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Unidade III
7 TREINAMENTO SENSÓRIO-MOTOR
Após lesões, procedimentos cirúrgicos, patologias crônicas e quadros de dor, algumas características
sensório-motoras são alteradas, como a diminuição da acuidade proprioceptiva e da resposta muscular
antecipatória e reativa, o que poderá comprometer a estabilidade articular dinâmica, o equilíbrio e o
controle motor em atividades de vida diária, atividades laborais ou esportivas. O déficit proprioceptivo
interfere no controle neuromuscular, o que poderá conduzir a uma instabilidade funcional e à perda
da eficiência de um movimento. Tais alterações precisam ser trabalhadas dentro de um treinamento
sensório-motor específico, para que o paciente retorne às suas atividades funcionais normais da forma
mais independente possível ou ao esporte de sua preferência. O treinamento sensório-motor tem um
papel importante na prevenção de lesões e na melhora do desempenho funcional e esportivo em geral.
Em palavras mais simples, é como se o indivíduo desaprendesse uma determinada tarefa motora.
Assim, será necessário reaprender, o que será feito por meio de um treinamento inserido no contexto
de controle do movimento relacionado à atividade específica que se deseja reaprender. Isso pode ser
representado desde tarefas mais simples, como o fato de o paciente perder o medo de voltar a apoiar o
pé no chão após um longo período imobilizado e voltar a andar, ou retornar ao esporte que praticava
antes da lesão, com padrões de movimento extremamente precisos, coordenados e avançados.
Exercícios proprioceptivos e de controle motor específicos poderão ser aplicados, desde as fases
iniciais do processo de reabilitação até as fases mais avançadas, e caberá ao fisioterapeuta organizar a
exposição gradual aos exercícios para a evolução dos pacientes.
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CINESIOTERAPIA
Inicie a leitura do conteúdo a seguir com a seguinte frase em mente: o movimento depende da
percepção. Assim, você entenderá a propriocepção inserida na habilidade do controle do movimento ou
posturas, de forma a contribuir e otimizar esse controle.
Suponha que você esteja parado em pé e resolva começar a andar. Para isso ocorrer, um programa
motor no SNC ativará os músculos envolvidos na geração dos movimentos da marcha e no controle
da mudança do centro de gravidade em relação a uma nova base de sustentação. O SNC já saberá quais
músculos recrutar porque em um determinado momento de sua vida você aprendeu a andar e adquiriu
uma memória da marcha, portanto, toda a preparação e a execução motora do ato de andar partirá do
SNC. Todavia, durante a execução, o SNC precisará saber se o movimento está acontecendo conforme
o planejado e, para cumprir essa missão, ele dependerá das informações sensoriais (proprioceptivas)
enviadas da periferia pelos receptores proprioceptivos (mecanorreceptores), os quais enviarão mensagens
como posição articular, níveis de tensão ou contração muscular, pressões ou estiramento da pele, da
cápsula e dos ligamentos.
Caso ocorra algum estímulo externo não previsto pelo SNC (por exemplo, você tropeçar em uma
pedra no meio do caminho ou se deparar com qualquer irregularidade ou instabilidade no terreno)
que te ameace cair e exija de você uma reação de equilíbrio ou proteção para adquirir um novo
posicionamento e prevenir uma lesão eminente, o SNC receberá mensagens dos receptores da periferia
para poder identificar quais providências deverão ser tomadas, isto é, quais músculos terá que ativar para
ajustar o corpo diante do imprevisto. Além disso, todos esses movimentos deverão ser coordenados com
respostas automáticas e rápidas para prevenir uma queda ou lesão, e tudo isso dependerá do sistema
sensório-motor, trabalhando de forma integrada.
O motivo pelo qual essa sensação pode modular todos os tipos de movimento é que os receptores
convergem para os motoneurônios, os quais são considerados o trajeto comum final (COOK;
WOOLLACOTT, 2003).
7.3 Definições
O mecanismo de previsão opera com a premissa de iniciar uma resposta motora na antecipação de
uma carga ou de uma atividade que irá perturbar a integridade de uma articulação ou o posicionamento
do centro de massa corporal e avaliará a resposta e o comportamento de experiências prévias. Em
contraste, o sistema de retroalimentação opera diretamente em resposta a um evento potencialmente
desestabilizador, monitorando a atividade muscular necessária para restaurar a homeostase (ANDREWS;
HARRESON; WILK, 2005). Na prática, um exemplo do sistema de retroalimentação seria o indivíduo
tropeçar na pedra, e o corpo responderia se ajustando para evitar a queda ou uma lesão. Já o mecanismo
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Unidade III
de previsão ocorre com ajustes antecipatórios, por exemplo, antes de você começar a andar, o SNC
já identifica qual padrão motor (sequência de músculos, sinergias) deverá ativar para a tarefa de
deambulação, conforme já aprendido anteriormente.
A propriocepção é uma das vias que o SNC utilizará para avaliar e identificar o que está acontecendo
na periferia do sistema musculoesquelético.
Portanto, sendo uma percepção, a propriocepção é uma capacidade sensorial que faz parte das
vias aferentes, as quais enviam informações da periferia para o SNC, onde essas informações serão
identificadas e interpretadas. Para haver uma resposta motora, será preciso haver a informação sensorial.
• Sensações musculares: são as sensações periféricas conscientes sentidas nos músculos, também
chamadas de sentido de resistência ou sensação de força. Há quatro submodalidades de sensações
musculares: postura; movimento passivo; movimento ativo; e resistência ao movimento.
Sherrington (apud HAN et al., 2016). propunha que a propriocepção contribui para a regulação da
postura global (equilíbrio postural), postura segmentar (estabilidade articular), assim como para diversas
sensações periféricas conscientes, denominadas muscle senses (sensações musculares).
propriocepção como uma medida da resposta neuromuscular a um estímulo, portanto, envolve entrada
sensorial, processamento central e saída (respostas motoras). À luz dessa última visão, é insuficiente
considerar a propriocepção apenas como um entrada neural para o SNC a partir dos mecanorreceptores
localizados nos músculos, nas articulações e na pele.
A percepção é essencial para a ação, assim como a ação é essencial para a percepção. Percepção é a
integração de impressões sensoriais e informações psicologicamente significativas. Os sistemas sensorial
e perceptivo fornecem informações sobre o estado do corpo (por exemplo, sua posição no espaço) e as
características do ambiente que são críticas para a regulação do movimento. Além da resposta a um
estímulo ambiental, uma das funções de controle do movimento está associada ao refinamento de
um movimento, relacionado à eficiência, à precisão, à velocidade e à atividade muscular coordenada.
As funções do cerebelo e do tronco cerebral são integrar a retroalimentação periférica com os comandos
motores do córtex cerebral para permitir a realização de movimentos precisos e coordenados (ANDREWS;
HARRESON; WILK, 2005). O controle motor inclui os sistemas de ação e percepção, organizados para
cumprir objetivos específicos, tarefas motoras específicas. Cabe destacar que o controle motor, além
da propriocepção, deverá incluir o estudo dos processos cognitivos associados à percepção e à ação.
