entre 6 meses e 5
anos de idade, sem causa neurológica ou distúrbio hi-
droeletrolítico associado
Podem ser classificadas em simples ou complexas. É
considerada crise complexa quando apresenta pelo me-
nos uma das seguintes características: crise focal, dura-
ção maior que 15 minutos, déficit neurológico associa-
do ou recorrência no mesmo quadro febril
Seu diagnóstico é clínico e não necessita de investiga-
ção complementar. Pela evolução benigna, a maioria
dos casos não necessita de medicação profilática
Uma pequena porcentagem das crianças com CF
terá epilepsia no futuro. Esse risco aumenta quando
se trata de uma crise complexa ou se há história fa-
miliar de epilepsia
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 77
Na Síndrome de Guillain-Barré (polirradiculoneurite
aguda), é INCORRETO afirmar que:
A) A paralisia muscular seja flácida, simétrica
e ascendente.
B) Ocorra dissociação proteino citológica no líquido
cefalorraquidiano
C) Corticosteróide é a medicação de escolha.
D) Há hiporreflexia ou arreflexia tendinosa.
Resposta correta: Letra C
Temos aqui uma questão sobre a síndrome de Guillain-
-Barré (SGB), que é a causa mais comum e paralisia flá-
cida em crianças saudáveis. É uma questão que aborda
aspectos gerais, tanto de quadro clínico quanto diag-
nóstico e tratamento. Faremos aqui uma breve revisão
sobre essa síndrome para respondermos a questão.
A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença imuno-
mediada dos nervos periféricos, de início agudo, ge-
ralmente com antecedente de quadro infeccioso como
gatilho há cerca de 1-3 semanas antes. É mais comum
nos adultos, tendo pico de incidência entre 30-50 anos.
É caracterizada por uma paralisia flácida aguda, com
abolição ou diminuição dos reflexos tendinosos, com
evolução ascendente e bilateralmente.
Entre os agentes etiológicos que estão mais relaciona-
dos à SGB, podemos citar: Mycoplasma pneumoniae,
Haemophilus influenzae e, mais comumente, Cam-
pylobacter jejuni. Em relação aos vírus: Epstein-Barr,
citomegalovirus, influenza, HIV e até COVID.
Os casos mais clássicos da doença se manifestam com
dor, parestesia e fraqueza nos membros. A fraqueza
progride rapidamente, geralmente de maneira simétri-
ca, e ascendente, podendo acometer até pares cranianos
ou musculatura respiratória, levando em raros casos, à
insuficiência respiratória e até morte.
Também podem apresentar como sintomas sinais de di-
sautonomia, como taquicardia sinusal, bradicardia, hi-
pertensão ou hipotensão e diaforese. O quadro, em ge-
DEZ 22 | 159
ral, caracteriza-se por ser monofásico: depois de atingir
o pico, os indivíduos apresentam um platô, que pode
durar dias ou até meses, o quadro é seguido pela fase
de recuperação, com durabilidade variada. No geral, a
progressão dos sintomas ocorre nas primeiras 4 semanas.
O diagnóstico é clínico, pela combinação da história
clínica compatível e exame físico com os achados cita-
dos acima. Entretanto, alguns exames complementares
podem reforçar ainda mais seu diagnóstico:
No líquor, a alteração típica é a dissociação albumino-
citológica. Isso significa um aumento da proteinorra-
quia com celularidade normal
A eletroneuromiografia pode apresentar alterações típi-
cas, relacionadas à anormalidades de condução
A ressonância magnética com preenchimento com ga-
dolínio pode mostrar padrão de desmielinização
O tratamento de escolha é com imunoglobulina endo-
venosa. Outra modalidade de imunoterapia utilizada é
a plasmaférese. Além do tratamento específico da do-
ença, deve ser realizada analgesia e medidas de profila-
xia para trombose venosa profunda. Mesmo após trata-
mento adequado, alguns pacientes podem permanecer
com sequelas motoras.
Feita essa breve revisão, vamos analisar as alternativas:
A) A paralisia muscular seja flácida, simétrica e ascen-
dente. Correta, trata-se de uma doença neurológica
imunomediada que cursa com paralisia flácida, ge-
ralmente simétrica e de evolução ascendente
B) Ocorra dissociação proteino citológica no líquido ce-
falorraquidiano. Verdadeiro. O diagnóstico é clínico,
mas o aumento da proteinorraquia com celularidade
normal é uma alteração característica do liquor
C) Corticosteróide é a medicação de escolha. Falso.
Apesar de se tratar de uma doença imunomedia-
da, em que na teoria o corticoide teria uma boa
ação, os estudos não mostraram benefício na recu-
peração dos pacientes.
D) Há hiporreflexia ou arreflexia tendinosa. Verdadei-
ro. Uma das características do exames físico é a di-
minuição ou abolição dos reflexos tendíneos
160 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
A Síndrome de Guillain Barré é uma doença imuno-
lógica dos nervos periféricos, geralmente com gatilho
infeccioso
A característica é a paralisia flácida simétrica, ascenden-
te, com hiporreflexia/arreflexia dos reflexos tendinosos
A caraterística do liquor é a dissociação proteínoci-
tológica
O tratamento é feito com imunoglobulina ou plas-
maférese
QUESTÃO 78
São fármacos indicados para tratamento profilático da
enxaqueca:
I.Topiramato.
II.Amitriptilina.
III.Divalproato de sódio.
Quais estão corretos?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III
Resposta correta: Letra D
Temos aqui uma questão bem direta sobre tratamento
profilático da enxaqueca. Apesar de só exigir do candi-
dato quais são as medicações empregadas na profilaxia
de crises, vamos relembrar um pouco sobre o tema.
A migrânea é uma das cefaleias primárias crônicas mais
comuns da infância, sendo prevalente principalmen-
te entre os adolescentes. Crianças com parentes de 1º
grau com história de migrânea apresentam fator de
risco para desenvolver a doença, pelo seu padrão de
herança genético. Além disso, outros fatores de risco
podem estar associados, como dores recorrentes na in-
fância, cinetose e sonambulismo.
A International Classification of Headache Disorders,
3ª edição (ICHD-3), pela International Headache So-
ciety, definiu os critérios diagnósticos da migrânea,
separando-as no grupo com aura e sem aura. Para re-
forçar, a aura é um conjunto de sintomas neurológi-
cos focais transitórios que precedem ou acompanham
a crise de enxaqueca. O diagnóstico é essencialmente
clínico, com base nas características da dor. A migrânea
é caracterizada por cefaleia com:
Duração de 4 a 72 horas
Localização unilateral e pulsátil,
Intensidade moderada a grave
Agravada pela atividade física de rotina
Associa-se com náuseas e/ou fotofobia e fonofobia
O tratamento da crise é feito com analgésicos simples,
AINEs e antieméticos, além de deixar a criança em am-
biente escuro e tranquilo. Os triptanos, drogas usadas
para abortar a crise em adultos, ainda não possuem evi-
dências de segurança e eficácia no tratamento de mi-
grânea na infância.
Além do tratamento da crise, existe o tratamento pro-
filático, que é feito tanto com orientações em relação
ao estilo de vida e identificação de possíveis fatores de
risco evitáveis quanto com medicamentos. Dentre os
medicamentos utilizados, podemos elencar: proprano-
lol, ácido valpróico, topiramato, flunarizina. A escolha
da medicação é feita com base nos fatores de risco e
comorbidades associadas, além da resposta. Outras me-
didas não farmacológicas podem ser instituídas, como
terapia cognitivo-comportamental, acupuntura e ou-
tras técnicas de relaxamento.
Assim, analisando as afirmativas, temos:
I.Topiramato. Verdadeira
II.Amitriptilina. Verdadeira
III.Divalproato de sódio. Verdadeira
Portanto, a alternativa correta é a que contém as afir-
mativas I, II e II (Letra D)
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
A migrânea é a cefaleia primária mais comum da infância
A cefaleia é geralmente de intensidade moderada a for-
te, pulsátil, unilateral, com duração de 4 a 72 horas,
que piora com as atividades diárias. Pode estar associa-
da com náusea e fotofobia/fonofobia
O tratamento da crise pode ser feito com analgésicos
simples e AINEs
O tratamento profilático pode ser feito com medica-
ções como propranolol, topiramato, valproativo de só-
dio e flunarizina.
QUESTÃO 79
Qual é o achado mais frequente na criança com diag-
nóstico de Transtorno de Ansiedade Social?
A) Violência com os animais
B) Imposição aos colegas para realização de suas tare-
fas escolares.
C) Impulsividade e violência com os colegas.
D) Inibição e dificuldade de interação com os pares.
Temos aqui uma questão bastante conceitual sobre o
transtorno de fobia social nas crianças. A Fobia social
ou Transtorno de Ansiedade Social em crianças e ado-
lescentes caracteriza-se por medo persistente e intenso
de situações onde a pessoa julga estar exposta à avalia-
ção de outros ou se comportar de maneira vergonho-
sa. A ansiedade pode ser expressa por choro, acessos
de raiva ou afastamento de situações sociais onde haja
pessoas não familiares. Além disso, pode haver sinto-
mas físicos da ansiedade associados, como palpitações,
tremores, falta de ar, sudorese e náusea.
Diversas situações podem desencadear esses sintomas,
como falar em público, comer próximo a outras crian-
ças, ir à festas, dirigir a palavra a figuras de autoridade.
Os critérios diagnósticos, segundo o DSM V, são:
Medo acentuado e persistente (≥ 6 meses) ou ansiedade
em uma ou mais situações sociais em que podem ser
julgadas por outras pessoas.
DEZ 22 | 161
O medo deve envolver uma avaliação negativa por ou-
tras pessoas (p. ex., de que os pacientes serão humilha-
dos, envergonhados ou rejeitados ou ofenderão outros).
