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Manual de
Condutas Obstétricas
do Hospital Materno
Infantil de Brasília
ISBN: 978-65-995783-0-4
1ª Edição
Ano 2021
Manual de
Condutas Obstétricas
do Hospital Materno
Infantil de Brasília
1ª Edição
Ano 2021
Editores colaboradores
Adriano Bueno Tavares
Alexandre Pavan Garieri
Lucila Nagata
Zilma Eliane Ferreira Alves
Manual de Condutas Obstétricas do Hospital Materno Infantil de Brasília
é uma publicação do Corpo Clínico e do Programa de Residência Médica
em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília.
Endereço Editoria
Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia
Hospital Materno Infantil de Brasília
Av. L2 Sul SGAS Quadra 608 Módulo A - Asa Sul,
Brasília - DF, CEP: 70203-900
E-mail: acoelholeonardo@gmail.com
Produção Editorial
Luan Comunicação
www.luancomunicacao.com.br
AGRADECIMENTOS
Nossa vida é tão curta que não podemos deixar as oportunidades serem
descartadas ou esquecidas. Assim, ao perceber a oportunidade de
concretização deste ideal, pensei: “Agora é a hora... não deixarei passar”,
e assim foi feito. Confesso que a energia e a empolgação dos residentes,
especialmente do Leonardo Coelho e da Ellen Tieko, não me deixaram
desanimar.
Agradecemos aos nossos pais por terem nos presenteado com a vida e
com a capacidade de sonhar. Incentivadores do estudo e da perseverança,
estiveram ao nosso lado nesta bela jornada sinuosa. Alguns partiram
precocemente, porém vivem em cada sorriso e em cada pensamento,
eternamente iluminando nossos caminhos.
10
Carlos Alberto Castro Rubiano
Graduado em Medicina pela Universidade de Brasília. Residência Médica em
Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno Infantil de Brasília. Residência
Médica em Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal no Hospital Materno Infantil
de Brasília. Título de especialista em ultrassonografia gineco-obstétrica pelo
Colégio Brasileiro de Radiologia. Médico Gineco-Obstetra do Setor de Gestação
de Alto Risco e Medicina Fetal do Hospital Materno Infantil de Brasília, DF.
Médico ultrassonografista em Ginecologia e Obstetrícia, Medicina Fetal da
Clínica de Imagens MEDCEU, Brasília - DF.
12
Jaqueline Santos Ribeiro
Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno-Infantil
de Brasília (HMIB) (2020 - 2022). Graduação em Medicina pela Universidade
de Brasília.
14
Lígia Helena Ferreira Melo e Silva
Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pós-Graduação
em Biotecnologia pelo Instituto HZI, Alemanha. Título de Especialista em
Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pelo Colégio Brasileiro de
Radiologia (CBR). Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Endoscopia
Ginecológica pela FEBRASGO. Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo
Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Graduada em Medicina pela Faculdade
de Catanduva, SP.
Lucila Nagata
Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa
Norte, Brasília/DF. Graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB).
Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO. Membro da
Comissão de Mortalidade Materna da FEBRASGO. Médica aposentada do Serviço
de Gestação de Alto Risco do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB).
16
Paola Zilah Fleury Teixeira Zamora
Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional de
Taguatinga, DF. Médica Residente em Medicina Fetal e Gestação de Alto Risco
pelo Hospital Materno Infantil de Brasília (2020). Graduada em Medicina pelo
Centro Universitário de Anápolis, Goiás.
18
PALAVRA DO EDITOR
Leonardo A. Coelho
20
SUMÁRIO
AUTORES 09
PALAVRA DO EDITOR 19
PARTOGRAMA E DISTOCIAS 77
Lígia Helena Ferreira Melo e Silva
Lorena da Silva Rosa
João Rocha Vilela
CORIOAMNIONITE 254
Larissa Maciel Ribeiro
Lucila Nagata
Lara Barbosa
Márcia Nóbrega de Queiroz
INTRODUÇÃO
O trabalho de parto (TP) é um processo fisiológico que, juntamente com a
gestação, compõe um dos períodos críticos do ciclo de vida da mulher.1 Mais do
que apenas um fenômeno orgânico, constitui-se em um evento biopsicossocial,
com implicações na saúde e bem-estar da mulher e do concepto, e com influência
na sociedade como um todo.2
1.1 INTERNAÇÃO
As parturientes que não preencherem critérios de fase ativa deverão receber apoio
e ser aconselhadas a aguardar o início da fase ativa.6 Em geral, reavaliamos essas
pacientes a cada 2 horas, não sendo obrigatória a realização de exame de toque
em cada reavaliação.41 Essa conduta associou-se à menor utilização de ocitocina
e analgesia e melhor avaliação pelas parturientes da experiência e do controle
durante o TP, menor duração do período entre a internação e o nascimento, e
28
menor número de diagnósticos de retardo na evolução do TP,7 sem evidência de
piora de apgar e/ou necessidade de ressuscitação neonatal.8
Se a parturiente tiver um plano de parto, ele deverá ser lido e discutido o mais
cedo possível após a internação, levando-se em consideração as condições para
a implementação e possíveis limitações, buscando-se preservar a amplitude da
autonomia da mulher.6
30
1.3 EXAMES COMPLEMENTARES DE ROTINA
Os testes rápidos de sífilis e HIV deverão ser solicitados para todas as parturientes,
independentemente de testagem prévia no terceiro trimestre.11,12,13 Também serão
solicitados tipagem sanguínea e fator RH, caso não constem no cartão de PN.
O resultado da cultura de Streptococcus do grupo B deverá ser verificado para
decisão quanto à profilaxia antibiótica durante o trabalho de parto.14
Observamos que não há evidência de efetividade do exame vaginal e que ele está
associado ao desconforto das parturientes e a potenciais efeitos adversos, como
a infecção puerperal.15 Metanálise realizada em 2013 concluiu que não havia
evidências para apoiar ou rejeitar o uso de exame vaginal de rotina no TP e os
autores expressaram surpresa que uma intervenção sem evidência de efetividade
fosse tão amplamente utilizada.16
Assim, embora a frequência ideal de exames pélvicos não tenha sido adequadamente
investigada em estudos randomizados de qualidade, o Ministério da Saúde (MS) do
Brasil e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em seus guias práticos, sugerem
que a realização do exame a cada 4 horas é suficiente.4,6 Esse intervalo poderá
ser menor caso haja efetiva preocupação quanto à evolução do TP, baseada em
achados objetivos ou solicitação da parturiente.6
A FCF será considerada normal de 110 bpm a 160 bpm.6 Se houver um aumento
da frequência cardíaca fetal basal ou suspeita de desaceleração na ausculta
intermitente, devemos estender o período de ausculta e realizá-la, por exemplo,
após três contrações consecutivas, inicialmente.5 Também é importante considerar
o quadro clínico, incluindo a posição e hidratação da mulher, a força e a frequência
das contrações, e os fatores de risco maternos.5
• Primíparas: dura em média 8 horas e é pouco provável que dure mais que
18 horas;
• Multíparas: dura em média 5 horas e é pouco provável que dure mais que
12 horas
32
Na avaliação individual de cada gestante durante o TP, consideramos:5, 6
34
1.7 POSIÇÃO DA PARTURIENTE
• Fase inicial ou passiva: desde a dilatação completa do colo até o início dos
esforços expulsivos maternos.
• Fase ativa: dilatação completa do colo uterino com presença de esforços
expulsivos maternos e até o nascimento do concepto.
O diagnóstico da fase passiva do 2º período depende, portanto, da constatação
da dilatação completa. O diagnóstico da fase ativa do 2º período pode ser feito ao
se observar em uma parturiente com a dilatação completa, o início dos esforços
expulsivos, desejo de defecar, aumento da secreção na vulva, surgimento de
náuseas e vômitos,21, 22 aumento da frequência e da intensidade da contratilidade
uterina e agitação da parturiente.
36
2.2 EVOLUÇÃO DO TP NO SEGUNDO PERÍODO
Não há uma definição de limite de duração a partir da qual ocorra piora dos
desfechos maternos e fetais. Contudo, acredita-se que períodos expulsivos com
duração superior a 3 horas em nulíparas (4 horas com anestesia neuroaxial) e 2
horas em multíparas (3 horas com anestesia neuroaxial) possam estar associados
a um aumento na frequência de complicações maternas e neonatais.6,31,41,42
Na suspeição de prolongamento do segundo período, propor amniotomia se as
membranas estiverem intactas.5,6
Duração
Sem analgesia Com analgesia
Paridade
Mediana Percentil 95 Mediana Percentil 95
Descida da apresentação:
A parturiente deve ser orientada a se deixar guiar pelo próprio desejo e necessidade
de fazer força e empurrar. O comando aos puxos e o estímulo à manobra de Valsalva
são de resultado incerto, não devendo ser feitos rotineiramente, especialmente nas
situações dentro dos limites fisiológicos. Sua utilização deve ser individualizada e
decidida em acordo com a parturiente.
2.4 EPISIOTOMIA
O uso da episiotomia deve ser restrito, não havendo no momento evidências que
justifiquem sua indicação nem definição de uma frequência aceitável para sua
realização.4 As possíveis indicações são a necessidade de abreviar o segundo
período do parto por suspeita de comprometimento fetal, distocia de ombro e parto
operatório.30 Caso seja realizada, deverá ser precedida por explícita autorização
materna e a indicação deve ser registrada. A preferência é pela incisão médio-
lateral, direita ou esquerda, sempre sob anestesia perineal adequada.5,6
38
Fluxograma 3: Assistência ao segundo período do TP.
O clampeamento do cordão deve ser realizado entre 1min e 5min após o nascimento
ou quando cessar a pulsação, a menos que haja necessidade de realização de
manobras para reanimação do RN ou assistência à mãe que não possam ser
conduzidas sem a ligadura do cordão.6 Esse período de preservação da circulação
feto-placentária permite o aumento da passagem de sangue da placenta para o
concepto, reduzindo o risco de anemia no RN.38 A ligadura do cordão deve ser
realizada 2 a 4 cm além da parede abdominal do RN.33
40
O manejo ativo compõe-se de:6
• Ligadura do cordão.
ANEXO 1
42
FATORES DE MARCADORES
AVALIAÇÃO
Exames laboratoriais: realização dos exames nos 1º, 2º e 3º
trimestres, com sorologias sem alterações
Gestação
Altura de fundo de útero entre os percentis 10 e 90 do gráfico de
atual43 crescimento uterino de acordo com a idade gestacional
Apresentação cefálica
BCF: entre 110 e 160 batimentos por minuto, com boa variabilidade
(5 bpm-25 bpm), sem desacelerações à ausculta intermitente
- Obesidade;
Adaptado de: Secretaria de Saúde do Distrito Federal, 2019; EBSERH, 2019; Secretaria de
Saúde do Piauí, 2019.
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as new evidence becomes available and our peer review process is complete. Up
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48
TRABALHO DE PARTO PREMATURO
ETIOLOGIA
A etiologia do parto prematuro espontâneo é desconhecida em cerca de 50% dos
casos, mas pode estar associada a diversos fatores maternos e fetais que muitas
vezes se sobrepõem:7
DIAGNÓSTICO
Fala-se que existe Trabalho de Parto Pré-Termo (TPP) ao se identificarem contrações
uterinas regulares (intervalo de 5 minutos ou menos) após 22 semanas e antes de
37 semanas, e pelo menos um dos seguintes critérios: dilatação cervical ≥ 2 cm;
esvaecimento cervical ≥ 80%; ou progressão das alterações cervicais.9,10,11,19 Em
serviços com disponibilidade de ultrassonografia (USG), outros critérios podem
ser adotados, como contrações uterinas regulares associadas à medida de colo
uterino < 20 mm na USG transvaginal.18
50
definidas acima.1
TOCOLÍTICOS
O uso de tocolíticos está indicado para pacientes diagnosticadas com TPP entre
24 e 33 semanas e 6 dias. As medicações existentes são: inibidores da síntese
de prostaglandinas, como a indometacina, e os antagonistas de receptores de
ocitocina, como atosiban, porém, as únicas medicações disponíveis no nosso
serviço são nifedipino, salbutamol e sulfato de magnésio.15
Observamos que a tocólise está contraindicada nos casos de morte fetal; sofrimento
fetal agudo; pré-eclâmpsia com sinais de gravidade; eclâmpsia; hemorragia
materna; corioamnionite; e ruptura prematura de membranas ovulares.26
52
• Dose de manutenção: 20 mg VO de 6 em 6 horas por no máximo 72 horas.1
PÓS-TOCÓLISE
Pacientes que fazem uso crônico de hidrocortisona podem receber a dose habitual
da betametasona ou da dexametasona como descrito acima, pois grande parte da
hidrocortisona é metabolizada pelas enzimas placentárias.28
ANTIBIÓTICOS
54
• Esquema alternativo: ampicilina 2g EV de ataque + 1g EV de 4h em 4h.
O antibiótico deve ser mantido até a inibição efetiva do trabalho de parto ou até o
parto.6 A profilaxia antibiótica intraparto é mais eficaz se administrada pelo menos
quatro horas antes do parto.34
SULFATO DE MAGNÉSIO
O sulfato de magnésio deve ser utilizado como medida de neuroproteção fetal para
mulheres em trabalho de parto prematuro com idade gestacional entre 24 e 31
semanas e 6 dias, pois reduz o risco e a severidade de paralisia cerebral em fetos
nessa faixa etária gestacional.13,14 Não há evidências que suportem o uso dessa
medicação como tocolítico.30
• Manutenção: 1 g/h (deverá ser mantida por pelo menos 6h a 12h, pois
ainda não se sabe o tempo necessário para conferir neuroproteção fetal).24
Se o parto não for mais iminente e não ocorrer em 24h, deve-se suspender
a infusão, que é o tempo máximo de tratamento.24
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As gestantes submetidas a tocólise, após suspensão do fármaco tocolítico, deverão
ter avaliação diária da dinâmica uterina, da movimentação e frequência cardíaca
fetal, dos sinais vitais (temperatura, frequência cardíaca, pressão arterial) e
avaliação dos exames solicitados.17 Ressaltamos que não há evidências de que a
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27. Simhan, HN; Caritis, S. Inhibition of acute preterm labor. Up To Date, 2021.
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32. Zugaib, Marcelo; Francisco, Rossana Pulcineli Vieira (eds). Zugaib obstetrícia
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34. Baker, CJ. Neonatal group B streptococcal disease: Prevention. Up To Date, 2021.
58
AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL
INTRODUÇÃO
A avaliação da vitalidade fetal permite identificar fetos de risco para eventos
adversos ou para o óbito e, assim, atuar preventivamente para evitar o insucesso
da gestação.1
- Negativo: ausência de
desacelerações tardias
- Positivo: desacelerações
tardias em ≥ 50% das
contrações, mesmo se
houver < 3 contrações em
10 minutos
- Suspeito: desaceleração
tardia intermitente ou
Cardiotocografia - Pelo menos 3 contrações
desacelerações variáveis
na presença de de ≥ 40s em 10 minutos
significativas
contrações
- Equivocado devido
à taquissistolia:
desaceleração associada
a contrações a cada 2
minutos ou que duram
> 90s.
- Insatisfatório: < 3
contrações em 10
minutos ou erro técnico
no registro da CTG
60
Avaliação por 30 minutos (5
parâmetros):
- Padrão reativo na CTG na
ausência de contrações
- ≥ 1 movimento
Cada parâmetro recebe
respiratório fetal que dura
de 0 ou 2 pontos
≥ 30s
A. MOBILOGRAMA
B. CARDIOTOCOGRAFIA ANTEPARTO
62
Tabela 3 - Causas de Alterações no Batimento Cardíaco Fetal
64
• Tardias / Em “U” ou com redução da variabilidade: apresentam intervalo
de pelo menos 30s entre FCF basal e o seu nadir; ocorrem cerca de 20s
após o início da contração, têm um nadir depois do pico da contração e
retornam à FCF basal após a contração ter acabado. Indicam resposta de
quimiorreceptores à hipoxemia fetal. Importante: em um traçado com baixa
variabilidade e ausência de desacelerações, uma queda de 10 bpm - 15 bpm
também pode ser considerada uma desaceleração tardia.
66
Tabela 4 - Interpretação e Conduta na Cardiotocografia
CARDIOTOCOGRAFIA
Normal Atípica ou Anormal
(Categoria 1) indeterminada (Categoria 3)
Parâmetros
(Categoria 2)
Abreviaturas: US (ultrassonografia); PBF (perfil biofísico fetal); bpm (batimentos por minuto);
IG (Idade Gestacional).
Fonte: Adaptada de Macones et al., 2008; Tratado de Obstetrícia da Febrasgo, 2019.
INTERPRETAÇÃO DO PBF
10 ou 8 com MB normal ( ≥ 2 cm ) NORMAL - Baixo risco de asfixia aguda
(1/1000 em uma semana). Conduta:
conservadora.
68
6 com MB NORMAL ( ≥ 2 cm ) SUSPEITO - Possível asfixia fetal aguda.
Repetir teste com 6h. Interrupção da
gestação se <6.
D. DOPPLERFLUXOMETRIA
70
• Em gestações abaixo de 30/32 semanas, com grave insuficiência
placentária e presença de alterações importantes na oxigenação fetal, é
indicada a interrupção imediata da gestação, após corticoterapia, se valores
de IP do Ducto Venoso estiverem acima do percentil 95.15
72
Tabela 9. Achados anormais durante a cardiotocografia
ACHADOS ANORMAIS
Linha de base Abaixo de 110 bpm ou acima de 160 bpm
Desacelerações Presença de desacelerações repetitivas ou prolongadas
(> 3 minutos)
Alivia a compressão do
cordão umbilical
Tratamento da
taquissistolia
• CARDIOTOCOGRAFIA INTRAPARTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De maneira geral, na insuficiência placentária com hipóxia fetal progressiva há
alterações biofísicas sequenciais de adaptação. Uma das primeiras alterações
que podem ser observadas é a alteração no Doppler da artéria umbilical,
seguida pelas anormalidades da frequência cardíaca fetal (FCF), detectadas
pela cardiotocografia e, por último, pelos outros parâmetros do Perfil Biofísico
Fetal (PBF)20.
REFERÊNCIAS
1. Signore, C. Overview of antepartum fetal surveillance. Up To Date, 2019.
2. Martin CB Jr. Normal fetal physiology and behavior, and adaptive responses with
hypoxemia. Semin Perinatol. Aug;32(4):239-42, 2008.
3. Melo ASO, Souza ASR, Amorim MMR. Avaliação biofísica fetal FEMINA,
2011. Acesso em 4 de nov de 2020. Disponível em: http://files.bvs.br/
upload/S/0100-7254/2011/v39n6/a2693.pdf.
74
4. American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Practice bulletin no.
145: antepartum fetal surveillance. Obstet Gynecol. 124(1):182, 2014.
10. Macones GA, Hankins GDV, Spong CY, Hauth J, Moore T. The 2008 National
Institute of Child Health and Human Development Workshop Report on Electronic
Fetal Monitoring. Update on Definitions, Interpretation, and Research Guidelines.
Obstet Gynecol. 2008;112:661-6.
12. Miller, D.A.Nonstress test and contraction stress test. Up to Date, 2019.
13. Fatorelli J, Carvalho PR. Cardiotocografia anteparto. In: Sá RAM, Oliveira CA.
Hermó genes - Obstetrícia básica. Rio de Janeiro: Atheneu; 2015.
17. Robertson MC, et al. Predicting perinatal outcome through changes in umbilical
artery Doppler studies after antenatal corticosteroids in the growth-restricted
fetus. Obstet Gynecol.113(3):636, 2009.
18. Figueras F, et al. Defectos del crecimiento fetal. Centre de Medicina Fetal i Neonatal
de Barcelona - Hospital Sant Joan de Déu/Universitat de Barcelona, 2019.
19. Silveira, SK. Trapani Júnior, A. Monitorização fetal intraparto. Febrasgo, 2018.
76
PARTOGRAMA E DISTOCIAS
INTRODUÇÃO
Distocia é, por definição, a anormalidade no desenrolar do trabalho de parto. O
nome origina-se da palavra grega dustokia, que significa “parto anormal, difícil”.
Decorre de qualquer alteração em um ou mais fatores determinantes do processo:
força, trajeto e objeto.1 De maneira didática, podemos definir esses fatores na
chamada “Regra dos 3 Ps” sendo:
P: passage (trajeto)
Cerca de 20% dos trabalhos de parto, com concepto vivo ao nascer, apresentam
algum grau de dificuldade ou distocia no seu intercurso, sendo maior o risco em
nulíparas com gestações a termo.9 Assim, sua importância é evidente por ser a
causa de indicação da primeira cesárea em mais de 50% dos casos.10 A cesárea,
por distocia, não deve ser realizada na fase latente do trabalho de parto.2
78
Diagnóstico Incorreto do Trabalho Só devem ser internadas em fase ativa do
de Parto trabalho de parto, ou seja: dilatação cervical
mínima de 4 cm; apagamento cervical
avançado e franca atividade uterina.
PARTOGRAMA E DISTOCIA
O Partograma é uma representação gráfica do trabalho de parto que permite
acompanhar sua evolução, documentar e diagnosticar alterações e indicar a
necessidade de condutas apropriadas para a correção de desvios da normalidade,
ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias, sendo uma ferramenta de
excelência no diagnóstico das distocias.1
80
PARADA SECUNDÁRIA DA DILATAÇÃO (FIGURA 2)
Diagnosticada por dois toques sucessivos com intervalo de 1h, desde que a
dilatação do colo esteja completa.9, 13
Tem como principais causas: a distocia bacia, macrossomia fetal, DCP, distócia
≥ 6 cm, com membranas rotas, sem mudança cervical por ≥ 4 h, com contrações
adequadas, ou ≥ 6h, se contrações inadequadas
82
PARTOGRAMA - FIGURAS
84
Figura 5 - Parada Secundária da Descida
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Salientamos que todo o processo de assistência ao parto deve ser anotado
claramente em cada campo do Partograma, inclusive as condições de parto, do
recém-nascido, as condições de dequitação placentária e quaisquer intercorrências.
REFERÊNCIAS
1. MEAC / EBSERH. Protocolo Partograma PRO.MED-OBS.022, abril,2020. Disponível em:
http://www2.ebserh.gov.br/documents/214336/5166523/PRO.MED-OBS.022+-
+V3+PARTOGRAMA.pdf/9fa6fbb4-7106-4400-b1f2-96af181b6efd.
7. Intrapartum care for healthy women and babies: Clinical guideline. London.
National Institute for Health and Care Excellence (NICE); 2014.
12. Rezende, J. Montenegro, CAB. Obstetrícia fundamental. 13a ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
15. Bonet M, Oladapo OT, Souza JP, Gülmezoglu AM . Diagnostic accuracy of the
partograph alert and action lines to predict adverse birth outcomes: a systematic
review. BJOG. 2019;126(13):1524. Epub 2019 Aug 18.
16. Ehsanipoor, RM; Satin, AJ. Normal and abnormal labor progression. Up To Date,
2021.
