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CLÍNICA
Prof.ª Daiany Darlly Bello Redivo
Prof.ª Gabriela Deretti Kasmirski
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Daiany Darlly Bello Redivo
Prof.ª Gabriela Deretti Kasmirski.
R317p
ISBN 978-65-5663-165-3
ISBN Digital 978-65-5663-160-8
1. Parasitologia. - Brasil. I. Kasmirski, Gabriela Deretti. II.
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 616.96
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Convido você para que, juntos, possamos iniciar o
estudo do Livro sobre a Parasitologia Clínica. Este livro é divido em três uni-
dades, que têm como objetivo conjunto, apresentar de forma clara e objetiva
a epidemiologia das parasitoses, como podemos realizar seu diagnóstico,
bem como sua profilaxia, em busca de proporcionar uma melhor qualidade
de vida à comunidade.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA................................................................................................. 91
INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E
HELMINTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
1
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
CONCEITOS APLICADOS À
PARASITOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
3
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
E
IMPORTANT
4
TÓPICO 1 — CONCEITOS APLICADOS À PARASITOLOGIA
NOTA
Nos próximos tópicos desta unidade, para cada espécie de interesse pa-
rasitólogo no Brasil, estudaremos sobre sua epidemiologia, morfologia, mecanis-
mos de transmissão, o ciclo biológico diferencial de cada parasita, os sintomas
que podem ser ocasionados por ele quando ocorrer o parasitismo, os métodos de
profilaxia que podem ser utilizados para combater a essa parasitose e a forma de
realizar o diagnóstico preciso e diferencial de cada um deles.
5
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
6
TÓPICO 1 — CONCEITOS APLICADOS À PARASITOLOGIA
7
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
ATENCAO
Cada parasita tem sua particularidade de ciclo biológico, uns mais sim-
ples e outros mais complexos, mas esse ciclo nos fornece uma visão dos pontos
de prevenção, tratamento e controle das parasitoses. Em todo ciclo podemos ob-
servar vários estágios, como o estágio diagnóstico que é o local onde esse parasita
é eliminado ou localizado, para extrairmos uma amostra e identificarmos de qual
espécie se trata; o estágio infectante é como o paciente adquiriu essa parasitose,
ou seja, qual a forma de transmissão; o estágio de localização, onde o parasi-
ta se encontra dentro do organismo humano através da sintomatologia por ele
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TÓPICO 1 — CONCEITOS APLICADOS À PARASITOLOGIA
Caros acadêmicos, não podemos nos esquecer dos mecanismos diretos de de-
fesa do organismo humano, que são aqueles desenvolvidos muito sabiamente pelo
9
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
corpo humano, por exemplo, a pele, que é o maior órgão do nosso corpo, nosso pri-
meiro e maior órgão de defesa, assegurando o contato e relações entre o meio externo
e interno. Outro mecanismo muito importante é o suco gástrico, devido a sua acidez,
muitos parasitas quando chegam no interior do sistema digestório, não conseguem
sobreviver com esse meio ácido e são eliminados pelo nosso sistema imunológico. Te-
mos também uma célula leucocitária muito importante nos mecanismos de combate
e defesa contra parasitas, que são os eosinófilos, um tipo de leucócito especializado
no combate de parasitas que realizam a liberação dos grânulos de histamina, após
sua ativação, esses grânulos são tóxicos para os tecidos do parasita que ele é morto e,
posteriormente, eliminado da circulação através das nossas células responsáveis pela
fagocitose (NEVES, 2016). Após esse conhecimento, você pode ficar um pouco mais
tranquilo, pois mesmo sabendo que as vias de contaminação são inúmeras, também
temos um sistema de defesa especializado trabalhando para nos defender.
DICAS
7 MECANISMOS DE AGREÇÃO
11
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
12
AUTOATIVIDADE
a) Agente etiológico.
b) Agente infeccioso.
c) Habitat.
d) Incidência.
e) Patogenia ou Patogênese.
f) Patognomônico.
g) Prevalência.
h) Profilaxia.
i) Reservatório.
j) Virulência.
k) Zoonose.
l) Nicho ecológico.
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a) ( ) Somente a sentença III está correta.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
e) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
a) ( ) V – F – V – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – F – F – F.
c) ( ) F – F – F – F – F – F.
d) ( ) V – V – F – V – V – F.
e) ( ) V – V – V – V – V – V.
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TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
ENTEROPARASITOSES CAUSADAS
POR HELMINTOS – FILO NEMATODA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, iniciaremos nosso estudo com duas perguntas: você já viu algum
verme ao vivo? Já ouviu falar que alguém está com vermes? Certamente, a resposta
para uma das duas perguntas será sim! Os helmintos, popularmente conhecidos como
vermes, são grupo de parasitas que mais acomete o ser humano. São distribuídos e
classificados em três filos: Platyhelminthes, Nematoda e Acanthocephala, conforme descri-
to no livro de parasitologia de David Pereira Neves (2016). Dentre os três filos, os que
mais acometem os seres humanos são Platyhelminthes e Nematoda. Os parasitas do filo
Acanthocephala são raros em nosso meio e, por isso, não terão destaque nessa unidade.
Os helmintos são considerados seres pluricelulares, sendo cada célula espe-
cializada em sua função. Os nematódeos são vermes cilíndricos e alongados (nema
= fio + helminthes = verme) com tamanho variável, de centímetros até metros. Eles
possuem simetria bilateral, com uma cutícula envolvendo o corpo e três folhetos
germinativos (triblásticos). Apresentam cavidade oral, tubo digestório completo,
contendo anus (fêmea) e cloaca (macho). São dioicos, ou seja, realizam reprodução
sexuada, predominantemente com sexos separados (dimorfismo sexual), com fe-
cundação interna e desenvolvimento indireto, sendo sempre o macho menor que a
fêmea. O corpo é revestido por uma cutícula fina, lisa ou com estrias, que tem por
finalidade proteção do organismo contra as ações externas (NEVES, 2016).
2 ASCARIS LUMBRICOIDES
15
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
2.1 MORFOLOGIA
• Verme adulto macho: é cilíndrico, possui simetria bilateral (ou seja, iguais dos
dois lados), apresenta o corpo coberto por cutícula lisa e brilhante com estrias.
Possui uma coloração amarelo-rosado e pode medir de 15 a 30 cm, podendo che-
gar até 45cm. Apresentam um vestíbulo bucal, localizado na extremidade ante-
rior, com três lábios (trilabiada) que servem como fixação e nutrição do parasita,
para que consiga se fixar no interior do organismo humano. Possui também, um
esôfago musculoso e um intestino retilíneo. A extremidade caudal é encurvada
com a presença de espícula, necessárias durante o acasalamento (REY, 2018).
• Verme adulto fêmea: é maior que o macho, possui extremidade caudal retilínea,
apresenta dois ovários, úteros, vagina e vulva. Também possui uma boca trilabia-
da, com a mesma função do macho. “Os vermes adultos habitam o lúmen do in-
testino delgado humano, onde se alimentam e copulam. A fêmea deposita cerca
de 200.000 ovos por dia, que são eliminados nas fezes” (FERREIRA, 2017, p. 103).
16
TÓPICO 2 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS – FILO NEMATODA
• Ovo: o ovo eliminado após o acasalamento entre macho e fêmea possui algu-
mas características distintas quando o ovo está fértil ou infértil. As caracte-
rísticas morfológicas de um ovo fértil, envolvem uma coloração branca, mas
adquirem a cor castanho escuro, devido ao contato com as fezes. São grandes
(50x60um), ovais e apresentam três camadas, como pode ser observado na Fi-
gura 3. Na (Figura 3A), a camada interna é chamada de vitelínica (que lembra
vitelo = embrião), ela se encontra repleta de células germinativas que darão
origem a um verme adulto após a eclosão (abertura) desse ovo. Possui uma
camada intermediária chamada de quitinosa, que tem como função a prote-
ção e a nutrição do embrião, composta de lipídeos e proteínas. Já a camada
mais externa é chamada de albuminoide (albuminosa) ou maminolada (leva esse
nome pois lembra a casca de um abacaxi), essa membrana tem como função a
proteção do vitelo. A camada albuminosa, no entanto, pode estar ausente em
alguns ovos férteis, também conhecidos como descorticados. O ovo infértil
(Figura 3B) é mais alongado, não possui capacidade de evoluir, portanto, não
apresenta a membrana interna vitelínica. No seu interior existe a presença de
uma massa amorfa, esses ovos são produzidos por fêmeas não fertilizadas,
são frequentemente eliminados nas fezes, mas degeneram no meio externo,
sem se tornarem infectantes (FERREIRA, 2017).
17
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
A B
FONTE: Neves (2016, p. 297)
2.2 TRANSMISSÃO
18
TÓPICO 2 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS – FILO NEMATODA
2.4 SINTOMATOLOGIA
Os sintomas que o parasita causa durante toda sua migração e seu desenvolvi-
mento, deve ser estudada com base no ciclo biológico do parasita. O sintoma patogno-
mônico do Ascaris é a obstrução intestinal, ocasionado pela alta capacidade de reprodu-
ção do parasita, eliminado até 200 mil/ovos/dia. Outro sintoma muito característico é a
síndrome de Loss ou Loeffler, conhecida também como “falsa pneumonia”, ocasionando
febre, tosse, dispneia, edema de alvéolo, infiltrado eosinofílico, manifestações alérgicas e
19
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
bronquite, que são sintomas que se assemelham à pneumonia, mas na realidade são oca-
sionados devido à passagem do parasita por esse órgão. Essas manifestações geralmente
ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional (NEVES, 2016).
Outros órgãos também podem ser prejudicados, como o fígado que pode apre-
sentar focos hemorrágicos e de necrose. Os sintomas relacionados ao intestino, onde o
parasita tem seu habitat, são subnutrição (devido ao alto consumo de nutrientes pelo
parasita), emagrecimento, diarreia, náuseas, vômitos e dor abdominal, além de colecistite,
pancreatite, apendicite, devido à localização errática dos vermes adultos (NEVES, 2011).
DICAS
3 ENTEROBIUS VERMICULARIS
20
TÓPICO 2 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS – FILO NEMATODA
3.1 MORFOLOGIA
• Verme adulto fêmea: possui corpo cilíndrico, mede de 0,8 a 1,2 cm e seu corpo
é em forma de um ponto de interrogação invertido. Possui asa cefálica para
locomoção (estrutura muito importante para o ciclo biológico do parasita).
• Verme adulto macho: é menor que a fêmea, mede 0,3 a 0,5 cm, possui uma cauda
encurvada ventralmente, necessária para a cópula, também possui asa cefálica
para locomoção. Os vermes adultos, macho e fêmea, podem ser observados na
Figura 5. A fêmea tem a capacidade de colocar 16 mil ovos por dia (NEVES, 2016).
• Ovo: os ovos medem de 55 a 25um, possuem uma coloração transparente/
acinzentada ou amarelo claro (tudo vai depender do método utilizado para
o seu diagnóstico). Os ovos no exame da fita adesiva, se apresentam com du-
pla membrana evidente, célula germinativa no interior do ovo – que é liso e
translúcido em formato de letra “D” –, um lado é achatado e outro é convexo,
como é possível observar na Figura 6 (NEVES, 2016).