Além disso, todos os seguintes devem estar presentes:
As mesmas situações sociais quase sempre provocam
medo ou ansiedade.
Pacientes evitam ativamente a situação.
O medo ou a ansiedade é desproporcional à ameaça
real (levando em conta as normas socioculturais).
O medo, a ansiedade e/ou esquiva causam sofrimento
significativo ou prejudicam muito o funcionamento
social ou ocupacional
Além disso, o medo e ansiedade não podem ser carac-
terizados mais corretamente como um transtorno men-
tal diferente (p. ex., agorafobia, transtorno do pânico,
transtorno dismórfico corporal).
O tratamento é baseado na terapia cognitivo compor-
tamental (TCC), trabalhando o medo dessas situações
exemplificadas, na tentativa de modificar os pensamentos
mal adaptados. Além disso, também estimula a exposi-
ção gradual às situações temidas. Associado ao tratamento
psicoterápico, também podem ser utilizados os antide-
pressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina
(ISRS) e os benzodiazepínicos, quando indicados.
Vamos analisar as alternativas:
A) Violência com os animais. Falso. Conforme vi-
mos, a FS não está relacionada com comporta-
mentos de violência
B) Imposição aos colegas para realização de suas tarefas
escolares. Falso. Conforme vimos, a FS está mais re-
lacionada com isolamento e vergonha do que com-
portamentos impositivos aos colegas
C) Impulsividade e violência com os colegas. Falso.
Conforme vimos, a FS está mais relacionada com
isolamento e vergonha do que comportamentos
impositivos aos colegas
D) Inibição e dificuldade de interação com os pares.
Verdadeiro. Pelo medo e pela vergonha do pensa-
mento dos colegas, as crianças tendem a se isolar.
162 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
A Fobia social é caracterizada pelo medo despropor-
cional à situações que a criança se sente julgada por
terceiros, levando ao evitamento dessas situações
Pode apresentar sintomas físicos de ansiedade, como
tremores, sudorese, palpitações
O tratamento é feito com TCC e pode ser associado à
medicações como ISRS e benzodiazepínicos.
QUESTÃO 80
Em relação ao Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH), é correto afirmar que:
A) É um transtorno que usualmente aparece na infân-
cia ou adolescência, relacionado a alterações neuro-
biológicas e costuma apresentar melhora do quadro
clínico com uso de psicoestimulantes.
B) É relacionado essencialmente com fatores culturais
(as práticas de determinada sociedade) e as primei-
ras vivências infantis (o modo como os pais, ou seus
substitutos, educam e se relacionam com os filhos,
com os decorrentes conflitos psicológicos).
C) São consideradas as principais causas: luz artificial,
consumo de açúcar, deficiência hormonal e defici-
ências vitamínicas na dieta da criança. Não estão
associados a outras comorbidades psiquiátricas na
vida adulta.
D) Abordagem focada completamente na relação do
terapeuta com o paciente
Resposta correta: Letra D
Temos aqui uma questão sobre Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que aborda tan-
to sua etiologia quanto seu tratamento, sendo necessá-
rios conhecer aspectos básicos dessa doença. Para isso,
vamos relembrar um pouco sobre o tema.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
(TDAH) é descrito pelo DSM-V (2013) como a difi-
culdade da criança em manter a atenção esperada para
sua idade, apresentar comportamento agitado e impul-
sividade. É muito comum essas crianças apresentarem
também dificuldades na escolarização. Seus critérios
diagnósticos são:
A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperati-
vidade-impulsividade que interfere no funcionamento
e no desenvolvimento
B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-
-impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos
de idade.
C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-
-impulsividade estão presentes em dois ou mais am-
bientes (p.ex., em casa, na escola, no trabalho; com
amigos ou parentes; em outras atividades).
D. Há evidências claras de que os sintomas interferem
no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou
de que reduzem sua qualidade.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante
o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico
e não são mais bem explicados por outro transtorno
mental
Sua etiologia é multifatorial, envolvendo tanto fato-
res genéticos quanto ambientais. Entre os fatores am-
bientais, podemos citar principalmente dos períodos
pré-natal (uso de subtâncias na gestação, infecções
congênitas, hemorragias), perinatal (prematuridade,
macrossomia, anemia) e pós natais (traumatismo, in-
fecções, lesões expansivas).
Os psicoestimulantes são considerados a medicação
de primeira linha no tratamento do TDAH, sendo
divididos em dois subtipos: o metilfenidato e as anfe-
taminas. Vale ressaltar que essas medicações apresen-
tam efeitos colaterais importantes, como diminuição
do apetite, insônia, perda de peso, dor abdominal,
cefaléia e diminuição da velocidade de crescimento.
Apesar de os estudos apontarem benefícios (melhora
na atenção e diminuição do comportamento hipera-
tivo) a curto prazo, ainda há muita incerteza sobre
desfechos a longo prazo, assim como, o real balanço
entre os riscos e os benefícios.
 AMRIGS 2022
Relembrado os aspectos gerais dessa síndrome, vamos
analisar as alternativas:
A) Falsa. Apesar de terem uma resposta ao uso de psi-
coestimulantes, ainda não sabemos ao certo seus
desfechos a longo prazo. Além disso, a droga seria
para modular o comportamento da criança e não
mudar o curso da síndrome.
B) Falso. Apesar da etiologia multifatorial, com fatores
externos associados, o TDAH não está relacionado
com questões comportamentais e culturais da so-
ciedade. Inclusive, esses aspectos devem ser levados
em consideração na hora de suspeitar da síndrome.
C) Falso. Nenhum desses fatores de risco citados estão
relacionados com TDAH e pode ter associação com
doenças psiquiátricas no futuro, como depressão,
transtorno de ansiedade, quadros de mania.
D) Verdadeiro. É um transtorno com grande espec-
tro e cada paciente deve ser tratado com base na
sua realidade.
Take-Home Message:
O TDAH é um transtorno de etiologia multifatorial,
envolvendo tanto fatores genéticos quanto ambientais
Existem critérios diagnósticos determinados pelo DSM
V, que envolvem não só sintomas de déficit de atenção
e/ou de hiperatividade, mas que reduzem a qualidade
de vida do paciente, interferindo em pelo menos dois
ambientes de sua vida
Apesar do uso frequente de psicoestimulantes para seu
tratamento, seu benefício a longo prazo ainda não está
bem estabelecido
DEZ 22 | 163
QUESTÃO 81
Assinale a alternativa correta em relação à Atenção Pri-
mária à Saúde.
A) Deve ser a única porta de entrada tanto para pro-
blemas agudos quanto crônicos.
B) A atenção primária se restringe a países ou locais
com maior vulnerabilidade social.
C) Proporciona atenção à saúde da população sem
distinção de gênero, doença ou sistema orgânico.
D) O termo prevenção serve como sinônimo de “”cui-
dado a pessoas que não têm sintomas””.
Resposta correta: Letra C
Comentário:
Atenção primária é um tema gigante. Para que o co-
mentário não vire um livro, vamos tentar abordar os
temas que são mais relacionados diretamente com
as alternativas.
A APS deve ser a porta de entrada preferencial do siste-
ma para que se preserve alguns de seus atributos, como
longitudinalidade, coordenação do cuidado, orienta-
ção comunitária, familiar e competência cultural. Se
diz que ela é preferencial e não obrigatória porque se
entende que há casos clínicos que exigem uso de tecno-
logias duras e em horários para pronto-atendimento,
características que não fazem parte do desenho da APS.
A APS é um dos elementos de uma estratégia de reorga-
nização do sistema de saúde que visa, entre outras coi-
sas, reduzir a aceleração dos custos em saúde e pode ser
usada por países com diversas características, incluindo
com baixa vulnerabilidade social. Também dentro dos
países que têm locais com alta vulnerabilidade social, a
ideia é que ela seja usada por todo o sistema de saúde
(evitando que seja um “sistema de saúde para pobres”),
podendo priorizar (e preferencialmente fazendo assim)
as áreas com essa vulnerabilidade. Essa priorização tem
como objetivo reduzir as desigualdades em saúde, o
que vai de acordo com o princípio da equidade.
A APS tem como objetivo entender a pessoa na sua
164 | DEZ 22 AMRIGS 2022

individualidade e complexidade, devendo ser capaz Take-Home Message:

de lidar com indivíduos sem distinção de gênero, Questão com uma miscelânea de cobranças sobre APS,
raça/cor, credo, doença ou outros. Esse conceito é que não tem como o candidato ir para a prova sem
algo traduzido no princípio da universalidade do sis- saber. Destaque nessa questão para a possibilidade de
tema de saúde, que se estende a todos os seus braços, entrada do paciente por outros níveis de atenção: a APS
sendo a APS um deles. é muito batida como porta principal de entrada, mas é
Conforme lembramos que foi sugerido por Leavell e bom senso entender que há casos de urgência e emer-
Clarck e complementado posteriormente, a história gência que necessitam de características presentes na
natural da doença compreende alguns períodos passí- atenção secundária ou terciária.
veis de prevenção. São descritos hoje quatro níveis de
prevenção, sendo eles: o primário (antes da doença), o
secundário (depois do fator causador da doença, mas QUESTÃO 82
antes da apresentação dos sintomas), o terciário (depois
Como se chamam os estudos caracterizados pelo mo-
da apresentação dos sintomas) e quaternário (em todos
nitoramento dos indivíduos ao longo do tempo para
os momentos, evitando intervenções excessivas). Em
avaliar o surgimento de novos casos de uma doença
todos os momentos podemos fazer prevenção de con-
(incidência) ou de outro desfecho que seja de interesse?
dições que agravariam o quadro de saúde do paciente,
seja o desenvolvimento de uma doença, o desenvolvi- A) Transversais.
mento de sintomas ou sequelas ou mesmo as interven- B) De coorte.
ções danosas ao paciente.
C) De caso-controle.