86
ANALGESIA NO TRABALHO DE PARTO
Adriano Bueno Tavares
Caio de Oliveira Reges
Ana Luiza de Macedo
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a percepção da dor é individual, logo, o mesmo estímulo doloroso
pode ser interpretado de diferentes formas, seja entre pessoas distintas ou até
mesmo em ocasiões diferentes, pela mesma pessoa.¹ O receio pela dor do trabalho
de parto é uma das justificativas que impedem muitas mulheres de optar pelo parto
vaginal, o que contribui para o aumento de cesarianas em serviços privados.² Em
um estudo coorte, de 2014, com 23.940 puérperas, foi avaliado qual a preferência
inicial das gestantes pela via de parto.² Observou-se que 27,6% preferiram a
cesariana inicialmente, e destas, 46,6% justificaram sua escolha pelo medo da dor
do parto.²
FISIOLOGIA DA DOR
A dor no parto aumenta a ansiedade e o estresse maternos, o que acarreta aumento
das catecolaminas circulantes.3 Esse aumento está associado à diminuição do
fluxo sanguíneo uterino, incoordenação contrátil e a alterações cardiotocográficas.
Além disso, há aumento do volume corrente e da frequência respiratória, causando
hipocapnia e alcalose respiratória.3
ACOMPANHANTE
BOLA SUÍÇA
HIDROTERAPIA
88
bem-estar. A água quente promove vasodilatação e redução das catecolaminas.
O ideal é que esse estímulo seja adotado na fase ativa do trabalho de parto,
sendo encorajada a permanecer enquanto estiver confortável.9
MASSAGEM
ACUPUNTURA E ACUPRESSÃO
O banho em chuveiro com água morna, por tempo indeterminado, tem demonstrado
melhora nas escalas visuais de dor e melhora na satisfação da parturiente em
alguns estudos.5, 14
MUSICOTERAPIA E AROMATERAPIA
MEDIDAS FARMACOLÓGICAS
ANALGESIA REGIONAL
90
estudos recentes mostram que as técnicas com doses menores de anestésicos
não aumentam o número de cesarianas.16
Esses dois tipos de analgesia são igualmente eficazes para alívio da dor, e a
escolha do método empregado será influenciada pela experiência do anestesista,
pelo período do parto no qual a analgesia será iniciada. A técnica combinada pode
fornecer alguns benefícios em relação às peridurais tradicionais, incluindo início
mais rápido da analgesia (três a cinco minutos devido à analgesia espinhal) e
menor necessidade de analgesia de resgate. 4, 3
A analgesia peridural, por sua vez, deve ser preferida em situações nas quais
exista alta probabilidade de evolução para cesariana, além de situações de
instabilidade hemodinâmica como aquelas em pacientes com pré-eclâmpsia
ou nas cardiopatas. 4, 3
• RAQUIANESTESIA EM SELA
Técnicas de anestesia local são utilizadas para diminuir a dor no estágio final da
dilatação, no período expulsivo e para permitir a incisão e o reparo de episiotomia,
quando indicada, ou para realização de sutura das lacerações existentes.3
• BLOQUEIO PARACERVICAL
92
lado contralateral.3 Os dados de uma revisão sistêmica mostram maior satisfação
das mulheres com alívio da dor após bloqueio pudendo bilateral (em particular,
com 2% de lidocaína) do que após o placebo.19
ANALGESIA SISTÊMICA
• INALATÓRIA
O óxido nitroso a 50% pode ser utilizado na analgesia inalatória.4 Possui como
efeitos colaterais: náusea, tontura, vômitos e alterações de memória.4
• INTRAMUSCULAR E ENDOVENOSA
CONCLUSÃO
Há diversos métodos, farmacológicos e não farmacológicos, que podem ser
usados para promover a analgesia durante o trabalho de parto. Atualmente, o
padrão-ouro são os bloqueios regionais, entretanto, essas técnicas dependem da
disponibilidade de anestesista no serviço.3
REFERÊNCIAS
1. VARDEH, Daniel; MANNION, Richard J.; WOOLF, Clifford J. Toward a mechanism-
based approach to pain diagnosis. The Journal of Pain, v. 17, n. 9, p. T50-T69,
2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27586831/. Acesso em 07
de ago. de 2020.
94
2. CUNHA AA, GRIBEL GP, PALMIRO A. Analgesia e anestesia farmacológica.
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(FEBRASGO); São Paulo (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 98/ Comissão
Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério).
2018.
10. MELLO, Larissa FD; NÓBREGA, Luciana F.; LEMOS, Andrea. Estimulação elétrica
transcutânea no alívio da dor do trabalho de parto: revisão sistemática e meta-
análise. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 15, n. 3, p. 175-184, 2011.
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbfis/v15n3/02.pdf. Acesso em 25 de
ago. de 2020.
12. Effects of acupressure at the Sanyinjiao point (SP6) on the process of active phase
of labor in nulliparas women. Kashanian M, Shahali S. J Matern Fetal Neonatal
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14. Lee SL, Liu CY, Lu YY, Gau ML. Efficacy of warm showers on labor pain and
birth experiences during the first labor stage. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs.
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15. Grant, GJ. Pharmacologic management of pain during labor and delivery. Up to
Date, 2021.
19. NOVIKOVA N, CLUVER C. Local anaesthetic nerve block for pain management in
labour. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2012. Disponível em: https://
www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD009200.pub2/epdf/
full. Acesso em 25 de ago. de 2020.
20. SMITH, Lesley A., et al. Parenteral opioids for maternal pain management in
labour. Cochrane database of systematic reviews, 5 Junho 2018, Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6513033/. Acesso em 24 de ago.
de 2020.
96
MANEJO DA GESTAÇÃO PROLONGADA
INTRODUÇÃO
A gestação prolongada ou pós-termo é aquela com idade gestacional (IG) maior ou
igual a 42 semanas.1,2 Ela está relacionada ao aumento do risco de morbimortalidade
fetal, macrossomia, síndrome de dismaturidade/pós-maturidade, convulsões
neonatais, síndrome da aspiração meconial, admissões na Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN)1,2 e com mortalidade perinatal duas vezes maior do que
na gestação a termo.3 Similarmente, há risco materno aumentado para lacerações
perineais, infecções, hemorragia pós-parto e cesáreas.1 Esse risco cresce
gradativamente após as 40 semanas de gestação, piorando expressivamente ao
alcançar 42 semanas.4
DEFINIÇÃO
A gestação pode ser definida como:
• Prolongada ou pós-termo: alcança ou ultrapassa 42 semanas.2
• Termo tardio: 41 semanas a 41 semanas e 6 dias.2
• A termo: 39 semanas a 40 semanas e 6 dias.2
• Pós-datismo (recomendamos não utilizar essa definição): termo
genérico para definir gestações entre 40 e 42 semanas, isto é, após a
data provável do parto.17
• Termo precoce: 37 semanas a 38 semanas e 6 dias.2
Diferença
entre a idade
Idade Gestacional pela Método da Medida gestacional pela
ultrassonografia ultrassonografia
e pela DUM
≤ 8 semanas + 6 dias CCN > 5 dias
9 semanas a 13 semanas + 6 dias CCN > 7 dias
14 semanas a 15 semanas + 6 dias DBP / CC / CA / CF > 7 dias
16 semanas a 21 semanas + 6 dias DBP / CC / CA / CF > 10 dias
22 semanas a 27 semanas + 6 dias DBP / CC / CA / CF > 14 dias
≥ 28 semanas DBP / CC / CA / CF > 21 dias
Abreviações: CCN (comprimento cabeça-nádega); DBP (diâmetro biparietal); CC
(circunferência cefálica); CA (circunferência abdominal); CF (comprimento femoral).
Fonte: ACOG, 2019.
FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco para uma gestação pós-termo são: gestação pós-
termo prévia (principal); nuliparidade; fetos masculinos; obesidade; idade materna
avançada; erro de datação.2
PREVENÇÃO
A melhor forma de prevenção de uma gestação pós-termo é a correta definição
da idade gestacional.1 Portanto, recomendamos a realização de uma ecografia
obstétrica na primeira metade da gestação, de preferência no primeiro trimestre.1
98
O descolamento digital de membrana na gestação com ≥ 39 semanas é útil
na prevenção de gestação pós-termo quando há dilatação cervical, placenta
normoinserida e ausência de vasa prévia.1,19
CONDUTA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a indução do parto a partir
das 41 semanas de gestação.3,5 Essa recomendação é referente a gestações únicas,
em apresentação cefálica, sem complicações associadas.2
A situação do colo do útero afeta o tempo para início da fase ativa do trabalho de
parto8. Assim, se o colo não for favorável, Bishop < 6 (Tabela 2), o procedimento
inicial deve ser a preparação do colo.8,10
PONTOS 0 1 2 3
Dilatação (cm) Fechado 1a2 3a4 ≥5
Apagamento (%) 0 a 30 40 a 50 60 a 70 ≥ 80
Altura -3 -2 -1 a 0 +1 a +2
Consistência cervical Firme Intermediária Amolecido
Posição cervical Posterior Intermediário Anterior
Fonte: Grobman, 2020; FEBRASGO, 2009; Bishop, 1964.
Avaliação pré-indução:8,9
• Revisar a idade gestacional.
• Determinar a apresentação fetal.
• Estimar o peso fetal.
• Estabelecer o escore de Bishop.
• Cardiotocografia.
Tabela 3 - Contraindicações
Mulheres com uma cesariana prévia com incisão transversa baixa não têm
contraindicação ao parto vaginal.6 Nesse caso, se o colo for desfavorável, os métodos
mecânicos para a preparação do colo como o descolamento das membranas e o
método de Krause têm menos risco de complicações e são considerados seguros
no amadurecimento do colo uterino.6,8 As prostaglandinas, como o misoprostol,
são desaconselhadas nessa situação devido ao maior risco de ruptura uterina.6,8
A decisão da via de parto em mulheres com cesariana prévia deve ser compartilhada
com a paciente.22 Devem-se levar em consideração os seguintes fatores de risco
para a ruptura uterina: intervalo intraparto < 18 meses;23 mais de uma cesárea
100
prévia;23 idade gestacional ≥ 40 semanas; Bishop desfavorável; peso fetal estimado
> 4.000g; e idade materna > 40 anos.22
Métodos mecânicos:
Método farmacológico:
Administrar 30 ml - 80 ml no balão22
Krause 12h
Aplicar tração
Fonte: Martins-Costa, 2017. Grobman, 2020. ACOG, 2009; EBSERH, 2017. WHO, 2018.
Quando o colo estiver favorável (Bishop ≥ 6), pode-se iniciar a indução com
ocitocina 4h após a última dose de misoprostol ou a qualquer momento no método
de Krause (mesmo com o cateter de Foley ainda no colo) e no descolamento das
membranas.9
102
Durante a indução com ocitocina, observar BCF e dinâmica uterina a cada 30
minutos.8 Possíveis complicações são: taquissistolia ( > 5 contrações em 10
minutos); ruptura uterina; embolismo de líquido amniótico.9
0 2 12 ml/h ou 4 gt/min
30 4 24 ml/h ou 8 gt/min
60 6 36 ml/h ou 12 gt/min
90 8 48 ml/h ou 16 gt/min
120 10 60 ml/h ou 20 gt/min
150 12 72 ml/h ou 24 gt/min
180 14 84 ml/h ou 28 gt/min
210 16 96 ml/h ou 32 gt/min
240 18 108 ml/h ou 36 gt/min
270 20 120 ml/h ou 40 gt/min
Pode ser realizada se a cabeça fetal estiver encaixada, a fim de reduzir o risco de
prolapso de cordão.9
FALHA DA INDUÇÃO
Não existe consenso na definição da falha da indução.9 Ela ocorre quando a fase
latente do trabalho de parto é mantida por longos períodos mesmo com medidas
ativas de indução.9 Nesse caso, a cesárea está indicada.9
104
FLUXOGRAMA: CONDUTA NA GESTAÇÃO PROLONGADA
10. ACOG. Induction of Labor. Practice Bulletin: Clinical Management Guidelines for
Obstetrician-Gynecologists. Number 107, Aug 2009.
12. Rouse, Dwight J., John Owen, and John C. Hauth. “Criteria for failed labor induction:
prospective evaluation of a standardized protocol.” Obstetrics & Gynecology 96.5
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13. Grobman, William A., et al. Defining failed induction of labor. American journal of
obstetrics and gynecology 218.1 (2018): 122-e1.
14. Leduc, Dean, et al. Induction of labour. Journal of Obstetrics and Gynaecology
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15. Dhanjal MK, Kenyon A. Induction of Labour at Term in Older Mothers. Scientific
Impact Paper No. 34, Royal College of Obstetricians and Gynaecologists; London,
UK, 2013.
106
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18. Finucane EM, et al. Membrane sweeping for induction of labour. Cochrane
Database Syst Rev. 2020.
19. Boulvain M, Stan CM, Irion O. Membrane sweeping for induction of labour.
Cochrane Database of Systematic Reviews, Issue 1. Art. No.: CD000451, 2005.
20. Bishop EH. Pelvic scoring for elective induction. Obstet Gynecol. 24:266–8, 1964.
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systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Obstet
Gynecol.;222(4):320, 2020.
23. Landon, MB. Uterine rupture: After previous cesarean delivery, Up To Date, 2020.
25. Morris, JL. et al. FIGO’s updated recommendations for misoprostol used alone in
gynecology and obstetrics Int J Gynecol Obstet 138: 363–366, 2017.
27. Zugaib, M; Bittar, RE; Francisco, RPV. Protocolos Assistenciais, 5ª ed, FMUSP,
2015.
INTRODUÇÃO
Rotura prematura das membranas ovulares (RPMO) é aquela que ocorre antes
do início do trabalho de parto e pode ser classificada como RPMO pré-termo, se
ocorrer antes das 37 semanas de gestação, ou RPMO a termo, se ocorrer com ≥
37 semanas.1,2
- Trauma abdominal
108
- História pregressa de - Distensão uterina: - Infecções agudas na
parto prematuro macrossomia fetal, gestação: apendicite,
gestação múltipla, pielonefrite
- Infecções: genitais*, polidrâmnio
urinária
- Colo curto (< 2,5 cm)
- Drogas ilícitas
- Anormalidades uterinas
- Doenças crônicas:
anemia, doenças do - Corioamnionite
colágeno, desnutrição
- Tabagismo (afeta
a composição da
membrana)
- Baixo nível
socioeconômico
* Causa tratável mais comum. A infecção gera uma resposta inflamatória que ocasiona a
RPMO. Agentes: GBS, C. trachomatis, vaginose bacteriana, N. gonorrhoeae, Trichomonas
vaginales, Ureaplasma ssp, H. influenzae, sífilis
** RPMO por amniocentese tem melhor prognóstico do que a RPMO espontânea, pois aquela
ocorre em membrana saudável e longe do colo uterino.
Fonte: EBSERH. Ruptura Prematura de Membranas, 2017.
DIAGNÓSTICO
Os pilares do diagnóstico são a história clínica e o exame especular confirmatório.2
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Na investigação diagnóstica, devemos observar alguns diagnósticos diferenciais: 6
• Perda de urina.
• Muco cervical.
• Descarga vaginal.
PREVENÇÃO
Recomendamos o uso de progesterona a partir de 16 semanas, podendo ser
mantida até 36 semanas,19 além do rastreio e tratamento de infecção do trato
genital em paciente com história prévia de RPMO ou de gestação pré-termo.4,7 O
uso de progesterona não é indicado em caso de RPMO na gestação atual.4
> 36 SEMANAS
110
ENTRE 34 SEM. E 36 SEM.
De forma geral, a paciente deve ficar internada na enfermaria de alto risco, ou Setor
de Alto Risco (SAR), até o momento do parto. Os critérios por nós utilizados para essa
conduta são: pacientes sem suspeita de infecção, pacientes com idade gestacional
inconclusiva, pacientes com líquido amniótico normal e apresentação cefálica.
24 SEM. A 33 SEM. + 6 D
O sulfato de magnésio para neuroproteção deve ser oferecido nas gestações <
32 semanas que estiverem em risco iminente de parto.3 A dose deverá ser a do
esquema Zuspan, também utilizado na prevenção da eclâmpsia (4 g de sulfato
de magnésio em 20 minutos e manutenção de 1 g/h) e deverá ser mantida por
pelo menos 6h - 12h, pois ainda não se sabe o tempo necessário para conferir a
neuroproteção.15 Se o parto não for mais iminente e não ocorrer em 24h, deve-
se suspender a infusão.¹5 Não recomendamos o retratamento, pois há pouca
evidência sobre seus efeitos na neuroproteção fetal. Por outro lado, advertimos que
procedimentos de emergência não devem ser retardados para a administração do
sulfato de magnésio.
Em pacientes com alergia a penicilina com baixo risco de anafilaxia pode-se usar 1
g de Azitromicina VO dose única, 1 g de Cefazolina de 6h em 6h por 48h, seguido
de Cefalexina 500 mg de 6h em 6h, por 5 dias.13
Para mulheres em trabalho de parto ativo e com critérios para profilaxia para
estreptococos do grupo B, recomenda-se o uso de Penicilina G Cristalina 5
milhões de UI IV de ataque + manutenção com 2,5 milhões de UI IV de 4h em 4h
até o parto. Um esquema alternativo, que é o mais utilizado no nosso serviço, é a
Ampicilina 2 g EV de ataque + 1 g EV de 4h em 4h até o parto.3,8
Manejo:
112
• Cardiotocografia diária com perfil biofísico fetal semanal (se possível)
a depender da indicação clínica.
• Culturas de Estreptococco do Grupo B (GBS) na internação e a cada 5
semanas, se disponível.
< 24 SEMANAS
SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Corticoterapia: evidências recentes demonstram a ausência de
segurança e eficácia em uma prática proposta de antecipar a segunda
dose do corticoide, reduzindo o intervalo, com objetivo de completar
o curso de esteroides antes do parto. Essa conduta tem respaldo em
evidências de baixa qualidade e, inclusive em um dos estudos, houve
um possível aumento de risco para enterocolite necrotizante nos recém-
nascidos expostos a essa prática, o que é preocupante. Até o lançamento
desta edição não há evidência de alta qualidade que recomende a redução
no intervalo entre as doses de corticoide, portanto, NÃO recomendamos
COMPLICAÇÕES
• Corioamnionite: em caso de corioamnionite, está recomendada
interrupção da gestação, independentemente da idade gestacional, por
via vaginal, se possível, e uso de antibiótico: Clindamicina 900 mg IV de
8h/8h e Gentamicina 5mg/Kg IV 1 x/dia ou Ceftriaxona 1 g IV de 12h/12h
e Metronidazol 500 mg IV de 8h/8h, se nefropata.6,13 Manter terapia IV
até 48h sem febre após o parto.13 Para detalhes sobre diagnóstico, vide
Capítulo de Corioamnionite.
• Prolapso de cordão: o baixo volume de líquido amniótico está associado
a um aumento do risco de compressão do cordão umbilical.5 O risco de
ocorrer prolapso na RPMO pré-termo é de 11% se a apresentação não
for cefálica.7
• Descolamento Prematuro de Placenta: ocorre em 2% - 5% dos casos
de RPMO.5,7 O risco para DPP aumenta ainda mais quando há oligoâmnio
ou corioamnionite associada.7
INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO
Em nosso serviço, a interrupção da gestação está indicada a partir de 34 semanas,
podendo, em alguns casos, chegarmos até a 36 semanas.
114
de cordão umbilical ou condição fetal não tranquilizadora, a indicação da via de
parto deve ser obstétrica.14
FLUXOGRAMA DA RPMO
116
ANEXO 1
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido13
Eu, _______________________________________________________________,
portadora de documento de identidade _________________________________,
de maneira livre e consciente, confirmo que fui orientada pela equipe de saúde de
que tive o diagnóstico de ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS, que significa
que minha bolsa rompeu antes que se completasse o tempo necessário para que
o feto amadurecesse.
Confirmo também que fui orientada de que nessa idade gestacional, se houver
o nascimento do feto, este não teria condições de sobrevivência nesse momento,
pois ainda é considerado um produto de abortamento.
Também fui orientada de que se optar por manter a gestação, corro riscos
importantes, de infecção grave, com possibilidade de perda do meu útero e ovários
e até infecção local e generalizada que pode levar à minha morte.
Fui orientada também de que, se mantida a gestação, pode acontecer morte do feto
a qualquer momento e que, no caso da remota possibilidade de a gestação chegar
até a uma idade mais avançada, a criança gerada pode ter vários problemas graves
em decorrência disso, como o não desenvolvimento dos pulmões, malformações
das pernas e braços, cegueira, retardo mental, necrose do intestino, paralisia
cerebral e outras complicações que podem levar à morte ou a outras sequelas.
Data: ___/___/______
_______________________ _______________________
Assinatura da paciente Assinatura do médico 1
_______________________ _______________________
Assinatura de familiar Assinatura do médico 2
Data: ___/___/______
_______________________ _______________________
Assinatura da paciente Assinatura do médico 1
_______________________ _______________________
Assinatura de familiar Assinatura do médico 2
118
17. Haas DM, McCullough W, McNamara MF, Olsen C. The first 48 hours:
Comparing 12-hour and 24-hour betamethasone dosing when preterm deliveries
occur rapidly. J Matern Fetal Neonatal Med. 2006 Jun;19(6):365-9. doi:
10.1080/14767050600715873. PMID: 16801314.
18. Khandelwal M, Chang E, Hansen C, Hunter K, Milcarek B. Betamethasone dosing
interval: 12 or 24 hours apart? A randomized, noninferiority open trial. Am J
Obstet Gynecol. 2012 Mar;206(3):201.e1-11. doi: 10.1016/j.ajog.2012.01.025.
PMID: 22381601.
19. Norwitz, E.R. Progesterone supplementation to reduce the risk of spontaneous
preterm birth. Up To Date, 2020.
20. Baker, Carol J. Neonatal group B streptococcal disease: Prevention. Up To Date,
2021.
INTRODUÇÃO
A Restrição de Crescimento Fetal (RCF) não é uma doença específica, mas a
manifestação de muitos distúrbios fetais, placentários e maternos que afetam 5%
- 10% das gestações.1
Existem várias definições na literatura sobre CIUR. Assim, com base na ausência
de uniformidade dos critérios diagnósticos, foi publicado em 2016 o Consensus
definition of fetal growth restriction: a Delphi procedure, que define as duas formas
de CIUR (precoce e tardio).8
120
Tabela 1 - Definição de Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR) na Ausência de
Malformações Congênitas
3. Razão
cerebroplacentária
< p5 ou IP da AU
> p95
122
Os casos secundários a infecções virais precoces e causados por alterações
genéticas têm prognóstico associado à natureza e gravidade da patologia de base.
Por sua vez, casos associados à insuficiência placentária em fetos normais têm
prognóstico totalmente dependente do diagnóstico precoce e do manejo obstétrico
e neonatal adequados para que sejam reduzidos os riscos neonatais.1
PREVENÇÃO
O uso de aspirina para prevenção de pré-eclâmpsia está bem estabelecido na
literatura. Entretanto, há controvérsia sobre o seu uso na prevenção de CIUR.11
Devido à forte relação da pré-eclâmpsia e da CIUR precoce e em consonância
com as sociedades do Reino Unido, Nova Zelândia, Canadá, Irlanda e França,
recomendamos o uso de aspirina para a prevenção de CIUR nas gestantes de
risco.11
DIAGNÓSTICO
Quando existe suspeita de CIUR por meio de fatores de risco ou exame clínico,
a ultrassonografia deve ser o método escolhido para ratificar ou excluir esse
diagnóstico.4
O feto classificado como PIG é aquele com PFE inferior ao percentil 10 e maior que o
percentil 3 para IG, com dopplerfluxometria das artérias uterinas, artéria umbilical e
artéria cerebral média dentro da normalidade.6,7,10 Características que corroboram
o diagnóstico de feto PIG são: PFE de p5 a p10; velocidade de crescimento normal
durante a gestação; fisiologia normal; velocidade de crescimento da CA > p10;
tamanho apropriado para a genética materna (tamanho, peso, etnia).18
O feto classificado como CIUR é aquele com PFE inferior ao percentil 3 ou PFE
inferior ao percentil 10 com dopplerfluxometria das artérias uterinas, artéria
umbilical e artéria cerebral média alterados,6,7,10 conforme o Fluxograma 1.