21
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
3.2 TRANSMISSÃO
A transmissão dessa parasitose ocorre por diferentes mecanismos
(NEVES, 2011):
22
2. O homem adquire o parasita através da ingestão do ovo em água ou alimentos
contaminados.
3. Ele sofre a ação do suco gástrico, no intestino delgado ocorre a sua eclosão
liberando uma larva (verme adulto) que migra para a região do ceco e sofre
diversas mudas até se tornar efetivamente um verme adulto.
4. No ceco, fêmea e macho realizam a cópula, após a cópula a fêmea mata o
macho, que é eliminado nas fezes do hospedeiro. Todo o ciclo ocorre no lúmen
intestinal, sem migração visceral. A fêmea grávida se desprende do ceco, passa
por todo o intestino grosso, pelo esfíncter anal até alcançarem a região anal
ou em áreas adjacentes como a região perianal, tudo isso ocorre no período
da noite, pois é nesse período que ela encontra temperatura, luminosidade e
tranquilidade adequada.
5. Nesse momento e local, ela faz a postura dos ovos cerca de 5 a 16 mil/ovos/
dia, e, dentro de seis horas, esses ovos se tornam infectantes, podem infectar
novamente o paciente, reiniciando o ciclo ou contaminando o ambiente,
podendo resistir até três semanas (FERREIRA, 2017).
3.4 SINTOMATOLOGIA
23
Além da irritação local, lesões intestinais causadas pelos vermes são míni-
mas, podendo haver emagrecimento e discreta inflamação. As ulcerações da mucosa
podem acontecer devido a infecções bacterianas secundárias, devido ao prurido do
hospedeiro coçar intensamente e com frequência a região anal, ocasionando escoria-
ções na mucosa, deixando uma porta de entrada para infecções bacterianas secundá-
rias. A margem do ânus pode se apresentar avermelhada, congestionada e recoberta
de muco que pode ser sanguinolento. Nas mulheres, também já houve relatos de
invasão da vulva e da vagina, com produção de vulvovaginites (REY, 2018).
24
AUTOATIVIDADE
4 TRICHURIS TRICHIURA
25
A tricuríase incide mais intensamente na Amazônia e na faixa litorâ-
nea, de clima equatorial e chuvas distribuídas pelo ano todo, do que
no planalto tropical e com estações secas. As maiores prevalências
estão em Alagoas (71%) e Sergipe (80%). Também no México, encon-
tram-se 44% de parasitados no planalto (Distrito Federal) e 83% no
litoral (Vera Cruz) (REY, 2018, p. 679).
4.1 MORFOLOGIA
26
FIGURA 8 – VERME ADULTO MACHO (B) E FÊMEA (A) DE TRICHURIS TRICHIURA
27
DICAS
Prezado acadêmico, você pode perceber que cada parasita que estamos estudan-
do possui uma morfologia diferente, mas que ao mesmo tempo se assemelham muito! Então,
uma dica muito importante, nesse momento de estudo, é que você faça um resumo, em forma
de tabela ou quadro, das principais diferenças de cada ovo. Isso irá facilitar seus estudos!
4.2 TRANSMISSÃO
Após o contato do parasita com o organismo humano, ele tem como habitat
o intestino grosso, mais precisamente nas porções do cólon e ceco, desenvolvendo
parte do seu ciclo biológico. Note que, a via de transmissão do Trichuris é a mesma
via de contaminação do Ascaris, com isso, é comum encontrarmos pacientes polipa-
rasitados, pois a via de contaminação de ambas parasitoses é a mesma. Portanto, caro
acadêmico, preste muita atenção no estudo da peculiaridade de cada parasita, pois é
de suma importância realizarmos o diagnóstico correto para um tratamento eficaz.
28
4. Esse ovo (L3) estará presente na água ou em algum alimento que será ingeri-
do pelo homem.
5. Após a ingestão, as larvas eclodem através de um dos poros presentes nas ex-
tremidades do ovo, no intestino delgado do hospedeiro, a eclosão das larvas é
estimulada pela exposição sequencial dos ovos aos componentes do suco gás-
trico e do suco pancreático, essa larva penetra no epitélio da mucosa intestinal,
na região duodenal, pela base das criptas de Lieberkuhn, permanecendo lá por
dez dias, até o seu desenvolvimento estar completo, depois ganham a luz intes-
tinal e migram para ceco e colón onde completam seu desenvolvimento.
6. Fêmeas e machos que habitam o intestino grosso reproduzem-se sexuadamente
ou podem permanecer fixadas ao intestino por longos anos sem que ocorra a
reprodução, os ovos são eliminados para o meio externo com as fezes, essa pro-
dução de ovos pode levar de 70 a 90 dias para liberação de novos ovos, a fêmea
coloca em torno de 7 mil/ovos/dia, que podem novamente cair no meio ambien-
te contaminando água e alimentos, reiniciando o ciclo biológico (NEVES, 2016).
4.4 SINTOMATOLOGIA
Segundo Neves (2016), a tricuríase não tem sido tratada com a devida aten-
ção pelas autoridades de saúde pública. Provavelmente, o descaso seja em razão
da grande proporção de casos assintomáticos da doença e da falta de informações
29
quanto à real consequência da infecção crônica, especialmente em crianças. As
lesões ocasionadas pelo parasita ficam restritas ao intestino (ele é um parasita
que não tem a capacidade de perfurar o intestino e cair na circulação sanguínea).
30
DICAS
5 STRONGYLOIDES STERCORALIS
31
5.1 MORFOLOGIA
32
FIGURA 11 – FORMAS EVOLUTIVAS DO STRONGYLOIDES STERCORALIS
5.2 TRANSMISSÃO
33
do na região perianal, ceco e assim reiniciam o ciclo. Esse tipo de transmissão é
mais comum em crianças e pacientes que utilizam fraldas, devido à má higiene,
pois ficam restos de fezes na região perianal (NEVES, 2011).
1. Esse ciclo inicia-se com a penetração ativa da larva filarioide sobre a pele ou
mucosa. As larvas filarioides conseguem romper a barreia da pele e entram
em seu hospedeiro, sua entrada é facilitada devido à presença de enzimas
colagenases.
2. As larvas ganham a circulação venosa e linfática, migram até os capilares pul-
monares (realizando o ciclo pulmonar – ciclo de Loss), atravessam o tecido
pulmonar até chegarem à faringe, podendo ser expelidas ou deglutidas.
3. Sendo deglutidas, essa larva chega ao intestino delgado e se transformam em
uma fêmea partenogenética.
4. A fêmea partenogenética tem por habitat o intestino delgado do homem,
onde se alimenta das células e líquidos intersticiais, realizando a fecundação,
e quando estão repletas de ovos, realizam a oviposição.
5. Esses ovos eclodem ainda no intestino delgado, originando as larvas rabdi-
toides, que são eliminadas com as fezes. Uma vez no meio exterior favorável,
com TUS adequado a uma temperatura de 27 a 30 °C, umidade de 90% e
solo arenoso, que nos remete muito ao local de praia (já parou para pensar
que quando você está sentado na areia da praia descalço, enterrando seus
34
pés, você pode estar sendo contaminado com esse parasita?). Dentro de 48
horas as larvas rabditoides transformam-se em larvas filarioides infectantes e
entram em outro hospedeiro, reiniciando assim o ciclo direto. A fêmea pode
viver até cinco anos, e produz de 30 a 40 ovos por dia, via partenogênese, ou
seja, não há machos durante a vida parasitária (NEVES, 2016).
35
FIGURA 13 – CICLO BIOLÓGICO STRONGYLOIDES STERCORALIS
5.4 SINTOMATOLOGIA
36
5.5 PROFILAXIA E DIAGNÓSTICO
Em alguns casos o diagnóstico pode ser feito por imagem, no qual consegui-
mos identificar a presença da larva nos pulmões ou através da pesquisa imunológica,
procurando o antígeno ou anticorpo do parasita presente, ambas técnicas muito pou-
co utilizadas, devido ao alto custo e complexidade do exame (NEVES, 2011).
6 ANCYLOSTOMA SP.
37
Apesar de todas as campanhas de saneamento e profilaxia, empreen-
didas desde o começo do século XX, a distribuição geográfica da anci-
lostomíase permanece quase a mesma. Em função do desenvolvimento
econômico (que promove a extensão do uso do calçado) e da melhoria
geral das condições de nutrição, houve uma redução na gravidade do
mal. Já não aparece a ancilostomíase, como no passado, entre as grandes
causas de mortalidade na infância e na adolescência, nem são frequen-
tes, como antes, as formas graves da doença (REY, 2018, p. 630).
6.1 MORFOLOGIA
38
6.1.2 Necatur americanos
39
FIGURA 15 – OVO DE ANCYLOSTOMA SP.
6.2 TRANSMISSÃO
40
térias e detritos encontrados no solo por onde passa, devido aos movimentos
serpentiformes que ela realiza. Essa larva no ambiente, perde a cutícula e se
transforma em larva tipo filarioide que mede 700u, com vestíbulo bucal longo,
podendo permanecer por até três meses no solo com as condições favoráveis. O
homem, então, entra em contato com o parasita através da mucosa exposta, por
exemplo na areia da praia, ao passar na areia a larva penetra no homem, essa
penetração demora 15 minutos e é facilitada por essas enzimas colagenases.
5. Ao entrar em contato com o ser humano, as larvas são estimuladas por sinais
térmicos e químicos derivados do hospedeiro, continuando seu desenvolvimen-
to na produção de secreção com movimentos que auxiliam na penetração, elas
alcançam a corrente sanguínea, vão para linfa, fígado, pulmão, alvéolo, bronquí-
olos, brônquios, faringe, traqueia, epiglote, onde é deglutido e alcança o intestino
delgado, ocorrendo a sua maturação (caracterizando ciclo pulmonar). As larvas
L4, já no interior do intestino delgado, exercem a hematofagia e depois de 15
dias mudam para a forma adulta, a qual dão origem a vermes adultos, que reali-
zam a cópula e liberam ovos nas fezes do hospedeiro reiniciando o ciclo, os ovos
embrionados eclodem e liberam as larvas que sofrerão maturação e contamina-
rão novamente um hospedeiro. Outra forma de contaminação, menos comum, é
através da ingestão dos ovos embrionados de Ancylostoma (NEVES, 2016).
41
1. Para as espécies de Ancylostoma brasiliensis e caninum, as fêmeas desse pa-
rasito colocam ovos que são eliminados nas fezes dos gatos e cães infectados
para o meio exterior (Figura 17).
2. Devido às condições de temperatura, umidade e solo adequada (Temperatu-
ra: 27 ºC a 35 ºC, Umidade: 90% e Solo: arenoso) para a maturação, alimentan-
do-se de matéria orgânica presente no ambiente, ocorre a eclosão do ovo L1
que realizam duas mudas até alcançar o terceiro estágio infectante L3.