A) INCORRETA: Aceita-se que a APS não seja a
D) Ecológicos.
porta de entrada para todos os casos, mais classica-
mente alguns casos agudos que podem necessitar da Resposta correta: Letra B
atenção secundária ou terciária;
B) INCORRETA: A APS tem como uma grande van- Comentário:
tagem a possibilidade de identificar populações vul-
Questão bem direta e bem tranquila para quem domi-
neráveis de forma a priorizar os cuidados de saúde.
na o assunto. Vamos à nossa revisão:
Apesar disso, a APS pode ser usada por países com
perfis mais variados, incluindo os com baixa vul-
nerabilidade social. Também devemos aplicá-la na
população como um todo, evitando o “sistema de
saúde pobre para pobres”;
C) CORRETA: Alternativa correta que mostra
como a APS deve perseguir a universalidade
no atendimento;
D) INCORRETA: Podemos fazer prevenção em
vários momentos, inclusive após o surgimento
dos sintomas.
 AMRIGS 2022
Como o enunciado nos mostra, o estudo vai olhar cada
indivíduo. Nosso próximo passo é determinar que se
trata de um estudo que vai monitorar (observar), ao
invés de intervir ou experimentar com os sujeitos da
pesquisa. Ainda, é um estudo que vai se dar ao longo de
um tempo, portanto longitudinal. Resta, portanto, di-
ferenciar entre coorte e caso-controle, sendo a principal
diferença a forma de observar esses indivíduos no tem-
po. O estudo de caso-controle é um estudo retrospecti-
vo e o de coorte, para a maioria dos casos, prospectivo.
Chegamos à nossa resposta: coorte, letra B.
A) INCORRETA: Percebam que o enunciado nos fala
que o estudo observará os indivíduos ao longo do
tempo, não em um momento específico;
B) CORRETA: Conforme demonstramos no nos-
so fluxograma infalível, trata-se de um estudo
de coorte;
DEZ 22 | 165
C) INCORRETA: Caso-controle é um estudo re-
trospectivo, não se encaixando na descrição
do enunciado;
D) INCORRETA: Estudo ecológico, além de ser
transversal, é um estudo agregado, diferente do que
discutimos.
Take-Home Message: Mais uma questão que prova que
nosso fluxograma ajudará a levar o candidato à apro-
vação. Entenda como passar por cada etapa e pratique
muito em nosso banco. Caso ainda não tenha essa ha-
bilidade, logo ela se torna medular, de forma que você
nunca mais errará esse tipo de questão.
166 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 83
Analise as seguintes assertivas em relação aos erros e
validade de dados de pesquisa:
Viés de seleção: quando os grupos de comparação não
são semelhantes em todas as demais características. II.
Viés de observação: quando há erro de diagnóstico de
um desfecho de saúde, dependendo da forma como as
variáveis são medidas. III. Viés de memória: quando
estudos em que o método de aferição difere entre um
grupo e outro. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra D
Comentário:
Questão excelente que trata de um tema que é muito
negligenciado, levando à formação de médicos acríticos
com as evidências. Vieses são muitíssimos dentro de es-
tudos científicos, então vamos tentar explicar todos os
da questão e os principais que podem cair na sua prova:
Existem três grandes grupos de vieses a serem citados,
os de seleção, os de informação e os de confundimento.
Vieses de seleção se dão quando a inserção dos indiví-
duos participantes do estudo se dá de uma forma incor-
reta, que pode alterar os resultados. Dentro do grande
grupo de vieses de seleção, os mais importantes acon-
tecem tanto nos critérios de escolha dos indivíduos por
quem elabora o estudo (viés de seleção propriamente
dito) quanto pelo pool de indivíduos disponíveis na
população geral, que podem ter perdido uma parte dos
possíveis integrantes, o que alteraria o resultado final
(viés de sobrevivência seletiva);
O viés de informação acontece quando há alterações nos
resultados devido a erros na obtenção ou mensuração
dos dados. O primeiro a ser citado, que caiu na questão,
é o viés do observador, que ocorre quando quem está
avaliando os sujeitos e suas características já tem algum
vício para essa avaliação. Acontece, por exemplo, se o
entrevistador olha um sujeito obeso e faz mais perguntas
sobre consumo de gorduras e carboidratos que faria para
uma pessoa magra. Um outro viés desse grupo é o viés
de memória, no qual os sujeitos que vão nos dar os dados
armazenam informações relevantes de forma diferente
(seja esquecendo dados importantes ou lembrando-os
mais que a média da população). Isso pode acontecer
quando perguntamos algo sobre o passado remoto das
pessoas. Outro caso é o viés de suspeição de exposição.
Um exemplo é um entrevistador que pergunta algo so-
bre alimentação e correlação com uma doença estudada
que já está sabidamente relacionada com a doença, que
vai dar duas possíveis variações anormais: sujeitos que
tiveram uma doença podem se lembrar mais claramente
de seus hábitos alimentares, porque os correlacionaram
com a doença, enquanto quem não a teve não se lembra-
rá de nada. O último digno de nota para sua prova é o
de classificação, que acontece quando tentamos agrupar
indivíduos com critérios muito arbitrários e irreais. Um
exemplo aconteceria caso tentássemos agrupar óbitos por
asfixia intra-parto e incluíssemos bebês de 0 a 28 dias.
Por fim, classicamente não é um viés, mas pode ser co-
brado na prova como um, existe o confundimento. Ele
se dá quando um efeito observado parece ser causado
por uma exposição estudada, quando na verdade a ex-
posição só tem uma correlação com o efeito. O exem-
plo clássico de confundimento é o câncer de pulmão
e a ingestão de café. Quem bebe mais café tem mais
câncer de pulmão. O café, no entanto, é um confundi-
dor. Na verdade, quem bebe mais café tem mais chance
de fumar, o que é realmente a exposição que importa
como causadora do câncer de pulmão.
Concordo que a definição de “viés de observação” ficou
meio genérica demais, mas não está incorreta. Pela ex-
plicação dada, aceitamos as três definições e marcamos
a letra D.
A) INCORRETA: A III também está correta;
B) INCORRETA: A II também está correta;
C) INCORRETA: A I também está correta;
D) CORRETA: Exato. Todas são afirmativas corretas.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
Há uma tendência em algumas provas de cobrar mais
atualmente temas dentro de medicina baseada em evi-
dências. Como é um campo enorme e em constante
incrementação, as bancas ainda estão perdidas no que
cobrar de forma mais sistematizada. Hierarquia das
evidências, medidas de associação e forest plot são as
maiores apostas atuais. Para ficar mais seguro com seus
conhecimentos sobre esse tema, vale muito a pena ver
todas as questões que já caíram e tentar identificar um
padrão na prova que você irá prestar.
QUESTÃO 84
Assinale a alternativa correta em relação ao rastreamen-
to de doenças.
A) O viés de sobrediagnóstico constitui-se em um dos
principais problemas de saúde pública atribuídos
aos programas de rastreamento que não é elimina-
do por meio dos ensaios clínicos randomizados.
B) É uma intervenção que não oferece risco potencial
à saúde das pessoas sem o respectivo benefício.
C) Avaliação de procedimentos de rastreamento é téc-
nica e eticamente fácil, pois envolve vieses e fenô-
menos simples.
D) É a aplicação de testes em pessoas sintomáticas com
objetivo de selecionar indivíduos para intervenções
cujo benefício seja maior do que o dano potencial.
Resposta correta: Letra A
Comentário:
Questão tranquila tanto pela afirmativa correta quan-
to pelas outras, que eram fáceis de serem eliminadas.
Conversemos sobre cada alternativa:
A alternativa A é correta e representa uma preocupa-
ção importante trazida por quem discute a prevenção
quaternária. Frente a um rastreio sem critérios, aumen-
tamos a chance absoluta de encontrarmos falsos positi-
vos (nenhum exame de rastreio tem um valor preditivo
DEZ 22 | 167
positivo de 100%). Uma vez que isso acontece, a cul-
tura dos profissionais e pacientes e os vieses envolvidos
acabam por reforçar a ideia de que o rastreio valeu a
pena e que o diagnóstico está correto, portanto pre-
venindo uma condição pior para aquele paciente. O
paciente se sente bem com uma intervenção que não
precisaria receber e o médico se sente bem tendo indi-
cado uma intervenção que não precisaria ter indicado.
Caso o paciente sofra pela intervenção desnecessária, o
viés age novamente e ambos acreditam que o profissio-
nal “tentou seu melhor, mas a doença foi mais forte”.
A mudança não se dará simplesmente por ensaios clí-
nicos randomizados ou quaisquer outros estudos, mas
sim pela mudança de cultura desses dois envolvidos.
A letra B fala contrariamente a essa preocupação: se as-
sumirmos que nenhum exame tem um VPP de 100%,
entendemos que estamos tendo resultados falsos posi-
tivos. Nesse caso, o profissional se sente impelido a in-
dicar uma intervenção (medicamento, procedimento,
etc) que pode ser danoso. Se o risco era fictício, não há
benefício a ser alcançado pelo tratamento danoso.
Em ética médica temos os princípios que vocês já conhe-
cem de não maleficência, beneficência e justiça, correto?
Com o que explicamos acima, percebam que é muito
complexa a tomada de decisão, e não fácil e simples.
Como rastreio adequado, a ideia é que identifiquemos
condições precursoras dos sintomas, de forma a preve-
ni-los o quanto antes, se for possível. A detecção de do-
enças em seus estágios clínicos já não entra na definição
de rastreio e visa principalmente evitar o agravamento.
A) CORRETA: Conceito correto em uma discus-
são profunda;
B) INCORRETA: Temos que considerar a possibili-
dade de falsos positivos e evitar indicar interven-
ções possivelmente danosas a pessoas que não te-
rão benefícios;
C) INCORRETA: O rastreio envolve os mais pro-
fundos dilemas éticos e muitas vezes é uma decisão
muito difícil e complexa;
D) INCORRETA: Rastreio é, por definição, anterior
ao surgimento de sintomas.