124
Fluxograma 1: Diagnóstico Ultrassonográfico5,9,10
CONDUTA ASSISTENCIAL
O acompanhamento da gestante com CIUR deve ser realizado em centro terciário,
em razão das complicações perinatais e da necessidade de avaliações mais
complexas.4,5 Não existe tratamento comprovadamente benéfico e efetivo para a
restrição de crescimento fetal.5,6,9 Sendo assim, os principais objetivos quando se
Os casos classificados com PIG devem ser acompanhados a cada duas semanas
por ultrassonografia e dopplerfluxometria e, se persistem normais, é recomendada
a indução do parto (vide capítulo de Gestação Prolongada).1,3,9 Segundo a ACOG
em 2021, o parto é recomendado entre 38 e 39 semanas.20 A monitorização
da vitalidade fetal durante o trabalho de parto deve ser realizada com maior
frequência.4, 6
A cesariana sem tentativa de parto vaginal é uma opção apropriada para os casos
de prematuridade extrema e alterações graves na ultrassonografia com doppler.1
Sendo assim, fetos com CIUR estágios II, III e IV são indicações de cesárea
eletiva.6,9,10,18
Nos casos de CIUR, o clampeamento do cordão umbilical deve ser precoce, logo
após o primeiro movimento respiratório do RN, evitando-se maior transferência de
glóbulos vermelhos e piora na policitemia encontrada nesses RN.1 O fluxograma 2
trata da conduta obstétrica de acordo com o diagnóstico e com a classificação da RCF.
126
Manual de Condutas Obstétricas do HMIB
Fluxograma 2: Classificação da RCF e Conduta Obstétrica5,6,9,10
Legenda: AUF = Altura do fundo uterino / IG = Idade gestacional / USG = Ultrassonografia / PFE = Peso fetal estimado / PIG= Pequeno para idade gestacional
CIUR = Crescimento intrauterino restrito / IP = Índice de pulsatilidade / AUT = Artéria uterina / AU = Artéria umbilical / ACM = Artéria cerebral média
DV = Ducto venoso / ICP = Índice cérebroplacentário.
127
REFERÊNCIAS
2. Baschat AA, Planning management and delivery of the growth restricted fetus,
Best Practice & Research Clinical Obstetrics & Gynaecology (2018), doi: 10.1016/
j.bpobgyn.2018.02.009.
4. Divon, MY. Fetal growth restriction: Screening and diagnosis, Up to Date, Jan 2021.
12. Roberge S, Nicolaides K, Demers S, Hyett J, Chaillet N, Bujold E. The role of aspirin
dose on the prevention of preeclampsia and fetal growth restriction: systematic
review and meta-analysis. Am J Obstet Gynecol 2017;216: 110-20.e116.
13. Hermida, R.C., et al. Chronotherapy with low-dose aspirin for prevention of
complications in pregnancy. Chronobiol Int, 30(1-2):260-79, 2013.
128
14. Brown HL, Miller JM Jr, Gabert HA, Kissling G Ultrasonic recognition of the small-
for-gestational-age fetus. Obstet Gynecol. 1987;69(4):631.
15. Chang TC, Robson SC, Boys RJ, Spencer JA. Prediction of the small for
gestational age infant: which ultrasonic measurement is best? Obstet Gynecol.
1992;80(6):1030.
16. ACOG Practice Bulletin No. 204: Fetal Growth Restriction.American College of
Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Practice Bulletins—Obstetrics
and the Society forMaternal-FetalMedicin Obstet Gynecol. 2019;133(2):e97.
18. Mari, Giancarlo. Fetal growth restriction: Evaluation and management. Up to Date,
2021.
20. ACOG Committee Opinion No. 818: Medically, Indicated Late-preterm and Early
Term Deliveries. American College of Obstetricians and Gynecologists. Obstet
Gynecol. 2021;137(2): e29.
INTRODUÇÃO
Neste capítulo abordaremos as implicações do Diabetes Mellitus (DM) prévio à
gestação e Diabetes Mellitus Gestacional (DMG).
130
CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO
A classificação etiológica do DM está apresentada no quadro abaixo:
Para afirmar a presença de DM, basta que a paciente apresente glicemia de jejum
(de 8 a 12 horas) ≥ 126 mg/dL12 ou em coleta aleatória valor > 200 mg/dL associado
a sintomas inequívocos de hiperglicemia como poliúria, polidipsia e polifagia.3
ORIENTAÇÕES
Com relação ao DM prévio, o ideal é uma consulta pré concepcional para avaliação
dos níveis glicêmicos com intuito de reduzir as chances de malformações fetais,
abortamento e mortalidade perinatal, por meio do controle metabólico adequado
no período da concepção e da organogênese. Assim, pacientes com controles
inadequados devem ser desencorajadas a engravidar até atingir HbA1c em torno
de 7% e naquelas com valores acima de 10% a gestação está contraindicada.
Métodos contraceptivos seguros devem ser empregados até que o controle
glicêmico satisfatório seja obtido.5
132
materno adequado e para prevenir a ocorrência de desfechos fetais e neonatais
desfavoráveis.
Baixo peso: < 18,5 1,0 – 3,0 0,51 (0,44 – 0,58) 12,5 – 18,0
Adequado: 18,5 – 24,9 1,0 – 3,0 0,42 (0,35 – 0,50) 11,5 – 16,0
Devem ser orientadas a fracionar as refeições: pelo menos três refeições principais
(café da manhã, almoço e jantar) e dois ou três lanches saudáveis por dia, evitando
intervalos maiores de três horas. Gestantes em uso de insulina devem manter os
horários fixos das refeições, minimizando-se assim variações glicêmicas.6
PROPEDÊUTICA COMPLEMENTAR
Devem ser realizados, como método de rastreio, exame de fundo de olho e avaliação
CONTROLE GLICÊMICO
Nas gestações complicadas pelo Diabetes, a monitorização da glicemia deve ser
realizada a partir do diagnóstico e até o pós-parto visando à avaliação da eficácia
e da adesão à terapêutica e, consequentemente, obtenção de controle glicêmico
adequado. O mais indicado é a automonitorização da glicemia capilar, utilizando
fitas reagentes e glicosímetros.6
134
Tabela 2. Metas de controle glicêmico na gestação
**CA no p ≥ P75: controle mais restrito em torno de 80mg/dl para GJ e de 100 mg/dl 2h
pós-prandial
**CA no ≤ p25: controle mais flexível em torno de 100 para GJ e de 140mg/dl 2h pós-pran-
dial.
TRATAMENTO
Após duas semanas de dieta ou antes, conforme indicação clínica e idade
gestacional do diagnóstico, se os níveis glicêmicos permanecerem fora dos alvos
terapêuticos deve-se iniciar tratamento farmacológico.3
136
não houver reversão da hipoglicemia, repetir o processo. Em seguida, a paciente
deve ingerir um carboidrato de longa ação para evitar efeito rebote.18 Em casos
de hipoglicemia severa (rebaixamento de nível de consciência), devemos realizar
tratamento imediato com glicose hipertônica endovenosa (25 g de glicose a
50%, isto é, 5 ampolas) em bolus e sem diluição.18 Na ausência de acesso venoso
periférico estabelecido, pode-se utilizar glucagon (1 mg) por via SC ou IM.18
MOMENTO DO PARTO
O melhor indicador de sucesso na condução da gestação associada ao DM é o
parto de um RN a termo, com complicações e mortalidade equivalentes aos da
população geral. As indicações de interrupção da gestação estão discriminadas
na Tabela 5 abaixo.
INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO
DM prévio com complicações vasculares, dificuldades de
controle glicêmico e PFE > 4.000 g ou CIUR ou natimorto
Antes de 37 semanas prévio, deve ser discutido com a paciente, obstetra
e endocrinologista para avaliar riscos e benefícios da
manutenção da gestação.
Cabe ressaltar que a via de parto é uma decisão obstétrica, mas caso seja
programada cesárea eletiva para as pacientes em uso de insulina deve-se manter
a dose noturna de NPH e insulina regular e, em caso de Glargina, aplicar 50%
da dose. Orienta-se que seja feito um terço da dose de insulina NPH pela manhã
e, para a redução de riscos relacionados ao jejum prolongado, faz-se importante
a manutenção de hidratação venosa (soro fisiológico 0,9% ou ringer lactato, 30
ml/kg/dia) e aporte calórico mínimo (5 ampolas de glicose 50% diluídas em cada
frasco de 500 ml de SF 0,9%, EV, de 6h/6h). Sugerimos não utilizar soro glicosado
5% como solução de hidratação em pacientes com dieta oral zero, haja vista que
devido a sua osmolaridade, cerca de 80% do líquido infundido tende a permanecer
no espaço extravascular. Se necessário, deve-se administrar infusão contínua de
insulina regular ou ultrarrápida intravenosa com baixas doses.
A meta glicêmica, tanto para o parto cesáreo quanto para o parto vaginal, é
estipulada entre 70 mg/dL – 120 mg/dL.3
138
PÓS-PARTO
Entre 24h e 72h após o parto, suspender as medicações para pacientes com DMG,
realizar medidas de glicemia de jejum e pós-prandiais e, se apresentar controle
normal, suspender essas aferições.1,16 A maioria das mulheres apresentam
normalização das glicemias nos primeiros dias após o parto.16 Ainda, deve-se
ofertar dieta sem restrições e estimular o aleitamento materno que, além dos
benefícios ao bebê, está associado à prevenção do diabetes tipo 2 em mulheres
com histórico de DMG.16 Com relação às pacientes com DM 1 e 2, as doses de
medicações pré-gravídicas devem ser retomadas no pós-parto e introduzida dieta
específica.10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Diabetes mellitus gestacional in Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes
Sociedade Brasileira de Diabetes. 2019 – 2020. CLANNAD: Editora Científica,
2020.
10. ZUGAIB, Marcelo Zugaib Obstetrícia. Editora Rosana Pulcineli Viera Francisco -
3ª Edição. São Paulo: Manole, 2016.
14. Hod M, Kapur A, Sacks DA, et al. The International Federation of Gynecology and
Obstetrics (FIGO) Initiative on gestational diabetes mellitus: A pragmatic guide for
diagnosis, management, and care. Int J Gynaecol Obstet 2015; 131 Suppl 3:S173.
15. Donofrio MT, Moon-Grady AJ, Hornberger LK, et al. Diagnosis and treatment of
fetal cardiac disease: a scientific statement from the American Heart Association.
Circulation 2014; 129:2183.
16. Caughet, A.B. Gestational diabetes mellitus: Obstetric issues and management.
Up to Date, 2020.
19. Kjos, S.L. Pregestational (preexisting) and gestational diabetes: Intrapartum and
postpartum glycemic control. UpToDate, 2020.
140
SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GRAVIDEZ
Leonardo Ayres Coelho
Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa
Lucila Nagata
Maria Jocilda de Albuquerque Guimarães D’Oliveira
INTRODUÇÃO
As doenças hipertensivas na gestação são as principais causas de morbimortalidade
materna, correspondendo a 4,6% das complicações gestacionais e 16% das
mortes maternas mundialmente.1,2
ETIOLOGIA
A patofisiologia e a etiologia da pré-eclâmpsia provavelmente têm componentes
tanto maternos quanto fetais. Diversas hipóteses e teorias já foram discutidas
a respeito da etiologia da pré-eclâmpsia. A patogênese mais aceita atualmente
envolve alterações multifatoriais como: placentação deficiente (remodelamento
anormal das artérias espiraladas, diferenciação defeituosa do trofoblasto, alterações
de perfusão placentária e alterações de células da decídua); predisposição
genética; alterações imunológicas; síndrome de resposta inflamatória sistêmica;
desequilíbrio angiogênico; e fatores ambientais (baixo consumo de cálcio e
obesidade). 8,9,10,11,12,13,14,15
Pacientes com risco elevado para pré-eclâmpsia devem receber doses baixas de
aspirina (75 mg/dia a 150 mg/dia). Utilizamos a dose de 100 mg/dia, conforme
protocolo da Febrasgo,18 iniciada entre 12 semanas e 16 semanas de gestação,
podendo ser mantida até o parto para profilaxia da pré-eclâmpsia.1,17 Entretanto,
em consonância com o protocolo da Federação Brasileira de Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) , o serviço de alto risco do Hospital Materno
Infantil de Brasília (HMIB) interrompe a aspirina entre 34 e 36 semanas de
gestação devido ao maior risco de sangramento em procedimentos cirúrgicos.18
142
Pode-se iniciar a suplementação de cálcio (Ca) na primeira consulta em todas as
gestantes que apresentam baixa ingestão de Ca, mas em especial nas que também
possuem alto risco de pré-eclâmpsia.18 A ingestão diária de cálcio elementar em
gestantes deve ser de 1.000 mg/dia, se entre 19 e 50 anos, e 1.300 mg/dia, se
entre 14 e 18 anos. Pacientes que atingem essa meta por meio de ingestão na
alimentação nãose
1.000 mg/dia, necessitam de50
entre 19 e suplementação
anos, e 1.300demg/dia,
Ca (Anexo 1).18, 20 14 e 18 anos. Paciente
se entre
atingem essa meta não necessitam de suplementação de Ca (Anexo 1).18, 20
Assim, a dose recomendada para prevenção de PE em populações em que a
ingestãoAssim, a dose
de cálcio recomendada
é deficiente para
varia de 1,5prevenção
g/dia a 2 de PEde
g/dia emcálcio
populações em que a ing
elementar.
Essa dose pode
de cálcio ser dividida
é deficiente varia em
de três tomadas,
1,5 g/dia a 2 de preferência
g/dia de cálcio com as refeições,
elementar. Essa dose pod
para melhor aceitabilidade. 2
Observamos que o carbonato de Ca
dividida em três tomadas, de preferência com as refeições, para melhordisponível na aceitabilid
Secretaria de Saúde é de 1.250 mg, isto é, cada comprimido possui o equivalente
Observamos que o carbonato de Ca disponível na Secretaria de Saúde é de 1.250 mg, i
a 500 mg de Ca elementar.
cada comprimido possui o equivalente a 500 mg de Ca elementar.
DIAGNÓSTICO
4. Diagnóstico
As discussões mais recentes sobre o tema no mundo têm caminhado pa
As discussões mais recentes sobre o tema no mundo têm caminhado para a
descontinuaçãononouso
descontinuação uso
dada nomenclatura
nomenclatura maismais generalista
generalista de Doença
de Doença Hipertensiva Espe
Hipertensiva
Específica
da Gravidezda (DHEG)
Gravideze o(DHEG) e o estabelecimento
estabelecimento de quatro
de quatro síndromes síndromes na gestaç
hipertensivas
hipertensivas na gestação
definidas como:
1,21
hipertensãodefinidas como: hipertensão
gestacional, gestacional,
hipertensão arterial hipertensão
crônica, pré-eclâmp
arterial crônica, pré-eclâmpsia e hipertensão arterial crônica sobreposta (ou
hipertensão arterial crônica sobreposta (ou superposta ou superajuntada) por pré-eclâm
superposta ou superajuntada) por pré-eclâmpsia. Sendo, ainda, a pré-eclâmpsia
Sendo, ainda,
subdividida a pré-eclâmpsia
em: pré-eclâmpsia, subdividida com
pré-eclâmpsia em: sinais
pré-eclâmpsia,
de gravidadepré-eclâmpsia
e síndrome com sina
HELLP (Tabela
gravidade 2).22
e síndrome HELLP (Tabela 2).22
As alterações pressóricas podem ser classificadas em:18
As alterações pressóricas podem ser classificadas em:18
● Leve: PAS 140 mmHg-150 mmHg ou PAD 90 mmHg-100 mmHg
• Leve: PAS 140 mmHg-150 mmHg ou PAD 90 mmHg-100 mmHg
● Moderada: PAS 150 mmHg-159 mmHg ou PAD 100 mmHg-109 mmHg
• Moderada: PAS 150 mmHg-159 mmHg ou PAD 100 mmHg-109 mmHg
● Grave: PAS ≥ 160 mmHg ou PAD ≥ 110 mmHg
• Grave: PAS ≥ 160 mmHg ou PAD ≥ 110 mmHg
Tabela
Tabela2 2- Diagnóstico dasdas
- Diagnóstico Síndromes Hipertensivas
Síndromes na Gestação
Hipertensivas na Gestação
Síndrome Características
CONDUTA
Na suspeita de PE, além da aferição da PA, solicitamos os seguintes exames
laboratoriais para elucidar o diagnóstico e definir a gravidade do quadro:
Na PE, recomenda-se uma dieta normal, sem restrição significativa de sal, pois
isso pode gerar hipovolemia.18 Além disso, a redução da atividade física na PE
pode melhorar o fluxo uteroplacentário, porém não há evidências de que melhore
significativamente os principais resultados maternos e perinatais.18
30 mg - 60 Não administrar
mg 1x ao dia por via sublingual
Nifedipino Bloqueador Aumentar e evitar a utilização
(liberação de Canais a cada 7 da formulação em
intermediária de Ca 120 mg
dias se “liberação imediata” ou
ou
necessário “liberação rápida” pois
prolongada)
pode provocar quedas
abruptas de PA.
Bloqueador 2,5 mg - 10
de Canais mg
Anlodipino de Ca Dose única 20 mg Cautela na insuficiência
ou duas hepática
vezes ao dia
Contraindicado, se
Betabloquea- 50 mg - 200 insuficiência cardíaca
Metoprolol dor mg/ dia 200 mg descompensada
1 x–2 x/dia
146
10 mg, 4 x/ Não usar como
dia monoterapia
Vasodilata- Aumentar Efeito colateral:
dor perifé- a cada 2 taquicardia reflexa
Hidralazina rico dias se 200 mg Dose acima de 100 mg/
necessário dia aumenta o risco
para LES
Reavaliar em 20 min e
administrar 10 mg a 20 mg se
Nifedipino 10 mg, VO PA ainda elevada
(comprimido
simples) Associar outra classe de
10 mg anti-hipertensivo se resposta
insatisfatória após 3 doses
148
pode ser retomada com metade da dose e o magnésio sérico deve ser novamente
avaliado em 6h.1
150
Profilaxia de Crise Convulsiva/Eclâmpsia
A infusão deve ser suspensa caso o nível sérico esteja > 9,6 mg/
dl (8 mEq/L) e pode ser reiniciada com uma dose de manutenção
menor quando atingir o nível < 8,4 mg/dl (7 mEq/L)
Fonte: ACOG, 2020; Crowther, 2003; Constantine, 2011; Marret, 2007.
Abreviaturas: MgSO4: Sulfato de Magnésio; SF: Soro Fisiológico; SG: Soro Glicosado;
EV: Endovenoso; BIC: Bomba de Infusão Contínua; IMC: Índice de Massa Corpórea; ICC:
Insuficiência Cardíaca Congestiva; PCR: Parada Cardiorrespiratória
ECLÂMPSIA
A eclâmpsia geralmente se manifesta com convulsão tônico-clônica generalizada
e, na maioria das vezes, ocorre horas após os sinais e os sintomas premonitórios:30
• Hipertensão;
• Cefaleia frontal ou occipital persistente;
• Alteração visual (escotomas, cegueira cortical, visão embaçada, diplopia,
fotofobia); e
• Epigastralgia no quadrante superior direito,
As convulsões por eclâmpsia são habitualmente autolimitadas: a fase tônico-
clônica dura aproximadamente 1 a 3 minutos e o estado pós-ictal pode durar entre
10 a 20 minutos.30 Ressaltamos que 90% dos casos de início no pós-parto ocorrem
na primeira semana.30
152
O sulfato de magnésio é a primeira escolha no tratamento da eclâmpsia, contudo
sua função principal não é cessar a convulsão, haja vista que ela é autolimitada,
e sim prevenir novos episódios que ocorrem em 10% das pacientes tratadas de
forma expectante (Tabela 7).1 Em casos refratários, isto é, com convulsões que
durem mais de 20 minutos após a dose de ataque de sulfato de magnésio ou
quando ocorrem mais de dois episódios após o início do tratamento, recomenda-
se a hidantalização (Tabela 7).30
Eclâmpsia
Refratários
Prevenção Recorrência (convulsões por
Passos iniciais de novas de mais de 20 min ou Parto
convulsões convulsão mais de dois episó-
dios após MgSO4)
- Chamar ajuda; - Sulfato de Mg - 2 g a 4 g de - Fenitoína (50 mg/ - Após a
- Posicionar a (Esquema sulfato de Mg, ml – 1 Amp tem estabilização
gestante em Zuspan) IV em 5 5ml) materna;
decúbito lateral, minutos.
preferencialmente - Sonda vesical Hidantalização: - ≥ 34
esquerdo; de demora 5 Amp de Fenitoína semanas:
- Prevenir diluídas em 250 mL o parto
aspiração; - Suspender SF 9%). Correr em vaginal pode
- Administrar o sulfato de 60 min. ser
oxigênio (8 L/ Mg após 24h considerado
min - 10 L/min do parto se: Manutenção: e deve
por máscara não melhora dos 100 mg, IV a cada ocorrer em
reinalante); sinais e 8h ou até 24h
- Monitorar sintomas; 100 mg, VO a cada
sinais vitais; diurese ≥ 100 8h - < 34
- Hidralazina se mL/h por 2 semanas e
PAS ≥ 160 mmHg horas - SVD e nasogástri- sem colo
ou PAD ≥ 110 consecutivas ca se inconsciente favorável:
mmHg - IOT cesárea
- UTI
- TC de crânio
Fonte: ACOG, 2020; Norwitz 2, 2020; Zugaib, 2015
Abreviaturas: PAS (pressão arterial sistólica); PAD (pressão arterial diastólica); SF (soro
fisiológico); SVD (sonda vesical de demora); IOT (intubação orotraqueal); UTI (unidade de
terapia intensiva); TC (tomografia computadorizada)
154
pode-se proceder a incisão à Pfannenstiel, contudo deve-se evitar a compressão
do fundo uterino no momento da extração fetal para diminuir os riscos de ruptura
hepática.36
HIPERTENSÃO PÓS-PARTO
A pressão arterial naturalmente aumenta no pós-parto imediato e entre o terceiro
e o sexto dia. A hipertensão pós-parto ocorre em 20% das mulheres em até 6
semanas do parto e deve ser monitorada devido ao risco de AVC.24
Inibidores da Enalapril (5 mg-20 mg, VO, Podem ser utilizados em doses habituais
Enzima 1-2x/d, máx. 40 mg/d) com relativa segurança, porém os
Conversora de Captopril (12,5 mg-50 mg, VO, recém-nascidos lactentes parecem ser
Angiotensina 1-3x/d, máx. 450mg/d); mais suscetíveis a essas medicações,
(IECA) portanto o acompanhamento com
pediatra se faz necessário.
