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Citopatologia Clínica
Prof. Elder Ferri Lourenzi
Profª. Maria Carolina Stipp Gonçalves
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Elder Ferri Lourenzi
Profª. Maria Carolina Stipp Gonçalves
L892u
ISBN 978-65-5663-689-4
ISBN Digital 978-65-5663-687-0
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Urinálise e
Citopatologia Clínica. A análise da urina compreende fatores físicos,
químicos e microscópicos, sendo essencial para a triagem de pacientes em
diferentes condições patológicas, principalmente aquelas que afetam os
sistemas geniturinário, renal, hepático e metabólico do organismo.
Boa leitura!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 128
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 200
UNIDADE 1 —
URINÁLISE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
3
UNIDADE 1 — URINÁLISE
FONTE: Os autores
2 FISIOLOGIA RENAL
Os rins são essenciais e indispensáveis para a sobrevivência do ser hu-
mano. Esses órgãos somam diferentes funções, que ajudam a manter a home-
ostasia no organismo como um todo. Entre as suas principais funções se en-
contram: a gliconeogênese, produção de vitamina D, manutenção do equilíbrio
acidobásico, controle da resistência vascular, produção de eritropoetina para
controle na produção de eritrócitos, regulação da osmolaridade plasmática,
controle do volume do líquido extracelular, manutenção do equilíbrio hídrico e
eletrolítico e, de modo especial, o processo de excreção de substâncias que não
são úteis para o organismo. De maneira geral, essas substâncias em concentra-
ções elevadas podem ser extremamente prejudiciais, levando à desregulação de
condições fisiológicas de outros sistemas do corpo. Consequentemente, os rins
atuam em conjunto, por exemplo, com outros órgãos, como fígado e coração
(EATON; POOLER, 2015).
4
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
FONTE: Os autores
5
UNIDADE 1 — URINÁLISE
FONTE: Os autores
6
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
orgânicas úteis como glicose e aminoácidos precisam ser reabsorvidas para se-
rem conservadas no organismo. Compostos como potássio, fosfato, cálcio e bicar-
bonato são reabsorvidos parcialmente. Apesar de ser essencial para reabsorção,
esse compartimento é responsável pela secreção de algumas substâncias, como
produtos biotransformados (creatinina, ácido úrico) e fármacos (penicilina) (EA-
TON; POOLER, 2015).
NTE
INTERESSA
Para visualizar melhor esses processos renais, assista ao seguinte vídeo sobre
o processo de filtração, reabsorção, secreção e excreção renal, acessando: https://www.
youtube.com/watch?v=R4cNMryGOro.
7
UNIDADE 1 — URINÁLISE
Por fim, para cada substância do plasma, existe uma combinação particu-
lar de filtração, reabsorção e secreção, e a combinação desses fatores resulta no
que será excretado e quanto. Os rins buscam regular as concentrações ideias de
cada substância, de modo que, se algo está acima do normal, será excretado em
maior quantidade ou vice-versa.
8
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
9
UNIDADE 1 — URINÁLISE
3 FASE PRÉ-ANALÍTICA
A fase pré-analítica compreende fatores que antecedem a análise
laboratorial, voltados ao preparo do paciente, à identificação, à coleta, à
manipulação, ao armazenamento e ao transporte de uma amostra biológica.
Consequentemente, é uma fase repleta de possibilidades para os grandes erros
em laboratórios clínicos, que, muitas vezes, não são controlados e/ou detectados.
Uma vez que os erros ocorrem e não são identificados, isso pode levar a resultados
incorretos, que não condizem com a realidade do paciente (XAVIER; DORA;
BARROS, 2016).
10
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO DA URINA E PROCEDIMENTOS PRÉ-ANALÍTICOS
• A região genital deve ser higienizada previamente com água e sabão neutro
ou lenço umedecido. O uso de soluções antissépticas pode interferir na análise
química do exame.
• O paciente deve desprezar o primeiro jato de urina, para que as impurezas
contidas no canal uretral sejam eliminadas.
• Após, o paciente pode coletar o jato médio urinário até preencher o frasco.
• Por fim, o paciente deve desprezar o restante de urina no vaso sanitário.
11
UNIDADE 1 — URINÁLISE
13
UNIDADE 1 — URINÁLISE
14
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O sistema urinário é formado pelos rins, ureter e bexiga. Os rins são órgãos
vascularizados e que recebem inervação do sistema nervoso central. Já
os ureteres, direcionam a urina até a bexiga, enquanto esta realiza o seu
armazenamento, uma vez que será excretada pela uretra.
15
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
16
3 Compreender a essência do funcionamento renal e, consequentemente,
da formação da urina é simples, porque os rins recebem o líquido que
chega pela corrente sanguínea, alteram a sua composição, adicionando ou
excluindo constituintes e formam a urina, que contém o equilíbrio de cada
substância. De acordo com os processos para filtração do sangue, assinale a
alternativa CORRETA:
17
18
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
E
IMPORTANT
19
UNIDADE 1 — URINÁLISE
2.1 COR
Uma amostra de urina pode chegar ao laboratório com cores distintas do
amarelo, como verde, azul, marrom, vermelha, rosa ou laranja. Cada uma dessas
colorações é determinada por pigmentos endógenos ou exógenos, que modificam
a coloração da urina. A alteração da cor urinária pode indicar modulações
fisiológicas, que resultam na liberação de pigmentos endógenos, ou somente o
resultado de pigmentos exógenos, oriundos da dieta alimentar. Apesar de ser
um indicativo de que determinada condição esteja acometendo o paciente, a
coloração da urina deve ser avaliada em associação aos demais dados da urinálise
e ao quadro clínico do paciente, a fim de identificar possíveis quadros fisiológicos
ou patológicos (DALMOLIN, 2011; RAMIREZ, 2021).
FONTE: Os autores
20
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
21
UNIDADE 1 — URINÁLISE
NTE
INTERESSA
Urina roxa
Apesar de ser pouco comum, pode ocorrer em pacientes com infecções do trato urinário,
principalmente de pacientes que usam cateter vesical em hospitais. As bactérias que são
envolvidas nesse processo são Providencia stuartii, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas
aeruginosa, Escherichia coli ou Enterococcus, pois metabolizam o triptofano, resultando
em pigmentos vermelhos e azuis, que, ao se misturarem, podem ficar roxos. Isso está
associado à modificação do pH da urina e à insuficiência renal.
Para saber mais sobre o assunto, sugerimos a seguinte leitura: https://bit.ly/3mtek60.
22
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
2.2 VOLUME
A avaliação do volume tem deixado de ser relevante na urinálise, uma
vez que usamos um valor padronizado para análise de 10 mL e não conseguimos
predizer, com uma única amostra, se o volume excretado resulta de um aumento
do volume urinário. Contudo, a alteração no volume urinário pode ser descrita
pelo paciente durante a anamnese e traz indícios essenciais para complementar a
urinálise do paciente.