O processo cognitivo, em um sentido mais amplo, inclui atenção, motivação e aspectos emocionais
(COOK; WOOLLACOTT, 2003).
Observação
Sherrington também usou o termo proprioceptor para receptores localizados na superfície do corpo
e em porções do sistema vestibular, o qual é responsável por identificar e transportar informações
referentes à orientação e ao posicionamento da cabeça (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Exemplo de aplicação
Observação
Conforme Riemann e Lephart (2002) e Sullivan e Schmitz (2004), os receptores sensoriais (sistema
somatossensorial) são divididos em três tipos conforme a sensação que medeiam:
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CINESIOTERAPIA
Segundo Sullivan e Schimitz (2004) e Cook e Woollacott (2003), os receptores localizados no sistema
somatossensitivo podem ser divididos em:
• Receptores cutâneos (superficiais): são os receptores presentes na pele, conforme figura a seguir.
• Discos de Merkel: localizam-se embaixo da epiderme, são sensíveis ao toque suave, assim como
à velocidade do toque. Eles conferem a habilidade de perceber o contato contínuo de objetos
contra a pele e acredita-se que tenham um papel importante na discriminação entre dois pontos
e na localização do toque.
Esses receptores da pele sensíveis ao alongamento da pele e à pressão são os que nos permitem
identificar a forma de objetos, sentir o toque de alguém ou de algo sobre a pele e sentir o apoio dos pés
no chão. Tais sensações poderão ser identificadas até mesmo de olhos fechados.
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Unidade III
Glândula Terminações
sebácea Corpúsculo Discos táteis
de Meissner nervosas livres
Corpúsculos Pelo Músculo liso Epiderme Derme
bulboides de Krause
A densidade desses receptores superficiais varia conforme a área do corpo. A maior densidade deles
se encontra na palma das mãos e dedos e na planta dos pés. Essas áreas de densidade mais alta de
receptores apresentam, correspondentemente, uma representação cortical maior na área sensorial
somática (BRICOT, 2004).
Se você estiver sentado numa cadeira enquanto lê este conteúdo, perceberá que existem pontos
de contato do seu corpo com a cadeira, partes da sua roupa em contato com a sua pele, os seus
pés em contatos com o chão ou suas mãos em contato com o livro-texto ou qualquer objeto
que você esteja segurando. São os exteroceptores que te permitem essas sensações superficiais. Essas
sensações são conscientes porque as informações alcançam o córtex sensorial, se você fechar os olhos
você também conseguirá identificá-las.
Esses receptores superficiais podem ser estimulados terapeuticamente com estímulos táteis, de
pressão, vibração e diferentes tipos de texturas, conforme figuras a seguir.
184
CINESIOTERAPIA
São os mecanorreceptores localizados nos músculos, nos tendões e nas articulações. Estão
relacionados com postura, senso de posição, tônus muscular, velocidade e direção do movimento
(SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
Receptores musculares
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Unidade III
Fibras eferentes
Fibras aferentes
Bainha
Terminações
nervosas Núcleos
eferentes Terminações
Fibra nervosas
muscular aferentes
Fibra com Fibra com extrafusal
núcleos em núcleos em
saco cadeia
Como as informações decorrentes dos fusos musculares são utilizadas durante o controle motor?
As informações sensitivas que partem dos fusos são empregadas em muitos níveis do SNC, tanto nas
vias reflexas como no controle do movimento em níveis superiores (COOK; WOOLLACOTT, 2003).
No nível de controle mais inferior, o fuso muscular está envolvido no reflexo miotático ou de
estiramento (circuito do reflexo do alongamento), no qual ocorre uma resposta reflexa de contração
muscular mediante o estiramento do músculo, em diferentes velocidades. O alongamento do músculo
estimula as terminações nervosas do fuso, o qual envia potenciais de ação excitatórios para o motoneurônio
alfa do mesmo músculo contrair (figura a seguir). A ativação dos motoneurônios pode ocorrer em
resposta direta às entradas sensoriais periféricas, o que representa mecanismos reflexos (RIEMANN;
LEPHART, 2002). Quanto mais rápido e maior for o estímulo, maior será o efeito da resposta das fibras
extrafusais (BANDY; SANDERS, 2003). O mesmo fuso muscular, ao detectar o alongamento, vai gerar
potenciais de ação para o mesmo músculo responder em contração e também enviará potencias de ação
para inibir os motoneurônios alfa do músculo antagonista. Por exemplo, se o músculo gastrocnêmio for
alongado, a informação aferente que parte dos seus fusos vão gerar uma resposta eferente de contração
do gastrocnêmio, enquanto inibem a contração do tibial anterior (COOK; WOOLLACOTT, 2003).
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CINESIOTERAPIA
Fibra Interneurônio
aferente Ia inibitório Ia
Neurônio motor alfa
Fuso
Músculo antagonista
Músculo homônimo
Músculo sinérgico
Em uma situação na qual o músculo seja submetido a um estiramento excessivo que coloque a
integridade do músculo em risco, o fuso muscular também enviará as informações do estiramento
muscular para o SNC, o qual responderá com contração muscular para proteger o músculo de uma lesão
eminente. Por exemplo, em uma situação de movimento excêntrico dos músculos posteriores da coxa,
quando o indivíduo chutar uma bola em alta velocidade e com grande amplitude. Quanto mais rápida
a contração muscular excêntrica (alongamento), maior será a probabilidade de o reflexo de estiramento
ser ativado, tanto para controlar o movimento como para evitar uma lesão (KISNER; COLBY, 2016).
Saiba mais
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Unidade III
Durante a execução dos movimentos nas atividades funcionais de vida diária, laborais ou esportivas,
o fuso muscular é responsável por transmitir as sensações de alongamento dos músculos. Assim, o SNC
poderá identificar a direção de um determinado movimento a partir das sensações musculares que o
fuso irá transmitir. Temos a sensação de realizar movimentos também através dos receptores musculares.
Por meio de um exemplo prático, vamos entender todo o contexto da propriocepção dentro do
controle do movimento associado aos fusos musculares e ao sistema alfa-gama. Imagine que você
deseja levantar um halter através da flexão do cotovelo. Os potenciais de ação enviados para os
motoneurônios alfa do bíceps braquial geram a contração do bíceps, que produzirá o movimento de
flexão do cotovelo. O mesmo comando voluntário partindo do SNC superior que é enviado para o
motoneurônio alfa do músculo agonista do movimento (bíceps braquial) também será enviado para as
fibras intrafusais pela ativação simultânea dos motoneurônios gama dos fusos musculares desse mesmo
músculo (figura a seguir). Enquanto isso, o músculo tríceps braquial terá os seus fusos musculares
ativados, pois esse músculo será alongado para permitir a amplitude de flexão do cotovelo. Assim, a
informação de que o tríceps está indo para uma posição de alongamento será conduzida para o SNC.