156
Vasodilatador Hidralazina (25 mg-50 mg, VO, Doses habituais da medicação, sem
Periférico 1-4x/d, máx. 200 mg/d) particularidades.
Fonte: August, 2020; Drugs and Lactation Database (LactMed) http://toxnet.nlm.nih.gov
ANEXO 1
COMPOSIÇÃO DE CÁLCIO POR 100 G DOS ALIMENTOS
Energia Cálcio
Descrição dos alimentos (kcal) (mg)
Cereais e derivados
Arroz, integral, cozido 124 5
Arroz, tipo 1, cozido 128 4
Aveia, flocos, crua 394 48
Biscoito, doce, maisena 443 54
Biscoito, salgado, cream cracker 432 20
Cereais, milho, flocos, sem sal 363 2
Cereal matinal, milho 365 143
Curau, milho verde 78 53
Farinha, láctea, de cereais 415 196
Mingau tradicional, pó 373 522
Pão, aveia, forma 343 109
Pão, milho, forma 292 78
Pão, trigo, forma, integral 253 132
Pão, trigo, francês 300 16
Pipoca, com óleo de soja, sem sal 448 3
Polenta, pré-cozida 103 1
Torrada, pão francês 377 19
Leite e derivados
Bebida láctea, pêssego 55 89
Creme de Leite 221 83
Iogurte, natural 51 143
Leite, condensado 313 246
Leite, de vaca, desnatado, pó 362 1363
Leite, de vaca, desnatado, UHT * 134
Leite, de vaca, integral * 123
Leite, de vaca, integral, pó 497 890
Queijo, minas, frescal 264 579
Queijo, minas, meia cura 321 696
Queijo, mozarela 330 875
Queijo, parmesão 453 992
Queijo, prato 360 940
Queijo, requeijão, cremoso 257 259
Queijo, ricota 140 253
Ovos e derivados
Omelete, de queijo 268 166
Nozes e sementes
Amêndoa, torrada, salgada 581 237
Castanha-de-caju 570 33
Castanha-do-Brasil, crua 643 146
Gergelim, semente 584 825
Linhaça, semente 495 211
158
REFERÊNCIAS
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and Preeclampsia. ACOG Practice Bulletin: Clinical Management Guidelines for
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Lexicomp, Inc. 2020.
INTRODUÇÃO
As hemorragias da segunda metade da gravidez envolvem enfermidades que
podem ocorrer a partir da 20ª semana de gestação.1 Apesar dos avanços da
medicina e independentemente do desenvolvimento econômico social do país, são
uma das principais causas de morbimortalidade materno-fetal da atualidade.1
162
Tabela 1. Causas de hemorragia na segunda metade da gestação
- Gestações - Hipertonia ou
múltiplas hipersensibilida-
de e dor à
- Oligoâmnio/
palpação uterina
polidrâmnio
- Trauma
- Malformações
uterinas
- Diabetes
pré-gestacional
- Placenta prévia
CLASSIFICAÇÃO
O descolamento prematuro de placenta (DPP) pode ser classificado de acordo com
os achados clínicos da seguinte forma:1,3
164
- GRAU III – grave. Feto morto e alterações mais acentuadas de hipotensão arterial
materna e hipertonia uterina. Divide- se em:
A placenta prévia total também tem sua classificação de acordo com a localização:1,3
I. Placenta prévia centro-total
II. Placenta prévia centro-parcial
III. Placenta prévia marginal
IV. Placenta lateral ou de implantação baixa
AVALIAÇÃO
Em contraste com o sangramento na primeira metade da gravidez, o exame digital
do colo do útero deve ser evitado em mulheres que apresentam sangramento na
segunda metade da gravidez até que a placenta prévia tenha sido excluída.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de DPP é eminentemente clínico, porém achados ecográficos,
laboratoriais e a associação com estudos anatomopatológicos pós-parto podem
ser utilizados para reforçar o diagnóstico clínico.5,6 A história clínica clássica de
uma mulher com DPP consiste em sangramento vaginal súbito, de moderada
intensidade, associado a dor abdominal e/ou lombar e contrações uterinas.5,6
Ao exame físico notamos aumento da tonicidade uterina e da sensibilidade,
especialmente entre as contrações.5,6,7
CONDUTAS
DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA
A decisão da interrupção da gestação vai depender da gravidade do sangramento;
da condição materna e fetal; e da idade gestacional:14
166
período curto.14
PLACENTA PRÉVIA
Recomendamos o monitoramento ultrassonográfico com 32 semanas para
o acompanhamento da posição placentária, se a posição for < 2 cm do orifício
interno no segundo trimestre.15
168
• Considerar oferecer oxigênio em alto fluxo (10 l/min - 15 l/min) se SpO2
<95%.17
Perda
sanguínea < 15% 15% - 30% 31% - 40% >40%
aproximada
Normal/
Normal Aumentada
Frequência levemente Muito aumentada
(60 bpm - (120 bpm -
cardíaca aumentada (100 (>140 bpm)
100 bpm) 140 bpm)
bpm - 120 bpm)
Pressão de
Normal Diminuída Diminuída Diminuída
Pulso
Pressão
Normal Normal Diminuída Diminuída
Arterial
Normal/ Normal/
Normal
Frequência aumentada aumentada Aumentada
(15 irpm - 20
Respiratória (15 irpm - 30 (15 irpm - 30 (> 30 irpm)
irpm)
irpm) irpm)
Reduzido Anúria
Normal Normal
Débito Urinário (10 ml/h - 30 (< 5 ml/h - 10
(> 30 ml/h) (> 30 ml/h)
ml/h) ml/h)
Necessidade de Protocolo de
Monitorizar Considerar Sim
hemoderivados Transfusão Maciça
170
FLUXOGRAMA 2: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA
9. Jaffe MH, Schoen WC, Silver TM, et al. Sonography of abruptio placentae. AJR Am
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and Gynaecologists (RCOG). Antepartum Haemorrhage. London, 2011.
172
HEMORRAGIA PÓS-PARTO
INTRODUÇÃO
A hemorragia pós-parto (HPP) é uma emergência obstétrica, acomete 2% de
todos os partos, e está associada a um quarto das mortes maternas no mundo.1
A definição de HPP difere de acordo com cada organização, conforme tabela
abaixo:
Royal College of - HPP Minor: Perda sanguínea 500 mL - 1.000 mL/24h pós-parto
Obstetricians and - HPP Major: Perda sanguínea > 1.000 mL/24h pós-parto
Gynecologists 4 . Moderada 1.000 mL - 2000 mL/24h pós-parto
. Grave > 2.000mL/24h pós-parto
174
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO DURANTE A INTERNAÇÃO E
CONDUTAS PREVENTIVAS
De acordo com a identificação dos fatores de risco, devem-se seguir cuidados
diferenciados.2
OCITOCINA
A ocitocina pode ser administrada após a saída do ombro anterior, após o nascimento
ou após a dequitação placentária.6 Entretanto, não deve ser administrada antes da
saída do ombro anterior, pois pode exacerbar uma distocia de ombro.6
Recomendações:
Parto normal
Cesariana
• Esquema endovenoso
176
• Uso racional da ocitocina no trabalho de parto, pois pode ocorrer
dessensibilização expressiva dos receptores de ocitocina, o que
culminaria com uma hipocontratilidade no pós-parto.2
Avaliação isolada da hemoglobina (Hb) e do hematócrito (Ht) deve ser feita com
cautela, pois são indicadores ruins de perda sanguínea aguda – eles podem não
declinar imediatamente após uma hemorragia aguda.16
178
Tabela 5 - Estimativa de perda sanguínea por visualização das compressas
Compressas
Poça 75 cm 500 mL
(diâmetro)
100 cm 1.000 mL
Cama com poça Poça sobre o lençol < 1.000 mL
de sangue
Sangue fluindo para o chão > 1.000 mL
Fonte: Adaptado de OPAS; 2018.
Perda sanguínea
< 15% 15% - 30% 31% - 40% > 40%
aproximada
Normal/
Normal levemente Aumentada Muito
Frequência
(60 bpm - aumentado (120 bpm - aumentada
cardíaca
100 bpm) (100 bpm-120 140 bpm) (> 140 bpm)
bpm)
Tempo de Normal
Normal Lentificado Lentificado
Enchimento (< 3seg-5
(< 3seg - 5seg) (> 5seg) (> 5seg)
Capilar (TEC) seg)
Pressão Arterial Normal Normal Diminuída Diminuída
Normal/ Normal/
Normal
Frequência aumentada aumentada Aumentada
(15 irpm - 20
Respiratória (15 irpm - 30 (15 irpm - 30 (> 30 irpm)
irpm)
irpm) irpm)
Reduzido Anúria
Normal Normal
Débito Urinário (10 ml/h - 30 (< 5 ml/h - 10
(> 30 ml/h) (> 30 ml/h)
ml/h) ml/h)
ECG: < 14
ECG:15 ECG: < 15
Escala de Coma ECG:15 (confuso/
(Ansioso/
de Glasgow (Ansioso) letárgico/
confuso)
coma)
Índice de
- - ≥ 0,9 ≥ 1,4
Choque
Protocolo de
Necessidade de
Monitorizar Considerar Sim Transfusão
hemoderivados
Maciça
Fonte: Adaptado de ATLS:10ª Edição, 2018.
TEC: Realizar uma leve compressão no leito ungueal do dedo indicador por 10seg. Retirar a
pressão e contar os segundos até o restabelecimento da cor (perfusão) completa.
180
PROTOCOLO DE TRATAMENTO DE HPP
OBJETIVOS DO TRATAMENTO:5
MEDIDAS INICIAIS
MEDICAMENTOS
182
- 800 mcg via retal2,16 - Contraindicações:
. doença vascular cerebral
Misoprostol - ou 400 mcg via sublingual16 . doença coronariana
(3ª escolha) - Pico: 1h, se via retal; 30 min, se - Monitorar temperatura, pode
sublingual16 ocorrer febre de 40ºC (tratar
prontamente)
Ácido - 1 g (4 ampolas) diluído em 100 - Infusão > 250 mg/min pode
Tranexâmico mL SF 0,9%, EV, infundir em 10 causar hipotensão16
(iniciar minutos21
concomi- - Ajustar a dose para a função
tantemente - Iniciar assim que identificar a renal
com a hemorragia
ocitocina) - Não associar a outro medica-
- Repetir em 30 minutos se per- mento (no mesmo soro ou no
sistência do sangramento ou mesmo equipo)28
ressangramento dentro de 24
horas
Fonte: Adaptado de OPAS, 2018.
FLOW CHART:
• Stage 0:
Manejo ativo do 3º período do parto com medidas preventivas e
monitorização clínica habitual do puerpério
Caso seja diagnosticada HPP > iniciar protocolo de HPP e
prosseguir ao Stage 1.
• Stage 1:
Acionar protocolo de HPP e tratar possíveis causas.
Caso paciente persista sangrando ou com instabilidade
hemodinâmica após medidas realizadas > prosseguir ao Stage 2.
• Stage 2:
184
(Advanced Trauma Life Support) suportam a proporção de 1:1:1
(concentrado de hemácia; plasma fresco congelado; plaquetas).17,22,23
• Metas Transfusionais:26
• Hemoglobina > 7 g/dL
• Plaquetas > 50.000/mm3, 26
• Fibrinogênio > 300 mg/dL
• Tempo de protrombina < 1,5 x o valor do controle
• TPPa < 1,5 x o valor do controle
Tabela 8 - Hemoderivados
Hemoderivados
Componente Composição Observações
Sangue total Hemácias, plaquetas, - Raramente indicado
1 unidade = 500 ml plasma - Considerar quando forem
necessárias > 5 - 7 unida-
des de concentrado de
hemácias
186
- Retenção de tecido placentário: extração manual, se houver plano
de clivagem (sem plano de clivagem não realizar devido ao risco de
acretismo) ou curetagem;
188
Fluxograma 1 - Condutas na HPP (Resumo)
190
Fonte: Adaptado de Obstetric Emergency Management Plan: Flow Chart Format. California Maternal Quality Care Collaborative
Hemorrhage Taskforce - Stanford University School of Medicine, 2015.
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Farmácia Hospitalar. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ministério
da Educação. Florianópolis: Hospital Universitário Prof. Polydoro Ernani de São
Thiago, 2019.
192
DISTÚRBIOS TROMBOEMBÓLICOS
DURANTE A GESTAÇÃO
Carolina Genaro Pultrin
Andressa Luiza Costa Rodrigues de Paiva
Alexandre Pavan Garieri
INTRODUÇÃO
Tromboembolismo venoso (TEV) refere-se à trombose venosa profunda (TVP) e/ou
embolia pulmonar (EP) e representa hoje uma importante doença, com potencial
gravidade quanto à mortalidade materna.1,2 Quando controladas as causas
clássicas dessa mortalidade – infecções puerperais, doenças hipertensivas e
hemorrágicas -, o TEV aparece como uma das principais causas de morte materna
- quinta causa em nível global, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e
primeira em alguns países desenvolvidos, como Estados Unidos.1,3 Estima-se que
no Brasil os problemas relacionados ao TEV são responsáveis por 4,2% de todas
as causas de mortalidade materna.2
DIAGNÓSTICO
Apesar da suspeita clínica ser importante, os sinais e sintomas observados na TVP
e na EP são inespecíficos, se sobrepondo a muitas das características da gravidez
normal. Assim, o diagnóstico é auxiliado por exames complementares.4
Exames complementares:3,4,5
194
• Venografia por Ressonância Magnética: alta sensibilidade e
especificidade na detecção de trombose pélvica e de membros.6
B. EMBOLIA PULMONAR
Exames complementares:
TRATAMENTO E PROFILAXIA
A estratificação de risco deve ser realizada em todo o período pré-gestacional,
com reavaliação ao longo do pré-natal e durante a internação.1 Não há dados
Embora a heparina não fracionada (HNF) possa ser usada durante a gravidez,
tanto na prevenção quanto no tratamento do tromboembolismo, a heparina de
baixo peso molecular (HBPM) – enoxaparina – tem um perfil de segurança melhor
do que a HNF com incidência de sangramento e outras complicações mais baixas.5
A HNF intravenosa deve ser considerada em pacientes que possam necessitar de
trombólise, cirurgia ou parto de urgência.5 Destacamos que a varfarina deve ser
evitada, especialmente no primeiro trimestre por seu potencial teratogênico.7
Para mulheres que estão recebendo heparina de baixo peso molecular na dose
profilática, a descontinuação é recomendada pelo menos 12 horas antes da indução
programada do parto ou parto cesáreo; um intervalo de 24 horas é recomendado
para pacientes com dose intermediária ou terapêutica.11 Para doses de heparina
não fracionada de 7.500 unidades SC, duas vezes ao dia ou mais, um intervalo
de 12 horas, bem como avaliação da coagulação com testes laboratoriais são
recomendados.11 Em mulheres recebendo anticoagulação terapêutica, pode ser
196
trocado a HBPM por HNF, sendo que o propósito dessa conversão não está no
risco de sangramento materno e sim no risco de hematoma espinhal.11 Quando
houver alto risco para TEV, pode-se substituir a HBPM por HNF na internação,
pois esta pode ser descontinuada 4h a 6h antes do parto.7
A HBPM pode prolongar o TTPa, mas não deve ser monitorizada para resposta terapêutica.
1
Heparina
Abreviaturas: SC (subcutâneo); EV (endovenosa) Dose
Profilática - 40 mg, SC, 1 vez ao dia
- Ao alcançar a dose
SC terapêutica: solicitar o
TTPa em 3 - 4 dias e, em
seguida, a cada duas
Heparina Não semanas;
- Infusão contínua de 18
UI/kg/hora;
- Solicitar o TTPa 1 x a 2 x
ao dia após atingir a dose
terapêutica.
A HBPM pode prolongar o TTPa, mas não deve ser monitorizada para resposta terapêutica.
1
198
Tabela 4 - Conduta de Acordo com os Fatores de Risco para Tromboembolismo
Venoso
200
diagnóstica, mesmo antes dos exames laboratoriais estarem disponíveis.12 As
medidas iniciais são: suspender heparina e varfarina; iniciar um anticoagulante
que não seja heparina ou varfarina.12
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2019.
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2020.
INTRODUÇÃO
Os hemocomponentes são frações do sangue obtidas através de processos físicos,
como centrifugação e congelamento.¹ São produtos gerados de doação de sangue
total ou por aférese, sendo divididos em: concentrado de hemácias, concentrado
de hemácias desleucocitadas, concentrado de hemácias lavadas, plasma fresco,
concentrado de plaquetas randômicas, concentrado de plaquetas por aférese, Pool
de Buffy Coat, concentrado de granulócitos e crioprecipitado.¹
Metas Transfusionais
Hemoglobina > 8 g/dl
Hematócrito 21% - 24%
Plaquetas > 50.000 (ou > 100.000 se sangramento ativo)
Protrombina < 1,5 vezes o controle
PTTa < 1,5 a 1,7 vezes o controle
Fibrinogênio > 200 mg/dl
Fonte: OPAS. Recomendações assistenciais para prevenção, diagnóstico e tratamento da
hemorragia obstétrica, 2018.
202
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS (CH)
O CH é indicado para tratar ou prevenir iminente e inadequada liberação de
oxigênio (O2) aos tecidos.¹ A decisão sobre a transfusão de CH deve ser baseada em
fatores clínicos e laboratoriais, como: idade do paciente, velocidade de instalação
da anemia, história natural da anemia, volume intravascular, uso de medicações
e a presença de cofatores fisiológicos que afetam a função cardiopulmonar.² É
mandatório que classifiquemos o grau de choque para melhor propedêutica
quando diante de um sangramento.⁴
Transfusão maciça
Se TTPa/R ou TP/INR for superior a 1,6 - 1,8 antes de procedimento invasivo ou
cirúrgico
204
Tempo de Protrombina: TP, Tempo de Tromboplastina Parcialmente Ativada: TTPa,
Índice Internacional Normalizado: INR
Fonte: EBSERH. Protocolo de Transfusão Segura de Hemocomponentes, 2018.
Púrpura pós-transfusional.
A obtenção de plaquetas pode ser realizada por sangue total ou por aférese.7
206
aproximado de 40 ml a 70 ml.³,7 Elas podem ser preparadas em pool, que é obtido
pela junção de 3 a 5 unidades de buffy coat (plaquetas são extraídas da camada
leucoplaquetária de uma bolsa de sangue total).1,7
HEMOTRANSFUSÃO MACIÇA
O índice de choque (IC) é um marcador de instabilidade hemodinâmica
e um método eficaz para estimar perda volêmica. É calculado pela razão
entre frequência cardíaca e a pressão arterial sistólica e, quando diante de
208
um IC ≥ 1.4, estaremos em frente a um caso em que será necessário abrir o
protocolo de hemotransfusão maciça.4 (Vide capítulo Hemorragia pós-parto)
REAÇÕES PÓS-TRANSFUSIONAIS
A reação transfusional é toda e qualquer intercorrência que ocorra como
consequência da administração de hemocomponentes, seja durante ou após a
sua administração.² São classificadas em imediatas – as que ocorrem até 24h
após transfusão – ou tardias, quando ocorrem após 24h de sua realização. Podem
ocorrer devido a reações imunológicas ou não imunológicas.²
210
REFERÊNCIAS
3. Júnior PB, Garcia PC. Manual de Transfusão Sanguínea para Médicos. Botucatu,
2017.
INTRODUÇÃO
Êmese Gravídica (EG) é uma queixa muito comum durante as primeiras semanas
de gestação. É comumente referida como sensação de náusea pela manhã, sendo
possível ocorrer em qualquer horário do dia, ou da noite, e afeta em algum grau
boa parte das gestantes.1,2
QUADRO CLÍNICO
A EG expressa-se pela presença de náuseas, acompanhadas ou não de vômitos, que
costumam aparecer com 5 a 6 semanas de gestação, atingem maior frequência
entre 9 e 11 semanas e geralmente melhoram com 16 a 20 semanas.9 Em 15% a
30% das gestantes, os sintomas podem persistir além das 20 semanas.6 Incide
212
em 50% a 80% das gestantes, sendo 25% dessas pacientes classificadas com
quadro de náusea exclusivamente matinal.7,8
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de hiperêmese é de exclusão, necessitando de uma anamnese
detalhada e de exames laboratoriais.9 Apesar da hiperêmese ser um quadro severo
do espectro da náusea e vômito gestacional, não há um limite claro entre esses
quadros clínicos.9
A. ANAMNESE
O início do quadro após a 20ª semana merece maior atenção, uma vez que apenas
25% das hiperêmeses gravídicas iniciam após esse período.4
214
Tabela 2 - Escore PUQE (Pregnancy Unique Quantification of Emesis)
Escore PUQE
Pergunta Resposta (pontuação)
Não sinto náuseas (1)
1 hora ou menos (2)
Por quanto tempo se sentiu nauseada nas
2 – 3 horas (3)
últimas 24 horas?
4 – 6 horas (4)
6 horas ou mais (5)
Não vomito (1)
1 - 2 vezes (2)
Quantos episódios de vômitos apresentou nas
3 - 4 vezes (3)
últimas 24 horas?
5 - 6 vezes (4)
7 vezes ou mais (5)
Nenhuma (1)
1 - 2 vezes (2)
Quantos momentos observou intensa salivação
3 - 4 vezes (3)
e esforço de vômito nas últimas 24 horas?
5 - 6 vezes (4)
7 vezes ou mais (5)
LEVE ≤ 6,
MODERADO 7-12
SEVERO ≥ 13
Fonte: Adaptado de Lacasse. Validity of the modified-PUQE. Am J Obstet Gynecol 2008.
Febrasgo, 2018.
B. EXAME FÍSICO
Nos casos moderados e graves, podem-se identificar perda de peso > 5%;
desidratação; e desequilíbrio eletrolítico.6
C. EXAMES LABORATORIAIS
Exame Resultado
Hemograma Hematócrito elevado
Anemia megaloblástica
Transaminases, amilase, lipase, bilirrubina Elevadas
Ureia, creatinina Elevadas
Glicose Diminuída
Proteínas Diminuídas
Tiamina Diminuída
Hormônios Tireoidianos TSH diminuído
T3 e T4 elevados
Perfil eletrolítico Cloro, potássio e sódio diminuídos
Gasometria Alcalose metabólica
Rotina de urina Densidade alta
Cetonúria
Fonte: adaptado de Febrasgo, 2018.
TRATAMENTO
O manejo das náuseas e vômitos na gravidez depende da gravidade dos sintomas
e sua interferência na qualidade de vida da gestante (Tabela 2). Inicialmente, deve-
se explicar que náuseas e vômitos são sintomas comuns à maioria das gestantes e
que devem desaparecer no final do primeiro trimestre.
216
O tratamento consiste em mudanças na dieta e no estilo de vida, seguido por
tratamento medicamentoso, se necessário.
• ORIENTAÇÕES DIETÉTICAS:
Sugerem-se refeições leves, em pequenas porções e com intervalos de 1h-2h.