3. Essa larva não se alimenta e pode permanecer no solo por vários dias, até en-
contrar uma mucosa “acessível” e realizar a penetração na pele.
4. Essa penetração demora em torno de 15 minutos, onde a larva migra para os
tecidos subcutâneos, progredindo e deixando um rastro sinuoso sobre a pele,
conhecido como larva migrans cutânea (bicho geográfico ou bicho das praias)
podendo permanecer durante semanas ou até meses e então morrem, devido
à ação do sistema imunológico.
5. Caso o paciente esteja com baixa imunidade, a larva pode migrar para as vís-
ceras, e de forma menos frequente, a larva no estágio L3 pode ser ingerida, e
se transformar em larva migrans visceral. Cães e gatos se infectam pelas vias
oral, cutânea e transplacentária (NEVES, 2016).
42
6.4 SINTOMATOLOGIA
43
na praia alguém jogado na areia ou brincando de se “enterrar” nela, alerte-o sobre
os riscos que ele está correndo, afinal conselho nunca é demais, não é mesmo?
44
NOTA
Como foi descrito repetidamente durante esse tópico, foi possível perceber a
importância da identificação morfológica do parasita para um correto diagnóstico. Por esse
motivo, deixarei para você, acadêmico, dois sites de acesso de Atlas Virtuais, que facilitarão
a identificação dos helmintos estudados:
1) https://www.youtube.com/watch?v=aImhISHs7nw.
2) http://atlasdeparasitologia.blogspot.com/p/helminto.html.
7 TOXOCARA SP.
7.1 MORFOLOGIA
45
visto que, o ovo é igual para ambas as espécies de Toxocara sp., por isso relatamos
sempre como ovos de Toxocara sp.
7.2 TRANSMISSÃO
46
1. O Ciclo biológico no hospedeiro definitivo, que é o cão, ocorre quando faz a
ingestão do ovo contendo a larva L3 através do solo, alimento ou pela inges-
tão de roedores contaminados.
2. As larvas eclodem e penetram na parede intestinal, perfurando a mucosa e
caindo na circulação, alcançam o fígado, o coração e o pulmão, migrando para
os alvéolos, brônquios, traqueia, sendo deglutidas.
3. Chegando ao intestino, crescem e alcançam a maturidade sexual em torno de
quatro semanas. Uma vez infectada a cadela pode albergar larvas suficientes
para infectar o feto de várias gerações. As fêmeas podem eliminar milhares
de ovos por dia nas fezes do hospedeiro normais. No solo, em condições fa-
voráveis de umidade e temperatura, o ovo se desenvolve e a larva alcança o
estágio infectante dentro do ovo (NEVES, 2016).
47
FIGURA 19 – CICLO BIOLÓGICO TOXOCARA SP.
7.4 SINTOMATOLOGIA
Alguns autores acreditam que a forma da larva migrans ocular ocorre quando há
a ingestão reduzida do número de ovos. A maioria das infecções é unilateral, e são vários
os aspectos clínicos que podem assumir, sendo que endoftalmina crônica é a forma mais
comum, determinando a perda da visão em casos graves. Pode ocorrer também, granu-
loma periférico do olho, hemorragia retiniana, catarata e lesões orbitárias (NEVES, 2016).
49
LEITURA COMPLEMENTAR
1 INTRODUÇÃO
50
Várias pesquisas já foram realizadas e, com isso, foram propostos alguns cri-
térios de qualidade microbiológica para os indicadores de contaminação fecal. Como
no Rio de Janeiro, a prefeitura, por meio de uma Resolução da Secretaria do Meio Am-
biente (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2000), estabeleceu limites máximos de
classificação das areias de contato de recreação, foi recomendado não ter contato com
areias que tiveram níveis de contaminação superior a 400 coliformes termotolerantes
por 100 gramas. Esse valor foi estipulado devido aos resultados de análises feitas na
areia de uma praia considerada limpa e sem influência de urbanização (CETESB, 2009).
51
Prevalente em regiões úmidas e quentes; colonizam
Ovo de Trichuris trichiura
no homem o intestino grosso (Neves, et al., 2005).
Encontrados no trato digestivo dos felinos, que
são seus únicos hospedeiros. Uma gestante
Ovo de Toxoplasma gondii
pode perder o feto ou ter um bebê com proble-
mas de saúde (Souza & Santos, 2010).
2 METODOLOGIA
52
da, uma alíquota do sedimento é retirada com uma pipeta obliterada e o sedi-
mento colocado em lâmina para observação óptica (SANTOS, 2010).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas praias de Pernambuco (Figura 2), as amostras de areia seca que foram
analisadas apresentaram alto índice de larvas de Ancyslostoma sp, ovo de Trichuris
trichiura e ovo de Ascaris lumbricoides. E a praia mais contaminada foi Porto de
Galinhas, seguida da praia Muro Alto (SOUZA, 2009).
As formas parasitárias mais encontradas nas amostras das praias de rio de Gua-
íbe foram ovo de Ascaris lumbricóides, ovo de Taenia sp e ovo de Ancylostoma sp (Tabela
2). A praia com maior índice de contaminação encontrada foi a Praia Florida, já a menos
contaminada foi a Praia Alegria consecutivamente (Figura 4) (SILVA, 2010). Os patógenos
mais comumente encontrados nas praias do rio Guaíbe são mostradas na Tabela 6.
53
FIGURA 1 – RESULTADOS DAS AMOSTRAS DO LITORAL PAULISTA
54
FIGURA 3 – RESULTADO DAS PRAIAS DO RIO TOCANTINS COM MAIOR E MENOR CONTAMINAÇÃO
FIGURA 4 – RESULTADO DAS PRAIAS DO RIO DE GUAÍBE COM MAIOR E MENOR CONTAMINAÇÃO
55
TABELA 4 – PATÓGENOS ENCONTRADOS EM MAIOR EVIDÊNCIA NAS PRAIAS DO RIO GUAÍBE
FONTE: CICERO, L. H. et al. Contaminação das areias de praias do Brasil por agentes patológi-
cos. Revista Ceciliana, Santa Cecília, v. 4, n. 2, p. 44-49, dez. 2012. Disponível em: https://bit.
ly/33q9ah2. Acesso em: 13 jul. 2020.
56
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Andar descalço pode ser uma grande porta de entrada para o parasita do
gênero Strongyloides stercoralis que tem como forma de contaminação a pene-
tração da larva ativa sobre a pele humana, que pode seguir o ciclo partenoge-
nético ou direto ou realizar o ciclo indireto, sexuado ou de vida livre.
57
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – F – F.
b) ( ) V – F – F – F – V.
c) ( ) F – V – F – F – F.
d) ( ) V – V – F –F – V.
e) ( ) F – F – V – V – F.
3 Os parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos ne-
cessários para a sua sobrevivência. Eles são considerados agressores, pois pre-
judicam o organismo hospedeiro através do parasitismo. O parasita pode viver
muitos anos em seu hospedeiro sem lhe causar grandes malefícios, ou seja, sem
prejudicar suas funções vitais. Entretanto, alguns deles podem até levar o orga-
nismo à morte, neste caso, porém, o parasita sucumbirá com seu hospedeiro,
uma vez que, era através dele que se beneficiava unilateralmente. Dentre as di-
ferentes espécies de parasitas, existem os parasitas facultativos, que são assim
chamados por não necessitarem unicamente de um hospedeiro para sobrevi-
ver. Esta espécie é capaz de sobreviver tanto dentro (na forma parasita) quanto
fora (vida livre) de outro organismo vivo. É o caso das larvas de moscas que po-
dem desenvolver-se tanto em feridas necrosadas (como parasitas) ou em matéria
orgânica em estado de decomposição (como larvas de vida livre). O parasita é
capaz de se reproduzir disseminando seus ovos, e estes, costumam infectar ou-
tros hospedeiros, dos quais retirarão seus meios de sobrevivência através do pa-
rasitismo. A figura a seguir mostra a contaminação do homem por um parasita.
59
CONTAMINAÇÃO DO HOMEM POR UM PARASITA
60
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 SCHISTOSSOMA MANSONI
61
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
O clima tropical exerce irresistível atração nas faixas etárias mais jovens, para
práticas recreativas em águas naturais. Assim, fica difícil coibir o contato com cole-
ções aquáticas naturais em épocas de forte calor. As atividades profissionais, muitas
vezes, obrigam o trabalhador a ter contato prolongado com águas contaminadas (la-
vadeiras, horticulturas, rizicultores) e isso favorece a contaminação da população.
2.1 MORFOLOGIA
A morfologia o S. manson,i é estudado com base nas várias fases que po-
dem ser encontradas em seu ciclo evolutivo: adulto (macho e fêmea), ovo, mirací-
deo, esporocisto e cercária.
62
TÓPICO 3 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS – FILO PLATYHELMINTHES
Dentro dele está presente as células germinativas, de 50 a 100, que darão conti-
nuidade ao ciclo do parasita. Uma das características desse parasita é o fototro-
pismo, ou seja, o miracídeo nada para a luminosidade ao encontro do molusco.
• Cercária: possui uma morfologia muito simples, porém com material necessário
para o desenvolvimento dos parasitas, contém cauda bifurcada, corpo cercaria-
no, onde ficam localizados as células germinativas que darão origem a um novo
verme adulto. Duas ventosas: oral e ventral, glândulas de penetração, quatro pa-
res pré-acetabulares e quatro pares pós-acetabulares, musculatura desenvolvida,
fixando-se na parede do hospedeiro no processo de penetração, abertura que se
conecta ao chamado intestino primitivo e a cauda que se perderá rapidamente na
penetração no homem, servindo apenas para movimentação até o encontro do
hospedeiro definitivo que é o homem (FREITAS; GONÇALVES, 2015).
63
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
2.2 TRANSMISSÃO
1. Alcançam a água doce por hipotonicidade (temperatura mais altas, luz inten-
sa e oxigenação da água) e liberam o miracídeo, que está dentro do ovo.
2. Esse miracídeo nada até encontrar o molusco presente nessa água doce.
3. O miracídeo penetra no caramujo do gênero Biomphalaria, dentro do caramujo,
nas antenas e nos pés (devido a intensos movimentos do miracídeo e da ação
enzimática constituí o elemento que permite a introdução no tecido do molusco).
4. Dentro do molusco, esse miracídeo se diferencia em esporozoíto, que sofre
diversas mudas até chegar na morfologia de uma cercária (demora cerca de
27 a 30 dias para se formar em uma temperatura de 28 °C).
5. A cercária abandona o molusco e nada na água doce até encontrar um hospe-
deiro definitivo.
6. Em até duas a três horas penetra no homem (fixam-se com o auxílio das ventosas
e da ação lítica através de glândulas de penetração e ação mecânica pelos movi-
mentos intensos, promovem a penetração que demora em torno de dez minutos).
7. A cercária pode ficar de 36 a 48 horas na água, podem penetrar em vários ma-
míferos, mas só se desenvolvem no hospedeiro adequado, que é o homem. Ao
penetrar no homem, perde a cauda e se diferencia em esquitossômulos.