168 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
Questão que exigia um conhecimento prévio sobre um
tema hoje em voga, mas que podia ser resolvida com ra-
ciocínio na hora também. O lembrete aqui para a prova
e para a vida é entender as implicações das imperfeições
nos testes diagnósticos: VPP e VPN, sensibilidade, es-
pecificidade. A dica é ficar atento nos próximos anos
para a “razão de verossimilhança” e para as probabi-
lidades pré e pós teste. São novas tendências que são
mais úteis na rotina médica e que já estão caindo em
algumas provas
QUESTÃO 85
Assinale a alternativa INCORRETA em relação aos es-
tudos transversais.
A) São realizados para conhecer estimativas de preva-
lência de doenças ou problemas de saúde e também
a exposição a fatores associados à doença.
B) As informações sobre exposição e desfecho são afe-
ridas simultaneamente em uma única ocasião.
C) Esse tipo de estudo é indicado para investigar do-
enças raras ou de baixa prevalência, pois é comum
encontrar casos na população.
D) As informações de exposição e desfecho são co-
letadas ao mesmo tempo, não sendo possível es-
tabelecer com segurança a precedência temporal
entre elas.
Resposta correta: Letra C
Comentário:
Lembremos das características dos estudos transversais:
são estudos geralmente observacionais, baratos, fáceis
de serem realizados que observam em um mesmo mo-
mento duas variáveis em uma ou mais populações e
fazer comparações estatísticas sobre variáveis nas popu-
lações. São usados para cálculo de prevalência, uma vez
que podemos observar quantas pessoas têm a doença
naquele momento e local observados. Como a ideia ge-
ralmente é observar grandes populações, muitas vezes
usando dados de grandes pesquisas (censos, inclusive),
analisar variáveis muito raras dá resultados muito fra-
cos e que podem oscilar muito com pequenas variações
naquelas poucas pessoas que têm aquelas doenças. Por
fim, uma característica crítica é justamente a impossi-
bilidade de observar a causalidade, uma vez que eu não
sei o que veio primeiro dentre as duas variáveis. Posso
perceber, por exemplo, que existem muitos obesos em
uma cidade e que há muitas pessoas que fazem ativida-
de física. Posso concluir erroneamente que as academias
causam obesidade, ao invés de entender que as pessoas
mais obesas (por outros motivos) podem querer ir mais
para a academia.
A) INCORRETA: Ao observar a quantidade de pesso-
as com uma doença em uma população, podemos
calcular a prevalência;
B) INCORRETA: Perfeita definição do critério tem-
poral do estudo transversal. Não aguardo um tem-
po para perceber variações, como nos estudos lon-
gitudinais, mas sim em um só momento;
C) CORRETA: Incorreta a afirmativa, como vimos
acima. Estudos bons para investigar doenças raras,
como lembramos, são estudos de caso-controle;
D) INCORRETA: Exato. Não é possível observar qual
veio antes e qual veio depois.
Take-Home Message:
Repitam comigo: correlação não é causalidade. Estudos
transversais são capazes de medir duas coisas que estão
lá ao mesmo tempo, mas não são capazes de reconhecer
se um causou o outro, se o outro causou o um, ou se
nenhum foi causa. Eles são baratos e geram hipóteses,
mas nunca vão confirmar nada sobre esse assunto. Só
essa memória vai te salvar em várias questões por aí.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 86
Analise as seguintes assertivas em relação ao diagnósti-
co das demências:
I. A avaliação da depressão é recomendável, pois fre-
quentemente mascara um quadro demencial.
II. A etiologia não é importante, já que os processos
demenciais são inexoráveis e progressivos.
III. O diagnóstico é essencialmente clínico, mas pode
ser dificultado pela presença de múltiplas comorbida-
des. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
A) INCORRETA. A afirmativa II é falsa. É impor-
tante a realização da avaliação etiológica das de-
mências para exclusão de diagnósticos diferenciais
importantes (como depressão e delirium), de de-
mências secundárias e definição de prognóstico
e tratamento.
B) CORRETA. A afirmativa I é verdadeira, depres-
são é um diagnóstico diferencial importante de
demência. A afirmativa III também é verdadeira.
O diagnóstico é clínico, mas muitas vezes a pessoa
com demência não percebe as próprias alterações,
sendo comum chegar ao atendimento por deman-
das de familiares.
C) INCORRETA. A afirmativa II é falsa, conforme
explicado na opção A
D) INCORRETA. A afirmativa II é falsa, conforme
explicado na opção A
Explicação:
Demência (também conhecida como transtorno neu-
rocognitivo) é a perda progressiva de funções cogni-
tivas e emocionais, com impacto na forma como se
relaciona com o mundo e prejuízo em sua qualidade
de vida. É caracterizada por distúrbios de memória
associados a comprometimento do raciocínio lógico,
da orientação espacial, da afetividade, da linguagem,
DEZ 22 | 169
das habilidades construtivas e de outras funções cog-
nitivas, como capacidade de aprendizado, pensamen-
to abstrato e julgamento.
O diagnóstico de demência é clínico, mas na presença
de múltiplas comorbidades pode se tornar difícil. É co-
mum que a queixa da primeira consulta parta do acom-
panhante. É muito importante considerar os diagnós-
ticos diferenciais, estando depressão e delirium entre os
principais, e cogitar causas secundárias e sobrepostas.
Entre as principais etiologias de demência estão Doen-
ça de Alzheimer (pura e mista); demências secundárias
e demência com corpos de Levy.
A realização de exames laboratoriais pode ser útil. Nas
demências primárias, os exames são negativos e a maior
parte das demências reversíveis é devida a distúrbios
metabólicos, a medicamentos e à depressão.
Take-Home Message:
É caracterizada por distúrbios de memória associados
a comprometimento do raciocínio lógico, da orienta-
ção espacial, da afetividade, da linguagem, das habi-
lidades construtivas e de outras funções cognitivas,
como capacidade de aprendizado, pensamento abstrato
e julgamento.
O diagnóstico de demência é clínico e é muito im-
portante fazer o diagnóstico diferencial com depressão
e delirium.
Fonte:
Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
170 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 87
Analise as seguintes assertivas em relação às quedas
no idoso:
I. Mudanças posturais relacionadas à idade, déficit vi-
sual, uso de medicações e doenças que afetam a força
muscular e a coordenação motora são fatores que con-
tribuem para índices tão altos.
II. Os pacientes raramente mencionam o evento ao seu
médico se não houve lesão por ocasião da queda, e o
profissional de saúde não tem por hábito perguntar so-
bre a história pregressa de quedas.
III. Mesmo quando resultam em algum agravo que
necessite tratamento, raramente as causas das quedas
são investigadas de forma a identificar possíveis cau-
sas evitáveis.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III
A) INCORRETA. A afirmativa III é verdadeira. O
profissional de saúde, muitas vezes, não tem por há-
bito perguntar sobre a história pregressa de quedas
e o paciente não tem
• hábito de relatar. Isso pode se dar devido ao errôneo
entendimento de que cair é um processo inevitável
do envelhecimento. Dessa maneira, a investigação
das causas de queda muitas vezes deixa a desejar.
B) INCORRETA. A afirmativa II é verdadeira. Rara-
mente os pacientes mencionam a queda, especial-
mente se não houve lesão, muitas vezes pelo enten-
dimento de que é normal o idoso cair.
C) INCORRETA. O risco de quedas é sempre multi-
fatorial. e, por vezes, difícil de definir. São fatores
contribuintes: mudanças posturais relacionadas à
idade, déficits visuais, polifarmácia (especialmente
uso de alguns fármacos como anticolinérgicos,se-
dativos e anti- hipertensivos), doenças que afetam a
força muscular e a coordenação motora.
D) CORRETA. As três afirmativas são verdadeiras,
conforme explicado nas alternativas anteriores.
Explicação:
Existem dados na literatura que apontam que aproxi-
madamente 30% dos idosos não institucionalizados
caem a cada ano e a a incidência anual de quedas atinge
50% em pacientes acima dos 80 anos. As quedas po-
dem ter graves consequências, inclusive a morte, e são
associadas a várias síndromes geriátricas.
A etiologia é normalmente multifatorial e, por vezes,
difícil de definir. São fatores contribuintes: mudanças
posturais relacionadas à idade, déficits visuais, polifar-
mácia (especialmente uso de alguns fármacos como an-
ticolinérgicos,sedativos e anti-hipertensivos), doenças
que afetam a força muscular e a coordenação motora.
Ainda assim, trata-se de um problema ainda negligen-
ciado. Isso porque raramente os pacientes mencionam
a queda, especialmente se não houve lesão, e o profis-
sional de saúde não tem por hábito perguntar sobre a
história pregressa de quedas. Isso muitas vezes se deve
ao errôneo entendimento de que cair é um processo
inevitável do envelhecimento. Dessa maneira, a investi-
gação das causas de queda muitas vezes deixa a desejar.
Quando o paciente tem esse histórico, ele deve ser
questionado sobre a frequência, as circunstâncias e as
particularidades da queda, em busca do contexto asso-
ciado e de disfunções espefícias.
As condições do ambiente podem aumentar o risco
de quedas, como escadas, tapetes, iluminação fraca,
chão irregular.
 AMRIGS 2022
Take-Home Message:
As quedas podem ter graves consequências, inclusive a
morte, e são associadas a várias síndromes geriátricas.
A etiologia é normalmente multifatorial e, por vezes, difícil
de definir. São fatores contribuintes: mudanças posturais
relacionadas à idade, déficits visuais, polifarmácia (espe-
cialmente uso de alguns fármacos como anticolinérgicos,-
sedativos e anti-hipertensivos), doenças que afetam a força
muscular e a coordenação motora. Quando o paciente
tem esse histórico, ele deve ser questionado sobre a fre-
quência, as circunstâncias e as particularidades da queda,
em busca do contexto associado e de disfunções espefícias.