As fibras do músculo bíceps se encurtam durante a flexão resistida. A coativação alfa-gama impede
que os fusos musculares fiquem inativos enquanto o seu músculo correspondente se contrai. As fibras
intrafusais estimuladas pelos motoneurônios gama serão contraídas, o que vai gerar um estímulo da
região central do fuso e, portanto, enviará as informações proprioceptivas sobre o que está acontecendo
também no músculo agonista do movimento. Dessa forma, o SNC superior interpreta e entende que o
tríceps está se alongando e o bíceps está se contraindo durante a flexão do cotovelo.
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CINESIOTERAPIA
Figura 242 – Controle proprioceptivo pela ativação do fuso muscular do tríceps braquial pelo
estiramento muscular e ativação do fuso do bíceps pelo sistema alfa-gama
Saiba mais
Os OTGs estão localizados em série nas inserções tendinosas (unidade miotendínea) proximais e
distais dos músculos. As fáscias também contêm OTGs, que são sensíveis à tensão muscular. Destaca-se
que os OTGs monitoram a tensão dentro do músculo (SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
O tendão vai ser estirado tanto na contração como no estiramento do músculo, porque o tendão
está no meio do caminho, entre a inserção óssea e o ventre muscular, por isso irá perceber as variações
de tensão que o atravessam. Diferentemente dos fusos musculares, não apresentam conexões eferentes
e não são submetidos à modulação do SNC (COOK; WOOLLACOTT, 2003).
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Unidade III
Figura 243 – Os OTGs transmitindo ao SNC a quantidade de tensão (força) durante a contração muscular
O OTG participa do mecanismo de inibição reflexa ou autogênica em nível medular (KISNER; COLBY,
2016 (figura a seguir). A resposta eferente do OTG será a indução ao relaxamento do músculo do qual ele
faz parte (inibição reflexa). Esse mecanismo está presente tanto no controle dos movimentos envolvidos
nas atividades de vida diária, esportiva ou laborais como em situações em que o músculo possa estar
em risco eminente de lesão.
Aferente Ib
Aferente da
articulação
Aferente
cutâneo
Vias
descendentes
Interneurônio
inibitório Ib
Neurônio
motor
Receptor
cutâneo
Músculo
extensor
Receptor da
articulação
Músculo
flexor
Órgão
tendinoso
de Golgi
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CINESIOTERAPIA
Os OTGs fornecem também um mecanismo de proteção para prevenir danos estruturais ao músculo
em situações de tensão extrema, o que é conseguido pela inibição reflexa do músculo que está
contraindo e pela facilitação do antagonista (SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). É como se ele percebesse
que a tensão sobre o tendão é tão grande que ele correria o risco de romper. Assim, o SNC inibe o
músculo para protegê-lo de uma lesão. Em uma situação prática, caso o indivíduo eleve uma carga
muito alta para um determinado músculo, o SNC será avisado pelos OTGs, e a resposta do SNC será
a falha muscular, induzindo o músculo ao relaxamento para que o indivíduo não insista na elevação
da carga e não se machuque.
Saiba mais
Observação
Prosseguindo nosso estudo, observe o que destacam Sullivan e Schmitz (2004) e Riemann e
Lephart (2002):
• Receptores articulares: são receptores localizados nos ligamentos, na cápsula articular e nos
meniscos. Monitoram as sensações de posição e movimentos articulares (figura a seguir).
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Unidade III
Figura 245 – ADM articular percebida devido aos receptores presentes nos ligamentos e cápsula
192
CINESIOTERAPIA
Observação
A ativação dos neurônios motores (motoneurônios alfa e gama) no corno anterior da medula pode ocorrer
em resposta direta a uma entrada sensorial periférica de forma reflexa (nível medular) ou por comandos
descendentes iniciados no córtex cerebral, tronco cerebral ou ambos (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Imagine agora a seguinte situação: ao tentar se levantar, por algum motivo, você se desequilibra
e seu corpo realiza um deslocamento brusco de seu centro de massa, o que altera a posição das suas
articulações. Assim, o seu SNC superior e medular precisará ajustar rapidamente o seu posicionamento e
seus movimentos através de novos recrutamentos musculares para evitar que você caia ou se machuque.
Novamente, o sistema proprioceptivo informou o acontecido para que o SNC pudesse elaborar um novo
plano motor.
Córtex cerebral
Em geral, o córtex motor (figura a seguir) é responsável por iniciar e controlar os movimentos
voluntários mais complexos. Ele é dividido em três partes especializadas e organizadas topograficamente,
sendo que cada uma delas se projeta sobre interneurônios ou motoneurônios localizados na medula
espinhal para a contração de fibras musculares específicas relacionadas ao movimento desejado.
As áreas do córtex motor são: córtex motor primário, córtex pré-motor e área motora suplementar.
O córtex motor primário recebe informação sensorial aferente por diversas vias (vias somatossensoriais)
e é responsável por codificar os músculos que devem ser ativados, a força a ser produzida e a direção
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Unidade III
do movimento. A área pré-motora também recebe considerável entrada sensorial, contudo, é envolvida
principalmente com a organização e a preparação dos comandos motores. A área motora suplementar
tem um importante papel na programação de sequências complexas de movimentos que envolvem
grupos de músculos (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Fissura longitudinal
Córtex
motor
Sulco
Córtex central
sensorial
Hemisfério Hemisfério
esquerdo direito
Áreas associativas
Duas áreas são essenciais para a execução e a coordenação do controle motor: o cerebelo e os
gânglios da base. Essas duas áreas não podem iniciar a atividade motora de forma independente, mas
estão integradas e se associam ao controle do movimento com as informações oriundas do córtex e das
vias proprioceptivas (tratos espinocerebelares). Recebem uma cópia dos comandos motores eferentes
que estão chegando nos cornos ventrais da medula espinhal. O cerebelo também recebe informações
sensoriais vestibulares, visuais e auditivas (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Em outras palavras, o córtex motor é o chefe responsável por uma ordem motora a ser cumprida
e ele determina a tarefa motora que deverá ser executada. Por sua vez, o cerebelo é um dos seus
subordinados, que deverá conferir se o que foi planejado está sendo realmente executado conforme
194
CINESIOTERAPIA
o previsto pelo córtex. Caso o movimento ou o controle postural não estiverem em acordo, o cerebelo
estará envolvido na modificação do controle motor para os ajustes necessários.