ALTERAÇÃO DO
DENOMINAÇÃO CAUSAS
VOLUME URINÁRIO
FONTE: Os autores
23
UNIDADE 1 — URINÁLISE
2.3 DENSIDADE
A densidade da urina permite verificar qual a concentração da urina,
ou seja, reflete se o rim é capaz de concentrar ou de diluir a urina, não sendo
influenciada pelo tempo de armazenamento da amostra. Ela é definida como a
relação entre a massa de um volume líquido e a massa de um mesmo volume
de água destilada, sendo muito utilizada na prática clínica (STRASINGER; DI
LORENZO, 2009).
FIGURA 11 – REFRATÔMETRO
FONTE: Os autores
24
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
DICAS
2.4 ASPECTO
O aspecto da urina pode ser associado a avaliação da cor, uma vez que
é um parâmetro subjetivo, avaliado a olho nu. Sua avaliação deve ser realizada
rapidamente, logo após a coleta de preferência, pois o armazenamento pode
facilitar a precipitação de cristais, principalmente se não for feito do modo correto
ou com tempo superior a 2 horas (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et al., 2009;
STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
25
UNIDADE 1 — URINÁLISE
NTE
INTERESSA
2.5 ODOR
O odor da urina não é usualmente utilizado como parâmetro avaliativo
em laboratórios clínicos, mas é perceptível e pode indicar alguns fatores anormais
da amostra. Contudo, assim como os demais parâmetros, precisa ser avaliado
em conjunto com outros dados (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et al., 2009;
STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
26
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
FONTE: Os autores
27
UNIDADE 1 — URINÁLISE
Para desvendar cada uma das leituras realizadas pela tira reagente, a
seguir, serão apresentadas informações muito importantes sobre cada parâmetro
avaliado na análise química da urina.
3.1 PH URINÁRIO
O pH urinário não é proporcional ao pH sanguíneo (7,35 a 7,45), sendo
relativamente ácido no período da manhã, estando entre 5,0 e 6,0. No decorrer
do dia, esse pH pode variar entre 4,5 e 8,5, podendo ser diretamente influenciado
por equilíbrio acidobásico do sangue, função renal, dieta ou uso de medicamen-
tos, presença de infecção bacteriana ou, ainda, pelo tempo de coleta e armaze-
namento da urina (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et al., 2009; STRASINGER; DI
LORENZO, 2009).
28
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
Atraso no processamento
FONTE: Os autores
29
UNIDADE 1 — URINÁLISE
passando pelo amarelo e verde, até o azul-escuro final (pH 9,0). De modo geral,
as tiras são confiáveis, não interagindo com outras substâncias, mas, por serem
avaliadas subjetivamente pelo profissional responsável dentro de um espectro
de cores, pode haver pequenos erros na interpretação da cor apresentada. Dessa
forma, o uso de pHmetros apresenta uma sensibilidade superior, uma vez que
liberam de modo preciso o pH da urina. No entanto, as tiras reagentes facilitam o
dia a dia do laboratório, sendo mais utilizadas (BIOTÉCNICA, 2019).
NTE
INTERESSA
FIGURA 15 – INDICADOR DE PH
3.2 GLICOSE
A glicose é filtrada pelo glomérulo e, então, reabsorvida no túbulo
contorcido proximal, não estando presente na composição da urina. Dessa
forma, a presença de glicose na urina, também conhecida como glicosúria, não é
considerada normal. Quando presente na amostra urinária, a glicose passa pelo
30
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
Caso apareça, duas condições precisam ser investigadas: lesão nos tú-
bulos renais e hiperglicemia. A hiperglicemia é a principal condição associada
a presença de glicose na urina, a qual ocorre devido ao excesso de glicose que
deveria ser reabsorvida pelos túbulos proximais, que, por estarem sobrecarre-
gados, não conseguem exercer a sua função, ou seja, a glicose é secretada na
urina. Quando a glicosúria está presente na ausência de hiperglicemia, devemos
suspeitar de lesões tubulares, pois os túbulos renais não estão exercendo sua
função normal de reabsorver a glicose do filtrado glomerular e podem aumentar
a excreção de glicose (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et al., 2009; STRASINGER;
DI LORENZO, 2009).
Essa análise, assim como as demais, precisa ser feita com rapidez, pois,
caso o paciente esteja com infecção urinária, as bactérias presentes na amostra
de urina podem consumir a glicose, resultado em um resultado falso-negativo
(GRAFF, 1983; RABINOVITCH et al., 2009; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
31
UNIDADE 1 — URINÁLISE
3.4 PROTEÍNAS
As proteínas não são secretadas na urina, uma vez que não são filtradas
pelo glomérulo. Caso ela esteja presente, pode ser decorrente de problemas
renais ou, ainda, de quadros independentes da função renal. Ao considerarmos
mecanismos independentes dos rins, identificamos que quadros de desidratação,
febre, convulsões, exercício muscular intenso, frio ou calor intenso podem resultar
no aumento de proteínas no sangue e no aumento de pequenas proteínas que
serão filtradas pelos rins. Esse aumento ainda pode ser um resultado de processos
inflamatórios e infecciosos do trato urinário inferior, que resultam na liberação de
proteínas na urina. Quando pensamos em um quadro decorrente de problemas
renais, normalmente, está ligada a processos inflamatórios ou infecciosos
nos glomérulos e/ou túbulos renais, resultando em falhas nos mecanismos de
transporte tubular. Pequenos traços de proteínas podem ser considerados
normais, mas esse resultado precisa ser associado à densidade urinaria, já que
está relacionado com a concentração da urina (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et
al., 2009; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
3.5 UROBILINOGÊNIO/BILIRRUBINA
O urobilinogênio é um produto da degradação da bilirrubina pelas
bactérias intestinais. A bilirrubina, por sua vez, é formada graças a degradação da
hemoglobina. Uma vez formado no intestino, o urobilinogênio chega ao sangue,
sendo que uma pequena quantidade pode ser excretada na urina. Contudo,
qualquer aumento da bilirrubina plasmática leva ao aumento de urobilinogênio
urinário, podendo ser detectado antes que ocorra icterícia, por exemplo. De
modo geral, a bilirrubina direta, ou não conjugada, não é excretada nos rins, já
que está ligada à albumina. No entanto, caso haja uma lesão glomerular, ela pode
32
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
DICAS
33
UNIDADE 1 — URINÁLISE
3.7 NITRITOS
A identificação de nitritos é um parâmetro muito importante e permite
identificar a presença de infecções bacterianas. Caso haja presença de bactérias
Gram-negativas, de modo geral, há a conversão do nitrato urinário em nitrito,
identificado na fita reativa com coloração rosa. É importante esclarecer que
resultados negativos de nitrito não indicam ausência de infecção, pois as
bactérias podem não ter tempo suficiente para realizar a conversão, podem não
converter nitrato em nitrito ou, ainda, produzir quantidades insuficientes para
serem identificadas no teste. Assim, a urocultura é a única capaz de confirmar
a presença ou ausência de infecção bacteriana urinária, mas o teste de nitrito
positivo é um forte indicador dessa condição (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et
al., 2009; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
3.8 LEUCÓCITOS
Os leucócitos, quando presentes nas amostras de urina, estão diretamente
relacionados com processos inflamatórios ou infecciosos que promovem um
aumento das células de defesa no corpo para tentar combater a infecção ou,
ainda, a injúria estabelecida, que pode estar localizada tanto no trato urinário
baixo quanto no trato urinário alto (GRAFF, 1983; RABINOVITCH et al., 2009;
STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
34
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
35
UNIDADE 1 — URINÁLISE
4 URINA DE 24 HORAS
O exame de urina de 24 horas possibilita quantificar substâncias
específicas excretadas na urina e que podem predizer o funcionamento dos rins.