8. Eles alcançam a corrente sanguínea, vão para o coração, pulmão e fígado. Em 35
a 40 dias se alimentam e se desenvolvem transformando-se em macho e fêmea.
9. Ocorre, então, o acasalamento, a fêmea entra no canal ginecóforo do macho e
ocorre a fecundação, após isso, a fêmea faz a postura dos ovos na submucosa
intestinal, cerca de 400 ovos por dia.
10. Os ovos colocados levam cerca de uma semana para tornarem-se maduros
(miracídeo formado). Desde que o ovo é colocado até que atinja a luz intes-
tinal decorre um período de seis dias necessário para a maturação do ovo, se
decorrer 20 dias e os ovos não conseguirem atingir a luz intestinal ocorrerá
a morte do miracídeo, caso ele consiga, o homem elimina ovos nas fezes que
podem contaminar locais com água doce e com a presença do molusco e o
ciclo se reinicia (FREITAS; GONÇALVES, 2015).
64
TÓPICO 3 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS – FILO PLATYHELMINTHES
2.4 SINTOMAS
65
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
DICAS
3 FASCÍOLA HEPÁTICA
66
TÓPICO 3 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS – FILO PLATYHELMINTHES
tem disseminado a doença não somente pelos animais, mas também pelos próprios
caminhões cheios de fezes e lavados próximos de córregos (NEVES, 2016).
3.1 MORFOLOGIA
67
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA E HELMINTOS
3.2 TRANSMISSÃO
• O ciclo tem início através do homem contaminado que elimina ovos nas fezes.
• Esses ovos no ambiente, em condições favoráveis de temperatura (25 a 30 °C),
umidade 100%, dão origem a um miracídeo (que foi formado no interior do
ovo pelas células vitelínicas).
• O miracídeo sai do ovo apenas quando entra em contato com a água estimula-
do pela luz solar, nessas condições o opérculo do ovo se abre e o miracídeo sai.
• O molusco (hospedeiro intermediário) presente na água elimina muco que
atrai o miracídeo, que estará nadando até encontrar o molusco do gênero
Lymnaea, penetrando nele através das suas antenas, o miracídeo penetra no
molusco e dá origem a um esporocisto, que dá origem a várias rédias, que são
as estruturas morfológicas do parasita quando ele está no organismo do seu
hospedeiro intermediário.
• Estas darão origem a cercária, que não possui cauda bifurcada.
• Após sair do caramujo, a cercária nada até a superfície da água, aderindo-se à
vegetação ali presente, perde a cauda, encista-se aderida a vegetação, forman-
do a metacercária (cercária encistada).
• O homem (ou animal) infecta-se ao beber água ou comer verdura, exemplo do
agrião com as metacercárias.
• Após a ingestão, elas desencostam no intestino delgado, perfuram a parede intes-
tinal caindo na cavidade abdominal, migrando para o fígado, realizando a fase
aguda da doença, devido a sua migração no parênquima hepático, por esse mo-
tivo ela é conhecida popularmente como “baratinha do fígado” (NEVES, 2011).
68
FIGURA 23 – CICLO BIOLÓGICO FASCÍOLA HEPÁTICA
3.4 SINTOMAS
As principais medidas profiláticas que devem ser adotadas para essa pa-
rasitose consistem em erradicar a presença dos caramujos com o uso de molusco-
cidas, porém sua prática está proibida devido à destruição da vegetação e fauna
69
existente no local em que o parasita se encontra. Os métodos de drenagem das
pastagens úmidas ou alagadiças também são muito utilizados no intuito de eli-
minar a presença do molusco (NEVES, 2016).
Com relação ao homem, as medidas adotadas devem ser: lavar bem ver-
duras que são consumidas in natura, principalmente o agrião que é produzido na
água. Não beber água proveniente de áreas alagadas ou córregos sem tratamento.
Não plantar agrião em área que possa ser contaminada por fezes.
4 TAENIA SP.
Tenho certeza que você já ouviu aquela clássica frase de mãe, após ter comi-
do muito sem parar, “está com a solitária?” Esse clássico refere-se a presença de um
único parasita que se encontra no interior do intestino humano e que se alimenta dos
nossos nutrientes, por isso o paciente está sempre com fome, pois está alimentando
também a “solitária” presente dentro dele. Autores apontam que 2,5 milhões de indi-
víduos em todo o mundo estejam acometidos pela teníase e que existam aproximada-
mente 300 mil indivíduos com cisticercose (FREITAS; GONÇALVES, 2015).
A teníase e a cisticercose são duas patologias diferentes causadas pelo mesmo pa-
rasita, porém com fase de vida diferente. A teníase é ocasionada pela presença da forma
70
adulta da Taenia sp. no intestino delgado do ser humano. Já a cisticercose é ocasionada
pela presença da larva (canjiquinha) no tecido do suíno ou bovino (NEVES, 2011).
4.1 MORFOLOGIA
71
• Ovo: é indistinguível entre as espécies. Esférico, possui embrião hexacanto (on-
cosfera) com três pares de ganchos (seis acúleos), dupla membrana com presen-
ça de membrana interna e externa constituindo a casca protetora. No interior
do ovo, possui a célula germinativa, com blocos piramidais de quitina, unidos
entre si por uma substância proteica que lhe confere resistência (Figura 24). O
ovo é classicamente diferenciado dos ovos de outros helmintos como o do As-
caris sp. (que possui membrana maminolada), Toxocara sp. (possui membrana
lisa) e da Taenia sp. a membrana é estriada radialmente, compara-se a membra-
na com os raios de uma roda de bicicleta. É muito importante no momento da
identificação morfológica prestar bastante atenção nesses pequenos detalhes,
pois é isso que diferencia um parasita do outro (NEVES, 2016).
4.2 TRANSMISSÃO
72
de ovos de Taenia solium, em alimentos ou água contaminada pelos dejetos de
indivíduos contaminados (NEVES, 2016).
DICAS
73
Já o ciclo da cistecercose ocorre quando o homem faz a ingestão de ovos
de Taenia sp. através de água e alimentos contaminados. Esses ovos sofrem a ação
do suco gástrico e eclodem no intestino do homem fixando-se na parede intesti-
nal, desenvolvem-se e podem perfurar a mucosa intestinal caindo na circulação
sanguínea, tendo tropismo pelo sistema nervoso central, ocasionando a neurocis-
tecercose, fase mais grave da doença (NEVES, 2011).
4.4 SINTOMAS
74
do sistema imune, ocorre uma reação de calcificação do tecido em função da morte
do parasita, inviabilizando o tecido de realizar suas funções, por isso o paciente
apresenta sintomas como hipertensão intracraniana, hidrocefalia e até epilepsias
dependendo sempre da quantidade de calcificações presentes (NEVES, 2016).
Outra forma clínica potencialmente grave é a cisticercose ocular, com sin-
tomas que variam desde a redução discreta da acuidade visual até a cegueira. Os
cisticercos se alojam em locais cujos medicamentos antiparasitárias não atingem,
e como ocorre em outros locais, por causa da intensa reação inflamatória desen-
cadeada ocorre a morte dos cisticercos e extensa lesão tecidual (FERREIRA, 2017).
75
DICAS
5 HYMENOLEPIS NANA
No Brasil, os estados do sul são os que têm prevalência mais elevada, incidindo
em grandes centros urbanos e com pouco frequência na zona rural. Nas crianças, a pa-
rasitose é comum entre os dois a oito anos, e rara nas pessoas acima 15 anos (REY, 2010).
5.1 MORFOLOGIA
O verme adulto mede de 3 a 5 cm, com 100 a 200 proglotes, cada um deles
possuem os órgãos reprodutores masculinos e femininos. O escólex apresenta
quatro ventosas e um rosto armando de ganchos, cada proglote grávida contém
entre 100 e 200 ovos embrionados (NEVES, 2016).
76
FIGURA 27 – OVO DE HYMENOLEPIS NANA
5.2 TRANSMISSÃO
O ciclo dessa parasitose (Figura 28) pode ocorrer de duas formas diferentes,
tudo dependerá da forma de contaminação.
77
FIGURA 28 – CICLO BIOLÓGICO HYMENOLEPIS NANA
5.4 SINTOMAS
Outras medidas úteis são o combate aos roedores e a proteção dos alimen-
tos que, por outro lado, devem ser de boa qualidade para não correrem o risco
de estar com bichos. O bom estado nutricional das crianças é importante para
aumentar sua resistência imunológica (REY, 2010, p. 207).
78
ovos eliminados é recomendado que sejam utilizados métodos de concentração
como Hoffmann ou Ritchie (CIMERMAN; CIMERMAN, 2005).
6 ECHINOCOCCUS GRANULOSUS
6.1 MORFOLOGIA
79
FIGURA 29 – VERME ADULTO DE EQUINOCOCUS GRANULOSUS.
• Ovo: são ligeiramente esféricos, constituídos por uma membrana externa espessa,
denominada embriófaro, contendo no seu interior a oncosfera com seis ganchos,
que dará origem a um verme adulto. O ovo do Equinococus é muito semelhante
com os de Taenia humana, sendo morfologicamente indistinguível (REY, 2010).
6.2 TRANSMISSÃO
80
Os animais, como os ovinos e bovinos (hospedeiros intermediários), realizam
a ingestão do ovo, que sofre ação do suco gástrico, migra para o duodeno, entra em
contato com a bile e libera a oncosfera, que por meio dos seus ganchos perfura a pa-
rede intestinal e cai na circulação sanguínea e linfática, chegando rotineiramente ao
fígado e pulmão, onde se aloja e realiza o seu desenvolvimento (NEVES, 2011).
Após seis meses o cisto estará maduro, permanecendo por anos no hospedei-
ro intermediário. Já no hospedeiro definitivo, o cão, a contaminação ocorre através da
ingestão de vísceras, com o cisto já formado, ao chegarem ao intestino sofrem a ação
da bile, fixam-se à mucosa, realizam a reprodução e eliminam os proglotes grávidos
com ovos nas fezes, contaminando o ambiente. Os parasitos adultos vivem quatro
meses, se não houver reinfecção e o cão ficará curado dessa parasitose (NEVES, 2011).
81
6.4 SINTOMAS
82
hospedeiros intermediários o diagnóstico é obtido após o abate do animal, em que são
observados os cistos hidáticos nos órgãos dos animais, como ovinos e bovinos mais co-
mumente. No hospedeiro acidental, que é o homem, o diagnóstico é realizado através de
técnicas de imunodiagnóstico ou métodos de imagem como a radiografia que possibilita
a visualização dos cistos presentes nos órgãos acometidos, uma vez que não são frequen-
tes a eliminação de ovos nas fezes humanas (CIMERMAN; CIMERMAN, 2005).
83
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os platyhelminthes (do grego Platy = chato) são conhecidos como vermes acha-
tados. Esses organismos são acelomados, caracterizam-se por apresentarem
simetria bilateral, uma extremidade anterior com órgãos sensitivos e de fixa-
ção e uma extremidade posterior.