Os gânglios da base são formados por cinco núcleos subcorticais (grupos de células nervosas)
localizados profundamente nos hemisférios cerebrais. Os gânglios da base fazem conexão direta via
tálamo com o córtex motor. Estão envolvidos com a mais alta ordem dos aspectos cognitivos do controle
motor, para planejar e executar atos motores complexos (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Lembrete
Vias somatossensoriais
Propriocepção consciente
A propriocepção consciente é aquela que conseguimos identificar, porque envolve informações que
atingem a região cortical (córtex somestésico). As sensações provenientes das articulações, da pele e dos
músculos se tornam conscientes (COHEN; ABDALLA, 2003).
A maior parte da informação proprioceptiva, parte dos mecanorreceptores, viaja até o SNC superior
através dos tratos dorsais laterais ou espinocerebelares. Projeções corticais têm sido reportadas a
partir das aferências articulares (capsular e ligamentar), dos fusos musculares e dos OTGs (RIEMANN;
LEPHART, 2002).
As fibras ascendem até a medula oblonga e fazem sinapse com os núcleos da coluna dorsal
(fascículos grácil e cuneiforme) e, a partir daí, cruzam para o lado oposto e sobem até o tálamo através
de vias bilaterais (leminisco medial). Então, neurônios de terceira ordem se projetam para o córtex
somatosensorial. A projeção para as áreas sensoriais associativas no córtex permite a percepção e a
interpretação de sensações corticais combinadas (RIEMANN; LEPHART, 2002).
195
Unidade III
Núcleo
VPL
Terminação Corpúsculo
do folículo bulboide de
Krause Corpúsculo
piloso de Meissner
Terminação
nevosa livre
Lemnisco
Trato medial Núcleo
espinotalâmico cuneiforme
Fibra
arqueada Corpúsculo
interna de Pacini
Trato
espinotalâmico
lateral
Trato Receptor
espinotalâmico articular
ventral
196
CINESIOTERAPIA
Propriocepção inconsciente
A propriocepção inconsciente é aquela que não conseguimos identificar, pois engloba informações
que passam por vias reflexas na medula (exemplo: arco reflexo miotático intermediado pelo fuso muscular,
inibição reflexa intermediada pelo OTG e reflexos de ligamentos musculares) ou aquela relacionada com
o controle de movimentos precisos e coordenados pelo cerebelo (COHEN; ABDALLA, 2003).
No reflexo miotático, conforme demonstrado na figura a seguir, o músculo é estirado através da percussão
do martelo de reflexo sobre o tendão e responde reflexamente com uma contração. Esse movimento não foi
gerado por um ato voluntário, e sim por uma via reflexa intermediada pelo fuso muscular.
Outro exemplo da atuação do fuso muscular é no controle dos movimentos que envolvem
alongamento muscular, principalmente aqueles realizados com maior velocidade. Observe as figuras a
seguir e imagine que o indivíduo chutou uma bola. Durante o ato de chutar a bola, o músculo quadríceps
contrai concentricamente, enquanto os isquiotibiais desaceleram o movimento excentricamente. Na
contração excêntrica, ocorre um estiramento do músculo, o que será percebido pelas terminações
nervosas dos fusos musculares, e a reposta será a contração reflexa dos isquiotibiais. Essa contração
197
Unidade III
protege a musculatura de uma lesão por estiramento e controla a hiperextensão do joelho durante o
movimento do chute.
198
CINESIOTERAPIA
Saiba mais
Outra aplicação da via reflexa proprioceptiva é no treinamento pliométrico, que será discutido a
seguir como uma das formas de treinamento sensório-motor avançado. Vamos exemplificar a aplicação
do reflexo de estiramento na otimização do salto. Para a realização de um salto com boa impulsão e
altura, os comandos reflexos e voluntários têm que ser somados para a maior efetividade da tarefa do
salto, conforme mostrado na figura a seguir.
Para realizar o salto, o indivíduo, por meio do seu comando voluntário, irá ativar o quadríceps de
forma concêntrica, a qual será potencializada pela associação (figura a seguir) da resposta do reflexo
de estiramento, estimulado previamente durante a fase excêntrica. Dessa forma, a execução do salto
ocorrerá de maneira mais eficiente.
199
Unidade III
O balanceamento desacopla
o comando voluntário do
comando reflexo.
Figura 256 – Somação do comando voluntário e da resposta reflexa para ativar a contração do quadríceps
200
CINESIOTERAPIA
Saiba mais
Os tratos espinocerebelares terminam em diferentes áreas do cerebelo, onde os sinais são processados
e integrados com outras informações aferentes e descendentes. Em contraste com a apreciação sensorial
consciente, associada com os tratos dorsais laterais e os tratos espinocerebelares, acredita-se que os
tratos espinocerebelares sejam responsáveis pela propriocepção inconsciente relacionada à posição
do membro, dos ângulos articulares, do comprimento e da tensão muscular usada para atividades
voluntárias, reflexas e automáticas (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Lembrete
A propriocepção vestibular também é responsável pela orientação espacial quando o indivíduo não
pode contar com as referências habituais somatossensoriais. Por exemplo, cita-se um ginasta fazendo
movimentos corporais sem estar em contato com o solo.
201
Unidade III
Figura 259 – Movimentos do atleta com e sem contato corporal com o solo
As estruturas responsáveis pela propriocepção vestibular localizam-se no ouvido interno, que permite
a percepção da posição e dos movimentos da cabeça. O ouvido interno compreende os receptores
vestibulares e auditivos (COOK; WOOLLACOTT, 2003).
Os receptores vestibulares são representados pelos canais semicirculares, pelo utrículo e pelo sáculo.
A partir desses receptores, fibras sensitivas se originam e, reunidas, formam o nervo vestibular (COOK;
WOOLLACOTT, 2003).
202
CINESIOTERAPIA
Distinguimos
três receptores
vestibulares:
Canais semicirculares
Utrículo
Sáculo
Os canais semicirculares percebem a aceleração angular da cabeça nas três dimensões espaciais, são
particularmente sensíveis aos movimentos cefálicos rápidos, como os que ocorrem durante o andar ou
em desequilíbrios como escorregões, tropeços e passos em falso. Esses canais também contribuem para
a percepção dos movimentos rotacionais da cabeça. Dentro dos canais semicirculares, encontra-se um
líquido denominado endolinfa, que se desloca com os movimentos da cabeça (COOK; WOOLLACOTT, 2003).
Figura 262 – Movimento da endolinfa dentro do canal semicircular durante a rotação da cabeça
O utrículo contém uma mácula equipada com células ciliadas sensíveis a movimentos. Os cílios
percebem a direção da aceleração e desaceleração da cabeça.
203
Unidade III
O sáculo percebe as acelerações lineares da cabeça no plano vertical, portanto, é sensível ao efeito
da gravidade.
204
CINESIOTERAPIA
As informações originadas no sistema vestibular, via nervo vestibular, irão se dirigir para o tronco
cerebral, onde efetuarão uma conexão no núcleo vestibular. Em seguida, vão até o tálamo e seguirão
para o córtex, onde ocorrerá a percepção da posição e dos movimentos da cabeça. O córtex parietal
e o insular registram informações provenientes do aparelho vestibular. Essas informações, de forma
integrada, permitem ao indivíduo orientar-se em relação ao plano vertical e perceber o deslocamento
da cabeça e do corpo como um todo.