14
Preferir alimentos secos, pobres em gorduras e açúcares.14,16 Evitar gatilhos
ambientais, como deitar logo após alimentar-se, alimentos com odores fortes,
ambientes abafados.14 Evitar líquidos 30 minutos antes ou uma hora após as
refeições. O hábito de escovar os dentes logo após uma refeição, cuspir a saliva e
lavar a boca várias vezes durante o dia pode ser útil.6,7,9
• TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
a) Piridoxina (vitamina B6)
- CATEGORIA A
- Dose: 10 mg-25 mg (VO) a cada 6h/8h.
- Dose máxima sugerida, para mulheres grávidas: 200 mg/dia.
-Indicada para náusea leve a moderada, mas não reduz significativamente
o vômito.7,9
• Anti-histamínicos (hidroxizine)
• Diuréticos
• Anticolinérgicos
• Antiarrítmicos (amiodarona)
• Antipsicóticos (haloperidol, clorpromazina)
• Antidepressivos tricíclicos
218
- Meclizina
• CATEGORIA B
• Dose: 25 mg (VO) a cada 4h/6h.
- Prometazina
• CATEGORIA C
• Dose: 12,5 mg/25 mg (VO/IM) a cada 4h/6h.
• É também um antagonista fraco da dopamina.
e) Sedativos:
- Levomepromazina
• CATEGORIA C
• Dose: 3 mg (3 gotas – solução 4%) (VO) de 8h/8h.
- Diazepam
• CATEGORIA C
f) Glicocorticoides:
- Prednisona
• CATEGORIA C
• Dose: 40 mg/dia (VO) no primeiro dia, 20 mg/dia (VO) nos próximos. 3
dias, 10 mg/dia (VO) por mais 3 dias e 5 mg/dia (VO) por 7 dias.
- Dexametasona
• CATEGORIA C
• Dose: 6 mg, EV, 24h/24h.
Fonte: Adaptado de ACOG Nausea and vomiting of pregnancy. Obstet Gynecol. 2018
Abreviaturas: VO (via oral); EV (via endovenosa); IM (via intramuscular).
220
REFERÊNCIAS
2. Vellacott ID, Cooke EJA, James CE. Nausea and vomiting in early pregnancy. Int J
Gynaecol Obstet 1988;27:57-62.
4. Viljoen et al. A systematic review and meta-analysis of the effect and safety of
ginger in the treatment of pregnancy-associated nausea and vomiting, Nutrition
Journal 2014, 13:20.
6. Vaz JO. Náuseas e vômitos na gravidez. São Paulo: Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo
– Obstetrícia, nº 3/Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal).
10. Colás OR. Hiperemese Gravídica. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo
– UNIFESP, Guia de Medicina, Ambulatorial e Hospitalar; 2006. Capítulo 18, p129-
143.
11. Duarte G, Cabral ACV, Vaz JO, Moraes Filho OB. Êmese da gravidez. São Paulo:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2018. Capítulo
2, Etiologia; p. 4-9. [Orientações e Recomendações FEBRASGO, no.2/Comissão
Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal].
12. Cabral AC, Duarte G, Moraes Filho OB, Vaz JO. Êmese da gravidez. São Paulo:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2018. Capítulo
3, Prognóstico e diagnóstico; p.10-15. [Orientações e Recomendações FEBRASGO,
no.2/Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal].
15. Neural tube defects. ACOG Practice Bulletin No. 187. American College of
Obstetricians and Gynecologists. Obstet Gynecol 2017;130:e279–90.
16. Power ML, Holzman GB, Schulkin J. A survey on the management of nausea and
vomiting in pregnancy by obstetrician/gynecologists. Prim Care Update Ob Gyns
2001;8:69–72.
18. Parker SE, Van Bennekom C, Anderka M, Mitchell AA. Ondansetron for Treatment
of Nausea and Vomiting of Pregnancy and the Risk of Specific Birth Defects.,
National Birth Defects Prevention Study Obstet Gynecol;132(2):385, 2018.
19. Zambelli-Weiner A, Via C, Yuen M, Weiner DJ, Kirby RS. First trimester ondansetron
exposure and risk of structural birth defects. Reprod Toxicol. 2019;83:14. Epub
2018.
20. Andrade C J. Major Congenital Malformation Risk After First Trimester Gestational
Exposure to Oral or Intravenous Ondansetron. Clin Psychiatry. 2020;81(3) Epub
2020.
222
ÓBITO FETAL
Jaqueline Santos Ribeiro
Alexandre Pavan Garieri
Andreia Regina da Silva Araujo
INTRODUÇÃO
Óbito fetal ou morte fetal, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),
em consonância com a Classificação Internacional de Doenças, 11ª edição (CID-11),
é definido como a morte de um produto da concepção antes ou durante o trabalho
de parto, que ocorre antes da sua expulsão ou da sua extração completa, a partir
da ausência de sinais de vida, como respiração, pulsação do cordão umbilical,
batimentos cardíacos ou movimentos espontâneos.1,2 A OMS considera o termo
natimorto quando a idade gestacional for maior ou igual a 28 semanas.2,3
CAUSAS
As mortes fetais por causas desconhecidas representam 30% a 40% do total. Já
as conhecidas podem ser divididas em três grupos: placentárias, maternas e fetais
(Tabela 1).3,6
• Rastrear hipertensão.
• Rastrear diabetes mellitus e diabetes gestacional: glicemia de jejum no
primeiro trimestre e TOTG no segundo.
• Controlar o ganho ponderal.
• Realizar sorologias para HIV e sífilis no primeiro trimestre.
• Recomendar o uso de ácido fólico antenatal para evitar distúrbios do
fechamento do tubo neural.8
• Usar AAS 100 mg e de cálcio nas mulheres com história de pré-
eclâmpsia.9
• Solicitar tipagem sanguínea, fator Rh e Coombs indireto, mesmo nas
pacientes com Rh positivo em virtude da aloimunização por Kell.10
• Realizar acompanhamento e perfil biofísico fetal regular de fetos com
crescimento intrauterino restrito.11
• Incentivar paciente a diminuir a carga tabágica ou a parar de fumar.12
• Realizar a monitorização da vitalidade fetal durante o trabalho de parto
regularmente e usar o partograma.
DIAGNÓSTICO
Quando nos referimos às gestações inviáveis, consideramos as perdas gestacionais
que ocorrem até a 20ª semana (discutidas no capítulo Gestação Inviável) e, acima
dessa idade gestacional, denominaremos de morte fetal:13
224
Após o parto, a investigação da etiologia do óbito fetal é auxiliada pela avaliação
macroscópica, microscópica e histopatológica da placenta e do feto e por testes
laboratoriais, como: sorologias; glicemia; hemograma; dosagem de anticorpos
antifosfolípides; bacterioscopia e cultura de colo uterino; e necropsia.14,15
CONDUTA
Diante de um quadro de óbito fetal, é importante uma abordagem multidisciplinar,
na qual médicos, enfermeiros e psicólogos têm papel fundamental.
A. CONDUTA EXPECTANTE
B. CONDUTA ATIVA
Em termos de conduta ativa, deve-se optar pela indução do trabalho de parto via
vaginal.15 O uso de prostaglandinas (Tabela 3), principalmente local, está associado
a bons desfechos quando se tem um colo desfavorável (escore de BISHOP <
6)15,17. Deve-se optar pela cesariana apenas em situações específicas (Tabela 4),
resguardando o desejo da paciente.15
226
Contraindicações19
Cuidados Gerais
- Antes da inserção, pode-se imergir o comprimido de misoprostol em soro
fisiológico 0,9%.15
- Não usar ocitocina nas primeiras 4 horas após a inserção do misoprostol.21
- Quando houver dinâmica uterina de ≥ 2 contrações dolorosas em 10 minu-
tos, não iniciar ou não realizar a dose seguinte de misoprostol.22
Fonte: Adaptado de FIGO, 2017. Paiva JP e Feitosa FEL, Óbito Fetal, EBSERH, 2020.
Bartz, DA e Blumenthal, PD, Up To Date, 2021. Grobman, W, Up To Date , 2020.
Absolutas Relativas
- Placenta prévia centro total - Duas ou mais cesáreas anteriores
- Hemorragia acentuada - Feto em posição transversa
- Descolamento prematuro de placenta com
instabilidade hemodinâmica materna
- Desproporção cefalopélvica
- Obstrução do trajeto
Fonte: Paiva JP, Feitosa FEL. Protocolo Clínico. Óbito fetal. Universidade Federal do Ceará.
EBSERH, 2020.
228
Fluxograma 1 - Conduta no Óbito Fetal
Fonte: Paiva JP e Feitosa FEL, Óbito Fetal, EBSERH, 2020. Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Manual Técnico da Gestação de Alto Risco. 5ª Edição.
Brasília, 2012.
1. Barros PS, Aquino EC, Sousa MR. Fetal mortality and the challenges for women’s
health care in Brazil. Rev. Saúde Pública, 2019, vol.53, 12. Epub Jan 31, 2019.
ISSN 1518-8787. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053000714.
2. World Health Association. ICD - 11 for Mortality and Morbity Statistics. 11ª Revisão.
Disponível em https://icd.who.int/browse11/l-m/en.
6. Sun SY, Mattar R, Carvalho N, Braga Neto AR. Óbito fetal. São Paulo: Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018.
(Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 84/ Comissão Nacional Especializada em
Gestação de Alto Risco).
8. Goola JD, Hirchea H, Laxa H, Schaepdrijver L. Folic acid and primary prevention
of neural tube defects: A review. Reproductive Toxicology, volume 80, Setembro
2018. DOI: 10.1016/j.reprotox.2018.05.004.
9. Hofmeyr GJ, Lawrie TA, Atallah ÁN, Duley L, Torloni MR. Calcium Supplementation
During Pregnancy for Preventing Hypertensive Disorders and Related Problems.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2014, Issue 6. Art. No.: CD001059.
2018;10(10). DOI: 10.1002/14651858.CD001059.pub4.
230
11. Baschat AA. Planning Management and Delivery of the Growth-Restricted Fetus.
Best practice & research Clinical obstetrics & gynaecology. Epub Março 2018.
DOI:10.1016/j.bpobgyn.2018.02.009.
15. Paiva JP, Feitosa FEL. Protocolo Clínico. Óbito fetal. Universidade Federal do
Ceará. EBSERH. Emissão: Abril, 2020. Disponível em http://www2.ebserh.gov.
br/documents/214336/5215516/%C3%93BITO+FETAL+-+PRO.MED-OBS.021.
pdf/4d3bf300-6d81-4bf0-b83d-727969b7304b.
18. Morris, J.L., Winikoff, B., Dabash, R., Weeks, A., Faundes, A., Gemzell‐Danielsson,
K., Kapp, N., Castleman, L., Kim, C., Ho, P.C. and Visser, G.H. (2017), FIGO’s updated
recommendations for misoprostol used alone in gynecology and obstetrics. Int J
Gynecol Obstet, 138: 363-366. doi:10.1002/ijgo.12181.
22. Grobman, W. Techniques for ripening the unfavorable cervix prior to induction.
UpToDate Inc, 2020.
INTRODUÇÃO
A gestação pode ser classificada em: viável, viabilidade incerta e inviável1 (tabela
1). Quando nos referimos às gestações inviáveis, estamos considerando as perdas
gestacionais que ocorrem até a 20ª semana4 e, acima dessa idade gestacional,
denominaremos de morte fetal:
Terminologias
Viável Aquela que tem potencial de resultar em um recém-nascido
vivo
Não viável Aquela que não puder resultar em um recém-nascido vivo
232
Gestação de Teste de gravidez positivo, de urina ou sérico, e nenhum
localização achado ecográfico de gestação intrauterina ou ectópica é
desconhecida encontrado
Testes Diagnósticos
ETIOLOGIA
FATORES DE RISCO
DIAGNÓSTICO
ULTRASSONOGRAFIA
234
Tabela 2 - Critérios Ultrassonográficos para o Diagnóstico de Gestação Inviável
Critérios Diagnósticos de
Gestação Inviável no Primeiro Trimestre
Achados Diagnósticos Achados Suspeitos
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Dentre um quadro de Beta HCG positivo, sangramento transvaginal e/ou cólicas
uterinas devemos sempre nos deparar com os seguintes diagnósticos diferenciais:4
CONDUTA E TRATAMENTO
Neste protocolo, discutiremos apenas sobre a conduta e o tratamento dos casos
de abortamento (gestações anembrionadas e morte embrionária). As gestações
molares já possuem um protocolo específico do Hospital Regional da Asa Norte
(HRAN).
Diante de uma gestação inviável, podemos tomar três tipos de condutas básicas:
expectante, medicamentosa e cirúrgica.2,10 Ademais, devemos considerar a idade
gestacional, as comorbidades maternas e a estabilidade clínica de cada paciente.1
236
CONDUTA EXPECTANTE
Lembrar de:
CONDUTA MEDICAMENTOSA
238
em pacientes com cesárea prévia ou cicatriz uterina transmural, pois o risco de
ruptura uterina é inferior a 0,3%.9,14 Por outro lado, não há evidência de segurança
no uso de misoprostol em gestações acima de 26 semanas com cicatriz uterina
prévia.14
Pode ser realizado por meio de aspiração intrauterina (AMIU) e/ou curetagem,
sendo que, no primeiro trimestre, a OMS e a Federação Internacional de Ginecologia
e Obstetrícia recomendam sempre priorizar o uso de AMIU, ficando a curetagem
reservada para abortamentos incompletos de segundo trimestre e quando a
utilização de AMIU não seja possível no primeiro trimestre.16 Quando o colo uterino
se encontra fechado, sugere-se utilizar 400 mcg de misoprostol, via vaginal, 3h a
6h antes do procedimento.16
ANTIBIOTICOPROFILAXIA:
Pacientes com conduta cirúrgica (AMIU e/ou curetagem): fazer sempre a profilaxia
antibiótica, preferencialmente por via oral, em dose única, até 12 horas antes do
procedimento:16
ABORTO INFECTADO
240
• Iniciar antibioticoterapia com clindamicina 900 mg, EV, de 8h - 8h,
e gentamicina 3,5 - 5 mg/kg, EV, a cada 24 horas.12 Se não houver
resposta adequada, associar ampicilina 2 g, EV, de 6h - 6 h.16
• Somente após estabilização do quadro clínico é que se deve realizar
o esvaziamento uterino cirúrgico, preferencialmente por curetagem
uterina.16
SEGUIMENTO
A alta hospitalar da paciente poderá ser dada após conferência dos seguintes
protocolos:
PREVENÇÃO
Nos casos de ameaça de abortamento, a conduta é expectante, não existindo
indicação de internação hospitalar, mesmo na presença de hematoma
retroplacentário.5 Também não há conduta médica a ser tomada que possa alterar
a evolução do quadro, nem mesmo uso de progesteronas, relaxante muscular ou
vitaminas.4,16
242
FLUXOGRAMA
1. Doubilet PM, Benson CB, Bourne T, et al. Diagnostic criteria for nonviable
pregnancy early in the first trimester. N Engl J Med. 2013;369(15):1443-1451.
doi:10.1056/NEJMra1302417.
10. WEBSTER, Katie et al. Ectopic pregnancy and miscarriage: diagnosis and initial
management: summary of updated NICE guidance. Bmj, v. 367, 2019.https://www.
nice.org.uk/guidance/ng126/resources/ectopic-pregnancy-and-miscarriage-
diagnosis-and-initial-management-pdf-66141662244037.
244
Disponível em: https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/uog.18940.
12. ZUGAIB, Marcelo [et al]. Protocolos assistenciais, clínica obstétrica, FMUSP 5ª
Edição. São Paulo: Atheneu, 2016.
14. Morris, J.L., Winikoff, B., Dabash, R., Weeks, A., Faundes, A., Gemzell‐Danielsson,
K., Kapp, N., Castleman, L., Kim, C., Ho, P.C. and Visser, G.H. (2017), FIGO’s updated
recommendations for misoprostol used alone in gynecology and obstetrics. Int J
Gynecol Obstet, 138: 363-366. doi:10.1002/ijgo.12181.
INTRODUÇÃO
A colestase intra-hepática da gestação (CIHG) é o distúrbio hepático mais comum
na gravidez, e sua incidência varia em diferentes países e populações, entre 1%
e 27%.¹ É caracterizada por prurido, inicialmente, na palma das mãos, planta dos
pés e elevação sérica dos sais biliares e/ou transaminases. Na grande maioria das
vezes, ocorre no final do segundo e/ou no terceiro trimestre de gestação.²
Essa doença está associada a desfechos gestacionais adversos e sua etiologia não
é completamente conhecida, mas acredita-se que fatores ambientais, genéticos e
hormonais estejam envolvidos.¹
QUADRO CLÍNICO
A manifestação clínica mais característica é o prurido que, inicialmente, restringe-
se às palmas das mãos e às plantas dos pés, mas com o decorrer da doença pode
espalhar-se por todo o corpo. Não possui lesão cutânea específica e apresenta
maior intensidade à noite.4 Outros sintomas que podem estar presentes são: dor
em hipocôndrio direito, náuseas, inapetência, privação do sono e esteatorreia.³
246
prematuridade, líquido amniótico meconial, síndrome do desconforto respiratório
e até óbito fetal.²
Acredita-se que os óbitos fetais ocorram devido aos efeitos que os altos níveis de
ácidos biliares causam no coração do feto, acarretando arritmias.² Outros estudos
mostram que os sais biliares têm um efeito patológico na placenta, acarretando
vasoconstrição acentuada dos vasos coriônicos, sendo esta apontada como um
fator contribuinte para o óbito súbito intraútero.4
DIAGNÓSTICO
Na indisponibilidade da dosagem de sais biliares, o diagnóstico da CIHG é
eminentemente clínico e de exclusão, haja vista que as demais alterações
laboratoriais não são específicas da patologia.1,5
Há variação entre o nível de ácidos biliares para firmar o diagnóstico nos principais
guidelines, principalmente porque estes podem aumentar ao decorrer de gestações
saudáveis. Acredita-se que ácidos biliares acima de 10 micromol/l sejam indicativos
de CIHG, enquanto níveis maiores que 40 micromol/l caracterizam doença grave,
o que representa 20% dos casos. Quanto mais altos os níveis de ácidos biliares,
pior o prognóstico fetal, sendo que acima de 100 micromol/l estão, especialmente,
Em pacientes com CIHG, a fosfatase alcalina pode estar elevada até quatro
vezes o limite superior da normalidade, no entanto, é importante lembrar que no
terceiro trimestre essa enzima encontra-se aumentada como consequência da sua
produção pela placenta e da formação óssea fetal.³ As bilirrubinas encontram-se
elevadas em um quarto dos casos e não ultrapassam 6 mg/dl, enquanto a GGT não
costuma sofrer alteração.1,5
Outro parâmetro que também pode ser avaliado é o tempo de protrombina, que
habitualmente está normal.³
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Tabela 1 - Diagnósticos Diferenciais
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Causas específicas de prurido Prurido gestacional, penfigoide gestacional,
na gestação prurigo na gravidez
248
Tabela 2. Características clínicas das doenças hepáticas da gestação
CONDUTA E TRATAMENTO
As metas do tratamento da colestase são diminuir os sintomas maternos e a
morbimortalidade perinatal.¹ A droga mais usada é o ácido ursodesoxicólico
(UDCA), que deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico e é capaz de
melhorar o prurido em 60% das pacientes e cessá-lo completamente em 40%
dos casos. Essa melhora geralmente é observada cerca de 1 a 2 semanas após
início do uso, já a diminuição sérica dos ácidos biliares pode ocorrer em até três a
quatro semanas. Há, também, evidências de redução dos ácidos biliares no líquido
amniótico e no cordão umbilical com o uso dessa medicação.4
250
Tabela 3 - Tratamento da colestase intra-hepática da gestação
TRATAMENTO
MEDICAÇÕES DOSE POSOLOGIA
Não existe consenso entre as sociedades mundiais sobre o momento ideal para a
realização do parto.¹ Estudos mais atuais defendem que o parto deva ser indicado
entre 36 e 37 semanas, para diminuir o risco de óbito fetal ou imediatamente após
o diagnóstico em gestações a termo, sendo estes os pontos de corte usados no
HMIB.
252
REFERÊNCIAS
6. Lee, RH. Approach to liver disease occurring during pregnancy. Up to Date, 2019.
INTRODUÇÃO
Corioamnionite é definida como uma infecção do líquido amniótico, placenta, feto,
membranas amnióticas ou decídua.1 Estima-se uma prevalência de 2% - 5% dos
partos a termo.1 O risco de infecção aumenta após 40 semanas.1
PATOGÊNESE
A maior parte dos casos ocorre após ascensão bacteriana do trato genital
inferior para a cavidade amniótica, que normalmente é estéril.1 Apesar de
rara, a corioamnionite também pode ocorrer após procedimentos invasivos
(amniocentese, biópsia de vilo coriônico) ou secundária à infecção materna por
via hematogênica.1 A infecção bacteriana promove mecanismos de resposta
inflamatória materna e fetal, que podem desencadear trabalho de parto ou
ruptura de membranas.2
AGENTES ETIOLÓGICOS
É habitualmente uma infecção bacteriana polimicrobiana, em geral de
dois patógenos,3 envolvendo flora vaginal e entérica.2 Os microrganismos
mais comumente associados a corioamnionite são Mycoplasma hominis e
Ureaplasma urealyticum, sendo presentes no trato genital inferior em 70% das
mulheres.2 Outros patógenos frequentemente associados incluem anaeróbios
254
(incluindo Gardnerella vaginalis, Bacteroides), bacilos gram-negativos
entéricos e estreptococos do grupo B.2 Anaeróbios estão mais associados à
corioamnionite em parto pré-termo.2
FATORES DE RISCO
Trabalho de parto prolongado e ruptura de membranas por tempo prolongado são
os dois fatores de risco mais importantes. Outros fatores incluem: presença de
patógenos genitais, corioamnionite prévia, líquido amniótico meconial, múltiplos
toques vaginais, nuliparidade, tabagismo e alcoolismo.2,4,5
ACHADOS CLÍNICOS
Os principais achados clínicos são inespecíficos:6,7
Bacteremia
A bacteremia é mais comum quando associada ao Streptococcus 5% - 10%
do grupo B ou Escherichia coli (18% e 15%, respectivamente)
Líquido amniótico purulento com odor
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Trabalho de parto: pode ser associado à febre (se feito anestesia
peridural), taquicardia materna, leucocitose e sensibilidade uterina.
Além disso, a anestesia peridural pode mascarar a hipertonia uterina e
induzir taquicardia materna ou fetal.2
• Descolamento de placenta está relacionado com hipertonia uterina
e taquicardia materna, mas também está associado a sangramento
vaginal e ausência de febre.2
EXAMES COMPLEMENTARES
Hemograma completo.2
Proteína C Reativa (PCR): não faz parte da avaliação diagnóstica, pois não é útil
para o diagnóstico precoce de corioamnionite ou para prever sepse neonatal.9,10
Rastreio de outras infecções: exame de urina simples e urocultura são obtidos para
diagnóstico diferencial.
256
relativamente baixo e ainda menor capacidade de prever sepse neonatal.11,12
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de infecção intra-amniótica é baseado, essencialmente, em
achados clínicos. Contudo, pode-se lançar mão de parâmetros mais objetivos para
confirmação, como cultura e coloração Gram do líquido amniótico aliados à análise
bioquímica ou histopatologia da placenta, membranas fetais ou vasos do cordão
umbilical.¹³
REPERCUSSÕES MATERNO-FETAIS
Como a corioamnionite é o principal fator que leva ao trabalho de parto prematuro
e às sequelas na gestação, as estratégias de intervenção deveriam focar na
identificação precoce das gestantes de alto risco.1,13
Parto vaginal deve ser a primeira escolha de via de parto, com ressalvas às
indicações obstétricas de parto por via alta, haja vista que a cesariana na presença
de infecção intra-amniótica aumenta os riscos de infecção de sítio cirúrgico,
endometrite e trombose venosa.1
CONDUTA 2,13,15
1- Internação.