Fonte:
Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
QUESTÃO 88
Após tentativas frustradas de contatar o médico assisten-
te de um paciente com vômitos incoercíveis, a enfermei-
ra pede ajuda a um médico, que, após avaliar o paciente,
prescreveu medicação. A seguir, evolui no prontuário e
comunicou o médico assistente. De acordo com o códi-
go de ética médica, a atitude do médico foi:
A) Inadequada em todos os aspectos, pois é vedado ao
médico intervir na prescrição de outro médico.
B) Parcialmente adequada; o médico não deveria
ter avaliado o paciente, por não ser o seu médi-
co assistente.
C) Parcialmente adequada; o médico violou a privaci-
dade do paciente ao evoluir no prontuário de um
paciente que não era seu.
D) Adequada em todos os aspectos.
Resposta correta: Letra D
DEZ 22 | 171
Comentário:
Teve muita gente que ficou procurando pelo em ovo
nessa questão. Não tinha nada para ser criticado, pes-
soal. Havia um paciente com uma necessidade identifi-
cada e mostrada pela enfermeira, estava em sofrimento
e esse foi aliviado com prontidão pelo colega. Qualquer
outra alternativa teria o potencial de postergar o so-
frimento do paciente desnecessariamente. O primeiro
princípio ético a se pensar é o de não maleficência.
Quanto a evoluir no prontuário, nada mais certo. O pron-
tuário não é do colega médico, é do paciente. Se alguma
coisa aconteceu com o paciente, deve ser registrada.
A preocupação pode ter vindo de uma leitura incom-
pleta do artigo seguinte. Vejam que a preocupação
some ao fim da redação:
“Art. 52. Desrespeitar a prescrição ou o tratamento
de paciente determinados por outro médico, mesmo
quando em função de chefia ou de auditoria, salvo
em situação de indiscutível benefício para o pacien-
te, devendo comunicar imediatamente o fato ao mé-
dico responsável.”
Primeiro: não foi descrito que havia uma prescrição ou
um tratamento que foi alterado, e sim surgiu um sinto-
ma que não foi avaliado. Mesmo que fosse uma altera-
ção, é inegável o benefício para o paciente.
A) INCORRETA: Como vimos, há benefício inegá-
vel, justificando a inserção do médico, que nem é
bem caracterizada como uma interferência;
B) INCORRETA: Qual seria a parte adequada então,
já que a alternativa fala que está parcialmente ade-
quada? Certamente que não é prescrever o medica-
mento sem avaliar.
C) INCORRETA: O médico, ao avaliar o paciente,
tornou-se parte da equipe que o atende. Pode ter
acesso ao prontuário, mas obviamente deve tam-
bém manter sigilo sobre ele;
D) CORRETA: Como vimos: havia a oportunida-
de de evitar o sofrimento, que foi aproveitada
pelo profissional.
172 | DEZ 22 AMRIGS 2022

Take-Home Message:
Dica para esta questão envolve saber a redação do códi-
go de ética médica, incluindo suas exceções. São nelas
que há grande parte dos dilemas que vêm sido cobrados
nas provas. Leia também os “excetos”.

QUESTÃO 89
Analise as seguintes assertivas em relação às doenças
relacionadas ao trabalho: I. As pneumoconioses são do-
enças de notificação compulsória no SUS, independen-
temente do seu vínculo de trabalho. II. A perda auditi-
va induzida por ruído tem maior risco quando a média
da exposição está acima de 75 dB por horas diárias e as
exposições intermitentes são piores do que as contínu-
as. III. As pneumoconioses podem ser classificadas em
fibrogênicas e não fibrogênicas, de acordo com o po-
tencial da poeira em produzir fibrose reacional. Quais
estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.

Resposta correta: Letra ANULADA

Comentário:
Vamos ver os detalhes para cada afirmativa:
Conforme lista da Portaria No - 205, de 17 de Feve-
reiro de 2016, são doenças “a serem monitoradas por
meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas
e suas diretrizes”
Por lembrar da pneumoconiose, alguns acabaram mar-
cando a I como correta. No entanto, percebam que ela
está condicionada a estar relacionada com o trabalho.
Por esse motivo, assertiva incorreta.
Quanto ao desenvolvimento de perda auditiva induzi-
da por ruído (Pair), temos a redação do Protocolos de
Complexidade Diferenciada de Saúde do Tabalhador,
nº 5, que diz: “Quando o ruído é intenso e a exposi-
ção a ele é continuada, em média 85dB(A) por oito
horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha
interna, que determinam a ocorrência da Pair (CID 10
– H83.3). A Pair é o agravo mais frequente à saúde dos
 AMRIGS 2022
trabalhadores, estando presente em diversos ramos de
atividade, principalmente siderurgia, metalurgia, grá-
fica, têxteis, papel e papelão, vidraria, entre outros.”.
É muita sacanagem, mas realmente a afirmativa está
errada por causa do número. São 85db, não 75db.
Por fim, a última afirmativa está correta. Vejam que
não sobraram alternativas a serem marcadas, o que ge-
rou anulação da questão.
A) INCORRETA: I e II incorretas;
B) INCORRETA: I incorreta;
C) INCORRETA II incorreta;
D) INCORRETA: I e II incorretas.
Take-Home Message:
Se não fosse anulada, a questão seria bem injusta ao
cobrar algo específico que pegou mesmo quem lem-
brava por alto que a pneumoconiose estava na lista de
notificação. Como lembrete de uma dica recorrente em
medicina do trabalho: saiba o padrão das suas provas.
Se é um padrão de questão de decorar, infelizmente é
o caminho. Pense que, se o caminho é árduo, fazê-lo
colocará o candidato na frente de vários outros que não
tiveram esse mesmo empenho.
QUESTÃO 90
Paciente de 6 anos de idade, com quadro de febre bai-
xa, mal-estar e dor de garganta há
2 dias, vem à Unidade Básica de Saúde apresentando
lesões ulceradas, doloridas, na cavidade oral, sobretu-
do em língua e palato. Também refere o aparecimento
de lesões nas laterais dos dedos e na superfície dorsal
de mãos e pés. Considerando que a principal suspeita
seja a síndrome mão-pé-boca, qual é o provável ger-
me causador?
A) Epstein-Barr Virus.
B) Morbillivírus.
C) Coxsackie vírus.
D) Paramixovirus.
DEZ 22 | 173
A) INCORRETA. Epstein-Barr Virus está associado a
mononucleose, mais comum em pessoas entre 15 e
24 anos de idade, também conhecida como “doen-
ça do beijo”, cujo quadro clínico é de febre, odino-
fagia, linfadenomegalia cervical, podendo também
ocasionar linfadenopatia axilar e inguinal. Pode ha-
ver petéquias no palato, esplenomegalia, hepatome-
galia e icterícia.
B) INCORRETA. Morbillivírus é o agente causador
de sarampo, cujo quadro clínico se caracteriza por
um período prodrômico de febre de 40-40,3°C,
acompanhada de tosse produtiva, coriza intensa,
conjuntivite e fotofobia. Do 2º ao 4º dia surge o
exantema de distribuição crânio-caudal, com pros-
tração acentuada.
C) CORRETA. O quadro clínico de febre baixa, mal-
-estar, odinofagia seguidos de lesões orais doloro-
sas e lesões em dedos, mãos e pés, é compatível
com a síndrome mão-pé- boca, causada pelo Cox-
sackie, na maioria das vezes.
D) INCORRETA. Paramyxovirus é o vírus relaciona-
do com a caxumba, ou parotidite, que cursa com
febre, cefaleia, dor para mastigar ou engolir e au-
mento das glândulas salivares.
Explicação:
Síndrome mão-pé-boca é causada por Enterovírus, as-
sociada principalmente com Coxsackie vírus A16 ou
Enterovírus 71, que afeta principalmente crianças abai-
xo de 10 anos. O quadro se caracteriza por pródromos
de febre baixa, mal-estar, tosse, anorexia, dor abdomi-
nal e garganta, com duração de 12-36horas. Podem
aparecer lesões ulceradas doloridas em cavidade oral,
sobretudo em língua, palato duro e mucosa bucal.
Pode acontecer de a língua tornar-se vermelha e ede-
matosa, sendo muito comum inapetência por conta da
dor. É importante garantir a hidratação, pois a criança
pode diminuir aceitação de líquidos também. Lesões
orais melhoram sem tratamento em 5-7 dias. Pouco
depois das lesões orais, surge um exantema de máculas
que progridem para estado vesicular, com halo eritema-
toso, especialmente nas laterais dos dedos e na superfí-
cie dorsal de mãos e pés.
174 | DEZ 22 AMRIGS 2022
Podem ser assintomáticas ou doloridas, formam crostas
e desaparecem, sem deixar cicatrizes em 5-10 dias
Take-Home Message:
No capítulo das doenças exantemáticas, fique atento ao
quadro clínico da Síndrome Mão-Pé-
Boca, causada, normalmente, pelo Coxsackie Virus, cujo
quadro se caracteriza por pródromos de febre baixa, mal-
-estar, tosse, anorexia, dor abdominal e garganta, podendo
evoluir com lesões ulceradas doloridas em cavidade oral,
seguidas de um exantema de máculas que progridem para
estado vesicular, com halo eritematoso, especialmente nas
laterais dos dedos e na superfície dorsal de mãos e pés.
Fonte:
Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
QUESTÃO 91
Qual das alternativas abaixo é tarefa ou papel dos Agen-
tes Comunitários de Saúde no cuidado domiciliar?
A) Avaliar de modo integral, individual, familiar e no
contexto social a situação da pessoa enferma.
B) Identificar e mobilizar, na comunidade, redes de
apoio ao plano de assistência domiciliar pactuado
com a família.