As fibras provenientes da
parte superior do núcleo
vestibular permitem a
percepção da posição e dos
movimentos da cabeça
205
Unidade III
Saiba mais
As regiões corticais modulam a informação sensorial que vem da periferia em direção aos tratos
ascendentes (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Em um contexto prático, podemos exemplificar essa teoria no ato de arremessar uma bola. Para a
execução dessa tarefa motora, uma sequência de ativação muscular específica ocorrerá nos músculos
do manguito rotador para garantir o alinhamento ótimo da glenoumeral e a coaptação necessária
para a estabilidade articular. Essa ativação muscular acontece inconsciente e simultaneamente com a
ativação muscular voluntária (pontaria, velocidade e distância) relacionando-se aos movimentos que
serão executados durante a tarefa de arremessar a bola. A informação proprioceptiva associada ao
estado da articulação e das estruturas periarticulares será essencial para o controle neuromuscular que
será comandado pelo SNC (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Novamente, retoma-se aqui a questão da associação da percepção e da ação. Para realizar as tarefas
motoras, não podemos nos preocupar o tempo todo com a execução consciente dos movimentos e
seus respectivos ajustes, portanto, para que a tarefa seja executada de forma automática, o controle
neuromuscular será essencial e este dependerá das informações proprioceptivas, as quais serão como
um parâmetro de comparação e controle para o SNC.
As informações proprioceptivas geradas pelos mecanorreceptores serão levadas pelas vias aferentes até o
SNC, onde serão processadas e programadas novas formas de ativação muscular para estabilizar as articulações.
A ativação inconsciente dos estabilizadores dinâmicos (músculos), que ocorre em preparação ou em resposta
ao movimento articular, faz parte do controle neuromuscular (LEPORACE; METSAVAHT; SPOSITO, 2009).
adequada após perturbações. É determinada pela interação de diversos fatores, como a estabilidade
passiva causada pelos ligamentos e outras estruturas articulares, a geometria articular, o atrito entre as
superfícies cartilaginosas e pelas cargas mecânicas geradas por forças compressivas, como a gravidade
e a atividade muscular (LEPORACE; METSAVAHT; SPOSITO, 2009).
A estabilidade mecânica, também denominada como passiva, é obtida passivamente pela tensão
dos ligamentos, da cápsula e de todos os fatores estruturais mencionados anteriormente. Por sua vez,
a estabilidade dinâmica é mediada pela interação dessas estruturas ricas em mecanorreceptores com a
ação dos músculos ao redor da articulação. A estabilidade mecânica é avaliada, por exemplo, pelos testes
de frouxidão ligamentar. Estudos demonstram que, mesmo após a reconstrução do ligamento cruzado
anterior (LCA), alguns pacientes continuam a apresentar episódios de falseio no joelho, caracterizando
instabilidade funcional, apesar da restauração da estabilidade mecânica.
A estabilidade funcional é determinada, principalmente, pela ação dos músculos ao redor da articulação.
A estabilização articular dinâmica inclui o mecanismo reflexo ligamento-muscular, a cocontração dos músculos
antagonistas em uma articulação (rigidez dinâmica) e o controle antecipatório e compensatório dos movimentos.
A ativação muscular, em resposta à sobrecarga articular, é mediada pelo mecanismo de feedback
(retroalimentação), o qual faz parte do controle compensatório do movimento por meio de um estímulo recebido.
Diversas formas de reflexo estão relacionadas com a resposta muscular a alguma alteração da homeostase do
sistema. Um reflexo bastante estudado é o reflexo de proteção ligamento-muscular (LEPORACE; METSAVAHT;
SPOSITO, 2009). Os ligamentos das articulações também trabalham como órgãos sensoriais dinâmicos, gerando
indiretamente estímulos para o início da atividade muscular sinérgica, além de sua função passiva de limitar o
movimento articular. Por exemplo, quando se aplicam altas forças anteriores à tíbia (como numa situação de
desaceleração anterior ao apoiar o membro à frente em flexão do joelho), o LCA será alongado e seus receptores
vão gerar um estímulo que resultará em contração dos músculos posteriores da coxa isquiostibiais (IQT), os
quais irão atuar de forma sinérgica na prevenção do deslocamento anterior excessivo da tíbia (figura a seguir).
Exemplos que podem representar essa situação seriam a tarefa de descer uma escada ou uma situação de
desaceleração, na qual o indivíduo freia o movimento sobre o pé de apoio com o joelho em flexão.
IQT
LCA
207
Unidade III
Figura 269 – Flexão do joelho sobre uma superfície instável para representar a sinergia entre ligamentos e músculos
Para que você sinta no próprio corpo o funcionamento do reflexo de proteção ligamento-muscular,
fique em pé com os membros inferiores alinhados em paralelo na linha dos quadris. Em seguida, feche
os olhos e, sem se apoiar em nada, eleve um dos pés do chão e tente se manter na posição por alguns
segundos. Você irá perceber pequenas oscilações no seu corpo, principalmente no tornozelo e na
208
CINESIOTERAPIA
articulação subtalar. Na verdade, o que ocorreu? O seu SNC percebeu, através dos estímulos enviados
pelos mecanorreceptores, que o seu corpo adquiriu uma nova posição e, em resposta para manter o seu
corpo alinhado e equilibrado frente à força da gravidade, os músculos estimulados pelos ligamentos
tentaram te ajustar através de pequenos movimentos dentro de sua nova base de sustentação.
O mesmo ocorrerá durante a prática do exercício da figura a seguir, no qual o paciente é solicitado
a se manter sobre um único apoio de olhos fechados.
209
Unidade III
Figura 272 – Cocontração dos músculos do tronco para manter o indivíduo nessa postura sobre a bola
A cocontração tem vários papéis durante o movimento, ela ajuda a estabilizar as articulações e a
refinar o movimento em níveis adequados. O aumento da cocontração (níveis desnecessários) aumenta
a força de compressão, gera maior gasto energético e reduz ADM (LEDERMAN, 2010).
Após as lesões, altera-se a função proprioceptiva e as respostas motoras. Diante desses conceitos
relacionados ao controle neuromuscular e a todo o conhecimento da fisiologia da propriocepção,
compreende-se o que deveremos buscar num treinamento sensório-motor. A estabilização articular
dinâmica deverá ser estimulada de forma preparatória e reativa, objetivando padrões de movimentos
mais coordenados, sinergias musculares e respostas motoras mais eficientes. Assim, o processo de
reabilitação deverá ser planejado para reverter a instabilidade funcional, permitindo aos pacientes o
retorno ao nível pré-lesão e prevenindo novas lesões, através da integração das sensações periféricas
proprioceptivas e ao processar esses sinais em respostas motoras mais eficientes (LEPORACE;
METSAVAHT; SPOSITO, 2009).