Essa avaliação precisa ser realizada dentro do período de 24 horas, pois a excreção
de uma substância pode variar ao longo dia, o que dificulta a padronização do
teste com uma amostra coletada em um horário fixo. Ao coletar toda a urina
dentro do período de 24 horas, essa variação é minimizada e a análise se torna
mais confiável. No entanto, utilizamos somente uma pequena alíquota para
realizar as análises, não sendo necessário utilizar todo volume coletado. Além
disso, é importante lembrarmos que cada substância detém de uma ou mais
metodologias específicas para sua determinação e que cada laboratório irá
determinar o que melhor se adequa a sua realidade.
E
IMPORTANT
36
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
DICAS
Confira a bula da Labtest para mais informações sobre o teste enzimático para
determinação de creatinina. Acesse: https://bit.ly/3sLoqjE.
37
UNIDADE 1 — URINÁLISE
DICAS
38
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
4.2 PROTEINÚRIA
A avaliação da proteína urinária permite identificar com exatidão a
quantidade de proteína excretada. É importante lembrar que em situações
fisiológicas essa excreção não ocorre. Além disso, é possível avaliar a presença
de proteínas específicas, como a albumina, por exemplo, que quando presente é
denominada como albuminúria (GALANTE; ARAÚJO, 2012).
ATENCAO
39
UNIDADE 1 — URINÁLISE
40
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
41
UNIDADE 1 — URINÁLISE
4.6 POTÁSSIO
O potássio é um íon encontrado, principalmente, no meio intracelular e
tem como função o controle do metabolismo celular, participando, assim, dos
mecanismos de excitação neuromuscular. Alterações nos níveis de potássio po-
dem ser fatais, uma vez que são essenciais para a manutenção do funcionamento
do coração. O potássio pode ser utilizado na investigação de doenças nos túbulos
renais, uma vez que, na insuficiência renal, ocorre uma diminuição da excreção
de potássio. Além disso, alguns fármacos podem interferir na sua excreção, como
os inibidores da enzima conversora de angiotensina, os anti-inflamatórios não es-
teroides, a ciclosporina, o cetoconazol, entre outros (GALANTE; ARAÚJO, 2012).
4.7 UROPORFIRINAS
A uroporfirina é uma porfirina solúvel em água e excretada na urina ou,
em menores concentrações, no sangue e nas fezes. Para essa análise, a amostra
deve ser coletada em frasco âmbar com conservante (5 g de bicarbonato por litro
de urina), mantido sob refrigeração e protegido da luz no período da coleta. Sua
detecção ocorre pelo método de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC),
através de uma alíquota de 4,0 mL de urina em tubo âmbar. É muito útil no
diagnóstico de porfirias, uma condição que decorre de “deficiências enzimáticas
na biossíntese do grupo heme da cadeia da hemoglobina” (DINARDO et al., 2010,
p. 106). Além disso, é útil no diagnóstico da intoxicação por metais pesados, como
chumbo, leucemias, linfomas e anemia hemolítica.
DICAS
42
TÓPICO 2 — ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA DA URINA
DICAS
43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
44
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
45
a) ( ) A coloração azulada ocorre em quadros de problemas hepáticos, em
que há um excesso de bilirrubina sendo excretado.
b) ( ) A coloração amarela indica que a amostra de urina está com uma
quantidade excessiva de proteínas.
c) ( ) A coloração preta ocorre devido a processos de infecção bacteriana
com Pseudomonas aeruginosa.
d) ( ) A coloração transparente e amarelo-claro são indicativos de que o
paciente está saudável e bem hidratado.
Exame Físico
Volume 10 mL
Cor Vermelho
Aspecto Turvo
Densidade 1.100
Exame Químico
pH 4,5
Proteína ++++
Corpos cetônicos Ausência
Hemoglobina ++++
Nitrito +
Leucócitos +++
Glicose ++
Urobilinogênio +
FONTE: Os autores
46
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
47
UNIDADE 1 — URINÁLISE
2 CÉLULAS
A análise do sedimento urinário possibilita identificar os constituintes
celulares da urina, como as células epiteliais, hemácias e leucócitos, e, ao quantificá-
los, podemos indicar se ocorrem processos inflamatórios ou infecciosos no trato
urinário.
48
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
49
UNIDADE 1 — URINÁLISE
FIGURA 22 – LEUCÓCITOS
50
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
FIGURA 23 – HEMÁCIA
3 CRISTAIS
Os cristais na urina estão associados à precipitação de substâncias
presentes no organismo, que é resultado de alteração no pH da urina, infecções
urinárias, alteração brusca na temperatura do organismo ou, ainda, uma elevada
concentração desses componentes, que pode ocorrer pela dieta ou por uso de
medicamentos. Os mais comuns são as substâncias orgânicas como cálcio,
magnésio e fosfato, sendo que sua presença em quantidades baixas na urina não
indica quadro patológico. No entanto, a grande concentração desses cristais pode
indicar doenças como gota, cálculo renal ou infecções urinárias (GREENBERG,
2014; KASVI, 2019; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
51
UNIDADE 1 — URINÁLISE
53
UNIDADE 1 — URINÁLISE
TIPO DE CARACTERÍSTICAS
RELEVÂNCIA CLÍNICA
CRISTAL MICROSCÓPICAS
Cristais de
Indicam doenças hepáticas.
bilirrubina
Cristais de
Podem estar presentes em
carbonato de
urinas alcalinas.
cálcio
Presente em cistinose,
Cristais de cistinúria congênita,
cistina insuficiente reabsorção renal
ou hepatopatias tóxicas.
54
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
Presente na tirosinemia e
Cristais de associadas aos cristais de
tirosina leucina em doenças hepáticas
graves.