C) Avaliar as condições e a infraestrutura física do
domicílio para a modalidade de cuidado domici-
liar requerida.
D) Acompanhar a evolução dos casos, seguindo che-
cklist da pessoa, e comunicar à equipe as altera-
ções observadas.
Resposta correta: Letra A
Comentário:
Essa questão cobrou um tema que geralmente está na
PNAB 2017, mas que foi operacionalizado no Rio
Grande do Sul por manual específico. O nome do
documento é “Manual De Assistência Domiciliar Na
Atenção Primária À Saúde: Experiência Do Serviço De
Saúde Comunitária Do Grupo Hospitalar Conceição”.
Nele, há as seguintes atribuições:
“A seguir vamos realizar uma descrição das atribuições
básicas em assistência domiciliar esperadas dos diversos
profissionais, que em geral integram uma equipe em
atenção primária à saúde. Esta composição certamente
varia muito de local para local, possui características
individuais e pessoais próprias, o que deve ser levado
em consideração, com a devida flexibilidade ao definir
as atribuições.
6.6 - DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
Comunicar a equipe de saúde a necessidade de avalia-
ção da pessoa para AD.
Estabelecer forma de comunicação participativa com
a família.
Orientar cuidados com o lixo originado no cuidado do
usuário e do lixo domiciliar
(separação, armazenamento e coleta).
Servir de elo de comunicação entre a pessoa, a família
e a equipe.
Identificar e mobilizar, na comunidade, redes de apoio
ao plano de AD pactuado com a família.
Registrar os atendimentos.”
Reparem que a atividade da letra B está escrita como
cópia e cola do manual, portanto é a alternativa correta.
O candidato que estudou somente a PNAB e atuou ou
conheceu a atuação do ACS poderia também marcar a
alternativa, mas não com tanta certeza. Faz parte também
imaginar que várias das outras tarefas propostas poderiam
ser feitas igualmente por todos os membros da equipe. Já
a identificação da rede na comunidade para aplicação para
os pacientes é uma tarefa mais típica do ACS.
 AMRIGS 2022
A) INCORRETA: Atribuição do médico pelo manual;
B) CORRETA: Atribuição correta do ACS;
C) INCORRETA: Atribuição do enfermeiro;
D) INCORRETA: Atribuição do auxiliar técnico
de enfermagem.
Take-Home Message:
Essa realmente: quem não era de lá e não leu o manual
teria algumas dúvidas. Dava para tentar a resposta com
um pouco menos de dúvida com o aprendizado da
PNAB 2017, que é bem mais comum de cair em pro-
vas. Leiam ela inteira! Estudem as atribuições típicas de
cada profissional e as comuns. Dica de ouro: as comuns
são principais nas provas, que fazem pegadinhas como
se fossem específicas.
QUESTÃO 92
Analise as seguintes assertivas em relação ao SUS: I. Ser-
viços Especiais de Acesso Aberto são serviços de saúde es-
pecíficos para o atendimento da pessoa que, em razão de
agravo ou de situação laboral, necessita de atendimento
especial. II. A universidade de acesso é entendida como
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços pre-
ventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do siste-
ma. III. Rede de Atenção à Saúde é o conjunto de ações e
serviços de saúde articulados em níveis de complexidade
crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da
assistência à saúde. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra B
DEZ 22 | 175
Comentário:
Afirmativa I ipsis literis do Decreto Nº 7.508, De 28
De Junho De 2011, que fala sobre organização do Sis-
tema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saú-
de, a assistência à saúde e a articulação interfederativa,
dentre outras providências. Por esse nome, poucas pes-
soas conhecem os serviços especiais de acesso aberto.
Quando falamos de Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador (CEREST), Centro de Testagem e Acon-
selhamento (CTA), casas de apoio, já ilumina nossa
memória e lembramos dos serviços.
Para quem estudou bem os princípios do SUS, sabe
que essa segunda afirmativa se refere à integralidade, e
não à universalidade do acesso.
A terceira alternativa também está copiada e colada do
decreto, que descreve a organização das redes.
A) INCORRETA: Afirmativa II errada e III certa;
B) CORRETA: Exato;
C) INCORRETA: A afirmativa I está correta e a
II errada;
D) INCORRETA: A afirmativa II está errada.
Take-Home Message:
Sempre que vir um termo estranho em uma política,
procure exemplos deles e referências. Ninguém co-
nheceria ou lembraria de “serviços especiais de acesso
aberto”, mas é bem mais fácil que todos conheçam um
CEREST ou um CTA.
176 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 93
Assinale a alternativa INCORRETA em relação às do-
enças infecciosas como um problema de saúde no Brasil.
A) Algumas doenças específicas como diarreias, do-
enças imunopreveníveis e pneumonia em crianças
não sofreram reduções significativas desde a déca-
da de 1970.
B) A grande parcela das mortes causadas por doenças
infecciosas atualmente é devida a infecções respi-
ratórias, que são mais comuns em adultos do que
em crianças.
C) O sucesso no controle de HIV/Aids, hepatite A e B,
hanseníase, tuberculose, malária e esquistossomose
é apenas parcial.
D) Houve fracasso, até agora, no controle da dengue e
da leishmaniose visceral.
Resposta correta: Letra A
Comentário:
Questão fala sobre aspectos da transição epidemio-
lógica e dos cuidados que tivemos com essas doenças
infecciosas no Brasil. Não deve ter causado muitas difi-
culdades, pois a alternativa a ser marcada é bem batida.
Sabemos que o tratamento de água e esgoto, uso de va-
cinação, melhoria do acesso aos serviços de saúde, me-
lhoria do perfil econômico e educacional da população
são fatores determinantes para a redução significativa
das doenças citadas na letra A.
Todas as demais estão corretas. Vamos reforçar
os conceitos:
Sabemos que o perfil de infecção pulmonar em crianças
tem muito um padrão viral, muitas vezes mais ameno
que um quadro bacteriano. Quando há uma infecção
respiratória bacteriana em adultos, ela tende a ser mais
grave. Uma das estratégias que reduziu significativa-
mente essas infecções em crianças foi a introdução das
vacinas (lembre das pneumocócicas conjugadas).
Sobre a alternativa C, devemos lembrar que o Brasil
foi um exemplo internacional de políticas para con-
trole da infecção por HIV. Da mesma forma, criamos
aparelhos de saúde e ampliamos o acesso para cuidado
de pacientes com hanseníase e tuberculose, bem como
as outras citadas. No entanto, algumas dessas doenças
sofreram recrudescimento, o que é explicado por di-
versos motivos individuais (que devem ser estudados
também individualmente).
Por fim, todo mês de janeiro nos lembramos que o con-
trole da dengue continua falhando no Brasil. Também
temos um péssimo controle de leishmaniose visceral
como resultado da urbanização e invasão e destruição
das florestas, assim como pelo hábito de mantermos
animais de estimação em casa.
A) CORRETA: Conseguimos avanços importantes
no controle das doenças mencionadas;
B) INCORRETA: Vacinação e perfil das infecções
justificam a afirmativa;
C) INCORRETA: Uma realidade muito ruim que
tem muitos fatores agravantes;
D) INCORRETA: Ainda temos uma incidência alta
dessas doenças no país.
Take-Home Message:
Como conhecimento geral, essa questão cobrou tran-
sição epidemiológica. No entanto, cada uma delas tem
aspectos relevantes à vigilância e ao comportamento no
país que valem a pena a leitura. São várias as doenças que
têm guias e comportamentos específicos descritos nos
manuais de vigilância, mas essa questão junta muitos dos
mais importantes. Caso prefira, use-a como um guia.
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 94
Qual é a hipótese diagnóstica mais provável para pa-
ciente com história de uso de várias substâncias de
abuso e que se apresenta com taquicardia, midríase e
hipertensão arterial?
A) Acatisia por antipsicótico.
B) Intoxicação por álcool.
C) Intoxicação por estimulante.
D) Abstinência por benzodiazepínicos.
A) INCORRETA. Acatisia é uma síndrome que se ca-
racteriza por excessiva inquietação, agitação, difi-
culdade de permanecer parado.
B) INCORRETA. intoxicação por álcool normalmen-
te ocasiona depressão respiratória, rebaixamento do
nível de consciência, hipoatividade.
C) CORRETA. Os sintomas são compatíveis com
síndrome simpaticomimética, em que há agita-
ção, midríase, hipertensão, taquicardia, que ocor-
re com intoxicação por substância estimulante.
D) INCORRETA. intoxicação por benzodiazepínicos
normalmente ocasiona depressão respiratória, re-
baixamento do nível de consciência, hipoatividade.
Explicação:
No capítulo das intoxicações, é importante atentarmos
para algumas síndromes tóxicas, os principais agentes e
sintomas relacionados.
Síndrome anticolinérgica: cursa com delírio, midría-
se, pele e mucosas secas, hipertermia. Pode ocorrer na
intoxicação por atropina, antiespasmódicos, anti-hista-
mínicos H1, ADTCs.
Síndrome simpaticomimética: cursa com agitação, mi-
dríase, sudorese, tremores, taquicardia, hipertensão,
convulsões. Pode ocorrer na intoxicação por anfetami-
nas, efedrina, cocaína, teofilina.
Síndrome opioide: cursa com miose, coma, depressão
respiratória. Pode ocorrer na intoxicação por morfina,
meperidina, codeína.
DEZ 22 | 177
Síndrome colinérgica: cursa com salivação, broncor-
reia,tremores, fasciculações. Pode ocorrer na intoxica-
ção por inseticidas organofosforados/carbamatos.
Lembre: intoxicação por álcool e benzodiazepínicos
pode ocasionar depressão respiratória, rebaixamento
do nível de consciência, hipoatividade.
Take-Home Message:
No capítulo das intoxicações, é importante atentarmos
para algumas síndromes tóxicas.