210
CINESIOTERAPIA
Para elaborar um programa de treinamento proprioceptivo, você deverá ter em mente quais
são os seus objetivos terapêuticos e qual modalidade sensorial você irá estimular. Lembre-se das
funções dos receptores proprioceptivos para entender como estimulá-los. Defina também qual
tarefa motora deseja aperfeiçoar para poder organizar as etapas de seu tratamento, a fim de
evoluir o nível de dificuldade trabalhado. Dependendo do estímulo que você aplicar, será gerada
uma resposta do SNC, e a efetividade dessa resposta será determinada pela coordenação do
movimento, pela velocidade de execução, pela precisão e pelo automatismo, de forma a tornar
o seu paciente apto para exercer a atividade funcional desejada, seja no contexto esportivo,
laboral ou de vida diária.
• propriocepção;
• estabilização dinâmica;
e refinados pela repetição e transferidos para as regiões do SNC, para serem executados com menos
esforço e transmitidos com mais rapidez (HAN et al., 2016).
Abordagens passivas
As bandagens, conforme figura a seguir, geram estiramento ou compressão sobre a pele durante o
movimento articular, estimulando os mecanorreceptores locais.
212
CINESIOTERAPIA
O estímulo tátil com diferentes texturas sobre a pele também ativa os receptores superficiais.
Qualquer exercício ativo pode ser considerado um treinamento proprioceptivo porque ele gerará
impulsos aferentes para o SNC a partir dos mecanorreceptores articulares, musculotendíneos e cutâneos.
Portanto, a terapia ativa por meio de exercícios é um componente vital no aumento da propriocepção. Há
diferentes propostas e objetivos clínicos para cada tipo de exercício, caberá ao fisioterapeuta discernir o
objetivo envolvido em cada tarefa para estimular a propriocepção (RÖIJEZON; CLARK; TRELEAVEN, 2015).
Exercícios de reposicionamento dos membros também devem ser realizados, para estimular o
senso de posição articular e o controle neuromuscular. Uma posição inicial num determinado ângulo
articular e uma posição-alvo deverão ser definidas. O treinamento envolve o seguinte: solicita-se que
o paciente fique de olhos fechados e se mova de um ponto a outro chegando o mais próximo possível
das amplitudes determinadas inicialmente, mantendo por um período curto de tempo cada posição.
A literatura recomenda treinar dentro de intervalos de amplitudes nas quais as articulações são mais
vulneráveis a sofrer lesões, amplitudes que provavelmente estão relacionadas a déficits proprioceptivos
(RÖIJEZON; CLARK; TRELEAVEN, 2015).
O fisioterapeuta pede para o paciente permanecer de olhos fechados para aumentar a aferência
proprioceptiva e, enquanto isso, pede-se que movimente o membro. Esse tipo de exercício pode ser feito
213
Unidade III
para qualquer articulação do corpo e para todos os movimentos. Essa forma de treinamento envolve
mais o controle proprioceptivo consciente. Cargas baixas também podem ser acrescentadas (5-10% do
peso corporal) para melhorar a acurácia das tarefas de reposicionamento articular (RÖIJEZON; CLARK;
TRELEAVEN, 2015).
Estabilização dinâmica
O controle neuromuscular reativo é alcançado através de exercícios que gerem situações inesperadas,
como perturbações em superfícies estáveis ou instáveis em diferentes apoios variando-se o tamanho da
base de sustentação (figura a seguir), a aferência visual, o deslocamento do centro de gravidade corporal
em relação à base de sustentação, o equilíbrio estático ou dinâmico e a menor ou maior combinação de
movimentos no exercício para melhora da ativação preparatória e reativa dos músculos.
214
CINESIOTERAPIA
Figura 276 – Treinamento em superfície estável e evolução das mudanças de base de sustentação
Exercícios de equilíbrio também podem ser realizados sobre superfícies macias (figura a seguir) ou
pranchas de equilíbrio oscilatórias ou bolas suíças, bosu, camas elásticas entre outros.
Figura 277 – Treino sobre superfície instável com variações do deslocamento do centro de massa corporal
215
Unidade III
216
CINESIOTERAPIA
A literatura mostra que exercícios realizados sobre superfícies instáveis aumentam a sensação de
posição articular e a cinestesia (RÖIJEZON; CLARK; TRELEAVEN, 2015). As superfícies instáveis estimulam
o tempo todo os ajustes realizados pelo reflexo ligamento muscular.
Vibração é definida como um evento mecânico com movimentos oscilatórios rápidos. Trata-se de
um poderoso estímulo para os fusos musculares, já que os músculos são ativados em rápidas e pequenas
amplitudes em diferentes direções (RÖIJEZON; CLARK; TRELEAVEN, 2015).
Treinamento com vibração envolve a utilização de exercícios com recursos que provoquem estímulos
vibratórios, como as plataformas vibratórias, ou outros recursos que gerem oscilações, como a flexi-bar.
217
Unidade III
Estabilização rítmica
218
CINESIOTERAPIA
Devido aos efeitos específicos da tarefa, o treinamento de propriocepção deve ser integrado a
exercícios funcionais em situações e atividades relevantes para a parte do corpo do indivíduo. A tarefa
deve respeitar o princípio da especificidade.
219
Unidade III
220
CINESIOTERAPIA
Observação
Do ponto de vista clínico, o treinamento sensório-motor deve ser realizado sem provocar dor,
derrame ou fadiga, já que estes podem gerar um efeito negativo de inibição sobre a propriocepção e
a aprendizagem motora (RÖIJEZON; CLARK; TRELEAVEN, 2015). Durante a progressão do treinamento
sensório-motor devem ser trabalhados e evoluídos concomitantemente a flexibilidade, a força,
a resistência e a potência muscular, que são pré-requisitos para o desenvolvimento das habilidades
funcionais específicas (COHEN; ABDALLA, 2003).
Na presença de dor, inflamação aguda e restrições dos protocolos cirúrgicos não seriam indicados
os exercícios proprioceptivos.
Exercícios inseridos em momentos inadequados podem levar à perda da cirurgia, aumento da dor e
recidiva de processos inflamatórios.
221
Unidade III
O fisioterapeuta deverá avaliar se o paciente já apresenta as condições adequadas para ser submetido
aos exercícios quanto à ADM, às capacidades de desempenho muscular, à flexibilidade muscular e ao
equilíbrio. Caso contrário, não deverá aplicar os exercícios ou terá de facilitá-los.
• Desenvolvimento de velocidade.
• Desenvolvimento de coordenação.
• Melhora da agilidade.
Esses objetivos são indicados tanto no contexto esportivo como em atividades laborais, recreativas
ou funcionais que exijam movimentos rápidos associados à força.