4 CILINDROS
A presença de uma grande quantidade de cilindros em uma amostra
de urina é indicativa de que alguma lesão renal esteja ocorrendo, isso porque
dificilmente encontramos cilindros em amostras normais de urina. Eles são
formados pela união de várias proteínas Tamm-Horsfall, excretadas nos túbulos
contorcidos distais e ducto coletor. Ao se unirem, forma-se uma estrutura
sólida, com o formato de um cilindro. Esse processo costuma ser mais intenso
após atividade física, estresse ou doenças renais e pode estar associado a outros
componentes presentes durante a formação de um cilindro, como bactérias, células
epiteliais, hemácias, leucócitos, células gordurosas, entre outras (GREENBERG,
2014; KASVI, 2019; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
55
UNIDADE 1 — URINÁLISE
56
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
Indica síndrome
Cilindro
Célula de gordura nefrótica ou
gorduroso
diabetes melito
Pode estar
presente logo
Cilindro Grânulo de
após o exercício
granular proteínas séricas
físico ou em
doenças renais
Formado pela
proteína Tamm-
Horsfall, com
camada mais fina Indica doença
e frágil, podendo parenquimatosa
Cilindro
apresentar cortes crônica ou fase
céreo
ao longo das terminal de
bordas e índice de necrose tubular
refração maior do
que os cilindros
hialinos
58
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
59
UNIDADE 1 — URINÁLISE
→
FONTE: <https://kasvi.com.br/sedimentoscopia-analise-urina/>. Acesso em: 30 mar. 2021.
5.2 MUCO
Os filamentos de muco (Figura 35) são resultado de processos de
descamação da bexiga e da uretra, sendo essenciais para a defesa do trato urinário.
Dessa forma, esse achado não é indício de doença (GREENBERG, 2014; KASVI,
2019; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
60
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
5.3 ESPERMATOZOIDES
Os espermatozoides (Figura 36) podem ser encontrados em amostras de
urina de pacientes que tiverem relações sexuais pouco antes da coleta da amos-
tra, sendo considerado um achado normal (GREENBERG, 2014; KASVI, 2019;
STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
61
UNIDADE 1 — URINÁLISE
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO
A urinálise é um teste laboratorial amplamente utilizado na prática
clínica, constituindo um dos indicadores mais importantes de saúde e doença, e
tem como objetivo detectar enfermidades pré-renais ou sistêmicas, renais e, pós-
renais ou do trato urinário. Além disso, distúrbios hepáticos, diabetes melito e
degradação muscular também são avaliadas por meio do exame de urina.
62
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
No Brasil, não ocorre uma abordagem nesse modelo, pois a maioria dos
laboratórios clínicos realizam as três etapas preconizadas na rotina de urina.
Assim, é importante avaliar a importância da análise sedimentoscópica diante
dos achados físico-químicos normais no exame de urina.
Discussão
63
UNIDADE 1 — URINÁLISE
64
TÓPICO 3 — ANÁLISE SEDIMENTOSCÓPICA DA URINA
65
UNIDADE 1 — URINÁLISE
66
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
67
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
68
3 Paciente, sexo masculino, 56 anos de idade, apresentou as seguintes
alterações no exame de urina: coloração alaranjada, +++ bilirrubina;
cristal de cistina, cristal de leucina e cristal de tirosina. De acordo com os
resultados, assinale a alternativa CORRETA:
Exame físico
Volume 10 mL
Cor Alaranjada
Aspecto Turvo
Densidade 1.100
Exame químico
pH 6,0
Proteína Traços
Corpos cetônicos Ausente
Hemoglobina Presente (++)
Nitrito Positivo
Leucócitos Presente (+++)
Glicose Ausente
Urobilinogênio Ausente
69
Exame microscópico
Células epiteliais 1.000/mL
Hemácias 3.000/mL
Leucócitos 50.000/mL
Filamentos de muco Alguns
Flora bacteriana Aumentada
Hialinos: 1.000/mL
Cilindros
Leucocitário: 5.000/mL
FONTE: Os autores
70
REFERÊNCIAS
ALVES, M. T. et al. Proteinúria: um instrumento importante para o diagnóstico
da doença renal. 21. ed. Analisa, 2017. Disponível em: http://www.goldanalisa.
com.br/print.asp?id=136. Acesso em: 6 maio 2021.
FLEMING. Análises Clínicas. Urina infantil – saco coletor, 2015. Disponível em:
http://www.lfleming.com.br/instrucoes-coleta-detalhes/20/urina-infantil---saco-
coletor. Acesso em: 17 mar. 2021.
71
GOLD ANALISA, BULA LABORATORIAL. Creatinina. Belo Horizonte:
Gold Analisa, 2018a. Disponível em: http://www.goldanalisa.com.br/
arquivos/%7BC7E828F1-F18F-4707-921D-B7BD321347E9%7D_Creatinina_
REF_335.pdf. Acesso em: 6 maio 2021.
72
PINHEIRO, P. Urina de 24 horas – como colher e para que serve. MD Saúde,
c2008-2021. Disponível em: https://www.mdsaude.com/exames-complementares/
urina-24-horas/. Acesso em: 6 mai. 2021.
RAMIREZ, G. O que pode significar a cor da urina (urina amarela, branca, laranja).
Tua Saúde, 2021. Disponível em: https://www.tuasaude.com/o-que-pode-alterar-
a-cor-da-urina/. Acesso em: 6 maio 2021.
REIS, M. Urina de 24 horas: para que serve, como fazer e resultados. Tua Saúde,
2020. Disponível em: https://www.tuasaude.com/exame-de-urina-de-24-horas/.
Acesso em: 6 maio 2021.
73
74
UNIDADE 2 —
CITOLOGIA CLÍNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
75
76
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
77
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
78
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
TUROS
ESTUDOS FU
Para uma maior clareza no entendimento, abordaremos esse tema com mais
profundidade no Tópico 2.
80
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
81
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
DICAS
82
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
E
IMPORTANT
3 ESTRUTURA LABORATORIAL
O laboratório de citopatologia é, de certa forma, mais simples que
os demais laboratórios, uma vez que a demanda tecnológica mínima, para o
desenvolvimento das técnicas necessárias, é mais rudimentar. Apesar de haver
no mercado algumas automações, para a rotina convencional, não há necessidade
de aparelhos. Nesse aspecto, a citologia se torna mais barata, não é à toa que
foi escolhida como padrão de rastreamento e pré-diagnóstico contra o câncer de
colo uterino. Contudo, se é tão simples, surge a dúvida sobre o que compõe um
laboratório que trabalha exclusivamente com citopatologia.
Antes de mais nada, é preciso deixar bem claro que, para abrir qualquer
estabelecimento em saúde, deve-se ter registro (CNPJ) e contrato social da
empresa, alvará de localização municipal, alvará dos bombeiros e alvará da
Vigilância Sanitária, além de cumprir os requisitos da NR-9 (que versa sobre a
obrigatoriedade de implantação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
– PPRA) e da NR-7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
– PCMSO); por ser um ente jurídico, é necessário estar alinhado com todas as
responsabilidades ficais e trabalhistas impostas a esse ramo. O biomédico e o
farmacêutico têm prerrogativas legais que os amparam no âmbito da citologia
oncótica, dando suporte ao exercício da profissão.