• A teníase e cisticercose são ocasionadas pelo mesmo parasita Taenia sp., po-
rém em fases de vida diferente.
• A Hymenolepis nana também é conhecida como taenia anã, devido a seu tama-
nho de 4 cm. Possui ampla distribuição mundial, sua transmissão ocorre atra-
vés da ingestão de água e alimentos contaminados e não apresenta sintomas
específicos e nem exacerbados, apenas dor abdominal e diarreia, na maioria
dos casos os pacientes são assintomáticos.
84
• Hidatidose é uma zoonose muito comum encontrado em cães e ovinos, é trans-
mitidas ocasionalmente ao homem, tendo como principal sintoma a presença
de cistos em órgãos essenciais como fígado e pulmão.
CHAMADA
85
AUTOATIVIDADE
86
3 A Taenia sp. é um platelminto parasita, cujo adulto vive no intestino do ser
humano, podendo alcançar até 5 metros de comprimento e provocar sinto-
mas relativamente brandos no hospedeiro. A pessoa também serve de hos-
pedeiro intermediário desse parasita, e as oncosferas se alojam em locais
como o coração e o cérebro, o que pode causar sérios distúrbios. Na tira a
seguir, faz-se referência a um verme parasita. Sobre ele, foram feitas cinco
afirmações. Assinale a alternativa CORRETA:
87
FONTE: <https://bit.ly/34bBkwG>. Acesso em: 14 out. 2020.
c) Qual o principal sintoma que uma pessoa parasitada pode apresentar? Justifi-
que.
88
REFERÊNCIAS
BRASIL. Painel de informações sobre saneamento. 2016. Disponível em: https://bit.
ly/34kBmkP. Acesso em: 14 out. 2020.
NEVES, P. D. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016.
NEVES, P. D. Parasitologia humana. 12. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2011.
REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
89
90
UNIDADE 2 —
PROTOZOOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
91
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
92
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
ENTEROPARASITOSES CAUSADAS
POR FLAGELADOS
1 INTRODUÇÃO
ATENCAO
93
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
E
IMPORTANT
94
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
95
Espécie (exem-
Filo Subfilo Ordem Família Gênero
plo)
Trypanosoma T. cruzi
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
Kinetoplastida Trypanosomatidae
Leishmania L. infantum
Mastigophora Diplomonadida Hexamitidae Giardia G. lamblia
Sarcomastigophora Trichomonadida Trichomonadidae Trichomonas T. vaginalis
Entamoebidae Entamoeba E. histolyca
Amoebida
Sarcodina Acanthamobidae Acanthamoeba A. culbertsoni
Schizopyrenida Schizopyrenidae Naegleira N. fowleri
Eimeridae Cyclospora C. cayetanensis
96
Sarcocystis S. hominis
Eucoccidiida Sarcocystidae Toxoplasma T. gondii
2 GIÁRDIA SP.
A Giárdia sp. foi o primeiro protozoário humano a ser descrito por Anton
Van Leeuwenhoek em 1681, sendo o principal protozoário causador de diarreia
no mundo, tanto em animais como no homem. A doença que esse parasita causa
é popularmente conhecida como giardíase, giardose, esteatorreia ou diarreia do
viajante, ela leva esse nome, porque pacientes que viajam muito e, geralmente,
alimentam-se fora de casa, adquirem essa parasitose, através do consumo de ali-
mentos e, principalmente, de água contaminada (NEVES, 2016).
97
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
2.1 MORFOLOGIA
(2)
FONTE: Cimerman e Cimerman (2005, p. 29); Ferreira, Foronda e Schumaker (2003, p. 57)
98
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
O axonema são duas formações lineares que divide o parasita ao meio, dan-
do sustentação ao corpo do parasita. Possui ainda dois núcleos ovoides, próximos do
bleferoplasto de onde saem oito flagelos (anteriores, posteriores, ventrais e caudais)
que são utilizados para a sua movimentação. Essa forma é encontrada apenas nas
fezes líquidas, agudas ou diarreicas, encaminhadas em até 30 minutos ao laboratório
para análise, pois esse é o tempo de vida do parasita fora do corpo do seu hospedeiro.
Sua identificação só é possível se o exame direto for realizado em até 30 minutos após
a evacuação ou através de coloração específica (CIMERMAN; CIMERMAN, 2005).
ATENCAO
2.2 TRANSMISSÃO
99
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
Tanto os cistos quanto os trofozoítos podem ser encontrados nas fezes, porém
os cistos possuem uma maior capacidade de sobreviverem fora do corpo do hospedei-
ro, já o trofozoíta possui um curto tempo de vida quando alcança o meio externo. Os
cistos não são eliminados de forma contínua todos os dias nas fezes, existe um período
de negativação (não liberação de cistos) que variam de sete a 14 dias, dependente do
ciclo biológico da intensidade da infecção e multiplicação do parasita (NEVES, 2016).
100
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
2.4 SINTOMATOLOGIA
A maioria das infecções causadas por G. lamblia é assintomática. Os casos
sintomáticos estão relacionados a diversos fatores que ainda não estão bem
esclarecidos e estão relacionados com a cepa e o número de cistos ingeri-
dos, a resposta imunológica do indivíduo e, especialmente, a baixa acidez
estomacal (acloria) (FREITAS; GONÇALVES, 2015, p. 68, grifo do autor).
102
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
DICAS
103
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR
RESUMO
INTRODUÇÃO
CASO CLÍNICO
104
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
bina 6,6g/dL em análises realizadas por fadiga e palidez com dois meses de evo-
lução). Negava perdas hemáticas visíveis, estando em amenorreia há oito meses.
Excluída gravidez, com teste imunológico da gravidez negativo. Sem sintoma-
tologia gastrointestinal ou outras queixas de órgãos ou sistemas. Sem restrições
dietéticas. Sem história de infecções recorrentes ou viagens prévias.
105
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
DISCUSSÃO
Este caso ilustra uma forma crônica de infecção por Giárdia lamblia, com
síndrome de má-absorção e sintomas decorrentes da anemia, sem sintomatologia
gastrointestinal. A síndrome de má-absorção na giardíase pode cursar também
com diarreia crônica, esteatorreia, deficit de vitamina A, vitamina B12, tiamina,
ácido fólico, proteínas e ferro.
Vizia et al. (1985) estudaram dez crianças com giardíase (documentada em bi-
ópsia duodenal), oito apresentavam anemia ferropênica. As oito crianças foram sub-
metidas a teste de sobrecarga de ferro oral (6mg/kg/dia), antes da terapêutica com
metronidazol, obtendo-se respostas inferiores ao desejado (ferro sérico em média
30±33 g/dL). Após terapêutica com metronidazol (20mg/kg/dia, dez dias), a resposta
foi normal, com aumento do ferro sérico (ferro sérico em média de 126±61µg/dL).
106
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
Num estudo de Gonen et al. (2007) 100 doentes foram submetidos à EDA com
biópsias duodenais, para estudo de anemia ferropênica. Foram previamente excluí-
dos doentes com evidência de hemorragia gastrointestinal, doença celíaca conhecida,
coagulopatia ou terapêutica com anticoagulantes orais ou outras patologias, como ta-
lassemia ou neoplasias conhecidas, que poderiam justificar anemia ferropênica. Dezoi-
to pacientes apresentavam lesões potencialmente hemorrágicas (úlceras gástricas ou
duodenais, esofagite, hérnia do hiato), 15 com gastrite atrófica do corpo e 47 com Heli-
cobacter pylori. As biópsias duodenais em três pacientes foram compatíveis com doença
celíaca e em dois pacientes com giardíase. Neste estudo, a biópsia duodenal permitiu
um diagnóstico adicional em 5% dos doentes. Apesar do pequeno número de doentes
na amostra com diagnóstico de giardíase, essa deve ser levada em conta, como etiolo-
gia de anemia ferropênica, principalmente em áreas endêmicas e em contextos epide-
miológicos apropriados (crianças ou trabalhadores em infantários ou centros de dia).
Hopper et al. (2003) reportaram o caso de seis doentes, com idades entre 42-62
anos, cinco com sintomatologia gastrointestinal, como perda de peso, dor abdominal
e flatulência, e um com anemia ferropênica. Nenhum apresentava diarreia. Foram
submetidos à EDA com biópsia duodenal, cuja histologia revelou presença de giardí-
ase, sem outras alterações da arquitetura intestinal. No caso apresentado, a resposta
ao tratamento com metronidazol e ferro foi favorável, com recuperação do nível de
hemoglobina e dos depósitos de ferro, como tem sido descrito na literatura.
107
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
FONTE: CAETANO, J.; NEVES, M.; CARDOSO, F. Giardíase como causa pouco frequente de ane-
mia ferropênica. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3jzR3ee. Acesso em: 7 jul. 2020.
108
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
3 TRICHOMONAS SP.
109
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
3.1 MORFOLOGIA
110
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
3.2 TRANSMISSÃO
NOTA
O autor Neves, em 2011, relata outra forma de contaminação, que não é atra-
vés de relação sexual, e sim adquiridas através de fômites, mas o que seria isso? Você sabe?
Então vamos lá!
Fômites são utensílios de uso comum a mais de uma pessoa, ou seja, uma pessoa contamina-
da pode passar a parasitose para o utensílio e ele ser manipulado ou usado por outra pessoa, e
essa passa a se contaminar e adquiri a parasitose. Exemplos de fômites transmissores de Tricho-
monas são: roupas de cama, assentos de vasos sanitários, artigos de toalete, instrumentos gine-
cológicos contaminados e roupas íntimas, sabe-se que nos dias atuais a transmissão não sexual
é incomum e pode ser aceita para explicar casos de contaminação em crianças e virgens.
111
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
O parasita não apresenta durante o seu ciclo a forma de cisto (que seria a forma
de resistência), somente a trofozoíta, que não sobrevive no ambiente externo. Trata-
-se de um ciclo biológico simples, cuja pessoa contaminada transmite a parasitose em
grandes concentrações para a seu parceiro durante a relação sexual, esse facilmente é
contaminado reiniciando o ciclo com a intensa multiplicação do trofozoíta do parasita
no seu trato urogenital, conforme pode ser observado no Figura 5 (NEVES, 2016).
112
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
3.4 SINTOMATOLOGIA
A profilaxia utilizada para esse parasita nem deveria ser discutida, visto que o
hábito de usar preservativos deveria ser uma prática utilizada por todos, independente-
mente da idade, pois existem relatos de casos de tricomoníase em todas as faixas etárias
(isso inclui os adolescentes, jovens e até idosos). O uso do preservativo é incontestável,
durante todo o percurso sexual, visto que a transmissão ocorre pelo contato sexual.
113
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
114
TÓPICO 1 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS
DICAS
115
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
116
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I, V e IV.
b) ( ) I e II.
c) ( ) I, III e V.
d) ( ) III e V.
e) ( ) I, II e III.
117
( ) A tricomonose é causada pela forma infectante denominada cisto.
( ) O ciclo biológico dessa parasitose é conhecido por ser complexo e hete-
roxênico.