No contexto esportivo, por exemplo, um jogador de vôlei necessita do salto vertical em muitos
momentos de sua prática esportiva. Para a execução do salto vertical, primeiro irá se agachar um pouco
antes de saltar para depois realizar a extensão dos membros inferiores e ganhar altura no salto. Trata‑se
de um movimento explosivo que associa o ciclo alongamento-encurtamento, sendo o alongamento
representado pelo controle excêntrico dos músculos flexores plantares, quadríceps e glúteos; durante
o agachamento e o encurtamento, temos a fase concêntrica desses mesmos grupos musculares para
elevar o corpo do solo. Trabalha-se esse gesto esportivo com o paciente em forma de pliometria para
aumentar a eficiência do movimento em termos de coordenação, velocidade e força.
No contexto funcional de vida diária, o ato de sentar e levantar de uma cadeira é muitas vezes
utilizado na reabilitação, sobretudo, na população idosa, que tende a apresentar-se com movimentos
mais lentos ao envelhecer. Essa atividade funcional também poderia ser trabalhada no contexto da
pliometria, estimulando-se o paciente a sentar e a levantar da cadeira de forma rápida, a fim de enfatizar
o controle excêntrico no ato de sentar e o controle concêntrico para se levantar. Assim, trabalha-se o
equilíbrio associado à agilidade nessa população em uma atividade habitual desses indivíduos.
222
CINESIOTERAPIA
Os efeitos do treinamento pliométrico sobre o sistema neural predominam nas primeiras seis a oito
semanas do programa de treinamento e, em seguida, passam a ocorrer mudanças no tecido muscular
através da hipertrofia (DAVIES; RIEMANN; MANSKE, 2015).
Conforme Andrews, Harreson e Wilk (2005), o exercício pliométrico pode ser descrito em três fases:
Lembrete
Base neurofisiológica
Teoricamente, quanto mais rápida for a contração muscular excêntrica (ciclo alongamento), mais
intensamente o reflexo de estiramento será ativado.
Base mecânica
As proteínas que constituem o sarcômero, a actina e a miosina, têm como função realizar a
contração do músculo por meio de suas sobreposições. O que se pressupõe é que o alongamento de
um músculo ativo (fase excêntrica) pode alterar a conformação das pontes cruzadas (as proteínas
actina e miosina adquirem uma melhor distância entre elas). Assim, ocorrem efeitos facilitatórios
sobre o maquinário contrátil muscular, influenciando a curva de comprimento-tensão. A tensão
gerada pelo alongamento tensiona os elementos elásticos do músculo e ocorre o acúmulo de energia
elástica, o que otimiza a contração subsequente sem a necessidade adicional de energia química
(ANTUNES NETO; VILARTA, 2011).
Autores relatam que a contração excêntrica aumenta significativamente a força gerada durante a
fase concêntrica, o que ocorre em razão do armazenamento de energia elástica no momento em que o
tecido muscular e o conjuntivo se alongam. Essa energia elástica potencializa a resposta da contração
concêntrica. A capacidade do músculo em usar a energia elástica armazenada é afetada pela duração,
magnitude e velocidade do alongamento (BANDY; SANDERS, 2003).
Para entender esse mecanismo, pense no músculo se comportando como um elástico ou uma mola:
ao esticar um elástico ou uma mola, percebe-se uma tendência do material em querer retornar para
a posição inicial: ao soltar as extremidades de um elástico (ou mola) que foi tracionado, ele retorna
rapidamente para o seu comprimento inicial porque armazenou energia elástica. Essa energia elástica
armazenada no músculo na fase pré-alongamento aumenta a intensidade do encurtamento durante a
fase concêntrica.
224
CINESIOTERAPIA
Contraindicações da pliometria
Não é indicada a prática da pliometria nos quadros de inflamação aguda ou dor, instabilidades
articulares evidentes, estiramentos musculares agudos ou subagudos e pós-operatórios imediatos.
Indivíduos que não estejam envolvidos num programa de fortalecimento não deverão iniciar o
treinamento pliométrico, já que a pliometria exige trabalhos explosivos de força (DAVIES; RIEMANN;
MANSKE, 2015).
O paciente necessita ter flexibilidade, força, resistência à fadiga e condicionamento aeróbico para
realizar os exercícios pliométricos.
Para fazer os exercícios pliométricos de extremidade inferior, os calçados devem proporcionar bom
amortecimento e apoio firme, especialmente se forem incluídos movimentos laterais e de maior impacto
(KISNER; COLBY, 2016).
Quanto às superfícies deve-se evitar fazer saltos em terrenos com superfícies muito duras. Tatames
de luta ou de ginástica são uma boa opção, sobretudo, para aterrissagem com o peso total do corpo.
Entretanto, essas superfícies não devem ser muito macias ou acolchoadas, para não prejudicar a
capacidade do paciente de aterrissar com segurança, sem torcer o joelho ou o tornozelo. As plataformas
devem ser sólidas, as superfícies de topo ou de aterrissagem devem ser revestidas de borracha, com
revestimentos antiderrapantes. Cones plásticos, obstáculos e bolas terapêuticas podem ser utilizados
para implementar os exercícios (ANDREWS; HARRESON; WILK, 2005).
225
Unidade III
Lembrete
De acordo com Davies, Riemann e Manske (2015), para evoluir um treinamento pliométrico, deve-se
ter em mente se o objetivo de progressão está relacionado ao aumento de potência ou da resistência
muscular à fadiga. A seguir, serão elencadas algumas formas de evoluir o paciente no treino de pliometria:
• Diminuir o tempo da fase de amortização, executando cada vez mais rápido a transição entre a
fase excêntrica e concêntrica da atividade selecionada.
• Aumentar a carga do exercício (resistência elástica com graduação mais forte; medicine ball ou
kettlebells com maior peso).
• Evoluir saltos em apoio bipodal para apoio unipodal, ou para plataformas de altura maior, de solos
estáveis para instáveis.
• Aumentar a distância da corrida e das mudanças de direção durante a realização dos exercícios.
• Os exercícios devem ser evoluídos de forma a serem realizados da forma mais intensa e mais
rápida possível.
Saiba mais
226
CINESIOTERAPIA
A seguir, arremessos de medicine ball contra uma cama elástica ou parede, realizados em diferentes
amplitudes e velocidades.
227
Unidade III
Nos exercícios em cadeia fechada para membros superiores associando-se força e velocidade, o
paciente é solicitado a empurrar a parede ou o solo ou cama elástica, de forma que ele se afaste
do contato, bata palmas e retorne descarregando o peso corporal sobre os membros superiores,
desacelerando o movimento.
228
CINESIOTERAPIA
Os exercícios que envolvem saltos podem ser variados e evoluídos quanto aos seguintes aspectos:
número de apoios (bipodal, unipodal); tamanho da base de sustentação; altura do salto; distância; e
direção dos saltos em diferentes direções.
Na figura a seguir, a atleta é solicitada a realizar saltos em apoio bipodal variando-se altura e velocidade.