83
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
No que tange à estrutura física, ele deve seguir a norma padrão para
laboratórios (RDC nº 302 e RDC nº 50), que regulamentam o tipo de piso, a parede, a
exaustão, a ventilação, a metragem das salas, o condicionamento de temperatura,
bem como as questões mais burocráticas relacionadas com arquivamento
de requisições, laudos e informações dos pacientes. Nesse rol, também há
regulamentações direcionadas à identificação das amostras internamente e à
organização administrativa do laboratório (ANVISA, 2005).
FONTE: Os autores
84
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
FONTE: Os autores
85
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
DICAS
86
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
FIGURA 8 – CITOCENTRÍFUGAS
87
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
E
IMPORTANT
4 ARQUIVAMENTO
Em citopatologia, é exigido, por lei, o arquivamento das lâminas e de
requisições por, no mínimo, cinco anos. Portanto, o laboratório deve contar com
uma sala específica para arquivamento dos materiais, devendo contar com fácil
acesso e organização, uma vez que, se solicitado, é preciso recuperar lâminas e
requisições. Tal organização pode ser feita por armários porta-lâminas, os quais
possuem gavetas com divisões específicas para o tamanho da lâmina, e armários
com pastas para arquivar as requisições (MINISTÉRIO DA SAÚDE; INCA, 2016).
88
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
DICAS
5 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER
Diversos autores definem epidemiologia e suas atribuições. Independente-
mente da definição conceitual, trata-se de uma ciência presente em todas as toma-
das de decisões da área da saúde; assim, podemos avaliar que a epidemiologia é:
89
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
FONTE: Os autores
90
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
5.1.1 Hereditariedade
Fatores hereditários são, conceitualmente, aqueles distribuídos pelas
gerações e que aumentam a presença da doença dentro da família do indivíduo.
Entretanto, são raros os cânceres que têm esse tipo de fator como preponderante.
Um exemplo de câncer com forte fator hereditário é o retinoblastoma, um
câncer infantil que acomete o olho da criança e que tem uma incidência familiar
de aproximadamente 40% dos casos. Outros tipos de câncer que têm influência
genética são os de glândula mamária, cólon e estômago, porém não é possível
afastar a possibilidade de os membros das famílias terem sido expostos a fatores
externos comuns (KUMAR et al., 2012).
Kumar et al. (2012) afirmam que menos de 10% dos pacientes com câncer
herdaram genes com a predisposição para a doença. Para alguns tipos de tumores
malignos, a taxa é ainda menor: apenas 0,1%. Quando se fala em neoplasias
herdadas, podemos dividi-las em três categorias:
5.1.2 Infecções
Algumas infecções, tanto virais quanto bacterianas, podem causar
câncer. Assim, micro-organismos são capazes de desencadear neoplasias. O mais
comum é o HPV, causador do câncer de colo do útero e de outros sítios, como
reto e esôfago. Contudo, não é o único. Infecções pela bactéria Helicobacter pylori
podem cronificar no nível estomacal e contribuir para o desenvolvimento do
câncer de estômago. Os vírus da hepatite B e C estão associados a carcinomas
91
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
hepáticos, sendo que a infecção por esses tipos virais se dá por via sexual, sangue,
compartilhamento de agulhas, alicates de unhas ou qualquer instrumento que
possa ter entrado em contato com material biológico contaminado (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2018, KUMAR et al., 2012).
A bactéria H. pylori não age diretamente no DNA, mas causa uma infecção
crônica na mucosa estomacal, resultando em um processo inflamatório persistente
que aumenta o risco do aparecimento de um câncer:
92
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
5.1.4 Tabagismo
O tabagismo é reconhecido como doença crônica, fazendo parte do grupo
de transtornos mentais e comportamentais, causados por substâncias psicoativas
(CID-10). A OMS (WHO, 2021) aponta que o tabaco mata mais de 8 milhões de
pessoas por ano, estimando que 7 milhões delas são causadas diretamente pelo
consumo do tabaco e o restante, a não fumantes expostos ao fumo passivo. O
tabagismo está relacionado a diversos tipos de câncer:
Uma análise estatística de dados, feita por Kfouri et al. (2018), demonstrou
que o câncer de laringe foi o mais presente em todas as cidades brasileiras estuda-
das, com uma prevalência dos cânceres de cabeça e pescoço associados ao tabagis-
mo de 20,9% na região Centro-Oeste, de 19,5% no Sudeste e de 18,3% no Sul. Além
disso, foi destacado que o uso do tabaco tem diminuído no Brasil, mas ainda é um
fator de alto impacto no desenvolvimento das neoplasias malignas, assim como
a presença de alcoolismo como agravante. Grande parte desses casos poderia ter
sido evitada apenas removendo o tabaco e o álcool do estilo de vida dos pacientes.
6 FATORES PREVENTIVOS
Como vimos, há diversos fatores envolvidos no risco de desenvolvimento
dos cânceres, mas grande parte deles poderia ser evitada com atitudes simples e
incorporadas no dia a dia. Esses fatores protetivos já são bem conhecidos entre
a população, porém muitas pessoas ainda resistem em mudar seu estilo de vida,
fator que provavelmente contribui para o aumento das taxas de câncer no mundo
(BRASIL, 2018).
93
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
6.1 ALIMENTAÇÃO
A ingesta de alimentos ricos em vitaminas, minerais e de origem
orgânica tem capacidade protetiva, devido a menor quantidade de conservantes,
colorantes, estabilizantes e realçadores de sabor – substâncias que em excesso
podem desencadear, com maior frequência, doenças como alergias alimentares,
mas também são consideradas fatores agravantes para o desenvolvimento do
câncer. Algumas classes de pesticidas e agrotóxicos têm em sua composição
agentes químicos, capazes de danificar as células de forma irreversível, firmando
relação direta com o desenvolvimento de alguns tipos tumorais (SALES, 2017;
BRASIL, 2018).
94
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CITOLOGIA CLÍNICA
DICAS
O Inca tem uma página dedicada a explicar o câncer e seus fatores de risco,
sua epidemiologia e suas formas de prevenção. Veja mais um pouco sobre esse fascinante
assunto acessando: https://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/como-prevenir-o-cancer.
95
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• É necessário ter uma estrutura laboratorial dentro dos parâmetros legais para
atuar nessa área.
96
AUTOATIVIDADE
97
IV- Cada setor funciona de forma integrada, com o objetivo de manter o fluxo
correto do laboratório. Dessa forma, é impossível que pequenas falhas,
como falta de papel, atrapalhem na liberação dos laudos.
98
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
UNI
2 CITOLOGIA ESFOLIATIVA
O processo de obtenção das amostras citológicas tem papel fundamental
na qualidade do laudo emitido. Coletar de forma compatível com o objetivo da
análise possibilita a correta preservação do espécime, evitando possíveis artefatos
e contaminantes que possam atuar como interferentes e, em casos extremos, a
perda da amostra (GAMBONI, 2013; KOSS; GOMPEL, 2006).