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) V – F – V – F.
e) ( ) F – V – V – F.
a) ( ) Tricomoníase.
b) ( ) Malária.
c) ( ) Giardíase.
d) ( ) Febre amarela.
e) ( ) Teníase.
118
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A maioria das amebas são parasitas comensais: não causam efeitos noci-
vos óbvios ao hospedeiro, como o piolho. As amebas são protozoários com inú-
meros habitats, dentre os de vida livre, que causam patologias, temos a espécie
Entamoeba histolytica, porém várias outras espécies foram descritas como parasitas
naturais do homem, ditas como comensais, por exemplo: Entamoeba coli; E. díspar;
E. hartmanni; E. gengivalis; Endolimax nana; e Iodamoeba butschlii. Outras espécies
catalogadas que também são consideradas de vida livre e, ocasionalmente, cau-
sam problemas ao homem, temos as espécies de Acanthamoeba, Naegleria, porém
são raras no Brasil. As amebas citadas se diferem pela morfologia, principalmente
pelo tamanho e número de núcleos (CIMERMAN; CIMERMAN, 2005).
2.1 MORFOLOGIA
Na amebíase encontramos algumas espécies que podem habitar o corpo hu-
mano. É importante destacarmos que apenas a E. Histolytica pode desencadear doen-
ça no homem, apresentando duas formas, uma de resistência e infectante, conhecida
como cisto e uma forma reprodutiva o trofozoíto. Também é importante estudarmos a
morfologia dos outros cistos das principais amebas que podem ser encontradas, mes-
mo que elas não ocasionem danos graves ao seu hospedeiro, é sempre importante lem-
brar que, independente da espécie e da sua patogenia, o estado de saúde do hospedeiro
é fator determinando no aparecimento de sintomas (FREITAS; GONÇLAVES, 2015).
120
TÓPICO 2 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR ENTAMOEBA HISTOLYTICA E DEMAIS AMEBAS DE INTERESSE CLÍNICO
121
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
NOTA
2.2 TRANSMISSÃO
122
TÓPICO 2 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR ENTAMOEBA HISTOLYTICA E DEMAIS AMEBAS DE INTERESSE CLÍNICO
123
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
2.4 SINTOMATOLOGIA
124
TÓPICO 2 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR ENTAMOEBA HISTOLYTICA E DEMAIS AMEBAS DE INTERESSE CLÍNICO
125
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
DICAS
126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Entamoeba coli é formada por uma estrutura bem arredondada, é a maior das
amebas e possui no seu interior até oito núcleos, com presença de corpos cro-
matoides finos, semelhantes a feixes ou agulhas.
• A espécie Endolimax nana é a menor ameba que existe. Mede 8um, tem forma-
to oval e possui quatro núcleos pequenos.
127
AUTOATIVIDADE
Qual doença, causada por protozoário, pode ter sua incidência aumentada
pelo problema citado no texto?
a) ( ) Tricomoníase.
b) ( ) Malária.
c) ( ) Amebíase.
d) ( ) Dengue.
e) ( ) Teníase.
129
130
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
ENTEROPARASITOSES CAUSADAS
POR HEMOPARASITAS
1 INTRODUÇÃO
2 TRYPANOSSOMA CRUZI
131
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
Falando um pouco sobre a região Sul do Brasil, não é considerada área en-
dêmica de triatomídeos. O surto de contaminação aconteceu em 2005, vinte e quatro
pessoas foram contaminadas, resultando em três mortes, que foram em decorrência
do consumo de caldo de cana. A manipulação de forma insalubre da cana-de-açú-
car estava contaminada com o triatomídeo que foi processado com o alimento e
consumido suas excretas pelas pessoas, ou seja, não foi através da picada do tria-
toma, foi pela sua ingestão, visto que ele foi processado com a cana-de-açúcar para
dar origem ao caldo de cana. Com base nisso, criou-se um bloqueio quanto ao con-
sumo da bebida proveniente do caldo de cana, mas se a base do caldo, que é a cana,
for devidamente higienizada, não existe problema em seu consumo. Por isso, fique
ligado, as condições sanitárias do local quando for consumir um caldo de cana.
132
TÓPICO 3 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HEMOPARASITAS
NOTA
O último dia 30 de janeiro 2020 foi marcado pelo primeiro Dia Mundial das
Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), um esforço de mais de 280 instituições de pes-
quisa, organizações da sociedade civil, empresas e governos ao redor do mundo para ex-
pressar a necessidade urgente de reunir esforços e investimentos globais para esse tema.
Uma das doenças muito debatidas nesse dia trata-se da doença de Chagas. Realize a lei-
tura completa da notícia divulgada pela revista saúde da Editora Abril: https://bit.ly/3jAKwjt.
2.1 MORFOLOGIA
133
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
2.2 TRANSMISSÃO
Os mecanismos de transmissão envolvidos com o Trypanossoma cruzi estão
relacionados, principalmente, com a presença do vetor, os famosos “chupões ou bar-
beiros”, da família dos triatomídeos, que tem como características a hematofagia (se
alimentar de sangue). Dessa forma, a principal via de transmissão acontece à noite
durante o sono, o triatoma, que tem por hábito a hematofagia noturno, pica o ho-
mem (ou qualquer outro mamífero) para se alimentar de sangue, no momento da
picada o vetor defeca e elimina nas suas fezes e urina as formas tripomastigotas. No
local da picada acontece uma reação de hipersensibilidade que se deve as proteínas
encontradas nas fezes do barbeiro, o hospedeiro coça o local da picada que possui
um ferimento (ocasionado pela picada) e isso facilita a entrada das formas tripomas-
tigotas no interior do organismo do hospedeiro. No local da picada, devido à reação
de hipersensibilidade, ocorre uma lesão característica da contaminação do paciente,
chamada de sinal de romanã ou chagoma de inoculação (NEVES, 2011).
134
TÓPICO 3 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HEMOPARASITAS
135
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
2.4 SINTOMATOLOGIA
136
TÓPICO 3 — ENTEROPARASITOSES CAUSADAS POR HEMOPARASITAS
137
UNIDADE 2 — PROTOZOOLOGIA
NOTA
3 PLASMODIUM SP.
138
3.1 MORFOLOGIA
139
FIGURA 14 – MORFOLOGIA DAS FORMAS SANGUÍNEAS DE P. FALCIPARUM
3.2 TRANSMISSÃO
140
lação sanguínea e essas estruturas invadirão as hemácias. Dentro das hemácias
tornam-se trofozoíta jovem e maduro, dando origem novamente a estrutura me-
rozoíta. Devido à produção de substâncias tóxicas pelas estruturas parasitárias,
elas causam a destruição da hemácia, chamada de paroxismo. Os merozoítos pro-
vocam a lise (ruptura) da hemácia e ficam livres no sangue (NEVES, 2016).
Para Neves (2016, p. 161), “o ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes, a
cada 48 horas, nas infecções pelo P. falciparum, P. vivax e P. ovale, e a cada 72 horas
nas infecções pelo P. malariae”. Por essa característica a patologia recebe o nome
de terçã ou quartã maligna, por se tratar justamente do momento em que ocorre
essa multiplicação acelerada e lise das hemácias, ocasionando sintomas clássicos
no paciente, como febre, suor e calafrio. Esse conjunto de sintomas são popular-
mente conhecidos com tremedeira ou batedeira, devido ao intenso calafrio.
141
DICAS
Como foi possível observar após o estudo do ciclo biológico dos parasitas cau-
sadores da doença de Chagas e malária, ambos possuem ciclo heteroxênico, que ocorre
parte dele no homem e outra parte em um inseto. Para ficar mais claro e ilustrativo, assista
aos vídeos disponibilizados a seguir e entenda de forma clara e visual como esses ciclos
acontecem nos dois hospedeiros.
3.4 SINTOMATOLOGIA
142
ATENCAO
143
hematologia, pelos métodos de Giemsa ou panótico, e analisada em microscopia para
o encontro da estrutura parasitária dentro da hemácia. O diagnóstico através da he-
matoscopia é o padrão ouro, mas existem outros métodos que podem ser associados
ou realizados de forma individual para o diagnóstico, como o método imunológico.
AUTOATIVIDADE
4 TOXOPLASMA SP.
Você com certeza já deve ter ouvido falar da doença do gato, não é mes-
mo? Pois bem, trata-se da toxoplasmose. Muito antigamente, no início da desco-
berta do parasita, acreditava-se que o gato era o grande transmissor da patologia,
mas hoje já se sabe que o gato também é acometido pelo parasita podendo ser
144
um meio transmissor da parasitose. Não apenas o gato, existem também outras
formas de transmissão da toxoplasmose, que estudaremos a seguir. O nome toxo-
plasma (toxon=arco, plasma=forma) é derivado de sua forma em crescente da fase
mais comumente observada, por se tratar de um parasito intracelular obrigatório.
Atualmente, é encontrado em muitas espécies ocasionando danos, como em ani-
mais domésticos, de criação, peridomiciliares e mesmo selvagens de vida livre ou
mantidos em zoológicos (CIMERMAN; CIMERMAN, 2005).
4.1 MORFOLOGIA
145
FIGURA 16 – FORMA TAQUIZOÍTA ENCONTRADA EM EXUDATO
146
Os oocitos ou cistos são produzidos nas células intestinais dos felinos e
eliminados nas fezes desses animais de forma imatura, sendo considerados a for-
ma de resistência ao meio ambiente. São esféricos, com parede dupla e resistente
às condições do meio ambiente. Após o amadurecimento no meio externo, cada
oocisto é formado por dois esporocistos, em cada um são encontrados quatro es-
porozoítos (FREITAS; GONÇALVES, 2015).
4.2 TRANSMISSÃO
A partir desse momento vamos acabar com a fama de “mau” dos gatos. Va-
mos entender que eles não são os únicos transmissores da toxoplasmose. A infecção
pode ocorrer por várias vias diferentes. A principal via é a oral através da ingestão de
oocistos presentes em alimentos, água contaminada, jardins, caixas de areia ou disse-
minados mecanicamente por moscas, baratas, esses oocistos chegam até esses locais
através das fezes de animais contaminados (geralmente em gatos) (NEVES, 2011).
147
4.3 CICLO BIOLÓGICO
148
A fase sexuada acontece nas células intestinais de gatos e outros felinos jo-
vens, por esse motivo são considerados hospedeiros definitivos. A contaminação
do gato ocorre através da ingestão de oocistos, taquizoítos ou cistos tissulares,
essas estruturas, ao invadirem o epitélio intestinal do gato, passam por um pro-
cesso de multiplicação intensa, dando origem a muitos merozoítos, que podem
dar origem ao microgameta e macrogameta, ocorrendo a fecundação deles e dan-
do origem ao zigoto, que se maturará dentro do epitélio, formando uma parede
externa dupla, resistente, dando origem ao oocisto.