229
Unidade III
Saltos podem ser realizados com deslocamentos laterais variando-se a distância, conforme figura
a seguir:
230
CINESIOTERAPIA
Saltos partindo-se de alturas maiores em cima de caixas podem ser executados variando-se número
de apoios (bipodal e unipodal):
Saltos realizados sobre obstáculos podem ser feitos variando-se a altura ao longo do programa:
Corridas com mudanças de direção também podem ser realizadas para treinar a absorção das
cargas mecânicas atuando na articulação e nos mecanismos reflexos musculares. A mudança de direção
estimula o controle excêntrico concêntrico de forma rápida, sendo esse tipo de treinamento interessante
para muitas modalidades esportivas. O paciente é solicitado aleatoriamente pelo fisioterapeuta a correr
em diferentes direções:
231
Unidade III
É importante entender a pliometria também no contexto de atividades de vida diária, e não somente
no âmbito esportivo.
O exercício a seguir é realizado solicitando-se à paciente para sentar e levantar de uma cadeira cada
vez mais rápido. O exercício pode ser evoluído com peso nas mãos.
232
CINESIOTERAPIA
Os exercícios que associem força e velocidade também podem ser aplicados aos movimentos da
coluna (flexão, extensão, inclinação, rotação). Tanto no contexto esportivo, como laboral ou na vida
diária, há momentos em que realizamos movimentos rápidos com o tronco.
A extensão de tronco com o recurso kettlebell pode ser realizada em diferentes direções e velocidades:
Figura 302 – Exercício pliométrico para extensores de tronco com os dois membros superiores
233
Unidade III
No exercício da figura seguir, a paciente realiza flexões rápidas do tronco a partir do decúbito dorsal
sobre o solo ou bola suíça enquanto arremessa uma medicine ball:
As rotações do tronco também podem ser realizadas com resistência elástica ou com a resistência
manual do fisioterapeuta:
A) B)
235
Unidade III
Resumo
236
CINESIOTERAPIA
Exercícios
Questão 1. (MS Concursos 2017, adaptada) Sabe-se que a propriocepção é um complexo processo
neuromuscular e neurossensorial de integração sensorial, motora e central. Por essa complexidade é que a
prescrição de exercícios de propriocepção e sensórios-motores devem fazer parte do plano de tratamento
fisioterapêutico nas mais diversas lesões. Sobre isso, é incorreto afirmar:
B) O treino sensório-motor deve iniciar desde o início do período pós-operatório ou após a fase
aguda de lesões tratadas conservadoramente.
237
Unidade III
C) O treino sensório-motor não deve iniciar desde o início do período pós-operatório ou após a fase
aguda de lesões tratadas conservadoramente.
A) Alternativa correta.
B) Alternativa correta.
Justificativa: o processo de reabilitação deverá ser planejado para reverter a instabilidade funcional,
permitindo aos pacientes o retorno ao nível pré-lesão e prevenindo novas lesões, através da integração
das sensações periféricas proprioceptivas e ao processar esses sinais em respostas motoras mais eficientes.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa correta.
Justificativa: a informação sensorial adicional pode ser utilizada de forma contínua, provocando
redução da oscilação corporal e trazendo o efeito positivo da utilização de informação sensorial adicional
na propriocepção e no controle postural; assim, o indivíduo pode apresentar uma redução da oscilação
corporal em situações de contato com uma barra de toque e em situações com a utilização de informação
sensorial adicional proveniente do uso de uma tira subpatelar.
238
CINESIOTERAPIA
II – Os órgãos tendinosos de Golgi: informam sobre mudanças nos ângulos e nas amplitudes de
movimento das articulações (são conhecidos como detectores de limites).
III – No fuso muscular: existem vários tipos de receptores (terminações de Ruffini, receptores dos
ligamentos e terminações nervosas livres), que estão vinculados a informações sobre a alteração nos
ângulos das articulações.
E) Somente a afirmativa V.
I – Afirmativa incorreta.
239
Unidade III
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a função do órgão tendinosos de Golgi (OTG) é agir com um reflexo de proteção
(inibição reflexa) contra uma contração excessiva no músculo. Por isso, o OTG auxilia modulando as
forças durante o exercício.
Justificativa: o fuso muscular faz parte do reflexo de alongamento ou reflexo miotático, no qual
ocorre uma resposta reflexa de contração muscular mediante o estiramento do músculo, principalmente
quando o estiramento ocorre em velocidades mais altas.
IV – Afirmativa correta.
V – Afirmativa correta.
240
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 4
Figura 5
KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular: membro inferior. 5. ed. São Paulo: Editorial Médica Panamericana,
2000. v. 3. p. 89.
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 249.
Figura 10
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 210.
Figura 12
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016.
p. 127. Adaptada.
Figura 13
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016.
p. 128. Adaptada.
241
Figura 15
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 138.
Figura 16
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 138.
Figura 22
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016.
In: LEAL, F. J. et al. Tratamento fisioterapêutico vascular para a doença venosa crônica: artigo de
revisão. Jornal Vascular Brasileiro, v. 15, n. 1, p. 34-43, 2016. p. 36. Adaptada.
Figura 23
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016.
In: LEAL, F. J. et al. Tratamento fisioterapêutico vascular para a doença venosa crônica: artigo de
revisão. Jornal Vascular Brasileiro, v. 15, n. 1, p. 34-43, 2016. p. 36. Adaptada.
Figura 26
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 364.
Figura 27
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 55.
Figura 28
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 55.
Figura 29
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 55.
Figura 30
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 66.
Figura 31
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 56.
242
Figura 32
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 56.
Figura 33
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 56.
Figura 34
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 57.
Figura 35
BANDY, W. D.; SANDERS, B. Exercício terapêutico: técnicas para intervenção. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003. p. 29.
Figura 36
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 58.
Figura 37
BANDY, W. D.; SANDERS, B. Exercício terapêutico: técnicas para intervenção. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003. p. 29.
Figura 38
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 59.
Figura 39
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 60.
Figura 40
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 60.
Figura 41
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 61.
243
Figura 42
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 59.
Figura 43
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 210.
Figura 44
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 61.
Figura 45
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 61.
Figura 46
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 134.
Figura 47
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 133.
Figura 48
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 135.
Figura 49
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 135.
Figura 50
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 138.
Figura 51
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 141.
Figura 52
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 142.
244
Figura 53
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 142.
Figura 54
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 142.
Figura 55
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 145.
Figura 56
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 145.
Figura 57
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 146.
Figura 58
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 146.
Figura 59
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REFERÊNCIAS
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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9q64rngv08g&t=59s. Acesso em: 11 maio 2020.
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O REFLEXO miotático (neuroanatomia funcional das habilidades motoras). 2014. 1 vídeo (3:14).
Publicado pela Université Claude Bernard Lyon 1. Disponível em: https://www.youtube.com/
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Textuais
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000