99
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
3 CITOLOGIA ASPIRATIVA
Outro método empregado para a obtenção de células para exame é a
aspiração das amostras utilizando agulha fina, denominada de punção aspirativa
por agulha fina (PAAF), cujo objetivo é obter amostras celulares oriundas de
massas tumorais, sólidas ou císticas, dos mais variados sítios anatômicos. Por
exemplo, em uma situação de nódulo na tireoide, o médico pode optar por
realizar um exame citológico, cujo material será obtido por meio de PAAF. Para
aspirar, são usadas seringas comuns acopladas a agulhas finas (GAMBONI, 2013;
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Esse é um método minimamente invasivo, que
pode ser feito em ambulatório ou, até mesmo, no consultório médico, o que o
torna prático e rápido para investigação de nódulos suspeitos.
100
TÓPICO 2 — COLETA E PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS
101
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
102
TÓPICO 2 — COLETA E PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS
4 COLETA E PROCESSAMENTO
Após apresentarmos uma base sólida sobre as formas e os tipos de
coleta, aprofundaremos as técnicas de coleta, descrevendo detalhes desses
procedimentos e a importância do cuidado em cada etapa. Em seguida, trataremos
do processamento das amostras no laboratório até que a lâmina chegue ao setor
de microscopia. Quando se fala em coleta de material biológico, é imprescindível
destacar que se faz referência ao início de um laudo fidedigno, uma vez que se,
durante a obtenção da amostra, o material não for representativo, na etapa da
microscopia, não haverá o que ser relatado, gerando prejuízo à saúde do paciente.
Enquanto profissionais responsáveis, é importante atentar a esse procedimento e
garantir que ele seja executado de forma impecável.
103
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
104
TÓPICO 2 — COLETA E PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS
4.2 LAVADOS
Consiste em instilar solução salina no local lesionado e realizar a aspiração
do material. Devem ser acondicionados em recipiente limpos e enviados
diretamente ao laboratório com a descrição do local coletado. Essa modalidade
de coleta é largamente utilizada para diagnósticos broncoalveolares, esofágicos,
peritoneais e gástricos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
105
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
FIGURA 16 – CITOASPIRADOR
106
TÓPICO 2 — COLETA E PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS CITOLÓGICAS
FONTE: Os autores
107
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
FONTE: Os autores
DICAS
108
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
109
AUTOATIVIDADE
“Nas PAAFs, são utilizadas agulhas de alto calibre, uma vez que é preciso
uma grande quantidade de material para que haja representação da lesão
investigada”.
110
Assinale a alternativa CORRETA:
111
112
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
2 CITOLOGIA DA MAMA
A anatomia da mama humana contém um sistema de seis a dez ductos
principais. Externamente, encontra-se o epitélio queratinizado da pele, que, ao
interiorizar no ducto mamilar, bruscamente se modifica em epitélio cuboide, o qual
reveste os ductos e está organizado em dupla camada. Sequenciais ramificações
dos ductos maiores dão origem à formação da unidade ductal terminal. Nas
mulheres adultas, a unidade ductal terminal divide-se em um conglomerado de
pequenos ácinos, formando uma estrutura em formato de “cacho de uva” (Figura
18) (KUMAR et al., 2012; GAMBONI, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
113
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
114
TÓPICO 3 — PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA CITOLOGIA NÃO GINECOLÓGICA
Benignidade Malignidade
Pobre a moderada
Celularidade Elevada
(fibroadenomas são celulares)
Vesicular ou finamente
Cromatina Em grumos
granular
Presente no carcinoma
Padrão cribiforme Ocasional em fibroadenoma
ductal in situ cribiforme
116
TÓPICO 3 — PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA CITOLOGIA NÃO GINECOLÓGICA
E
IMPORTANT
3 CITOLOGIA DA TIREOIDE
A glândula tireoide está situada na região do pescoço, anteriormente ao
esôfago, na região popularmente conhecida como “pomo de adão” (cartilagem
cricoide). É composta por dois lóbulos (esquerdo e direito) e ligada por uma
pequena região chamada de istmo. Cada lóbulo é composto de folículos, que
contêm células foliculares (Figura 20), que são a unidade funcional da tireoide.
A função dessa glândula é produzir e armazenar os hormônios tireoidianos,
responsáveis pelo metabolismo do organismo (KUMAR et al., 2012; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2012).
117
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
• Células ciliadas: não fazem parte dos nódulos da tireoide; quando presentes,
significa que a punção pode ter atingido regiões adjacentes.
• Células musculares esqueléticas: erro de punção atingindo o músculo
esternocleidomastoideo.
Classe Significado
Classe I Amostra insatisfatória
Classe II Nódulo benigno
118
TÓPICO 3 — PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA CITOLOGIA NÃO GINECOLÓGICA
Portanto, o estudo das lesões pode ser feito em pulmão, nódulos hepáticos,
renais, peritônio, anus, colo uterino, cavidade oral, líquido cefalorraquidiano,
lesões de pele, enfim, em qualquer que seja a possibilidade, a citologia pode
auxiliar e ser altamente eficaz e assertiva desde que sejam utilizadas as técnicas
corretas de coleta e processamento das amostras a serem analisadas.
119
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Natália Mancini
Entretanto, a grande questão é que cada vez mais pessoas com menor
idade também estão sendo diagnosticadas. De acordo com um estudo feito
pelo Observatório de Oncologia, entre 1997 e 2016, houve um aumento no
diagnóstico de alguns tipos de cânceres em pessoas com 20 a 49 anos. “Cânceres
como de cólon e reto, próstata e glândula tireoide tiveram um aumento significativo
nessa faixa etária”, conta o Dr. Luiz Antonio Santini, ex-diretor geral do Inca.
120
TÓPICO 3 — PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA CITOLOGIA NÃO GINECOLÓGICA
Quem passava pelo local era convidado a entrar em uma cabine montada
em frente ao Shopping Top Center, para descobrir o seu futuro. Entretanto, ao
entrar, a pessoa percebia que não era um futuro qualquer. Era o futuro da saúde
dela e de todos os brasileiros. As pessoas respondiam a perguntas relacionadas
com os fatores de risco e descobriam se suas ações estavam levando-as para a
doença ou se tinham hábitos saudáveis. Foram mais de 400 pessoas diretamente
impactadas e conscientizadas pela ação física.
121
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
1- Não fumar
11- Amamente
123
UNIDADE 2 — CITOLOGIA CLÍNICA
FONTE: Adaptada de MANCINI, N. Prevenção é a melhor forma de evitar o câncer. Revista ABRALE
On-line, 2020. Disponível em: https://revista.abrale.org.br/prevencao-principal-forma-de-evitar-
cancer/. Acesso em: 24 maio 2021.
124
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
125
AUTOATIVIDADE
127
REFERÊNCIAS
ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC
nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para
planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
Disponível em: https://bit.ly/3uSzlcq. Acesso em: 25 maio 2021.
FREITAS JÚNIOR, R. de. Punção aspirativa por agulha fina: estudo comparativo
entre dois diferentes dispositivos para a obtenção da amostra citológica. Revista
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 24, n. 4, p. 279-279, 2002. Disponível
em: https://bit.ly/3oJqSr3. Acesso em: 24 maio 2021.