4.4 SINTOMATOLOGIA
149
aborto do feto. Já, no segundo trimestre, pode ocorrer o aborto ou nascimento pre-
maturo, apresentando algumas anomalias classificadas como Síndrome de Sabin:
corioretinite, calcificações cerebrais, perturbação neurológicas, retardamento psico-
motor e alteração do volume craniano (micro ou macrocefalia). As consequências
menos graves ocorrem se adquirida a patologia no terceiro trimestre de gestação. A
criança pode nascer normal ou apresentar evidências da doença alguns dias, meses
ou até mesmo anos após o parto (FREITAS; GONÇALVES, 2015).
150
da infecção. Caracterizada pela presença de anticorpos das classes IgM e IgG contra
o parasito. É um método seguro de diagnóstico, podendo ser utilizado tanto na fase
aguda (pesquisa IgM) quanto na fase crônica (pesquisa IgG) (REY, 2018).
DICAS
DICAS
151
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
152
• A transmissão da malária ocorre através da picada do mosquito fêmea do
gênero Anopheles. Conhecidos por “carapanã”, “muriçoca”, “sovela”, “mos-
quito-prego” e “bicuda”. O mosquito inocula diretamente no seu hospedeiro
as formas esporozoítas infectantes.
• Tríade clássica de malária: febre, suor e calafrio. Esse conjunto de sintomas são po-
pularmente conhecidos com tremedeira ou batedeira, devido ao intenso calafrio.
153
• Devemos adotar como medidas de profilaxia a eliminação das fezes com a
areia onde os gatos defecam para prevenir que os esporocistos se tornem in-
fectantes. Além de adotar medidas quanto ao consumo de carne, não inge-
rindo carne crua ou malcozida de qualquer animal e consumir água de boa
qualidade.
CHAMADA
154
AUTOATIVIDADE
155
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) F – V – F – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – V.
e) ( ) V – V – V – V.
a) ( ) Ascaris.
b) ( ) Plasmodium.
c) ( ) Entamoeba.
d) ( ) Schistosoma.
e) ( ) Trypanossoma.
156
FONTE: https://glo.bo/3d3ljMj. Acesso em: 4 mar. 2020.
157
REFERÊNCIAS
CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. Parasitologia humana e seus fundamentos
gerais. 2. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.
NEVES, P. D. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016.
NEVES, P. D. Parasitologia humana. 12. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2011.
REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
158
UNIDADE 3 —
MÉTODOS UTILIZADOS NO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS
PARASITOSES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
159
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
160
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE
PARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS
1 INTRODUÇÃO
161
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
NTE
INTERESSA
Um ponto importante, e que pode gerar dúvidas ao analista clínico, está rela-
cionado ao armazenamento das amostras em refrigeradores. Essa conduta não deve ser
realizada por mais de 12 horas em amostras não analisadas, pois pode comprometer o
diagnóstico. O uso de medicamentos – como antibióticos que alteram a flora microbiana
e, consequentemente, interferem na permanência do parasito no intestino, visto que eles
também se alimentam desse microrganismo – e de contraste radiológico à base de sulfato
de bário também pode interferir nos resultados, sendo a coleta das fezes realizada 72 ho-
ras após o uso de antibióticos e 10 dias após o exame radiológico (CARLI, 2011).
162
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS
1. Ascaris lumbricoides.
2. Enterobius vermicularis.
3. Trichuris trichiura.
4. Strongyloides stercoralis.
5. Ancylostoma duodenale, Necatur americanus, Ancylostoma brasiliensis e Ancylos-
toma caninum.
6. Toxocara canis.
7. Schistosoma mansoni.
8. Fasciola hepatica.
9. Taenia solium e Taenia saginata.
10. Hymenolepis nana.
11. Echinococcus granulosus.
163
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
O método direto a fresco tem por objetivo obter um panorama da carga pa-
rasitária do paciente e um diagnóstico rápido, observar a motilidade dos parasitos e
visualizar parasitos que podem passar despercebidos nas técnicas de concentração
(Figura 2). Por ser um método fácil, rápido e por permitir a visualização de diferen-
tes formas parasitárias, é um dos mais utilizados na rotina clínica (CARLI, 2011).
164
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS
165
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
FONTE: As autoras
166
TÓPICO 1 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR HELMINTOS
• Colocar uma fita adesiva sobre o tubo de ensaio, com a parte adesiva exposta.
• Em uma das extremidades, colocar a identificação do paciente.
• Colocar o tubo contendo a fita adesiva entre as nádegas, para que a região das
pregas anais seja alcançada, mas sem introduzir o tubo no ânus.
• Remover o tubo contendo a fita da região anal e colocar a fita sobre a lâmina
identificada.
• Para auxiliar na visualização, pode-se colocar uma gota de tolueno, xileno ou
iodo-xilol entre a lâmina e a fita (CARLI, 2011).
• Observar ao microscópio.
167
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
DICAS
DICAS
168
FIGURA 8 – MÉTODO DE SEDIMENTAÇÃO ESPONTÂNEA: LUTZ/HPJ
FONTE: As autoras
169
QUADRO 2 – DIAGNÓSTICO DE TRICURÍASE COM BASE NA QUANTIFICAÇÃO DE OVOS/LARVAS
• Abrir o recipiente contendo as fezes e colocar uma gaze, dobrada duas vezes,
em contato com as fezes.
• Em um copo cônico de sedimentação, acrescentar 70 a 100 ml de água aque-
cida a 45 °C.
170
• Alocar o recipiente com as fezes e coberto com a gaze no copo cônico com a
água aquecida, de modo que a água entre em contato com a gaze e as fezes.
• Deixar em repouso por 2 horas.
• Coletar uma pequena amostra do sedimento formado no fundo do copo cônico.
• Colocar uma gota do sedimento e uma gota de Iodo de lugol entre a lâmina e
a lamínula e, posteriormente, observar ao microscópio.
DICAS
171
• Preparar a solução de sulfato de zinco (densidade 1,18 g/ml), adicionando 330
g de cristais de sulfato de zinco a 670 ml de água destilada-deionizada.
• Colocar 1 a 2 g de fezes em um recipiente com volume máximo de 20 ml.
• Completar com 5 ml de solução saturada de sulfato de zinco e misturar até
obter uma solução homogênea.
• Completar o volume do recipiente com a solução de sulfato de zinco até a borda.
• Colocar uma lâmina ou lamínula (dependendo do recipiente escolhido) sobre
a borda do recipiente, mantendo-a em contato com o líquido.
• Deixar a lâmina/lamínula em contato com o líquido por 20 minutos.
• Remover a lâmina/lamínula e colocar uma lamínula sobre a amostra, exami-
nando e buscando ovos de ancilostomídeos no microscópio.
FONTE: As autoras
172
DICAS
173
Os órgãos mais acometidos pela LMC são fígado, pulmões, encéfalo, olhos e
linfonodos, sendo detectada a presença de uma lesão característica, denominada gra-
nuloma alérgico. Essa lesão apresenta o parasita centralizado envolto por processo
necrótico e células do sistema imune, como eosinófilos e monócitos (REY, 2011).
DICAS
174
O método de Kato-Katz consiste em uma metodologia de contagem, visando a
estimar o número de helmintos que o indivíduo infectado está albergando (REY, 2011),
tendo sido proposto, inicialmente, por Kato e Miura (1954), aperfeiçoado por Kato
(1960) e adaptado por Katz, Chaves e Pellegrino (1972) (Figura 18), foi extensamente
utilizado e aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não somente para o
diagnóstico de parasitoses causadas por helmintos, como também para a avaliação do
efeito anti-helmíntico de novos compostos e estudos epidemiológicos (CARLI, 2011).
Um dos diferenciais da técnica (Figura 19) está no uso de uma porção significa-
tiva de fezes (50 a 60 g) sem a necessidade de outras técnicas de concentração, utilizando
ainda uma lamínula de celofane previamente imergida em solução aquosa de glicerina
e verde de malaquita, a qual permite melhor visualização das formas parasitárias. Outro
ponto importante nesse método, é que a amostra deve ser recém-coletada ou refrigerada
por um curto espaço de tempo, sem uso de conservantes, para que não ocorram interfe-
rências na ação da glicerina. Ao adicionar azina sódica em pó às fezes, o analista obtém
mais segurança para observar os ovos do helminto, evitando a embriogênese e reduzin-
do a atividade bacteriana na amostra (CARLI, 2011; GONÇALVES et al., 1988).
175
Para o método de Kato-Katz, o seguinte procedimento deve ser realizado
(CARLI, 2011):
DICAS
176
FIGURA 21 – OVOS DE SCHISTOSOMA MANSONI
177
Para a diferenciação laboratorial das espécies de Taenia sp. com base em
suas proglotes, realiza-se a técnica de tamisação e, posteriormente, o método do
ácido acético glacial ou, ainda, o método da tinta da China. Em ambos os métodos,
será possível visualizar as estruturas uterinas e assim diferenciar as espécies (CAR-
LI, 2011), visto que a T. saginata apresenta mais ramificações uterinas (REY, 2011).
178
FIGURA 24 – VERME ADULTO DE TAENIA SP.
179
FIGURA 26 – OVOS DE HYMENOLEPIS NANA
180
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Toxocara canis pode causar uma doença importante, denominada larva mi-
grans visceral (LMV). Seu diagnóstico em humanos é feito por meio de bióp-
sia, testes de imagens e imunológicos.
181
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – V – F – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) V – F – V – F.
4 Paciente M. V. S., sexo masculino, 6 anos de idade, foi levado por sua mãe ao
médico porque, há alguns dias, apresentava dores na região abdominal, diarreia,
182
náuseas e falta de apetite. Devido à faixa etária, o médico desconfiou da presença
de algum tipo de parasitose, porém, antes de iniciar o tratamento com um anti-
-helmíntico clássico, optou por solicitar alguns exames para confirmar a sua sus-
peita e realizar o tratamento adequado. Foram solicitados hemograma e exame
parasitológico de fezes, sendo observado, no hemograma, intenso aumento no
número dos leucócitos totais, mais precisamente na contagem de eosinófilos. No
exame parasitológico de fezes, observou-se na lâmina a seguinte imagem:
183
184
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O método de Faust (Figura 27), proposto por Faust et al. (1938), foi o primeiro
desenvolvido com o intuito de identificar e isolar cistos de protozoários. Isso permi-
tiu a separação dos cistos de artefatos presentes nas fezes pelo uso de uma solução
com densidade elevada, a qual possibilita a flutuação das formas parasitárias leves e
a sedimentação dos artefatos. Para amostras sem conservantes, utiliza-se uma solu-
ção de sulfato de zinco a 1,18 g/ml, enquanto, para amostras com conservantes, como
SAF ou formol, a densidade da solução deve ser de 1,20 g/ml (CARLI, 2011).