7- Antipiréticos, se febre.
258
ESQUEMA ANTIBIÓTICO PARA TRATAMENTO DE CORIOAMNIONITE-
INTRAPARTO VAGINAL:
5. Kim, Chong Jai et al. “Acute chorioamnionitis and funisitis: definition, pathologic
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260
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Speer L.Cochrane Database Syst Rev. 2015.
INTRODUÇÃO
A endometrite pós-parto refere-se à infecção da decídua (endométrio gestacional),
sendo uma causa comum de febre pós-parto e hipersensibilidade uterina.1
AGENTES ETIOLÓGICOS
Geralmente é polimicrobiana, envolvendo 2 a 3 aeróbios e/ou anaeróbios do trato
genital.1 Os principais microrganismos que podem causar endometrite após a
cesárea são: Streptococcus do grupo A ou B, aeróbicos gram negativos, Neisseria
gonorrhoeae, Mycoplasma hominis e algumas bactérias anaeróbias. Após parto
vaginal: anaeróbios, Gardnerella vaginalis e Gram negativos.³
262
Tabela 1. Agentes etiológicos
Agentes Etiológicos
Aeróbios Anaeróbios
FATORES DE RISCO
Cesárea (principal fator de risco, especialmente cesárea após o início do trabalho
de parto e caso a antibioticoprofilaxia não tenha sido realizada), vaginose
bacteriana, corioamnionite, trabalho de parto prolongado, bolsa rota por tempo
prolongado (>18h), presença de mecônio, remoção manual de placenta, baixo
nível socioeconômico, comorbidades maternas (diabetes mellitus, anemia grave,
obesidade, HIV), parto pré-termo ou pós-termo, parto vaginal operatório, excesso
de toques vaginais.1 A OMS recomenda um intervalo mínimo de 4 horas entre
toques vaginais para o acompanhamento da fase ativa do trabalho de parto, em
mulheres de baixo risco.2
PATOGÊNESE
Está relacionada à contaminação da cavidade uterina com microrganismos
vaginais durante o parto.4 O desenvolvimento de infecção depende da competência
de mecanismos de defesa, tamanho e virulência da bactéria.1
ACHADOS CLÍNICOS
Febre pós-parto (≥ 38,2 ºC), taquicardia, dor na linha média do abdome inferior e
aumento da sensibilidade uterina são os principais e mais frequentes achados
clínicos em mulheres com endometrite.³ Outros achados incluem: lóquios purulento,
calafrios, dor de cabeça, mal-estar e anorexia.³ O útero pode estar levemente
amolecido e subinvoluído, o que pode levar a um sangramento uterino excessivo.³
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de endometrite pós-parto é clínico e baseia-se na presença de febre
pós-parto que não pode ser atribuída a outra etiologia. Define-se morbidade febril
pós-parto como temperatura oral de ≥ 38,0 °C em dois dos dez primeiros dias após
o parto, excluindo as primeiras 24 horas,⁹ pois a febre baixa durante esse período
é comum e geralmente se resolve espontaneamente, principalmente após o parto
vaginal.10
264
A presença de alguns sinais de gravidade materna deve ser avaliada, como:
• Febre ≥ 39,4°C ou
• Febre ≥ 38,9°C mais um ou mais dos seguintes achados:
• Freqüência cardíaca ≥ 110 bpm, mantida por pelo menos 30 minutos
• Frequência respiratória ≥ 20 ipm, sustentada por pelo menos 30
minutos
• Leucócitos com ≥ 10 % de bastões
• Pressão arterial ≤ 90/60 mmHg, mantida por pelo menos 30
minutos.1
Sepse deve ser considerada em pacientes críticas, mesmo na ausência de febre.¹²
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Em mulheres com febre pós-parto, mas com mínima ou nenhuma dor em baixo
ventre ou corrimento vaginal purulento, outras fontes de febre pós-parto devem ser
consideradas. Algumas causas comuns de febre em pacientes pós-parto incluem:²
TRATAMENTO
A primeira opção de tratamento com resolução da infecção em 90% - 97% dos
casos e em pacientes com função renal normal é:17,18
266
FEBRE PÓS-PARTO PERSISTENTE
A avaliação da resposta ao tratamento na terapia medicamentosa deve ser
suspeitada quando há deterioração clínica após 48 horas da antibioticoterapia.
Nesse caso, o esquema de antibiótico deverá ser modificado e outras causas de
infecção investigadas.1
6. Acker DB, Johnson MP, Sachs BP, Friedman EA. The leukocyte count in labor. Am
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DEFINIÇÃO
Quadro clínico abdominal caracterizado por dor, de início súbito ou de evolução
progressiva, que necessita de definição diagnóstica e de conduta terapêutica
imediata.1
EPIDEMIOLOGIA
Cerca de 5% a 10% dos atendimentos de urgência têm como queixa principal a dor
abdominal.2 Aproximadamente 1/3 das mulheres em idade fértil apresentarão pelo
menos um episódio de dor aguda.3
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico varia conforme sexo e idade, e o exame físico auxilia nos diagnósticos
diferenciais. A adequada caracterização da dor (localização; irradiação; elementos
temporais; tipo/qualidade da dor; intensidade; fatores de alívio/piora; e sintomas
associados) é fundamental na avaliação de um paciente com dor abdominal.2
270
Tabela 1. Diagnósticos diferenciais
- Frequentemente precedida
Endometrite Idade por DIP
Não se aplica
aguda reprodutiva - Os mesmos critérios
diagnósticos da DIP
- Presença de sangramento
uterino anormal, que pode
consistir em: sangramento
intermenstrual, spotting,
Endometrite Idade sangramento pós-coito,
Não se aplica
crônica reprodutiva menorragia ou amenorreia
- Dor vaga e em cólica na
parte inferior do abdome
acompanhada ou não de
sangramento
Gravidez e
Idade
complicações
reprodutiva
relacionadas
Fonte: Uptodate, 2020, “Evaluation of acute pelvic pain in nonpregnant adult women”.
Abreviaturas: DIP: Doença Inflamatória Pélvica.
272
Tabela 2. Localização anatômica da dor abdominal
- Doenças pépticas
- Doenças biliares (cólica biliar, colecistite aguda,
coledocolitíase, colangite)
Quadrante - Doenças hepáticas (hepatite, abscessos, neoplasia,
Superior hepatopatias)
Direito - Doenças pulmonares (pneumonia, abscesso subfrênico,
pneumotórax, embolia, derrame pleural)
- Parede abdominal (herpes-zoster, contraturas musculares)
- Doenças renais (pielonefrite, abscesso perinefrético e
litíase, doenças do cólon)
- Doenças pépticas
- Doenças esplênicas (infarto e ruptura)
Quadrante - Doenças pancreáticas (pancreatite e neoplasia)
Superior - Doenças pulmonares (pneumonia, abscesso subfrênico,
Esquerdo pneumotórax, embolia, derrame pleural)
- Doenças renais (pielonefrite, abscesso perinefrético e litíase
renal)
- Doenças do cólon (colite, diverticulite)
- Doenças pépticas
- Doenças pancreáticas (pancreatite, neoplasia)
- Doenças biliares (cólica biliar, colecistite coledocolitíase,
Epigástrio colangite)
- Doenças esofágicas (doença do refluxo gastroesofágico,
esofagites)
- Doenças cardíacas (pericardite, IAM, angina, aneurisma
dissecção, e ruptura aorta abdominal);
- Isquemia mesentérica
- Apendicite (inicial)
Periumbilical - Obstrução intestinal
- Gastroenterite
- Isquemia mesentérica
- Ruptura e/ou dissecção de aneurisma de aorta
- Gravidez ectópica
Primeira metade
da gestação - Abortamento
274
- Degeneração ou torção de mioma
- Cisto ovariano hemorrágico
Qualquer idade
- Constipação
gestacional
- Torção ovariana, uterina ou das tubas uterinas
- DIP
Fonte: Uptodate, 2020, Approach to acute abdominal pain in pregnant and postpartum
women).
Fonte: Ohle, R., O’Reilly, F., O’Brien, K.K. et al. The Alvarado score for predicting acute
appendicitis: a systematic review. BMC Med 9, 139 (2011).
EXAMES COMPLEMENTARES
O ginecologista/obstetra não deve se basear apenas no uso de exames
complementares para definição diagnóstica e sim utilizá-los como auxiliares no
processo. Como exemplo, citamos um estudo prospectivo que avaliou o papel de
exames diagnósticos na avaliação de dor abdominal não relacionada ao trauma e
evidenciou que os testes proporcionaram uma mudança no diagnóstico em apenas
37% dos pacientes.7,9,12
Uma avaliação rápida de glicemia capilar sempre deve ser solicitada em pacientes
Embora seja solicitado com frequência, o hemograma completo não tem uma alta
especificidade e raramente guiará a conduta se avaliado isoladamente. Como
exemplo, citamos que a contagem de leucócitos costuma estar mais alta tanto em
gestantes saudáveis quanto em cerca de 80% dos pacientes que se apresentam
com apendicite aguda. O mesmo pensamento deve guiar a avaliação dos exames
de urina. A presença de piúria e hematúria sugere uma infecção de trato urinário,
porém ambas podem estar presentes na apendicite aguda ou em qualquer outro
processo inflamatório que esteja ocorrendo adjacente aos ureteres.10,11,12,14
276
ANALGESIA
O receio do “mascaramento” do diagnóstico com a analgesia vem de um conceito
antigo de que a analgesia poderia atrapalhar na avaliação de pacientes com
dor abdominal aguda. Contudo, múltiplos estudos controlados randomizados
evidenciaram que o uso de analgesia, inclusive de opioides, pode alterar o
exame físico dos pacientes, porém isso não influenciou em decisões terapêuticas
incorretas ou até mesmo no desfecho dos pacientes.7,8,19
A dor é um sinal vital e precisa ser tratada como tal.7 O uso de analgésicos deve ter
como objetivo reduzir a dor do paciente para níveis controlados, deixando-o mais
cooperativo e possivelmente aumentando a acurácia da história e do exame físico,
reduzindo a defesa voluntária.
Para o tratamento da dor, devemos utilizar a escala da dor (EVA – Escala Visual
Analógica) e a progressão gradual das potências farmacológicas. Sugere-se ao
paciente que classifique sua dor com uma nota entre 0 (ausência de dor) e 10 (a
pior dor já sentida). Nesse caso, considera-se até o valor 2 uma dor leve, entre 3-7,
dor moderada, e 8-10, dor intensa.
Para pacientes com dor classificada entre leve e moderada, sugere-se utilização
de analgésicos simples e anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), sempre que
possível na via endovenosa. Se essa estratégia não obtiver sucesso, sugere-
se adicionar um opioide fraco à terapia. Caso não haja sucesso na combinação
previamente descrita, sugere-se a substituição do opioide fraco por um opioide
forte. Entre as medicações iniciais mais utilizadas no tratamento da dor aguda,
temos os AINEs e os analgésicos simples.
600 mg, VO/EV, 50 mg, VO/EV, 20 mg - 40 mg, EV, 100 mg, VO,
8h/8h 8h/8h 1x - 2x/dia 12h/12h
TRATAMENTO
Para cada etiologia do abdome agudo será necessário instituir um tratamento
específico.
Apendicite: O tratamento é cirúrgico e deve ser instituído tão logo seja feito o
diagnóstico. Portanto, deve-se iniciar dieta oral zero com hidratação venosa e
aporte calórico de manutenção até definição de conduta cirúrgica pela equipe
assistente. A depender do estágio, caso a paciente apresente sinais compatíveis
com sepse ou instabilidade hemodinâmica, deve ser utilizada antibioticoterapia
endovenosa:
278
cirúrgico. Para detalhes específicos acerca do tratamento, procurar o capítulo
sobre Gravidez Ectópica neste manual.
Uso parenteral deverá ser suspenso 24 horas após a cessação dos sintomas e a
continuação terapêutica antimicrobiana por via oral deve-se estender até 14 dias.
Orientar quanto ao não uso de bebidas alcoólicas durante e após 24h do uso de
metronidazol para evitar efeito dissulfiran (antabuse) simile.
A doxiciclina é contraindicada durante a gravidez
Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Ministério da Saúde, 2020.
280
principais complicações, que são: hidronefrose; infecções do trato urinário; sepse
urinária; e insuficiência renal.33
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33. Zeidel, M.L. Clinical manifestations and diagnosis of urinary tract obstruction and
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INTRODUÇÃO
Gravidez Ectópica (GE) é a gestação com implantação e desenvolvimento fora
da cavidade uterina.1 Cerca de 2% das gestações são de localização ectópica.2
Em 95% a 98% dos casos, ocorre na tuba uterina, considerada GE típica.3 As GE
atípicas são: peritoneal, ovariana, cervical, cornual e na cicatriz de cesárea.1,2,3
FATORES DE RISCO
A etiologia encontra-se associada a fatores de risco que causam lesão tubária
ou alteração ovular.4 As principais causas são: cirurgia tubária, GE prévia, doença
inflamatória pélvica, infertilidade, procedimentos de reprodução humana, falha
de contraceptivos, contracepção de emergência, endometriose, tabagismo e
dispositivos intrauterinos.7
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico precoce de GE é a principal estratégia para a diminuição da
morbimortalidade e depende da associação entre quadro clínico, fatores de risco,
exame físico e exames complementares.1
284
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
O quadro clínico clássico é composto pela tríade: atraso ou irregularidade
menstrual, sangramento vaginal e dor abdominal.1,4 Por outro lado, também pode
ser assintomático.19 A falha no diagnóstico precoce limita as opções de tratamento
e aumenta a morbimortalidade materna.6
EXAMES COMPLEMENTARES
Conceitos bem estabelecidos sobre a evolução da concentração do ß-hCG,
associados a aspectos ultrassonográficos, permitem a elaboração de algoritmos
com alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico.
Nesse protocolo, será utilizado o nível de ß-hCG de 3.500 mUI/ml como zona
discriminatória (valor mínimo adotado em que esperamos encontrar um saco
Testes adicionais podem ser necessários para avaliar anemia, função renal e
função hepática antes do tratamento medicamentoso com metotrexato.1,4,19
Por fim, deve-se solicitar o tipo sanguíneo e o fator RH da paciente, uma vez que
a imunoglobulina anti-D deve ser administrada em mulheres RH negativo não
sensibilizadas que apresentem sangramento na gestação.19
286
70% das vezes o diagnóstico final será de gestação ectópica.14
ß-hCG com queda menor ou igual a 50%, ou aumento inferior a 35%, é compatível
com gestação intrauterina inviável ou gravidez ectópica.4 Porém, deve-se manter
seguimento com ß-hCG para vigilância de seu comportamento. Sugerimos realizar
mais investigações se níveis de ß-HCG aumentarem, estabilizarem ou caírem
menos de 15%. Também será necessário continuar a investigação caso surjam
sintomas de gestação ectópica.1
Níveis séricos de ß-hCG 24 horas após o esvaziamento com queda menor que
15%, aumento ou platô, é indicativo que o esvaziamento tenha sido incompleto ou
que seja um caso de GE.15 Logo, será necessário prosseguir com a propedêutica.
Se a queda dos níveis de ß-hCG for inferior a 50%, é necessário acompanhamento
com dosagem seriada.15 Caso aumente, atinja platô ou haja forte suspeita para GE,
considerar iniciar tratamento para GE.1,15
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Para diagnóstico diferencial deve ser considerado: aborto de gravidez tópica,
salpingite, cisto ovariano íntegro ou roto, corpo lúteo hemorrágico íntegro ou roto
e Mittelschmerz ou “dor no meio”, conhecida como dor da ovulação.19,20
TRATAMENTO
O tratamento conservador ou minimamente invasivo deve ser priorizado, não
apenas pensando em preservar a trompa, a reserva ovariana e a fertilidade, mas
também pensando em evitar cirurgia e suas complicações.1 Por isso, o diagnóstico
precoce é imprescindível.
O regime de duas doses foi associado a maior taxa de sucesso entre as mulheres
com níveis iniciais elevados de ß-hCG, especificamente no subgrupo com ß-hCG
acima de 5.000 mIU/ml (80,0% e 58,8%, P=0,279) (RR 0,74; IC 95%, 0,47-1,16).17
288
Tabela 1 - Conduta Expectante na Gestação Ectópica
EXPECTANTE
• Ser assintomática
• Entender os riscos e possuir rápido acesso à emergência, se necessário
• Apresentar níveis de ß-hCG ≤ 1.000 mUI/ml21, com queda > 10% em 2
medidas, com intervalo de 48 horas21
• USTV não identificar saco gestacional extrauterino
Contraindicações
• Instabilidade hemodinâmica
• Sinais de ruptura da massa com dor abdominal severa e persistente ou líquido
livre peritoneal com volume superior a 300 ml
• ß-hCG> 1000 mIU / ml, aumentando, ou queda < 10% em 2 medidas com
intervalo de 48 horas.21
• Incapacidade de cumprir o monitoramento, inclusive se a paciente não tiver
acesso oportuno a uma instituição médica
Seguimento:
• Dosar ß-hCG a cada 48 horas por três medições para confirmar sua diminuição
e, a seguir, semanalmente até que seja indetectável 21
• Se o ß-HCG estabilizar ou aumentar, oferecer tratamento medicamentoso com
metotrexato
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Contraindicações absolutas
Exames obrigatórios
290
A paciente com critérios para tratamento medicamentoso com metotrexato deve
iniciar esquema de dose única de metotrexato quando ß-hCG igual ou inferior a
5.000 mUI/ml. Para ß-hCG acima de 5.000 mUI/m, excepcionalmente, e a critério
clínico, poderá ser indicado metotrexato, optando-se pelo esquema de dose dupla.15
292
GRAVIDEZ ECTÓPICA DE LOCALIZAÇÃO ATÍPICA
TRATAMENTO CIRÚRGICO
INDICAÇÕES:25
• Instabilidade hemodinâmica.
• Sinais de ruptura.
• Dor pélvica intensa.
• Sinais de sangramento intraperitoneal.
• Contraindicação absoluta ao metotrexato.
• Falha no tratamento medicamentoso.
• Impossibilidade de seguimento adequado, incluindo residência na
zona rural distante do hospital de referência.
• Gravidez heterotópica.
294
A via laparoscópica deve ser a primeira escolha (padrão-ouro) mesmo em
situações emergenciais e de instabilidade hemodinâmica, contudo, devido à
indisponibilidade, a laparotomia costuma ser a via mais praticada. 25
REFERÊNCIAS
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Manole, 2019.
2. Van Den Eeden SK, Shan J, Bruce C, Glasser M. Ectopic pregnancy rate and
treatment utilization in a large managed care organization. Obstet Gynecol 2005;
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center case-control study. BMC Pregnancy Childbirth 2015; 15:187.
8. Stovall TG, Kellerman AL, Ling FW, Buster JE. Emergency department diagnosis of
ectopic pregnancy. Ann Emerg Med 1990; 19:1098.
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gestation. J Womens Health (Larchmt) 2009; 18:195.
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Date, 2019.
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Mar. 2008 .
296
INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO
INTRODUÇÃO
A infecção do sítio cirúrgico (ISC), segundo a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), é definida como “infecção pós-operatória que pode envolver
o sítio de incisão em pele, tecido celular subcutâneo, fáscia, tecido muscular e/
ou qualquer estrutura anatômica aberta ou manipulada durante o procedimento
cirúrgico dentro de 30 dias”. Caso seja utilizado algum implante cirúrgico, esse
período se estende por 90 dias.¹
Na prática clínica, a maioria das ISCs ocorre até o sétimo dia pós-operatório,
geralmente iniciando entre o quarto e o quinto dia. Nos casos precoces, que
aparecem entre o primeiro e o terceiro dia pós-operatório, a ISC geralmente é
causada por Clostridium perfringens ou Streptococcus beta-hemolítico do grupo
A ou B.2,3
CLASSIFICAÇÃO
Na classificação das ISCs, de acordo com a profundidade, existem duas categorias,
incisional e órgão/cavidade. O grupo incisional está subdividido em classes:
superficial e profunda.6 Caso a ISC envolva mais de um plano anatômico, considere
apenas o sítio de maior profundidade.1
FATORES DE RISCO
Vários são os fatores de risco para o desenvolvimento da ISC relacionados ao
paciente e/ou à cirurgia, podendo ser modificáveis e não modificáveis. Cabe ao
médico cirurgião e sua equipe, em conjunto com o paciente, minimizarem os
fatores de risco, em especial os modificáveis.7
298
- Desnutrição - Uso excessivo de eletrocautério .
- Baixo nível socioeconômico. - Coleções de hematomas.
- Infecção vaginal não tratada. - Manutenção das tubas uterinas
- Imunodeficiência; cirurgia prévia. durante as histerectomias.
- Neoplasia ginecológica. - Cesárea, em especial a não eletiva, e
retenção de restos placentários.
- Histórico prévio de radiação no local
cirúrgico.
Fonte: Urbanetz, 2011; Santiago, 2019; Hager, 2012.
ETIOLOGIA
As bactérias que mais frequentemente causam infecção pélvica no pós-operatório
são oriundas da vagina. A flora vaginal da mulher assintomática no menacme é
polimicrobiana, vivenciando uma relação simbiótica com hospedeiro.
Aeróbios Anaeróbios
Gram-positivos Gram-negativos Gram-positivos Gram-negativos
Lactobacillus spp Escherichia coli Peptostreptococcus Prevotella spp
Difteroides Klebsiella spp spp Bacteroides spp
Staphylococcus Proteus spp Clostridium spp Bacteroides fragilis
aureus Enterobacter spp Lactobacillus spp Fusobacterium spp
Staphylococcus Citrobacter spp Propionibacterium Veillonella spp
epidermidis spp
Acinetobacter spp Gardnerella
Streptococcus do Eubacterium spp vaginalisa
grupo B Pseudomonas spp
Bifidobacterium
Enterococcus spp
faecalis
a
Gram variável e anaeróbio facultativo.
Fonte: Infecção Ginecológica. In: Ginecologia de Williams. Porto Alegre: Artmed; 2011.
300
• Infecção de episiotomia: Complicação rara e incidência inferior a 1%.