128
GAMBONI, M. Manual de Citopatologia Diagnóstica. São Paulo: Manole, 2013.
129
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Técnico em citopatologia: caderno de referência 2:
citopatologia não ginecológica. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro:
Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva (Cepesc), 2012b. 86 p. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tecnico_citopatologia_caderno_
referencia_2.pdf. Acesso em: 27 ago. 2021.
130
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Cervical cancer screening in developing
countries: report of a WHO consultation. Geneva: WHO, 2002. Disponível em:
https://www.who.int/cancer/media/en/cancer_cervical_37321.pdf. Acesso em: 7
maio 2021.
131
132
UNIDADE 3 —
CITOLOGIA GINECOLÓGICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
133
CHAMADA
134
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
135
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
2.1 OVÁRIOS
Estão presentes em pares e, macroscopicamente, se apresentam em
formatos ovalados, semelhantes a amêndoas (Figura 1), nas meninas apresentam
superfície lisa, após a puberdade passam a apresentar cicatrizes e depressões
devido a liberação dos óvulos. Localizam-se lateralmente ao útero e em condições
normais medem cerca de 1 × 1,5 cm, mas podem sofrer alterações no tamanho do
decorrer do ciclo menstrual e estão ligados ao útero pelas tubas uterinas (BRASIL,
2012; MARIEB et al., 2012).
136
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO
2.3 ÚTERO
O útero (Figura 3) é um órgão oco, posicionado anteriormente ao reto e
superior à bexiga. Sua função principal é receber e nutrir o óvulo fecundado e
dar suporte nutricional ao feto durante a gestação. É dividido em corpo e colo
uterino. O corpo uterino é a porção principal do órgão, dividido em endométrio,
que é a camada mais interna, composta por epitélio colunar simples e responde
ao estímulo hormonal do ciclo; miométrio, que corresponde à camada muscular
do órgão, que, nesse caso, se trata de musculatura lisa; e, por último, e mais
externamente, o perimétrio, que é a camada serosa (BRASIL, 2012; MARIEB et
al., 2012).
137
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FIGURA 3 – ÚTERO
Essa porção do útero recebe especial atenção, pois é nela que se origina o
segundo câncer mais letal nas mulheres – o câncer de colo de útero. A citologia do
colo uterino tem como base a análise e a interpretação das células coletadas desse
sítio (GAMBONI, 2013).
138
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO
DICAS
139
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
140
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO
DICAS
142
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
143
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
144
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO
145
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
4.2.1 Hemácias
Hemácias (Figura 16) podem estar presentes no esfregaço citológico do
colo de útero, apresentam-se em tom laranja. Seu significado clínico é pouco
importante, uma vez que sua presença pode decorrer de um trauma durante a
coleta. Atenção maior se dá quando as hemácias se apresentam lisadas e, nesse
caso, podem indicar necrose tumoral. Contudo, é importante frisar que esse
quadro não é fator para diagnóstico (BRASIL, 2012; KOSS; GOMPEL, 2006).
146
TÓPICO 1 — ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO COLO UTERINO
4.2.2 Leucócitos
Os leucócitos são as células de defesa do corpo que eliminam patógenos
diretamente pela fagocitose ou produzindo anticorpos (por exemplo, IgM, IgG
etc.). São células abundantes no sangue e presentes também nos tecidos, em
maior ou menor quantidade, variando conforme a necessidade de uma resposta
imunológica (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015). Como é possível notar, são
agentes importantes da fisiologia, estando, portanto, presentes também nos
materiais de citologia do colo uterino.
FONTE: Os autores
147
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
148
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O ciclo menstrual dura, em média, 28 dias e é regulado por uma série de hor-
mônios que preparam o endométrio para a recepção de um óvulo fecundado.
• Leucócitos estão presentes no exame, mas nem sempre estão relacionados com
alguma doença ou processo inflamatório.
149
AUTOATIVIDADE
150
( ) Hemácias fazem parte dos componentes não epiteliais. Sua presença,
quando íntegras, não indicam nenhuma situação especial.
( ) Neutrófilos polimorfonucleares, quando presentes, são indicativos de
inflamação aguda.
( ) São componentes epiteliais células escamosas, metaplásicas, glandulares
endocervicais e endometriais.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
151
152
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
2 CITOLOGIA INFLAMATÓRIA
Kumar et al. (2010) descrevem o processo inflamatório como:
153
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
154
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS
2.3 PSEUDOEOSINOFILIA
A pseudoeosinofilia é uma característica em que o citoplasma das células
se cora de laranja, devido a alterações bioquímicas. Na Figura 19, é possível
observar nitidamente células escamosas superficiais que naturalmente se coram
em azul, tingidas de laranja. O caso reforça nitidamente o contexto de inflamação,
uma vez que reúne todos os critérios citados até o momento (BRASIL, 2012).
FONTE: Os autores
155
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
3 REPARO TECIDUAL
Uma vez que o processo é essencialmente protetor (KUMAR et al., 2010),
precisamos entender que essa proteção não é apenas voltada à eliminação de
agentes patogênicos, mas que, findando o estímulo nocivo, há necessidade de
reparar o tecido lesado, seja qual for o motivo da lesão. Nesse ponto, normalmente
ao fim da cascata inflamatória.
156
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS
157
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
4 MICRO-ORGANISMOS
O contato com o exterior torna o canal cervicovaginal propício a infecções
e agressões. Contudo, observa-se que há um complexo ecossistema, que atua
de forma dinâmica – em outras palavras, ocorre um equilíbrio entre germes
saprófitos e os mecanismos de defesa locais. A simples presença desses micro-
organismos não constitui inflamação; para que ocorra um processo inflamatório,
é necessária a presença de agentes patogênicos, como vírus, fungos, bactérias,
protozoários e, raramente, parasitas oriundos de contaminação (GAMBONI,
2013; KOSS; GOMPEL, 2006).
4.1 BACTÉRIAS
Entre os micro-organismos patogênicos, a seguir, destacamos os principais
tipos de bactérias.
FONTE: Os autores
159
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
4.1.4 Actinomyces
Trata-se de uma bactéria filamentosa, Gram-negativa. Comum em
esfregaços citológicos de mulheres usuárias de dispositivos intrauterinos (DIU),
normalmente identificadas como estruturas condensadas no centro com as boras
em aspecto filamentoso, vulgarmente conhecidos como cotton balls, ou bolas
160
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS
de algodão. Após coradas, assumem tons que azulados. Sua presença causa
processo inflamatório intenso, com leucócitos polimorfonucleares e vacúolos
citoplasmáticos característicos (KOSS; GOMPEL, 2006) (Figura 24).