186
TÓPICO 2 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS E AMEBAS
FONTE: As autoras
187
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
DICAS
188
TÓPICO 2 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS E AMEBAS
O exame direto a fresco pode ser realizado com ou sem o auxílio de co-
rantes. No método direto, sem corante, os flagelados mantêm sua motilidade por
algumas horas, se mantidos entre lâmina e lamínula vedada com parafina, e em
temperatura de 20 °C. O uso de corantes em amostras sugestivas de Trichomonas
vaginalis permite o aumento na sensibilidade do exame microscópico, embora o
parasito vivo não se core com corantes como safranina, verde de malaquita, azul
de cresil brilhante ou azul de metileno, a coloração das células e dos leucócitos
presentes na amostra permite o contrate com o parasito, facilitando a sua visuali-
zação. Esfregaços fixados e corados com Giemsa têm sido usados há muitos anos
no diagnóstico da tricomoníase, sendo os reagentes preparados em laboratório
(CARLI, 2011) ou adquiridos prontos (LABORCLIN, 2018a).
189
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
E
IMPORTANT
1. Em uma lâmina, misturar 2 gotas de solução isotônica a uma porção da amostra co-
letada – caso esteja utilizando sedimento urinário, não é necessário adicionar salina.
2. Realizar o esfregaço para facilitar a coloração e deixar secar em temperatura
ambiente.
3. Fixar o esfregaço já seco com álcool metílico durante 5 minutos.
4. Realizar a coloração do esfregaço utilizando o corante de Giemsa a 5%.
5. Remover o excesso de corante com água corrente e deixar a lâmina secar em
temperatura ambiente e em posição vertical.
190
TÓPICO 2 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR FLAGELADOS E AMEBAS
191
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
FONTE: As autoras
DICAS
192
3 PESQUISA LABORATORIAL DE AMEBAS
Podemos dividir, entre as amebas que podem parasitar o homem, três gêneros
principais: Entamoeba, Endolimax e Iodamoeba. As amebas do gênero Entamoeba podem ser
diferenciadas com base no número de núcleos presentes no cisto maduro, sendo cistos
de até oito núcleos característicos de Entamoeba coli e cistos com até quatro núcleos suges-
tivos de Entamoeba histolytica, E. dispar e E. hartmanni (REY, 2011). Conforme estudado na
Unidade 2, apesar de outras amebas parasitarem o homem, a E. histolytica é considerada
patogênica e tem maior importância clínica (FREITAS; GONÇALVES, 2015).
193
FIGURA 34 – ENTAMOEBA HISTOLYTICA CONTENDO HEMÁCIA APÓS HEMOFAGOCITOSE
(CORADO COM TRICRÔMIO)
194
FIGURA 37 – IODAMOEBA BUTSCHLII, PRESENÇA DE VACÚOLO DE GLICOGÊNIO NO CITOPLASMA
195
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O exame a fresco pode ser feito com ou sem auxílio de corantes, sendo o sem
corante utilizado para ver a motilidade dos flagelados e a coloração para am-
pliar a visibilidade das formas parasitárias.
196
• Podemos dividir, entre as amebas que podem parasitar o homem, três gê-
neros principais: Entamoeba, Endolimax e Iodamoeba. A Entamoeba histolytica é
considerada a mais patogênica.
197
AUTOATIVIDADE
198
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
199
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
• Método direto a fresco: uma gota de sangue é colocada entre a lâmina e a lamínula
e observada em microscópio com o auxílio da objetiva de 40X (DIAS et al., 2016).
• Método de Strout: baseia-se na coleta da amostra em capilar e centrifugação
do material em baixa rotação. Na sequência, realiza-se a observação do mate-
rial da porção formada entre as hemácias e a série branca (leucocitária) entre
a lâmina e a lamínula – a técnica apresenta positividade em cerca de 70% dos
casos (CEDILLOS; DIMAS; HERNANDEZ, 1970).
• Amostras coradas: podem ser utilizadas coloração de Giemsa ou Leishman
(Figura 38) (CARLI, 2011).
200
TÓPICO 3 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR HEMOPARASITAS
FONTE: As autoras
201
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
DICAS
A malária é uma patologia causada pelo gênero Plasmodium sp. e pode ter
como agentes P. vivax, P. falciparum ou P. malariae. A doença ocorre após a pica-
da do mosquito Anopheles e as manifestações mais importantes da patologia são
febre elevada, sudorese excessiva e calafrios – sintomas cíclicos relacionados ao
agente etiológico em questão (MONTEIRO; RIBEIRO; FERNANDES, 2013).
Espécie de
P. falciparum P. vivax P. malariae
Plasmodium
Aspecto dos Normal, apresentan- Aumentado e apre- Normal, apresentan-
e r i t r ó c i t o s do granulações de sentando granula- do granulações de
infectados Maurer raras ções de Schüffner Ziemann raras
O citoplasma é del-
gado, e a cromatina é O citoplasma é es-
O citoplasma é es-
pequena e em forma pesso e o núcleo
pesso e o núcleo
Trofozoíto de anel. Raramente apresenta cromatina
apresenta cromatina
jovem apresenta granula- média. Ocupa cerca
única. Poliparasitis-
ções de Maurer. Poli- de 1/3 do volume da
mo raro (Figura 43)
parasitismo frequen- hemácia (Figura 45)
te (Figuras 40 e 41)
Citoplasma com-
Citoplasma irregular pacto, arredondado.
Trofozoíto Raro no sangue peri- e com aspecto ame- Cromatina pouco vi-
maduro férico boide. Cromatina sível. Disposição em
isolada faixa equatorial no
eritrócito (Figura 46)
202
TÓPICO 3 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR HEMOPARASITAS
Pouco encontrado
no sangue periférico. Apresenta forma Apresenta cromatina
Apresenta formato ameboide, o cito- pouco segmentada e
arredondado, cito- plasma é irregular e pode manifestar-se
Esquizonte
plasma pouco irre- com vacúolos. A cro- em forma de banda
gular e cromatina matina é segmenta- equatorial (Figura
com grânulos espes- da (Figura 44) 47)
sos (Figura 42)
Número de
merozoítos 6 a 32 12 a 24 6 a 12
na hemácia
FONTE: Adaptada de Carli (2011, p. 357)
203
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
204
TÓPICO 3 — DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE PARASITOSES CAUSADAS POR HEMOPARASITAS
205
UNIDADE 3 — MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES
206
LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo
Introdução
207
Esse parasita pode ser encontrado na natureza nas formas de cistos ou tro-
fozoítos, porém a forma infectante se dá por meio dos cistos desse protozoário. O
cisto apresenta uma forma ovalada, contendo uma parede cística e, em seu interior,
dois ou quatro núcleos, corpos parabasais, flagelos e axonemas. Mede cerca de 8 a
12 u de comprimento por 7 a 9 u de largura. São resistentes às variações de tempe-
raturas e umidade, e podem sobreviver até 2 meses fora do corpo do hospedeiro. O
trofozoíto tem forma de pera, com extremidade anterior dilatada e posterior afila-
da, apresentando um comprimento de 2,1 u a 9,5 u e largura de 5 a 15 u. Tem sime-
tria bilateral que divide o parasita ao meio, sendo visíveis duas formações lineares
e escuras, chamadas de axonemas (CIMERMAN; CIMERMAN, 2005).
Metodologia
208
coletados de dois laboratórios, de pacientes entre 0 a 10 anos com pedidos de
exames parasitológicos de fezes, sendo 1.111 em um laboratório de rede pública
(SUS), localizado na cidade de Andradina-SP, e 1.005 em um laboratório de cará-
ter privado, localizado na cidade de Araçatuba-SP, ambos devidamente autoriza-
dos por meio do Termo de Intenção de Pesquisa. Os resultados foram coletados
após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa. Os critérios de inclusão dos
sujeitos da pesquisa foram prontuários de crianças, com idade entre 0 a 10 anos,
contendo exames parasitológicos de fezes realizados no período de janeiro a de-
zembro de 2014. Foram excluídos prontuários de crianças fora da faixa etária de-
terminada, do período descrito e sem registro de exames parasitológico de fezes.
Resultados e discussão
209
TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO RELATIVA E ABSOLUTA QUANTO AO TOTAL DOS PRONTUÁRIOS
ANALISADOS, RESULTADOS DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS DE FEZES, E GÊNERO DOS PA-
CIENTES, NOS DOIS LABORATÓRIOS PESQUISADOS
210
Com relação à idade dos pacientes que apresentaram resultados positivos
para Giardia lamblia, a prevalência foi classificada de acordo com as seguintes faixas
etárias (Tabela 2): de 0 a 2 anos, 44,35% (n = 157); de 2 a 4 anos, 31,07% (n = 110); de 4
a 6 anos, 14,41% (n = 51); de 6 a 8 anos, 6,5% (n = 23); e de 8 a 10 anos, 3,67% (n = 13).
TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO RELATIVA E ABSOLUTA DOS PACIENTES POSITIVOS PARA GIARDIA LAMBLIA
Avaliação da faixa etária e tipo de laboratório. Araçatuba/ SP, 2015.
Variáveis T o t a l % Laboratório % Laboratório %
(N) Público (N) Privado (N)
0 a 2 anos 157 44,35 98 46,4 59 41,3
2 a 4 anos 110 31,07 62 29,4 48 33,6
4 a 6 anos 51 14,41 28 13,3 23 16
6 a 8 anos 23 6,5 14 6,6 9 6,3
8 a 10 anos 12 3,67 9 4,3 4 2,8
Total 354 100 211 100 143 100
A Tabela 2 descreve também que, dos 354 resultados positivos para Giar-
dia lamblia:
• Na faixa etária de 0 a 2 anos (44,35%; n = 157), 46,4% (n = 98) dos exames fo-
ram realizados em laboratório de rede pública e 41,3% (n = 59) em laboratório
privado.
• Na faixa etária de 2 a 4 anos (n = 110), 29,4% (n = 62) dos exames foram feitos
em laboratório de rede pública e 33,6% (n = 48) e laboratório privado.
• Na faixa etária de 4 a 6 anos, 13,3% (n = 28) dos exames foram realizados em
laboratório público e 16% (n = 23) em laboratório particular.
• Na faixa etária de 6 a 8 anos, 6,6% (n = 14) dos exames foram feitos em labora-
tório de rede pública e 6,3% (n = 9) em laboratório de rede privada.
• Na faixa etária de 8 a 10 anos, 4,3% (n = 9) dos exames foram realizados em
laboratório de rede pública e 2,8% (n = 4) em laboratório privado.
Conclusão
211
quisados, sem diferença significativa entre o público e o particular. Os exames
positivos foram ligeiramente predominantes em meninas, em especial nas faixas
etária de 0 a 2 anos e de 2 a 4 anos de idade.
FONTE: Adaptado de LACERDA, J. da S.; DIAS, M. E. Detecção de Giardia lamblia em exames pa-
rasitológicos de fezes: avaliação comparativa de resultados em laboratório de análises clínicas de
rede privada e pública. Revista Saúde UniToledo, Araçatuba, v. 1, n. 1, p. 147-156, mar./ago. 2017.
Disponível em: https://bit.ly/30Hi0Fz. Acesso em: 26 set. 2020.
212
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A malária pode ser causada por três espécies de Plasmodium: P. vivax, P. falci-
parum ou P. malariae.
CHAMADA
213
AUTOATIVIDADE
214
REFERÊNCIAS
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lização. RBAC, v. 50, n. 4, p. 330-333, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3iBpro2.
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Medicina Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri:
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218