Na maioria das vezes, acomete superficialmente os tecidos com presença
de sinais flogísticos e, às vezes, deiscência parcial da sutura. Nos quadros
extensos acomete o tecido mais profundo, notando endurecimento da ferida
cirúrgica com drenagem de secreção purulenta que apresenta ou não
lojas de abscessos e repercussões sistêmicas da paciente. Eventualmente,
necessita-se de exame laboratorial (hemograma e PCR) e ultrassonografia
endovaginal.9
CONDUTA TERAPÊUTICA
De forma geral, o tratamento das ISCs consiste na antibioticoterapia e drenagem
do abscesso, se necessário. A indicação dessa associação terapêutica, bem como
a escolha do antimicrobiano adequado, é dependente do local da infecção (Tabela
2)7,9. Entretanto, tão logo comprovado o diagnóstico da ISC, a terapia empírica
com antibióticos deve ser instituída, e posteriormente ajustada com o resultado da
cultura e antibiograma previamente coletados. Os antibióticos parenterais devem
ser mantidos até que a paciente esteja afebril e clinicamente bem por 24h a 48h.8
ISC profundaa Antibiótico, EV: clindamicina 900 mg, a cada 8h (ou metronidazol
ISC cavidadea 500 mg, a cada 12h) + gentamicina 3,5 mg/kg-5 mg/kg, a cada
24h
Formas purulentasa Avaliar necessidade de drenagem cirúrgica
Antibiótico, EV: clindamicina 900 mg, a cada 8h (ou metronidazol
500 mg, a cada 12h) + gentamicina 3,5 mg/kg-5 mg/kg, a cada
24h
Fasciite Drenagem cirúrgica + desbridamento amplo
necrosanteb Antibiótico, EV: penicilina cristalina 2.000.000 UI, a cada 4h +
clindamicina 900 mg, a cada 8h (ou metronidazol 500 mg, a
cada 12h)
302
A presença de progressão rápida dos sintomas, não resposta ao antibiótico oral,
suspeita de infecção profunda e/ou de órgão/cavidade, necessidade de drenagem
ou sinais de infecção sistêmica (febre > 38°C, taquicardia sustentada e calafrios)
deve motivar a internação para antibioticoterapia venosa. Nos casos de ISCs
superficiais que não requerem drenagem, pode ser administrada antibioticoterapia
oral, com seguimento ambulatorial.3
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO
Embora a ISC seja uma complicação inerente à cirurgia, existem medidas
preventivas que diminuem consideravelmente a sua incidência, como:
304
Abreviações: AMIU: aspiração manual intrauterina; HTx: histeroscopia; Diag: diagnóstica;
Cir: cirúrgica; DIU: dispositivo intrauterino.
a
Ciprofloxacina ou levofloxacina. O uso deve ser restrito devido aos efeitos colaterais
incapacitantes.
b
Cesárea indicada na vigência de trabalho de parto ou após 4 horas de membranas rotas.
c
Exceto nas seguintes situações: remoção manual da placenta ou lacerações de períneo de
terceiro ou quarto grau. Antibiótico recomendado: cefazolina; alérgicos à betalactâmicos:
(clindamicina ou metronidazol) + gentamicina.
d
AMIU ou Curetagem Uterina realizadas no primeiro ou segundo trimestre da gravidez.
e
Sem entrada na vagina ou intestino.
Fonte: Manejo das Infecções no Pós-operatório das Cirurgias Ginecológicas. FEBRASGO
- Urgências e Emergências em Ginecologia e Obstetrícia, 2019; Infecções pós-operatórias
- prevenção e tratamento. Cirurgia Ginecológica, 2012; Medidas de Prevenção e Critérios
Diagnósticos de Infecções Puerperais em Parto Vaginal e Cirurgia Cesariana. ANVISA, 2017;
Adjunctive Azithromycin Prophylaxis for Cesarean Delivery. N Engl J Med, 2016; Clinical
practice guidelines for antimicrobial prophylaxis in surgery. Am J Health-Syst Pharm, 2013;
Prevention of infection after gynecologic procedures. ACOG, 2018
REFERÊNCIAS
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Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa; 2017. (Série
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Organization; 2016.
5. Urbanetz AA, Furlan SMP, Urbanetz LAML. Infecção Puerperal. In: Urbanetz AA,
coordenador, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
Urgências e Emergências em Ginecologia e Obstetrícia. Barueri: Manole; 2019.
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7. Santiago AE, Cândido EB, Silva Filho AL da. Manejo das Infecções no Pós-
operatório das Cirurgias Ginecológicas. In: Urbanetz AA, coordenador, Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Urgências e Emergências
em Ginecologia e Obstetrícia. Barueri: Manole; 2019. p.651-659.
306
10. Júnior ES. Fasciite necrosante. In: Urbanetz AA, coordenador, Federação Brasileira
das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Urgências e Emergências em
Ginecologia e Obstetrícia. Barueri: Manole; 2019. p.888-895.
14. Tita ATN, Szychowski JM, Boggess K, Saade G, Longo S, Clark E, et al. Adjunctive
Azithromycin Prophylaxis for Cesarean Delivery. N Engl J Med 2016;375(13):1231-41.
15. Bratzler DW, Dellinger EP, Olsen KM, et al. Clinical practice guidelines for
antimicrobial prophylaxis in surgery. Am J Health-Syst Pharm 2013;70:195-283.
INTRODUÇÃO
As infecções do trato urinário (ITUs) caracterizam-se pela presença de agentes
infecciosos no trato urinário.1 São mais prevalentes em mulheres que em homens
(proporção de 20:1), provavelmente devido à uretra feminina ser mais curta, o que
coloca o trato urinário em estreita proximidade à flora da vagina e do reto.2
Cerca de até 50% das mulheres serão acometidas por uma ITU ao longo de suas
vidas, com aproximadamente 5% sofrendo infecções recorrentes.2 Ocorrem em
até 15% das gestações, constituindo o tipo mais frequente de infecção no ciclo
gravídico-puerperal.1 A incidência de bacteriúria em grávidas é a mesma que em
mulheres não grávidas, no entanto a bacteriúria recorrente é mais comum durante
a gravidez.5
CLASSIFICAÇÃO
As ITUs podem ser classificada como do trato urinário inferior (baixas) ou superior
(altas). Quando baixas, acometem uretra e bexiga, podendo apresentar-se como
bacteriúrias assintomáticas, diagnosticadas através de urocultura de rastreamento
no pré-natal, ou como cistite, na presença de sintomas clínicos associados à
positividade na cultura. Quando altas, acometem ureteres e rins, apresentam
308
sintomatologia exacerbada e repercussões sistêmicas, sendo denominadas de
pielonefrite.1
A ocorrência de dois episódios de ITU em seis meses ou três nos últimos 12 meses é
designada de ITU recorrente ou de repetição.4 Na gestação, dois ou mais episódios
de ITU, sintomáticos ou não, configuram infecção recorrente.1
ETIOLOGIA E MICROBIOLOGIA
Os organismos predominantes das ITUs, em mulheres gestantes ou não, têm
etiologia bacteriana e, praticamente na totalidade, são oriundos da flora fecal que
coloniza o introito vaginal e meato uretral. E nas gestantes, a flora é semelhante à
das não grávidas.1,2
PATOGÊNESE
As bactérias que causam ITUs, em mulheres gestantes ou não, atingem o trato
urinário por três vias: ascendente ou retrógrada (mais comum) e pelas mais raras,
hematogênica e linfática.7
FORMAS CLÍNICAS
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
310
Diagnóstico: O diagnóstico é feito pelo achado de quantidade significativa de
bactérias na urina sem sinais ou sintomas consistentes com ITU, sinalizadas por
urocultura. Considera-se significativa a presença de cepa única e de pelo menos
105 unidades formadoras de colônias (UFC) por mililitro (ml), sob amostra colhida
de urina de jato médio. Em amostra coletada por cateter uretral, o valor de corte
é 100 UFC/ml.3
CISTITE AGUDA
312
Seguimento: Após uma semana do término do antibiótico, deve ser obtida como
teste de cura uma urocultura de controle:5
PIELONEFRITE AGUDA
Manifestações clínicas: Por ser condição infecciosa do trato urinário alto, que
acomete o parênquima renal e o sistema pielocalicial, apresenta manifestação
típica de febre (> 38°C), calafrios, dor em flanco e/ou à percussão lombar (sinal
de Giordano), náuseas e vômitos. Os sintomas típicos de cistite aguda (disúria,
polaciúria e urgência miccional) nem sempre estão presentes. Piúria é um achado
típico. Nos casos graves, pode evoluir com anemia, abscesso renal, bacteremia,
choque séptico, coagulação intravascular disseminada, disfunção renal e síndrome
do desconforto respiratório.5,12
Antibiótico Dose
Pielonefrite leve a moderada
314
séptica, a tocólise geralmente é evitada.5
PROFILAXIA ANTIMICROBIANA:
316
IMUNOTERAPIA:
A maioria das diretrizes atuais não tem o uso do extrato de cranberry como primeira
linha de recomendação na prevenção de recorrências de ITU em grávidas ou não,
pois novos estudos ainda são necessários para demonstrar a sua real eficácia.1,4,13
Os probióticos não são recomendados para terapia ou profilaxia das ITUs por falta
de estudos que comprovem qualquer eficácia.1
REFERÊNCIAS
1. Santos Filho OO, Telini AH. Infecções do trato urinário durante a gravidez. São
Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, n° 87/Comissão Nacional
Especializada em Gestação de Alto Risco).
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Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018.
(Protocolo FEBRASGO - Ginecologia, n° 63/Comissão Nacional Especializada em
Uroginecologia e Cirurgia Vaginal).
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técnico. 5.ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. p.111-12. (Série A. Normas e
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11. Rossi P de. Seção 7 Infecção do Trato Urinário: Tratamento. In: Girão MJBC,
Sartori MGF, Ribeiro RM, Castro RA, Bella ZIKJ-D. Tratado de Uroginecologia e
Disfunções do Assoalho Pélvico. Barueri: Manole; 2015. p.403-415.
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Urbanetz AA, coordenador, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
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16. Lockwood C. et al. Prenatal care: Patient education, health promotion, and safety
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318
SEPSE MATERNA
DEFINIÇÃO
Sepse é uma síndrome clínica de apresentação ampla e ameaçadora à vida,
secundária à resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção, culminando em
síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (MODS) e morte.1
Sendo assim, faz-se importante destacar que as definições abaixo descritas não
são diagnósticas de sepse, pois não incluem critérios específicos para identificação
de uma infecção.1 Também é importante salientar que tais definições não possuem
unanimidade na comunidade médica e alguns colégios clínicos ainda optam por
utilizar a definição antiga, que incluía: síndrome da resposta inflamatória sistêmica
(SIRS), Sepse e Sepse Grave.1
320
Abreviaturas: SIRS: Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica; Tax: Temperatura Axilar;
FC: Frequência Cardíaca; FR: Frequência Respiratória; PaCO2: Pressão Parcial Arterial de
Gás Carbônico; PAs: Pressão Arterial Sistólica; PAM: Pressão Arterial Média; Cr: Creatinina;
SpO2: Saturação Parcial Periférica de Oxigênio. CMQCC: California Maternal Quality Care
Collaborative. qSOFA: quick Sequential Organ Failure Assessment Score.
Fonte: Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Sepsis and
Septic Shock: 2016. Critical Care Medicine, 2017
Gibbs R, Bauer M, Olvera L, Sakowski C, Cape V, Main E. Improving Diagnosis and Treatment
of Maternal Sepsis: A Quality Improvement Toolkit. Stanford, CA: California Maternal Quality
Care Collaborative, 2020.
Todos os pacientes com infecção e bacteremia estão sob risco de desenvolver sepse
e, portanto, devem permanecer sob atenção extra da equipe assistente.1 Podemos
definir infecção como uma invasão, por organismos, a um tecido previamente
estéril que resulta em uma patologia infecciosa.1 Bacteremia é definida como a
presença de uma hemocultura positiva, ou seja, a confirmação de uma bactéria na
corrente sanguínea.1 A identificação desses pacientes de forma precoce, como já
dito anteriormente, é fundamental para a redução da morbimortalidade associada
à sepse. Os dois escores mais utilizados atualmente com objetivo de identificar os
pacientes infectados que podem desenvolver sepse são: quick Sequential Organ
Failure Assessment Score (qSOFA) e o National Early Warning Score (NEWS).
O qSOFA surgiu em 2016 como uma ferramenta para diagnóstico desses pacientes
fora do ambiente de suporte intensivo, ideal para emergências, sem necessidade
de exames laboratoriais, conferindo uma forma rápida e prática de calcular, haja
vista que só possui três componentes que são facilmente identificáveis à beira-
leito:2,8
Faz-se importante destacar que tanto o qSOFA quanto o NEWS são ferramentas que
ainda requerem estudos para que possam ser utilizados de rotina como diagnóstico
de sepse ou predição de risco de morte decorrente de sepse, especialmente na
população gestante em que há mudanças fisiológicas significativas.1 Os estudos
existentes ainda são um pouco conflitantes sobre o uso de tais ferramentas de
maneira indiscriminada e é premente destacar que o qSOFA foi criado como uma
ferramenta de predição de risco e não diagnóstico.1,8,9,10
A sepse materna pode ser definida como uma disfunção orgânica resultante de
infecção durante a gravidez, parto, pós-aborto ou pós-parto.2 Ressaltamos que as
alterações fisiológicas da gestação e do parto podem mascarar os sinais de sepse
na gestante.7
322
Estado Mental Rebaixamento do nível de Rebaixamento do nível de
consciência, agitação, delirium consciência, agitação, delirium
Hepática Aumento significativo de Bilirrubina > 2 mg/dl
bilirrubinas
(> 2 x o valor de referência)
Lactato acima do valor de 2 mmol/l na ausência de parto
referência (o lactato não é utilizado no
Lactato diagnóstico durante o parto,
mas é importante para avaliar o
tratamento)
Abreviaturas: PAS: Pressão Arterial Sistólica; PAM: Pressão Arterial Média; PA: Pressão
Arterial; PaO2: Pressão Arterial de Oxigênio; FiO2: Fração Inspirada de Oxigênio; SpO2:
Saturação Parcial Periférica de Oxigênio.
Fonte: Singer, et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic
Shock (Sepsis-3), JAMA, 2016
Gibbs R, Bauer M, Olvera L, Sakowski C, Cape V, Main E. Improving Diagnosis and Treatment
of Maternal Sepsis: A Quality Improvement Toolkit. Stanford, CA: California Maternal Quality
Care Collaborative, 2020.
EPIDEMIOLOGIA
A sepse, de forma isolada, é a terceira causa de morte materna, causando cerca
de 260 mil óbitos por ano no mundo.3 Em países desenvolvidos, ocorre em cerca
de 5% dos casos, enquanto em países em desenvolvimento chega à cifra de 11%.
A prevalência é de 1/1.000, sendo que 50% correspondem à sepse e em torno de
3% a 4% ao choque séptico. 4
ETIOLOGIA
Grupo Micro-organismo
Aeróbios gram Enterococos (E. coli, Klebisiella pneumoniae, Enterobacter,
negativos Proteus, Serratia) e Pseudomonas aeruginosa
Aeróbios gram Streptococos (S. agalactiae, S. pyogenes) e Enterococos (S.
positivos faecolis e S. faecium)
Anaeróbios Peptococos, Peptostreptococos, Clostridium perfringies,
Bacteriodes, Fusobacterium
Fonte: Bamfo, J. E. A. K. Managing the risks of sepsis in pregnanc. Best Practice &
Research Clinical Obstetrics and Gynaecology, 2013.
QUADRO CLÍNICO
Usualmente os pacientes apresentam-se com hipotensão, taquicardia, febre
e leucocitose. Com a progressão da doença, poderemos observar sinais de
hipoperfusão tecidual, como pele fria e pegajosa, além de cianose e alteração do
tempo de enchimento capilar. Evoluindo, por fim, para disfunção orgânica (oligúria,
alteração de nível de consciência etc.).4,13
324
Tabela 5 - Alterações Laboratoriais na Sepse
DIAGNÓSTICO
Conforme explicitado anteriormente, o diagnóstico de sepse não é algo obtido de
forma direta e fácil, pois envolve uma gama de alterações e informações clínicas,
laboratoriais, radiológicas e epidemiológicas para se chegar a um resultado.1 Sendo
assim, na maior parte das vezes, o diagnóstico acontece de maneira empírica
e à beira-leito, ou de maneira retrospectiva quando obtemos um resultado de
hemocultura positiva colhido na admissão do paciente.1
• Hemograma;
• Coagulograma;
• Painel metabólico (incluir creatinina e bilirrubina);
• Lactato venoso;
• Oximetria de pulso;
• Débito urinário; e
• Estado mental.
Passo 1
(≥ 2 critérios: suspeita de sepse materna)
T oral ≥ 38º ou < 36º
FC > 110 bpm por 15 min
FR > 24 irpm por 15 min
Leuc Totais > 15.000/mm3 ou < 4.000/mm3 ou >10% bastões
Fonte: Gibbs R, Bauer M, Olvera L, Sakowski C, Cape V, Main E. Improving Diagnosis and
Treatment of Maternal Sepsis: A Quality Improvement Toolkit. Stanford, CA: California
Maternal Quality Care Collaborative, 2020.
326
Tabela 7 - Confirmação de Sepse Materna - Passo 2
Passo 2
(≥ 1 critério: confirma sepse materna)
Por fim, considerar a transferência da paciente para a Unidade de Terapia Intensiva se:7
Pacote da 1a hora
Solicitar Exa- Hemograma;
mes Laborato- Coagulograma;
riais Painel metabólico (incluir creatinina e bilirrubina);
Lactato venoso.
Colher Culturas Devem ser colhidos pelo menos dois conjuntos de sítios
diferentes (2 aeróbicos e 2 anaeróbicos).
Vasopressores
- Manter PAM > 65 mmHg se paciente persiste hipotenso
mesmo após ressuscitação volêmica ideal.
Fonte: Levy et al. The Surviving Sepsis Campaign Bundle: 2018 Update. Critical Care
Medicine: June 2018 - Volume 46 - Issue 6 - p 997-1000.
Gibbs R, Bauer M, Olvera L, Sakowski C, Cape V, Main E. Improving Diagnosis and Treatment
of Maternal Sepsis: A Quality Improvement Toolkit. Stanford, CA: California Maternal Quality
Care Collaborative, 2020.
328
A noradrenalina (norepinefrina) é o vasopressor de primeira escolha, inclusive na
gestante, não se devendo prorrogar o seu início caso a PAM permaneça abaixo de
65 mmHg por mais do que 30min a 40min.1, 19, 20, 21, 22
330
Clindamicina 900 mg EV 8h/8h
+
Gentamicina (5 mg/kg) EV 24h/24h
ou
Endometrite Ampicilina-sulbactam 3 g EV 6h/6h 2-3 dias
+
Gentamicina (3 mg/kg-5 mg/kg) EV
24/24h
Clindamicina 900 mg EV 8h/8h Afebril por 48h para
Abortamento + substituir para VO
Infectado Gentamicina (3 mg/kg-5 mg/kg) EV e completar 10-14
24h/24h dias
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334
MANEJO DA PARTURIENTE INFECTADA
COM HIV
Andréia Regina da Silva Araújo
Jéssica Lucena Wolff
Sâmia Luiza Sousa Paiva
INTRODUÇÃO
O manejo adequado da gestante infectada pelo HIV durante o pré-natal, parto e
puerpério tem como principal objetivo a prevenção da Transmissão Vertical (TV),
que pode cair para menos de 2%.1 Se conduzido incorretamente, essa taxa pode
ser de 15% a 45%.1
MANEJO NA GESTAÇÃO
História clínica e exame físico detalhados devem ser realizados na procura de
sinais clínicos sugestivos de manifestações da doença, infecções oportunistas e
outras infecções sexualmente transmissíveis. Recomenda- se também a pesquisa
de tuberculose, por ser importante causa de óbito.3
A TARV deve ser usada por todas as gestantes infectadas pelo HIV, a despeito
de critérios clínicos e imunológicos, ou seja, independentemente da contagem de
linfócitos T-CD4+, carga viral, genotipagem, e deve ser mantida após o parto.1,3
O esquema preferencial inicial é a combinação de 3 antirretrovirais (ARV), sendo
2 inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e 1 inibidor
da integrase (2 ITRN + 1 INI), sendo o mais usado: TDF + 3TC (tenofovir +
lamivudina– dose fixa combinada, 300 mg/300 mg, 1 x/ dia) + RAL (raltegravir
400mg, 2x/dia).1,3 Na impossibilidade do uso de TDF/3TC, a associação AZT/3TC
é a 2ª opção.3
MANEJO DO PARTO
Toda gestante infectada por HIV deve imediatamente dosar a carga viral (CV), de
preferência na 1ª consulta de pré-natal.1 O exame deve ser repetido a cada 2 a
4 semanas para avaliar a resposta e a adesão ao tratamento e, a partir de 34
semanas, para a indicação da via de parto.1
Gestantes infectadas pelo HIV, que usaram TARV e têm CV-HIV ≤ 1000 cópias/
ml, 4 a 6 semanas antes do parto, podem ser manejadas de forma similar às não
infectadas, sendo a via de parto de indicação obstétrica, pois a incidência de TV é
336
baixa, independentemente da via de parto ou do tempo de bolsa rota.3,5,6,7 Não é
necessário o AZT EV em gestantes com CV indetectável ou ≤ 50 cópias/ml após
34 semanas,1 mas é imprescindível que se mantenha o esquema de TARV via oral
em usoPornos outro lado,
horários aquelas
habituais, gestantes
mesmo não
durante tratadas,
o trabalho de que
parto.apresentaram
3 baixa
adesão ao tratamento ou com CV-HIV > 1000 cópias/ml devem ter cesariana eletiva
Por outro lado, aquelas gestantes não tratadas, que apresentaram baixa adesão
agendada para 38 semanas, manter TARV via oral e associar AZT EV periparto.3,5
ao tratamento ou com CV-HIV > 1000 cópias/ml devem ter cesariana eletiva
agendada para 38 semanas,
A gestante que tem manter TARV via oral
seu diagnóstico na eadmissão
associar AZT
da EV periparto.3,5ou no
maternidade
momento do parto, quando muitas vezes não é possível a avaliação rápida da CV, é
A gestante que tem seu diagnóstico na admissão da maternidade ou no
1
considerada
momento docomo
parto,tendo CV desconhecida.
quando Nesses
muitas vezes não casos, iniciamos
é possível imediatamente
a avaliação rápida
ada zidovudina
CV, é considerada como2 tendo
intravenosa. Se a CV desconhecida.
gestante 1
Nesses
encontra-se emcasos, iniciamos
trabalho de parto
imediatamente a zidovudina intravenosa.2
Se a gestante
2 encontra-se em trabalho
avançado, optamos por conduzir trabalho de parto. Em 2caso de dilatação cervical
de parto avançado, optamos por conduzir trabalho de parto. Em caso de dilatação
até 4 cm,
cervical atébolsa
4 cm,íntegra ou tempo
bolsa íntegra de rotura
ou tempo de membranas
de rotura de membranasinferior a 2 ahoras,
inferior 2 é
horas, é possível
possível a realização
a realização de cesárea
de cesárea após profi
após profilaxia comlaxia com zidovudina
zidovudina para do
para redução
redução do
risco de TV. risco
2 de TV.2
Adaptado: Ministério
Adaptado: Ministério dada Saúde,
Saúde, 2019.
2019.
horas
A antes
dose de da cesariana
ataque eletiva, até
na primeira horao clampeamento
é de 2 mg/kg, doseguida
cordão umbilical.1
A dose com
de manutenção
de ataque na primeira hora é de 2 mg/kg, seguida de manutenção com infusão 1
infusão
contínuacontínua de diluído
de 1 mg/kg, 1 mg/kg,em 100 diluído
mL deemsoro
100 mL de asoro
glicosado 5%.1 glicosado a 5%. A
A concentração
1
não deverá ultrapassar
concentração não deverá4 mg/ml.
ultrapassar
1 4 mg/ml.