Lembre dos principais sintomas e agentes relacionados!
Síndrome anticolinérgica: delírio, midríase, pele e mu-
cosas secas, hipertermia. Atropina, antiespasmódicos,
anti-histamínicos H1, ADTCs.
Síndrome simpaticomimética: Agitação, midríase, su-
dorese, tremores, taquicardia, hipertensão, convulsões.
Anfetaminas, efedrina, cocaína, teofilina.
Síndrome opioide: Miose, coma, depressão respirató-
ria. Morfina, meperidina, codeína.
Síndrome colinérgica: Salivação, broncorreia,tremores,
fasciculações. Inseticidas organofosforados/carbamatos.
Lembre: intoxicação por álcool e benzodiazepínicos
pode ocasionar depressão respiratória, rebaixamento
do nível de consciência, hipoatividade.
Fonte:
Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
178 | DEZ 22 AMRIGS 2022

QUESTÃO 95 ção por inseticidas organofosforados/carbamatos.

Qual é a hipótese diagnóstica mais provável para pa- Lembre: intoxicação por álcool e benzodiazepínicos
ciente com história de uso de várias substâncias de pode ocasionar depressão respiratória, rebaixamento
abuso e que se apresenta com taquicardia, midríase e do nível de consciência, hipoatividade.
hipertensão arterial?
A) Acatisia por antipsicótico. Take-Home Message:
B) Intoxicação por álcool. No capítulo das intoxicações, é importante atentarmos
C) Intoxicação por estimulante. para algumas síndromes tóxicas.
D) Abstinência por benzodiazepínicos. Lembre dos principais sintomas e agentes relacionados!
A) INCORRETA. Acatisia é uma síndrome que se ca-
Síndrome anticolinérgica: delírio, midríase, pele e mu-
racteriza por excessiva inquietação, agitação, difi-
cosas secas, hipertermia. Atropina, antiespasmódicos,
culdade de permanecer parado.
anti-histamínicos H1, ADTCs.
B) INCORRETA. intoxicação por álcool normalmen-
te ocasiona depressão respiratória, rebaixamento do Síndrome simpaticomimética: Agitação, midríase, su-
nível de consciência, hipoatividade. dorese, tremores, taquicardia, hipertensão, convulsões.
Anfetaminas, efedrina, cocaína, teofilina.
C) CORRETA. Os sintomas são compatíveis com
síndrome simpaticomimética, em que há agita- Síndrome opioide: Miose, coma, depressão respirató-
ção, midríase, hipertensão, taquicardia, que ocor- ria. Morfina, meperidina, codeína.
re com intoxicação por substância estimulante. Síndrome colinérgica: Salivação, broncorreia,tremores,
D) INCORRETA. A abstinência de benzodiazepínicos fasciculações. Inseticidas organofosforados/carbamatos.
pode ocasionar tremores, náuseas, ansiedade, irrita-
Lembre: intoxicação por álcool e benzodiazepínicos
bilidade, insônia.
pode ocasionar depressão respiratória, rebaixamento
Explicação: do nível de consciência, hipoatividade.
No capítulo das intoxicações, é importante atentarmos
para algumas síndromes tóxicas, os principais agentes e
sintomas relacionados.
Síndrome anticolinérgica: cursa com delírio, midría- Fonte:
se, pele e mucosas secas, hipertermia. Pode ocorrer na Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
intoxicação por atropina, antiespasmódicos, anti-hista-
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
mínicos H1, ADTCs.
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Síndrome simpaticomimética: cursa com agitação, mi-
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
dríase, sudorese, tremores, taquicardia, hipertensão,
convulsões. Pode ocorrer na intoxicação por anfetami-
nas, efedrina, cocaína, teofilina.
Síndrome opioide: cursa com miose, coma, depressão
respiratória. Pode ocorrer na intoxicação por morfina,
meperidina, codeína.
Síndrome colinérgica: cursa com salivação, broncor-
reia,tremores, fasciculações. Pode ocorrer na intoxica-
 AMRIGS 2022
QUESTÃO 96
A síndrome de abstinência por substância está associa-
da aos seguintes critérios:
I. O desenvolvimento de uma síndrome específica da
substância devido à interrupção ou redução de seu uso
intenso e prolongado.
II. A síndrome específica da substância causa sofrimen-
to clinicamente significativo ou prejuízo no funciona-
mento social, profissional ou em outras áreas impor-
tantes da vida do indivíduo.
III. Os sintomas não se devem a uma condição médica
geral, nem são mais bem explicados por outro transtor-
no mental. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
A) INCORRETA. A afirmativa III é verdadeira, pois
para caracterizar uma síndrome de abstinência os
sintomas não podem ser explicados por alguma ou-
tra condição médica ou outro transtorno mental.
B) INCORRETA. A afirmativa II é verdadeira, pois
para caracterizar uma síndrome de abstinência os
sintomas devem causar prejuízo funcional, seja so-
cial, profissional ou em outras áreas importantes da
vida do indivíduo.
C) INCORRETA. A afirmativa I é verdadeira, pois
para caracterizar uma síndrome de abstinência deve
haver uso intenso e prolongado de uma substância
cuja interrupção causa sinais e sintomas desagradá-
veis, que alteram comportamento.
D) CORRETA. Pelas razões explicitadas nas alterna-
tivas anteriores, as três afirmativas são verdadeiras.
DEZ 22 | 179
Explicação:
A síndrome de abstinência, pelo DSM-V, tem, entre
seus critérios diagnósticos: cessação (ou redução) do
uso pesado e prolongado da substância; os sinais e sin-
tomas relacionados causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, pro-
fissional ou em outras áreas importantes da vida do in-
divíduo e não são atribuíveis a outra condição médica
ou mais bem explicados por outro transtorno mental.
A abstinência geralmente, mas nem sempre, está asso-
ciada a um transtorno por uso de substância. No caso
de álcool, a codificação no CID-10 de abstinência in-
dica a presença comórbida de um transtorno por uso
de álcool moderado ou grave, refletindo o fato de que a
abstinência de álcool pode ocorrer apenas na presença
de um transtorno por uso de álcool moderado ou gra-
ve. Não é permitido codificar um transtorno por uso
de álcool leve comórbido com abstinência de álcool.
A maioria dos indivíduos com abstinência sente ne-
cessidade de readministrar a substância para reduzir os
sintomas desagradáveis.
Take-Home Message:
A síndrome de abstinência, pelo DSM-V, tem, entre
seus critérios diagnósticos: cessação (ou redução) do
uso pesado e prolongado da substância; os sinais e sin-
tomas relacionados causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, pro-
fissional ou em outras áreas importantes da vida do in-
divíduo e não são atribuíveis a outra condição médica
ou mais bem explicados por outro transtorno mental.
Fonte:
Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
180 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 97
Paciente alcoolista, insone, interrompe, sem orientação
médica, o uso da substância e,
20 horas após a interrupção do consumo, é acometido
de crise epilética. Nessa situação, o médico deve:
I. Ficar atento a sinais de desenvolvimento de deli-
rium tremens.
II. Prescrever hipnóticos para melhora do sono e desta
forma prevenir episódios convulsivos.
III. Investigar se a crise epilética é decorrente de ou-
tra etiologia.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
A) INCORRETA. A afirmativa II é falsa, pois nessa
situação o médico deve tratar a crise convulsiva
com Diazepam IV e administrar Diazepam VO de
horário para evitar novas crises e estabelecimento
de delirium tremens. A afirmativa III é verdadei-
ra, pois é importante a avaliação etiológica da crise
convulsiva para estabelecer o seu manejo adequado
e prevenir novas crises.
B) CORRETA. A afirmativa I é verdadeira, pois
é importante acompanhar evolução e observar
caso haja sinais de desenvolvimento de delirium
tremens, quadro grave, que envolve alucinações,
confusão mental, febre, entre outros sintomas.
Trata-se de uma emergência médica que deve ser
encaminhada o mais breve possível.
C) INCORRETA. A afirmativa I é verdadeira, deli-
rium tremens é uma emergência médica que deve
ser prontamente reconhecida. A afirmativa II é
falsa, pois não podem ser administrado quaisquer
hipnóticos. Deve ser dado Diazepam, tanto no tra-
tamento (IV) quanto na prevenção de novos episó-
dios convulsivos (VO).
D) INCORRETA. A afirmativa II é falsa, conforme
explicitado na alternativa anterior.
Explicação:
A síndrome de abstinência alcoólica cursa com ansieda-
de, tremores, agitação psicomotora, alterações do sono
e irritabilidade nos momentos de interrupção ou para-
da da ingestão de álcool. Em alguns casos, pode evoluir
para sudorese, febre, taquicardia, pressão alta, náuseas
e vômitos, e mesmo para confusão mental, desorienta-
ção, delírios e alucinações.
O delirium tremens é a apresentação mais grave desse
quadro, sendo uma emergência médica que deve ser
encaminhada para manejo em ambiente hospitalar o
mais rápido possível.
As convulsões devem ser prevenidas com diazepam 10-
30 mg/dia, VO, ou tratadas com diazepam 10 mg/IV
na crise. No tratamento do delirium tremens, podem
ser usados: diazepam
60 mg/dia, VO, ou Lorazepam: 12 mg/dia, VO. Pode
ser associado, se necessário, haloperidol:
5 mg/dia, VO, ou Clonidina: 0,1-0,2 mg/dia, VO. Na
alucinose alcoólica, pode ser usado haloperidol: 5 mg/dia.
Take-Home Message:
A síndrome de abstinência alcoólica cursa com ansieda-
de, tremores, agitação psicomotora, alterações do sono
e irritabilidade nos momentos de interrupção ou para-
da da ingestão de álcool. Em alguns casos, pode evoluir
para sudorese, febre, taquicardia, pressão alta, náuseas
e vômitos, e mesmo para confusão mental, desorienta-
ção, delírios e alucinações.