FIGURA 24 – ACTINOMYCES
4.2.1 Candida sp
O ambiente rico em glicogênio, umidade e temperatura constantes é ideal
para o desenvolvimento de fungos. No caso da região urogenital feminina, a maior
propensão é o desenvolvimento de Candida sp, fungo que é parte da microbiota,
porém, em situações de equilíbrio, não é capaz de se desenvolver a ponto de
causar sintomas, ou seja, de se tornar patogênica. Entretanto, em momentos
ideais, com desequilíbrio do pH, aumento da disponibilidade de glicogênio,
temperatura e umidade mais elevadas, queda na imunidade ou alterações
hormonais que possam alterar o microambiente, a Candida sp multiplica-se de
forma mais eficiente e ocasiona sinais clínicos relevantes (GAMBONI, 2013).
161
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
4.3 PROTOZOÁRIOS
Entre os micro-organismos patogênicos, mais especificamente os
protozoários, destacamos o Trichomonas vaginalis, conforme descrito a seguir.
162
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS
FONTE: Os autores
163
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
164
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS
165
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
166
TÓPICO 2 — CITOLOGIA INFLAMATÓRIA E MICRO-ORGANISMOS
DICAS
167
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
168
AUTOATIVIDADE
169
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
170
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Serão apresentados a lesão de baixo grau (LSIL), a lesão de alto grau (HSIL),
os carcinomas do colo uterino e os adenocarcinomas do colo de útero, importantes
quadros que fazem parte do dia a dia do analista, sempre acompanhados de
comentários clínicos a respeito das situações e as condutas preconizadas pelo
Ministério da Saúde.
Por fim, trataremos da produção e padronização dos laudos, uma vez que,
sabendo identificar cada situação, faz-se necessária clareza na comunicação com
o médico, para que não haja ambiguidade nas informações prestadas.
2 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
O câncer de colo de útero é o mais incidente em escala global, sendo um
importante fator de mortalidade e morbidade feminino, atrás apenas do câncer
de mama. Nos países em desenvolvimento que não existem programas de
rastreamento ou em que há baixo investimento, a incidência é sensivelmente mais
alta, levando muitas mulheres à morte, que seria evitável se houvesse diagnóstico
precoce e educação da população (BRASIL, 2012).
171
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
172
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
Displasia acentuada/carcinoma
NIC 3 Alto grau
in situ
173
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
NOTA
174
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
FONTE: Os autores
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UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FONTE: Os autores
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TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
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UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
179
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
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TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
182
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
183
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
FIGURA 38 – AIS: NA LINHA PONTILHADA, O CRITÉRIO “PLUMAGEM” (A-D); “ROSETA” (B); PERDA
DA POLARIDADE E ORGANIZAÇÃO ARQUITETÔNICA DO GRUPAMENTO (C). NOTA-SE QUE, EM
TODOS OS CASOS, OCORREM NÚCLEOS ALONGADOS COM CROMATINA BEM DISTRIBUÍDA
184
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
DICAS
185
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
de 2011, apesar de, em 2015, ter sido publicada uma revisão do sistema, algumas
entidades brasileiras já se posicionaram sugerindo a alteração aos laboratórios
particulares. Quanto à atualização dos laudos no SUS, em 2020, o Instituto Na-
cional de Câncer (Inca) fez uma consulta pública acerca da mudança proposta,
seguindo, então, para a implementação do novo layout.
186
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
Utilizaremos o laudo SUS (Figura 40) como base para a explicação das
seções necessárias na avaliação, uma vez que cada laboratório pode personalizar
seus laudos particulares, porém o laudo proposto pelo SUS é de uso obrigatório
e padrão de todos os prestadores de serviço.
• escamoso;
• glandular;
• metaplásico.
187
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
• inflamação;
• metaplasia escamosa imatura;
• reparação;
• atrofia com inflamação;
• radiação;
• outros.
4.4.5 Microbiologia
Como vimos anteriormente, a citologia do colo uterino auxilia na
descrição da microbiota vaginal, relatando qual ou quais micro-organismos
estavam presentes na amostra. É necessário um cuidado especial no tocante às
bactérias e, sabendo que a microbiota vaginal é polimicrobiana, deve-se informar
no laudo aquela que está em maior quantidade. Por exemplo, é possível observar
a presença de lactobacilos junto a cocos, descrevendo-se a predominante. As
opções são:
• Lactobacillus sp.
• Cocos.
• Sugestivo de Chlamydia sp.
• Actinomyces sp.
• Candida sp.
• Trichomonas vaginalis.
• Efeito citopático compatível com vírus do grupo herpes.
• Bacilos supracitoplasmáticos (Gardnerella vaginalis, Mobiluncus sp).
• Outros bacilos.
• Outros: especificar e descrever parasitas.
• ASC-US.
• ASC-H.
• LSIL.
• HSIL.
• Carcinoma.
• Adenocarcinoma.
• AGCs.
4.4.7 Observações
O laudo conta com um campo aberto para comunicação do citologista
com o clínico. Podem ser descritas informações importantes, notas educativas
ou solicitações, embora seja um capo que deve ser utilizado com moderação e
critério, para que ele não seja banalizado.
DICAS
189
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Mateus F. Delabeneta
Dayane B. Costa
Jacqueline Plewka
Maiara Aline Santos
Maurício Turkiewicz
INTRODUÇÃO
190
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
MÉTODOS
191
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
RESULTADOS
192
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
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UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
DISCUSSÃO
194
TÓPICO 3 — LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E MALIGNAS DE COLO DE ÚTERO
195
UNIDADE 3 — CITOLOGIA GINECOLÓGICA
CONCLUSÃO
FONTE: Adaptada de DELABENETA, M. F. et al. Seguimento das atipias escamosas e avaliação das
condutas segundo as recomendações do Ministério da Saúde. J. Bras. Patol. Med. Lab., v. 57, 2021.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpml/a/NYZqH7SMKdq7tgfn3gmzsHF/?lang=pt#>. Acesso
em: 13 ago. 2021.
196
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem situações que precedem o câncer de colo uterino, que podem ser
identificadas no exame de Papanicolaou. Para cada uma delas, existe uma
conduta de seguimento preestabelecida pelo Ministério da Saúde.
• O profissional deve seguir um padrão de laudo, para que não haja falhas na
comunicação entre o laboratório e o clínico.
CHAMADA
197
AUTOATIVIDADE
198
( ) As alterações não são conclusivas para lesões pré-neoplásicas, mas estão
acima do grau de inflamação.
( ) Há presença de um ou mais critérios citomorfológicos para lesões pré-
neoplásicas, mas são quantitativamente insuficientes para conclusão
do laudo.
( ) O citologista não souber como tomar uma decisão, deve utilizar essa
classe como saída.
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
5 Cada classe diagnóstica gera uma conduta médica, por isso o citologista
deve ter certeza do que está liberando em cada resultado. Sabendo disso,
descreva brevemente quais são as condutas tomadas após laudos positivos
para ASC-US, LSIL, HSIL e carcinoma.
199
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia: Celular e Molecular.
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.
200
KOSS, L. G.; GOMPEL, C. Introdução a Citopatologia Ginecológica. São Paulo:
Roca, 2006.
KUMAR, V. et al. Robbins & Cotran Patologia – Bases Patológicas das Doenças.
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
201