60 kg 12 ml 37 gts/min 6 ml 35 gts/min
70 kg 14 ml 38 gts/min 7 ml 36 gts/min
80 kg 16 ml 39 gts/min 8 ml 36 gts/min
Adaptado: Ministério da Saúde, 2019.
PARTO VAGINAL
1. Assim como na gestação, estão contraindicados procedimentos invasivos durante
o trabalho de parto (amniocentese, cordocentese, amniotomia). Há exceções, se
extremamente necessário.
2. O parto instrumentalizado deve ser evitado; porém, quando indicado, o fórceps
deve ser preferido ao vácuo-extrator.
3. Diante da integridade da bolsa amniótica, a progressão normal do trabalho de
parto é preferível à sua indução.
4. O trabalho de parto deve ser monitorado cuidadosamente, evitando toques
desnecessários e repetidos (usar o partograma).
5. O uso de medicamentos que aumentam a atividade uterina não está contraindicado,
devendo seguir os padrões de segurança já conhecidos.
6. A amniotomia artificial deve ser evitada, a menos que extremamente necessária.
338
7. A ligadura do cordão umbilical deve ser imediata à expulsão do feto, não devendo
ser executada, sob nenhuma hipótese, a ordenha do cordão.
8. A episiotomia só será realizada após avaliação cautelosa de sua necessidade.
Sendo realizada, deverá ser protegida por compressas umedecidas com degermante.
Adaptado: Ministério da Saúde, 2019.
CESARIANA ELETIVA
1. Confirmar a idade gestacional, a fim de evitar a prematuridade iatrogênica.
2. A cesárea eletiva deve ser realizada a partir da 38ª semana de gestação, a fim de
evitar a prematuridade, o trabalho de parto e a RPM.
3. Caso a gestante que tenha indicação para a cesárea eletiva inicie o trabalho de
parto antes da data prevista para a cirurgia e chegue à maternidade com dilatação
cervical mínima (menor que 4 cm), o obstetra deve iniciar a infusão intravenosa do
AZT e realizar a cesárea, se possível, após três horas de infusão.
4. Ligar o cordão umbilical imediatamente após a retirada do RN e não realizar
ordenha do cordão.
5. Realizar a completa hemostasia de todos os vasos da parede abdominal e a
troca das compressas ou campos secundários antes de se realizar a histerotomia,
minimizando o contato posterior do RN com sangue materno.
6. Utilizar antibiótico profilático tanto na cesárea eletiva quanto naquela de urgência:
dose única EV de 2 g de cefazolina.
Adaptado: Ministério da Saúde, 2019.
Intercorrências Manejo
Hiperêmese gravídica Evitar metoclopramida. Considerar suspensão
de ARV durante hospitalização.
Distúrbios hipertensivos e hepáticos Diferenciar dos efeitos adversos do uso de
ARV.
Hiperglicemia e Diabetes Diferenciar dos efeitos adversos do uso de IP.ᵃ
ROPREMAᵇ Semelhante a não infectadas. Acima de 34
semanas, AZT EV e parto.ᶜ
TPPᵈ Semelhante a não infectadas. Iniciar AZT EV.
Manter até inibição efetiva.
HPPᵉ Contraindicados derivados de Ergotamina, se
uso de IP.ᶠ
Fonte: Ministério da Saúde, 2019
a
IP (Inibidores de Protease (IP) – lopinavir, darunavir, saquinavir e atasanavir, que podem
induzir hiperglicemia e DM.
b
Rotura prematura de membranas (ROPREMA).
c
Via de parto – considerar a carga viral e as condições do colo uterino e da atividade
uterina.
d
Trabalho de parto prematuro (TPP)
e
Hemorragia pós-parto
f
Derivados de Ergotamina – metilergometrina: apresenta risco aumentado de isquemia
periférica ou central e risco de pico hipertensivo, se faz uso de IP.
MANEJO PUERPERAL
Toda puérpera com diagnóstico de HIV/AIDS deve ser orientada a não amamentar.1
A criança exposta, infectada ou não, terá direito a receber a fórmula láctea infantil,
pelo menos, até completar seis meses de idade.1
340
O enfaixamento das mamas por 10 dias deve ser realizado apenas na ausência dos
inibidores de lactação farmacológicos.1
No puerpério, o esquema TDF + 3TC + RAL deve ter o RAL trocado por dolutegravir
(DTG), também da classe dos INIs, em um prazo de até 3 meses.1 Devido à falta de
estudos que comprovem a sua segurança na gestação, todas as puérperas devem
ser orientadas quanto ao uso regular de anticoncepção de alta eficácia.1
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INTRODUÇÃO
342
Vírus Sincicial Respiratório; SARS-CoV-2 (Coronavírus 2) e MERS-CoV. No que diz
respeito à gestação, o vírus Influenza e, atualmente, o SARS-CoV-2 são os mais
importantes para fins de estudo e dedicação.
QUADRO CLÍNICO
344
respiratória; irpm: incursões respiratórias por minuto; PAs: Pressão arterial sistólica. SpO2:
Saturação Parcial Periférica de Oxigênio.
ALERTA ALERTA
PARÂMETRO NORMAL
AMARELO VERMELHO
Freq. Resp.(irpm) 11 - 19 20 - 24 < 10 ou ≥ 25
Faz-se importante reforçar que a OMS atesta que, até o presente momento, não
se pode confirmar que a presença de anticorpos, IgM ou IgG, confere imunidade
duradoura e, portanto, esses não devem ser utilizados como método de controle de
cura ou “passaporte de imunidade”. 8,11
346
o RT-qPCR para detecção do vírus em gestantes ou puérperas de acordo com a
Tabela 3.14
a) Na internação hospitalar:
- Indicação obstétrica
(abortamento, gravidez ectópica,
mola hidatiforme, parto, entre
outros)
Situação em que o
resultado RT-qPCR é - Indicação cirúrgica (cerclagem,
possível em 2 a 7 dias cesariana eletiva, entre outros)
Pacientes
Assintomáticas - Controle clínico de alguma doença
associada
b) Três dias antes de parto cesáreo
ou outro procedimento eletivo
IDADE
GESTACIONAL (IG) < 24 SEMANAS 24-34 SEMANAS >34 SEMANAS
348
IDADE
< 24 SEMANAS 24 -34 SEMANAS >34 SEMANAS
GESTACIONAL (IG)
- Internação hospitalar - Internação - Internação hospi-
em Unidade de hospitalar em talar em Unidade
Referência e em leito Unidade de de Referência e em
isolado Referência e em leito leito isolado
isolado
- Cuidados clínicos - Cuidados clínicos
maternos (sintomáticos - Cuidados maternos (sintomáti-
+ Oseltamivir) clínicos maternos cos + Oseltamivir)
(sintomáticos +
- Não realizar -Realizar cardioto-
Oseltamivir)
cardiotocografia cografia se IG > 28
- Realizar semanas
- Considerar parecer
cardiotocografia se IG
e acompanhamento - Realizar Ecografia
> 28 semanas
conjunto de equipe Obstétrica se dispo-
de Clínica Médica, - Realizar ecografia nível
Medicina de Emergência obstétrica se
- Indicar parto, se
ou Medicina Intensiva disponível
alteração de vitalida-
- Considerar de fetal ou se houver
SRAG corticoide para benefício no quadro
maturação pulmonar clínico materno
se IG < 34 semanas
- Considerar parecer
- Indicar parto, e acompanhamento
se alteração de conjunto de equipe
vitalidade fetal ou de Clínica Médica,
se houver benefício Medicina de Emer-
no quadro clínico gência ou Medicina
materno Intensiva
- Considerar parecer
e acompanhamento
conjunto de
equipe de Clínica
Médica, Medicina
de Emergência ou
Medicina Intensiva
A gestante acometida pela COVID-19 não é fator determinante para alterar a via
de parto. O parto cesáreo será realizado por indicação obstétrica padrão, que pode
incluir descompensação aguda da mãe com COVID-19 ou indicações fetais. Faz-
se necessário destacar que o American College of Obstetrician and Gynecologists
descreveu em relatório recente que a realização de parto cesáreo pode piorar a
condição materna, portanto, devem-se priorizar todas as tentativas clínicas antes
de indicá-lo.17,18
PARÂMETRO ALTERAÇÕES
- Bradicardia fetal persistente
- Taquicardia fetal persistente
- Presença de desacelerações tardias (conhecidas
Cardiotocografia
como DIP II)
- Desacelerações variáveis de repetição
associadas ou não à diminuição da variabilidade
Oligoâmnio caracterizado por:
Líquido Amniótico (USG) -Índice de Líquido Amniótico (ILA) ≤ 5,0 e/ou:
- Maior bolsão < 2 cm
Perfil Biofísico Fetal (PBF) PBF ≤ 6
- Diástole zero e idade gestacional > 34 semanas
- Diástole reversa
Dopplervelocimetria
- Índice de Pulsatilidade (IP) do Ducto Venoso
≥1,0
Fonte: Ministério da Saúde, 2020.
350
Tabela 6. Uso do Misoprostol na Obstetrícia
Uma vez realizado o diagnóstico de SG, precisamos definir a gravidade do caso para
estabelecimento de conduta. Faz-se importante manter-se atento ao diagnóstico
diferencial com outras doenças que podem ter apresentação semelhante, como
corioamnionite, pré-eclâmpsia e síndrome HELLP.22
352
- Internação hospitalar
- Solicitação de exames laboratoriais
(hemograma; creatinina; ureia; sódio;
potássio; TGO; TGP; LDH; Proteína C
Reativa; TP; TTPa; D Dímeros e ferritina)
- Oseltamivir 75mg, VO, 12h/12h por 5
Todos os sintomas de (cinco) dias
doença LEVE; - Colher RT-qPCR para SARS-CoV-2 em
nasofaringe
ou
- Notificação compulsória
Gestante com Qualquer um dos critérios - Discutir início de antibioticoterapia por
doença definidores de SRAG; possível infecção bacteriana associada,
MODERADA idealmente Ceftriaxona (2 g,EV, 1 x/d) +
ou Azitromicina (500 mg, EV, 1 x/d)
Paciente com
Tosse persistente - Imagem de tórax (Rx ou TC)
SRAG ou
evidência - Monitorização de sinais vitais materno-
ou
radiológica de fetais
comprometimento Febre persistente; - Considerar oxigenioterapia precoce (Alvo
do trato
de SpO2 ≥ 95% e/ou PaO2 ≥ 70 mmHg)
respiratório ou
inferior ou com - Evitar sobrecarga de fluidos
emergência Emergência
obstétrica - Iniciar profilaxia farmacológica para
Obstétrica (redução tromboembolismo venoso (TEV) – Tabela 8
da movimentação
fetal; perda líquida; - Avaliação diária da vitalidade fetal
sangramento vaginal; - Corticoterapia (Dexametasona 6 mg/d
contrações uterinas/ [0,75 mg/kg/dia])
abdominais)
- Considerar administração de
corticoesteroides para maturação
pulmonar fetal entre 24 e 33 semanas e
6 dias de gestação, se houver chance de
evolução para parto nos próximos 7 dias
- Até o momento não há tratamento
antiviral específico para COVID-19
354
Tabela 8. Tromboprofilaxia venosa.
CONCLUSÃO
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INTRODUÇÃO
Violência Sexual (VS) é toda relação sexual em que a pessoa é obrigada a se
submeter contra a sua vontade, por meio de força física, coerção, sedução, ameaça
ou influência psicológica, mesmo quando praticada por um familiar ou companheiro,
assim como obrigar a vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.¹
ETAPAS DO ATENDIMENTO
Como objetivos gerais do atendimento, encontram-se: o acolhimento; o registro
da história, exames clínicos, ginecológicos e complementares; o atendimento
360
preferencialmente simultâneo pericial e médico; a garantia da anticoncepção
de emergência (AE); a prevenção de IST; a disponibilização de atendimento de
enfermagem, psicológico, assistência social e jurídica; o seguimento ambulatorial;
o incentivo à notificação; a garantia da realização de aborto seguro previsto em lei,
assistência pré-natal ou adoção.1,4-7
ACOLHIMENTO
A avaliação inicial deve incluir perguntas objetivas, que abordem prática sexual,
uso de drogas lícitas e ilícitas, situação de violência, entre outras. Quanto à
anamnese, o médico deve interrogar sobre o tipo de violência, hora da violência,
qual a relação do agressor com a vítima, se o agressor fez uso de preservativo,
número de agressores, data da última menstruação, uso de contraceptivo etc.,
atentando para o grau de sofrimento físico e mental. Caso necessário, solicitar
teste de gravidez, se a paciente já tinha vida sexual ativa.1,6
Vale ressaltar que entre mulheres adultas vítimas de violência sexual, estima-
se que 5% engravidem.10 A AE é segura e a única contraindicação é gravidez
confirmada.10 Os métodos de AE incluem:
DIU
362
É desnecessária a AE quando há o relato de uso prévio de método contraceptivo
de elevada eficácia (ACHO, implante, adesivo, anel vaginal ou injetável, DIU,
laqueadura), porém deve-se considerar o estado de orientação e concentração da
pessoa, em função do trauma causado pelo abuso.11,12
PROFILAXIA
Penicilina G 2,4 milhões UI, IM, dose 50 mil UI/kg, IM, dose
Sífilis benzatina única (1,2 milhão UI em única (dose máxima
cada glúteo) ª total: 2,4 milhões UI)
Todas as vítimas atendidas devem ter seu status imunológico para hepatite A e
B avaliados.6 Para hepatites virais, pessoas com esquema vacinal completo não
necessitam de reforço ou uso de imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB).
A IGHAHB deverá ser administrada em até, no máximo, 14 dias após a VS, mas
recomenda-se aplicação nas primeiras 48 horas nos casos de não imunização,
esquema vacinal desconhecido ou incompleto das vítimas. A gestação não
contraindica a imunização com vacina ou soro, em qualquer idade gestacional.6.13
Vacina anti-hepatite B
Imunoglobulina anti-hepatite B
364
O primeiro atendimento após a exposição de risco ao HIV é uma urgência, portanto
a profilaxia pós-exposição (PEP) deve ser iniciada o mais precocemente possível
para maior eficácia da intervenção, tendo como limite as 72 horas subsequentes
à exposição. Isto é, não há benefício da profilaxia com antirretroviral (ARV) após 3
dias da exposição.18 Após esse período, a profilaxia para as IST e a prevenção de
gravidez, bem como a coleta de material biológico para identificação do agressor,
tornam-se muito pouco eficazes.1,4-6
Para gestantes, o esquema preferencial deve ser composto com Raltegravir (RAL)
a partir da 14ª semana de gestação, em vez do Dolutegravir (DTG). Os critérios
para indicação de PEP para gestantes são os mesmos aplicados a qualquer outra
pessoa que tenha sido exposta ao HIV.6
Quadro 5. Profilaxia para HIV em gestantes e puérperas: deve-se iniciar após a 14a
semana e suspender a amamentação6
366
Por fim, as pessoas que tenham sofrido mordeduras, lesões ou cortes devem ser
avaliadas quanto à necessidade de imunização para tétano.6
COMUNICAÇÃO OBRIGATÓRIA
EXAMES COMPLEMENTARES
SEGUIMENTO AMBULATORIAL
368
ENCAMINHAMENTOS
Encaminhar à Delegacia de Polícia para registrar ocorrência e ao IML para
realizar o exame pericial o mais precocemente possível, pois a comprovação do
espermatozoide é feita até 12 horas após o coito anal e até 48 horas após o coito
vaginal.4
O CPB, como regra geral, criminaliza o aborto nos artigos 124 a 127. Todavia, os
casos de gravidez resultante de estupro configuram exceção à regra, e não se pune,
nesses casos, o aborto praticado por médico, com o consentimento da gestante ou,
REFERÊNCIAS
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sexual. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
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370
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obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Diário Oficial da
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20. European AIDS Clinical Society (EACS). Guidelines Version 8.0. Out. 2015.
372
EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS NO
CENTRO OBSTÉTRICO
AGITAÇÃO PSICOMOTORA EM GESTANTES
Maria Marta Neves de Oliveira Freire
Leonardo Ayres Coelho
O ambiente de atendimento deve conter mesa fixa e cadeiras com rodas a fim de
facilitar a fuga do profissional em caso de risco de agressão.7,8 É importante haver
uma saída desobstruída atrás do plantonista na eventualidade de uma situação
de ameaça que não possa ser controlada, visto que a equipe está lidando com
uma paciente em crise, que pode se comportar de forma inesperada.6,7 Não se
deve deixar expostos na mesa de atendimento objetos que possam ser usados para
agressão (canetas, grampeadores, peças pontiagudas, por exemplo).7 As equipes
de enfermagem e de segurança devem estar cientes do perfil de paciente que será
atendido.6 Se possível, um alarme de emergência deve estar presente na mesa de
atendimento.6,7 No entanto, a maior proteção é o profissional estar apto a perceber
os sinais de risco de agressão.5,6
É importante ressaltar que um episódio de agitação pode ter uma causa orgânica
com complicações, sendo necessário dispor de equipamento de emergência
no local (oxigênio, equipamento de intubação, aspirador de secreção, carrinho
de emergência).7,10,12 Além disso, o local deve estar equipado com material para
restrições físicas disponíveis como de punho, tornozelo e tórax.6,10
374
ABORDAGEM AO PACIENTE AGITADO
A agitação psicomotora é uma situação dinâmica, com rápida escalada de um
comportamento ansioso para um combativo.1,3 Muitas vezes, é difícil transformar
o ambiente da emergência em algo acolhedor, mas a abordagem do médico por
si só pode ter esse efeito sobre o paciente e seus familiares.8,9 Além da postura do
profissional, a identificação precoce dos sinais de evolução para um comportamento
agressivo pode evitar desfechos indesejáveis.5,10
ABORDAGEM INICIAL
Na abordagem inicial é importante compreender o que está acontecendo, adotando
as seguintes orientações:5,7
Faça uma lista com as alterações de comportamento observadas que sejam motivo
de preocupação. Muitas vezes, familiares e pacientes focam em informações não
relevantes ao caso. Determine as mudanças agudas do comportamento que
podem colocar a gestante ou o feto em risco. Elimine quaisquer causas orgânicas
que possam trazer alterações psiquiátricas ou comportamentais.
376
3. Por que hoje?
Descubra por que a família escolheu aquele momento para buscar ajuda de
emergência. O que gerou maior preocupação nesses familiares no comportamento
da gestante?
DESCALONAMENTO VERBAL
É necessário, na abordagem dessas gestantes agitadas, realizar inicialmente o
descalonamento verbal a fim de evitar a medicação, ou seja, acalmar a paciente
através de intervenções verbais simples (tabelas 3 e 4).1,6 No entanto, destaca-se
a importância de a paciente ser colocada em um ambiente com poucos estímulos
ruidosos e seguro fisicamente para essa intervenção.7,16
VERA SAVE
V alidar – “Eu provavelmente estaria S upport – “Let’s work together...”
agindo da mesma forma se estivesse no
seu lugar”
E moções nomeadas – “Você parece A cknowledge – “I see this has been hard
estar chateada” for you”
378
R econheça – “Eu compreendo o seu lado V alidate – “I’d probably be reacting the
e vejo que isso tem sido difícil para você” same way if I was in your shoes”
INTERVENÇÃO MEDICAMENTOSA
Há poucos artigos voltados para a avaliação de segurança de medicações no
manejo de quadros de agitação psicomotora em gestantes.12,13 Segundo estudos, a
rota de administração IM parece ser a mais adequada para gestantes com agitação
severa, haja vista que a paciente não cooperativa apresentará dificuldades na
administração de medicamentos por via oral (VO) ou para obtenção de acesso
venoso.12,15,16 Sua absorção e início dos efeitos são mais rápidos do que a via oral.9,11
Faz-se importante salientar que o uso de medicações injetáveis pode ser visto
como uma agressão pela gestante. Sendo assim, caso a paciente esteja disposta a
cooperar, devemos optar pela medicação por via oral.1,9
380
O paciente deve ser classificado como em Agitação Psicomotora Grave quando
apresentar ao menos um dos critérios abaixo elencados:
CONCLUSÃO
O manejo de transtornos psiquiátricos graves em gestantes envolve uma avaliação
abrangente de uma equipe treinada. A presença de uma rede de suporte
social estruturada é essencial para o seguimento do tratamento da díade mãe-
bebê após a abordagem inicial. Embora nenhuma medicação psicotrópica seja
completamente segura no período gestacional, quando o risco do adoecimento
psíquico grave for maior do que os riscos do uso das medicações, deve-se optar
pelas que sabidamente não são consideradas teratogênicas.
382
ALGORITMO DE ATENDIMENTO
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studies based on UK electronic primary care health records. Health Technol
Assess. 2016 Marc;20(23):1-176.
386
saúde pública.8 Em estudo em Ontário (Canadá), menos da metade das mulheres
que morreram por suicídio durante a gravidez ou no pós-parto utilizaram serviço de
saúde mental nos 30 dias anteriores ao óbito, embora uma proporção substancial
tenha contato com outros profissionais de saúde, principalmente obstetras e
pediatras.9 Dados como esse se multiplicam na literatura, reforçando a necessidade
de o obstetra saber abordar de forma clara e concisa o risco de suicídio no período
gestacional e perinatal.9 Essa avaliação definirá se há necessidade de uma
hospitalização emergencial ou de acompanhamento em regime ambulatorial.3,10
388
atos suicidas apresentam um risco maior de hospitalização por todos os tipos
de transtornos psiquiátricos e tentativas de suicídio do que os filhos de pais que
morreram por outras causas.17
Você está pensando em se machucar (ou se ferir ou fazer mal) a você ou ao bebê?
Fonte adaptada de: Suicídio - informando para prevenir. Conselho Federal de Medicina, 2014.
A seguir citamos algumas instruções para avaliação de áreas que são importantes
para o relacionamento mãe-bebê e que podem orientar o plantonista sobre o risco
de comportamento suicida ou de negligência com o RN.22,23
390
Tabela 4: Aspectos a serem observados na interação mãe-bebê:
392
Ressalta-se que em todos os casos de atendimento à paciente com risco de
suicídio, os familiares devem ser alertados sobre a importância do tratamento.5,8
As informações repassadas devem ser estritamente as necessárias para a
garantia de segurança do paciente a fim de se manter o vínculo de confiança com
o profissional de saúde. Deve-se orientar os familiares à retirada de quaisquer
métodos potenciais de suicídio, como arma, instrumentos perfurocortantes,
medicamentos, venenos ou acesso a materiais de limpeza.8,10 Todas as orientações
dadas e as medidas tomadas para a proteção da mãe e do bebê devem ser
registradas detalhadamente em prontuário, devido a uma necessidade médico
legal.23,25
O apoio social, psicológico e clínico fornecido a essas mães deve ser continuado
pelo menos nos primeiros seis meses do pós-parto.8 O suporte prolongado pode
reduzir o risco de outros eventos trágicos, como neonaticídio (homicídio infantil
nas primeiras 24 horas de vida) e infanticídio (homicídio infantil no primeiro ano
de vida), que podem ser ocasionados por mães que desenvolvem depressão pré-
natal e continuam deprimidas após o parto.8 Os recursos de suporte devem ser
gradualmente descontinuados somente quando a situação pessoal e clínica das
mães parecer satisfatória e definitivamente estabilizada.5,6
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