O delirium tremens é a apresentação mais grave desse
quadro, sendo uma emergência médica que deve ser
encaminhada para manejo em ambiente hospitalar o
mais rápido possível.
 AMRIGS 2022
Fonte:
Prova de Residência Médica AMRIGS 2022
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: 2 Vo-
lumes: Princípios, Formação e Prática.
Gusso, G; Lopes, JMC; Dias, LC – 2ª edição - 2019
QUESTÃO 98
Assinale a alternativa INCORRETA em relação à me-
dicina baseada em evidências.
A) É o uso consciente, explícito e judicioso das me-
lhores evidências atuais disponíveis para tomada de
decisões acerca do cuidado com os pacientes.
B) A comprovação de um benefício clinicamente sig-
nificativo de testes diagnósticos ou intervenções
médicas pode exigir estudo com milhares de pa-
cientes ao longo de vários anos.
C) Priorizam-se as pesquisas em seres humanos, em
especial aquelas com desfechos clínicos de signifi-
cância para o paciente e para a sociedade.
D) Preconizam as evidências de investigações clínicas
que expressam benefícios, riscos e custos, descar-
tando a experiência e o conhecimento clínico.
Resposta correta: Letra D
Comentário:
Por algum motivo, a Medicina Baseada em Evidências
(MBE) foi muito mal difundida ou muito mal inter-
pretada pelo público amplo. Hoje há uma parcela até
de profissionais de saúde que acredita que a melhor
evidência é um alvo absoluto e que pode ser aplicada
indistintamente como intervenção para os pacientes.
No entanto, a MBE é composta por um tripé que in-
clui a busca de evidências a partir das pesquisas cien-
tíficas, experiência e conhecimento clínicos e valores e
preferências do paciente. Sobre a primeira, há diversas
outras questões que a discutem (os níveis de evidência,
a avaliação da qualidade dos artigos, etc), portanto não
devemos prolongar neste comentário, dando mais dis-
cussão para os outros dois pilares.
DEZ 22 | 181
De nada adianta que a evidência sustente que uma téc-
nica cirúrgica é marginalmente melhor que a outra se
o profissional for muito mais treinado na última. Da
mesma forma, os estudos que dão maior grau de cer-
teza sobre uma recomendação tendem (por definição)
a ser mais controlados do que o que pode acontecer na
realidade clínica individual. O profissional com experti-
se deve entender a evidência e suas aplicabilidades, bem
como identificar durante sua prática as individualida-
des da recomendação daquelas evidências. Por fim, um
princípio ético que deve reger a profissão do médico é
o reforço à autonomia do paciente. Sem que o paciente
manifeste suas preferências e valores por meio de sua au-
tonomia, as intervenções médicas correm o risco de fe-
rirem outro princípio ético que é o da não-maleficência.
A) INCORRETA: Exatamente. A procura deve ser
deliberada pela melhor evidência disponível para
negociar o melhor cuidado;
B) INCORRETA: Para evitar os diversos vieses pos-
síveis em pesquisas, além de evitar problemas com
análises estatísticas, variações de população e ou-
tros, estudos maiores são uma exigência;
C) INCORRETA: Tentando gerar uma evidência com
a maior força para recomendação possível, deve-
mos evitar generalizar achados de testes em outros
animais que não os humanos. Esses testes podem
ter resultados completamente diferentes quando se
muda a espécie;
D) CORRETA: Afirmativa errada. Como discuti-
mos, a expertise do profissional faz parte do tripé
da medicina baseada em evidências.
Take-Home Message:
Quem já teve ao menos a aula inaugural de MBE sabe-
ria responder essa questão sem mais problemas. Quem
teve dificuldades, lembre-se dessa pegadinha, que é
mais comum que deveria ser na realidade dos profissio-
nais formados: a aplicação da evidência por si só des-
considerando os outros dois eixos não é a melhor forma
de levar a saúde para os pacientes.
182 | DEZ 22 AMRIGS 2022
QUESTÃO 99
Analise as seguintes assertivas em relação aos critérios a
serem utilizados na definição de indicadores de saúde: I.
Mensurabilidade é a capacidade de basear-se em dados
disponíveis ou fáceis de serem obtidos. II. Confiabilida-
de é a capacidade de reproduzir os mesmos resultados
quando aplicado em condições similares. III. Relevância
é a capacidade de medir o que se pretende, incluindo a
sensibilidade e a especificidade. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Resposta correta: Letra A
Comentário:
Existem alguns atributos para detalhamento dos indi-
cadores de saúde que são muito úteis para avaliar sua
aplicabilidade e entender seus resultados. São eles:
Mensurabilidade e viabilidade: devemos ser capazes de
medir adequadamente o que se espera. É inútil um in-
dicador que exige a verificação de dados que não estão
disponíveis e é muito fraco um indicador que depende
de dados de coleta muito difícil ou ocasional;
Validade: espera-se que um indicador responda uma
pergunta com certo nível de assertividade. Alguns in-
dicadores podem depender de dados que são indiretos
ou que são poluídos por erros no preenchimento ou
fatores do tipo, o que diminui a validade deles;
Oportunidade: ao desenhar um indicador, pretende-se
tomar uma ação a partir de limites definidos em tempo
hábil. Caso exista lentidão na coleta dos dados que tor-
ne muito difícil ou impossível a tomada de decisões a
partir deles, perde-se o atributo da oportunidade;
Reprodutibilidade: espera-se que meu indicador seja
aplicável em locais diferentes e consiga gerar os mes-
mos resultados, caso as condições desse outro lugar
sejam as mesmas.;
Sustentabilidade: em vários casos, um indicador é de-
senhado para fazer um diagnóstico inicial de uma situ-
ação e para acompanhar os resultados de intervenções
desenhadas. Para isso, pode ser necessário que a coleta
de dados se dê por um período longo de tempo. Por
esse motivo, espera-se que a capacidade de coleta dos
dados e geração do indicador seja sustentável, ou seja,
que seja tecnicamente possível e facilitada por esse pe-
ríodo de tempo;
Pertinência e relevância: é a capacidade de um indica-
dor de dar informações relevantes para a tomada de de-
cisão. Algumas medidas podem ser muito indiretas do
processo em questão ou não serem irrelevantes dentro
daquele contexto de tomada de decisão;
Compreensibilidade: é a capacidade do indicador de
ser interpretável. Quem terá acesso ao indicador deve
ser capaz de compreendê-lo. Para isso, naturalmente
que há uma diferença não atribuída ao indicador em
si, mas em quem verá seus resultados. A dica que vem
desse atributo é a de sempre pensar em quem será o
usuário daquele indicador. Se não for possível saber, o
indicador deve entregar resultados da forma mais intui-
tiva e livre de más interpretações possível.
Por esses motivos, vemos que as afirmativas I e II estão
corretas. A relevância, como vimos, não se refere à sen-
sibilidade ou especificidade, mas à pertinência daque-
le indicador.
A) CORRETA: A I e a II estão corretas;
B) INCORRETA: A II está correta e a III incorreta;
C) INCORRETA: A I está correta e a III incorreta;
D) INCORRETA: A afirmativa III está incorreta.
Take-Home Message:
Todos os nomes dos atributos dos indicadores têm
muita “compreensibilidade” (uso intencional da pala-
vra). Se você não conhecia seus nomes e suas defini-
ções, use esta questão para entendê-los e só saia quando
se sentir confortável e parecer intuitivo
 AMRIGS 2022 DEZ 22 | 183

QUESTÃO 100 Densidade tecnológica se refere ao investimento em

Analise as seguintes assertivas em relação à descentra-
lização do SUS: I. Existe uma redistribuição do poder,
repassando competências e instâncias decisórias para
esferas mais próximas à população, e também existe
uma redefinição das atribuições, desconcentrando o
poder da União e dos Estados para os municípios. II. O
processo da municipalização da saúde, entendido como
um fenômeno político-administrativo aponta para
uma ruptura com o modelo assistencial tradicional e
dota os municípios com modelos locais de saúde de
acordo com todas as diretrizes do SUS. III. Pressupõe
a existência de gestores em vários níveis, mas a célula
básica do sistema deve ser o município, ficando para os
Estados e para União os serviços de alta complexidade
tecnológica. Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
aparatos e ferramentas sofisticadas (tecnologias du-
ras), geralmente de alto custo e se difere do conceito
de complexidade tecnológica, que se refere ao grau de
capacitação dos profissionais de saúde.
Acredita-se que quanto maior o aparato tecnológico de
um nível de atenção, mais complexo ele é. Mas em saú-
de, isso não é verdade. (Item III incorreto)
A) CORRETA: Somente as alternativas I e II es-
tão corretas.
B) INCORRETA: A alternativa III está incorreta pois
confunde os conceitos de densidade e complexida-
de tecnológica.
C) INCORRETA A alternativa III está incorreta,
como explicado nos comentários.
D) INCORRETA: Era o gabarito liberado pela banca
antes dos recursos! A alternativa III está incorreta
pois confunde os conceitos de densidade e comple-
xidade tecnológica.

D) I, II e III.
Take-Home Message:
Resposta correta: Letra A
Leiam com atenção para não confundir conceitos que
tem falsa similaridade! Para não esquecer: densidade
Comentário:
tecnológica se refere à tecnologias duras e complexida-
Descentralização – é o processo de transferência de de tecnológica a capacitação dos profissionais.
responsabilidades de gestão para os municípios, aten-
dendo às determinações constitucionais e legais que
embasam o SUS, definidor de atribuições comuns e
competências específicas à União, aos estados, ao Dis-
trito Federal e aos municípios. (Item I correto)
A municipalização da saúde é a transferência da ges-
tão de serviços de saúde para os municípios. Ela re-
quer também a participação da sociedade local na de-
finição e no controle dos gastos públicos com a saúde.
(Item II correto)
184 | DEZ 22 AMRIGS 2022